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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO PAULA SANTARÉM WENZEL Itajaí, novembro de 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO

PAULA SANTARÉM WENZEL

Itajaí, novembro de 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO

PAULA SANTARÉM WENZEL

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Direito. Orientador: Professor Esp. Sílvio Noel de Oliveira Júnior

Itajaí, novembro de 2009

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AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a Deus, pois por ele foi possível a realização deste trabalho.

De modo particular, agradeço ao Professor Sílvio Noel de Oliveira Júnior, por sua paciente orientação e dedicação na produção deste trabalho.

À Família Santarém, pela constante preocupação para comigo, estando ao meu lado, seja nos momentos mais alegres, bem como nos mais difíceis e, também, por serem meus grandes apoiadores pela escolha deste Curso.

Ao meu irmão Jefferson, sempre presente em minha vida e por sua colaboração prestada durante toda esta jornada.

À minha amiga Fernanda por sua companhia na maior parte deste Curso, me incentivando, me auxiliando, fazendo com que este caminho fosse mais suave a se trilhar, bem como minhas demais amigas Karine, e Yana, por serem verdadeiras parceiras, desde minha tenra idade.

À minha amiga Keylla e seu namorado Ricardo, pelo apoio e compreensão prestados durante esta trajetória.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho às três pessoas mais importantes da minha vida, meu pai Ricardo

Wenzel, minha mãe Glaucinéa Bastos Santarém, presentes de Deus em minha vida, os quais amo demais, tendo em vista que sem eles nada disso

seria possível. E ao meu marido Rodrigo Walicoski Carvalho, a quem amo mais do que ontem e menos

do que amanhã, e que, com sua sabedoria, abrandou o peso da elaboração deste trabalho.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, novembro de 2009

PAULA SANTARÉM WENZEL Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Paula Santarém Wenzel, sob o título

A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO

TRABALHO, foi submetida em 18 de novembro de 2009 à banca examinadora

composta pelos seguintes professores: Sílvio Noel de Oliveira Júnior e Wanderley

Godoy Júnior, e aprovada com a nota

Itajaí, novembro de 2009

Sílvio Noel de Oliveira Júnior Orientador e Presidente da Banca

Wanderley Godoy Júnior Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART. Artigo TRTs Tribunais Regionais do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho CLT Consolidação das Leis do Trabalho CF Constituição Federal CPC Código de Processo Civil

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias1 que a Autora considera estratégica à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais2.

Ação:

É o direito ao exercício da atividade jurisdicional, ou o poder de exigir esse exercício.

Violado o direito, surge para o titular desta violação, o direito subjetivo de ir ao

Judiciário postular a satisfação do direito, que é assegurado pelo chamado direito de

ação”.3

Competência:

O instituto da competência tem origem na distribuição do trabalho entre os diversos

ofícios judiciais ou entre seus diversos componentes. Já que o efeito de tal

distribuição se manifesta no sentido de que a massa das lides ou negócios se dividia

em tantos grupos, cada um dos quais é designado a cada um dos ofícios, a

potestade de cada um deles se limita praticamente às lides ou aos negócios

compreendidos pelo mesmo grupo.”4

Direito:

“Direito é o elemento valorizador, qualificador e atribuidor de efeitos a um

comportamento, como objetivo de que seja assegurada adequadamente a

organização das relações humanas e a justa conveniência, tendo a Sociedade

1 “Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”. (PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéia e ferramentas úteis ao pesquisador do direito. 7. ed. Florianópolis: OAB/SC editora, 2002, p. 40) 2 “Conceito operacional (=cop) é uma definição para uma palavra e/ou expressão com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos” (PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéia e ferramentas úteis ao pesquisador do direito. 7. ed. Florianópolis: OAB/SC editora, 2002, p. 40) 3 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 56. 4 CARNELUTTI, Francesco. Instituições do processo civil. V. I. campinas: Servanda, 1999. p. 256.

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8

conferido ao Estado o necessário poder coercitivo para a preservação da ordem

jurídica e a realização da Justiça”.5

Estado:

Numa estrita visão jus-positivista, a instituição que detém o poder de coerção

incidente sobre a conduta dos cidadãos, determinando-lhes, através de um sistema

normativo respaldado na força, o que podem e não podem fazer”.6

Jurisdição:

Assumindo que o sistema processual é impulsionado por uma serie de escopos e

que o Estado chama a si a atribuição de propiciar a consecução destes, uma das

funções estatais é a de realizar os escopos do processo. Tal é a jurisdição, função

exercida pelo Estado por meio de agentes adequados (os juízes), com vista à

solução imperativa de conflitos interindividuais ou supraindividuais e aos demais

escopos do sistema processual”.7

Princípio:

“Princípios são normas que exigem a realização de algo, da melhor forma possível,

de acordo com as possibilidade fáticas e jurídicas (...)”.8

5 PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéia e ferramentas úteis ao pesquisador do direito. 7. ed. Florianópolis: OAB/SC editora, 2002, p. 80. 6 MELO, Osvaldo Ferreira de. Dicionário de política jurídica. 18. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2000, P. 38. 7 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. V. I. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 305. 8 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra: Almeida, 1993, p. 1215.

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Processo:

É o meio de solução dos conflitos e o instrumento público, previsto em lei, por meio

do qual o Estado exerce a jurisdição, dirimindo conflito de interesses, aplicando o

direito ao caso concreto dando a cada um o que é seu por direito, e impondo

coercitivamente o cumprimento da decisão”.9

9 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 52.

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................. XII

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................13

CAPÍTULO 1 .............................................................................................................15

1.1 CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO NO BRASIL ..............................15 1.1.1 PRIMEIROS ÓRGÃOS ESPECIALIZADOS EM LITÍGIOS TRABALHISTAS .........................15 1.1.2 DECRETO-LEI DE 1939, 1940 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946 E A JUSTIÇA DO

TRABALHO ..................................................................................................................16 1.1.3 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ..............................17 1.1.3.1 Varas do Trabalho .......................................................................................19 1.1.3.2 Tribunais Regionais do Trabalho...............................................................19 1.1.3.3 Tribunal Superior do Trabalho ...................................................................22 1.2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO...............................................................23 1.2.1 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA...............................................................................23 1.2.2 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA, LUGAR E DAS PESSOAS ..............................24 1.2.2.1 Competência em razão da matéria.............................................................24 1.2.2.2 Competência em razão do lugar ................................................................25 1.2.2.3 Competência em razão das pessoas.........................................................26 1.3 FUNDAMENTOS DO PROCESSO DO TRABALHO..........................................................27 1.3.1 AUTONOMIA CIENTÍFICA .......................................................................................27 1.3.2 PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL..........................................................................29 1.3.2.1 Princípio da Publicidade.............................................................................29 1.3.2.2 Princípio do duplo grau de jurisdição .......................................................30 1.3.2.3 Princípio do Contraditório e ampla defesa ...............................................31 1.3.2.4 Princípio do Devido Processo Legal .........................................................31 1.3.2.5 Princípio da Verdade Real ..........................................................................32 1.3.3 PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO ............................................................33 1.3.3.1 Princípio da Proteção...................................................................................33 1.3.3.2 Princípio da Conciliabilidade .....................................................................34 1.3.3.3 Da Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias....................................35 1.3.3.4 Princípio da Subsidiariedade .....................................................................36

CAPÍTULO 2 .............................................................................................................38

2.1 NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO ................................................................................38 2.1.1 CONCEITO DE AÇÃO ............................................................................................38 2.1.2 CLASSIFICAÇÃO E CONDIÇÕES DA AÇÃO ...............................................................39 2.1.2.1 Possibilidade jurídica do pedido................................................................39 2.1.2.2 Legitimidade das partes .............................................................................40 2.1.3.3 Interesse Processual...................................................................................40 2.2 ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS..................................................................41 2.2.1 ATOS E TERMOS PROCESSUAIS ............................................................................41 2.2.1.1 Atos Processuais ........................................................................................42 2.2.1.2. Termos Processuais ..................................................................................42

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xi

2.2.2 PRAZOS PROCESSUAIS .......................................................................................43 2.2.3 NULIDADES PROCESSUAIS...................................................................................45 2.2.3.1 Nulidade Relativa.........................................................................................46 2.2.3.2 Anulabilidade...............................................................................................46 2.2.3.3. Irregularidades ...........................................................................................47 2.2.3.4. Nulidade Absoluta ......................................................................................48 2.2.3.5. Inexistência.................................................................................................48 2.3 DAS PARTES NO PROCESSO DO TRABALHO .............................................................49 2.3.1 CAPACIDADE PROCESSUAL..................................................................................50 2.3.2 SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL ...............................................................................51 2.3.2.1 A Substituição processual pelo Sindicato no Direito Processual do Trabalho ...................................................................................................................52 2.3.3 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS...............................................................................53 2.3.3.1 Intervenção voluntária ................................................................................54 2.3.3.1.1 Assistência ...............................................................................................54 2.3.3.1.2 Oposição ...................................................................................................55 2.3.4.2 Intervenção provocada ...............................................................................56 2.3.4.2.1 Nomeação à autoria .................................................................................56 2.3.4.2.2 Denunciação da lide.................................................................................58 2.3.4.2.3 Chamamento ao processo.......................................................................59

CAPÍTULO 3 .............................................................................................................61

3.1 APLICAÇÃO SUPLETIVA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL AO DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO E AS LACUNAS DA CLT......................................61 3.2 AS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11232/05 QUE INCIDIRAM SOBRE O PROCESSO DO

TRABALHO ..................................................................................................................65 3.3 EXECUÇÃO PROVISÓRIA .........................................................................................68 3.4 A CITAÇÃO, NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA E APLICAÇÃO DE MULTA NAS EXECUÇÕES

DE OBRIGAÇÕES DE PAGAR .........................................................................................71 3.5 ART. 475-J NO PROCESSO CIVIL ............................................................................73 3.6 A APLICABILIDADE DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO .................76

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................80

REFERENCIA DAS FONTES CITADAS ..................................................................83

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RESUMO

Hodiernamente, o que se espera do Poder jurisdicional vai

além da simples Justiça. A Sociedade anseia por celeridade, igualdade e eficácia,

onde o direito de uma pessoa não permanece apenas no papel, mas sim, que seja

exteriorizado do mundo dos autos. Nesse particular faz-se então necessária uma

análise da evolução do Processo Civil e do Processo do Trabalho, os quais

encontram-se na incansável busca por normas mais ágeis e eficazes, para que a

Justiça deixe a sua morosidade. A partir do primeiro capítulo é feita uma abordagem

acerca do surgimento dos órgãos da Justiça do Trabalho até o momento em que

passou a ser considerada uma ciência autônoma, com seus órgãos específicos,

seus princípios e sua legislação própria. O segundo capítulo menciona sobre os

elementos importantes que deve conter um processo, bem como os eventuais

incidentes que nele podem ocorrer. O terceiro capítulo discorre acerca da nova Lei

11232/05 e seus reflexos no Processo do Trabalho, fazendo por fim uma análise do

art. 475- J dentro do Processo Civil e, também, a sua possível aplicação subsidiária

no Processo do Trabalho.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o art. 475-J do CPC e

sua aplicação no Processo do Trabalho.

O seu objetivo é analisar o posicionamento da doutrina e

jurisprudência acerca da aplicação supletiva do art. 475-J do CPC no Processo

Laboral, o referido artigo possui a seguinte redação:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de analisar a

evolução dos órgãos da Justiça do Trabalho até o momento em que esta se tornou

autônoma das demais ciências.

No Capítulo 2, tratando de verificar desde os requisitos até as

partes que integram uma ação trabalhista, bem como as possíveis nulidades que

dela podem decorrer no processo.

No Capítulo 3, tratando de obserar as alterações do Processo

Civil decorrentes da nova Lei 11232/05 e seus reflexos no Processo do Trabalho,

com enfoque no art. 475-J do CPC.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,

seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a

aplicação subsidiária do art. 475-J do CPC no Processo do Trabalho.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

a) Direito Processual do Trabalho é autônomo em relação ao

Direito Processual Civil, mas utiliza das suas normas de forma supletiva ou

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subsidiária desde que não haja incompatibilidade com os princípios norteadores da

justiça laboral.

b) As alterações do Direito Processual Civil decorrentes da Lei

11.232/05 não podem ser aplicadas no Processo do Trabalho porque existem

normas e procedimentos efetivos para a execução trabalhista na CLT.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de

Investigação10 foi utilizado o Método Indutivo11, na Fase de Tratamento de Dados o

Método Cartesiano12, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente

Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas

do Referente13, da Categoria14, do Conceito Operacional15 e da Pesquisa

Bibliográfica16.

10 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente

estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.

11 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86.

12 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.

13 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.

14 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.

15 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.

16 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.

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CAPÍTULO 1

PROCESSO DO TRABALHO NO BRASIL

1.1 CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO NO BRASIL

1.1.1 Primeiros Órgãos especializados em litígios trabalhistas

A Justiça do Trabalho surgiu a partir da evolução do Direito do

Trabalho e da necessidade de solução dos conflitos trabalhistas que se seguiram,

conforme explica Giglio17:

A Revolução Industrial determinou profundas mudanças nas condições de trabalho. A utilização de máquinas que faziam, como o tear, o serviço de vários trabalhadores causou o desemprego em massa. O aumento da oferta de mão-de-obra, diante da pequena procura por trabalhadores, acarretou o aviltamento dos salários. O grande lucro propiciado pelas máquinas trouxe como conseqüência a concentração de riqueza nas mãos dos poucos empresários e o empobrecimento generalizado da população. Aglomerados em pequenas áreas industrializadas, os trabalhadores tomaram consciência da identidade de seus interesses. Insatisfeitos, uniram-se reagindo contra tal situação em movimentos reivindicatórios violentos, frequentemente sangrentos, as greves. Para forçar os donos das máquinas a lhes pagar melhores salários, a reduzir a jornada e a fornecer ambiente de trabalho menos insalubre, os operários se recusavam a desempenhar suas tarefas.

