a construção do artista em mi...ação n

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ARTES VISUAIS - BACHAREL JONAS ESTEVES DE BEM A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA EM MIDIAS DIGITAIS E SUA APLICAÇÃO NA CRIAÇÃO DE ARTE CRICIÚMA, JUNHO DE 2009

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A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA EM MIDIAS DIGITAIS E SUA APLICAÇÃO NA CRIAÇÃO DE ARTE CRICIÚMA, JUNHO

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Page 1: A construção do artista em mi...ação n

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE ARTES VISUAIS - BACHAREL

JONAS ESTEVES DE BEM

A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA EM MIDIAS DIGITAIS E SUA APLICAÇÃO NA CRIAÇÃO DE ARTE

CRICIÚMA, JUNHO DE 2009

Page 2: A construção do artista em mi...ação n

Jonas Esteves de Bem

A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA EM MIDIAS DIGITAIS E SUA APLICAÇÃO NA CRIAÇÃO DE ARTE

Projeto de Pesquisa, apresentado para a

Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I do

Curso de Artes Visuais – Bacharelado, da

Universidade do Extremo Sul Catarinense -

UNESC.

Orientadora: Profª. Leila Laís Gonçalves

CRICIÚMA, JUNHO DE 2009.

Page 3: A construção do artista em mi...ação n

JONAS ESTEVES DE BEM

A CONSTRUÇÃO DO ARTISTA EM MIDIAS DIGITAIS E SUA APLICAÇÃO NA CRIAÇÃO DE ARTE

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel em Artes Visuais no Curso da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa Arte e Tecnologia.

Criciúma, 30 de Junho de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. LEILA LAÍS GOLÇALVES - (UNESC) - Orientadora

Prof. LUCIANO ANTUNES - Especialista em Metodologia e Didática - (Instituição)

Prof. SILEMAR M. DE MEDEIROS DA SILVA – Mestrado em Educação - (UNESC)

Page 4: A construção do artista em mi...ação n

Dedico esse trabalho a todas as pessoas que passaram na minha vida e que me apóiam até hoje. A minha mãe e a toda a minha família que nunca deixou de confiar na minha pessoa e nem nos meu planos e sonhos.

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“A arte é pessoal. O artista é um hacker, um criador de mundos, um piloto do foguete chamado liberdade. A arte é uma singularidade.”

Eduardo Kac

Page 6: A construção do artista em mi...ação n

Resumo

Este trabalho de pesquisa foca a arte e tecnologia e busca nas manifestações e

artistas, o fazer da arte com novos meios apresentando um panorama desde o

século XX até os dias atuais. O propósito desta pesquisa foi abordar o processo de

hibridização dos artistas com a tecnologia e levantar como acontece sua formação.

A arte é viva e apresenta influencias das mais diversas áreas do conhecimento e

neste contexto o artista se constrói a partir de hibridizações, experimentações e

atuações fazendo escolhas e definido qual o caminho seguir e que instrumentos

utilizar na sua expressão. Mas como se dá a sua formação quando une questões

artísticas e tecnológicas? Quais são os elementos formais e informais que

contribuem neste processo? O artista é autodidata ou busca cursos para ampliar a

sua compreensão? Qual a seqüência da sua formação: artística tecnológica ou

tecnológica artística? Como acontece o processo criativo na junção de arte e

tecnologia? Como é o dialogo com técnicos ou parceiros? Essas são inquietações

que o estudo busca refletir e abordar a partir de uma contextualização histórica, do

levantamento dos eventos e manifestações importantes que trazem estas produções

e apresenta, enquanto estudo de caso, o processo de construção de artistas

brasileiros fortemente engajados neste panorama. A abordagem da pesquisa é

qualitativa e foi elaborada com base no levantamento bibliográfico e de conteúdos

disponibilizados na internet em sites oficiais dos artistas e dos eventos, e

levantamento de dados, a partir de entrevistas, que contou com a participação de

três artistas atuantes em diferentes técnicas na arte e tecnologia. Uma das

contribuições desta pesquisa é a compilação de material descritivo e ilustrativo sobre

o assunto e a reflexão sobre o processo de hibridização (arte e tecnologia) na

“construção” do artista com as mídias digitais.

Palavras Chave: Artes, Poéticas Digitais, Mídias Digitais, Arte e Tecnologia.

Page 7: A construção do artista em mi...ação n

Lista de Figuras

Figura 1 – Dinamismo de um cão na coleira......................................................................................... 22

Artista: Giacomo Balla, 1911 http://cyberkriszti.wordpress.com

Figura 2 – A garrafa no espaço............................................................................................................. 23

Artista: Umberto Boccioni, 1912 http://www.macvirtual.usp.br

Figura 3 – Construção Cinética............................................................................................................. 24

Artista: Naum Gabo 1920 http://www.artcornwall.org/profiles/Naum_Gabo.htm

Figura 4 – Discos Espirais..................................................................................................................... 24

Artista: Marcel Duchamp, 1923 http://entrelinhas.livejournal.com/36186.html

Figura 5 – Acessorio de luz para um balé............................................................................................. 25

Artista: Lazló Moholy-Nagy, 1923-1930 http://www.moholy-nagy.org

Figura 6 – Construção-cibernetica-espaço-tempo................................................................................ 26

Artista: Nicolas Shöffer, 1956 http://www.olats.org/schoffer/

Figura 7 – Homenagem a Nova York.................................................................................................... 26

Artista: Jean Tinguely, 1960 http://www.tinguely.ch/en/museum/jean_tinguely_follow.html

Figura 8 – Magnet Tv ............................................................................................................................ 28

Artista: Nam June Paik, 1965 http://www.paikstudios.com

Figura 9 – 6 tv-dé-collagen.................................................................................................................... 29

Artista: Wolf Vostell, 1986 http://www.medienkunstnetz.de/works/elektronische-decollage/

Figura 10 – Slipcover ............................................................................................................................ 29

Artista: Lês Levine, 1958 http://www.ccca.ca/artists/artist_work.html?languagePref=en&link_id=5442

Figura 11 – Video coridor ...................................................................................................................... 30

Artista: Bruce Nauman, 1968 http://www.medienkunstnetz.de/works/live-taped-video-corridor/

Figura 12 – Wype Cycle ........................................................................................................................ 31

Artista: Frank Gillete e Ira Scheneider, 1969 http://www.medienkunstnetz.de/works/wipe-cycle/

Figura 13 – Good Morning Mr. Orwell ................................................................................................... 32

Artista: Nam June Paik, 1984 http://www.medienkunstnetz.de/works/goog-morning/

Figura 14 – Sky and life, Sky and body e Sky and Mind....................................................................... 33

Artista: José Wagner Garcia, 1989 http://www.josewagnergarcia.com.br/wagner.html

Figura 15 – Gravidade Zero .................................................................................................................. 34

Artista: Mario Ramiro, 1986 http://www.tate.org.uk/space/spaceart.htm

Figura 16 – S.O.L. Sistema de observação da luz................................................................................ 34

Artista: Grupo Sciarts, 1999 http://sciarts.org.br/obras/girasol/girasol.html

Figura 17 – Reabracadabra .................................................................................................................. 35

Artista: Eduardo Kac, 1985 http://glia.ca/conu/digitalPoetics/prehistoric-blog/

Figura 18 – Videocriaturas .................................................................................................................... 36

Artista: Otávio Donasci, 1986 Site http://www.videocreatures.com/web/frame_fotos.htm

Figura 19 – Narcisos em movimento .................................................................................................... 38

Page 8: A construção do artista em mi...ação n

Artista: Wilson Sukorski, http://www.sukorski.com/sukorski/pdp.htm

Figura 20 – Rara Avis............................................................................................................................ 40

Artista: Eduardo Kac, 1997 http://www.ekac.org/raraavis.html

Figura 21 – Sensorama......................................................................................................................... 42

Artista: Morton Heiling, 1950 http://www.medienkunstnetz.de/artist/heilig/biography/

Figura 22 – Gilbertto Prado ................................................................................................................... 58

Artista: Gilbertto Prado http://www.cap.eca.usp.br/gilbertto/curriculum.html

Figura 23 – 9/4 Fragmentos de azul ..................................................................................................... 59

Artista: Gilbertto Prado 1997, http://www.cap.eca.usp.br/gilbertto/94frag.html

Figura 24 - Celito Medeiros ................................................................................................................... 60

Artista: Celito Medeiros, http://www.celitomedeiros.com.br

Figura 25 - Sacras CM 2862 ................................................................................................................. 60

Artista: Celito Medeiros, http://www.celitomedeiros.com.br

Figura 26 - Eduardo Kac ....................................................................................................................... 61

Artista: Eduardo Kac, http://www.ekac.org/kac2.html

Figura 27 - Teleporting An Unknown State ........................................................................................... 62

Artista: Eduardo Kac, 1994/96 http://www.ekac.org/teleporting.html

Figura 28 – Placa Central Seven ......................................................................................................... 70

Artista: Acervo do Artista

Figura 29 – Tubo de Fotolito ................................................................................................................. 71

Artista: Acervo do Artista

Figura 30 – Vista Interna dos contatos ................................................................................................ 72

Artista: Acervo do Artista

Figura 31 – Vista Externa dos contatos ............................................................................................... 73

Artista: Acervo do Artista

Figura 32 – Vista do Botão Inteiro......................................................................................................... 73

Artista: Acervo do Artista

Page 9: A construção do artista em mi...ação n

Índice 1 Introdução........................................................................................................................................... 13

1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 16

1.2 Obejtivo Especifico.................................................................................................................... 16

1.3 Justificativa................................................................................................................................ 16

1.4 Estrutura do Trabalho................................................................................................................ 17 2 Metodologia da Pesquisa ................................................................................................................... 18

3 Contexto Histórico de arte e tecnologia ............................................................................................. 20

3.1 Inicio do Século XX ................................................................................................................... 20

3.2 Videoarte ................................................................................................................................... 26

3.3 Arte Satelite............................................................................................................................... 30

3.4 Artes ciencias e tecnologia........................................................................................................ 32

3.5 Arte holografica ......................................................................................................................... 34

3.6 Videoteatro ................................................................................................................................ 35

3.7 Musica eletrônica ...................................................................................................................... 35

3.8 Artes telematicas....................................................................................................................... 36

3.9 Realidade virtual........................................................................................................................ 39

4 Eventos Arte e Tecnologia ................................................................................................................. 41

4.1 Arte pelo Telefone: Videotexto.................................................................................................. 41

4.2 Festival Video Brasil.................................................................................................................. 42

4.3 Brasil High Tech ........................................................................................................................ 42

4.4 A Trama do Gosto ..................................................................................................................... 42

4.5 Arte Cidade ............................................................................................................................... 43

4.6 Projeto ornitorrinco .................................................................................................................... 44

4.7 F.I.L.E........................................................................................................................................ 44

4.8 Ars Festival................................................................................................................................ 45

4.9.European Media Art Festival ..................................................................................................... 46

4.10 Flash Howard Film Festival ..................................................................................................... 46

5 Técnicas de hibridização arte e tecnologia ........................................................................................ 48

5.1 Mobile arte................................................................................................................................. 48

5.2 Arte holografica ......................................................................................................................... 48

5.3 Arte na rede Web Arte............................................................................................................... 49

5.4 Musica Eletroacustica .............................................................................................................. 49

5.5 Game arte ................................................................................................................................. 50

5.6 Videoarte e video instalação ..................................................................................................... 51

5.7 Arte cinetica............................................................................................................................... 52

Page 10: A construção do artista em mi...ação n

12

5.8 Arte transgenica ........................................................................................................................ 52

5.9 Pintura Digital Computer Painting ............................................................................................. 53 6 Historico de artistas e suas hibridizações .......................................................................................... 54

6.1 Gilbertto Prado ............................................................................................................................. 54

6.2 Celito Medeiros ............................................................................................................................ 56

6.3 Eduardo Kac................................................................................................................................. 58

6.4 Convergencia de ideias sobre arte e tecnologia.......................................................................... 69

7 A Obra: Seven.................................................................................................................................... 65

7.1 Memorial Descritivo da Obra........................................................................................................ 65

7.2 Exposição da Obra....................................................................................................................... 65

7.3 Processo de Elaboração .............................................................................................................. 65

8 Conclusão........................................................................................................................................... 72

9 Bibliografia.......................................................................................................................................... 73

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13

1. Introdução

“(...) as obras de arte são transitivas. Feitas de matéria é imaterial o que representa; exteriores e sensíveis possuem significado interior e inteligível. Os produtos artísticos são signos de uma outra arte, imaterial. Acima da musica audível, ondulam harmonias inteligentes, que o artista deve aprender a ouvir.” (PLOTINO apud NUNES, 1989, p. 30).

A criação artística contemporânea, diferentemente de tempos atrás,

apresenta várias mudanças em seus aspectos de criação e desenvolvimento.

Antigamente, os artistas e pesquisadores usavam suportes físicos como cavaletes,

tintas, suportes, dentre outros, como na escultura, onde a obra fica sustentada. Já

hoje, o avanço tecnológico dos diferentes meios de comunicação e tecnológicos,

sejam eles de massa ou não, influenciaram diretamente no ato criativo e na forma de

apresentação da obra, possibilitando ir para além do suporte físico.

Não só o artista precisa ouvir mais, mas cabe ao público também escutar a

melodia proposta pela obra. Nesse contexto, com a interatividade, o artista busca a

interatividade do publico fazendo com que não apenas ele participe da criação da

obra. De diversas maneiras a obra de arte atrai o público. A interatividade e muitas

das propostas artísticas contemporâneas são obra com a interação do público. Essa

interatividade surgiu no ano de 1963, quando vários artistas começaram a usufruir

de uma mídia cotidiana, a carta, mais conhecida como postal.

