tcc adolescente cooptado pelo trÁfico de drogas

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Serviço Social ADRIANA CRISTINA DAVOGLIO CASTELANO MARIA JOSE SANTOS SOUTO ROSELI APARECIDA NEGRI SILVIA SOARES MISTURA SOUZA ADOLESCENTES COOPTADOS PELO TRÁFICO DE DROGAS: Uma questão para debate. Guarulhos 2013

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Page 1: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

Serviço Social

ADRIANA CRISTINA DAVOGLIO CASTELANO

MARIA JOSE SANTOS SOUTO

ROSELI APARECIDA NEGRI

SILVIA SOARES MISTURA SOUZA

ADOLESCENTES COOPTADOS PELO TRÁFICO DE DROGAS:

Uma questão para debate.

Guarulhos

2013

Page 2: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

ADRIANA CRISTINA DAVOGLIO CASTELANO

MARIA JOSE SANTOS SOUTO

ROSELI APARECIDA NEGRI

SILVIA SOARES MISTURA SOUZA

ADOLESCENTES COOPTADOS PELO TRÁFICO DE DROGAS:

Uma questão para debate.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Serviço Social da Universidade Guarulhos como requisito parcial para obtenção do grau de Ba-charel em Serviço Social. Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas, sob a orientação da Prof. Ms. Valdeir Claudinei de Oliveira.

Guarulhos

2013

Page 3: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

Serviço Social

A Comissão Avaliadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social

da Universidade Guarulhos intitulado “ADOLESCENTES COOPTADOS PELO

TRÁFICO DE DROGAS: Uma questão para debate.”, considerou as alunas

Adriana Cristina Davoglio Castelano, Maria Jose Santos Souto; Roseli Apareci-

da Negri; Silvia Soares Mistura Souza. ____________________.

COMISSÃO AVALIADORA

1. Profa Ms. Valdeir Claudinei de Oliveira (Orientador)

______________________

Guarulhos, 20 de maio de 2013.

Page 4: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

Dedicamos este trabalho aos meninos, aos jovens e

aos adolescentes envolvidos no tráfico, há todas as

famílias que tiveram a experiência de perder um filho,

um pai, um irmão ou até mesmo um amigo para o

comércio e o consumo de drogas.

Page 5: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por nunca me abandonar em todos os desertos que atravessei sem ele eu não teria forças para continuar conse-guir chegar ao nível mais complexo, sentindo a renovação a cada momento ao longo dessa jornada usando a percepção, a coragem e a fé que me ajudou a concluir este curso. Mesmo quando não somos fiéis, Ele permanece fiel. Agradeço a meu marido Claudio Castelano que nas inúmeras vezes que, estava nervosa, deprimida e perdida, sempre teve uma palavra de carinho e de incentivo, a minha enteada Claudia Cecília Castelano, pois seu apoio foi muito especial, sempre me auxiliando em todos os momentos principalmente quando eu acreditava que não conseguiria atingir minha meta. Agradeço aos meus familiares pela compreensão das faltas nas reuni-ões de família e o apoio que muito precisei para não fraquejar diante dos inú-meros obstáculos, a minha cunhada Regina Cardoso Davoglio, pelas inúmeras vezes que deixei a desejar em tempos remotos os quais tentava esquecer, po-rém atribuo a estes momentos a diretriz deste estudo. Dedico “in memória” a Waldemar Davoglio e Renée Guimarães Davoglio meus pais os quais agradeço pela dádiva da vida, aos quais viverei para se orgulharem.

Adriana Castelano

Page 6: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS por me direcionar rumo a esta conquista tão intensa e difícil, porém muito prazerosa. Pois, para eu chegar aonde cheguei e conquis-tar o que conquistei é significado de muita luta desafios, noites sem dormir e muita garra para conquistar esse sonho que me parecia tão distante e que hoje é real. Sou muito grata ao meu Senhor JESSUS CRISTO, pois ele foi minha fonte de inspiração fazendo despertar em mim uma fortaleza que eu não sabia que possuía. Agradeço aos meus pais José Ferreira Gomes e Maria Benício dos Santos, por expressar imensa satisfação e orgulho da pessoa que eles me ajudaram à ser. Agradeço ao meu esposo Francisco Dimas de Paula Souto, que em alguns momentos difíceis, me despertou um imenso conceito e respeito ao ser huma-no e amor ao próximo, agradeço lhe também pelos momentos de extrema aju-da em tarefas realizando papel de esposo de pai e de “Mãe”. Ao meu grande companheiro dedico parte desde trabalho. Dedico meu trabalho também às minhas três filhas, Shisley, Sherly e Shis-leny. Elas foram minhas ouvintes em momentos de grande stress, foram mi-nhas conselheiras, foram professoras e principalmente foram ´´ Filhas `` me dando todo amor, compreensão e estímulo quando eu mais precisei, por esses e outros motivos me considero uma pessoa de muita sorte, pois nesses mo-mentos sou feliz três vezes, por ter tido três filhas. Agradeço aos meus três genros, são eles: Felipe, Paulo e Rodolfo. Obriga-da por sempre estarem ao meu lado me apoiando, pois considero-lhes como os filhos que não pude gerar . Agora vou agradecer a um pequenino que à cada sorriso preenche meu co-ração todos os dias de um amor inexplicável, agradeço ao meu neto Henry ele é o símbolo da minha renovação como pessoa e como mulher pois a satisfação de ser chamada de ´´ VÓ `` é tão intensa que fica difícil de expressar tamanho amor que sinto por ele. Mas DEUS sabe a importância dele na minha vida e no meu coração. Finalizando meus agradecimentos especiais as minhas amigas de TCC Adriana, Roseli e Silvia, pois sem elas não teria ultrapassado mais esta etapa de minha vida.

Maria Jose Santos Souto

Page 7: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS, e Meishu-Sama, pela permissão de concluir mais uma conquista em minha vida. Agradeço a Pitágoras, pois através de seus ensinamentos sobre Nume-rologia, foi o respaldo financeiro que utilizei para custear a graduação. Agradeço aos meus pais, as minhas irmãs, Suely e Lucia, meus filhos Patrícia e Michel, minha amiga, Fatima, a todos que me incentivavam nesta conquista intelectual. Agradeço de maneira mais especial à amiga e companheira de TCC, Adriana. E por fim a todos que de alguma forma contribuíram para esta vitória.

Roseli Aparecida Negri

Page 8: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, pelo consentimento de finalizar esta de tantas con-quista em minha vida. Agradeço ao Chanceler da Universidade Guarulhos, Prof. Antonio Vero-nezi, pois me proporcionou a oportunidade de realizar esta graduação. A meu marido e meus familiares, minhas colegas de TCC pela oportuni-dade de fazer parte deste estudo. E por fim a todos aqueles que estiveram na torcida, nas suas mais dife-rentes formas.

Silvia Soares Mistura Souza

Page 9: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

O adolescente infrator

Quem é este menino? Um menor...

Menor invisível. Menor no amor, no afeto.

Menor no carinho, nas oportunidades. Menor mais um,

Menor menos um. “Pequeno” menor sem arma, “Grande” menor com arma.

Sempre menor. Adolescente!

A dor que sente... ninguém vê! Em meio a multidão, solidão.

A violência é o seu grito! A violência é a expressão da dor que sente.

Adolescente! A dor que acende

A revolta, a ira, o medo. A dor que aciona...

O grito... Ninguém vê! Poesia inspirada na teoria e prática: aulas de Políticas Públicas e estágio extracurricular na Vara Infracional da infância e juventude. http://reiara.blogspot.com.br/2010/01/adolescente-infrator-poesia.html

Page 10: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

RESUMO

O presente estudo intitulado “ADOLESCENTES COOPTADOS PELO TRÁFI-CO DE DROGAS: Uma questão para debate.” de autoria de Adriana Cristina Davoglio Castelano, Maria Jose Santos Souto, Roseli Aparecida Negri e Silvia Soares Mistura Souza. Este estudo objetiva exibir a relação de crianças e adolescentes com o tráfico de drogas, traçando a trajetória da cooptação, expondo as expressões do tráfi-co de drogas lícitas e ilícitas, essas relações permitem de uma forma simultâ-nea a criação de riquezas e a centralização das classes possuidoras do poder econômico e politico, alimentando a lógica capitalista e a dinâmica da produ-ção globalizada. A princípio este estudo foca se no resgate da história da infân-cia desamparada, ponderando como era o atendimento de crianças, adoles-centes e jovens antes da Constituição de 1988 e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) de 1990 no qual considera crianças as que têm até 12 anos incompletos e adolescentes, entre 12 e 18 anos de idade e jovens de 18 aos 24 anos. No segundo momento este estudo se propõe expor a respeito da questão social, da desigualdade social, da sociedade de consumo como mecanismos de cooptações e explorações, as mudanças do capitalismo na vida cotidiana e na economia, o desemprego, a origem da relação com o tráfico de drogas mo-dificando profundamente a identidade da criança, do adolescente e do jovem diante do grupo de convívio e da sociedade. Finalizando, este trabalho indican-do o quanto se faz necessário e a importância de ampliações nas políticas de cuidados para crianças, adolescentes e jovens, especialmente, a ampliação dar efeito ao Sistema de Garantia de Direitos vigentes no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a articulação e integração dos órgãos públicos governa-mentais e da sociedade civil, enfatizando o posicionamento do Serviço Social na intransigente defesa por direitos humanos e sociais de crianças, adolescen-tes e jovens, indagando sobre os debates em torno da alteração do artigo 228 da Constituição Federal de 1988 no qual alteraria a idade penal para 14 a-nos. Contribuindo assim para melhor entendimento sobre os motivos que levam ao cooptar do trafico aumentar a cada ano, a posição de status quo que esta introduz indo para o adolescente. Palavras Chaves: Adolescentes. Cooptação. Exploração. Identidade social. Tráfico de drogas. Sociedade de consumo.

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ABSTRACT

This study “titled “TEENS CO-OPTED BY DRUG TRAFFICKING”: A question

for debate.” written by Adriana Cristina Davoglio Castelano, Maria Jose Santos

Souto, Roseli Aparecida Negri and Silvia Soares Mistura Souza.

This study aims to present on the cooptation of children and adolescents by

drug trafficking, tracing its history, exposing the expressions of trafficking in illicit

drugs having dynamics in global production, these relations allow a simultane-

ous creation of wealth and centralization of propertied classes of the political

and economic power, fueling the capitalist logic. At first this study focuses on

the rescue of helpless childhood story, pondering how was the attendance of

children and young people before the 1988 Constitution and the ECA (Statute of

Children and Adolescents) in 1990 which considers the children who have up to

12 years of age and adolescents between 12 and 18 years of age and youth 18

to 24 years. In the second time this study was to analyze on the social question,

the social inequality, consumer society as mechanisms of cooptation and hold-

ings, changes of capitalism in everyday life and in the economy, unemployment,

the origin of the relationship with drug trafficking profoundly changing the identi-

ties of the children, adolescents and young on group interaction and society.

Finally, this study indicates how much is required and the importance of expan-

sion policies of care for children, adolescents and young people, especially, the

expansion give effect to the Guarantee System of Rights in force in ECA (Stat-

ute of Children and Adolescents) and the coordination and integration of public

bodies blicos-governmental and civil society, emphasizing the positioning of

Social Service in uncompromising defense of human and social rights of chil-

dren, adolescents and young, inquiring about the debate surrounding the

amendment of Article 228 of the Federal Constitution in 1988 which would

change the age of criminal responsibility to 14 years. Thus contributing to a bet-

ter understanding of the reasons that lead to coop-tar traffic increase each year,

the position of status quo that introduces going to the teen.

Key Words: Teens. Cooptation. Exploration. Social identity. Drug trafficking.

Consumer society.

Page 12: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

1. RESGATANDO A HISTÓRIA DA INFÂNCIA. ......................................... 17

2. DESIGUALDADES E PAUPERISMO. ..................................................... 30

3. A INDÚSTRIA DO TRÁFICO DE DROGAS. ........................................... 41

3.1. Drogas: Estereótipo ou Conceito? ......................................................... 43

3.2. Políticas Sociais de Intervenção. ........................................................... 48

3.3. O Serviço Social. ................................................................................... 53

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 57

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 59

Page 13: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

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INTRODUÇÃO

“Da mesma maneira que a criança deve viver de acordo com as ordens de seu mestre,

a nossa faculdade de desejar deve conformar se as prescrições da razão”.

Aristóteles

O objetivo deste estudo visa mostrar as transformações no conceito de

infância, delineando sua trajetória desde os tempos de colônia até os dias atu-

ais. Notoriamente cada período tem o seu modo próprio de avaliar o que é ser

criança, e o conceito de infância não permaneceu sempre do mesmo jeito.

