a avaliaÇÃo da aprendizagem em educaÇÃo fÍsica no ensino mÉdio · a avaliaÇÃo da...
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A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO
ENSINO MÉDIO
Viviane Lucas de Souza Candido1
Roseli Terezinha Selicani Teixeira2
RESUMO
Este estudo tem a finalidade de analisar as diferentes formas de avaliação da
Educação Física, existente no Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz, na visão de um
professor de Educação Física e alunos e apresentar algumas sugestões da avaliação
da aprendizagem em Educação Física, para alunos do primeiro ano do Ensino
Médio, do referido colégio. O instrumento utilizado será um questionário orientado
por Hill e Hill (2002), respondidos por alunos e pelo professor de Educação Física do
Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz, do primeiro ano do Ensino Médio da cidade de
Campo Mourão. Os dados serão tratados a partir da estatística descritiva e análise
de conteúdo Bardin (1994), e apresentados por meio de gráficos. Espera-se que os
resultados possam contribuir para melhorar a qualidade dos processos avaliativos na
escola.
Palavras-chave: Avaliação; Educação Física; Alunos.
INTRODUÇÃO
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica a avaliação tem
como meio diagnosticar o processo ensino-aprendizagem e é instrumento de
investigação da prática pedagógica, para que haja uma reflexão sobre a ação do
professor. Em virtude da diversidade de instrumentos e técnicas de avaliação, os
alunos têm oportunidades de expressar os conhecimentos adquiridos. Entretanto,
sabemos que na prática do dia a dia se observa que os professores de Educação
1 Professora PDE (2010)
22 Professora Doutora Universidade Estadual de Maringá
2
Física de forma geral se utilizam de um número reduzido de instrumentos de
avaliação o que compromete a regulação da aprendizagem de uma forma geral.
A avaliação é vista hoje, como um problema para muitas instituições de ensino,
professores, pais e alunos. A maior preocupação de muitos alunos, antes mesmo de
iniciar o aprendizado do ano letivo, é, como ele será avaliado. Esquecendo muitas
vezes, que ele está na escola para aprender e não para ser avaliado, desta forma o
objetivo da avaliação, que seria o de nortear as práticas pedagógicas dos
professores e auxiliar no processo ensino-aprendizagem, fica prejudicado e muitas
vezes se apresenta de forma inadequada, na sua possibilidade de aprendizagem
efetiva e com qualidade, visando um bom aproveitamento de saberes adquiridos ao
longo de sua vida escolar. Tendo como princípio norteador os avanços e as
dificuldades dos alunos, enquanto aprendizes e ávidos pelo conhecimento, que seus
professores o ajudarão a construir, ao longo de sua vida escolar, por meio de
práticas pedagógicas e do processo ensino-aprendizagem em consonância com
Projeto Político Pedagógico de cada escola.
Tendo em vista a necessidade de se pensar a avaliação de uma maneira mais
efetiva levando em consideração não somente o contexto em que os alunos estão
inseridos, mas a sua história de vida, suas potencialidades bem como as suas
possibilidades de buscar uma transformação da realidade social a qual vive, muitas
inquietações ficam evidenciadas. Assim, o conteúdo ministrado e o conhecimento
efetivamente aprendido pelos alunos nos levam a pensar o quão importante esse
processo representa na prática docente. A avaliação da aprendizagem representa no
contexto escolar um tema que gera muitas discussões e polêmicas considerando as
diferentes formas pelas quais os professores avaliam seus alunos. É possível
identificar algumas práticas avaliativas que ainda requer um maior empenhamento
por parte do professor e esse fato representa um grande desafio na tentativa de
aproximar a avaliação da aprendizagem de tal forma que a mesma seja significativa
e retrate as dificuldades bem como os avanços que a prática educativa realiza.
Diante disso, proponho levantar informações a partir de um questionário, buscando
subsídios para tentar responder alguns questionamentos como: Estou avaliando
corretamente? A avaliação realmente expressa o que o aluno aprendeu durante as
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aulas? Quais seriam as formas mais adequadas para avaliar a aprendizagem de
determinado conteúdo? De que instrumentos de avaliação poderiam os professores
se valer para uma avaliação democrática do conteúdo?