O Estado, neste período, não se imiscuía para solucionar os

conflitos existentes entre empregados e empregadores, porém, mais tarde, após

verificar que com a paralisação do trabalho arrecadavam menos impostos, bem

como as controvérsias trabalhistas geravam conturbações sociais, o que prejudicava

a ordem interna, passou a intervir na solução dos conflitos trabalhistas.

Desta forma, foram criados órgãos, eminentemente, de

conciliação, onde as partes deveriam chegar a um acordo de forma obrigatória.

Contudo, após este procedimento se mostrar inexitoso, o Estado criou a fase da

mediação, onde um seu representante participava das negociações como mediador.

17 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 1.

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16

Por último, o Estado passou a indicar um árbitro para julgar a controvérsia existente

entre empregados e empregadores.

No Brasil, os primeiros órgãos da Justiça do Trabalho foram os

Tribunais Rurais em 1922, onde as divergências envolviam questões salariais, mas

também decorriam da interpretação e execução de contratos de serviços agrícolas.

Como destaca Mascaro Nascimento18:

No Brasil, a primeira experiência de instituição de um órgão especializados para dirimir litígios trabalhistas surgiu no Estado de São Paulo, em 1922, com a constituição de tribunais rurais compostos pelo Juiz de Direito da Comarca, um representante dos trabalhadores e outro, dos fazendeiros.

Os Tribunais denominavam-se rurais, pois à época a economia

do Estado de São Paulo baseava-se, principalmente, no café. Nesta época, o

Tribunal era competente para examinar a reclamação, a defesa, ouvir testemunhas e

julgar.

No entanto, a idéia dos Tribunais Rurais fracassou, tendo em

vista que a decisão era proferida pelo Juiz de Direito e, portanto, este julgava

conforme os interesses de quem o indicara, sob a condição de ser tido por traidor.

Com a Revolução de 1930 e o início da industrialização

brasileira, várias mudanças ocorreram nas relações de trabalho. Em 1932 foram

criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento e as Comissões Mistas de

Conciliação, tendo competência para resolver dissídios individuais e conflitos

coletivos, respectivamente.

1.1.2 Decreto-lei de 1939, Decreto de 1940, a Constituição Federal de 1946 e a

Justiça do Trabalho

O Decreto-lei nº 1.237, de 02 de maio de 1939, regulamentado

pelo Decreto nº 6596, de 12 de dezembro de 1940, foi quem organizou a Justiça do

18 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 22. ed. São Paulo:Saraiva, 2007. p. 03.

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17

Trabalho. Porém, esta ainda era considerada um órgão autônomo do Poder

Executivo.

Somente com a Constituição Federal de 1946 é que,

expressamente pelo art. 94, inciso V, os Tribunais e Juízes do Trabalho passaram a

integrar o Poder Judiciário.

Desta forma, os Tribunais do Trabalho deixaram de fazer parte

do Poder Executivo, por isso, a natureza de suas atividades uma vez

administrativas, tornaram-se jurisdicionais.

No tocante aos órgãos da Justiça do Trabalho, já previa o art.

122 da Constituição Federal de 1946, quais sejam o Tribunal Superior do Trabalho,

os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento.

Em relação a sua competência, previa o art. 123 do mesmo

dispositivo legal:

Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre empregados e empregadores, e, as demais controvérsias oriundas de relações do trabalho regidas por legislação especial.

Portanto, nota-se o quão importante foi a Constituição Federal

de 1946, a qual deu um novo sentido para a Justiça do Trabalho.

1.1.3 Organização e Funcionamento da Justiça do Trabalho

A organização da Justiça Laboral apresenta aspectos comuns

e peculiares no que diz respeito aos demais tribunais do Poder Judiciário.

São aspectos comuns a presença dos tribunais trabalhistas em

todo Brasil, a pluralidade de graus de jurisdição, seus juízes gozarem de garantias,

os tribunais laborais serem regidos por regimentos internos, bem como, na primeira

instância, há um juízo monocrático e não um colegiado.

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18

No entanto, cabe salientar os aspectos peculiares da Justiça do

Trabalho. Neste, há a efetividade do Direito do Trabalho, suas Varas estão em

mesmo grau na região, pois não há divisão em entrância, bem como a criação dos

tribunais se dá por regiões e não por Estados.

Ademais, as Varas trabalhistas atendem as mesmas matérias

como verbas rescisórias, adicionais de insalubridade e periculosidade e horas

extras, o que não ocorre na Justiça Comum que se dividem em Varas

especializadas, como as de família, criminal, falências, Fazenda Pública e outras.

Após a Constituição Federal de 1946, que foi marcante para o

crescimento da Justiça Laboral, paulatinamente, a mesma foi evoluindo com

emendas constitucionais e novas constituições que surgiram até chegar aos dias de

hoje.

Com a Emenda Constitucional n. 24/99 denominou-se as

antigas Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho, inclusive, os

magistrados de todos os órgãos laborais só poderiam atuar com a devida formação

jurídica.

Sobre a Emenda Constitucional de n. 45/04 comenta o jurista

Schiavi19:

A Emenda Constitucional n. 45/04 prestigiou a Justiça do Trabalho, dilatando-lhe a competência para apreciar, alem das controvérsias entre empregados e empregadores, as controvérsias oriundas e decorrentes da relação de trabalho, e também as questões que circundam a relação de emprego, como as questões sindicais, da greve, dentre outras especificas no art. 114 da Constituição Federal.

No que tange aos órgãos da Justiça do Trabalho, divide-se em

primeiro grau, sendo os Juízes do Trabalho que atuam nas Varas do Trabalho. Os

órgãos de segundo grau são os Tribunais Regionais do Trabalho, compostos pelos

juízes dos TRTs, enquanto que no órgão de terceiro grau de jurisdição está o

Tribunal Superior do Trabalho composto pelos Ministros do TST.

19 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 128.

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19

1.1.3.1 Varas do Trabalho

O Juiz do Trabalho é quem atuará nas Varas do Trabalho, seja

como titular ou substituto, conforme dispõe o art. 116 da Constituição Federal.

A lei é quem criará Varas da Justiça do Trabalho, sendo que

nas comarcas em que não tiverem sua jurisdição, esta será atribuída aos Juizes de

Direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Os juízes do trabalho ingressam na magistratura como juízes

substitutos, após serem aprovados em concurso público de provas e títulos realizado

pelo Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região, sendo que poderão ser

promovidos, posteriormente, por antiguidade ou merecimento.

Conforme ensina Mascaro Nascimento20:

O juiz é bacharel em direito que ingressa na magistratura trabalhista por meio de concurso de provas e títulos realizado perante o Tribunal Regional, valido por dois anos. Aprovado no concurso, o juiz é nomeado para as vagas que se abrem no quadro de juizes substitutos da região e, por antiguidade e merecimento, alternadamente, tem acesso ao cargo de juiz titular da Vara (...). a posse dos juizes é dada pelo presidente do Tribunal Regional. Os juízes devem residir nos limites da sua jurisdição, manter perfeita conduta publica e provada, abster-se de atender a solicitações ou recomendações relativamente aos feitos que haja sido ou tenham de ser submetidos à sua apreciação e manter pontualidade, sob pena de descontos de vencimento, no cumprimento das atribuições do seu mister.

A cerca da carreira do Juiz do Trabalho disciplina ao art. 654

da CLT, devendo ser lida juntamente com a Lei Orgânica da Magistratura.

1.1.3.2 Tribunais Regionais do Trabalho

Os Tribunais Regionais do Trabalho, como seu próprio nome

diz, são divididos em regiões, e não mais por Estados, como previa o art. 112 da

Constituição Federal de 1988.

20 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. p. 172.

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20

O art. 115 da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a

organização dos Tribunais Regionais do Trabalho e o jurista Mascaro Nascimento21,

ensina a cerca de sua composição. Aduz o jurista:

Não é uniforme a composição dos Tribunais Regionais, porque não é igual o número de seus membros, são: - integrados por, no mínimo, sete juízes recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre os brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos; - divididos ou não em Turmas, estas com, no mínimo, três magistrados; - seus juízes são recrutados entre magistrados de carreira, advogados e membros do Ministério Público.

Os Tribunais Regionais tem competência para julgar os

recursos ordinários das decisões proferidas pelas Varas, bem como ações

rescisórias, mandado de segurança, dentre outras ações previstas na lei.

Hodiernamente, os Tribunais Regionais do Trabalho somam 24

em todo o Brasil, sendo que o Estado de São Paulo possui dois Tribunais Regionais.

Os Tribunais Regionais do Trabalho dividem-se nas seguintes

regiões:

1ª Região: Estado do Rio de Janeiro. Sede: Rio de Janeiro;

2ª Região: abrange o Estado de São Paulo: Capital de São

Paulo, região metropolitana de São Paulo e baixada santista. Sede: São Paulo;

3ª Região: abrange o Estado de Minas Gerais. Sede: Belo

Horizonte;

4ª Região: Estado do Rio Grande do Sul. Sede: Porto Alegre;

5ª Região: Estado da Bahia. Sede: Salvador;

6ª Região: compreende o Estado de Pernambuco. Sede:

Recife;

7ª Região: compreende o Estado do Ceará. Sede: Fortaleza;

21 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. p. 167

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21

8ª Região: compreende os Estados do Pará e Amapá. Sede:

Belém do Pará;

9ª Região: Estado do Paraná. Sede: Curitiba;

10ª Região: compreende Brasília, Tocantins e Distrito Federal.

Sede: Brasília;

11ª Região: compreende os Estados do Amazonas e Roraima.

Sede: Manaus;

12ª Região: Estado de Santa Catarina. Sede: Florianópolis;

13ª Região: compreende o Estado da Paraíba. Sede: João

Pessoa;

14ª Região: compreende os Estados de Rondônia e Acre.

Sede: Porto Velho;

15ª Região: abrange as cidades do interior do Estado de São

Paulo que não estão sob jurisdição da 2ª região. Sede: Campinas;

16ª Região: Estado do Maranhão. Sede: São Luiz;

17ª Região: Estado do Espírito Santo. Sede: Vitória;

18ª Região: Estado de Goiás. Sede: Goiânia;

19ª Região: Estado de Alagoas. Sede: Maceió;

20ª Região: Estado de Sergipe. Sede: Aracajú;

21ª Região: Estado do Rio Grande do Norte. Sede: Natal;

22ª Região: Estado do Piauí. Sede: Teresina;

23ª Região: Estado do Mato Grosso. Sede: Cuiabá;

24ª Região: Estado do Mato Grosso do Sul. Sede: Campo

Grande.

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22

Sobre os Tribunais Regionais dispõe Schiavi22:

Atualmente, há no Brasil, 24 Tribunais Regionais do Trabalho, sendo um em cada Estado, exceção ao Estado de São Paulo que possui dois Tribunais Regionais de Trabalho, o da 2ª Região que abrange a capital de São Paulo, região metropolitana de São Paulo e Baixada Santista e o da 15ª Região que abrange a cidade de Campinas e as cidades do interior do Estado de São Paulo.

Portanto, alguns Estados possuem mais de um Tribunal

Região, tendo em vista uma grande demanda como, por exemplo, o Estado de São

Paulo.

1.1.3.3 Tribunal Superior do Trabalho

O doutrinador Schiavi comenta sobre o Tribunal Superior do

Trabalho23:

É o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho com jurisdição em todo o território nacional, composto por 27 ministros, cabendo-lhe uniformizar a interpretação da legislação trabalhista no âmbito da competência da Justiça do Trabalho, cumprindo ainda dar a ultima palavra nas questões de ordem administrativa da Justiça do Trabalho.

Os Ministros que integram o TST são oriundos dos Tribunais

Regionais do Trabalho, sendo aprovados por maioria absoluta no Senado Federal, e

nomeados pelo Presidente da República os quais integraram em listas tríplices

elaboradas pelo próprio tribunal.

Um quinto dos Ministros do TST provêm do chamado “quinto

constitucional”, sendo 1/10 de advogados e 1/10 de membros do Ministério Público

do Trabalho, ambos com mais de 10 anos de efetivo exercício, conforme dispõe o

art. 94, da Constituição Federal.

22 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 138. 23 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 140.

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23

A composição, as seções e o funcionamento estão previstas no

art. 111-A da Constituição Federal, sendo que a CLT é quem disciplina tais

assuntos, bem como o Regimento interno do TST.

1.2 Competência da Justiça do Trabalho

1.2.1 Jurisdição e Competência

O Estado é responsável por dirimir os conflitos de interesses,

as lides, tendo em vista que dentre as suas três funções está a jurisdicional, onde o

juiz aplica o direito a um caso concreto, impondo às partes a solução do litígio.

Conforme destaca Dinamarco24:

Assumindo que o sistema processual é impulsionado por uma série de escopos e que o Estado chama a si a atribuição de propiciar a consecução destes, uma das funções estatais é a de realizar os escopos do processo. Tal é a jurisdição, função exercida pelo Estado por meio de agentes adequados (os Juízes), com vista à solução imperativa de conflitos interindividuais ou supraindividuais e aos demais escopos do sistema processual. Entre esses escopos está o de atuação do direito material, tradicionalmente apontado como fatos aptos a dar à jurisdição uma feição própria e diferenciá-la conceitualmente das demais funções, pois nenhuma outra é exercida com o objetivo de dar efetividade ao direito material em casos concretos.

Portanto, a jurisdição nada mais é do que o poder que o

magistrado tem de aplicar o direito a um caso concreto, visto que está investido

deste poder pelo Estado.

No entanto, dentre os múltiplos conflitos existentes na

sociedade, para a jurisdição atuar, percebeu-se a necessidade de distribuir tais

conflitos, para que assim a jurisdição pudesse atuar com maior efetividade.

24 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 35.

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24

Em razão disso, houve uma distribuição da jurisdição entre os

inúmeros juízes, denominada competência.

Ensina Calamandrei25:

A competência é acima de tudo uma determinação dos poderes judiciais de cada um dos juízes. (...) Perguntar qual é a competência de um juiz equivale, por conseguinte, a perguntar quais são os tipos de causas sobre as quais tal juiz é chamado a prover.

