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panorama da arte rupestre brasileira feito pela autora Madu Gaspar

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MaDu Gaspar

A Arte Rupestre no Brasil

segunda edição

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Sumário

Introdução

Arte nas sociedades simples

Diferentes maneiras de perceber a arte rupestre

Breve histór ico do estudo da arte rupestre no Brasil

Os primeiros artistas

Caracterização e distribuição espacial dos grafismos brasileiros

Estudo dos grafismos através do tempo

Contextualização dos grafismos por associação com vestígios de solo

Conclusão Ref erências e fontes

Sugestões de leitura

 Agradecimentos

Sobre a autora

 

 Ilustrações (entre p.48-49)

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nta o arqueólogo André Prous que a pesquisadora francesa Anette Laming-Emperaire costuer que a arte rupestre parecia o campo mais fácil de ser estudado na arqueologia: o “aficcio

o tem dificuldade em discursar sobre vestígios — tão visíveis sem precisar de escavação, dos que aceitam qualquer interpretação —, mas acrescentava que, na realidade, trata-se d

pítulo mais complexo, e no qual se cometem os maiores erros.

troduçãoque é atualmente o território brasileiro está repleto de testemunhos arqueológicos que guaportantes evidências da história da colonização humana em nosso continente. São os

queológicos com vestígios dos caçadores que iniciaram a ocupação da América do Sunumentais sambaquis do litoral, as inúmeras aldeias de grupos ceramistas dispersas por ts que contêm informações sobre o passado do que é hoje o território brasileiro e a diverstural que foi, passo a passo, aqui se instalando. Um tipo especial de manifestação, em decorseu apelo estético, destaca-se entre as demais. São as pinturas e gravuras que foram feita

redes de grutas, abrigos, blocos, lajes e costões por diferentes grupos sociais, em vários perçadores, pescadores e horticultores deixaram belas marcas de sua presença; já no Brasil Coto os europeus expressaram suas crenças religiosas nesses suportes como os africanos e

scendentes mantiveram a forte tradição existente em seu continente, deixando suas próalações. Mais recentemente, o comércio e a política também divulgaram mensagens nos mrantindo alta visibilidade para seus reclames. Atualmente, no espaço urbano, grupos de jafitam suas marcas e quadrilhas de traficantes assinalam sua presença em muros e prédiosalações que transmitem mensagens pertinentes ao grupo que as realizou e a seus contempor

uitas vezes, esses grafismos fazem referência ao território, às práticas e às condutas de

ores, bem como indicam locais importantes e de forte apelo emocional. O hábito de perpnsagens em pedras e paredões tem longa duração e diferentes significados.

Este livro enfoca os grafismos pré-históricos que, na medida do possível, serão correlacioutros aspectos da vida cotidiana dos grupos que os confeccionaram. Apresentarei, inicialma breve discussão sobre a arte em sociedades ditas “simples”. Depois, um histórico das peslizadas no Brasil. Caracterizarei as principais tradições arqueológicas de grafismos, tan

paço como no tempo, e apresentarei as principais descobertas e os estudos mais interessantes ema.

Arte rupestre não tinha sido, até então, um tema de meu interesse científico, mas sempcinaram a beleza, todo o trabalho envolvido na confecção de sinalações, a diversidadrenidade dessas marcas. Escrevo com a viva lembrança da primeira vez que vi um paineturas. Integrava uma equipe de estagiários do Museu Nacional que realizava prospecçõerior da Bahia, e nenhum de nós havia visto pinturas rupestres. Ao me deparar pela primeirm o lindo painel repleto de figuras em vermelho que configura a “Pedra Escrita”, a reaperou minha imaginação. Não podia imaginar que no Brasil existissem pinturas mais bonitade Lascaux e Altamira e é com prazer que apresento a diversidade e a beleza dos graf

pestres brasileiros.

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arte nas sociedades simples

cientistas sociais, ao pensarem sobre as diferentes sociedades, propõem que elas podemrupadas em dois grandes conjuntos: sociedades simples e complexas. Nas primeiras rticipam do processo de produção, distribuição e consumo de bens, com a divisão socibalho apoiando-se em classes de idade e sexo. Já as sociedades complexas são marcadas porrarquia social que assegura privilégios e deveres para diferentes segmentos. No que se re

odução de arte, caracterizam-se pela dissociação entre o produtor e o consumidor de

ísticos. Tal dissociação não ocorre nas sociedades simples; nelas é possível até mesmo contapresença de certos especialistas, mas não com um corpo de profissionais que produzem prcado e obtêm o seu sustento através dessa prática.

Assim, o domínio da arte nas sociedades consideradas simples está particularmente integrina da comunidade, reforça tradições e tende a estar vinculado ao domínio ritual. A

queólogos chegam a sugerir que “arte” é um termo inadequado, sendo mais pertinente denosinalações pelo termo “grafismo”. Considero “arte rupestre” uma expressão já consagrada de ser mantida, especialmente se tratada no sentido sugerido por André Prous — ao enfatizapalavras “arte” e “artista” têm a mesma raiz latina que “artesão”, sendo arte o conhecimen

ras que permitem realizar uma obra perfeitamente adequada a sua finalidade. É esse o sentidibuo à expressão “arte rupestre”. Assim, o recorte que desenhei para este livro apóia-se na prdição de pesquisa arqueológica brasileira. Ao mesmo tempo que constitui um campo de sabeoblemas e estratégias de pesquisas próprias, que serão aqui abordadas, a arte rupestre mínio integrado aos demais aspectos da vida social do grupo que a produziu.

O estudo de Nancy D. Munn sobre a iconografia dos Walbiri, da Austrália, é um bom exempmo os grafismos rupestres podem estar articulados com outros conjuntos de manifestáficas e integrar a vida social dos grupos que os elaboraram. Os Walbiri representam asbilidades pictográficas em diferentes situações: são desenhos totêmicos feitos durante o rituóprio corpo, em tábuas ou pedras sagradas e desenhos na areia que complementam graficatórias sobre vários acontecimentos. Munn diz que a arte gráfica Walbiri tem sido equivocadaulada de “geométrica” ou “abstrata”, chamando a atenção para suas conexões com nacionadas a ancestrais, nação e sonhos em uma única matriz de idéias. Os ancestrais totêmicoresentados por desenhos gráficos, cada um se associando a uma ou mais formas com experência semântica. Dessa forma, as pinturas não são meramente formas decorativas.

Já os desenhos feitos na areia são parte do discurso no qual experiências são trocadas e evmunicados. Como a conversa entre os Walbiri geralmente ocor re com as pessoas sentadas no

desenho é um complemento da expressão verbal e gestual. São cerca de 12 elementos regularados, sendo que cada um representa um conjunto de significados. Um simples traço de ométrica muito simples pode representar lança, bastão de luta, bastão de cavar, homem, ao ou canguru) ou fogo. Já elementos combinados formam cenas que podem se pass

ampamento, no espaço ritual, fora do acampamento e referem-se à caça, coleta ou procurua, entre outros temas.

Com este exemplo quero enfatizar que as diferentes manifestações de arte rupestre brambém integravam a vida cotidiana dos diferentes grupos pré-históricos que a produziram

tos casos, poderiam ser complementares à fascinante pintura corporal ainda praticad

umas tribos brasileiras. Porém, fundamentalmente, é preciso ressaltar que o grafismo era

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egrante do sistema de comunicação do qual se preservaram apenas as expressões gráficaistiram ao tempo. Trata-se de um domínio em que estão r epresentados sistemas de idéias e dpode apenas aventar a complexidade e diversidade ao contemplar o caso Walbiri.

Gabriela Martin, estudiosa da arte rupestre do nordeste do Brasil, assinala que grafismomuns nos registros rupestres como espirais, círculos radiados e linhas paralelas onduladas pnificar, ao mesmo tempo, dependendo do grupo cultural, símbolos femininos ou mascuesto, o movimento das águas ou a piroga anaconda que transporta a humanidade. Quem poaginar que uma simples linha, considerada em nossa cultura uma das mais simples f

ométricas, pode conter tantos significados? Se por um lado traços simples podem conter vnificados, André Prous ressalta que sinais vistos como simbólicos em algumas interpretaçõe rupestre podem ser simples esquematizações. Um bom exemplo é a figura do triângulo, quetanto um desenho geométrico ou uma simples representação realista. Este é o caso do de

mposto de dois triângulos opostos, feito pelos Bororo, que representa uma realista vértebxe.

Para complicar ainda mais, estudos realizados por André Prous e Alenice Baeta, em lraída de um paredão do sítio arqueológico Santana do Riacho, em Minas Gerais, e analisacroscópio, indicou a existência de muitas pinturas que não podem ser visualizadas nem a olm com o auxílio de fotografia com filme infravermelho. Além disso, não se deve esquegilidade relativa de cada tinta utilizada pelo pintor pré-histórico. Os pigmentos vermelhos fmelhor nas paredes que os mais pastosos, como os amarelos e brancos, e, desta formarelos aparecem geralmente na forma de manchas e podem estar sub-representados. É posda, que tenham sido feitas pinturas com pigmentos vegetais e que desapareceram totalmente c

ssar do tempo. Além do mais, uma série de alterações óticas, que incluem desde efeitos naacionados com a incidência da luz ou mesmo decorrentes da sobreposição de grafismos, moercepção atual da arte rupestre.

É preciso, ainda, levar em conta que a organização dos painéis e até mesmo das figuras qmpõem pode ser o resultado final da intervenção de inúmeros pintores que se sucederam agerações. Prous e Baeta mostraram que cada pintor, ao acrescentar uma figura num p

erpretava as obras anteriores, sua contribuição não sendo inserida como elemento isoladomo uma nova parte de um conjunto preestabelecido. Ao pintar um veado, acima ou ao latro já existente, o artesão podia querer reafirmar ou atualizar o significado do primeiro deentão negá-lo, substituindo o animal. Ainda podia enriquecer o significado original da pri

ntura ao acrescentar, por exemplo, uma corça ao animal preexistente, e com tal atitude evoalidade procriadora, dando um novo significado ao desenho anterior.

Ao contemplarmos um painel pré-histórico, sentimos a tentação de atribuir um sentido global às figuras que o integram, pois é assim que apreciamos as obras de arte produzidas por

ciedade, onde há um distanciamento entre a produção e o consumo de arte. A inauguração deposição de arte é a ritualização do momento de apresentação do produto final. Através dessmos treinados a perceber as obras de arte como a fixação de um único momento, o momene o artista resolve mostrar o seu trabalho. No caso dos grafismos pré-históricos, muitas vezuras são acrescentadas progressivamente aos painéis, afirmando, modificando ou negannificado das figuras preexistentes. Para os pesquisadores de Minas Gerais, acima referidos, á representado atualmente nos abrigos é, na melhor das hipóteses, o estado final da decoraçã

redões rochosos. A arte rupestre está impregnada de todas as marcas decorrentes do tempo

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minou algumas cores, figuras e, eventualmente, acrescentou tonalidades resultantes da açngos e outros agentes naturais.

