a contribuição de sistemas de associação de …...fernando augusto siqueira mathias a...
TRANSCRIPT
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas - NUPEB
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
A contribuição de sistemas de associação de adjuvantes no
aumento da eficácia vacinal de dois novos imunobiológicos
contra a infecção experimental por Leishmania infantum em
camundongos Balb/c
Fernando Augusto Siqueira Mathias
OURO PRETO, MG
2018
Fernando Augusto Siqueira Mathias
A contribuição de sistemas de associação de adjuvantes no
aumento da eficácia vacinal de dois novos imunobiológicos
contra a infecção experimental por Leishmania infantum em
camundongos Balb/c
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas do Núcleo de Pesquisas em Ciências
Biológicas como parte das exigências para obtenção do grau
de Doutor na área de Imunobiologia de Protozoários pela
Universidade Federal de Ouro Preto
Orientador: Dr. Alexandre Barbosa Reis
Co-Orientadora: Dra. Paula Melo de Abreu Vieira
OURO PRETO, MG
2018
MATHIAS, F. A. S. Colaboradores
Laboratório de Imunopatologia – NUPEB/UFOP
Drª Cláudia Martins Carneiro
Dr. Bruno Mendes Roatt
Dr. Rodrigo Dian de Oliveira Aguiar-Soares
Drª Jamille de Oliveira Cardoso
Dr. Rory Cristiane Fortes de Brito
Dr. Levi Eduardo Soares Reis
Thais Lopes Valentim Di Paschoale Ostolin
MATHIAS, F. A. S. Dedicatória
À minha Família, meu porto seguro, que
me apoiou em todos os momentos de
minha caminhada e me deu força para
cumprir mais uma etapa da minha vida.
MATHIAS, F. A. S. Epígrafe
Agradeço a Deus, pela força, perseverança, paciência e iluminar meus passos durante toda minha
caminhada.
A meus pais, inabaláveis, vocês foram minha força nessa caminhada, muito obrigado pelas orações,
apoio, conselhos, segurança e incentivo para seguir sempre em frente. Obrigado por sempre
acreditarem em mim, sem vocês isso jamais teria ocorrido, amo incondicionalmente vocês.
A minha irmã, Maria Augusta, minha segunda mãe, por todo carinho e amor dedicados todos esses
anos. Obrigado por me dar o presente de ser tio da Catarina, a coisa mais linda que me aconteceu no
último ano. Ao meu irmão, Luiz Augusto, por ser esse companheiro fiel e meu melhor amigo. Amo
vocês.
Aos meus familiares por todo carinho, amor, conselhos e força durante minha caminhada. Muito
obrigado.
A Thais, minha namorada, que nesses últimos anos tornou minha vida muito mais leve e feliz.
Sem você tudo teria sido mais cinza e difícil de superar. Te amo lindinha, minha jovem padawan.
Ao meu orientador professor Alexandre Barbosa Reis, que desde 2007 abriu não só as portas do
laboratório de Imunopatologia para mim, mas também um horizonte de infinitas possibilidades.
Sua orientação, paciência e amizade foram fundamentais no meu caminhar até aqui. Gostaria de
expressar minha eterna gratidão.
A minha co-orientadora Paula Melo de Abreu Vieira, que sempre me tratou com carinho,
paciência, me ajudando sempre com muita delicadeza nas horas difíceis desse trabalho. Muito
obrigado por todos esses anos de amizade e dedicação. Também sou eternamente grato a você
por tudo.
A professora Cláudia Martins Carneiro por todo auxilio, exemplo de seriedade, dedicação, amor à
pesquisa e profissionalismo desempenhado no laboratório, fazendo com que esse grupo seja o
que é. Muito obrigado, por todos os conselhos que foram fundamentais para minha formação.
Aos irmãos que a vida me deu de presente, Jamille, Levi, Rory, sem vocês esse trabalho jamais
teria sido possível de se concretizar. Estamos juntos há tanto tempo que às vezes deixamos de
falar algo essencial que nos mantém unidos até hoje. Amo vocês e espero sempre estar presente
de alguma forma na vida de cada um.
Aos colaboradores desse trabalho, em especial ao Rodrigo, Bruno, Nádia e Juliana por toda ajuda
desde o delineamento, execução dos experimentos até a discussão dos dados. Não existem
palavras para agradecer toda ajuda e ensinamentos passados ao longo de todos esses anos. São
exemplos de profissionais a serem seguidos. Muito Obrigado.
Aos meus grandes amigos Thais Carvalho, João, Lívia, Luísa (Bengs), Aninha, Kátia, Carolzinha,
Carlos, Fran, Lorena, Leonardo, Wendel, Sheler, Henrique, Gleise, Lucilene, Renata, Tânia,
Maria e a todos os demais integrantes da família LIMP por compartilhar as alegrias e as tristezas,
tornando os dias mais leves.
MATHIAS, F. A. S. Epígrafe
A todos os alunos de IC que ajudaram nesse trabalho: João, Marcelo, Diogo, Narjara, Valéria,
Daíse, Yumi-Chan, Yukari-Chan, Talita, Bárbara, Breno, Letícia, Alzira, Carol, Thais, Júlia,
Yano. Muito obrigado, a ajuda de vocês é parte fundamental em nosso laboratório.
A todo corpo técnico do LIMP, Rosália, João, Josefa, Lúcia e especialmente Lu por sempre
darem o suporte necessário para execução de todos os experimentos desse projeto. Muito
obrigado por tudo.
A incrível e única Republica Vira Saia, que mais que uma casa, se tornou minha família em Ouro
Preto, com a qual sempre pude contar nos momentos mais difíceis e felizes nessa cidade. Não há
como expressar toda força e ajuda que me deram para tornar essa caminhada muito mais fácil.
Meu obrigado aos irmãos virassaianos.
Ao Kambito, meu “Migão”, por nossas conversas, treinos e rocks. Sua amizade foi e é
fundamental para mim. Muito obrigado por me ajudar a atravessar as dificuldades do dia a dia.
As minhas amigas de Guaratinguetá, que mesmo com a distância torceram por mim, e de certo
modo estão sempre presentes.
A UFOP e ao NUPEB, pela oportunidade de realizar uma pós-graduação de qualidade.
Ao CCA e todos os seus funcionários pela disposição e alegria sempre, no cuidado e manutenção
dos animais fundamentais para a realização da pesquisa científica.
As agências de fomento CAPES, CNPq, PPSUS, FAPEMIG
Aos camundongos utilizados nesse projeto, pequenos soldados da ciência, sem eles nada seria
possível.
MATHIAS, F. A. S. Epígrafe
“Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que
colocarmos nela, corre por nossa conta” (Chico Xavier)
MATHIAS, F. A. S. Resumo
A leishmaniose visceral humana (LVH) e a leishmaniose visceral canina (LVC) são as mais relevantes
doenças emergentes com alta prevalência na América Latina, sobretudo no Brasil. Apesar disso, ainda são
limitados os avanços obtidos tanto no tratamento da doença quanto no desenvolvimento de vacinas com
intuito de conter sua expansão. Em se tratando da busca por vacinas mais eficazes, os adjuvantes vacinais
surgem como aditivos importantes, capazes de aumentar a imunogenicidade do antígeno ao induzir uma
resposta imune intensa e prolongada. Novas abordagens têm testado sistemas de duas ou mais associações
de adjuvantes na busca por uma resposta mais rápida e efetiva em comparação ao emprego dos adjuvantes
isolados. Dessa forma, o objetivo desta tese foi avaliar a contribuição de sistemas de associação de
adjuvantes no aumento da eficácia vacinal de novos imunobiológicos contra a infecção experimental por
L.infantum em camundongos Balb/c. Para tanto, o estudo foi dividido em duas estapas. Primeiro,
avaliamos os adjuvantes Saponina (SAP), Resiquimod (R-848) e Monofosforil Lipídio A (MPL)
combinados em sistemas de associação duplas e tripla, nas doses de 25%, 33% e 50% referente a dose
total de cada adjuvante, a fim de estabelecer o melhor sistema bem como sua dose ideal. Animais
inoculados com solução salina foram utilizados como grupo controle e todos experimentos foram
conduzidos em duplicata. Os animais foram divididos em 16 grupos experimentais (n=6/grupo), Controle
Salina (CS), Saponina (SAP), Monofosforil Lipídio A (MPL), Resquimod (R-848), e as associações
SAP+MPL (SM), SAP+R-848 (SR), MPL+R-848 (MR) e SAP+MPL+R-848 (SMR), nas doses
supracitadas. Os animais receberam uma dose única pela via intradérmica e passadas 48 horas foram
eutanasiados para obtenção do fragmento de pele do local do inóculo. Metade do fragmento foi destinado
para dosagem de quimiocinas (CCL2, CCL3, CCL4, CCL5 e CXCL1) e citocinas (IL-2, IFN-, TNF-,
IL-4 e IL-10) por Cytometric Bead Array (CBA) e a outra metade para avaliações histológicas. Dentre
todos os sistemas avaliados, SM50 levou ao aumento da produção de todas as quimiocinas e da citocina
TNF-, enquanto SMR50 aumentou os níveis das quimiocinas CXCL1, CCL2 e CCL5 e citocinas TNF-
e IFN- quando comparadas ao grupo controle. Além disso, SM50 apresentou aumento do infiltrado
inflamatório, com aumento do percentual da população de macrófagos, enquanto que SMR50 também
apresentou aumento no percentual de macrófagos. Após estes resultados, ambos os sistemas foram
escolhidos para serem associados com o antígeno total de Leishmania braziliensis para compor duas novas
vacinas na etapa 2, nas quais foi avaliado o efeito do sistema de associação de adjuvantes sobre a
imunogenicidade e eficácia vacinal. Camundongos Balb/c foram divididos em 6 grupos experimentais
(n=5/grupo), Controle Salina (CS), grupo imunizado com antígeno total de L. braziliensis (LB), os
sistemas de associação dupla e tripla de adjuvantes, SAP+MPL e SAP+MPL+R-848, ambos nas doses de
50%, e outros dois grupos que combinavam o antígeno total de L. braziliensis com os sistemas de
associação de adjuvantes (LBSM50 e LBSMR50). Esses foram imunizados com três doses, com intervalo
de 15 dias entre as doses, e desafiados com 1 x 107 promastigotas de L. infantum. Após 28 dias, os animais
foram necropsiados, o baço foi coletado para avaliar a proliferação celular, produção de IL-2, TNF- e
INF-, formação de células T de memória efetora e central, além da avaliação da carga parasitária tanto no
baço quanto no fígado. Observou-se que o sistema LBSMR50 promoveu aumento na produção de TNF-
por células TCD4+, entretanto sua principal ação foi sobre células TCD8
+, promovendo aumento da
proliferação celular, produção de TNF- e formação de células de memória efetora. Todavia, ambas as
vacinas foram capazes de reduzir a carga parasitária no fígado. Diante do exposto, concluímos que o
emprego de sistemas de adjuvantes utilizando doses reduzidas induzem uma resposta eficaz, pois uma vez
que combinados com o antígeno promoveram não apenas ativação do sistema imune no baço como
também a redução da carga parasitária no fígado, sugerindo que o uso desses sistemas aumentaram a
eficácia vacinal no modelo murino.
Palavras-chave: Leishmaniose visceral, Leishmania infantum, sistemas de associação de adjuvantes,
vacinas, camundongos.
MATHIAS, F. A. S. Abstract
Human visceral leishmaniasis (VL) and canine visceral leishmaniasis (CVL) are the most relevant
emerging diseases with high prevalence in Latin America, especially in Brazil. Despite this, the advances
obtained both in the treatment of the disease and in the development of vaccines in order to contain its
expansion are still limited. In regard to the search for more effective vaccines, vaccine adjuvants appear as
important additives, capable of increasing the immunogenicity of the antigen by inducing an intense and
prolonged immune response. New approaches have tested systems of two or more adjuvant combinations
in the search for a faster and more effective response compared to the use of adjuvants alone. Thus, the
aim of this thesis was to evaluate the contribution of adjuvant combination systems in increasing the
vaccine efficacy of new immunobiologicals against experimental L.infantum infection in Balb/c mice.
Therefore, the study was divided into two stages. First, we evaluated the adjuvants Saponin (SAP),
Resiquimod (R-848) and Monophosphoryl Lipid A (MPL) combined in double and triple combination
systems at the doses of 25%, 33% and 50% relative to the total dose of each adjuvant , in order to establish
the best system as well as its optimal dose. Animals inoculated with saline solution were used as control
group and all experiments were conducted in duplicate. The animals were divided into 16 experimental
groups (n = 6 / group), Saline Control (CS), Saponin (SAP), Monophosphoryl Lipid A (MPL), Resquimod
(R-848) , SAP + R-848 (SR), MPL + R-848 (MR) and SAP + MPL + R-848 (SMR) at the above-
mentioned doses. The animals received a single dose via the intradermal route and after 48 hours were
euthanized to obtain the skin fragment from the inoculum site. Half of fragment was used to chemokines
evaluation (CCL2, CCL3, CCL4, CCL5 e CXCL1) and cytokines (IL-2, IFN-, TNF-, IL-4 e IL-10) by
Cytometric Bead Array (CBA) and the other half for histological evaluations. Among all evaluated
systems, SM50 led to increased production of all chemokines and cytokine TNF-, while SMR50
increased levels of chemokines CXCL1, CCL2 and CCL5 and cytokines TNF- e IFN- when compared
to the control group. In addition, SM50 presented an increase in inflammatory infiltrate, with an increase
in the percentage of the macrophages population, while SMR50 also showed an increase in the percentage
of macrophages. After these results, both systems were chosen to be associated with the total Leishmania
braziliensis antigen to compose two new vaccines in step 2, in which the effect of the adjuvant association
system on immunogenicity and vaccine efficacy was evaluated. Balb / c mice were divided into 6
experimental groups (n=5 / group), Saline Control (CS), immunized with L. braziliensis total antigen
(LB), double and triple combination of adjuvants, SAP + MPL and SAP + MPL + R-848, both at 50%
doses, and two other groups that combined total L. braziliensis antigen with adjuvant combination systems
(LBSM50 and LBSMR50). These were immunized with three doses, at intervals of 15 days between
doses, and challenged with 1 x 107 promastigotes of L. infantum. After 28 days, the animals were
necropsied, the spleen was collected to evaluate cell proliferation, production of IL-2, TNF- e INF-,
effector and central T cell memory formation as well as evaluation of the parasite load both in the spleen
and in the liver. t was observed that the LBSMR50 system promoted an increase in the production of
TNF- by TCD4+ cells, but its main action was on TCD8
+ cells, T cells, promoting increased cell
proliferation, TNF- production and effector memory cells formation. However, both vaccines were able
to reduce the parasitic burden on the liver. In view of the above, we concluded that the use of adjuvant
systems using reduced doses induce an effective response, since, when combined with the antigen, they
promoted not only the activation of the immune system in the spleen but also the reduction of the parasite
load in the liver, suggesting that the use of these systems increased vaccine efficacy in the murine model.
Key words: Visceral leishmaniasis, Leishmania infantum, adjuvant association systems, vaccines, mice.
MATHIAS, F. A. S. Lista de Abreviaturas e Siglas
ACF – Adjuvante Completo de Freund
AIF – Adjuvante Incompleto de Freund
Al(OH)3 – Hidróxido de alumínio
AlPO4 – Fosfato de alumínio Alum – Sais de alumínio insolúveis
APCs – Células apresentadoras de antígenos
AS02 – emulsão contendo Monofosforil Lipídio A e a fração purificada QS-21 da Saponina
AS03 – emulsão contendo-tocoferol e esqualeno
AS04 – associação dos adjuvantes Hidróxido de alumínio e Monofosforil Lipídio A
ASLi – antígeno solúvel de Leishmania infantum
BCG – Bacillus Calmette-Guérin
CaniLeish® – vacina constituída por LiESAp associado ao adjuvante Saponina
CBA – Cytometric Bead Array
CCA – Centro de Ciência Animal
CCL2 – -quimiocina
CCL3 – -quimiocina
CCL4 – -quimiocina
CCL5 – -quimiocina
CCR2 – receptor de -quimiocina
CXCL1 – -quimiocina
CXCL8 – -quimiocina
CEUA – Comissão de Ética no Uso de Animais
CFDA-SE – Éster succinimidilico diacetato de carboxifluoresceína
CFSE – Éster succinimidílico de carboxifluoresceína
CIC – Células intracelulares
CMSP – Células mononucleares do sangue periférico
CO2 – Dióxido de carbono
ConA – mitógeno concanavalina A
CS – Controle Salina
CTAB – solução de Brometo de cetiltrimetilamônio
CTL – Linfócitos T citotóxicos
DCs – Células dendríticas
DMSO – Dimetilsulfóxido
DNA – Ácido desoxirribonucléico
EDTA – Ácido etilenodiaminotetracético
FL – Canal de fluorescência
FML – Ligante fucose-manose
FSC – Parâmetro tamanho (Forward Scatter)
GLA – Glicopiranosil Lipídio A
GSK – Glaxosmithkline
HE – Hematoxilina/Eosina
HPV – Papiloma vírus humano
ID – Imunização intradérmica
IFN- – Interferon gamma
Ig – Imunoglobulina
IL-2 – Interleucina 2
MATHIAS, F. A. S. Lista de Abreviaturas e Siglas
IL-4 – Interleucina 4
IL-5 – Interleucina 5
IL-10 – Interleucina 10
IL-12 – Interleucina 12
IL-13 – Interleucina 13
ISCOMS – Complexo imunoestimulante constituído por Saponina Quil A, colesterol e
fosfolipídios
LB – antígeno bruto de Leishmania braziliensis
LBSM – vacina constituída por antígeno bruto de Leishmania braziliensis associado ao sistema
de associação de adjuvantes Saponina e Monofosforil Lipídio A
LBSMR – vacina constituída por antígeno bruto de Leishmania braziliensis associado ao sistema
de associação de adjuvantes Saponina, Monofosforil Lipídio A e Resiquimod
LBSap – vacina constituída por antígeno heterólogo de Leishmania braziliensis associado ao
adjuvante Saponina
LBSapSal – vacina constituída por extrato de antígenos bruto de Leishmania braziliensis
associado ao adjuvante Saponina acrescida de extrato de glândula salivar de Lutzomyia
longipalpis
LC – leishmaniose cutânea
LCM – leishmaniose cutâneo mucosa
LCR1 – antígeno de Leishmania donovani
Leish Tec® – vacina constituída de proteína recombinante (A2) específica de formas amastigostas
de Leishmania infantum associada ao adjuvante Saponina
Leishmune® – vacina constituída de antígeno fucose-manose de Leishmania donovani associado
ao adjuvante Saponina
LiESAp – antígeno secretado e excretado de Leishmania infantum
LPS – lipopolissacarídeo
LV – leishmaniose visceral
LVC – leishmaniose visceral canina
LVH – leishmaniose visceral humana
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
mDCs – Células dendríticas mielóides
MDP – Muramil dipeptídeo
MF59 – Esqualeno
MFF – solução Macs Facs Fix
MHC – Complexo principal de histocompatibilidade
Mont – Montanide Pet Gel A
MPL – Monofosforil Lipídio A
MPL-A – Monofosforil Lipídio A
MR – sistema de associação de adjuvantes Monofosforil Lipídio A e Resiquimod
MS – Ministério da Saúde
NK – Células Natural Killer
NNN/LIT – Novy-MacNeal-Nicolle-liver infusion tryptose (Meio de Cultivo Celular)
NO – Óxido nítrico
OMS – Organização Mundial de Saúde
PBS – Tampão salina fosfato (Phosphate buffer saline)
pDCs – Células dendríticas plasmocitóides
PE – Ficoeritrina
MATHIAS, F. A. S. Lista de Abreviaturas e Siglas
PRRs – Receptores de Reconhecimento Padrão
PVCL – Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose
qPCR – Reação em cadeia da polimerase em tempo real
QS-21 – fração purificada da Saponina
Quil A – Saponina parcialmente purificada
R-837 – Imiquimod
R-848 – Resiquimod
RFLP – Restriction Fragment Length Polymorfisms
RPMI – Roswell Park Memorial Institute médium (Meio de Cultivo Celular)
RTS,S/AS01 – candidato vacinal contendo epítopos de células T associados ao antígeno de
superfície de hepatite B e os adjuvantes Monofosforil Lipídio A e QS-21
SAP – Saponina
Sap – Saponina
SFB – Soro Fetal Bovino
SM – sistema de associação de adjuvantes Saponina e Monofosforil Lipídio A
SMR – sistema de associação tripla de adjuvantes Saponina, Monofosforil Lipídio A e
Resiquimod
SR – sistema de associação de adjuvantes Saponina e Resiquimod
SSC – Parâmetro granulosidade (Side Scatter)
Th – Linfócitos T auxiliares
TLR 4 – Receptor Toll-Like 4
TLR 7 – Receptor Toll-Like 7
TLRs – Receptores Toll-Like
TNF- – Fator de necrose tumoral-alfa
W/O – emulsões água-óleo
MATHIAS, F. A. S. Lista de Figuras
Figura 1: Esquema representativo dos mecanismos de ação dos adjuvantes no recrutamento e
ativação de células de imunidade inata até sua participação em mecanismos mediadores da
imunidade inata. ............................................................................................................................ 14
Figura 2: Delineamento experimental Etapa 1. ............................................................................ 30
Figura 3: Delineamento experimental Etapa 2. ............................................................................ 35
Figura 4: Exemplo da curva padrão referente ao gene da DNA polimerase de L. infantum em
amostras de baço de camundongos Balb/c.. .................................................................................. 44
Figura 5: Quantificação do recrutamento celular na pele de camundongos Balb/c sensibilizados
com os adjuvantes sozinhos ou com sistemas de associação de adjuvantes.. ............................... 47
Figura 6: Fotomicrografias de cortes histológicos representativas do infiltrado celular na pele de
camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de associação de
adjuvantes: ..................................................................................................................................... 48
Figura 7: Gráficos de pizza com os valores percentuais da contagem diferencial do infiltrado
celular na pele de camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de
associação de adjuvantes ............................................................................................................... 50
Figura 8: Quantificação das quimiocinas CCL2, CCL3, CCL4, CCL5 e CXCL1 na pele de
camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de associação de
adjuvantes. ..................................................................................................................................... 53
Figura 9: Quantificação das citocinas IL-2, IFN-γ, TNF-α, IL-4 e IL-10 na pele de camundongos
Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de associação de adjuvantes. ...... 55
Figura 10: Figura ilustrativa sintetizando os principais resultados que levaram a escolha dos
sistemas SM50 e SMR50 para serem utilizados na próxima etapa do trabalho. ........................... 57
Figura 11: Gráficos de índice (CC/CE) de proliferação celular e produção de citocinas
intracitoplasmáticas (IL-2, TNF-α, IFN-γ) em células T CD4+ e CD8
+ após cinco dias de cultivo
nos diferentes grupos experimentais: ............................................................................................ 59
Figura 12: Análise enotípica do percentual de células de memória central
(CD127+CD44
+CD45RA
lowCD62L
+CD197
+) e memória efetora (CD62L
-CD44
+CD127
high
CD197low
) de células T CD4+ e CD8
+ após cinco dias de cultivo nos diferentes grupos.............. 61
Figura 13: Dosagem da carga parasitária em número de amastigotas por mg de tecido no baço e
fígado nos diferentes grupos .......................................................................................................... 62
MATHIAS, F. A. S. Lista de Quadros
Quadro 1: Quimiocinas avaliadas e suas respectivas funções imunológicas. .............................. 32
Quadro 2: Lista de marcadores utilizados na avaliação de citocinas intracitoplasmáticas. ......... 39
Quadro 3: Lista de anticorpos utilizados para fenotipagem de células T nos experimentos
funcionais. ..................................................................................................................................... 40
MATHIAS, F. A. S. Sumário
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Revisão da literatura ................................................................................................................ 6
2.1. Histórico dos adjuvantes vacinais ........................................................................................ 7
2.2. Os adjuvantes e a resposta imune ....................................................................................... 10
2.3. Mecanismos de ação dos adjuvantes .................................................................................. 13
2.4 Adjuvantes em diferentes formulações vacinais para a LV ................................................ 15
2.5. A pele como via de imunização .......................................................................................... 18
3. Justificativa ............................................................................................................................ 21
4. Hipótese ..................................................................................................................................... 23
5. Objetivos .................................................................................................................................... 25
5.1. Objetivo Geral .................................................................................................................... 26
5.2. Objetivos Específicos ......................................................................................................... 26
6. Material e Métodos .................................................................................................................... 27
6.1. METODOLOGIAS EMPREGADAS NA ETAPA 1 ......................................................... 28
6.1.1 Animais e grupos experimentais .................................................................................. 28
6.1.2 Dosagem de citocinas por CBA (Cytometric Bead Array)........................................... 30
6.1.3 Dosagem de quimiocinas por CBA (Cytometric Bead Array) ..................................... 31
6.1.4 Processamento e avaliação histológica da pele ............................................................ 32
6.2. METODOLOGIAS EMPREGADAS NA ETAPA 2 ......................................................... 33
6.2.1 Animais e grupos experimentais .................................................................................. 33
6.2.2 Parasito e desafio experimental .................................................................................... 36
6.2.3 Obtenção de esplenócitos para avaliação multifuncional ............................................. 37
6.2.4 Fenotipagem das células para avaliação da proliferação e CIC ................................... 37
6.2.5 Fenotipagem das células para avaliação da proliferação e CIC ................................... 39
6.2.6 Quantificação da carga parasitária no fígado e baço por PCR em tempo real (qPCR) 41
6.2.7 Extração de DNA dos fragmentos de fígado e baço ..................................................... 41
6.2.8 Extração do DNA do parasito para construção da curva padrão e posterior detecção do
DNA do parasito nos tecidos ................................................................................................. 41
6.2.9 Quantificação da carga parasitária ................................................................................ 42
6.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS ............................................................................................ 44
7. Resultados .................................................................................................................................. 45
7.1. RESULTADOS OBTIDOS NA ETAPA 1 ........................................................................ 46
7.1.1 Infiltrado inflamatório na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL, R-848), e com suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas .................................................................................................................................. 46
MATHIAS, F. A. S. Sumário
7.1.2 Produção de quimiocinas na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL e R-848) e com as suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas. ................................................................................................................................. 50
7.1.3 Produção de citocinas na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL e R-848) e com as suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas. ................................................................................................................................. 54
7.1.4 Considerações gerais dos resultados obtidos na Etapa 1 .............................................. 56
7.2. RESULTADOS OBTIDOS NA ETAPA 2 ........................................................................ 58
7.2.1 Avaliação dos índices de proliferação celular e produção de citocinas
intracitoplasmáticas por células T CD4+ e CD8
+ in vitro ...................................................... 58
7.2.2. Avaliação fenotípica de células T CD4+ e T CD8
+ de memória central e efetora in
vitro ........................................................................................................................................ 60
7.2.3. Quantificação por PCR em tempo real da carga parasitária no baço e no fígado de
camundongos vacinados após o desafio experimental com promastigotas de Leishmania
infantum ................................................................................................................................. 61
7.2.4 Considerações gerais dos resultados obtidos na Etapa 2 .............................................. 62
8. Discussão ................................................................................................................................... 63
9. Conclusão .................................................................................................................................. 74
10. Perspectivas ............................................................................................................................. 76
11. Referências bibliográficas ....................................................................................................... 78
12. Anexos ..................................................................................................................................... 92
Anexo 1 ......................................................................................................................................... 93
Anexo 2 ......................................................................................................................................... 94
1
1. Introdução
MATHIAS, F. A. S. Introdução
2
As leishmanioses constituem um grupo de doenças causadas por parasitos da ordem
Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania, que ocasionam um grave
problema de saúde pública em várias partes do mundo, principalmente em países menos
favorecidos (Ross, 1903; WHO, 2017). A transmissão desse conjunto de doenças entre os
hospedeiros vertebrados ocorre através da picada de fêmeas de insetos dípteros, pertencentes à
família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, sendo conhecidos dois gêneros: Lutzomyia,
presente no Novo Mundo, e Phlebotomus, no Velho Mundo (Lainson & Shaw, 1987).