Tem-se como objetivo deste trabalho, analisar de que maneira ocorre a avaliação da
aprendizagem na disciplina de Educação Física dos primeiros anos do Ensino Médio
do Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz na cidade de Campo Mourão.
Como despertar a curiosidade dos alunos e o seu interesse pela aprendizagem
formal, dada na escola, sem com isso ficar meramente na superficialidade, auxiliar o
aluno tendo em vista seus interesses, fora escola trazendo para dentro da escola. A
avaliação tem papel fundamental nessa questão.
A avaliação deve auxiliar o professor na verificação da aprendizagem, como
também das suas possíveis falhas. O professor exerce papel fundamental no que
tange ao entendimento das diferenças de avaliação dada por ele aos seus alunos,
esclarecendo aos mesmos, a verdadeira finalidade da avaliação, sem ser uma forma
de punição e/ou castigo. A avaliação dentro do processo ensino-aprendizagem gera
muitas dúvidas e discussões entre professores, alunos, pais e direção da escola, ela
precisa estar presente dentro da prática cotidiana da sala de aula, porém, deve estar
articulada com o projeto político pedagógico da escola para ser bem orientada, e não
perder o seu verdadeiro sentido, essas discussões ocorrem na medida em que se
perde os objetivos traçados para o ano letivo, para a escola, para a vida do aluno,
enquanto educando em formação para tornar-se um cidadão consciente, crítico e
participativo na sociedade.
Teixeira (2005) nos descreve, que a avaliação do processo ensino-aprendizagem,
de um lado se constitui num elemento regulador da aprendizagem, por outro lado, se
orientado de maneira errada, pode se constituir num elemento de poder e alienação.
A utilização da avaliação como forma de disciplinar o aluno, não trás benefícios
para o aprendizado do aluno, pois faz com que o aluno tenha medo da avaliação, e
quando esta ocorre, o aluno muitas vezes por pânico não responde o que
verdadeiramente aprendeu, a sua má utilização como prática educativa do cotidiano
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escolar acarreta prejuízos irreversíveis na educação do aluno e de sua
aprendizagem com qualidade.
Na busca de uma melhora na avaliação, e por tanto na educação, muitas
instituições de ensino, ao invés de delinear junto aos professores princípios
norteadores para uma prática efetiva de avaliação, perdem-se nos seus objetivos e
apenas alteram suas formas de avaliar, não alcançando uma educação de qualidade,
para uma sociedade justa e libertadora.
De acordo com a LDB (1996), o professor não pode mais pensar uma educação,
em que cada um fique isolado em seu mundo (sua disciplina), mas todos pensando a
educação como um todo, cada disciplina se inter-relacionando umas com as outras,
para que todos alcancem seu objetivo maior, uma educação efetiva de qualidade e
com aproveitamento dos alunos.
Segundo Lara (2010, p. 260):
O professor é, muitas vezes, desafiado a planejar uma avaliação em sala de aula, buscando as individualidades dos alunos avaliados, sem, no entanto, perder de vista o homem que deseja formar, o projeto da escola, e a sociedade que espera construir.
Mesmo buscando essa individualidade, muitas vezes o professor, não consegue
avaliar o aluno de forma individual, pois as salas estão lotadas, então como
conseguir a individualidade necessária para que a avaliação ocorra de forma mais
justa, não perdendo seus objetivos, de uma sociedade igualitária.
O individualismo torna-se evidente e as avaliações colaboram para que fiquem
mais evidentes essas diferenças. A competição entre as pessoas acaba aumentando
sua rivalidade e seu processo destrutivo, as mudanças tecnológicas ocorrem
rapidamente, o tempo e o espaço alteram-se, e a escola não consegue acompanhar
o ritmo dessas mudanças, a educação perde-se em seus objetivos.