No primeiro capítulo Resgatando a História da Infância exibe as descri-

ções documentadas do período colonial de vários autores ratificando o trata-

mento social dispensado à infância, que igualava se aos dos adultos como o

modo de vestir as responsabilidades e o trabalho. A maior preocupação das

famílias pobres deste período era o trabalho nas lavouras ou em serviços do-

mésticos nos quais as crianças eram ensinadas em tenra idade, em contra par-

tida as crianças nobres aprendiam as artes da guerra ou os ofícios eclesiásti-

cos indicando as diferenças que ocorriam no modo de vida e na educação que

recebiam, este estudo vem ainda ressaltam os direitos das crianças no período

colonial e imperial as várias edificações conhecidas como “casa dos expostos”,

junto a Santas Casas de Misericórdia, estas casas abrigavam crianças de dez

a dezessete anos apresentadas como menores desprezados, delinquentes e

criminosos e precisaria ser empregada a repressão como medida para solucio-

nar o problema.

Delineando sobre o atendimento às crianças no Brasil que apresentou

maior significação nas últimas décadas do século XX, quando a criança passou

a ser objeto de políticas governamentais de caráter mais abrangente: a Consti-

tuição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 que trouxeram

uma nova concepção de infância: a criança como um sujeito de direito.

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No capitulo “Desigualdade e pauperismo” referência às mudanças que

ocorreram no mundo com a Revolução Industrial no século XVII, dando origem

a expressões como pobreza, desemprego, trabalho precário, violência familiar,

vitimização de crianças, adolescentes e jovens, abandono e negligências, a

questão social, a sociedade de consumo.

Devido às crises econômicas que o Brasil passou nas últimas décadas

as maiores vítimas foram, as crianças, os adolescentes e os jovens de baixa

renda por causa de quedas do salário real ou a piora na distribuição de renda,

explica quase todo o aumento dos homicídios que é maior o índice entre os 15

aos 19 anos, reduzindo nas faixas etárias acima de 20 anos. Apesar dos avan-

ços na legislação nacional as crianças, os adolescentes e os jovens estão sen-

do cooptados pelo tráfico de drogas e explorados devido ás dificuldades impos-

tas pelo capitalismo globalizado, os quais se encontravam e ainda persiste den-

tro da sociedade contemporânea. Crianças, adolescentes e jovens convivem

diariamente no mundo criminoso do tráfico de drogas e ampla quantidade des-

tas atuam diretamente no tráfico e já tem uma função determinada no local on-

de habita.

Várias transformações ocorreram no mundo capitalista contemporâneo

assinalando um rompimento com o período capitalista industrial. Com a crise

capitalista dos anos 70, regidas pelas novas exigências tecnológico-

econômicas resultado de uma evolução capitalista contemporânea, a qual co-

meça a alimentar cada vez mais a vulnerabilidade social, colocando de tal mo-

do a falta da garantia de bem estar, constituindo a fundamental dificuldade da

sociedade capitalista originando as “questões sociais”.

Como a globalização que enfatiza a questão social, revelando assim o

aumento do subemprego e do desemprego, a adaptação do trabalho que dete-

riorava a qualidade de vida, este fenômeno começou a ser conceituado como

exclusão social facilitando a cooptação das crianças e adolescentes para a vida

no tráfico de drogas e consequentemente ao consumo, como uma alternativa

entre as opções escassas e deficientes de educação e formação para o mer-

cado de trabalho, multiplicando uma atitude contraditória da alocução de que

haverá condições igualitárias de vida entre os cidadãos.

Page 15: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

15

Embora haja limitações impostas pelo contexto social a que são subme-

tidos, existem aspectos subjetivos que influenciam a aliciação pelo tráfico, mar-

cados por certo grau de voluntariedade. No Brasil o consumo de drogas foi

despenalizado criminalmente, porém não descriminalizado indicando as incer-

tezas que há no conceito de “droga” que coopera para que se determine um

indivíduo em um discurso sobrecarregado de moralidades, dentro de uma soci-

edade extremamente excludente e sobre tudo o que dela provém os diferentes

discursos que se constroem sobre as drogas. Criado o Sistema Nacional de

Políticas Públicas (SISNAD) que atualmente estabelece a diferença entre cri-

minosos e vítimas, os que fazem jus a força da lei e da Justiça e os que têm

direito ao tratamento médico, ao apoio psicológico e à assistência social.

A pobreza, a miséria, a falta de oportunidades de emprego, a seletivida-

de formam assim um mosaico cuja chave para interpretar sua durabilidade ao

longo dos séculos ainda desafia a sociedade. É esse modernismo brasileiro

que vê proliferar nas ruas meninos e meninas sem futuro, os drogados, os

marginais para os quais não há políticas sociais efetivas e nem mesmo Estado

responsável na luta e no enfrentamento deste problema social.

Atualmente os debates em torno da proposta de redução da idade penal,

sendo fortalecidos mediante a incessante mídia, indicando que o ECA e a Fun-

dação Casa nada faz para mudar o quadro de violência praticados por crianças

e adolescentes, porém o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS ) vem

indicando que punir e segregar jovens não impedirá que a violência avance e

se reproduza, a subtração só faz crescer a conta final da violência. Deste modo

a posição de um número da juventude brasileira, os quais não deterão as qua-

lidades visíveis para a construção de identidades com o trabalho, todavia, colo-

ca-se no delito, referenciando-o como um trabalho digno, rendendo-se a explo-

ração de sua força de trabalho, sem avaliá-la, uma vez que o pagamento obtido

com ações criminosas, os adolescentes sentem-se saciados por meio do poder

e respeito que o crime, fantasiosamente, os oferece, tendo a “chance” da im-

portância como sujeito, mesmo que para isso signifique a morte ou o encarce-

ramento.

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1. RESGATANDO A HISTÓRIA DA INFÂNCIA.

(...) escrever uma historia do menino da sua vida - dos seus brinquedos, dos seus vícios - brasileiro, desde o tempo de colônias até hoje (...).

Os órfãos dos colégios dos jesuítas. Os alunos dos padres.

Os meninos mestiços (...) será possível chegar-se á uma ideia sobre a personalidade do brasileiro.

É o menino que revela o homem.

(Gilberto Freyre, 1921).

Segundo as pesquisas de ARIÉS (1981) na qual aponta que nos séculos

XIV, XV e XVI na Europa as crianças eram vistas como um adulto em miniatu-

ra, o tratamento social dispensado a criança era igual ao de adultos, deste mo-

do, o serviço doméstico confundia se com a aprendizagem, consistindo em

uma forma de educação da criança, pois a passagem pela família era rápida e

insignificante. Geralmente, a partir dos sete anos, as crianças passaram a viver

com outra família para serem educadas. Pelos estudos de ARIÉS (1981), per-

cebe-se que não havia uma educação letrada, pois as crianças eram entregues

às famílias, muitas vezes a desconhecidos ou vizinhos, para prestarem servi-

ços domésticos ou aprenderem algum ofício, significando a naturalização pre-

maturamente da infância sendo cada vez mais cedo úteis ao trabalho.

(...) o sentimento da infância não existia - o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou despreza-das. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade in-fantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. (ARIÉS (1981), 1981 p.156.)

Com base nas afirmativas de ARIÉS (1981) verifica-se que no período

medieval, na maioria das famílias, as casas eram verdadeiros centros de crian-

ças. As famílias eram extensa, formada muitas vezes por tios, tias, avós ou

primos, todos vivendo sobre o mesmo teto. A economia era baseada na agri-

cultura onde todos trabalhavam juntos para um bem-comum. O autor indica

que a taxa de mortalidade infantil da Idade Média era muito alta em razão da

situação escassez de alimentos, a desventura e a falta de saneamento básico.

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18

A morte de uma criança não era recebida com tanta dor e que o sofri-

mento e a tristeza da perda passavam rapidamente e aquela criança era substi-

tuída por outro recém-nascido para cumprir sua função pré-estabelecida. A

grande mortalidade infantil na Europa medieval mesmo entre ricos e pobres,

mostra o relativo descaso pelas crianças, o que ajuda a estimular a Coroa por-

tuguesa o aliciamento de crianças entre as famílias pobres para servirem como

mão de obra.

Havia uma preocupação prematura nas famílias pobres para que a cri-

ança fosse trabalhar nas lavouras ou serviços domésticos, às famílias nobres

aprendiam as artes de guerra ou os ofícios eclesiásticos. Essa realidade com-

provava que não havia muito tempo por parte dos pais para dar carinho e dedi-

cação a elas á inquietação para ensiná-las um ofício e a atenção dos pais nos

seus trabalhos, na guerra ou pedindo esmolas proporcionava tal situação.

É só a partir do século XVI que mudanças de concepções referen-tes à criança e a infância são notadas. Do século XVI para o XVII, na Europa, começam a perceber a criança como um ser diferente do adulto. Surge um sentimento de infância. Sentimento esse um pouco distorcido, uma vez que as crianças eram vistas como obje-to lúdico dos adultos. “Um sentimento que poderíamos chamar de ‘paparicação”. (ARIÉS. 1981 p. 158.)

As classes populares européias continuaram tendo por muito tempo, a

idéia de uma infância curta e fundida com os adultos. As atividades de trabalho

infantil, que sempre estiveram presentes na sociedade européia, sejam elas

domésticas ou agrícolas, continuaram acontecendo depois da Revolução In-

dustrial, mas a escola acabou escondendo essa prática pelas crianças.

Como enfatiza ARIÉS (1981), naquele momento o conceito de infância

estava começando a ser descoberto na Europa como uma idade específica da

vida, naquele mesmo período organizava na época à colonização do Brasil.

Sendo assim, essas transformações no conceito do significado da in-

fância, seja do ponto de vista do educandário, no seio familiar e no cotidiano da

sociedade, estavam pautadas a uma cristianização intensa das tradições e dos

valores dando início ao processo de edificação do indivíduo moderno.

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Segundo PRIORE (2007), no Brasil o conceito de infância não começa

em seu descobrimento, tão pouco 30 anos depois de seu povoamento, essa

história se inicia com o recrutamento de crianças que entravam nas embarca-

ções portuguesas rumo à terra de Santa Cruz, prática incentivada pela coroa

real portuguesa. Desta forma, os europeus, enquanto colonizadores trouxeram

seus valores, costumes, e naturalmente seus conceitos à infância para o Brasil.

Para os pais destas crianças, alistar seus filhos entre a tripulação dos navios

parecia sempre um grande negócio, um meio eficaz de aumentar a renda da

família, como já visto a miséria e a fome que passavam na Europa da Idade

Média.

Há pouquíssimas palavras para definir a criança no passado. (...) “Miúdos”, “ingênuos”, “infantes” são expressões com as quais nos deparamos nos documentos históricos (...). O certo é que, na men-talidade coletiva, a infância era, então, um tempo sem maior per-sonalidade, um momento de transição e por que não dizer espe-rança. (PRIORE, 2007 p.84).

Ainda segundo a autora as crianças subiam nas embarcações nas cate-

gorias de grumetes, de pagens; para se casarem com os súditos da Coroa ou

acompanhadas dos pais ou parentes como passageiros. Qualquer que fosse a

condição de sua entrada nos navios portugueses eram as crianças quem mais

padeciam com o cotidiano do alto mar. No caso dos grumetes e dos pagens

viam-se obrigados a aceitarem os abusos sexuais agressivos e constantes dos

marujos.

Explica que de 106 homens, vinte eram grumetes assim em uma nau

composta por 150 tripulantes pelo menos 27 eram crianças. Dentro das embar-

cações havia muita fome a ração que serviam aos grumetes tinha bolores em

estado de decomposição, por vezes os grumetes tinham a sorte de algum ca-

dáver exposto no convés servi-lhes de isca para captura de pássaros dos quais

podiam se alimentar.

CHAMBOULEYRON (2007) destaca que em 29 de março de 1549 mar-

cou-se a chegada dos Jesuítas no Brasil onde o irmão Vicente Rodrigues ficará

encarregado de ensinar os meninos, tanto à doutrina religiosa a ler e escrever,

Page 20: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

20

além da conversão de um modo geral, o ensino das crianças era prioridade dos

padres da Companhia de Jesus.

Foi também neste movimento que fez os jesuítas a escolher as crianças

indígenas como o papel Blanco1, a cera virgem, em que tanto desejava escre-

ver e inscrever-se, porém os padres foram percebendo a dificuldade de evan-

gelização dos nativos adultos, sendo assim de acordo com CHAM-

BOULEYRON, (2007) toda a atenção se voltava aos seus filhos, que não so-

mente se convertiam mais facilmente, como também seria o grande meio, e

breve, para a conversão dos gentios. A “História da fundação do Colégio da

Bahia” explica o sentido que parece haver orientado o ensino dos meninos.

Vendo os padres que a gente crescida estava tão arraigada em seus pecados, tão obstinada no mal, tão cevada em comer carne humana (...), encarniçados em guerras, e entregues a seus vícios, que é uma das coisas que mais perturba a razão e tira de seu sen-tido, resolveram ensinar seus filhos as coisas de sua salvação (...), depois de bem instruídos, deixando os ritos gentílicos, foram bati-zados. (CHAMBOULEYRON apud PRIORI 2007 p. 59).

