a prosa romÂntica no brasil

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A PROSA ROMÂNTICA NO BRASIL - Pode ser definido como uma arte que envolve a manipulação da realidade e dos sentimentos . - Tematizou todo o território nacional e os seus respectivos habitantes típicos . - O público-alvo inicialmente era constituído de estudantes, moças e funcionários públicos - O romance se atém ao indivíduo e a suas ações cotidianas, seguindo a perspectiva individualista da ideologia burguesa. - Romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas, sociais e artísticas. - O público leitor, representado por pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de entretenimento. - O objetivo dos primeiros jornais é expandir a cultura entre os leitores médios, logo há a criação dos romances de folhetim, de crítica literária, de crônicas passam - Surgem cronistas importantes, entre eles José de Alencar. Dos seus folhetins, Ao Correr da Pena (1851- 1855) virão os romances urbanos como Senhora, Sonhos D'ouro, Lucíola, Diva pautados em observações do autor sobre a sociedade do tempo . - É preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções livres, resumos de romance e narrativas populares da cultura estrangeira contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero literário. A prosa ficcional - A ficção (romance, novela e contos) se inclui entre os gêneros literários preferidos pelo Romantismo. - O público jovem começa a tomar um certo interesse pela literatura. É do agrado desse público leitor o romance que tenha uma história sentimental, com algum suspense e um desfecho (de preferência) feliz ou, então, um desfecho trágico (onde a morte é a única saída para os amantes e a realização amorosa é adiada para a eternidade). - O romance romântico no Brasil tem como características Brasília, DF. 2011

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A PROSA ROMÂNTICA NO BRASIL

- Pode ser definido como uma arte que envolve a manipulação da realidade e dos sentimentos. - Tematizou todo o território nacional e os seus respectivos habitantes típicos . - O público-alvo inicialmente era constituído de estudantes, moças e funcionários públicos - O romance se atém ao indivíduo e a suas ações cotidianas, seguindo a perspectiva individualista da ideologia burguesa. - Romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas, sociais e artísticas. - O público leitor, representado por pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de entretenimento. - O objetivo dos primeiros jornais é expandir a cultura entre os leitores médios, logo há a criação dos romances de folhetim, de crítica literária, de crônicas passam - Surgem cronistas importantes, entre eles José de Alencar. Dos seus folhetins, Ao Correr da Pena (1851-1855) virão os romances urbanos como Senhora, Sonhos D'ouro, Lucíola, Diva pautados em observações do autor sobre a sociedade do tempo. - É preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções livres, resumos de romance e narrativas populares da cultura estrangeira contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero literário.

A prosa ficcional

- A ficção (romance, novela e contos) se inclui entre os gêneros literários preferidos pelo Romantismo. - O público jovem começa a tomar um certo interesse pela literatura. É do agrado desse público leitor o romance que tenha uma história sentimental, com algum suspense e um desfecho (de preferência) feliz ou, então, um desfecho trágico (onde a morte é a única saída para os amantes e a realização amorosa é adiada para a eternidade). - O romance romântico no Brasil tem como características marcantes: o nacionalismo literário. Entende-se por nacionalismo a tendência em escrever sobre coisas locais: lugares, cenas, fotos, costumes brasileiros. Essa tendência contribuiu para a naturalização da literatura portuguesa no Brasil. O romance foi uma forma verdadeira de pesquisar, descobrir e valorizar um país novo. Nesse período do Romantismo brasileiro, a imaginação e a observação dos ficcionistas alargaram o horizonte da terra e do homem brasileiro. - Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, Franklin Távora foram os expoentes máximos da ficção romântica no Brasil. - A narrativa, no romance romântico, é feita em terceira pessoa. - Linguagem com elementos plásticos e sonoros, de imagens e comparações, pois a linguagem é descritiva. - O Romantismo no Brasil é considerado um marco importante na história da literatura brasileira, porque coincide com o momento decisivo de definição da nacionalidade, que visa a valorizar e reconhecer o passado histórico.

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C lassificação do R omance R omântico B rasileiro

- A classificação se dá a partir da temática de cada um deles. Formam-se inicialmente dois grandes grupos, abordando diferentemente a corte e a província, a partir dos quais podem ser feitas algumas subdivisões: a) Corte: - Urbano: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida.

b) Província: - Regionalista: José de Alencar, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora. - Histórico: José de Alencar, Visconde de Taunay. - Indianista: José de Alencar.

Romance urbano - Ambientado na corte: Crônica de costumes, retratando a vida social da época. - A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico. - Descrição com riqueza de detalhes dos espaços públicos: as ruas, as lojas, o teatro, os saraus, as festas, e também espaços luxuosos das casas burguesas. - São romances urbanos: - A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo; - Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; - Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar.

