a arte rupestre de serra negra: concepções estéticas dos conjuntos gráficos do sítio amaros 01,...
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Artigo Publicado na Iniciação Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática de Cultura e Comportamento - Vol. 4, nº1, Ano 2014 Publicação Científica do Centro Universitário Senac - ISSN 2179-474X Autores: Mateus de Souza Ferreira e Marcelo Fagundes. Acesse a edição na íntegra! http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistainiciacao/?page_id=13 Resumo O objetivo dessa comunicação é apresentar os resultados parciais da Iniciação Científica em Arqueologia Pré-Histórica no Alto Jequitinhonha, com tema principal a arte rupestre regional com ênfase no estudo estilísticos. Esse sítio localiza-se no Complexo Arqueológico Serra Negra, aonde o Laboratório de Arqueologia e Estudos da Paisagem (LAEP/UFVJM) vem desenvolvendo sistemáticas pesquisas, procurando facilitar o entendimento sobre o contexto pré-histórico local, para chegar a esses resultados nossa equipe avalia e compara o modo de grafar e suas figurações encontrados nesse sítio com os demais sítios encontrados em localidades próximas, tentando fazer assim um paralelo com informações de outros pesquisadores afins. Palavras-Chaves: Arqueologia, Arte Rupestre, Vale do Jequitinhonha.TRANSCRIPT
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática: Cultura e Comportamento Edição Vol. 4 nº 1 – Abril de 2014, São Paulo: Centro Universitário Senac ISSN 2179474 X © 2014 todos os direitos reservados - reprodução total ou parcial permitida, desde que citada a fonte portal de revistas científicas do Centro Universitário Senac: http://www.revistas.sp.senac.br e-mail: [email protected]
A Arte rupestre de Serra Negra: Concepções Estéticas dos
Conjuntos Gráficos do Sítio Amaros 01, Itamarandiba/MG.
The Rock Art of Black Mountain: Conceptions of Aesthetic Sets Graphics
Amaros Site 01, Itamarandiba/MG.
Mateus de Souza Ferreira¹; Marcelo Fagundes²
1. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM Faculdade Interdisciplinar em Humanidades – Graduando no Bacharelado em Humanidades Pesquisador do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem (LAEP/UFVJM) [email protected]
2. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM Faculdade Interdisciplinar em Humanidades – Docente no Bacharelado em Humanidades Coordenador do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem - LAEP/UFVJM [email protected]
Resumo. O objetivo dessa comunicação é apresentar os resultados parciais da Iniciação
Científica em Arqueologia Pré-Histórica no Alto Jequitinhonha, com tema principal a arte
rupestre regional com ênfase no estudo estilísticos. Esse sítio localiza-se no Complexo
Arqueológico Serra Negra, aonde o Laboratório de Arqueologia e Estudos da Paisagem
(LAEP/UFVJM) vem desenvolvendo sistemáticas pesquisas, procurando facilitar o
entendimento sobre o contexto pré-histórico local, para chegar a esses resultados nossa
equipe avalia e compara o modo de grafar e suas figurações encontrados nesse sítio com
os demais sítios encontrados em localidades próximas, tentando fazer assim um paralelo
com informações de outros pesquisadores afins.
Palavras-Chaves: Arqueologia, Arte Rupestre, Vale do Jequitinhonha.
Abstract. The purpose of this communication is to present partial results of
Undergraduate Research in Prehistoric Archaeology in the Upper Jequitinhonha, with the
main theme of rock art with an emphasis on regional stylistic study. This site is located
in the Archaeological Complex Field of Flowers, where the Laboratory of Archaeology and
Landscape Studies (LAEP / UFVJM) has been developing systematic research to facilitate
their understanding of the context of pre-historic site, to get to these results our team
evaluates and compares the mode of spelling and its figurations found this site with
other sites found in nearby villages, trying to do so a parallel with similar information
from other researchers.
Key words: Archaeology, Rock Art, Jequitinhonha Valley.
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1. Introdução
A Área Arqueológica de Serra Negra está localizada a nordeste de Minas Gerais,
assentada nos domínios da Província de Mantiqueira, exatamente no limite entre o
Cráton do São Francisco e a Faixa Araçuaí, cuja expressão local é a Cordilheira do
Espinhaço Meridional, modeladas por rochas da unidade Super Grupo Espinhaço de idade
Paleo/mesoproterozóico (Fagundes et al, 2012a, 2012b).