A avaliação é um processo contínuo de medição de conhecimento aplicado por
meio de diferentes formas, na prática da Educação Física das escolas como as
demais disciplinas, que cada vez mais tendem a acompanhar o avanço das
tecnologias utilizadas hoje, entretanto, para alguns professores a avaliação é o fim
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da educação, “[...] a avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo
educacional, acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e
da escola” (VASCONCELLOS, 2007, p. 32).
A avaliação torna-se um fim, desta forma ela perde a sua verdadeira característica,
que é a de mediação da prática educativa, dentro do processo ensino-aprendizagem,
tendo como principal objetivo a aprendizagem do aluno e que ela ocorra de forma
efetiva na vida e no cotidiano escolar.
A avaliação da aprendizagem tem uma função determinante no processo de ensino e
aprendizagem; “[...] é determinante nas motivações dos alunos, nos planos de
trabalho do professor e nas expectativas das famílias” (Lemos et al., 1992. p. 1 apud
TEIXEIRA, 2005).
Esta expectativa se evidencia quando pais e escola, anseiam pela aprovação do
aluno e isso muitas vezes não ocorre, frustrando não só o aluno, mas todos os que
estão ao seu redor, a motivação do aluno perde-se junto, e muitas vezes isso poderia
ser evitado.
Por causa das mudanças que ocorrem rapidamente em nossas vidas, todos
querem acelerar tudo, inclusive a educação, esquecendo-se da importância da
qualidade da educação, pais só querem saber que os filhos passem não importando
se houve aprendizado, como fica a motivação, o prazer de aprender, a vontade de
querer saber mais e o desejo de ser alguém e tornar-se um cidadão. Esta pressa se
caracteriza pela ansiedade que as pessoas vivem em querer ter em vez de querer
ser.
A busca incessante de algo que ninguém sabe bem o que é a vida agitada e as
mudanças rápidas, para um celular mais moderno, um computador da moda, como
seguir todas as alterações do mundo, se tudo é descartável, não transformemos a
educação, por conseguinte, a avaliação, também em algo fútil, sem um fim, sem um
objetivo, sem antes pensar no nosso papel enquanto educadores, e devolver aos
nossos alunos o brilho e o estímulo para querer aprender, e aprender com qualidade,
não valorizando a competição exacerbada entre os alunos.
Como socializar nossos alunos de forma que eles não pensem apenas na
competição, mas no aprendizado, para que alcancem seus objetivos, a avaliação tem
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fator importante nesse momento, dependendo da forma pela qual o professor super
valoriza-a, ou não, objetivando-a para um ponto comum dentro da prática educativa,
e do processo ensino-aprendizagem.
A avaliação se torna um castigo para o aluno e não um meio para que o professor
detecte possíveis falhas no processo, a avaliação deve ocorrer paralela ao processo
ensino-aprendizagem, o grande desafio para o professor, é conseguir avaliar o
progresso de seus alunos sem que com isso eles fiquem apavorados e não percam o
rumo para uma educação de qualidade.
“A reprovação na escola não é uma coisa nova; têm-se notícias de exames há
2205 a. C., quando o imperador chinês Shun examinava seus oficiais a cada três
anos, com o fim de promovê-los ou demitir” (VASCONCELLOS, 2007, p. 33).
A avaliação se consolida como instrumento para reafirmar as diferenças sociais e
torna-se um instrumento de reprovação, do que necessariamente de aprovação.
Desta forma a educação deixa de ter seu enfoque maior de transformação da prática
social.
A avaliação ganhou um enfoque maior do que deveria, quando seu objetivo passa
a ser um fim e não um meio para a obtenção de um processo ensino aprendizagem
eficiente, onde os alunos aprendem e apreendem seus conteúdos.
A única preocupação de pais, alunos, professores e escola, passam a ser
exclusivamente com a aprovação e ou reprovação, índices, gráficos, estatísticas,
deixando esquecido o principal objetivo da escola, que é o processo ensino-
aprendizagem e uma aprendizagem efetiva e com qualidade.
Segundo Luckesi (2010, p.33) “a avaliação é um julgamento de valor sobre
manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão”.