Não se pode conceituar jurisdição e competência como se

fossem sinônimos, pois jurisdição é o todo, competência é a parte.

Como destaca Pinto Martins26:

A competência é uma parcela da jurisdição, dada a cada juiz. É a parte da jurisdição atribuída a cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito em que vai atuar, podendo emitir suas decisões. Consiste a competência na delimitação do poder jurisdicional. É, portanto, o limite da jurisdição, a medida da jurisdição, a quantidade da jurisdição.

Numa breve síntese destaca Guimarães27:

A jurisdição é um todo. A competência uma fração. Pode um juiz ter jurisdição sem competência. Não poderá ter competência sem jurisdição.

Por fim, a competência é atribuída pela Constituição ou por

uma lei, diante de uma determinação jurisdicional a um determinado órgão.

1.2.2 Competência em razão da matéria, lugar e das pessoas

1.2.2.1 Competência em razão da matéria

25 CALAMANDREI, Piero. Instituições de direito processual civil. V. II, 2. ed. Campinas, Bookseller, 2002. p. 108. 26 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 28 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 91. 27 GUIMARÃES, Mário. O juiz e a função jurisdicional. Rio de Janeiro: Forense, 1958. p. 56.

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25

As Constituições de 1934, 1946, 1967 e 1988 não mencionam

a competência material da Justiça Trabalhista para os conflitos decorrentes da

relação de trabalho.

A Emenda Constitucional n. 45/2004 introduziu um novo

sentido a competência da Justiça do Trabalho, conforme prevê o seu art. 114, I, da

Constituição Federal:

Art. 114 Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

Portanto, a referência que se fazia a empregado e empregador

como objetos do processo deixou seu lugar para questões derivadas da relação de

trabalho.

Sobre a competência em razão da matéria comenta Teixeira

Filho28:

Os juízes e tribunais do trabalho – como tivemos ocasião de dizer – julgam os dissídios e controvérsias decorrentes da relação de trabalho regidas pelo direito do trabalho. É a sua competência específica, que se contrapõe, dentro no poder judiciário, à competência dos juízes da justiça comum e das outras justiças especializadas.

A competência em razão da matéria diz respeito aos tipos de

questões que serão apreciadas pela Justiça Laboral.

1.2.2.2 Competência em razão do lugar

28 TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de Direito do Trabalho. V. II. 21. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 1332.

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26

A competência em razão do lugar (ex ratione loci) ou territorial

é atribuída por lei federal que cria a Vara do Trabalho, delimitando a jurisdição em

razão do lugar, podendo ser de um ou alguns Municípios.

Como destaca Pizzol29:

A expressão competência territorial se deve à necessidade de fixar um juiz entre a pluralidade de outros da mesma espécie ou com o mesmo grau de jurisdição. Atribuindo-se a ele uma porção territorial, dentro da qual está sua sede.

No Processo do Trabalho, a competência territorial vem

disciplinada pelo art. 651, da CLT, tendo como regra geral o local da prestação de

serviços.

1.2.2.3 Competência em razão das pessoas

Anteriormente as modificações trazidas pela Emenda

Constitucional n. 45/2004 na Justiça Trabalhista, a mesma julgava controvérsias

decorrentes das relações de trabalho entre empregados e empregadores.

Desta forma, note-se que o critério da competência da Justiça

Laboral era estritamente pessoal, ou seja, em razão das pessoas de patrão e

funcionário, passando a ser em detrimento de uma relação jurídica, neste caso, a de

trabalho.

Porém, alguns doutrinadores negam a existência deste tipo de

competência enquanto outros defendem uma interação entre a competência em

razão das pessoas e em razão da matéria.

Ensina Begalles30:

Quanto à competência em razão das pessoas, também não existe essa espécie de competência da Justiça do Trabalho, pois todos aqueles que laboram na chamada “relação de trabalho”, conforme o art. 114, I, da CF, terão suas demandas julgadas pela

29 PIZZOL, Patrícia Miranda. Competência no processo civil. São Paulo: RT, 2003. p. 155. 30 BEGALLES, Carlos Alberto. Lições de direito processual do trabalho. Processo de Conhecimento e Recursos. São Paulo: LTr, 2005. p. 47.

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27

Justiça do Trabalho, seja o particular, seja o Estado, sejam as pessoas jurídicas de Direito Público, etc.

Em posição contrária a de Begalles, está o entendimento de

Schiavi31:

A competência em razão da pessoa é uma subdivisão da competência em razão da matéria, pois quando o legislador constitucional a ela se refere pretende enfatizar o status que determinada pessoa ostenta diante de uma relação jurídica de direito material.

Mesmo após a Emenda Constitucional n. 45/04, a competência

em razão da matéria permanece prevista na Constituição em alguns incisos do art.

114, como por exemplo, os sindicatos, citados do inciso III do referido artigo.

1.3 Fundamentos do Processo do Trabalho

1.3.1 Autonomia científica

Ainda há discussões sobre a autonomia cientifica do Direito

Processual do Trabalho. No entanto, para existir a autonomia de um ramo do direito,

necessário é que se tenha princípios próprios, legislação especifica, bem como um

razoável número de estudos doutrinários a respeito e um objeto de estudo próprio.

Como bem adverte Souto Maior32:

O direito é um conjunto de normas e princípios voltados à regulação da vida social. Para falar de um direito autônomo, um ramo do direito distinto do direito comum, é preciso que se tenha um razoável número de normas voltadas para um fato social especifico e que se identifiquem nestas leis princípios próprios que lhe dêem uma noção de conjunto, fornecendo-lhe uma lógica particular e uma finalidade distinta.

31 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 162. 32 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. A fúria. In: Revista Trabalhista Direito e Processo, Rio de Janeiro: Forense, jul./set. 2002. p. 71.

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28

Alguns doutrinadores sustentam que o Direito Processual do

Trabalho não possui autonomia, por acreditarem que este é um simples

desdobramento do Processo Civil.

Nesse sentido é a posição de Souto Maior33:

(...) verifica-se que o processo do trabalho possui, realmente, características especiais, mas que são ditadas pelas peculiaridades do direito material que ele instrumentaliza. Esses pressupostos de instrumentalização, especialização, simplificação, voltados para efetividade da técnica processual, são encontrados, - e bastante desenvolvidos – na teoria geral do processo civil, razão pela qual, no fundo, há de se reconhecer a unicidade do processo.

Porém, outros autores entendem pela autonomia do Processo

Laboral em face do Direito Material do Trabalho, e também, do Processo Civil,

chamados dualistas.

Destaca Pinto Martins34:

Podemos concluir que o processo do trabalho em muitos aspectos já era autônomo, mas sua autonomia total vinha sendo conquistada passo a passo. Exemplo disso é o alcance da substituição processual no processo do trabalho, em que os sindicatos atuam em nome próprio, defendendo direito alheio, e que não tem comparação com o processo comum.

Em contrapartida, há outros doutrinadores que vislumbram uma

autonomia relativa do Processo Laboral, haja vista o art. 769, da CLT prever a

aplicação subsidiária das normas do Direito Processual Comum na fase de

conhecimento, o art. 889 do mesmo dispositivo legal possibilitar a aplicação da Lei

dos Executivos Fiscais na fase de execução, bem como o CPC para preenchimento

de lacunas na CLT.

Como explica Batalha35:

O Direito Processual do Trabalho tem características próprias que lhe asseguram relativa autonomia (...). Bastaria uma

33 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Direito processual do trabalho: efetividade, acesso à justiça, procedimento oral. São Paulo: LTr, 1998. p. 25. 34 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 23. 35 BATALHA, Wilson de Souza Campo. Tratado de direito judiciário do trabalho. 2. ed. São Paulo:LTr, 1985. p. 139.

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29

referência ao art. 769 da nossa Consolidação das Leis do Trabalho para tornar fora de dúvida a relatividade da autonomia do Direito Processual do Trabalho (...). Autonomia, como obtempera De Litala [...], autonomia de uma disciplina jurídica não significa independência absoluta em relação às outras disciplinas. Assim, não obstante dotado de autonomia, o direito processual do trabalho está em situação de interdependência com as ciências processuais particulares, notadamente com o direito processual civil, com o qual tem muitíssimos pontos de contato.

Embora o Direito Processual do Trabalho encontra-se cada vez

mais próximo do Direito Processual Civil, sofrendo, até mesmo, os impactos dos

Princípios Constitucionais do Processo, não há como negar que certos princípios

inerentes ao Processo do Trabalho lhe garantem uma autonomia, distinguindo-se do

Direito Processual Comum.

1.3.2 Princípios do Processo Civil

1.3.2.1 Princípio da Publicidade

Para que haja a garantia da harmonia e paz social, tendo assim

mantida a ordem pública, a Justiça tem de ser a mais transparente possível perante

a sociedade, visto que o interesse público se sobrepõe ao privado.

O princípio da publicidade está previsto no art. 93, IX, da Carta

Magna:

Art 93, IX. - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

No entanto, como prevê o artigo citado, bem como o art. 155 e

seus incisos do CPC, o princípio da publicidade não impede que alguns processos

tramitem em segredo de Justiça, como nos casos que envolvam a intimidade das

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30

partes. Nesse sentido, dispõe o art. 5º, LX, da CF: “a lei só poderá restringir a

publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse

social o exigirem”.

1.3.2.2 Princípio do duplo grau de jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição permite ao cidadão que

obteve uma tutela jurisdicional desfavorável recorrer num órgão judicial superior

daquele que obteve a sentença, diante disto, o Poder Judiciário irá aperfeiçoando as

suas decisões.

Diz o art. 5º, LV da CF:

Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Alguns doutrinadores asseveram que o referido princípio é

constitucional, de acordo com o estabelecido no artigo supra citado, porém, o

sentido majoritário é de que o duplo grau de jurisdição não é um princípio

constitucional.

Neste sentido, destaca Schiavi36:

Tem prevalecido o entendimento, no nosso sentir, correto de que o duplo grau de jurisdição não é um princípio constitucional, pois a Constituição não o prevê expressamente, tampouco decorre do devido processo legal, do contraditório ou da inafastabilidade da jurisdição. O acesso à Justiça e ao contraditório são princípios constitucionalmente consagrados, mas não o duplo grau de jurisdição, pois o art. 5º, LV, da CF alude aos meios e recursos inerentes ao contraditório e ampla defesa.

Ademais, argumenta-se que o princípio em questão gera uma

certa demora no andamento do processo, propiciando, principalmente, nos casos de

devedores inadimplentes, uma desculpa para não cumprir sua obrigação.

36 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p.73.

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31

1.3.2.3 Princípio do Contraditório e ampla defesa

O presente princípio consiste na necessidade de dar à parte

que está sendo processada o direito de resposta, ou seja, a sua defesa e

pronunciamento no decorrer do processo, e está previsto como garantia fundamental

no art. 5º, LV da CF:

Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Este princípio tem raízes no adágio latino audiatur et altera

pars, que quer dizer: ambas as partes devem ser ouvidas.

O contraditório vislumbra a bilateralidade do processo, como

destaca Nery Júnior37:

Por contraditório deve entender-se, de um lado, a necessidade de dar conhecimento da existência da ação e de todos os atos do processo às partes, e, de outro, a possibilidade de as partes reagirem aos atos que lhe sejam desfavoráveis, os contendores tem direito de deduzir suas pretensões e defesas, de realizar as provas que requereram para demonstrar a existência de seu direito, em suma, direito de serem ouvidos paritariamente no processo em todos os seus termos.

Ao contrário de outros princípios, o contraditório não permite

exceções, sob pena de nulidade do processo. Ele não assegura apenas a defesa da

outra parte, mas, também, a garantia de dar uma resposta com peso de igualdade

ao juiz, para que através do seu livre convencimento possa proferir uma decisão

justa.

1.3.2.4 Princípio do Devido Processo Legal

37 NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios de processo civil na Constituição Federal. 8. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 172.

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32

O surgimento do princípio do devido processo legal

representou a queda do autoritarismo monárquico, onde a velha concepção de

concentrar o poder em uma só pessoa deixou de existir.

Além de estar previsto no art. 5º, LIV da Constituição Federal

de 1988, o princípio do devido processo legal encontra-se na Declaração Universal

dos Direitos do Homem, de 1948 no art. 8º, como prova de sua grande importância

entre os princípios.

O devido processo legal consiste no direito que o cidadão tem

de ser processado por normas já existentes, bem como, a devida observância

destas pelo Poder Judiciário.

Sustenta Nery Júnior38:

Em nosso parecer, bastaria a norma constitucional haver adotado o princípio do due process of law para que daí decorram todas as conseqüências processuais que garantam aos litigantes o direito a um processo e a uma sentença justa. É, por assim dizer, o gênero do qual todos os demais princípios constitucionais do processo são espécies.

Por este princípio, ao cidadão é garantido tanto as regras

processuais para postular sua pretensão em juízo, como, à parte contrária,

apresentar sua defesa, não podendo ser surpreendido pela arbitrariedade do

julgador.

1.3.2.5 Princípio da Verdade Real

Durante muitos séculos, os processos eram julgados pelos

juízes baseados nas provas que eram trazidas aos autos pelas partes, ou seja,

quem se saía melhor nos jogos processuais levava a vitória, haja vista o juiz não se

preocupar em pesquisar a verdade propriamente dita, o que resultava em muitos

julgamentos injustos.

38 NERY JÚNIOR, Nélson. Princípios de processo civil na Constituição Federal. p. 60.

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33

Após o século XVIII até os dias atuais, o juiz passou a ser um

participante ativo no processo, deixando de lado a verdade formal para dar espaço a

verdade real, sobre tal assunto explica o doutrinador Theodoro Júnior39:

À verdade formal sucedeu a verdade real ou material, como escopo do processo e como fundamento da sentença. Aboliram-se as tarifações de provas por lei e o conceito jurídico de prova passou a ser o de elemento de convicção. Se o magistrado não se convencer diante do meio probatório produzido, prova não teria havido. Prova realmente só ocorreria quando fosse o juiz conduzido ao verdadeiro convencimento acerca do fato alegado.