Romance regionalista - O ambiente rústico e/ou rural é focalizado. - Exploração das paisagens do Nordeste, dos Pampas Gaúchos, do Pantanal Mato-Grossense, do Sertão de Minas Gerais. - A atração pelo pitoresco leva à construção de tipos humanos que vivem afastados do meio citadino. Isso se observa nos livros: - O Cabeleira, de Franklin Távora; - O Sertanejo, de José de Alencar; - O Garimpeiro e A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; - Inocência, de Visconde de Taunay.

Romance histórico Está ligado ao romance de “capa e espada”; revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi.

Romance indianista - Valorização das origens. - Há a transformação das personagens em heróis,

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- O “bom selvagem”: valentia, nobreza, brio. - Esta tendência do romance romântico é encontrada nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar.

Extras :- Os romances eram, inicialmente, publicados em folhetins de jornais e revistas importantes; e, como nas telenovelas atuais, a cada final de capítulo, o autor deixava um assunto importante pendente para assim garantir a continuidade da leitura.- Graças à relativa simplicidade do enredo e à linguagem quase coloquial.

- Em Iracema,há toda a simbologia na união da raça portuguesa (Martim) com a raça índia (Iracema), que é a fundação do Brasil , a fundação do homem brasileiro . - O nosso primeiro romancista cronologicamente falando foi Teixeira e Souza autor do livro “O FILHO DO PESCADOR” publicado em 1843. - Os primeiros romances publicados no país eram basicamente centrados em seus espaços geográficos: pequenas vilas, bairros elegantes praias e florestas, cerrados, garimpos, sítios, fazendas, etc.

1. Romances indianistas , que exaltam nossos nativos, passando deles uma imagem próxima do bom selvagem de Rousseau.

2. Romances regionalistas , afirmando características localizadas e peculiaridades ao nosso povo, feito também de escravos, sertanejos, soldados.

3. Romances históricos que, numa visão ufanista, revivem momentos importantes e críticos da nossa formação nacional.

4. Romances urbanos , ligados à vida diária dos nobres ou do povo da cidade, retratando os costumes da sociedade de então, especialmente da Corte (Rio de Janeiro).

A Prosa Romântica

A prosa romântica inicia-se com a publicação do primeiro romance brasileiro "O filho do Pescador", de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa em 1843. O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O romance brasileiro caracteriza-se por ser uma "adaptação" do romance europeu, conservando a estrutura folhetinesca européia, com início, meio e fim seguindo a ordem cronológica dos fatos.

O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de José de Alencar e Pós-José de Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e comportamentos da sociedade burguesa.

E com José de Alencar surgiram novos estilos de prosa romântica como os romances regionalistas, históricos e indianistas e o romance passou a ser mais crítico e realista. Os romances brasileiros fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao agradável: A estrutura típica do romance europeu, ambientada nos cenários facilmente identificáveis pelo leitor brasileiro(cafés, teatros, ruas de cidades como o Rio de Janeiro).

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O sucesso também se deve ao fato de que os romances eram feitos para a classe burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da vida social burguesa e ocultando a hipocrisia dos costumes burgueses. Por isso pode-se dizer que, no geral, o romance brasileiro era urbano, superficial, folhetinesco e burguês. Dentre os vários romancistas românticos brasileiros, merecem destaque:

Joaquim Manuel de Macedo

Célebre por dar início à produção prosaica do romantismo brasileiro, Joaquim Manuel de Macedo ou Dr. Macedinho, como era conhecido pelo povo, escreveu um dos mais populares romances da literatura romântica do Brasil. O romance "A moreninha" fez um enorme sucesso dentre a classe burguesa brasileira que se sentia extremamente agradada por um novo projeto de literatura: A literatura original do Brasil. Uma literatura que continuava a seguir os padrões das histórias de amor européias tão populares entre a classe burguesa, mas que ao mesmo tempo inovava ao trazer tais histórias tão clássicas para ambientes legitimamente brasileiros que faziam os leitores identificarem os ambientes mencionados. Trata-se de um escritor que estava voltado para as narrativas urbanas e tinha como foco a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, e a alta sociedade carioca em seus saraus e festas sociais. Seus romances em forma de folhetim, eram como as atuais telenovelas, só que escritos em episódios num jornal. As obras de Joaquim Manuel de Macedo apresentam uma visão superficial dos hábitos e comportamentos dos jovens da época, buscando ilustrar a pompa e o luxo da alta classe capitalista, e com isso, escondendo a hipocrisia e a dissimulação da burguesia. A grande importância de sua obra é em despertar no público brasileiro, o gosto pela produção literária nacional, ambientada em cenários facilmente identificáveis. Seus romances posteriores a "A moreninha" seguem sua mesma "fórmula". Dentre as principais obras de Joaquim Manuel de Macedo estão:

A Moreninha - É a história de um rapaz burguês que vai estudar medicina no Rio de Janeiro. Morando em uma república estudantil, Augusto, faz vários amigos, dentre eles Filipe que o convida para veranear na Ilha de Paquetá. Augusto aceita o convite, e ele e seus amigos apostam que ele não se apaixonaria por nenhuma moça, caso o fizesse, teria de escrever romances de amor revelando sua paixão. Augusto, contra a aposta com seus amigos, inevitavelmente se apaixona por Dona Carolina, irmã de Filipe, que recusa enamorar-se com Augusto pois em sua infância havia jurado amor eterno a um certo menino e Augusto, curiosamente, também havia jurado amor eterno e casamento a uma certa menina. Por fim, ao descobrirem que um era a paixão infantil do outro, entregam-se a esse sentimento. A pureza e discrição dos personagens, assim como a beleza de um amor pudico, conquistaram os leitores burgueses tornando esse romance um dos maiores sucessos do romantismo brasileiro.

O Moço Loiro

As vítimas-algozes

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José de Alencar

José de Alencar é considerado o patriarca da literatura brasileira. Inaugurou novos estilos românticos e consolidou o romantismo no Brasil desenhando o retrato cultural brasileiro de forma completa e abrangente. E devido a essa visão ampla do cenário brasileiro, sua obra iniciaria um período de transição entre Romantismo e Realismo. Suas narrativas apresentam um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher burguesa do século XIX, já que seus romances a tinha como público alvo. Sua obra pode ser fragmentada em três categorias:

Romances Urbanos

Romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por personagens femininos, mostravam o luxo e a pompa das atividades sociais burguesas, no entanto apresentavam uma critica sutil aos hábitos hipócritas da burguesia e seu caráter capitalista. São exemplos de romances urbanos de José de Alencar:

Senhora - Faz crítica ao casamento por interesse,faz critica aos povos indigenas, à hipocrisia, à cobiça e à soberba burguesa.

Lucíola - Critica o fato de a burguesia, que financia a prostituição durante a noite, ter aversão às mesmas durante o dia.

Diva - Ressalta a beleza das jovens e ricas burguesas, o virtuosismo e a pureza e, em contrapartida, critica o casamento por interesse financeiro.

Romances Regionalistas

Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura européia. Apesar de José de Alencar narrar seus romances regionalistas com uma incrível fluência e suavidade, as histórias narradas são superficiais devido ao fato de que o autor não viajara para as regiões que descreveu, mas pesquisara a fundo sobre elas. Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil independente, o objetivo é fazer propaganda aos próprios brasileiros, expondo a diversidade do país. São Exemplos de romances regionalistas de José de Alencar:

O Gaúcho O Sertanejo O Tronco do Ipê

Romances Históricos e Indianistas

Romances que revelam a preocupação de José de Alencar em exibir o índio como herói nacional. Enquanto os autores românticos da europa retratavam o saudosismo através de menções à época medieval, no Brasil, Alencar procurou buscar na cultura indígena brasileira o passado fiel da história brasileira. Seus romances trazem uma linguagem mais original, com vocábulos do tupi, retratam o índio como símbolo de bravura, de pureza e de amor ao ambiente natural. Pode-se dizer que suas narrativas tendiam ao estilo poético por entrelaçar o

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caráter básico da prosa com o lirismo do gênero poético. Em resumo, suas obras utilizam o indianismo como forma de revelar um conceito mais original de brasilidade e criar um projeto de língua brasileira. Dentre as obras mais importantes de José de Alencar nesse ramo do romantismo, estão:

O Guarani Ubirajara As Minas de Prata Iracema

A Importância da Obra de José de Alencar

Considerado o mais importante escritor do Romantismo brasileiro, é ele quem consegue expressar o perfeito retrato da cultura brasileira, explorando novas vertentes da produção literária, criando e abrindo caminhos para a criação de uma literatura brasileira original, ampla e de boa qualidade. E por isso foi o autor que mais se aproximou do objetivo da escola romântica, mesclando a idealização e o sonho com um realismo sutil, valorizando os elementos naturais da cultura brasileira e o índio como figura-mãe da original cultura brasileira. Suas obras foram capazes de inspirar nos burgueses o gosto pela leitura nacional e também, de inspirar diversos autores a seguir caminhos por ele traçados, concretizando assim seu projeto nacionalista de revelar o Brasil num todo.