Portanto a estratégia era ensinar o maior número possível de meninos

índios nas aldeias, a criação das casas e colégios aconteceu de forma diferen-

ciada em cada região segundo CHAMBOULEYRON, (2007), os padres levaram

alguns órfãos que auxiliavam na doutrina e nos ensinamentos aos inúmeros

escravos.

Segundo SCARANO (2007), as crianças negras foram praticamente ig-

noradas na correspondência que Lisboa recebia, as crianças apenas eram

mencionadas como marginais, sua importância era vista como segundaria, con-

tudo, a falta de maiores menções as crianças nos documentos não que dizer

que tenham sido desvalorizadas. Naquele período as crianças perambulavam

pelas ruas com ou sem finalidade, a rua fazia parte de seu mundo.

A autora descreve que nas Minas Gerais do século XVIII reinava o indi-

vidualismo entre brancos e entre negros escravos por conta do tipo trabalho

precário, aventureiro e sujeito a mudanças, sendo obrigados muitas vezes a

abandonar o relacionamento com suas famílias.

1 Branco

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21

Seguindo a autora que esclarece sobre o crescimento populacional do

século XVIII, originário da miscigenação, ocasionaram inúmeros nascimentos

de mulatos e mestiços. Sendo que os índices populacionais da época eram

enviados para Portugal, contudo não teriam sidos precisos, devido às dificulda-

des de se calcular, mas eram de extrema importância, pois com isso Portugal

poderia cobrar mais impostos, principalmente se tivessem mais cativos. O nas-

cimento de crianças negras e escravas eram significado de amas de leite para

alimentar os filhos de seus donos, tornando a vida da criança negra desvalori-

zada.

Essas crianças foram chamadas de cabra, mestiço, mulato, pardo, etc., mas “gente de cor” é o nome com que se viam agrupados na documentação do período. (SCARANO apud PRIORE 2007 p.112)

Significava que muitas crianças tinham somente o convívio com suas

mães, isso acontecia não somente com os filhos dos negros, mas com o dos

brancos livres. As crianças concebidas pela miscigenação eram ignoradas va-

lendo apenas para somatória populacional e mercadoria, pois a partir dos 07

anos eram separadas de seus pais e vendidas.

Segundo VENÂNCIO (2007), os meninos dos níveis inferiores da socie-

dade européia do século XVII eram recrutados para aprenderem as artes da

guerra. No Brasil estas atitudes foram equívocas, em um primeiro momento

valorizavam os que tinham passado pela companhia de aprendizes marinhei-

ros, no segundo momento na Guerra do Paraguai, várias crianças foram envia-

das para a batalha sem treinamento algum.

Contudo, como explica o autor, por meio de documentação dos recruta-

mentos deste período, registrava-se um conflito entre as famílias dos aprendi-

zes e os burocratas militares, pois as famílias dos recrutados tentavam prote-

gê-los e por outro lado os burocratas não sentiam nenhuma culpabilidade em

mandarem vários meninos para os batalhões navais.

Ao longo da Época Moderna, crianças pobres, órfãs e enjeitadas, principalmente as de comunidade de pescadores, foram recruta-das quase sempre sem nenhuma preparação ou treinamento pré-

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vio. A rude vida do mar era sua escola, sua família e seu destino. (VENÂNCIO apud PRIORE 2007 p.195)

No final do século XVIII essas atitudes a que se refere o autor, sofreram

grandes mudanças, a exigência da idade mínima para o recrutamento e a pre-

paração prévia dos candidatos a profissão de marinheiro.

Tais mudanças, na sua maior parte implantadas no período napo-leônico, às vezes tinham um caráter francamente utópico, pois ba-seavam se na idéia de que as crianças órfãs, bastardas ou aban-donadas tornar-se-iam mais facilmente soldados ou marinheiros ideais. (VENÂNCIO apud PRIORE 2007 p.195)

O autor ilustra que no decorrer do período colonial e imperial foram cria-

das varias casas dos expostos, junto a santas casas, estas habitações abriga-

vam crianças de dez a dezessete anos. Para VENÂNCIO (2007) é importante

reconhecer que as companhias de aprendizes de 1840 representavam uma

ruptura fundamental em relação ao atendimento dos meninos pobres maiores

de sete anos.

(...) esse recrutamento incidia sobre três grupos: os enjeitados nas casas dos expostos, os enviados pela policia e os voluntários ma-triculados pelos pais ou tutores. A novidade do recrutamento con-sistia no fato de os meninos receberem gratuitamente um enxoval e, no caso dos voluntários, os receptivos responsáveis ganharem um prêmio de cem mil réis; valor nada desprezível, pois represen-tava aproximadamente 20% do preço de um escravo adulto ou que permitiria a compra de duas ou mais crianças escravas. (VE-NÂNCIO apud PRIOREI 2007 p.199)

As crianças órfãs, bastardas ou abandonadas que viviam nas casas dos

expostos eram apresentadas como menores desprezados, delinquentes e cri-

minosos e precisaria ser empregada a repressão como medida para solucionar

o problema.

Além de enfrentarem o rigor da chibata, os meninos estavam sujei-tos à alimentação precária baseada em farinha de mandioca e charque, produtos deficientes em proteínas e sais minerais e que facilitavam a proliferação de anemias ou então de infecções opor-tunistas. (VENÂNCIO apud PRIORE 2007 p.201)

Diante do que esclarece o autor às crianças e os adolescentes eram a-

bandonados da sociedade, sendo de certa forma produtos para venda e coagi-

dos a trabalhos forçados deixando a mostra à precariedade do Estado brasilei-

ro que colaborava para que as crianças recrutadas pela Marinha do Brasil de

1865 à 1870 chegarem à situação de conflito armado.

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Segundo Santos (2007), no ano de 1898 começou a circular uma revista

chamada “Álbum das Meninas”, onde trazia em suas páginas o soneto de Amé-

lia Rodrigues, “O Vagabundo”:

O dia inteiro pelas ruas anda, Enxovalhando, roto indiferente: Mãos aos bolsos olhar impertinente, Um machucado chapeuzinho a banda. Cigarro na boca, modos de quem manda, Um dandy de misérias alegremente, A procurar ocasião somente, Em que as tendências bélicas expanda. Em tem doze anos só! Uma corola De flor mal desabrochada! Ao desditoso, Quem faz a grande, e peregrina esmola. De arranca-lo a esse trilho perigoso, De atira-lo p’ra os bancos de uma escola?! Do vagabundo faz-se o criminoso.

Álbum das Meninas, revista literária e educativa dedicada às jovens brasileiras- propriedade de Anália Emília Franco - Ano I, São Paulo, 31 out. 1898, n 7 p.156.

Como o autor explica este soneto consistiu como um alerta de sua auto-

ra para os perigos e ameaças que existiam nas ruas da cidade, devido aos no-

vos padrões instituídos pela modernidade, introduzidos pela industrialização,

pela urbanização e a crescente pauperização das classes populares.

A criminalidade avolumara-se e tornara-se uma faceta importante daquele cotidiano, quer pela vivência dos fatos materiais, quer pe-la interiorização da insegurança que em maior ou menor grau atin-gia as pessoas. O aumento da ocorrência de crimes é acompa-nhado pelo aumento e especialização dos mecanismos de repres-são, gerando uma maior incidência de conflitos urbanos, numa cla-ra manifestação do agravamento das tensões sociais. (SANTOS apud PRIORI 2007 p.213-214)

O autor ressalta que dentro das estatísticas preparadas no século XIX

sobre criminalidade demonstra que os menores de idade estiveram sempre

presentes, entre os anos de 1900 a 1916 o grau de infrações por dez mil habi-

tantes em sua maioria eram de 307,32 cometidos por maiores e de 275,14 co-

metidos por menores, que variavam de desordem e vadiagem por embriaguez

a furtos e roubos.

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Estes dados indicam a menor agressividade nos delitos envolven-do menores, que tinham na malícia e na esperteza suas principais ferramentas de ação; e nas ruas da cidade, o local perfeito para pôr em prática as artimanhas que garantiriam sua sobrevivência. (SANTOS apud PRIORE 2007 p.214)

Sendo assim, juristas e legisladores trataram de elaborar um novo códi-

go penal dentro da realidade social que se vivia substituindo o anterior regime.

Segundo Santos (2007), a infância sempre era vista como a “semente do

futuro” era alvo de sérias preocupações. Entretanto, este novo olhar da infância

se fazia necessário à mudança das leis, mas, dentro da sociedade patriarcal

brasileira não se tinha distinção entre meninas e meninos as penas serviriam

para ambos, ressaltando os valores e a dominação masculina e a submissão

da mulher mesmo na infância, organizando uma entidade disciplinar e uma co-

lônia correcional.

Porém, as condições materiais do Estado, que não tendo um estabele-

cimento adequado para o cumprimento das sentenças utilizava o trabalho agrí-

cola, por ser mais higiênico, estar ao ar livre e desenvolvia exercícios físicos.

Além disso, os internos recebiam aulas complementares de edu-cação cívica, na intenção de reprimir o “desamor” que muitas ve-zes expressavam pela pátria. (...) No que se dizia respeito à edu-cação, o instituto muito deixava a desejar (...), após uma longa es-tadia, de lá saiam sem nada aprender, em estado de semi-analfabetismo. (SANTOS apud PRIORI 2007 p.225)

Na sociedade do século XIX o crescimento econômico e a desigualdade

social que o capital industrial introduziu, originaram o preconceito disparando a

criminalidade dentro da sociedade que afetava principalmente a população ca-

rente e seus filhos, que eram levados para serem institucionalizados e reedu-

cados, a fim de reprimirem a vadiagem, a embriaguez, a mendicância e a pros-

tituição, dos chamados desviados da coletividade desta época.

Apesar das instituições existirem as fugas que eram constantes, motiva-

das pela rebeldia dos jovens que não se sujeitavam as medidas autoritárias de

reabilitação rebelavam se por causa do tratamento cruel e frequentemente vio-

lento aplicado por policiais e por funcionários da instituição.

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MOURA (2007), explica sobre a mão de obra nas fábricas de 1919 que

eram em sua maioria crianças entre os dez aos doze anos de idade.

A acentuada presença de crianças e de adolescentes nas indús-trias de tecidos não limita (...), a participação desses trabalhadores (...). (MOURA apud PRIORE 2007 p.266).

Moura (2007) descreve que nas indústrias de confecções, alimentícias,

de produtos químicos, na metalúrgia, como em outros setores as funções dos

pequenos operários eram bem ampliadas, ou seja, não se tinham diferenciação

de trabalhos para meninos ou meninas, nem tão pouco por idade. Os acidentes

de trabalho eram constantes, porém, a violência como eram tratados operários

e operárias eram brutais.

(...) os ferimentos resultantes dos maus-tratos que os patrões e representantes dos cargos de chefia - como mestres e contrames-tres - infligiam aos pequenos operários e operários, no afã de mantê-los “na linha”, situação igualmente reveladora da extrema violência que permeava o cotidiano do trabalho. (MOURA apud PRIORE 2007 p.266).

Portanto, a criança ainda passa ser tratada como adulto em miniatura, o

crescimento industrial acrescido ao capitalismo exibe os contornos de socieda-

de, inflexível, no tratamento de crianças dentro das fábricas e nas linhas de

produção, acreditando que a violência educa. Contudo este quadro se altera

com a chegada dos imigrantes aos centros urbanos, onde eram chamados de

“anarquistas” pois chamavam a atenção para o descaso do governo, alertando

para a situação das crianças e jovens trabalhadores.

PASSETTI (2007), foi a partir dos anos 20, que a filantropia seja caritati-

va ou privada, praticada por instituições religiosas dá lugar às atuações gover-

namentais como as políticas sociais, iniciadas com o decreto nº 16.272, de 20

de dezembro de 1923, com a regulamentação de proteção aos menores aban-

donados e delinquentes, em 12 de outubro de 1927 surgiu o Código de Meno-

res sob o decreto de nº 17.343/A, regularizando o trabalho infantil.

Fechavam-se os trinta primeiros anos da República, onde o investimento

com a criança pobre significava abandono e potencial perigo para a sociedade

e seria atendida pelo Estado que escolhe educar pelo medo. PASSETTI (2007)

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O objetivo principal era combater o individuo perigoso, com trata-mento médico acompanhado de medidas jurídicas. Para esta ver-tente interpretativa a personagem do “criminoso” era considerada tão importante quanto o ato criminal e por isso o infrator deveria ser internado para, no futuro, vir a ser reintegrado socialmente. (PASSETTI apud PRIORE 2007 p.357).

Consequentemente, não importava a procedência social ou muito menos

priorizava a correção do desvio, esta nova política pretendia a reeducação do

infrator pela reclusão, acreditando na formação do indivíduo para a vida em

sociedade.