Em se tratando dos aspectos clínicos, as leishmanioses apresentam uma ampla gama de
sinais e sintomas que podem se manifestar desde lesões cutâneas localizadas, com cura
espontânea, até uma doença sistêmica generalizada com elevado grau de morbidade e
mortalidade, quando não tratada (Desjeux, 2004; WHO, 2017). Dessa forma, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) divide e reconhece as leishmanioses em três principais grupos
distintos: leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose cutâneo mucosa (LCM) e leishmaniose
visceral (LV), considerada a mais grave, caracterizada por febre de longa duração,
hepatoesplenomegalia, perda de peso, sendo uma doença fatal em 95% dos casos quando não
tratada (Alvar et al., 2012; WHO, 2017).
Embora o espectro clínico da LV seja semelhante em várias regiões do mundo, dois ciclos
epidemiológicos têm sido bem caracterizados: o ciclo antroponótico, causado pela espécie
Leishmania donovani, de ocorrência em países do subcontinente Indiano e leste Africano, sendo
o homem o único hospedeiro vertebrado e o ciclo zoonótico com ocorrência na América do Sul,
Oriente Médio, Ásia Central, China e Mediterrâneo, onde a infecção se dá pela espécie
Leishmania infantum e a transmissão depende principalmente de um reservatório infectado (cão e
raposa) onde o homem não representa fonte primária de infecção para os flebotomíneos (Gautam
et al., 2014; Ready et al., 2014).
No Brasil, os cães são considerados os principais reservatórios domésticos do parasito e
mantenedores do ciclo zoonótico da doença tanto no ambiente rural quanto no urbano (Deane &
Deane, 1954; Deane, 1956; Reis et al., 2009). Estudos sobre a infecção por L. infantum em cães
sugerem que o controle da leishmaniose visceral humana (LVH) depende de uma profilaxia
efetiva da leishmaniose visceral canina (LVC) (Alvar et al., 2004; Dantas-Torres & Brandão-
Filho, 2006; Costa, 2008; Reis et al., 2009; Reis et al., 2010). Do ponto de vista epidemiológico,
a LVC é considerada mais importante do que a doença humana, visto que apresenta maior
MATHIAS, F. A. S. Introdução
3
prevalência, podendo acometer grande parte de uma população canina de uma área endêmica,
apesar de apenas uma pequena parcela desses cães apresentarem a doença clínica de forma
aparente (Solano-Gallego et al., 2001; Moreno & Alvar, 2002; Baneth et al., 2008). Outro fato
importante em relação a doença canina, é a inexistência de um tratamento eficaz de cães doentes,
de forma a impedir a transmissão do parasito a flebotomíneos, e que seja aprovado pelo
Ministério da Saúde do Brasil (Noli & Auxilia, 2005; MS/Brasil, 2006). O tratamento da LVC
pode possibilitar a seleção de cepas resistentes às drogas utilizadas para o tratamento humano e
por isto o emprego da terapêutica anti-LVC tem sido contra indicada e proibida quando se trata
da utilização de antimoniais pentavalentes ou de outras drogas leishmanicidas para o uso
humano (MS/Brasil, 2009).
No intuito de controlar a doença humana, o Ministério da Saúde do Brasil instituiu o
Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose (PVCL), que tem como diretrizes o
diagnóstico e tratamento rápido dos casos humanos, controle vetorial e eutanásia de cães
infectados, além de ações educativas de saúde (MS/Brasil, 2006). Todavia, essas ações são
questionadas, principalmente em relação à eutanásia dos animais e sua efetividade no controle da
doença, sendo o Brasil o único país no mundo a adotar essa medida (Palatinik-de-Sousa et al.,
2001, Costa, 2011).
Diante do exposto, fica claro a necessidade urgente para o desenvolvimento e adaptação
de novas estratégias que poderiam melhorar a prevenção e controle da doença (Costa, 2011;
Dantas-Torres et al., 2012; Travi, 2014). O desenvolvimento de uma vacina contra a LVC é
altamente desejável e representaria uma ferramenta mais prática e eficiente, uma vez que ao
impedir o ciclo da doença no cão, consequentemente interromperia a transmissão para humanos
(Dye, 1996; O'Hagan & Valiante, 2003).
No Brasil, até o ano de 2014 havia duas vacinas no mercado contra a LVC licenciadas
pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para sua utilização em cães:
Leish-Tec®
(Hertape, Jatuba, Brasil) composta pela proteína recombinante de amastigota A2
associada ao adjuvante saponina (Coelho et al., 2003; Zanin et al., 2007; Fernandes et al., 2008) e
a vacina Leishmune®
(Zoetis, Campinas, Brasil) composta pelo antígeno glicoprotéico de
Leishmania donovani ligante fucose-manose (FML) também associado ao adjuvante saponina (da
Silva et al., 2000; Borja-Cabrera et al., 2002; Parra et al., 2007). Todavia, em novembro de 2014,
MATHIAS, F. A. S. Introdução
4
o MAPA suspendeu a licença provisória para a vacina Leishmune® por não atenderem aos
requerimentos de um estudo clínico de fase III (de Mendonça et al., 2016).
Nesse cenário, nosso grupo de pesquisa vem nas últimas duas décadas investindo esforços
na área da vacinologia onde desenvolveu duas vacinas de proteoma completo, constituídas de
antígenos heterólogos de Leishmania braziliensis, sendo a primeira associada ao adjuvante
saponina denominada LBSap, que recentemente teve sua tecnologia transferida para a empresa
Ourofino Agronegócios. A segunda apresenta, além da associação antígeno de L. braziliensis
com a saponina, a adição de proteínas da glândula salivar de Lutzomyia longipalpis, denominada
LBSapSal (Giunchetti et al., 2007; Giunchetti et al., 2008; Roatt et al., 2012; Aguiar-Soares et al.,
2014).
Uma “vacina ideal” contra a LV seria aquela capaz de induzir uma resposta imune
protetora que possibilite ativar tanto o compartimento da resposta celular através da produção de
óxido nítrico por macrófagos, aumento de linfócitos T CD4+ e linfócitos T CD8
+, com aumento
na produção de citocinas pró-inflamatórias (IFN-γ, IL-12 e TNF-α), reduzindo em contrapartida a
produção de citocinas anti-inflamatórias (IL-4 e TGF-β), assim como a resposta humoral através
da produção de IgG1 e IgG2 (Reis et al., 2010). Contudo, há muitas dificuldades para alcançar
esta vacina dita ideal, reforçando a necessidade do desenvolvimento e aprimoramento de vacinas
anti-LVH ou anti-LVC, através da escolha de antígenos e adjuvantes efetivamente capazes de
ativarem o sistema imune e direcionar o estabelecimento a uma resposta de memória imunológica
desejada. Neste contexto, nosso grupo de pesquisa iniciou a busca racional por novos possíveis
componentes vacinais capazes de proporcionar uma resposta mais rápida, efetiva, segura e
duradoura. Estes estudos iniciaram com Vitoriano-Souza (2012) avaliando a resposta imune local
e sistêmica induzida pelos adjuvantes Saponina (SAP), adjuvante incompleto de Freund (AIF) e
Monofosforil Lipídio A (MPL-A) isolados ou associados ao antígeno total de Leishmania
(Viannia) braziliensis.
Posteriormente, em estudos conduzidos por Mathias (2013), foi avaliado a cinética da
resposta imune desencadeada por adjuvantes clássicos, como o hidróxido de alumínio - Al(OH)3
e o Adjuvante Completo de Freund (ACF) além de adjuvantes mais recentes como o
Glicopiranosil Lipídio A (GLA), Montanide Pet Gel A (Mont) e Resiquimod (R-848). Os
resultados prévios de ambos os estudos permitiram fazer uma pré-seleção de futuros adjuvantes
(SAP, MPL e R-848) para serem utilizados em associação em novas composições vacinais anti-
MATHIAS, F. A. S. Introdução
5
Leishmania. Neste cenário, o objetivo central desta tese foi avaliar a resposta dos sistemas de
associação dupla e tripla dos adjuvantes Saponina, Monofosforil Lipídio A e Resiquimod na
potencialização da resposta imunológica do tipo 1, bem como avaliar seu efeito protetor em
associação com antígenos de L. braziliensis frente ao desafio heterólogo por L. infantum.
6
2. Revisão da literatura
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
7
2.1. Histórico dos adjuvantes vacinais
A palavra adjuvante é derivada do termo latino adjuvare, que significa ajudar. Dessa
forma, os adjuvantes são geralmente definidos como compostos que aumentam e ou modulam a
imunogenicidade intrínseca de um antígeno comparado a aplicação do mesmo isoladamente,
refletindo no aumento da eficácia vacinal (Ramon, 1926; O’Hagan & Valiante, 2003; O’Hagan &
Gregorio, 2009). Para reduzir a reatividade frente aos complexos repertórios antigênicos vacinais,
as novas vacinas passaram a ter uma composição antigênica mais definida, o que pode acarretar
frequentemente em uma menor imunogenicidade em comparação com vacinas anteriores de
antígenos inteiros ou baseadas em vírus (O’Hagan & Gregorio, 2009). Por conseguinte, os
adjuvantes são necessários para auxiliar novas vacinas a induzir respostas imunes potentes e
persistentes, com os benefícios adicionais de que são necessárias doses menores de antígenos e
menos doses vacinais. Além disso, novos alvos vacinais frequentemente requerem a indução de
respostas celulares fortes, incluindo células T auxiliares bem como de linfócitos T citotóxicos
(CTL), além de anticorpos (Singh & O’Hagan, 1999; Guy, 2007; Tritto et al., 2009).
Durante muito tempo, houve muito pouco progresso na compreensão dos mecanismos de
ação dos adjuvantes, todavia, estudos envolvendo adjuvantes vacinais tem ganhado espaço
recentemente no campo da vacinologia (O’Hagan & De Gregório, 2009). Assim como a produção
de vacinas se tornou mais sofisticada, os adjuvantes também seguiram o mesmo caminho. Ficou
claro que as propriedades desejáveis para um adjuvante variam de vacina para vacina, mas tem
como necessidade principal a produção de uma imunidade mais precoce, elevada e/ou duradoura
bem como de utilizar menores doses de antígeno em sua composição (Tritto & Gregório, 2009).
Dessa forma, fica explícito que os adjuvantes são componentes-chave em vacinas. Outro ponto
chave é que a qualidade desejada de cada vacina particular reflete na necessidade da utilização de
adjuvantes com propriedades específicas. A seleção de antígenos vacinais deve levar em conta
também a seleção de um adjuvante(s) apropriado evitando assim a possível eliminação de
candidatos antigênicos potencialmente eficazes. Logo, é essencial que no processo de
desenvolvimento de um adjuvante e/ou uma vacina seja esclarecido, por completo, todas as
informações sobre os mesmos, como por exemplo: o modo de ação, evitando o uso de
componentes indefinidos em formulações de adjuvantes além de dados abrangentes sobre a
segurança, tolerabilidade e eficácia da vacina com adjuvante (Reed et al., 2013).
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
8
A primeira geração de adjuvantes iniciou-se por volta de 1920, representada pelos sais de
alumínio insolúveis, como o Al(OH)3 e o AlPO4, genericamente chamados de Alum (Glenny et
al., 1926). O papel primário do Alum é principalmente formar um sistema depósito de longa
duração do antígeno, promovendo uma melhor apresentação deste para células apresentadoras de
antígenos (APCs), entretanto, sabe-se agora que sua estimulação imune inata desempenha um
papel primário na atividade desse adjuvante (Lambrecht et al. 2009; Marrack, Mckee & Munks,
2009).
Anos mais tarde, as emulsões foram introduzidas por Freund em 1937 (Tritto & Gregório,
2009). Os adjuvantes baseados em emulsões água-óleo (W/O) foram originalmente pensados para
trabalhar de forma semelhante ao Alum, liberando o antígeno por um período mais longo. Já na
década de 70, os adjuvantes de segunda geração foram iniciados, adicionando-se componentes
extras aos adjuvantes de primeira geração a fim de aumentar a sua potência. O desenvolvimento
de adjuvantes da 2ª geração foi seguido da descoberta de componentes sintéticos capazes de
ativaram o sistema imune como o Muramil dipeptídeo (MDP) (O’Hagan & Gregorio, 2009; Reed
et al., 2013).
Neste amplo cenário de adjuvantes vacinais, as saponinas são descritas como pertencentes
a um grupo de glicosídeos triterpenos obtidos da casca de árvores da espécie Quillaja saponaria,
utilizadas na indústria de cosméticos e como fitoterápicas (Cox & Coulter, 1997; Sparg et al.,
2004). Apresenta três formas: a forma bruta ou extrato cru, a forma Quil A (parcialmente
purificada) ou QS-21 (forma mais purificada). Independente da forma, sabe-se que esses
adjuvantes desencadeiam um perfil de resposta mista com indução de uma resposta do Tipo 1
(células TCD8+ e produção de IgG2a) além de uma resposta do Tipo 2 (Liu et al., 2002). As
saponinas também estão presentes nas partículas ISCOMS® (complexo imunoestimulante
constituído por saponina Quil A, colesterol e fosfolipídios) que vêm sendo empregadas em
ensaios contra doenças provocadas por vírus, bactérias, parasitos e em vacinas contra o câncer,
por via parenteral, nasal ou oral (Rajput et al., 2007). Este adjuvante induz forte resposta mediada
por células e atividade de linfócitos T CD8+ por várias semanas. Desta forma, tem sido proposta
sua utilização para imunoterapia contra o câncer e em doenças infecciosas de curso crônico.
Nos últimos anos, novos adjuvantes vêm sendo propostos em diferentes ensaios clínicos
vacinais. Nesse contexto, destaca-se o adjuvante sintético Monofosforil Lipídio A (MPL),
derivado da endotoxina LPS (lipopolissacarídeo) de Salmonella minesota e que atua como
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
9
agonista do receptor Toll-Like 4 (TLR 4), sendo potente estimulador de uma resposta
imunológica do tipo 1. Sabe-se que essa classe de adjuvante (agonistas de TLR) são importantes
ativadores da resposta imune inata através da indução da maturação de células dendríticas (DCs)
e secreção de citocinas inflamatórias (Vitoriano-Souza et al., 2012; Zhang & Matlashewski,
2008). Esse adjuvante está presente em vacinas contra o HPV (Fendrix) e malária (RTS,S) (Reed
et al., 2013; Kazmin et al., 2017). Recentemente, o MPL foi empregado em uma composição
vacinal com antígeno de Leishmania braziliensis visando o tratamento imunoterápico contra a
LV, utilizando o cão como modelo de estudo, apresentando melhora do quadro clínico dos
animais, restabelecimento dos parâmetros bioquímicos e hematológicos bem como recuperação,
ativação e polarização da resposta imune para um perfil protetor (Roatt et al., 2017).
Outro grupo de adjuvantes que vêm sendo estudados são os pertencentes a família
imidazoquinolina como o Imiquimod (R-837) e o Resiquimod (R-848), agonistas de Toll-Like 7
(TLR7). Dentre as células da linhagem hematopoiética, os receptores TLR7 são principalmente
expressos por células dendríticas plasmocitóides (pDCs) e mielóides (mDCs) bem como
linfócitos B, sendo que quando ativadas, via TLR7, essas células produzem citocinas pró-
inflamatórias como IFN (α, β), TNFα e IL-12 (Hornung et al., 2002; Ito et al., 2002).
Apesar dos valiosos avanços, desde a sua descoberta, os sais de alumínio foram utilizados
em vacinas humanas e até o momento são os únicos adjuvantes licenciados para uso nos Estados
Unidos, estando presentes na composição das vacinas humanas para tétano, difteria, poliomielite,
hepatite A e B entre outras (Lindblad, 2004). Por outro lado, na Europa, novos adjuvantes foram
licenciados para sua utilização em vacinas humanas na última década, como o MF59, AS03 e
mais recentemente uma associação entre Al(OH)3 e monofosforil lipídio A (MPL) denominado
de AS04 utilizado nas vacinas contra HBV (Fendrix® - GSK, Reino Unido) e HPV (Cervarix
® -
GSK, Reino Unido) (Tritto et al., 2009). É importante ressaltar que muitos adjuvantes vacinais
conhecidos e utilizados em diferentes composições vacinais foram descobertos empiricamente, o
que impossibilitou o progresso e compreensão dos seus mecanismos de ação, explicando em
parte, o baixo número de adjuvantes aprovados para uso humano (Calabro et al., 2011). Esses
fatos enfatizam a necessidade de prospecção e desenvolvimento de novos adjuvantes e/ou de uma
pesquisa mais completa sobre a segurança e a eficácia de adjuvantes disponíveis (Singh, 2007).
Atualmente, com o objetivo de aperfeiçoar a composição de novas vacinas, alguns grupos
de pesquisa estão concentrando esforços nos chamados sistemas de associação de adjuvantes,
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
10
quando dois ou mais adjuvantes estão presentes numa mesma composição vacinal. Destacam-se o
AS02 (emulsão contendo MPL e a fração purificada QS-21 da saponina), AS03 (emulsão
contendo α-tocoferol e esqualeno) e AS04 (Al(OH)3 e MPL). Vacinas contendo essas associações
já estão no mercado ou em processo final de teste, como é o caso da AS03 para o vírus da
influenza e da RTS,S/AS01 para a malária (Madan et al., 2017; Kazmin et al., 2017). Dessa
forma, movidos pelos resultados obtidos em nossos estudos prévios, decidimos expandir nossas
investigações em associação de adjuvantes, tendo como principal estratégia a utilização de
adjuvantes que potencializam a resposta imunológica do tipo 1 para compor vacinas mais seguras
e eficazes contra a LV.
Em suma, para o desenvolvimento de novas vacinas com adjuvantes é necessário primeiro
estabelecer um balanço entre os riscos e benefícios dessa associação. Ademais, é necessário
realizar testes rigorosos pré-clínicos, clínicos e pós-comercialização para identificar possíveis
problemas de segurança. A compreensão dos mecanismos de ação dos adjuvantes existentes deve
continuar a serem aperfeiçoados, todos estes aspectos são fundamentais a fim de alcançar todos
os benefícios potenciais que os adjuvantes oferecem (Reed et al., 2013).
2.2. Os adjuvantes e a resposta imune
Uma resposta imune precoce e efetiva a adjuvantes vacinais pode melhorar
significativamente a imunogenicidade e eficácia das vacinas através da ativação do sistema
imune inato e consequentemente, desenvolvimento da resposta imune adquirida (Singh, 2007;
Coler et al. 2011). Assim, a indução bem-sucedida de memória imunológica para antígenos
vacinais tem início através da ativação do sistema imune inato no local do inóculo. Em seguida,
células imunes residentes no tecido são ativadas e iniciam o processo de produção de citocinas
pró-inflamatórias e quimiocinas, resultando no recrutamento de células imunes inatas.
Consequentemente, serão recrutadas para o local do inóculo células apresentadoras de antígeno
(APCs) e os fagócitos que irão reter o antígeno e o transportaram para os linfonodos drenantes
dando início assim, a resposta adaptativa (Awate, Babiuk & Mutwiri, 2013). Nesse sentido,
adjuvantes vacinais são essenciais para potencializar a imunogenicidade através de inflamação
local, recrutamento e ativação de linfócitos não específicos e persistência do antígeno no local do
inóculo (Singh & O'Hagan, 1999). Além disso, estas substâncias aditivas realizam importante
papel no recrutamento de várias células do sistema imune, na taxa de captura de antígenos e na
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
11
produção de citocinas inflamatórias (Medzhitov & Janeway, 1997; Kensil, Mo & Truneh, 2004).
Tais aspectos constituem uma sinopse do que poderá acontecer logo após estes eventos iniciais
que sem dúvida orquestram e mantém todo o processo de imunogenicidade pós vacinal.
No contexto da imunidade inata, a resposta inflamatória merece atenção especial, uma vez
que é rapidamente iniciada e independe do antígeno, além de preceder o início da resposta
antígeno-específico (Korsholm et al., 2009). De forma geral, os adjuvantes têm seu papel
fundamental na ativação da resposta imune inata através de vários receptores de reconhecimento
padrão (PRRs) como os diversos receptores Toll-Like (TLRs). Todavia, podem criar um
microambiente celular adequado importante no direcionamento e diferenciação de uma resposta
imune adquirida tanto do tipo 1 através de células produtoras/secretoras de IFN-γ e IL-2, onde
estimulam a imunidade celular contra patógenos intracelulares, ou resposta do tipo 2 através de
células produtoras/secretoras de IL-4, IL-5 e IL-13 que medeiam resposta humoral contra
patógenos extracelulares (Mosmann & Coffman 1989; Mosmann & Sad 1996; Mosmann et al.
1997; Korsholm et al. 2009). Dessa forma, fica claro que dentre os mediadores imunológicos, as
citocinas produzidas por células da imunidade inata no local da imunização podem ser
comunicadores essenciais para a atividade adjuvante agindo de forma determinante no
desenvolvimento da resposta imune celular e humoral, pois elas regulam, de forma autócrina e
parácrina, a resposta imune, promovendo a migração de leucócitos a partir do sangue e a ativação
de outras células do tecido cutâneo (Schijins, 2000).
Os adjuvantes atuam de várias formas aumentando a resposta imune adaptativa e gerando
uma memória imunológica eficaz. Muitos de seus efeitos parecem ocorrer nas células
apresentadoras de antígeno (APCs), como as células dendríticas (DCs). Deste modo, os
adjuvantes podem afetar a migração, a maturação, a apresentação de antígenos e a expressão de
moléculas co-estimuladoras por DCs, e estes eventos, por sua vez, melhoram as respostas ao
antígeno pelas células T e B. Os adjuvantes, aparentemente via DC, podem também afetar a
natureza das respostas das células T auxiliares CD4+ (Th), das células citotóxicas T CD8
+ e das
células B, direcionando respostas do tipo 1 e/ou do tipo 2. Além disso, alguns adjuvantes
aumentam a apresentação cruzada entre DCs e antígenos, bem como atuam diretamente nas
células T ou B, melhorando a sua proliferação e/ou conversão em células de memória que são
essenciais para o sucesso das vacinas, sendo hábeis a responder de forma rápida a uma reinfecção
(McKee, Munks & Marrack, 2007).
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
12
Na avaliação de memória imunológica, é notório a dificuldade de caracterização de
linfócitos T de memória devido à grande heterogeneidade de suas moléculas, sendo necessária a
utilização simultânea de anticorpos monoclonais contra várias dessas moléculas expressas por
essas células. Sallusto et al. (1999) realizaram um dos estudos pioneiros sobre memória em
células T no sangue periférico de humanos, caracterizando esses linfócitos em dois fenótipos:
células de memória central e células de memória efetora. As células T de memória central
permanecem nos órgãos linfóides secundários devido à alta expressão de moléculas de adesão,
principalmente o CD62L. Elas são de longa duração e responsáveis pela proteção contra
infecções sistêmicas e acredita-se que estas células possam se diferenciar em células de memória
efetora (Sallusto et al., 1999; Seder et al., 2008; Jaigirdar & Macleod, 2015). Por outro lado, as
células de memória efetora já apresentam capacidade de circular entre os órgãos linfóides e os
tecidos periféricos. Dessa forma, apresentam ausência de moléculas de adesão ou expressam-nas
em baixa densidade. Além disso, essas células produzem rapidamente citocinas efetoras
protegendo contra infecções (Sallusto et al., 1999; Jaigirdar & Macleod, 2015). No entanto,
atualmente já são caracterizados outros fenótipos de memória como células T de memória
residente, células T reguladoras de memória, células T foliculares de memória e células T
multipotentes de memória (Jaigirdar & Macleod, 2015).