Bernardo Guimarães

Bernardo Guimarães, o escritor da famosa obra "A Escrava Isaura"

Considerado um dos mais importantes regionalistas românticos brasileiros, opta por seguir um dos caminhos traçados por José de Alencar ambientando suas tramas nos estados de Minas Gerais e Goiás. Suas obras conservam o caráter linear romântico, apresentando a estrutura folhetinesca típica de sua época; prezam pela valorização do pitoresco e do regional, resgatando os hábitos típicos da sociedade imperial. Caracteriza-se por usar, por vezes, a linguagem oral em sua obra e fazer críticas sutis aos sistemas patriarcal, clerical e escravocrata do Brasil Império. Entres suas principais obras, destacam-se:

A Escrava Isaura - Fez grande sucesso enquanto livro, tão notável que foi adaptado como novela da Rede Globo e da Rede Record. Bernardo Guimarães tentou criticar a escravatura no Brasil, patrocinando, através de sua obra, o abolicionismo, no entanto

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sua crítica se mostrou um tanto malsucedida pois a personagem principal, Isaura, era uma escrava branca, e a antagonista, uma mucama negra, o que incitou nos leitores uma raiva da personagem negra e um sentimento de pena e compaixão da escrava branca Isaura. Pode-se dizer que não atingiu seu objetivo realista devido a sua crítica equivocada, mas conquistou enorme admiração e já nos permite identificar traços de uma literatura brasileira mais realista. Apresenta o caráter sentimentalista romântico das histórias de amor terminando com seu devido final feliz.

O Seminarista - Não tão notório quanto a obra acima, mas não por isso perdeu seu valor literário. Critica o sistema patriarcal da época e principalmente o sistema clerical, mencionando a inadequação do jovem à vida religiosa imposta pela família. Assim como "A escrava Isaura", é uma história de amor, que permite-nos observar sentimentos em conflito com uma realidade imposta pela sociedade (o jovem que não pode amar pois fora forçado a ser padre por sua família). Ao contrário da primeira obra, apresenta um final trágico no qual o protagonista enlouquece ao saber da morte de sua amada.

Franklin Távora

Franklin Távora, inovador e arrojado, é o primeiro escritor brasileiro a retratar o cangaço nordestino.

Um dos mais importantes escritores do romance regionalista brasileiro, Franklin Távora foi o primeiro autor romântico a escrever sobre o cangaço nordestino e um dos mais assíduos críticos do romantismo de José de Alencar pois acreditava num romantismo mais realista, menos idealizado, tanto que suas obras oscilam entre o romântico e o realista. Sua literatura era baseada no "Projeto de uma Literatura do Norte", o que ele fez foi explorar as regiões Norte e Nordeste do Brasil, apoiado em sua teoria de que essas eram as regiões mais brasileiras por serem as menos exploradas pelos brancos europeus, conservando assim um caráter mais típico e mais real da cultura do Brasil. Suas obras valorizavam bastante a questão regional, prezando pelo pitoresco e peculiar das regiões que se preocupou em retratar, assim ele pode expressar os costumes, as características e a realidade, até então pouco explorados, da população do interior do Brasil de forma detalhada e realista. Os romances de Franklin Távora são marcados por sua objetividade, característica do realismo, e por uma análise justa do ambiente que procurava descrever, e devido a esses fatores sua produção literária, pode-se

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dizer, que oscila entre o romantismo e o realismo. Apesar de um grande envolvimento com a causa realista, a obra de Franklin Távora é considerada romântica devido ao fato de conservar o caráter linear e a temática amorosa que marcam a escola romântica brasileira. Dentre seus principais romances estão:

O Cabeleira - Trata-se de seu romance mais importante. Sua história se desenrola sobre a temática do cangaço nordestino, tendo como protagonista o Cabeleira, o chefe de um bando de cangaceiros assaltantes. O Cabeleira termina por largar o banditismo em favor de seu amor por Luizinha. Apresenta fortes traços de realismo por ser justo e fiel aos fatos e ao ambiente, no entanto permanece idealizador na questão sentimental, cuja idéia principal é que o amor quebra qualquer barreira.

