zoneamento floristico - campo rupestre ferruginoso_desprotegido

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CAPA

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Page 1: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

CAPA

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ZONEAMENTO FLORÍSTICO EM CAMPO FERRUGINOSO EM

UMA ÁREA NO SUL-SUDESTE DO QUADRILÁTERO

FERRÍFERO, MG.

Page 3: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitor

João Luiz Martins

Vice-Reitor

Antenor Barbosa Júnior

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

André de Barros Cota

ESCOLA DE MINAS

Diretor

José Geraldo Arantes de Azevedo Brito

Vice-Diretor

Wilson Trigueiro de Souza

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

Issamu Endo

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EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

Page 5: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ZONEAMENTO FLORÍSTICO EM CAMPO FERRUGINOSO EM

UMA ÁREA NO SUL-SUDESTE DO QUADRILÁTERO

FERRÍFERO, MG.

EDUARDO SILVA ATAÍDE

Orientador

Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro Co-orientador

Prof. Dr. Geraldo Wilson Fernandes

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do

Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito

parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração: Geologia Ambiental

e Conservação de Recursos Naturais.

OURO PRETO

2010

Page 6: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

x

Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br Escola de Minas - http://www.em.ufop.br Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/ Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita 35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais. Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: [email protected] Os direitos de tradução e reprodução reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.

Catalogação: [email protected]

A862z Ataíde, Eduardo Silva. Zoneamento florístico em campo ferruginoso em uma área do sul-sudeste do

quadrilátero ferrífero, MG [manuscrito] / Eduardo Silva Ataíde – 2010. xix, 91 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M, v. 67, n. 291)

ISSN: 85-230-0108-6 Orientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro. Co-orientador: Prof. Dr. Geraldo Wilson Fernandes. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Área de concentração: Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais.

1. Geologia ambiental - Teses. 2. Quadrilátero ferrífero (MG) - Teses. 3. Afloramento (Geologia) - Teses. 4. Vegetação - Campo rupestre ferruginoso - Itabirito (MG) - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU:

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xi

Agradecimentos

Agradeço a primeiramente a Deus por me dar forças, saúde e paciência para enfrentar todos os obstáculos

e dificuldades na elaboração deste trabalho.

A toda minha família, em especial a meu filho João Gabriel.

Ao Professor Paulo de Tarso pela orientação e paciência em aguardar a finalização dos trabalhos.

Ao Professor Geraldo W. Fernandes pela disponibilidade na co-orientação.

Aos amigos e funcionários do Programa de Pós Graduação do DEGEO.

Ao amigo Paulo R. Simões pela elaboração dos mapas.

À equipe do Herbário José Badini pela ajuda na identificação das espécies, em especial à Viviane e ao

Jorge Luiz.

À Professora Maria Cristina pelos ensinamentos de botânica e companhia nos trabalhos de campo (que

foram tantos!), pela identificação das espécies e pelos vários conselhos que foram fundamentais na

concepção deste trabalho.

A toda equipe da Gerência de Meio Ambiente da Samarco Mineração S.A pelo apoio logístico e

financeiro ao projeto. Agradeço em especial a Gilciana Milagres, Hélio Ferreira, Rodrigo Dutra Amaral,

Leonardo, ao Sr. Joaquim e toda equipe do viveiro pelo apoio nos trabalhos de campo.

Ao Geólogo Samuel Ricardo Carvalho Carneiro por fornecer materiais indispensáveis na elaboração dos

mapas.

A CAPES por me conceder a bolsa de estudos que foi fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos.

À Professora Eneida e Rômulo pela oportunidade do estágio de docência.

Ao amigo Francisco Lemes (Chico) pela ajuda na interpretação dos dados fitossociológicos.

Page 8: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xii

Aos especialistas Marcos Sobral pela identificação das Myrtaceae e Pedro Lage Viana pela identificação

das Poaceae.

A todos os professores do Programa de Pós Graduação do DEGEO/EM/UFOP.

E por fim agradeço aqueles que não foram mencionados, mas que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 9: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xiii

Sumário

RESUMO xviii

ABSTRACT xix

1. INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação e relevância do Problema 1

1.2 Objetivos e Metas 4

2. ÁREA DE ESTUDO

2.1. Aspectos Geológicos 5

2.2. Os campos Ferruginosos 9

2.3. Clima 11

2.4. Bacia Hidrográfica 12

2.5. Vegetação 14

2.6. Localização 16

2.7. Ambientes Estudados

2.7.1. Ambiente de Canga couraçada

2.7.2. Ambiente de Afloramento de itabirito

18

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Delineamento Amostral

3.1.2. Marcação e Caracterização das Unidades Amostrais

19

3.1.3. Inventário Florístico 22

3.2. Inventário Fitossociológico 23

3.3. Análise dos dados Fitossociológicos 24

4. RESULTADOS

4.1. Composição Florística 28

4.2. Parâmetros Fitossociológicos

4.2.1. Ambiente Canga Couraçada 37

4.2.2. Ambiente Afloramento de itabirito 40

4.3. Diversidade e Equitabilidade 44

4.4. Similaridade

4.4.1. Unidades Amostrais 45

4.4.2. Espécies 46

4.5. Formas de Vida e Espectro Biológico 48

4.6. Umidade 51

Page 10: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xiv

5. DISCUSSÃO

5.1. Composição Florística 54

5.2. Estrutura da Vegetação

5.2.1. Fitossociologia 56

5.2.2. Diversidade e Equitabilidade 57

5.2.3. Similaridade 58

5.2.4. Formas de Vida 59

5.2.5. Umidade 60

6. CONCLUSÂO 61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63

APÊNDICE A 72

APÊNDICE B 75

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xv

Lista de Ilustrações

Figura 01 – Geologia do Quadrilátero Ferrífero (Fonte: Alckimim & Marshak, 1998). 6

Figura 02 - Mapa com detalhamento geológico da área de estudo. 8

Figura 03 – Pluviosidade na Mina de Alegria nos anos de 2007 e 2008 (Fonte:

Samarco Mineração S.A). 11

Figura 04 – Imagem de satélite da bacia do rio Doce (Fonte: Projetos Águas do rio

Doce). 13

Figura 05 - Vista geral do campo ferruginoso sobre canga couraçada (Foto:

E.S.Ataíde, 2008). 15

Figura 06 - Vista geral do campo ferruginoso sobre afloramento de itabirito (Foto:

E.S.Ataíde, 2008). 15

Figura 07 – Mapa de localização das unidades amostrais na área de estudo. 17

Figura 08 - Mapa de relevo da área de estudo com detalhe do perfil de declividade. 21

Figura 09 - Famílias com maior riqueza de espécies nas unidades amostrais. 32

Figura 10 - Percentual de espécies por hábito de crescimento. 33

Figura 11 – Curva dos números acumulados de espécies novas a cada unidade

amostral de 10 m2 para o ambiente canga couraçada. 34

Figura 12 – Curva dos números acumulados de espécies novas a cada unidade

amostral de 10 m2 para o ambiente afloramento de itabirito. 34

Figura 13 – Proporção do número de espécies por famílias nos ambientes estudados.

A= ambiente canga couraçada, B= ambiente afloramento de itabirito e C= canga

couraçada e afloramento de itabirito.

35

Figura 14 – Curva de distribuição das freqüências das espécies no ambiente canga

couraçada. 43

Figura 15 – Curva de distribuição das freqüências das espécies no ambiente

afloramento de itabirito. 43

Figura 16 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 30 unidades

amostrais distribuídas nos campos ferruginosos da Alegria 7, utilizando-se o

coeficiente de Jaccard e ligação dos grupos por média não ponderada (UPGMA).

45

Figura 17 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 24 espécies

com maior freqüência relativa (FR) no ambiente canga couraçada. 46

Figura 18 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 22 espécies

com maior freqüência relativa (FR) no ambiente afloramento de itabirito. 47

Page 12: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xvi

Figura 19 – Formas de vida de Raunkier dos ambientes canga couraçada e

afloramento de itabirito. 48

Figura 20 – Formas de vida de Raunkier das espécies amostradas no ambiente canga

couraçada. 49

Figura 21 – Formas de vida de Raunkier das espécies amostradas no ambiente

afloramento de itabirito. 49

Figura 22 – Espectro biológico da Dominância Relativa por forma de vida no

ambiente canga couraçada. 50

Figura 23 – Espectro biológico da Dominância Relativa por forma de vida no

ambiente afloramento de itabirito. 50

Figura 24 – Perfil de declividade com esquema de distribuição das unidades

amostrais nos ambientes estudados. Em preto e nas cotas maiores estão as unidades no

ambiente afloramento de itabirito e em azul nas meia vertentes estão as unidades no

ambiente canga couraçada.

53

Figura 25 - Mapa hipsômétrico da área de estudo. 75

Figura 26 - Mapa das drenagens da área de estudo. 76

Page 13: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xvii

Lista de Tabelas

Tabela 01 – Coordenadas geográficas e inclinação das unidades amostrais. 19

Tabela 02: Escala de cobertura e abundância de Braun-Blanquet (1932). 23

Tabela 03 - Conversão dos valores de cobertura e abundância. 24

Tabela 04: Classificação das formas de vida de Raunkier. 27

Tabela 05 - Espécies de plantas fanerógamas inventariadas nas unidades

amostrais nos campos ferruginosos da Alegria 7 – Samarco Mineração S.A, com

seus ambientes de ocorrência (C= Canga couraçada; A= afloramento de itabirito),

Número de Herbário (NH) e Formas de Vida (FV). Fan=Fanerófita, Geo=Geófita,

Hem=Hemicriptófita, Cam=Caméfita , Ter=Terófita.

29

Tabela 06 - Parâmetros fitossociológicos das espécies do ambiente canga

couraçada. DoA=Dominância Absoluta, DoR=Dominância Relativa,

FA=Freqüência Absoluta, IVI=Índice de Valor de Importância.

38

Tabela 07 - Parâmetros Fitossociológicos das espécies do ambiente afloramento

de itabirito. DoA=Dominância Absoluta, DoR=Dominância Relativa,

FA=Freqüência Absoluta, IVI=Índice de Valor de Importância.

41

Tabela 08 - Valores dos índices de diversidade específica e equitabilidade para o

ambiente canga couraçada e afloramento de itabirito. H´= Índice de Diversidade

de Shannon-Wiener; J´= Equitabilidade de Pielou.

44

Tabela 09 – Cálculo de umidade do substrato realizado nas unidades amostrais da

Alegria 7 em 2008. 52

Tabela 10 – Inventário florístico fanerogâmico das áreas de entorno das unidades

amostrais. NH=Número de herbário; FV= Formas de Vida; Fan= Fanerófita;

Cam=Caméfita; Geo= Geófita; Ter= Terófita; Hem= Hemicriptófita.

72

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xviii

Resumo

O presente estudo apresenta o inventário florístico e fitossociológico de uma área de campo ferruginoso

localizada na Serra de Antônio Pereira, na região sul-sudeste do Quadrilátero Ferrífero no município de

Ouro Preto, Minas Gerais. Para a coleta de dados foram demarcadas 15 unidades amostrais de 10 x 10 m

em cada litotipo do substrato estudado: a canga couraçada e o afloramento de itabirito. Todas as unidades

amostrais ocupam um mesmo perfil de inclinação com azimute NE. As campanhas de campo se

estenderam de março de 2007 a outubro de 2008 e foram realizadas, em média, semanalmente. As coletas

restringiram-se apenas nas espécies fanerógamas encontradas dentro das unidades amostrais e nas áreas de

entorno. Foram inventariadas 182 espécies reunidas em 47 famílias, sendo 102 espécies dentro das

unidades amostrais e 80 espécies nas áreas de entorno. As famílias com maior riqueza de espécies nas

unidades amostrais foram: Asteraceae (14 spp), Poaceae e Orchidaceae (8 spp cada), Fabaceae e

Melastomataceae (7 spp cada), Myrtaceae e Verbenaceae (6 spp cada), Cyperaceae, Lauraceae, Rubiaceae

e Euphorbiaceae (4 spp cada). Nos dois ambientes estudados, a família Poaceae se destacou com os

maiores índices de valor de importância (IVI). No ambiente canga couraçada, Vellozia glabra obteve o

maior IVI, e Tibouchina multiflora apresentou maior frequência relativa (FR=100%) sendo encontrada em

todas as unidades amostrais deste ambiente. No ambiente afloramento de itabirito a espécie com maior IVI

foi Lagenocarpus rigidus e Diplusodon buxifolius apresentou maior frequência relativa (FR=100%). As

análises de similaridade revelaram que os ambientes apresentam uma composição florística similares com

formação de 4 grupos distintos entre os ambientes. Os Índices de Diversidade de Shannon-Wiener e Índice

de equitabilidade de Pielou dos ambientes estudados apresentaram valores muito semelhantes. Na análise

integrada dos dois ambientes, constatou-se que a forma de vida predominante foi a fanerófita, porém, as

hemicriptófitas apresentaram altos valores de frequência relativa e de dominância relativa. A análise da

umidade do substrato presente nas unidades amostrais revelou valores baixos, ou seja, baixa capacidade de

retenção de água nos ambientes canga couraçada e afloramento de itabirito. A ocorrência de espécies

exclusivas em cada ambiente, como foi observado, está relacionado aos diferentes hábitats existentes em

função do litotipo do substrato que as suporta. No geral os ambientes canga couraçada e afloramento de

itabirito foram considerados similares quanto à composição florística e distintos quanto à estrutura da

vegetação.

Palavras-chave: Canga couraçada, Afloramento de itabirito, Unidades amostrais.

Page 15: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

xix

Abstract

This study presents the floristic and fitossociologic inventory of an area of a rupestrian ferruginous field

located in Serra de Antônio Pereira, in the south – southeast region of Iron Quadrangle in Ouro Preto,

Minas Gerais. In order to collect data, 15 sample units of 10x10m were limited in each litotype of the

substract studied: canga couraçada and itabirite outcrop. All the sample units have the same profile of NE

azimuth inclination. The field collections went from March, 2007 to October, 2008, and were carried out,

on average, weekly. Collections were restricted to Phanerogamae species found within the sample units

and occasionally in the surrounding areas. 182 species were classified and gathered in 47 families with

102 species within the samples units and 80 species in the surroundings. The families with greater

specific richness in the sample units were: Asteraceae (14 spp), Poaceae and Orchidaceae (8 spp each),

Fabaceae and Melastomataceae (7 spp each), Myrtaceae and Verbenaceae (6 spp each), Cyperaceae,

Lauraceae, Rubiaceae and Euphorbiaceae (4 spp each). In both environments studied, the Poaceae family

stood up with the highest rates of importance value (IV). In the canga couraçada environment, Vellozia

glabra attained the highest IV, and Tibouchina multiflora presented the highest relative frequency

(FR=100%), having been found in every sample unit in this environment. In the itabirite outcrop

environment, the species with highest IV was Lagenocarpus rigidus and Diplusodon buxifolius presented

the highest relative frequency (FR=100%). Similarity analysis revealed that the environments present

similar floristic composition with forming four distinct groups between the environments. The Diversity

rates of Shannon-Wiener and the rate of Equitability of Pielou of the environments studied presented very

similar results. In the integrated analysis of both environments, it was observed that the predominant form

of life was the phanerophyte, however, the hemicryptophyte presented high values of relative frequency

and relative dominance. The analysis of substract humidity present in the sample units showed low

values, that is, low capacity of water retention in the environments of canga couraçada and itabirite

outcrop. The occurrence of exclusive species in each environment, as it was observed, is related to the

different existing habitats according to the litotype of the substract supporting them. In general, the

environments canga couraçada and itabirite outcrops were considered similar concerning the floristic

composition and distinct concerning the vegetation structure.

Key words: Canga Couraçada, itabirite Outcrop, Sample Units.

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 – RELEVÂNCIA E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O Quadrilátero Ferrífero ocupa uma área de cerca de 7.000 Km2 e está inserido no sudeste do

Cráton São Francisco (Alkmim & Marshak, 1998). Durante o período colonial esta área forneceu uma

grande quantidade de ouro e atualmente concentra uma grande riqueza em minério de ferro, ativamente

explorado. A atividade minerária, passado vários ciclos de exploração, ainda mantém-se como a principal

fonte indutora do desenvolvimento econômico nesta região.

