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A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR GERAL E ESPECIALIZADA NA ÁREA METROPOLITANA DE SÃO PAULO João YUNES (1) Rosa BROMBERG (2) YUNES, J. & BROMBERG, R. — A assistência hospitalar geral e especializada na área metropolitana de São Paulo. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 5:23-39. 1971. RESUMO — A situação da assistência hospitalar é analisada para a área metropolitana de São Paulo que consta de 37 municípios e comporta uma po- pulação de cerca de oito milhões de habitantes. Para o ano de 1970, a rêde hospitalar contava com 207 estabelecimentos com capacidade de 43.639 leitos (5,5 leitos/1000 habitantes). A proporção de leitos encontrada, quando compa- rada com outras capitais brasileiras e outros países, é baixa, sendo incompatível com o grau de desenvolvimento sócio-econômico da área. A assistência hos- pitalar geral é prestada por 166 dos 207 estabelecimentos, sendo 86% perten- centes a entidades privadas contando com 25.574 leitos (3,2 leitos/1000 habi- tantes). Considerando-se como satisfatórios 5 leitos/1000 habitantes, a atual oferta é insuficiente, havendo um deficit de 14.331 leitos. Êste deficit é agra- vado pela inexistência de critérios racionais na localização dos hospitais. Dos 37 municípios da área, 19 (250.000 habitantes) não possuem hospital geral e 35 não contam com nenhum hospital geral público. O município de São Paulo possui 2.491 leitos infantis. Adotando-se como satisfatória a proporção de 21% dos leitos gerais, há um déficit de 3.649 leitos (59% dos leitos existentes). A assistência hospitalar ao psicopata conta com 34 estabelecimentos que possuem um total de 15.686 leitos (2 leitos/1000 habitantes). Adotando-se um padrão satisfatório de 3 leitos/1000 habitantes, há um deficit de 8.257 leitos. A qua- lidade do atendimento é insatisfatória, visto a superlotação existente. Há ca- rência de pessoal médico e paramédico, comprometendo os serviços prestados. Mais de 80% dos leitos do Estado de São Paulo (cêrca de 18 milhões de habi- tantes) estão concentrados na área metropolitana. Em relação à disponibili- dade de leitos para atendimento ao doente de tuberculose e hanseníase, não há deficit, encontrando-se mesmo a existência de leitos ociosos, explicável, em parte, pela ênfase que se tem dado ao tratamento ambulatorial. Em relação ao padrão qualitativo de atendimento, foram encontradas as mesmas limitações anteriormente descritas. UNITERMOS Assistência hospitalar*; Hospitais*. Recebido para publicação em 11-3-1971. (1) Da Divisão de Epidemiologia do Departamento Técnico Normativo da Secretaria de Saúde do Estado de S. Paulo. Da Disciplina de Pediatria Social da Faculdade de Medicina da USP. Av. Dr. Arnaldo, 455, São Paulo, SP., Brasil. (2) Do Grupo de Planejamento Integrado (GPI) — São Paulo, SP, Brasil.

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A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR GERAL E ESPECIALIZADANA ÁREA METROPOLITANA DE SÃO PAULO

João YUNES (1)

Rosa BROMBERG ( 2 )

YUNES, J. & BROMBERG, R. — A assistência hospitalar geral e especializada naárea metropolitana de São Paulo. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 5:23-39.1971.