PASSETTI (2007), a ditadura militar torturava os subversivos ao mesmo

tempo em que apresenta a Funabem - Fundação Nacional do Bem - Estar do

Menor, como lugar exemplar de educação ao infrator sem repressão, sendo um

diversificador de empregos para especialistas do tratamento “biopsicossocial”

foram contratados psicólogos, sociólogos, assistentes sociais, médicos, dentis-

tas, enfermeiros, economistas, educadores.

Reiterou o estigma que associa pobreza e miséria a abandono e delinquência e fez de seu espaço uma “escola para o crime” sem-pre atualizada. (PASSETTI apud PRIORE 2007 p.359).

Porém, todo o exemplo de educação colocado pela ditadura militar não

impediu a prática da violência interna entre os educandos e as autoridades as

tentativas de fugas ganhavam tamanhos de rebeliões, onde os internos destru-

íam e lançavam fogo nos pavilhões.

Se é sabido que a prisão não educa ou integra adultos infratores, ela não deveria servir de espelho para a educação de jovens ou para sequer corrigir -lhes supostos comportamentos perigosos. (PASSETTI apud PRIORE 2007 p.364).

O autor ressalta que com o fim da ditadura militar mais uma constituição

foi elaborada, entra em vigor a Constituição Federal de 1988 destacando no

artigo 205:

a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visan-do ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exer-cício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Na gênese da Constituição Federal de 1988 onde aclama o término da

imagem negativa sobre pobreza e os crimes que sofriam as crianças e os ado-

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lescentes, passando a serem vistos como sujeitos de direitos e importância de

sua condição especial de pessoas em desenvolvimento, tendo a inclinação de

pensamento de um novo código ou estatuto, criando assim o Estatuto da Cri-

ança e do Adolescente (ECA) que proporcionavam mais do que mudanças de

conceitos, apresentavam as ferramentas necessárias para uma mudança de

realidades onde a criança e o jovem transformam se em prioridades do Estado.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) surgiu em 1990 para re-

vogar o Código de Menores que era baseado na Doutrina da Situação Irregular.

Situação irregular foi o termo encontrado para as situações que fugiam ao padrão normal da sociedade saudável em que se pensava viver. Estavam em situação irregular os abandonados, vítimas de maus-tratos, miseráveis e, como não podia deixar de ser, os infratores. Enquadrando-se em qualquer das hipóte-ses enumeradas no artigo 2° do Código – 10 situações descri-tas, no total – o menor passava a autoridade do juiz de meno-res, que aplicaria, “em sua defesa”, os preceitos do Código de

Menores. (PORTO 1999 p.78)

O citado Código propendia somente sanar o problema sem resolvê-lo de

fato onde a criança ou adolesce que cometera algum ato infracional devia ser

afastado da sociedade.

O ECA traz toda a questão da infância e adolescência, não só do ato

infracional, mas tratando de pontos como a saúde, a educação, a família e a

assistência social priorizando também o futuro da nossa nação.

a política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamen-tais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Fe-deral e dos municípios (ECA artigo 86)

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) normalizou as lutas e

exigências que se fazem presentes na Constituição Federal, a introdução do

ECA, mesmo que vagarosa, ocasionadas pelas barreiras e oposições das esfe-

ras da sociedade brasileira, vem gerando uma revolução nas áreas jurídicas,

sociais e políticas.

A primeira delas está na mudança de concepção de infância e a-dolescência, anteriormente compreendidas como fases da vida destituídas de diretos e que, portanto, precisavam simplesmente

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de tutela. Pela nova concepção do ECA crianças e adolescentes passam a ser vistos como sujeitos em situação peculiar de desen-volvimento e portadores de diretos.(LEAL apud SALES 2006 p 148)

Com o ECA cria se os conselhos tutelares órgão destinado a cada muni-

cípio a fim de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,

sendo assim o Estado acaba redimensionando a supervisão e orientação, e

seu atendimento reduzido, surgi as ONG’S para suprir a falta do estado, porém

a redução das politicas públicas e sociais que estão voltadas para o controle e

dominação, quanto para o atendimento das causas dos confrontos evidencian-

do a pobreza que resulta na intensificação da criminalidade e na prática de co-

optação de crianças e adolescentes.

(...) ao brindar um conjunto de bens e serviços necessários para a sobrevivência dos subalternos, o Estado busca reforçar a sua ca-pacidade de impor à sociedade como um todo os interesses políti-cos e sociais das classes hegemônicas. Ao mesmo tempo e na mesma ação, os subalternos introduzem, no interior dos mesmo aparatos estatais, questões relevantes para os seus interes-ses”(YAZBEK apud SALES 2006 p.152)

Entretanto, há muito a ser feito para que o ECA seja realmente concreti-

zado, estigmado como uma lei de tolerância ao crime, que resguarda o adoles-

cente transgressor, essas experiências antigas revelam as práticas ou mesmo

a falta delas direcionadas para a atenção de direitos básicos de crianças e ado-

lescentes, apresentando algumas necessidades de politicas sociais, educacio-

nais, públicas.

Uma vez que no artigo 205 do ECA indica que a educação, direito de

todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a co-

laboração da sociedade, isto não se vê acontecendo, escolas e educação su-

cateadas descaso total não só do ESTADO mas também da SOCIEDADE que

banaliza a criminalidade, a drogadição, o alcoolismo e a cooptação, indicando

um senso comum “ isso faz parte da geração”, “ ele nasceu com sangue nos

olhos”, “ este não tem mais jeito” , ate quando vamos fechar os olhos para este

problema que vem aumentando cada dia mais? A preocupação com a manu-

tenção da ordem social é um dever e direito de todos.

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A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a

valorização do mundo das coisas. Karl Marx

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2. DESIGUALDADES E PAUPERISMO.

"Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes domi-nantes desenvolvessem uma forma de educação que permitis-

se às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica"

Paulo Freire

Os pensamentos dominantes decretaram atitudes imutáveis e históricas

referindo se as desigualdades sociais, com a finalidade de garantir e validar as

ordens estabelecidas por estas classes exploradoras. Com o advento da Revo-

lução Industrial que modificou o foco da análise de que a riqueza teria que ser

gerada na esfera das trocas, ao invés de ficar inerte nos cofres somariam pro-

porções muito maiores caso circulasse e fossem produzidas num ritmo acele-

rado.

Historicamente, foram necessários mais de dois séculos (de mea-dos do século XVI ao século XIX) para que o capital conseguisse empalmar o controle do processo de trabalho; quando o conquis-tou, instaurou-se o que podemos designar propriamente como produção capitalista. (NETTO 2006 P. 106).

Este período apresentou qualidades de trabalho desumanas, com jorna-

das de trabalho de dezesseis horas ou mais, estabelecendo condições de tra-

balhos insalubres vivenciadas por famílias, crianças, adolescentes e jovens

constituindo culminantes explorações pelo sistema capitalista sobrevindo o di-

lema entre o trabalho e as necessidades sociais que eram encobertas para be-

neficiar os frutos do capital produção e lucro. O trabalho infanto-juvenil, no for-

mato de semi-escravidão, cooperou para o funcionamento do sistema capitalis-

ta como um fator imprescindível para a sua sustentação e multiplicação.

O Brasil tem uma longa história de exploração da mão de obra in-fantil. As crianças pobres sempre trabalharam. (...) Para os seus donos, no caso das crianças escravas da Colônia e do Império; para os “capitalistas” do início da industrialização. (RIZZINI apud PRIORE 2007 p.376).

Após a Revolução Industrial, famílias inteiras saíram dos campos e das

lavouras em direção as cidades à procura de oportunidades de empregos e

melhores condições de vida, contudo esta ocupação não se ocasionou de for-

ma organizada, faltava infraestrutura, saneamento básico, etc. Esses trabalha-

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dores só tinham sua força de trabalho, a pobreza é registrada pela primeira vez

na história no século XIX vinculada a escassez total. A partir dos anos 1960, os

grandes proprietários de terra, passaram a investir na indústria, colocando em

segundo plano às atividades agrícolas.

Este cenário de exploração acarretou a banalização da vida humana,

facilitando o surgimento da questão social, tendo como principal característica:

o pauperismo absoluto, originando altos índices de pobreza ampliados pela

produção de riqueza que explorava ao extremo seus operários sem as condi-

ções mínimas para a sobrevivência, um ato que para muitos autores é compa-

rável à escravidão, desenvolvendo assim o aspecto mais imediatista na forma-

ção do capitalismo.

Para as classes empobrecidas eram dispostos um tratamento assisten-

cial repressor, pois eram tidos como vagabundos e desordeiros. É dessa forma

que foi se transparecendo na sociedade a imagem da pobreza vinculada à cri-

minalidade.

O resultado desse processo tem sido o agravamento da explora-ção e das desigualdades sociais dela indissociáveis, o crescimen-to de enormes segmentos populares excluídos do “circulo da civili-zação”, isto é, dos mercados, uma vez que não conseguem trans-formar suas necessidades sociais em demandas monetárias. As alternativas que se lhes restam, na ótica oficial, são a “violência e a solidariedade”. (IAMAMOTO 2007 P.123)

Essa parcela da sociedade se revela capaz de produzir bens e serviços,

mas não tinham acesso efetivo para o consumo do que produziam, pois se vi-

am desamparados tanto nas condições materiais de vida como no direito de

trabalhador e cidadão, surgi neste período à questão social, onde o maior

questionamento seria a intervenção e as escolhas déspotas do governo da é-

poca, sejam, políticas, econômicas, culturais e educacionais em relação às

classes sociais desprovidas de acesso as condições de bem estar e qualidade

de vida.

Entretanto, na metade do século XIX que a questão social deixa de ser

usada temerosamente pelos críticos sociais, perdendo sua composição históri-

ca tornando se natural tanto no pensamento do conservadorismo laico, o qual

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observavam as questões sociais como desdobramentos da sociedade moder-

na, todavia, na contramão dos acontecimentos deparava-se com o pensamento

conservador confessional que reconheciam às oscilações das questões sociais,

questionando as medidas sócio-políticas para a diminuição das restrições im-

postas por convicções que contradizes a vontade divina, transformada em obje-

to de ação moralizadora.

Em qualquer dos dois casos – o que, aliás, explica a perfeita com-plementariedade político-prática dessas duas vertentes do conser-vadorismo, mesmo as reduzidas reformas sociais possíveis estão hipotecadas a uma reforma moral do homem e da sociedade. (NETTO 2006 P.155).

A miséria e a desigualdade como demonstrações da questão social re-

cebem propaganda na esfera pública a partir de suas expressões nos movi-

mentos dos operários que lutavam e se manifestavam para melhoramentos nas

condições de trabalho.

NETTO (2006) destaca que a reforma moral do homem e da sociedade,

as manifestações da questão social que sofriam os operários deveriam ser

combatidas, mas sem tocar na solidez da sociedade burguesa, sendo assim, o

pensamento revolucionário passou a identificar a questão social como uma

desculpa conservadora.

O desenvolvimento capitalista produz, compulsoriamente, a “ques-tão social” – diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da “questão social” (...). A “questão social” é consti-tuída do desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a pri-meira conservando-se o segundo. (NETTO 2006 P.157).

Entretanto, no prolongamento da Segunda Guerra Mundial, o carro chefe

do capitalismo mundial, ocorreu o processo de reestruturação econômica e so-

cial, batizados pelos franceses de “as três décadas gloriosas”, no qual o regime

capitalista vivenciou um desenvolvimento econômico, mesmo sem extinguir as

crises periódicas e desconsiderando o inferno da periferia dos batizados “Ter-

ceiro Mundo”, como sociedades afluentes e sociedades consumistas.

Expõe se no início dos anos de 1970 que, com a restauração do capita-

lismo e a globalização em conjunto com o neoliberalismo que abertamente de-

monstrou que o capitalismo não teria nenhum compromisso social, descobrindo

a “nova pobreza”, os “excluídos”, expôs se assim a “nova questão social”.

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Essa caricatura descoberta, nas condições contemporâneas, con-dições que tornam cada vez mais problemáticas as possibilidades de reformas no interior do regime do capital (...). (...) uma solidari-edade naturalmente transclassistas e comunidades pensadas com inteira abstração dos (novos) dispositivos de exploração. (NETTO 2006 P.160).

WANDERLEY (2010), afirma que a globalização compreendia como um

artifício de mudanças mundiais onde os mercados, as finanças, a comunicação

e os valores culturais se entrelaçam a um vasto sistema que interligam os paí-

ses e continentes, onde sustentam a ideia que o movimento de mundialização

ou globalização utilizando o capitalismo em um processo desigual e combina-

do, é continuo, adquirindo novas formas e conteúdos, provenientes das novas

transformações, socioeconômicas, políticas e culturais em constantes altera-

ções.