Neste caso, um novo sentido é dado para a função da

jurisdição, que deixa de ser apenas uma ferramenta para solucionar as lides,

passando a desempenhar a importante missão da ordem pública na pacificação

social sob o império da lei.

1.3.3 Princípios do Processo do Trabalho

O Processo do Trabalho possui princípios comuns e outros

próprios os quais são mais adequados ao seu estilo. O princípio da celeridade

processual, por exemplo, é comum, porém mais enfático no Processo do Trabalho,

visto que a busca pela solução definitiva da lide é elemento que norteia todo o trilhar

do processo.

1.3.3.1 Princípio da Proteção

Um dos principais princípios do Processo do Trabalho é o

princípio da proteção, conforme ensina Bezerra40:

39 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Revista Brasileira de Direito de Família. nº 3, do IBDFAM, outubro-dezembro/99, Síntese Editora, p. 05/23. 40 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4 ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 73.

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O princípio da proteção deriva da própria razão de ser do processo do trabalho, o qual foi concebido para realizar o Direito do Trabalho, sendo este ramo da árvore jurídica criado exatamente para compensar a desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral.

Desta forma, o Estado interfere nas relações de trabalho por

meio de normas de ordem pública, para compensar a diferença entre empregado e

empregador, a fim de fornecer a este último com uma proteção jurídica mais

favorável.

O princípio da proteção pode ser constatado quando ocorre a

aplicação da lei mais favorável ao empregado, assistência judiciária gratuita para o

empregado, inversão das provas, dentre outras.

1.3.3.2 Princípio da Conciliabilidade

A conciliação é obrigatória na primeira audiência, antes mesmo

da apresentação da defesa, e nas alegações finais, antes da audiência de

julgamento, estando prevista nos artigos 764, § 1º, 831, 850 e 860, da CLT:

Art. 764 [...]

§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.

Art. 860 - Recebida e protocolada a representação, e estando na devida forma, o Presidente do Tribunal designará a audiência de conciliação, dentro do prazo de 10 (dez) dias, determinando a notificação dos dissidentes, com observância do disposto no art. 841.

Portanto, o juiz é compelido por lei a propor a conciliação, pois

desta forma atende-se ao princípio da celeridade.

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1.3.3.3 Da Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias

No Processo Civil, o recurso usado para impugnar as decisões

interlocutórias é o Agravo de Instrumento, contudo, tal recurso não se aplica no

Processo do Trabalho conforme prevê o artigo 799, § 2º e art. 893, § 1º da CLT:

Art. 799 [...]

§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.

E,

Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:

[...]

§ 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva

Neste sentido posiciona-se o TST, conforme sua Súmula de nº

214:

TST Enunciado nº 214 - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 - Republicação - DJ 22.03.1995 - Nova Redação - Res. 43/1995, DJ 17.02.1995 - Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 - Nova redação - Res. 127/2005, DJ 14.03.2005

Decisão Interlocutória - Justiça do Trabalho - Recurso

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:

a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;

b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

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c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT

De acordo com os referidos artigos e a Súmula acima citada,

as decisões interlocutórias só poderão ser combatidas quando da decisão final pelo

recurso pertinente, neste caso, o recurso ordinário.

1.3.3.4 Princípio da Subsidiariedade

Para que o processo trabalhista consiga desempenhar um

papel realmente eficaz no que lhe diz respeito a sua efetividade, a CLT permite,

através do princípio da subsidiariedade, que sejam aplicados dispositivos do direito

processual comum, conforme o art. 769 do referido diploma legal:

Art. 769 Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

Devido às reformas do direito processual civil, não deverá mais

o intérprete da norma de direito processual fixar-se numa dualidade já inexistente

entre o processo civil e o processo laboral.

Como preleciona o magistrado e professor Chaves41:

Deixar de considerar tal aspecto metodológico apenas se escudando na blindagem retórica do princípio da especialidade é posição que, ao meu ver, pode comprometer o prestígio da jurisdição trabalhista, em razão do possível descompasso entre o Direito Judiciário do Trabalho e o processo comum em relação a diversos aspectos procedimentais.

Contudo, a CLT impõe duas condições para a utilização do

Direito Processual Civil, sendo a primeira a omissão das leis trabalhistas e a

segunda, a compatibilidade das normas a serem substituídas.

41 CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo comum e seus reflexos no direito judiciário do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 33.

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Para esclarecer sobre o tema, considera-se o exemplo dado

por Mascaro42 em que se aplica o princípio da subsidiariedade:

A CLT nada dispõe sobre bens impenhoráveis, e diante dessa omissão as regras aplicáveis são as previstas no Código de Processo Civil. Não basta a omissão, sendo necessária também a compatibilidade entre as instituições do processo civil e trabalhista.

A respeito da observância da compatibilidade das normas,

muitos autores aplicam-na de forma rigorosa, como leciona Lima43:

Quanto aos princípios [...] o intérprete não pode invocar institutos do processo comum que os foram ou os ponham em xeque, porque estaria comprometendo a própria autonomia, cientificidade e viabilidade do processo do trabalho.

Outros, porém, vêem as regras tradicionais para a

supletividade do processo comum no Processo do Trabalho como anacrônicas,

conforme expõe Cordeiro44:

Resta clara que é premente a necessidade de se reconstruírem dogmaticamente as regras de subsidiariedade do processo comum ao processo do trabalho, com o abandono da falsa idéia de completude formal do sistema normativo laboral.

No entanto, atualmente, caso não sejam preenchidos os dois

requisitos formais para a aplicação das regras subsidiárias previstas pelo artigo 769

da CLT, a norma a ser aplicada será a do Processo do Trabalho.

42 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. p. 88. 43 LIMA, Francisco Gérson Marques de. Direito Processual do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p.155. 44 CORDEIRO, Wolney de Macedo. Direito Processual do Trabalho: reforma e efetividade. São Paulo: LTr, 2007. p. 39.

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CAPÍTULO 2

AÇÃO TRABALHISTA

2.1 NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO

2.1.1 Conceito de ação

Arruda Alvim45 conceitua a ação:

é o direito constante da lei processual cujo nascimento depende de manifestação de nossa vontade. Tem por escopo a obtenção da prestação jurisdicional do Estado, visando, diante da hipótese fático-juridica nem formulada, à aplicação da lei (material). Esta conceituação compreende tanto os casos referentes a direitos subjetivos, quanto, também, as hipóteses de cogitação mais recentes referentes a interesses e direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Ensina o doutrinador Pinheiro Castelo46:

Ação é o direito (ou poder), do demandante e não poder, função ou atividade estatal que dá cumprimento imediato aos escopos do Estado. A ação cumpre escopos internos do sistema processual, dando vida às condições necessárias ao exercício da atividade jurisdicional, enquanto a jurisdição cumpre escopos internos (jurídico) e externos (social e político) do sistema processual.

Portanto, aquele que sentir ter seu direito violado, poderá

entrar em juízo a fim de pleitear a tutela jurisdicional.

45 ARRUDA ALVIM. Manual de direito processual civil. V. 1. Parte Geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 351. 46 CASTELO, Jorge Pinheiro. O direito processual do trabalho na moderna teoria geral do processo. 2. ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 63.

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2.1.2 Classificação e condições da ação

As condições da ação nada mais são do que requisitos que

devem conter numa ação para que o magistrado possa proferir uma sentença sobre

o mérito, qualquer que seja.

Na falta de um dos pressupostos processuais, a decisão dada

pelo juiz se referirá à relação processual, portanto, neste caso, o mesmo não

apreciará o mérito da questão.

Para o doutrinador Liebman, as condições da ação se dividem

em três, quais sejam, legitimidade, interesse e possibilidade jurídica do pedido.

O Código de Processo Civil Brasileiro adotou a teoria de

Liebman, prevendo em seu art. 267, VI:

Art. 267 - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como possibilidade jurídica do pedido, a legitimidade das partes e o interesse processual.

Segue abaixo uma análise de cada uma das condições da

ação.

2.1.2.1 Possibilidade jurídica do pedido

Sobre a possibilidade do pedido ensina Dinamarco47:

A demanda é juridicamente impossível quando de algum modo colidi com regras superiores do direito nacional e, por isso, sequer comporta apreciação mediante exame de seus elementos concretos. Já a priori ela se mostra inadmissível e o autor carece de ação por impossibilidade jurídica da demanda. A possibilidade jurídica é a admissibilidade em tese e, sem ela sequer se indagará se o demandante é parte legitima, se o

47 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 298

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provimento que pede é adequado, se é apto a lhe trazer proveito ou se ele tem razão ou não pelo mérito.

Desta forma, não poderá o autor impetrar com uma ação de

cobrança postulando dívida proveniente de jogo, visto que o pedido deve ser

juridicamente possível, ou seja, ser tutelado pelo ordenamento jurídico.

2.1.2.2 Legitimidade das partes

Sobre a legitimidade ensina Liebman48:

Legitimação para agir (legitimatio ad causam) é a titularidade ativa e passiva da ação. O problema da legitimação consiste em individualizar a pessoa a quem pertence o interesse de agir (e, pois, a ação) e a pessoa com referencia a qual (nei cui onfronti) ele existe; em outras palavras, é um problema que decorre da distinção entre a existência objetiva do interesse de agir e a sua pertinência subjetiva.

Nesse sentido destaca Dinamarco49:

A legitimidade ad causam é qualidade para estar em juízo como demandante e demandado, em relação a determinado conflito trazido ao exame do juízo. É a relação de legítima adequação entre o sujeito e a causa e traduz-se n relevância que o resultado desta vira a ter sobre sua esfera de direitos seja para favorecê-la ou para restringi-la.

Conforme a doutrina, a legitimidade recai nas pessoas que

estão ligadas de alguma forma a pretensão posta em juízo, podendo ser o titular do

direito ou em face de quem o direito for postulado.

2.1.3.3 Interesse Processual

48 LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de direito processual civil. V. I, 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p.208 49 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 303

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Sobre o Interesse Processual explica Dinamarco50:

Há o interesse de agir quando o provimento jurisdicional postulado for capaz de efetivamente ser útil ao demandante, operando uma melhora em sua situação na vida comum – ou seja, quando for capaz de trazer-lhe uma verdadeira tutela, a tutela jurisdicional.

Alguns autores defendem a existência de dois elementos que

devem estar presentes no interesse processual, sendo eles o “interesse

necessidade” e “interesse adequação”.

Nesse sentido é o entendimento do doutrinador Câmara51:

O interesse de agir é verificado pela presença de dois elementos, que fazem com que esse requisito do provimento final seja verdadeiro binômio: ‘necessidade da tutela jurisdicional’ e adequação do provimento pleiteado’. Fala-se, assim, em ‘interesse necessidade’ e ‘interesse adequação’. “

O interesse adequação está ligado ao tipo de provimento que o

autor se utilizará para ter tutelada sua pretensão, enquanto que o interesse

necessidade significa dizer que sem o processo e a jurisdição o sujeito seria incapaz

de ter seu direito satisfeito.

Ademais, de acordo com o autor acima citado, a falta de

qualquer um dos elementos do referido binômio, significaria a ausência do próprio

interesse de agir.

2.2 ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS

2.2.1 Atos e termos processuais

50 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 300 51 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. V.I. 14. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006. p. 128.

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2.2.1.1 Atos Processuais

Dentro de um processo, tanto o juiz quanto as partes, praticam

atos para que a relação jurídica processual possa ter início, meio e fim.

O autor Amaral Santos52 conceitua atos:

Atos processuais são atos do processo. A relação jurídica processual que se contém no processo se reflete em atos. São atos processuais os atos que têm importância jurídica para a relação processual, isto é, aqueles atos que têm por efeito a constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou cessação da relação processual.

As partes e o Juiz traduzem suas vontade em atos dentro do

processo, assim o fazem quando ingressam com uma petição inicial, um recurso, e,

também, uma sentença.

A sociedade detentora do poder de fiscalização das ações

jurisdicionais, tem como garantia o direito da publicidade dos atos processuais, ou

seja, estes deverão ser públicos, conforme prevê o art. 770 da CLT:

Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas

Contudo, a CLT também dispõe sobre os casos em que o

processo correrá em segredo de justiça, tendo em vista a necessidade para que o

processo tenha seu resultado útil e eficaz.

2.2.1.2. Termos Processuais

Ensina Giglio53:

52 AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas de direito processual civil. 1. vol., 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 275.

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Termo é a reprodução gráfica dos atos processuais. Estes últimos poderão ser consignados nos autos à tinta, datilografados ou carimbados, e os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos diretores de Secretaria ou escrivães.

Ocorre que com a informatização dos fóruns, visando a

economia processual, os termos processuais estão caindo em desuso, até ser

totalmente extinguido.

Nesse sentido, continua a explicação de Giglio54:

No processo informatizado da Lei n. 11.419, de 10 de dezembro de 2006, todas as comunicações (citações, notificações e intimações) serão realizadas por meios eletrônicos (art. 9º); assim também as distribuições, juntadas, contestações, recursos, etc. serão feitos automaticamente, sem intervenção de serventuário (art. 10), de tal sorte que não haverá mais espaço ou necessidade ‘termos’. Estes restarão como um resquício, uma lembrança do processo burocrático e ultrapassado ainda vigorante.

Os termos processuais são disciplinados pelo art. 771 e

seguintes da CLT. Cabe salientar que estes devem ser redigidos em língua

portuguesa, com a devida utilização do vernáculo.

2.2.2 Prazos Processuais

Objetivando a celeridade processual, para que as partes não

sejam prejudicadas com lapsos temporais muitas vezes intermináveis, criaram-se os

prazos processuais.

Conforme definição de Mascaro Nascimento55:

Prazo é o tempo no qual deve ser praticado um ato processual. A fixação de prazos é necessária como condição de

53 GIGLIO, Wagner D.; CORRÊA, Claudia Giglio Veltri. Direito Processual do Trabalho. 16. ed. São Paulo, 2007. p. 97 54 GIGLIO, Wagner D.; CORRÊA, Claudia Giglio Veltri. Direito Processual do Trabalho. p. 98. 55 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. p. 441.