O Matuto

Visconde de Taunay

Visconde de Taunay, o autor de "Inocência"

Outro importante autor da vertente regionalista do romantismo brasileiro, que tomou por cenário de suas narrativas a província de Mato Grosso. Sua obra caracteriza-se pela precisão de detalhes e pela descrição minuciosa da paisagem mato-grossense, abusando de detalhes sobre a flora, a fauna e o relevo do cerrado central do Brasil. Seus romances apresentam a habitual estrutura romântica linear e acessórios realistas. Caracterizados por estarem integrados à vertente sertanista, preocupando-se em retratar de forma rica e real o ambiente particular da região centro-oeste brasileira. Dentre as principais de obras de Visconde de Taunay estão:

Inocência - O romance tem como protagonistas a pura e ingênua Inocência, que é vendida pelo pai ao fazendeiro Manecão, e Cirino, um curandeiro que se finge de médico para ganhar a vida e que numa de suas "consultas" cura Inocência e entrega uma carta ao pai da moça, Seu Pereira. Inocência e Cirino se apaixonam, e a frágil moça se torna forte em nome de seu real amor, num de seus encontros amorosos o casal é descoberto o que leva Seu Pereira e Manecão a planejarem uma emboscada para Cirino. Cirino e Inocência terminam mortos. Visconde de Taunay inova por apresentar um desfecho infeliz com a morte dos dois protagonistas.

A Retirada da Laguna

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Manuel Antônio de Almeida

O que melhor descreve a sua importância no romantismo brasileiro é o seu envolvimento com o romance de costumes. Sua obra procurou retratar os hábitos, a moda, o folclore e a religiosidade das classes populares do início do século XIX, desmascarando violentamente a baixa sociedade brasileira colonial, o que a torna singular dentre as obras românticas que procuraram tratar dos costume e dos valores da alta sociedade imperial. Seu romance de costumes ironizava os padrões e normas românticos, criticava a desequilibrada baixa classe brasileira sarcasticamente e pôs em crise a idealização romântica devido ao fato de seus personagens serem malandros, cafajestes e praticamente marginais. Um dos principais traços da obra de Manuel Antônio de Almeida é o predomínio do humor sobre o dramático, suas personagens eram caricaturizadas, com ênfase aos seu defeitos, os acontecimentos da trama desmentiam as aparências das personagens (o quebra mais um padrão romântico cujas obras apresentavam acontecimentos que validavam as aparências das personagens). Seu romance era Picaresco, relativo a picadeiro, ou seja, eram romances cômicos e tendiam ao patético, substituindo o dramático habitual do romantismo por um humor crítico e sagaz. Sua produção apresenta uma ausência da tragédia humana em função de quebrar mais um cacoete romântico. Caracteriza-se como autor precursor do realismo por sua objetividade e sua descrença nos valores sociais, destruindo assim, o caráter subjetivo e bajulador do romantismo. Apesar de toda essa quebra de valores, não só a sua localização temporal, mas também a presença da linearidade e a proteção dos valores burgueses, encaixam a sua obra dentro do romantismo brasileiro. Dentre as obras de Manuel Antônio de Almeida destaca-se:

Memórias de um Sargento de Milícias - Conta a história de Leonardo, um homem que conta as memórias de sua vida desgraçada. Filho de Leonardo Pataca e Maria das Hortaliças, Leonardo foi abandonado ainda criança por sua mãe, que fugiu com um marinheiro, e por seu pai que não o queria. Passou a viver com o padrinho que não tinha filhos e o criara com muita dedicação, encobrindo todas as suas travessuras. Era um menino insuportável. Mais tarde torna-se um boêmio arruaceiro, que quase sempre era preso e logo depois solto teve por um bom tempo o sargento Vidigal em sua cola. Devido a essa freqüência na cadeia, Leonardo cria amizades no meio militar e logo, por apadrinhamento, ganha a patente de sargento de milícias. Após ganhar tal cargo, decide-se casar para fazer jus à sua patente casa-se com Luisinha que estava recém viúva e foi o primeiro amor na sua adolescência. "Memórias de um Sargento de milícias" causou um grande impacto no público burguês, sendo lido principalmente por intelectuais da literatura da época e alcançando o ápice de sucesso após a morte de Manuel Antônio de Almeida em um naufrágio. A narrativa é linear, apesar de "começar pelo final", é farta de humor, e o núcleo principal caracteriza-se pela falta de classe e de valores.