(...) no sentido de que compreender relações, processos e estrutu-ras sociais, econômicas, políticas e culturais, ainda que operando de modo desigual e contraditório. Nesse contexto, as formas regi-onais evidentemente continuam a subsistir e atuar. Os nacionalis-mos e regionalismos sociais, econômicos, políticos, culturais, étni-cos, linguísticos, religiosos e outros podem até ressurgir, recru-descer. Mas o que a predomina, a se apresentar como uma de-terminação básica, constitutiva, é a sociedade global, a totalidade na qual pouco a pouco tudo o mais começa a parecer parte, elo momento. São singularidades, ou particularidades, cuja fisionomia possui aos menos um traço fundamental conferido pelo todo, pelos movimentos da sociedade civil global (IANNI apud WANDERLEY 2010 p. 69).

Diante destes fatos, a globalização enfatiza a questão social, revelando

assim o aumento do subemprego e do desemprego, a adaptação do trabalho

que deteriorava a qualidade de vida, este fenômeno começou a ser conceitua-

do como exclusão social, com disputas apáticas entre as multinacionais mono-

polistas de mercados ou até mesmo de países, que podem contar com o apoio

de seus governantes que são tolerantes e muitas vezes corruptos.

Nos últimos anos percebe-se um aumento nas taxas de desem-prego (principalmente no ramo da indústria) e crescimento da pre-cariedade das condições de emprego, questões diretamente vin-culadas à regressão dos direitos sociais, bem como ausência de proteção (...). (PASTORINI 2007 p. 14)

Surgiram novas necessidades devido às transformações do sistema ca-

pitalistas mundial, que principiou se em meado dos anos de 1970 e que origina-

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ram as necessidades para redefinir as maneiras de regulamentação econômi-

cas e sociais identificadas como questão social.

Segundo as observações de NETTO e BRAZ (2006) onde afirmam que

com o aprofundamento da crise e a transição da década de sessenta à de se-

tenta, põe fim aos "anos dourados" levando o capital monopolista a um conjun-

to articulado de respostas que transformou largamente a cena mundial: mu-

danças econômicas, sociais, políticas e culturais que ocorrem num ritmo ex-

tremamente veloz.

PASTORINI (2007) ressalta que, a crise capitalista dos anos 70, regidas

pelas novas exigências tecnológico-econômicas resultado de uma evolução

capitalista contemporânea, a qual começa a alimentar cada vez mais a vulne-

rabilidade social, colocando de tal modo a falta da garantia de bem estar, cons-

tituindo a fundamental dificuldade da sociedade capitalista.

No entanto, a questão social que mais pedia atenção comporia a enorme

massa de desempregados tecnológicos, sendo que a agricultura, a manufatura

e os serviços, não mais empregavam as pessoas sem trabalho devido à auto-

matização, originando o crescimento da criminalidade e da violência.

(...) tais transformações estariam indicando a presença da ruptura com a antiga “questão social” que emergiu no século XIX (...), concluem que o Estado deve responder de forma inovadora, sen-do para isso necessário ir além das “ultrapassadas” formas de re-gulação social (...). (PASTORINI 2007 p. 17)

Nesta conjuntura, que o capitalismo sofre intensas alterações em sua

organização e em seu potencial econômico, acontecimentos imprescindíveis na

composição social e nos interesses políticos das sociedades nacionais, ocor-

rendo deste processo do capitalismo dos monopólios.

O qual NETTO (2006) afirma que o capitalismo monopolista recoloca,

em patamar mais alto, o sistema totalizante de contradição que confere à or-

dem burguesa os seus traços basilares de exploração, alienação e transitorie-

dade histórica, todos eles desvelados pela crítica marxiana.

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Os homens fazem sua própria historia, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmiti-das pelo passado. (MARX apud NETTO 2006 p.169)

Sendo assim, o capitalismo consegue evidenciar o consumismo ao ex-

tremo e para isso usa uma série de estratégias para que as pessoas aumentem

pouco a pouco o interesse de adquirir bens de consumo, muito além das ne-

cessidades práticas efetivas. No qual FREITAS (2012) indica que isso é fruto

dos anúncios publicitários que influenciam as pessoas e essas até de forma

inconsciente ingressam nesse processo articulado pelo sistema.

Segundo BAUDRILLARD (2007), é tratada como a dialética social do

consumo e que está diretamente ligada à felicidade, chamando isso de “a pro-

pensão natural para a felicidade”. Formando assim, a felicidade vivenciada atu-

almente que gira ao redor de posses e do anseio de conquista; complementan-

do o bem estar social na intensificação do volume dos bens trazendo um equi-

líbrio final que seria para todos.

Todas as sociedades desperdiçaram, dilapidaram, gastaram e consumiram sempre além do estrito necessário, pela simples ra-zão de que é no consumo do excedente e do supérfluo que, tanto o individuo como a sociedade se sente não só existir, mas viver. (BAUDRILLARD 2007 p.40)

Este consumo desnecessário vem modificando o olhar da criança e do

adolescente dentro da sociedade contemporânea, sendo que o espaço social

da criança de hoje não se prende a um único ponto de vista como foi no decor-

rer do tempo na história da criança.

Por tanto, se a felicidade está em consumir conforme indica pelos auto-

res, neste ínterim, cabe questionar: como isso afeta o universo da criança e do

adolescente? Os quais estão em fase de desenvolvimento tanto intelectual co-

mo em sua identidade?

(...) o lugar social da criança de hoje a coloca frente a posições di-versas e, por vezes, contraditórias; ela é ao mesmo tempo aquela que não sabe, e por isso tem que ir à escola, e por outro lado, ela sabe mais que os próprios pais - por ex. lida eximiamente com o computador e com outros gadgets da tecnologia contemporânea. (CASTRO 1998 p.12).

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As indicações dos autores aqui mencionados deixam claro que mesmo

com todas as dificuldades que o capitalismo globalizado transpassa para a so-

ciedade, e que ainda sem condições de consumir até mesmo o básico para o

sustento de seus membros, a coletividade atribui o consumo como status, um

pré-requisito para a existência do indivíduo, embora muitos não tenham o papel

produtivo, estes consomem de forma permanente os mais diversos tipos de

bens e serviços. O não trabalhar é um estigma, enquanto não consumir é uma

condição.

Significando para a sociedade o modo de vida adequado aos parâmetros

do sistema capitalista onde sugere que “Eu compro, logo sei que existo”, a fim

de atender as necessidades ou satisfações.

Intensos debates sobre a sociedade de consumo, a cultura de massa, e

as justificações na fartura do bem-estar e suas consequências na sociedade

moderna, sugerindo o estreitamento das relações entre o consumismo e a cul-

tura, pois todo e qualquer ato de consumo é essencialmente cultural, ou seja,

ninguém compra de forma genérica e abstrata.

É nesse sentido que cultura e consumos são interligados indisso-ciáveis, pois todo o processo de seleção, escolha, aquisição, uso, fruição e descarte de um bem ou serviço ou ainda de uma “identi-dade”, como querem os pós-modernos, só ocorre e faz sentido dentro de um esquema cultural. (BARBOSA apud CAMPBELL 2006 p.108).

Prontamente, identifica se que no cotidiano da sociedade moderna con-

sumista, os grupos de indivíduos mais afetados variando entre as crianças,

passando pelos adolescentes e chegando a fase adulta, os quais muitas vezes

o consumismo representa a forma de serem aceitos e terem uma identidade ou

status dentro do grupo social.

Mas, a dificuldade de entrar para o mercado de trabalho formal torna se

cada vez mais difícil, o qual exige estudo e qualificação profissional, enquanto

no tráfico todos são cooptados para algum tipo de trabalho, banalizando o ato

infracional assumindo o controle absoluto de seus componentes de sua locali-

dade, impondo códigos de conduta próprios.

Page 37: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

37

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), em seu

artigo 4º:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

Sendo assim, e papel da família constituir a socialização de seus mem-

bros, a qual nas últimas décadas teria ficado no esquecimento transferindo a

sua função formadora para as escolas, clubes ou creches, que passam valores

e expressões que seriam essencialmente dos familiares.

Os quais constituem a sociedade primária das crianças, adolescentes e

jovens, que devido à falta de inúmeras condições na qualidade de vida dos

mais velhos, não conseguem prover as necessidades básicas aos seus mem-

bros agravados pelos fragmentos das políticas sociais ou dos mecanismos de

proteção social. Além disso, do capitalismo monopolista faz com que a maioria

dos genitores passarem a maior parte fora de casa, diminuindo a dedicação ao

lar e a família, proporcionando a criança, o adolescente e ao jovem a liberdade

de escolha.

Sendo assim, a família perde o respeito da criança, do adolescente e do

jovem os quais estão abertos para aprenderem as lições ensinadas pelos

membros do tráfico de drogas, gerando enormes conflitos no seio familiar, uma

vez que esta família se encontra vulnerável e esfacelada, perdendo os vínculos

afetivos. Que é marcado de episódios de violência de seus pais ou padrastos

contra eles e contra irmãos, e às vezes contra a mãe ou companheira do pai.

Famílias que se mostravam muito pouco acolhedoras em um primeiro momen-

to.

Pode se dizer que, é neste cenário fragmentado, de políticas sociais,

como na falta de condições dignas e de direitos civis e humanos que crianças,

adolescentes e jovens se encontram em uma luta constante, entre o trabalho, o

status e o lucro.

A admissão na rede sócio - econômica do tráfico de drogas é o que une

o menino ao mundo do tráfico de drogas conduzindo a convivência cotidiana

com ganhos fáceis, o pertencimento ao grupo e com o crime e a violência. O

Page 38: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

38

cooptar do tráfico se dá de diversas maneiras, a falta de oportunidades de em-

prego, de educação, de pertencimento social até de bem estar social o estigma

social de “sangue ruim” constitutivo de um modo de vida particularizado.

Em tempos do agravamento de situações de miserabilidade e do crescimento do lupemproletariado urbano, a criminalização da po-breza faz com que as políticas de segurança se imponham como “ditadura sobre os pobres”, voltando-se repressivamente contra as classes mais pauperizadas. Percebemos que é no “espaço” deixa-do pelo Estado que as facções criminosas tornam-se empregado-ras de uma parcela de jovens e adolescentes, em especial, aque-les pertencentes aos grupos sociais mais atingidos pela violência estrutural. (ROCHA 2006 p.5)

Logo, percebe se que é no local de vivência destes meninos, adolescen-

tes ou jovens o espaço singular para o processo de produção de vínculos, cul-

turais e identidades, pois muitas vezes, é o único, ou o principal grupo de con-

vivência, já que o trabalho é instável e a escola não ocupa um papel de desta-

que de muitas famílias. A ação dos comandos nos lugares públicos segmenta

essa vizinhança e utiliza as fragilidades sociais, familiares e culturais para ex-

pandir o tráfico de drogas e se utiliza de membros locais.

É com estas gravidades e complicações na conjuntura atual indicando

que, qualquer experiência presente não recusa o fato de a história continuar

sendo produto das lutas sociais para a sobrevivência e busca do bem estar

social. As divisões e os diferentes que estão implantados no cotidiano da soci-

edade cultivam o extremismo que é atualmente a grande nova questão social a

ser enfrentada, que não é uma questão encerrada, está entrelaçada com as

questões de ordem política e econômica.

Estes processos de manifestações sociais são definidos por alguns estu-

diosos, já mencionados anteriormente, como transformações, na lógica do con-

veniente e do diferente, expressando os modos de produção e reprodução so-

cial que é os determinantes fundamentais da nova questão social, unificados

pelos padrões burgueses, os quais ditam as regras das relações econômicas e

a formação social-histórica da sociedade, surgindo à necessidade de desenvol-

ver a sensibilidade e o instrumental para se detectar e compreender os novos

espaços de construção de identidades sociais que vêm se constituíndo.

Page 39: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

39

O lugar social dos jovens ficou restrito ao âmbito do privado, e, consequentemente, suas ações ficaram desautorizadas de qual-quer alcance coletivo e público que pudesse colaborar para refor-mar a ordem social. A contribuição juvenil ficou aguardada para o momento oficial da maioridade quando se legitimava, então, a as-sunção do cidadão portador de diretos políticos plenos. (CASTRO apud DAYRELL et al 2010 p305)

Portanto, a “nova” questão social homilia sobre o retorno há uma ampla

vulnerabilidade de massa experimentada pelo trabalhador, seja no trabalho

forma ou informal, no trabalho referido como digno ou não digno, ou naquele

que possuem uma aparente estabilidade em suas relações de trabalho, mas

como pode haver nova questão se a antiga não foi solucionada, estas condi-

ções vivenciadas por toda a sociedade é o produto do capitalismo desenfreado.