RESUMO — A situação da assistência hospitalar é analisada para a áreametropolitana de São Paulo que consta de 37 municípios e comporta uma po-pulação de cerca de oito milhões de habitantes. Para o ano de 1970, a rêdehospitalar contava com 207 estabelecimentos com capacidade de 43.639 leitos(5,5 leitos/1000 habitantes). A proporção de leitos encontrada, quando compa-rada com outras capitais brasileiras e outros países, é baixa, sendo incompatívelcom o grau de desenvolvimento sócio-econômico da área. A assistência hos-pitalar geral é prestada por 166 dos 207 estabelecimentos, sendo 86% perten-centes a entidades privadas contando com 25.574 leitos (3,2 leitos/1000 habi-tantes). Considerando-se como satisfatórios 5 leitos/1000 habitantes, a atualoferta é insuficiente, havendo um deficit de 14.331 leitos. Êste deficit é agra-vado pela inexistência de critérios racionais na localização dos hospitais. Dos37 municípios da área, 19 (250.000 habitantes) não possuem hospital geral e 35não contam com nenhum hospital geral público. O município de São Paulopossui 2.491 leitos infantis. Adotando-se como satisfatória a proporção de 21%dos leitos gerais, há um déficit de 3.649 leitos (59% dos leitos existentes). Aassistência hospitalar ao psicopata conta com 34 estabelecimentos que possuemum total de 15.686 leitos (2 leitos/1000 habitantes). Adotando-se um padrãosatisfatório de 3 leitos/1000 habitantes, há um deficit de 8.257 leitos. A qua-lidade do atendimento é insatisfatória, visto a superlotação existente. Há ca-rência de pessoal médico e paramédico, comprometendo os serviços prestados.Mais de 80% dos leitos do Estado de São Paulo (cêrca de 18 milhões de habi-tantes) estão concentrados na área metropolitana. Em relação à disponibili-dade de leitos para atendimento ao doente de tuberculose e hanseníase, não hádeficit, encontrando-se mesmo a existência de leitos ociosos, explicável, emparte, pela ênfase que se tem dado ao tratamento ambulatorial. Em relaçãoao padrão qualitativo de atendimento, foram encontradas as mesmas limitaçõesanteriormente descritas.

UNITERMOS — Assistência hospitalar*; Hospitais*.

Recebido para publicação em 11-3-1971.(1) Da Divisão de Epidemiologia do Departamento Técnico Normativo da Secretaria de Saúde

do Estado de S. Paulo. Da Disciplina de Pediatria Social da Faculdade de Medicina daUSP. Av. Dr. Arnaldo, 455, São Paulo, SP., Brasil.

(2) Do Grupo de Planejamento Integrado (GPI) — São Paulo, SP, Brasil.

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1. I N T R O D U Ç Ã O

O presente estudo fêz parte integrantedo setor saúde do Plano Metropolitano deDesenvolvimento Integrado da região daGrande São Paulo (GSP). Esta áreacontava, em 1970, com cêrca de 8 milhõesde habitantes e 207 estabelecimentos pa-ra prestação de assistência hospitalar, ge-ral e especializada, dos quais, 83% per-tencem à iniciativa privada, 10% aos po-deres públicos — 8% ao Estado e 2% àsPrefeituras Municipais (São Paulo e San-to André) — e 5% às entidades autárqui-cas e paraestatais (Tabela 1).

Considerando-se a capacidade normaldos estabelecimentos hospitalares conformeTabela 2, o número de leitos existentes éde 43.639 sendo 79% não lucrativos e21% lucrativos. Dentre os não lucrati-vos, salienta-se a grande participação dopoder público estadual, responsável porcêrca de 41% dos leitos existentes, segui-do pelo Instituto Nacional de PrevidênciaSocial (INPS) — autarquia federal quemantém 21% dos leitos em estabeleci-mentos próprios e, sobretudo, em convê-nio com entidades privadas. A alta par-ticipação do Estado deve-se principalmen-te à manutenção de leitos especializados.Os demais leitos não lucrativos estão soba responsabilidade tanto de entidades pri-vadas com caráter filantrópico (11)%),como de outras entidades autárquicas eparaestatais (3%) e das prefeituras mu-nicipais (3%). O total de leitos exis-tentes proporciona na área metropolitanaum coeficiente de 5,5 leitos por mil habi-tantes.

Os demais municípios componentes daGrande São Paulo possuem apenas 36%dos leitos oferecendo, entretanto, um coe-ficiente de 7,4 leitos por mil habitantes.Tal coeficiente poderia sugerir uma me-lhor situação para esta última área. Nãoobstante isto não traduz a realidade, vistoque o alto coeficiente encontrado é expli-cável pela existência, nesta área, de hos-pitais especializados. Por exemplo, só oHospital de Franco da Rocha possui

13.000 leitos, cujo raio de atendimentoextravasa os limites da área metropolita-na, chegando a atender pacientes de todoo Estado.

A situação da área metropolitana notocante à assistência hospitalar não é dasmais favoráveis. Comparando-se os coe-ficientes encontrados para a Grande SãoPaulo, com os disponíveis para capitaisbrasileiras em 1966 (Tabelas 3 e 4) ve-mos que atualmente a área só possuimaior coeficiente do que os municípios deSão Luís, Brasília, Rio Branco, Fortale-za, Boa Vista, Macapá, Belém e o próprioSão Paulo. Naquela data, tôdas as demaiscapitais apresentavam um coeficiente su-perior, variando de 5,8 a 13,6 leitos pormil habitantes.