A maior parte da área de pesquisa encontra-se inserida nos domínios do Grupo
Guanhães - Formação Serra Negra, dominantemente constituída por Unidades do
embasamento (gnaisses), de idade Arqueana. Em todo caso, tanto na porção NE quanto
SE da área, são os quartzitos que marcam as elevadas serras alinhadas no sentido NW-
SE e que atingem seu ponto culminante no Pico Pedra Menina (1.595m).
Justamente a Serra de Pedra Menina, associada às Serras do Ambrósio e Dois Irmãos
estabelecem um “quebra-forte” entre a vertente do rio Jequitinhonha e do rio Doce.
Logo, a leste têm-se os formadores da bacia do Doce e a oeste do Jequitinhonha.
Arqueologicamente, sobretudo a partir dos preceitos aqui utilizados referentes à
Arqueologia da Paisagem, esta é uma característica cara para a compreensão de como
as populações pré-coloniais se estabeleceram e utilizaram o ambiente.
No que se refere à cobertura vegetal regional, pode-se afirmar que há um mosaico,
representado tanto pelos biomas do Cerrado (a oeste) e de Mata Atlântica (a leste), o
caracteriza a área como um ecótono.
Segundo Pacheco (2012), o cerrado e a caatinga são os domínios biográficos brasileiros
com maior sazonalidade, isto é, apresenta marcadores bem distintos, com considerável
heterogeneidade ecológica e fitoecológica. Tanto em suas fronteiras, quanto em seus
limites com a mata atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), estes domínios
constituem os ecótonos. Os ecótonos são área de transição e, justamente por isso,
apresentam uma grande diversidade de variedades que pertencem a distintos biomas e
nichos ecológicos.
Estas áreas, por sua vez, apresentam atrativos às ocupações humanas, uma vez que
permitem a possibilidade de exploração de recursos diferenciados. Portanto, são zonas
de transição, com manchas de diferentes ambientes, tais como florestas e pastagens
formando gradientes com espécies de biomas diferenciados, além de ser marcante a
presença de outras endêmicas (Pacheco, 2012).
Na letra de Pacheco (2012):
A extensão e a quantidade de áreas florestais (especialmente as
zonas úmidas) dentro dos ecótonos de cerrado e caatinga variam
de região para região. No entanto, mesmo perfazendo uma
pequena área, estas florestas úmidas locais são consideradas, por
alguns pesquisadores, responsáveis pelo encontro de mamíferos
(e.g. roedores) e anuros (e.g. sapos) adaptados à floresta, e
outros táxons, como lepdosaurídeos (e.g. lacertílios) adaptados a
áreas abertas de cerrado e caatinga, muitas vezes fazendo uso de
mata fechada durante os eventos de forrageamento, estação seca
e/ou tempo de queima (natural e/ou antropogênico).
Para os eventos humanos de subsistência, um ecótono traz possibilidades ímpares,
inclusive permitindo a previsibilidade para caça e coleta, indicando “rede de trânsito”
entre os domínios biogeográficos que podem ser mapeadas arqueologicamente,
possibilitando a elaboração de modelos de uso e ocupação do espaço demarcado
temporalmente. Logo, itens importantes à pesquisa arqueológica podem ser
respondidos, ou pelo menos inferidos, tais como estratégias de caça e coleta
(subsistência), uso de recursos, processos de estabelecimento (padrões de
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assentamento), identificação de tipos de sítios arqueológicos e os próprios processos
formativos (Binford, 1980, 1982).
Mudanças ambientais, via estudos paleoambientais, são também estratégias
interessantes ao estudo arqueológico. Por exemplo, segundo Horak et al (2011 apud
Fagundes et al, 2012a), ao estudar mudanças ambientais Quaternárias em uma turfeira
da Serra do Espinhaço Meridional, os autores obtiveram evidências claras que em
aproximadamente 2.500 anos AP e após 430 anos A.P., o clima regional passou por
mudanças bruscas, ficando muito mais seco do que o atual.
