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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA A AVALIAÇÃO ESCOLAR COMO FERRAMENTA DE MEDIÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO FRANCISCO ANTONIO DA SILVA LIMA São José dos Basílios - MA 2012

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA

ÁREA DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA

A AVALIAÇÃO ESCOLAR COMO FERRAMENTA DE MEDIÇÃO DO

ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE BIOLOGIA NO ENSINO

MÉDIO

FRANCISCO ANTONIO DA SILVA LIMA

São José dos Basílios - MA

2012

FRANCISCO ANTONIO DA SILVA LIMA

A AVALIAÇÃO ESCOLAR COMO FERRAMENTA DE MEDIÇÃO DO

ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE BIOLOGIA NO ENSINO

MÉDIO

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciado em Biologia no

Programa Especial de Formações de Docentes da

Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, sob

a orientação do Profº. DSc. Jean Carlos de Araújo

Brilhante.

São José dos Basílios - MA

2012

Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em

Biologia, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em

Biologia, autorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF.

_______________________________

Francisco Antonio da Silva Lima

______________________________________

Prof. Dsc. Jean Carlos de Araújo Brilhante

Orientador

______________________________

Profª. Msc. Célia Diógenes

Coordenadora do Curso

Nota obtida: ______

Monografia aprovada em: ___ / ____ / ____

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de graduação aos meus pais,

filhos, irmãos, esposa e amigos que de muitas formas me

incentivaram e ajudaram na dura caminhada da vida e na vitória

desta minha formação.

DEDICATÓRIA ESPECIAL

Ao meu inesquecível irmão, Francisco Suelijo Carneiro Lima (em

memória), exemplo de esposo, irmão, pai, e amigo, figura de

grande importância em minha formação e de quem sinto muitas

saudades.

AGRADECIMENTOS

Agradeço... Principalmente a Deus por está sempre presente nos momentos difíceis, dando-me

força pra continuar lutando. Agradeço também, por ter me oferecido a oportunidade de viver,

evoluir a cada dia e conhecer todas as pessoas que citarei abaixo.

... Em especial aos meus pais, Edmundo Carneiro Lima e Rita da Silva Lima, que me deram a

vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade.

... Aos meus irmãos, dos quais me orgulho e que muito me ajudaram, dando-me força e

estimulo para seguir minha caminhada a procura dos meus ideais.

... A todos os tutores do Nead, da Faculdade da Grande Fortaleza – FGF, que muito mais que

tutores foram amigos, dando-nos a condição, de uma visão crítica para que não tropeçássemos

na obscuridade da ignorância.

... Em especial, à meu orientador Profº Drº Jean de Araújo Brilhante, pelo auxílio sobre o

andamento dessa monografia de conclusão de curso.

... Aos colegas do curso a nossa amizade àqueles que nos quiseram bem e nos apoiaram nos

bons e maus momentos.

... Para todos os amigos e amigas que de certa forma me auxiliaram para que este trabalho

fosse realizado.

"O que importa não é a vitória, mas o esforço, não é o talento, mas a

vontade, não é o que somos, mas quem queremos ser e, principalmente não é

a situação onde estamos mas a direção para qual nos movemos”.

Autor Desconhecido

RESUMO

A presente pesquisa foi fundamentada na abordagem qualitativa, dando atenção aos

pressupostos teóricos que servem de fundamento à vida das pessoas. Tendo como objeto de

estudo os diferentes instrumentos e métodos empregados pelos professores para avaliar seus

alunos. Esse trabalho monográfico tem como objetivo principal propiciar um maior

conhecimento sobre a sistemática de avaliação em Biologia para o professor, de modo que

este analise os instrumentos avaliativos utilizados, discutindo os seus efeitos positivos e

negativos, revelando assim seus verdadeiros objetivos para os alunos. Para chegar ao

proposto, foi realizada uma analise dos dados obtidos por meio de entrevistas semi-

estruturadas e aplicação de questionários, em que se buscou coletar depoimentos de

professores de Biologia e de outras áreas, alunos, e demais profissionais envolvidos

diretamente com o processo avaliativo escolar. A realização deste trabalho possibilitou-me

refletir sobre o processo avaliativo praticado em Biologia, de modo a compreender a sua

relação com o processo de ensino e aprendizagem, pois os resultados obtidos mostram que a

avaliação escolar dar muito enfoque a provas e notas, sendo estes os principais instrumentos

utilizados pelos educadores, embora, na maioria das vezes, esses instrumentos sejam

utilizados de forma errônea, infelizmente, servindo muito mais para classificar e excluir os

educandos, em vez de apontar-lhes novos rumos, proporcionando-lhes uma nova

aprendizagem. Reforço, contudo, que a avaliação da aprendizagem é um tema bastante

polêmico e nos últimos tempos vem se revelado um dos grandes problemas no

desenvolvimento do processo pedagógico nos diversos níveis e modalidades de ensino,

exigindo reflexões sobre a importância da valorização de práticas avaliativas diversificadas,

que acompanhem o aluno em seus progressos e dificuldades e forneçam indicadores para o

aprimoramento do trabalho pedagógico, na perspectiva de inclusão e emancipação.

Palavras-Chaves: Avaliação, Biologia, Classificação, Exclusão.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Instrumentos Avaliativos em Biologia p.30

Figura 2 Utilidade das Provas Escritas p.32

Figura 3 Para que Serve a Avaliação da Aprendizagem p.33

Figura 4 Tipos de Avaliação Utilizada p.34

Figura 5 A Importância da Avaliação para o Professor p.39

Figura 6 Os Professores são Justos ao Avaliar os Alunos p.41

Figura 7 Para que Serve a Avaliação para os Alunos p.43

Figura 8 Qual a importância da Nota p.44

Figura 9 Como Você Gostaria de Ser Avaliado p.45

Figura 10 A Forma de Repassar os Conteúdos Ajuda na Aprendizagem p.46

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

1.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 13

1.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... 13

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 14

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 15

3.1. O Papel da Avaliação da Aprendizagem em Biologia ......................................... 15

3.2. Avaliação da Aprendizagem e sua Utilização pelo Professor na Sala de Aula ... 17

3.3. Avaliação Escolar dos Conteúdos de Biologia .................................................... 20

3.4. Os Pontos Positivos e Negativos da Avaliação da Aprendizagem ...................... 22

4. METODOLOGIAS .............................................................................................. 26

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 29

5.1. A Avaliação sob o Olhar dos Professores ........................................................... 29

5.2. A Visão dos Alunos do Processo Avaliativo ...................................................... 38

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 52

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 55

8. ANEXOS ............................................................................................................... 57

11

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho discute a avaliação escolar como componente de medição do

ensino-prendizagem e tem como finalidades orientar o ensino e facilitar a aprendizagem,

buscando entender os meios para alcançá-la desde fatores que envolvem o aperfeiçoamento de

professores na área de biologia até aplicação de metodologias usadas em sala de aula.

Mostrarei o resultado de uma avaliação da aprendizagem significativa, realizada em São José

dos Basílios – MA, envolvendo alunos e professores do ensino médio da escola Centro de

Ensino “Darcy Vargas”.

A avaliação da aprendizagem é entendida pela maioria dos alunos, inclusive

por muitos professores, como a aplicação de prova e exame. Sendo motivo de tormenta para

os alunos, na forma que a avaliação é concebida, ela é um processo necessário

burocraticamente, tendo que ser traduzida em notas, conceitos ou menções. O professor dá

aos alunos de forma classificatória o ônus de passar de ano a partir de determinado valor e a

cruel sentença de repetir o ano para aqueles que não conseguiram. Entender o real sentido da

avaliação faz-se necessário para aqueles profissionais que buscam fazer uma avaliação que

não seja uma máquina classificatória excludente.

Diante dessa problemática da avaliação no ensino, buscou-se através da leitura

de diversos artigos, livros, a LDB, entrevista com professores e alunos da Escola Centro de

Ensino Darcy Vargas e o Projeto Político da mesma, para compreender o atual processo de

avaliação, nos seus mais diversos aspectos e também compreender o real sentido da avaliação

e os novos paradigmas de avaliação. Esse processo requer que o professor avalie se os

significados que os alunos estão captando são aqueles planejados para serem aprendidos e os

alunos devem avaliar se estão captando os significados propostos pelo professor para, então,

elaborar sua crítica. Nesta concepção de ensino, professor e alunos necessitam avaliar

continuamente o conhecimento que circula em aula para estabelecer os patamares de

entendimento. Assim, o ato de avaliar é intrínseco ao ensino.

Num sentido mais abrangente, o objetivo da avaliação é fornecer aos

professores as informações necessárias para que eles ofereçam um ensino de qualidade. A

avaliação incorporada e contínua está no cerne do ensino com trabalho com projeto e é uma

maneira de os alunos mostrarem o que sabem e descobrem de várias formas. Com a avaliação

incorporada durante toda a unidade de ensino, os professores conhecem melhor as

necessidades dos alunos e podem ajustar o ensino em prol das conquistas dos mesmos. O

12

professor, no entanto, deve comprometer-se de forma eficaz, visando despertar interesse no

educando, para com o contexto de Biologia, visto que, o conhecimento científico, desperta

curiosidades tanto no fazer pesquisa, quanto no saber o que foi produzido. Por isso, a

avaliação deve ser discutida e reelaborada diariamente na sala de aula, de modo a aumentar a

eficácia do ensino e ajudar no esclarecimento dos significados, produzindo razões para a

aprendizagem.

Ciente da escassez de estudos críticos sobre a realidade da avaliação escolar em

Biologia no município de São José dos Basílios – MA e especificamente na Escola Estadual

Centro de Ensino Darcy Vargas, onde foi realizada a pesquisa, e diante de uma revisão

literatura, em sua maioria voltada à teoria da mensuração, sobre avaliação da aprendizagem

como um todo, dando ênfase para a disciplina de Biologia no sentido de propiciar a produção

do conhecimento por meio da ação pedagógica vivenciada pelo coletivo da classe.

13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

- Contribuir para melhorar o comportamento, aceitação e desempenho dos alunos frente à

avaliação da aprendizagem, bem como fazer uma reflexão sobre a possibilidade de interação e

a troca de experiências entre alunos e professores da escola Centro de Ensino “Darcy Vargas”.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Compreender a avaliação como processo permanente de aprendizagem, dinâmico e

transformador do contexto social, político, econômico e cultural, para com isso podermos

construir uma educação mais democrática e igualitária; .

- Conscientizar os docentes que uma avaliação da aprendizagem realizada de forma incorreta

(tradicional positivista), contribui para o fracasso escolar e conseqüentemente com as relações

do contexto social;

- Mostrar aos docentes que o educando deve ser respeitado em todos os aspectos, físico, social

e econômico, não podendo haver qualquer espécie de discriminação, pois sendo valorizado

como ser humano pleno, atingirá seus objetivos sem maiores problemas.

14

2 JUSTIFICATIVA

Sabendo que a avaliação da aprendizagem é uma das etapas mais importantes

do processo educativo, e que esta vem sendo praticada na escola Centro de Ensino “Darcy

Vargas”, localizada no município de São José dos Basílios – MA, apenas com a função de

aprovar e principalmente reprovar alunos. Houve a necessidade de apresentar um trabalho que

possa conscientizar docentes, orientadores pedagógicos, supervisores escolares, diretores,

enfim a todos que de certa forma atuam direta ou indiretamente com a avaliação da

aprendizagem. Passando então a oferecer uma avaliação da aprendizagem que promova o

desenvolvimento integral dos educandos levando em conta as necessidades, as limitações, as

potencialidades e os interesses de cada aluno.

Desse modo, na hora da avaliação os professores devem tomar medidas de

precaução para que não façamos uma avaliação errada do educando, devendo, portanto

sempre respeitar suas características individuais conhecendo-os e a partir disso, decidir o tipo

de ajuda pedagógica que será oferecida para superar determinada necessidade e interagir com

essa ajuda.

Este trabalho pode ser entendido como facilitador, dando uma visão geral sobre

o que é realmente uma avaliação da aprendizagem escolar e que esta se utilizada de forma

errada pode servir de ferramenta para exclusão social. Por isso é necessário conscientizar os

docentes que o processo avaliativo não é apenas atribuir notas ou conceitos, e que a avaliação

não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas deve servir como prática de

investigação na relação ensino-aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos

construídos e as dificuldades dentro de uma forma dialética. Apresentando-se como um

potencial muito grande na dinâmica da construção e formação da personalidade, para geração

de uma sociedade mais dignas e fraterna.