A avaliação tem um caráter de classificação e não de diagnóstico, ou seja,
julgamento de valor, para uma posterior tomada de decisão, classificando o aluno em
inferior, médio e superior, tornando essa classificação em números, que podem ser
somados e divididos e transformados em médias.
Por meio da classificação de aluno inferior, médio e superior, repete-se uma
sociedade de classes, fazendo com que o objetivo da aprendizagem se perca, essa
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classificação acaba separando os alunos, colocando alguns em situação
desfavorável para o aprendizado.
“O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato de aplicar provas,
atribuir notas e classificar os alunos” (LIBÂNEO, 2010, p.198), o professor, usa as
avaliações, não para o acompanhamento do rendimento escolar, mas para apenas
atribuir notas e classificar os alunos.
Segundo Vasconcellos (2007, p. 72): “A avaliação sempre faz parte do processo de
ensino-aprendizagem, [...] está relacionada ao processo de construção do
conhecimento.” Para o autor a avaliação deve estar incorporada ao processo ensino-
aprendizagem, sem com isso perder o seu valor didático pedagógico, não sendo um
fim, mas um meio para adquirir mais conhecimentos, por conseguinte, mais
aprendizado e com mais qualidade, visando uma formação integral do aluno, tendo
em vista, formar um futuro cidadão consciente, crítico e participativo na sociedade
em que está inserido, como trabalhador politizado e formador de uma nova família.
A avaliação tem como um de seus objetivos, diagnosticar a verificação e a
qualificação dos resultados obtidos, por meio das diferentes formas de avaliar a
aprendizagem e o rendimento do aluno, tendo como meta uma aprendizagem de
qualidade.
O diagnóstico da avaliação permite ao professor verificar os avanços e as
dificuldades dos alunos, para assim, tomar decisões para a continuidade do processo
ensino-aprendizagem e alcançar os seus objetivos.
O uso autoritário da avaliação reflete-se de diversas formas na sala de aula,
quando o professor ameaça os alunos com provas difíceis, ou com provas surpresa.
Tentar disciplinar o aluno por meio da avaliação é uma prática constante em algumas
escolas, porém desta forma, perde-se o verdadeiro sentido da avaliação.
Sendo a transformação social o objetivo maior da educação, é relevante que não
sejam consideradas as formas de avaliação citadas acima, porem é necessário não
confundir aprendizagem dos mínimos possíveis, com aprendizagem dos mínimos
necessários, para tanto o professor deve estabelecer antes do processo ensino
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aprendizagem, qual será o mínimo necessário para que cada aluno possa ser
promovido para a série seguinte.
“O ato de avaliar não serve de pausa para pensar a prática e retornar a ela; mas
sim como um meio de julgar a prática e torná-la estratificada” (LUCKESI, 2010, p.
34). Assim, a avaliação não é estática, definitiva, mas dinâmica por ser o processo
de aprendizagem também dinâmico.
Segundo Vasconcellos (2007, p. 106) “o aluno fica preocupado em estudar para
tirar nota, para passar e não para aprender”, com isso, o aluno perde a oportunidade
de adquirir mais conhecimentos e seu processo ensino-aprendizagem torna-se
inadequado, muitas vezes sem percepção do professor ao que está acontecendo
com o aluno, suas necessidades enquanto aprendiz, sem seu real aproveitamento
dos conhecimentos repassados pelo professor e historicamente construído pela
sociedade.
Tendo em vista os mínimos necessários, podemos utilizar a avaliação, para uma
tomada de decisão, visando o desenvolvimento do aluno, dentro dos objetivos
propostos pelo professor, encaminhando-o à passos subseqüentes na
aprendizagem. Segundo Luckesi (2010, p.96):
Para que se utilize corretamente a avaliação no processo ensino-aprendizagem no contexto escolar, importa estabelecer um padrão mínimo de conhecimentos, habilidades e hábitos que o educando deverá adquirir, e não uma média mínima de notas.
A avaliação deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e
aprendizagem dos alunos. Segundo Libâneo (2010, p.196):
Definir a avaliação escolar como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.