Diante desses fatos, um dos grandes desafios atuais dos imunologistas e vacinologistas é
como identificar adjuvantes e antígenos capazes de gerar memória imunológica mais duradoura
frente às imunizações vacinais. Assim sendo, várias abordagens de avaliação da memória
imunológica têm sido desenvolvidas e alguns trabalhos, empregando a citometria multifuncional,
visam identificar e avaliar as subpopulações de linfócitos T efetores e de memória a fim de
validar diferentes candidatos vacinais. Um dos trabalhos pioneiros em leishmanioses empregando
avaliação de células multifuncionais buscou uma correlação entre proteção gerada pela
imunização com o antígeno vacinal Leish-11f e o aparecimento de subpopulações de linfócitos T
de memória. Nesse estudo, camundongos C57BL/6 foram imunizados com a vacina Leish-111f
juntamente com o adjuvante CpG (agonista de Toll-Like 7), seguida do desafio com
promastigotas metacíclicas de L. major pela via intradérmica, com objetivo de avaliar e
classificar as diferentes subpopulações de linfócitos T CD4+ multifuncionais (Darrah et al.,
2007). Os resultados obtidos por estes autores demonstraram uma correlação entre proteção e a
presença de linfócitos T CD4+ de memória central e efetora secretando mais do que uma citocina
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
13
simultaneamente. Deste modo, os pesquisadores classificaram como linfócitos de memória
central as células Th1 que expressam a molécula CCR7 e foram capazes de produzir IL-2 e TNF-
α podendo, após ativação, produzir IFN-γ. Além disso, esse estudo classificou células Th1 com
baixa expressão de CCR7 produzindo IL-2, TNF-α e IFN-γ como células de memória efetora
(Darrah et al., 2007).
2.3. Mecanismos de ação dos adjuvantes
Recentes avanços no conhecimento imunológico dos adjuvantes revelaram vários
mecanismos de atuação dos mesmos. Como demonstrado na figura 1, evidências sugerem que os
adjuvantes atuam através de um ou mais dos seguintes mecanismos para induzir respostas
imunológicas: (i) liberação prolongada de antígeno no local de inóculo (sistema de depósito); (ii)
estímulo à produção de citocinas e quimiocinas; (iii) recrutamento no local do inóculo; (iv)
aumento da captação e apresentação de antígenos nas APCs; (v) ativação e maturação de APCs
(maior no complexo principal de histocompatibilidade (MHC) classe II e expressão de moléculas
co-estimuladoras) e migração para os linfonodos drenantes e (vi) ativação de inflamassomas (Cox
& Coulter, 1997; Hoebe et al., 2004; Fraser et al., 2007).
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
14
Figura 1: Esquema representativo dos mecanismos de ação dos adjuvantes no recrutamento e ativação de células de
imunidade inata até sua participação em mecanismos mediadores da imunidade inata.
A formação de um depósito no local da injeção é talvez o mecanismo de ação mais antigo
e mais amplamente reconhecido dos adjuvantes, baseado na proteção do antígeno de uma rápida
degradação, assim como da eliminação pelo hospedeiro, podendo resultar na produção de altos
níveis de anticorpos (Siskind & Benacerraf, 1969; Stills, 2005). Os principais exemplos de
adjuvantes que apresentam esse mecanismo de ação são os sais de alumínio, onde foi observada a
presença do antígeno após três semanas e outros adjuvantes a base de emulsões água-óleo como o
Adjuvante Completo de Freund (ACF) que direcionam uma alta e prolongada produção de
anticorpos (Herbert, 1968; Osebold, 1982).
Certos adjuvantes induzem o recrutamento de várias células para o local do inóculo onde
algumas delas são responsáveis pela condução do antígeno para os órgãos linfóides como baço e
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
15
linfonodos drenante para produzir e amplificar uma resposta específica. A função dos adjuvantes
na apresentação eficiente de antígenos por moléculas de MHC nas células APCs é fundamental
na indução da resposta imune adaptativa. Todavia, o papel exato desempenhado pelo adjuvante
no aumento da apresentação de antígenos ainda não está totalmente elucidado (Awate, Babiuk &
Mutwiri, 2013). Mosca et al. (2008) avaliando o mecanismo de ação dos adjuvantes no processo
de recrutamento de células para o local do inóculo, demonstraram, através da técnica de
microarray, que o cluster de genes codificadores de quimiocinas, citocinas, receptores da
imunidade inata, genes induzidos por interferon e moléculas de adesão são comumente
modulados por adjuvantes como os sais de alumínio, esqualeno (MF59) e CpG-ODN no local do
inóculo. Dentre esses, o MF59 demonstrou uma alta expressão de genes para quimiocinas como
CCR2, CCL2, CCL3, CXCL8 responsáveis tanto pelo recrutamento neutrófilos, células NK,
monócitos/macrófagos, como pela interação entre células dendríticas e linfócitos T (Seubert et
al., 2008).
2.4 Adjuvantes em diferentes formulações vacinais para a LV
A morbidade e a mortalidade por várias doenças infecciosas foram drasticamente
reduzidas pela efetividade da vacinação, que segundo Organização Mundial da Saúde (OMS) é a
medida de saúde pública mais eficaz em termos de custos para prevenir a propagação de doenças
(O'Hagan & Valiante, 2003; Lambert, 2005). Diante desse cenário, as pesquisas para o
desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose vêm ganhando cada vez mais destaque.
Em termos globais, a primeira geração de candidatos vacinais contra a leishmaniose,
preparados utilizando os parasitos inteiros inativados como principal componente, foram
consideradas promissoras devido à sua relativa facilidade de produção e baixo custo. Estas
vacinas têm sido objeto de muitas investigações desde a década de 40 e são as únicas candidatas a
vacinas contra a leishmaniose que foram submetidas à avaliação de ensaios clínicos de fase 3 em
humanos. Embora os estudos demonstrassem a segurança das vacinas, imunogenicidade razoável
e alguma indicação de proteção, ainda não foi identificada uma vacina profilática eficaz para
nenhuma das formas das leishmanioses. Apesar desta falha global, estes ensaios contribuíram
significativamente para aumentar o conhecimento sobre a imunologia da leishmaniose humana
(Noazin et al., 2008).
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
16
Os principais desafios no desenvolvimento da vacina contra a leishmaniose são a
complexidade associada à antigenicidade, resposta desigual pelo hospedeiro, variabilidade nas
diferentes espécies de Leishmania e custo associado ao desenvolvimento (Singh & Sundar,
2012).
Em se tratando da LV, a primeira vacina avaliada para essa forma da doença foi
desenvolvida por Mayrink et al. (1996), tendo como foco o cão. Essa vacina era composta por um
antígeno heterólogo proveniente de promastigotas de L. braziliensis associado ao adjuvante BCG.
Os resultados demonstram que a vacina apresentou uma taxa de proteção de 90% frente ao
desafio por L. infantum em um estudo de fase 2 controlado em canil fechado (Mayrink et al.,
1996). Desde então, diversas vacinas vêm sendo propostas na LV experimental. Streit et al.
(2000) avaliaram uma vacina também composta pelo adjuvante BCG associado ao antígeno
LCR1 de L. donovani observando um aumento na produção de IFN-γ e redução de IL-10. Ainda
utilizando o mesmo adjuvante, Molano et al. (2003) avaliando uma vacina quimérica composta
por proteínas de ácido ribossomal (Lip2a, Lip2b, P0 e histona H2A), observam uma taxa de
proteção de 50% nos cães imunizados.
Seguindo o mesmo raciocínio, o antígeno LiESAp, secretado e excretado de
promastigotas de L. infantum, foi utilizado em associação com o adjuvante muramil dipeptídeo
(MDP) para compor uma vacina desenvolvida na França, que foi capaz de aumentar os níveis de
óxido nítrico e consequentemente aumento do efeito leishmanicida (Holzmuller et al., 2005).
Posteriormente, o antígeno LiESAp foi conjugado à saponina dando origem a vacina que se
encontra no mercado europeu sob o nome comercial de CaniLeish® sendo produzida pela
empresa Virbac na França (Moreno et al., 2012). Em um estudo de fase III, duplo-cego
randomizado, Oliva et al. (2014) observaram uma redução da incidência da infecção ativa, tanto
em animais sintomáticos quanto assintomáticos frente a exposição natural ao vetor. A vacina foi
bem tolerada, apresentando uma redução no risco de progressão da doença com uma eficácia de
68,4% e taxa de proteção de 92,7% (Oliva et al., 2014). Ainda na Europa tem-se a
comercialização de uma segunda vacina recombinante (Carcelen et al., 2009) denominada
Letifend® que foi aprovada em 2016. Os estudos dessa vacina começaram em 2003 com Molano
et al. (2003). Esses autores utilizaram preparações de uma proteína recombinante quimérica
multicomponente, denominada Q, formulada com BCG, e demonstraram que o antígeno foi capaz
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
17
de induzir 90% de proteção em cães imunizados submetidos à infecção experimental (Molano et
al., 2003).
Atualmente no Brasil há apenas uma vacina disponível no mercado para a LVC licenciada
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e comercializada com o nome
de Leish-Tec® (Hertape Calier Saúde Animal S/A). Em estudo realizado por Fernandes et al.
(2008), essa vacina que contém o antígeno recombinante A2 específico para amastigotas de
Leishmania juntamente com o adjuvante saponina, demonstrou que os cães vacinados produziram
altos níveis de IgG total e IgG2 anti-A2, aumento significativo na produção de IFN-γ após
incubação de células mononucleares do sangue periférico (CMSP) com antígeno de Leishmania e
que 4/7 animais imunizados apresentaram resultados de isolamento positivos de medula óssea 9
meses após o desafio experimental com L. infantum (Fernandes et al., 2008). Recentemente, a
LeishTec® foi avaliada em um estudo de fase 3, duplo cego randomizado, apresentando 71% de
eficácia ao serem empregados os resultados parasitológicos isoladamente para fins de cálculos
epidemiológicos. Entretanto, sobrepondo o xenodiagnóstico e o parasitológico, a eficácia foi de
58% (Regina-Silva et al., 2016). Posteriormente, em outro minucioso estudo de fase 3 em uma
região altamente endêmica (Pancas, Espírito Santo, Brasil), foi observado 18 meses pós protocolo
vacinal, uma soroconversão alta nos animais imunizados de cerca de duas vezes mais em relação
ao grupo não imunizado. A incidência da infeção foi notada em 27% dos cães imunizados e em
42% dos cães que não receberam a vacina. Em relação à eficácia vacinal, foi confirmado que
43% dos animais vacinados desenvolveram a doença. Assim, a eficácia desta vacina não foi
evidente. De um modo geral, a LeishTec® precisa ser otimizada de forma a ter impacto na
diminuição da incidência da infecção canina em áreas de alta prevalência (Grimaldi et al., 2017).
Nosso grupo iniciou a linha de pesquisa em vacinas contra a LV a partir do trabalho
desenvolvido por Giunchetti et al. (2007), no qual foram avaliadas duas vacinas de primeira
geração. A primeira denominada LBSap, constituída por extrato de antígenos bruto de L.
braziliensis associado ao adjuvante saponina e a vacina LBSapSal, com mesma composição
acrescida de extrato de glândula salivar de Lutzomyia longipalpis. Resultados demonstraram que
essas vacinas foram capazes de induzir uma forte atividade imunogênica após o processo vacinal,
particularmente relacionada à expansão de linfócitos T CD8+ circulantes e de linfócitos T CD8
+
Leishmania-específicos acompanhado de intensa atividade linfoproliferativa e elevada produção
de óxido nítrico (NO) in vitro. No contexto da resposta imune humoral, foram observados
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
18
aumento nos níveis de anticorpos IgG e das subclasses (IgG1 e IgG2) anti-Leishmania
(Giunchetti et al., 2007; Giunchetti et al., 2008). As vacinas LBSap e LBSapSal apresentam-se
inócuas e seguras para a administração em cães sem causar lesões ulcerativas no local do inóculo
(Giunchetti et al., 2007; Giunchetti et al., 2008; Vitoriano-Souza et al., 2008; Moreira et al.,
2009; Roatt et al., 2012; Aguiar-Soares et al., 2014). Além disso, os cães imunizados com LBSap
apresentaram elevada expressão de IFN-γ e baixa expressão de IL-10 e TGF-β1 no baço, bem
como uma redução significativa da carga parasitária nesse tecido (Roatt et al., 2012). Esses
importantes resultados levaram a transferência de tecnologia e patente da vacina LBSap para a
empresa Ourofino Agronegócios no ano de 2013 que conduzirá um estudo de fase III em breve.
Contudo, apesar de inúmeros esforços e resultados, acreditamos que nossa tarefa em
buscar uma vacina segura e eficaz dependa, não só do antígeno, mas também da escolha de um
bom adjuvante vacinal para alcançarmos uma resposta imune desejada. Portanto, a pré-seleção de
adjuvantes isolados ou em associações, através da observação dos seus eventos imunológicos,
bem como avaliação da eficácia vacinal frente ao desafio experimental em camundongos é
fundamental no constante processo de descoberta e aprimoramento de vacinas mais eficazes e
seguras. Dessa forma, fica evidente a importância do desenvolvimento de vacinas empregando
novas formulações envolvendo a combinação de adjuvantes e antígenos capazes de gerar um
efeito sinérgico que potencialize a resposta imune.
2.5. A pele como via de imunização A pele constantemente entra em contato com uma série de toxinas, organismos
patogênicos e estresses físicos presentes no meio ambiente, funcionando mais do que como uma
barreira física, sendo um órgão imunológico importantemente ativo. Respostas imunes na pele
envolvem um arsenal de células imunocompetentes e modificadores de resposta imunobiológica,
incluindo as citocinas (Salmon et al., 1994). Além disso, a pele destaca-se por ser um local de
fácil acesso, que proporciona uma intensa conexão com os capilares linfáticos e veias até os
órgãos periféricos do sistema imune, como os linfonodos (Puri et al., 2000), apresentando a
vantagem de entregar o antígeno e fatores para a maturação das DCs no compartimento que elas
residem, tornando mais rápida a apresentação de antígenos e consequentemente migração para o
linfonodo drenante (Disis et al., 1996).
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
19
As células de Langerhans na epiderme e as DCs na derme são as principais células
imunológicas da pele, com o papel essencial na captura de antígenos e apresentação nos
linfonodos drenantes. Adicionalmente, os queratinócitos da pele além de outras células na
epiderme e na derme produzem citocinas e quimiocinas que podem estimular e controlar as
respostas imunes (Kim et al., 2012). As DCs imaturas patrulham os tecidos para detectar
patógenos. O reconhecimento de agentes patogênicos através de receptores inatos específicos
permite a captação de antígenos e processamento para apresentação em moléculas de classe I e II
de MHC, enquanto as DCs migram para órgãos linfóides secundários. Após a entrada nos
gânglios linfáticos, estas células exibem um fenótipo maduro, caracterizado por elevados níveis
de expressão de moléculas co-estimuladoras e a produção de citocinas pró-inflamatórias (Fehres
et al., 2013).
Estudos clínicos têm demonstrado que a via padrão de imunização intradérmica apresenta
resposta imunológica equivalente ou superior quando comparado a vacinas administradas por via
subcutânea ou intramuscular. Ensaios clínicos com influenza (Kenney et al., 2004; Leroux-Roels
et al., 2008; Holland et al., 2008) e vacinas contra a raiva (Bernard et al., 1987) demonstraram
que a vacinação intradérmica induz respostas imunes equivalentes à vacina administrada por via
intramuscular ou por via subcutânea, utilizando apenas 10 a 20% da dose de antígeno,
demonstrando o potencial dessa via de imunização na busca de protocolos vacinais mais efetivos
(Kis, Winter & Myschik, 2012).
No entanto, apesar da pele ser um órgão composto por diversas células importantes da
resposta imune, a derme em humanos é um tecido extremamente fino, localizado a uma
profundidade de menos de 1 mm da superfície da pele, dependendo do local do corpo. Dessa
forma, tanto o treinamento quanto a experiência são geralmente necessários para os profissionais
realizarem uma imunização intradérmica (ID) precisa e consistente usando agulha e seringa
padrão. A fim de oferecer uma vacinação de identificação fácil e confiável, vários tipos diferentes
de dispositivos de administração de ID estão sendo desenvolvidos (Laurant et al., 2007; Kaplan,
2010; Arakane et al., 2015). Recentemente, a vacinação ID foi simplificada através da introdução
de uma microagulha de fácil uso que foi aprovado para a imunização contra a influenza na
Europa (Atmar, Patel & Keitel, 2010; Arakane et al., 2015).
Devido as vantagens apresentadas por essa via de imunização e ao fato de ser ainda uma
via pouco estudada e utilizada em relação às outras, nosso trabalho optou por avaliar a eficácia da
MATHIAS, F. A. S. Revisão da Literatura
20
ID na sensibilização de camundongos com os diferentes sistemas de associação propostos bem
como de novas vacinas compostas pela associação de dois destes sistemas com o antígeno
heterólogo de L. braziliensis contra a LV.
21
3. Justificativa
MATHIAS, F. A. S. Justificativa
22
Nas últimas décadas, diversas vacinas já existentes têm sido revisadas sob a luz do
conhecimento da vacinologia racional. Neste cenário, surge a necessidade não somente do
desenvolvimento de vacinas mais seguras, imunogênicas e eficazes, mas também da utilização de
vias de administração de acesso mais fácil e eficazes como a via intradémica. Assim, a busca por
adjuvantes capazes de ampliar a resposta imune torna-se cada vez mais necessária e estudos
visando à combinação de dois ou mais adjuvantes em composições vacinais vêm ganhando
grande destaque. Atualmente, esses estudos vêm demonstrando que tais combinações são capazes
de gerar efeitos importantes no sistema imune. Dessa forma, fica evidente a necessidade do
desenvolvimento de vacinas empregando novas formulações envolvendo os sistemas de
associação de adjuvantes e antígenos capazes de potencializar a resposta imune após a
imunização intradérmica.
23
4. Hipótese
MATHIAS, F. A. S. Hipótese
24
Os sistemas de associação de adjuvantes contribuem para o aumento da eficácia vacinal
em dois novos imunobiológicos frente a infecção experimental por L. infantum em camundongos
Balb/c.
25
5. Objetivos
MATHIAS, F. A. S. Objetivos
26
5.1. Objetivo Geral
Avaliar a contribuição de sistemas de associação de adjuvantes na eficácia vacinal de dois
novos imunobiológicos contra a infecção experimental por L. infantum em camundongos Balb/c.
5.2. Objetivos Específicos
● Quantificar o infiltrado inflamatório (linfócitos, macrófagos e neutrófilos segmentados) na
pele;
● Avaliar a resposta imuno no local da inoculação desencadeada pelas associações através
dos níveis de citocinas (IL-2, TNF-α, IFN-γ, IL-4 e IL-10) e quimiocinas (CCL2, CCL3,
CCL4, CCL5 e CXCL1) em sobrenadante de macerado de pele;
● Avaliar se as propostas vacinais promovem a proliferação celular in vitro bem como a
produção das citocinas intracitoplasmáticas IL-2, TNF-α e INF-γ in vitro de células T
CD4+ e T CD8
+ após um segundo contato com o antígeno solúvel de Leishmania sp.;
● Avaliar a formação de células T (CD3+CD4+ ou CD3
+CD8
+) de memória central
(CD127+CD44
+CD45RA
lowCD62L
+CD197
+) e memória efetora (CD62L
-CD44
+CD127
hi
CD197low
) após imunização com as novas propostas vacinais;
● Quantificar a carga parasitária de L. infantum no baço e no fígado.
27
6. Material e Métodos
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
28
O tópico material e métodos desta tese encontra-se dividido em duas etapas, onde na
primeira foram avaliadas as cinéticas dos diferentes adjuvantes, e suas associações quando
sensibilizados na pele de camundongos Balb/c. Os sistemas de associação de adjuvantes foram
desenhados com o objetivo de reduzir a dose total de cada adjuvante individualmente. Neste
sentido, foram pré-definidas as doses de 25%, 33%, e 50% da dose total geralmente preconizada
e empregada. Na segunda etapa, foram formuladas diferentes vacinas com antígeno bruto de L.
braziliensis e as associações de adjuvantes que apresentaram as melhores performances da etapa
1. Além disso, foram avaliadas a imunogenicidade, indução de memória imunológica, alterações
histológicas no fígado e a eficácia das vacinas em camundongos através da redução da carga
parasitária hepática e esplênica após o desafio experimental intravenoso com promastigotas
metacíclicas de L. infantum.
6.1. METODOLOGIAS EMPREGADAS NA ETAPA 1
6.1.1 Animais e grupos experimentais
As avaliações foram conduzidas de acordo com as normas da CEUA/UFOP e com
aprovação do protocolo de uso animal nº. 2014/11 (disponível no anexo 1). Foram utilizados
camundongos isogênicos da linhagem Balb/c, machos com idade entre quatro a seis semanas. Os
animais foram adquiridos do Centro de Ciência Animal (CCA) da UFOP e mantidos em gaiolas
isoladoras climatizadas com ração e água ad libitum no CCA. Os animais foram divididos em 16
grupos experimentais (total de 192 camundongos, n=6 em duplicata) conforme descrito a seguir:
1) Grupo CS (Controle Salina): animais que foram inoculados pela via intradérmica com
solução salina estéril, NaCl 0,9%; pH 7,2-7,4;
2) Grupo Sap (Saponina): animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL do
adjuvante na concentração de 100 μg/dose (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
3) Grupo MPL (Monofosforil Lipídio A): animais que foram inoculados pela via intradérmica
com 50 μL do adjuvante na concentração de 50 μg por dose (Sigma Chemical Co., St Louis,
USA);
4) Grupo Resiquimod (R-848): animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL
do adjuvante na concentração de 25 μg por dose (Sigma Chemical Co., St Louis, USA).
5) Associação SAP+MPL 25%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL
da mistura de 25 μg de saponina e 12,5 μg de MPL (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
29
6) Associação SAP+MPL 33%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL
da mistura de 33 μg de saponina e 16,5 μg de MPL (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
7) Associação SAP+MPL 50%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL
da mistura de 50 μg de saponina e 25 μg de MPL (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
8) Associação SAP+R-848 25%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 25 μg de saponina e 6,25 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
9) Associação SAP+R-848 33%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 33 μg de saponina e 8,25 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
10) Associação SAP+R-848 50%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 50 μg de saponina e 12,5 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
11) Associação MPL+R-848 25%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 12,5 μg de MPL e 6,25 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
12) Associação MPL+R-848 33%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 16,5 μg de MPL e 8,25 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
13) Associação MPL+R-848 50%: animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50
μL da mistura de 25 μg de MPL e 12,5 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
14) Associação SAP+MPL+R-848 25%: animais que foram inoculados pela via intradérmica
com 50 μL da mistura de 25 μg de saponina, 12,5 μg de MPL e 6,25 μg de R-848 (Sigma
Chemical Co., St Louis, USA);
15) Associação SAP+MPL+R-848 33%: animais que foram inoculados pela via intradérmica
com 50 μL da mistura de 33 μg de saponina, 16,5 μg de MPL e 8,25 μg de R-848 (Sigma
Chemical Co., St Louis, USA);
16) Associação SAP+MPL+R-848 50%: animais que foram inoculados pela via intradérmica
com 50 μL da mistura de 50 μg de saponina, 25 μg de MPL e 12,5 μg de R-848 (Sigma Chemical
Co., St Louis, USA);
Os animais foram inoculados com uma dose única dos diferentes adjuvantes e suas
associações pela via intradérmica (50 μL na região dorsal). As doses inoculadas de cada
adjuvante foram selecionadas em conformidade com o estabelecido pelo Guidelines for the
Research Use of Adjuvants of Animal Care na Use Staff
(http://oacu.od.nih.gov/ARAC/freunds.pdf) e de acordo com trabalhos da literatura. Os animais
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
30
foram necropsiados 48 horas após o inóculo para obtenção dos fragmentos de pele do local do
inóculo. A pele foi dividida em dois fragmentos, uma destinada para as avaliações de
citocinas/quimiocinas e a outra para as avaliações histológicas.