15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO

3.1 O Papel da Avaliação da Aprendizagem em Biologia

O ato de avaliar é uma ação ideologicamente comprometida, mesmo que

explicita está presente no cotidiano escolar. Neste processo o erro deve ser visto como uma

revelação da lógica de quem aprende. Avaliar é buscar compreender essa lógica, explicitá-la

para quem está aprendendo, possibilitando seu avanço. Assim a avaliação deve ser concebida

como um instrumento que informa ao professor o que foi aprendido pelo estudante, a eficácia

de sua prática educativa e os ajustes necessários nas intervenções pedagógicas.

Informar, também, ao estudante quais foram os seus avanços e dificuldades.

Por isso a avaliação deve ser feita em diversas situações e com critérios explícitos e claros.

Quando esta não expressa claramente seus critérios, facilmente destitui a escola e seus

profissionais da capacidade criativa de produção e transformação, quando criticamente

analisada e conduzida constitui como subsídio indispensável para a construção de um

processo educativo democrático.

Refletir sobre as possibilidades e limitações desta ação inserida em contextos

institucionais específicos, na consideração dos sujeitos e conhecimentos envolvidos e no

âmbito do devir histórico são desafio que o professor ainda na sua formação inicial deve ser

incitado a enfrentar, pois estas duas dimensões indissociáveis e complexas do processo

educativo envolvem a análise de um conjunto de concepções que orientam o trabalho na

escola e especificamente na sala de aula de Biologia. Este deve utilizar diferentes

instrumentos como observações sistemáticas durante as aulas, pesquisas, desenhos,

comunicações de experimentos, relatórios de leituras, provas dissertativas ou de múltipla

escolha, portfólio, auto-avaliação entre outros.

Em outras palavras, ao avaliar, seja numa perspectiva técnica ou progressista,

seja tácita ou deliberadamente, o professor de Biologia confronta-se com uma pluralidade de

concepções a respeito do que é ensino, aprendizagem, conhecimento, ciência, ser professor,

ser aluno e um projeto de sociedade que se deseja constituir. Com base nesses preceitos, a

avaliação, ou seja, o ato de avaliar consiste em verificar se estes tais comportamentos estão

sendo realmente alcançados no grau exigido pelo professor servindo de suporte para que o

aluno progrida na aprendizagem e na construção do saber. Com isso, avaliação tem o papel de

16

orientar o aluno a tomar consciência de seus conhecimentos, ter posicionamento crítico e

saber se está avançando na superação das dificuldades para continuar progredindo no

processo de ensino aprendizagem.

Existem, ainda hoje, professores que se preocupam em fazer uso da avaliação

como instrumento de tortura, pressão e controle do comportamento prendendo-se em

respostas “mecânicas” como certo/errado valorizando o “produto” final e não compreendem

todo o processo que o aluno chegou para dar aquela resposta.

O professor, então, tendo observado o “mau comportamento” dos

alunos, sente-se tentado ameaçá-los com a arma poderosa da

avaliação, dizendo que irá tirar-lhes pontos, chamará os pais, irá

colocá-los para fora da sala, encaminhá-los para a coordenação, etc.

Nesta concepção, o mais comum é o professor, não conseguindo

motivar o aluno para o trabalho, comece a usar a nota como um

instrumento de pressão para obter a disciplina e participação,

contribuindo assim, para a sua alienação. (FERREIRA, 2004, p.9).

Para a mesma autora, muitas vezes as avaliações são realizadas como

julgamento das capacidades, sem nada a contribuir para o desenvolvimento do educando, não

sendo levado em conta, o modo como essa avaliação está sendo feita como, por exemplo:

trabalhos avaliativos, provas orais ou escritas de dupla ou individual e saber que cada aluno é

diferente no processo de ensino-aprendizagem um do outro. Outra forma, que a avaliação é

utilizada pelo educador é a de uma mera reprodução e repetição dos conteúdos e

conhecimentos, assim preocupam-se em vencer os conteúdos programáticos.

A desvalorização por boa parte dos professores dos conhecimentos

que os alunos trazem de sua vivência no cotidiano faz com que muitas

vezes estes fiquem quase que totalmente desmotivados para a

aprendizagem que deles vai ser exigidas pelo currículo escolar. Se o

aluno não conseguiu apreender os conhecimentos e competências que

a instituição pretendia que ele o fizesse, é classificado como

fracassado. (SANTOS, 2007, p.1).

Na maioria das vezes, a avaliação é vista pelos olhos dos alunos como uma

promoção e não como parte do processo de ensino-aprendizagem, assim como um castigo,

17

não podendo sair, brincar porque tem prova e pelos olhos da maioria professores um meio de

demonstrar a autoridade. Revelando-se como um poderoso instrumento de classificação,

hierarquização e seleção a avaliação da aprendizagem acaba por desempenhar um papel de

controle, uma prática ameaçadora: “Preste atenção, pois este conteúdo vai cair na prova”.

“Comportem-se, caso contrário aplicarei um teste imediatamente”. “Estudem para a prova,

assim obterão uma boa nota”.

Nesta perspectiva, a avaliação e a nota, que esta expressa, se tornam os centros

da aula. Por conta da avaliação, o aluno vai ou não vai para a escola, faz ou não faz o dever,

fala ou não fala determinadas coisas, comporta-se de uma maneira ou de outra (SAUL, 1994).

Os alunos são conduzidos a estudar, pensar e agir em função de uma nota, pois aliados do

processo de ensino-aprendizagem têm dificuldades em conceber significações aos saberes e

práticas escolares. A avaliação passa por dominar o tempo todo o cenário da sala de aula.

Acaba por se transformar em moeda de troca do professor, que só assim consegue atribuir

algum sentido aos conhecimentos descontextualizados, fragmentados e naturalizados que são

trabalhados na escola.

Isto não quer dizer que no processo de avaliação escolar aspectos quantitativos

não devam ser considerados. Para Libâneo (1994) o entendimento da avaliação passa pela

consideração mútua entre aspectos quantitativos e qualitativos. O ato de avaliar é uma tarefa

complexa que não se resume à realização de provas e a definição de notas. A avaliação

proporciona a produção de informações a respeito do processo de ensino-aprendizagem, a

qual professores e alunos estão envolvidos, que precisam ser submetidas a uma apreciação

qualitativa.

3.1 Avaliação da Aprendizagem e sua Utilização pelo Professor na Sala de Aula

A sala de aula é um espaço que tende a reproduzir, na sua dinâmica, as relações

sociais vigentes, que em, sua essência, acabam sendo as relações de poder dentro das ações

educativas, manifestando-se principalmente na avaliação. O ato de ensinar e de aprender está

relacionado a realizações de mudanças e aquisições de comportamento, tanto motores,

cognitivos, quanto afetivos e sociais. Com base nesses preceitos, a avaliação, ou seja, o ato de

avaliar consiste em verificar se estes tais comportamentos estão sendo realmente alcançados

no grau exigido pelo professor na sala de aula servindo de suporte para que o aluno progrida

na aprendizagem e na construção do saber.

18

Para ter sentido, a avaliação em sala de aula deve ser bem fundamentada

quanto a uma filosofia de ensino que o professor espose. A partir dessa premissa, o professor

pode acumular dados sobre alguns tipos de atividades, provas, questões ou itens ao longo do

seu trabalho, criando um acervo de referência para suas atividades de avaliação dentro de seu

processo de ensino. É de todo importante que o professor possa criar, e verificar no uso,

atividades diversas que ensejem avaliação de processos de aquisição de conhecimentos e

desenvolvimento de atitudes, de formas de estudo e trabalho, individual ou coletivamente,

para utilizar no decorrer de suas aulas. Todo este trabalho de acumulação e tratamento

progressivo de dados sobre meios avaliativos para sala de aula exige do professor certo tempo

de dedicação, que pode ser maximizado e socializado se a escola dispuser de um horário

compartilhado de trabalho entre os docentes, no qual essa questão seja trabalhada.

Entretanto, avaliação com ênfase na classificação é a forma preponderante na

sala de aula, com as conseqüentes altas taxas de reprovação e evasão, principalmente das

classes populares, que dispõem de menos condições materiais para estudar e mais se afastam

dos padrões classificatórios estabelecidos. A falta de percepção da real dimensão do contexto

faz com que os professores usem a avaliação escolar como instrumento de controle e de

discriminação social, abrindo espaço para a estigmatização dos alunos como inteligentes e

ignorantes, capazes e incapazes, entre outros rótulos. Como nota Vasconcelos (1993: 26):

"O professor, de modo geral, não tem consciência de que é mais um

agente desse jogo de discriminação e dominação social. Faz

simplesmente aquilo que 'sempre foi feito na escola', para o que, além

do mais, recebeu os fundamentos na sua graduação. Não percebendo,

inicialmente, a real dimensão do problema, sua procura é de técnicas

mais apropriadas, para que, tanto ele como seus alunos, possam se

sentir melhor em relação à avaliação".

A ausência de discussão da avaliação escolar pelos docentes, no âmbito mais

geral das relações sociais historicamente determinadas, conduz à aceitação da exclusão como

algo natural. Nesse panorama a realidade social apresenta-se congelada, com autonomia em

relação às ações humanas. Decorre daí a perda de todo o sentido de um processo de ensino-

aprendizagem criativo, pois não há o que mudar. Então, o conhecimento escolar se restringe a

uma ciência dogmática necessária ao aprender a fazer, condição para que os cidadãos

adaptados à ordem vigente possam ingressar no mercado. Lembra Vasconcelos (1993: 27) que

19

"a religião conseguia a submissão passiva, no entanto, do operário se espera a submissão

ativa, envolvendo a sua vontade".

Por outro lado, os alunos encontram dificuldades para examinar criticamente a

situação em que se encontram. Submetidos desde o ensino fundamental à inculca de imagem

do professor como "detentor do saber verdadeiro" (Kenski, 1988: 134), desconhecem outras

finalidades da avaliação diferentes da classificação para a promoção, de modo que esta torna-

se natural também aos seus olhos. Os alunos, porém, resistem ao poder docente, identificando

"meios para controlar o controle exercido pelo professor" (Sousa, 1997: 130), dominando as

normas de avaliação e antecipando ações punitivas. Como observa Luckesi (1997: 18):

"Os alunos têm sua atenção centrada na promoção. (...) Procuram

saber as normas e os modos pelos quais as notas serão obtidas e

manipuladas em função da promoção de uma série para outra. (...) O

que predomina é a nota: não importa como elas foram obtidas nem por

quais caminhos. São operadas e manipuladas como se nada tivessem a

ver com o percurso ativo do processo de aprendizagem" (grifos do

autor).

Tomada isoladamente a observação de Luckesi (1997) poderia ser subscrita

pela maioria dos professores: é corrente a queixa de que "os alunos só se preocupam com as

notas". Entretanto, os professores não se dão conta de que a avaliação que realizam na sala de

aula é a causa dessa preocupação, que notas altas representam a garantia da continuidade dos

estudos no próximo período, e que ser aprovado ao final do ano letivo é o objetivo de todo

aluno.

No entender de Luckesi (2005), a atual prática da avaliação da aprendizagem

tem propiciado a manifestação e o desenvolvimento do autoritarismo. A função do ato

avaliativo, nessa prática, é a classificatória e não é necessária dentro do ambiente da sala de

aula, assim, é necessário que se estabeleça a verdadeira forma de se avaliar. Isso é o que se

discute neste momento de construção de propostas para a redefinição do cotidiano da sala de

aula.

Nesse contexto, a avaliação escolar deve servir à formação dos alunos e

professores para o exercício de seus direitos e a busca da realização de seus desejos. É preciso

considerar que cada um chega à sala de aula munido de uma experiência de vida e de uma

20

expectativa em relação à escola distintas dos demais e que vão influenciar sua futura

aprendizagem. Não se deve esperar que todos lidem com o conhecimento do mesmo modo,

nem que aprendam igualmente. Por isso, não existem padrões pré-definidos para servir de

critérios de avaliação.

3.3 Avaliação Escolar dos Conteúdos de Biologia

Segundo Sant‟Anna (1995), a avaliação apresenta três funções: diagnóstica,

formativa e classificatória. Na diagnóstica verifica os conhecimentos e obtêm-se informações

do rendimento do aluno. Enquanto a avaliação formativa se faz o acompanhamento

progressivo do aluno; ajuda o aluno a desenvolver as capacidades cognitivas, ao mesmo

tempo fornece informações sobre o seu desempenho. Já avaliação classificatória, tida como

somativa, classifica o aluno segundo o seu rendimento escolar e busca uma consciência

coletiva dos resultados apresentados pelos alunos.