Arte rupestre consiste em manifestações gráficas realizadas em abrigos, grutas, paredões, bajes feitas através da técnica de pintura e gravura. As gravuras podem ser elaboradas atravoteamento ou incisão; já as pinturas foram realizadas por meio de diversas técnicas: algumasricção de um bloco de pigmento seco e duro na pedra; outras, com o uso de um pincel fehos de árvore; em outros casos, a pintura foi feita com o próprio dedo ou o pigmentnsformado em pó e soprado na rocha.

Ao analisar os grafismos rupestres os pesquisadores costumam fazer uma classificação ioiada na técnica de confecção dos grafismos, opondo principalmente pintura à gravura.ntraponto parece ser pertinente para certas regiões onde só ocorre uma ou outra técnica, o de motivos que só foram representados de uma maneira ou de outra. Numa primeira abordtema, levantamentos sistemáticos desenvolvidos pela equipe de Minas Gerais mostram quuns motivos r epresentados foram utilizadas ambas as técnicas e que gravuras, muitas vezes, enchidas por pintura, o que torna a classificação bastante complicada. Como muitas graão em áreas abertas, bem iluminadas, geralmente perto de águas, picotear ou fazer incisõdra talvez fosse o único recurso para demarcar, de maneira duradoura, locais na paisagem.

Também é bastante variado o tipo de suporte escolhido para os grafismos. Paredões expoão do mar como os existentes na costa de Santa Catarina, paredes de grutas e de abrigos smo rochas isoladas às margens de rio. Alguns artesãos escolheram locais de difícil acesso

ecutar os grafismos; em virtude da altura em que se encontram foi necessária a construçdaimes ou de algum tipo de escada para se ter acesso aos paredões. Alguns grafismos têmibilidade e parecem ter funcionado como uma espécie de marco na paisagem, em outros am feitos em locais de difícil visualização e acesso. Pode-se dizer que foram feitosrmanecerem escondidos e, talvez, fossem locais restritos aos iniciados.

Às vezes, a implantação das pinturas na paisagem pode fornecer um caminho para a interpregrafismo. Este parece ser o caso do que Leila Maria Pacheco e Paulo Tadeu de Albuqu

nominam “sítio cerimonial” do Lajedo da Soledade, em Apodi, Rio Grande do Norteoramento calcáreo com estreitas grutas, galeria longas e baixas, pequenos abrigos sob roc

vinas, alguns grafismos estão escondidos e só foram descobertos porque Paulo Tadebuquerque realizou uma minuciosa busca de inscrições procurando desenhos em locais de desso. Parte da prospecção arqueológica foi realizada com auxílio de espelho para que reentrâpedra pudessem ser inspecionadas. Para Gabriela Martin no Lajedo da Soledade encontra-se

s mais interessantes representações rupestres relacionadas com a observação celeste. Para pe

pequeno abrigo, com cerca de 50cm de altura, e observar as pinturas é preciso rastejar de cmpleta o cenário o fato de as imagens ficarem iluminadas apenas pela luz que atravessfício na rocha situado ao fundo do abrigo. No centro do teto, uma figura radiada apavessada por uma linha sinuosa de grafismos na forma de setas, que percorrem uma trajsde o orifício por onde a luz penetra até se perder no fundo do pequeno abrigo. Psquisadora, toda essa ambientação sugere o registro da trajetória de um astro, provavelmel. Os motivos que decoram a Toca do Cosmo, na Bahia, também levaram Maria Beltnsiderar que ali estão representados fenômenos astronômicos.

No que se refere aos corantes, é possível obter uma série de informações através de anco-químicas de pigmentos. Maria da Conceição Soares Meneses estudou as pinturas rupestr

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rra da Capivara, no Piauí, e estabeleceu a composição química das tintas. A cor vermenstituída de óxido de ferro misturado com uma substância rica em cálcio; a amarela é goetitido de ferro hidratado. A cor branca era feita com duas espécies de tinta, kaolinita e gipsza, por sua vez, é uma mistura natural dos pigmentos vermelho e branco. A coloração

servada na Toca do Veadinho, não existia no momento da realização da pintura: trata-se dgmento preto que, com o passar do tempo, foi recoberto por mineral silificado que alterooração. O preto foi conseguido de duas maneiras: através de carvão vegetal obtido com a qumadeiras ou de carvão animal resultado da queima de ossos. O estudo dos pigmentos negro

si a possibilidade de datação da própria tinta e, por tanto, a possibilidade de estabelecer o peque a pintura foi feita. Seu estudo permite, também, a identificação das espécies animai

am queimadas.

No futuro, poderemos ser surpreendidos pela notícia de que ossos humanos foram queimalizados em pinturas rupestres, costume que não estaria em contradição com os hábitos de givos que habitaram o nosso território. Manipular ossos humanos — cremando, marc

ntando — é um costume antigo e muito bem documentado na pré-história brasileira. Análimentos encontrados na Austrália indicam que a proteína existente no sangue humano foi usa

nfecção de mãos que decoram a Caverna Judds, na Tasmânia.

Existe uma série de procedimentos para a realização dos estudos de arte rupestre. O primedos é a prospecção sistemática para a localização dos sítios arqueológicos; depois o ealhado dos grafismos, que são fotografados com diferentes tipos de filme e geral

calcados com a utilização de plásticos transparentes que recobrem os desenhos. Com canetasdiferentes cores são feitas enormes cópias em tamanho natural dos painéis. Levadas poratório, são minuciosamente estudadas, tentando-se identificar e ordenar as figuras, bem abelecer estilos, motivos, maneiras de representar e de distribuir espacialmente os grafismografia com diferentes tipos de filmes e as filmagens também são oportunas para contextuali

hados.Uma série de estudos detalhados é realizada, tudo dependendo do momento da pesquisa estões colocadas pelos pesquisadores. Datar os grafismos pressupõe encontrar evidênciadiquem o momento de sua confecção — sejam vestígios orgânicos nos pigmentos (dataçãio de métodos físicos), sejam blocos caídos ou pigmentos de corante (datação por meiteriais orgânicos associados). Já o estudo da evolução cronológica busca discernir, nos pa

breposições de figuras para estabelecer a seqüência de elaboração de estilos.

Avaliar a dispersão espacial de determinada maneira de decorar rochas exige prospetemáticas em amplas regiões e a comparação de grafismos estudados por diferentes arqueól

s, dificilmente, uma única equipe de pesquisa consegue realizar trabalhos detalhados em ta coberta por um tipo de pintura ou gravura. Para que os arqueólogos possam compartilhaormações, a comunidade científica investe na elaboração de uma nomenclatura científica

vulgação de técnicas e estratégias de registro da arte rupestre. São etapas distintas do trabalsquisa que vão sendo realizadas e que, passo a passo, permitem construir um quadro de refera a arte rupestre do Brasil.

No que se refere à análise dos grafismos, é preciso considerar que mesmo as primospecções são procedimentos marcados pela orientação teórica adotada pelos pesquisadorqüência de tarefas desenvolvidas no campo que visa estudar da melhor maneira possívafismos é fruto de escolhas teórico-metodológicas que delineiam a produção de conheciment

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Em certo sentido, a própria escolha dos sítios estudados já é permeada pelos pressupricos abraçados pelo pesquisador. Vejamos um exemplo de fácil entendimento. Se o estu

nsidera os grafismos como um sistema de comunicação, uma espécie de linguagem, ao eavuras que têm como tema exclusivamente linhas, pontos e círculos, corre o risco de se pm emaranhado de combinações de figuras e, dificilmente, conseguirá construir uma interpree dê conta da realidade observada. Certamente, seu trabalho será mais interessante se eudando uma região onde as pinturas se caracterizem por cenas complexas com a participaçrios seres humanos e das quais se possa depreender o tipo de atividade ali representado. Q

er que alguns conjuntos de manifestações artísticas são objeto de estudo muito mais instira quem está procurando entender o significado simbólico dos grafismos do que outros conju

iferentes maneiras de perceber a arte rupestre

stintos pressupostos or ientaram os estudos sobre arte rupestre ao longo do tempo. No séculodéia predominante era que esse tipo de arte era resultado do prazer puramente estético do ho-histórico: a arte pela arte. Com a descoberta de grafismos em locais de difícil acesso e de

ta coerência interna aos painéis, ficou evidente o aspecto restrito desse ponto de vista. Já segreflexões encabeçadas pelo abade Henri Breuil (1877-1961) — uma autoridade em areolítico que descobriu inúmeras cavernas e registrou enorme quantidade de grafismos na Ea arte era tratada em termos de magia simpática. Os desenhos de animais teriam sido feitos etivo de controlá-los na vida real. Por exemplo, o que se chamou de magia da caça pressup

e o homem do paleolítico decorava as paredes das cavernas com imagens de animais para, amagia, ser favorecido nas caçadas. A magia da fertilidade também explicava alguns grafismistas teriam feito os desenhos para assegurar a reprodução dos animais e garantir alimenturo. Explicações apoiadas no totemismo também orientavam as interpretações da época,

corrente a elaboração de analogias simplistas com grupo tribais que estavam sendo estudadosólogos. De acordo com esse ponto de vista, os paredões teriam sido decorados pela si

umulação de figuras isoladas, sem planejamento algum.

Em 1940, quatro adolescentes franceses descobriram na Dordogne, região sudoeste da Fraverna de Lascaux, que apresenta um dos mais famosos e espetaculares conjunto de grafismeolítico. Apesar de sua importância para a ciência, não foram feitas escavações nas ncipais da caverna em decorrência de sua adaptação para o turismo, que atrai um grande núvisitantes. Segundo Paul Bahn, é tão intensa a visitação que em 1963 constatou-se um forte imbiental com bactérias atacando as imagens. Para atender ao público, as autoridades decidiram

nstrução de uma réplica denominada Lascaux II, inaugurada em 1983 e que recebe cerca de 30ssoas por ano.

A análise de carvão recuperado em escavação arqueológica indicou que Lascaux foi ocupadta de 15.000 anos APa, e os estudos sugerem que a caverna foi um local de breves v

riódicas para atividades artísticas ou rituais, não havendo indícios de ter sido um local de mocaverna é bastante conhecida pelas pinturas mas, na realidade, a maioria das figuras foi execavés da técnica de gravura. No primeiro salão estão pintados quatro enormes e impression

uros e, em menores dimensões, cavalos e veados. Em uma das galerias ocorre a transiç

ntura para a gravura. No interior da caverna está representada a famosa cena do homembeça de ave e falo ereto acompanhado por bisões e outros animais.

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Artefatos relacionados com a decoração das paredes foram encontrados no interior da m de muitas lamparinas, fragmentos de mineral, alguns com marcas de retirada, e trituram pigmentos. Análises químicas revelaram que os vários minerais eram misturados ou aquera que fossem obtidas diferentes tonalidades.

Com a descoberta de Lascaux e as profundas transformações ocorridas nas ciências sociaacionadas às inovações teór icas do estruturalismo —, constituiu-se uma nova maneira de pergrafismos rupestres. Essa nova abordagem tem suas origens nos trabalhos do lingüista

rdinand de Saussure (1857-1913), cuja teoria revolucionou o entendimento da linguage

nsiderá-la como um sistema de comunicação. A tarefa do lingüista passou a ser descobrir rentes ao ato de falar. Claude Lévi-Strauss, um dos mais importantes teóricos do estrutura

fatizou princípios que estruturam a mente humana numa série de oposições binárias, tais eita/esquerda, dia/noite e cru/cozido, mediante as quais a cultura é criada e pode ser entendira Roland Barthes (1915-80), um teórico da literatura e da semiótica, a cultura humana constitorme código simbólico e os métodos da semiótica seriam o caminho para decifrá-lo. Essarspectiva teór ica teve importante repercussão na maneira de se fazer arqueologia.