Para Fagundes et al (2012), os indicativos desta seca nos períodos supracitados pode
indicar o porquê a Área de Serra Negra, marcadamente pela presença do ecótono, teve
seu ápice ocupacional entre 800 e 200 anos A.P (aproximadamente). Entretanto, só com
novas escavações e o estabelecimento de cronologias absolutas, principalmente na
vertente do rio Doce, poderá informar de maneira mais assertiva as hipóteses
levantadas. Em todo caso, a possibilidade de exploração de domínios biogeográficos
distintos certamente é um diferencial importante a ser explorado nas pesquisas
arqueológicas da área em pauta.
Em termos hidrográficos, a área está inserida em duas bacias federais: Jequitinhonha e
Doce. Entretanto, o curso d’água mais importante é o rio Araçuaí, sendo nas bacias de
seus afluentes os locais onde os sítios estão implantados prioritariamente, sobretudo nas
nascentes destes tributários.
Destes últimos, o mais importante é o ribeirão Itanguá que margeia o Complexo
Arqueológico Campo das Flores, local que até então foram identificados 21 sítios
arqueológicos, na maioria de arte rupestre filiada à Tradição Planalto, mas havendo
grafismos associados também às Tradições Nordeste e Agreste (Leite, 2012).
A Área Arqueológica de Serra Negra está constituída por três Complexos Arqueológicos
(Serra do Ambrósio, Campo das Flores e Felício dos Santos). Por Complexo Arqueológico
se entende uma assembleia de sítios implantados em um determinado domínio
biogeográfico e, portanto, apresenta características geoambientais semelhantes, somada
ao repertório cultural, sistema de implantação de assentamento (sejam aldeias a céu
aberto ou abrigos, sítios de ocupação semipermanente ou temporária), sobretudo
vinculado ao conceito de lugares persistentes (Schalanger, 1992).
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Figura 01 – Implantação dos Sítios de acordo com o relevo. LAEP/2011.
A soma de vários Complexos forma uma Área Arqueológica que, além de compartilhar
características semelhantes, possui indicadores de uma rede de trânsito entre o grupo
(ou mesmo grupo) que divide um determinado território. Cabe destacar que, de forma
alguma, utilizam-se os conceitos de etnicidade ou identidade na definição de Complexo
ou Área. Com isso não se refuta esta possibilidade que, quiçá, poderão ser inseridas do
decorrer da pesquisa, com o aumento na quantidade de dados e suas futuras
interpretações.
Dos sítios componentes dos Complexos, a grande maioria são abrigos sob rocha
(quartzítica), com presença de painéis com mais variados grafismos rupestres, como
será discutido a frente. Os sítios a céu aberto, que devem existir, ainda não foram
evidenciados. Entretanto, parte-se do princípio que o ápice de ocupações regionais deve
estar relacionado aos grupos de caçadores-coletores nômades, porém, por enquanto
trabalhamos no nível de hipótese.
Esse trabalho tem como objetivo é apresentar os resultados da Iniciação Científica em
Pré-História Geral, que teve como foco os painéis rupestres do sítio Amaros 01,
localizado em terras do município de Itamarandiba, MG. A intenção era classificar as
figurações rupestres por meio de diferentes metodologias, em campo e laboratório, de
modo que se pudesse compreender as técnicas utilizadas pelo “pintor”, tintas, disposição
das figurações nos painéis, escolha do abrigo, bem como suas relações sincrônicas e
diacrônicas.
2. O Sítio Amaros 01
O sítio Amaros 01 está localizado na Área Arqueológica de Serra Negra, Complexo do
Ambrósio, em terras do município de Itamarandiba, MG. Trata-se de uma área no alto
vale do rio Araçuaí, na borda leste da Serra do Espinhaço. Trata-se de uma área com
alto potencial arqueológico, sobretudo no que tange os sítios com presença de painéis
rupestres, que apresenta grande variabilidade quando comparada aos sítios da região de
Diamantina, por exemplo.
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Figura 02 – Localização dos sítios arqueológicos do Complexo Serra do Ambrósio. LAEP/2011.