O próprio Município de São Pauloapresenta atualmente um coeficiente me-nor do que o encontrado para o Estadoem 1966 (5 leitos por mil habitantes).Países como Cuba, Uruguai, Argentina,Canadá e Estados Unidos, já apresenta-vam, também em redor de 1966, coefi-cientes bem superiores aos atuais da áreametropolitana, conforme mostra a Tabe-la 5.

A situação acima exposta é incompa-tível com a Grande São Paulo, visto sera área mais desenvolvida sócio-econômi-camente, não só do Estado como do pró-prio país, tendo-se em conta também apolarização por ela exercida no tocanteà assistência hospitalar, reconhecida co-mo um dos maiores centros médicos dopaís. O coeficiente de leitos encontradopara a área constitui um dos fatores con-tribuintes para a deterioração de seus ní-veis de saúde.

2. ASSISTÊNCIA HOSPITALAR GERAL

A área metropolitana conta, para pres-tação da assistência hospitalar geral, comcêrca de 166 estabelecimentos hospitala-res, sendo a maior parte dêles (86%)pertencentes à iniciativa privada.

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Os demais pertencem, quer a entidadesparaestatais e autárquicas (6%), queraos poderes públicos (8%), havendo den-tre êstes últimos, tanto a participação doEstado (5% dos leitos) como de Prefei-turas Municipais (3%) (Tabela 6).

Êstes estabelecimentos hospitalares apre-sentam conforme Tabela 7, em meadosdo primeiro semestre de 1970, cêrca de25.574 leitos (3,2 leitos por mil habitan-tes) dos quais 78% não são lucrativos e28% pertencem aos poderes públicos —sendo 20% ao Estado e 8% às Prefeitu-ras Municipais — 24% a entidades pri-vadas e 48% a entidades autárquicas eparaestatais, salientando-se dentre elas, aatuação do Instituto Nacional de Previ-dência Social (INPS) que mantém 40%dêsses leitos, quer em estabelecimentospróprios, quer em convênios com entida-des privadas.

Pelo exposto, observa-se a pequenaparticipação dos podêres públicos nestetipo de assistência.

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Considerando-se a evolução dos leitosdestinados à assistência hospitalar geralna área metropolitana (Tabela 8) obser-va-se que de 1961 para cá, houve sempreuma tendência crescente no número deleitos. Entretanto, sempre menor que ocrescimento populacional, visto terem osleitos aumentado em cêrca de 48% e apopulação em 58%. Êstes números de-vem ser observados com certa cautela,visto as fontes desta série histórica nãoserem as mesmas. Não obstante, o racio-cínio é válido. Enfatizando a afirma-ção, vemos que de 1961 para cá houveum decréscimo no coeficiente de leitospor mil habitantes, pois, êste era de 3,4para a área metropolitana naquela datae atualmente é de 3,2.

A atual oferta de leitos existentes é al-tamente deficitária. Considerando-se co-mo razoável o padrão proposto por algunssanitaristas atuantes na área — 5 leitospor mil habitantes — conclui-se pela ne-cessidade da existência de cêrca de 39.905leitos havendo, portanto, um deficit de14.331 leitos, isto é, de 36% dos leitosexistentes.

Êste deficit é agravado pela inexistên-cia de critérios racionais na localização

dos hospitais. Observa-se que cêrca de75% dos estabelecimentos hospitalares e87% dos leitos existentes estão concentra-dos no Município de São Paulo, áreamais urbanizada e desenvolvida sócio-eco-nomicamente.

Êste Município chega a apresentar umcoeficiente de leitos por mil habitantes daordem de 3,8, superior à área como umtodo. Em contraposição, o restante daGrande São Paulo apresenta um baixíssi-mo coeficiente de 1,5 leitos por mil ha-bitantes.

Além disto, cerca de 19 municípios dos37 componentes da Grande São Paulonão possuem nenhum hospital geral, dei-xando teòricamente em descoberto umapopulação de cêrca de 250.000 habitan-tes, conforme mostra a Tabela 9. Cêrcade 35 municípios da Grande São Paulonão possuem hospital geral público.

Analisando-se a responsabilidade fun-cional dos leitos na área, verifica-se quea situação não é das mais favoráveis. OINPS é responsável pela assistência hos-pitalar de seus previdenciários — 60%da população total da Grande São Paulosegundo as próprias estimativas da au-

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tarquia — aos podêres públicos cabe pelomenos a manutenção dos leitos para po-pulação indigente (estimada em 20% naárea), cabendo o restante à iniciativa pri-vada.