O Qfe situa-se na zona limítrofe entre dois hotspots brasileiros, os biomas Mata Atlântica e

Cerrado. Situa-se adjacente ao limite austral da Cadeia do Espinhaço e sua flora distribui-se em diversas

formações vegetais, caracterizadas por um mosaico de influências biogeográficas que evidencia o caráter

ecotonal da região. São encontradas na região do Quadrilátero Ferrífero formações florestais (Floresta

Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila, Matas ripárias), savânicas (Cerrado sensu strictu, campos

sujos, campos limpos) e rupestres (Campo Rupestre sobre Quartzito, Campo Rupestre sobre Canga e, mais

raramente, Campos sobre afloramento granítico) (Viana, 2008), sendo reconhecida como uma das regiões

de maior diversidade florística da América do Sul (Giulietti et al., 1997; Harley, 1995) com mais de 30%

de endemismo em sua flora Giulietti et al. (1987) apud Jacobi & Carmo (2008). A região, portanto, conta

com extrema diversidade florística, incluindo diversas espécies endêmicas, ameaçadas de extinção e de

potencial uso, como medicinais, ornamentais e alimentícias (Viana, 2008),

A investigação botânica na região do Quadrilátero Ferrífero começou no início do século XIX.

Naturalistas que passaram pela região realizaram memorável esforço de campo, que subsidiou a mais

importante obra sobre a flora brasileira, a Flora Brasiliensis, coordenada pelo botânico alemão Carl F. P.

Von Martius. Nesta época, importantes coletas foram realizadas nos arredores de Ouro Preto, Sabará e em

serras distintas, como Serra da Piedade e Serra da Moeda. Grande parte das espécies que ocorrem em

campos rupestres sobre canga foi descrita com base em material coletado por estes naturalistas, podendo

ser citados Carl Friedrich Philipp Von Martius, Ludwig Riedel, Auguste Saint Hilaire, Georg Heinrich

Von Langsdorff, Friedrich Sellow, George Gardner e Auguste François Marie Glaziou (Viana, 2008).

Os diversos interesses de uso e ocupação de solo deveriam, naturalmente, tender à busca do

desenvolvimento integrado, sustentado em bases econômicas, ecológicas e sociais. A explotação de

minério de ferro a céu aberto é reconhecidamente uma das atividades humanas que possuem alto potencial

de degradação e poluição ambiental, devido à contundência das intervenções necessárias à exploração

deste recurso (CEMA, 1996 apud Teixeira, 1997).

Page 17: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

2

No aspecto legal, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 exige a recuperação

do meio ambiente degradado pela exploração de recursos naturais. O artigo 2250 da Constituição, no seu

parágrafo segundo, é claro e específico quando estabelece que “Aquele que explorar recursos minerais fica

obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão

competente, na forma da lei” (Brasil, 1990).

A obrigação fundamental imposta aos titulares de concessões de lavra no Brasil, com relação ao

fechamento da mina é que eles promovam a reabilitação das áreas impactadas pela atividade da mineração

de acordo com um Plano de Recuperação de Áreas degradadas (PRAD), previamente elaborado e

aprovado pelo órgão governamental competente (Lima et al., 2006). Em Minas Gerais, o Conselho de

Política Ambiental (COPAM), de acordo com a Deliberação Normativa COPAM N0 127 de 27 de

novembro de 2008, delibera em seu Art 10 inciso X, que o processo de reabilitação ambiental da mina

deve ser feito ao longo da vida do empreendimento, a fim de garantir à área impactada uma condição

estável.

A recuperação de áreas degradadas pela mineração no Brasil vem sendo conduzida por práticas de

hidrossemeadura (Demunno, 1979; Griffith, 1980; Fonseca, 1981; Ramos, 1984; Teixeira, 1992 apud

Teixeira, 1997) e plantio direto no campo de árvores e gramíneas, podendo a área ter adubação e/ou

recapeamento com solos e substratos melhorados, em ambos os casos com emprego, em grande parte, de

recursos biológicos exóticos, prioritariamente gramíneas e leguminosas. No entanto, as pesquisas com o

intuito de obter métodos que auxiliem na recomposição vegetal, principalmente objetivando a utilização

de material genético local, são escassas e iniciaram-se em fins da década de 70 (Teixeira, 1997).

O entendimento de como as comunidades naturais se regeneram após perturbações antrópicas ou

naturais torna-se cada vez mais relevante devido ao aumento da degradação ambiental (Castellani &

Stubblebine, 1993 apud Teixeira, 1997). As espécies vegetais que colonizam naturalmente as áreas

mineradas podem apresentar populações tolerantes a esses distúrbios, donde a sua recomendação para a

recuperação destas áreas (Gregory & Bradshaw, 1965; Smith & Bradshaw, 1970; Griffith & Cândido,

1981; Barth, 1989 apud Teixeira, 1997). Tanto quanto a identificação destas espécies é importante estudar

o seu padrão de distribuição em áreas mineradas (Whitmore, 1989 apud Teixeira, 1997). Em campos

ferruginosos ou campos rupestres sobre canga no Quadrilátero Ferrífero, este mecanismo ainda não é

definido.

Os campos rupestres sobre canga constituem um ambiente caracteristicamente adverso ao

estabelecimento de plantas (Vincent et al., 2002). Alguns fatores limitantes, como alta incidência solar,

pouca matéria orgânica disponível e solo com altas concentrações de metais pesados (Teixeira & Lemos-

Page 18: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

3

Filho 2002, Vincent et al., 2002) podem ser considerados relevantes na biologia e processo evolutivo de

espécies que ocorrem neste ambiente.

Porto & Silva (1989) e Silva (1991) mencionam baixa diversidade vegetal e ocorrência de

espécies endêmicas em substratos metalíferos. Inventários realizados em formações campestres que

incluem campos rupestres sobre canga no Qfe (Brandão 1982, Brandão & Gavilanes 1990; Brandão et al.,

1991; Grandi et al., 1988) em geral indicam valores de riqueza florística menores que em outras áreas da

Serra do Espinhaço (Giulietti et al. 1987; Harley 1995; Harley & Mayo 1980; Pirani et al., 1994; Pirani et

al., 2003 apud Jacobi et al., 2008)

A grande diversidade geológica e topográfica da região, de fato, é um dos motivos para a

existência de uma riquíssima biodiversidade, que justificou o reconhecimento do Quadrilátero Ferrífero

(Qfe) como uma região de “importância biológica extrema” (Drummond et al., 2005), e sua inserção

dentro da Reserva da Biosfera da Cadeia do Espinhaço pela UNESCO em 2005 (Jacobi, 2008).

Cabe ressaltar o alarmante grau de ameaça a que estão submetidos os campos rupestres sobre

canga do Qfe. A região juntamente com a Serra dos Carajás, no Pará, compreende 98 % das jazidas de

minério de ferro do Brasil, sendo que a maior parte é explorada no Quadrilátero Ferrífero (Brasil, 1978

apud Teixeira, 1997).

O entendimento da relação das espécies de campo ferruginoso com a tipologia física de substrato e

como estas se comportam sobre estes substratos não têm sido explorados cientificamente. Considerando as

experiências práticas de recomposição de áreas mineradas na região do Quadrilátero Ferrífero, o presente

estudo visa contribuir para o conhecimento da composição florística fanerogâmica e sua relação com

diferentes tipos físicos de substrato ferruginoso, com vistas a definir critérios para restauração das áreas a

serem mineradas na região sul-sudeste do Quadrilátero Ferrífero.

Page 19: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

4

1.2 – OBJETIVOS E METAS

Este estudo tem como objetivo geral:

Estudar a composição florística e fitossociológica em diferentes litotipologias de campos

ferruginosos em área de mineração com vistas a definir critérios de recuperação;

Objetivos específicos:

Reconhecer os litotipos do substrato ocorrente na área alvo do estudo, que são a canga couraçada

sensu Rizzini (1979) e o afloramento de itabirito.

Inventário florístico fanerogâmico com circunscrição das famílias botânicas adotadas pelo APG II

(APG, 2003);

Inventário fitossociológico utilizando o Método de Relevè (Mueller–Dombois & Ellenberg, 1974);

Determinar a umidade do substrato ocorrente nas unidades amostrais.

Page 20: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

5

CAPÍTULO 2

ÁREA DE ESTUDO

2.1 – ASPECTOS GEOLÓGICOS

O Quadrilátero Ferrífero (Qfe) é uma área profundamente estudada sob o ponto de vista geológico

e centrada na Latitude 20° 15’ S e Longitude 43° 30’ W. Os limites desta região são definidos por serras

relacionadas a elementos estruturais. O limite norte é definido por estrutura invertida orientada segundo N

70° NE, denominada Serra do Curral; o limite oeste pela aba do sinclinal da Moeda, Serra da Moeda; o sul

pela Serra de Ouro Branco, bloco soerguido por falhamento; finalmente o limite leste, menos preciso,

incluindo parte da porção oeste do anticlinal de Mariana e o Maciço do Caraça (Dorr, 1969).

O Qfe é composto basicamente de três grandes unidades: (1) Complexo granítico-gnaíssico

(embasamento), (2) “greenstone belt” do Arqueano (Supergrupo Rio das velhas) e (3) as seqüências

metassedimentares supracrustais do Proteozóico (Supergrupo Minas). O Supergrupo Minas é uma

seqüência de rochas metassedimentares com pequena contribuição vulcânica, constituída de quartzito,

quartzo-mica-xistos, metaconglomerados, filitos, formações ferríferas bandadas do tipo Lake superior e

rochas carbonáticas (Alkmim & Marshak, 1989).

Com base em ciclos de sedimentação, Dorr (1969) definiu o Supergrupo Minas composto por

cinco grupos: Tamanduá, Caraça, Itabira, Piracicaba e Itacolomy. O grupo Itabira é distinguido do Grupo

Caraça por conter sedimentos essencialmente químicos. Duas formações constituem o Grupo Itabira: A

formação Cauê e a Gandarela. A formação Cauê é a mais importante do ponto de vista econômico, por

conter grandes depósitos de ferro e por apresentar ampla distribuição no Qfe caracteriza-se por três

litotipos, ora intercalados por lentes de filito e rocha carbonática: (1) Itabirito (quartzo, hematita e

magnetita), (2) Itabirito dolomítico (Quartzo, hematita, magnetita e dolomita) e (3) itabirito anfibolítico.

A região do Qfe é uma das mais altas do país e constitui o divisor de duas importantes bacias

hidrográficas: a do rio São Francisco e do rio Doce. Os relevos principais são sustentados por rochas

quartzíticas e ferríferas. As rochas da região mostram-se fortemente intemperizadas, na maioria, até uma

profundidade de 50 m ou mais. Gnaisses e granitos além de rochas cristalinas similares constituem o

substrato da região. Rochas intrusivas máficas e ultramáficas, seus produtos de intemperismo e as três

séries de rochas metassedimentares, hoje referidas como supergrupos, de idade pré-cambriana, integram o

Page 21: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

6

contexto geológico da região. Rochas terciárias e quaternárias ocorrem, mas são de pequena expressão

(Dorr, 1969).

Litologicamente, o Quadrilátero Ferrífero (Figura 01) constitui-se, sobretudo de itabiritos,

dolomitos, filitos, quartzitos ferruginosos, xistos, micaxistos e carapaças ferruginosas, Enquanto os

quartzitos e carapaças ferruginosas são rochas mais resistentes à erosão, os filitos, xistos e micaxistos são

as menos resistentes. Desta forma, a estruturação das camadas controla as principais linhas topográficas,

fazendo com que os limites desta região sejam dominados por elevações com altitudes que variam de

1.200 a 2.000 m (IGA, 1984).

Figura 01 – Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero. No detalhe a região de estudo que

se situa no Supergrupo Minas no qual ocorre a Formação Cauê onde se encontram os itabiritos, rochas

ocorrentes na área estudada (Fonte: Modificado de Alkmim & Marshak, 1998).

Page 22: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

7

A jazida de ferro de Alegria situa-se no leste do Quadrilátero Ferrífero, a norte da cidade

de Mariana, MG, próximo da charneira da estrutura sinformal de Alegria. Os minérios são

representados por itabiritos e hematitas pertencentes à Formação Cauê, porção intermediária do

Grupo Itabira (Supergrupo Minas) de idade paleoproterozóica. Em função de sua composição

mineralógica os itabiritos classificam-se em martíticos, goethíticos, especularíticos, magnetíticos

e anfibolíticos. As hematitas podem ser martíticas ou especularíticas e, mais raramente,

anfibolíticas. Conforme o grau de compacidade os minérios de itabirito e hematita diferenciam-se

em compactos, friáveis e pulverulentos (Hasui et al., 1994; Veríssimo et al., 1998).

Os tipos de itabiritos ocorrentes na área amostrada (Figura 02) são descritos segundo

Resende (2009):

Itabirito martítico: Caracteriza-se pela presença de martita como mineral-minério

predominante, proveniente da alteração da magnetita. A goethita, a especularita e a

magnetita estão presentes em porcentagens inferiores a 15%. O mineral da ganga é

principalmente o quartzo. Esse tipo apresenta coloração cinza escuro fosca, podendo

apresentar intercalações de lâminas avermelhadas (hematita alterada). Usualmente, é

friável, podendo apresentar-se também pulverulento. Está presente em praticamente todas

as áreas de Alegria.

Itabirito anfibolítico: A goethita (pseudomorfa + botrioidal + terrosa) e a martita são os

minerais essenciais dessa rocha e alternam-se na predominância. A especularita e a

martita estão presentes em menor quantidade. O principal mineral de ganga é o quartzo.

Pode apresentar-se friável ou compacta. É um tipo abundante nas três áreas e é

reconhecido pela presença de anfibólios alterados a goethita. Sua coloração típica é

castanha (ocre) acinzentada

Itabirito martítico especularítico: Caracteriza-se pela presença de martita e especularita,

sendo a primeira a mais abundante. Normalmente a goethita está presente em

porcentagens inferiores a 15% e a magnetita está sob a forma de traços. O mineral de

ganga predominante é o quartzo, podendo conter quantidades pequenas de caolinita.

Apresenta coloração variando de cinza a cinza azulada brilhante. É um tipo muito

expressivo na área de Alegria 9, sendo, usualmente, friável.

Page 23: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

8

Figura 02 - Mapa com detalhe dos tipos de rochas ocorrentes em Alegria 7. Notar que na

área onde foram demarcadas as unidades amostrais ocorrem os itabiritos Martítico,

Anfibolítico e o Martítico Especularítico. As cangas não aparecem no mapa, pois ocorrem

sobre os itabiritos.

Page 24: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

9

2.2 – OS CAMPOS FERRUGINOSOS

Campos rupestres são aqueles que se desenvolvem sobre afloramentos rochosos ou sobre solos

primários com diferentes graus de desagregação da rocha, em altitudes superiores a 900 m, podendo

diferir quanto à composição florística de acordo com a natureza geológica do substrato. Localizam-se em

sua maior extensão, na cadeia do Espinhaço (MG), na chapada Diamantina (BA) e em suas disjunções,

sobretudo em Goiás e Mato Grosso. Os solos são pouco profundos, pedregosos ou arenosos, permeados

pelos afloramentos rochosos. A vegetação dos campos rupestres é caracterizada por um estrato

principalmente herbáceo com algumas plantas esparsas de maior porte que cresce sobre ou entre blocos de

rochas aflorantes ou nos solos litólicos.

Os campos ferruginosos são colonizados por plantas adaptadas a ambientes oligotróficos,

especialistas, capazes de tolerar um conjunto de características ambientais limitantes, como solos rasos,

déficit hídrico, baixa fertilidade, alta concentração de ferro oxidado, baixa retenção de água, além de

amplitudes térmicas diárias acentuadas, incidência frequente de fogo, alta exposição solar e ventos

constantes (Vincent, 2004).

Uma vez que o termo campo rupestre vem sendo utilizado particularmente para a vegetação

associada a substratos quartzíticos (Magalhães 1966; Giulietti et al., 1987), é recomendável que se

discrimine o tipo de substrato ao se tratar de outros campos rupestres, como o campo rupestre sobre

substrato granítico e o campo rupestre hematítico ou sobre rocha ferruginosa.

Os campos rupestres hematíticos são denominados vegetação de canga (Secco & Mesquita 1983;

Morellato & Rosa 1991; Silva, 1991). A canga, termo brasileiro para um depósito ferruginoso superficial

composto por minerais derivados de formações ferríferas bandadas, contém um mosaico de ambientes,

entre os quais se destaca a superfície rochosa, fendas e depressões, capões, pequenos lagos temporários e

cavernas (Jacobi et al., 2007). A canga é uma concreção ferruginosa cenozóica composta de fragmentos de

itabirito coluvial ou residual, hematita compacta e, em menor escala, outros materiais, cimentados por

limonita (óxido de ferro hidratado) precipitados na superfície sendo que o teor de ferro da canga varia de

40% a 68% (Pomerene, 1964).