6.1.2 Dosagem de citocinas por CBA (Cytometric Bead Array)
A quantificação dos níveis de citocinas foi realizada pela técnica de Cytometric Bead
Array (BD Biosciences, San Jose, USA), utilizando o kit mouse-Th1/Th2/Th17 cytokine que
permite a quantificação das citocinas IL-2, IL-4, IL-10, IL-17A, IFN-γ e TNF-α. Os
experimentos foram realizados de acordo com as recomendações do fabricante. Os fragmentos de
pele previamente coletados no momento da necropsia e armazenados em freezer -80ºC foram
homogeneizados utilizando um homogeneizador de tecidos Tissuelyser (Qiagen, USA) em 500
μL de um coquetel inibidor de protease (Sigma Chemical Co., St Louis, USA). Os
homogeneizados foram centrifugados a 10.000 x g durante 10 min a 4ºC e os sobrenadantes
foram armazenados a -80ºC antes da análise. Assim, as amostras foram descongeladas,
previamente, em banho-maria a 37°C e, em seguida, centrifugadas a 10.000 x g por 10 minutos
para a coleta do sobrenadante. O padrão foi reconstituído em 2,0 ml de Reagente G uma solução
Figura 2: Delineamento experimental Etapa 1.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
31
tampão usada como diluente, nas seguintes diluições 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128 e
1/256. Foi preparada uma mistura de Beads (A1-A7), contendo 3μL de cada suspensão de Beads,
a fim de se atingir um volume final de 21 μL para cada amostra. As Beads foram adicionadas a
25 μL dos padrões, em suas respectivas diluições, tal como a 25 μL de cada amostra em seu
respectivo tubo. Foram adicionados a todos os tubos 18μL do Reagente B, um reagente de
detecção marcado com ficoeritrina (PE) e incubados por um período de 2 horas a temperatura
ambiente e ao abrigo da luz. Terminado o período de incubação, foram adicionados 500 μL do
Reagente F, uma solução tamponada de lavagem, em cada tubo e centrifugados a 600 x g por 7
min a 18°C. O sobrenadante foi aspirado com auxílio de bomba de vácuo, deixando cerca de 100
μL do sobrenadante em cada tubo. Foi realizada uma nova adição de 100 μL de Reagente F
partindo para a leitura. Para aquisição e armazenamento dos dados foi empregado o citômetro de
fluxo (FACSCalibur™ BD Biosciences). As curvas padrão para cada citocina foram traçadas e
as concentrações de cada amostra de teste em picogramas por mililitro (pg/mL) foram calculadas
usando a matriz de software FCAP v.3 (BD Biosciences, San Jose, USA). Os dados foram
normalizados através da quantificação de proteína total nos homogeneizados pelo método
colorimétrico de Bradford (BioRad, California, USA). Sendo assim, a quantificação de cada
citocina foi expressa em pg/mg de proteína total.
6.1.3 Dosagem de quimiocinas por CBA (Cytometric Bead Array)
O homogeneizado utilizado para a dosagem de citocinas foi o mesmo utilizado para as
dosagens de quimiocinas (descritas na Quadro 1) pela técnica de CBA Flex (BD Biosciences, San
Jose, USA) de acordo com as recomendações do fabricante. Brevemente, as amostras foram
descongeladas em banho-maria a 37°C e, em seguida, centrifugadas a 10.000 x g por 10 minutos
para a coleta do sobrenadante. Os padrões liofilizados de cada quimiocina foram adicionados a
um tubo de poliestireno de 15 mL e reconstituídos em 4 ml de uma solução tampão diluente
(Assay Diluent). Este tudo foi identificado como “Top Standart” contendo a concentração
máxima da curva (2500 pg/mL) que também foi feita nas seguintes diluições de 1/2, 1/4, 1/8,
1/16, 1/32, 1/64, 1/128 e 1/256. Posteriormente, foi preparada uma mistura de Beads, contendo
1μL de cada Bead diluídas no volume final de 50 μL para cada tubo. As Beads foram adicionadas
a 50 μL dos padrões, em suas respectivas diluições, tal como a 50 μL de cada amostra em seu
respectivo tubo e incubadas por 1 hora a temperatura ambiente. Após esse tempo foi adicionado a
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
32
todos os tubos 50 μL do Reagente de detecção PE diluído através do mesmo cálculo para as
Beads e incubados por 1 hora a temperatura ambiente. Terminado o período de incubação, foram
adicionados 1 mL de uma solução tamponada de lavagem (Wash Buffer) em cada tubo e
centrifugados a 200 x g por 5 min a 18°C. O sobrenadante foi aspirado com auxílio de bomba de
vácuo, deixando cerca de 100 μL do sobrenadante em cada tubo. Foi realizada uma nova adição
de 300 μL de Wash Buffer. Posteriormente foi realizada a leitura em citômetro LSR Fortessa (BD
Biosciences, San Jose, USA) no Laboratório Multiusuário de citometria de fluxo do Núcleo de
Pesquisas em Ciências Biológicas (NUPEB/UFOP). Para compensação do citômetro foram
usadas Beads (CompBeads) específicas. As quimiocinas foram calculadas usando a matriz de
software FCAP v.3 (BD Biosciences, San Jose, USA). Os dados foram normalizados através da
quantificação de proteína total em cada homogeneizado pelo método colorimétrico de Bradford
(BioRad, California, USA). Sendo assim, a quantificação de cada quimiocina foi expressa em
pg/mg de proteína total.
Quadro 1: Quimiocinas avaliadas e suas respectivas funções imunológicas.
Nomenclatura atual Outras denominações Função imunológica
CCL2 MCP-1 Tráfego de monócitos
CCL3 MIP-1 Migração macrófagos, células NK e
interação linfócito T com células dendríticas (DC)
CCL4 MIP-1 Migração macrófagos, células NK e
interação linfócito T com DC
CCL5 RANTES Migração macrófagos, células NK e
interação linfócito T com DC
CXCL1 KC Tráfego de neutrófilos
6.1.4 Processamento e avaliação histológica da pele
O segundo fragmento de pele foi fixado em solução de metanol 80% + DMSO 20% e
posteriormente, processada no histotécnico (OM CM 69, Metal. OMA LTDA, São Paulo, Brasil)
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
33
e incluído em parafina. Estes procedimentos operacionais são padrões do laboratório de
Imunopatologia do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas (LIMP/NUPEB/UFOP).
Após o processamento histológico, o material foi cortado em micrótomo (5 μm) para a
obtenção de uma fita de tecido que foi depositada sobre uma lâmina de vidro e corada pelo
método de Hematoxilina/Eosina (HE) para avaliação das alterações histopatológicas
(quantificação do infiltrado inflamatório.)
As células inflamatórias presentes na derme/epiderme foram quantificadas em 20 imagens
aleatórias (área total percorrida igual a 1,5 x 106 μm
2). As imagens visualizadas pela objetiva de
40x foram digitalizadas através da microcâmera Leica DM5000B acoplada ao microscópio Leica
e do programa Leica Application Suite (Versão 2.4.0 R1 Leica Microsystems-Switzerland-Ltd).
Para a análise das imagens obtidas foi utilizado programa Leica QWin V3 (Leica Microsystems-
Switzerland-Ltd). A escolha pela análise em 20 imagens foi devido a um estudo prévio no
laboratório (Vitoriano-Souza., 2012) onde foi realizada uma curva de estabilidade avaliando o
número necessário de campos que deveriam ser obtidos para que assim pudesse ser representativo
do todo.
6.2. METODOLOGIAS EMPREGADAS NA ETAPA 2
6.2.1 Animais e grupos experimentais
As avaliações foram conduzidas de acordo com as recomendações da CEUA/UFOP e
com aprovação do protocolo de uso animal nº. 2017/09 (disponível no anexo 2). Para esta etapa,
também foram utilizados camundongos isogênicos da linhagem Balb/c, machos com idade entre
quatro a seis semanas. Os animais foram adquiridos do Centro de Ciência Animal (CCA) da
UFOP e mantidos em gaiolas isoladoras climatizadas com ração e água ad libitum no CCA. Os
animais foram divididos em 6 grupos experimentais (total de 60 camundongos, n=5 em
duplicata):
1) Grupo CS (Controle Salina): animais que foram inoculados pela via intradérmica
com solução salina estéril, NaCl 0,9%; pH 7,2-7,4;
2) Grupo LB (Antígeno bruto vacinal de L. braziliensis): animais que foram pela via
intradérmica inoculados com 50 μL contendo 60 μg antígeno bruto de L. braziliensis;
3) Grupo SM50 (Associação SAP+MPL 50%): animais que foram inoculados pela via
intradérmica com 50 μL da mistura de 50 μg de saponina e 25 μg de MPL;
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
34
4) Grupo SMR50 (Associação SAP+MPL+R-848 50%): animais que foram inoculados
pela via intradérmica com 50 μL da mistura de 50 μg de saponina, 25 μg de MPL e 12,5 μg de R-
848(Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
5) Grupo LBSM50 (Antígeno bruto vacinal de L. braziliensis acrescido da associação
SAP+MPL 50%): animais que foram inoculados pela via intradérmica com 50 μL contendo 60
μg antígeno bruto de L. braziliensis mais a mistura de 50 μg de saponina e 25 μg de MPL;
6) Grupo LBSMR50 (Antígeno bruto vacinal de L. braziliensis acrescido da
associação SAP+MPL+R-848 50%): animais que foram inoculados pela via intradérmica com
50 μL contendo 60 μg antígeno bruto de L. braziliensis mais a mistura de 50 μg de saponina, 25
μg de MPL e 12,5 μg de R-848 (Sigma Chemical Co., St Louis, USA);
Para o protocolo de imunização, três doses foram administradas, pela via intradérmica na
região dorsal, com um intervalo de duas semanas entre as doses. Duas semanas após a última
dose foi realizado o desafio com 1 x 107 promastigotas de L. infantum por via intravenosa na veia
caudal. Vinte e oito dias após o desafio, os camundongos foram eutanasiados para a coleta do
material biológico para análises subsequentes, conforme detalhado no fluxograma a seguir na
Figura 3.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
35
Figura 3: Delineamento experimental Etapa 2.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
36
6.2.2 Parasito e desafio experimental
O desafio experimental dos camundongos Balb/c foi realizado com 1 x 107 promastigotas
de L. infantum (cepa MCAN/BR/2008/OP46), em terceira passagem (P3) cultivadas em meio
NNN/LIT (Novy-MacNeal-Nicolle-liver infusion tryptose) e em fase estacionária de crescimento.
A cepa MCAN/BR/2008/OP46 foi isolada de um cão sintomático proveniente da cidade de
Governador Valadares, Minas Gerais, com a caracterização molecular compatível com o perfil de
enzimas de restrição de L. infantum pela da reação de PCR-RFLP (Volpine et al., 2004; de
Andrade et al., 2006). Essa cepa demonstrou-se altamente virulenta e patogênica em modelo
hamster e em camundongos (Moreira et al., 2012; Reis et al., 2017). Para a infecção foi realizado
o isolamento dos parasitos a partir do baço de hamsters previamente infectados os quais foram
utilizados na manutenção biológica da cepa. Os parasitos foram cultivados em meio LIT, em
Erlenmeyers de 250 mL, e armazenados em estufa biológica BOD (FANEM® modelo 347) à
temperatura de 23°C ± 1°C. Formas promastigotas em fase estacionária de crescimento,
destinadas ao desafio experimental, foram obtidas a partir da expansão de um inóculo inicial de
10 mL de meio LIT contendo entre 107 e 10
8 promastigotas/mL em crescimento logarítmico,
adicionadas a 40 mL de meio de cultura LIT. Esse procedimento foi repetido por mais duas vezes
sendo que no último repique ao final de sete dias foram obtidos cerca de 40 mL de cultura
contendo promastigotas em fase estacionária (conforme curva de crescimento previamente
estabelecida para esta cepa em nosso laboratório), na concentração entre 107 e 10
8
promastigotas/mL. A cultura foi removida em capela de fluxo laminar e transferida para tubos
estéreis de polipropileno de 50 mL (Falcon®, Becton Dickinson, EUA), submetidos à
centrifugação a 3.000 rpm durante 10 minutos a 23°C. Após descartar o sobrenadante, o
sedimento de promastigotas foi homogeneizado em solução salina estéril (NaCl 0,9%, pH= 7,2-
7,4), seguido de centrifugação nas mesmas condições. Este procedimento de lavagem foi repetido
por mais uma vez. Após o término das lavagens, as formas promastigotas foram contadas em
Câmara de Neubauer e ressuspendidas em solução salina estéril (NaCl 0,9%; pH= 7,2-7,4) em
uma concentração final de 1x107 promastigotas. A dose do inóculo para o desafio experimental
foi padronizada para o volume final de 100 μL e a administração foi realizada pela via
intravenosa caudal dos animais.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
37
6.2.3 Obtenção de esplenócitos para avaliação multifuncional
Trinta dias após o desafio experimental, os camundongos foram necropsiados e o baço foi
retirado para obtenção de esplenócitos a serem submetidos às culturas in vitro. As suspensões de
células esplênicas foram preparadas de acordo com o método adaptado descrito por (Vieira et al.
2012). O órgão foi retirado sob condições estéreis em capela de fluxo laminar (Veco, Campinas,
São Paulo, Brasil) e colocado em um macerador de tecido de vidro com 2 mL de RPMI
acrescidos de 1% de soro fetal bovino (SFB). Posteriormente, após a retirada dos debris, a
suspensão celular foi transferida para um tubo de polipropileno de 15 mL e centrifugada a 1.700
rpm por 10 minutos. Subsequentemente, foi realizada a lise das hemácias com 2 mL da solução
de lise (Tris Base 17 mM e cloreto de amônio 144 mM pH 7,2-7,4) agitando-se por 2 minutos. A
reação foi bloqueada com 10 mL de RPMI suplementados com 10% de SFB. Os tubos foram
centrifugados a 1.700 rpm durante 10 minutos e o sobrenadante foi descartado. As células foram
ressuspendidas e lavadas por duas vezes com RPMI e SFB 1%. Após a última lavagem, as células
foram ressuspendidas em 1 mL de RPMI ajustando-as para concentração de 1 x 107 células/mL.
A suspensão celular foi usada para duas abordagens diferentes visando a estudos imunológicos:
na primeira para avaliação da proliferação celular e produção de citocinas intracelulares (CIC);
enquanto a segunda abordagem contemplou a avaliação do fenótipo de memória.
Para a avaliação da proliferação celular e CIC as suspensões celulares foram marcadas
com CFDA-SE (Carboxyfluorescein diacetate N-succinimidyl ester - Sigma Co.). As células
foram transferidas para placas de poliestireno de 96 poços com fundo em U (Costar®), contendo
meio de cultura suplementado CMBlast (SFB 20%, gentamicina 1%, L-glutamina 1%, β-
mercaptoetanol 0,1% e RPMI). Os esplenócitos de cada animal foram divididos em dois
tratamentos em duplicata sendo: (i) esplenócitos tratados com RPMI (controle); (ii) esplenócitos
estimulados com 25 μg/mL de antígeno solúvel de L. infantum (ASLi). Alguns poços foram
estimulados com o mitógeno concanavalina A (ConA) na concentração 1 µg/mL (controle
positivo de proliferação celular). Após a distribuição das células esplênicas nos poços controle,
estimulados com ASLi e estimulados com ConA, as amostras foram incubadas por 5 dias (120
horas) em estufa de com 5% CO2 a 37oC.
6.2.4 Fenotipagem das células para avaliação da proliferação e CIC
A caracterização fenotípica dos linfócitos foi realizada nos esplenócitos incubados
durante 5 dias e obtidos de acordo com a descrição anterior. Quatro horas antes do término do
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
38
período de 120 horas de cultura, as placas destinadas à avaliação da proliferação e CIC foram
tratadas com Brefeldina A (Sigma Co.) na concentração de uso (200 μg/mL). Quinze minutos
antes do término do período de cultura foi acrescentado EDTA (concentração final 2 mM) em
cada poço. Após o tempo de incubação, as placas foram centrifugadas a 1.500 rpm durante 5
minutos a 4ºC para a retirada do CMBlast. O sobrenadante foi descartado e as células
ressuspendidas com auxílio de um agitador do tipo vortex. Posteriormente, foram adicionados
200 µL de PBS 1X e a placa centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi
descartado e foram adicionados 100 µL de PBS 1X contendo o marcador de viabilidade celular,
Fixable Viability Stain 780 (FVS780), em cada poço, seguido de incubação por 15 minutos. Após
esse período de incubação, foram adicionados 100 µL de tampão PBS-Wash e, posteriormente,
todo o conteúdo foi centrifugado a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC. Subsequentemente, o
sobrenadante foi descartado e as células ressuspendidas em vortex. A suspensão celular foi
marcada com painéis contendo combinações distintas de anticorpos para a avaliação da
proliferação celular/CIC.
O painel para a avaliação da proliferação/CIC foi composto por anticorpos contra
moléculas de superfície e citocinas de camundongo, assim foi usado o seguinte painel de
anticorpos: anti-CD3 BV650, anti-CD4 BV605, anti-CD8 BV786, anti-IFN-γ ALEXA 700, anti-
TNF-α PE-CY7 e anti-IL-2 PE conforme descrito no Quadro 2. Foram utilizados controles de
isotipo e todos os anticorpos foram diluídos em solução tampão PBS contendo proteínas inertes.
A incubação com 50 µL do coquetel de anticorpos de superfície foi realizada por 30 minutos, ao
abrigo de luz. A seguir, as células foram fixadas adicionando-se 150 µL de solução de lise/poço
(citrato de sódio, formaldeído, dietilenoglicol e heparina). Após a fixação, as células foram
permeabilizadas com 200 µL de PBS-P (solução tampão de PBS-Wash acrescido de 5% de
saponina) por 10 minutos. A placa foi centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC. O
sobrenadante foi descartado, a placa agitada em vortex, e as células foram incubadas com os
anticorpos de CIC por 30 minutos. Após esse período, foram adicionados 200 µL de PBS-Wash e
a placa foi centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi descartado e as
células ressuspendidas em 300 µL de solução fixadora - MFF (paraformaldeído 10 g/L,
cacodilato de sódio 1%, cloreto de sódio 6,67 g/L em pH 7,2). Após esse procedimento, as
células foram transferidas para tubos de 500 µL poliestireno (Sarstedt®). Os eventos foram
adquiridos no citômetro LSR Fortessa (BD Biosciences) no laboratório multiusuário de
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
39
citometria de fluxo do Núcleo de Pesquisas em Ciências biológicas NUPEB/UFOP. Foram
usadas Beads (CompBeads) específicas para a compensação do citômetro. Para análise dos dados
foi o empregado o programa FlowJo®.
Quadro 2: Lista de marcadores utilizados na avaliação de citocinas intracitoplasmáticas.
Marcador* Fluorocromo Clone Diluição Função
CD3 BV650 145.2C11 1:100 Define população de
linfócitos T
CD4 BV605 RM4-5 1:200 Define subpopulação de
linfócitos T auxiliares
CD8 BV786 53-6.7 1:400 Define subpopulação de
linfócitos T citotóxicos
IFN-γ AF700 XMG1.2 1:50 Citocina Th1
TNF-α PE-Cy7 LG.3A10 1:200 Citocina Th1
IL-2 PE JES6-5H4 1:100 Citocinas que induz
proliferação celular
* Todos os anticorpos monoclonais foram produzidos pela empresa BD Biosciences.
6.2.5 Fenotipagem das células para avaliação da proliferação e CIC
A caracterização fenotípica dos linfócitos T de memória foi realizada ao término do
período de 120 horas do protocolo descrito anteriormente. Após o tempo de 5 dias, as placas
contendo os esplenócitos foram centrifugadas a 1.500 rpm durante 5 minutos a 4ºC para a retirada
do CMBlast. O sobrenadante foi coletado e as células ressuspendidas em vortex. Posteriormente,
foram adicionados 200 µL de PBS 1X e a placa centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos. O
sobrenadante foi descartado e em cada poço foram adicionados 100 µL de PBS 1X contendo o
marcador de viabilidade celular, Fixable Viability Stain 780 (FVS780, seguido de incubação por
15 minutos. Após esse período de incubação, foram adicionados 100 µL de tampão PBS-Wash
em cada e, posteriormente, a placa foi centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC.
Posteriormente, o sobrenadante foi descartado e as células ressuspendidas em vortex. A
suspensão celular foi marcada com painéis contendo combinações distintas de anticorpos para a
avaliação de células T de memória. O painel multifuncional foi composto por anticorpos de
superfície contra moléculas de células T de camundongo: anti-CD3 FITC, anti-CD4 BV605, anti-
CD8 PERCP-Cy 5.5, anti-CD44 APC, anti-CD62L ALEXA 700, anti-CD127 BV510, anti-
CD45RA BV711 e anti-CD197 BV421. No Quadro 3 estão descritos os anticorpos
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
40
detalhadamente. Todos os anticorpos foram diluídos em solução tampão PBS 1X acrescido de
proteínas inertes.
A incubação com 50 µL do coquetel de anticorpos de superfície foi realizada por 30
minutos, ao abrigo de luz. Após a incubação, as células foram tratadas com 150 µL de solução de
lise/poço por 10 minutos. A placa foi centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC. O
sobrenadante foi descartado, a placa agitada em vortex e as células ressuspendidas em 200 µL de
PBS-Wash. A placa foi novamente centrifugada a 1.500 rpm por 5 minutos a 4ºC, o sobrenadante
descartado e as células ressuspendidas em vortex, cuidadosamente. O sobrenadante foi descartado
e as células ressuspendidas em 300 µL de solução fixadora - MFF (paraformaldeído 10 g/L,
cacodilato de sódio 1%, cloreto de sódio 6,67 g/L em pH 7,2). Após esse procedimento, as
células foram transferidas para tubos de 500 µL poliestireno (Sarstedt®). Os eventos foram
adquiridos no citômetro LSR Fortessa (BD Pharmingen). Foram usadas Beads (CompBeads)
específicas para a compensação do citômetro. Para análise dos dados foi o utilizado o programa
FlowJo®.
Quadro 3: Lista de anticorpos utilizados para fenotipagem de células T nos experimentos funcionais.
Marcador* Fluorocromo Clone Diluição Função
CD3 FITC 17A2 1:200 Define população de
linfócitos T
CD4 BV605 RM4-5 1:200 Define subpopulação de
linfócitos T auxiliares
CD8 PerCP Cy5.5 53-6.7 1:200 Define subpopulação de
linfócitos T citotóxicos
CD44 APC IM7 1:100 Define células de memória.
CD45RA BV711 14.8 Define células naïve e de
memória
CD62L AF 700 MEL-14 1:400
Ligante de L-selectina.
Distingue células T naïve,
efetoras e de memória
CD127 BV510 SB/199 1:400 Receptor de IL-7
CD197 BV421 4B12 1:100 Receptor de CCR7
* Todos os anticorpos monoclonais foram produzidos pela empresa BD Biosciences.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
41
6.2.6 Quantificação da carga parasitária no fígado e baço por PCR em tempo real (qPCR)
A detecção e a quantificação do gene DNA polimerase (gene de cópia única de L.
infantum) foi utilizada para a avaliação da eficácia das vacinas. Para isso, foi empregada a técnica
de PCR em tempo real (qPCR) que será descrita nos tópicos subsequentes.
6.2.7 Extração de DNA dos fragmentos de fígado e baço
Após a necropsia, os tecidos foram cortados, com auxílio de lâmina de bisturi, pesados,
obtendo-se fragmentos de cerca de 15 a 30 mg. Essas amostras foram transferidas para tubos tipo
eppendorf previamente identificados e armazenadas a -80°C até o procedimento de extração. O
baço e o fígado foram macerados com esferas metálicas no Tissuelyzer (Qiagen Inc., EUA). Em
seguida, para a extração de DNA das amostras, foi utilizado o kit Wizard®
Genomic DNA
Purification (Promega, EUA) seguindo as instruções do fabricante. Brevemente, após a
maceração dos tecidos com o tampão de lise nuclear, foram adicionados 3 μL de RNAse e as
amostras foram incubadas por 30 minutos a 37ºC. Após essa etapa, foram adicionados a cada
tubo 200 μL de solução de precipitação proteica incubando as amostras no freezer por 5 minutos,
centrifugando depois a 14.000 x g por 4 minutos. O sobrenadante foi coletado e foram
adicionados 600 μL de isopropanol para a precipitação do DNA. Após a centrifugação a 14.000 x
g por 1 minuto, descartou-se o sobrenadante. O pellet foi ressuspendido em 600 μL de etanol
70% e os tubos foram centrifugados por 1 minuto a 14.000 x g. Após descartar o sobrenadante, o
pellet contendo o DNA foi ressuspendido em 100 μL da solução de reidratação e os tubos
mantidos em temperatura ambiente por 16 horas. Após a hidratação, 2 mL das amostras extraídas
foram utilizados para estimar a concentração e o grau de pureza do DNA. Esses parâmetros
foram avaliados pelas razões da absorbância de 260/280 nm no espectrofotômetro (NanoDrop
2000, Thermo Scientific, EUA).
6.2.8 Extração do DNA do parasito para construção da curva padrão e posterior detecção
do DNA do parasito nos tecidos
A extração do DNA genômico dos parasitos foi realizada pelo método CTAB, de acordo
com o procedimento a seguir: 1 x 108 parasitos (cepa MCAN/BR/2008/OP46) estocados em
tubos de 1,5 mL (Eppendorf, Eppendorf AG, Alemanha) foram retirados do freezer -80ºC. Após
o descongelamento, os parasitos foram ressuspendidos em 500 μL de solução de lise (SDS 1%, 5
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
42
mM EDTA, 400 mM NaCl, 50 mM Tris-HCl, pH 8,0) e incubados por 1 hora em banho seco a
37ºC. Pela parede do tubo, foram adicionados 20 µL de Proteinase K (20 mg/mL, Sigma Co.),
seguido de homogeneização e incubação em banho seco a 55ºC por 16 horas. Após esse período
foram adicionados 100 μL de NaCl 5M e o tubo foi mantido por 10 minutos à 65ºC, adicionando-
se, em seguida, 50 μL de solução CTAB 10% (v/v). As amostras foram mantidas a 65ºC por 20
minutos e posteriormente foram adicionados 400 μL de clorofórmio (Sigma Co.), sob agitação
em vortex e subsequente centrifugação a 1.2000 x g em microcentrífuga (Eppendorf, Eppendorf
AG, Alemanha) por 10 minutos. A fase aquosa foi transferida para um novo tubo e adicionados
400 μL de isopropanol (Merck, Darmstad, Alemanha), seguido de incubação por cerca de 1 hora
no freezer. Após a precipitação do DNA, o tubo foi centrifugado novamente por 10 minutos a
12.000 x g descartando-se o sobrenadante. Em seguida, foi efetuada a lavagem do pellet com
etanol 70% (Merck, Darmstad, Alemanha) gelado e o tubo homogeneizado suavemente por
inversão do tubo, seguido de centrifugação por 5 minutos a 12.000 x g, e posterior descarte do
sobrenadante. O precipitado remanescente foi homogeneizado em 100 μL de água ultrapura
autoclavada para hidratação do DNA. Após um período de 16 horas, 2 μL foram utilizados para
estimar a concentração de DNA e o grau de pureza. Esses parâmetros foram avaliados pelas
razões das absorbâncias de 230/280 nm e 260/280 nm no espectrofotômetro (NanoDrop2000,
Thermo Scientific, EUA). Posteriormente, foram feitas diluições do DNA do parasito de forma
seriada (10x), com obtenção de sete pontos na curva variando de 106 a 1 parasito. Em todas as
placas foram colocadas alíquotas da curva padrão em triplicata.