De uma perspectiva estrutural, artefatos integram sistemas de signos que comunicam signifo-verbal de uma maneira análoga à linguagem. Sem esmiuçar o tema, pode-se vislumbrar tmpo de reflexão sobre arte rupestre que se abriu em decorrência dessas inovações nas ciêciais. Os painéis passaram a ser vistos como tendo uma organização interna e foram abandointerpretações que se apoiavam em explicações externas aos grupos culturais que executara

afismos. O foco deixou de ser a descrição pormenorizada de figuras isoladas, procurando-sem o conjunto e sua disposição no espaço. A forma não é o único aspecto a ser estudado, pen

ritmo, combinações de técnicas, luminosidade, hierarquia entre grafismos, jogo entre fondo e até a acústica das cavernas é considerada.

André Leroi-Gourhan e Anette Laming-Emperaire, arqueólogos que se tornaram os prin

squisadores de arte rupestre após a morte de Henri Breuil e foram fortemente influenciadoruturalismo, buscaram estabelecer uma ordenação das figuras sem recorrer a analogias simpm grupos tribais e tentaram relacioná-las com o próprio modelo de sociedade que as produzintribuições de Anette Laming-Emperaire são especialmente importantes para nós, já que elate influência na formação de arqueólogos brasileiros.

Na década de 1950, os dois pesquisadores concluíram que as cavernas tinham sido decoradneira sistemática, e não ao acaso. Os grafismos foram tratados como composições indivlizadas em cavernas individuais, e as representações de animais deixaram de ser consideroduções fiéis, sendo interpretadas como símbolos. Estudaram-se as relações entre as figu

am enfocadas as associações entre elementos que se repetiam. Verificou-se que os animaiareciam em maior número e com destaque no painel representavam a dualidade básicdenava a sociedade que os produziu e que esta dualidade era sexual. Para Laming-Emperaivalos correspondiam à mulher e os bovídeos, aos homens. Esta idéia foi estendida aos ométricos) identificados como representações de homem (falo) e de mulher (vulva). Mticas foram feitas a esta corrente interpretativa em virtude do caráter subjetivo das anatísticas realizadas.

Não pretendo aqui esgotar o assunto, apenas ressaltar, como já foi feito por André Prostência de várias correntes teóricas e modismos que se sucedem no tempo. Não cabe aqui

das as perspectivas, apenas mencionar algumas que norteiam a maneira como os grafismo

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udados. Para alguns pesquisadores, os grafismos podem ser explicados através do que se chaqueoastronomia, que pressupõe que grafismos representam fenômenos celestes como parte drelas, cometas e eventos astronômicos. Para outros, as figuras são expressão de vimanísticas decorrentes da ingestão de drogas — supostamente responsáveis por imagens cauos fosfenos correlacionadas às figuras geométricas. Isso não significa que os fenômenos ce

o tenham sido observados e representados — o Lajedo da Soledade, em Apodi, no Rio Granrte, parece ser um bom exemplo de tal prática. Tampouco quero negar o uso de alucinógenopulações nativas, pois esta foi e ainda é uma prática recorrente entre muitos grupos. Porém, t

e caminho interpretativo ao se deparar apenas com círculos ou borrões pode ser uma armae restringe outras possibilidades analíticas.

Como vimos, ao longo do desenvolvimento das ciências sociais prevaleceram diferspectivas de análise da arte rupestre. Cabe ao pesquisador pinçar o que é interessante e comprpo teórico que balize a interpretação do conjunto de grafismos estudado. Simples modssam rapidamente, mas contribuições de correntes teóricas bem fundamentadas são incorpofinitivamente na produção do saber. Muitas das inovações trazidas pelo estruturalismo podemuém do patamar explicativo alcançado pela arqueologia moderna; porém, noções derivadus ensinamentos demonstraram que os grafismos devem ser entendidos a partir das pró

uras representadas e dos arranjos dos painéis, e não recorrendo-se a explicações exógenaa, é equivocado interpretar grafismos antigos produzidos há milênios a partir da experáfica de grupos atuais. Mesmo havendo uma clara filiação cultural, é indispensável levar eminâmica da cultura e as profundas e inevitáveis transformações acarretadas pelo passar do tcaso brasileiro, convém apontar a desestruturação advinda do contato com o europeu e as mdanças daí resultantes.

Da mesma forma, dentre as contribuições definitivas trazidas pela Nova Arqueologvimento que ocorreu na década de 1960 em países de língua inglesa —, destaca-se o estud

pectos espaciais das manifestações arqueológicas. A Nova Arqueologia ou Arqueologia Proce como principal destaque o arqueólogo norte-americano Lewis R. Binford. Um dos postue orientou essa linha de pensamento sustenta que o comportamento humano é altamdronizado e que, portanto, artefatos produzidos pelos homens seguem um padrão no que se s aspectos formais e às suas propriedades espaciais. Por conseguinte, o registro arqueoloduto do comportamento humano) também apresenta forte padronização, revelando-se comssibilidade de estudo da organização social. Na agenda proposta, forte enfoque foi dado à ad

novos métodos e técnicas de investigação, especialmente as abordagens estatísticas ratégia para identificar os padrões.

Essa perspectiva fornece um viés para a análise dos grafismos classificados como geométuito podendo ser dito acerca da distribuição espacial, implantação ambiental, filiação cultumais características desses testemunhos. Este é o caso dos grafismos dos Lajedos de Corumbato Grosso do Sul, cuja uniformidade da composição temática e estrutura sugere que as gravham sido realizadas por um mesmo grupo cultural. Considerando a energia gasta na produçãensos painéis, 510m2 de área o maior deles, fica evidente o trabalho envolvido em sua prodaliando sua distribuição espacial e de outros tipos de testemunhos arqueológicos na re

geriu-se que foram confeccionados pelos construtores dos aterros que ocuparam as gadiças. Os longos sulcos sinuosos ligando grafismos circulares sugerem tratar-s

resentações do ambiente onde se encontram, isto é, um emaranhado de rios, canais e la

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gundo Maribel Girelli, em decorrência das dimensões e de sua implantação ambientalremamente visíveis em áreas abertas. Para a pesquisadora, as formas representadas insihas, passos e ritmos a serem seguidos. Quando vi as enormes transparências feitas em tamural, no laboratório do Instituto Anchietano de Pesquisas, tive a clara sensação de que eservando um mapa. Mas quem garante que não estamos diante da parte gráfica de um mitvolve animais, homens e deslocamentos de espíritos ou seres fantásticos através das águntanal?

Nesse caso, um dos caminhos a seguir é aproveitar os ensinamentos da Nova Arqueolo

rrelacionar os grafismos aos sítios arqueológicos da região e investigar a sua implantaçsagem, como bem fez a equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas. A arte rupestr

nsiderada um aspecto importante de um grupo cultural que ocupou a região e deixou inúmços de sua passagem.

A Nova Arqueologia foi um importante movimento, e críticas e desdobramentos aponvos passos para a arqueologia. Outra vertente é a Arqueologia Comportamental, de Jeffersonchael Schiffer e William L. Rathje, da Universidade do Arizona, que entre outras contribuorda os processos de formação dos sítios arqueológicos pondo em foco fenômenos cultuurais que agiram na formação do testemunho arqueológico. Essa linha de pesquisa salienta

gistro arqueológico, seja qual for (um paredão com pintura rupestre ou um sambaqui), chegs de hoje marcado por transformações naturais e por ações de outros grupos culturais. Ree é trabalho do arqueólogo desvendar todos esses processos que causam modificações profs testemunhos pré-históricos. No caso dos grafismos, é preciso investigar o componenterentes pigmentos que compõem o painel para que não prevaleça uma visão fortemente maa impressão das cores mais resistentes à ação do tempo. É preciso identificar, també

afismos que foram adicionados por outros grupos para que se possa traçar a “história de viderminado painel.

Porém, a maior reação veio da chamada Arqueologia Pós-Processual, cuja denominação já erência crítica à corrente que a antecedeu. O termo pós-processual foi utilizado pela primei1985, por Ian Hodder, da Universidade de Cambridge. Ao contrário da corrente anterior, n

ma agenda a seguir, como também não se buscam leis de comportamento. O foco resierpretação: ações e materiais podem ser percebidos como textos interpretados por aqueles qeram e os utilizam. Como um texto admite diversas leituras, isso inclui não só os “leitoreciedade que o produziu, como também os “leitores” da sociedade que pretende estudar tais os própr ios arqueólogos.

No momento, desenvolve-se um saber estruturado sobre o potencial explicativo da c

terial, e diferentes perspectivas teóricas são adotadas. Atlântidas, fenícios e alfabetos são a do baralho das pesquisas arqueológicas. Por outro lado, muitas vezes o excessivo todológico que caracteriza esse domínio da arqueologia acaba por engessar interpretssíveis. Nesse momento, uma tendência prevalece nos estudos de arte rupestdependentemente da or ientação teórica, as pesquisas vêm sendo marcadas por grande rigor té

que se refere à descrição de formas, de painéis, à análise de pigmentos etc. Esse movimenmo uma reação à série de interpretações fantasiosas ou pouco fundamentadas que marcou o esse campo.

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reve histórico do estudo da arte rupestre no Brasil

período inicial da arqueologia brasileira (1870-1930), o tema que mais chamou a atençãsquisadores foi a antigüidade da ocupação da região de Lagoa Santa, especialmente as descoe tentaram relacionar os primeiros caçadores com os ossos de megafauna encontrados em grrigos de Minas Gerais. As culturas do baixo Amazonas, os sambaquis e a arte rupestre tamam temas importantes no começo da formação da arqueologia brasileira.

Os grafismos rupestres são mencionados desde o século XVI. Alfredo Mendonça de

rece um interessante histórico das pesquisas, e assinala que as Lamentações brasílicas, obdre Francisco Teles escrita entre 1799 e 1817, registram 274 sítios arqueológicos com gravaturas no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco. Acreditando que tais iam sido feitos por indígenas e por holandeses e que seriam roteiros de tesouros, tentou de, cotejando-os com os alfabetos grego e hebraico, signos zodiacais e tábuas astronômicdre Francisco Teles não só realizou um levantamento detalhado de sítios rupestres, como, emntido, inaugurou duas importantes cor rentes interpretativas deste tipo de testemunho arqueolóertente que vê os grafismos como uma linguagem e a que os toma como referências astronôm

entistas de várias procedências registraram manifestações rupestres durante suas expedições

edrich Philipp von Martius (1818-21), Auguste de Saint Hilaire (1816) e Charles Frederich870). Jean-Baptiste Debret (1834) copiou as pinturas que estão às margens do rio Japgendas (1835) desenhou algumas manifestações pelos caminhos por que passou.