A denominação campo ferruginoso foi utilizada por Rizzini (1979) e recentemente por Vicent et

al (2002). A cobertura vegetal das cangas hematíticas de Minas Gerais foi classificada por Rizzini (1979)

em dois tipos básicos de campos, conforme o grau de agregação do substrato. Quando a canga forma um

lajeado, denomina-se esta feição de campo de canga couraçada, que segundo o autor, predominam neste

campo espécies tais como Lychnophora ericoides (Asteraceae), Microlicia martiniana (Melastomataceae),

Page 25: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

10

Laelia rupestris e Laelia flava (Orchidaceae). Por outro lado quando a canga apresenta-se de forma

fragmentada, tornando o substrato penetrável a cobertura é denominada campo de canga nodular,

dominada por Vellozia (Velloziaceae), Byrsonima (Malpighiaceae) e gramíneas, que propiciam total

cobertura do substrato (Rizzini, 1979). Sobre estágios intermediários de desagregação da rocha, a

cobertura vegetal possui fisionomia própria, com elementos florísticos dos dois tipos extremos, e

apresenta afloramentos rochosos em meio ao substrato nodular (Vincent, 2004).

Neste trabalho optou-se pela denominação de campo ferruginoso, pois esta tem sido utilizada

recentemente por pesquisadores que trabalham com este tipo de ecossistema.

A área de estudo apresenta, segundo a classificação de Rizzini (1979) e Vincent (2004), feições de

campo de canga couraçada e afloramentos de itabirito.

Page 26: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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2.3 - CLIMA

O clima dominante da região é do tipo Cwa de Koeppen, temperado quente, com estação seca de

abril a setembro. A temperatura média anual é de 20°C, e a precipitação média anual varia de 1.300 mm,

na porção leste do Quadrilátero, a 2.100 mm, na porção sul, em Ouro Preto (Herz, 1978).

Dados sobre a pluviosidade da área de estudo foram obtidos na Samarco Mineração S.A, que

possui estações meteorológicas monitorando as áreas de lavra e adjacências. Os dados sobre a

pluviosidade foram repassados pela empresa e estão representados na Figura 03 abaixo e correspondem

aos anos de 2007 e 2008.

Figura 03 – Gráfico com curvas de pluviosidade na Mina de Alegria nos anos de 2007 e 2008. Observa-se que as

chuvas são concentradas entre os meses de outubro a janeiro e o período de seca está compreendido entre os meses de

maio e agosto (Fonte dos dados: Samarco Mineração S.A).

Pluviosidade na Mina de Alegria - 2007 e 2008

0

200

400

600

800

1000

1200

Jan Fev Mar Abr mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMês

Pluv

iosi

dade

(mm

)

20082007

Page 27: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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Analisando as curvas do gráfico acima, observa-se que o período de chuva na região de estudos

está concentrado entre os meses de outubro e março com pluviosidade máxima em dezembro. O período

de seca ocorre entre os meses de maio a agosto. Comparando os dados dos gráficos de 2007 e 2008 e os

dados históricos da região (Herz, 1978) observa-se que no ano de 2007 ocorreram poucas chuvas na

região.

As médias anuais de temperaturas são superiores a 18,5 0C, enquanto que nos meses mais quentes

(janeiro e fevereiro) a média fica em torno de 23,5 0C e nos meses mais frios (junho, julho e agosto) é

aproximadamente 16,4 0C (Roschel, 2000).

A umidade relativa do ar apresenta uma variação muito pequena, possuindo valores que oscilam

de 78,7% a 86,2%, sendo que o menor percentual ocorre no mês de agosto e o maior em dezembro. Os

ventos sopram predominantemente do quadrante leste, são normalmente fracos com velocidades médias

da ordem de 2,6 m/s/ano. Os ventos de N, NW e NE, também ocorrem na região, porém com menor

frequência (Roschel, 2000).

2.4 – BACIA HIDROGRÁFICA

A área de estudo está inserida na Bacia Hidrográfica do rio Doce a qual está situada no sudeste do

Brasil, ocupando uma área de drenagem de 86.400 Km2, dos quais 86% pertencem ao estado de Minas

Gerais e o restante ao Espírito Santo. O rio Doce possui extensão de 853 km e recebe um grande número

de tributários, sendo os mais importantes os rio Santo Antônio, Matipó, Piracicaba e Casca. O rio

Piracicaba, uma importante fonte hídrica de regiões do leste do estado como o Vale do Aço, possui suas

nascentes nas partes altas da Serra de Antônio Pereira, em áreas adjacentes a Alegria 7, próximo à área do

presente estudo. Na Figura 04 abaixo tem-se o detalhe da localização das nascentes do rio Piracicaba as

quais abrangem parte da região de estudo.

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Figura 04 – Imagem de satélite da bacia do rio Doce com detalhe da região das nascentes do rio

Piracicaba e área de estudo (Fonte: Modificado de Projetos Águas do rio Doce).

Alegria 7.

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2.5 – VEGETAÇÃO

A fitofisionomia predominante na Alegria 7 são os campos ferruginosos sobre canga couraçada e

sobre afloramento de itabirito. Esta vegetação é caracterizada por uma vegetação baixa com presença

marcante de espécies com hábito de crescimento herbáceo e arbustivo. A canga couraçada desta área

apresenta espécies epilíticas, rupícolas, terrestres e poucas epífitas, entremeadas por arbustos perenifólios

e esclerófilos, formando pequenos capões em áreas com deposição de material de origem coluvionar.

A vegetação possui diversas adaptações a este ambientes diverso como morfo-anatômicas como as

plantas tunicadas com as gemas protegidas por bainhas sobrepostas como as Velloziaceae; gemas

vegetativas sobre o solo ou na superfície do solo, o que lhes permite reduzir a biomassa aérea durante a

estação desfavorável (Silva et al., 1996). Entre as mesmas são comuns ainda, os aspectos xerofíticos como

casca espessa e fissurada, caules tortuosos com deciduidade foliar, folhas coriáceas e presença de

pilosidade. Algumas espécies possuem associadas a características morfológicas como raízes

velamentosas características fisiológicas distintas como o metabolismo CAM (Larcher, 1995 apud Viana

& Lombardi, 2007). Possuem ainda capacidade de tolerar e/ou reter em seus tecidos altos teores de metais

pesados no solo (Teixeira & Lemos-Filho, 1998; Vincent, 2004; Soeltl, 2009). Estas plantas podem

apresentar também ecótipos com nanismo e gigantismo (Porto & Silva, 1989).

Os campos rupestres sobre canga em geral são circundados por florestas estacionais

semideciduais, uma típica formação florestal do bioma Mata Atlântica, ou por extensas áreas savânicas,

com diversas espécies típicas do bioma Cerrado (Viana, 2008). Áreas de transição, com espécies de

Cerrado e Mata Atlântica, são também encontradas na área de estudo e exibem um aspecto de campo sujo.

A área de estudo (Figuras 05 e 06) encontra-se numa região de transição dos domínios

morfoclimáticos de Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual, apresentando matas ciliares do rio

Piracicaba e campos ferruginosos nas quotas mais altas do perfil. A vegetação existente não sofreu

grandes interferências antrópicas, correspondendo, portanto, em sua maior parte pela formação original

ocorrente na região.

Page 30: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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Figura 05 - Vista geral do campo ferruginoso sobre canga couraçada na área de

estudo (Foto: E.S.Ataíde, 2008).

Figura 06 - Vista geral do campo ferruginoso sobre itabirito na área de estudo (Foto: E.S.

Ataíde, 2008).

Page 31: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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2.6 – LOCALIZAÇÃO

O local do presente estudo pertence ao Complexo Minerário da Empresa Samarco Mineração S.A.

Geograficamente a área de estudo, denominada de Alegria 7 na qual será instalada uma mina de mesmo

nome, situa-se em região limítrofe dos municípios de Ouro Preto e Mariana, no distrito de Antônio

Pereira, na região Sul-Sudeste do Qfe. A área de estudo (Figura 07) situa-se nos campos ferruginosos que

são aqueles que se desenvolvem sobre substrato rico em ferro, na forma de concreções de sesquióxido de

ferro (Rizinni, 1979). Esta área possui 225,6 hectares e dista cerca de 120 km de Belo Horizonte. O acesso

é feito pela BR – 040 e em seguida a BR – 356 até o município de Mariana, de onde segue-se pela MG –

129 até a portaria da Samarco Mineração S/A. A Figura 07 abaixo apresenta a localização das unidades

amostrais e os limites da área de estudo.

Page 32: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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Figura 07 – Mapa com localização das unidades amostrais na área de estudo. Observa-se que o

acesso à área de estudo é feito por estradas vicinais e que esta se localiza próxima ao córrego João

Manuel (que divide os municípios de Ouro Preto e Mariana) e da pilha de estéril homônima.

Córrego João Manuel.

Pilha de estéril João Manuel.

Rio Piracicaba.

Page 33: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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2.7 – AMBIENTES ESTUDADOS

A área de estudo foi escolhida seguindo critérios como facilidade de acesso, segurança e

composição geológica e florística de campo ferruginoso. Após analisar mapas fornecidos pela Samarco

Mineração S.A, procedeu-se as visitas de campo.

Foi constatado que a área selecionada apresentava substrato com características como canga

couraçada nas meias vertentes e afloramentos de itabirito nas partes altas do perfil. A área apresenta um

mosaico de ambientes, entre os quais se destacam as superfícies de canga couraçada, afloramentos

rochosos, fendas e pequenos capões de mata. No presente estudo foram selecionadas duas áreas dentro dos

campos ferruginosos descritos acima, baseando-se num exame preliminar de aspectos fisiográficos,

florísticos e estruturais. Estas áreas foram denominadas de ambiente canga couraçada e ambiente

afloramento de itabirito. A área total delimitada foi de 3.000 m2 incluindo os dois ambientes estudados. A

seguir estes ambientes são descritos de acordo com as características fisionômicas.

2.7.1 – Ambiente de canga couraçada (Cc)

Os campos ferruginosos sobre a canga couraçada são predominantes na área de estudo e

apresentam feições distintas. Os campos limpos sobre a canga couraçada são observados com mais

freqüência nas unidades amostrais, onde predominam vegetação herbáceo-arbustiva com presença de

espécies rupícolas e epilíticas.

Em algumas unidades amostrais, observa-se a presença de pequenos capões com predominância do

hábito de crescimento arbustivo. Estas áreas são denominadas como campo sujo sobre canga, onde a

vegetação pode atingir até 3 metros de alturas como os indivíduos de Eremanthus erythropapus

(Asteraceae), Vernonia crotonoides (Asteraceae) e Miconia theizans (Melastomataceae).

2.7.2 – Ambiente de afloramento de itabirito (IT)

Este ambiente ocorre nas partes altas do perfil e é caracterizado pela predominância de vegetação

herbáceo-arbustiva com maioria das espécies epilíticas (que vivem diretamente sobre a rocha), apresenta

alta inclinação e áreas com a rocha exposta, a qual aflora de modo homogêneo. No substrato das unidades

amostrais é possível observar as bandas de sílica e hematita que compõem o itabirito, parâmetro visual que

distingue este ambiente da canga couraçada.

Page 34: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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CAPÍTULO 3

MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – DELINEAMENTO AMOSTRAL

3.1.2 – Marcação e caracterização das unidades amostrais

As unidades amostrais foram alocadas de três a três, formando um polígono de 30 x 10 m,

distantes 50 m um do outro, sendo alocados 05 (cinco) polígonos na canga couraçada e 05 (cinco) nos

afloramentos de itabirito, totalizando 15 (quinze) unidades amostrais de 10 x 10 m e cada litotipologia de

substrato estudado. Todas as unidades amostrais foram alocadas, aleatoriamente, na mesma vertente com

orientação geográfica NE, no mesmo perfil de declividade (Figura 08). Estas unidades amostrais foram

georreferenciadas com GPS (Global Position System), utilizando-se o Datum Sad 69 (South American

Datum) Fuso 23S e unidade em UTM. A inclinação de cada parcela foi determinada utilizando-se uma

bússola/clinômetro com unidade em graus. A Tabela 01 apresenta as coordenadas geográficas e a

inclinação obtidas nos polígonos de 30 x 10 m, os quais formam as unidades amostrais nos dois

ambientes.

Tabela 01 – Coordenadas geográficas e inclinação das unidades amostrais. Coordenadas Polígono Ambiente

X Y Inclinação

1 Canga couraçada 655333 7768414 300

2 Canga couraçada 655337 7768475 300

3 Canga couraçada 655333 7768535 300

4 Canga couraçada 655243 7768364 400

5 Canga couraçada 655253 7768410 400

6 Afloramento de

itabirito 655133 7768400 400

7 Afloramento de

itabirito 655095 7768367 400

8 Afloramento de

itabirito 655067 7768361 400

9 Afloramento de

itabirito 655031 7768398 450

10 Afloramento de

itabirito 655006 7768367 450

Page 35: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

20

Para a determinação do grau de umidade do substrato presente em cada unidade amostral,

procedeu-se com a coleta do substrato presente, no período de seca, sendo este coletado em três pontos

distintos dentro de cada unidade, ensacado e etiquetado. No laboratório de Botânica do Instituto de

Ciências Biológicas da UFOP, as amostras foram separadas em placas de Petri, identificadas e pesadas

com balança de precisão centesimal. Em seguida, as amostras foram secas em estufa a 60 0 C durante 05

dias. Ao final dos 5 dias, as amostras foram novamente pesadas para se obter a diferença e calcular o grau

de umidade.

Page 36: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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Figura 08 - Mapa de relevo da área de estudo com detalhe do perfil de declividade. Notar que os

itabiritos ocorrem nas cotas maiores e as cangas couraçadas nas meias vertentes.

Page 37: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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3.1.3 – Inventário Florístico

O inventário florístico estendeu-se de março de 2007 a outubro de 2008 com incursões semanais a

campo. Todas as espécies férteis ocorrentes nas unidades amostrais foram coletadas. Eventualmente,

coletou-se espécies férteis nas áreas fora das unidades amostrais, denominadas áreas de entorno, as quais

não tiveram área delimitada. As espécies estéreis foram marcadas para posterior coleta e identificação. O

inventário contemplou exclusivamente a flora fanerogâmica da área de estudo. A área total dos dois

ambientes amostrados é de 3.000 m2.

Todo material botânico foi herborizado segundo técnicas convencionais como Fidalgo & Bononi

(1984). As exsicatas com ramos férteis encontram-se depositadas no Herbário José Badini – OUPR, do

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP. As plantas

foram identificadas com auxílio de bibliografia específica, por comparação com exsicatas determinadas do

herbário OUPR e com colaboração de especialistas de outras instituições. A circunscrição das famílias

botânicas adotada é a proposta pelo Angiosperm Phylogeny Group – APG II (APG, 2003). Os nomes

científicos das plantas e dos respectivos autores foram conferidos segundo a base de dados do

Internacional Plant Name Index (www.ipni.org) e do Missouri Botanical Garden (www.tropicos.org).

Elaborou-se uma tabela das espécies por ordem alfabética de família, indicando a ocorrência das

espécies nos ambientes estudados. Para a elaboração desta tabela, utilizou-se somente o material coletado

e identificado dentro das unidades amostrais. As espécies coletadas e identificadas na área de entorno,

foram listadas numa tabela à parte, a qual consta nos apêndices.

Page 38: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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3.2 – Inventário Fitossociológico

A metodologia utilizada para a amostragem fitossociológica foi através do método de Relevè

(Mueller–Dombois & Ellenberg, 1974), a qual consistiu em demarcar Relevès (unidades amostrais) de 10

x 10 m em cada tipo de substrato estudado. Os parâmetros fitossociológicos foram coletados nas 30

unidades amostrais utilizadas no inventário florístico, nas quais foram anotados os seguintes dados:

Nome das espécies;

Valor de cobertura e abundância de projeção dos estratos arbustivo, subarbustivo, e herbáceo (em

%) de cada espécie em relação à área total da unidade amostral pelo método de Braun-Blanquet

(1932), conforme mostra a Tabela 02;

Fotografias e desenhos esquemáticos de situações ou espécies particulares.