Se a questão social é uma velha questão social, inscrita na própria natureza das relações sociais capitalistas, ela também tem novas roupagens, novas expressões, em decorrência dos processos his-tóricos que a redimensionam na atualidade, aprofundando suas contradições. (IAMAMOTO apud SALES 2006 et al p. 269)

Colocando a questão social para enlaçar as múltiplas formas de pressão

social, recriando novas formas de viver, decompondo as bases históricas em

que acontece a sua produção e reprodução na periferia dos centros mundiais,

em uma totalidade de globalização da produção, dos mercados, da política e

da cultura, sob a proteção do capital financeiro as quais são seguidas por lutas

disfarçadas e abertas nitidamente desiguais.

DIMENSTEIN (2009) enfatiza que a transformação da sociedade está em

nossas mãos e , mais do que tudo, em suas mãos, jovem consciente e atuante

hoje e adulto consciente e atuante de amanhã. É dever de todos fazer com que

a cidadania seja extraída do papel exigindo a execução de nossos direitos con-

quistados, porém, sem nós nos esquecermos de nossos deveres como cida-

dãos.

Page 40: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

O tráfico, como uma indústria de drogas

ilícitas, é uma forma de inserção ilegal

destes jovens no mundo do ‘trabalho’.

Marisa Feffermann

Page 41: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

41

3. A INDÚSTRIA DO TRÁFICO DE DROGAS.

Verbo Ser

Que vou ser quando crescer?

Sou obrigado a? Posso escolher?

Não dá para entender. Não vou ser.

Vou crescer assim mesmo.

Sem ser Esquecer. Carlos Drummond de Andrade

Nos capítulos anteriores, expõem-se sobre as crianças e os adolescen-

tes, que sentem a necessidade de serem aceitos no meio em que vivem, em-

penhando se para não ficarem novamente excluídos, pois, já existe este senti-

mento de rejeição diante do desamparo dos familiares e do Estado.

Com esta visão de recusa estas crianças e adolescentes são facilmente

atraídos, para a vida no tráfico de drogas e consumo, como uma alternativa

entre as opções escassas e deficientes de educação e formação para o mer-

cado de trabalho, multiplicando uma atitude contraditória da alocução de que

haverá condições igualitárias de vida entre os cidadãos.

Essas alocuções reconhecem que são proporcionadas as mesmas oca-

siões para estudar, ter uma profissão e se sustentar, bem como à sua família,

por meio de afazeres avaliados legais. Apesar das limitações impostas pelo

contexto social a que são submetidos, existem aspectos subjetivos que influen-

ciam a aliciação pelo tráfico, marcados por certo grau de voluntariedade.

Sem fazer frente às exigências do mercado neoliberal, e, assim sem condições de galgar o sucesso por ele determinado, vislum-bram, nas atividades ilícitas do tráfico de drogas, uma alternativa de driblar o sistema excludente e, ao mesmo tempo, nele serem

incluídos mesmo que marginalmente. (FARIA; BARROS 2011 p.536).

Estimulando o tráfico de drogas como uma das indústrias mais lucrativas

do mundo, articulada com a globalização, as transformações tecnológicas e de

fabricação, amparam e elevam à expansão dessa indústria ilegal. Idealizando

que o mercado ilegal tem nascido como resposta à marginalidade econômica.

Page 42: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

42

O desempenho principal da "narcoeconomia" no capitalismo contemporâneo se

revela na importância obtida pela "lavagem do dinheiro" no sistema financeiro.

(...) podemos constatar que, apesar de seu caráter ilegal, o tráfico participa da atividade geradora de capital, detendo um forte e or-ganizado esquema de produção e mercantilização de drogas, con-figurando-se, hoje, uma prática atrativa, tanto pela possibilidade de acúmulo de capital, quanto pelo reconhecimento social que pro-porciona aos traficantes, numa forma de sociabilidade extrema-mente peculiar. (FARIA; BARROS 2011 p.538).

Esse cooptar do tráfico por crianças e adolescentes está aumentando e

gerando índices de reincidência, seja em violência, assassinatos e na criminali-

dade praticados por “menores” ou “marginais” (mencionados pejorativamente),

indicando ainda, altos números de desistências nos estudos, onde, muitos não

passam do primário e do ensino fundamental. Estas expressões do tráfico de

drogas ilícitas têm em sua essência e dinâmica a produtiva globalizada, essas

relações permitem de uma forma simultânea a criação de riquezas e a centrali-

zação das classes possuidoras do poder econômico e político, alimentando a

lógica capitalista.

Segundo a Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Social de Belo Horizonte e UNICEF indicam

que: Em 1990, os menores começavam a trabalhar no tráfico aos 15 anos. Em

2000, a idade de ingresso baixou para 12 anos. Rio de Janeiro: das infrações

cometidas por adolescentes entre 1996 e 2000, 22% tinham relação com o trá-

fico de drogas. Belo Horizonte: em 2000, esse índice foi de 28%.São Paulo:

entre 1996 e 2000, a taxa registrada foi de 5,5%.

A particularidade que o tráfico de drogas ganha nas comunidades e peri-

ferias dos grandes centros urbanos, adquirindo as formas de um cotidiano par-

ticularmente de privação e ao mesmo tempo de uma pluralidade cultural, de

analogias coercivas.

Igualmente em articulações, a fim da superação das dificuldades, eco-

nômicas, excludentes e estereotipadas devido a condições de “marginalização”

imposta pelas classes dominantes, onde comunidades e periferias acumulam

ao longo da historía, 5% da população mundial (de 15 a 64 anos) consumiu

algum tipo de droga ilícita no último ano. Isso significa que a grande maioria

Page 43: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

43

das pessoas do mundo, 95% (falando em aspecto macro) não usam drogas

ilícitas (Dados do último relatório das Nações Unidas de 2012).

Estes sujeitos são depostos de sua força para atuar, não conseguem

perceber o desígnio de transformar a si próprio e o seu redor. Intimidações

constantes originam nas comunidades e na periferia à ausência de solidarieda-

de, impassibilidade para com a miséria, condescendência com a corrupção e

impunidade e o fortalecimento e banalização da violência incorporada uma ati-

tude automática.

Vários estudos sobre o tráfico de drogas ampliaram se nos últimos cinco

anos, incentivados pela urgência em atender a um aumento da questão da vio-

lência urbana, associada ao comércio do tráfico e ao uso de drogas ilegais.

Apesar de todas as pesquisas e publicações sobre o tema, que vem demons-

trando a impotência e agilidade no enfrentamento desta questão, propiciando

maiores discussões sobre o tráfico de drogas nas várias áreas da sociedade,

as políticas públicas e sociais, a legislação e suas efetividades.

(...) esses estudos tem servido, na maioria das vezes, apenas co-mo uma nova base de parâmetro acadêmico, pouco tendo ajudado a refletir avanços nas políticas públicas e no debate sobre a crimi-nalização, ou não, das drogas. Principalmente esses estudos pou-co têm contribuído para a realização de mudanças na realidade de vida desses jovens que vivem do comércio das drogas ilícitas (as-sim como de outros segmentos que são afetados diretamente por esse comércio: índios colombianos, os peruanos cultivadores da coca, os pequenos produtores brasileiros, etc.). (PIMENTEL 2007 p.38)

Contudo, estes estudos não exprimem sobre o preconceito e o estereó-

tipo que a sociedade lança nestas crianças e adolescentes como “menores

marginalizados”, impulsionados pela mídia, o local de pertencimento destas

crianças e adolescentes e sua etnia.

3.1. Drogas: Estereótipo ou Conceito?

A finalidade neste estudo não é investigar sobre as categorizações das

drogas, seus reagentes e seus efeitos para o organismo. E sim entender como

as incertezas que há no conceito de “droga” cooperam para que se determine

um indivíduo em um discurso sobrecarregado de moralidades, dentro de uma

Page 44: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

44

sociedade extremamente excludente e sobre tudo o a que dela provém os dife-

rentes discursos que se constroem sobre as drogas.

(...) a palavra droga funciona mais como estereótipo do que como conceito, como crença do que conhecimento, onde o negócio das

drogas tem uma face oculta que o transforma em mito. (DEL OL-

MO, 1986 apud PIMENTEL 2007 p. 35).

Colocando em questão as analogias de entusiasmo movidas pela histo-

ricidade da criminalidade, depositando em um contexto de variedades e facili-

dades para o uso de drogas sem que os usuários signifiquem a caracterização

aos estereótipos de delinqüente e doente, indicados pelo senso comum de que

os usuários de drogas não necessitam de tratamento, não querem parar de

usar drogas e não desejam serem cuidadas, pessoas que almejam diminuir o

uso sem fundamentalmente parar de usar drogas.

Contudo, elucidemos rapidamente sobre as classificações que são basi-

lares sobre drogas, que são: considera se droga toda substância que tem efeito

psicoativo, isto é, capaz de provocar algum tipo de transtorno no sistema ner-

voso central que altere o estado de consciência. As drogas classificam-se a

partir dessa definição, em diversas categorias: os entorpecentes, como o ópio e

seus derivados; os alucinógenos, como a maconha e o LSD ou os estimulan-

tes, como a cocaína e a anfetamina.

As drogas são classificadas em lícitas e ilícitas, assim entendidas: as

lícitas são aquelas permitidas pela legislação, cujo uso é admitido e consentido

pela sociedade, podendo ser consumidas livremente sem expor o usuário a

conflitos com a polícia e com a lei, como bebidas alcoólicas. As ilícitas, ao con-

trário, não podem ser portadas ou consumidas livremente, e o usuário que in-

fringe essa norma/lei, uma vez autuado, tem que responder legalmente pelo

ato. (Organização Mundial de Saúde).

Recentemente uma pesquisa nacional sobre o uso de substâncias lícitas

e ilícitas entre adolescentes no Brasil foi realizada pelo INPAD (Instituto Nacio-

nal de Ciências e Tecnologia para Politicas Públicas do álcool e outras drogas)

objetivando avaliar a prevalência de álcool, tabaco e o uso ilegal de substân-

cias entre os adolescentes com idades entre 14 a 19 anos de idade, integrados

Page 45: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

45

com abuso de substâncias e com os espaços sociodemográficos, o ambiente

familiar e a saúde mental. (INPAD)

Os resultados são impressionantes o consumo elevado de álcool, tabaco

e substâncias ilícitas entre adolescentes brasileiros, de áreas urbanas com per-

turbações de temperamento são mais propensos aos riscos de transtornos re-

lacionados ao álcool e ao uso de drogas ilegais é altamente associado à dis-

função familiar no início da vida. Mais da metade dos adolescentes do sexo

masculino entrevistados eram usuários de álcool regularmente. O uso de subs-

tâncias psicotrópicas ilegais entre adolescentes também tornou-se um grave

problema social e de saúde no Brasil. (INPAD)

Todavia, drogas lícitas e ilícitas vêm de uma conjectura de discursos

generalizados que independe do tempo negando a ação de pessoas ao longo

da história, sem especificação que acaba ocultando as analogias socioeconô-

micas e políticas que se estabelecem ao problema.

A droga aparece assim como um mal em si, em definições muitas vezes incoerentes, com indicações fragmentadas e contraditórias. (...) entender como esses discursos – que aparecem de forma es-tereotipada e emocional – na verdade se articulam às políticas criminais que tratam a questão das drogas, tentando explicitar os objetivos dessa política ao identificar o caráter dos discursos que as fundamentaram. (PIMENTEL 2007 p.37)

Claramente a droga é uma coisa ao senso-comum, suas peculiaridades

e atuações nos indivíduos, produzem mudanças no comportamento. E a sua

utilização contínua produz outra coisa: a toxicodependência, que por sua vez,

causam outra coisa: a necessidade de cometer delitos.

As idéias de renovação a respeito de drogas e alcoolismos, ultimamente

cruza se com os trabalhos das comunidades científicas, vindo contra as edifi-

cações, sobre a reflexão do senso comum na vida de jovens cooptados pelo

tráfico originando um indicativo sobre a interpretação do seu conteúdo e perfi-

lha uma coexistência de diversos conhecimentos e análises apontadas que se

fazem necessárias para o enfrentamento desta questão tratando como doença

e não simplesmente como um ato de marginalidade.

Page 46: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

46

Com o objetivo de assimilar e recuperar as constituições e o desenvol-

vimento destes saberes, atuante nestas analogias de força entre o senso co-

mum e as reflexões construtivas deve ser renovado. No Brasil o consumo de

drogas foi despenalizado criminalmente, porém não descriminalizado.

O debate sobre as drogas vai estar assim encoberto por uma clas-sificação preconceituosa e estigmatizada que justifica o tratamento de exceção que são direcionados para esses jovens. Seja quando aparece efetivado pelo Estado formal, que vai se amparar na ex-cepcionalidade que encontra base na sociedade para legitimar as violentas execuções das quais esses jovens vão ser vítimas. (PI-MENTEL 2007 p.38)

Significando assim que as preleções sobre drogas tornam se insuficien-

tes para se compreender a gravidade e atitude da ilegalidade das drogas, que

se modificam a partir de múltiplas e incertas transformações tanto econômicas

como sociais.