A arte postal foi, até onde pesquisado, a primeira rede de artistas, que até

então não havia sido explorada. Com o uso destas mídias sugiram muitas críticas a

respeito do seu uso. Era uma rede grande que ligava artistas de todas as partes do

mundo, em uma mídia acessível a todos. Porém, o que vem ao caso é que a partir

dessa mídia surgiram outros meios de intervenções em rede, como o telefone, o fax,

entre outros meios massivos de comunicação ou não, pois se via uma necessidade

de uma resposta imediata, de curto prazo. Poderíamos assim datar o início das artes

em rede e o inicio também de uma maior familiaridade dos artistas com as novas

tecnologias. Mais tarde, com a popularização destes meios, surgiram as redes e

multiusuários, que mais a frente desencadearam no aparecimento de grupos

artísticos.

Dessa forma, todo este processo decorreu das evoluções tecnológicas de

cada período, de onde podemos definir tecnologia como um conjunto de processos

Page 12: A construção do artista em mi...ação n

14

especiais relativos a uma determinada arte ou indústria. Linguagem peculiar a um

ramo determinado do conhecimento, teórico ou prático.

Muito importante ressaltar outro conceito de arte:

(...) torna-se impossível fixar a natureza da arte numa definição

teórica tal como é proposta por muitas estéticas filosóficas, do tipo ’a arte é beleza‘, ’a arte é Forma‘, ’a arte é comunicação‘ e assim por diante. Estas definições são sempre históricas, ligadas a um universo de valores culturais em relação ao qual a experiência estética subseqüente é fatalmente encarada como ’a morte‘ de tudo quanto tinha sido e celebrado (ECO, 1995, p. 128).

A arte dentro da história muitas vezes vem a relatar um fato histórico-

cultural de uma região, de um povo, de uma nacionalidade. Sendo assim, difícil dar

uma definição sobre a arte. A arte em mídias digitais não é muito diferente. Do

mesmo modo, é difícil definir sua razão. Passamos do momento de discutir sobre o

que é arte ou não é arte, não cabendo aqui responder a essa pergunta hoje.

Mas, no caso das novas propostas em mídias digitais podemos dizer que há

uma busca pela sensibilidade do público, uma busca por interação entre obra e

público. A nova mídia digital vem trazendo a tecnologia a uso na arte e usufruindo de

seus meios, razão pela qual vemos cada vez mais obras originais e que nos levam a

uma reflexão atualmente. Vemos hoje que o próprio público faz parte do ato criativo.

Podemos dizer que o termo arte em mídias digitais sugere uma direção na

produção artística que atua não somente a interface, mas também com a

informática, com os meios de comunicação mediados pelo computador. A arte em

mídia traz ainda questionamentos sobre o desenvolvimento de software e hardware

hoje, pois cada caso deve ser estudado e desenvolvido. Cada artista hoje traz

consigo um jeito de trabalhar e de desenvolver, e cabe ao artista dialogar com o

programador que irá auxiliar no desenvolvimento de novas interfaces, por exemplo.

Entendemos por hardware todos os equipamentos que são físicos e servem

de intermediário sobre o homem e a máquina, como, por exemplo, o mouse, o

teclado, o scanner e outros meios mais interativos ainda como a data glove, que é

uma luva na qual você pode trabalhar com projetos em três dimensões com maior

interação, ou ainda o capacete de realidade virtual e a realidade ampliada.

Software são os programas que usamos no computador, desde software

básicos, de composição de textos, até os mais avançados, como os programas de

3D, sendo que cada obra interativa mediada por computação gráfica que possui

Page 13: A construção do artista em mi...ação n

15

interatividade com o público exige uma programação, um software específico. O que

chama mais atenção são as diversas possibilidades de produção, a grande

quantidade de programas que são desenvolvidos e como é essa relação entre o

programador e o artista.

Será que o artista em si teria ou tem condições para o desenvolvimento de

um programa? Como seria sua formação quanto ao contexto vivido hoje dentro das

mídias digitas?

Outro assunto a ser lembrado é a preocupação dos artistas quanto ao

aproveitamento de um meio ou tecnologia. Podemos citar, por exemplo, uma

intervenção por meio do telefone. O artista nesse ato converte a função real do

telefone, invertendo sua função para o ideal de seu uso artístico.

Mais que isso, salta aos olhos uma nova apresentação das obras de arte

contemporâneas, relacionadas à rede e as mídias digitais. Seus espaços de

exposição, em várias obras, deixaram de ser físicos para serem em rede de livre

acesso e ao alcance de todos que estiverem conectados a esta rede.

Como foi essa hibridação do artista com as mídias digitais? Que meios ele

usufrui no seu processo criativo? Como aconteceu e acontece o diálogo entre

artistas e programadores das mais diversas áreas? Como saber em que área o

artista pode atuar, qual a origem e como se da o processo de hibridação com a arte

e suas ramificações? E como se dá o processo artístico com as mídias digitais?

Como os artistas usufruem dos meios tecnológicos hoje, como se dá o

relacionamento dentre o programador e o artista? Quais são os berços para essas

novas áreas de atuação artística? Quais critérios de criação os artistas usam para a

aplicação de mídias digitais em suas obras? Quais os eventos em mídias digitais e

onde acontecem atualmente? Quais as diferentes vertentes e campos de atuação

envolvendo arte e mídias digitais? Estas são questões que intrigam a quem se interessa pela arte e as novas

mídias digitais, um campo vasto e em desenvolvimento a ser explorado. A presente

pesquisa visa buscar respostas, ainda que não únicas ou conclusivas, pois é um

campo em desenvolvimento.

Page 14: A construção do artista em mi...ação n

16

1. 1 Objetivo Geral

Analisar a hibridação entre artes e tecnologia, visando o processo de

construção do artista na incorporação de mídias digitais em suas obras.

1. 2 Objetivo Específicos

• Apresentar o histórico das artes e mídias digitais;

• Levantar as características, habilidades, experiências, meios tecnológicos e o

envolvimento de artistas com os meios digitais;

• Elaborar um panorama entre os eventos e exposições que utilizam mídias

digitais;

• Descrever o processo de construção dos artistas digitais.

1.3 Justificativa

Desde minha infância me interessei por vídeo-game, computadores e

aparelhos eletrônicos. Passava horas e horas na frente da televisão jogando jogos

diversos, sempre pensando e questionando como eram feitos os jogos de vídeo-

game, desde a programação até o visual final. Sempre fui aficionado por aparelhos

eletrônicos e sempre tive contato direto com eles. Fazia manutenção, misturava

peças, enfim, experiências essas que me proporcionaram um grande e vasto

repertório sobre experiências nas mais diversas áreas.

Conforme foi passando o tempo, fui me aprimorando, conhecendo novas

tecnologias, tanto que quase ingressei no curso de Ciência da Computação. Mas ao

longo do tempo outras experiências foram surgindo e me interessei pela arte, e essa

falou mais alto na escolha da minha carreira profissional. Assim, ingressei no curso

de Artes Visuais.

Durante minha trajetória acadêmica, comecei a notar diferentes áreas em

que a arte se destacava áreas essas que até então desconhecia, como as

instalações interativas, Artes Digitais, entre outras ramificações. A que mais me

chamou a atenção foi a de Poéticas Digitais titulo de uma disciplina que me abriu um

grande leque de opções em que pretendo atuar profissionalmente.

Page 15: A construção do artista em mi...ação n

17

Esta pesquisa veio a colaborar para ampliar a compreensão sobre como

hoje se constitui a formação do artista com as mídias digitais, seus diferentes

campos de atuação e um breve panorama dos eventos relacionados. Penso estes

elementos ligados em uma única obra e acredito que isso facilita a investigação de

outros campos de atuação a partir desta pesquisa.

1.4 Estrutura do trabalho

Este trabalho possui oito capítulos, todos contendo se contextualização e a

relação do artista com as mídias digitais.

A metodologia é delineada no Capítulo 2 indicando o tipo de pesquisa,

métodos utilizados e forma de apresentação da obra.

No Capitulo 3 é contextualizado o histórico das artes com a tecnologia

sendo datado desde o século XX até os dias atuais.

No Capítulo 4 é aberto um panorama dos diversos eventos relacionados

com as artes e tecnologia que ocorrem no mundo inteiro e suas diferentes vertentes.

Com o histórico desenvolvido e com a abordagem dos eventos ficou mais

fácil desenvolver o Capitulo 5 onde é mencionado as diferentes vertentes dentre a

arte e a tecnologia, suas diferentes formas de utilização e campos de atuação.

No Capítulo 6 foi desenvolvido um histórico com base em três artistas

relacionados com a arte e tecnologia onde no mesmo capitulo se encontra uma

analise, uma convergência de idéias sobre arte e tecnologia.

No Capítulo 7 foi elaborado o memorial descritivo da obras contextualizando

o seu processo de criação e desenvolvimento, desde a concepção da idéia até a

construção física do mesmo.

Por fim, tem-se a conclusão e as sugestões de trabalhos futuros.

Page 16: A construção do artista em mi...ação n

18

2 Metodologia da pesquisa

A linha de pesquisa do presente trabalho seguirá uma abordagem

qualitativa. A abordagem qualitativa se apresenta como:

(...) parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. O conhecimento não se restringe a um rol de dados isolados, ligados apenas por uma teoria explicativa. O sujeito observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro, está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações (CHIZZOTTI apud ACAFE, 2008, p. 10).

A pesquisa qualitativa visa trabalhar com o subjetivo, descrevendo e

levando a compreensão para futuras interpretações e reflexões, importante para a

pesquisa exploratória. Com a pesquisa qualitativa é possível levantar dados e buscar

maior familiaridade com objeto ou fenômeno a ser pesquisado, como, no caso, o

campo artístico-tecnologico, levantando exemplos para uma melhor discussão e

reflexão sobre os processos criativos em artes e mídias digitais.

Para melhor compreensão do processo a ser pesquisado, no presente caso

os processos criativos em mídias digitais, será utilizado como procedimento

metodológico um questionário, visando maior familiaridade com a arte e as novas

tecnologias. Neste questionário (ver apêndice 1) consta as questões a serem

respondidas por artistas que atuam na área da arte e das novas tecnologias e

artistas brasileiros que tiveram essa hibridação por já fazerem parte da área de artes

e que começaram a ter influência das novas tecnologias. Também será mencionado

um breve histórico das artes e sua relação com as mídias digitais, desde as

primeiras experiências em redes e as primeiras propostas com tecnologia,

computação gráfica, entre outros, buscando as ramificações e campos de atuação,

assim como eventos e questionamentos sobre algumas obras de arte produzidas

nesses dois campos.

Os Métodos utilizados nesta pesquisa exploratória foram:

Levantamentos em fontes secundárias: referencial bibliográfico,

levantamento histórico a partir de sites relacionados a artes e tecnologia sendo estes

mesmo oficiais bibliografia de artistas relacionados ao tema assim como suas obras,

sites de evento na área de arte e tecnologia em suas mais diversas ramificações.

Estudo de casos selecionados: Observação e levantamento através de

Page 17: A construção do artista em mi...ação n

19

um questionário, onde se pode observar as diversas influências que os artistas

citados tem ao longo de sua carreira, bibliografia e a formação do artistas e o

questionamento sobre a criação da obra em arte e tecnologia

Observação informal: Observação e convergência de idéias sobre a arte e

tecnologia.

Questionamento sobre a formação e quais os campos de atuação dentro da

arte e tecnologia que o artista hoje pode estar atuando e os diferentes eventos

atuantes em diversas partes do mundo

Produção de uma obra que dialoga com o público contextualizando a área

de arte e tecnologia, evidenciando conhecimento autodidata em tecnologia e

evidenciando minha formação em Artes passando assim pelas dificuldades

proporcionadas ao longo da obra. Contando com um memorial descritivo onde é

mencionado desde a concepção da obra até a busca de materiais e a sua produção,

busca por técnicos e parceiros, contando com o levantamento de materiais.

Page 18: A construção do artista em mi...ação n

20

3 Contexto Histórico da Arte e Tecnologia

Evidencio as primeiras manifestações da arte e tecnologia ou tecnologia e

arte, o que data-se do início do século XX com as primeiras rupturas dos meios

tradicionais da arte. Dentro das manifestações percebo que o uso de materiais não

convencionais no campo da arte começa a ser visível entre artistas da época. Entre

outros aspectos tecnólogos de outras áreas começam a hibridizar do campo da

tecnologia e arte.

3.1 Inicio do século XX

A partir do século XX, as obras de arte começam a se desprender dos

suportes tradicionais, como, por exemplo, a moldura dos quadros, suportes para a

escultura, o pedestal e também seus lugares de representação deixaram de ser os

museus e galerias, ocupando assim lugares diferentes. Segundo Priscila Arantes:

Fragmentos de jornal, maços de cigarro, papéis de parede, tirados da realidade e incorporados à superfície da tela são indicadores da substituição da representação da realidade, por sua própria apresentação. Não se trata mais de erguer um espaço metafórico, ilusionista no qual uma janela parece abrir-se recortando um ’pedacinho do mundo’ (2005, p. 34).

Com essas mudanças da representação, começam a ser incluídas nas

obras de arte materiais desprovidos de valor. Materiais usados no cotidiano,

industrializados, são trazidos cedendo lugar a imagem e sua aproximação com a

realidade à representação do próprio objeto ali presente.

Também são trazidos para o âmbito da arte objetos como o fax, o telefone,

a câmera de vigilância e outros produtos utilizados nos meios de comunicação.