Os jornais e a literatura O Romantismo é fruto de um complexo movimento de idéias políticas, sociais e artísticas. Esse movimento encontra, no Brasil, um clima propício ao seu desenvolvimento. O público leitor, representado por pessoas da aristocracia rural, encontra na literatura um meio de entretenimento.O objetivo dos primeiros jornais, no século XIX, é expandir a cultura entre os leitores médios. O jornalismo literário conta com vários adeptos. Os romances de folhetim, de crítica literária, de crônicas passam, então, a ser cultivados. Surgem cronistas importantes, entre eles José de Alencar. Dos seus folhetins, Ao Correr

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da Pena (1851-1855), sairão mais tarde romances urbanos como Senhora, Sonhos D'ouro, pautados em observações do autor sobre a sociedade do tempo. França Junior – o mais prestigiado cronista da época – publica seus folhetins nos jornais O Globo Ilustrado, O País, O Correio Mercantil. É preciso frisar que a difusão, em livro ou em jornal, de traduções livres, resumos de romance e narrativas populares da cultura estrangeira contribuiu bastante para a divulgação e consolidação desse novo gênero literário. A prosa ficcional A ficção (romance, novela e contos) se inclui entre os gêneros literários preferidos pelo Romantismo. Com o estabelecimento da corte imperial no Brasil e com o crescente desenvolvimento de alguns núcleos urbanos, o público jovem começa a tomar um certo interesse pela literatura. É do agrado desse público leitor o romance que tenha uma história sentimental, com algum suspense e um desfecho feliz. O romance romântico no Brasil tem como características marcante o nacionalismo literário. Entende-se por nacionalismo a tendência em escrever sobre coisas locais: lugares, cenas, fotos, costumes brasileiros. Essa tendência contribuiu para a naturalização da literatura portuguesa no Brasil. O romance foi uma forma verdadeira de pesquisar, descobrir e valorizar um país novo. Nesse período do Romantismo brasileiro, a imaginação e a observação dos ficcionistas alargaram o horizonte da terra e do homem brasileiro. Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, Franklin Távora foram os expoentes máximos da ficção romântica no Brasil. A narrativa, no romance romântico, é feita em terceira pessoa. Tanto na poesia, como na ficção (exceto no teatro) a linguagem está impregnada de elementos plásticos e sonoros, de imagens e comparações; a linguagem é descritiva. O Romantismo no Brasil é considerado um marco importante na história da literatura brasileira, porque coincide com o momento decisivo de definição da nacionalidade, que visa a valorizar e reconhecer o passado histórico. Classificação do romance romântico brasileiro É possível agrupar os romances românticos do Brasil a partir da temática de cada um deles. Formam-se inicialmente dois grandes grupos, abordando diferentemente a corte e a província, a partir dos quais podem ser feitas algumas subdivisões: a) Corte: urbano. Autores: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida. b) Província: Regionalista – autores: José de Alencar, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora. Histórico – autores: José de Alencar, Visconde de Taunay. Indianista – autores: José de Alencar.

Romance urbano

Ambientado na corte, o romance urbano caracteriza-se pela crônica de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico, visto que a sociedade brasileira, ainda

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pouco urbanizada, não propicia análises de suas relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao campo, etc. alternam-se com complicações de caráter social e moral, como casamentos, namoros, bisbilhotices, etc. São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de umSargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar.

Romance regionalista

O ambiente rústico, rural é focalizado. A atração pelo pitoresco leva o escrito romântico a pôr em evidência tipos humanos que vivem afastados do meio citadino. Isso observamos nos livros: O Cabeleira, de Franklin Távora; O Sertanejo, de José de Alencar; O Garimpeiro, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Inocência, de Visconde de Taunay.

Romance histórico

Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”; revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi.

Romance indianista

O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a transformação das personagens em heróis, que apresentam traços do caráter do bom selvagem: valentia, nobreza, brio. Essa tendência do romance romântico encontramos nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1625692-prosa-rom%C3%A2ntica-brasil/#ixzz1LbzaygYd

ROMANTISMO

PROSA e TEATRO

Um dos fatos mais importantes do Romantismo foi a criação de um novo público, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de

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características clássicas. Surge o romance, forma mais acessível de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso ao assumir feições nacionais e populares. Com a formação dos primeiros cursos superiores em 1827 e com o liberalismo burguês, dois novos elementos da sociedade brasileira representam um mercado consumidor a ser atingido: o estudante e a mulher. Com a vinda da família real, a imprensa passa a existir no Brasil e, com ela, os folhetins, que desempenharam importante papel no desenvolvimento do romance romântico.

O romance romântico passa a responder às exigências do público leitor; para tanto, tinge-se de “cor local”, gira em torno da descrição dos costumes urbanos, ou de amenidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentando personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas, com os quais o leitor se identificava, vivendo uma “realidade” que lhe convinha.

Cronologicamente, o primeiro romance brasileiro foi O Filho do pescador, publicado em 1843, de autoria de Teixeira e Sousa. Romance sentimentalóide, de trama confusa, não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria em nossas letras.

Desta forma, pela aceitação obtida junto ao público leitor, por ter moldado o gosto desse público ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, publicado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.