Conhecendo se que a clandestinidade das drogas não é interessante

para o Estado nem a para sociedade, devido às assombrosas quantias de re-

cursos que deixam de serem pagas para o Governo em impostos e as enormes

somas gastas na repressão ao tráfico, tornando se muito proveitosa para as

inúmeras frações deste estado que consegue dinheiro com esta ilegalidade,

produzindo um mercado de oscilações financeiras promovida pela elevada lu-

cratividade de uma relação de oferta e procura.

A drogadição pode até ser um fenômeno das sociedades ditas diversifi-

cadas, mas não é contemporânea à disposição que a humanidade tem de tirar

proveito de substâncias que modifiquem o estado de consciência vem ao longo

da história e das diversas culturas e religiões, proporcionando alternativa para

o enfrentamento das questões sócio existenciais ou as religações com o poder

maior do universo.

Estudos arqueológicos sugerem que os primeiros indicativos sobre a

ingestão de álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 anos

a.C., sendo, um costume muito antigo e que vem prosseguido por milhares de

anos.

No início, as bebidas tinham um teor alcoólico baixo, como, o vinho e a

cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de fermentação. Com a

Page 47: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

47

chegada da técnica de destilação surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas,

que passaram a ser utilizadas em sua forma destilada. A partir da Revolução

Industrial, registrou-se grande aumento na oferta de bebidas alcoólicas, contri-

buindo para um maior consumo e, conseqüentemente, gerando aumento no

número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema decor-

rente do uso excessivo de álcool.

Em pauta nos debates promovidos pela subcomissão do Senado brasi-

leira, peritos e parlamentares admitiram claramente que não é possível discutir

a questão do tratamento e da prevenção do uso das drogas ilícitas, em geral,

sem abordar a forma como a sociedade trata as drogas lícitas, especialmente o

álcool, utilizando os dados de 2005 do Centro Brasileiro de Informações sobre

Drogas Psicotrópicas (Cebrid), as mais consumidas e com o maior número de

dependentes é o álcool com 49,8%, a maconha com 2,6% e a cocaína com

0,7% e deste então, esses números só vem aumentando ao longo dos anos.

Conforme advertem a Previdência Social e a saúde pública, o álcool tem um

impacto muito maior sobre a força de trabalho, ocorrendo danos físicos e psi-

cossociais.

A pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo

do tempo, pode desenvolver dependência, condição conhecida como alcoolis-

mo. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados, envolvendo as-

pectos de origem biológica, psicológica e sociocultural. A dependência do álco-

ol é condição freqüente, atingindo cerca de 10% da população adulta brasileira.

Segundo Carlos Vital Corrêa Lima2 afirma que 30% dos leitos dos hospi-

tais são ocupados por indivíduos que não estariam ali caso o álcool não esti-

vesse na vida deles. E quem usa as drogas ilícitas não abandona as drogas

lícitas. Pelo contrário, expande o consumo. A (droga) lícita traz a outra de volta

no processo de recaída. O retorno ao uso de qualquer substância capaz de

produzir adição facilita o retorno a todas as outras. (BRASIL; SENADO 2013).

Em razão do consumo de drogas, o aumento da criminalidade e da vio-

lência existe abertamente grande preconceito com os usuários de drogas (líci-

2 Vice-presidente do Conselho Federal de Medicina

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48

tas ou ilícitas), motivado pela precipitação de sofrer algum tipo de violência,

pois ficam agressivos tanto pelo efeito de algumas drogas ou pela falta que

sentem delas.

O preconceito existe em todos os locais da sociedade onde o tratamento

deve ser diferenciado, para o tráfico instituindo um tratamento duro, mas os

jovens que consomem entorpecentes não podem ser convencionados como

traficante e carecem serem percebidos como um problema de saúde pública,

com as falhas do Estado, facilitando a escolhas ou a cooptação das influências

para a marginalização, formado a partir do preconceito dos atuantes governa-

mentais e da sociedade em relação aos usuários de drogas. O conceito negati-

vo, a discriminação, o medo, do viciado cooperam categoricamente para a soli-

dificação dessas alianças, assim como a agressividade e a antissociabilidade

que algumas vezes adquirem.

3.2. Políticas Sociais de Intervenção.

A política social brasileira, fortalecida a partir da Constituição Federal de

1988, atinge de modo limitado, algumas preparando se para o aumento da jus-

tiça, no entanto, a política econômica percorre caminho inverso. Contudo, a

ausência de proteção do igualitarismo, traçando no Brasil uma história de mo-

dernidade sem mudanças significativas.

A pobreza, a miséria, a falta de oportunidades de emprego, a seletivida-

de de o acesso a terra assemelhar-se assim a um mosaico cujo interruptor para

interpretar sua perpetuidade ao longo dos séculos ainda desafia a sociedade. É

esse modernismo brasileiro que vê proliferar nas ruas meninos e meninas sem

futuro, os drogados, os marginais para os quais não há políticas sociais efeti-

vas e nem mesmo Estado responsável na luta e no enfrentamento deste pro-

blema social.

Para que uma politica de intervenção as drogas licitas e ilícitas sejam

bem sucedida, é imprescindível contar com o compromisso do Governo e da

Sociedade em geral, compartilhando a responsabilidade na educação e pre-

venção com o intuito de proporcionar melhorias nas condições de vida destas

Page 49: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

49

pessoas. O psiquiatra Carlos Alberto Salgado3 acredita que o país é “negligen-

te e condescendente” com as drogas lícitas. “Temos uma atitude ingenuamente

licenciosa, graças à pressão da cultura, em que o álcool é tido como relevante,

do ponto de vista cultural, para integração social”. (BRASIL; SENADO 2013)

Orienta-se pelo princípio básico da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, adotando como estratégia a cooperação mútua e a articulação de esforços entre Governo, iniciativa privada e cidadãos – considerados individualmente ou em suas livres associações (BRASIL, 2001, p. 8).

Sabe se que as intervenções e ações do Estado encontravam-se confe-

rida principalmente a Polícia Federal e posteriormente a outros órgãos de segu-

rança pública, a regra era a de repressão, desarticulas das demais Políticas

Sociais.

Com a Lei nº 1.343, de 23 de agosto de 2006 cria se o Sistema Nacional

de Políticas Públicas (SISNAD) que atualmente estabelecer a diferença entre

criminosos e vítimas, os que fazem jus a força da lei e da Justiça e os que têm

direito ao tratamento médico, ao apoio psicológico e à assistência social, ade-

quando meios de recuperação, de reabilitar e de reinserir na sociedade, em

2001 a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), o Departamento de Polícia

Federal (DPF) e outros agentes do SISNAD, elaboraram a Política Nacional

Antidrogas (PNAD) no que tange à redução da demanda e da oferta de drogas.

Iniciam se projetos de Redução de Danos (RD) tendendo Incentivar o

dependente a cuidar de si, sem que a condição para isso seja a interrupção

total do uso da droga, é a estratégia central das ações à saúde do usuário,

seus familiares e a própria comunidade. A luta da RD não é só com a alocução

da lei, mas igualmente com as técnicas não discursivas dos estabelecimentos

disciplinares, compreender essas analogias de poder entre as práticas da psi-

quiatria e as práticas das instituições de confinamento e situá-las na articula-

ção.

(...) adaptar as linhas programáticas das propostas de “redução de danos” às necessidades reais de cada comunidade. Cabe obser-var, aqui que as propostas de RD ou poderíamos dizer, as iniciati-vas enfeixadas sob o conceito “redução de danos” são, por defini-ção, extremamente flexíveis. Simplificadamente, diríamos que re-duzir danos é, antes de tudo atuar de forma não radical, em sinto-

3 Presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead)

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50

nia com as características não particulares de cada cultura e soci-edade sempre norteados pelo pragmatismo e pela ética. (BASTOS 2003 p.23).

Fica evidente que se faz necessário apoiar financeiramente a ampliação

dos programas de redução de danos e de regulamentar essas estratégias no

País, e além da desproporcionalidade das penas na previsão legal do delito de

tráfico, como se verá mais adiante.

No município de Guarulhos o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e

Drogas – Caps AD ampliou sua assistência e agora passar à funcionar 24 ho-

ras por dia com nove leitos para hospitalidade noturna sendo quatro são mas-

culinos, três femininos e dois para adolescentes, destinados a pacientes que

preencham dois requisitos de exigibilidade: gravidade do quadro clínico que

justifique a pernoite e também precariedade da rede social para seu acolhimen-

to que poderá ser de até 14 dias, sendo prorrogado quando necessário. Em

Guarulhos no dia 22 setembro, 2012, foi divulgado a criação de um centro para

tratamento de dependentes químicos em Guarulhos. A unidade será construída

no bairro Água Azul, em um terreno de 20 mil metros quadrados.

A implantação do Consultório de Rua do SUS, Guarulhos é o único até o

momento que desenvolverá o projeto por meio de uma ação integrada entre as

secretarias municipais de Saúde e Assistência Social e Cidadania. O Consultó-

rio de Rua do SUS tem por objetivo o atendimento da população que vive na

rua em situação de vulnerabilidade, especialmente os usuários de álcool e dro-

gas. O projeto prevê a realização de ações conjuntas com os programas muni-

cipais de Doenças Sexualmente Transmissíveis-DST/AIDS; de Prevenção à

Tuberculose e Hepatites Virais; bem como com os programas de Abordagem

de Rua, de Erradicação do Trabalho Infantil e Enfrentamento ao Abuso e Ex-

ploração Sexual.

O Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Guarulhos (Comad),

atua na construção de políticas públicas em defesa dos usuários de substân-

cias psicoativas (SPA) e na articulação dos serviços disponíveis na rede de

atendimento. Na composição do Conselho tem membros de entidades de defe-

sa dos direitos humanos, comunidades terapêuticas, fóruns, grupos de autoa-

Page 51: TCC ADOLESCENTE COOPTADO PELO TRÁFICO DE DROGAS

51

juda, profissionais que prestam atendimento na área de assistência social e

representantes da população usuária de SPA. As metas do Conselho do Co-

mad são: criar uma rede de serviços integrados para atender a família dos de-

pendentes, oferecer tratamento de saúde, reabilitar os usuários, qualificá-los

para o mercado de trabalho, e incentivar a geração de renda.

Contudo, ainda há muito a se fazer para uma ampliação da Redução de

Danos e nos tratamentos, pois, devido à falta de estrutura nos serviços públi-

cos de saúde, uma revisão na legislação brasileira visando a diferenciar o usu-

ário que necessita de tratamentos e acesso à saúde pública, um maior apoio

técnico jurídico para planejamentos e execuções de RD mais eficazes, conside-

rando os aspectos que levam a inclusão social, ao respeito das diferenças, a

assistência de diversas áreas da sociedade para as pessoas que desejam dei-

xar as drogas.

O conhecimento do uso de drogas entre os jovens são acometidos por

quatro fatores: é na juventude que se começa a usar drogas e é entre os jo-

vens que as atividades de prevenção têm mais resultados; as disposições do

uso de drogas lícitas e ilícitas entre os jovens são reminiscentes das mudanças

sociais e políticas; os jovens têm cada vez mais acesso a uma extensa abun-

dância de substâncias seja lícitas ou ilícitas.

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) vêem se em-

penhando na produção de dados sobre o consumo de drogas na população

brasileira, sendo esta publicação o produto imediato do projeto de pesquisa

que teve como objetivo avaliar a situação do uso de drogas lícitas e ilícitas,

comportamentos de risco e saúde mental dos universitários de todo o País, no

qual destaca-se : 86% dos universitários já fizeram uso na vida de álcool, 47%

de produtos de tabaco e 49% de alguma substância ilícita;22% dos universitá-

rios estão sob risco de desenvolver dependência de álcool, 21% para derivados

do tabaco e 8% para maconha;36% dos universitários beberam em binge (in-

gestão de cinco ou mais doses em uma única ocasião) - nos últimos 12 meses

e 25% nos últimos 30 dias; Quase 18,7% dos universitários usaram três ou

quatro drogas nos últimos 12 meses e 43% relataram já ter feito uso múltiplo e

simultâneo de drogas na vida.

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Estes dados são do primeiro levantamento nacional sobre o uso de ál-

cool tabaco e outras drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras indi-

cando que esta situação é preocupante e requer atenção, principalmente ao se

observar que muitos dos comportamentos de risco investigados são mais fre-

qüentes entre jovens da população geral e de faixa etária correspondente.

Dentro do campus da USP foi criado o Programa de Enfrentamento do

Uso de Álcool e Drogas na USP – Você USP, é uma iniciativa da Reitoria da

Universidade de São Paulo (USP) o recorte territorial a ser abrangido será o

campus da USP de São Paulo, foi iniciado em 2008 com a constituição de um

grupo de trabalho formado por médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes

sociais, funcionários e professores da USP de várias áreas, com foco em duas

vertentes: prevenção e assistência.