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desenvolvimento do processo. Sem a rígida determinação de prazos, o processo poderia ser comprometido pela inércia das pessoas que nele figuram. Assim, os prazos resultam da exigência própria do processo, que é um movimento traçado para o futuro. A inexistência de prazos traria, como conseqüência, a impossibilidade de andamento do processo.

O doutrinador Schiavi56 adotou a classificação dos prazos em

legais, judiciais, convencionais, peremptórios e dilatórios. Aduz o jurista:

Entendemos por prazo o limite temporal estabelecido pela lei, pelas partes ou pelo Juiz, para a pratica de um ato processual, sob conseqüência da preclusão temporal. Não obstante, há prazos preclusivos, também denominados peremptórios ou fatais e outros não, também denominados dilatórios. Por exemplo, são preclusivos os prazos para contestar, recorrer. Não são preclusivos os prazos para invocar exceção de incompetência absoluta, prescrição, etc.

Os prazos legais são aqueles estabelecidos pela própria lei

processual, como é o caso do prazo de 8 dias para a interposição de recurso

ordinário, previsto no art. 895 da CLT.

Em contrapartida, o próprio Juiz fixa prazos quando a lei for

omissa, os chamados prazos judiciais, como o prazo de 48 horas concedido pelo

Juiz para a reclamada juntar aos autos carta de preposição.

Porém, as próprias partes em comum acordo podem

convencionar determinados prazos, os denominados prazos convencionais. Este

tipo de prazo refere-se apenas aos prazos dilatórios, como é o caso da suspensão

do processo a requerimento das partes pelo prazo por elas fixados, tendo em vista a

possibilidade de tentativa de acordo.

Já os prazos peremptórios, também chamados de fatais, são

aqueles prazos impostos às partes, sem possível prorrogação, salvo os casos

previstos no art. 182 do CPC, contudo, não poderão ultrapassar 60 dias.

Por fim, estão os prazos dilatórios que são flexíveis para as

partes, pois admitem alteração em caso de solicitação de alguma delas ou por

determinação judicial.

56 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p.341.

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No tocante a contagem dos prazos processuais, dispõe o art.

774 da CLT:

Art. 774 – Salvo disposição em contrario, os prazos previstos neste Titulo contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou ainda, daquela em que for afixado o edital, na sede da Junta, Juízo ou Tribunal.

Dispões ainda o art. 775 da CLT que os prazos são contínuos,

entretanto, há possibilidade de suspensão e prorrogação por tempo estritamente

necessário, como nos casos de força maior devidamente comprovada.

2.2.3 Nulidades Processuais

O Direito Processual do Trabalho, por ter seus atos

processuais concentrados em audiência, seguindo o princípio da oralidade, não o

descaracteriza de suas formalidades.

Embora o Processo Laboral seja menos formal se comparado

ao Processo Civil ou Penal, sem formalidades exageradas, fazendo com que o

processo seja o mais célere possível, não quer dizer que suas formas não devam

ser observadas, pois havendo violação destas, determinadas sanções ou

penalidades serão aplicadas.

A nulidade é uma forma de sanção, como explica Pinto

Martins57:

Nulidade é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico de seus efeitos normais, em razão do descumprimento das formas mencionadas na norma jurídica.

Alguns doutrinadores referem-se às nulidades como invalidade

processual, como é a visão de Coutinho58:

57 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 91.

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Mais coerente é a visão da invalidade como a atipicidade do ato ou a qualidade do ato viciado, que resulta em uma tendência à ineficácia, desde que seja alegada e não estejam presentes fatores impeditivos, ou ainda, se não ministrado nenhum remédio jurídico que tenha sanado o defeito.

As nulidades podem ser sanáveis ou insanáveis, sanáveis são

a nulidade relativa, anulabilidade e irregularidades, já as insanáveis são a

inexistência ou nulidade absoluta.

2.2.3.1 Nulidade Relativa

Sobre a nulidade relativa comenta Schiavi59:

São relativas as nulidades quando não violem normas de ordem pública. Dependem da iniciativa da parte não podendo ser conhecidas de oficio.

A nulidade relativa é quando o interesse da parte por algum

motivo for desrespeitado. Tal nulidade é relativa, pois pode ser sanada como nos

casos em que a parte não está devidamente assistida e o juiz lhe dá um prazo para

sanar o ato.

2.2.3.2 Anulabilidade

Ao contrário da nulidade relativa, a anulabilidade decorre de

uma violação de norma dispositiva. Nesse sentido muito bem esclarece Moniz

Aragão60:

Enquanto a nulidade relativa resulta de infração a normas cogentes, subtraídas, portanto, ao alcance do poder dispositivo das partes, embora para elas voltadas, a anulabilidade resulta de

58 COUTINHO, Aldacy Rachid. Invalidade processual: um estudo para o processo do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 200. p. 121. 59 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p.353. 60 ARAGÃO, Moniz. Comentários ao CPC. Rio de Janeiro: Forense, 1974. p. 279.

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infração a normas que a lei põe ao alcance do poder dispositivo das partes, voltadas também a seu interesse. A primeira pode ser conhecida de oficio pelo juiz ou alegada pelas partes; a segunda não pode ser apreciada de oficio pelo juiz, pois somente as partes podem alegá-la. No primeiro caso, o ato fica sujeito à condição suspensiva de não impugnação – vale dizer -, o decurso do prazo indicado para as partes pleitearem a sua decretação ou o juiz fazê-lo espontaneamente sana o vicio, no segundo, à condição resolutiva de a parte impugná-lo.

Na anulabilidade, se a parte não se manifestar sobre a

nulidade do ato, este se torna válido. Por exemplo, numa penhora, alguns bens só

podem ser penhorados na falta de outros, objetivando prevenir o interesse do

devedor, porém, caso haja outros bens que possam ser penhorados, cabe a ele

argüir a nulidade.

2.2.3.3. Irregularidades

Já as irregularidades podem ser dividas em passíveis ou não

de correção, em alguns casos não necessitam desta.

Sobre as irregularidades comenta Greco Filho61:

A mera irregularidade representa a violação da norma instituidora do modelo e que não acarreta ineficácia. Ora a mera irregularidade não tem qualquer sanção, como, por exemplo, a violação da norma contida no art. 169, que prescreve que os atos devem ser escritos com tinta escura e indelével ou que é vedado usar abreviaturas, ora a sanção é extraprocessual, não interferindo no andamento do processo.

As que são passíveis de correção podem ser um erro de

cálculo ou inexatidão material, como por exemplo, a falta de numeração e rubricas

nas folhas dos autos.

Na hipótese de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar

a renovação do ato processual, com a devida intimação das partes.

61 GRECO FILHO, Vicente. Direito processual civil brasileiro. 2. Vol., 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 45.

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48

Dentre as irregularidades que não podem ser corrigidas,

contudo, podem ser justificadas, como a falta de cumprimento dos prazos do juiz

para proferir despachos ou decisões, tendo em vista o excesso de demanda do

Poder Judiciário.

2.2.3.4. Nulidade Absoluta

A nulidade absoluta, diferentemente das acima citadas,

compromete todo o processo, pois o ato viciado está intimamente ligado ao

interesse público.

Como assevera Frederico Marques62:

Quando a nulidade do ato processual não pode ser sanada, a nulidade é absoluta; mas quando sanável, ela se diz relativa. O ato relativamente nulo difere do ato anulável, porque a validade do primeiro está subordinada a uma condição suspensiva, e a do segundo a uma condição resolutiva. O ato nulo nasce ineficaz, mas é possível que adquira validade e eficácia pela superveniência de fato ou circunstância que o faça convalescer. O ato anulável nasce válido, mas pode perder a eficácia se for anulado ou rescindido.

Quando um vício processual envolver a ordem pública, o juiz

declarará de ofício a existência da nulidade. Por exemplo, a incompetência absoluta

refere-se norma de interesse público, pois um processo não pode ser apreciado por

juízo incompetente.

2.2.3.5. Inexistência

Ensina o doutrinador Schiavi63:

62 MARQUES, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal - Vol. II, Campinas-SP: Bookseller, 1998. p. 380. 63 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p.353.

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Os chamados atos inexistentes contêm um vicio tão acentuado que não chegam a produzir efeitos. Entretanto, a doutrina tem dito que mesmo os atos inexistentes devem ter seus efeitos cassados por decisão judicial. Portanto, os atos inexistentes seguem o mesmo regime das nulidades absolutas.

Por fim, insanável, também, é a inexistência, pois o ato

inexistente não produz efeito algum no mundo jurídico, não tendo nenhuma validade,

como é o caso da falta de assinatura do magistrado numa sentença, ou, após o

prazo de regularização de uma procuração, deixando de fazer a parte intimada,

todos atos praticados sem a mesma serão inexistentes.

2.3 DAS PARTES NO PROCESSO DO TRABALHO

Os sujeitos do processo são aquelas pessoas que de alguma

forma envolvem-se com o processo, como é o caso do juiz, perito, e servidores da

justiça.

No entanto, dentro de um processo existem apenas duas

partes, quais sejam o autor e réu. Conforme desta Nery Júnior64:

Em sentido processual parte é aquele que pede (autor) e em face de quem se pede (réu) a tutela jurisdicional. O juiz e as partes são sujeitos do processo, isto é, os integrantes da relação jurídica processual. Quando atua como fiscal da lei (CPC 82) o Ministério Público é interveniente. O substituto processual (CPC 6º ) é parte. Os terceiros que intervêm no processo já instaurado deixam de ser terceiros e passam (...) Os auxiliadores da justiça (perito, oficial de justiça etc) não são parte.

No âmbito da Justiça do Trabalho, segundo a terminologia da

CLT, autor e réu, nas ações individuais, são chamados de reclamante e reclamado,

respectivamente, enquanto que nas execuções, o autor é exeqüente e o réu,

executado.

64 NERY JÚNIOR, Nélson. Código de Processo Civil comentado. 10. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 1007.

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2.3.1 Capacidade processual

A capacidade para ser parte, também chamada de capacidade

de direito, está intimamente ligada à noção de personalidade. Conforme o art. 1º do

Novo Código Civil, todo homem, após o nascimento com vida, é apto para adquirir

direitos e obrigações na ordem civil.

A personalidade não é suficiente para que o homem tenha

capacidade processual, também chamada de capacidade de fato ou de exercício, ou

seja, poder pleitear a tutela jurisdicional do Estado.

Ensina Nery Júnior65:

Capacidade processual é pressuposto processual e significa aptidão para praticar atos processuais. Tem legitimatio ad causam , conceito de direito material, aquele que for titular do direito material discutido em juízo. No plano processual, tem legitimatio ad causam aquele que afirma e em face de que se afirma a titularidade do direito discutido em juízo.

Na Justiça do Trabalho quem tem capacidade para estar em

juízo são os maiores de 18 anos. Aqueles que forem incapazes serão

representados, enquanto que os relativamente incapazes serão assistidos.

Sobre a capacidade processual comenta Pinto Martins66:

Capacidade de fruir e gozar seu direito o louco tem, porem não tem capacidade processual de estar em juízo, apesar de ter o direito de ação. É nesse sentido que, para o louco estar em juízo, tem que haver a participação de uma outra pessoa para verificar seus interesses ao ajuizar a ação. Daí se falar em representação, assistência e autorização.

Os menores emancipados também gozam da capacidade ad

processum, de acordo com o art. 5º do Código Civil Brasileiro, o qual se aplica ao

Direito Material e Processual do Trabalho.

Prevê o art. 5º, do Código Civil Brasileiro:

65 NERY JÚNIOR, Nélson. Código de Processo Civil comentado. p. 189. 66 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 178.

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Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Portanto, aquele que for menor que 18 anos e maior que 16

sendo emancipado de pleno direito, poderá postular em juízo sem necessidade de

representação ou assistência, independentemente de declaração judicial de

emancipação.

2.3.2 Substituição processual

A Substituição processual, também chamada de legitimidade

extraordinária, tem previsão no art. 6º do Código de Processo Civil:

Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Conforme destaca Dubrugas67:

A definição clássica segundo a qual o substituto processual está legitimado a agir em nome próprio em defesa do direito alheio foi retirada das lições de Chiovenda. Conferir legitimidade

67 DUBUGRAS, Regina Maria Vasconcelos. Substituição processual no processo do trabalho. São Paulo:LTr, 1998. p. 34.

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para agir em nome próprio, significa atribuir-lhe pessoalmente o complexo de poderes, direito, obrigações e ônus que decorrem do processo; é reconhecer a qualidade de “parte” no sentido processual, seja como autor ou como réu. Defesa de direito alheio significa que o legitimado não é titular do direito afirmado na pretensão, ou não corresponde àquele a que ela resiste, logo, não é titular da relação de direito material ou substancial.

Nesse mesmo sentido dispõe Pinto Martins68:

Consiste a substituição processual numa legitimação extraordinária, autorizada pela lei, para que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio em processo judicial. Há, portanto, uma legitimação anômala, extraordinária, ad causam, para que o substituto processual proponha ação, o que só se observa em relação ao autor.

O substituto poderá praticar todos os atos processuais, como

postular, responder, recorrer, executar a decisão, bem como renunciar ou transigir,

porém, estes últimos atos serão praticados apenas com a anuência do substituído.

A substituição processual não se confunde com a

representação processual, pois na primeira, o substituto é parte, o direito lhe

pertence, enquanto que na segunda, o representante age em nome alheio

defendendo o direito de outrem.

2.3.2.1 A Substituição processual pelo Sindicato no Direito Processual do

Trabalho

Hodiernamente, a jurisprudência consagrou a substituição

processual pelo Sindicato no Processo do Trabalho com o art. 8º, inciso III, da

Constituição Federal.

Nesse sentido, destaca-se a seguinte ementa:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. ART. 8º, III, DA CF/88. PRECEDENTE DO PLENÁRIO. ACÓRDÃO NÃO PUBLICADO. ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO STF. ORIENTAÇÃO MANTIDA PELA CORTE. I - O Plenário do

68 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 199.