Admitindo-se uma hierarquização nosníveis de saúde, isto é, uma maior mor-bidade e mortalidade nas classes sócio-econômicas mais baixas, estabeleceu-secomo satisfatório, um coeficiente da or-dem de 6, 5 e 4 leitos por mil habitantes,respectivamente para a população indi-gente, previdenciária e a restante compo-nente da Grande São Paulo.

Segundo tais padrões caberia ao INPSa manutenção de 23.943 dos 39.905 ne-cessários para a área. Para a populaçãoindigente seriam necessários 9.577 e pa-ra o restante da população, 6.385.

Salienta-se que o INPS mantém atual-mente apenas 7.426 leitos, deixando suaatuação, portanto, no aspecto quantitati-vo, sem se considerar o qualitativo, muitoa desejar, cobrindo sòmente 31% dos lei-tos que lhe cabem.

Os dados quanto à qualidade do aten-dimento prestado pela assistência hospi-talar geral na área, não são disponíveis.Inexistem dados sôbre média de perma-nência, porcentagem de ocupação dos lei-tos, pessoal médico e para-médico lotadonestas unidades, etc.

Sabe-se, entretanto, ser a área carente,em todo país, em recursos humanos desti-nados ao setor saúde. A falta de pessoalmédico e sobretudo paramédico, mais es-pecificamente de enfermagem, compro-mete em muito a qualidade dos serviços,sem se falar no reduzido número de ad-ministradores hospitalares devidamentehabilitados.

Um dado que nos permite avaliar a si-tuação da rêde hospitalar é o apresentadopelo INPS. Esta autarquia submete oshospitais aprovados a uma classificaçãopara o estabelecimento de convênios. Pa-ra tanto, a planta física, equipamentos einstalações e a organização dos hospitaissão avaliados.

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Dos 333 hospitais do Estado de SãoPaulo, Capital e Interior, submetidos àvistoria por grupos de médicos e enfer-meiras, entre os meses de março a no-vembro de 1968, cêrca de 13,5% não al-cançaram o mínimo de pontos exigível,isto é, 0,50.

Nos demais, constatou-se a seguintedistribuição:

Por outro lado, a já citada má distri-buição dos estabelecimentos na área é umfator agravante na qualidade do atendi-mento, visto ser o fator indutor da mobi-lidade da população, geralmente dos mu-nicípios menos urbanizados, onde a mor-bidade e mortalidade são mais freqüentese os meios de transporte mais carentes,sobrecarregando o atendimento, muitasvezes já comprometido destas outrasáreas.

2.1 — Leitos Infantís

A necessidade da análise da situaçãodos leitos infantís na área metropolitanavem de um lado, pelo elevado coeficientede mortalidade infantil, com franca ten-dência crescente nela encontrado e, deoutro, por ser na opinião dos técnicos sa-nitaristas, nela atuantes, um dos setôres,não só prioritários, como dos mais defi-cientes dentro da assistência hospitalargeral. Entretanto, a ausência de dadostorna impossível a análise dêste tipo deassistência para a área metropolitana co-mo um todo.

Não obstante, ilustrar-se-á a situaçãopara a sub-região Centro, isto é, o Mu-nicípio de São Paulo. Salienta-se queserá considerado leito-infantil, aquêle des-tinado à internação de crianças da faixaetário de 0 a 14 anos.

O município de São Paulo possui cêr-ca de 2.491 leitos infantis, dos quais 1002(40%) são gratuitos. Dêstes, 79% per-tencem ao poder público, sendo 66% aoEstado e 13% à Prefeitura Municipal,e os 21% restantes a entidades privadasde caráter filantrópico (Tabela 10).

Os técnicos norte-americanos estão con-cordes que, para dez mil habitantes, são

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satisfatórios 5 leitos para internação decrianças de 0 a 14 anos e um coeficientede 0,5 leito para cada mil habitantes.

A aplicação de tal padrão, em nossomeio, é altamente discutível dada a dife-rença no estágio de desenvolvimento eco-nômico existente entre os dois países, es-tágio êste que se reflete nas condiçõessócio-econômicas e sanitárias da popula-ção.