6.2.9 Quantificação da carga parasitária
As reações de qPCR foram realizadas em placas de 96 poços - MicroAmp®
Optical 96 -
Well Reaction Plate with Barcode (Applied Biosystems by Life Technologies, EUA), cobertas
com adesivos ópticos- Optical Adhesive Covers (Applied Biosystems by Life Technologies,
EUA) e processadas em termociclador ABI Prism 7500 Sequence Detection System (Applied
Biosystems, EUA). Para a análise dos resultados foram consideradas as reações com eficiência
entre 90 - 110% e curva padrão com valores satisfatórios de coeficiente de linearidade (r2 = 0,95-
0,999) (Figura 4).
Os controles positivos de cada placa foram as amostras diluídas de L. infantum utilizadas
na curva padrão. Como controle negativo foi usado água livre de nucleases, ao invés de DNA. As
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
43
reações foram realizadas utilizando TaqMan® Gene Expression Master Mix (Applied Biosystems,
EUA); DNA (100 ng); iniciadores (1μM), 0,25 μM de TaqMan Probe (VIC 5’ AGG AAA CCT
GTG GAG CC 3’ MGB NFQ) e água livre de nucleases em quantidade suficiente para o volume
final de 10 μL por poço. Para detecção e quantificação dos parasitos, foi utilizado o par de
iniciadores diretos que amplificam o gene de DNA polimerase de L. infantum: 5′ TGT CGC TTG
CAG ACC AGA TG 3′ e reverso: 5′ GCA TCG CAG GTG TGA GCA C 3’, que amplificam um
fragmento de 90 pb (acesso no GenBank: AF009147). Para a verificação da integridade do DNA
foi utilizado o gene constitutivo do fator alfa de necrose tumoral murino, o TNF-α. Assim, foi
utilizado o par de iniciadores: TNF-5241 5’ TCCCTCTCATCAGTTCTATGGCCCA 3’ e TNF-
5411 5’ CAGCA AGCATCTATGCACTTAGACCCC 3’ (Cummings & Tarleton, 2003), os
quais amplificam um produto de 170 pb. Foram consideradas íntegras as amostras que tiveram
amplificação na curva de dissociação (temperatura de melting) específica para o gene de TNF-α e
uma pequena variação do Ct.
A reação de cada amostra foi realizada em duplicata, nas seguintes condições: uma
incubação inicial a 50ºC por 2 minutos e desnaturação inicial a 95ºC por 10 minutos, seguida de
40 ciclos de desnaturação a 95ºC por 15 segundos e anelamento e extensão dos iniciadores a 60ºC
por 1 minuto.
Para quantificar o número de moléculas de DNA de L. infantum nas amostras,
inicialmente foi determinado para cada poço o número de ciclos em que a fluorescência cruzou
uma linha limiar arbitrária, denominada threshold (Ct), calculada pelo programa 7500 Software
v.2.0.1 for 7500 and 7500 Fast Real-Time PCR Systems (Applied Biosystems, EUA). A
quantidade de cópias de DNA em cada amostra foi determinada a partir de uma regressão linear
usando os valores do Ct das amostras utilizadas na curva padrão, gerada com quantidades
conhecidas das diluições prévias das massas de promastigotas de L. infantum (cepa
MCAN/BR/2008/OP46) da curva padrão. Os resultados foram expressos pelo número de
amastigotas por tecido.
MATHIAS, F. A. S. Material e Métodos
44
Figura 4: Exemplo da curva padrão referente ao gene da DNA polimerase de L. infantuminfantum em
amostras de baço de camundongos Balb/c. No eixo estão demonstrados os valores de Log da
concentração de parasitos (106 a 10
0) e no eixo, os valores de Ct correspondentes a cada diluição.
Abaixo do gráfico estão representados: o alvo (target), DNA polimerase; o valor do slope (-3,32); o
coeficiente de linearidade (R2 =0,989); e a eficiência (99,9%).
6.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software GraphPad Prisma 6.0
(Prism Software, Irvine, CA, USA). Para a confirmação da normalidade dos dados foi utilizado o
teste Kolmogorov-Smirnoff. Posteriormente foi realizada a análise pelo teste de Kruskal Wallis
seguido do teste de Dunn para determinar as diferenças específicas entre os grupos em relação ao
infiltrado celular e níveis de citocinas na pele. Em todas as análises estatísticas as diferenças
foram consideradas significativas quando o valor de p < 0,05.
45
7. Resultados
MATHIAS, F. A. S. Resultados
46
O tópico de resultados desta tese será apresentado em duas partes, onde na primeira
encontram-se os resultados obtidos nas avaliações realizadas na etapa 1 em que realizamos as
cinéticas dos diferentes adjuvantes, e suas associações em camundongos Balb/c. Posteriormente
serão apresentados os resultados obtidos na segunda etapa desta tese, onde foram formuladas
diferentes vacinas com antígeno bruto de L. braziliensis e as associações de adjuvantes que
apresentaram as melhores performance da etapa 1. Além disso, na etapa 2 foram avaliadas
também: a imunogenicidade, indução de memória imunológica, alterações histológicas no fígado
e a eficácia das vacinas em camundongos através da redução da carga parasitária hepática e
esplênica após o desafio experimental intravenoso com promastigotas de L. infantum.
7.1. RESULTADOS OBTIDOS NA ETAPA 1
Etapa 1- Seleção do melhor sistema de associação de Adjuvantes
Os resultados apresentados neste bloco são referentes a primeira etapa desta tese que
abordou a padronização e os estudos de avaliação da resposta imune inata dos diferentes sistemas
de associação de adjuvantes propostos.
7.1.1 Infiltrado inflamatório na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL, R-848), e com suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas
Devido à capacidade dos adjuvantes de estarem relacionados diretamente com as células
da imunidade inata, decidimos avaliar o impacto gerado por eles após a sensibilização. Para tal,
foi avaliado o infiltrado inflamatório na pele dos animais que receberam os adjuvantes
separadamente, bem como os diferentes sistemas de associação nas doses de 25, 33 e 50% da
dose original preconizada.
Dessa maneira, ao avaliarmos o recrutamento celular, observamos que o adjuvante MPL
na sua concentração padrão foi o único adjuvante que apresentou aumento significativo (p <
0,05) no recrutamento celular em comparação ao grupo controle e ao adjuvante R-848, como
demonstrado na figura 5.
Quando avaliamos os sistemas separadamente, observamos que no sistema SM, a
adjuvante MPL, utilizado separadamente, também apresentou maior recrutamento celular (p <
0,05) quando comparado aos sistemas nas doses de 25% e 33%. Ainda nesse sistema, a dose de
MATHIAS, F. A. S. Resultados
47
50% apresentou um aumento no recrutamento celular quando comparada a dose de 25%. Já no
sistema MR observamos que o adjuvante MPL também demonstrou aumento significativo (p <
0,05) no processo inflamatório quando comparado a associação na dose de 33%. Por fim, o
sistema de tripla associação demonstrou um aumento do infiltrado inflamatório (p < 0,05) do
adjuvante MPL na dose padrão quando comparado com as doses reduzidas de 25% e 33% da
associação.
Figura 5: Quantificação do recrutamento celular na pele de camundongos Balb/c sensibilizados com os adjuvantes
sozinhos ou com sistemas de associação de adjuvantes. Os valores foram expressos como média ± desvio padrão de
6 animais por grupo. As linhas conectoras representam diferença significativa (p < 0,05) entre os grupos avaliados.
CS: Controle Salina; SAP: Saponina; MPL: Monofosforil Lipídio A; R-848: Resiquimod; “25%”, “33%” e “50%”:
sistema de associação de adjuvantes com dose 25%, 33% e 50% da dose total de cada adjuvante, respectivamente.
MATHIAS, F. A. S. Resultados
48
Figura 6: Fotomicrografias de cortes histológicos representativas do infiltrado celular na pele de camundongos
Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de associação de adjuvantes: grupo Controle Salina
(A), Saponina (B), Resiquimod (C), Monofosforil Lipídio A (D), SM25 (E), SM33 (I), SM50 (M), SR25 (F), SR33
(J), SR50 (N), MR25 (G), MR33 (K), MR50 (O), SMR25 (H), SMR33 (L), SMR50 (P) após 48h de sensibilização.
Hematoxilina/Eosina. Barra=50μm.
Após quantificar o infiltrado inflamatório foi realizada a contagem diferencial em valores
percentuais, a fim de observar quais células estavam sendo recrutadas para o local do inóculo.
Diferenciamos essas células em três tipos principais, sendo eles: linfócitos, macrófagos e
neutrófilos segmentados.
SAP R-848 MPLCSC
ont
role
A B C D
25%
SAP + MPL SAP + R-848 MPL + R-848 SAP + MPL + R-
848HE F G
33%
LI J K
Hematoxilina-Eosina. Barra=50μm.
50%
PM N O
MATHIAS, F. A. S. Resultados
49
Com relação à população de neutrófilos segmentados, dentre os adjuvantes isoladamente,
o adjuvante saponina apresentou redução do número percentual de neutrófilos segmentados (p <
0,05) em relação ao grupo controle salina. O sistema MR25 apresentou uma redução (p < 0,05)
no valor percentual dessa população em relação aos grupos CS, MPL e R-848.
Em relação a população de linfócitos apenas o sistema SR33 apresentou redução no
percentual (p < 0,05) dessas células em relação aos grupos SAP, R-848 e SR25.
Já para a população de macrófagos, o sistema SM50 demonstrou um aumento
significativo (p < 0,05) no percentual de macrófagos quando comparado aos grupos controle
salina, saponina e os sistemas nas doses inferiores de 25 e 33%. O segundo sistema de associação
avaliado foi o sistema SR, onde foi observado um aumento no valor percentual de macrófagos (p
< 0,05) nas doses de 33 e 50% quando comparados tanto com o grupo controle quanto com os
adjuvantes separadamente que compõe o sistema. O último sistema de duplas associações
avaliado foi o sistema MR, que apresentou um aumento (p < 0,05) no valor percentual de
macrófagos na dose de 25% quando comparado aos grupos CS, MPL e R-848. Além disso, as
doses de 33% e 50% apresentaram diferença (p < 0,05) no percentual de macrófagos em relação
aos grupos CS e R-848. Por fim, o sistema de tripla associação apresentou em todas as doses
(25%, 33% e 50%) aumento (p < 0,05) no valor percentual de macrófagos quando comparados
aos grupos CS, SAP e R-848 (Figura 7).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
50
Figura 7: Gráficos de pizza com os valores percentuais da contagem diferencial do infiltrado celular na pele de
camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas de associação de adjuvantes: grupo
Controle Salina, Saponina, Resiquimod, Monofoforil Lipídio A, SM25, SM33, SM50, SR25, SR33, SR50, MR25,
MR33, MR50, SMR25, SMR33, SMR50 após 48h de sensibilização.
Linfócitos Macrófagos Neutrófilos segmentados (n = 12 animais por grupo).
7.1.2 Produção de quimiocinas na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL e R-848) e com as suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas.
Neste trabalho, também foi investigada a participação de quimiocinas, componentes
importantes na formação do infiltrado inflamatório no local da sensibilização, gerados pelos
diferentes sistemas de adjuvantes vacinais. Dessa forma, decidiu-se avaliar as quimiocinas
relacionadas com o recrutamento das principais células da imunidade inata (CCL2, CCL3, CCL4,
CCL5 e CXCL1).
De forma geral, os adjuvantes MPL e R-848 apresentaram aumento significativo quando
comparados ao grupo controle em todas as quimiocinas. Já o adjuvante SAP, com exceção da
quimiocina CCL5 na qual não se observou diferença em relação ao grupo controle salina,
MATHIAS, F. A. S. Resultados
51
também foi observado aumento significativo (p < 0,05) na produção das quimiocinas em relação
ao grupo CS.
Para a quimiocina CCL2, no sistema SM foi observado aumento (p < 0,05) de sua
produção nos grupos que receberam as doses de 33 e 50% quando comparados com o grupo
controle. Já no sistema SR todas as doses (25, 33 e 50%) apresentaram aumento significativo (p <
0,05) em relação ao grupo controle, bem como a dose de 50% quando comparada ao grupo R-
848. O sistema MR teve aumento (p < 0,05) dessa quimiocina no grupo com a dose de 33% e por
fim, o sistema de tripla associação SMR apresentou aumento (p < 0,05) de CCL2 nos grupos que
receberam as doses de 25 e 50% quando comparados ao grupo Controle Salina (Figura 8). Vale
ressaltar, que com exceção da dose de 50% do sistema SR, que apresentou aumento (p < 0,05) em
relação ao adjuvante Resiquimod separadamente, em nenhuma dose dos sistemas foi observado
alteração significativa na produção dessa quiomiocina em relação aos adjuvantes inoculados
isoladamente.
As quimiocinas CCL3, CCL4 e CCL5 têm como principal função imunológica a migração
de macrófagos, células NK e a interação de células dendríticas (DCs) com linfócitos T. Para a
primeira quimiocina, o sistema SM apresentou aumento (p < 0,05) nas três doses avaliadas em
relação ao grupo controle salina. Além disso, os sistemas MR e SMR apresentaram diferenças
significativas (p < 0,05) nas doses de 50% e 25%, respectivamente, em relação ao grupo controle.
A quimicina CCL4 também demonstrou aumento (p < 0,05) em todas as doses no sistema
SM quando comparadas ao grupo controle salina. O sistema SR teve aumento (p < 0,05) desta
quimiocina nas doses de 33 e 50% quando comparados ao controle, enquanto que os sistemas
MR e SMR também apresentaram diferenças (p < 0,05) em relação ao controle nas doses de 50%
e 25, respectivamente.
Por fim, para a quimiocina CCL5, todas as doses de todos os sistemas, com exceção da
dose de 25% no sistema MR, apresentaram aumento (p < 0,05) em relação ao grupo controle.
Além disso, a dose de 50% do sistema SM também apresentou aumento (p < 0,05) quando
comparada ao grupo que recebeu o adjuvante saponina isoladamente (Figura 8).
A última quimiocina avaliada, CXCL1, está correlacionada ao tráfego de neutrófilos. Para
esta quimiocina, observamos que o sistema SM, nas doses de 33 e 50%, apresentou aumento (p <
0,05) na produção em relação ao grupo controle, enquanto que os sistemas SR e SMR
MATHIAS, F. A. S. Resultados
52
apresentaram essa diferença (p < 0,05) apenas na dose de 50% dos respectivos sistemas quando
comparados ao grupo controle (Figura 8).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
53
Figura 8: Quantificação das quimiocinas CCL2, CCL3, CCL4, CCL5 e CXCL1 na pele de camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e
sistemas de associação de adjuvantes. Os valores foram expressos como média ± desvio padrão de 12 animais por grupo. As linhas conectoras representam
diferença significativa (p < 0,05) entre os grupos avaliados. CS: Controle Salina; SAP: Saponina; MPL: Monofosforil Lipídio A; R-848: Resiquimod; “25%”,
“33%” e “50%”: sistema de associação de adjuvantes nas doses de 25%, 33% e 50% da dose total de cada adjuvante, respectivamente.
MATHIAS, F. A. S. Resultados
54
7.1.3 Produção de citocinas na pele dos camundongos sensibilizados com os adjuvantes
separados (SAP, MPL e R-848) e com as suas respectivas associações nas diferentes doses
testadas.
Devido à capacidade de adjuvantes ativarem a resposta imune inata, com consequente
produção de citocinas, decidiu-se avaliar o impacto gerado por eles em algumas destas citocinas
(IL-2, IFN-γ, TNF-α, IL-4, IL-10) na pele de camundongos Balb/c após 48 horas da
sensibilização em uma única dose.
Com relação às citocinas do tipo 1, para a IL-2, não foi possível observar diferenças
significativas (p < 0,05) em nenhum dos grupos experimentais. Em relação à citocina TNF-α o
sistema SM apresentou aumento significativo (p < 0,05) em relação ao grupo Controle Salina em
todas as doses avaliadas. Todos os outros sistemas avaliados apresentaram elevação (p < 0,05) na
produção dessa citocina em relação controle salina na dose de 50%. Além disso, o sistema SR na
dose de 50% apresentou diferença (p < 0,05) também em relação aos animais sensibilizados com
a dose de 25% (Figura 9).
Duas outras citocinas do tipo 1 avaliadas foram TNF-α e IFN-γ. Todos adjuvantes
isoladamente na dose total de 100% apresentaram aumento (p < 0,05) dos níveis de TNF-α e
IFN-γ quando comparados ao grupo controle salina. Ao avaliar os sistemas de associação, foi
observado que o sistema SM na dose de 25% apresentou aumento (p < 0,05) desta em relação ao
grupo controle salina, enquanto que o sistema SR na dose de 33% apresentou diferença (p < 0,05)
em relação ao grupo controle. Por fim, o sistema SMR na dose de 50% também apresentou
aumento (p < 0,05) de IFN-γ em relação ao grupo controle salina.
Em relação a IL-4, principal citocina do tipo 2, não foi observado produção significativa
(p < 0,05) elevada dessa citocina em nenhum dos grupos avaliados, com exceção para o sistema
de tripla associação na dose de 33% quando comparado com os demais grupos (Figura 9).
A citocina imunomoduladora IL-10 também foi avaliada. Observou-se sua produção
elevada (p < 0,05) apenas nos grupos que receberam o adjuvante R-848 e o sistema de tripla
associação na dose de 33% (Figura 9).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
55
Figura 9: Quantificação das citocinas IL-2, IFN-γ, TNF-α, IL-4 e IL-10 na pele de camundongos Balb/c sensibilizados com os diferentes adjuvantes e sistemas
de associação de adjuvantes. Os valores foram expressos como média ± desvio padrão de 12 animais por grupo. As linhas conectoras representam diferença
significativa (p < 0,05) entre os grupos avaliados. CS: Controle Salina; SAP: Saponina; MPL: Monofosforil Lipídio A; R-848: Resiquimod; “25%”, “33%” e
“50%”: sistema de associação de adjuvantes nas doses de 25%, 33% e 50% da dose total de cada adjuvante, respectivamente.
MATHIAS, F. A. S. Resultados
56
7.1.4 Considerações gerais dos resultados obtidos na Etapa 1
Após finalizar a análise dos resultados da primeira etapa foi possível escolher dois
sistemas de associação de adjuvantes para a próxima etapa, os quais irão compor juntamente com
o antígeno de Leishmania braziliensis duas propostas de vacinas a serem testadas frente ao
desafio experimental em modelo murino.
Desta forma, os dois sistemas escolhidos foram: o sistema SM50, por apresentar aumento
do infiltrado inflamatório, com aumento do percentual da população de macrófagos, aumento das
quimiocinas CCL2, CCL3, CCL4, CCL5, CXCL1 e produção da citocina TNF-α; e o segundo
sistema foi o SMR50 que também apresentou aumento no percentual de macrófagos, aumento
das quimiocinas CCL2, CCL5 e CXCL1 e produção das citocinas TNF-α e IFN-γ (Figura 9).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
57
Figura 10: Figura ilustrativa sintetizando os principais resultados que levaram a escolha dos sistemas SM50 e
SMR50 para serem utilizados na próxima etapa do trabalho.
MATHIAS, F. A. S. Resultados
58
7.2. RESULTADOS OBTIDOS NA ETAPA 2
Etapa 2- Avaliação da Eficácia Vacinal em Modelo Experimental Murino (Balb/c)
Os resultados apresentados neste bloco são referentes a segunda etapa da tese e remetem a
avaliação ao desempenho dos sistemas de adjuvantes SM50 e SMR50 associados ao antígeno de
LB em relação a resposta imune (citocinas intracitoplasmáticas e células de memória), bem como
a redução da carga parasitária após a imunização seguida por desafio experimental de
camundongos Balb/c.
7.2.1 Avaliação dos índices de proliferação celular e produção de citocinas
intracitoplasmáticas por células T CD4+ e CD8
+ in vitro
O primeiro resultado obtido na segunda etapa diz respeito a proliferação celular, que foi
medida através do marcador CFSE e a produção das citocinas intracitoplasmáticas (TNF-α, IFN-
γ e IL-2) mensuradas após cinco dias de cultivo, através do índice da razão da cultura de células
estimuladas com antígeno solúvel de Leishmania sobre a cultura controle.
Os animais que foram imunizados com a vacina LBSMR50 apresentaram uma maior
proliferação celular de linfócitos T CD8+ (p < 0,05) quando comparados com os grupos controle
salina e os animais que receberam apenas o sistema de tripla associação (SMR50) isoladamente.
Além disso, esse mesmo grupo demonstrou aumento significativo (p < 0,05) na produção de
TNF-α por linfócitos T CD8+ (Figura 11).
De maneira diferente, com relação aos linfócitos T CD4+, não foi possível observar
diferenças significativas (p < 0,05) entre os grupos com relação à proliferação celular e apenas a
citocina TNF-α apresentou aumento (p < 0,05) no grupo de animais imunizados com a vacina
LBSMR50 em relação ao grupo controle salina (Figura 11).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
59
Figura 11: Gráficos de índice (CC/CE) de proliferação celular e produção de citocinas intracitoplasmáticas (IL-2,
TNF-α, IFN-γ) em células T CD4+ e CD8
+ após cinco dias de cultivo nos diferentes grupos experimentais: Controle
Salina (CS), antígeno de Leishmania braziliensis (LB), Sap + MPL 50% (SM50), Sap + MPL + R-848 50%
(SMR50), LB + Sap + MPL 50% (LBSM50), LB + Sap + MPL + R-848 50% (LBSMR50). Os valores foram
expressos como média ± desvio padrão de 10 animais por grupo. As letras “a” e “d” representam diferenças em
relação ao grupo CS e ao grupo SMR50, respectivamente.
MATHIAS, F. A. S. Resultados
60
7.2.2. Avaliação fenotípica de células T CD4+ e T CD8
+ de memória central e efetora in vitro
Outro objetivo dessa etapa foi avaliar in vitro após cinco dias de cultivo a diferenciação
das células T em células de memória central e efetora, como um dos eventos importantes para
obtenção do sucesso vacinal. Os grupos experimentais foram os mesmos avaliados na abordagem
anterior.
Em relação aos linfócitos T CD4+, não se observou diferenças significativas (p < 0,05)
entre os grupos experimentais tanto para o fenótipo de células de memória central quanto para o
de efetoras.
Já para linfócitos T CD8+, houve uma redução significativa (p < 0,05) do valor percentual
de células de memória central no grupo LBSM50 quando comparado ao grupo SMR50. Além
disso, é possível observar um aumento no percentual (p < 0,05) de células expressam o fenótipo
de memória efetora nos animais imunizados com a vacina LBSMR50 quando comparado aos
animais do grupo que foram vacinados apenas com o antígeno LB (Figura 12).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
61
Figura 12: Análise enotípica do percentual de células de memória central
(CD127+CD44
+CD45RA
lowCD62L
+CD197
+) e memória efetora (CD62L
-CD44
+CD127
high CD197
low) de células T
CD4+ e CD8
+ após cinco dias de cultivo nos diferentes grupos: Controle salina (CS), antígeno de Leishmania
braziliensis (LB), Sap + MPL 50% (SM50), Sap + MPL + R-848 50% (SMR50), LB + Sap + MPL 50% (LBSM50),
LB + Sap + MPL + R-848 50% (LBSMR50). Os valores foram expressos como média ± desvio padrão de 10
animais por grupo. As letras “b” e “d” representam diferenças em relação aos grupos LB e SMR50, respectivamente.
7.2.3. Quantificação por PCR em tempo real da carga parasitária no baço e no fígado de
camundongos vacinados após o desafio experimental com promastigotas de Leishmania
infantum
A última abordagem da segunda etapa foi quantificar a carga parasitária nos principais
órgãos afetados pela doença a fim de averiguar se as duas vacinas propostas neste trabalho
proporcionaram alguma proteção para esses animais.
No baço não foi possível observar diferenças entre os grupos experimentais. Por outro
lado, quando avaliamos a carga parasitária no compartimento esplênico importantes achados
foram observados. Os animais imunizados com as duas vacinas e o grupo de animais que
receberam o antígeno LB apresentaram redução significativa (p < 0,05) na carga parasitária
quando comparados com o grupo controle e o grupo SM50 (Figura 13).