Tabela 02: Escala de cobertura e abundância de Braun-Blanquet (1932).

Escala Significado

5 Qualquer número de indivíduos, com cobertura acima de 75%

4 Qualquer número de indivíduos, com cobertura entre 50 e 75%

3 Qualquer número de indivíduos, com cobertura entre 25 e 50%

2 Qualquer número de indivíduos, com cobertura entre 5 e 25%

1 Numerosos indivíduos com menos de 5% de cobertura

+ Poucos indivíduos com pequena cobertura

R Indivíduos solitários com pequena cobertura

Page 39: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

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3.3 - Análise dos dados Fitossociológicos

Para a análise dos dados de campo, foram calculados parâmetros usualmente relacionados em estudos

fitossociológicos, para cada ambiente estudado. Para efetuar estes cálculos foram utilizados os softwares

Excel, Multivariate Statistical Package - MVSP (Kovach, 1999) e o Mata Nativa versão 2.0. Os

parâmetros analisados foram:

a) Frequência

Foram estimados dois parâmetros: a Frequência Absoluta (FAi, que é a probabilidade de se encontrar

pelo menos um indivíduo da espécie em uma unidade amostral; e a Frequência Relativa (FRi, que equivale

à razão entre a frequência absoluta de uma determinada espécie e a somatória das frequências absolutas de

todas as espécies amostradas. Suas fórmulas são:

Freqüência Absoluta (FAi) = (ni/N) x 100

Freqüência Relativa (FRi = (FAi∑FAi x 100 onde,

FAi= Freqüência absoluta da espécie i;

ni= Número de unidades amostrais onde foi encontrada a espécie i;

N= Número total de unidades amostrais;

FRi= Freqüência relativa da espécie i.

b) Dominância

Os parâmetros de Dominância foram calculados a partir dos valores de cobertura e abundância.

Segundo Mueller–Dombois & Ellenberg (1974), é necessária a conversão das classes de cobertura e

abundância que representam intervalos percentuais em valores médios fixos, para que se possa inferir

sobre a dominância de espécies em seu ambiente (Tabela 03).

Tabela 03 - Conversão dos valores de cobertura e abundância. Escala de Braun-Blanquet Cobertura Valor médio de cobertura 5 75 – 100% 87,5% 4 50 – 75% 62,5% 3 25 – 50% 37,5% 2 5 – 25% 15% 1 < 5% 2,5% + < 5% 0,1% R Valor ignorado 0%

Page 40: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

25

Como indicadores de dominância ecológica calculou-se a Dominância Absoluta (DoA), que refere-se

a contribuição de uma determinada espécie na comunidade, que neste trabalho foi determinada pela

porcentagem (%) de projeção de cobertura da espécies dentro das unidades amostrais. Foi também

calculado a Dominância Relativa (DoR), que é a razão entre a Dominância Absoluta de uma espécie e a

soma das dominâncias absolutas de todas as espécies. Suas fórmulas são:

Dominância Absoluta (DoAi) = (∑ CAi/N) x 100;

Dominância Relativa (DoRi) = (DoAi/∑DoAi) x 100 onde,

DoAi= Dominância Absoluta da espécie i;

CA= Valores convertidos de cobertura e abundância da espécie i por unidade amostral;

N= Número total de amostras;

DoRi= Dominância Relativa da espécie i.

c) Importância

Foi calculado o Índice Valor de Importância (IVI), que é a soma dos valores de Frequência Relativa

(FRi) e Dominância Relativa (DoRi). Para ser apresentado em percentagem, o resultado foi dividido por

dois, portanto:

Índice de Valor de Importância (IVI) = (FRi+ DoRi)/2 onde,

IVIi= Índice de valor de importância da espécie i;

FRi= Freqüência relativa da espécie i;

DoRi= Dominância relativa da espécie i.

d) Índice de Shannon-Wiener (Shannon & Weaver, 1963).

Este é o índice de diversidade mais frequentemente usado na ecologia de comunidades. É uma medida

da incerteza em predizer a qual espécie pertencerá um indivíduo escolhido ao acaso na comunidade

estudada. Sua estimativa é:

Page 41: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

26

Índice de Diversidade de Shannon-Wiener (H`) = H’ = - pi x Inpi onde,

Pi= Dominância relativa da espécie i → Pi = DoRi/100;

LnPi= Logaritmo natural de Pi

e) Equitabilidade

Foi calculado para cada ambiente o valor de equitabilidade através do índice de Equitabilidade de

Pielou (1975, 1977), que expressa o H` em relação ao valor máximo de H`. Este índice permite saber o

quanto é equável a distribuição de espécies entre os ambientes, portanto:

J` = H`/ ln S

Onde,

J`= Equitabilidade de Pielou;

H`= Índice de Shannon-Wiener;

S= Número total de espécies amostradas no ambiente;

lnS= Logaritmo natural de S.

f) Similaridade

Foram calculados os valores de similaridade com presença/ausência de espécies entre todas as

unidades amostrais dos dois ambientes estudados. Para isso reuniram-se os dados de presença /ausência

das 30 unidades amostrais numa só matriz binária. Estes valores foram utilizados na análise de

agrupamento para verificar se as unidades amostrais foram grupos distintos, coincidentes ou não nos

ambientes estudados.

Além disso, foram calculados os valores de similaridade entre as espécies com maior frequência

relativa (FR) para cada ambiente. Para o ambiente canga couraçada foram selecionadas as 24 espécies com

maior FR, enquanto que , para o ambiente afloramento de itabirito foram selecionadas 22 espécies com

maior FR. Esta análise visa o agrupamento de espécies que normalmente ocorrem associadas, devido à

preferência por determinado tipo de local ou habitat.

Os dendrogramas foram feitos utilizando-se o Índice de Jaccard e ligação dos grupos por média não

ponderada (UPGMA). O índice de Jaccard faz parte do grupo de coeficientes que excluem casos de dupla

ausência, sendo estes aconselhados por Valentim (2000) para se utilizar em estudos comparativos de

unidades amostrais de vegetação e de comunidades. As análises foram feitas com o uso do software

MVSP (Multivariate Statistics Package).

Page 42: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

27

g) Formas de vida

Com o objetivo de agrupar as diversas características da vegetação e observar suas possíveis

relações com litotipologias ocorrentes nos ambientes, o estudo das formas de vida foi realizado no

ambiente canga couraçada e afloramento de itabirito. O espectro biológico correspondente foi construído

utilizando-se todas as espécies encontradas nas áreas limitadas. A classificação das formas de vida

utilizada neste trabalho segue uma adaptação feita por Muller-Dombois & Ellenberg (1974) das formas

biológicas de Raunkiaer (1934) (Tabela 04). Para a verificação da dependência entre as variáveis

(litotipologia e forma de vida) aplicou-se o teste qui-quadrado com auxílio do software Minitab.

Tabela 04: Classificação das formas de vida de Raunkier.

Forma de vida Características

Fanerófitas Plantas lenhosas com gemas de crescimento situadas

acima de 50 cm do nível do solo

Caméfitas Plantas sublenhosas ou herbáceas com gemas de

crescimento localizadas em até 50 cm do nível do solo

Hemicriptófitas Plantas geralmente herbáceas com as gemas de

crescimento situadas na superfície do solo

Geófitas (criptófitas) Plantas cujo sistema de crescimento se localiza abaixo

da superfície do solo

Terófitas Plantas anuais

Epífitas Plantas que germinam e crescem sobre outras Plantas

Page 43: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

28

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

4.1 - COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

Nos ambientes estudados na Alegria 7, canga couraçada e afloramento de itabirito, o inventário

florístico registrou 182 espécies de angiospermas reunidas em 47 famílias, sendo que destas, 102 espécies

foram inventariadas nas unidades amostrais e 80 espécies foram inventariadas aleatoriamente nas áreas de

entorno (Tabela 10 nos Apêndices). As 102 espécies inventariadas nas unidades amostrais estão reunidas

em 34 famílias abrangendo 81 gêneros, sendo 73 (71,56%) de dicotiledôneas e 29 (28,43%) de

monocotiledôneas. A Tabela 05 abaixo apresenta a listagem das espécies inventariadas nas unidades

amostrais e sua ocorrência nos ambientes.

Page 44: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

29

Tabela 05 - Espécies de plantas fanerógamas inventariadas nas unidades amostrais nos campos ferruginosos da Alegria 7 – Samarco Mineração S.A, com seus ambientes de ocorrência ( Cc= Canga couraçada, IT= Afloramento de itabirito), Número de Herbário (NH) e Formas de Vida (FV), Fan=Fanerófita, Geo=Geófita, Hem=Hemicriptófita, Cam=Caméfita, Ter=Terófita.

Família Espécie Ambiente FV NH Ditassa linearis Mart. IT Cam OUPR 20618

Ditassa mucronata Mart. IT/Cc Cam OUPR 21127 Apocynaceae Mandevila tenuiflora (JC Mikan) Woodson IT Ter OUPR 20731

Anthurium minarum Sakurague & Mayo IT/Cc Geo OUPR 20538

Araceae Philodendron sp Cc Geo OUPR 20770

Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl) Maquire et Al Cc Fan OUPR 21017

Aristolochiaceae Aristolochia saxicola Hoene IT/Cc Hem OUPR 21319

Achyrocline satureioides (Lam.) DC. Cc Fan OUPR 20726 Baccharis punctulata DC. IT/Cc Fan OUPR 21302 Baccharis reticularia DC. IT/Cc Fan OUPR 20721

Dasyphylum sprengelianum Baker IT Fan OUPR 20722 Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish IT/Cc Fan OUPR 20728

Eremanthus incanus Less IT Fan OUPR 20733 Eupatorium sp IT/Cc Fan OUPR 21301

Eupatorium squalidum DC. IT/Cc Fan OUPR 19436 Hololepis pedunculata (DC. Ex Pers.) DC. IT Fan OUPR 19417

Lychnophora pinaster Mart. IT/Cc Fan OUPR 19428 Lychnophora syncephala (Sch. Bip.) Sch. Bip. IT/Cc Fan OUPR 20600

Trichogonia sp IT Fan OUPR 19445 Vernonia crotonoides (DC.) Ship. Bip. IT/Cc Fan OUPR 20727

Asteraceae

Vernonia holocericea Mart. Cc Fan OUPR 20624

Cryptanthus schwackeanus Mez IT/Cc Hem OUPR 21718 Bromeliaceae Dyckia rariflora Schult. F. IT/Cc Hem OUPR 19418

Bulbostylis glaziovii C.B Clarke IT/Cc Hem OUPR 21304

Dicronema sp1 Cc Hem OUPR 21010 Fintelmannia microstachya (Nees ex Arn) H. Pfeiff IT/Cc Hem OUPR 20709 Cyperaceae

Lagenocarpus rigidus (Kunth) Nees. IT/Cc Hem OUPR 20548

Dioscoreaceae Dioscorea filiformes Griseb Cc Hem OUPR 21297

Ericaceae Leucothoe cordifolia Meisn. IT/Cc Fan OUPR 21200

Eriocaulaceae Paepalanthus hilairei Koern Cc Fan OUPR 19440

Croton lobatus L. IT/Cc Fan OUPR 19420 Croton oleioides A.M Werneck & D.Medeiros IT/Cc Fan OUPR 19438

Pera obtusifolia Mull Arg. Cc Fan OUPR 21644 Euphorbiaceae

Sebastiania corniculata Müell. Arg Cc Fan OUPR 20837

Aeschynomene elegans Schelecht. & Cham IT/Cc Ter OUPR 21238 Bauhinia rufa Stend IT/Cc Fan OUPR 21239

Fabaceae

Centrosema coriaceum Benth IT/Cc Cam OUPR 20719

Page 45: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

30

Tabela 5 – Continuação Galactia martii Dc. IT/Cc Cam OUPR 20916

Periandra mediterranea (Vell.) Taub. IT/Cc Fan OUPR 19435 Senna reniformes (G.Don) Irwin & Barneby IT/Cc Fan OUPR 20725

Stylosanthes ruellioides Mart. Cc Cam OUPR 19448

Nematanthus strigillosus (Mart) HE Moore IT Cam OUPR 19449 Gesneriaceae Paliavana sericifolia Benth. IT/Cc Fan OUPR 19439

Iridaceae Neomarica sp IT/Cc Geo OUPR 20850

Lamiaceae Hyptis monticula Mart ex Benth IT Fan OUPR 20917

Cinnanomum erythropus (Nees & Martius) Mez. IT/Cc Fan OUPR 20542

Cinnanomum sellowianum (Ness & Martius). Koestern. Cc Fan OUPR 20688 Nectandra nitidula Ness. Cc Fan OUPR 21658 Lauraceae

Ocotea tristis (Nees) Mez. IT/Cc Fan OUPR 21645

Lythraceae Diplusodon buxifolius Cham. & Schltdl. IT/Cc Fan OUPR 19434

Byrsonima variabilis A.Juss. IT/Cc Fan OUPR 20599 Malpighiaceae Heteropteris campestris Adr. Juss IT/Cc fan OUPR 20716

Cambessedesia pitirofila Cogn. Cc Fan OUPR 21015 Leandra atropurpurea Cogn. IT/Cc Fan OUPR 19413

Miconia coralina Spreng Cc Fan OUPR 21639 Miconia theizans (Bompl) Cogn. Cc Fan OUPR 21640 Microlicia crenulata (DC) Mart. Cc Fan OUPR 20595

Tibouchina alba Cogn. Cc Fan OUPR 21316

Melastomataceae

Tibouchina multiflora Cogn. IT/Cc Fan OUPR 19427

Myrsinaceae Myrcine lancifolia Mart. IT/Cc Fan OUPR 1570

Blepharocalix salicifolius (Kunth) O Berg Cc Fan OUPR 20825 Calyptranthes pteropoda DC. Cc Fan OUPR 21685

Myrcia pulchra (O Berg) Kidersk IT/Cc Fan OUPR 21857 Myrcia splendens (SW) DC Cc Fan OUPR 20996

Myrcia eriocalix D.C Cc Fan OUPR 21289

Myrtaceae

Myrcia venulosa D.C IT/Cc Fan OUPR 20723

Ochnaceae Ouratea semicerrata (Mart et Ness) Engl. Cc Fan OUPR 20592

Acianthera teres (Lindl.) Borba IT/Cc Hem OUPR 20544 Epidendrum martianum Lindl. IT/Cc Hem OUPR 20650

Epidendrum secundum Jacq Cc Hem OUPR 21651 Hoffmannseggella crispata H.G. Jones IT/Cc Hem OUPR 19412

Hoffmannseggella cinnabarina (Bateman ex Lindl.) H. G. Jones IT/Cc Hem OUPR 21657 Oncidim gracile Lindl. IT/Cc Hem OUPR 21318

Oncidium blanchetii Rchb. f. IT/Cc Hem OUPR 21655

Orchidaceae

Sophronitis caulescens (Lindl.) C. Berg & M.W. Chase IT/Cc Hem OUPR 21067

Passifloraceae Passiflora villosa Vell. IT/Cc Cam OUPR 21030

Page 46: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

31

Tabela 5 – Continuação

Phyllanthaceae Phyllanthus klotzchianus Müell. Arg Cc Cam OUPR 20594

Phytolacaceae Microtea tenuiflora Moq. Cc Ter OUPR 21299

Apochloa poliophylla (Renvoize & Zuloaga) Zuloaga & Morrone IT/Cc Hem OUPR 21087 Axonopus laxiflorus (Trin.) Chase IT/Cc Hem OUPR 21086 Axonopus siccus (Nees) Kuhlm. Cc Hem OUPR 20839

Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll IT/Cc Hem OUPR 20819 Panicum pseudisachne Mez IT/Cc Hem OUPR 20834 Panicum wettsteinii Hack. Cc Hem OUPR 20831

Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston IT/Cc Hem OUPR 21084

Poaceae

Schizachyrium tenerum Nees. IT/Cc Hem OUPR 21077

Polygonaceae Coccoloba acrostichoides Cham. IT/Cc Fan OUPR 21293

Alibertia rotunda (Cham) K. Schum. IT/Cc Fan OUPR 21240 Declieuxia fruticosa (Wild) Kuntze. Cc Fan OUPR 19426

Psylocarpus laricoides Mart. Ex Mart & Zucc IT/Cc Cam OUPR 19456 Rubiaceae

Remijia ferruginea DC. Cc Fan OUPR 21642

Sapindaceae Matayba marginata Radlk. IT Fan OUPR 21036

Styracaceae Styrax camporum Pohl. Cc Fan OUPR 21295

Vellozia glabra J.Mikan. IT/Cc Fan OUPR 21294 Velloziaceae Vellozia graminea Pohl Cc Hem OUPR 19454

Aegiphylla sp Cc Fan OUPR 20853

Lantana fucata Lindley IT/Cc Fan OUPR 21315 Lantana trifolia L. Cc Fan OUPR 20876

Lippia glandulosa Schauer IT/Cc Fan OUPR 20720 Lippia hermanioides Cham. IT/Cc Fan OUPR 19458

Verbenaceae

Stachytarpheta glabra Cham. IT/Cc Fan OUPR 19431

Vochysiaceae Vochysia emarginata Vahl Cc Fan OUPR 20912

Considerando toda a amostragem nas unidades amostrais as famílias com maior diversidade de

espécies foram: Asteraceae (14 spp) (13,72%), Orchidaceae e Poaceae (8 spp cada) (7,84%), Fabaceae e

Melastomataceae (7 spp cada) (6,86%), Myrtaceae e Verbenaceae (6 spp cada) (5,88%), Cyperaceae,

Lauraceae, Rubiaceae, e Euphorbiaceae (4 spp cada) (3,92%). A Figura 09 abaixo mostra a representação

gráfica das famílias com maior riqueza de espécies nos ambientes estudados.