Portanto, a avaliação formativa e diagnóstica permite a reflexão e mudanças na

ação educativa. E neste contexto, a não utilização desta ação reflexiva pelo corpo docente nas

escolas decorre de várias características, tais como: a falta de conhecimento ou formação

inadequada e más condições de infra-estrutura escolar, do ponto de vista social e econômico

(BARROS FILHO, 2002). Essas características não levam os professores a refletirem sobre a

construção de uma prática avaliativa flexível e reguladora, a qual se integra ao processo de

ensino e aprendizagem.

A avaliação, quando integrada ao processo de ensino e aprendizado, precisa ser

sensível o suficiente para deflagrar a mudança de atitudes nos alunos. Essa mudança de

atitudes, para a Biologia, compreende as relações conceituais tais como: de célula para célula,

de organismo para célula e relações intracelulares. Essas relações conceituais compreendem a

célula como um fenômeno não estático, e sim como um sistema dinâmico que interage com

seus componentes (PALMERO, 2003). Assim, avaliar essa mudança de comportamento é

essencial observar a participação do aluno em todas as atividades, e os momentos de

conversas informais que o professor pode manter com eles, tornando uma avaliação contínua

e diversa (BARROS FILHO, 2000).

Neste contexto, a busca de uma avaliação formativa para o ensino do conteúdo

de Biologia propõe que o aluno resolva os problemas reais do seu mundo, para que ele tente

explicar fenômenos biológicos, interpretar dados, fazendo predições e explicações de

fenômenos, do mesmo modo que os cientistas fazem. Um processo interativo em que o

21

estudante busque a resolução de problemas, seguido por conceitos da avaliação formativa

desenvolve no estudante uma compreensão conceitual mais profunda das teorias da Biologia

(COOPER et al., 2006).

Assim, construir uma avaliação para os conteúdos de Biologia, na qual o aluno

busque interpretar e analisar os fenômenos destes conteúdos é mais vivo e significativo para a

aprendizagem do aluno. Além disso, esta avaliação pode ser uma prática avaliativa inovadora

que disponibiliza inúmeras tarefas que reflitam o aprendizado do aluno nas suas diversas

dimensões.

Quando integra a avaliação significativa e inovadora com o processo de ensino

e aprendizado, ela é menos preocupada com a memorização e ênfase em fatos enciclopédicos

e mais desenvolvida para a investigação do conhecimento. Isto disponibiliza a Biologia como

um conhecimento de fácil acesso aos estudantes, articulando a construção do saber do aluno e

relacionado com a vida cotidiana deste. Além disso, esta relação com o cotidiano ou aplicação

deste conhecimento integra os conceitos da Biologia com as estruturas de memórias dos

estudantes em longo prazo. Nesta mesma avaliação integrada, o professor poderá propor, para

o conteúdo de Biologia, uma análise de dados experimentais e fenômenos biológicos que

cubra efetivamente os conteúdos necessários à aprendizagem do aluno (KITCHEN ET al.,

2003).

Uma avaliação a favor da aprendizagem permite a construção de perguntas

formadoras, entre o professor e o aluno, que os engajam a conhecer a Biologia e a resolver

problemas, aumentando o interesse do aluno pela aula (GIOKA, 2007). Um processo de

avaliação que constrói ou auxilia o aprendizado do estudante utiliza uma variedade de

técnicas ou instrumentos e permite obter informações do curso a fim de melhorar o currículo

deste curso (ADAMS & HSU, 1998). São estes instrumentos e técnicas tão sensíveis que

permitem o professor estabelecer os objetivos e as percepções do seu ensino. O trabalho

prático do professor pode-se transformar numa atividade tediosa, sombria e que torna a

aprendizagem desprazerosa para os alunos. GOTT & ROBERTS (2003, p.116) afirmam:

“A investigação de todos os tipos deveriam ser elementos importantes

para ensinare aprender ciência. A avaliação não deveria impor fardos

burocráticos desnecessários para os professores. Fardos que „militam‟

contra o mesmo uso das investigações (....)”.

22

Normalmente, o ensino nas escolas de ensino médio esse nível de ensino,

conduzem a um conhecimento fragmentado e enciclopédico, tornando difícil que um aluno dê

sentido ao conhecimento que adquire. O processo de ensino torna-se mais integrado à

aprendizagem quando o aluno, ao compreender os conteúdos, é capaz de aplicar, sintetizar,

analisar e avaliar as informações, tornando esse processo mais ativo. Assim, o processo de

avaliação integrado e aliado à formação do estudante, busca metodologias alternativas de

aprendizagem em que o aluno participa e reflete sobre o conteúdo compreendido, em vez de

resumir e assimilar conceitos fragmentados (LYND-BALTA, 2006).

O processo de avaliação em Biologia deve ser ativo e dinâmico, orientando a

uma aprendizagem constante e reguladora, a qual desenvolva no aluno o seu melhor

rendimento escolar e, além disso, o aluno tem sua voz na construção desse processo de

avaliação, durante o processo de auto-avaliação. Contudo, esse mesmo processo de avaliação

precisa ser sensível o suficiente para que o professor perceba as metas e os desejos de

concepções que quer desenvolver no aluno, não havendo contradições entre as suas metas do

processo de ensino e aprendizagem e a sua prática pedagógica.

Segundo Luckesi (2002), a forma como se avalia é crucial para a concretização

do projeto educacional. É ela que sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam.

Uma prática avaliativa que orienta exercícios que cobrem conteúdos sem desenvolver

habilidades de investigação e participação para a construção do conhecimento do aluno, não o

leva a aprender, leva o aluno apenas à memorização de conceitos fragmentados.

3.4 Os Pontos Positivos e Negativos da Avaliação da Aprendizagem

Dentro da sala de aula, o termo avaliar está, intimamente relacionado à

resolução de provas, exames, resultado de nota, ser aprovado ou reprovado. Em meio a esses

fatores, a prova torna-se instrumento característico de todo processo de uma avaliação

tradicional, mas pode também ser de muita utilidade para o professor e aluno saberem em que

medida o processo de ensino-aprendizagem está e, útil para a formação do conhecimento do

aluno.

Nessa perspectiva, Smole (2008, p.1) nos coloca que “esse instrumento é

adequado especialmente quando desejamos avaliar procedimentos específicos, a capacidade

de organizar idéias, a clareza da expressão e a possibilidade de apresentar soluções originais”.

A avaliação, dessa forma, tem uma função prognóstica, que avalia os conhecimentos prévios

dos alunos, considerada a avaliação de entrada, avaliação de input; uma função diagnóstica,

23

do dia-a-dia, a fim de verificar quem absorveu todos os conhecimentos e adquiriu as

habilidades previstas nos objetivos estabelecidos.

A Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96, a LDB, ou Lei Darcy Ribeiro, não

prioriza o sistema rigoroso e opressivo de notas parciais e médias finais no processo de

avaliação escolar. Para a LDB, ninguém aprende para ser avaliado. Esta prioriza mais a

educação em valores, pois, aprendemos para termos novas atitudes e valores. A educação em

valores é uma realidade da Lei 9394/96. A LDB, ao se referir à verificação do conhecimento

escolar, determina que sejam observados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da

atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos

resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24, V-a). Devemos

nos conscientizar que aspectos não são notas, mas sim, registros de acompanhamento do

caminhar acadêmico do aluno. O educando, sendo bem orientado, saberá dizer quais são seus

pontos fortes, o que construiu na sua aprendizagem o que ainda precisa construir e precisa

melhorar. Conforme Luckesi (2006, pág. 79), os conceitos estariam efetivamente expressando

a qualidade da aprendizagem do aluno naquela unidade de conhecimento e não uma média de

elementos sobre os quais não se pode fazer média.

Assim, a avaliação tem seu lado positivo e negativo. O primeiro pode ser

atribuído ao fato da avaliação admitir uma função de orientadora e cooperativa, sendo assim,

realizada de uma forma contínua, cumulativa e ordenada dentro da sala de aula com o

objetivo de fazer um diagnóstico da situação de aprendizagem de cada educando, em relação

aos conteúdos passados pelo professor, desse modo, verificando se o aluno está progredindo

no processo de ensino-aprendizagem.

A avaliação, dessa forma, tem uma função prognostica que avalia os

conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada,

avaliação de input; uma função diagnóstica, do dia-a-dia , a fim de

verificar quem absorveu todos conhecimentos e adquiriu as

habilidades previstas nos objetivos estabelecidos. (HAMZE, 2007,

p.1).

Por outro lado, a avaliação está voltada com a função de classificação,

apresentando o lado negativo, pois o aluno que não alcançou a média fica sob a visão de

24

excluído e fracassado perante os colegas de classe, professores e escola, ocasionando muitas

vezes a evasão escolar.

De acordo com Luckesi (2006), a avaliação que é praticada na escola é

sinônimo da avaliação da culpa. As notas são usadas para como índices de classificação de

alunos, onde os desempenhos são comparados e não as perspectivas que se desejam atingir.

O que significa em termos de avaliação um aluno ter obtido nota 5,0

ou média 5,0? E o que tirou 4,0? O primeiro, na maioria das escolas

está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. O que o primeiro sabe

é considerado suficiente. Suficiente para quê? E o que ele não sabe? O

que ele deixou de “saber” não pode ser mais importante do que o que

ele “sabe”? E o que o aluno que tirou 4,0 “sabe” não pode ser mais

importante do que aquilo que não “sabe”? (SMOLE, 2008, p.1).

Dentro do contexto da avaliação temos o erro, significando algo que não

ocorreu de maneira correta. No entanto, esse erro pode ser útil vindo a ser utilizado como

fonte de virtude para aprendizagem escolar, pois tanto para o professor quanto para o aluno ao

reconhecerem a origem e a constituição dos seus erros passam a superá-los, tornando assim

um “obstáculo vencido” e uma avaliação adequada.

Luckesi (2006) afirma quando o professor atribui uma atividade a seus alunos

e observa que estes não conseguem obter o resultado esperado, o educador deve conversar

com seu aluno e verificar o porquê desse erro e como foi cometido. Esse autor ainda ressalta

que, na maioria das vezes, é freqüente o aluno dizer que só agora ele percebeu o que era para

fazer, ou seja, o erro conscientemente elaborado possibilita o avanço.

Sintetizando, muito pelo contrário que muitas pessoas pensam (alunos, pais e

professores) o erro significa para o processo de ensino-aprendizagem um fator positivo.

Esteban (1999) refere-se ao erro um processo de construção de conhecimento e avaliar é estar

sempre fazendo questionamentos é questionar-se.

Por isso, é importante consideramos o ato de avaliar como momentos de

avaliação mediadora, pois esta prática não está, necessariamente, ligada à um conjunto de

técnicas e normas, mas de uma certa medida de compreensão, análise e reflexão crítica da

nossa prática pedagógica no dia-a-dia da escola. Nesse sentido expressa a autora Jussara

Hoffman:

25

“Podemos pensar na avaliação mediadora como um processo de

permanente troca de mensagens e de significados, um processo

interativo, dialógico, espaço de encontro e de confronto de idéias entre

educador e educando, em busca de patamares qualitativos do saber”.

(HOFFMAN, 2011).

O modelo de avaliação atualmente utilizado na maioria das escolas públicas é

baseado no processo classificatório, ou seja, tem como princípio a exclusão, não a inclusão.

Com isso, dá-se mais ênfase aos pontos negativos da avaliação. Para muitos teóricos, esse tipo

de avaliação já é considerado arcaico, tendo em vista que existem outros métodos de

avaliação mais coerentes e justos. A partir deste pressuposto, Luckesi (2006) sugere que a

avaliação seja diagnóstica, ou seja, os dados coletados deverão ser analisados criteriosamente

não com o objetivo de aprovar ou reprovar os alunos, mas para os professores reverem o

desenvolvimento do aluno, dando oportunidade para que ele avance no processo de

construção do conhecimento.

26

4 METODOLOGIA

Dada à problemática na qual se inscreve esta pesquisa, pretende-se buscar

compreender como estão sendo realizados os processos de avaliação na disciplina de Biologia

na escola Centro de Ensino Darcy Vargas, que oferece o ensino médio para alunos que estão

nesta etapa de ensino no município de São José dos Basílios – MA. Endossados por uma

abordagem de dados que se considere relevante para compreensão da causa referente aos

processos avaliativos realizados na disciplina de Biologia da escola observada.

Esse estudo traz influencias da avaliação de Biologia no desempenho escolar

dos alunos do ensino médio da escola mantida pelo Governo Estadual do Maranhão, sendo a

mesma realizada num período de três meses, com base em uma metodologia baseada em

visitas à escola, entrevistas, bate-papos com profissionais envolvidos, alunos, percebendo de

perto as dificuldades nesse cotidiano da escola citada anteriormente.