Inscrições indígenas copiadas por Debret

É claro que nessa época discutia-se se tais manifestações eram decorrentes de processos nase tinham origem humana. Alguns estudiosos achavam que eram resultado da ação de partruginosas na pedra ou indícios da presença de Atlântidas no território brasileiro. As especul

bre as marcas existentes na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, são um bom exemplo sobocupações da época. Para muitos, essas marcas, resultado de processos naturais que ocorrcha, eram o mais vivo testemunho da passagem de fenícios pelo que viria a ser o terrasileiro.

O primeiro trabalho mais extenso sobre arte rupestre, publicado em 1887 por Tristão de Alaripe, afirmava se tratar de obra humana e de grande antigüidade, ressaltando, assportância de seu estudo.

O início do século XX é marcado por uma grande polêmica com intensa participaçelectualidade brasileira. De um lado, aqueles que não consideram a arte rupestre um tema dig

udo e, do outro, os que a percebiam como uma manifestação carregada de significados, pod

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uma forma degradada de escrita ou a origem de todas as formas de escrita do mundoemplo, Theodor Koch-Grünberg, diretor do museu etnográfico de Stuttgart, sustentava que pestre não passava de produto do ócio, não representando nenhum tipo de comunicação. Já Eradelli procurou explicações indígenas para interpretá-la, vendo nos desenhos ordens de mastência de víveres, posse, representações de deuses, instrumentos musicais, armas, anim

ornos. Seguindo essa linha, Alfredo Brandão (1914) interpretou os grafismos de Alagoas ma forma pré-histórica de escrita, por ele decifrada e associada a uma civilização megascendente da Atlântida. Já para Theodoro Sampaio (1922), os sinais seriam uma espécie de

rtuária e que ali estaria grafado o nome do índio morto e de sua descendência. Apoiando-cabulário tupi, investiu em sua tradução. Paralelamente, vários cientistas continuavam a regmanifestações de arte rupestre em lugares do Brasil que iam sendo desbravados.

As diferentes linhas de interpretação da arte rupestre explicitam as noções que permeavaginário da intelectualidade da época sobre o indígena que ocupava o território brasileiro. Po, os testemunhos arqueológicos seriam resultado do ócio do indígena e não passavam de siiscos inconseqüentes, não tendo portanto valor algum. Por outro, eram repletos de significa

e eliminaria a hipótese de terem sido feitos pelos nativos ou seus antecedentes. Uma “escritaisticada só podia ser obra de outras civilizações muito mais avançadas. Como resultado diss

erentes momentos a arte rupestre brasileira foi atribuída a gregos, fenícios ou atlântidas: afinbos existentes no Brasil, à época do descobrimento, jamais poderiam ter elaborado desenhomanha precisão e simetria…

O mesmo tipo de perspectiva também marcou as interpretações referentes a outros tipstígios arqueológicos bem diferentes dos grafismos. Os enormes morros construídos com coecheados de sepulturas, sítios arqueológicos denominados sambaquis, eram vistos como respreguiça do indígena, que abandonava seus restos alimentares em qualquer lugar. As elaboatuetas em pedra ali encontradas eram apontadas como obras de outros povos mais evoluídos

Já em 1937, Herbert Baldus elaborou a primeira visão antropológica da arte rupestre ao espinturas de Sant’Ana da Chapada. Em 1941, José Anthero Pereira Jr. refutou as interprentasiosas sobre a autoria dos grafismos — fenícios, holandeses, ciganos, atlântidas, entre outrssificando-os segundo a técnica e estilo de elaboração, etapa fundamental de todo estudo mografismos.

Um dos pesquisadores que marcou mais profundamente a arqueologia brasileira foi Aming-Emperaire, pesquisadora francesa que, após revolucionar os estudos de arte rupestropa, demonstrando a existência de regras de elaboração dos grafismos, voltou-se para atória brasileira. Esteve no Brasil diversas vezes, onde realizou escavações, ministrou cur

mou toda uma geração de profissionais. A partir de 1973, coordenou um grupo do Ctional de la Recherche Scientifique (CNRS), da França, iniciando pesquisas em Minas Gerasquisadores pretendiam obter as primeiras datações para a arte rupestre e sua inserção no cotural pré-histórico. Essa Missão Franco-Brasileira formou uma importante corrente de pes

e — junto com a estabelecida pelo casal americano Clifford Evans e Betty J. Meggersordenou um projeto de pesquisa para parte significativa do território nacional (1965-7ruturou a pesquisa arqueológica moderna no país. Enquanto Evans e Meggers dedicarancipalmente ao estudo de sítios cerâmicos, a Missão Franco-Brasileira teve sempre a arte rumo tema central de estudo.

É preciso ressaltar que já na segunda metade da década de 1960 pesquisadores brasileiros h

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meçado a realizar levantamentos sistemáticos de grafismos nos estados do Sul. Em sidério Aitay faz uma interpretação fortemente marcada pelo estruturalismo dos grafismpeva (SP). Ele procurou identificar a estrutura que ordenava as figuras que compunham um omparou com mitos Jê. Porém, é a partir da década de 1970, com os resultados das pesqlizadas pelas Missões Franco-Brasileira em Minas Gerais e no Piauí, que se am

finitivamente os estudos. Apoiados na crescente produção de informação pela comunidaqueólogos, Niéde Guidon e André Prous sintetizam os dados relacionados com suas regiõsquisas e, separadamente, esboçam os primeiros quadros de referência que apresent

acterização das diferentes manifestações e sua distribuição no território brasileiro.

s primeiros artistas

ra Paul G. Bahn, há 40 mil anos os aborígines da Austrália já estavam pintando paredões e l anos cavernas já estavam sendo decoradas na Europa, muito embora as evidências do háb

ntar sejam muito mais antigas. Pigmentos naturais foram encontrados em sítios arqueológicas remotas; fragmentos de corante, com marcas de terem sido usados para pintar,

contrados em diferentes partes do mundo (Índia, República Tcheca, França) com datação estre 200 e 300 mil anos atrás, indicando que ancestrais do  Homo erectus  já tinham como cosnusear estes materiais, quer seja para efetuar pinturas, quer para explorar as qualiapêuticas de alguns pigmentos.

A equipe que estuda os grafismos da Serra da Capivara, no Piauí, data algumas pinturlizadas em cerca de 26 mil anos. Como todas as referências cronológicas relacionadamórdios da ocupação de qualquer território, esta data para os grafismos mais antigos brasi

mbém é polêmica, pois coloca em questão o período da chegada do homem às Américas.

Quando se quer discutir o início da ocupação de uma região ou os primeiros grafismos, o

ntral não é aceitar uma ou outra referência cronológica, e sim ter a clareza de que, quantoiga uma manifestação pré-histórica, mais difícil é a obtenção de dados que consolidemótese de trabalho. Afinal, a pesquisa arqueológica organizada em moldes científicos moderremamente recente no Brasil, com os pr imeiros projetos remontando apenas à segunda metacada de 1960. Nesse período prevalecia a idéia, defendida fortemente por arqueólogos nericanos, de que a chegada do homem à América seria um fato recente.

O modelo clássico propõe que os primeiros grupos alcançaram o continente ameravessando o estreito de Behring, aproveitando a “ponte” formada entre a Sibéria e o Alasc

lta de 18 e 13 mil anos atrás, em decorrência de mudanças climáticas que resultaram no recha da costa e, por conseguinte, na exposição de amplas planícies litorâneas. Os primçadores teriam seguido a migração dos grandes animais (bisonte, cavalo, mamute, caribu) asse caminho, denominado Behringia. Ao chegarem à Grande Planície no centro da Amérirte, a ação humana e um acentuado crescimento demográfico teriam levado à extinçã

andes animais, como mastodontes, mamutes e camelídeos. Para sobreviver, teriam migradoz mais para o sul, acabando por atingir a Terra do Fogo.

Supunha-se, também, que os primeiros grupos que chegaram à América do Sul compartilhtas semelhanças com os primeiros colonizadores da América do Norte. Esperava-se encontra

ui indícios característicos dos caçadores especializados em animais de grande porte, co

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mute e o bisonte. Os caçadores do planalto norte-americano contavam com pontas líticas isticadas tecnologicamente que foram recuperadas em sítios de matança de animais. Desig

mo pontas Clóvis e Folsom, provenientes de sítios datados em 11.200 e 10.900 anospectivamente, foram feitas com apurada tecnologia de lascamento que implicava retiradcas de pedra dos dois lados da ponta até que a peça ficasse bem delgada. Para concluir, um teiro punha em risco todo o trabalho do artesão e, se bem-sucedido, retirava uma longa las

ntido longitudinal da ponta.

Levando em conta que não há indícios seguros de que os homens tenham primeiro cheg

mérica do Sul para depois ocupar a do Norte, supunha-se que eles teriam colonizado o ntinente por volta de 10 mil anos atrás. Caçadores teriam cruzado o istmo do Panamá e sea Colômbia até atingir a extremidade sul das Américas. Segundo esse modelo, o continenteo povoado em apenas 500 anos, numa espécie de corrida migratória. Os resultados das pesqlizadas no sítio Monte Verde, no sul do Chile, trouxeram nova luz a este debate. Tom Diteve datações de 12.500 e 13.000 anos AP, sugerindo com isso uma ocupação no finistocenob  totalmente distinta da empreendida na América do Norte. Pesquisas que estão lizadas em sítios antigos no Brasil indicam, ainda, que o estilo de vida era bastante diferent

çadores de animais que ocuparam as planícies da América do Norte.

Os estudos de sítios dos primeiros colonizadores e uma série de datações antigas que tinhamtidas em diferentes estados do país — Bahia (9.610 90), Goiás (10.750 3000), Mato Grosso (10), Mato Grosso do Sul (10.340 110), Minas Gerais (12.330 230) — começam a confirmstência de grupos humanos em época recuada. Alguns pesquisadores acham que a ocupaçasil é ainda mais antiga e certamente novas escavações vão liberar informações que podepreendentes. Pois, se de fato as primeiras populações que ocuparam as Américas atravessareito de Behring e depois cruzaram a América do Norte, a Central para só depois chegar à doMonte Verde, no extremo sul do continente americano, foi ocupado por volta de 12.500 anos

ssível que sejam encontrados testemunhos mais antigos no território brasileiro. Niéde Gteve uma série de datas bem recuadas para sítios no Parque Nacional da Serra da Capivara, cutido o tema com pertinência mas sem total aceitação pela comunidade de arqueólogos. Oqueirão da Pedra Furada apresenta datas que se aproximam de 50 mil anos.

Como sugere Paulo De Blasis, apesar da escassez e fragilidade das evidências existentescente número de pesquisadores começa a aceitar a idéia de que o homem teria penetra

mérica em datas mais recuadas, aproveitando diferentes momentos da formação da passagemreito de Behring, criando condições para que diferentes levas de grupos humanos migrassemontinente americano.

É natural que o debate ocorra e seja acalorado, pois a arqueologia é uma ciência sociaminha lentamente, acumulando conhecimento produzido pela comunidade de arqueólogos e, demais campos de saber, é integrada por estudiosos que abraçam hipóteses distintas. Comoncia, cabe aos pesquisadores que inovam o ônus da prova. Segundo Anna Roosevelt, para qu

eita a antigüidade de ocupação de um sítio é necessário haver numerosas datas concordacionadas a uma série de materiais, tais como artefatos, esqueletos humanos e restos alimenm de uma seqüência cronológica oriunda de depósitos estratificados intactos — e são poucos antigos que reúnem todas estas características.