Page 47: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

32

Figura 09 - Famílias com maior riqueza de espécies nas unidades amostrais. Notar a maior riqueza das famílias

Asteraceae, Orchidaceae e Poaceae.

Analisando a estrutura da vegetação dos ambientes estudados, segundo a classificação proposta de

Radford et al., (1974), tem-se que 54 espécies possuem o hábito de crescimento arbustivo, 39 espécies

possuem o hábito herbáceo, 9 espécies o hábito subarbustivo e 4 espécies possuem o hábito liana. A

Figura 10 abaixo mostra a proporção do número de espécies e os seus respectivos hábito de crescimento.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

% d

e Es

péci

es

1

Famílias

Asteraceae Orchidaceae Poaceae Melastomataceae Fabaceae Myrtaceae

Verbenaceae Rubiaceae Lauraceae Cyperaceae Euphorbiaceae

Page 48: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

33

51%37%

8% 4%

Arbusto

Herbáceo

Subarbusto

Liana

Figura 10 – Representação gráfica com percentual de espécies por hábito de crescimento

onde se observa a predominância do hábito arbustivo nas unidades amostrais.

As figuras 11 e 12 abaixo mostram os gráficos com os números acumulados de espécies novas ou

curva de suficiência amostral. As curvas inicialmente apresentam um crescimento devido ao aumento de

espécies novas amostradas a cada unidade amostral e em seguida tende a uma estabilização, sendo que à

medida que a área amostrada aumenta, poucas espécies novas são adicionadas. Nos gráficos, a curva Sobs

representa os dados observados em campo e a curva Jack 1 representa o estimado. Para gerar estas curvas

foi utilizado o software Estimate versão 7.5.2.

Page 49: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

34

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Número de Unidades Amostrais

Núm

ero

Acu

mul

ado

de E

spéc

ies

Sobs Jack 1

Figura 11 – Curva dos números acumulados de espécies novas a cada unidade amostral de 10 m2 para o ambiente canga couraçada.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Número de Unidades Amostrais

Núm

ero

Acu

mul

ado

de E

spéc

ies

Sobs Jack 1

Figura 12 – Curva dos números acumulados de espécies novas a cada unidade amostral de 10 m2 para o ambiente afloramento de itabirito.

Page 50: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

35

No ambiente canga couraçada foram amostradas 93 espécies, correspondendo a 0,062 espécies por

m2. No ambiente afloramento de itabirito foram amostradas 70 espécies, correspondendo a 0,046 espécies

por m2.

Das 34 famílias inventariadas nos dois ambientes, 8 (23,52%) ocorreram na canga couraçada, 2

(5,88%) ocorreram no afloramento de itabirito e 24 (70,58%) são comuns aos dois ambientes.

A figura 13 abaixo mostra os gráficos com as proporções do número de espécies por famílias nos

ambientes estudados.

Figura 13 – Proporção do número de espécies por famílias nos ambientes estudados. A= ambiente canga couraçada, B= ambiente afloramento de itabirito e C= canga couraçada e afloramento de itabirito.

A B

0

1

2

3

4

5

6

Asterac

eae

Orchida

ceae

Poace

aeFab

acea

eMela

stomata

ceae

Myrtac

eae

Verben

acea

eCyp

erace

aeLa

urace

aeRubia

ceae

Eupho

rbiac

eae

Outras

% d

e Es

péci

es Canga Couraçada

0

2

4

6

8

10

12

Asterac

eae

Orchida

ceae

Poace

aeFab

acea

eMela

stomatace

aeMyrt

acea

eVerb

enac

eae

Cypera

ceae

Laura

ceae

Rubiace

aeEup

horbi

acea

e

Outras

% d

e Es

péci

es Afloramento de itabirito

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Asterace

aeOrch

idace

aePoa

ceae

Fabace

aeMela

stomatace

aeMyrt

aceae

Verben

acea

eCyp

erace

aeLa

urace

aeRubia

ceae

Eupho

rbiac

eae

Outras

% d

e es

péci

es

Canga couraçada e afloramento de itabirito

C

Page 51: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

36

Das 102 espécies inventarias nas unidades amostrais, 34 (33,33%) ocorreram na canga couraçada:

Achyrocline satureioides, Aegiphylla sp, Axonopus siccus, Blepharocalix salicifolius, Calyptranthes

pteropoda, Cambessedesia pitirofila, Cinnanomum sellowianum, Declieuxia fruticosa, Dicronema sp1,

Dioscorea filiformes, Epidendrum secundum, Lantana trifolia, Miconia coralina, Miconia theizans,

Microlicia crenulata, Microtea tenuiflora, Myrcia eriocalix, Myrcia splendens, Nectandra nitidula,

Ouratea semiserrata, Paepalanthus hilairei, Panicum wettsteinii, Pera obtusifolia, Phyllanthus

klotzchianus, Phylodendron sp, Remijia ferruginea, Schefflera morotononi, Sebastiania corniculata,

Stirax comporum, Stylosanthes ruelioides, Tibouchina alba, Vellozia graminea, Vernonia holosericea,

Vochysia emarginata. 9 (8,82%) espécies ocorreram no ambiente afloramento de itabirito: Dasyphyllum

sprengelyanum, Ditassa linearis, Eremanthus incanus, Hololepis pedunculata, Hyptis monticula,

Mandevilla tenuiflora, Matayba marginata, Nematanthus strigillosus, Trichogonia sp. As demais (59 spp)

(57,84%) apresentaram – se de forma generalista e ocorreram nos dois ambientes.

Do total de espécies inventariadas neste estudo, 12 estão registradas na Lista de Espécies

Ameaçadas de Extinção da Fundação Biodiversitas (Drummond et al., 2005). São classificadas como

vulnerável (VU) as seguintes espécies: Ditassa laevis, Lychnophora pinaster, Lychnophora syncephala,

Richterago amplexifolia, Cryptanthus schwackeanus, Chamaecrista mucronata, Paliavana sericifolia,

Sophronitis cinnabarina e Vellozia glabra. Destacam-se as espécies Oncidium gracile, Dyckia rariflora e

Paspalum brachytrichum que estão classificadas como criticamente em perigo (CR), sendo a última citada

por Viana & Filgueiras (2008), como provavelmente endêmica dos campos ferruginosos do Qfe com

registros apenas nas Serras de Capanema e Moeda, além do material tipo proveniente da Serra de Itabirito.

Page 52: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

37

4.2 - Parâmetros fitossociológicos

Os parâmetros fitossociológicos foram calculados para cada ambiente estudado: a canga

couraçada e o afloramento de itabirito. As espécies estão ordenadas nas tabelas em ordem decrescente para

o Índice de Valor de Importância (IVI).

4.2.1 – Ambiente canga couraçada (Cc).

No ambiente canga, das 10 espécies com maior IVI, quatro foram Poaceae, três Cyperaceae, uma

Velloziaceae, uma Polygonaceae e uma Asteraceae. Vellozia glabra apresentou maior IVI (6,37%) e

maior dominância absoluta. Tibouchina multiflora apresentou a maior freqüência relativa (3,39%) sendo

encontrada em todas as unidades amostrais (FA=100%). Axonopus siccus apresentou maior dominância

relativa (11,83%) e se posicionou em segundo lugar com maior IVI (6,03%), mas foi pouco freqüente

(FR=0,23%). As espécies T. multiflora, V. graminea, A. teres, P mediterranea, S. glabra e C. oleioides

apresentaram freqüências relativas altas, mas não foram incluídas dentre as mais importantes, pois

apresentaram baixo valor de dominância. Das 93 espécies amostradas neste ambiente, 22 (23,65%)

apresentaram valores nulos de dominância (DoA=0%) pois foram classificadas como raras (R) de acordo

com o método de Relevè. A Tabela 06 abaixo apresenta os valores dos parâmetros fitossociológicos

obtidos no ambiente canga em ordem decrescente de IVI.

Page 53: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

38

Tabela 06 - Parâmetros fitossociológicos das espécies do ambiente canga couraçada. DoA=Dominância Absoluta, DoR=Dominância Relativa, FA=Freqüência Absoluta, IVI=Índice de Valor de Importância

Espécie DoA% DoR% FA% FR% IVI% Vellozia glabra J.Mikan. 32,50 10,25 73,33 2,48 6,37

Axonopus siccus (Nees) Kuhlm. 37,50 11,83 6,67 0,23 6,03 Fintelmannia microstachya (Nees ex Arn) H. Pfeiff 20,31 6,41 53,33 1,81 4,11

Bulbostylis glaziovii C.B Clarke 17,09 5,39 80,00 2,71 4,05 Apochloa poliophylla (Renvoize & Zuloaga) Zuloaga & Morrone 14,43 4,55 86,67 2,93 3,74

Schizachyrium tenerum Nees. 20,63 6,50 26,67 0,90 3,70 Coccoloba acrostichoides Cham. 17,17 5,41 53,33 1,81 3,61

Lychnophora pinaster Mart. 12,86 4,05 93,33 3,16 3,61 Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll 17,86 5,63 46,67 1,58 3,61 Lagenocarpus rigidus (Kunth) Nees. 14,38 4,53 53,33 1,81 3,17

Tibouchina multiflora Cogn. 6,35 2,00 100,00 3,39 2,69 Axonopus laxiflorus (Trin.) Chase 12,52 3,95 40,00 1,35 2,65

Vellozia graminea Pohl 6,70 2,11 80,00 2,71 2,41 Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston 8,45 2,66 53,33 1,81 2,24

Sophronitis caulescens (Lindl.) C. Berg & M.W. Chase 3,38 1,07 93,33 3,16 2,11 Acianthera teres (Lindl.) Borba 3,78 1,19 86,67 2,93 2,06

Panicum wettsteinii Hack. 10,83 3,42 20,00 0,68 2,05 Myrcia pulchra (O Berg) Kidersk 8,06 2,54 40,00 1,35 1,95

Leandra atropurpurea Cogn. 6,54 2,06 46,67 1,58 1,82 Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish 7,55 2,38 33,33 1,13 1,75

Croton oleioides A.M Werneck & D.Medeiros 1,50 0,47 80,00 2,71 1,59 Stachytarpheta glabra Cham. 0,75 0,24 86,67 2,93 1,59

Periandra mediterranea (Vell.) Taub. 0,75 0,24 80,00 2,71 1,47 Lippia hermanioides Cham. 1,41 0,44 73,33 2,48 1,46

Centrosema coriaceum Benth 2,57 0,81 53,33 1,81 1,31 Baccharis reticularia DC. 0,58 0,18 66,67 2,26 1,22 Dyckia rariflora Schult. F. 1,90 0,60 53,33 1,81 1,20

Bauhinia rufa Stend 0,79 0,25 60,00 2,03 1,14 Aeschynomene elegans Schelecht. & Cham 2,50 0,79 33,33 1,13 0,96

Diplusodon buxifolius Cham. & Schltdl. 0,90 0,28 46,67 1,58 0,93 Paliavana sericifolia Benth. 0,90 0,28 46,67 1,58 0,93

Psylocarpus laricoides Mart. Ex Mart & Zucc 0,10 0,03 53,33 1,81 0,92 Aristolochia saxicola Hoene 0,58 0,18 46,67 1,58 0,88 Lippia glandulosa Schauer 0,90 0,28 40,00 1,35 0,82 Ditassa mucronata Mart. 0,10 0,03 46,67 1,58 0,81

Cryptanthus schwackeanus Mez 2,50 0,79 20,00 0,68 0,73 Oncidium blanchetii Rchb. f. 0,90 0,28 33,33 1,13 0,71 Calyptranthes pteropoda Dc. 0,70 0,22 33,33 1,13 0,67

Ocotea tristis (Nees) Mez. 0,70 0,22 33,33 1,13 0,67 Myrcine lancifolia Mart. 2,50 0,79 13,33 0,45 0,62

Leucothoe cordifolia Meisn. 0,90 0,28 26,67 0,90 0,59 Declieuxia fruticosa (Wild) Kuntze. 0,10 0,03 33,33 1,13 0,58

Hoffmannseggella crispata H.G. Jones 0,10 0,03 33,33 1,13 0,58 Schefflera morototoni (Aubl) Maquire et Al 0,10 0,03 33,33 1,13 0,58

Byrsonima variabilis A.Juss. 1,30 0,41 20,00 0,68 0,54 Cinnanomum sellowianum (Ness & Martius). Koestern. 1,30 0,41 20,00 0,68 0,54

Hoffmannseggella cinnabarina (Bateman ex Lindl.) H. G. Jones 1,30 0,41 20,00 0,68 0,54

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39

Tabela 06 – Continuação Alibertia rotunda (Cham) K. Schum. 0,10 0,03 26,67 0,90 0,47

Myrcia venulosa D.C 0,00 0,00 26,67 0,90 0,45 Microtea tenuiflora Moq. 0,00 0,00 26,67 0,90 0,45

Dicronema sp1 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43 Lantana fucata Lindley 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43

Myrcia splendens (SW) DC 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43 Microlicia crenulata (DC) Mart. 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43

Nectandra nitidula Ness. 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43 Panicum pseudisachne Mez 1,30 0,41 13,33 0,45 0,43

Croton lobatus L. 0,10 0,03 20,00 0,68 0,35 Epidendrum martianum Lindl. 0,10 0,03 20,00 0,68 0,35

Eupatorium sp 0,10 0,03 20,00 0,68 0,35 Myrcia eriocalix D.C 0,10 0,03 20,00 0,68 0,35

Miconia coralina Spreng 0,10 0,03 20,00 0,68 0,35 Anthurium minarum Sakurague & Mayo 0,00 0,00 20,00 0,68 0,34

Remijia ferruginea DC. 0,00 0,00 20,00 0,68 0,34 Baccharis punctulata DC. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24

Blepharocalix salicifolius (Kunth) o Berg 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24 Dioscorea filiformes Griseb 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24 Epidendrum secundum Jacq 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24

Galactia martii Dc. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24 Heteropteris campestris Adr. Juss 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24

Lantana trifolia L. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24 Miconia theizans (Bompl) Cogn. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24

Stylosanthes ruellioides Mart. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24 Vernonia crotonoides (DC.) Ship. Bip. 0,10 0,03 13,33 0,45 0,24

Oncidim gracile Lindl. 0,00 0,00 13,33 0,45 0,23 Philodendron sp 0,00 0,00 13,33 0,45 0,23

Styrax camporum Pohl. 0,00 0,00 13,33 0,45 0,23 Neomarica sp 0,00 0,00 13,33 0,45 0,23

Vochysia emarginata Vahl 0,00 0,00 13,33 0,45 0,23 Ouratea semicerrata (Mart et Ness) Engl. 0,10 0,03 6,67 0,23 0,13

Vernonia holocericea Mart. 0,10 0,03 6,67 0,23 0,13 Aegiphylla sp 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Achyrocline satureioides (Lam.) DC. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Cambessedesia pitirofila Cogn. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Cinnanomum erythropus (Nees & Martius) Mez. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Eupatorium squalidum DC. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Lychnophora syncephala (Sch. Bip.) Sch. Bip. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Passiflora villosa Vell. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Phyllanthus klotzchianus Müell. Arg 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Paepalanthus hilairei Koern 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Pera obtusifolia Mull Arg. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Senna reniformes (G.Don) Irwin & Barneby 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Sebastiania corniculata Müell. Arg 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11

Tibouchina alba Cogn. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,11 Somatório 317,12 100 2953,33 100 100

Page 55: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

40

4.2.2 – Ambiente afloramento de itabirito (IT).