Todos esses elementos, sendo introduzidos à arte, tiveram seu inicio com a crise da

representação, onde artistas como Renoir e Degas abdicaram do uso das cores

absolutas para usufruírem das cores arbitrárias, fazendo com que haja um

distanciamento da realidade até então trabalhada com as cores absolutas. Segundo

a autora:

A partir de pesquisas sobre variantes de cor e sobre a incidência da luz solar nos objetos naturais, Monet, Degas e Renoir, entre outros pintores impressionistas, abdicam da cor absoluta, abrindo as portas

Page 19: A construção do artista em mi...ação n

21

para a utilização da cor arbitraria empregada de forma mais contundente pelos pintores fauvistas, como Henri Matisse e André Derain. Ao tornar as cores arbitrárias, os artistas se libertam da fidelidade das cores dos objetos representados, o que significa um primeiro passo rumo a Crise da representação (ARANTES, 2005, p. 33).

A substituição da arte, sua representação pelo real, substituída pela peça

real, industrializada, palpável, fez com que cada vez mais os suportes tradicionais

fossem sendo substituídos.

Podemos citar, por exemplo, a POP ART, que tirava objetos do público, da

massa, e os colocava em outra função. Com as revoluções no cenário industrial e

tecnológico, a estetização dos objetos industriais fez com que o produto, a obra,

andasse lado a lado, uma puxando as influências da outra. Objetos industrializados

passaram a ser retirados do cotidiano, do dia-a-dia e colocados em debate no

cenário das artes.

A escultura perde a sua forma imóvel, entregando-se a outras formas,

mutáveis, móveis, deixando de ser seu criador primo, o artista, dividindo espaço com

o público. A interatividade entra em questão, deixando de conduzir a um único

sentido, a uma única percepção, que era a visão, levando ao uso de outros sentidos

do público, como o tato o olfato, te levando às outras reflexões.

No meio do contexto das obras de artes criadas no século XX com toda a

sua inquietude, se insere uma série de artistas que começam a trabalhar com artes,

ciências e tecnologia. Evidenciam-se o uso de motores, luzes, satélites,

equipamentos tecnológicos que fugiam de sua funcionalidade para servir a arte.

Como menciona Priscila Arantes:

“O espectador – que já então não é apenas o espectador imóvel – é chamado a viver a participar ativamente da obra, que não se esgota, que não se entrega totalmente, no mero ato contemplativo: a obra precisa dele para se revelar em toda a sua extensão. Mas aquela estrutura móvel possui uma ordem interna, exigências, e por isso não bastara o simples movimento mecânico da mão para revelá-la. Ela exige do espectador uma participação integral, uma vontade de conhecimento e apreensão” (ARANTES apud FERREIRA, 2005, p. 36)

Na Arte Futurista, artistas como Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Marcel

Duchamp, Naum Gabo e Pevsner, expõem obras que reverenciam a beleza

maquinica, evidenciam o fazer dinâmico. Entre as primeiras manifestações futuristas

encontramos Giacomo, pintor italiano que trabalhava com o dinamismo das formas,

Page 20: A construção do artista em mi...ação n

22

com a situação da luz e a integração do espectro cromático, tendo assinado em

1901 o manifesto técnico da pintura futurista. Dentre suas obras se destaca a pintura

Dinamismo de um cão na coleira, de 1911 (figura 1), onde o artista se preocupava

em encontrar uma maneira de visualizar as teorias do movimento.

Figura 1: Dinamismo de um cão na coleira

Giacomo Balla, 1911

No ano de 1912, Umberto Boccioni, pintor e escultor, foi o mais importante

teórico do futurismo, com A garrafa no espaço (figura 2). A pequena peça estrutura-

se em torno da forma de um cilindro, na qual o artista usou um principio de

decomposição. Ao observar as obras de Giacomo Balla e Umberto Boccioni notamos

o dinamismo, o movimento, marcante em cada uma das obras. Nesse sentido, a

obra de Umberto A garrafa no espaço parece se desfazer, desmanchar, tomando

outra forma no espaço, se decompondo. As obras dos dois artistas “evidenciam a

preocupação dos artistas futuristas em desenvolver um objeto dinâmico que se

manifestasse no fluxo espaço tempo” (ARANTES, 2005, p. 38).

Page 21: A construção do artista em mi...ação n

23

Figura 2: A garrafa no espaço

Umberto Boccioni, 1912

Em 1920, Naum Gabo, escultor russo do construtivismo, desenvolveu uma

escultura que fogiu dos padrões estabelecidos até então (figura 3). Com sua

escultura Construção cinética, a partir de uma vara metálica ligada a um motor, ele

criou uma escultura que renunciava a massa escultórica, se impondo através de seu

movimento, criando uma forma virtual. Naum Gabo utilizava matérias como plástico,

vidro e metais, dando vida a eles, trabalhando muito com o movimento. Naum Gabo

e Pevsner, que era seu irmão, seguidor da pintura cubista, utilizaram o termo

cinético no manifesto realista para se referir às novas práticas artísticas que

oferecem ao observador uma nova relação espaço-temporal (Idem, 2005, p. 38).

Figura 3: Construção Cinética

Naum Gabo, 1920

Page 22: A construção do artista em mi...ação n

24

Já em 1923, o artista francês Marcel Duchamp, em seus Discos espirais

(figura 4), utiliza uma máquina motorizada para que círculos desenhados em papel

girem sobre uma placa rotativa. Conforme esses discos fossem girando, os

desenhos ali pintados pareciam círculos concêntricos, causando um efeito de

espiral.

Figura 4: Discos Espirais

Marcel Duchamp, 1923

Assim como Naum Gabo, com a utilização de materiais elétricos e

tecnologia, o artista húngaro Lazló Moholy-Nagy, entre 1923 e 1930, criou a obra

Acessório de luz para um balé (figura 5), o qual era uma espécie de escultura

maquinica que desenhava em torno de seu eixo um amplo tecido de luz e sombra.

Moholy-Nagy foi influenciado pelo construtivismo russo e defendia a integração da

tecnologia industrial do design na área das artes. Para ele, não havia fronteiras

neste hibridismo entre a fotografia, a escultura, arquitetura e as artes.

Page 23: A construção do artista em mi...ação n

25

Figura 5: Acessório de luz para um balé

Lazló Moholy-Nagy, 1923-1930

O artista Nicolas Shöffer, também Húngaro, em sua criação Construção-

Cibernética-Espaço-Tempo (CYSP), em 1956 (figura 6), utilizou dispositivos para

criar a sensação de movimento numa estética que se dava no tempo. A obra

escultórica era interativa, através da qual se controlava por intermédio de um painel

de controle, foi usada em várias apresentações, como na primeira execução pública,

no Teatro Sarah Bernhardt (atual Teatro de la Ville, Paris), durante uma Noite de

Poesia organizada por Andre Parinaud, no mesmo ano de sua criação.

Figura 6: Construção-cibernetica-espaço-tempo

Nicolas Shöffer, 1956

Page 24: A construção do artista em mi...ação n

26

Por sua vez, o artista suíço Jean Tinguely, desafiou os limites da máquina e

da tecnologia industrial. Homenagem a Nova York, de 1960 (figura 7), foi a obra que

Jean Tinguely apresentou no jardim do museu de arte moderna de Nova York,

podendo ser descrita como uma escultura que, com o passar de sua apresentação,

ia se auto-destruindo. Tinguely foi visto como um marco inovador na época pela sua

busca de interatividade com o publico, já que muitas das suas obras eram

interativas.

Figura 7: Homenagem a Nova York

Jean Tinguely, 1960

Podemos notar que, no decorrer do tempo, a arte se envolvia cada vez mais

com a tecnologia, sendo que, nos anos 60, iniciou-se outro movimento que envolvia

arte e tecnologia: para ser mais exato, as linguagens audiovisuais.

Sobre o período anterior aos anos 60, nota-se a utilização de diferentes

meios artísticos em união com diferentes meios tecnológicos, trabalhando uma nova

relação espaço-temporal, já citada anteriormente por Arantes, e mostrada pelas

obras de diferentes artistas de distintas épocas. Agora, com a videoarte em

crescente evolução a partir dos anos 60, um dos conceitos fundamentais é a idéia

de tempo, “(...) tempo inscrito na imagem, tempo de transmissão da imagem e a

duração de tempo necessária à sua apreensão sensória. (ARANTES apud

CRISTINE, 2005, p. 39).

3.2 Vídeoarte 1960

Nos anos 60, vimos nascer a manifestação do videoarte nos Estados

Unidos, assim como o movimento das estéticas informacionais, que buscavam,

através de cálculos matemáticos rigorosos, avaliar a informação estética contida em

uma obra artística. Essas estéticas informacionais buscavam analisar e avaliar a

Page 25: A construção do artista em mi...ação n

27

obra de arte não mais pelos conceitos psicológicos, tais como expressão e emoção,

e sim buscavam avaliar pela originalidade da obra, configuração e outros aspectos

informacionais da obra. Visava também construir moldes de quais as obras de arte

pudessem ser calculados em qualquer tempo, período ou movimento da sociedade.

Segundo MAchado, “se bem que, como sói acontecer essa tendência julgava

construir modelos probabilísticos universais, aplicáveis à produção estética da

humanidade de qualquer tempo” (MACHADO, 2001, p. 21).

Os artistas da arte e vídeo trabalhavam com hologramas, computadores,

sintetizadores e uma infinidade de maquinários sonoros. Basicamente, os artistas

dessa época visavam o trabalho com a intervenção das imagens.

No final dos anos 60 nasce o EAT, um grupo de experimentos em arte e

tecnologia. Fundado por Billy Klüver, Robert Rauchemberge e outros artistas em

Nova York, o objetivo do EAT era possibilitar o desenvolvimento de propostas

artísticas em co-autoria entre artistas e engenheiros.

O artista coreano Nam June Paik, um dos pioneiros no campo da videoarte,

começou sua carreira na Alemanha, juntamente com o artista Joseph Beuys e o

grupo Fluxus, onde mais tarde iria se distanciar para seguir carreira solo. Em 1965,

interferiu no fluxo de elétrons do tubo iconoscópio de uma televisão, através de imãs

poderosos, em sua obra Magnet TV (figura 8).

Figura 8: Magnet Tv

Nam June Paik, 1965

Page 26: A construção do artista em mi...ação n

28

Do mesmo modo, trabalhando no fluxo da imagem da televisão, o artista

alemão Wolf Vostell, que também participava do grupo Fluxos, juntamente com Nam

June Paik, em sua obra chamada 6 Tv-dé-coll/agen, de 1968 (figura 9), uma vídeo

instalação em que ele disponibilizava de 6 monitores que transmitiam uma espécie

de “destruturação” da imagem através de uma intervenção no fluxo eletromagnético.

Para ser exato, Vostell começa a usar a televisão em suas obras a partir de 1963, e

entre 1962 e 1967 ele publica a revista Dé-Coll-Age, que era como um fórum para

arte e intermídia da época. Assim, muitos artistas da época da vídeoarte

trabalhavam nessa “destruturação”, promovendo um trabalho de corrosão dos

aparelhos produtores de imagem técnica, criando diferentes texturas e configurações

(MACHADO, 2001, p. 22).

Figura 9: 6 tv-dé-collagen

Wolf Vostell, 1986

No ano de 1966, temos o artista, fotógrafo e pintor Lês Levine. Lês Levine

começou a trabalhar em Nova York, logo após a sua imigração, em 1958. Entre as

suas obras, a que mais se destaca nessa época da videoarte é a Slipcover, (figura

10).

Page 27: A construção do artista em mi...ação n

29

Figura 10: Slipcover

Lês Levine, 1958

Bruce Nauman, pintor, se dedicou às áreas da escultura, performance e

cinema, em 1966. Já em 1968, temos a sua obra Vídeo Corridor (figura 11), a qual

se tratava de um corredor com 10 metros de comprimento e 50 centímetros de

largura. Ao fim desse corredor se encontravam dois monitores, um acima do outro,

que disponibilizava imagens do público ao entrar no estreito corredor.

Figura: 11 Video coridor

Bruce Nauman, 1968

Page 28: A construção do artista em mi...ação n

30

Em 1969, temos a obra Wipe Cycle (figura 12), com a colaboração de dois

artistas, Frank Gillete e Ira Schneider. Frank Gillete começou a trabalhar com vídeo

um pouco depois de 1968 e Ira Schneider fez suas primeiras gravações em 1969.

Wipe Cycle disponibilizava 9 monitores e uma câmera de vídeo ao vivo, trabalhando

com um ciclo como uma forma de perturbar o funcionamento da televisão.

Figura 12: Wype Cycle

Frank Gillete e Ira Scheneider, 1969

3.3 Arte Satélite 1980

Em 1980, surgiram as primeiras manifestações com Sky-Arte. Otto Piene,

um dos pioneiros na área, diz que podemos dividir a Sky-Arte em duas frentes de

trabalho: o trabalho que é fruto das informações capturadas do espaço via satélite, e

aquelas que utilizam informações capturadas da terra (ARANTES apud POPPER,

2005 p. 43).

Partindo dos primeiros trabalhos com Sky-arte:

Em geral, os trabalhos em sky-arte vão além da superfície da terra, situando-se.

Page 29: A construção do artista em mi...ação n

31

Na escala do espaço sideral. Invisíveis a olho nu, os satélites que navegam no espaço e os sensores e radares que habitam a Terra, captam sinais micro e macro, impossíveis de ouvir e ver pela percepção humana normal.

Nam June Paik, em 1984, começa a desenvolver projetos via satélite. Seu

principal projeto foi Good Morning Mr. Orwell (figura 13). Baseado no romance de

George Orwell, Good Morning Mr. Orwell, onde ele vê a televisão como uma

ferramenta de aspecto negativo, de manipulação. Nam June Paik, ao contrário, em

sua obra, mostra o lado positivo que se pode ter com a televisão por satélite. Ele

contou com a colaboração de diversos artistas de Nova York, Paris e São Francisco.