A finalidade principal é a elaboração de uma política de enfrentamento

do uso de álcool e drogas dentro da USP, por meio de atividades preventivas,

assistenciais e outras, a curto, médio e longo prazo, tendo como público-alvo

os funcionários Técnicos Administrativos, docente e os alunos, de graduação e

de pós-graduação em todos os campi da USP.

Pesquisas realizadas com funcionários Técnicos Administrativos da Pre-

feitura da Cidade Universitária, campus capital SP em 2004 encontraram a pre-

valência de 4,7% para abuso de álcool e de 12% para dependência do álcool

entre os colaboradores do Campus USP-SP. A utilização de drogas em uma

população específica deve ser percebida como decorrência de influência mútua

de três fatores: droga, ambiente e indivíduo, sendo que a prevenção é a melhor

estratégia para intervir nesse intercâmbio e diminuir o uso de drogas.

Apesar da alteração nos dispositivos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro

de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, com a finalidade de esta-

belecer alcoolemia 0 (zero) e de impor penalidades mais severas para o condu-

tor que dirigir sob a influência do álcool, e da Lei nº 9.294, de 15 de julho de

1996. Adolescentes são os que têm maiores índices de acidentes no transito

devido ao uso constante de álcool, causando violentas colisões.

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53

Alternativas para esta questão são as internações que podem ocorrer de

três formas: voluntariamente, podendo acontecer quando o tratamento ativo é

indispensável e a pessoa concorda em ser levada ao hospital para um período

de tratamento com curta duração, involuntariamente esta forma de ação é utili-

zada frequentemente em caso de surto ou agressividade exagerada, ambas as

circunstâncias são obrigatórias o laudo médico confirmando a solicitação; e

ultima ação é a internação compulsória que tem como diferencial a avaliação

de um juiz, usada nos casos em que a pessoa esteja correndo risco de morte

devido ao uso de drogas ou de transtornos mentais, ocorrendo mesmo contra a

vontade do paciente.

Recentemente entrou em debate à ação da internação compulsória na

tentativa de transformá-la em política estadual e política pública, tratada em

Audiência pública na Assembléia em 25 de Abril de 2013 debatendo a estrutura

de tratamento de dependentes químicos, porém, a atual estrutura para trata-

mento a viciados em drogas químicas e etilismo se mostram insuficiente, inefi-

caz, nem locais apropriados para institucionalizar estes adolescentes.

3.3. O Serviço Social.

O profissional de Serviço Social tem apontado uma disposição oposta a

qualquer forma de violência. Reafirmando a defesa da democracia, da cidada-

nia percebida como a concretização dos direitos civis, direitos políticos e direi-

tos sociais e da eqüidade social, assegurando a diversidade e a pluralidade

sem acabar com a importância do debate e do exercício da crítica. Recomen-

dando a promoção da inclusão social dos usuários de drogas, assumindo um

enfoque de atenção integral que estimule a qualidade de vida e o exercício da

cidadania, acessibilizando informação e orientações de diversas junções soci-

ais.

Além de se posicionar criticamente aos preconceitos e descriminações

que sofrem desta relação com drogas, tráfico e criminalidade, o assistente so-

cial vem intervindo para a ampliação da capacidade individual do usuário, pro-

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curando alternativas para novos projetos de vida e auxiliando as famílias envol-

vidas.

(...) nosso objeto de intervenção profissional é a questão social, o rebatimento de suas inúmeras expressões no cotidiano e na mate-rialidade das relações sociais da vida dos seres em sociedade. A conseqüência central das relações sociais, mediada pela constru-

ção da sociedade do capital, é justamente a questão social. (IAMAMOTO 2000, p. 27-28)

Sendo assim, o assistente social que é introduzido em um cenário insti-

tucional em preponderância na sociedade, atuando livremente em garantir os

direitos que regem a Constituição Federal, tem grandes combates para afrontar

entre eles, batalhar contra os problemas do presente momento na sociedade

contemporânea; exercendo sua potencialidade de ação, apoderando seu lugar

e a devida importância; defendendo opções duradouras para o Serviço Social,

na busca de sua materialização como ajuda importante na garantia de direitos

aos usuários.

A inserção do profissional de Serviço Social se faz necessária no aten-

dimento e acolhimento para o devido tratamento, trabalhando com equipes in-

terdisciplinares e multidisciplinares inseridos em comunidades terapêuticas que

prioriza a abstinência como o objetivo para as pessoas que têm o problema

crônico com as drogas ou com o álcool.

CARIMBÃO (2011) cita o exemplo de politica de enfrentamento a drogas

em Portugal formando o que eles chamam de Comissões de Dissuasão que

são uma espécie de junta, composta por um jurista, um psicólogo e um assis-

tente social - três profissionais. A competência das Comissões de Dissuasão

aqui no Brasil é aquela que atribuímos aos delegados de polícia, que não têm

formação, que não têm sensibilidade para o assunto, que não vão tratar o as-

sunto de maneira conveniente. Uma coisa é colocar um jovem desse numa de-

legacia de polícia; outra coisa é colocá-lo na frente de uma junta de profissio-

nais, treinados, capacitados para lidar este aquele tipo de problema.

O assistente social no campo sócio jurídico necessita estar caracterizado

para perceber a realidade na qual está inserido e intervir, de forma impactante

no devido os estigmas de famílias e usuários de drogas envolvidos com o tráfi-

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co marcados na vida social seja por inserção ínfima a bens sociais, ou pela

exclusão propriamente dita.

(...) o conhecimento dos sujeitos envolvidos nos estudos implica adotar posturas profissionais, formas de abordagens e instrumen-

tos que estruturem a ação profissional. (MIOTO 2009, p.491)

Já que, na maioria das vezes o assistente social, conduz as medidas so-

ciais e legais, devendo evitar as primeiras impressões, o imediato, o que é pos-

to aos olhos, a solidificação das maneiras de refletir e agir privando as possí-

veis mudanças é preciso reparar os nossos preconceitos e valores, não enun-

ciando críticas moralizantes e esta atitude não é só para o campo sócio jurídi-

co, mas em todas as áreas de atuação deste profissional.

A coragem por optar a um tratamento especializado, tanto o paciente

quanto a família são levados para às terapias individuais e grupais, com o de-

sígnio de elucidar os problemas e sentimentos que venham a bloquear o pro-

cesso de recuperação.

A inclusão e o estado da doença em muitos casos torna-se algo tão for-

te, que atrapalha o acesso dos terapeutas a conhecimentos que são eficazes

para o êxito do tratamento, devendo ocorrer à intervenção do assistente social,

inserido em uma equipe interdisciplinar, para constituir um trabalho ativo com

as famílias de dependentes químicos.

Utilizando entrevistas com os familiares permitindo a condição mais a-

dequada da concepção do contexto em que se coloca o paciente, sua história

de vida e seu papel na família, orientado pelo Código de Ética do Serviço Soci-

al. Devendo autenticar estes métodos existindo a consciência do valor das

mesmas e confirmando todos os movimentos que se estimulando a autonomia

e cidadania dos indivíduos.

Atualmente o grande debate que ocorre devido à utilização de crianças,

adolescentes e jovens menores de 18 anos que cometem infrações e assassi-

natos. Referenciando que o ECA protege os infratores onde indicando que to-

dos os menores infratores ao cumprirem, no máximo, 3 anos de privação de

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liberdade, sairão sem antecedentes criminais, ou seja "ficha limpa". O clamor

público após essas ocorrências gravíssimas não coopera com o procedimento

legislativo e abre buracos para discurso oportunístico onde muitos políticos po-

dem fazer palanque eleitoral com essa questão.

As ocorrências que se vê no cotidiano da sociedade brasileira tem um

significado de inimputabilidade que a mídia incendeia com o pedido de maiori-

dade penal. O debate foi motivado pelo assassinato de um estudante de 19

anos, morto por um adolescente de 17 anos, em um assalto, que completa 18

anos dois dias após o ocorrido e foi encaminhado para a Fundação Casa (anti-

ga FEBEM).

O Conselho Federal de Serviço Social - CFESS veio a público mostran-

do-se contra a proposta de redução da idade penal, indicando que punir e se-

gregar jovens não impedirá que a violência avance e se reproduza a subtração

só faz crescer a conta final da violência. Ao prender e punir adolescentes es-

tamos apenas comprometendo seu desenvolvimento e contribuindo para acirrar

a sua exclusão social, sem impedir o avanço da violência, que não tem ocorrido

apenas entre jovens, mas em toda a sociedade.

Não significando assim o favorecimento, retirando à responsabilização

do adolescente autor de ato infracional, entende se que a responsabilização

necessita ser concretizada dentro dos princípios constituídos pelo Estatuto da

Criança e do Adolescente na aplicação das medidas sócio-educativas.

Ou seja, serão responsabilizados, mas tendo direito à ampla defesa e,

constituindo a culpabilidade, deverão cumprir as medidas postas pelo juiz em

instituição que respeite sua qualidade de cidadão em desenvolvimento, que

precisa ser respeitado, acolhido, valorizado.

Entretanto, se permanência dentro da Fundação Casa de até 3 anos,

passar para 6 anos, provavelmente a Fundação Casa teria 18 mil internos, ao

invés dos 9 mil que tem hoje, tendo mais superlotação e sendo necessários

mais investimentos do Estado, indicações dentro da câmara.

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A questão não foi abordada por causa da diferenciação entre adultos e

adolescentes que está prevista no artigo 228 da Constituição Federal, de forma

que leis ordinárias como o ECA ou o Código Penal não podem ser contrárias à

Carta Magna. Para que seja possível a redução, portanto, é necessária a apro-

vação de uma proposta de emenda à constituição (PEC).

No Senado, há três propostas de emenda constitucional (PECs) 4 para

tratar do assunto. A última delas, a PEC 33/2012, do senador Aloysio Nunes

(PSDB-SP), tenta reduzir a maioridade para 16 anos em caso de crimes inafi-

ançáveis, como tráfico de drogas e homicídio. O governador de São Paulo,

Geraldo Alckmin (PSDB), enviou ao Congresso Nacional uma proposta de re-

forma no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ampliando o rigor contra

jovens infratores.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As transformações no conceito de infância mencionadas neste estudo

delineando desde os tempos de colônia até os dias atuais, de modo a ser obje-

to de atenção e cada período da história apresenta o seu modo próprio de ava-

liar o que é ser criança, e o conceito de infância não permaneceu sempre do

mesmo jeito.

Com o objetivo de trazer informações sobre os acontecimentos e os de-

bates envolvendo crianças, adolescentes e jovens em atos infracionais, roubos,

violência, drogadição, assassinatos e sexo, indicando que a maioria já teve sua

experiência com alguns dos itens citados, além disso, os vínculos familiares se

fragmentaram e a maioria vem de comunidades carentes , tendo as ruas como

escola.

4 Proposta de Emenda à Constituição é uma atualização, uma emenda à Constituição Federal. É uma das

propostas que exige mais tempo para preparo, elaboração e votação, uma vez que modificará a Consti-tuição Federal. Em função disso, requer quórum quase máximo e dois turnos de votação em cada uma das Casas legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal.

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Deste modo a posição de uma quantidade da juventude brasileira, que

não atêm as qualidades visíveis para a constituição de uma identidade com o

trabalho, todavia, coloca-se no delito, rendendo-se a exploração de sua força

de trabalho, sem avalia-la, uma vez que o pagamento obtido com ações crimi-

nosas, os adolescentes sentem-se saciados por meio do poder e respeito que

o crime, fantasiosamente, os oferece, tendo a “chance” da importância como

sujeito, mesmo que para isso signifique a morte ou o encarceramento.

No que se diz respeito à internação compulsória seria neste momento

um ato de desespero do Estado e da sociedade civil, pois a questão se resolve-

ria paliativamente e apelativamente sendo que não se há condições de cuidar

dos que estão institucionalizados voluntariamente, os centros de reabilitação

tem uma estrutura frágil e em algumas localidades simplesmente não existem.

Não se pode culpar o ECA, se adolescentes venham reincidir no ato de

transgressão, mas sim do desprezo da União, dos Estados e dos Municípios,

que não instalam programas eficazes que verdadeiramente permitam a inclu-

são social do jovem. A discordância dos programas no meio aberto e nos cen-

tros de internação expõe ao mesmo tempo o jovem à criminalidade e à desmo-

ralização de seus direitos. Dentro do município de Guarulhos as políticas públi-

cas e sociais ainda são restritas para os dependentes químicos, porém, há o

auxilio de Ongs que junto com a CONAD estão unindo forças para melhorar

este quadro.

Finalizando, este estudo pode se evidenciar a necessidade de pesquisa

de campo, pois muitos estudantes e profissionais sentem dificuldades de en-

contrar na pratica as ações cotidianas do assistente social coligados com o es-

paço acadêmico, como congressos dentro do município e palestras sobre o

tema, possibilitando assim o aprofundamento do debate aumentando as rela-

ções da prática com a práxis do profissional de Serviço Social.

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