Os alunos devem ser estimulados a aprender sem a necessidade da intimidação
da nota, tendo em vista, não só o resultado final, mas também o processo pelo qual o
aluno passa durante a sua vida escolar, este processo se faz necessário para que o
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processo de ensino do aluno ocorra de maneira gradual e efetiva, aprendendo todos,
ou boa parte dos conteúdos exigidos.
Por ser a avaliação um ato pedagógico, cabe ao professor mostrar suas qualidades
de educador, trabalhando com propósitos delineados adequadamente no
desenvolvimento dos conteúdos que fazem parte do componente curricular da
Educação Física e suas possibilidades de auxiliar os alunos diante das exigências da
vida social.
Esta avaliação deve ser um processo contínuo, e deve ocorrer em diversos
momentos e de variadas formas durante o decorrer do ano letivo, para corrigir
possíveis falhas e ou lacunas, visando diagnosticar e superar dificuldades.
Para Hoffmann (2011), o professor tem um papel interativo no processo de
avaliação das aprendizagens, influenciando e sendo influenciado pelo contexto em
que está inserido de tal maneira que a ele é atribuído uma responsabilidade
enquanto avaliador.
“A avaliação está predominantemente a serviço da ação, colocando o
conhecimento obtido, pela observação ou investigação, a serviço da melhoria da
situação avaliada” (HOFFMANN, 2011, p. 17). Para ocorrer efetivamente avaliação é
necessária uma ação que promova a sua melhoria, não apenas observar,
compreender, explicar uma situação, mas ir além em sua investigação enquanto
avaliador para uma ação efetiva na construção de um aluno crítico e interessado no
crescimento do seu país.
Hoffmann nos aponta para a necessidade de uma ação diante dos dados obtidos
“a observação permanente das manifestações de aprendizagem para proceder a
uma ação educativa que otimize os percursos individuais” (HOFFMANN, 2011, p.
17).
A individualidade de cada aluno deve ser respeitada, pois cada um tem seu ritmo
de aprendizado, para cada etapa vencida pelo aluno com dificuldade deve ser
valorizado seu aprendizado, de forma que ele sinta-se seduzido para o próximo
passo, querer saber mais. Esta valorização traz muitos benefícios para o aluno, e
também para o professor, pois o aluno passa a confiar mais no professor.
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O caminho para se chegar a uma avaliação eficiente e de qualidade muitas vezes é
penoso e difícil, porem, quando se chega lá, os frutos colhidos são mais saborosos.
“Não somos nós que estabelecemos o tempo de fazer o caminho, mas é o próprio
caminho que define o tempo que levaremos para percorrê-lo” (HOFFMANN, 2011, p.
38).
A difícil tarefa de avaliar passa por caminhos e aprendizados diversos, por parte do
professor e do aluno, havendo um acompanhamento pelo professor para auxiliar
nesse trajeto, o aluno tem mais segurança e facilidade para chegar ao objetivo final,
a compreensão de um conteúdo, no processo ensino aprendizagem.
Para se ter um processo ensino aprendizagem eficiente, com apreensão dos
objetivos propostos pelo professor, por parte dos alunos, se faz necessário uma
avaliação, justa, valorizando as diferenças individuais, objetivando uma educação
política, social, tornando o aluno um cidadão consciente de seus direitos e deveres
perante a sociedade atual em que vivemos.
Considerando a complexidade apresentada sobre avaliação, alguns aspectos
práticos são postos em evidencia, como ocorre a avaliação em Educação Física nas
escolas da rede estadual, sendo mais específica, como ocorre no Colégio Estadual
Dr. Osvaldo Cruz EFM, nos primeiros anos do Ensino Médio.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, avaliar em
Educação Física é pensar formas de avaliar coerentes com os objetivos, não
esquecendo que não devemos priorizar os aspectos quantitativos de mensuração do
rendimento, classificando e selecionando o aluno, a avaliação não é um processo a
parte, mas sim, ocorre junto com o processo ensino aprendizagem da escola.