Figura 13: Good Morning Mr. Orwell

Nam June Paik, 1984

Partindo da ousadia de Nam June Paik, de desmistificar escritores, temos a

obra Bye Bye Mr. Kipling (1986), contrariando a obra do escritor Rudyard Kipling,

que no inicio do século afirmara que Ocidente e Oriente nunca se uniriam, no qual

ele envolve cidades como Seul, Tóquio e Nova York.

Trabalhando com o uso de satélite no movimento do Sky-Arte ,aqui no

Brasil, em 1989 o artista José Wagner Garcia cria uma trilogia com suas obras, Sky

and Life, Sky and Body e Sky and Mind (figura 14). Trabalhando com três diferentes

modalidades de captura de sinais, José Wagner Garcia trabalha em Sky and Life

com a captura de sinais captados por estrelas tipo G5. Esses dados coletados eram

convertidos em imagens fractais, que eram devolvidos ao espaço como uma forma

de resposta.

Page 30: A construção do artista em mi...ação n

32

Em Sky and Body, a idéia era capturar as imagens da terra a partir do

espaço através de um balão estratosférico do instituto nacional de pesquisas

espaciais (INPE). Foi instalada no balão uma câmera de slow-scan TV acoplada a

uma câmera de vídeo que gravava imagens da Terra em tempo real.

Já em Sky and Mind, o Artista desenhou trigramas do I-Ching que podiam

ser vistos do espaço e que foram fotografados a 800 quilômetros de altura pelo

satélite Landsat 5-TM.

Figura 14: Sky and life, Sky and body e Sky and Mind

José Wagner Garcia, 1989

3.4 Artes, Ciências e Tecnologia 1986

Com os desenvolvimento e evolução das pesquisas nas áreas da geologia e

física, em 1986, o artista brasileiro Mario Ramiro, ao lado de artistas de outros

países, realizou esculturas que exploravam o campo magnético (figura 15). Em sua

obra Gravidade zero, Mario liberou a escultura de sua base com materiais como o

latão, eletroímã, palha de aço e um controle eletrônico. Vale ressaltar que Mario

Ramiro trabalhava com multimeios, e seus trabalhos vão além da escultura, como

podemos citar o uso do rádio, telefone, fax, secretaria eletrônica, entre outros. O

mencionado artista residiu muitos anos na Alemanha e outra obra que se encaixa

nesse período de Mario Ramiro é Campo de força, onde ele trabalha com a criação

de uma escultura térmica que tinha como resultados volumes não materiais e

invisíveis ao redor da escultura.

Page 31: A construção do artista em mi...ação n

33

Figura 15: Gravidade Zero

Mario Ramiro, 1986

O grupo brasileiro Sciarts, em 1999, trabalhou em um projeto chamado Gira

S.O.L - Sistema de Observação da Luz (figura 16). A obra contava com tecnologia

mecatrônica, com a utilização de um tripé com mecanismos mecânicos, onde as

pernas eram móveis e serviam de sustentação a uma câmara. O mesmo podia se

movimentar conforme a incidência da luz sobre a câmara, fazendo com que a

escultura se movimentasse na direção da luz do sol.

Figura 16: S.O.L. Sistema de Observação da Luz,

Grupo Sciarts, 1999

Page 32: A construção do artista em mi...ação n

34

3.5 Arte Holográfica 1982

Em 1948, o físico Dennis Gabbor descobriu e desenvolveu tecnicamente um

novo principio óptico baseado na interferência de ondas luminosas: a Holografia. Na

holografia, cada ponta de filme holográfico leva informações sobre um objeto inteiro,

onde esse objeto é armazenado através de um código microscópico. Quando a luz

incide sobre o holograma as imagens guardadas saltam para o espaço, formando

assim uma imagem em sua tridimensionalidade.

Só em 1982, Fernando Catta-Preta, após estudar no exterior, fundou o

primeiro laboratório particular de holografia do país. Desde então, tem trabalhado em

diversos projetos, alguns com parceria de Eduardo Kac. O primeiro trabalho de

holoarte no Brasil foi Holomandra, de 1982.

A partir de 1983, Eduardo Kac começou a trabalhar com sua criação: os

holopoemas ou holopoesia. A holopoesia consiste, como ele mesmo cita em seu

livro, Luz e Letra 2004: “em letras tridimensionais esculpidas com raio laser que

flutuam no ar. Surgem e desaparecem mudam de forma e de cor, alteram sua

posição no espaço em função do ângulo de observação do espectador. Uma obra

que podemos citar é Reabracadabra, de 1985 (figura 17).

Figura 17: Reabracadabra

Eduardo Kac, 1985

Page 33: A construção do artista em mi...ação n

35

3.6 Vídeo-teatro 1986

Em 1986, Otávio Donasci criou o Vídeo-teatro (figura 18), uma espécie de

teatro no qual os personagens tinham seus rotos substituídos por telas de cristais

líquido, além dos personagens performers, bonecos, fantoches e animais

amestrados que também tem suas faces substituídas (Luz e Letra. Kac p35).

A idéia era criar um híbrido entre o homem e a máquina, uma espécie de

ciborg, onde sua armação é montada a quente com tubos de PVC e o artista ou ator

é coberto por um manto preto. Cada tela ou monitor são ligados por cabos a um

gravador de vídeo, que mostra a imagem de um ator recitando monólogos ou

conversando com outras criaturas. O interessante é que, por exemplo, se um ator

morre, sua face vai desaparecendo aos poucos, até se apagar, ou em um momento

de raiva, sua boca vai se ampliando, em um big close-up.

Figura 18: Videocriaturas

Otávio Donasci, 1986

3.7 Musica Eletrônica 1989

A partir de 1989, tivemos as primeiras manifestações de arte com musica

eletrônica no Brasil, que é pouco citada em pesquisas no histórico da

contextualização de arte e tecnologia. Nesta área podemos citar dois artistas, que

são Flô Menezes e Wilson Sukorski.

Flô Menezes é um dos artistas com maior projeção no cenário internacional.

Sua formação teve inicio na Universidade de São Paulo e, posteriormente, estudou

no exterior, como na Alemanha, de onde ele leva os traços da influência do

Page 34: A construção do artista em mi...ação n

36

pensamento germânico em suas produções. No Brasil, tem exercido um grande

papel na formação de novos compositores.

Por sua vez, Wilson Sukorski é um compositor e pesquisador brasileiro,

natural de São Paulo. Seu trabalho ultrapassa o campo da composição, atuando

também no campo da performance multimídia, designer, construção de instrumentos

e pesquisa com áudio digital, atuando em áreas como o rádio, cinema e teatro. Uma

obra interessante que podemos citar de Wilson Sukorski é a Narcisos em movimento

(figura19), que pode ser descrita do seguinte modo:

Uma instalação visual e Sonora, utilizando: 10 sensores de arquivos de som de 512 mbytes, câmera de vídeo, computador mini Mac, 20 caixas acústicas de, projetor de vídeo, vários programas de alta tecnologia em áudio e vídeo (Max Jitter, Isadora, Áudio Mulch, etc). Em uma superfície de poliéster esticado é projetada a imagem captada por uma câmera colocado logo a frente. Quando uma pessoa passa em frente a essa câmera, sua imagem sofrera um efeito ’butterfly‘. I.E, quando todos os frames que compõem uma seqüencia ficam congelados e frisados. Ao mesmo tempo, será disparado sons via duas caixas acústicas que reagem ao movimento dos passantes instaladas nas laterais da tela. Outros efeitos ou mesmo seqüência de efeitos podem ser facilmente implementados. (Disponível em: http://www.sukorski.com/).

Figura 19 Narcisos em movimento,

Wilson Sukorski

3.8 Artes Telemáticas 1990

Dá-se o nome de telemática à associação dentre as telecomunicações e a

informática nos trabalhos realizados com as redes de computadores.

Page 35: A construção do artista em mi...ação n

37

Desde sua popularização, na década de 90, a comunicação via rede

telefone, levaram o receptor a ter uma interação maior com a obra de arte,

possibilitando assim uma maior interação, em tempo real (online).

As primeiras redes de artistas datam de 1963, com a fundação da New York

Correspondence School of Art pelo artista Ray Johnson, ano que marca o

nascimento da arte postal.

A arte postal buscou explorar mídias cotidianas, antes usadas no dia-a-dia,

mais especificamente as cartas. A arte postal desafiou a crítica devido ao desvio de

sua função. Tornou-se uma grande rede, com centenas de artistas. Na época, as

tecnologias eletrônicas não eram acessíveis a todos, favorecendo assim a arte

postal.

Dos anos 60 até o inicio dos 80, muitos países se encontravam em regimes

onde a arte postal era favorecida por ser a única forma de intervenção. Nos anos 70,

entre a arte postal e outras manifestações artísticas em rede, estavam as recentes

possibilidades eletroeletrônicas/informáticas.

Nesse meio tempo, entre os anos 60 e 80, pra ser mais exato nos anos 70,

os artistas começavam a utilizar meios relacionados ao eletroeletrônico e à

informática. Artistas esses que não queriam trabalhar com o lento processo dos

postais. Queriam eles repostas imediatas. Esses experimentos começaram com o

uso de satélites, SSTV, redes de computadores pessoais, telefone, fax, enfim meios

esses usados no cotidiano, mas relacionados à informática e telecomunicações.

Foram diversas as manifestações que possibilitaram a criação das primeiras

redes, dentre elas os desenvolvimentos tecnológicos, tais como o telegrafo, o fax, o

telefone, o computador. Hoje, um computador ligado a grande rede de

computadores, internet, tem a capacidade de assimilação de todas as mídias, em

um único aparelho tecnológico. Como cita Fabiano Nunes, até agora a internet é o

maior meio de comunicação em potencial, já que além de ser de caráter mundial, é

bem vista comercialmente ao passo que não só divulga produtos como também os

vende diretamente (NUNES, 2003, p. 17).

A grande rede de computadores teve inicio com a Arpanet, que era uma

rede descentralizada e super-ramificada, que mantinha os centros de inteligência

interligados. Sua origem data dos anos 60, época da guerra fria, onde os Estados

Unidos se preocupavam com as ameaças de um ataque nuclear massivo com a Ex-

União Soviética (URSS). Mudando o enfoque de sua utilização, em 1985, a rede de

Page 36: A construção do artista em mi...ação n

38

computadores começa a ser utilizada em fins de pesquisas universitárias, fazendo

uma comunicação entre universidades americanas e européias. Em 1991, tivemos a

chegada a rede internet em universidades aqui no Brasil, sendo que, em 1994,

começaram as primeiras tentativas de acesso comercial à internet.

Dentro da criação de arte com a interatividade que pôde ser alcançada com

o advento da internet e outros meios tecnológicos, temos a criação de Eduardo Kac,

a obra Rara Avis.Rara Avis. Caracterizava-se por um ambiente imersivo criado em

um viveiro, onde o usuário é convidado a emergir em um campo de visão de uma

arara localizada dentro do viveiro com outros pássaros de verdade. Seu campo de

exploração se dá, primeiramente, através de um capacete localizado junto com o

ambiente. Com o capacete, o público interage no campo de visão da arara robótica

dentro do viveiro. Em seguida, pessoas ligadas à internet podiam ingressar nesse

ambiente e ter o mesmo campo de visão que se tinham do capacete (figura 20).

Fonte: http://www.ekac.org/

Figura 20 Rara Avis

Eduardo Kac, 1997

O artista, com os mais diversos suportes tecnológicos, atualmente, liga

múltiplas produções via internet. A rede amplia a área de atuação dos artistas,

Page 37: A construção do artista em mi...ação n

39

porém, o artista tem que ser técnico e artista ao mesmo tempo, a ponto de usufruir

ao máximo dos aparatos tecnológicos.

A rede também amplia as interações entre a obra e o público, como citado

anteriormente na obra de Eduardo Kac. São diversas as técnicas e meios de

produção via rede, onde os novos meios não acabam com os antigos meios. Pelo

contrário. Eles se reformulam e se hibridizam para o uso com os novos meios.

O que temos hoje é um processo de transformação e hibridização de

técnicas. No inicio, as redes de computadores eram estabelecidas e, após seu

processo de produção e performance da obra, a rede era desfeita. Hoje,

contrariamente, fica a critério dos artistas se a obra continua aberta na rede para

interação com o público.

3.9.Realidade Virtual 1960

A realidade virtual, segundo Derrick de Kerckhove (1990), é um campo

vasto para experimentações e produções artísticas que se encontra em pleno

desenvolvimento. Hoje artistas contemporâneos exploram a realidade virtual para

criar espaços interativos que revelam oportunidades para que as pessoas possam

interagir e apreciar as obras de arte.

A realidade virtual segundo Gilberto Prado:

“Um mundo virtual é definido por Phillipe Quéau (1993), como uma Base de dados gráficos interativos explorável e visualizável em tempo real sob a forma de imagens sintéticas tridimensionais de forma a dar sentimento de imersão a imagem.” (Prado, 2003 p.203).

A realidade virtual fora de seu enfoque artístico teve suas primeiras

manifestações nos anos 60, onde era usada em simuladores de vôo pelos pilotos,

com o uso de aparatos tecnológicos específicos, como o capacete de realidade

virtual HMD (Head Mount Display).