Um dos requisitos que me levou a escolher esta escola é o fato de ser a única

escola que oferece o ensino médio no município e também por já conhecer um pouco da

realidade dessa instituição de ensino, tendo em vista que foi nessa escola que realizei o meu

estágio na prática de ensino, bem como o contato com alguns jovens que em suas falas

demonstraram a inquietação diante dos processos avaliativos, questionando muitas vezes os

métodos utilizados pelos professores.

Por isso, nesse campo de trabalho (salas de aula da referida escola), como em

muitas outras escolas acontecem inúmeras dificuldades frente aos processos avaliativos,

estando relacionadas a diversas dificuldades, e acreditando que é possível realizá-lo de

variadas formas, em conjunto com ações, passos, condições propícias e procedimento,

tornando o aprendizado mais dinâmico e eficaz. Os trabalhos foram realizados de maneira que

permitiram a participação de todos os envolvidos nas reflexões vivenciadas através de um

trabalho interativo, refletindo sobre a questão dos processos avaliativos.

Entende-se que uma ação interacionista propõe ao mediador uma relação direta

com os alunos no intuito de analisar, investigar, perceber dificuldades no que se refere a

avaliações de Biologia, solicitando que reflitam, questionem e interroguem constantemente

suas atitudes e decisões. Os dados em primeira instância foram coletados via questionários

semi-estruturados, aos quais foram dirigidos aos alunos de 1º, 2º e 3º ano do ensino médio da

escola Centro de Ensino Darcy Vargas, situada a Rua Luis Carlos s/nº Centro, do município

de São José dos Basílios – MA.

27

Para tanto, houve uma inquietação de minha parte, a partir de observações

prévias e conversas com alunos e professores de Biologia em seu próprio cotidiano (ambiente

escolar), demonstraram desapontamento com relação aos métodos de avaliação aplicados,

pude perceber que muitos não avançam por insatisfação, a partir daí decidi aprofundar sobre

as causas e conseqüências de avanços e retrocessos mediante as práticas avaliativas.

No intuito de investigar dados quantitativos, relativos aos resultados de

avaliação, tive o contato direto com os diários de classe correspondentes as notas referentes às

unidades já estudadas, para levantamento de situações em relação aos resultados obtidos das

atividades de avaliação de Biologia na sala de aula. A partir daí selecionei 8 alunos de cada

turma, de uma amostra de duas turmas de 1º e 2º ano e de uma turma do 3º ano do turno

noturno, de um total correspondente a 176 alunos, escolhidos mediante observação de suas

notas nos diários, estabelecendo como critério: quatro alunos que apresentam um bom

rendimento e quatro alunos sem um bom rendimento, totalizando uma amostra de 40 alunos e

também 6 professores atuantes que se dispuseram a colaborar com o trabalho.

Depois de feita a seleção, fiz visitas à escola, mantendo um contato direto com

alunos, através de entrevistas semi-estruturadas, bate-papos livres com alunos e também com

alguns professores o que foi possível perceber a importância da abordagem temática,

finalizando esse contato com a aplicação dos questionários previamente elaborados,

respeitando a disponibilidade dos participantes, com poucas intervenções, somente em caso de

dúvidas ou não entendimentos por parte dos alunos.

Visando obter maior qualidade e veracidade de dados, foi estendida a pesquisa

aos participantes fundamentais no ato de avaliar, os professores, que realizam as avaliações,

aplicando também questionários, entrevistas, bate-papo com perguntas com intuito de

diagnosticar suas visões do ato de avaliar. Assim todo o trabalho está sendo realizado de

maneira que permita a participação dos envolvidos nas reflexões através de um trabalho

interativo, refletindo sobre a questão da avaliação da aprendizagem.

Nesse sentido, segui o trabalho orientado, por uma abordagem qualitativa e

quantitativa, expondo resultados de modo reflexivo e apontando resultados através de

gráficos. Em relação à coleta de dados, não houve nenhuma interferência por minha parte, os

entrevistados foram livres para expor suas idéias e pensamentos sobre o que era questionado

de modo espontâneo.

Depois de coletados todos os dados, foi feita uma comparação o entre as idéias

dos alunos e professores, a fim de notar pontos em comuns com as divergências explicadas

28

pelos mesmos, analisando as influências das técnicas, métodos de avaliação, suas influências

no desempenho cognitivo dos alunos, posteriormente, levantadas todas as informações, dando

início ao trabalho monográfico.

29

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A VISÃO DOS PROFESSORES E ALUNOS SOBRE AVALIAÇÃO

5.1 A AVALIAÇÃO SOB O OLHAR DOS PROFESSORES

No decorrer desta pesquisa, verifiquei que a escola Centro de Ensino Darcy

Vargas possui no seu corpo docente 21 professores dentre os quais oito trabalham com a

modalidade ensino fundamental maior e os demais trabalham no ensino médio, distribuídos

nos turnos vespertino e noturno. Destes que trabalham no ensino médio apenas dois

professores lecionam a disciplina Biologia, sendo que estes dois professores possuem

formação específica da área. Devido ao número pequeno de professores na área de Biologia o

questionário da pesquisa foi aplicado também para outros professores que mesmo não atuando

na área, mas que lecionam disciplinas que tem afinidade com a Biologia como, por exemplo,

as disciplinas de Química e Física. O questionário foi aplicado a seis professores que

aceitaram responder ao questionário da pesquisa, sem nenhuma resistência, destes seis dois

eram professores de Biologia, dois de Química e dois de Física, e todos possuem graduação

específica.

É importante ressaltar que ao longo desta pesquisa, tive algumas conversas

informais com os professores e comunidade escolar sobre avaliação e que o resultado dessas

conversas está englobado nas minhas análises.

Inicialmente questionei aos docentes quais os instrumentos que eles utilizam

nas avaliações de ciências e biologia aplicadas aos alunos, sendo apresentadas como opções:

testes, provas escritas, seminários, trabalhos em grupo e individuais e outros meios. Todos os

educadores assinalaram que utilizam provas escritas. Cinco dentre eles responderam que

utilizam trabalhos em grupo e individuais. Quatro responderam que aplicam testes. Três deles

afirmaram que utilizam seminários. E três se utilizam de outros meios para avaliar, sendo

citados: pesquisas e exercícios.

30

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Provas Escritas

Trabalhos

Seminários

Testes

Outros Meios

Figura 1 - Instrumentos Avaliativos em Biologia

Verifiquei aqui que todos os professores utilizam-se de provas escritas para a

avaliação. A prova escrita que tem sua origem na educação tradicional, é um instrumento de

avaliação que, dependendo da forma que for conduzida – ser pontual, classificatória etc. –

pode apresentar vários problemas, configurando-se em um instrumento de avaliação

excludente, uma das principais razões para que o aluno abandone a escola. Vista nesta

perspectiva, ela dá muita ênfase à nota, à classificação e possui alguns rituais especiais como:

dia, horário, valor, o que causa no aluno preocupação em tirar nota, para passar de ano e não

para aprender. A escola e os professores têm o poder de passar só quem tira boas notas, quem

não tira fica excluído e sem estímulo para recomeçar novamente. Nessa perspectiva a prova

escrita é considerada por Vasconcelos (2006), uma ruptura no processo ensino aprendizagem

(p.73).

No entanto a prova pode, dependendo da forma que for realizada, e do

processo anterior e posterior que a envolva configurar-se em mais um instrumento de

avaliação formativa, e para tal: não deve prender-se a rituais, mas sim ser um elemento

sistematizado bem elaborado de diagnóstico da aprendizagem; e a partir do mesmo o

professor possibilitar sua revisão, reescrita e conseqüente melhoria da nota ou conceito obtido

inicialmente, ainda que este não deva ser o principal foco, mas sim o registro das dificuldades

e erros cometidos pelo aluno e sua uma conseqüente intervenção pedagógica na perspectiva

de alteração do quadro que esse diagnóstico apresentar, assegurando que a aprendizagem

ocorra.

Os professores também responderam utilizar outros meios para avaliar. Para

Fernandes (2006), se bem planejados e construídos, os instrumentos (trabalhos, provas, testes,

relatórios, portfólios, memoriais, questionários etc.) têm fundamental importância para o

31

processo de aprendizagem, ainda que não devam ser usados apenas para a atribuição de notas

na perspectiva de aprovação ou reprovação dos estudantes, mas fundamentalmente como

avaliação diagnóstica da aprendizagem que demanda por sua vez uma postura de intervenção

formativa por parte do professor, na perspectiva de ora rever com os alunos o que ainda não

aprenderam, ora ampliar o que aprenderam, mas ainda não foi suficiente e ora auxiliar na

sistematização do que já sabem, mas ainda não conseguem explicar.

Nesse sentido, portanto, o erro do aluno, apresentado por meio das atividades

avaliativas, é fundamental no processo ensino aprendizagem do professor, que reorganizará

suas atividades pedagógicas, para intervir junto aos alunos de tal modo que o aluno venha a

superar os erros, no sentido de construir sua efetiva aprendizagem.

Ao meu entender o professor tem que ter a preocupação de estar sempre

buscando formas mais interessantes e inteligentes para avaliar, estar sempre repensando

formas bem elaboradas de avaliação, pois um instrumento de avaliação mal elaborado e

colocado em prática pode causar distorções no processo de ensino e aprendizagem.

As conseqüências de uma má avaliação podem ocasionar sérios problemas para

o professor e principalmente para o aluno. Um bom instrumento de avaliação tem que ter

critérios como: linguagem clara, esclarecedora e objetiva e sempre estar coerente com o que

está sendo ensinado.

Também foi questionado aos docentes se realizam com seus alunos provas

escritas e por quê? Sendo apresentados aos docentes, em caso afirmativo, as seguintes opções:

para cumprir normas da escola, para verificar a aprendizagem, para avaliar a metodologia

aplicada, para diagnosticar as dificuldades dos alunos. Todos os professores afirmaram que

utilizam provas escritas. Nenhum dos que responderam afirmou que utiliza provas para

cumprir normas da escola. Cinco assinalaram que utilizam provas para verificar a

aprendizagem. Um assinalou a opção para avaliar a metodologia aplicada e cinco

respondentes afirmaram que utilizam provas escritas para diagnosticar o nível de

aprendizagem frente às aulas e atividades propostas aos alunos.

32

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Cumprir Normas daEscola

Verificar Aprendizagem

Avaliar MetodologiaAplicada

Diagnosticar Dificuldades

Figura 2 - Utilidades das Provas Escritas

Mais uma vez se vê aqui que todos responderam realizar provas escritas,

comprovando que muitas das nossas práticas enquanto educadores têm a ver com nossa

cultura e nossas crenças, a velha lógica da classificação e da seleção no que tange a avaliação

escolar exige de nós constante reflexão. As avaliações não podem ser para punir nem somente

para atribuir notas, elas devem ser formativas e com objetivos diferenciados, servindo assim

para fornecer informações sobre as ações ligadas a aprendizagem do aluno, não podendo ser

utilizada apenas para finalizar algo em que está sendo trabalhado. Nesse sentido, segundo

Fernandes (2006), “Avaliar é um processo em que realizar provas e testes, atribuir notas ou

conceitos é apenas parte do todo”(p. 19), e não pode ser tomado como um fim em si mesmo.

Foi perguntado ainda para que serve a avaliação ensino-aprendizagem, sendo

apresentadas como opções as seguintes alternativas: para atribuir notas, para verificar a

aprendizagem, para avaliar o conhecimento do aluno e para avaliar a metodologia aplicada.

Nenhum dos professores assinalou que a avaliação ensino-aprendizagem serve para atribuir

notas. Todos os educadores assinalaram a opção referente à verificação de aprendizagem. Um

respondente assinou a opção para avaliar o conhecimento do aluno. Três respondentes

assinalaram a opção para avaliar a metodologia aplicada. Um dos respondentes, apesar de não

ter assinalado a opção “para atribuir notas”, fez o seguinte comentário: “mas também para

atribuir nota, já que esta é uma exigência legal”.

33

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Atribuir Notas

VerificarAprendizagem

Avaliar Conhecimentodo Aluno

Avaliar MetodologiaAplicada

Figura 3 - Para que Serve a Avaliação da Aprendizagem

A avaliação escolar está relacionada com o tipo de homem que queremos

formar em nossa sociedade, um homem pleno conhecedor de seus direitos e deveres e com a

responsabilidade de também estar formando novos homens, e esta preocupação não vi com

clareza em nenhum momento de pesquisa e nem na proposta da Organização Didática

Pedagógica da escola Centro de Ensino “Darcy Vargas”. A avaliação tem como meta a

construção da autonomia e da solidariedade, podendo ser entendida como uma referência para

o professor e para o aluno no sentido de estar superando as dificuldades que por ventura vem

aparecendo. Segundo Vasconcellos (2006), o sentido maior da avaliação é: “Avaliar para que

os alunos aprendam mais e melhor” (p. 57). E, o conhecimento só terá sentido se contribuir

para compreender o mundo, e saber nele intervir.