“A função da avaliação é de diagnóstico do processo de ensino-aprendizagem para
uma tomada de decisão”. (Vasconcellos 2007, p. 99), Esta decisão é crucial para um
bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, tendo como prioridade o
desenvolvimento integral do aluno, por meio da avaliação o professor detecta
possíveis dificuldades do aluno durante o processo de sua aprendizagem, por esta
via o professor pode retomar e/ou reforçar determinado conteúdo que possa não ter
sido bem aprendido.
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É necessário buscar alternativas para que não ocorra verificação, ao invés de
avaliação da aprendizagem, tendo em vista que muitos professores ainda estão em
busca de atletas e não de alunos, este fenômeno ocorreu na educação positivista e
na esportivização. Muitos estudos ocorreram a partir dos anos 80 e 90, para delinear
novas estratégias, ferramentas e critérios, para uma avaliação coerente com as
novas concepções de aprendizagem e seus objetivos para uma educação de
qualidade, que não excluam tantos.
O projeto político-pedagógico da escola é o referencial do professor, pois lá está a
metodologia e os objetivos da escola traçados pelo corpo docente da mesma, não se
esquecendo do envolvimento e comprometimento dos alunos com o processo ensino
aprendizagem.
O professor organiza e reorganiza seu trabalho a partir dos resultados obtidos em
sua avaliação, como: o aluno entrega as atividades, assimila conteúdos propostos,
recria jogos e regras.
A avaliação tem que estar sempre em parceria com o processo ensino
aprendizagem, pois o professor pode sempre estar retomando um conteúdo que não
ficou bem entendido pelos alunos, tendo como meta os objetivos propostos, e o
crescimento do aluno como educando em formação.
Segundo Freire (1989), tradicionalmente avalia-se em Educação Física aspectos
cognitivo e motor parcialmente, esquecendo-se dos demais aspectos da avaliação
que envolve o aluno, como um todo, fragmenta-se o aluno, esquecendo-se de avaliar
e valorizar o progresso obtido pelo aluno, não esquecendo que alguns desenvolvem-
se mais rápido que outros.
Para uma efetiva avaliação segundo Freire (1989), deve-se avaliar a afetividade, a
motricidade, a sociabilidade, a cognição, não se fixando apenas em dados objetivos,
números, pois, sempre teremos alunos com maior ou menor dificuldade, um aluno no
início de uma atividade, consegue realizá-la sem muita dificuldade, porém, outro
demora mais tempo para aprende-la, analisando estes dados quem realmente
aprendeu o que estava sendo ensinado, quem já sabia, ou quem aprendeu?
O desafio para o professor está exatamente nisso, não esquecer, dos que tem
dificuldade, e facilitar um pouco, como também não esquecer, do que é mais
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habilidoso, dando algumas tarefas com maiores dificuldades, não querer alunos
homogêneos em sala, a diversidade trás crescimento para todos.
As crianças são diferentes no início e serão diferentes no final do processo educativo. Não adianta querer transformá-las em iguais segundo padrões estabelecidos. Quem é igual não tem o que trocar; por isso, é necessário conservar-se diferente. As relações, os direitos, as oportunidades, é que têm de ser iguais não os gestos, os comportamentos, os pensamentos, as opiniões (FREIRE, 1989, p. 206).
“A avaliação do processo ensino aprendizagem é muito mais do que simplesmente
aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos” (SOARES, 1992, p.
98). A avaliação está diretamente relacionada com o projeto político pedagógico da
escola e também com o pedagógico de cada professor, tendo uma direta relação
com tudo da escola, o que ela assume, corporifica, modifica e reproduz, na sua
íntegra, como ocorre no modo de produção fora da escola, uma sociedade capitalista
e dependente, com diferença de classes, e preconceitos, exclusão e marginalização
de alguns.
O acesso ao conhecimento não é dado de forma igual para todos, quando o
professor dá atenção apenas aos considerados mais capazes, ou quando solicita
que só os líderes escolham os times, também quando só considera o número de
acertos da bola em direção ao gol, por exemplo, desconsiderando que tais atitudes,
só selecionam, segregam e eliminam o aluno, prejudicando-o não só na sua vida
escolar, como na sua vida futura em sociedade.