No anos 80, a realidade virtual começou a entrar mais em evidência, sendo

usada pelos Estados Unidos, mais precisamente a NASA, para criar sistemas novos

de imagens interativas geradas por intermédio do computador. Em 1989, o

lançamento do Simnet pelo departamento de defesa norte americano, que foi uma

rede experimental de Workstations baseado em microcomputadores, permitiu a

prática de operações de combate em sistemas de treinamento interativo, em tempo

Page 38: A construção do artista em mi...ação n

40

real. O Simnet já teve sua utilização em treinamentos militares, como no caso do

treinamento das tropas norte-americanas para a guerra do Golfo Pérsico, em 1991.

Assim, o departamento de defesa norte americano é o maior desenvolvedor de

ambientes virtuais.

A realidade virtual, diferente do mundo físico, é baseada em dados,

informações numéricas e binárias. Sendo um ambiente imersivo, se difere das outras

formas ópticos-tecnológicas, como a fotografia , o cinema e o vídeo, já que não se

tem vinculo com a realidade física.

No mundo virtual imersivo o participante tem várias opções de

interatividade, como tocar, ouvir e manipular objetos que não existem, objetos esses

que não obedecem as regras do mundo físico, isso sem dizer que o próprio usuário

acaba usufruindo dessa “quebra de regras”. Os hardwares utilizados em realidade

virtual passa do já citado anteriormente, no caso, o capacete, para outros

dispositivos, como a dataglove (luva de dados), a datasuit (macacão de dados),

entre outros. Além dos aparatos tecnológicos, os ambientes imersivos tem a

disponibilidade de despertar outros sentidos, como o olfato, a audição e outras

percepções, como o vento e terrenos arenosos.

Exemplo desse tipo de experiência data de 1950, com o artista Morton

Heiling, que criou a máquina chamada Sensorama (figura 21). O Sensorama era

como uma moto, onde o piloto, o condutor da moto, no caso o público, era

convidado a entrar em uma máquina imersiva, onde se tinha a sensação de estar

pilotando uma moto. A máquina tinha ventiladores, visão 3D , som estéreo aromas e

vibração. Para muitos, foi o primeiro passo rumo a realidade virtual.

Figura 21: Sensorama

Morton Heiling, 1950

Page 39: A construção do artista em mi...ação n

41

4 Eventos relacionados a Arte e Tecnologia.

Através das mais diversas ramificações entre arte e tecnologia, se tornaram

cada vez mais evidentes suas manifestações dentro dos eventos, onde hoje há

diversos espalhados pelo mundo onde formam um ciclo e traz cada vez mais novas

oportunidades de inserção e novos resultados em pesquisas e desenvolvimento.

Essa interação dos eventos contou com a participação de diversos artistas que são

citados nesta pesquisa e como resultado se pode notar as diferentes técnicas entre

a arte e tecnologia. Foram utilizadso na busca de referencias e matérias os sites

relacionados a cada evento que pode ser encontra na bibliografia, e outros bancos

de dados como, por exemplo, o Itaucultural, serão apresentados a seguir os

principais eventos desde de 1982 a 2009.

4.1. Arte pelo telefone: Videotexto 1982

Em 1982, em São Paulo, foi instalada uma rede de vídeotexto. Nesse

tempo, Julio Plaza focou seus estudos e pesquisas para melhor compreender esse

novo meio. Nessa pesquisa, escreveu um livro sobre o assunto (Videografia em

Videotexto) e também experimentou outras possibilidades, como o sistema de

expressão artística.

Neste mesmo ano ele convidou um grupo de artistas e poetas para produzir

trabalhos especificamente pensados para o videotexto, o que mais tarde resultaria

em dois eventos sobre o tema. O primeiro evento foi um dos pioneiros nesta área no

Brasil: Arte pelo telefone - Videotexto, no MIS (Museu da Imagem e Som de São

Paulo), em 1982, contando com a presença de Mario Ramiro, Roberto Sandoval,

Leon Ferrari e Carmella Cross, dentre outros.

O evento se baseava na associação do telefone, do televisor e do

computador, sendo que o computador servia como banco de dados. Contando

apenas com o teclado, o usuário tinha acesso a diversos tipos de informação sendo

elas visuais ou escritas.

O segundo evento que foi organizado e teve também, a participação de

Julio Plaza foi a 17ª Bienal Internacional de São Paulo, com o título Você é o Crítico.

Page 40: A construção do artista em mi...ação n

42

4.2. Festival Vídeo Brasil 1983

Foi realizada em 1983 a primeira edição do festival Vídeo Brasil, no Museu

da Imagem e Som de São Paulo (MIS). O primeiro evento teve a coordenação de

Solange de Oliveira Farkas, este evento vem acontecendo desde então a cada dois

anos. Caracteriza-se pelo grande desafio do vídeo ter se tornado um suporte novo e

desafiador. O evento que aconteceu em 1983 contava com 35 vídeos, sendo que

grande parte deles eram documentários, contando com apresentações de

performance, vídeo, instalações e uma feira de novas tecnologias, com

computadores e videogame. No total o evento contou com 49 obras e 53 artistas.

4.3. Brasil Hightech 1986

Com organização e participação de Eduardo Kac e Flavio Ferraz, em 1986,

tivemos o evento Brasil Hightech. Nas palavras de Eduardo Kac:

“Cabe aos artistas dessa novas sociedade, na condição de cidadãos e profissionais , algo mais que a atualização de seus instrumentos e meios. Cabe a eles a criação de novas formas de arte, de novas operações de síntese entre linguagem, pensamento e percepção que sejam capazes de expressar, informacional e imaterialmente os novos rumos da humanidade.” (KAC, p 54).

O evento Brasil Hightech buscou muito mais que a interatividade entre o

público e a obra. O público no evento podia ter a sensibilidade de perceber volumes

imateriais, interagir com ondas eletromagnéticas, invisíveis, podia também dialogar

com o robô que estava no acesso de entrada do evento, admirar a performance de

Otavio Donasci e consultar obras em banco de dados disposto em lugares diferentes

no evento. O Brasil Hightech contou com a participação de 13 artistas: 11 paulistas,

1 carioca e 1 mineiro.

4.4. A Trama do Gosto 1987

A Trama do Gosto pode ser descrita como um olhar sobre o cotidiano foin.

Um evento único, que aconteceu em 1987, em São Paulo, fazendo parte das

comemorações do aniversário da cidade. Única por ter sido levada de maneira não

Page 41: A construção do artista em mi...ação n

43

convencional e com humor, como cita Celeste Olalquiaga, comparando a mostra

brasileira com um outro evento que aconteceu mais tarde em Nova York, no ano de

1989:

Enquanto o Whitney mal se aventurou (exceto em suas pouquíssimas instalações de vídeo) a perturbar a previsibilidade do percurso pelo museu, que era basicamente linear e sem oportunidades de participação dos espectadores, a mostra brasileira representa a relação contemporânea com a imagens no formato que essa relação normalmente é vivenciada: a experimentação de estar numa cidade. (CELESTE p. 174)

Assim, tivemos uma comparação mostrando que A trama do gosto foi uma

exposição bem diferente, onde o público, dentro do espaço expositivo. era

convidado a vivenciar a obra e tela como um pedaço da cidade que teve como palco

a Avenida Babelurde. As obras eram convidativas a voltarmos nossos olhos ao

nosso cotidiano. Elas eram assim representadas com fachadas de prédios, lojas e

parques. Com isso, a mostra acompanhava de que maneira o olhar culturalmente é

constituído. A exposição contou com instalações, performances e cafés com

mesinhas na calçada.

Uma obra que podemos citar e que gerou maior repercussão foi uma

instalação que se localizava em cima de uma arranha-céu, onde o público

participava espionando janelas de outros prédios com um binóculo, sendo que

nessas janelas havia monitores com cenas do nosso cotidiano.

4.5. Arte Cidade 1994

Arte cidade foi um projeto que englobava artistas e arquitetos internacionais

e brasileiros com o intuito de criar novas práticas urbanas e artísticas. Tendo como

berço São Paulo, seu primeiro evento se deu em 1994, como o nome de Cidade sem

janelas, ocorrendo no Matadouro Municipal da Vila Mariana, um lugar murado e sem

janelas, isolado do resto da cidade. O evento buscava destacar áreas críticas da

cidade relacionadas com processo de reestruturação e projetos de re-

desenvolvimento, visando a identificar seus agentes e linhas de força, além de ativar

sua dinâmica e diversidade. Trabalhando com alternativas para a megacidade,

buscou-se detectar o surgimento de novas condições urbanas. O dinamismo da

Page 42: A construção do artista em mi...ação n

44

cidade de São Paulo em quase todo o século XX serviu como fonte de inspiração de

intelectuais e artistas.

4.6. Projeto Ornitorrinco 1989-1994

O Ornitorrinco é um projeto exploratório sensoriamente remoto, de

improvisação e teleoperação, com elementos de trabalho. Materialmente falando o

projeto é composto por duas linhas telefônicas, quatro aparelhos telefônicos, um

transcodificador e dois modems. A peça foi desenvolvida em 1989, em colaboração

com Edward Benedett, assistente técnico em eletrônica do departamento da escola

do Art Institute de Chicago.

Importante enfatizar que o Ornitorrinco deve ser entendido não como um

evento em si, mais sim como um projeto que se destinou a gerar novas situações,

cada vez mais experientes em locais diferentes e distantes. Em 1994, Eduardo Kac

desenvolveu o Projeto Ornitorrinco em espaços físicos diferentes e distantes:

Seattle, Chicago e Lexington e o espaço na internet. O robô estava localizado em

Chicago e era controlado por links de telecomunicação com telefone através de

teclas do teclado ou cliques do mouse. O retorno do comando era visto pelo

participante através do monitor do computador ou do monitor de vídeo.

Diferente de outros eventos, não há uma troca verbal ou oral, e sim um

retorno resultante da interação de todos os outros participantes que compartilhavam

o mesmo meio.

E sendo assim o trabalho podia ser visto online por fazer link com a rede de

internet. O nome Ornitorrinco surgiu do hibridismo que o animal representa ter, entre

ave e mamífero. Seria então a semelhança entre o orgânico (animal) e o inorgânico

(o telerrobô).

4.7. FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica)

Em busca de novas respostas em relação a arte e a tecnologia, o FILE é um

evento que reúne artistas e cientistas. Em cada evento se busca a superação diante

do que já possa ter sido proposto ou exista, buscando a criatividade coletiva e

incentivando a experimentalidade estética, cientifica e tecnológica. Lutando contra o

Page 43: A construção do artista em mi...ação n

45

que já estamos acostumados a lidar, busca-se um novo jeito de estruturar e

organizar o pensamento.

Não basta simplesmente estar online para que seja uma nova proposta,

muito pelo contrário, pois temos que pensar diferente diante do que está por vir, não

nos influenciar pelos antigos hábitos e costumes. Por isso o FILE nasceu como

resposta a essa busca por experimentalidade. O FILE é o primeiro festival de

linguagem eletrônica aqui no Brasil, expondo acontecimentos estéticos e culturais

exclusivamente para a internet.

Sua primeira edição foi em 2000, com a participação de 22 países e a

apresentação de 140 trabalhos divididos em diferentes categorias, trabalhando

também com workshops e palestras. Cada vez crescendo mais, o FILE em sua

segunda edição, com 170 trabalhos de 30 países, oferecendo duas versões

expositivas, uma em São Paulo e outra em Curitiba, nascendo assim um movimento

no FILE, que se tornou um evento itinerante. Além do evento, o FILE conta com o

Live File, que é um arquivo contínuo com obras online, se tornando um grande

arquivo com diversas obras do evento.

Assim, tanto arquivos online quanto offline são encontrados nos arquivos do

FILE. Além de servir de depósito das obras o Live File vem a servir para futuras

pesquisas e reflexões sobre os movimentos vistos no FILE. O FILE como demais

eventos voltados para a arte e tecnologia acontecem de ano em ano e vem cada vez

mais sendo itinerante e no ano de 2009 veio a acontecer no Rio de Janeiro.

4.8. ARS Festival (Festival de Arte e Sociedade na Era Digital)

O Festival ARS Eletrônica acontece desde de 1979 e é um fórum voltado à

dimensão sociocultural da revolução digital. Desde 1987, o ARS Eletrônica conta

com quatro centros que formam o Prix Ars Eletrônica, que é um evento e um centro

interdisciplinar. O ARS Eletrônica forma assim uma base sólida para todas as

pessoas que utilizam o computador trabalhando em projetos entre arte tecnologia e

sociedade.

O Prix Ars Eletrônica é formado pelo Festival ARS Eletrônica, o ARS

Eletrônica Center, o Museu do Futuro e o ARS Electronica Futurelab, oferecendo

assim todo tipo de suporte entre arte e tecnologia.

Page 44: A construção do artista em mi...ação n

46

O concurso é organizado pela ARS Eletrônica Linz Gmbh e ORF Regional

da Alta Áustria Studio, em colaboração com o centro de arte contemporânea e a

Brucknerhaus Linz, e a premiação é dada durante o Festival ARS Eletrônica a cada

ano, sendo que os métodos de seleção e os critérios das categorias são

constantemente modificados e adaptados à sociedade e às evoluções tecnológicas.

4.9. European Media Art Festival

Evento que ocorre em Osnabruck, na Alemanha, e apresenta produções

internacionais de artistas e mestres de renome mundial com mídias modernas e

obras inovadoras. No 21º evento do European Media Art Festival, em 2008, o tema

trazia como foco o é que as novas tecnologias digitais alteram todas as áreas da

vida pública e privada. Contando com 300 obras distribuídas entre instalações,

filmes e vídeos que foram selecionados dentre 2200 obras apresentadas em 50

países.

Todos os anos são apresentados novos filmes experimentais, performances

e palestras, que abrem portas sobre as novas tendências modernas de mídias

digitais. Neste ano de 2009 o evento contou com 250 obras selecionadas a partir

das 2400 obras que foram enviadas e analisadas.