A ficção romântica produziu:

<!--[if !supportLists]-->1- <!--[endif]-->ROMANCES INDIANISTAS - que exaltam nossos nativos, reflete o nacionalismo e a exaltação da natureza pátria.

2- ROMANCES REGIONALISTAS, afirmando características localizadas e peculiares ao nosso povo, feito também de escravos, soldados, sertanejos.

3- ROMANCES HISTÓRICOS que, numa visão ufanista, revivem momentos importantes e críticos da nossa formação nacional.

4- ROMANCES URBANOS, ligados à vida diária dos nobres ou do povo da cidade, retratando os costumes da sociedade de então, especialmente da Corte (Rio de Janeiro).

JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

(1820-1882)

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1820. Em 1844, mesmo ano em que se forma em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, publica seu primeiro romance - A Moreninha.

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Junto com Araújo Porto Alegre e Gonçalves Dias, fundou a revista Guanabara. Foi também professor do colégio D. Pedro II, cargo que ocupou até a morte. Faleceu em 1882, na cidade do Rio de Janeiro.

A obra de Macedo representa todo o esquema e desenvolvimento dos romances românticos iniciais: descrição de costumes da sociedade carioca, suas festas, tradições e ambientes típicos; caráter documental; estilo fluente e leve; linguagem simples; que beirava o desleixo; tramas fáceis; pequenas intrigas de amor e mistério; final feliz, com vitória no amor. Com essa receita Macedo consegue ser o autor mais lido no Brasil nas décadas de 40 e 50, até sofrer a concorrência de Alencar e seu O Guarani (1857).

Macedo foi, por excelência, o escritor da classe média carioca, que se opunha à aristocracia rural. Sua pena tinha o “gosto burguês”; seus romances eram povoados de jovens estudantes idealizados, moçoilinhas casadoiras ingênuas e puras e outros tipos que perambulavam pela agitada cidade do Rio de Janeiro.

<!--[if gte vml 1]> <![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]-->BERNARDO GUIMARÃES

(1825-1884)

Seu nome completo era Bernardo Joaquim da Silva Guimarães. Estudou direito em São Paulo, onde se uniu ao grupo boêmio da Faculdade. Foi juiz de direito

e professor secundário em Ouro Preto e Queluz. É um romancista que nos liga mais à natureza e aos conflitos sociais. É considerado um dos criadores do romance sertanejo e regional: estilizou nossa paisagem, nosso sertanejo, nosso mestiço, nosso garimpeiro, o padre do interior, o estudante de seminário e o nosso índio. Além de romancista notabilizou-se como humorista.

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OBRAS: - A escrava Isaura (1875)

- O seminarista (1872)

- O Garimpeiro (1872)

- O Ermitão de Muquém (1865)

<!--[if gte vml 1]> <![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]-->MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

(1831-1861)

Nasceu em 1831, no Rio de Janeiro. Estudante de Medicina, publica Memórias de um Sargento deMilícias em folhetins, no suplemento Pacotilha do jornal Correio Mercantil, ao longo de 1852/53.

Menos idealista e mais satírico, adiantou-se a seu tempo. Fez uma obra sem pretender fazer literatura e conseguiu apreender a realidade do momento, os aspectos corriqueiros e cômicos da vida diária. Escreveu na língua em que o povo falava. Conseguiu tudo isso numa típica novela, obra totalmente inovadora para sua época, pois abandona a visão da burguesia urbana para retratar o povo em toda a sua simplicidade. Retrata com humor e sátira o período de D. João VI no Brasil, justamente o momento das maiores transformações, da mudança da mentalidade colonial para a vida da Corte.

As Memórias ferem a “sensibilidade romântica” a partir de seu herói: comparado com os modelos românticos, Leonardinho é um anti-horói, aquele que vê a sociedade de baixo para cima, o que está à margem dessa sociedade, com um outro ângulo de visão.

VISCONDE DE TAUNAY

(1843-1899)

Seu nome completo era Alfredo D’Escragnolle Taunay. Cursou Ciências Físicas e Matemáticas na Escola Militar.

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Participou da Guerra do Paraguai e de várias outras campanhas militares. Ingressou na vida política sendo deputado e senador e presidente de províncias. Recebeu o título de Visconde.

Romântico pelo idealismo sentimental e realista pelas descrições da natureza, às vezes com observações minuciosas e notas científicas sobre a fauna e a flora, Taunay é um escritor de transição que se tornou famoso graças a duas obras: Inocência e A retirada de Laguna.