Não esquecer que procurar talentos esportivos nas aulas de Educação Física
tornam-nas desestimulantes e segregadoras, chegando até a apavorar alguns
alunos, com menos habilidades esportivas e pouca capacidade cardiovascular-
respiratória, tornando as aulas meramente esportiva, esquecendo-se dos demais
conhecimentos da cultura corporal.
Através da expressão corporal enquanto linguagem que será mediado o processo de sociabilização das crianças e jovens na busca da apreensão e atuação autônoma e crítica na realidade, através do conhecimento sistematizado, ampliado, aprofundado, especificamente no âmbito da cultura corporal (SOARES, 1992, p. 103).
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A avaliação deve fazer parte do projeto político pedagógico da escola, para nortear
as ações do colegiado da escola, servindo para aproximar ou distanciar do eixo
curricular, no processo ensino aprendizagem, não esquecendo que esta avaliação
trás inúmeras conseqüências pedagógicas, políticas e sociais, para a vida do aluno,
lembrando sempre de uma educação com qualidade, principalmente para a classe
trabalhadora.
A sociedade que temos para a que queremos perpassa pela sala de aula, por meio
da observação, análise e conceituação de elementos que constituem as práticas
educativas da Educação Física, visando uma cultura corporal ampla e a superação
de modelos pré-existente de corpo e atleta, levando em conta as individualidades, a
avaliação tem papel importante nesta perspectiva, colaborando para o crescimento
do aluno, formal e pessoal, caminhando em direção à uma avaliação crítico-
superadora da realidade.
Segundo Soares et al. (1992), uma avaliação crítico-superadora deve considerar os
seguintes aspectos: projeto histórico (escola e vida), condutas humanas, práticas
avaliativas (superação de modelos existente), decisões em conjunto (opinião de
todos os envolvidos), tempo pedagogicamente necessário para a aprendizagem
(respeito a individualidade), compreensão crítica da realidade (não igualar alunos),
privilégio da ludicidade e da criatividade, intencionalidades e intenções (interesses e
necessidades dos alunos), nota enquanto síntese qualitativa (nota não ser castigo ou
compensação), reinterpretação e redefinição de valores e normas (crítica dos alunos
na reinterpretação de valores), Estas considerações trazem algumas implicações
metodológicas: no fazer coletivo (o todo da escola envolvido), nos conteúdos e
metodologia ( analisar conteúdos e métodos), nas normas critérios (ações coletivas
para resultados esportivos), nos níveis de desenvolvimento dos alunos (respeitar os
ciclos de aprendizagem de cada um), no redimensionamento do processo de ensino
(superação da simples verificação), na emissão do conceito (conhecimento,
habilidades, atitudes), nas fontes de dados quantitativos e qualitativos (não só levar
em conta quantidade, mas também a qualidade), na utilização de instrumentos bem
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elaborados e estimulantes para avaliação, na interpretação do insucesso e do erro
(sem culpa ou castigo), nas mais variadas formas de avaliação que ocorrem durante.
Concluindo: “a avaliação apresenta-se no interior da escola de uma maneira
formal, determinada em períodos, instrumentos, formas, conteúdos, conhecimentos,
habilidades e atitudes a serem avaliadas” (SOARES, 1992, p. 110).
A avaliação se torna então um aliado do professor durante o processo ensino-
aprendizagem e não o vilão, com isso o professor pode usufruir dos benefícios da
avaliação, alterando sua prática sempre que necessário, para um melhor rendimento
de seus alunos, e aproveitamento do que é estudado para sua vida em sociedade. “A
avaliação deveria ser uma mediação transformadora da prática” (Vasconcellos, 2008,
p. 19), esta mediação se dá de diversas formas durante a prática do professor em
sala de aula, por meio da retomada dos conteúdos ou de trabalhos, seminários,
tomando-se o cuidado de avaliar o processo como um todo e não apenas um
momento em que o aluno se encontra, em outras palavras, verificar se o processo
ensino-aprendizagem ocorreu de forma satisfatória.