Renato Kpnis sugere que, diferente do que havia sido proposto, os primeiros ocupantes do ntral eram principalmente coletores e que a sua indústria lítica caracterizava-se pela presen

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padores utilizados no trabalho da madeira e de algumas poucas pontas de projétil. Os tânicos indicam a exploração de coquinhos, guariroba, licuri, chichá (amendoim-de-bugre), obá e outros frutos do cerrado. A caça tinha como presa animais de pequeno e médio edores, tatus, primatas, preguiças, lebres), répteis, aves e peixes. Animais maiores, tais ado, porco-do-mato, anta) são raros nos momentos iniciais, sendo mais representados no

ra o autor, não há nenhuma evidência clara de caça sistemática à megafauna e, comomonstra, trata-se de um modo de vida bem diferente daquele dos caçadores de grandes animauparam a América do Norte. Estes grupos aprenderam a explorar a grande diversidade de rec

poníveis nos novos ambientes tropicais.Acumula-se, no Brasil e na América do Sul, uma série de informações sobre sítios an

ora, saber exatamente quando este processo começou e demonstrar toda a sua complexidadgir dos cientistas muito mais pesquisa. Neste momento, é importante saber que as informponíveis asseguram que a partir de 12.000 AP o território brasileiro já estava ocupado e que

do os caçadores começaram a decorar as paredes rochosas com grafismos. Mais ainda, qubito perdurou até o período de contato com os europeus. Foi entre os grupos de caçadoregiu o hábito de pintar e gravar as paredes de pedra.

No que se refere à antigüidade dos grafismos, também é preciso levar em conta que a priação de pigmentos feita através do método Carbono-14 foi realizada há muito pouco tempo87, na África, datou-se pigmento feito com carvão retirado de pinturas da Caverna da Soniontjieskloof, e depois disso datações foram obtidas em vários lugares. Nas regiões onde e rupestre é recorrente a longa duração do hábito de decorar paredões de pedra com pintuavuras. Na Austrália, cujas primeiras manifestações estão datadas de 40 mil anos, os aborda mantêm essa tradição. Nos continentes onde há arte rupestre, foram estudadas maneir

presentação que variam tanto no espaço como no tempo. Vejamos o caso do território brasilei

aracterização e distribuição espacial dos grafismos brasileiros

ra apresentar um quadro de referência apóio-me na proposta de ordenação dos grafasileiros elaborada por André Prous (1992). Ele ressalta que ao tentar delimitar grandes conjnominados na arqueologia brasileira de tradições  arqueológicas, teve que incluir uma riabilidade intra-regional — que pode estar relacionada a evoluções culturais no tempo paço, ou mesmo a funções distintas de determinados espaços. Destaca, ainda, que, ao estabeledições regionais, as diferentes manifestações podem se misturar ou se sobrepor, particularmáreas de fronteira.

A tradição arqueológica implica uma certa permanência de traços distintivos que são geralmmáticos. Já os estilos, uma das unidades recorrentemente utilizadas pelos estudiososbdivisões estabelecidas a partir de critérios técnicos. André Prous estabelece oito tradições pritório brasileiro que são conhecidas pelas seguinte denominações: Meridional, Litotarinense, Geométrica, Planalto, Nordeste, Agreste, São Francisco, Amazônica. Gabriela Mr sua vez, apresenta uma leitura mais detalhada sobre as tradições rupestres do Nordeste enuciosa conceituação dos instrumentos analíticos — tradições, fases, estilos, fácies — utilios pesquisadores para delimitar conjuntos. Com pertinência, ressalta ainda a complexida

undo pictórico do Brasil pré-histórico e como é difícil apreendê-lo e subdividi-lo, tanto pardáticos quanto operacionais.Vejamos, entretanto, as principais características das trad

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Grafismo da tradição LitorânCatarinense. Ilha dos Corais (S

resentadas por André Prous.

A tradição  Meridional  é uma manifestação que ocorre no sul do Brasil e em outros paísnteira. Os sítios do Rio Grande Sul apresentam-se alinhados nas escarpas do planalto,

mbém encontrados em blocos isolados e em abrigos e grutas. As gravuras foram feitas no arncipalmente através da técnica de incisão ou de polimento, tendo sido, muitas vezes, a supepedra previamente preparada através de picoteamento.

Os sulcos não são muito profundos, tendo menos de 1cm de profundidade, e em alguns am encontrados vestígios de pigmentos de diferentes cores (preto, branco, marrom e roxo

mam gravuras geométricas lineares. A temática é considerada pobre e pode ser dividida emupos. Um dos estilos caracteriza-se pela presença de traços retos paralelos ou cruzados, uns curvos. A combinação de traços retos às vezes forma o que se costumou chamidáctilos”. O outro estilo caracteriza-se pela presença de séries de círculos maiores, caddeado na parte superior por círculos menores, parecendo formar pegadas de felídeos.

Gravura da tradição Meridional. Sítio D. Josefa (RS)

Os painéis gravados da tradição  Litorânea Catarinense  estãouados em ilhas, em locais de difícil acesso e até mesmo perigosos,egando a distar 15 quilômetros da costa e estando orientados para oo-mar. As ilhas que foram escolhidas para gravação dos sinais

ão distribuídas em intervalos de 20-25km de distância, sendonsideradas importantes pontos marítimos para o grupo que fez osafismos.

As gravações foram feitas no granito, através da técnica dolimento e os sulcos têm até 4cm de largura. André Prousabeleceu 14 temas. A maioria deles é integrada por desenhosométricos através da combinação de traços e estão presentes duasmas humanas também geométricas.

Atravessando o planalto de Sul até o Nordeste, cortando os estados de Santa Catarina, Paranáulo, Goiás e Mato Grosso, são encontradas as manifestações que compõem a tradição Geomée, como o nome diz, caracteriza-se quase exclusivamente por gravuras geométricascorrência da grande área de distribuição e de uma certa variedade, André Prous a subdividridional e setentrional.

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A Pedra Lavrada, de Ingá (PB): tradição Geométrica (setentrional)

As manifestações mais setentrionais referem-se a sítios gravados nas imediações dosrticularmente nas proximidades de cachoeiras. Muitos blocos gravados costumam ser cobas águas durante as enchentes, o que parece ter sido uma escolha dos gravadores. As gra

ralmente são polidas, ocorrendo muitas depressões esféricas, chamadas de cupuliformes queólogos. Aparecem algumas representações biomorfas que lembram sáurios ou homens. Avrada, de Ingá, na Paraíba, é um dos exemplos bem conhecidos.

Os sítios mais meridionais apresentam gravações, algumas vezes, retocadas com pigmentoo banhados pelas enchentes e estão localizados até mesmo distante das águas. Ocorrem tridá

ângulos e alguns deles têm uma incisão ou ponto em seu interior e, por isso, alguns arqueódenominaram “vulvas”.

ssas gravuras parecem representar pisadas de aves e mamíferos. Exemplo da tradição  Meridional. Canhemborá, Nova Palma

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radição Litorânea Catarinense, com os desenhos e a forma humana geométrica característicos. Ilha do Campeche (SC).

eixes e outros animais, assim como a cor vermelha, são típicos da tradição  Planalto . Essa pintura encontra-se no abrigo de SanRiacho (MG).

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http://slidepdf.com/reader/full/a-arte-rupestre-no-brasil 21/45 tradição Nordeste é marcada por representações de figuras humanas e de animais como emas e cervídeos. Toca do Boqueirãora Furada (PI).

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Antropomorfos e animais estáticos da tradição  Agreste. Parque Nacional Serra da Capivara (PI).

s répteis são formas freqüentes na tradição São Francisco. Figuras com decoração interna simétrica demonstram forte sentido to dos pintores. Lapa do Boquete, Januária (MG).

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aquatiaras de Cachoeira do Letreiro, em Carnaúba dos Dantas (RN): exemplo da tradição Geométrica.

Antropomorfo da tradição Amazônica. A riqueza de detalhes chama a atenção: traços do rosto, cabelos e até outra figura humanão da barriga, sugerindo gravidez. Serra da Careta, Prainha (PA).

Tradição Geométrica (meridional). Morro do Avencal (SC)

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po de figuras humanas, característicoda tradição Nordeste (PI)

Grafismos da tradição Agreste. Pedra Redonda, Pedra (PE

A tradição Planalto está presente em muitos sítios do Planalto Central brasileiro, do Paranáhia, sendo o seu foco principal o centro de Minas Gerais. A maior ia dos sítios apresenta graf

ntados em vermelho, embora ocorra também alguns nas cores preta, amarela e mais raraanca. Muitos animais estão representados, entre eles cervídeos, peixes, pássaros e mais raraus, antas, porcos-do-mato e tamanduás. Aparecem algumas formas geométricas e figuras humbém foram pintadas; quando são muito esquematizadas, formam conjuntos de pequenas fiformes que parecem cercar os animais.

Grafismos de animais, comuns na tradição Planalto. Iapó e Tibagi (PR)

Em Lagoa Santa e na Serra do Cipó, os desenhos às vezes fouma cena “explícita”, em que aparece um quadrúpede flecercado por pequenos homenzinhos, sendo que um deles geralmsegura um dardo. Há ainda uma referência de cena de pescParaná, e representações de cópulas na Serra do Cipó. André sugere a existência de cenas “implícitas”, ou seja, associrepetitivas e, portanto, significativas: grupo de três animaiscaracterísticas de macho, fêmea e cria, associação de veadocervídeo, e ainda figura com corpo e cabeça de veado, as p

sendo substituídas por peixes.A tradição  Nordeste ocorre nos estados do Piauí, Pernambuco

Grande do Norte, parte de Bahia, Ceará e norte de Minas Geraisnturas monocromáticas e gravuras que representam homens, animais (emas, cervídeos e peqadrúpedes) e algumas figuras geométricas. Porém, o que a distingue da tradição Planaltundância de antropomorfos agrupados formando cenas de caça, dança, guerra, sexo, rito, tras. Os humanos seguram armas (bastões, propulsores), cestas e outros objetos.

As pesquisas sistemáticas desenvolvidas por Niéde Guidon, Anne-arie Pessis e Gabriela Martin estabeleceram uma série de variaçõesgionais decorrentes do tratamento e da dimensão das figuras, bemmo das cenas representadas. Em algumas regiões é recorrente umana em que aparece uma grande ave dominando um conjunto dequenas imagens, danças dirigidas por uma figura que ostenta umcar, cenas de luta, de caça à onça, de violência e sexo, entre outras.

cenas são tão bem organizadas que se revelam uma verdadeiratação para o observador, que tem a nítida impressão de poder

codificar as mensagens veiculadas pelos pintores.