Perguntou-se aos docentes que tipo de avaliação utiliza sendo apresentadas as

seguintes opções: avaliação contínua, avaliação somativa, avaliação formativa, avaliação

diagnóstica. Quatro dos respondentes assinalaram todas as alternativas. Dois respondentes

assinalaram apenas a opção avaliação contínua.

34

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Continua

Somativa

Formativa

Diagnóstica

Figura 4 - Tipo de Avaliação Utilizada

Portanto, a maioria dos professores assinalaram que colocam em prática todos

os tipos de avaliação. A avaliação formativa, que acontece ao longo do processo e que tem

como objetivo reorientar os alunos; a avaliação contínua, que acontece de forma processual e

constante; a avaliação somativa, que acontece no final do processo a fim de apreciar os

resultados; a avaliação diagnóstica, que busca aprender o nível de aprendizado ou as

dificuldades ainda presentes (erros, conflitos, equívocos), com vistas à reorientação,

intervindo a partir das dificuldades apresentadas. Vale ressaltar aqui que nem uma delas é

melhor ou pior que a outra apenas possui objetivos diferentes. Contudo, como ressalta

Fernandes (2006): “Mesmo nos processos de avaliação mais simples, sabemos que para tomar

determinadas decisões faz-se necessário que alguns critérios e princípios sejam considerados

seriamente” (p. 17).

Na parte final do questionário aplicado aos professores, foram colocadas duas

questões subjetivas. A primeira delas: “O que você considera que deveria mudar na

avaliação?” E eles responderam da seguinte forma:

“Por ser uma avaliação contínua tenho liberdade de avaliar e reavaliar o

trabalho feito” (Professor 1). “A sua forma. Avaliação com mais informação

e contexto. Variação na metodologia (provas, textos, exercícios) (Professor

2). “A obrigatoriedade de se atribuir valores e „fechar‟ a cada bimestre”

(Professor 3). “Deveríamos observar mais a competência dos alunos dentro

de cada conteúdo ministrado” (Professor 4). “Dar mais liberdade aos alunos

para usarem os seus conhecimentos livremente e deixar um pouco de atribuir

valores” (Professor 5). “Conseguir torná-la um momento prazeroso onde o

35

aluno a consideraria mais um meio de aprendizagem e perceberia o feed

back entre o que está aprendendo e como está aprendendo” (Professor 6).

A Análise dessas respostas nos permite concluir que os professores ainda estão

presos à classificação por nota, mas que possuem o desejo de liberdade para mudar, na fala do

professor 3 “A obrigatoriedade de se atribuir valores e „fechar‟ a cada bimestre”, verifica-se o

desejo de parar de atribuir valores, nas avaliações aplicadas, nota-se a preocupação em tornar

o ato de avaliar mais prazeroso.

Notadamente nossas experiências em avaliação são marcadas por uma

concepção classificatória da aprendizagem em certo e erradas. Observei juntos aos

professores da escola Centro de Ensino “Darcy Vargas”, que a prova é considerada

protagonista dentre as outras avaliações, que os conteúdos trabalhados são avaliados por

provas e testes, que os alunos gostam da forma como são avaliados e que as dificuldades na

aprendizagem por eles apresentadas é vista pela direção da escola, pelos alunos e pela

comunidade em geral, como algo positivo, já que prevalece a lógica nesses segmentos de que

o quanto mais difícil e árduo melhor. Assim sendo, as velhas e práticas de avaliação que

atrapalham o pleno desenvolvimento do ensino aprendizagem, continuam, mais forte do que

nunca.

Pude observar que existe a preocupação da necessidade de mudança, mas falta

uma maior conscientização coletiva, para que aconteça de fato uma gradual mudança e que

essa rompa com as práticas tradicionais de avaliação. É preciso que compreendam de vez que

a prática da avaliação pode ocorrer de diferentes formas, que os estudantes aprendem de

diferentes formas e que e possível sim variar as metodologias e instrumentos de avaliação,

existe formas de avaliar que oferece maior autonomia e compromisso aos estudantes, que

enriquece o diálogo entre os sujeitos da aprendizagem, que deixa a construção do

conhecimento mais criativa e proveitosa, a auto-avaliação cumpre esse papel, pois apesar de

não ser usual em muitas escolas, sabemos que proporciona aos alunos uma maior

responsabilidade, maior autonomia e critica, contribuído assim para que os sujeitos de hoje

tornem-se cidadãos plenos amanha.

Obviamente que não se trata aqui de abolir a avaliação, e dispensar os alunos

de fazer trabalhos e tarefas, mas fazer com que a avaliação ocorra de forma contínua e diária,

no decorrer de cada aula, de cada atividade do aluno, e que não se tenha nada marcado,

sacramentado, como normalmente ocorre com a “prova”.

36

Na última questão do questionário dos professores foi perguntado: “O que

considera mais difícil na avaliação de biologia no processo ensino-aprendizagem?”. Cinco

educadores responderam da seguinte forma:

“Pelo fato de muitas vezes pela falta de tempo não explorar todos os

aspectos necessários aos alunos, uns têm facilidade com provas subjetivas e

outros dificuldade com provas objetivas” (Professor 1). “Tratar todos alunos

do mesmo jeito. Usar uma metodologia mais variada” (Professor 2). “Definir

que atividades são mais adequadas para avaliar cada Conteúdo de Biologia.

Elaborar uma prova para mim também é muito difícil. Por isto insiro outros

tipos de avaliação” (Professor 3). “O que acho mais difícil é descobrir as

dificuldades de cada aluno e tentar solucioná-las, revendo os conteúdos que

os alunos tem maior dificuldade” (Professor 4). “Muitas vezes não somos

muito justos com alguns alunos quando não aprendem o conteúdo da aula”

(Professor 5).

Sabemos que avaliar não é tarefa fácil, exige do educador planejamento

organizado, postura coerente com uma proposta pedagógica pautada numa metodologia que

parta da realidade das/os alunas/os do Proeja, avaliação que oriente pela valorização dos

processos. Precisamos reconhecer que estamos todos em contínua evolução e isto requer um

constante pensar sobre nossas ações diárias.

Quando assumimos o papel de educador em uma escola pública, especialmente

nesse caso, temos de ter consciência de que o trabalho será sério, árduo, exigirá de nós tempo,

estudo, planejamento e compromisso com nossos alunos, e é preciso que gostemos do que

estamos fazendo para fazermos bem feito. Os desafios são muitos e têm que ser encarados

com determinação de vencedor.

Observa-se, nas respostas desta questão que a maioria dos professores admite dificuldade em

avaliar seus alunos.

Na resposta do Professor 2 “Tratar todos alunos do mesmo jeito. Usar uma

metodologia mais variada”, observamos que as dificuldades apresentadas aqui em relação a

metodologia a ser trabalhada em sala de aula, é reflexo do apego as metodologias tradicionais ainda

existente, que privilegia a quantidade de informação com conteúdos de pouco significado para os

alunos naquele momento. É característica da escola tradicional a aplicação de questionários para

reforçar os conteúdos e as avaliações servem tão somente para ver se os alunos assimilaram os

conteúdos. O certo é trabalhar conteúdos de Biologia que sejam mais significativos para os

37

alunos, coisas que ele acha mais importante, conteúdos relacionados com seu dia-a-dia, com

seus conflitos e saberes. Se o objetivo do professore é fazer com que todos aprendam, uma

das primeiras providências é sempre informar o que vai ser visto em aula e o porquê de

estudar aquilo. Isso poderá ser estabelecido no contrato pedagógico ou didático, que na

maioria das vezes é estabelecido logo no início das aulas entre estudantes e professor com

normas de conduta na sala de aula.

A dificuldade que os Professores 3 e 4 apresentam em suas respostas, “Definir

que atividades são mais adequadas para avaliar cada Conteúdo de Biologia” e “ descobrir as

dificuldades de cada aluno e tentar solucioná-las, revendo os conteúdos que os alunos tem maior

dificuldade”, é em muitos casos decorrente da falta de conhecimento por parte dos professores

de seus alunos. Para avaliar é preciso conhecer os sujeitos avaliados, suas necessidades.

Assim o professor poderá pensar em caminhos menos tortuosos para que todos alcancem os

objetivos desejados.

Muitos professores se utilizam da avaliação para verificar o aprendizado dos

conteúdos aprendidos de formas mecânicas, sem muito ou mesmo nenhum significado para o

aluno. Às vezes faz uso até mesmo de ameaça de reprovação, procedimento considerado

injusto para um professor, tudo isso provoca resultados desastrosos no ensino e na

aprendizagem.

Enfatiza Hoffmann (1993) que geralmente os professores se utilizam da

avaliação para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins,

aprovados e reprovados. Na avaliação com função simplesmente classificatória, todos os

instrumentos são utilizados para aprovar ou reprovar o aluno, revelando um lado ruim da

escola, a exclusão. Segundo a autora, isso acontece pela falta de compreensão de alguns

professores sobre o sentido da avaliação, reflexo de sua história de vida como aluno e

professor.

A avaliação tem um significado muito profundo, à medida que oportuniza a

todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexão sobre a própria prática.

Através dela, direciona o trabalho, privilegiando o aluno como um todo, como um ser social

com suas necessidades próprias e também possuidor de experiências que devem ser

valorizadas na escola.

Devem ser oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente

acumulados pela humanidade. Nesse sentido, faz-se necessário redimensionar a prática de

avaliação no contexto escolar. Então, não só o aluno, mas o professor e todos os envolvidos

38

na prática pedagógica podem, através dela, refletir sobre sua própria evolução na construção

do conhecimento.

O educador deve ter, portanto, um conhecimento mais aprofundado da

realidade na qual vai atuar, para que o seu trabalho seja dinâmico, criativo e inovador. Assim,

colaborar para um sistema de avaliação mais justo que não exclua o aluno do processo de

ensino-aprendizagem, mas o inclua como um ser crítico, ativo e participante dos momentos de

transformação da sociedade.

5.2 A VISÃO DOS ALUNOS DO PROCESSO AVALIATIVO

Em relação aos 40 alunos que responderam os questionários da pesquisa, 25

eram do sexo feminino e 15 do sexo masculino, todos com uma faxetaria de idade de até 18

anos, 10 respondentes eram casados e 30 eram solteiros. Perguntou-se aos estudantes se

trabalhavam, dos alunos respondentes 35 disseram que sim, 5 responderam que não. Porém

quando questionado o tipo do serviço, 25 informaram que trabalhavam na agricultura, 5

trabalhavam no comércio e 5 responderam que trabalha, porém era apenas em serviço

doméstico. Foi questionado em que horário trabalhavam, se manha, tarde ou noite, todos que

trabalham responderam manha e tarde. Fora perguntado ainda qual sua carga horária, todos

responderam que tinha uma carga horária de 10 horas.

Através desta pesquisa, percebi que a maioria dos alunos vê a avaliação como

um dos principais fatores no processo ensino aprendizagem, para eles a avaliação serve para

estimular e diagnosticar o nível da aprendizagem.

Por meio das falas dos alunos percebe-se que a maioria aprova os processos

utilizados pelos professores para avaliá-los, segundo eles a maioria professores são

preparados e justos na prática da avaliação que elas ocorrem de forma continua e variada.

Porém importante salientar que os alunos reconhecem também que alguns professores não se

preocupam com o processo avaliativo e com o aprendizado e nem com as suas reais

necessidades e adotam uma técnica ao avaliar que se desvincula dos verdadeiros objetivos da

avaliação.

No questionário aplicado junto aos alunos das turmas de 1º, 2º e 3º ano do

ensino médio do turno noturno da escola Centro de Ensino Darcy Vargas, lhes foi perguntado

se eles consideravam importante a avaliação da aprendizagem? Tendo sido solicitado ainda

39

que justificassem a resposta. 5 responderam que não e 35 responderam que sim, sendo que

somente 10 responderam o porquê, com as seguintes argumentações:

“Assim estarei conhecendo meu próprio saber, pois tem que avaliar

para saber se aprendeu” (Aluno 1). “Com essa avaliação é possível

desenvolver projetos pedagógicos adequados, sem ela a gente não

aprende” (Aluno 2). “Sem avaliação não faz sentido o esforço” (Aluno

3). “Assim podem avaliar se o aluno esta aprendendo ou não” (Aluno

4). “Serve para saber se realmente estamos aprendendo” (Aluno 5).

