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A Arte Brasileira no Século XIX PROFESSORA CONSUELO HOLANDA @CONSUELOHOLANDA [email protected]

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A Arte Brasileira no Século XIXPROFESSORA CONSUELO HOLANDA@[email protected]

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Arte romântica no Brasil: momento histórico e características

em 1836, Gonçalves de Magalhães, lança o que seria até hoje entendido como o marco do Romantismo brasileiro, o livro “Suspiros Poéticos e Saudades”.

É partir desse fato que é possível entender o contexto histórico do Romantismo no Brasil, afinal, apenas 14 anos antes o país “ouvia” grito de independência ou morte de Dom Pedro I às margens do Ipiranga.

Neste momento, é cada vez mais pulsante a necessidade de se afastar das origens portuguesas e reforçar uma nova realidade. Pelas mesmas razões, o Brasil passava por uma série de mudanças políticas, econômicas e sociais. O nacionalismo crescia, o ideal de liberdade se consolidava e a vontade de construir essa nova nação era nítida entre intelectuais e artistas.

Um mix de insegurança e vontade de construir algo novo se instaura. A partir de todo esse contexto, as características da arte Romântica no Brasil começam a se desenhar em todos os tipos de representação cultural.

Nas artes plásticas, os pintores passaram a valorizar o nacionalismo, criando telas que representavam – e imortalizaram – cenas da história nacional. O objetivo era ajudar na criação dessa nova identidade nacional, ainda tão jovem.

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A Pintura Romântica no Brasil As pinturas do Romantismo brasileiro, apresentadas acima, representam bem o ideal de

pintura da arte Romântica no Brasil, que desejava estabelecer uma identidade brasileira por meio de fatos históricos narrados como uma história de bravura e heroísmo.

A obra de Pedro Américo retrata a Guerra do Paraguai, entre brasileiros, argentinos e uruguaios. Já a tela de Victor Meirelles representa a vitória das tropas brasileiras contra as holandesas em 1648, no primeiro dos confrontos no Morro dos Guararapes.

Alguns historiadores apontam que toda essa valorização nacional era comandada por Dom Pedro II, na tentativa de construir uma unidade cultural e social no país. A ideia central seria criar a imagem de um país civilizado e em progresso.

Nada seria mais propício para isso do que despertar o orgulho nacional retratando momentos “heroicos” brasileiros.

Resumindo, por meio das pinturas do Romantismo brasileiro, o nacionalismo encontrou terra fértil para crescer, por meio da reconstrução visual de eventos históricos importantes.

Além dos fatos históricos representados, a pintura também se dedicava a criar a identidade brasileira retratando outros elementos tipicamente “nossos” como a natureza e a reabilitação do índio.

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Pedro Américo

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A Batalha do Avaí de Pedro Américo (1874 a 1877)

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Idealização histórica : a constituição do herói nacional

Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905). Pintor de origem humilde foi subvencionado pelo Império de D. Pedro II indo estudar em Paris, onde foi consagrado. Sua pintura de estilo acadêmico abrange temas bíblicos e históricos. Sua principal obra é "Independência ou Morte". Pintado em 1888, por encomenda de D. Pedro II, este quadro, também conhecido como "O grito do ipiranga", pretendia representar o momento da independência do Brasil de forma a engrandecer e restaurar o poder da monarquia, já em declínio perante a proximidade da proclamação da república. O quadro tornou-se bastante popular no imaginário do povo brasileiro, mas está longe de ser um registro verdadeiro. Historiadores provam, por exemplo, que D. Pedro I montava uma mula e estava em trajes mais modestos, além de ter feito uma parada providencial às margens do riacho Ipiranga por conta de uma diarreia

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Independência ou Morte, 1888

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O cetro, insígnia da realeza, espécie de bastão de comando que diversas culturas adotaram ao longo dos séculos, como sinal de autoridade, e a Coroa, do mesmo modo, uma alegoria do poder e da conquista, constituem os símbolos de poder do imperador, assim como seu traje majestático

“exercer um poder simbólico não consiste meramente em acrescentar o ilusório a uma potencia ‘real’, mas sim em duplicar e reforçar a dominação efetiva pela apropriação dos símbolos e garantir a obediência pela conjugação das relações de sentido e poderio”, como diz Bronislaw Baczkoem Imaginação Social (1985), tendo em vista que o autor é um defensor da importância do desenvolvimento de um imaginário social para a legitimação do poder político.