A tradição Agreste manifesta-se nos estados do Ceará, Rio GrandeNorte, Paraíba, Pernambuco e Piauí, caracterizando-se pela

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sença de grandes figuras, geométricas ou biomorfas, sendo que asuras humanas lembram espantalhos. As emas e os quelônios são representados de maneira e

há também pássaros de asas abertas e longas pernas, alguns lembrando figuras humanas. As o raras e delas participam poucas figuras, como por exemplo homens caçando ou pescandodré Prous os desenhos agrupados nesse conjunto podem ser uma mistura de duas tradiçrdeste e a São Francisco, provavelmente pintados em épocas diferentes.

Parte do Painel III da Lapa do Caboclo (MG). Tradição São Francisco

A tradição São Francisco é típica do vale do rio São Francisco, em Minas Gerais, Bahia e Senos estados de Goiás e Mato Grosso. Nos grafismos predominam os motivos geométricosrificam-se também desenhos que representam formas humanas e animais (peixes, pássaros, c

urios e algo parecido com tartaruga). Não existe nenhuma cena e, na maioria dos casos, as fio feitas em duas cores. Como outras tradições, também apresenta variedades regionais que cm representações de pés humanos, armas, instrumentos. Em algumas localidades, em lugntar, o grupo pré-histórico representou os mesmos motivos através de gravuras picoteadatros locais, incluíram pigmentos pretos e brancos no interior dos sulcos. Os artmonstraram um forte sentido de “efeito” na combinação de cores vivas e na organização ins figuras geométricas, o que torna os painéis extraordinariamente espetaculares.

Antropomorfos simétricos e geometrizados caracterizam a tradição Amazônica  — ainda pudada, principalmente se comparada às tradições Planalto, Nordeste ou São Francisco, qntam com levantamentos sistemáticos e detalhados. Nas margens dos rios Cuminá, Puri e Negbeças de figuras humanas gravadas geralmente são radiadas, enquanto nas proximidades de Megre são pintadas. Há, também, em outras localidades painéis compostos por bastões e gravrvilineares. No estado de Roraima ocorrem retas pintadas paralelas ou formando retânenchidos com traços.

O mapa preparado por André Prous fornece uma boa idéia da distribuição espacial das dições de arte rupestre no território brasileiro. Porém, é preciso ressaltar que muitas regiões o foram alvo de pesquisas sistemáticas, o que permite supor que as manifestações rupestres

uito mais diversificadas e fascinantes do que se imagina. Apenas para demonstrar como ainito a ser descoberto, cito o ponto de vista de Mentz Ribeiro, que não vê semelhanças en

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Grafismos da região de Monte A(PA)

inturas rupestres de Alenquer (PA)

afismos do cerrado de Roraima e os outros encontrados no Brasil, aproximando-os de algturas descobertas na Venezuela e gravuras existentes na Guiana.

A Amazônia é ainda uma imensa região a ser estudada pelaueologia. Ocupada desde 11.200 anos AP, conta com a cerâmicais antiga das Américas e com uma diversidade de formas,

abamentos e motivos aplicados aos vasilhames de barro que dãoma leve idéia do que deve ter sido esse caldeirão de efervescência

tural. Edithe Pereira menciona o registro de 300 sítios com arte

pestre, destacando que apenas algumas áreas foram objeto deudos detalhados. Em sua pesquisa no noroeste do Pará identificou três conjuntos rupestres disdois relacionados com pinturas e um com gravuras. O conjunto de pintura de Monte Aleg

to em paredes de grutas e abrigos e paredões a céu aberto. Muitas vezes, a própria pedroveitada para dar volume ou compor a figura. Os antropomorfos foram pintados com a apliduas cores e têm grandes dimensões, alguns com mais de 1m. Apresentam cabeça, trombros e é recorrente a presença de traços do rosto. Muitas vezes o tronco está preenchido

senhos geométricos sugerindo a representação de algum tipo de adorno e as cabeças apresecar. A maioria das figuras está de pé, sendo que alguns estão de cabeça para baixo ou dei

ralmente não há indicação do sexo mas alguns têm órgãos sexuais masculinos.Também são recorrentes os desenhos de mãos, que podem aparecer isoladas, em par, em

egular e superpostas a outras figuras, algumas contando com círculos concêntricos desens palmas. Aves, peixes-boi, peixes, círculos, volutas também foram pintados nas rochas.

Já no conjunto da região de Alenquer as figuras humanas estão representadas em seus enciais sem qualquer detalhe anatômico. Segundo a pesquisadora, sua principal característic

mposição de uma cena na qual as figuras aparecem uma ao lado da outra de mãos entrelaçada

A tradição Amazônica de gravuras tem como principal tem

figuras humanas que podem ser completas ou apresentar apecabeça. As completas exibem os traços do rosto, inclusive bocadentes. A maioria é assexuada, e somente algumas sugerem a imde mulher através do que parece ser a representação de gravidez.

Antropomorfos, principal temática da Tradição Amazônica

Edithe Pereira ressalta que existem outros conjuntos na Amazônia que precisam aindudados e que o número de escavações é tão restrito, apenas duas, que limita o conhecimento ontexto arqueológico em que a atividade gráfica se desenvolveu. A escavação realizada em Megre, por Ana Roosevelt, forneceu referências cronológicas para as pinturas atravéuperação de pigmentos cuja composição é similar à das figuras encontradas nas paredes da

Pedra Pintada. Considera-se que a partir de 11.200 anos AP as paredes já estavam sendo deco

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m pinturas.

Outras manifestações pictóricas ainda merecem destaque. Gabriela Martin chama atenção pquatiaras, gravuras realizadas nas rochas localizadas às margens dos rios do Norte e Norstaca especialmente a Itaquatiara do Ingá ou Pedra Lavrada do Ingá, na Paraíba, que anstruição provocada pelos fabricantes de lages tinha inscrições formadas por uma linha contíiforme por aproximadamente 1.200 m2.

Mapa com a distribuição das tradições de arte rupestre

Pertencentes à tradição Planalto, as pinturas de animais encontradas em Santana do Riachnas Gerais, e estudadas por André Prous e Alenice Baeta, são tão naturalistas que permntificar conjuntos familiares. O animal maior e com galhadas é o macho, o de tamanho méd

mea e o de menor porte é o filho. Algumas figuras são passíveis de identificação, especialmeados machos: os que apresentam galhadas bem ramificadas caracterizam o cervo-do-pan

astocerus dichotomus), que já não é mais encontrado na região; as galhadas com duas ontas podem se referir ao veado-campeiro ( Dorcelaphus ou  Hippocamelus bezoarticus) ou a d

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vo jovem. É provável ainda que a maioria dos cervos sem galha e os que apresentam aténtas sejam pinturas de animais do gênero Mazama, hipótese reforçada em decorrência da mamo os pintores representavam os corpos dos animais.

Em outras regiões também ocorrem pinturas muito naturalistas que permitem a identificaçpécies, como é o caso dos vários tipos de lagartos existentes na região central da Bahia. Na Cabral, em Minas Gerais, em pesquisa bem criativa junto com caçadores da região, Paulo Sda Andrade identificaram uma série de animais. A serra é uma excelente localidade para caçuras pintadas nos painéis são tão bem elaboradas que em alguns casos foi possível estabele

xo e a idade do animal. Entre os peixes foram identificados piaba, pacu, piranha e bagre; enteis, tartaruga, cágado e tiú; a única ave identificada foi a ema. Vários mamíferos — caco, veado-galheiro, veado-campeiro, anta, cachorro-domato, lontra, onça, mocó,

pivara, coelho, tatu, tatu-bola, tatupeba, tamanduá-bandeira — foram pintados nos paredões.

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http://slidepdf.com/reader/full/a-arte-rupestre-no-brasil 29/45Exemplo de estudo sobre a representação de cervídeos. Santana do Riacho (MG)

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Como é possível perceber, é uma profusão de grafismos, de variadas formas, temas, técnicricação, estilos de representação, diferentes suportes e distintas implantações dos desenhsagem, ora chamando a atenção para os grafismos, ora os escondendo. Toda essa divers

nota a profundidade temporal do hábito de usar tintas e decorar rochas e a multiplicidade cue se estabeleceu no que é hoje o terr itório brasileiro .

studo dos grafismos através do tempo

ós apresentar a distribuição espacial dos vários conjuntos de grafismos, mostrarei comsquisadores estudam a sucessão dos grafismos ao longo do tempo. Com os vários métodação existentes, cada dia é mais fácil estabelecer a época em que um sítio arqueológic

nstruído ou uma cerâmica fabricada. Materiais orgânicos podem ser datados através da análrbono-14 e, com o desenvolvimento desta técnica, até mesmo pequenas partículas podemalisadas através do accelerator mass spectrometry. Caso existam componentes orgâsturados aos pigmentos poderão ser obtidas datações bem precisas para os grafismos. Mas abelecer a data de rochas que foram picoteadas ou pintadas com pigmentos inorgânicos?

No caso dos grafismos realizados em paredões ou cavernas com sedimento, é porrelacioná-los aos materiais arqueológicos recuperados no solo; porém, é preciso levar emrios aspectos relacionados com a formação dos sítios arqueológicos. Muitos sítios upados, em diferentes épocas, por distintos grupos culturais e é difícil estabelecer qual delponsável pelos grafismos ou pelos diferentes conjuntos de grafismos que decoram as parigos localizados em pontos estratégicos não são muito freqüentes na paisagem e podem te

upados por diferentes etnias e ter tido funções distintas para cada grupo — moradia, acampara caça, armazenamento de víveres ou cemitério —, o que torna a vinculação de vestígios dm os grafismos uma tarefa bastante difícil. Um dos requisitos básicos para estabelec

rrelação é entender o processo de ocupação da região onde está inserido o sítio ou conjunos. Caracterizar os diferentes grupos e estabelecer sua ordenação temporal é um

ndamental na pesquisa para se poder associar os grafismos aos demais testemunhos arqueolóe compõem o sistema de assentamento.

Alguns pesquisadores encontraram blocos com grafismos que se descolaram das paredes epassar do tempo, foram soterrados por sedimentos que puderam ser datados através de ménvencionais. No Piauí, Ane-Marie Pessis encontrou um painel coberto de sedimentos data500 anos AP. A equipe de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao esturigo Santana do Riacho, na região de Lagoa Santa, encontrou grãos de pigmento vermparado e um bloco coberto por uma película da mesma cor no início da ocupação do sítio,

gere que, por volta de 12 mil anos AP, já existiam atividades pictóricas. A mesma equipe encotros indícios mais seguros — vários blocos caídos do teto do abrigo que apresentam vestígntura rupestre e que foram cobertos por sedimentos ali depositados. Para André Prous, por vo00 anos atrás caçadores já marcavam as paredes com seus grafismos.

Investiu-se muito, principalmente em Minas Gerais, no estudo da sucessão temporresentações rupestres. André Prous, associando uma série de variáveis — estilos, superposmação de pátina e de vernizes, destruição parcial de grafismos por descamações e sua distrib

s cicatrizes geológicas e informações de ordem topográfica — chegou à evolução estilístintro e do norte mineiro.

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Escavações no vale do Peruaçu, em Januária, recuperaram muitos corantes dispersos em ados em torno de 8.000 anos AP até o período cerâmico. Essa ampla dispersão temporal dific

o desse tipo de vestígio de solo como pista segura para entender a evolução dos desembinando apenas identificação de estilos, superposição, localização espacial de grafismos, fabelecidos nove conjuntos estilísticos que se sobrepõem no tempo. As três primeiras fácies rte da tradição São Francisco e as demais apresentam características locais ou influêeriores provavelmente relacionadas com a arte rupestre encontrada no Piauí.