4.10. Flash Howard Film Festival

O Flash Howard Film Festival acontece em São Francisco, nos Estados

Unidos, onde são homenageados trabalhos produzidos em Flash, Software de

animação e produção de web sites da Adobe, ferramenta de qualidade para

trabalhos relacionados a rede. O Flash Howard Festival é dividido em diversas

categorias, onde os trabalhos e obras são julgadas por um júri formado por peritos e

juízes. Logo após essa votação das diversas categorias, as obras julgadas têm seus

nomes divulgados no site, onde são votadas novamente só que por internautas,

usuários da rede online.

Em cada evento, os finalistas são apresentados em um curto vídeo,

destacando os melhores aspectos de seu trabalho. Já foram 16 festivais que

Page 45: A construção do artista em mi...ação n

47

ocorreram ao longo dos últimos 8 anos, e os prêmios já foram contemplados a mais

de 200 obras excelentes em Flash, criadas por designers e artistas de diversos

países do mundo. As obras são divididas nas seguintes categorias: aplicação,

cartoon, código, experimental, jogo, motion graphics, navegação e experience, som,

tipografia e vídeo.

Page 46: A construção do artista em mi...ação n

48

5. Técnicas de hibridização Arte e Tecnologia

Após as primeiras manifestações e rupturas dentro da arte, em 1960

começa-se a evidenciar os mais diversos campos de atuação entre arte e tecnologia.

A partir dos eventos fica evidente identificar neste capitulo as diversas técnicas entre

a arte e tecnologia. São discutidas as principais técnicas de hibridização da arte e

tecnologia e suas manifestações. Aqui foram utilizadas as mesmas bases de

referencia dos nos eventos citadas nas referencias bibliográficas desse documento.

5.1. Mobile Arte

A mobile arte pode ser definida como manifestações artísticas que transitam

em um meio mais amplo, também podendo ser definida como mídia locativa,

contando com três elementos fundamentais, o usuário, o dispositivo e o espaço. A

mobile arte faz uso de aparelhos, meios tecnológicos, como celular, palm, GPS,

computadores portáteis e vestíveis, contando com aparelhos wireless em geral.

Apesar do termo mobile ser sinônimo de celular em diversos países, o termo

circunda diversas mídias. No Brasil usa-se o termo “arte móvel”, para que não haja

dúvidas desse tipo de arte. A mobile arte ou arte móvel trabalha com diversos

campos e também sua amplitude deixa difícil delimitar críticas e critérios deste tipo

de manifestação, ainda muito recente no campo da arte.

5.2. Arte Holográfica

A arte holográfica surgiu das experiências de um novo princípio óptico do

físico húngaro Dennis Gabor, baseada nas interferências de ondas luminosas, onde

surge a holografia. O ponto principal da holografia é que cada ponta de filme, isto é

holograma, contêm dados, informações, por meio de códigos microscópicos que

com a incidência da luz catódica sobre o holograma, saltam as imagens

armazenadas, mostrando toda sua tridimensionalidade. A arte holográfica serviu de

base para muitas obras holográficas de artistas brasileiros e estrangeiros.

Page 47: A construção do artista em mi...ação n

49

5.3. Arte na Rede Web Arte

Baseada nas primeiras manifestações de arte que poderíamos dizer

“imateriais”, a web arte, ou seja, a arte em rede, é mais uma ramificação da arte e

tecnologia contemporâneas. Podemos dizer que foi através da busca de respostas

mais rápidas e instantâneas surgiu a web arte. Contando com meios tecnológicos

como mail art, evolução da arte postal, fax, telefone, slow-scan TV, etc, ou os meios

semi-digitais, como o videotexto, todos eles focados em manter a comunicação

enquanto as artes digitais não haviam entrado em miscelânea com os meios de

comunicação. A web arte ou arte em rede vai muito além de propiciar o contato

online com a arte, trazendo possibilidades e ampliação de seu uso, visto que são

diversas as maneiras de intervenções entre o usuário, o meio, no caso a internet, e a

obra. Devido a grande quantidade de aparelhos que podemos ligar ao computador

como o Datasuit, Dataglove, dentre outros, as manifestações artísticas com rede

pode ser dada de diversas formas, a diversos públicos, contando ainda com a

possibilidade de múltiplos usuários em um mesmo meio. Como exemplo de web arte

aqui no Brasil, podemos citar trabalhos como do artista Gilbertto Prado, com a obra

Desertejo, e as manifestações de Eduardo Kac, com o Projeto Ornitorrinco.

5.4. Música Eletroacústica

A origem da música eletroacústica é datada de outubro de 1948, a partir de

pesquisas elaboradas desde de 1942 no Stúdio D’Essai, que mais tarde se chamaria

Club d’ Essai, dirigido por Pierre Schaeffer. Pierre trabalhou em uma série de

pequenos estudos musicais refletidos do seu estúdio. Partindo de sons originados

de gravações das mais diversas manifestações, como passos, vozes, pessoas e

máquinas. Pierre Schaeffer viria mais tarde cunhar o termo musique concrete, em

1948, designando assim as músicas produzidas ou elaboradas a partir de materiais

gravados e trabalhos por meio de montagens, colagens, trabalhando por oposição a

concepção da música tradicional, que era anotada em partituras e que deveria ser

realizada através de instrumentos musicais. Nesse meio tempo, na Alemanha,

Werner Meyer-Eppler, foneticista e especialista em acústica, produziam

experimentos com síntese sonora, que, posteriormente, através de estudos,

pretendia visualizar sua possível aplicação à música.

Page 48: A construção do artista em mi...ação n

50

Em 1951, Meyer-Eppler, em associação com Herbert Emert e Robert Beyer,

unem-se para criar o estúdio de Colônia, onde futuramente se desenvolveria a

Eletronische Musik (Musica Eletrônica). A música eletrônica, diferente de Paris,

trabalhava apenas com materiais sonoros de origem eletrônica gerado por

osciladores eletrônicos. Já em 1953, a convite de Emert, Kalheinz Stockhausen vem

a se tornar membro do estúdio, este que por sua vez tornou-se uma das peças

principais na produção da música Eletroacústica.

Dentre os anos de 50 e 60 diversos estúdios foram se formando no mundo

todo. Assim, através das músicas concretas francesas e a música eletrônica alemã,

rapidamente os músicos começaram a usufruir dos dois meios e assim começaram

uma miscelânea dos dois procedimentos, surgindo assim a música eletroacústica,

denominando toda a produção musical que envolvia a utilização de meios

eletroeletrônicos. No Brasil, durante a década de 70 e 80, surgiram os primeiros

cursos de música eletroacústica, ainda que com dificuldade, pois o acesso para a

tecnologia de criação ainda era muito restrito.

5.5. Game Arte

Diante das diversas manifestações contemporâneas dentro da arte e da

tecnologia, umas das manifestações que não pode passar despercebida é a game

arte. Porém, há dois caminhos diferentes. O primeiro que podemos citar é a

“estética do game”, onde se destaca a influência dos games na arte contemporânea.

Ainda falando do game, neste primeiro caminho, é inevitável falar da evolução do

mesmo como qualquer outra tecnologia. Mas o que vem ao caso no game de arte ou

game arte é sua diferenciação diante do mercado de entretenimento, vindo a servir

em games relacionados a função de poética da linguagem, onde sua função não é

apenas entreter e sim servir a um caráter lúdico. Segundo Silvia (apud MATTEO

BITTANTI 2006):

“Game arte é qualquer arte na qual games digitais desempenharam algum papel significante na criação, produção e/ou exibição do trabalho e a arte resultante pode existir como um game, uma pintura, uma foto, som, animação, vídeo, performance ou instalação.”

Dentre os artistas que hoje trabalham dentro do contexto game arte,

podemos citar Suzete Venturelli, que vem a dizer que:

Page 49: A construção do artista em mi...ação n

51

“contemplando idéias contemporâneas de intervenção no contexto político social e urbano o Game arte esta apoiado em fundamentos teóricos originados das áreas da ciência da computação, da arte e da comunicação. A poética é marcada pela reflexão onde o lúdico simula situações ou testa a ruptura e desconstrução de modelos.” (VENTURELLI,2008,in

, acessado em 09-05-09).http://www.suzeteventurelli.ida.unb.br/gamearte.htm

5.6. Videoarte e Videoinstalação

Dentro das manifestações das artes e tecnologias, em 1960, temos a

intervenção dos artistas através da videoarte. A videoarte, assim como outras

manifestações, teve seu início de dois a três anos após o lançamento comercial do

vídeo, com o intuito de ser usado apenas para instrução e treinamento de

funcionários, onde acabou superando as expectativas, vindo a um só comum dentre

as pessoas e fazendo com que surgisse uma televisão radical em circuito fechado,

diferente da televisão convencional (http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-

index.php?page=videoarte+e+v%C3%ADdeo+instala%C3%A7%C3%A3o, acessado

em 09-05-09).

Neste contexto, a videoarte se baseia em três etapas ou gerações. Os

pioneiros, que tiveram suas produções datadas de 1974, eram artistas plásticos que

estavam preocupados com novos suportes de produção. Neste caso, alguns artistas

saíram em busca de respostas através dos meios tecnológicos, como a fotografia, o

cinema e o vídeo. Importante ressaltar que nesta primeira parte dos artistas, estes já

eram artistas renomados nas artes plásticas e buscavam novas experimentações,

fugindo do contexto convencional das pinturas de cavalete, buscando materiais mais

dinâmicos. A característica principal era que, nesta época da videoarte, acontecia

um afrontamento da câmera com o artista, onde o artista ali registrava seu gesto

performático.

A segunda leva de artistas da videoarte consistia na produção

independente, isso nos anos 80, época em que os jovens recém saídos da

faculdade buscavam novas possibilidades televisivas. Diferente dos pioneiros, a

produção independente buscava através das experimentações das possibilidades da

linguagem eletrônica, trabalhar com problemas sociais do país e buscando respostas

às inquietações do homem.

Por fim, a terceira geração de artistas que trabalharam com a videoarte era

voltada à criação, originária dos anos 90. Aproveitando-se da experiência acumulada

Page 50: A construção do artista em mi...ação n

52

nos outros dois movimentos, a terceira geração vem trabalhar com algo mais

solidificado e maduro, trabalhando com um contexto mais pessoal, mais autoral.

5.7. Arte Cinética

Nas últimas décadas do século XX, tornou-se visível que antigas divisões

que se tinha entre as artes, ciências e tecnologia deixavam de existir, apesar da

origem da palavra tecnologia remontar da palavra grega Techne, onde era usada

para designar os fenômenos artísticos. Os gregos não faziam distinção de princípio

entre a arte e a técnica vindo a atravessar a cultura ocidental até pelo menos o

Renascimento. Para muitos artistas de épocas atrás, estudar diversas áreas e

usufruir de seus diversos conhecimentos constituía em uma mesma atividade

intelectual. Hoje, os mais diversos campos de atuação das artes usufruem os mais

diferentes campos do conhecimento como a Pop Art, a música eletrônica, a

videoarte, a game arte, entre outros campos da arte e tecnologia.

Atualmente, fica cada vez mais difícil distinguir artistas, engenheiros,

cientistas em seus mais diversos campos de atuação. A busca por conhecimento é

continua e sua miscelânea foi inevitável. Dentre os primeiros artistas que usufruíram

de diversos meios, aqui no Brasil, podemos citar Abraham Palatnik e Waldemar

Cordeiro. Segundo Eduardo Kac, Abraham Palatnik é um dos papas internacionais

da arte cinética e primeiro artista brasileiro a pesquisar o emprego criativo da

tecnologia na arte. Palatnik era especialista em motores de explosão, tendo

estudado em Israel, vindo ainda a realizar estudos artísticos e na sua vinda ao Brasil

iniciou suas pesquisas inovadoras.

Já Waldemar Cordeiro foi o primeiro a utilizar o computador como

instrumento e como elemento catalisador de uma nova dimensão para a arte, razão

esta que permite organizar a primeira exposição e conferência sobre a síntese de

arte, ciência e tecnologia no Brasil, chamada Arteônica.

5.8. Arte Transgênica

Não posso deixar de citar uma das manifestações que caminha junto com a

arte e tecnologia atualmente, a arte transgênica, que por muitos é lembrada como

arte úmida. A arte transgênica é fonte de diversas pesquisas e instrumento de

Page 51: A construção do artista em mi...ação n

53

diversas obras do artista Eduardo Kac, quem veio a estar presente em outras

ramificações da arte e tecnologia. A arte transgênica é assim descrita, como o

próprio artista propõe:

“Uma nova forma de arte baseada no uso da engenharia genética para criar seres vivos únicos. Essa é uma resposta preliminar equivalente a definir a pintura como a arte de aplicar pigmentos sobre uma superfície, ou seja uma resposta que apenas começa a definir o campo material da arte transgênica.” (KAC, 2009)

Eduardo Kac desenvolve trabalho com arte transgênica desde 1998, sendo

que sua última obra desenvolvida na área da arte transgênica foi Edunia, que é um

hibrido entre uma flor petúnia e um humano. O trabalho, em toda sua síntese,

chama-se História Natural do Enigma, vindo a receber o prêmio Golden Nica Award,

concedido pelo ARS Electronica e vindo a ser o maior prêmio concedido a um

artista.

5.9. Pintura Digital ou Computer Painting

Diferente de todas as técnicas já citadas, a pintura digital assim também

chamada de computer painting vem das mais antigas manifestações da pintura,

vindo hoje a ser uma continuidade dentro da arte e tecnologia.

O computer painting não vem a favorecer somente aos usuários de

computadores, servindo também para artistas de todas as outras áreas das artes

plásticas. O que houve hoje foi uma atualização dos antigos meios. Tudo evolui e a

pintura também evoluiu com as novas tecnologias.