No ambiente afloramento de itabirito, das 10 espécies com maior IVI, três foram Poaceae, uma

Orchidaceae, uma Velloziaceae, duas Fabaceae, uma Euphorbiaceae, uma Melastomataceae e uma

Cyperaceae. A espécie com maior IVI (7,76%) foi Lagenocarpus rigidus a qual obteve a segunda maior

freqüência relativa (FR=3,23%) e os maiores valores de dominância (DoA e DoR). As espécies Lippia

hermanioides e Diplusodon buxifolius apresentaram baixos IVI não sendo classificadas entre as dez mais

importantes devido à baixa dominância destas, mas apresentaram alta freqüência, onde D. buxifolius

ocorreu em todas as unidades amostrais (FA=100%). Tibouchina multiflora apresentou o oitavo maior IVI

devido à sua baixa dominância no ambiente (DoR=8,36%) e Vellozia glabra apresentou o segundo maior

IVI ( IVI=6,44%), porém estas espécies apresentaram os maiores valores de freqüência relativa

(FR=3,46%) sendo amostradas em todas as unidades (FA=100%). Das 70 espécies amostradas neste

ambiente, 18 (25,71%) foram classificadas como raras (R) e obtiveram valores nulos de dominância

(DoA= 0%). A Tabela 07 abaixo apresenta os valores dos parâmetros fitossociológicos obtidos no

ambiente rocha em ordem decrescente de IVI.

Page 56: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

41

Tabela 07 - Parâmetros Fitossociológicos das espécies do ambiente afloramento de itabirito. DoA=Dominância Absoluta, DoR=Dominância Relativa, FA=Freqüência Absoluta, IVI=Índice de Valor de Importância.

Espécie DoA% DoR% FA% FR% IVI% Lagenocarpus rigidus (Kunth) Nees. 35,71 12,30 93,33 3,23 7,76

Vellozia glabra J.Mikan. 27,33 9,42 100,00 3,46 6,44 Apochloa poliophylla (Renvoize & Zuloaga) Zuloaga & Morrone 15,01 5,17 93,33 3,23 4,20

Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston 14,83 5,11 86,67 3,00 4,05 Centrosema coriaceum Benth 14,18 4,88 86,67 3,00 3,94

Axonopus laxiflorus (Trin.) Chase 17,53 6,04 40,00 1,38 3,71 Galactia martii Dc. 17,00 5,86 33,33 1,15 3,50

Tibouchina multiflora Cogn. 8,36 2,88 100,00 3,46 3,17 Croton oleioides A.M Werneck & D.Medeiros 9,13 3,14 86,67 3,00 3,07

Acianthera teres (Lindl.) Borba 8,66 2,98 73,33 2,53 2,76 Sophronitis caulescens (Lindl.) C. Berg & M.W. Chase 9,03 3,11 66,67 2,30 2,71

Cryptanthus schwackeanus Mez 15,00 5,17 6,67 0,23 2,70 Fintelmannia microstachya (Nees ex Arn) H. Pfeiff 15,00 5,17 6,67 0,23 2,70

Lippia hermanioides Cham. 5,24 1,81 93,33 3,23 2,52 Coccoloba acrostichoides Cham. 10,05 3,46 40,00 1,38 2,42

Periandra mediterranea (Vell.) Taub. 3,68 1,27 86,67 3,00 2,13 Stachytarpheta glabra Cham. 4,21 1,45 80,00 2,76 2,11 Schizachyrium tenerum Nees. 4,34 1,49 73,33 2,53 2,01

Diplusodon buxifolius Cham. & Schltdl. 1,02 0,35 100,00 3,46 1,90 Baccharis reticularia DC. 2,14 0,74 86,67 3,00 1,87

Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll 8,75 3,01 13,33 0,46 1,74 Leandra atropurpurea Cogn. 3,38 1,17 66,67 2,30 1,73

Bauhinia rufa Stend 6,54 2,25 33,33 1,15 1,70 Epidendrum martianum Lindl. 4,04 1,39 53,33 1,84 1,62

Dyckia rariflora Schult. F. 2,23 0,77 66,67 2,30 1,54 Heteropteris campestris Adr. Juss 3,56 1,23 53,33 1,84 1,53 Bulbostylis glaziovii C.B Clarke 7,55 2,60 13,33 0,46 1,53

Myrcia venulosa D.C 4,43 1,52 40,00 1,38 1,45 Lychnophora pinaster Mart. 5,07 1,75 26,67 0,92 1,33

Psylocarpus laricoides Mart. Ex Mart & Zucc 0,37 0,13 73,33 2,53 1,33 Anthurium minarum Sakurague & Mayo 0,90 0,31 66,67 2,30 1,31

Ocotea tristis (Nees) Mez. 0,90 0,31 66,67 2,30 1,31 Eremanthus incanus Less 0,10 0,03 73,33 2,53 1,28

Paliavana sericifolia Benth. 0,10 0,03 73,33 2,53 1,28 Hoffmannseggella crispata H.G. Jones 1,06 0,37 60,00 2,07 1,22

Aristolochia saxicola Hoene 0,10 0,03 60,00 2,07 1,05 Lippia glandulosa Schauer 0,44 0,15 53,33 1,84 1,00

Hololepis pedunculata (DC. Ex Pers.) DC. 0,70 0,24 46,67 1,61 0,93 Leucothoe cordifolia Meisn. 0,10 0,03 46,67 1,61 0,82

Myrcia pulchra (O Berg) Kidersk 0,10 0,03 46,67 1,61 0,82 Dasyphylum sprengelianum Baker 0,10 0,03 40,00 1,38 0,71

Mandevila tenuiflora (JC Mikan) Woodson 0,10 0,03 33,33 1,15 0,59 Vernonia crotonoides (DC.) Ship. Bip. 1,30 0,45 20,00 0,69 0,57

Baccharis punctulata DC. 0,10 0,03 26,67 0,92 0,48 Eupatorium sp 0,10 0,03 26,67 0,92 0,48

Hoffmannseggella cinnabarina (Bateman ex Lindl.) H. G. Jones 0,00 0,00 26,67 0,92 0,46 Byrsonima variabilis A.Juss. 0,10 0,03 20,00 0,69 0,36

Ditassa linearis Mart. 0,10 0,03 20,00 0,69 0,36 Oncidim gracile Lindl. 0,10 0,03 20,00 0,69 0,36

Page 57: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

42

Tabela 07 - Continuação Senna reniformes (G.Don) Irwin & Barneby 0,10 0,03 20,00 0,69 0,36

Croton lobatus L. 0,00 0,00 20,00 0,69 0,35 Oncidium blanchetii Rchb. f. 0,10 0,03 13,33 0,46 0,25

Passiflora villosa Vell. 0,10 0,03 13,33 0,46 0,25 Lychnophora syncephala (Sch. Bip.) Sch. Bip. 0,00 0,00 13,33 0,46 0,23

Trichogonia sp 0,00 0,00 13,33 0,46 0,23 Panicum pseudisachne Mez 0,10 0,03 6,67 0,23 0,13

Aeschynomene elegans Schelecht. & Cham 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Alibertia rotunda (Cham) K. Schum. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Cinnanomum erythropus (Nees & Martius) Mez. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Ditassa mucronata Mart. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Eupatorium squalidum DC. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Hyptis monticula Mart ex Benth 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Lantana fucata Lindley 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Matayba marginata Radlk. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Myrcine lancifolia Mart. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Nematanthus strigillosus (Mart) HE Moore 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Styrax camporum Pohl. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Tibouchina alba Cogn. 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12

Neomarica sp 0,00 0,00 6,67 0,23 0,12 Somatório 290,28 100 2893,333 100 100

Analisando a freqüência das espécies, obteve-se que algumas espécies apresentaram baixa

freqüência, das 93 espécies amostradas no ambiente canga couraçada, 22 (21,6%) ocorreram em até duas

unidades amostrais. No ambiente afloramento de itabirito, das 70 espécies amostradas, 17 (16,7%)

ocorrem em uma unidade amostral, sendo que neste ambiente a distribuição das frequências das espécies

foi mais uniforme do que na canga couraçada. As Figuras 14 e 15 abaixo mostram os gráficos com a

distribuição de frequência das espécies para cada ambiente estudado.

Page 58: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

43

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Número de unidades amostrais

% d

e es

péci

es

Figura 15 – Curva de distribuição das freqüências das espécies inventariadas no ambiente afloramento de itabirito.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Número de unidades amostrais

% d

e es

péci

es

Figura 14 – Curva de distribuição das freqüências das espécies inventariadas no ambiente canga couraçada.

Page 59: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

44

4.3 - DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE

Os dois ambientes estudados revelaram valores semelhantes de diversidade e equitabilidade. Os

índices de Diversidade de Shannon-Wiener foram muitos próximos sendo no que no ambiente canga

couraçada este índice foi um pouco maior (H´= 3,26 nats/ind) do que no ambiente afloramento de itabirito

(H´= 3,20 nats/ind). Já a Equitabilidade de Pielou (J´) foi maior no ambiente afloramento de itabirito (J´=

0,76). A Tabela 08 mostra os valores de H ́e J ́obtidos nos ambientes estudados.

Tabela 08 - Valores dos índices de diversidade específica e equitabilidade para os ambientes canga couraçada e afloramento de itabirito. H´= Índice de Diversidade de Shannon-Wiener; J´= índice de Equitabilidade de Pielou.

Ambiente H´ J´ Canga couraçada 3,26 0,71

Afloramento de itabirito 3,20 0,76

Page 60: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

45

4.4 – SIMILARIDADE

4.4.1 – Unidades amostrais.

Com relação à análise de similaridade entre as unidades amostrais, o dendrograma obtido (Figura

16) mostra que há formação de 4 grupos distintos, 2 grupos no ambiente canga couraçada e 2 grupos no

afloramento de itabirito. Devido à alta similaridade florística dos ambientes, se observa também a

formação de pares de unidades amostrais com alta similaridade como o par formado pelas unidades IT2 e

IT3, que apresentou similaridade de 68,6 % e o par formado pelas unidades IT4 e IT5 que apresentou

63,2% de similaridade. O par que apresentou maior dissimilaridade foi o das unidades Cc9 e Cc15 (35,3

%).

Figura 16 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 30 unidades amostrais distribuídas nos campos ferruginosos da Alegria 7, utilizando-se o coeficiente de Jaccard e ligação dos grupos por média não ponderada (UPGMA).

Page 61: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

46

4.4.2 – Espécies

Com relação ao ambiente canga couraçada, foi observada a formação de vários grupos de espécies

que ocorreram geralmente associadas nos mesmos hábitats e unidades amostrais (Figura 17). As espécies

T. multiflora e L. pinaster formam o par com maior similaridade (93,3 %), seguido por A. teres e S.

caulescens (92,9 %) e B. glaziovii e V. glabra (91,7 %). S. glabra apresenta similaridade de 83,1 % com o

nó formando pelas espécies T. multiflora, L. pinaster, S. caulescens e A. teres.

Figura 17 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 24 espécies com maior frequência relativa (FR) no ambiente canga couraçada.

Page 62: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

47

No ambiente afloramento de itabirito também foi constatado a formação de vários grupos de

espécies que ocorreram associadas nos mesmos hábitats e unidades amostrais (Figura 18). O grupo

formado pelas espécies D. buxifolius e T. multiflora e V. glabra apresentaram similaridade de 100% e

estas apresentaram frequência (FA) de 100 %, sendo encontradas em todas as unidades amostrais.

Apochloa poliophylla apresenta similaridade de 93,3% com o par formado por D. buxifolius e T.

multiflora. Lagenocarpus rigidus apresenta similaridade de 91,70% com o nó formado pelas espécies D.

buxifolius e T. multiflora.

Lippia hermanioides apresenta similaridade de 90,70% com o nó formado pelo par de espécies L

rigidus, V. glabra, T. multiflora, D. buxifolius e A. poliophylla. B. reticularia e C. oleioides apresentaram

similaridade de 85,7 % sendo que também apresentaram alta frequência nas unidades.

Figura 18 – Dendrograma resultante da análise de similaridade entre as 22 espécies com maior freqüência relativa (FR) no ambiente afloramento de itabirito.

Page 63: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

48

4.5 – FORMAS DE VIDA E ESPECTRO BIOLÓGICO

O espectro biológico da porcentagem de espécies em relação às formas de vida estão presentes nas

Figuras 19, 20 e 21. Na primeira figura é apresentado o espectro considerando os dois ambientes juntos e

na demais o espectro é feito cada ambiente separado. Não houve diferenças significativas entre a

proporção de espécies por forma de vida nos dois ambientes (x2= 88,9; g.l=5 ).

Numa análise integrada dos ambientes observa-se as fanerófitas (56,9%), as hemicriptófitas

(23,5%) e as caméfitas (13,7%) como as formas de vida predominantes.

Analisando as espécies amostradas no ambiente canga couraçada, observa-se que as fanerófitas

são a forma de vida predominante (64,5 %). Porém, neste ambiente, as hemicriptófitas se sobressaíram

entre as mais freqüentes. No ambiente afloramento de itabirito, a forma de vida predominante foi a

fanerófita (62,9%), sendo que as hemicriptófitas também apresentaram altos valores de frequência e

dominância.

As espécies geófitas, terófitas e epífitas apresentaram baixa DoR nos dois ambientes, somando

apenas 6,8% das espécies amostradas.

56,9

22,5

14,7

2,9 2,9 1,00,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

% d

e Es

péci

es

Fan Hem Cam Geo Ter Epi

Formas de Vida

Figura 19 – Gráfico com representação das formas de vida de Raunkier dos ambientes canga couraçada e

afloramento de itabirito. Observa-se que a forma de vida fanerófita é a predominante.

Page 64: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

49

64.5

24.7

5.4 3.2 2.2 1.10.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

% d

e Es

péci

es

Fan Hem Cam Geo Ter Epi

Formas de Vida

Figura 20 – Gráfico com representação das formas de vida de Raunkier das espécies amostradas no ambiente canga

couraçada. Observa-se que a forma de vida fanerófita é a predominante.

62.9

25.7

5.72.9 2.9

0.00.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

% d

e Es

péci

es

Fan Hem Cam Geo Ter Epi

Formas de Vida

Figura 21 – Gráfico com representação das formas de vida de Raunkier das espécies amostradas no ambiente

afloramento de itabirito. Observa-se que a forma de vida fanerófita é a predominante.

A Figura 22 apresenta o espectro biológico da dominância relativa por forma de vida no

ambiente canga couraçada. Apesar da forma de vida fanerófita ser a predominante neste ambiente, as

Page 65: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

50

hemicriptófitas apresentam maior dominância. A Figura 23 mostra o espectro biológico por forma de vida

no ambiente afloramento de itabirito, o qual também apresentou as fanerófitas como forma de vida

predominante e as hemicriptófitas como espécies dominantes.

35,4

62,1

1,6 0 0,8 0,30,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

Dom

inân

cia

Rela

tiva

(DoR

) %

Fan Hem Cam Geo Ter Epi

Formas de Vida

Figura 22 – Espectro biológico da Dominância Relativa por forma de vida no ambiente canga couraçada. Observa-se que a forma de vida Hemicriptófita é a predominante.

27,6

61,2

10,9

0,3 0 00

10

20

30

40

50

60

70

Dom

inân

cia

Rela

tiva

(DoR

) %

Fan Hem Cam Geo Ter Epi

Formas de Vida

Figura 23 – Espectro biológico da Dominância Relativa por forma de vida no ambiente afloramento de itabirito.

Observa-se que a forma de vida Hemicriptófita é a predominante.

Page 66: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

51

4.6 – UMIDADE

A umidade do substrato presente nas unidades amostrais foi calculada após coleta feita em agosto

de 2008, período de seca na região de estudo e os resultados estão apresentados em ordem decrescente dos

valores de percentagem de umidade na Tabela 09.