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Supremo Tribunal Federal deu interpretação ao art. 8º, III, da Constituição e decidiu que os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada. II - A falta de publicação do precedente mencionado não impede o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma controvérsia, em especial quando o entendimento adotado é confirmado por decisões posteriores. III - A nova composição do Tribunal não ensejou a mudança da orientação seguida. IV - Agravo improvido. AG. REG. NO RECXTRA 189.264-1 DF – STF – Ricardo Lewandowski – Ministro Relator. DJU de 23.2.2007 – (DT – Abril/2007 – vol. 153, p. 256).

Na substituição processual trabalhista, o sindicato toma o lugar

do substituído na propositura da ação para defender seu interesse privado e não

interesse público.

Em contra partida está o entendimento de Pinto Martins69, que

nega a hipótese de substituição processual dos sindicatos, previstos pelo art. 8º, III,

da Constituição Federal. Aduz o jurista:

O inciso III do art. 8º da Constituição não consagra a hipótese de substituição processual. Reza o referido dispositivo que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. A interpretação histórica dos debates na Assembléia Nacional Constituinte mostra que no inciso III do art. 8º da Lei Maior estava incluída a expressão “inclusive como substituto processual”, que foi suprimida ao Final. Logo, o referido dispositivo não pode tratar de substituição processual.

Para o referido jurista, o sindicato tem como função representar

a categoria, não podendo este ter maiores poderes que o próprio Ministério Público,

visto que defende a categoria e não a sociedade, como é o caso deste.

2.3.3 Intervenção de terceiros

Dentro de um processo pode acontecer a chamada intervenção

de terceiros, conforme ensina Marinoni e Arenhart70:

69 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 200.

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Parte é aquele que demandar em seu nome (ou em nome de quem for demandada) a atuação de uma ação de direito material e aquele outro em face de quem essa ação deve ser atuada. Terceiro interessado será, por exclusão aquele que não efetivar semelhante demanda no processo, mas, por interesse jurídico próprio na solução do conflito (ou, ao menos, afirmar possuí-lo), é autorizado a dele participar sem assumir a condição de parte.

O terceiro nada mais é do que a pessoa que não é parte do

processo, por exemplo, a seguradora que vem ajudar o segurado, mas que, de certa

forma, tem uma relação com o objeto da causa, ou seja, o julgamento do processo

surte efeito indireto sobre sua esfera de direito.

Alguns doutrinadores defendem a intervenção de terceiros com

o objetivo da economia processual, como é o caso de Giglio71. Aduz o jurista:

Não seria razoável multiplicar o número de processo e exigir que terceiros que tenham interesse jurídico na solução de uma lide devam mover outra ação. É por isso que terceiros, nessas circunstâncias, podem intervir em processo já existente, a título de economia processual.

A intervenção de terceiros pode ser espontânea, também

chamada de voluntária, que consiste na assistência e na oposição, ou provocada,

como é o caso da nomeação à autoria, denunciação da lide e no chamamento ao

processo.

2.3.3.1 Intervenção voluntária

2.3.3.1.1 Assistência

A assistência, como o próprio nome já diz, é uma intervenção

de alguém, com o objetivo de ajudar uma das partes, pelo fato de ter interesse

jurídico em que a sentença seja favorável para si, estando prevista no art. 50 do

Código de Processo Civil. 70 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Manual do processo de conhecimento. 4. ed.. São Paulo: RT, 2005. p. 164. 71 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p.142.

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Ao ingressar como terceiro num processo, este adquire status

de parte, porém, o assistente não tem poderes de disposição do processo, por isso,

é denominado de parte auxiliar.

Cabe ressaltar que o objeto do processo não altera-se com o

ingresso do assistente, visto que sua pretensão se limita a do assistido, não

formulando demanda nova.

A assistência tem previsão no Processo do Trabalho na

Súmula 82 do TST:

ASSISTÊNCIA. A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico.

No Processo do Trabalho onde é mais comum a sua aplicação

é quando o sindicato participa de um processo como assistente do empregado em

juízo.

2.3.3.1.2 Oposição

Ensina Costa Machado72:

Oposição é uma ação incidental proposta por alguém que está fora do processo em face das duas partes, assumindo estas, então, a condição de litisconsortes no pólo passivo. Deduzida a oposição, nasce m segundo processo, ou seja, uma outra relação processual – envolvendo o oponente, de um lado, e os opostos, do outro – e, também um procedimento autônomo, já que a atuação é separada (em apenso aos autos principais). Observe-se que o oponente é terceiro apenas num sentido cronológico, mas não técnico.

A oposição decorre de um segundo processo, onde o

oponente disputa o mesmo bem com o autor e réu do processo principal. Caso o

terceiro oponente não intervir em juízo, após julgada a prolação da sentença não o

vincula mais, em razão dos limites subjetivos da coisa julgada material.

72 MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Código de processo civil interpretado artigo por artigo parágrafo por parágrafo. 4. ed. São Paulo: Manole, 2004. p. 363.

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A petição inicial do oponente deverá seguir os requisitos do art.

282 e 283 do CPC, e não poderá ter objeto mais amplo que a coisa ou o direito

controvertido entre o autor e réu.

Cabe salientar que a oposição só é admitida dentro do

processo de conhecimento, ou seja, até ser proferida a sentença, de acordo com ao

art. 56 do CPC, desta forma, não cabe na execução.

Embora alguns doutrinadores não vislumbrem a hipótese de

oposição na Justiça do Trabalho, este não é o entendimento de Ísis de Almeida73:

A doutrina também vem resistindo a admiti-la, mas é um incidente que pode ocorrer em relação, por exemplo, a instrumentos de trabalho, como coisa em litígio, ou a um direito à parcela remuneratória que se discuta, quando o oponente também pode fazer jus à mesma, por força de trabalho conjunto, ou em equipe (sem desconfiguração do contrato de trabalho com os respectivos participantes).

Portanto, se cabível a oposição no Processo Laboral, esta será

distribuída por dependência, devendo os opostos a serem citados pessoalmente ou

por seus advogados para contestar a ação na audiência que for designada.

2.3.4.2 Intervenção provocada

2.3.4.2.1 Nomeação à autoria

Segue o conceito de Dinamarco74:

Nomeação à autoria é o pedido feito pelo réu, de ser excluído da relação processual por ilegitimidade ad causam, sendo sucedido por terceiro. O réu nomeia-o à autoria, indicando o verdadeiro responsável.

73 ALMEIDA, Ísis. Manual de direito do processo do trabalho. 1. v., 9. ed. São Paulo: LTr, 1998. p. 185. 74 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 392.

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A nomeação à autoria está prevista no art. 62 do CPC e

seguintes. A hipótese do art. 62 diz respeito ao réu que é acionado em ação real,

porém, por não ser seu proprietário, apenas detém a coisa.

Este tipo de intervenção de terceiro provocada, ocorre somente

no processo de conhecimento, inexistindo no processo de execução.

Há divergências na doutrina quanto à aplicabilidade da

nomeação à autoria no Processo do Trabalho. Dentre os que se posicionam contra,

está o doutrinador Pinto Martins75:

O ato praticado contra quem ingressou com ação na Justiça do Trabalho, v.g., o gerente da empresa, não poderá nomear à autoria o verdadeiro empregador. Na verdade, será parte ilegítima no pólo passivo da ação, devendo o processo ser extinto sem julgamento do mérito (art. 267, VI, do CPC), que inclusive pode ser decretado de oficio pelo julgador (arts. 295, II, c/c. art. 301, § 4º, do CPC). Seguindo essa orientação, a nomeação à autoria é inaplicável ao processo do trabalho.

No entanto, este não é o entendimento do processualista

Tostes Malta76:

O empregador, por exemplo, pode ajuizar ação visando a compelir o empregado a devolver-lhe, mostruário que, conforme alegado na inicial, o segundo detém como decorrência do contrato de trabalho. O empregado, eis outros exemplos que se apontam como justificando o cabimento da nomeação à autoria, no processo trabalhista, pode reclamar, alegando que são suas as ferramentas que a empresa não devolveu, conquanto o contrato de trabalho que vinculou os litigantes esteja extinto. Na primeira hipótese, pode suceder que o empregado sustente que não detém o mostruário em nome do empregador, mas sim em nome de terceiros.

Considera-se aceita a nomeação quando o autor nada

requereu no prazo em que lhe competia manifestar-se, bem como o não

comparecimento do nomeado, ou, caso comparecer, nada alegar.

75 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do trabalho. p. 214-215. 76 TOSTES MALTA, Christovão Piragibe. Prática do processo trabalhista. 31. ed. São Paulo: LTr, 2002. p. 347-348.

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2.3.4.2.2 Denunciação da lide

Ensina Saraiva77:

Denunciação da lide é espécie forçada, mediante convocação do autor ou do réu (hipótese mais comum), com o objetivo de assegurar o direito de regresso contra o denunciado (terceiro), na própria sentença que impôs a condenação contra o denunciante. Nesta esteira, na denunciação da lide serão julgadas tanto a demanda entre as partes primitivas quanto a lide decorrente da denunciação (art. 76 do CPC), possuindo a sentença, portanto, dupla finalidade.

A denunciação à lide está prevista no art. 70 do CPC, que tem

a seguinte redação:

A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;

II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Os incisos I e II do artigo acima citado, tratam de hipóteses não

observadas no Processo do Trabalho. Contudo, o inciso III gera uma discussão na

doutrina sobre a sua aplicabilidade na Justiça Laboral.

Ensina o jurista Mascaro Nascimento78:

É evidente que a denunciação da lide, quando cabível no processo trabalhista, só pode ser concebida como medida de defesa em juízo, daí por que eles que a concebem como meio de ataque para que o denunciante possa, nela, obter a condenação do denunciado certamente encontrarão enormes dificuldades em admiti-la na Justiça do Trabalho, porque é pacífico que esta,

77 SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. 3. ed. São Paulo: Método, 2006. p. 238-239. 78 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. p. 351.

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certamente, não pode impor condenações ao denunciado para indenizar o denunciante. Assim, a sua admissibilidade no processo trabalhista só pode ser concebida à luz da concepção de defesa, para permitir ao juiz no processo, com a presença do denunciado, melhor conferir, de modo mais sólido e claro, o problema que lhe foi proposto pelo denunciante.

Alguns doutrinadores como Mauro Schiavi, após a redação do

art. 114, IX, da Emenda Constitucional n. 45/04, na Constituição Federal, que versa

sobre a competência da Justiça do Trabalho, a qual ampliou a mesma para

vislumbrar as controvérsias decorrentes da relação de trabalho, entendem que

podem envolver os terceiros.

2.3.4.2.3 Chamamento ao processo

O doutrinador Dinamarco conceitua o chamamento ao

processo79:

Chamamento ao processo á o ato com que o réu pede a integração de terceiro ao processo para que, no caso de ser julgada procedente a demanda inicial do autor, também aquele seja condenado e a sentença valha como título executivo em face dele.

O chamamento ao processo encontra-se previsto no art. 77 do

CPC, que tem a seguinte redação:

Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu;

II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;

III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

79 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. p. 409.

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Para o Processo do Trabalho interessa o inciso III, o qual

menciona sobre os devedores solidários, podendo atrair a aplicação do § 2º do art.

2º da CLT (grupo de empresas), dentre outros.

O doutrinador Schiavi80 entende ser cabível a hipótese do

inciso III na Justiça Laboral, citando, inclusive hipóteses de sua ocorrência. Aduz o

jurista:

As hipóteses mais comuns de chamamento no Processo do Trabalho são a do sócio quando a empresa está insolvente, empresa do mesmo grupo econômico da reclamada do subempreiteiro, quando a demanda é proposta em face do empreiteiro principal, da empresa tomadora de serviços, quando se postula o vínculo de emprego em face da cooperativa, ou da empresa prestadora, quando se postulam verbas trabalhistas em face da tomadora de serviços em hipóteses de terceirização (Súmula n. 331 do C. TST).

Inclusive outros doutrinadores que se posicionaram contra,

vem evoluindo no sentido da admissibilidade do chamamento ao processo no Direito

Processual do Trabalho, como é o caso de Giglio81:

Revertendo posição adotada nas edições anteriores desta obra, novos estudos nos convenceram de que a razão está com C. P. Tostes Malta. Com base na lição deste, transcrita por Coqueijo Costa [...], passamos a admitir o cabimento do chamamento ao processo nos casos de o empregador ser uma sociedade de fato ou um condomínio irregular, ainda inexiste síndico ou administrador, a fim de que venham a integrar a lide todos os sócios ou condôminos, se apenas um deles foi citado ou se somente alguns o foram.

Os contrários a aplicabilidade do chamamento ao processo na

Justiça Laboral, alegam a inexistência de relação de trabalho entre a empresa que

chama e que é chamada, mas sim, uma relação comercial ou civil.

80 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 325. 81 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. p. 154.

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CAPÍTULO 3

A LEI 11.232/05 E SUA APLICAÇÃO SUBSIDIARIA NO PROCESSO

DO TRABALHO

3.1 APLICAÇÃO SUPLETIVA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL AO DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO E AS LACUNAS DA CLT

Em 01 de maio de 1943, foi promulgada a atual, CLT,

sistematizando normas procedimentais específicas para a solução judicial dos

conflitos individuais e coletivos de trabalho.

Neste período, acreditava-se que o sistema trazido pela CLT

originalmente representava um conjunto de regras provenientes de um grande

avanço, frente ao código de processo civil vigente da época.

Sobre este entendimento explica Cordeiro82:

O modelo construído até o momento partia da premissa de que o marco normativo da trabalhista, embora incapaz de regular todas as questões processuais, apresentava-se mais dinâmico e efetivo que o marco normativo civil.

Visto que a essência do direito processual é marcada pelo

protecionismo, durante várias décadas a CLT possibilitou a prestação jurisdicional

muito mais efetiva e célere do que o processo civil.

Concebido antes do final da Segunda Guerra Mundial, o

sistema normativo laboral passou intacto durante os cinqüenta anos de evolução do

processo civil, conforme relata Cordeiro83:

O direito processual do trabalho encontra-se atualmente em uma situação de extrema acomodação. Nas últimas décadas,

82 CORDEIRO, Wolney de Macedo. Direito Processual do Trabalho: reforma e efetividade. p. 27. 83 CORDEIRO, Wolney de Macedo. Direito Processual do Trabalho: reforma e efetividade. p. 26.

