a construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

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A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

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Page 1: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

A construção da identidade de

mulheres no tráfico de drogas: uma

perspectiva sistêmica

Page 2: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Favela

“an area, predominantly of housing, characterized by the occupation of land by low-income populations, precarious

infrastructure and public services, narrow and irregular layout of access

ways, irregularly shaped and sized plots and unregistered constructions, breaking with legal standards.”

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Questões

► As participantes percebem o duplo caráter das suas identidades (como mulheres e ex-criminosas) como conflitante?

► Como elas negociam o possível dilema no processo de construção de suas identidades?

► Que tipo de discursos são construídos como resultado desta negociação?

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Método

►O local

►As participantes

► Entrando no campo

►Entrevistas

►Análise

Page 7: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

1)Denise

2)Flávia

3)Vanessa

4)Selma

5)Marina

6)Elisa

7)Sandra

Participantes

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O contexto mais amplo

- Realidade material: a constante presença do tráfico de drogas

- Realidades discursiva: opressão internalizada

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Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘self’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opção”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 12: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘self’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opção”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 13: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Alinhamento

“nós mulheres que temos assim um marido que se encontra privado da sua liberdade, a gente tem que ser muito pacata, a gente tem que falar pouco, a gente tem que andar menos ainda. A mulher tem que viver presa dentro de casa, não tem aquela liberdade. ” (Denise)

Page 14: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Distanciamento

“me sentia, me sentia superior. (...) Todas tinham que ser submissas a mim” ” (Denise)

Page 15: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Alinhamento

“eu era uma mulher assim obcecada sabe, eu tinha muito ciúme e não deu certo. Eu acho que a gente tem que ter um pouquinho de cada coisa, a gente não tem que ter excesso de nada, né? Eu não soube assim me conter, não sabia me controlar, aí o relacionamento acabou.” (Denise)

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Alinhamento

“Bonito. Ele era assim branco que nem você e tinha os olhos claros. Quem olhava ele na rua, não dizia que ele era aquilo.” (Flávia)

Page 17: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Distanciamento

“Eu tenho uma boa educação. Você vê que eu sei dialogar, como muitas meninas da comunidade não sabem. Ia chegar aqui pra conversar com você, ia falar: (...). ‘Quero ir embora. Não vai acabar isso aí não, essa merda?’” (Flávia)

Page 18: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘self’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opçã0”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 19: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Orgulho

“Sempre quis dar alguma coisa pra ela assim, mas ela nunca aceitou nada, falava que o dinheiro era sujo (...). Mas tem mães que até incentiva o filho a sair, a fazer, pra ter o dinheiro dentro de casa, entendeu?” (Vanessa)

Page 20: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Vergonha

“[“nunca tive ela como inspiração pra trabalho, entendeu? Sim, porque até então ela, tadinha, passou a vida toda costurando numa fábrica (...) O que ela ganhava trabalhando, saindo de casa seis e chegando sete, eu ganhava em dois, três dias.”] .” (Vanessa)

Page 21: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Orgulho

“O que me emocionou foi saber que eu sou mãe, que eu sou mãe, que eu sou como um cachorro, como uma ave, que qualquer pessoa que se aproxime dos filhos elas querem avançar. Eu sei que eu tô disposta a defender os meus filhos de qualquer pessoa, de qualquer coisa que for acontecer.” (Denise)

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Vergonha

“[“Eu não criei meus filhos porque eu me envolvi muito cedo, eu não tive um apoio moral pra dar pra eles, tudo eu achava que era dinheiro, que eram bem materiais, é cordão de ouro, moto, dinheiro, telefone caro. Eu nunca parei pra analisar o quanto eu estava assim destruindo a infância dos meus filhos.” (Denise)

Page 23: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘self’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opção”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 24: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

“Coisas que eu fiz” X “quem eu sou”“Claro que eu já experimentei, já fumei maconha, já cheirei loló, entendeu? Mas cocaína eu nunca experimentei não.” (Vanessa)

“Tipo assim, quando eu estava no crime, eu nunca feri ninguém, eu nunca tirei vidas (…) nunca, nunca, mas eu já testemunhei muitas torturas, até mortes, eu costumava pedir pros meus amigos pra não fazer isso.” (Denise)

Page 25: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

“Coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

“depois eu parei pra analisar e vi que todos nós que somos seres viventes, somos humanos, estamos dispostos a errar e a cometer alguns deslizes na vida, né?” (Denise)

“eu tenho certeza que um dia tudo isso na minha vida vai passar. Só tá, vamos supor que tá uma nuvem preta, mas essa nuvem preta vai sair.” (Flávia)

Page 26: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘sel’f’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opção”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 27: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Agência

“a amizade não me levou a lugar nenhum, eu fui porque eu quis, fui com as minhas pernas, fui porque eu quis.” (Selma)

“Porque tu vê tanta gente aí, tu vê os garotinhos pequenininhos indo engraxar, indo vender doce no ônibus, indo fazer alguma coisa. Por que esses mesmo que tão entrando pro tráfico não vão fazer a mesma coisa? Então não é falta de opção, entendeu? ” (Vanessa)

Page 28: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Falta de opções

“tem, tem mais preto. Por que? Porque já é descriminado na rua, não tem mais nada a perder, “pô, que se foda, vou formar no morro, vou ser soldado no morro.” (Flávia)

“o tráfico eu acho que é o único emprego assim mesmo que não tem nada de raça, entendeu? Nem raça, nem estudo, nem nada. Entrou, trabalhou.” (Vanessa)

Page 29: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Categorias Interpretativas

1)Fala sobre mulheres: alinhamento X distanciamento

2)Ser filha e mãe: vergonha X orgulho

3)Fala sobre o ‘self’: “coisas que eu fiz” X “quem eu sou”

4)Agência: “porque eu quis” X “porque eu não tive opção”

5)Discurso reformado: identidade passada X identidade presente

Page 30: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Discurso reformado

Transformando-se em uma boa mãe

“Hoje eu digo: pô, eu sou mãe, eu amo meu filho. Se você chegar, dar um tapa no meu filho, você vai ver a fúria que eu sou. ” (Flávia)

“Eu aprendi uma coisa: que meus verdadeiros amigos são os meus filhos, que eu sei que elas tão dispostas a qualquer coisa por mim.” ” (Denise)

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Discurso reformado

Namorando ‘trabalhadores’“eu fiquei quatro anos com, com um cara, terminamos agora um mês, só. Muito gente boa, trabalhador, que eu não namoro bandido, não namoro assaltante.” (Selma)

“Quando eu me envolvi com trabalhadores foi legal, eu me senti mais amada, mais preenchida, mais realizada.” (Denise)

Page 32: A construção da identidade de mulheres no tráfico de drogas: uma perspectiva sistêmica

Conclusão

Gênero

O papel do poder- ser uma criminosa- ser uma ‘mulher de bandido’

O papel dos homens- entrar para o tráfico- sair do tráfico