O sítio arqueológico foi identificado pela equipe do Laboratório de Arqueologia e Estudo
da Paisagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(LAEP/UFVJM), em 2011 e, desde então, diferentes campanhas de campo têm sido
realizadas como meio de gestão desse patrimônio.
Está constituído por vários painéis rupestres, a grande maioria filiada à tradição Planalto,
mas há um deles, em especial, que conta com quatro grandes antropomorfos que
remete aos existentes em sítios da região nordeste do Brasil e filiados à tradição
Agreste.
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Figura 03 – Localização dos Amaros 01. LAEP/2011.
3. Metodologia da Pesquisa
A Metodologia utilizada no desenvolvimento da pesquisa no sítio Amaros 01, consiste
em: I) Levantamento bibliográfico local e regional sobre o tema; II) Diálogo com os
moradores regionais próximo a localização do sítio; III) Diversas campanhas ao sítio
arqueológico, a fim de disponibilizar dados acerca das características ambientais e
culturais do sítio arqueológico; IV) Inventário de imagens, constituídos por fotografias
com diversos aparelhos, filmagem total do painel rupestre; V) Decalque em Plástico, por
causa eficácia visual momentânea, sendo melhor analisado depois em laboratório; VI)
Preenchimento de uma ficha de análise de arte rupestre realizado em todos sítios
arqueológicos por nós encontrados; VII) Tratamento das imagens para criação de
pranchas explicativas por meio digital utilizando diversos softwares (Corel Draw,
Photoshop) e até mesmo aplicativo online próprio para arte rupestre
(http://www.dstretch.com/); VIII) Descrição e análise minuciosa dos fatores
interferentes ao sítio (geologia, geomorfologia, hidrografia, vegetação, clima, animais).
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Figura 04 – Coleta de pigmento para análise. LAEP/2011.
4. Resultados e Discussão
Até o presente momento os resultados são parciais, uma vez que a pesquisa encontra-se
em andamento, mas já se pode inferir que os painéis rupestres do sítio Amaros 01 são
riquíssimos em informações, uma vez que apresenta figurações em estilos diferentes da
maioria dos sítios regionais.
Espera-se, assim, criar um banco de dados com as principais características
cronoestilísticas das pinturas rupestres desse sítio, cooperando assim para a
compreensão da arte rupestre regional e possibilitando um melhor entendimento da
associação entre Tradições, uma vez que, seus respectivos autores respeitaram o
espaço, sendo visível que não houve a sobreposição de Tradições.
Ao realizar todas as etapas da metodologia, elaborou-se um quadro de figurações,
contabilizando todas das pinturas encontradas e classificando-as de acordo com sua
tradição ou grupo rupestre.
Tabela 1 – Número de figurações rupestres do sítio Amaros 01. FERREIRA/2013.
FIGURAÇÕES QUANTIDADE PORCENTAGEM (%)
Antropomorfos 5 14%
Cervídeos 8 22%
Peixes 8 22%
Aves 0 0%
Mamíferos 1 3%
Geométricos 0 0%
Traços Aleatórios 10 28%
Não Identificados 4 11%
Total de figuras 36 100%
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Gráfico 1 – Número de figurações rupestres do sítio Amaros 01. FERREIRA/2013.
Como se pode perceber, o Sítio Amaros 01 possui trinta e seis figurações pré-históricas,
além de quatorze pichações. O alto grau de perturbação antrópica do sítio se deve à sua
exposição rupestre, uma vez que está localizado às margens de uma estrada secundária
que liga as cidades de Senador Modestino Gonçalves e Itamarandiba, por onde o fluxo
de pessoas é alto, tanto automóvel quanto moradores das proximidades a pé fazem esse
percurso.
As figurações rupestres são vistas simplesmente passando pela estrada, o que facilita o
trabalho de ações antrópicas que têm mutilado o sítio arqueológico. Ações naturais
também são observadas, como insetos (cupins, abelhas, maribondos, maria-pobre, entre
outros), desplacamento da rocha e exposição à chuva.
Figuras 5 e 6 – Vista geral e frontal do sítio Amaros 01. LAEP/2013.