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poucas alterações legislativas ocorreram na CLT em matéria de direito processual do trabalho. [...] essa inexplicável acomodação reverteu uma tendência vanguardista que sempre nutriu o direito processual do trabalho no Brasil, muito embora lançando mão de uma postura absolutamente pragmática e sem qualquer preocupação de criar um sistema verdadeiramente autônomo.

O sistema normativo da CLT admite a relação com outros

sistemas normativos, mas sempre resguardando seus princípios básicos e

fundamentais.

Durante muito tempo as normas processuais trabalhistas

apresentaram-se muito mais efetivas que as cíveis e, por isto, a intromissão do

direito processual implicaria em um retrocesso incomensurável para o sistema

laboral.

Contudo, para preservar a integridade das normas trabalhistas,

no objetivo de não deixar que as normas processuais cíveis caracterizadas por seu

formalismo invadissem o sistema laboral, a CLT, assegurou a aplicação do direto

comum apenas em casos que esta for omissa e compatível, de acordo com o art.

769 do mesmo diploma legal.

Nesse sentido, a seguinte ementa:

Código de Processo Civil – Aplicação subsidiária. O Código de Processo Civil pode ser aplicado, subsidiariamente, ao processo do trabalho, quando neste existem lacunas e as regras instrumentais do Direito comum não forem incompatíveis com os princípios que norteiam este ramo especializado do Direito, conforme infere-se do art. 769 da CLT. (TRT – 12ª R. – 3ª T. – Ac. N. 4.750/2001 – Rel. Marcus P. Mugnaini – DJSC 17.5.2001 – p. 112) (RDT N. 6/2001, p. 60)

Ocorre que devido o Direito Processual Laboral ter sido

estático por vários anos, muitas lacunas foram se apresentando ao longo do tempo.

Numa compreensão melhor do que são as lacunas pode-se

classificá-las em normativas, ontológicas e axiológicas.

As lacunas normativas são aquelas em que ocorre a falta da lei

para ser aplicada ao caso concreto. Já as ontológicas, refletem a incompatibilidade

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de uma determinada norma dentro da realidade, não surgindo efeito por estar

desatualizada.

Por último, mas não menos importante, as lacunas axiológicas

ocorrem quando uma norma não condiz com os valores de justiça e equidade para

uma eficácia da norma processual.

Conforme destaca Chaves84, com suporte em Diniz:

Examinando uma série importante de classificações sobre o tema concluiu Maria Helena Diniz pela síntese do problema das lacunas, a partir da dimensão do sistema jurídico (fatos, valores e normas), numa tríplice e didática classificação: lacunas normativas, axiológicas e ontológicas. As lacunas normativas estampam ausência de norma sobre determinado caso, [...]. as lacunas ontológicas têm lugar mesmo quando presente uma norma jurídica a regular a situação ou caso concreto, desde que tal norma não estabeleça mais isomorfia ou correspondência com os fatos sociais, com o progresso técnico, que produziram o envelhecimento, “o ancilosamento da norma positiva”, em questão. As lacunas axiológicas também sucedem laplicado produzirá uma solução insatisfatória ou injusta.

Frente a estas lacunas e diante de um ávido crescimento de

reforma do processo civil, discute-se a aplicação subsidiária do Processo Civil ao

Processo Laboral, conforme dispõe o doutrinador Schiavi85:

Atualmente, diante das recentes alterações do Código de Processo Civil, levadas a efeito, principalmente, pelas Leis ns. 11.187/05, 11.232/05, 11.276/06, 11. 277/06, 11.280/06 e 11.382/06 que imprimiram maior efetividade e simplicidade ao processo civil, crescem as discussões sobrema aplicação subsidiaria do Código de Processo Civil, ao Processo do Trabalho, e se é possivel a aplicação da regra processual civil se há regra expressa em sentido contrario na CLT.

Tais diferenças foram se tornando cada vez mais nítidas com o

passar do tempo desde o ano de 1994, principalmente com o advento das Leis

11232/05 e 11382/06.

Acerca do alcance do art. 769 da CLT, há duas interpretações,

quais sejam, a restritiva e a evolutiva.

84 CHAVES, Luciano Athayde. Direito Processual do Trabalho: reforma e efetividade. p. 68-69 . 85 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 162.

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No tocante a interpretação restritiva, a aplicação subsidiária

das normas de Processo Civil, acontecem na ocorrência de uma omissão da

legislação processual, ou seja, uma lacuna normativa. Tal vertente sustenta que o

princípio do devido processo legal seja preservado, no sentido de dar previsibilidade

e segurança ao jurisdicionado.

Contudo, na interpretação evolutiva a aplicação supletiva do

CPC ocorre diante das lacunas ontológicas e axiológicas da legislação processual

trabalhista. Esta vertente baseia-se no princípio da efetividade, bem como no caráter

instrumental do processo.

É contrário o posicionamento do jurista Teixeira Filho quanto à

aplicação do CPC nos casos em que a CLT tem regra própria, aduz o jurista86:

Todos sabemos que o art. 769, da CLT, permite a adoção supletiva de normas de processo civil desde que: a) a CLT seja omissa quanto à matéria; b) a norma do CPC não apresente incompatibilidade com a letra ou com o espírito do processo do trabalho. Não foi por obra da aços que o legislador trabalhista inseriu o “requisito da omissão, antes da compatibilidade: foi, isto sim, em decorrência de um proposital critério lógico-axiológico. Desta, para que se possa cogitar da compatibilidade, ou não, de norma do processo civil com a do trabalho é absolutamente necessário, ex vi legis, que, antes disso, se verifique, se a CLT se revela omissa a respeito da matéria. Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado a perquirir sobre a mencionada compatibilidade. Aquela constitui, portanto, pressuposto fundamental desta.

Outros juristas são favoráveis à aplicabilidade do CPC ao

Processo do Trabalho, na observância dos requisitos da efetividade processual e

melhoria da prestação jurisdicional trabalhista, como o jurista Bezerra Leite87:

A heterointegração pressupõe, portanto, existência não apenas das tradicionais lacunas normativas, mas também das lacunas ontológicas e axiológicas. Dito de outro modo, a heterointegração dos dois subsistemas (processo civil e trabalhista) pressupõe a interpretação evolutiva do art. 769 da CLT, para permitir a aplicação subsidiária do CPC não somente na hipótese (tradicional) de lacuna normativa ao processo laboral, mas também quando a norma do processo trabalhista

86 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Processo do Trabalho – embargos à execução ou impugnação à sentença? (a propósito do art. 475-J, do CPC), In Revista LTr 70-10/1180. 87 BEZERRA LEITE. Carlos Henrique. Curso de Direito processual do trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 107-101.

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apresenta manifesto envelhecimento que, na prática, impede ou dificulta a prestação jurisdicional justa e efetiva deste processo especializado (...) De outro lado, é imperioso romper com o formalismo jurídico e estabelecer o diálogo das fontes normativas infraconstitucionais do CPC e da CLT, visando à concretização do princípio da máxima efetivação das normas (princípios e regras) constitucionais do direito processual, especialmente o novel, princípio da “duração razoável do processo com os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. (EC n. 45/2004, art. 5º, LXXVIII).

Desta forma, verifica-se que a doutrina ainda diverge sobre tal

assunto, tendo aqueles que são mais conservadores e outros que não se apegam a

formalidades.

3.2 AS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11232/05 QUE INCIDIRAM SOBRE O

PROCESSO DO TRABALHO

A Lei 11232/05 veio para trazer a modernização no Poder

Judiciário e, consequentemente, modernizar o Código de Processo Civil, conforme

explica Silva de Carvalho88:

As alterações trazidas pela Lei nº 11232/2005 revelam-se importante avanço na efetividade do processo, adotando um procedimento mais célere, enxuto e, por isso, com menos custos para o Estado administrar a Justiça.

A referida lei introduziu a fase de cumprimento de sentença,

extinguindo a obsoleta separação entre o processo de conhecimento e o processo

de execução, uma vez existente, conforme explica Theodoro Júnior89:

Ainda influenciado pelas idéias de Liebman, o Código de Processo Civil de 1973 se estrutura com base na dicotomia entre o processo de conhecimento e o processo de execução. De acordo com essa concepção clássica, as atividades jurisdicionais cognitivas e executórias seriam independentes

88 CARVALHO, Luis Fernando Silva de. Direto Processual do Trabalho: reforma e efetividade. S4ão Paulo: LTr, 2007. p. 253. 89 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 39. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 40.

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entre si, no sentido de que a primeira não é necessariamente preliminar da segunda.

Porém, com a nova lei em vigor, após a sentença ter transitado

em julgado, deverá esta ser cumprida sem que um processo autônomo seja

impetrado, ou seja, após a sentença há uma nova etapa, denominada “fase de

cumprimento”.

Essa “fase de cumprimento” está prevista no novel art. 475-I do

CPC, caput:

Art. 475-I O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

O procedimento previsto no referido artigo, portanto, aplica-se

às sentenças em que o devedor é condenado em obrigação de dar quantia certa.

Assim, caminhando rumo à celeridade, adotou-se dentro de um

único processo duas fases, uma de cognição e outra executiva, nesse ínterim

conclui Silva de Carvalho90:

O sistema processual civil brasileiro dos meados do século passado adotou a tese da dicotomia entre execução e conhecimento. Todavia, a existência do “gargalo da execução”, postergando a satisfação do direito pelo titular, provocou uma reforma gradual e paulatina em direção ao sincretismo processual.

Ainda sobre a execução como fase e não mais um processo

autônomo, é o magistério de Manus91:

Para alcançar uma visão panorâmica, pensemos no processo como uma sucessão de fases, compostas cada uma delas por uma sucessão de atos. As duas grandes fases do processo do trabalho são a de conhecimento e a de execução. E cada uma delas divide-se, por sua vez, em subfases. A fase de c2onhecimento é composta pela subfase postulatória, subfase probatória e subfase decisória, além do que, havendo recurso, compreende ainda a subfase recursal. Já na fase de execução

90 CARVALHO, Luis Fernando Silva de. Direto Processual do Trabalho: reforma e efetividade. p. 251. 91 MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Execução de sentença no processo do trabalho. 2.ed. são Paulo: Atlas, 2005. p. 19.

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de obrigação de dar quantia certa, compõe-se a execução da fase de liquidação de sentença, fase de garantia do juízo e fase de venda judicial. [...] nos casos de obrigação de dar coisa certa, de fazer e não fazer, após o transito em julgado, segue-se o cumprimento direto da coisa julgada.

A Lei 11232/05 tornou-se muito efetiva tanto para as partes

quanto ao magistrado, como entende Tavares da Silva92:

O fato é que a partir da vigência das leis que compuseram mais uma minirreforma, em especial a de n. 11232/05, o processo civil passou a dispor de um ferramental bem mais adequado ao momento presente, isso por ser mais simples, rápido e dotado de uma coerção maior. E, ao contrário daqueles que visualizam obstáculos à utilização subsidiária dessas inovações, relembro o disposto no art. 5º da Constituição Federal, item LXXVIII, que assegura a todos, no âmbito judicial, uma razoável duração do processo, além dos meios que garantam a celeridade na sua tramitação.

As alterações promovidas pela nova lei rompeu vários dogmas,

inclusive o de que a sentença põe fim ao processo, pois se não há mais o que se

falar em processos distintos, tornando-se ambos duas fases dentro de um mesmo

processo, o final deste será o término da execução.

Quanto à sentença deixar de ser o fim do processo é a lição de

Silva93:

Na sistemática atual, com efeito, a sentença não mais é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo com ou sem julgamento do mérito, como se extraía da dicção da redação revogada do art. 162, § 1º do CPC. E isto simplesmente porque o processo não mais será extinto com prolação da sentença condenatória.

Visto que o jurisdicionado não terá mais que instaurar uma

nova relação processual autônomo de execução, consequentemente, não há mais o

que se falar em citação do devedor, pois se a sentença for líquida ou fixado o valor

do condeno em liquidação, o devedor terá o prazo de quinze dias para efetuar o

pagamento, sob pena de multa de 10% acrescidos do valor da condenação.

92 SILVA, Paulo Henrique Tavares da. Direto Processual do Trabalho: reforma e efetividade. São Paulo: LTr, 2007. p. 181. 93 SILVA, Aurélio da. Direto Processual do Trabalho: reforma e efetividade. São Paulo: LTr, 2007. p. 200.

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Contudo, não o fazendo caberá ao credor requerer ao juízo a

expedição de mandado de penhora e avaliação.

Eis a dicção legal:

Art. 475-L. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o dispositivo no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-à mandado de penhora e avaliação.

A menção dada pela lei a cerca do requerimento feito pelo

credor, não se sujeita a rigorosos procedimentos formais.

Desta forma, percebe-se o quão importante foi para as partes

envolvidas no processo, bem como ao magistrado, tais mudanças da lei, pois tornou

o processo muito mais célere e efetivo.

3.3 EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Embora a regra seja a execução definitiva, o CPC prevê a

possibilidade de uma execução provisória, apenas em caráter excepcional, estando

prevista no artigo 520, do referido dispositivo legal, as hipóteses de sua ocorrência.

O conceito da execução provisória está previsto no art. 587 do

referido diploma legal:

Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

Já a CLT, não dispunha qualquer regulamentação sobre a

execução provisória, limitando-se apenas a citá-la em seu artigo 899, afirmando que

é "...permitida a execução provisória até a penhora".

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Por entender o quão retrógrada está a CLT de 1943, se

comparadas com a nova lei de 2005, torna-se uma das hipóteses para se aplicar a

referida lei numa execução provisória trabalhista, visto que o processo civil é fonte

supletiva no Processo do Trabalho, conforme ressalta Cordeiro94:

A expressão "até a penhora" teve apenas a finalidade de esclarecer o conteúdo da execução provisória e a impossibilidade, na época, de permitir a prática de atos de transferência patrimonial. Nesse sentido, o marco normativo a ser observado é aquele presente na legislação processual civil, fonte subsidiária do processo do trabalho. É lógico que a observância desse marco normativo não afasta as peculiaridades próprias do direito processual do trabalho, o que significa dizer que o disposto no CPC, art. 475-O é plena e totalmente aplicável ao direito processual do trabalho, ressalvando apenas as diretrizes ideológicas próprias.