E o que veio junto com essa evolução foi a facilidade que a tecnologia

oferece, desde a portabilidade até a facilidade de sua reprodução, onde o artista

define e delimita a quantidade liberada, a quantidade a ser reproduzida, dentre as

mais diferente técnicas de impressão e acabamento.

Page 52: A construção do artista em mi...ação n

54

6. História de artistas e suas hibridizações

Baseado em um questionário enviado a alguns artistas que participaram no

histórico da arte e tecnologia, foi realizado um levantamento em busca de como é

hoje a formação do artista que tem este envolvimento com arte e tecnologia? Como

foi o seu envolvimento com a arte? Como foi a ordem em sua formação se foi

primeira tecnológica artística, ou artística tecnológica? A escolha dos artistas para o

envio do questionário foi feita a partir das diferentes vertentes de atuação, não foi

possível a disponibilidade de todos eles para que pudessem colaborar com as

respostas as questões elaboradas. Entre os artistas entrevistados destacam-se:

Gilbertto Prado, Artista Multimídia; Celito Medeiros, Artista plástico e atualmente

artista que trabalha no campo da Computer Painting. Eduardo Kac, artista que atua

em diversos campos da arte e tecnologia desde a arte holográfica, arte em rede, e

atualmente bioarte ou arte transgênica. 6.1. Gilbertto Prado

Artista multimídia, nascido em Santos, no ano de 1954. Estudou Engenharia

e Artes Plásticas na Unicamp e, em 1994, fez doutorado em Artes na Universidades

Paris 1 – Panthéon Sorbonne. Realizou e participou de diversas exposições tanto no

Brasil quanto no exterior. Autor do livro lançado em 2003 com o titulo “Arte

Telemática: dos intercâmbios pontuais aos ambientes virtuais multiusuários”, pelo

Itaú Cultural. Foi professor do instituto de artes da Unicamp e professor convidado

da Universidade de Paris 8 (2004 e 2006). Desde 2001 é professor do departamento

de Artes Plásticas da ECA –USP, onde atualmente é professor titular e coordenador

do Programa de pós Graduação em Artes Visuais. Um dos pioneiros em arte e

comunicação, tanto por suas obras quanto por seu conteúdo teórico, extraindo ao

Máximo a poesia, usufruindo da máquina sem a frieza que a mesmo oferece.

Page 53: A construção do artista em mi...ação n

55

Figura 22

Gilbertto Prado

A obra 9/4 Fragmentos de Azul foi uma instalação interativa que foi exposta

em 1997 primeiramente em São Paulo e em 1999 foi exposta na segunda bienal do

MERCOSUL em Porto Alegre. Consistia em uma instalação com superfícies

espelhadas, onde as pessoas entravam nesta instalação e de pé com os braços

estendidos podiam tocar em telas que foram instaladas no teto deste ambiente. As

telas instaladas no teto eram telas sensíveis ao toque, como ele mesmo descreve, o

público tinha a liberdade de construir, intervir nestas telas.

Gilbertto Prado trabalha com a intervenção do público na obra ele deixa o

público intervir e a momentos em que ele fecha a obra totalmente, para enfatizar a

criação, o artista, lembrando que foi criado através de idéias. 9/4 Fragmentos de

Azul é um trabalho poético buscando uma imersão entre a obra e o observador onde

as situações eram únicas.

Como mencionado, havia momentos em que a obra ficava aberta e o

apreciador podia intervir e havia momentos em que a obra ficava inativa fechada,

onde por mais que o público interviesse, era necessário a espera do sistema voltar a

atividade.

Page 54: A construção do artista em mi...ação n

56

Figura 23 9/4 Fragmentos de Azul

Gilbertto Prado, 1999 6.2. Celito Medeiros

Celito Medeiros é natural de Meleiro, Santa Catarina, nasceu, em 1951.

Atualmente ele reside em Curitiba, Paraná. Celito é graduado em Engenharia (1976),

Engenharia de Segurança (1985), Escola de Música e Belas Artes Santa Cecília

(1998). Realizou estudos na área de Especialização Fitotecnica – Fito Sanitarismo,

Estudos de Filosofia, Graduação em Psicologia, ciência moderna de saúde mental

entre outros. Atuando com diversas formas de pintura, entre elas: óleo sobre tela,

técnicas mistas, artesanato, escultura e em uma fase atual: pintura por computador,

Computer Painting. Participou de mostras internacionais, nos quais mostra as

diversas vantagens da influências da arte com a tecnologia, mostrando também as

possibilidades de trabalhar com o computador sem perder a sensibilidade que tinha

com as pinturas tradicionais. Um grande artista que serve como exemplo de como

podemos usufruir das tecnologias no campo da arte, vindo a ser um dos pioneiros na

área da pintura com computador atuando hoje na faculdade UNOPAR, Universidade

Norte do Paraná.

Page 55: A construção do artista em mi...ação n

57

Figura 24

Celito Medeiros

Figura 25: Sacras CM 2862

Celito Medeiros

Page 56: A construção do artista em mi...ação n

58

6.3. Eduardo Kac

Eduardo Kac nasceu no Rio de Janeiro, em 1962, e é formado pela

faculdade de comunicação social da Pontifica Universidade Católica do Rio de

Janeiro. Em suas primeiras manifestações artística já se destacavam as

performances na década de 80, com temas voltados para a política e humor, em

locais públicos no Rio de Janeiro. Autor de diversos livros e artigos nacionais e

internacionais, trabalhou com hologramas, em 1983, onde inventou a holopoesia, e

mais tarde trabalhou com o videotexto, entre 1985 e 1986. Organizou a mostra Brasil

Hightech no Rio de Janeiro, onde apresentou um robô que era controlado

remotamente através de participantes que interagiam. Essa obra levou o nome de

Ornitorrinco. Autor de diversas obras e vencedor de diversos prêmios, Eduardo Kac

é um artista que se destaca em campo nacional e internacional dentro das artes e

tecnologia e dentro das artes transgênicas, onde ele trabalha desde 1993.

Figura 26

Eduardo Kac

Baseado na comunicação via rede Eduardo Kac em sua obra Teleportin an

Unknow State proporciona a experiência de participação do público online. A obra

consistia em uma instalação onde uma semente foi plantada em um quarto escuro,

onde o mesmo ambiente se manteria fechado. Através da participação do público,

Page 57: A construção do artista em mi...ação n

59

onde os mesmos eram convidados a apontarem suas webcams para a janela para a

luz do sol, essa informação era transmitida pela rede de diversas partes do mundo,

assim Fótons eram transportados e emitidos para planta através de monitores

fazendo com que houvesse a fotossíntese. O público podia acompanhar o

crescimento da planta através da própria internet.

Figura 27: Teleporting An Unknown State

Eduardo Kac, 1994 - 1996

Page 58: A construção do artista em mi...ação n

60

6.4 Convergência de idéias sobre Arte e Tecnologia : Antecipando a conclusão.

Partindo da formação dos diferentes artistas entrevistados e pesquisando em

suas diferentes vertentes, vemos que a formação do artista em arte e tecnologia

acontece por diferentes caminhos, não tendo um caminho, modelo a ser seguido ou

artista que já tenha criado um caminho definitivo. Dentro da arte e tecnologia as

formações se cruzam sem uma ordem, sendo assim vir a acontecer essa formação

conforme a necessidade do artista. Podemos citar Gilbertto Prado que teve sua

primeira formação voltada para a engenharia, na qual lhe foi questionado se a

educação formal participou na sua construção artística, e que cursos ele participou.

Gilberto Prado Citou que: “Sim, cursei primeiro engenharia e depois artes plásticas.

Abandonei a carreira de engenharia depois de formado e me dediquei às artes, indo

fazer meu doutorado em artes na França.”

Interessante as semelhanças na formação, pois Celito Medeiros, outro artistas

entrevistado, também teve sua primeira formação voltada para a engenharia e só

depois veio a se formar em artes. Eduardo Kac teve sua formação voltada para o

bacharel em Artes Plástica pela PUC/RJ.

Gilberto Prado desde 2001 é professor do departamento de Artes Plásticas da

ECA – USP onde hoje é professor titular e coordenador do programa de pós-

graduação em Artes Visuais. Celito Medeiros, atualmente é professor na faculdade

Unopar, Universidade Norte do Paraná.. Eduardo Kac hoje é um artista residente em

Chicago, Estados Unidos, há 20 anos, trabalhando com Bioarte desde 1990

Diante das diferentes formações que estes artistas tiveram vemos que há

uma hibridização de formação deixando de terem apenas formação tecnológica

passando a ser artística tecnológica. Nem todos os elementos de sua formação são

utilizados dentro da arte e tecnologia, pois dependendo da sua obra ou projeto se

busca diferentes meios para se atingir seus objetivos, segundo foi questionado a

Gilbertto Prado:“A arte contemporânea tem como uma de suas bases a

experimentação... Prefiro buscar o que eu preciso em função dos meus projetos e

não fazer cursos genéricos (embora tenha feito vários, que foram fundamentais).”

Muitos artistas hoje que trabalham com as artes e novos meios, acabam por

fazer experimentações como autodidata, a partir do exercício da busca pelo melhor

meio, método de expor a sua idéia, adequando diversas áreas a um bem comum.

Outro caminho, são cursos voltados para área em que querem atuar. A

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61

experimentação é um fator que conta a favor do artista em busca de solução sobre

tudo o que envolve a obra.

Celito Medeiros, não muito diferente do caminho que Gilbertto Prado trilhou,

atuou desde 1956 a 1988 como autodidata. Foram 32 anos atuando e vivendo das

experimentações, técnicas, só em 1984 veio a cursar na Escola de Belas Artes, e

dentro de todo este contexto em sua formação veio mais tarde a hibridizar as artes

plásticas com a tecnologia. Não sendo, é claro o primeiro artista da área a hibridizar

e viver com este convívio da arte e tecnologia. Ele faz uso do computador em seu

meio de trabalho, não se deixando dominar pela frieza da máquina, uma grande

preocupação que os artistas que trabalham com arte e tecnologia têm em mente.

Como ele mesmo cita: “A mais avançada manifestação das Artes Plásticas. O

mouse e os programas de Computador são as mais novas e eficientes ferramentas

inovadoras para todo o artista plástico, com algum treino e técnica. É uma pintura

manual.”

Com toda a tecnologia hoje a favor do artista, ela se manifesta, no caso da

pintura digital de diversas maneiras, desde o armazenamento da imagem a

acessibilidade a facilidade da portabilidade. Os diversos tipos de impressão

existentes, o número de impressões limitado pelo artista e as diversas intervenções

que o artista pode estar usufruindo ao longo do processo, fazem a diferença.

No caso de Eduardo Kac podemos acompanhar sua hibridização dentre a arte

e a tecnologia pelas diversas manifestações na qual ele participou. A começar pela

arte holográfica, na qual ele trabalhou com sua criação, os holopoemas ou

holopoesia como citado dentre do histórico da arte e tecnologia, vindo mais tarde,

como podemos acompanhar pelo histórico, as diversas manifestações que ele

participou como o projeto/obra Ornitorrinco, Rara Avis. Obras que contam com a

participação em rede e presencial na instalação. Alba a coelhinha fluorescente que

já é uma obra voltada para a Bioarte, entre tantas outras obras.

Um fato que precisa ser mencionado é que no caso de Celito Medeiros que

antes de sua formação em engenharia, já atuava como autodidata, vindo a fazer

cursos específicos e experimentações como já citado. Só em 1976 veio a se formar

em engenharia, ou seja, ele já era artista e mais tarde veio a ter uma formação

tecnológica. No caso de Gilbertto Prado este fazia Engenharia e veio a abandonar a

carreira de engenharia, indo após isso vir a se dedicar as artes.

Page 60: A construção do artista em mi...ação n

62

Podemos notar a diferença na ordem da formação, vindo a dizer que cada

artista faz a sua busca pela tecnologia, no caso de Celito Medeiros, Arte e

Tecnologia e no caso de Gilbertto Prado, Tecnologia e Arte.

Diante das diferentes inserções que podemos ter na arte, o artista que

trabalha com arte e tecnologia, certas vezes além da experimentação, conta com a

ajuda de técnicos, parceiros, das mais diversas áreas do campo tecnológico.

Gilberto Prado cita que essa inserção da tecnologia, no caso em suas obras,

acontece nem sempre com ele apenas: “depende do trabalho, mas prefiro trabalhar

em equipe...”. Os trabalhos que envolvem tecnologia, pode ser muito hibrido vindo a

ter mais que uma mídia ou recurso, vindo a necessitar de técnicos, especialistas e

parceiros de outras áreas para que se torne possível a execução da obra.

No caso de Celito Medeiros essa inserção tecnológica veio a acontecer com a

introdução no histórico de Belas Artes a Pintura por Computador no curso de Belas

Artes e Multimídia na UNOPAR, Universidade Norte do Paraná. E o uso da

tecnologia em suas obras vai desde as diversas possibilidades de impressão, até as

mais diversas possibilidades de aplicação. Outra vantagem do uso da tecnologia é a

durabilidade, no caso da impressão, sendo ela uma impressão específica especial,

que pode chegar a mais de 100 anos e outro fator importante é o da portabilidade

como já mencionado, visto que o artista não corre mais o risco de perder seus traços

pelo tempo, sendo que em uma única mídia pode ser armazenada uma infinidade de

obras.

Trazendo um pouco mais para os tempos atuais nos quais Eduardo Kac faz

uso além da tecnologia, em seus trabalhos, a Bioarte e cita que: “Os meios de

criação transgênica de que eu preciso permanecem indisponíveis em caráter

privado, exatamente como os grandes computadores nos anos 1960 e 1970. Assim

eu tenho que ir onde estão os meios de produção, isto é, aos laboratórios.”