“Sem ela é impossível ajudar quem não consegue aprender” (Aluno

6). “Para verificar a aprendizagem do aluno” (Aluno 7). “Sim porque

assim diagnostica o grau de dificuldades” (Aluno 8). “Tudo quanto

aprender é importante” (Aluno 9). “Porque a nota não mostra o que os

alunos sabem” (Aluno 10).

0

20

40

60

80

100

Sim

Não

Figura 5 - A Importância da Avaliação

A partir dos aspectos abordados pelos alunos sobre a avaliação, fica claro que a

maioria dos alunos possui uma concepção homogenia a respeito da importância da avaliação.

Para a maioria dos respondentes a avaliação contribui para o ensino e aprendizagem.

A análise dessas respostas nos permite dizer que na visão dos alunos a

avaliação serve para diagnosticar e ajudar os alunos que apresentam dificuldades na

assimilação dos conteúdos. Essa constatação fica evidente na fala do aluno 1, “Assim estarei

conhecendo meu próprio saber, pois tem que avaliar para saber se aprendeu”, para este aluno

a avaliação serve muito mais para verificar o que estão aprendendo do que estão deixando de

aprender.

Diferentemente das respostas adquiridas junto aos professores, nenhum aluno

relacionou a importância da avaliação para adquirir nota, o que demonstra que apesar da

40

instituição estar mais apegada ao modelo de avaliação tradicional que é a de classificação por

nota, os alunos minimiza sua importância como podemos verificar na resposta do aluno 10,

“Porque a nota não mostra o que os alunos sabem”. Há que se distinguir avaliação de nota,

sabemos que a avaliação é um processo mais abrangente que a nota, a avaliação exige

reflexão crítica sobre sua prática, é ela que ira captar avanços e dificuldades e possibilitar

ajustes para que o aluno supere os obstáculos e tenha êxito naquilo que se pretende. Já a nota

seja como for, algarismos ou letras, sabemos que é meramente uma exigência da maioria dos

sistemas educacionais do Brasil.

A resposta do Aluno 2, “Com essa avaliação é possível desenvolver projetos

pedagógicos adequados, sem ela a gente não aprende”. Mostra que o aluno sabe da

importância da avaliação tanto para ele saber se aprendeu o que fora ensinado, quanto para o

professor, que dependendo dos resultados poderá estar reelaborando seus projetos, conceitos e

conteúdos para aquela determinada classe ou aluno.

Foi perguntado também aos alunos: Você acha que os professores são justos ao

avaliá-lo? Por quê? Com as alternativas sim, não e às vezes. 20 responderam que não, 14

responderam que sim e 6 respondentes marcaram, às vezes, com as seguintes justificativas:

“Falta de preparo”. (aluno 1). “[...] mesmo conhecendo 100% dos

conteúdos apresentados muitas vezes não se consegue uma nota acima

de 7 por exemplo” (Aluno 2). “Pois muitos desprezam a presença e o

acompanhamento” (Aluno 3). “Tem uns professores que não ta nem ai

com as aulas”. (Aluno 4).

0

10

20

30

40

50

Sim

Não

Às vezes

Figura 6 - Os Professores são Justos ao Avaliá-los

41

Sabemos que o professor que se preocupa em estabelecer critérios para uma

avaliação mais justa, encontra dificuldades, pois cada aluno aprende a seu jeito e para avaliar

uma classe heterogenia de forma justa é preciso conhecer bem os seus sujeitos.

Percebe-se que mesmo com boa formação profissional e experiência muitos

professores erram no avaliar, e para nos de acordo com a resposta do aluno 1, é interpretado

como falta de preparo. Verifiquei que os alunos da Escola Darcy Vargas possuem uma

necessidade maior de atenção por parte do professor, ficam inseguros com os professores

contratados e mais próximos e seguros com os professores efetivos da escola, isso ficou

evidente nas conversas informais que tivemos ao longo dessa pesquisa.

Quando o aluno 4 argumenta que “Tem uns professores contratados que não ta

nem ai com as aulas”. Entendemos como um desabafo de um aluno insatisfeito com postura

profissional de alguns de seus professores durante as aulas. Notamos que alguns alunos,

especialmente os que ficaram mais tempo fora da escola, possuem uma necessidade maior de

acompanhamento do professor em suas atividades, possuem uma carência de atenção, e

quando isso não ocorre ficam frustrados e em alguns casos ate abandonam a escola.

O papel do professor é determinante para evitar situações de novo

fracasso escolar. Um caminho seguro para diminuir esses sentimentos

de insegurança é valorizar os saberes que os alunos e alunas trazem

para a sala de aula. O reconhecimento da existência de uma sabedoria

no sujeito, proveniente de sua experiência de vida, de sua bagagem

cultural, de suas habilidades profissionais, certamente, contribui para

que ele resgate uma auto-imagem positiva, ampliando sua auto-estima

e fortalecendo sua autoconfiança (BRASIL, 2001, p.18-19).

Sabemos que, quando o professor possui uma maior ligação com a classe o

rendimento na aprendizagem é melhor, os alunos ficam mais a vontade em mostrar suas

dificuldades e o resultado nas avaliações sempre será positivo. Verificamos que em alguns

casos a aproximação aluno/professor é tão intensa que o professor faz até mesmo o papel de

confidente, de seus alunos. Para nos essa relação é positiva, pois fortalece a confiança no

aluno em ter êxito em sua jornada.

Dos respondentes que marcaram a alternativa sim, somente seis justificaram

suas respostas com as seguintes expressões:

42

“Só assim o trabalho dos professores será realmente valido” (aluno 1).

“É para isso que eles estão nus ensinando” (Aluno 2). “Eles avaliam

tudo o que fazemos” (Aluno 3). “Porque aplicam o conteúdo já visto”

(Aluno 4). “Para saber o que estamos aprendendo‟ (Aluno 5). “Porque

são competentes, percebo que são verdadeiros (Aluno 6).

Percebemos que alguns alunos confiam nos professores e nos critérios

estabelecidos para avaliar. Na resposta do Aluno 4, percebemos que os professores cobram

nas avaliações aquilo que é trabalhado nas aulas e que isso proporciona segurança no aluno ao

ser avaliado. Quando o Aluno 3 diz “eles avaliam tudo o que fazemos”, possibilita-nos

entender que há a avaliação contínua e permanente no curso.

Ao cruzar a resposta dos professores com a dos alunos verifica-se que, apesar

da formação dos professores, está expresso na resposta do Aluno 1 um questionamento em

relação ao despreparo dos professores para avaliá-los, deixando evidente que nem sempre

uma boa formação profissional é significado de preparo para atuar como educador.

Sabemos que para ser justo na avaliação não existe uma receita pronta, mas

podemos dizer que se o professor tiver a humildade de rever sua forma de ensinar, após cada

avaliação, a busca de novas maneiras de trabalhar a fim de atingir um mesmo objetivo e

trabalhar para que o aluno também corrija sua ação a cada processo, já é um bom começo.

Foi perguntado também: para você, para que serve a avaliação na escola? Com

as seguintes opções: para verificar aprendizagens dos alunos, para atribuir notas, para

diagnosticar dificuldades, nenhuma alternativa, por quê? 28 respondentes assinalaram para

verificar aprendizagens dos alunos. 7 responderam para diagnosticar dificuldades. 4

responderam para atribuir notas e 1 respondente marcou nenhuma das alternativas com a

seguinte justificativa: “para iludi o aluno” (aluno 1).

43

0

10

20

30

40

50

60

70

Verificar Aprendizagem

Atribuir Notas

DiagnosticarDificuldades

Nenhuma Alternativa

Figura 7 - Para que Serve a Avaliação

Libâneo (1994, p. 195) afirma que:

“a avaliação é uma tarefa complexa que não se resume à realização de

provas e atribuição de notas. A avaliação, assim, cumpre funções

pedagógicas – didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às

quais se recorre a instrumentos de verificação do rendimento escolar”.

Nessa questão a maioria compreende que a avaliação serve para verificar a

aprendizagem, sendo que um dos respondentes marcou para atribuir notas/conceito. Sabemos

que a avaliação escolar serve para muitas coisas além de atribuir nota, ela serve para verificar,

constatar, classificar, medir, mostrar aos pais o rendimento escolar de seus filhos, saber quem

assimilou os conteúdos etc. Através das respostas, percebemos que a maioria dos alunos

possui conhecimento dos principais objetivos das avaliações feitas por eles, para a maioria

deles, a avaliação não é somente para obtenção de nota, ela tem o papel de verificar o

aprendizado e diagnosticar, detectar avanços e dificuldades, para que o professor possa

interferir e ajudar na construção do conhecimento do aluno.

Na justificativa do aluno 1, a avaliação “serve para iludi o aluno”, acreditamos

que ele se refere ao modelo tradicional de avaliação existente na escola Centro de Ensino

Darcy Vargas, que é o de atribuir nota a avaliação. Pois sabemos que uma nota alta ou baixa

não é sinônimo de ter assimilado ou não os conteúdos trabalhados em classe.

Outra pergunta foi: Para você qual a importância da nota? Com as alternativas,

serve para aprovar, reprovar, serve para motivar, para cumprir uma norma da escola e todas as

alternativas. Cinco dos respondentes marcaram a opção serve para motivar. Dois responderam

que serve para cumprir uma norma da escola. Dois responderam marcaram a alternativa serve

44

para aprovar/ reprovar. Três marcaram as alternativas serve para aprovar/reprovar e serve para

motivar. Um respondente assinalou para atribuir nota e três marcaram todas as alternativas

propostas.

0

5

10

15

20

25

30

35

Motivar

Aprovar

Reprovar

Cumprir Normas

Todas as Alternativas

Figura 8 - Qual a Importância da Nota

Observamos aqui que para a maioria dos alunos a avaliação é motivadora, e

que ela serve para estimular os estudo, ficando em segundo lugar a opção para aprovar.

Concluímos que na visão dos alunos da escola Darcy Vargas, a avaliação, ao mesmo tempo

que é excludente ao aprovar e reprovar, também pode motivar os alunos, que a aprendizagem

ocorra, especialmente quando é trabalhada de forma a permitir que não seja apenas um

exame, mas que diagnostique as dificuldades e a partir daí os educadores atuem para ajudá-los

a superá-las.

Aos alunos ainda foi questionado: Como você gostaria de ser avaliado? Com as

opções: com provas escritas, com provas orais, através de seminários, com atividades em

grupo e através de trabalhos para casa. 15 alunos responderam provas escritas. 10 alunos

responderam seminários, 11 responderam através de trabalhos em grupo, e 4 através de

trabalhos para casa. E nenhum aluno respondeu através da auto-avaliação.

45

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Provas Escritas

Auto-Avaliação

Seminários

Atividades em Grupo

Trabalho para Casa

Figura 9 - Como Você Gostaria de Ser Avaliado

Nessa questão percebemos que a maioria dos alunos assinalou a opção prova

escrita, como melhor forma para serem avaliados. Sabemos que a prova escrita bem como o

teste são instrumentos de avaliação tradicionais, estes dão ênfase na verificação, apuração e

interpretação dos resultados alcançados, um instrumento que apesar de ser criticado por

muitos estudiosos permanece enraizado na mente de muitos professores e alunos, foi um dos

instrumentos mais utilizados para avaliar no passado e ainda hoje. Além disso, na prova

escrita, prevalece à prática do “decoreba”, o aluno só estuda aquilo que acha que vai cair na

prova, favorece a cola e limita a capacidade de construir efetivamente os conhecimentos. E

aqui indagamos, será que estes alunos conhecem outras formas de avaliação, compreendem

que por meio das atividades cotidianas estão ou deveriam estar sendo avaliados?

Há várias maneiras de fazer provas escritas, podem ser com: perguntas abertas,

com respostas breves, de seleção múltipla, de verdadeiro-falso, de relacionar frases de uma

coluna com frases de outra coluna e outras variações. Através da análise dessas respostas

percebemos que não são só alguns professores que apresentam dificuldades de abandonar as

velhas práticas de avaliação, mas os alunos também, e especialmente os alunos do ensino

médio.

Nenhum aluno, respondeu auto-avaliação, isto nos possibilita acreditar que os

alunos desconhecem essa prática de avaliação ou mesmo não são incentivados a se auto-

avaliarem.