Adotar-se-á como satisfatório, em nos-so estudo, um padrão ligeiramente supe-rior a um leito por mil habitantes (1,05leitos por mil habitantes), ou seja, desti-nar-se-á à infância cêrca de 21% dosleitos gerais.

Optou-se por tal padrão, ao invés donorte-americano, de um lado, por seremsuperiores nossa morbidade e mortalida-de; de outro, pela própria estrutura donosso sistema de recuperação e preven-ção de moléstias; a cobertura inadequa-da prestada por nossas unidades sanitá-rias, aliada à mentalidade predominante-mente curativa dessas unidades, fazemcom que o número de hospitalizações se-ja maior. Para tal fato também concor-re o baixo nível educacional aqui exis-tente, sobretudo o sanitário. Por outrolado, há que se considerar na adoção dês-te padrão, o papel polarizador exercidopelo Município de São Paulo em relaçãoao restante da área, dada a concentraçãodo equipamento hospitalar nêle existente.

Adotando-se o padrão acima exposto,necessitar-se-ia para o Município de SãoPaulo, atualmente, cêrca de 6.140 leitosinfantís, havendo, portanto, um deficit de3.649 leitos, ou seja, de cêrca de 59%dos leitos existentes.

No tocante à responsabilidade funcio-nal dos leitos infantís, considerar-se-á co-mo satisfatório 1,25 leitos para populaçãoindigente e um leito para o restante dapopulação, por mil habitantes.

A adoção dêsses padrões parte da ad-missão de uma maior morbidade na clas-se sócio-econômica de menor poder aqui-sitivo.

Por tal padrão vê-se que o número deleitos necessários para a população indi-gente (sob responsabilidade dos podêrespúblicos) é da ordem de 1.462, haven-do, por conseguinte, um deficit de 460leitos; e de 4.678 para o restante da po-pulação, com um conseqüente deficit de3.180 leitos infantís. Sendo o INPS res-ponsável por 60% da população (a pre-videnciária), cabe-lhe a responsabilidadede 3.509 dentre os leitos destinados à po-pulação não indigente. Entretanto, des-conhece-se sua atuação no setor.

Fica, assim, caracterizado o deficitexistente, com a pressuposição de quepara o restante da área metropolitana, asituação seja mais grave, seja pela maiorcarência de unidades hospitalares, sejapela maior prevalência de condições só-cio-econômicas mais desfavoráveis.

Deseja-se salientar, também, a priori-dade necessária no atendimento à popu-lação infantil indigente.

3. ASSISTÊNCIA HOSPITALARESPECIALIZADA

Para a prestação dêste tipo de assis-tência contava a área metropolitana, em1970, com 41 estabelecimentos hospitala-res, sendo a maioria pertencente à inicia-tiva privada (83%) e destinada ao aten-dimento do psicopata.

Conforme a Tabela 11, observa-se queêstes estabelecimentos ofereceram em suacapacidade normal, um total de 18.065leitos, em sua maioria também destinadosao atendimento do psicopata. Ao con-trário do verificado para o número deestabelecimentos hospitalares, o númerode leitos destinados ao portador de han-seníase é maior que os destinados ao por-tador de tuberculose (respectivamente 7%e 6%).

Os leitos ora existentes oferecem umcoeficiente de 2,26 leitos por mil habitan-tes.

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Quanto à entidade mantenedora, salien-ta-se o fato de ser o poder público esta-dual o principal responsável pela manu-tenção desses leitos (cêrca de 78%). Talfato pode ser explicado, de um lado, peloalto custo da manutenção dêsses leitos(moléstias com alta média de permanên-cia hospitalar), de outro, pela omissão daPrevidência Social na assistência hospi-talar especializada.

extravasarem os limites geográficos daárea metropolitana, o equacionamentodêste tipo de assistência deve ser consi-derado em nível estadual e não apenasmetropolitano.

2.1 — Assistência hospitalar aopsicopata

A área metropolitana possui 34 estabe-lecimentos hospitalares para atendimento

Considerando-se a evolução dos leitosdestinados a êste tipo de assistência de1966 para cá, levar-se-á em conta não onúmero de leitos constantes da capacida-de normal dos hospitais (psiquiátricos),mas a lotação, para tornar compatível aanálise, visto ser êste o dado disponívelpara 1966.

Conforme a Tabela 12, observa-se quehouve ligeiro aumento no coeficiente deleitos por mil habitantes: passando de 2,60para 2,67. Entretanto, êste mesmo fatonão é encontrado para o Estado de SãoPaulo (Tabela 13).