Testemunhou e descreveu A Retirada de Laguna, episódio ocorrido na Guerra do Paraguai, escrita originalmente em francês e traduzida mais tarde por Salvador de Mendonça. Inocência é o seu melhor romance, foi traduzido para diversos idiomas, nele utiliza a vida rural brasileira como cenário e narra a história de Inocência, que se apaixona por Cirino, um falso médico, apesar de ter sido prometida a Manecão. A história é uma espécie de Romeu e Julieta, termina com a morte de Inocência e Cirino.

OBRAS: - A mocidade de Trajano (1871)

- O encilhamento (1894)

- A retirada de laguna (1872)

Escreveu contos, depoimentos e peças teatrais.

JOSÉ DE ALENCAR

(1829-1877)

Seu nome completo era José Martiniano de Alencar, nasceu em Macejana, no Ceará, no ano de 1829 e morreu

no Rio de Janeiro, em 1877, de uma tuberculose contraída na mocidade.

Formou-se em Direito em São Paulo, em 1850, e teve uma brilhante carreira de advogado, jornalista e político.

Desgostoso com seus insucessos na área política, dedicou-se integralmente às atividades literárias, deixando-nos assim uma extensa e extraordinária produção.

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Embora não tenha sido propriamente o criador do romance romântico, é a figura mais importante da prosa romântica.

A OBRA DE JOSÉ DE ALENCAR

Alencar tinha consciência clara do papel que cabia ao escritor de sua época. Por isso, o conjunto de romances que escreveu tornou-se a obra mais representativa na busca das raízes de nossa nacionalidade.

Seus romances abrangem todos os aspectos da realidade brasileira do seu tempo. Além disso, o escritor sempre se preocupou em empregar uma língua que se distanciasse do português utilizado em Portugal.

Romances Urbanos

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Cinco Minutos (1856)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->A viuvinha (1860)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Lucíola (1862)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Diva (1864)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->A Pata da Gazela (1870)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Sonhos d’ouro (1872)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Senhora (1875)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Encarnação (1877)

Romances Regionalistas ou Sertanistas

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->O Gaúcho (1870)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->O Tronco do Ipê (1871)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Til (1872)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->O Sertanejo (1875)

Romances Históricos

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->As Minas de pedra (1862)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Alfarrábios (1873)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Guerra dos Mascates (1873)

Romances Indianistas

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- O Guarani (1857)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Iracema (1865)

<!--[if !supportLists]-->- <!--[endif]-->Ubirajara (1874)

Hoje, o estilo de Alencar parece-nos declamatório, mas, ao ler seus romances, não podemos nos esquecer de situá-los no tempo em que foram escritos.

O estudo do romance alencariano é favorecido por um texto que ele próprio escreveu como prefácio de seu livro Sonhos d’ouro onde expressa a seu desejo de fazer um grande painel do Brasil, cobrindo-o por inteiro, o Norte e o Sul, o litoral e o sertão, o presente e o passado, o urbano e o rural, incluindo a tentativa de estabelecer um linguagem brasileira. Nesse prefácio, o autor deixa claro o propósito de retratar os aspectos fundamentais da vida brasileira, além de fornecer uma classificação de sua própria obra.

O ROMANCE INDIANISTA foi uma das soluções que os escritores brasileiros encontraram para repetir aqui a proposta européia de volta ao passado. A civilização indígena representou literariamente o aspecto mais autêntico de nossa nacionalidade.

“O segundo período é histórico: representa o consórcio do povo invasor com a terra americana, que dele recebia a cultura e lhe retribuía nos eflúvios de sua natureza virgem e nas revelações de um solo esplêndido.”

O Romance Histórico pretende trazer à tona figuras históricas ou até figuras lendárias, situando-as em seu tempo e momento reais.

“A terceira fase, a infância de nossa literatura, começada com a independência política, ainda não terminou; espera escritores que lhe dêem os últimos traços e formem o verdadeiro gosto nacional. (…) Onde não se propaga com rapidez a luz da civilização, que de repente cambia a cor local, encontra-se ainda em sua pureza original, sem mescla, esse viver singelo de nossos pais, tradições, costumes e linguagem, com um sainete todo brasileiro.”

O ROMANCE REGIONALISTA vai retratar diferentes partes do país, focalizando seus hábitos, costumes, linguagem, tradições, sempre em oposição aos valores urbanos da corte.

“Nos grandes focos, especialmente na corte, a sociedade tem a fisionomia indecisa, vaga e múltipla…

O ROMANCE URBANO procura focalizar a corte, onde se mistura um modo de ser nacional e as influências estrangeiras. Nesse tipo de romance, Alencar retrata a vida burguesa da época, utilizando histórias de amor como assunto das narrativas

http://denisemiletto.blog.terra.com.br/2009/06/21/a-prosa-romantica/

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