MATHIAS, F. A. S. Resultados
62
Figura 13: Dosagem da carga parasitária em número de amastigotas por mg de tecido no baço e fígado nos
diferentes grupos: Controle Salina (CS), antígeno de Leishmania braziliensis (LB), Sap + MPL 50% (SM50), Sap +
MPL + R-848 50% (SMR50), LB + Sap + MPL 50% (LBSM50), LB + Sap + MPL + R-848 50% (LBSMR50). Os
valores foram expressos como média ± desvio padrão de 10 animais por grupo. As letras “a” e “c” representando
diferenças em relação aos grupos CS e SM50, respectivamente.
7.2.4 Considerações gerais dos resultados obtidos na Etapa 2
Após finalizar a análise dos resultados da segunda etapa foi possível observar que os dois
sistemas de associação de adjuvantes selecionados na etapa 1, juntamente com o antígeno de
Leishmania braziliensis, compuseram as duas propostas de vacinas que foram empregadas nos
testes da etapa 2 frente ao desafio experimental em modelo murino, demonstraram-se
promissores. O sistema LBSMR50 levou ao aumento na produção de TNF-α por células TCD4+,
entretanto sua principal ação foi sobre os linfócitos TCD8+, promovendo aumento da proliferação
celular, produção de TNF-α e formação de células de memória efetora. Todavia, ambas as
vacinas foram capazes de reduzir a carga parasitária no fígado.
Grupos
Nú
mer
o d
e am
asti
go
tas/
mg
Baço Fígado
CS
LB
SM
50
SM
R50
LB
SM
50
LB
SM
R50
0
1 0 0 0
2 0 0 0
CS
LB
SM
50
SM
R50
LB
SM
50
LB
SM
R50
0
2 0 0 0 0
4 0 0 0 0
a , ca , c
a , c
63
8. Discussão
64
Doenças infecciosas como malária, tuberculose, HIV, leishmanioses entre outras
representam um enorme problema para a saúde mundial, mostrando a necessidade de controle
dessas doenças e seus surtos. A leishmaniose foi eleita pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) entre as principais doenças negligenciadas, emergentes e reemergentes não controladas,
principalmente devido a fatores como ampla diversidade e complexidade do parasito,
complexidade e gravidade da doença além do surgimento de cepas resistentes aos fármacos
utilizados, sem considerar que ainda não há vacinas para proteção da população humana e/ou
canina, sob área de risco de LVH e LVC (Hotez et al., 2004; Jain & Jain, 2015).
Uma das medidas de controle atuais baseia-se na quimioterapia, incluindo antimonial
pentavalente, miltefosina, paromomicina e anfotericina B, como drogas de primeira e/ou segunda
escolha para o tratamento, mas as desvantagens (toxicidade e efeitos colaterais além do elevado
custo) associadas ao seu consumo representam um sério problema na administração da
quimioterapia (Singh & Sundar, 2012). Nesse contexto, vários estudos reforçam que o emprego
de vacinas em campanhas governamentais de profilaxia seria uma importante ferramenta para o
controle da visceral humana (LVH) e leishmaniose visceral canina LVC (Aguiar-Soares et al.,
2014; Collin et al., 2009; Fernandes et al., 2008; Roatt et al., 2012), todavia, até o momento não
há nenhuma vacina disponível para ser utilizada em programas de controle e profilaxia contra a
leishmaniose visceral humana ou canina (Gillespie et al., 2016).
Até a presente data, vários antígenos vacinais já foram propostos como candidatos, mas
poucos são os estudos em relação aos adjuvantes que poderão ser utilizados para a composição
destas vacinas. Assim, a escolha de adjuvantes ou sistema de adjuvantes afim de melhorar e
ampliar a resposta imunogênica e o desempenho dos antígenos vacinais que são co-
administrados, estimulando a imunidade celular e humoral, mostra-se uma abordagem
fundamental no desenho das vacinas de última geração tanto para as leishmanioses como para
outra doenças (Singh & O’Hagan, 1999; Tritto et al., 2009).
Além da escolha do adjuvante, outras características como, a dosagem e a rota de
imunização também podem influenciar nos padrões de reconhecimento de epítopos bem como,
nos perfis de resposta imune inata e principalmente adquirida no âmbito dos compartimentos
celular e humoral (Hu, Yokoyama & Kitagawa, 1990). Nesse contexto, o perfil celular da pele
possui alta relevância em estudos de imunização vacinal, uma vez que esta pode atuar, além de
local de depósito do antígeno, como órgão imune. O tecido linfóide associado à pele contém
65
células especializadas capazes de aumentar a resposta imune como é o caso dos queratinócitos
que produzem imunomediadores como IL-1 e TNF-α hábeis para a ativação de linfócitos,
macrófagos e células dendríticas. O espaço intercelular no interstício da pele proporciona um
ambiente que favorece a ligação com o sistema linfático e vasos que terminam nos órgãos imunes
periféricos como os linfonodos e o baço (Kupper, 1990; Yokoyama et al., 1997; Puri et al., 2000).
Estas distintas subpopulações celulares que compõem a pele são ativadas pelos chamados
sinais de perigo e migram para os linfonodos drenantes onde interagem com linfócitos T e B,
resultando na indução de uma resposta imune adaptativa (Epaulard et al., 2014).
Dessa forma, esse trabalho avaliou inicialmente de forma descritiva e experimental
elementos que compõe a resposta imune na pele após a sensibilização com os adjuvantes
Saponina, Monofosforil Lipídio A e Resiquimod. Inicialmente, estes foram inoculados
isoladamente nas respectivas doses totais ou combinados em sistemas de duplas ou tripla
associação, com redução das doses de cada adjuvante que compõem o sistema em 25, 33 e 50 %
referente a dose total, através de uma única sensibilização pela via intradérmica em camundongos
Balb/c.
Nossos dados demonstraram que somente o adjuvante MPL em sua dose total foi capaz de
promover o aumento do recrutamento celular para o local de sensibilização 48 horas após o
inóculo. Estes achados corroboram com dados de trabalhos anteriores do grupo, no qual o
adjuvante MPL já promove um aumento do recrutamento celular no local do inóculo em 12 horas
e se mantém 24 e 48 horas após a sensibilização intradérmica (Vitoriano-Souza et al., 2012).
Com relação aos sistemas de adjuvantes, apesar de o sistema SM50 apresentar aumento no
número total de células em relação ao grupo SM25, não apresentou um aumento significativo no
número de células recrutadas na pele quando comparados ao grupo controle salina. Isso
provavelmente ocorreu devido ao fato de serem compostos de uma dose reduzida em relação aos
adjuvantes isoladamente, retardando o pico de recrutamento celular para mais de 48 horas após
sensibilização. Vale a pena ressaltar que nenhum sistema ou adjuvante isolado promoveu
ulcerações nos animais sensibilizados (dados não mostrados), fator essencial no licenciamento de
adjuvantes para vacinas humanas, onde os adjuvantes devem estimular a resposta imune
mantendo a segurança com o mínimo de efeitos colaterais (Garçon & Leo, 2010; Schijns, 2003).
Tão importante quanto o número de células recrutadas para o local de sensibilização é
saber qual tipo celular está compondo o infiltrado inflamatório. O repertório de células que
66
migram para compor o infiltrado inflamatório é um importante indicador diretamente relacionado
ao perfil das citocinas presentes nesse microambiente (Stewart, Holloway & Ibister, 1984). Além
disso, o número de células e a composição do infiltrado celular durante o estágio inicial após a
sensibilização influenciarão no direcionamento das futuras respostas e no desenvolvimento de
uma resposta imune adquirida (Teixeira et al., 2005).
Sendo assim, o aumento no percentual de macrófagos no local do inóculo após 48 horas
da sensibilização observado em todos os sistemas avaliados neste trabalho na dose de 50%
mostra a capacidade dos mesmos em moldar o perfil celular no local do inóculo, promovendo um
processo de transição do perfil celular, o que vai de encontro a outros trabalhos na literatura.
Brack e colaboradores (2004), em um estudo avaliando o efeito do Adjuvante Completo de
Freund (ACF) no processo inflamatório de camundongos também constataram que entre 48 e 96
horas houve um aumento da população de macrófagos no local do inóculo (Brack et al., 2004).
Monócitos e macrófagos desempenham papéis importantes na manutenção da saúde e
homeostasia do sistema imune. Eles têm um papel central na proteção do hospedeiro, eliminando
patógenos e modulam outras funções das células imunológicas através da produção de moléculas
reguladoras. Estas células se encarregam da vigilância imunológica, eliminação de bactérias,
remodelação e reparo de tecidos, além de remoção de detritos celulares e muito mais (Santoni et
al., 2018). Além disso, em nosso trabalho, observamos também a presença de outros tipos
celulares como neutrófilos e linfócitos. As células residentes e as células que chegam ao local do
inóculo tem papel importante na secreção de mediadores inflamatórios como quimiocinas e
citocinas (Turner et al., 2014; Su & Richmond, 2015). As células do infiltrado inflamatório
(neutrófilos, macrófagos, mastócitos e linfócitos) migram sequencialmente para o local de injúria
no tecido e funcionam como fonte de quimiocinas e citocinas que promovem inflamação e
crescimento/recuperação tecidual (Werner & Grose, 2003; Chang et al., 2018).
Na tentativa de elucidar melhor os mecanismos quimoatrativos que pudessem explicar a
migração diferencial de leucócitos, no presente estudo foram avaliadas as principais quimiocinas
responsáveis por esses mecanismos.
Quimiocinas são capazes de interagir com mais de um receptor, expressos
predominantemente nos leucócitos e as interações específicas entre quimiocinas e receptores são
os principais determinantes do tráfego leucocitário e localização dos subgrupos de leucócitos
dentro dos tecidos (Abbadie et al., 2003).
67
Todos os adjuvantes que compõem os sistemas testados são agonistas de receptores do
tipo Toll-Like (TLRs), potentes constituintes da resposta imune inata, responsáveis pela detecção
de antígenos e pelo aumento da inflamação (Golec et al., 2015). A ativação dos TLRs induz uma
cascata de sinalização que leva ao aumento da expressão de genes responsáveis pela produção e
liberação de quimiocinas, bem como recrutamento de células imunocompetentes, indução de
fagocitose e morte celular (Andrews et al., 2013). Está descrito na literatura que a produção de
quimiocinas como CCL2, CCL3 e CCL4 estão intrinsecamente dependentes de receptores do tipo
Toll-Like 2 conforme descrito recentemente (Ji et al., 2015).
Apesar dos adjuvantes isoladamente serem capazes de induzir a produção de quimiocinas,
observamos que em nosso estudo, os sistemas de associação de adjuvante utilizando doses
reduzidas, foram capazes de estimular a produção de quimiocinas importantes no estabelecimento
de uma resposta imune inicial. Dentre os sistemas, destaca-se o sistema SM50 pela sua
capacidade de induzir a produção de todas quimiocinas avaliadas neste estudo. A tripla
associação na dose de 50% (SMR50) também foi capaz de induzir a produção de importantes
quimiocinas relacionadas ao tráfego de neutrófilos (CXCL1), monócitos (CCL2) e macrófagos
(CCL5), respectivamente.
A produção de CXCL1 e o recrutamento de neutrófilos observados neste estudo
corroboram com trabalhos na literatura que destacam a importância dessas células na criação da
primeira linha de defesa contra invasão de microrganismos após alguma lesão ou injúria (Su &
Richmond, 2015).
Estudos realizados em camundongos Knockout tanto para CCL2, responsável pela
migração transendotelial de monócitos, quanto para seu receptor CCR2 demonstraram não
somente a redução drástica do recrutamento dessa população como a redução de processos
inflamatórios como um todo (Fife et al., 2000; Izikson et al., 2000). Já para a quimiocina CCL3,
além de ser responsável pelo recrutamento de macrófagos, ela também tem importante papel em
promover a proliferação celular (Li et al., 2015). Outro estudo avaliando o processo de cura após
uma injúria na pele de camundongos, demonstrou que a baixa produção de CCL3 e CCL4
exibiram um processo de cura mais lento devido a diminuição significativa do número de
macrófagos no local do inóculo (Kanno et al., 2017). O processo de cura na pele é feito através de
um processo inflamatório dinâmico envolvendo tanto a degradação tecidual quanto a formação de
um novo tecido (Eming, Krieg & Davidson, 2007). Durante a fase inflamatória os macrófagos
68
desempenham um papel fundamental reconhecendo e destruindo microorganismos invasores bem
como eliminando os restos celulares decorrentes do dano tecidual (Leibovich & Ross, 1975).
No presente estudo, a correlação positiva demonstrada entre o aumento percentual de
macrófagos e as quimiocinas responsáveis pelo seu recrutamento (CCL3, CCL4, CCL5), reforça
ainda mais que os sistemas testados são capazes de induzir as células locais e/ou recrutar outras
células imunes importantes para o estabelecimento de uma resposta imune efetora no local de
sensibilização.
O último componente da resposta imune na pele avaliado nessa primeira etapa foi a
capacidade das células produzirem citocinas que juntamente com as quimiocinas são importantes
reguladores moleculares do hospedeiro responsáveis pelo controle de diversos mecanismos
envolvidos no processo inflamatório (Turner et al., 2014). Sabe-se que o microambiente de
citocinas pode orientar uma resposta imune para a tolerância ou imunidade (Banchereau &
Steinman, 1998). Citocinas pró-inflamatórias, secretadas por células residentes e recrutadas,
estimulam diretamente as células que, em seguida, apresentam antígenos no linfonodo drenante
(Iwasaki & Medzhitov, 2004).
Nesse contexto, nosso trabalho demonstrou que a produção de citocinas na pele tanto para
os sistemas de associação quanto para os adjuvantes isolados apresentaram um quadro de
resposta composto principalmente por citocinas do tipo 1 (TNF-α e IFN-γ).
Após analisarmos os grupos separadamente observamos que o grupo SAP não
demonstrou uma produção significativa de IL-2 e completa ausência da produção de IL-4. Por
outro lado, observou-se uma produção significativa de TNF-α quando comparado ao grupo
controle. Em trabalhos anteriores do grupo, Vitoriano-Souza (2012) demonstrou que o adjuvante
SAP em camundongos Swiss foi capaz de induzir uma baixa produção de IL-2 e IL-4 na pele
após 12 até 48 horas. De forma semelhante nossos resultados para o adjuvante MPL também
divergem aos resultados encontrados por Vitoriano-Souza (2012) em relação a produção de IL-2,
todavia apresentam o mesmo comportamento em relação as citocinas TNF-α e IFN-γ. Estes
resultados podem ser explicados talvez por diferenças entre as linhagens de camundongos
utilizados em ambos os trabalhos (Swiss e Balb/c).
Por fim, o R-848 foi o único adjuvante sozinho capaz de induzir além de ambas citocinas
do tipo 1 (TNF-α e IFN-γ) a produção de IL-10. Peine e colaboradores (2014) demonstraram em
cultura de esplenócitos de camundongos infectados com Leishmania donovani e tratados com R-
69
848 lipossomal a capacidade desse adjuvante de estimular tanto a produção de IFN-γ como de IL-
10 concomitantemente (Peine et al., 2014). A produção de IL-10 após estímulo com R-848
também já foi relatada em outros trabalhos e acredita-se que sua principal fonte seja de células
dendríticas plasmocitóides (pDCs) (Lombardi et al., 2009).
Com relação aos sistemas de adjuvantes, o sistema SM destaca-se, pois foi capaz de
produzir TNF-α nas três doses avaliadas e IFN-γ na dose de 25% (SM25) em comparação ao
grupo controle salina. Além deste, outro sistema que apresentou produção de ambas citocinas foi
o sistema de tripla associação SMR50. Os demais sistemas nas diferentes doses apresentaram
apenas aumento de TNF-α ou de IFN-γ. De forma interessante o único sistema que apresentou
produção das citocinas IL-4 e IL-10 foi o sistema SMR33. Estes conjuntos de dados, confirmam
novamente que os sistemas de associação utilizando doses reduzidas de cada adjuvante podem
gerar a mesma resposta ou até mesmo uma melhor resposta frente aos adjuvantes quando
empregados isoladamente.
Estudos que avaliaram a sensibilização de camundongos com o sistema AS01 produzido
pela empresa Glaxosmithkline (GSK) que apresenta em sua constituição um sistema lipossomal
contendo o adjuvante MPL e a fração purificada de saponina QS-21, demonstraram uma ativação
rápida e passageira dos animais no local do inóculo. Estes estudos, mostraram ainda que esta
ativação rápida gerou ativação de células dendríticas, fundamentais para a apresentação de
antígenos para as células T, bem como o recrutamento de neutrófilos e monócitos para os
linfonodos drenantes (Didierlaurent et al., 2014). A vacina para malária RTS/S produzida pela
GSK que apresenta em sua constituição o sistema de adjuvantes AS01, demonstrou o potencial
desse sistema aumento na produção das citocinas IFN-γ, TNF-α e IL-2 em camundongos (Coccia
et al., 2017). Estes resultados, se assemelham muito com os obtidos por nós com o sistema SM,
apesar de utilizarmos o adjuvante saponina bruto, ao invés de sua fração purificada e de não
utilizarmos lipossomos para compor o sistema, demonstrando assim um grande potencial desse
sistema em avaliações de futuras composições vacinais.
Nossos dados obtidos na primeira etapa vão de encontro a outros trabalhos que reforçam
que a utilização de sistemas baseados na combinação de adjuvantes promove uma potente
resposta imune capaz de auxiliar e propiciar o aumento do efeito protetor de uma possível vacina
(Mutwiri et al., 2011).
70
Diante do exposto, a segunda etapa deste trabalho visou avaliar a resposta imune
específica e eficácia vacinal dos dois sistemas de associação de adjuvantes mais promissores
obtidos da primeira etapa (SM50 e SMR50) quando associados ao antígeno bruto de Leishamania
brasiliensis (LB) em camundongos Balb/c. O objetivo dessa etapa foi ainda avaliar se essas duas
vacinas eram capazes de induzir nos animais submetidos a um protocolo vacinal e desafiados
com promastigotas de Leishmania infantum a formação de células responsivas capazes de
produzir citocinas e se proliferarem, além de induzir a formação de células de memória efetora e
central, levando a redução da carga parasitária em tecidos alvos da doença.
Nesse sentido, nós avaliamos primeiramente a população de células T CD4+, onde de
forma surpreendente não observamos proliferação celular em nenhum dos grupos avaliados. Por
outro lado, estas células apresentaram produção de TNF-α no grupo LBSMR50. Com relação a
subpopulação de linfócitos T CD8+, de forma interessante, observamos que os animais
imunizados com a vacina LBSMR50 apresentaram uma maior proliferação celular bem como
produção de TNF-α.
Trabalhos na literatura demonstram que TNF-α e IFN-γ atuam em sinergia aumentando
sua capacidade de mediar a morte de patógenos intracelulares, atuando principalmente através da
ativação de macrófagos, bem como o aumento da produção de óxido nítrico (Bogdan et al., 1990;
Liew, Li & Millott, 1990). Além disso, a IL-2 apesar de não ter papel importante no controle
direto do parasitismo, seu papel é fundamental na expansão clonal de linfócitos T CD4+ e T CD8
+
(Darrah et al., 2007).
Sabe-se que para infecções como a leishmaniose, a resposta celular desempenhada por
células T é fundamental na prevenção ou mesmo no retardamento da doença. Nossos dados
apontam que a vacina LBSMR50 atua induzindo uma resposta principalmente de células T CD8+
importantes para uma resposta T-efetora contra o parasito.
Em um estudo realizado por Tsagozis e colaboradores (2003), demonstraram que células
T CD8+ do baço de camundongos Balb/c apresentaram um aumento considerável na atividade
citotóxica contra células que expressavam antígenos de Leishmania, bem como o aumento da
expressão de mRNA para as citocinas (IFN-γ e TNF-α) pelas mesmas, caracterizando assim um
perfil de diferenciação do tipo 1 dessas células TCD8+
(Tsagozis, Karagouni & Dotsika, 2003).
71
Provavelmente, a baixa detecção das citocinas IL-2 e IFN-γ deve-se ao fato do protocolo
utilizado ser realizado após 5 dias de cultivo, onde as células que produziram estas citocinas
tenham liberado as mesmas para o sobrenadante.
Kaushal e colaboradores (2014) avaliando o papel de células TCD8+ em pacientes que
foram curados da leishmaniose visceral, observaram após 5 dias de cultivo uma alta produção
tanto de TNF-α quanto de INF-γ no sobrenadante quando comparados com indivíduos que nunca
tiveram contato com a doença ou os que a apresentavam. Além disso, detectou-se que os
pacientes curados apresentavam uma maior quantidade de células T CD8+ ativadas, com alta
produção de granzima B, importante indutor de morte celular por apoptose (Kaushal et al., 2014).
Esses trabalhos reforçam nossos resultados, demonstrando a importância desse tipo celular no
controle da infecção por parasitos do gênero Leishmania.
A abordagem seguinte foi avaliar se as duas vacinas propostas nesse trabalho eram
capazes de gerar células de memória central e efetora. Novamente, os animais que foram
vacinados com a vacina LBSMR50 apresentaram resultados promissores com aumento de
linfócitos T CD8+ de memória efetora, confirmando que que essa vacina leva a uma participação
fundamental dessa subpopulação celular na construção da resposta imune contra o antígeno de
Leishmania infantum.
Darrah e colaboradores (2007) demonstraram pela primeira vez, em um estudo vacinal
contra leishmaniose neste modelo, que o perfil de proteção está associado a indução de células T
de memória efetora do tipo 1, produtoras de IL-2, TNF-α e IFN-γ (Darrah et al., 2007).
Trabalhos na literatura demonstram que linfócitos T CD8+ de memória proporcionam não
somente proteção contra reinfecções, mas também contribuem com o controle de infecções
prolongadas caso o patógeno não possa ser completamente eliminado (Böttcher et al., 2015).
Dentre as duas populações de linfócitos T CD8+ de memória (central e efetora), estudadas neste
trabalho, sabe-se que as células de memória efetora têm papel direto no efeito citotóxico em
tecidos periféricos (Sallusto et al., 1999). Sendo assim, podemos afirmar que o desenvolvimento
de células T CD8+ de memória efetora observada nos animais que foram imunizados pela vacina
LBSMR50 reforça o efeito protetor dessa vacina e consequentemente seu potencial como
candidata para testes futuros pré-clínicos em modelo hamster Mesocrisetus auratus e clínicos em
cães.
72
Por fim, a última avaliação desta etapa foi verificar se ambos candidatos vacinais eram
capazes de reduzir a carga parasitária no baço e no fígado dos animais imunizados e desafiados.
Nossos resultados demonstraram que no baço não houve diferenças na carga parasitária enquanto
que no fígado tanto o antígeno LB isolado quanto as duas vacinas testadas (LBSM50 e
LBSMR50) foram capazes de reduzir a carga neste órgão.
Um dos fatores que pode explicar a baixa carga parasitária encontrada no baço em todos
os grupos quando comparada ao fígado provavelmente deve-se ao fato da cinética dessa cepa
(MCAN/BR/2008/OP46) ser caracterizada por uma alta carga inicial no fígado já com duas
semanas após a infecção enquanto que baço permanece praticamente ausente ou muito baixa até a
quinta semana de infecção como demonstrado em trabalhos anteriores do grupo (Reis et al.,
2017). Além disso, o fato de não se observar diferenças na carga entre os grupos no baço pode ser
devido ao fato das células de memória efetora (TCD8+) que estão sendo produzidas não estarem
agindo no local de produção, mas sim sendo direcionadas para o fígado devido ao seu intenso
parasitismo.
Estudos na literatura já demonstraram que células T de memória efetora não expressam ou
expressam em menor quantidade o receptor de quimiocinas CCR7 (CCR7-), responsável pela
migração nos órgãos linfóides secundários. Essa subpopulação celular apresenta receptores de
migração que direcionam essas células para os tecidos com inflamação, onde desempenham
função efetora imediata (Sallusto et al., 1999). Sendo assim, o fígado por ter uma carga
parasitária maior, provavelmente deve estar desencadeando um processo inflamatório mais
intenso, que está recrutando essas células.
Considerando então o fígado, como melhor órgão alvo do parasito a ser avaliado neste
modelo para estudos de vacinas frente ao desafio experimental com a cepa
(MCAN/BR/2008/OP46), ao analisarmos a carga parasitária hepática, de forma surpreendente
observamos que os animais que foram imunizados apenas com o antígeno LB apresentaram
redução da carga parasitária quando comparados ao grupo controle. De alguma forma, o antígeno
vacinal heterólogo de L. braziliensis foi capaz de promover essa proteção parcial aos animais
após o desafio experimental, possivelmente, ativando as células do sistema imune, propiciando a
eliminação desses parasitos.
Trabalhos similares na literatura demonstraram que a vacinação de camundongos Balb/c
com antígeno bruto de L. amazonensis é capaz de promover proteção parcial contra infecções de
73
formas cutâneas da leishmaniose causadas pelas espécies de L. amazonensis, L. major e L.
braziliensis (da Silva-Couto et al., 2015; Pinto, de Mello Cortezia & Rossi-Bergmann, 2003).
Além disso, já está bem estabelecido na literatura e no modelo canino que o antígeno vacinal
heterólogo de L. braziliensis é capaz de promover proliferação celular com aumento da
subpopulação de linfócitos T CD8+, importante no controle do parasitismo (Giunchetti et al.,
2008).
A vacina LBSM50, apesar de não ter apresentado diferenças em relação ao grupo controle
nos ensaios in vitro anteriores, ela foi capaz de promover a redução da carga parasitária no
fígado. Talvez, essa vacina induz uma resposta rápida que não pode ser detectada cinco dias após
o estímulo in vitro e, assim como discutido anteriormente, essa resposta está sendo direcionada
para o órgão onde a infecção está mais acentuada.