Analisando os valores de percentagem da umidade do substrato, observa-se que estes valores são

baixos e não apresentam uniformidade na diferença, onde esperava-se que a umidade das unidades

localizadas nas cotas mais inferiores no perfil fossem maior por acumularem água percolada das cotas

mais altas. A unidade amostral com maior percentagem de umidade foi a IT1, localizada no ambiente

afloramento de itabirito, na qual foram amostradas 27 espécies. As unidades amostrais Cc7, a qual ocupa a

50 posição em ordem de maior percentual de umidade e a unidade Cc5 a qual ocupa a 90 posição merecem

destaque pois estas unidades localizam-se nos campos sujos do ambiente canga couraçada onde foi

observado a presença da deposição de material de origem coluvionar, os quais apresentam alta diversidade

de espécies. Na unidade Cc7 foram amostradas 39 espécies e na Cc5, 43 espécies.

Page 67: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

52

Tabela 09 – Cálculo de umidade do substrato ocorrente nas unidades amostrais da área de estudo realizado em 2008. Amostra Peso umido Peso seco Diferença Umidade %

IT1 25,7561 25,3933 0,3628 1,4086 IT11 26,9510 26,6607 0,2903 1,0771 IT12 30,7150 30,4200 0,2950 0,9604 IT15 37,4080 37,0930 0,3150 0,8421 Cc7 26,7879 26,5659 0,2220 0,8287 IT2 27,8349 27,6084 0,2265 0,8137 IT3 36,0459 35,8039 0,2420 0,6714 IT10 42,3714 42,1044 0,2670 0,6301 Cc5 24,2429 24,0905 0,1524 0,6286 IT6 32,2965 32,1110 0,1855 0,5744

Cc11 27,7181 27,5715 0,1466 0,5289 IT13 41,7437 41,5266 0,2171 0,5201 IT5 30,1463 29,9990 0,1473 0,4886 IT14 54,7458 54,4910 0,2548 0,4654 IT7 35,7593 35,5948 0,1645 0,4600 Cc9 26,0744 25,9568 0,1176 0,4510 IT9 35,7964 35,6540 0,1424 0,3978 IT8 43,5784 43,4097 0,1687 0,3871

Cc10 27,6709 27,5660 0,1049 0,3791 Cc8 28,8898 28,7864 0,1034 0,3579 Cc6 22,5240 22,4491 0,0749 0,3325 Cc1 37,2031 37,0795 0,1236 0,3322

Cc14 31,8146 31,7121 0,1025 0,3222 Cc15 32,7977 32,6945 0,1032 0,3147 Cc3 27,2388 27,1598 0,0790 0,2900

Cc13 30,8227 30,7350 0,0877 0,2845 Cc12 31,1059 31,0194 0,0865 0,2781 Cc4 19,7652 19,7137 0,0515 0,2606 Cc2 27,3306 27,2698 0,0608 0,2225 IT4 24,3672 24,3473 0,0199 0,0817

Para melhor interpretação da Tabela 09 acima, na Figura 24 abaixo tem-se o perfil de inclinação

onde foram demarcadas as unidades amostrais nos ambientes estudados na Alegria 7. Situadas nas cotas

maiores estão as unidades do ambiente afloramento de itabirito, representados pela cor preta na Figura 24

abaixo e nas meias vertentes estão as unidades amostrais do ambiente canga couraçada representadas pela

cor azul.

Page 68: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

53

Figura 24 – Perfil de declividade com esquema de distribuição das unidades amostrais nos ambientes estudados. Em preto e nas cotas maiores estão as unidades no ambiente afloramento de itabirito (IT) e em azul nas meias vertentes estão as unidades no ambiente canga couraçada (Cc).

Unidades Amostrais no afloramento de itabirito: IT1, IT2, IT3, IT4, IT5, IT6, IT7, IT8, IT9, IT10, IT11, IT12, IT13, IT14, IT15.

Unidades amostrais na canga couraçada:Cc1, Cc2, Cc3, Cc4, Cc5, Cc6, Cc7, Cc8, Cc9, Cc10, Cc11, Cc12, Cc13, Cc13, Cc14, Cc15.

Page 69: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

54

CAPÍTULO 5

DISCUSSÃO

5.1 – COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

As famílias botânicas com maior diversidade de espécies encontradas neste estudo são também

citadas em outros trabalhos realizados em Campos Ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero como Roschel

(2000); Brandão et al., (1990); Brandão et al., (1994); Brandão et al., (1997); Vincent (2004) e Viana &

Lombardi, (2007). A família Asteraceae, a mais rica em espécies neste estudo, também é citada em outros

trabalhos como Mourão & Stehmann, 2007, como a mais diversa. Silva (1991) cita as famílias Asteraceae,

Orchidaceae, Poaceae, Euphorbiaceae, Rubiaceae, Fabaceae, Myrtaceae e Cyperaceae como famílias com

ampla distribuição geográfica sendo consideradas as maiores famílias botânicas do mundo. Estas foram

reportadas por Goodland & Ferri (1979) como “super representadas no cerrado”. Aqui evidentemente, não

é correto usar a expressão super representadas, mas são bem representadas por espécies características do

tipo de ecossistema em estudo. Deve se considerar que os trabalhos citados, com exceção de Viana &

Lombardi, (2007), seguiram a circunscrição de Cronquist, sendo que no presente estudo segue-se a

circunscrição proposta pelo APG II (APG, 2003).

Nas áreas de canga couraçada analisadas no Parque Estadual Serra do Rola Moça, a família

Asteraceae apresentou forte predomínio quanto ao número de espécies, o que não se confirmou nas áreas

da Serra da Calçada onde Asteraceae e Poaceae tiveram participações semelhantes (Viana, 2002), o que

pode refletir a diferentes graus de desagregação da rocha e/ou diferenças de esforço amostral (Vincent,

2004). Em cangas hematíticas da Serra de Carajás, Poaceae, Cyperaceae, Fabaceae, Myrtaceae e

Rubiaceae apresentaram o maior número de espécies (Silva 1991; Silva et al., 1996).

A espécie Paepalanthus hilairei foi encontrada em uma única unidade amostral localizada em

feição de campo sujo no ambiente canga couraçada, área com deposição de material de origem coluvionar,

formando uma camada de substrato, proporcionando a retenção de água que escoa pelo perfil, além de

propiciar o desenvolvimento do sistema radicular desta espécie. Roschel (2000) ressalta que a família

Eriocaulaceae está geralmente associada a locais onde há acumulo de água e matéria orgânica e onde os

solos são mais arenosos, características também encontradas em locais fora das unidades amostrais,

denominadas áreas de entorno, onde também foi observada a presença desta espécie. Estas áreas são

Page 70: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

55

caracterizadas por apresentarem substrato formado por presença nódulos penetráveis entremeados por

material arenoso, resultante da remoção da cobertura de canga para abertura de vias de acesso.

Outro aspecto notório foi a presença de espécies nativas da família Poaceae, representada neste

estudo por 8 espécies, fato não detectado por Rizzini (1979) ao fazer comentários sobre os campos de

canga couraçada do Qfe, e também por Roschel (2000), que não identificou nenhuma Poaceae nativa na

Estrada da Torre, a qual é adjacente à área onde foi realizado este estudo. Este fato corrobora as

afirmações de Vincent (2004) que diz que os afloramentos ferruginosos possuem significativa

heterogeneidade topográfica sustentando uma comunidade tão diversa e florísticamente distinta.

As Orchidaceae são de significativa importância para a vegetação rupestre, representando de 3,9%

a 5% da flora em alguns levantamentos (Harley, 1995). No presente estudo as espécies de Orchidaceae

representam 7,84% do inventário nas unidades amostrais. Estas espécies possuem hábito herbáceo e são

plantas epilíticas, crescem diretamente sobre a canga ou rocha, formando barreiras para contenção de água

e matéria orgânica formando faixas de substrato, apesar das adaptações morfoanatômicas que estas

espécies possuem como raízes velamentosas e pseudobulbos que exploram a umidade do orvalho

(Giulietti et al., 2000), absorvendo fluidos e bloqueando a perda de vapor d’água.

Alguns endemismos foram registrados na vegetação de campo ferruginoso da Serra dos Carajás,

como Erythroxylum nelson-rosae T. Plowman, Ipomeia cavalcantei D.F Austin, Perama cajazensis J.H

Kirkbr., entre outras espécies (Silva et al., 1996). Para os campos ferruginosos de Minas Gerais os dados

citados ainda são insuficientes, havendo o relato de cinco espécies endêmicas, Calibracoa elegans (Miers)

Stehmann & Semir, Artrhocereus glaziovii NP Taylor & Zappi, Aechmea maculata L.B.Sm., Dyckia

consimilis Mez e D. schwackeana Mez. Entretanto, nenhuma destas foi encontrada na área do presente

estudo. Destas espécies, Dyckia consimilis, Aechmea maculata, Artrhocereus glaziovii são citadas como

espécies endêmicas da canga couraçada (Mourão & Stehmann, 2007). A Fabaceae Mimosa calodendron

(Barneby, 1991) também não ocorre nos campos ferruginosos da Alegria 7 e é citada juntamente com

Vriesea minarum (Versiex, 2005) como possivelmente endêmicas dos campos rupestres sobre canga do

Quadrilátero Ferrífero (Viana & Lombardi, 2007). Outra espécie restrita às cangas do Qfe e à Serra do

Espinhaço e que não ocorre na áreas deste estudo é a Calibrachoa elegans (Miers). Segundo Stehmann

(1999), esta espécie juntamente com C. linoides (Sendtn) Wisjman possui distribuição mais setentrional

do gênero na América do Sul.

Page 71: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

56

5.2 – ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO

5.2.1 - Fitossociologia

No ambiente canga couraçada, as espécies com maior IVI, entre as 10 mais importantes, 4 são da

família Poaceae. De modo geral, estas espécies apresentaram maiores valores de dominância, devido

principalmente ao grande número de indivíduos, já que são ervas de pequeno porte e se reproduzem

clonalmente. Nos resultados dos estudos fitossociológicos de Jacobi et al. (2008), a família Poaceae está

entre as mais importantes, correspondendo a 76% dos indivíduos amostrados. A espécie Lychnophora

pinaster foi a oitava mais importante na canga couraçada, apresentando a maior FR entre as 10 espécies

mais importantes, sendo citada como uma das espécies mais importantes na canga couraçada estudada por

Vincent (2004) no qual Lychnophora pinaster é citada como Lychnophora ericoides. Esta mesma espécie

é citada por Jacobi et al. (2008) com a segunda mais importante. A espécie Acianthera teres ficou em 160

lugar entre as mais importantes sendo que no estudo de Vincent (2004) esta espécie está entre as 10 com

maior IVI. No estudo de Jacobi et al. (2008) está espécie aparece como a oitava mais importante.

No ambiente afloramento de itabirito as Poaceae também se destacaram entre as 10 espécies mais

importantes, sendo a espécie mais importante a Lagenocarpus rigidus, seguido de V. glabra a qual foi

observada em todas as unidades amostrais. As espécies Diplusodon buxifolius e Tibouchina multiflora

foram inventariadas em todas as unidades amostrais (FA=100%). Para o ambiente afloramento de itabirito

as comparações com outros estudos são escassas, pois os trabalhos existentes, até o momento, sobre

fitossociologia de campos ferruginosos são Vincent (2004) e Jacobi et al. (2008). Nestes estudos não

foram abordados a feição de campo ferruginoso constituído por rocha, no caso específico do presente

estudo, o afloramento de itabirito.

Ressalta-se que as comparações feitas com os trabalhos de Vincent (2004) e Jacobi et al. (2008),

levam em conta que no presente estudo foram abordados ambientes diferentes, com substratos que podem

apresentar variação mineralógica distinta dos estudos pelos autores supracitados. Apesar dos ambientes

serem florísticamente similares devido à proximidade, a estrutura da vegetação é diferente devido às

diferenças entre os substratos que os suporta.

Page 72: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

57

5.2.2 - Diversidade e equitabilidade

Os dois ambientes apresentaram valores próximos de índice de Diversidade de Shannon-Wiener

(H´canga couraçada= 3,26 e H´afloramento de itabirito=3,20) e de Equitabilidade de Pielou (J’canga

couraçada= 0,71 e J’afloramento de itabirito= 0,76), apesar de o ambiente canga couraçada ter apresentado

uma maior ocorrência de espécies (32 spp) contra 9 espécies no ambiente afloramento de itabirito. Estes

valores remetem a uma alta similaridade entre os ambientes. Vincent (2004) encontrou alta similaridade

para os ambientes de canga couraçada e nodular na Serra do Rola Moça. Analisando o Índice de

Equitabilidade de Pielou, os valores encontrados são próximos e altos (J’máximo = 1) demonstram que os

ambientes são muito equáveis.

Os índices de Diversidade de Shannon-Wiener e o de Equitabilidade de Pielou foram superiores

aos encontrados por Vincent (2004) nas cangas couraçadas que foi de 2,53 nats/ind e 0,687, isto ocorreu

porque a área amostrada por Vincent (2004) foi de 60 m2, ou seja, uma área bem inferior da amostrada

neste trabalho. No estudo de Jacobi et al (2008) o índice de Shannon-Wiener encontrado foi de 2,45

nats/ind e o de Equitabilidade de Pielou foi de 0,71, para uma área amostral, também, de 60 m2. No

presente estudo, o índice de Shannon-Wiener na canga couraçada foi de 3,26 e o de Equitabilidade de

Pielou na canga foi 0,71 refletindo o predomínio de indivíduos de Vellozia glabra J.Mikan., Axonopus

siccus (Nees) Kuhlm. e Fintelmannia microstachya (Nees ex Arn) H. Pfeiff, sendo que a área amostral de

canga couraçada foi de 1.500 m2, muito superior à área dos estudos supracitados. O fato de obter um

maior Índice de diversidade de Shannon na canga couraçada do presente estudo, demonstra a

peculiaridade e a relação do número de espécies com o tamanho da área amostral e a alta diversidade de

espécies nos campos ferruginosos do Qfe.

As comunidades vegetais sobre afloramentos rochosos geralmente apresentam baixa diversidade

de espécies em comparação com ecossistemas de seu entorno (Rizzini, 1979). Os valores de diversidade

de Shannon obtidos para os dois ambientes foram consideráveis se comparado com o valor encontrado por

Conceição & Giulietti (2002) que, estudando dois platôs em afloramento quartzítico da Chapada

Diamantina na Bahia, encontraram o valor de 2,79 nats/ind numa área total de 640 m2, área bem inferior à

amostrada no presente estudo, que foi de 3.000 m2 para os dois ambientes estudados.

Page 73: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

58

5.2.3 – Similaridade

Os baixos valores de similaridade encontrados entre as unidades amostrais dos dois ambientes,

indicam heterogeneidade ambiental, a qual pode ser ao isolamento entre os ambientes (Burke, 2003) e

também pelas variações climáticas e mineralógicas do substrato ferruginoso (Vilela et al., 2004).

Comparações florísticas entre diferentes afloramentos de um mesmo tipo de substrato geológico têm

mostrado baixa similaridade (Meirelles et al., 1999; Vincent., 2004). Jacobi et al. (2007), em

levantamentos florísticos de duas cangas localizadas no Qfe, uma na Serra do Rola Moça e outra na Serra

da Moeda, distante apenas 32 km entre si, encontraram uma similaridade de plantas vasculares de apenas

27% (Jacobi et al., 2008).

Entretanto, a análise de agrupamento das unidades amostrais a partir da composição florística dos

dois ambientes revelou a formação de grupos distintos em cada ambiente estudado. A baixa similaridade

detectada entre os grupos provavelmente está relacionada ao elevado número de espécies com baixa

frequência.

Analisando o dendrograma formado pelas espécies mais importantes no ambiente canga couraçada

observa-se a formação de grupos de espécies bem relacionados, como as espécies Tibouchina multiflora e

Lychnophora pinaster que formam um par com alta similaridade, pois são as espécies mais freqüentes no

ambiente canga couraçada. A. teres e S. caulescens e B. glaziovii e V. glabra também formaram pares com

alta similaridade, isto porque também são espécies com alta frequência neste ambiente. Segundo Vincent

(2004) as famílias Orchidaceae e Velloziaceae apresentam diversos representantes epilíticos, que crescem

sobre a rocha ou substrato escasso, o que ocorre no ambiente canga couraçada. No ambiente afloramento

de itabirito o dendrograma revelou a formação de grupos de espécies com alta similaridade como D.

buxifolius e T. multiflora as quais foram inventariadas em todas as unidades amostrais.