Dado o raio de atendimento dos hospi-tais destinados à assistência especializada

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ao psicopata, sendo a maior parte dêlespertencente à iniciativa privada (88,24%— Tabela 14). Considerando-se a ca-pacidade normal dêstes estabelecimentos,segundo a Tabela 15, ter-se-á uma ofertade 15.686 leitos dos quais, 12% são lu-crativos e o restante, a grande maioria(88%), não lucrativos. Dêstes cabe aoEstado a manutenção da maior parte(88,5%), sobretudo em algumas entida-des privadas. O INPS participa comcerca de 10,5% dos leitos não lucrati-vos, sendo todos em convênio. O totalde leitos existentes nos oferece um coefi-ciente de 2 leitos por mil habitantes.

Não obstante, a oferta de leitos estámuito aquém das necessidades, senão ve-jamos: os hospitais estaduais existentesna Grande São Paulo possuem uma capa-cidade normal de 11.500 leitos. Em mea-dos do primeiro semestre de 1970 haviacêrca de 14.785 doentes internados nes-ses hospitais (isto considerando-se que oHospital do Juqueri possua cêrca de13.000 doentes internados), o que nospermite concluir que a procura de leitosultrapassa a oferta em 3.285 leitos, carac-terizando, portanto, um deficit. Desco-nhece-se a procura existente para os hos-pitais privados.

Por outro lado, o próprio coeficientede leitos por habitantes encontrado (2 pormil habitantes) já evidencia o deficit.

Embora alguns técnicos em assistênciahospitalar proponham como ideal o coefi-ciente de 5 leitos psicopatas para cadamil habitantes4, não há condições parase atingir tal nível. Optamos pelo pa-drão aceito como satisfatório para áreasurbanizadas, tanto nacional como inter-nacionalmente, de 3 leitos por mil habi-tantes. Tal padrão é justificável, mes-mo tendo em vista a polarização no aten-dimento exercida pela área em estudo.Admitindo-se tal padrão como satisfató-rio, necessitar-se-ia de 23.943 leitos. Por-tanto há um déficit de 8.257, visto con-tar a área com 15.686.

Além do acentuado deficit no núme-ro de leitos existentes, observa-se que oatendimento ao psicopata, por parte doINPS, também está muito aquém das ne-cessidades. Sendo esta autarquia respon-sável pelo atendimento à população pre-videnciária da área, que perfaz 4.788.600habitantes (60% da população) e, con-siderando-se como satisfatório o coeficien-te de 3 leitos por mil habitantes, caberiaao INPS a manutenção de 14.366 leitos.Êle possui atualmente 1.443 havendo,portanto, um deficit de 12.923 leitos, osquais deveriam ser de sua responsabili-dade.

Por outro lado, a escassez de leitos oraexistente é agravada pela falta de servi-ços ambulatoriais (há um único ambula-

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tório na área metropolitana para 7.981.000habitantes) e a ausência dêstes concorrepara a cronicidade dos doentes e, portan-to, aumento das necessidades de interna-ções.

Quanto à qualidade do atendimentohospitalar prestado ao psicopata, apesarda ausência de dados estatísticos, deve-seadmitir sua insatisfatoriedade, visto a su-perlotação existente nos hospitais. Alémdisto, a assistência hospitalar ao psicopa-ta, mais que qualquer outra, carece depessoal especializado, tanto médico quan-to paramédico, aliás, bastante carente naárea. Pode-se concluir daí o comprome-timento dos serviços prestados.

Ademais, resta enfatizar que o raiode atendimento dos hospitais psiquiátri-cos extravasa os limites geográficos daárea metropolitana. Constata-se que maisde 80% dos leitos disponíveis no Estadoestão concentrados nesta área, sobretudo,em Franco da Rocha. Medidas que vi-sassem ùnicamente equipar a área metro-politana tornariam novamente a mesmaràpidamente deficitária, pois acentuariao forte papel de polarização no atendi-mento que, aliás, ela já vem exercendo.

Advém daí, portanto, a necessidade deestudo específico visando a descentraliza-ção do atendimento ao psicopata em Ser-viços Regionais. O equacionamento daproblemática do atendimento ao psicopa-ta deve ser encarado, portanto, em têr-mos de Estado de São Paulo e não sò-mente de área metropolitana.