Já a vacina LBSMR50 confirmou sua capacidade em promover não só a ativação do
sistema imune com formação de células de memória efetora (T CD8+), mas também de levar a
redução da carga parasitária no fígado dos animais imunizados. De fato, o desempenho
apresentado por essa vacina leva a crer que seu mecanismo de ação é baseado na proliferação de
células T CD8+ de memória efetora no baço que estão sendo direcionadas para foco da infecção
no fígado, atuando efetivamente no controle do parasitismo.
Estes resultados nos encorajam a dar continuidade nos estudos dessas vacinas compostas
com sistemas de adjuvantes, uma vez que a leishmaniose é uma doença que se encontra em
franca expansão, e a busca por vacinas mais eficazes tem sido um dos principais focos de nosso
grupo de pesquisa. Todavia, mais estudos são necessários a fim de compreender o mecanismo
completo de ação dessas vacinas. Além disso, avaliar formulações dessas vacinas com soluções
estabilizadoras ou formulação lipossomal. De toda forma, as formulações LBSM50 e LBSMR50
também são potenciais formulações a serem testadas e empregadas em outros modelos como o
hamster e o cão.
74
9. Conclusão
MATHIAS, F. A. S. Conclusão
75
O conjunto de dados obtidos na presente Tese intitulada “Influência da associação de
adjuvantes na eficácia vacinal após o desafio experimental por Leishmania infantum em
camundongos Balb/c” nos permite concluir que:
A associação de dois ou três adjuvantes com sua dose reduzida em relação a dose total de
cada adjuvante isoladamente em um sistema é capaz de promover uma resposta imune inata
eficaz com recrutamento celular e produção de quimiocinas e citocinas importantes no
direcionamento da resposta imune adaptativa. Nossos dados apontam que nas avaliações
utilizadas no trabalho, apesar da vacina LBSM50 promover a redução da carga parasitária no
fígado, a vacina LBSMR50 apresentou o melhor desempenho, uma vez que não só reduziu a
carga parasitária, mas também demonstrou formação de células de memória efetora capazes de
responder a um estímulo secundário.
De modo geral, observamos que a ação de ambas as vacinas se deu principalmente no
fígado, uma vez que a cinética da cepa utilizada afeta de forma mais agressiva esse órgão
inicialmente. Assim é possível que a resposta das células de memória efetora foi direcionada para
combater a infecção no local.
76
10. Perspectivas
77
Como perspectivas futuras:
● Avaliar o melhor sistema de estabilização que possa ser combinado com ambas as
vacinas;
● Avaliar a resposta imune desencadeada pela imunização com esses novos sistemas de
adjuvantes;
● Avaliar o efeito desses sistemas na redução da carga parasitária;
● Avaliar com auxílio da microscopia confocal a migração celular tanto da pele para os
órgãos linfóides drenantes como também essa migração das células de memória efetora
do baço para o fígado durante a infecção;
● Avaliar o mecanismo completo de ação tanto dos sistemas de associação como das
propostas vacinais;
● Propor a avaliação desses sistemas associados a outros antígenos vacinais.
78
11. Referências bibliográficas
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
79
Abbadie, C.; Lindia, J. A.; Cumiskey, A. M.; Peterson, L. B.; Mudgett, J. S.; Bayne, E. K.;
DeMartino, J. A.; Maclntyre, D. E.; Forrest, M. J. Impaired neuropathic pain responses in mice
lacking the chemokine receptor CCR2. Proc Nati Acad Sci U S A, v. 100, n. 13, p. 7947-52, 2003.
Aguiar-Soares, R. D.; Roatt, B. M.; Ker, H. G.; Moreira, N. D.; Mathias, F. A.; Cardoso, J. M.;
Gontijo, N. F.; Bruna-Romero, O.; Teixeira-Carvalho, A.; Martins-Filho, O. A.; Corrêa-Oliveira,
R.; Giunchetti, R. C.; Reis, A. B. LBSapSal-vaccinated dogs exhibit increased circulating T-
lymphocyte subsets (CD4+ and CD8+) as well as a reduction of parasitism after challenge with
Leishmania infantum plus salivary gland of Lutzomyia longipalpis. Parasit Vectors, v. 7, n. 1, p.
61, 2014.
Alvar, J.; Cañavate, C.; Molina, R.; Moreno, J.; Nieto, J. Canine leishmaniasis. Adv. Parasitol., v.
57, n. 1, p. 1-87, 2004.
Alvar, J.; Vélez, I. D.; Bern, C.; Herrero, M.; Desjeux, P.; Cano, J.; Jannin, J.; Den Boer, M.;
WHO Leishmaniasis Control Team. Leishmaniasis worldwide and global estimates of its
incidence. PLoS One, v.5, p. 35671, 2012.
Andrade, H. M.; Reis A. B.; dos Santos, S. L.; Volpini, A. C.; Marques, M. J.; Romanha, A. J.
Use of PCR-RFLP to identify Leishmania species in naturally-infected dogs. Vet Parasitol, v.
140, n. 3-4, p. 231-238, 2006.
Andrews, K.; Abdelsamed, H.; Yi, A. K.; Miller, M. A.; Fitzpatrick, E. A. TLR2 regulates
neutrophil recruitment and cytokine production with minor contributions from TLR9 during
hypersensitivity pneumonitis. PLoS One, v. 8, n. 8, p. e73143, 2013.
Arakane, R.; Annaka, R.; Takahama, A.; Ishida, K.; Yoshiike, M.; Nakayama, T.; Takeshita, F.
Superior immunogenicity profile of the new intradermal influenza vaccine compared to the
standard subcutaneous vaccine in subjects 65 years and older: A randomized controlled phase III
study. Vaccine, v. 33, n. 48, p. 6650-8, 2015.
Atmar, R. L.; Patel, S. M.; Keitel, W. A. Intanza(®): a new intradermal vaccine for seasonal
influenza. Expert Ver Vaccines, v. 9, n. 12, p. 1399-409, 2010.
Awate, S.; Babiuk, L. A.; Mutwiri, G. Mechanisms of action of adjuvants. Front Immunol, v. 4,
p. 114, 2013.
Banchereau, J.; Steinman, R. M. Dendritic cells and the controlo f immunity. Nature, v. 392, n.
6673, p. 245-52, 1998.
Baneth, G.; Koutinas, A. F.; Solano-Gallego, L.; Bordeau, P.; Ferrer, L. Canine leishmaniosis –
new concepts and insights on na expanding zoonosis: part one. Trends Parasitol., v. 24, n. 7, p.
324-330, 2008.
Bernard, K. W.; Mallonee, J.; Wright, J. C.; Reid, F. L.; Makintubee, S.; Parker, R. A.; Dwyer,
D. M.; Winkler, W. G. Preexposure immunization with intradermal human diploid cells rabies
vaccine. Risks and benefits of primary and booster vaccination. JAMA, v. 257, n. 8, p. 1059-63,
1987.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
80
Bogdan, C.; Moll, H.; Solbach, W.; Röllinghoff, M. Tumor necrosis fator-alpha in combination
with interferon-gamma, but not with interleukin 4 activates murine macrophages for elimination
of Leishmania major amastigotes. Eur J Immunol, v. 20, n. 5, p. 1131-5, 1990.
Borja-Cabrera, G. P.; Correia Pontes, N. N.; da Silva, V. O.; Paraguai de Souza, E.; Santos, W.
R.; Gomes, E. M.; Luz, K. G.; Palatnik, M.; Palatnik de Sousa, C. B. Long lasting protection
against canine kala-azar using the FML-QuilA saponin vaccine in an endemic area of Brazil (São
Gonçalo do Amarante, RN). Vaccine, v. 20, n. 27-28, p. 3277-3284, 2002.
Böttcher, J. P.; Beyer, M.; Meissner, F.; Abdullah, Z.; Sander, J.; Höchst, B.; Eickhoff, S.;
Rieckmann, J. C.; Russo, C.; Bauer, T.; Flecken, T.; Giesen, D.; Engel, D.; Jung, S.; Busch, D.
H.; Protzer, U.; Thimme, R.; Mann, M.; Kurts, C.; Schultze, J. L.; Kastenmüller, W.; Knolle, P.
A. Functional classification of memory CD8(+) T cells by CX3CR1 expression. Nat Commun, v.
6, p. 8306, 2015.
Brack, A.; Labuz, D.; Schiltz, A.; Rittner, H. L.; Machelska, H.; Schäfer, M.; Reszka, R.; Stein,
C. Tissue monocytes/macrophages in inflammation: hyperalgesia versus opioid-mediated
peripheral antinociception. Anesthesiology, v. 101, n. 1, p. 204-11, 2004.
Calabro, S.; Tortoli, M.; Baudner, B. C.; Pacitto, A.; Cortese, M.; O'Hagan, D. T.; De Gregorio,
E.; Seubert, A.; Wack, A. Vaccine adjuvants alum and MF59 induce rapid recruitment of
neutrophils and monocytes that participate in antigen transport to draining lymph nodes. Vaccine,
v. 29, n. 9, p.1812-1823, 2011.
Carcelen, J.; Iniesta, V.; Fernández-Cotrina, J.; Serrano, F.; Parejo, J. C.; Corraliza, I.; Gallardo-
Soler, A.; Marañón, F.; Soto, M.; Alonso, C.; Gómez-Nieto, C. The chimerical multi-component
Q protein from Leishmania in the absence of adjuvant protects dogs against an experimental
Leishmania infantum infection. Vaccine, v. 27, n. 43, p. 5964-73, 2009.
Chang, Y. C.; Soriano, M.; Hahn, R. A.; Casillas, R. P.; Gordon, M. K.; Laskin, J. D.; Gerecke,
D. R. Expression of cytokines and chemokines in mouse skin treated with sulfur mustard. Toxicol
Appl Pharmacol, v. 355, p. 52-59, 2018.
Coccia, M.; Collignon, C.; Hervé, C.; Chalon, A.; Welsby, I.; Detienne, S.; van Helden, M. J.;
Dutta, S.; Genito, C. J.; Waters, N. C.; Deun, K. V.; Smilde, A. K.; Berg, R. A. V. D.; Franco, D;
Bourguignon, P.; Morel, S; Garçon, N; Lambrecht, B. N.; Goriely, S.; Most, R. V.; Didierlaurent,
A. M. Cellular and molecular synergy in AS01-adjuvant vacines results in an early IFN response
promoting vaccine immunogenicity. NPJ Vaccines, v. 2, p. 25, 2017.
Coelho, E. A. F.; Tavares, C. A.; Carvalho, F. A.; Chaves, K. F.; Teixeira, K. N.; Rodrigues, R.
C.; Charest, H.; Matlashewski, G.; Gazzinelli, R. T.; Fernandes, A. P. Immune responses induced
by the Leishmania (Leishmania) donovani A2 antigen, but not by the LACK antigen, are
protective against experimental Leishmania (Leishmania) amazonensis infection. Infect Immun.,
v. 71, n. 7, p. 3988–94, 2003.
Coler, R. N.; Bertholet, S.; Moutaftsi, M.; Guderian, J. A.; Windish, H. P.; Baldwin, S. L.;
Laughlin, E. M.; Duthie, M. S.; Fox, C. B.; Carter, D.; Friede, M.; Vedvick, T. S.; Reed, S. G.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
81
Development and characterization of synthetic glucopyranosyl lipid adjuvant system as a vaccine
adjuvant. PloS One, v. 6, n. 1, p. e16333, 2011.
Collin, N.; Gomes, R.; Teixeira, C.; Cheng, L., Laughinghouse, A.; Ward, J. M.; Elnaiem, D. E.;
Fischer, L.; Valenzuela, J. G.; Kamhawi, S. Sand fly salivary proteins induce strong cellular
immunity in a natural reservoir of visceral leishmaniasis with adverse consequences for
Leishmania. PLoS Pathog, v. 5, n. 5, p. e1000441, 2009.
Costa, C. H. Characterization and speculations on the urbanization of visceral leishmaniasis in
Brazil. Cad Saude Publica, v. 24, n. 12, p. 2959-2963, 2008.
Costa, C. H. How effective is dog culling in controlling zoonotic visceral leishmaniasis? A
critical evaluation of the science, politics and ethics behind this public health policy. Rev Soc
Bras Med Trop, n. 44, p. 232-242, 2011.
Cox, J.C.; Coulter, A.R. Adjuvants - a classification and review of their modes of action.
Vaccine, v. 15, n. 3, p. 248-256, 1997.
da Silva, V. O.; Borja-Cabrera, G. P.; Correia Pontes, N. N.; de Souza, E. P.; Luz, K. G.;
Palatnik, M.; Palatnik-de-Sousa, C. B. A phase III trial of efficacy of the FML-vaccine against
canine kala-azar in an endemic area of Brazil (São Gonçalo do Amaranto, RN). Vaccine, v. 19, n.
9–10, p. 1082–92, 2000.
da Silva-Couto, L.; Ribeiro-Romão, R. P.; Saavedra, A. F.; da Silva Costa Souza, B. L.; Moreira,
O. C.; Gomes-Silva, A.; Rossi-Bergmann, B.; Da-Cruz, A. M.; Pinto, E. F. Intranasal vaccination
with leishmanial antigens protects golden hamsters (Mesocricetus auratus) against Leishmania
(Viannia) Braziliensis infection. PLoS Negl Trop Dis, v. 9, n. 1, p. e3439, 2015.
Dantas-Torres, F.; Brandão-Filho, S. P. Visceral leishmaniasis in Brazil: revisiting paradigms of
epidemiology and control. Rev. Inst. Med. Trop., v.3, n. 48, p. 151-156, 2006.
Dantas-Torres, F.; Solano-Gallego, L.; Baneth, G.; Ribeiro, V. M.; de Paiva-Cavalcanti, M.;
Otranto, D. Canine leishmaniosis in the Old and New Worlds unveiled similarities and
differences. Trends Parasitol. v. 28, p. 531-538, 2012.
Darrah, P. A.; Patel, D. T.; De Luca, P. M.; Lindsay, R. W.; Davey, D. F.; Flynn, B. J.; Hoff, S.
T.; Andersen, P.; Redd, S. G.; Morris, S. L.; Roederer, M.; Seder, R. A. Multifunctional TH1
cells define a correlate of vaccine-mediated protection against Leishmania major. Nat Med, v. 13,
n. 7, p. 843-50, 2007.
de Mendonça, L. Z.; Resende, L. A.; Lanna, M. F.; Aguiar-Soares, R. D.; Roatt, B. M.; Castro, R.
A.; Batista, M. A.; Silveira-Lemos, D.; Gomes, J. A.; Fujiwara, R. T.; Rezende, S. A.; Martins-
Filho, O. A.; Corrêa-Oliveira, R.; Dutra, W. O.; Reis, A. B.; Giunchetti, R. C. Multicomponent
LBSap vaccine displays immunological and parasitological profiles similar to those of Leish-
Tec® and Leishmune® vaccines against visceral leishmaniasis. Parasit Vectors, v. 9, n. 1, p. 472,
2016.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
82
Deane, L. M. Leishmaniose visceral no Brasil - estudo sobre reservatórios e transmissores
realizados no Estado do Ceará. 1ª ed. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Educação Sanitária, p.
161, 1956.
Deane, L. M.; Deane, M. P. Dogs naturally infected by Leishmania donovani in Ceará. Hospital
(Rio J), v. 45, n. 6, p. 703-707, 1954.
Deane, L. M.; Deane, M. P. Observações preliminares sobre a importância comparativa do
homem, do cão e da raposa (Licalopex vetulus) como reservatório de Leishmania donovani em
área endêmica de Calazar no Ceará. O hospital. v. 48, p. 61-71, 1955.
Desjeux, P. Leishmaniasis: current situation and new perspectives. Comp Immunol Microbiol
Infect Dis, v. 27, n. 5, p. 305-18, 2004.
Didierlaurent, A. M.; Collignon, C.; Bourguignon, P.; Wouters, S.; Fierens, K.; Fochesato, M.;
Dendouga, N.; Langlet, C.; Malissen, B.; Lambrecht, B. N.; Garçon, N.; Van Mechelen, M.;
Morel, S. Enhancement of adaptative immunity by the human vaccine adjuvant AS01 depends on
activated dendritic cells. J Immunol, v. 193, n. 4, p. 1920-30, 2014.
Disis, M. L.; Bernhard, H.; Shiota, F. M.; Hand, S. L.; Gralow, J. R.; Huseby, E. S.; Gillis, S.;
Cheever, M. A. Granulocyte-macrophage colony-stimulating factor: an effective adjuvant for
protein and peptide-based vaccines. Blood, v. 88, p. 202-210, 1996.
Dye, C. The logic of visceral leishmaniasis control. Am J Trop Med Hyg, v.55, p. 125-130, 1996.
Emind, S. A.; Krieg, T.; Davidson, J. M. Inflammation in wound repair: molecular and cellular
mechanisms. J Invest Dermatol, v. 127, n. 3, p. 514-25, 2007.
Epaulard, O.; Adam, L.; Poux, C.; Zurawski, G.; Salabert, N.; Rosenbaum, P.; Dereuddre-
Bosquet, N.; Zurawski, S.; Flamar, A. L.; Oh, S.; Romain, G.; Chapon, C.; Banchereau, J.; Lévy,
Y.; Le Grand, R.; Martinon, F. Macrophage- and neutrophil-derived TNF- instructs skin
langerhans cells to prime antiviral immune responses. J Immunol, v. 193, n. 5, p. 2416-26, 2014.
Fehres, C. M.; Garcia-Vallejo, J. J.; Unger, W. W.; van Kooyk, Y. Skin-resident antigen-
presenting cells: instruction manual for vaccine development. Front Immunol., v. 4, p. 157, 2013.
Fernandes, A. P.; Costa, M. M.; Coelho, E. A.; Michalick, M. S.; de Freitas, E.; Melo, M. N.;
Luiz Tafuri, W.; Resende, D. M.; Hermont, V.; Abrantes, C. F.; Gazzinelli, R. T. Protective
immunity against challenge with Leishmania (Leishmania) chagasi in beagle dogs vaccinated
with recombinant A2 protein. Vaccine, v. 26, n. 46, p. 5888-95, 2008.
Fife, B. T.; Huffnagle, G. B.; Kuziel, W. A.; Karpus, W. J. CC chemokine receptor 2 is critical
for induction of experimental autoimmune encephalomyelitis. J Exp Med, v. 192, n. 6, p. 899-
905, 2000.
Fraser, C. K.; Diener, K. R.; Brown, M. P.; Hayball, J. D. Improving vaccines by incorporating
immunological coadjuvants. Expert Rev Vaccines, v. 6, n. 4, p. 559–78, 2007.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
83
Garçon, N.; Leo, O. Innate Immunity and Vaccine Adjuvants: From Concepts to the
Development of a Unique Adjuvant System AS04 Used for the Formulation of a Human
Papillomavirus (HPV) Vaccine. Current Cancer Therapy Reviews, v. 6, p. 126-137, 2010.
Gautam, S.; Kumar, R.; Maurya, R.; Nylén, S.; Ansari, N.; Rai, M.; Sundar, S.; Sacks, D. IL-10
neutralization promotes parasite clearance in splenic aspirate cells from patients with visceral
leishmaniasis. J Infect Dis. v. 204, p. 1134-7, 2011.
Gautam, S.; Kumar, R.; Singh, N.; Singh, A. K.; Rai, M.; Sacks, D.; Sundar, S.; Nylén, S. CD8 T
cell exhaustion in human visceral leishmaniasis. J Infect Dis., v. 209, n. 2, p. 290–299, 2014.
Gillespie, P. M.; Beaumier, C. M.; Strych, U.; Hayward, T.; Hotez, P. J.; Bottazzi, M. E. Status
of vaccine research and development of vaccines for leishmaniasis. Vaccine, v. 34, n. 26, p.
2992-2995, 2016.
Giunchetti, R. C.; Corrêa-Oliveira, R.; Martins-Filho, O. A.; Teixeira-Carvalho, A.; Roatt, B. M.;
de Oliveira Aguiar-Soares, R. D.; de Souza, J. V.; das Dores Moreira, N.; Malaquias, L. C.; Mota
e Castro, L. L.; de Lana, M.; Reis, A. B. Immunogenicity of a killed Leishmania vaccine with
saponin adjuvant in dogs. Vaccine, v. 25, n. 44, p. 7674-86, 2007.
Giunchetti, R. C.; Corrêa-Oliveira, R.; Martins-Filho, O. A.; Teixeira-Carvalho, A.; Roatt, B. M.;
de Oliveira Aguiar-Soares, R. D.; Coura-Vital, W.; de Abreu, R. T.; Malaquias, L. C.; Gontijo, N.
F.; Brodskyn, C.; de Oliveira, C. I.; Costa, D. J.; de Lana, M.; Reis, A. B. Antigenicity of a whole
parasite vaccine as promising candidate against canine leishmaniasis. Res Vet Sci, v. 85, n. 1, p.
106-12, 2008.
Giunchetti, R. C.; Correa-Oliveira, R.; Martins-Filho, O.; Teixeira-Carvalho, A.; Roatt, B. M.;
Aguiar-Soares, R. D. O.; coura-Vital, W.; Abreu, R. T.; Malaquias, L. C.; Gontijo, N. F.;
Broskyn, C.; Oliveira, C. I.; Costa, D. J.; Lana, M.; Reis, A. B. A killed Leishmania vaccine with
sand fly saliva extract and saponin adjuvant displays improved immunogenicity in dogs. Vaccine.
v. 26, p. 623-638, 2008.
Glenny, A.; Pope, C.; Waddington, H.; Wallace, U. The antigenic value of toxoid precipitated by
potassium alum. J Pathol Bacteriol. v. 29, p. 38–45, 1926.
Golec, M.; Lemieszek, M. K.; Skórska, C.; Sitkowska, J.; Zwolinski, J.; Mackiewicz, B.; Góra-
Florek, A.; Milanowski, J.; Dutkiewicz, J. Cathelicidin related antimicrobial peptide, laminin,
Toll-Like receptors and chemokines levels in experimental hypersensitivity pneumonitis in mice.
Pathol Biol (Paris), v. 63, n. 3, p. 130-5, 2015.
Grimaldi, G. Jr.; Teva, A.; Dos-Santos, C. B.; Santos, F. N.; Pinto, I. D.; Fux, B.; Leite, G. R.;
Falqueto, A. Field trial of efficacy of the Leish-tec(R) vaccine against canine leishmaniasis
caused by Leishmania infantum in an endemic area with high transmission rates. PLoS One, v.
12, n. 9, p. e0185438, 2017.
Guy, B. The perfect mix: recent progress in adjuvant research. Nat Rev Microbiol, v. 5, n. 7, p.
505–517, 2007.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
84
Herbert, W. J. The mode of action of mineral-oil emulsion adjuvants on antibody production in
mice. Immunol, v. 14, n. 3, p. 301-318, 1968.
Hoebe, K.; Janssen, E.; Beutler, B. The interface between innate and adaptive immunity. Nat
Immunol, v. 5, n. 10, p. 971–974, 2004.
Holland, D.; Booy, R.; De Looze, F.; Eizenberg, P.; McDonald, J.; Karrasch, J.; McKeirnan, M.;
Salem, H.; Mills, G.; Reid, J.; Weber, F.; Saville, M. Intradermal influenza vaccine administered
using a new microinjection system produces superior immunogenicity in elderly adults: a
randomized controlled trial. J Infect Dis, v. 198, n. 5, p. 650-658, 2008.
Holzmuller, P.; Cavaleyra, M.; Moreaux, J.; Kovacic, R.; Vincendeau, P.; Papierok, G.; Lemesre,
J. L. Lymphocytes of dogs immunised with purified excreted-secreted antigens of Leishmania
infantum co-incubated with Leishmania infected macrophages produce IFN gamma resulting in
nitric oxide-mediated amastigote apoptosis. Vet Immunol Immunopathol, v. 106, n. 3-4, p. 247-
257, 2005.
Hornung, V.; Rothenfusser, S.; Britsch, S.; Krug, A.; Jahrsdörfer, B.; Giese, T.; Endres, S.;
Hartmann, G. Quantitative expression of toll-like receptor 1-10 mRNA in cellular subsets of
human peripheral blood mononuclear cells and sensitivity to CpG oligodeoxynucleotides. J
Immunol, v. 168, n. 9, p. 4531–7, 2002.
Hotez, P. J.; Remme, J. H.; Buss, P.; Alleyne, G.; Morel, C.; Breman, J. G. Combating tropical
infectious diseases: report of the Disease Control Priorities in Developing Countries Project. Clin.
Infect. Dis., v. 38, n. 6, p. 871-8, 2004.
Hu, J. G.; Yokoyama, T.; Kitagawa, T. Studies on the optimal immunization schedule of
experimental animals. IV. The optimal age and sex of mice, and the influence of booster
injections. Chem Pharm Bull, v. 38, n. 2, p. 448-51, 1990.
Ito, T.; Amakawa, R.; Kaisho, T.; Hemmi, H.; Tajima, K.; Uehira, K.; Ozaki, Y.; Tomizawa, H.;
Akira, S.; Fukuhara, S. Interferon-alpha and interleukin-12 are induced differentially by Toll-like
receptor 7 ligands in human blood dendritic cell subsets. J Exp Med, v. 195, n. 11, p. 1507–12,
2002.
Iwasaki, A.; Medzhitov, R. Toll-like receptor control of the adaptive immune responses. Nat
Immunol, v. 5, n. 10, p. 987-995, 2004.