A auto-avaliação requer do aluno o conhecimento de sua atual situação de

aprendizagem, baseado nos conceitos trabalhados, nos mais diversos conteúdos e áreas de

conhecimento. Sabemos que a auto avaliação ainda não faz parte da cultura das escolas

brasileiras, o que ao nosso ver é uma pena pois ela incentiva ao alunos a se verem como

46

pessoas inteligentes, seguras e capazes de construírem seus saberes nas relações que

estabelecem com o conhecimento juntamente com o professor.

Ainda foi perguntado aos alunos: se maneira de o professor repassar os

conteúdos ajuda na aprendizagem dos alunos? Com as opções, sempre, raramente, às vezes,

nunca seguidas da questão aberta e “Por quê”? Nove alunos responderam que sempre, sendo

que três justificaram com as expressões a seguir: “porque quando ensina com entusiasmo

ajuda muito” (Aluno 1); “Rever e aprimorar o conhecimento”. (Aluno 2); “É só os alunos

estudar” (Aluno 3). Cinco respondentes assinalaram às vezes, dois justificaram da seguinte

forma: “É muito conteúdo” (Aluno 1); “dificuldade de se expressar no mundo dos

adultos”(Aluno 2); “Nem todos os professores conseguem passar perfeitamente” (Aluno 3).

Dois alunos não responderam essa pergunta.

0

10

20

30

40

50

Sempre

Raramente

As Vezes

Nunca

Figura 10 - A Forma de Repassar os Conteúdos Ajuda na Aprendizagem dos Alunos

A maioria dos alunos respondeu que a maneira de o professor repassar os

conteúdos ajuda na aprendizagem, demonstrando que os professores são capazes de ensinar,

que levam em consideração as reais necessidades dos alunos.

Acreditamos que se o aluno esta com dificuldade de aprender os conteúdos,

este aluno deve ter outro tipo de assistência que pode ser Psicopedagógica ou psicológica.

Agora se o problema for à assimilação dos conteúdos, cabe ao professor, com a ajuda da

escola estar revendo metodologia de ensino para aquela classe. Entendemos que ensinar exige

entusiasmo e alegria, o entusiasmo do professor é um dos alimentos para o interesse dos

alunos, o ser humano é passível de mau humor, contudo esse mau humor não pode jamais

interferir no profissional. Em nosso entender é impossível um aluno aprender com um

professor mal humorado e sem entusiasmo. Temos que ter profissionalismo e, sobretudo,

equilíbrio para que os problemas externos a sala de aula não interferirem na qualidade da aula.

47

No que se refere à “dificuldade de se expressar no mundo dos adultos”,

expressa pelo Aluno 2 consideramos que a resposta do mesmo reafirma textos e relatos que

falam da infantilização do ensino, pois, mesmo atuando no ensino médio, há professores que

ainda se utilizam de uma metodologia e linguagem infantilizada, desconsiderando os sujeitos

e a realidade dos jovens e adultos com os quais trabalham, além de muitas vezes não

estabelecerem relação entre os conteúdos que estão sendo trabalhados e os saberes dos

educandos, bem com o mundo do trabalho. Além disso, é importante destacar as falas dos

alunos que abordaram haver a necessidade da avaliação ser diagnóstica, mas também

processual e formativa, favorecendo, pelo trabalho posterior do professor junto aos alunos:

“rever e aprimorar o conhecimento”. Outro aspecto que se destaca na fala dos alunos refere-se

à quantidade de conteúdos do ensino médio, muitas vezes superando a perspectiva da

qualidade.

Nesse sentido indagamos, não seria melhor trabalhar com profundidade e

proporcionar a construção e reconstrução de saberes significativos, ao invés de ficarmos

reféns da quantidade de informações a serem repassadas? Outra pergunta feita para os alunos

foi: As aulas ministradas pelo professor despertam o interesse do aluno? Como? Explique.

Com as seguintes opções: sempre, às vezes raramente e nunca. Sete alunos assinalaram

sempre, quatro deles com as seguintes explicações:

“Para aqueles alunos que realmente querem aprender de verdade”

(Aluno 1); “Eles utilizam uma aula para explicar e trabalhar a

matéria” (Aluno 2); “Certamente se o aluno tenha realmente interesse

em aprender” (Aluno 3); “Com as diversidades e métodos que

justificam o aprendizado” (Aluno 4).

Ao analisar estas respostas percebemos que na visão dos alunos o interesse nas

aulas, depende de como os conteúdos estão sendo trabalhados. Em nossa profissão encontrar

alunos fora da sala ou mesmo faltando todas as aulas por achar essa ou aquela aula chata, é

comum, isso em alguns casos ocorre por falta de metodologias mais coerentes e variadas. É

preciso que o professor esteja sempre buscando novas formas de despertar o interesse do

aluno em suas aulas, participando de cursos, lendo ou mesmo trocando informações com

outros professores, é uma boa forma de estar descobrindo novas metodologias de ensino, pois,

48

a falta de interesse dos alunos pode estar na forma como os professores estão ensinando e não

em eles mesmos.

O interesse dos alunos nas aulas depende de diversos fatores, tais como

incentivo por parte dos familiares e da escola, conteúdos cuja compreensão seja claro e tão

lúcido possível entre outros.

Despertar o interesse dos alunos nas aulas exige do professor criatividade na

elaboração das aulas e das atividades. O professor não precisa fazer papel de palhaço ou

mesmo contador de piadas e causos que não tenham nenhuma relação com o que está sendo

ensinado. Certas iniciativas para tornar as aulas mais interessantes para os alunos como exibir

um filme, usar de teatro ou mesmo música, são estratégias interessantes, mas que exigem

muito cuidado por parte do professor pra que não seja uma enganação e perca de tempo.

Sabemos que o exercício da prática educativa amplia os saberes e exige

constante reflexão para as mudanças quando preciso. A reflexão critica sobre a prática torna-

se uma exigência da relação Teoria/Prática. Sem essa reflexão a prática pode virar um

desastre. Ensinar exige compromisso, dedicação e criatividade, para que o ato educar não se

torne para o professor e aluno um tédio.

Também aos alunos foram questionados, Os conteúdos ministrados em sala de

aula estão de acordo com a realidade? Como? Explique. Esta pergunta veio acompanhada das

seguintes alternativas: sim, raramente, não e nunca. A maioria dos os alunos respondeu

raramente, cinco deles expressaram da seguinte forma em suas explicações:

“por que eles não trabalham o conteúdo de acordo com nossa

realidade” (aluno1). “nem todas as matérias, mas acho que pode se

explicar algumas coisas de termos aprendido” (aluno 2). “porque os

professores não procuram a opinião dos alunos” (aluno 3). “Tudo que

nos é passado pouco servirá em alguma coisa que iremos fazer” (aluno

4). “Estão fora do contexto de algumas matéria” (aluno 5).

Sabemos que aluno aprende não para adaptar a realidade, mas, sobretudo

transformá-la, Em minha pesquisa observei que a realidade dos alunos do ensino médio é

marcada por muitos acontecimentos ligados ao preconceito, a gravidez prematura, a

desestruturação familiar, ao trabalho, entre outros.

49

Muitos professores buscam no ensino fundamental conteúdos para trabalhar no

ensino médio, uma tentativa de adequação que raramente resulta em bons resultados, já que os

conteúdos do ensino fundamental é apenas a introdução do que é visto com um maior

aprofundamento no ensino médio e muitos desses conteúdos, não fazem parte do mundo

vivido pelos alunos, e novamente comete-se outro erro, restringindo-os ao mundo social e

cultural próprio da camada em que estão inseridos. Todos os alunos assinalaram não, que os

conteúdos não estão de acordo com a realidade deles, como o Aluno 2 argumenta que essa não

é uma preocupação de todas as disciplinas.

A última questão apresentada aos alunos foi subjetiva, sendo ela: Você

concorda com os instrumentos (testes, exercícios, provas etc.), que seu professor utiliza para

realizar a avaliação? Por quê? Doze alunos responderam, com as seguintes expressões:

“Sim, porque é muito importante e através destes itens acima citado

saberemos se nós aprendemos ou não” (Aluno 1). “Porque nestas

avaliações vou saber se aprendi as matérias que o professor me

ensinou” (Aluno 2). “É através das provas que sabemos se estamos

aprendendo ou não”. (Aluno 3). “Sim só falta mais horas de aplicação

do conteúdo e melhor aproveitamento do professor no que se refere ao

tempo em sala” (Aluno 4). “Sim, mas precisamos usar mais o data

show para apresentar nossos trabalhos” (Aluno 5). “Porque eles nos

fornecem todo um conjunto de informações para que tenhamos

capacidade de realizar este testes e provas etc.” (Aluno 6). “Às vezes

os alunos são avaliados todos pelo mesmo método, e na realidade

poder-se-ia avaliar pessoas diferentes de formas diferentes” (Aluno 7).

“Porque para mim um tipo de avaliação, tipo exercícios ajuda em uma

prova que sai mal” (Aluno 8). “São através delas (sim) que notamos o

que aprendemos e aquelas que encontramos em dificuldades”. (Aluno

9). “Mais ou menos depende dos objetivos que elas traçam, nem

sempre é alcançado pelas nossas idéias para que todos reflitam”

(Aluno 10). “Sim porque é o modo de avaliar mais rígido, mas não o

melhor” (Aluno 11). “Sim porque o conhecimento será realmente

comprovado” (Aluno 12).

50

Uma vez mais nota-se aqui a valorização da avaliação tradicional, e o

conhecimento por parte dos alunos de um dos principais objetivos da avaliação, que é o de

diagnosticar. A resposta do aluno 4, “Sim só falta mais horas de aplicação do conteúdo e

melhor aproveitamento do professor no que se refere ao tempo em sala”, nos possibilita

compreender que o tempo de aula é curto em relação aos conteúdos que se pretende aplicar,

um problema que em nosso entender pode ser sanado ou amenizado com um melhor

planejamento de aula, ou que existe por parte de alguns professores da escola Darcy Vargas é

um comportamento que é conhecido como não muito ético, que é o de se ausentar da sala de

aula em período que a aula esta sendo ministrada.

Na resposta do aluno respondente 7, “Às vezes os alunos são avaliados todos

pelo mesmo método, e na realidade poder-se-ia avaliar pessoas diferentes de formas

diferentes”. Percebe-se que o aluno se sente prejudicado ao ser avaliado, possivelmente por

ter mais ou menos dificuldades de aprendizagem. Sabemos que os alunos não aprendem do

mesmo jeito, e para que todos aprendam é preciso conhecer os sujeitos a serem avaliado,

variar as avaliações e estar sempre após cada avaliação, reformulando os mecanismos de

avaliação, dessa maneira a probabilidade de cometer erros e injustiças no processo de

avaliação com certeza será menor.

Sabemos que a avaliação tradicional e classificatória, é popularmente

considerada mais rígida. Na resposta do aluno 11 desta questão, “Sim porque é o modo de

avaliar mais rígido, mas não o melhor”, fica claro que o aluno dentro de suas limitações esta

fazendo uma critica da avaliação tradicional a “prova”, que segundo ele não é a melhor,

porem constatamos nessa pesquisa que é a mais praticada pelos professores da escola Centro

de Ensino Darcy Vargas, e a mais aprovada pelos alunos do ensino médio.

A avaliação da aprendizagem envolve atividades, técnicas e instrumentos de

avaliação que permitem ao avaliador verificar se o aluno adquiriu os tais conhecimentos,

capacidades, atitudes, etc. Mas mesmo no caso menos obvio, da avaliação de conhecimentos,

aquilo que o avaliador faz é a observação de certas competências do aluno, isto é, a

observação dos seus saberes postos em ação. De fato, não lhe é possível “olhar para dentro da

cabeça” de um aluno para avaliar se ele “tem lá” um conhecimento (ou domina um conteúdo

se preferir).

Isto significa que a avaliação é uma atividade eminentemente empírica e que o

avaliador nunca está em posição de verificar as aquisições do aluno a não ser que este,

convocado para uma atividade de avaliação apropriada, se manifeste, se comporte ou aja de

51

algum modo empiricamente acessível. As atividades de avaliação exigirão sempre, pois, uma

dada manifestação, ação ou comportamento observação a partir do qual o avaliador infere ter-

se concretizado, ou não, aquela aquisição (COSTA, 2004, p. 05).