Os primeiros artesãos pintaram pequenas figuras vermelhas, biomorfos de corpo arredond

mbros filiformes, pares de bastonetes com círculos nas extremidades, sinais geométricos mples, cobras finas e muito onduladas e sinais em forma de asterisco. No período médio o confinido acima é marcado pela bicromia, sendo a maioria dos grafismos sinais geométricosntorno de uma cor (especialmente o vermelho) e preenchimento interno chapado de outrmo amarelo. Figuras em forma de “pés” humanos e peixes aparecem pintadas seguindo o mncípio. Mais tarde surge o conjunto denominado fácies Cabloco, composto de figurastosas, bi ou policrômicas cobrindo amplas superfícies. Foram pintadas em partes altaredões que ainda não haviam sido explorados, evidenciando respeito pelos graferiormente pintados.

A fácies seguinte, denominada Rezar, caracteriza-se pela presença de figuras retangrticais muito grandes, pintadas em duas cores, sendo geralmente o interior branco ou amarentorno preto ou vermelho. Acompanham essas representações peixes e répteis pretos ou branmas que lembram tridáctilos ou cactáceas. Mais recentes que os outros conjuntos e provavel

ntemporâneas a fácies Rezar, alguns sítios estampam grandes pinturas de seres ompanhadas de sinais pontilhados que recobrem os grafismos anteriores e marcam uma ptura com a temática mais tradicional. São figuras de uma única cor, geralmente preto, com emplares em amarelo ou vermelho. Representam roças de milho, coqueirais, tamanduás,

urios, pernaltas e cobras grandes e pouco sinuosas que delimitam painéis.Segundo André Prous, o período final é integrado por três estilos distintos (A, B e C) qurcados por influências externas. O conjunto C é formado por gravuras picoteadas de vlizadas em paredes verticais sobre os grafismos ali previamente existentes. Os artesãos prepuperfície para execução das gravuras com uma camada de tinta vermelha, comportamentterializa a violenta ruptura cultural com o passado. Já o conjunto B cor relaciona-se com a trardeste e conta com pequenas figuras humanas gesticulando e alinhamentos de aveadrúpedes. São pequenas figuras pintadas em cor preta sobre suportes irregulares que sprezados pelos antigos pintores. Algumas formam cenas como grupos familiares, cóp

ssoas em torno de árvores. Não há, ainda, elementos que permitam estabelecer a sucnológica dos conjuntos mais recentes, pois estes não se sobrepõem entre si, tendo sido elabosítios ou painéis distintos.

No centro mineiro a equipe de Minas Gerais também estabeleceu uma sucessão cronológafismos tão complexa como a do norte do estado. Nessa região, no período tardio, uma figstaca e fornece uma clara referência cronológica: trata-se de uma representação de macmilunar que sugere que as últimas pinturas foram feitas por grupos ceramistas.

A equipe da Fundação Museu do Homem Americano, que estuda sistematicamente a pré-hiPiauí, especialmente a região de São Raimundo Nonato, fornece uma interessante reconstitevolução dos grafismos.

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Evolução estilística no centro de Minas Gerais.

Até 1992 já tinham sido descobertos 364 sítios com pintura e ou gravura rupestre e cadasca de 40 mil figuras feitas por grupos pré-históricos. Anne-Marie Pessis e Niéde Gu

oiando-se em modelo da lingüística, consideram que os grafismos funcionam como verdadtemas de comunicação social e que as tradições de pintura e gravura poderiam ser compará

mílias lingüísticas, na qual línguas distintas evoluem. As subtradições correspondem a gicos descendentes de uma mesma origem cultural e as diferentes manifestações estilísticas ultado da evolução de uma etnia em função do tempo, do isolamento geográfico e das influeriores.

Na área do Parque Nacional da Serra da Capivara foram identificadas três tradições de pinas de gravura. A tradição Nordeste foi a mais representada, caracterizando-se pela presenuras humanas e de animais, bem como de objetos e plantas. Essas figuras compõem ações qerem a técnicas de subsistência, atividades cotidianas e cerimoniais. As pesquisadoras apontagem na região sudeste do Piauí, tendo depois se difundido por todo o Nordeste. Os sítios dimundo Nonato possuem traços próprios que caracterizam a subtradição Várzea Grande, meiras manifestações ocorreram por volta de 12 mil anos. No seu primeiro períodoresentações dinâmicas, de caráter individual, com temática lúdica, que privilegia as fimais e humanas em movimento. Tecnicamente muito rebuscadas desde as prim

nifestações, indicam que os pintores dominavam o preparo e a utilização das tintas elaborartir do óxido de ferro. O apogeu dessa tradição ocorreu por volta de 10 mil anos atrás e com a presença de artefatos líticos muito bem acabados. Supõe-se, ainda, que nesse período teorrido crescimento demográfico, aumento da diversidade cultural e início da dispersão do o Nordeste.

A evolução do primeiro período é marcada pela diversidade de temas representados emento de participantes nas cenas. Assim, como sumarizam as autoras, no primeiro momenresentações de atividades de caça comportam duas figuras, o caçador e o animal, resentações sexuais têm dois parceiros. Já no apogeu da tradição, esses mesmos temaresentados com a participação de um maior número de pessoas. No período fin

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pontaneísmo inicial é substituído pela formalização gráfica, ocorrendo tanto uma geometritável das figuras humanas e de animais como traçados geométricos que preenchem os corpouras. A temática é enriquecida com representação de ações que denotam violência: lutas, comecuções.

A tradição Nordeste tem a peculiaridade de ser extremamente narrativa, com a representaçerentes aspectos da vida cotidiana do grupo que a elaborou. As pinturas indicam que caçavam

versos instrumentos: o veado era perseguido com tacapes, a onça era atacada utilizanopulsores e azagaias, o tatu era caçado a mão e abatido com golpes de tacape ou pego pelo

o existe nenhuma indicação de uso de arco e flechas, no combate entre dois ou mais indivídumas utilizadas são propulsores e azagaias. Foram também representados vários ornamacionados com ritos e hierarquia. São cocares e máscaras que aparecem em cenas em qssoas estão dançando.

As pesquisadoras identificaram também uma evolução dos ritos, apesar da estruturesentação se repetir. Um dos exemplos estudados é a cena da árvore. No período inici

ucas pessoas participando do rito, sendo recorrentes figuras humanas isoladas mostrandonta na mão ou duas figuras partilhando a apresentação do vegetal. Já no período final, par

m número maior de pessoas, havendo a preocupação em indicar que todas pertencem aosculino.

Variações de cena da árvore, com a participação de cada vez mais pessoas. Área de São Raimundo Nonato (PI)

Outra tradição identificada na região é a Agreste, e as arqueólogas também têm indícios dolução através do tempo. Composta pela representação de figuras humanas e alguns animais,m um número significativo de “grafismos puros” — isto é, aqueles desprovidos de traçormitem identificá-los com uma representação de nosso universo sensível. Caracteriza-sepacto visual do intenso preenchimento das figuras com corantes vermelhos, sendo raras as cfiguras são representadas de forma estática.

É originária da região agreste de Pernambuco, sendo suas manifestações mais antigas datadmil anos AP. Com grande dispersão em todo o Nordeste, caracteriza-se também por ser int

s sítios onde ocorrem grafismos classificados como pertencentes à tradição Nordeste, havma certa preferência de seus pintores em sobrepor suas contribuições pictóricas às que foram

os grupos identificados como da tradição Nordeste. No início, as figuras foram inseridanéis que já estavam pintados sem que houvesse sobreposição. São figuras humanas maior

e as representadas na tradição Nordeste, não tão bem delineadas e totalmente preenchidas pormelha escura. Por volta de 8.000 AP, período em que já não ocorrem mais grafismos da trardeste, as figuras são inteiramente preenchidas com ocre muito escuro e os grafismos p

mbém presentes no primeiro momento, tornam-se mais diversificados.

Para explicar as mudanças detectadas na tradição Agreste, as pesquisadoras trabalham c

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Grafismos da Toca da EntradaBaixão da Vaca (a) e da Toca

Extrema II (b) (PI)

ótese de que grupos distintos teriam chegado à região em diferentes momentos e seriam ponsáveis pelos diferentes aspectos que compõem esse conjunto de pinturas.

Na área de São Raimundo Nonato ocorre ainda a presença dadição Geométrica, com grafismos puros e com desenhos queresentam lagartos, mãos e pés, ainda pouco estudada, e duasdições de registros gravados também compostos de grafismosros.

Embora várias regiões já tenham sido estudadas, certamente o

ntro e o norte de Minas Gerais, bem como a região de Sãoimundo Nonato, no Piauí, são os locais onde foram feitos osantamentos mais sistemáticos e onde mais se avançou no que seere ao estudo dos diferentes estilos e de sua seqüência temporal. Ossquisadores concordam em relação a vários pontos, mas osultados das suas pesquisas não são totalmente coincidentes. Um dosntos de discordância refere-se à atribuição, por parte da equipe do Piauí, de uma antigüidade istocênica aos grafismos da tradição Nordeste, enquanto a equipe de Minas Gerais a cona manifestação mais recente. Há também discordâncias no que diz respeito à classificaçuns grafismos, como por exemplo as procissões de antropomorfos filiformes e sexuaddade estilística Ballet, em Lagoa Santa.

Procissões dos homens e mulheres para a cena do parto. Lagoa Santa (MG)

Apenas o desenrolar das pesquisas vai trazer novas contribuições que irão esclarecer esta e oestões, mas fundamentalmente a discordância aponta para a enorme dificuldade em traçaolução cronológica dos grafismos mesmo em centros onde a pesquisa está muito avançada.

ontextualização dos grafismos por associação com vestígios de soloestudos sistemáticos desenvolvidos no abrigo Santana do Riacho (MG) pela equipe coord

r André Prous fornecem importantes informações sobre o modo de vida dos caçadores da rntral do Brasil. É um bom exemplo de pesquisa que busca relacionar a decoração das paredrigo com os materiais recuperados através de escavações. Artefatos manchados de pigmento, corante com marcas de raspagem, bem como a análise detalhada do paredão indicam que o pintar as paredes estava presente no período compreendido entre 10.000 e 8.000 ano

çadores lascaram as pedras que foram trazidas tanto do entorno do sítio como de localidades

tantes; artefatos de sílex foram usados para trabalhar objetos de madeira. Fragmentos de art

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m gume polido indicam que a técnica de abrasão já era conhecida nesse período.

Os restos alimentares recuperados — ossos de cervídeos, tatus e peixes de pequeno porte —a idéia dos hábitos alimentares do grupo. As pinturas feitas nessa época estão mascaradasis recentes e, sobretudo, pela tinta que cobre parte do painel. Nesse período o abrigo tambélizado como cemitério, os mortos foram amarrados ou embrulhados dentro de uma rerrados em covas pouco profundas que eram preenchidas com sedimentos finos e pigm

rmelhos junto com brasas provenientes de fogueira acesa nas proximidades. A cova era fem blocos de pedra, sendo que alguns sepultamentos recebiam tingimento de vermelh

divíduos jovens tinham colares feitos com sementes e o estudo dos esqueletos informoorria grande mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e grande semelhança entre os adue sugere forte endogamia.