Izikson, L.; Klein, R. S.; Charo, I. F; Weiner, H. L.; Luster, A. D. Resistance to experimental
autoimmune encephalomyelitis in mice lacking the CC chemokine receptor (CCR)2. J Exp Med,
v. 192, n. 7, p. 1075-80, 2000.
Jaigirdar, S. A.; Macleod, M. K. Development and Function of Protective and Pathologic
Memory CD4 T Cells. Front Immunol, v. 6, p. 456, 2015.
Jain, K.; Jain, N. K. Vaccines for visceral leishmaniasis: A review. J Immunol Methods, v. 422, p.
1-12, 2015.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
85
Ji, Y. R.; Kim, H. J.; Bae, K. B.; Lee, S.; Kim, M. O.; Ryoo, Z. Y. Hepatic serum amyloid A1
aggravates T cell-mediated hepatites by inducing chemokines via Toll-Like receptor 2 in mice. J
Biol Chem, v. 290, n. 20, p. 12804-11, 2015.
Kanno, E.; Kawakami, K.; Tanno, H.; Suzuki, A.; Sato, N.; Masaki, A.; Imamura, A.; Takagi, N.;
Miura, T.; Yamamoto, H.; Ishii, K.; Hara, H.; Imai, Y.; Maruyama, R.; Tachi, M. Contribution of
CARD9-mediated signalling to wound healing in skin. Exp Dermatol, v. 26, n. 11, p. 1097-1104,
2017.
Kaushal, H.; Bras-Gonçalves, R.; Negi, N.S.; Lemesre, J. L.; Papierok, G.; Salotra, P. Role of
CD8(+) T cells in protection against Leishmania donovani infection in healed Visceral
Leishmaniasis individuals. BMC Infect Dis, v. 14, p. 653, 2014.
Kazmin, D.; Nakaya, H. I.; Lee, E. K.; Johnson, M. J.; van der Most, R.; Ballou, W. R.; Jongert,
E.; Wille-Reece, U.; Ockenhouse, C.; Aderem, A.; Zak, D. E.; Sadoff, J.; Hendriks, J.;
Wrammert, J.; Ahmed, R.; Pulendran, B. Systems analysis of protective immune responses to
RTS,S malaria vaccination in humans. Proc Natl Acad Sci, v. 114, n. 9, p. 2425–2430, 2017.
Kenney, R.T.; Regina, R.N.; Pichyangkul, S.; Price, V.L.; Engers, H. D. 2nd meeting on novel
adjuvants currently in close to human clinical testing. World Health Organization-Organization
Mondiale de la Sante Fondation Merieux, Annecy, France. Vaccine. v. 20, p. 2155-2163, 2002.
Kenney, R. T.; Frech, S. A.; Muenz, L. R.; Villar, C. P.; Glenn, G. M. Dose sparing with
intradermal injection of influenza vaccine. N Engl J Med. v. 351, p. 2295-2301, 2004.
Kensil, C. R.; Mo, A. X.; Truneh, A. Current vaccine adjuvants: an overview of a diverse class.
Front Biosci, v. 9, p. 2972-2988, 2004.
Kim, Y. C.; Jarrahian, C.; Zehrung, D.; Mitragotri, S.; Prausnitz, M. R. Delivery systems for
intradermal vaccination. Curr Top Microbiol Immunol, v. 351, p. 77–112, 2012.
Kis, E. E.; Winter, G.; Myschik, J. Devices for intradermal vaccination. Vaccine, v. 30, n. 3, p.
523-38, 2012.
Korsholm, K. S.; Petersen, R. V.; Agger, E. M.; Andersen, P. T-helper 1 and T-helper 2 adjuvants
induce distinct differences in the magnitude, quality and kinetics of the early inflammatory
response at the site of injection. Immunology, v. 129, n.1, p. 75-86, 2009.
Kupper, T. S. Immune and inflammatory processes in cutaneous tissues. Mechanisms and
speculations. J Clin Invest, v. 86, n. 6, p. 1783-9, 1990.
Lainson, R.; Shaw, J. J. Evolution, classification and geographical distribution. In: Peters, W.;
Killick-Kendrick, R. The leishmaniasis in biology and medicine, v. 1, 1ª ed. Londres: Academic
Press, cap. 7, p. 291-364, 1987.
Lambert, P. H. Vaccination and autoimmunity: a real or imagined risk? Bull Mem Acad R Med
Belg, v. 160, p. 141-146, 2005.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
86
Lambrecht, B. N.; Kool, M.; Willart, M. A.; Hammad, H. Mechanism of action of clinically
approved adjuvants. Curr Opin Immunol, v. 21, n. 1, p. 23–29, 2009.
Leibovich, S. J.; Ross, R. The role of the macrophage in wound repair. A study with
hydrocortisone and antimacrophage serum. Am J Pathol, v. 78, n. 1, p. 71-100, 1975.
Leroux-Roels, I.; Bernhard, R.; Gérard, P.; Dramé, M.; Hanon, E.; Leroux-Roels, G. Broad Clade
2 cross-reactive immunity induced by an adjuvanted clade 1 rH5N1 pandemic influenza vaccine.
Plos One. v.3, p. 2, 2008.
Li, Y.; Zheng, Y.; Li, T.; Wang, Q.; Qian, J.; Lu, Y.; Zhang, M.; Bi, E.; Yang, M.; Reu, F.; Yi,
Q.; Cai, Z. Chemokines CCL2, 3, 14 stimulate macrophage bone marrow homing, proliferation,
and polarization in multiple myeloma. Oncotarget, v. 6, n. 27, p. 24218-29, 2015.
Liew, F. Y.; Li, Y.; Millott, S. Tumor necrosis fator-alpha synergizes with IFN-gamma in
mediating killing of Leishmania major through the induction of nitric oxide. J Immunol, v. 145,
n. 12, p. 4306-10, 1990.
Lindblad, E. B. Aluminium adjuvants--in retrospect and prospect. Vaccine, v. 22, n. 27-28, p.
3658-3668, 2004.
Liu, G.; Anderson, C.; Scaltreto, H.; Barbon, J.; Kensil, C.R. QS-21 structure/function studies:
effect of acylation on adjuvant activity. Vaccine, v. 20, n. 21-22, p. 2808-2815, 2002.
Lombardi, V.; Van Overtvelt, L.; Horiot, S.; Moingeon, P. Human dendritic cells stimulated via
TLR7 and/or TLR8 induce the sequential production of IL-10, IFN-gamma, and IL-17A by naive
CD4+ T cells. J Immunol, v. 182, n. 6, p. 3372-9, 2009.
Madan, A.; Ferguson, M.; Rheault, P.; Seiden, D.; Toma, A.; Friel, D.; Soni, J.; Li, P.; Innis, B.
L.; Schuind, A. Immunogenicity and safety of an AS03-adjuvanted H7N1 vaccine in adults 65
years of age and older: A phase II, observer-blind, randomized, controlled trial. Vaccine, v. 35, n.
15, p. 1865–1872, 2017.
MAPA. Portaria Interministerial nº 1.426, de 11 de julho de 2008, Ministério da Agricultura, P. e.
A., ed. (Brasília, Diário Oficial da União), p. 24, 2008.
Marrack, P.; Mckee, A. S.; Munks, M. W. Towards an understanding of the adjuvant action of
aluminium. Nat Rev Immunol, v. 9, n. 4, p. 287–293, 2009.
Mathias, F. A. S. Cinética da resposta imune inata induzida por diferentes adjuvantes vacinais.
2013.
Mayrink, W.; Genaro, O.; Silva, J. C.; da Costa, R. T.; Tafuri, W. L.; Toledo, V. P.; da Silva, A.
R.; Reis, A. B.; Williams, P.; da Costa, P. W. Phase I and II open clinical trials of a vaccine
against Leishmania chagasi infections in dogs. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 91, n. 6, p. 695-697,
1996.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
87
Mckee, A. S.; Munks, M. W.; Marrack, P. How do adjuvants work? Important considerations for
new generation adjuvants. Immunity, v. 27, n. 5, p. 687–90, 2007.
Medzhitov, R.; Janeway, C. A., Jr. Innate immunity: impact on the adaptive immune response.
Curr Opin Immunol, v.9, n. 1, p.4-9, 1997.
Molano, I.; Alonso, M. G.; Mirón, C.; Redondo, E.; Requena, J. M.; Soto, M.; Nieto, C. G.;
Alonso, C. A Leishmania infantum multi-component antigenic protein mixed with live BCG
confers protection to dogs experimentally infected with L. infantum. Vet Immunol Immunopathol,
v. 92, n. 1-2, p. 1-13, 2003.
Moreira, N. D.; Giunchetti, R. C.; Carneiro, C. M.; Vitoriano-Souza, J.; Roatt, B. M.; Malaquias,
L. C.; Corrêa-Oliveira, R.; Reis, A. B. Histological study of cell migration in the dermis of
hamsters after immunization with two different vaccines against visceral leishmaniasis. Vet
Immunol Immunopathol, v.128, n. 4, p. 418-24, 2009.
Moreno, J.; Alvar, J. Canine leishmaniasis: epidemiological risk and the experimental model.
Trends Parasitol, v. 18, n. 9, p. 399-405, 2002.
Moreno, J.; Vouldoukis, I.; Martin, V.; McGahie, D.; Cuisinier, A. M.; Gueguen, S. Use of a
LiESP/QA-21 vaccine (CaniLeish) stimulates an appropriate Th1-dominated cell-mediated
immune response in dogs. PLoS Negl Trop Dis, v. 6, n. 6, p. e1683, 2012.
Mosca, F.; Tritto, E.; Muzzi, A.; Monaci, E.; Bagnoli, F.; Iavarone, C.; O’Hagan, D.; Rappuoli,
R.; De Gregorio, E. Molecular and cellular signatures of human vaccine adjuvants. Proc Nati
Acad Sci U S A, v. 105, n. 30, p. 10501–6, 2008.
Mosmann, T. R., Coffman, R. L. TH1 and TH2 cells: different patterns of lymphokine secretion
lead to different functional properties. Annu Rev of Immunol., v. 7, p. 145-173, 1989.
Mosmann, T. R.; Li, L.; Hengartner, H.; Kagi, D.; Fu, W.; Sad, S. Differentiation and functions
of T cell subsets. Ciba Found Symp., v. 204, p. 148-154, 1997.
Mosmann, T. R.; Sad, S. The expanding universe of T-cell subsets: Th1, Th2 and more. Immunol
today. v. 17, p. 138-146, 1996.
Mutwiri, G.; Gerdts, V.; van Drunen Littel-van den Hurk, S.; Auray, G.; Eng, N.; Garlapati, S.;
Babiuk, L. A.; Potter, A. Combination adjuvants: the next generation of adjuvants? Expert Ver
Vaccines, v. 10, n. 1, p. 95-107, 2011.
Noazin, S.; Modabber, F.; Khamesipour, A.; Smith, P. G.; Moulton, L. H.; Nasseri, K.; Sharifi, I.;
Khalil, E. A.; Bernal I. D.; Antunes, C. M.; Kieny, M. P.; Tanner, M. First generation
leishmaniasis vaccines: A review of field efficacy trials. Vaccine, v. 26, n. 52, p. 6759–6767,
2008.
Noli, C.; Auxilia, S. T. Treatment of canine old world visceral leishmaniasis: a systematic
review. Veterinary Dermatology, v. 16, p.213-232, 2005.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
88
O’Hagan, D. T.; De Gregorio, E. The path to a successful vaccine adjuvant - “The long and
winding road”. Drug Discov Today, v. 14, n. 11–12, p. 541–551, 2009.
O’Hagan, D. T.; Valiante, N. M. Recent advances in the discovery and delivery of vaccine
adjuvants. Nat Rev Drug Discov., v.9, p. 727-735, 2003.
Oliva, G.; Nieto, J.; Foglia Manzillo, V.; Cappiello, S.; Fiorentino, E.; Di Muccio, T.; Scalone,
A.; Moreno, J.; Chicharro, C.; Carrillo, E.; Butaud, T.; Guegand L.; Martin, V.; Cuisinier, A. M.;
McGahie, D.; Gueguen, S.; Cañavate, C.; Gradoni, L. A randomised, double-blind, controlled
efficacy trial of the LiESP/QA-21 vaccine in naive dogs exposed to two leishmania infantum
transmission seasons. PLoS Negl Trop Dis, v. 8, n. 10, p. e3213, 2014.
Osebold, J. W. Mechanisms of action by immunologic adjuvants. J Am Vet Med Assoc, v. 181, n.
10, p. 983–7, 1982.
Palatnik-de-Sousa, C. B.; Dos Santos, W. R.; Franca-Silva, J. C.; Da Costa, R. T.; Reis,A. B.;
Palatnik, M.; Mayrink, W.; Genaro, O. Impact of canine control on the epidemiology of canine
and human visceral leishmaniasis in Brazil. Am. J. Trop. Med. Hyg., v. 65, n.5, p. 510-517, 2001.
Parra, L. E.; Borja-Cabrera, G. P.; Santos, F. N.; Souza, L. O.; Palatnik-de-Sousa, C. B.; Menz, I.
Safety trial using the Leishmune vaccine against canine visceral leishmaniasis in Brazil. Vaccine,
v. 25, n. 12, p. 2180–6, 2007.
Peine, K. J.; Gupta, G.; Brackman, D. J.; Papenfuss, T. L.; Ainslie, K. M.; Satoskar, A. R.;
Bachelder, E. M. Liposomal resiquimod for the treatment of Leishmania donovani infection. J
Antimicrob Chemother, v. 69, n. 1, p. 168-75, 2014.
Pinto, E. F.; de Mello Cortezia, M.; Rossi-Bergmann, B. Interferon-gamma-inducing oral
vaccination with Leishmania amazonensis antigens protects BALB/c and C57BL/6 mice against
cutaneous leishmaniasis. Vaccine, v. 21, n. 25-26, p. 3534-41, 2003.
Puri, N.; Weyand, E. H.; Abdel-Rahman, S. M.; Sinko, P. J. An investigation of the intradermal
route as an effective means of immunization for microparticulate vaccine delivery systems.
Vaccine, v.18, n. 23, p. 2600-2612, 2000.
Rajput, Z. I.; Hu, S. H.; Xiao, C. W.; Arijo, A. G. Adjuvant effects of saponins on animal
immune responses. J Zhejiang Univ Sci B. v. 8, n. 153-161, 2007.
Ramon, G. Procedes pour accroite la production des antitoxins. Ann. Inst. Pauster, v. 40, p. 1-10,
1926.
Ready, P. D. Epidemiology of visceral leishmaniasis. Clin Epidemiol., v.6, p. 147-154, 2014.
Reed, S. G.; Orr, M. T.; Fox, C. B. Key roles of adjuvants in modern vaccines. Nat Med, v. 19, n.
12, p. 1597–1608, 2013.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
89
Regina-Silva, S.; Feres, A. M.; França-Silva, J. C.; Dias, E. S.; Michalsky, É. M.; de Andrade, H.
M.; Coelho, E. A.; Ribeiro, G. M.; Fernandes, A. P.; Machado-Coelho, G. L. Field randomized
trial to evaluate the efficacy of the Leish-Tec® vaccine against canine visceral leishmaniasis in
an endemic area of Brazil. Vaccine, v. 34, n. 19, p. 2233-9, 2016.
Reis A. B.; Martins-Filho, O. A.; Teixeira-Carvalho, A.; Giunchetti, R. C.; Carneiro, C. M.;
Mayrink, W.; Tafuri, W. L.; Corrêa-Oliveira, R. Systemic and compartmentalized immune
response in canine visceral leishmaniasis. Vet. Immunol. Immunopathol., v. 128, n. 1-3, p. 87-95,
2009.
Reis, A. B.; Giunchetti, R. C.; Carrillo, E.; Martins-Filho, O. A.; Moreno, J. Immunity to
Leishmania and the rational search for vaccines against canine leishmaniasis. Trends Parasitol, v.
26, n. 7, p. 341-9, 2010.
Reis, L. E. S.; Fortes de Brito, R. C.; Cardoso, J. M.; Mathias, F. A.; Aguiar-Soares, R. D. O.;
Carneiro, C. M.; de Abreu Vieira, P. M.; Ramos, G. S.; Frézard, F. J. G.; Roatt, B. M.; Reis, A.
B. Mixed Formulation of Conventional and Pegylated Meglumine Antimoniate-Containing
Liposomes Reduces Inflammatory Process and Parasite Burden in Leishmania infantum-Infected
BALB/c Mice. Antimicrob Agents Chemother, v. 61, n. 11, 2017.
Roatt, B. M.; Aguiar-Soares, R. D.; Reis, L. E.; Cardoso, J. M.; Mathias, F. A.; de Brito, R. C.;
da Silva, S. M.; Gontijo, N. F.; Ferreira, S.A.; Valenzuela, J. G.; Corrêa-Oliveira, R.; Giunchetti,
R. C.; Reis, A. B. A Vaccine Therapy for Canine Visceral Leishmaniasis Promoted Significant
Improvement of Clinical and Immune Status with Reduction in Parasite Burden. Front Immunol,
v. 8, p. 217, 2017.
Roatt, B. M.; Aguiar-Soares, R. D.; Vitoriano-Souza, J.; Coura-Vital, W.; Braga, S. L.; Corrêa-
Oliveira, R.; Martins-Filho, O. A.; Teixeira-Carvalho, A.; de Lana, M.; Figueiredo Gontijo, N.;
Marques, M. J.; Giunchetti, R. C.; Reis, A. B. Performance of LBSap vaccine after intradermal
challenge with L. infantum and saliva of Lu. longipalpis: immunogenicity and parasitological
evaluation. PLoS One, v. 7, n. 11, p. e49780, 2012.
Ross, R. Note on the bodies recently described by Leishman and Donovan and further notes no
Leishman’s bodies. Brit Med J., v.2, n. 2237, p. 1261-1401, 1903.
Sallusto, F.; Lenig, D.; Föster, R.; Lipp, M.; Lanzavecchia, A. Two subsets of memory T
lymphocytes with distinct homing potencials and effector functions. Nature, v. 401, n. 6754, p.
708-12, 1999.
Salmon, J. K.; Armstrong, C. A.; Ansel, J. C. The skin as an immune organ. West J Med, v. 160,
n. 2, p.146-152, 1994.
Santoni, G.; Morelli, M. B.; Amantini, C.; Santoni, M.; Nabissi, M.; Marinelli, O.; Santoni, A.
“Immuno-Transient Receptor Potencial Ion Channels”: The Role in Monocyte-and Macrophage-
Mediated Inflammatory Reponses. Front Immunol, v. 9, p. 1273, 2018.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
90
Schijns, V. E. Immunological concepts of vaccine adjuvant activity. Curr Opin Immunol, v. 12,
n. 4, p. 456-463, 2000.
Seder, R. A.; Darrah, P. A.; Roederer, M. T-cell quality in memory and protection: implications
for vaccine design. Nat Rev Immunol, v. 8, p. 247-58, 2008.
Seubert, A.; Monaci, E.; Pizza, M.; O’Hagan, D. T.; Wack, A. The adjuvants aluminum
hydroxide and MF59 induce monocyte and granulocyte chemoattractants and enhance monocyte
differentiation toward dendritic cells. J. Immunol., v. 180, n. 8, p. 5402–12, 2008.
Singh, B.; Sundar, S. Leishmaniasis: Vaccine candidates and perspectives. Vaccine, v. 30, n. 26,
p. 3834–3842, 2012.
Singh, M. Vaccine adjuvants and delivery systems. John Wiley & Sons, Inc. 2007.
Singh, M.; O'Hagan, D. Advances in vaccine adjuvants. Nat Biotechnol, v.17, n. 11, p.1075-
1081, 1999.
Siskind, G. W.; Benacerraf, B. Cell selection by antigen in the immune response. Adv Immunol,
v. 10, p. 1–50, 1969.
Solano-Gallego, L.; Riera, C.; Roura, X.; Iniesta, Li.; Gallego, M.; Valladares, J. E.; Fisa, R.;
Castillejo, S.; Alberola, J.; Ferrer, L.; Arboix, M.; Portús, M. Leishmania infantum-specific IgG,
IgG1 and IgG2 antibody responses in healthy and ill dogs from endemic areas. Evolution in the
course of infection and after treatment. Vet. Parasitol., v. 96, n. 4, p. 265-276, 2001.
Sparg, S. G.; Light, M. E.; van Staden, J. Biological activities and distribution of plant saponins.
J Ethnopharmacol, v. 94, n. 2–3, p. 219–243, 2004.
Stewart, R. J.; Holloway, L. J.; Isbister, W. H. Peritoneal neutrophilia: a potential indicator of the
surgical acute abdomen. Aust N Z J Surg, v. 54, n. 6, p. 565-568, 1984. Stills, H.F. Jr. Adjuvants and antibody production: dispelling the myths associated with Freund's
complete and other adjuvants. ILAR J/National Research Council, Institute of Laboratory Animal
Resources, v. 46, n. 3, p. 280-293, 2005.
Streit, J. A.; Recker, T. J.; Donelson, J. E.; Wilson, M. E. BCG expressing LCR1 of Leishmania
chagasi induces protective immunity in susceptible mice. Exp Parasitol, v. 94, n. 1, p. 33-41,
2000.
Su, Y.; Richmond, A. Chemokine Regulation of Neutrophil Infiltration of Skin Wounds. Adv
Wound Care (New Rochelle), v. 4, n. 11, p. 631-640, 2015.
Teixeira, C. R.; Teixeira, M. J.; Gomes, R. B.; Santos, C. S.; Andrade, B. B.; Raffaele-Netto, I.;
Silva, J. S.; Guglielmotti, A.; Miranda, J. C.; Barral, A.; Brodskyn, C.; Barral-Netto, M. Saliva
from Lutzomyia longipalpis induces CC chemokine ligand 2/monocyte chemoattractant protein-1
expression and macrophage recruitment. J Immunol, v. 175, n. 12, p. 8346-8353, 2005.
MATHIAS, F. A. S. Referências Bibliográficas
91
Travi, B. L. Ethical and epidemiological dilemmas in the treatment of dogs for visceral
leishmaniasis in Latin America. Biomédica, v.34, p. 7-12, 2014.
Tritto, E., Mosca, F., De Gregorio, E. Mechanism of action of licensed vaccine adjuvants.
Vaccine. v. 27, p. 25-26, 2009.
Tsagozis, P.; Karagouni, E.; Dotsika, E. CD8(+) T cells with parasite-specific cytotoxic activity
and a Tc1 profile of cytokine and chemokine secretion develop in experimental visceral
leishmaniasis. Parasite Immunol, v. 25, n. 11-12, p. 569-79, 2003.
Turner, M. D.; Nedjai, B.; Hurst, T.; Pennington, D. J.; Cytokines and chemokines: At the
crossroads of cell signalling and inflammatory disease. Biochim Biophys Acta, v. 1843, n. 11, p.
2563-2582, 2014.
Vieira, P. M.; Francisco, A. F.; Machado, E. M.; Nogueira, N. C.; Fonseca, K. S.; Reis, A. B.;
Teixeira-Carvalho, A.; Martins-Filho, O. A.; Tafuri, W. L.; Carneiro, C. M. Different infective
forms trigger distinct immune response in experimental Chagas disease. PLoS One, v. 7, n. 3, p.
e32912, 2012.
Vitoriano-Souza, J.; Moreira, Nd; Teixeira-Carvalho, A.; Carneiro, C. M.; Siqueira, F. A.; Vieira,
P. M.; Giunchetti, R. C.; Moura, S. A.; Fujiwara, R. T.; Melo, M. N.; Reis, A. B. Cell recruitment
and cytokines in skin mice sensitized with the vaccine adjuvants: saponin, incomplete Freund's
adjuvant, and monophosphoryl lipid A. PLoS One, v. 7, p. e40745, 2012.
Vitoriano-Souza, J.; Reis, A. B.; Moreira, Nd.; Giunchetti, R. C.; Corrêa-Oliveira, R.; Carneiro,
C. M. Kinetics of cell migration to the dermis and hypodermis in dogs vaccinated with antigenic
compounds of Leishmania braziliensis plus saponin. Vaccine, v. 23, n. 31, p. 3922-31, 2008.
Volpini, A. C.; Passos, V. M.; Oliveira, G. C.; Romanha, A. J. PCR-RFLP to identify Leishmania
(Viannia) braziliensis and L. (Leishmania) amazonensis causing American cutaneous
leishmaniasis. Acta Trop, v. 90, n. 1, p. 31-37, 2004.
Werner, S.; Grose, R. Regulation of wound healing by growth factors and cytokines. Physiol
Rev, v. 83, n. 3, p. 835-70, 2003.
WHO. Integrating neglected tropical diseases into global health and development: fourth WHO
report on neglected tropical diseases, 2017.
Zanin, F.H.; Coelho, E.A.; Tavares, C.A.; Marques-da-Silva, E.A.; Silva Costa, M.M.; Rezende,
S.A.; Gazzinelli, R.T.; Fernandes, A.P. Evaluation of immune responses and protection induced
by A2 and nucleoside hydrolase (NH) DNA vaccines against Leishmania chagasi and
Leishmania amazonensis experimental infections. Microbes Infect. v. 9, p. 1070–1077, 2007.
Zhang, W. W.; Matlashewski, G. Immunization with a Toll-Like Receptor 7 and/or 8 Agonist
Vaccine Adjuvant Increases Protective Immunity against Leishmania major in BALB/c Mice.
Infect Immun, v. 76, n. 8, p. 3777–3783, 2008.
92
12. Anexos
MATHIAS, F. A. S. Anexos
93
Anexo 1
MATHIAS, F. A. S. Anexos
94
Anexo 2