Percebemos ao longo dessa pesquisa a preocupação por parte dos docentes de

estarem buscando constantemente novos e melhores instrumentos para classificar os saberes

dos seus alunos. Quando bem planejados, e construídos (Trabalhos, provas testes, seminários,

portfólios etc.) contribuem de maneira importante para o ensino que parte de um diagnostico

do desenvolvimento dos alunos, com vistas a uma aprendizagem significativa. Para nós não

existe a avaliação perfeita para todos, os instrumentos de avaliação citados apresentam falhas

em sua prática, pois acreditamos que o que se passa no interior de cada individuo não pode ser

medido por um alguém exterior. Daí a importância de lançarmos mão de vários instrumentos

complementares e que sejam adequados e coerentes com os conteúdos e metodologias de

ensino.

Ao verificar as respostas do questionário dos alunos percebe-se que estes

possuem uma visão relevante do que se pode mudar nas avaliações da escola Darcy Vargas,

algumas são sugestões interessantes, outras são críticas que devem ser consideradas pelos

professores. Em uma delas inclusive o aluno 5, diz que se deve usar mais o data show nos

trabalhos, fica aqui evidente que eles tem conhecimentos dos materiais disponíveis na escola,

e que no ponto de vista do aluno esse tipo de material poderia estar sendo mais utilizado nas

apresentações dos seus trabalhos.

Em geral os alunos concordam com os instrumentos que estão sendo utilizados

para avaliá-los, e é interessante notar que eles vêem a importância das avaliações para a

aquisição de seus conhecimentos.

52

6 CONCLUSÃO

O tema avaliação da aprendizagem escolar desperta grande debate entre os

educadores. Entendemos que a avaliação escolar é um processo político, no qual aflora o

posicionamento dos profissionais envolvidos (docentes, gestores, etc). As diversas práticas

avaliativas de certa forma denunciam as intencionalidades de cada um, razão pela qual

acreditamos que a avaliação pode servir tanto para inclusão, quando o profissional tem a

intenção de avaliar, como para exclusão, quando é buscado somente examinar os alunos.

Ampliar a discussão sobre as formas que os alunos do ensino médio da escola

Centro de Ensino Darcy Vargas são avaliados é fundamental para que possamos refletir sobre

a necessidade de construção de uma escola que seja mais adequada à realidade desse público.

Dentro dessa perspectiva, este trabalho teve como principal objetivo investigar se os alunos

do ensino médio da escola Darcy Vargas foram avaliados ou examinados. A revisão

bibliográfica possibilitou a ampliação da análise dos diversos sentidos de avaliação. Dessa

forma, pudemos perceber que ora os alunos são avaliados, ora são examinados, não havendo

portando uma prática uniforme entre os docentes.

Por meio dos questionários aplicados aos alunos e professores verificou-se que

os seis professores que responderam ao instrumento desta pesquisa entendem que a avaliação

serve para o processo de verificação da aprendizagem, sendo que esses utilizam provas

escritas na avaliação, o que em nosso entendimento pode contribuir para uma análise pontual

no processo de avaliação. Entre os docentes que lecionam no ensino médio que responderam

aos questionários, quatro afirmaram que utilizam avaliação contínua, somativa, formativa e

diagnóstica, enquanto dois afirmaram utilizar somente avaliação contínua.

Em relação àquilo que pode ser modificado no processo de avaliação do ensino

médio, os professores abordaram principalmente que as avaliações não deveriam ser feitas

meramente por obrigação institucional, ou seja, somente para atribuir notas aos alunos ao final

de cada bimestre, mas que deveria ser um processo no qual os professores tivessem maior

liberdade, a fim de propiciar avaliações mais prazerosas aos alunos. Apesar dessa

argumentação, entendemos que a mudança no processo de avaliação escolar não deve vir de

“cima para baixo”, ou seja, a responsabilidade pela mudança também é dos profissionais

diretamente envolvidos no processo, pois se esses aceitam os modelos de avaliação que são

impostos, de certa forma assumem um posicionamento político que em nosso entendimento

contribui para que os alunos continuem sendo examinados.

53

Entre os alunos do ensino médio, quarenta responderam ao instrumento da

pesquisa. O perfil desses alunos é formado principalmente por trabalhadores que atuam na

agricultura, com uma faixa etária de até 18 anos. Para esses, o processo de avaliação serve

para estimular e diagnosticar o nível de aprendizagem. Nossa pesquisa verificou que a maioria

dos alunos aprova os procedimentos através dos quais vêm sendo avaliados, porem para uma

boa parcela de alunos os professores ainda não são bem preparados e não muito justos ao

avaliá-los e que as avaliações muita das vezes não ocorrem de forma contínua e diversificada.

A maioria dos alunos considera que a avaliação é importante no processo de

ensino aprendizagem. Entretanto, em contrapartida, a pesquisa revelou que nem todos os

alunos do ensino médio estão contentes com as avaliações que têm sido submetidos. Alguns

citaram que nem sempre os professores estão preparados para lidar com a realidade do

público. Além disso, alguns alunos continuam vendo a avaliação como um processo que serve

apenas para aprovar/reprovar (examinar).

Um fato curioso revelado em nosso trabalho é que a maioria dos alunos

afirmou que prefere ser avaliado através de provas, o que de certa forma é contraditório em

relação a outros posicionamentos assumidos por eles em suas respostas, já que a prova seria

um dos métodos mais tradicionais de avaliação e geralmente, por ser pontual, se aproxima do

exame. O processo de auto-avaliação não foi citado nem por professores, tampouco por

alunos, o que pode demonstrar receio ou mesmo desconhecimento em relação a essa prática.

Este trabalho possibilitou uma análise das diferentes formas que o tema

avaliação é abordado tanto pelos professores, quanto pelos alunos do ensino médio da escola

Darcy Vargas. A princípio queria me ater à análise de alguns instrumentos de avaliação e

demonstrar como estes possibilitam avaliar o processo de ensino e aprendizagem. Porém, para

isso, acabei por adentrar também na análise do próprio modelo de educação implantado no

ensino médio desta escola. Nas falas de professores e alunos constatou-se avanços, mas

também desafios. Notou-se, por exemplo, que os professores têm vontade de abandonar

práticas que simplesmente atribuem valores em avaliações, entretanto, nota-se certa exigência

por parte do sistema institucional, que de certa forma devem ser superadas pelos docentes.

Assim indagamos: haveria formas alternativas de registro das avaliações? Sabemos que sim,

mas ainda um grande percurso nos resta percorrer nesse processo.

Uma análise detalhada sobre avaliação em todos seus aspectos é mais ampla do

que a que me propus a fazer nesse trabalho. Fica apenas em um olhar, um recorte das

dimensões relacionadas às avaliações. Com relação aos objetivos da instituição, na análise

54

qualitativa dos dados disponibilizados observaram-se indicadores para atingi-los. Trabalhou-

se com uma amostragem de 28,5% de professores e 22,7% dos alunos freqüentes no ensino

médio no turno noturno. Não me propus a analisar dados quantitativos referentes à existência

de alunos e de que forma a avaliação pode estar relacionada aspectos como à evasão escolar,

por exemplo. Tenho clareza que o trabalho não se encerra aqui.

Tenho convicção de que a tarefa que nós professores e demais profissionais da

educação é de grande complexidade. Sabemos que temos muitos paradigmas educacionais a

serem quebrados. As reflexões e possibilidades apresentadas nos fazem repensar a aplicação

das concepções e práticas de avaliação do processo ensino e aprendizagem, principalmente ao

que se refere à Educação no ensino médio no Brasil.

Levando em conta as especificidades, as potencialidades, os saberes, os limites

e as possibilidades dos sujeitos, há um grande desafio a ser enfrentado por todos. Finalmente,

retornando a questão central desta pesquisa, ou seja, se os alunos do ensino médio foram

examinados ou avaliados, acreditamos que as duas práticas tenham co-existido, entretanto, de

acordo com os dados colhidos durante esta pesquisa percebemos que os professores do ensino

médio tem demonstrado certa inquietação em relação às práticas que se aproximam do exame,

o que em nosso entendimento é um avanço no processo que deve levar a inclusão e não a

exclusão dos educandos matriculados no ensino médio.

55

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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mathematics. School Science and Mathematics. Vol. 8 nº4. p. 174-80. Abril. 1998.

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eletrodinâmica no nível médio. Ciência & educação. Vol. 8, nº 1. p. 27-38, 2002

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VASCONCELLOS, C. S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança – por uma

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57

8 ANEXOS

58

Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF

Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de

Licenciatura em Biologia.

Aluno: Francisco Antonio da Silva Lima.

Orientador: Dr. Jean Carlos de Araújo Brilhante

QUESTIONÁRIO DO ALUNO

IDENTIFICAÇÃO

1 – Nome: ______________________________________ 2 - Idade:_______

3 – Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

4 - Estado civil:

( ) Solteiro ( ) Casado

5 - Você trabalha?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

6 – Qual o horário que você trabalha?

( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite

7 – Qual a sua carga horária?

( ) Manha ( ) Tarde ( ) Noite

8 - Você considera importante a avaliação da aprendizagem?

Sim Não

Por quê? ____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9 – Você acha que os professores são justos ao avaliá-lo?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

Por quê? ____________________________________________________________________

10 – Para você, para que serve a avaliação na escola?

( ) Para verificar aprendizagens dos alunos ( ) Para atribuir notas/conceitos

( ) Nenhuma alternativa ( ) Para diagnosticar dificuldades ( )Nenhuma

alternativa.

Por quê?

___________________________________________________________________________

59

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11 – Para você qual a importância da nota?

( ) Serve para aprovar/reprovar ( ) Serve para motivar

( ) Para atribuir notas ( ) Para cumprir uma norma da escola

12 – Como você gostaria de ser avaliado?

( ) Com provas escritas ( ) Com provas orais ( ) Através de seminários

( ) Com atividades em grupos ( )Através de trabalhos para casa

( ) Atividades diárias ( ) Auto avaliação. ( ) Nenhuma das alternativas.

O que sugere?

___________________________________________________________________________

13 – A maneira de o professor repassar os conteúdos ajuda na aprendizagem dos

alunos?

( ) Sempre ( ) Às vezes

( ) Raramente ( ) Nunca

Por quê? ____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14- As aulas ministradas pelo professor despertam o interesse do aluno? Como

explique

( ) Sempre ( ) Às vezes

( ) Raramente ( ) Nunca

Como?

Explique?___________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

15 – Os conteúdos ministrados em sala de aula estão de acordo com a realidade?

( ) Sim ( ) Não

( ) Raramente ( ) Nunca

Como?Explique?_____________________________________________________________

16 - Você concorda com os instrumentos (testes, exercícios, provas etc.) que seu

professore utiliza para realizar a avaliação? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

60

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

61

Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - FGF

Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de

Licenciatura em Biologia.

Aluno: Francisco Antonio da Silva Lima.

Orientador: Dr. Jean Carlos de Araújo Brilhante

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

IDENTIFICAÇÃO

1 - Nome: _____________________________________________ 2- Idade: ______

3 – Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

4 - Estado civil

( ) Solteiro ( ) Casado

5 – Situação profissional:

( ) Professor efetivo ( ) Professor substituto ( ) Professor contratado

6 – Qual a sua formação?

( ) Graduação ( ) Mestre Especialista ( ) Graduando Mestrando

( ) Cursando Especialização ( ) Doutorado Doutorando

7 – Você está satisfeito com sua profissão?

( ) Sim ( ) Não

8 – Como você define os conteúdos para realizar a avaliação?

( ) Por capitulo ( ) Por unidade ( ) Por módulo

( ) Semanal ( ) Bimestral ( ) Trimestral

9 – Você está satisfeito com sua profissão?

( ) Sim ( ) Não

Justifique sua resposta. ________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10 – Quais instrumentos você utiliza para avaliar seus alunos?

( ) Provas orais ( ) Provas escritas ( ) Seminários

( ) Trabalhos em grupo ( ) Atividades diárias ( ) Outros.

Quais?______________________________________________________________________

11 – Você realiza provas escritas? ( ) Sim ( ) Não

62

Por quê?

( ) Para cumprir normas da escola ( ) Para verificar a aprendizagem

( ) Para avaliar a metodologia aplicada ( ) Para diagnosticar as dificuldades dos alunos

12– Qual o tipo de prova escrita que você costuma aplicar?

( ) Objetiva ( ) Subjetiva ( ) Objetiva e subjetiva

13 – Para que serve a avaliação ensino - aprendizagem?

( ) Para atribuir notas ( ) Para verificar a aprendizagem

( ) Para avaliar o conhecimento do aluno ( ) Para avaliar a metodologia aplicada

14- Que tipo de avaliação você utiliza?

( ) Avaliação contínua ( ) Avaliação formativa

( ) Avaliação somativa ( ) Avaliação diagnóstica

15 – O que você considera que deveria mudar na avaliação?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

16 – O que considera mais difícil na avaliação do processo ensino - aprendizagem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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