3.2 — Assistência hospitalar aoportador de tuberculose

A assistência hospitalar ao portador detuberculose é prestada na grande SãoPaulo através de 5 estabelecimentos hos-pitalares, dos quais, 4 (80%) pertencemà iniciativa privada e um (20%) aopoder público estadual, conforme Tabe-la 16.

Êstes estabelecimentos em 1970 apre-sentavam 1.053 leitos, sendo que cêrcade 75% eram não lucrativos e 25% lu-

crativos. O número de leitos existentesna área oferece um coeficiente de 0,13leitos por mil habitantes.

O poder público estadual participa,dentre os leitos não lucrativos, em maiorgrau (cêrca de 77%), cabendo os demais,quer ao INPS através de convênios comentidades privadas (cêrca de 17%), queràs próprias entidades privadas (cêrca de6%).

Salienta-se que cerca de 60% dos es-tabelecimentos hospitalares e 79% dosleitos existentes estão concentrados noMunicípio de São Paulo, que oferece umcoeficiente de leitos por mil habitantesligeiramente superior à área como umtodo (0,14).

Analisando-se êsses dados para 1966(Tabela 18) observa-se a existência, na-quela data, de 1.075 leitos, dos quaiscerca de 84% eram não lucrativos, ha-vendo um coeficiente de 0,15 leitos pormil habitantes.

Pode-se admitir por êstes dados, umaligeira diminuição, tanto do número deleitos, quando do coeficiente de leitos pormil habitantes, mesmo levando-se em con-ta serem diferentes as fontes dos dados.

Aliás, esta tendência é observada tam-bém para o Estado de São Paulo, comose pode visualizar na Tabela 17.

Um fato comprovador da diminuiçãode leitos na Grande São Paulo foi atransformação do Hospital São Luis Gon-zaga, destinado ao atendimento do porta-dor de tuberculose, em hospital geral.

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Esta tendência na diminuição de leitosé explicável, sobretudo, pela nova filoso-fia aplicada ao tratamento da tuberculo-se, qual seja, a de ênfase não em inter-nações e sim em tratamento dispensarial.

Entre outras, êste tipo de tratamentotraz algumas vantagens: possibilita o tra-tamento em massa, não desagrega a vidafamiliar, permite uso correto da medica-ção e conseqüente controle, diminui ocusto (cada 20 doentes internados permi-te tratar mil doentes em dispensário) 3.

As internações tendem a se restringira número bem mais reduzido de casos,quer por características médicas, querpor características sociais. Para tanto, aoferta de leitos é suficiente.

Embora haja ausência de dados esta-tísticos que comprovem esta afirmação,pois não é possível quantificar a deman-da na área metropolitana, tampouco noEstado (o raio de atendimento dêstes hos-pitais extravasa os limites geográficos daGrande São Paulo), os sanitaristas atuan-tes no setor confirmam-na plenamente.

Os dados disponíveis que ilustrariam,em parte, a situação dos leitos hospitala-res para tuberculose dizem respeito ape-nas ao Município de São Paulo: em 1966foram registrados 1.002 óbitos por tu-berculose, naquele Município. Sendo de

952 o número de leitos disponíveis na-quela mesma data, pode-se considerar quehouve uma proporção de um leito paracada óbito, padrão considerado razoávelpor alguns sanitaristas6.

Conclue-se portanto, que não há pro-blemas no tocante à assistência hospita-lar ao portador de tuberculose. Isto nãoimplica em dizer que tuberculose não se-ja problema na área em estudo: a pró-pria análise dos níveis de saúde caracte-rizará a moléstia como principal respon-sável pelos óbitos por moléstias infeccio-sas. Deseja-se, sim, explicitar que o seucombate deverá ter como base não só aunidade hospitalar, mas a unidade sani-tária polivalente.

3.3. — Assistência hospitalar aoportador de hanseníase

A assistência hospitalar ao hansenianoé prestada na área metropolitana atravésde 2 estabelecimentos hospitalares, ambospertencentes ao poder público estadual,situados um em Mogi das Cruzes e ou-tro em Guarulhos. O número de leitosexistentes nestes estabelecimentos em 1970foi de 1.326, todos gratuitos, oferecendouma relação de leitos por mil habitantesda ordem de 0,17.

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Se analisarmos o número de leitos des-tinados aos hansenianos na mesma áreaem 1966, vê-se que eles somavam 1.330,com uma relação leitos por mil habitan-tes da ordem de 0,20, sugerindo, portan-to, um ligeiro decréscimo (Tabela 19).