A construção de um cidadão consciente perpassa pelos bancos da sala de aula, o
objetivo maior deveria ser o cidadão em construção e não apenas uma avaliação que
classifica e exclui alguns, para maior aproveitamento dos ensinamentos
historicamente produzidos pelo homem, visando sempre seu desenvolvimento
completo.
A mudança na concepção de avaliação decorre de um processo lento em que os
professores devem buscar elementos de sustentação teórica a partir de
metodologias progressistas que reconheçam a relevância da avaliação no processo
ensino-aprendizagem dos alunos, porém caminhando-se, mesmo que de forma lenta,
esse processo possa ser promissor. Para assim iniciar uma discussão sobre o
assunto e apontar algumas idéias e possibilidades de mudança, representa um
avanço visando melhorar as práticas avaliativas. Uma discussão faz-se necessária
devido ao momento atual em que vivemos com um índice elevado de reprovação,
falta de aproveitamento do tempo escolar e aceleração do ensino, sem a
preocupação com a qualidade do aprendizado do aluno.
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METODOLOGIA
O projeto será desenvolvido por meio de pesquisa aplicada de caráter descritivo e
tendo como instrumento de coleta um questionário elaborado a partir das orientações
de Hill e Hill (2002) e aplicado a 50 alunos matriculados no primeiro ano do Ensino
Médio, e um professor de Educação Física do Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz na
cidade de Campo Mourão. A pesquisa será quanti/qualitativa buscando elementos
para subsidiar as discussões relacionadas à avaliação do processo de ensino
aprendizagem na disciplina de Educação Física.
A coleta de dados será realizada pela própria pesquisadora e depois de
respondidos, serão analisados por meio de estatística descritiva e análise de
conteúdo Bardin (1994). Os dados coletados e tratados serão apresentados em
forma de gráficos para facilitar a visualização.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
A apresentação e discussão dos resultados possibilitarão uma reflexão sobre a
temática na tentativa de desmistificar a complexidade que envolve os processos
avaliativos apresentados na literatura. Alguns textos serão utilizados como apoio
teórico para as discussões como o de Luckesi (2010, p. 92 à 94) “A escola opera
com verificação e não com avaliação da aprendizagem”. Esse texto será
apresentado aos alunos e ao professor para leitura e posterior discussão. Essa
dinâmica visa esclarecer dúvidas e a construção de conhecimentos relativos à
avaliação buscando novas perspectivas de como pode e deve ocorrer uma avaliação
da aprendizagem em Educação Física de qualidade. E que essa prática se reflita
maneira prazerosa. Já num segundo momento desse estudo, será recolhido junto ao
professor envolvido, dados a partir da resposta de duas questões com intuito de
observar a ampliação do conhecimento adquirido.
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Para os alunos participantes desse estudo será também discutido o referido texto
bem como a realização de uma pesquisa sobre a temática. Eles ainda responderão
duas questões com intuito de observar o entendimento dos mesmos. Os resultados
dessa dinâmica serão materializados em forma de cartazes e colados no mural da
escola para que outros professores e alunos possam tomar conhecimento do estudo
realizado.
CONDERAÇÕES FINAIS
Espera-se com esse estudo conseguir ampliar os conhecimentos e possibilidades de
avaliação do processo de ensino aprendizagem bem como motivar professores e
alunos a realizarem novas formas de avaliação ou ainda, reestruturando as
existentes no referido colégio e chegar a um consenso de como avaliar de forma
mais proveitosa as aprendizagens ocorridas para que alunos e professores sintam-se
parte do processo de construção de conhecimentos nessa área.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo.Trad. Luis Antero Rego e Augusto
Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 1994. FREIRE, João Batista. Educação de corpo Inteiro. Teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Editora Scipione, 1989. HILL, Manuela Magalhães & Hill, Andrew. Investigação por questionário. Lisboa:
Edições Síbalo, 2002. HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. As setas do caminho. 14. ed., Porto Alegre: Editora Mediação, 2011. LARA, Larissa Michelle. Abordagens socioculturais em educação física. Maringá:
Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2010. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 31. ed., São Paulo: Editora Cortez, 2010.
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