No período seguinte (8.000-5.000 anos AP) não foram registrados sepultamentos ecorrentes artefatos feitos em pedra, havendo vestígios da fabricação de pontas bifaciais e utilimãos de pilão e de machados polidos e picoteados. No início desse período foram encont

gmentos pretos, provavelmente relacionados com pinturas mais antigas da tradição Planaltoombra” aparece na análise do paredão. Já no período seguinte (4.500-2.500 AP) identificarrias ocupações rápidas e uma ampliação da área ocupada. Foram construídas paredesimitar o espaço interno e acesas várias fogueiras, algumas delas estruturadas com pedras

ntêm vestígios alimentares como coquinhos, jatobá, ossos de cervídeos, tatus, fragmentluscos. Grãos de milho e semente de cabaça são indícios de que esse grupo já cultivava plan

dústria lítica continua basicamente composta por lascas de quartzo, observando-se a presentrumentos manchados, mós e trituradores. Há uma diversidade de pigmentos que rresponder à última fase da tradição Planalto, caracterizada por pinturas de cores claras arelo, lilás e pela diversificação de temas (tatus, aves etc.).

Numa determinada parte do abrigo, alguns indivíduos foram sepultados, mas segund

squisadores não se pode falar de um verdadeiro cemitério como aquele que existiu no peigo. No período pré-histórico final (2.500-1.000 AP) o sedimento está muito alteradcorrência das queimadas e do pisoteio do gado que perturbou as estruturas arqueológueiras, lascas de quartzo e pigmentos estão presentes. Alguns cacos cerâmicos e peçeatitas polidas confirmam a presença de grupos recentes. Blocos caídos que apresentam fi

ntadas indicam que os ocupantes do abrigo continuavam a se dedicar ao grafismo.

Os pesquisadores do abrigo Santana do Riacho, em decorrência de sua implantação ambinsideram-no um marco topográfico. Situado na única passagem razoavelmente fácil entre oxo e a região serrana, dominando o cerradão, encontra-se numa zona de transição entre o ce

as encostas cobertas por vegetação rupestre. Por outro lado, uma grande variedade de prantia diferentes matérias-primas para confecção de artefatos líticos, muito embora não undante a oferta de caça e pesca. Sua posição estratégica está relacionada também com ibilidade que proporciona, já que o paredão destaca-se na paisagem podendo ser visto de vntos. Trata-se de um marco topográfico que deve ter tido um forte papel simbólico, interpreoiada no fato de ali ter sido o local de destino dos mortos e pela intensa decoração das parede

Outros abrigos também são encontrados na região e todos apresentam pinturas rupeumas muito semelhantes às encontradas em Santana do Riacho, sugerindo até que foram os mesmos autores. Sabe-se que alguns abrigos tinham vestígios de solo escavados e quam retirados esqueletos, infelizmente danificados por pessoas sem experiência em pes

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queológica. Os estudos prosseguem e, em breve, a equipe pretende identificar a função ou fus diferentes sítios, estabelecer quais foram ocupados de maneira mais permanente e determiculação social entre os grupos que deixaram vestígios nos diferentes abrigos.

Em escavações na Lapa do Dragão, em Minas Gerais, também foi possível estabelecer correre os vestígios de solo e os grafismos a partir do estudo da sucessão de cores utilizadaturas. Constatou-se que o uso de tinta vermelha foi seguida por intensa bicromia. Duran

cavações nos níveis mais antigos encontrou-se apenas corante vermelho, enquanto nos níveisentes, por volta do início da era Cristã, corantes vermelhos aparecem junto com os amare

ncidência indica que a seqüência de pigmentos recuperados no solo corresponde à sucnológica das pinturas realizadas nas paredes. Isto reforça a idéia, defendida por André Pro

e as pinturas que compõem a tradição Planalto são mais antigas que as da tradição São Franalém disso, que a moda da utilização de pigmentos de cor preta e branca bem como do tem

ssaro pernalta é fenômeno recente, por volta de 3 mil anos AP. O pesquisador aguarda que oqüências cronológicas sejam estabelecidas para verificar a abrangência e a veracidade derpretação.

onclusãointeresse pela pré-história brasileira é antigo e remonta à época da colonização pelos euros a disciplina, propriamente dita, é recente. Os primeiros projetos acadêmicos são da déca60 e, por isso mesmo, resta um amplo universo a ser estudado. No que se refere à arte ruprte significativa dos levantamentos já foi realizado e agora começam a surgir resueressantes sobre o processo de produção dos painéis, quer seja a sucessão de figuras que acabr decorar a pedra, quer seja a própria composição química das tintas. Estuda-se o significadnas e contextualizam-se os grafismos através das informações obtidas em escavações.

O universo pictórico, de forte apelo estético, contrasta com a idéia corrente de que os caçae iniciaram a ocupação do Brasil eram seres “primitivos” e famintos em busca dos grmais. O estudo da arte rupestre apresenta um domínio do simbólico extremamente complex

sso a passo, vai sendo desvendado pelos estudiosos da pré-história brasileira.

P significa “antes do presente” que, por convenção, é 1950. Trata-se de uma menção à descoberta da técnica de datação atrbono 14, que se deu em 1952. Assim, um evento ocorrido 500 anos AP ocorreu 500 anos antes de 1950 — ou seja, 14rências cronológicas obtidas através de métodos físicos são sempre acompanhadas de suas respectivas margens de erro, qressas com o sinal positivo e o negativo ( ). Para muitos, o nascimento de Cristo é a principal referência cronológica e o tedido entre antes e depois de Cristo.

eistoceno é um dos períodos geológicos cujo final está situado entre 15 e 11 mil anos atrás, quando se inicia o Holoceno, qodo atual.

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Sugestões de leitura

Caso você queira saber mais sobre a arte rupestre brasileira, recomendo os seguintes livros:

Pré-história do nordeste do Brasil, de autoria de Gabriela Martin e publicado pela Edito

PE, em 1996 e com nova edição em 1999, faz uma interessante síntese dos estudos realizadrdeste brasileiro com especial destaque para a ar te rupestre.

Arqueologia brasileira, de autoria de André Prous e publicado pela Editora da UNB em 19or sintetiza informações bibliográficas sobre o processo de colonização do território brasilresenta um panorama da arte rupestre no Brasil.

Pré-história da Terra Brasilis, org. Maria Cristina Tenório, Editora da UFRJ.

so deseje aprofundar-se no tema, recomendo os Arquivos do Museu de História Naturiversidade Federal de Minas Gerais e a  Revista Fundhamentos, uma publicação da Fun

useu do Homem Americano. ([email protected])

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Agradecimentos

radeço a Angela Buarque, Celso Castro e aos meus alunos do Curso de Pré-história Brasiletituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ pela leitura dos originais, e às instituanciadoras que apóiam minhas pesquisas. A Faperj apóia o projeto “Soberanos da Costa

NPq financia “Estudo e Cadastro dos Testemunhos Pré-histór icos dos Pescadores-Coletores”.

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Sobre a autora

aDu Gaspar é formada em ciências sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), curstrado no Programa Pós-Graduação em Antropologia Social, do Museu Nacional/UFRutorado em arqueologia na Universidade de São Paulo (USP) e completou sua formação cs-doutorado na Universidade do Arizona, EUA. É professora do Museu Nacional do Rneiro e, atualmente, ministra disciplinas de arqueologia na graduação do Instituto de Filosências Sociais (IFCS/UFRJ) e no curso de Especialização em Geologia do Quaternário, no Mcional.

É autora do livro Garotas de programa, um estudo sobre a prostituição em Copacabana,mbaqui: arqueologia do litoral brasileiro, que apresenta o modo de vida de pescadores-colee ocuparam o litoral do Brasil há 6.500 anos. Com o apoio do CNPq e da Faperj, está investigindicadores de hierarquia social e a construção de gênero na sociedade sambaquieira. Ded

mbém ao estudo de vários outras temas, como arte rupestre e história da pesquisa arqueológiasil.

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éditos das ilustrações

olo:

J.B. Debret. [2], [3], [4] André Prous/ Universidade de Brasília. [5] Gabriela Martin. [6] Ereira/ Acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi. [7] André Prous e Alenice Baeta; desenharcos Brito. Acervo do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais.

Mapa traçado pela autora a partir de André Prous (1992) e Edithe Pereira (2002). [9] e [10] Aarie Pessis e Niéde Guidon.

derno de ilustrações:

Foto de Pe. Pedro Ignácio Schmitz.

Foto de Pe. João Alfredo Rohr, S.J.

e 6. Fotos de Paulo Alvarenga Junqueira.

Acervo da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham)

Foto de Gabriela Martin.Foto de Roberta Guimarães/ Imago.

Foto de Edithe Pereira. Acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi.

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Coleção Descobrindo o Brasil

direção: Celso Castro

 ALGUNS VOLUMES JÁ PUBLICADOS:

mbaqui: Arqueologia do litoral brasileiro Madu Gaspar

índios antes do Brasil Carlos Fausto

Brasil no Império português Janaína Amado e Luiz Carlos Figueiredo

asil de todos os santos Ronaldo Vainfas e Juliana Beatriz de Souza

nascimento da imprensa brasileira Isabel Lustosa

Independência do Brasil Iara Lis C. Souza

Império em procissão Lilia Moritz Schwarcz

cravidão e cidadania no Brasil monárquico Hebe Maria Mattos

fotografia no Império Pedro Karp Vasquez

Proclamação da República Celso Castro

belle époque amazônica Ana Maria Daou

digo Civil e cidadania Keila Grinberg

ocesso penal e cidadania Paula Bajer

Brasil dos imigrantes Lucia Lippi Oliveiramovimento operário na Primeira República Claudio Batalha

nvenção do Exército brasileiro Celso Castro

pensamento nacionalista autoritário Boris Fausto

odernismo e música brasileira Elizabeth Travassos

intelectuais da educação Helena Bomeny

dadania e direitos do trabalho Angela de Castro GomesEstado Novo Maria Celina D’Araujo

sindicalismo brasileiro após 1930 Marcelo Badaró Mattos

rtidos políticos no Brasil, 1945-2000 Rogério Schmitt

Era do Rádio Lia Calabre

Bossa Nova à Tropicália Santuza Cambraia Naves

tadura militar, esquerdas e sociedade Daniel Aarão Reis

país do futebol Luiz Henrique de Toledo

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mundo psi no Brasil Jane Russo

modernização da imprensa (1970-2000) Alzira Alves de Abreu

stória do voto no Brasil Jairo Nicolau

mo falam os brasileiros Yonne Leite e Dinah Callou

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A reprodução não-autorizada desta publicação, no todoou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

Capa: Sérgio CampanteIlustração de capa: Pintura em Serranópolis (GO).

Foto de Marcus Vinícius Beber/Acervo do Instituto Anchietano de Pesquisas

Vinheta da coleção: ilustração de Debret

Edição anterior: 2003

ISBN: 978-85-378-0294-6

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