Como é um campo de envolvido com a tecnologia e esta se encontra sempre

em desenvolvimento e crescimento é inevitável pensar sobre novas perspectivas,

novos planos de atuação, eventos entre tantos aspectos de miscelânea. A

divulgação de novos desenvolvimentos e a interatividade que a rede internet

proporciona eleva o potencial do artista, Celito Medeiros vê a tecnologia hoje como

sendo: “... Futuro a nova ferramenta o Computador.”

Gilbertto Prado cita que: “Um dos maiores desafios em pesquisas da área

artística é justamente encontrar um algo instigante e inovador, mas que se tenha

Page 61: A construção do artista em mi...ação n

63

uma problematização mais aprofundada sobre linguagem, a poética, ou outros

desdobramentos estéticos.”

Para Eduardo Kac as novas gerações que acompanham estes novos meios

com internet e biotecnologia, apreciam este tipo de trabalho uma vez que: “De certa

maneira você poderia dizer que arte digital hoje é hegemônica no sentido de que o

computador está imbricado em quase todas as facetas da atividade do ser humano

(cultural ou não). Mas isto seria falso porque o uso do computador para escrever um

soneto clássico ou pintar um quadro impressionista obviamente não é arte digital.

Ainda assim, muitos artistas criam vídeos, web sites, e outras obras usando

computadores e telefones celulares.”

Hoje também é crescente o número de participantes e o número de eventos

relacionados à arte e tecnologia, e também maior a sua aceitabilidade e

acessibilidade, muitas obras podem acontecer on-line, tornando a sua acessibilidade

maior ainda, cabendo essa decisão ao artista. Eduardo Kac falo sobre duas fases

distintas de sua carreira, a primeira fase é de 80 até 1988 até onde ele vivia no Brasil

e a segunda é de 90 até os dias atuais onde ele vive em Chicago:

“Na primeira fase, quando criei a poesia holográfica, ou holopoesia, a partir

de 1983, e criei obras de telecomunicação, especialmente minha primeira obra de

telepresença, em 1986, a recepção foi boa de crítica e público, mas praticamente

inexistente no mercado. Ainda assim, foram poucos os que compreenderam na

época que a holopoesia abria caminho para as novas poéticas interativas, fluidas,

multimodais, cinestéticas, informacionais. Vale lembrar que já em 1987 criei meu

primeiro holopoema digital, "Quando?”, que foi apresentado na Funarte do Rio em

1988. Mais tarde, com a primeira edição de meu livro "Media Poetry", em 1996, e

especialmente com segunda edição, em 2007, começou-se a compreender melhor o

significado da ruptura que foi a holopoesia, que desenvolvi de 1983 até 1993. Já nos

anos 90, me dirigindo mais diretamente a um público global, a recepção se torna

mais complexa, no sentido que meu trabalho se transforma, eu produzo e circulo em

vários países, e contextos culturais locais afetam a percepção do público. Por

exemplo, de uma maneira geral, na Europa há uma certa inquietude com relação à

bioarte, mas há ao mesmo tempo grande respeito e interesse por ela. Nada é preto

no branco. E mais: a recepção muda no tempo. Em 1999, quando apresentei

"Genesis" no Ars Eletrônica pela primeira vez, muita gente ficou profundamente

chocada. Para que se compreenda o que isto significou na época, lembremos que o

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64

Ars Electronica reúne a elite da arte digital, que ainda assim ficou chocada com a

bioarte em 1999! Hoje, em 2009, dez anos depois, minha nova obra transgênica,

"História Natural do Enigma", recebeu no mesmo Ars Electronica o Golden Nica

Award. O mundo mudou muito nestes últimos dez anos - e com ele a recepção da

minha obra.”

Gilberto Prado diz que acha ótimos os eventos de arte e tecnologia, pois trás

mais oportunidade e visibilidade para os trabalhos, alem de abrir espaço para que

outros artistas experimentem também. Celito Medeiros inclui uma grande lista de

participação em eventos, onde com muito orgulho consta a exposição do Louvre:

“Segurei no peito com muito orgulho o catalogo do Louvre onde consta minha obra e

eu nome como expositor.”

Page 63: A construção do artista em mi...ação n

65

7. A obra: Seven

A obra desenvolvida em conjunto com a pesquisa engloba os dois campos

mencionados, arte e tecnologia, e pensando nisso foi desenvolvia uma instalação

interativa. Seven com o enfoque em como é a hibridização da arte com a tecnologia,

e onde os campos de formação e os conhecimentos adquiridos como autodidata em

eletrônica e formação acadêmica em Artes Visuais.

Pensando em um maior entendimento este capitulo foi dividido em tópicos

onde pode se acompanhar todo o processo de construção da obra.

7.1. MEMORIAL DESCRITIVO DA OBRA

Este memorial descritivo tem o objetivo de apresentar todo o trajeto que foi

realizado desde de o início até o término da obra, descrevendo desde os materiais

utilizados a concepção, conceito da obra.

7.2. EXPOSIÇÃO DA OBRA

A será composta de um computador, 7 botões móveis que poderão ser

utilizados dentro de uma área de dois metros quadrados, um datashow como output

da imagem gerada.

7.3. PROCESSO DE ELABORAÇÃO Etapa 1: Tema

Esta instalação feita dentro do tema arte e tecnologia, conto tanto com o

desenvolvimento de uma programação, software, até a produção de um botão

externo a máquina, um hardware especifico para a obra.

Seven surgiu pela história do número 7 (sete), o qual múltiplos sentidos

dentro da história Dentro deste contexto, foi pensado em três eventos distintos, três

temas, três apresentações diferentes entre si. Nesta primeira apresentação Seven

vem a se relacionar com os sete pecados capitais. Segundo São Tomás de Aquino,

partindo da ordem feita na igreja no século XX:

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66

• Vaidade;

• Inveja;

• Ira;

• Preguiça;

• Avareza;

• Gula;

• Luxúria.

Os outros dois eventos que vão ser elaborados após a pesquisa serão

relacionados aos sete dias para Deus, relacionados à criação do mundo e 7 virtudes

que são o opostos exatos dos sete pecados capitais.

Etapa 2: Desenvolvimento e pesquisa:

Com este tema definido, busco como seria feita a visualização da obra e a

sua interatividade, pensando nisso inicio uma pesquisa em que tipos de hardware,

periféricos, poderiam estar proporcionando a intervenção necessária para a criação

dos botões. Com a pesquisa efetuada em diversos hardwares de input do

computador e após os testes, defini que o melhor periférico a ser utilizado para a

intervenção seria o teclado, uma coisa que o teclado proporcionou foi a grande

quantidade de botões nas quais poderiam se aproveitar. Partindo do teclado então

começo a intervenção no mesmo, o primeiro passo foi o desmanche do mesmo em

busca do entendimento de sua funcionalidade, percebo que o mesmo trabalha com

duas placas de um material maleável que continham trilhas, as duas placas eram

mapeadas com caminhos distintos dentre uma e outra. Nestes caminhos, havia os

contatos individuais de cada botão. Estudando ainda mais o teclado, noto uma placa

que fazia a ligação com as outras duas placas, esta placa era menor e continha os

finais dos caminhos mapeados das placas maleáveis. Nesta placa foi desenvolvidas

extensões sem o uso da placas maleáveis que eram mapeadas, a partir dessa placa

menor obteve-se o resultado desejado, momento em que foi possível soldar fios

Page 65: A construção do artista em mi...ação n

67

individuais que proporcionariam as devidas extensões, esta placa levou 5 horas de

trabalho para o seu término, (figura 28).

Figura 28 Placa Central

Acervo Pessoal do Artista

Uma peça muito importante e delicada, importante por se tratar da central

onde se fará a ligação dentre os botões e a máquina, e delicada devido a ela ser

pequena assim como os seus contatos o que dificultou no trabalho de sua

confecção.

Após o termino da construção da placa, foi testado todos os contatos para

ver se todas as soldas haviam sido corretamente efetuadas, e para estar

descobrindo seus devidos pares, por isso a diferença nas cores de fio na placa, para

facilitar a localização de cada fio e analisar seu funcionamento, assim foi possível

criar um mapa com seus devidos resultados.

Com a placa pronta e com todos os contatos funcionando, questionou-se

qual o programa que facilitaria a execução da obra no sentido de ter uma linguagem

mais acessível a sua produção. Assim, foi cogitada a utilização do software Flash da

Adobe, software esse utilizado por webdesigner e utilizado na produção de

animações em diversos campos de atuação. Assim iniciou-se a procura pelas linhas

de comando necessárias para o bom funcionamento da obra, a partir da

programação com action script 2, linguagem usada pelo o aplicativo Adobe Flash

CS3. Foi possível assim programar para que cada botão ativado pelo teclado gere

uma imagem, onde a mesma será projetada em um datashow. Porém, a busca pelas

Page 66: A construção do artista em mi...ação n

68

linhas de comando durou para além de uma semana, fazendo-se necessária a

procura por alguém na área de programação em Flash para o auxilio da produção.

Então busquei a ajuda de parceiros na área em uma escola técnica na qual

eu havia me formado em técnico em editoração. Nessa busca na escola técnica, eu

fui apresentado ao professor Fabiano, onde eu pude expor meu problema e minhas

tentativas pelas linhas de comando necessárias para a execução da obra. Após

algumas horas de procura na internet atrás de comandos, junto com o conhecimento

do professor Fabiano, criei as linhas de comando necessárias para o funcionamento

da obra.

Após a produção da programação necessária foi iniciado a produção dos

botões, porém antes disso ouve o questionamento de como estes botões poderiam

estar sendo feitos, eu imaginei a confecção de quadros que ao serem pressionados

gerariam a imagem, porem através de alguns estudos efetuados pela minha pessoa

constatei que eu tinha materiais diferenciados que foram armazenados desde o

segundo semestre do ano passado. Estes materiais eram tubos de fotolitos

utilizados para a sua armazenagem e transporte.

Figura 29: Tubo de fotolito

Acervo do artista

Page 67: A construção do artista em mi...ação n

69

Após o estudo e verificação das peças, foi desenvolvido um botão, figura 30,

que funciona a partir do deslocamento de ar dentro dele, uma espécie de diafragma

que, quando o ar era gerado dentro do tubo, duas películas finas se encostavam

uma na outra, nessas películas haviam contatos que foram elaborados com papel

alumínio, onde esse papel alumínio era conectado a um fio, por sua vez esse fio é

ligado a placa central que é ligada no input, na entrada da máquina e seu resultado.

A imagem é projetada no datashow, monitor, ou qualquer outra forma de output, de

saída como, por exemplo, também o monitor.

Figura 30 Vista interna do botão com o contato

Acervo do Artista

Após o termino da parte interna do botão cada peça era afixada uma

contra a outras gerando assim a parte principal do botão vindo assim a concluir a

produção do botão.

Page 68: A construção do artista em mi...ação n

70

Figura 31 vista externa dos contatos, botão fechado

Acervo do artista

Figura 32 Vista do botão inteiro

acervo do Artista

A partir de todos estes elementos nasceu Seven que tem como

primeiro tema os sete pecados capitais, onde cada botão vai gerar uma imagem

relacionada a um pecado capital. Assim com essa obra minha intenção foi mostrar a

Page 69: A construção do artista em mi...ação n

71

hibridização da arte e tecnologia, e como o artista pode estar fazendo uso do que a

sociedade atual oferece para estas áreas de artes que é do que falamos o tempo

todo.

Page 70: A construção do artista em mi...ação n

72

8 Conclusão

Dentro do histórico das artes ao longo do tempo a mesma começou a ter

uma mistura/hibridização com outros campos de atuação como, por exemplo, o

biológico, a performance e como citado na pesquisa efetuada o tecnológico, onde a

arte hoje se encontra hibridizada com as mídias digitais.

Com a pesquisa efetuada, foi levantado como é hoje o diálogo entre os

artistas e técnicos ou parceiros, que além dos conhecimentos que o artista tem ao

longo de sua caminhada, conta com a atuação de técnicos de outras áreas,

dependendo da obra a ser desenvolvida. Com esta atuação e “miscelânea” o artista

pode constatar quais os campos de atuação entre a arte e tecnologia que mais se

enquadram dentro de sua obra e como esses campos podem estar influenciando a

produção artística. Com o levantamento dos eventos ficou mais fácil relacionar os

diferentes campos atuantes como, por exemplo, a web arte, game arte, música

eletrônica ou eletroacústica entre outros campos de atuação.

Com todo o material disponível tanto bibliográfico quanto online é inevitável

argumentar sobre a dificuldade de material disponível voltado sobre a formação do

artista em tecnologia, sobre o histórico deste campo artístico tecnológico.

A partir desta pesquisa viso a possibilidade de trabalhos relacionados a

outras áreas de atuação como, por exemplo, a bioarte, música eletroacústica,

videoarte e sobre o ferramental tecnológico que pode ser utilizado dentro destas

produções.

Meu encantamento por essa ramificação da arte com a tecnologia foi

inevitável sempre fui um apaixonado por tecnologia e esta busca de como eu quanto

a artista com formação acadêmica em Bacharel poderia estar usufruindo desses

meios tecnológicos dentro da arte fez com que eu conseguisse ligar os dois campos

do conhecimento que eu mais gosto, Arte e Tecnologia. Vejo futuras possibilidades

da inclusão de mais tecnologia dentro das minhas produções. E imagino como posso

estar usufruindo de tantos outros meios que conheci e convivi dentro da minha

carreira acadêmica.

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contemporâneos no Brasil Por Aracy A. Amaral Publicado por Editora 34, 2006

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