Esses símbolos de poder, a própria pose do imperador, semelhante aos grandes reis europeus, e seu olhar a frente, vislumbrando o futuro, revelam-nos a importância da majestade e do reino. A arquitetura clássica é representada pela grande coluna dórica, à maneira dos retratos tradicionais de realeza. Contudo, impondo sobre o trópico a pompa e o cerimonial europeu da monarquia, D. Pedro II igualmente se deixou marcar, e em grande medida, pelas tradições locais, com a inclusão de uma murça feita de penas de papo de tucano como parte da indumentária do imperador, espécie de cocar indígena adaptado aos ombros da realeza que sintetiza essa imagem híbrida da monarquia tropical.

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‘A Carioca’ de Pedro Américo: gênero, raça e miscigenação no Segundo Reinado

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Victor Meirelles

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O que foi a Batalha de Guararapes?

A “Batalha Dos Guararapes” foi um confronto armado envolvendo o Reino de Portugal, apoiado pelos luso-brasileiros defensores do Império e o exército invasor da República das Sete Províncias Unidas (Holanda), pelo domínio da região nordeste do Brasil, no período conhecido como Brasil Colônia.

Com efeito, a luta durou de abril de 1648 a fevereiro de 1649 e teve como palco o Morro dos Guararapes, região do município de Jaboatão dos Guararapes, próximo à Recife, onde ocorreram as duas batalhas do conflito nas quais tropas coloniais da Coroa portuguesa sagraram-se vitoriosas contra uma força muito superior a sua, graças às técnicas de guerrilha que aproveitavam o conhecimento nativo do território.

Não obstante, esta batalha é considerada o marco simbólico para a origem do Exército Brasileiro, uma vez que um sentimento de patriotismo e nacionalismo brasileiro alinhou europeus, luso-brasileiros, negros e indígenas para expulsar os holandeses.

Os nomes dos principais dos comandantes “Patriotas” desta batalha foram inscritos no “Livro de Heróis da Pátria”, dentre eles João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Francisco B. de Meneses, Filipe Camarão, Henrique Dias e Antônio Dias Cardoso.

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Batalha de Guararapes de Victor Meirelles (1875–1879

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Victor Meirelles (1832-1903)Moema, 1866São Paulo, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP)Óleo sobre tela, 129 x 190 cm

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A Primeira Missa do Brasil (1861)“A principal cousa que me moveu a mandar a povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica”

O trecho acima foi retirado de uma correspondência entre D. João III e Tomé de Souza, que em 1548 tornou-se o primeiro governador geral do Brasil. Nele, é possível perceber a preocupação do rei português com a expansão do catolicismo. É possível perceber também que a expansão ultramarina empreendida pela monarquia portuguesa se assentava na dualidade de um projeto colonizador: procurava-se a descoberta e conquista de novos territórios e povos e a expansão da fé católica.

Ao obter a dupla missão de dilatação do império e da fé, cabia à Coroa o papel de padroeira da Igreja Católica nas terras recém-conquistadas.

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Juntamente com os pintores já citados, a arte romântica no Brasil também teve outros artistas da pintura, com grande participação na construção do ideal nacionalista, como:

Rodolfo Amoedo, criador de “Marabá”, obra inspirada no poema homônimo de Gonçalves Dias;

Manuel de Araújo, sua relevância mais concreta foi na organização da Academia;

Almeida Júnior, artista que evoluiu rapidamente para a incorporação do Realismo nas temáticas do romantismo.

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Almeida Júnior

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Saudae 18

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Saudade. Almeida Júnior. 1899. Existe uma luz em perpendicular que entra pelo primeiro quadrante, passa pelo chapéu, brincos, boca, lágrima, documento, livro e termina no baú entreaberto que conduz nosso olhar na obra.A postura da mulher voltada para dentro indica introspecção ignorando o universo externo. Com vestimenta preta, de costas para a janela de madeira, e de frente para o observador, com a cabeça baixa e cabelos despencando pela face esquerda, com lágrimas a escorrer-lhe pelo nariz, segura uma foto na mão esquerda, enquanto com a direita cobre a boca com um xale preto. Seu rosto, com os olhos comprimidos, denota uma expressão de grande saudade. Mais do que isso, atente para a fotografia que a mulher traz em sua mão esquerda e para seu braço direito cuja mão cobre o rosto usando o xale, com o intuito de abafar qualquer soluço. É preciso ressaltar no modo como o artista compõe sua obra numa rica estruturação que está diretamente vinculada ao centro de atenção da narrativa.

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“Temos a arte para não morrer da verdade”FRIEDRICH NIETZSCHE

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