Se tratando das pinturas rupestres, pode-se observar certa padronização do painel,
variando pouco o número de figurações por estilo. Há um grande número de cervídeos,
peixes e traços aleatórios o que se caracteriza Tradição Planalto, mas o repertório
cultural do sítio também possui um número significativos de grandes antropomorfos
(quatro no total), que podem estar associados à Tradição Agreste, além de outras
figuras de difícil identificação, ou não identificação. (Conforme tabela 2).
5
8 8
0 1 0
10
4
0
2
4
6
8
10
12
Figurações em números absolutos
QUANTIDADE
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Tabela 2 – Tradições arqueológicas do sítio rupestre Amaros 01. FERREIRA/2013.
TRADIÇÕES QUANTIDADE PORCENTAGEM (%)
Planalto 32 89%
Agreste 4 11%
Total de figuras 36 100%
Nos painéis do sítio Amaros 01 há predominância da Tradição Planalto, o que era de se
esperar uma vez que está Tradição é muito comum em Minas Gerais. Uma pequena
parcela das figurações é atribuível à Tradição Agreste, totalizando 11%, este número de
figurações é devido essas características serem marcantes no nordeste brasileiro.
Figura 7 – Figurações associadas à Tradição Agreste. FERREIRA/2013.
De qualquer forma, o fato da presença deste estilo na região é um dado extremamente
importante, uma vez que permite diferentes especulações a serem investigadas pela
pesquisa arqueológica, dentre elas: trata-se de um único estilo ou realmente há duas
tradições arqueológicas? Os painéis são contemporâneos? Há diferenças culturais nos
painéis observados no sítio Amaros 01?
As Tradições rupestre tendem a seguir uma padronização nas cores, o que foi observado
em vários sítio rupestres regionais, sendo mais comum a utilização da tonalidade
vermelha nas pinturas associadas a Tradição Planalto e também a Tradição Agreste
(Tabela 3).
Tabela 3 – Cores encontradas nas figurações rupestres do sítio Amaros 01. FERREIRA/2013.
CORES QUANTIDADE PORCENTAGEM (%)
Vermelho 34 94%
Amarelo 2 6%
Total de figuras 36 100%
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Como se pode perceber, a utilização da tonalidade vermelha sobressai em relação aos
outros, somando cerca de 94%, o que é comum nas pinturas rupestres associadas a
Tradição Planalto em Diamantina e região (Linke, 2008).
Os painéis rupestres do sítio Amaros 01 possuem grande diversidade de grafismos, tanto
em relação ao modo de grafar, quanto as mais diversas tradições e estilos utilizados
pelos pintores. O estudo de Vanessa Linke (2008) buscou entender essa padronização
utilizada pelos pintores no momento de grafar. Seguindo essa linha de raciocínio, este
trabalho buscou dar continuar a essa padronização.
Figura 8 – Tipologia das figurações rupestres do sítio Amaros 01. FERREIRA/2013.
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5. Conclusões
O sítio arqueológico Amaros 01 tem como principal fonte de discussão até o momento os
diferentes painéis rupestres evidenciados. Assim, trata-se de um importante sítio
arqueológico pré-colonial, porém que corre risco eminente de destruição em função à
sua exposição às práticas de vandalismo, esse fator devido o sítio localizar-se no
entroncamento de duas vias isso facilitar ações antrópicas.
Está constituído por trinta e seis figurações rupestres, sendo que a maioria filiada à
Tradição Planalto, comum no centro mineiro e marcada, majoritariamente, pela presença
de figuras vermelhas, geralmente ocorrendo a associação cervídeos e peixes. Outros
mamíferos, bem como antropomorfos, são observados, porém em menor número. Esta
máxima é observada no Amaros 01.
Além disso, pode-se observar a presença de quatro grandes antropomorfos que se
caracterizam estilisticamente aos evidenciados em sítios comuns na região nordeste do
Brasil, na chamada Tradição Agreste.
Justamente a pesquisa busca entender os diferentes estilos da arte rupestres regional,
bem como discutir se realmente há duas tradições rupestres, ou se trata de uma única,
com representações diferenciadas do que se tem observado em Minas Gerais. Para
tanto, novas campanhas de pesquisa foram programadas para ser observadas novas
variáveis, tais como tipo de tinta, espessura do traço, técnicas da pintura, etc., para
que, dessa forma, se obtenham dados mais assertivos.
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