Embora não dispondo de uma sériehistórica de dados estatísticos, pode-seafirmar que há realmente uma tendênciadecrescente no número de leitos de han-seníase na área, explicável pela existên-cia de leitos ociosos, como decorrência demudança de filosofia no atendimento aosportadores desta moléstia. O Estado deSão Paulo, em 1967, acatando o decreto-federal n.° 986 de 7 de maio de 1962,que revogou o "isolamento indiscrimina-do" dos portadores de hanseníase, impôs-to pela antiga legislação, tem dado ênfa-se ao tratamento em dispensários, dimi-nuindo, portanto, o número de interna-ções.

De fato, em 1966, nos 1.330 leitos dis-poníveis na Grande São Paulo, foram ad-mitidos 983 doentes sendo, portanto a re-lação do número de leitos por pacientemaior que um, evidenciando capacidadeociosa 6.

Pode-se supor que a situação seja aná-loga para todo o Estado. Em 1966 ha-via cêrca de 4.751 leitos hanseníase 1 eem 1967, 4.151 2. Outro fato significati-vo é a transformação do Sanatório deHanseníase de Cocaes, situado no Muni-cípio de Casa Branca, em hospital paraatendimento ao Psicopata.

Não há portanto problemas no tocanteao atendimento hospitalar ao hanseniano.O atendimento a êste doente deve ser en-carado do ponto de vista médico comoobjeto de tratamento predominantementedispensarial. Resta, entretanto, o proble-ma social da integração do doente na so-ciedade, geralmente estigmatizado, bemcomo sua família.

YUNES, J. & BROMBERG, R. — [General andspecialized hospital care in the metropo-litan area of S. Paulo, Brazil]. Rev. Saú-de públ., S. Paulo, 5:23-39, 1971.

SUMMARY — The situation of hospitalcare is analysed in the metropolitan areaof S. Paulo, which consists of 37 citiesand contains a population of about8 000 000 inhabitants. In 1970, the num-ber of hospitals was 207 with 43 639 beds(5.5 beds/1000 inhabitants). Compared toother Brazilian capitals and other coun-tries, this rate of beds is too low and itdoesn't suit to the level of its social andeconomic development. The general hos-pital care is given by 166 units and 86%belongs to private agencies and it has25 574 beds (3.2 beds/1000 inhabitants).The actual situation is unsatisfactorywhen considering 5 beds/1000 inhabitantssatisfactory and there is a deficit of 14 331beds. This deficit increases since therehas not been a rational criteria in the lo-cal distribuition of hospitals. From the37 urban communities that exist in thearea, 19 (250 000 inhabitants) have not ge-neral hospital and 35 cannot receive anygeneral public hospital assistance. Thecity of São Paulo has 2 491 infant beds.Since we admit that 21% of general bedsfor children is satisfactory, there is a

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deficit of 3649 beds (59% of the existingbeds). The hospital care given to thepsychopath includes 34 hospitals whichhave 15686 beds (2 beds/1000 inhabitants).There is a deficit of 8 257 beds consideringas satisfactory the rate of 3 beds/1000inhabitants. The quality of the hospitalcare is insufficient because these hospitalsare overcrowded. There is need of medi-cal and paramedical persons, and this si-tuation is harmful to the medical hospitalcare. More than 80% of beds in the Sta-te of São Paulo (almost 18 000 000 inhabi-tants) is centralized in the metropolitanarea. Related to the available beds thatgive care to the tuberculosis and leprouspatients there is no deficit and there areeven vacant beds. This situation can beexplained in large part by the emphasisgiven to out patients care. Connected tothe qualitative pattern of medical hospitalcare the same limitations as describedabove were found.

UNITERMS — Hospital care*; Hospitals*.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. 29:442, 1968.

2. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. 30:533, 1969.

3. BERGOLD, O. B. — Situação dos doentesde tuberculose no Estado de São Paulo.Rev. paul. Hosp., 17 (6): 34-47, 1969.

4. CRUZ, C. R. — A assistência ao psicopatae a responsabilidade do Estado. Rev. paul.Hosp., 13 (4): 17-24, 1965.

5. SOUZA, N. M. — A hospitalização dacriança, necessidade em leitos no Estadode São Paulo. Rev. paul. Hosp., 14(9):25-27, 1966.

6. YUNES, J. — Situação da assistência hos-pitalar na Grande São Paulo. Rev. paul.Hosp., 17 (3): 38-41, 1969.