Os campos rupestres são um mosaico de comunidades vegetais, com características florísticas e

estruturais determinadas pela topografia, declividade, microclima e natureza do substrato (Giulietti &

Pirani 1988; Giulietti et al., 1997 apud Vincent, 2004), os dados aqui mostrados indicam que o mesmo

pode ser aplicado aos campos ferruginosos. Os baixos valores de similaridade entre áreas de vegetação

rupestre sensu lato da cadeia do Espinhaço indicam uma elevada riqueza florística provavelmente

decorrente da heterogeneidade ambiental mencionada (Vincent, 2004).

Page 74: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

59

5.2.4 – Formas de Vida

O espectro biológico integrado aos dois ambientes indica que a forma de vida predominante é de

espécies fanerófitas.

O teste de qui-quadrado de independência demonstrou que o espectro florístico não diferiu do

espectro normal de Raunkiaer. É importante salientar que o espectro normal de Raunkiaer é o resultado de

um procedimento de amostragem no qual 1.000 entidades taxonômicas que foram selecionadas da flora

mundial de tal maneira a representar uma amostra randômica, admitindo-se um clima mundial

homogêneo, cujos resultados para as cinco principais classes foram: fanerófitos 46%, caméfitos 9%,

hemicriptófitos 22%, geófitos 6% e terófitos 13% (Cain 1950 apud Caiafa & Silva, 2005). Segundo este

mesmo autor, se o espectro normal de Raunkiaer representa com acurácia a flora mundial inteira, não é o

que realmente importa, o importante é sua utilidade para ser usado como um padrão para comparações.

A classificação das formas de vida feita por Conceição & Giulietti (2002) em dois trechos de

campo rupestre quartzítico na Chapada Diamantina também revelou a maior proporção de fanerófitas na

área onde apresentava maior extensão de rocha exposta.

Analisando cada ambiente estudado, temos que tanto na canga couraçada quanto no afloramento

de itabirito a forma de vida predominante foi a fanerófita, entretanto as espécies hemicriptófitas

apresentaram maior frequência e dominância nestes ambientes. Isto ocorre devido ao fato de que um dos

melhores mecanismos de proteção contra fogo e dessecação é o posicionamento das gemas junto ao solo

(Coutinho, 1980 apud Lemes, 2009), aspecto caracterizado pela forma de vida hemicriptófita. Durante a

passagem do fogo, as temperaturas no nível do solo são bem inferiores às temperaturas do nível aéreo.

Com isso, mesmo quando a planta é atingida pelo fogo e têm suas partes aéreas queimadas, as gemas não

são perdidas, permitindo a germinação dos indivíduos. Algumas espécies fanerófitas como a Vellozia

glabra possuem outras formas de adaptação ao campo ferruginoso, como o acúmulo de bainhas foliares ao

redor do caule, o que confere uma maior proteção contra fogo e dessecação (Costa, 2005).

Nos campos rupestres as queimadas são bastante frequentes na época seca devido às altas

temperaturas e quase ausência de umidade nas partes aéreas das plantas bem como no substrato. Porém, na

área do presente estudo, não há relatos de incêndios nas últimas décadas haja vista que a empresa

proprietária da área mantem constante monitoramento e prevenção contra incêndios, podendo ser, talvez,

uma explicação para o desenvolvimento e predominância de fanerófitas na área estudada. Outro fator que

pode favorecer a predominância das fanerófitas e a ocorrência de canalículos e cavidade sob a canga, os

quais propiciam um maior desenvolvimento do sistema radicular das espécies.

Page 75: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

60

A única espécie epífita inventariada nas unidades amostrais foi Oncidium blanquetti, encontrada

sobre tronco de uma Vellozia glabra. As espécies geófitas e terófitas apresentaram baixa cobertura nos

dois ambientes, corroborando o estudo de Conceição & Giulietti (2002). As plantas anuais (terófitas)

naturalmente são ausentes em determinados intervalos temporais, e quando estão presentes, realizam seu

ciclo reprodutivo num curo intervalo de tempo e em geral são representadas por espécies de pequeno porte

como Aeschynomene elegans e Microtea tenuiflora, que foram as únicas terófitas inventariadas na área de

estudo. As espécies geófitas possuem órgãos subterrâneos e conseguem sobreviver às intervenções

antrópicas como corte das partes aéreas e passagem de fogo, conseguindo germinar quando o ambiente se

torna novamente propício, as espécies geófitas presentes na área estudada são representantes da família

Araceae, com as espécies Anthurium minarum e Philodendron sp.

5.2.5 – Umidade

A retenção de água no ‘solo” limitada pela impermeabilidade do substrato canga couraçada

associada ao relevo do terreno parece influenciar diretamente na composição florística e na fisionomia da

vegetação. O substrato é uma camada rochosa de minério de ferro parcialmente intemperizada, formando

uma camada impermeável que dificulta a retenção e penetração de água. Por outro lado, o relevo íngrime

permite que nas áreas escarpadas a perda de água pluvial seja rápida, enquanto que nas áreas planas e

semicôncavas esta água pode ficar retida durante a estação chuvosa. A disponibilidade de água no

substrato está relacionado diretamente à estação chuvosa. As espécies que compõem a comunidade são

adaptadas às condições ambientais provenientes destas condições edáficas adversas (Silva et al., 1996).

O período com as maiores volumetrias de chuva na área do presente estudo, ocorre de outubro a

março conforme apresentado no item 2.3. As amostras de substrato foram coletadas em julho, portanto no

meio da estação seca. Este fato é importante, pois sendo a tomada dos dados pontual, seria melhor obtê-los

em época em que se pronuncia a diferença na capacidade de estocagem de água (Teixeira & Lemos-Filho,

1998)

A variação dos níveis de umidade não foram muito expressivas, indicando que os ambientes

possuem pouca capacidade de retenção de água. Segundo Teixeira & Lemos-Filho (1998), o volume de

água disponível para o crescimento do sistema radicular varia de acordo com a friabilidade do substrato.

Levando esta afirmação em conta, dever-se-ia ter obtido valores maiores nas unidades amostrais do

ambiente canga couraçada Cc4, Cc5, CC6 e Cc7, Cc8, Cc9 as quais apresentam deposição de material

coluvionar, formando uma camada espessa de substrato com boa penetrabilidade. Porém o índice de

umidade só foi expressivo nas unidades Cc7 e Cc5. Cabe ressaltar que estas unidades amostrais

apresentaram a maior diversidade de espécies e fisionomia de campo sujo com indivíduos com altura de

até 3 metros.

Page 76: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

61

6 CONCLUSÃO

Os campos ferruginosos da Alegria 7 são similares quanto á composição florística, sendo os

litotipos de substrato, ou as condições edáficas, um fator importante para a restrição da ocorrência de

espécies nos ambientes. Analisando a estrutura da vegetação, baseada na diversidade de espécies e nos

espectros biológicos, os ambientes se mostraram relativamente similares apresentando diferenças pouco

significativas, devido à proximidade entre as unidades amostrais nos dois ambientes.

Os ambientes abordados, canga couraçada e o afloramento de itabirito, são similares quanto à

composição florística e distintos quanto à estrutura da vegetação. O fato de apresentarem espécies que

ocorreram somente em determinado ambiente demonstra a ocorrência de um zoneamento florístico em

função do litotipo do substrato. Os parâmetros quantitativos utilizados mostram que em parte, o mosaico

edáfico condiciona o mosaico vegetacional. Portanto, fatores como a condição topográfica e edáfica,

podem influir na composição florística e nos aspectos quantitativos da vegetação. Os ambientes não

apresentaram diferenças significativas no grau de umidade do substrato, apesar da diferença de inclinação

entre os afloramentos de itabirito, mais íngremes, e as cangas couraçadas localizadas nos platôs e meias

vertentes. Outro ponto a se destacar é a pouca diferença de altitude entre os ambientes, conforme mostra a

Figura 26 no Apêndice B.

Comparando-se a listagem florística dos campos ferruginosos da Alegria 7 com outros inventários

realizados no Quadrilátero Ferrífero remetem a uma alta dissimilaridade e a uma alta heterogeneidade

ambiental, reflexo da heterogeneidade topográfica das cangas devido a uma evolução geomorfologia

peculiar.

A lista de espécies inventariadas nas unidades amostrais é preliminar se considerarmos a alta

diversidade florística e a baixa similaridade entre os campos ferruginosos do Qfe, apontam para a

necessidade de se estudar um maior número de áreas para elaboração de uma lista florísitica completa.

Portanto, recomenda-se outros inventários florísticos e fitossociológicos para aprimorar o conhecimento

sobre este ecossistema tão ameaçado. O estudo florístico qualiquantitativo realizado contribui para a

indicação de espécies com potencial para uso em programas de restauração de áreas degradadas.

Page 77: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

62

Devido à remoção completa da canga couraçada pela atividade minerária, não é possível

recuperar este ambiente, portanto, para os programas de recuperação de áreas degradadas exigidos pela

legislação vigente às mineradoras, recomenda-se o aprimoramento do resgate de espécies de campo

ferruginoso e estudar como estas se comportam ex situ, a fim de entender melhor o seu mecanismo de

adaptação fisiológica in situ, além de constituírem um banco de germoplasma das espécies, principalmente

daquelas ameaçadas de extinção.

Considerando a significativa riqueza de espécies dos campos ferruginosos, a presença de espécies

ameaçadas de extinção e a heterogeneidade florísticas dessas formações e a crescente expansão das

minerações de ferro no Qfe, a adoção de critérios técnicos nos processos de exploração do minério de

ferro e na restauração dos campos ferruginosos, respaldados nos recentes estudos, é de suma importância

para a conservação de remanescentes existentes e para a manutenção da geodiversidade e biodiversidade

da região.

Para estudos futuros, recomenda-se o refinamento de dados sobre a geomorfologia das áreas,

como trabalhar com topografia de superfície como conformador de microhábitats em campos

ferruginosos.

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72

Apêndice A

Tabela 10 – Inventário florístico fanerogâmico das áreas de entorno das unidades amostrais. NH=Número de herbário; FV= Formas de Vida; Fan= Fanerófita; Cam=Caméfita; Geo= Geófita; Ter= Terófita; Hem= Hemicriptófita.

Família Espécie FV NH

Acanthaceae Ruellia Macrantha Lindau Fan OUPR 19460

Ditassa decussata Mart. Fan OUPR 20602 Ditassa laevis Mart. Fan OUPR 19424 Ditassa retusa Mart. Fan OUPR 20546 Apocynaceae

Tassadia sp Fan OUPR 19419

Ilex conocarpa Reissek Fan OUPR 20918 Ilex pseudobuxus Reissek Fan OUPR 20878 Aquifoliaceae

Ilex sp Fan OUPR 20598

Arecaceae Syagrus sp Fan OUPR 19422

Aristolochia c.f gracilis Duch. Cam OUPR 20763 Aristolochia c.f smilacina Duchtr Cam OUPR 20717 Aristolochiaceae

Aristolochia fimbriata Cham & Schltdl. Cam OUPR 20610

Baccharis platipoda Dc. Fan OUPR 21892 Baccharis sp Fan OUPR 20725

Calea clematidea Baker Fan OUPR 19447 Eupatorium adamantium Gardner Fan OUPR 20686

Eupatorium angustissimum Spreng. ex Baker Fan OUPR 20944 Mikania hirsutissima Dc. Cam OUPR 20549

Mikania sp Cam OUPR 20723 Richterago amplexifolia (Gardn.) Kuntze Hem OUPR 20607

Senecio pohlii Sch. Bip. Ex Baker Fan OUPR 19443 Trichogonia hirtiflora (DC). Sch. Bip. Ex Baker Fan OUPR 20718

Trixis divaricata (Kunth) Spreng. Fan OUPR 21014 Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. Fan OUPR 19457

Asteraceae

Vernonia sp Fan OUPR 19415

Begoniaceae Begonia c.f lobata Schott Hem OUPR 22268

Campanulaceae Siphocampylus sp Fan OUPR 19444

Bulbostylis sp Hem OUPR 20714 Cryptangium minarum Boechl. Hem OUPR 20914

Cyperaceae

Dicronema sp2 Hem OUPR 21310

Page 88: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

73

Tabela 10 - Continuação

Rynchospora sp Hem OUPR 21129

Ipomea sp Cam OUPR 19441 Cuscuta racemosa Mart. Cam OUPR 20764 Convolvulaceae

Jaquemontia sp Cam OUPR 20615

Gaylussacia c.f brasiliensis Meisn. Fan OUPR 20767 Gaylussacia c.f montana (Pohl) Sleumer Fan OUPR 20685 Ericaceae

Leucothoe c.f Laxiflora Mart. Fan OUPR 19425

Eriocaulaceae Paepalanthus hilairei Koern Fan OUPR 19440

Fabaceae Chamaecrista mucronata (Spreng) Irwin & Barneby Fan OUPR 19416

Gentianaceae Lisianthus sp Cam OUPR 19453

Iridaceae Sisyrinchium sp Geo OUPR 20757

Hyptis homolophylla Pohl. Fan OUPR 20768 Lamiaceae Hyptis passerina Mart ex Benth Fan OUPR 20966

Lauraceae Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez. Fan OUPR 21013

Loganiaceae Spigelia spartiodes Cham et Schl. Fan OUPR 21296

Hibiscus bifurcatus Cav. Fan OUPR 19446 Hibiscus saddariffa Linn. Fan OUPR 21001

Pavonia montana Garke ex Gurcke Fan OUPR 19452 Malvaceae

Sida spinosa L. Fan OUPR 19442

Malpighiaceae Heteropteris sp Fan OUPR 20982

Lavoisiera bergii Cogn. Fan OUPR 19451 Marcetia fastigiata Cogn. Fan OUPR 20597

Ocisanthera variabilis Triana Fan OUPR 20631 Melastomataceae

Trembleya parviflora Cogn. Fan OUPR 21009

Eugenia nutans O. Berg. Fan OUPR 20817 Eugenia racemulosa O. Berg. Fan OUPR 21001

Myrcia c.f subavenia (O Berg) N. Silveira Fan OUPR 20802 Myrcia amazonica DC. Fan OUPR 21857

Myrcia vautheriana O. Berg. Fan OUPR 21540 Myrcia splendens (Sw) DC Fan OUPR 20996

Myrcia mutabilis (O Berg) N. Silveira Fan OUPR 20992

Myrtaceae

Myrcia detergens Miq. Fan OUPR 20801

Ochnaceae Sauvagesia erecta L. Cam OUPR 20696

Oleaceae Chionanthus filiformes (Vell.) P.S. Green Fan OUPR 21928

Orchidaceae Acianthera ramosa Barb. Rodr. Hem OUPR 21072

Page 89: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

74

Tabela 10 - Continuação

Phyllanthus lathyroides HBK. Cam OUPR 21317 Phyllanthaceae Phyllanthus klotzchianus Müell. Arg Cam OUPR 20594

Andropogon leucostachyus Kunth Hem OUPR 20851

Axonopus pressus (Nees ex Steud.) Parodi Hem OUPR 21088 Andropogon bicornis L. Hem OUPR 21557

Poaceae

Paspalum brachytrichum Hack Hem OUPR 20745

Polygalaceae Polygala oleaefolia St. hil. Fan OUPR 20875

Borreria poaia (A. St. Hil) Dc. Fan OUPR 20756 Borreria sp Fan OUPR 19455

Coccocypselum crassifolium Standl. Fan OUPR 20596 Psychotria pleiocephala Müll. Arg Fan OUPR 20865

Rubiaceae

Psychotria sessilis (Vell) Arg Fan OUPR 20822

Sapindaceae Paullinia carpopodea Camb. Fan OUPR 20730

Solanaceae Solanum refractifolium Sendth. Fan OUPR 19430

Velloziaceae Barbacenia c.f tomentosa Mart. Hem OUPR 21314

Vochysiaceae Vochysia tucanorum Mart. Fan OUPR 19459

Verbenaceae Lippia rubiginosa Shauer Fan OUPR 21038

Xyridaceae Xyris c.f laxifolia Mart. Hem OUPR 19450

Page 90: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

75

Apêndice B

Figura 25 - Mapa hipsômetrico da Alegria 7 com localização das unidades

amostrais na área de estudo. Notar que a variação altitudinal confere uma

heterogeneidade topográfica na área estudada.

Page 91: Zoneamento Floristico - Campo Rupestre Ferruginoso_desprotegido

76

Figura 26 - Mapa com representação de algumas drenagens intermitentes da

Alegria 7. As drenagens observadas na figura são parte das que formam as

cabeceiras do rio Piracicaba.