A Lei 11232/05 responsável por grande reforma do processo

civil trouxe em seu art. 475-O uma nova diretriz para este tipo de execução,

substituindo o previsto nos arts. 588 a 590 do diploma processual civil.

Eis o referido dispositivo:

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

94 CORDEIRO, Wolney de Macedo. A guinada ideológica do processo civil e sua influencia na execução trabalhista. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12016&p=2>. Acesso em 30/08/2009.

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O inciso I do artigo acima citado, estabelece a responsabilidade

objetiva do credor, tendo este o dever de reparar eventual dano que o executado

possa sofrer decorrente dos atos executivos, caso haja uma reforma da decisão

exeqüenda.

Já o inciso II, prevê que na hipótese de anulação ou

modificação da sentença provisoriamente executada, deverão ser restituídas as

coisas ao estado anterior.

Para Freire e Silva95 tais dispositivos podem ser aplicados na

execução trabalhista:

Não há qualquer impedimento à aplicação desses dispositivos na execução trabalhista, pois, a suposta menor capacidade econômica do empregado (nem sempre essa situação se configura), não tem o condão de eximir sua responsabilidade pelos prejuízos que causar ao executado, em caso de reforma ou anulação da sentença.

Contudo, o inciso III, que dispõe a cerca do levantamento de

depósito em dinheiro e a prática que importem em alienação de propriedade,

diferentemente dos outros dois primeiros, enseja uma certa divergência na doutrina,

quanto a sua possibilidade de aplicação na execução trabalhista.

Por exemplo, o doutrinador Chaves96 posiciona-se favorável a

aplicação subsidiária deste dispositivo, e ressalta o § 2º a despeito da dispensa do

caução em determinadas situações:

Ora, ambas as exceções são de grande alcance no panorama da jurisdição trabalhista, especialmente a referida no inciso I, em face da natureza alimentar do crédito trabalhista e o presumido estado de necessidade do trabalhador, num regime de produção onde, de regra, ele somente dispõe de sua força de trabalho como mercadoria a ser ofertada no sistema de trocas.

Contudo, este não é o entendimento de Mallet97:

95 SILVA, Bruno Freire e. A aplicação do CPC reformado às execuções trabalhistas e fiscal: um estudo dos três sistemas normativos e uma proposta de uniformização. São Paulo: LTr, 2008. p. 137. 96 CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma do processo comum – reflexos no direito judiciário do trabalho. p. 51.

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Já o inciso III, associado com as hipóteses de dispensa de caução para levantamento de valores – que tanto significado teria no processo do trabalho – colide com o disposto no art. 899, caput, da Consolidação das leis do trabalho, que somente permite o prosseguimento da execução provisória “até a penhora”.

Aliás, dispõe a Orientação Jurisprudencial n. 62 da SDI-II do

TST:

Não será possível a realização de atos de alienação dos bens eventualmente penhorados para garantia da execução e tampouco que a penhora, nestes casos (execução provisória) recaia sobre dinheiro.

Desta forma, resta prejudicada a intenção de utilização do

referido dispositivo na execução provisória trabalhista, por entender-se que o

jurisdicionado poderá ser prejudicado.

3.4 A CITAÇÃO, NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA E APLICAÇÃO DE MULTA

NAS EXECUÇÕES DE OBRIGAÇÕES DE PAGAR

A CLT prevê de forma expressa a citação do devedor nos

casos em que o devedor queira pagar a obrigação ou garantir o juízo, nos termos

dos arts. 880 e 882:

Art. 880 - O juiz ou presidente do tribunal, requerida a execução, mandará expedir mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas, ou, em se tratando de pagamento em dinheiro, incluídas as contribuições sociais devidas ao INSS, para que pague em quarenta e oito horas, ou garanta a execução, sob pena de penhora.

E,

Art. 882 – o executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma,

97 MALLET, Estevão. O processo do trabalho e as recentes modificações do código de processo civil. Revista do Advogado, São Paulo, n. 85, ano XXVI, maio 2006.

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atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil.

Muitos questionamentos giram em torna da citação, em relação

ao início da execução, pois conforme Schiavi98, não há o que se falar desta como

um processo autônomo do de conhecimento:

Embora o art. 880 da CLT determine que o devedor seja citado sobre a execução trabalhista para pagar em 48 horas, ou nomear bens à penhora, pensamos que a exigência da citação para a execução não adotou a melhor técnica, pois a execução trabalhista, conforme já sedimentado em doutrina, em razão de título executivo judicial nunca foi, efetivamente, considerada um processo autônomo em relação ao processo de conhecimento.

Por outro lado, a jurisprudência trabalhista tem se posicionado

de uma maneira abrandada quanto à citação do devedor, admitindo que outra

pessoa, na forma de preposto, seja citado.

Neste sentido, é o entendimento do TRT da 3ª Região:

Execução trabalhista – Citação. Embora a citação na execução trabalhista seja diferente daquela realizada na fase cognitiva, exigindo a presença do Oficial de Justiça, tal fato não implica que ela deva ser pessoal, podendo recair sobre qualquer pessoa que responda pelo empregador. (TRT – 3ª R. – 2ª T. – AP n. 1013/2005048.03.00-2 – Rel. Anemar Pereira Amaral – DJ 13.09.06 – p. 11) (RDT n. 10 – outubro de 2006)

Pensando nos avanços do Direito Processual Civil, garantindo

ao cidadão cada vez mais a efetividade, alguns doutrinadores apontam para a idéia

de que o início da execução não dependa de citação.

Como bem assevera Chaves99:

Ora, não faz sentido algum se manter o intérprete fiel ao disposto no art. 880 da CLT, enquanto o processo comum dispõe, agora, de uma estrutura que superou a exigência de nova citação para que se faça cumprir, as decisões judiciais,

98 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 850 99 CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo civil: reflexos no direito judiciário do trabalho. p. 56.

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expressando, assim, maior sintonia com as idéias de celeridade, economia e efetividade processuais. É a hipótese mais do que evidente de lacuna ontológica do microssistema processual trabalhista.

A despeito da aplicação da multa nas obrigações de pagar, tal

relevante divergência será tratada no capítulo seguinte desta pesquisa.

3.5 ART. 475-J NO PROCESSO CIVIL

O cumprimento de sentença trazido pela Lei 11232/05 em seus

art. 475 e seguintes, referente à execução por quantia certa fundada em sentença,

não tem a finalidade de abolir a ação executiva, mas propiciar ao credor de quantia

certa um efeito imediato da sentença.

Desta forma, após a condenação, o juiz terá de transformar os

bens do devedor em dinheiro, para que, assim, possa utilizá-lo no pagamento da

prestação inadimplida.

Neste caso, são utilizados meios processuais executivos com o

objetivo de satisfazer o direito do credor, extinguindo-se a dívida, portanto, trata-se

de uma ação por quantia certa, já que o título executivo é a própria sentença, mas

não de uma ação de execução por quantia certa.

Se o credor possui um título executivo extrajudicial, conforme

especificados no art. 585 do CPC, ingressará em juízo diretamente com um

processo de execução, através da ação executiva autônoma.

Contudo, na falta de um título executivo, primeiramente, terá de

passar pelo processo de conhecimento para obter a sentença condenatória, e,

assim, buscar a satisfação do crédito, conforme explica Theodoro Júnior100:

À falta de tal título, terá de obter, em processo de conhecimento, a sentença condenatória, para em seguida atingir o patrimônio do devedor. Não terá, porém, de passar pelo ajuizamento de

100 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Cumprimento da Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 52.

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ação executiva separada para chegar aos atos expropriatórios. Por força da própria sentença condenatória dar-se-á a expedição, após o transcurso do prazo de pagamento voluntário, do mandado de penhora e avaliação dos bens necessários à satisfação do direito do credor.

Ao devedor será dado 15 dias, após a sentença que fixou o

valor da dívida, para efetuar o pagamento de forma espontânea, caso contrário, será

acrescido de multa de 10%, de acordo com o previsto no art. 475-J do CPC:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

O requerimento a que se refere o artigo citado, é de uma

petição simples formulada no processo que a condenação tenha sido proferida, não

se trata de petição inicial, pois não se aplicam os requisitos do art. 282 do CPC.

Portanto, caberá ao credor requerer a medida, instruído com o

demonstrativo do débito atualizado, já que se refere à execução por quantia certa,

de acordo com o art. 614, II do referido dispositivo legal.

A multa em questão é aplicada nas execuções definitivas, pois

pressupõe sentença transitada em julgado, mas há discussões no que diz respeito à

aplicação da multa nas execuções provisórias.

Os contrários a aplicação da multa em execução provisória

sem efeito suspensivo defendem a garantia constitucional do devido processo legal,

entre estes está Theodoro Júnior101:

Convém lembrar que o direito de recorrer integra a garantia do devido processo legal (CF, art. 5º, inciso LV), pelo que o litigante não poderá ser multado por se utilizar, adequadamente e sem abuso, desse remédio processual legítimo. [...] Dessa maneira, há na própria sistemática do direito processual uma

101 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Cumprimento da Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. p. 53.

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inviabilidade de punir-se o devedor por não cumprir a sentença contra a qual interpôs regular recurso.

Nesse sentido, destaca-se a seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL – MULTA DO ART. 475-J DO CPC – INCIDÊNCIA NA EXECUÇÃO PROVISÓRIA – IMPOSSIBILIDADE – INCOMPATIBILIDADE LÓGICA – NECESSIDADE DE AFASTAMENTO DA MULTA. 1. O artigo 475-J, com redação dada pela Lei n. 11.232/2005, foi instituído com o objetivo de estimular o devedor a realizar o pagamento da dívida objeto de sua condenação, evitando assim a incidência da multa pelo inadimplemento da obrigação constante do título executivo. 2. A execução provisória não tem como escopo primordial o pagamento da dívida, mas sim de antecipar os atos executivos, garantindo o resultado útil da execução. 3. Compelir o litigante a efetuar o pagamento sob pena de multa, ainda pendente de julgamento o seu recurso, implica em obriga-lo a praticar ato incompatível com o seu direito de recorrer (art. 503, parágrafo único do CPC), tornando inadmissível o recurso. 4. Por incompatibilidade lógica, a multa do artigo 475-J do CPC não se aplica na execução provisória. Tal entendimento não afronta os princípios que inspiraram o legislador da reforma. Doutrina. Recurso especial provido. (REsp 1.100.658/SP, rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, julgado em 07/05/2009, DJ-e 21/05/2009)

Porém, este não é o entendimento de Schiavi102:

Mesmo que se trate de execução provisória, incidirá a multa, pois o art. 475-J não faz qualquer ressalva, tampouco o art. 475-O do CPC. [...] Ainda que se possa argumentar que a decisão poderá ser alterada, o prosseguimento da execução é medida que se impõe rumo à efetividade processual e prestígio da decisão de primeiro grau. Sobrevindo modificação da decisão, o exeqüente responderá, sob a modalidade da responsabilidade objetiva, pelos danos causados ao executado (arts. 475-O, I e 811, da CLT).

Cabe salientar que a multa do art. 475-J tem um caráter

acessório do crédito exeqüendo, ou seja, o credor tem a disponibilidade de não

exigir a multa, optando por executar apenas o montante da condenação.

Assim, no demonstrativo do quantum entregue junto ao

requerimento de execução, não será incluída a multa em questão pelo titular do

crédito. A penhora e a expropriação, a que se destinam os bens do devedor,

cobrirão apenas o valor do crédito arrolado pelo exeqüente. 102 Schiavi, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. p. 858.

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Ademais, o devedor não é intimado a cerca do prazo a que se

refere o art. 475-J e a multa de 10%, pois a fase do cumprimento de sentença é uma

continuidade do processo, seguindo, após a sentença, seus atos normalmente.

3.6 A APLICABILIDADE DO ART. 475-J DO CPC NO PROCESSO DO

TRABALHO

Após a introdução da Lei 11232/05 no Processo Civil, grandes

discussões na doutrina e jurisprudência surgiram sobre a possibilidade de se aplicar

o art. 475-J do referido dispositivo legal no Processo do Trabalho.

Os defensores da inaplicabilidade do art. 475-J do CPC no

Processo Laboral, argumentam que a CLT não é omissa, tendo em vista os arts. 880

e seguintes da CLT preverem a citação do executado para pagar, sob conseqüência

de penhora, bem como o sistema da execução civil diverge do sistema processual

trabalhista, já que a liquidação no CPC é decidida de forma definitiva antes da

execução, enquanto na CLT a liquidação pode ser impugnada após ter iniciado a

execução, com garantia de juízo.

Autores nomeados como Teixeira Filho103 seguem esta linha de

raciocínio:

Todos sabemos que ao art. 769, da CLT, permite a adoção supletiva de normas do processo civil desde que: a) a CLT seja omissa quanto à matéria; b) a norma do CPC não apresente incompatibilidade com a letra ou com o espírito do processo do trabalho. Não foi por obra do acaso que o legislador trabalhista inseriu o requisito da omissão antes da compatibilidade: foi, isto sim, em decorrência de um proposital critério lógico-axiológico. Desta forma, para que se possa cogitar da compatibilidade, ou não, de norma do processo civil com a do trabalho, é absolutamente necessário, ex vi legis, que antes disso, se verifique se a CLT se revela omissa a respeito da material. Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado a

103 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Processo do Trabalho – Embargos à execução ou impugnação à sentença? (A propósito do art. 475-J, do CPC), In Revista LTr 70-10/1180.

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perquirir sobre a mencionada compatibilidade. Aquela constitui, portanto, pressuposto fundamental desta.

Nesse sentido, tem se posicionado o TST:

MULTA EXECUTÓRIA - INAPLICABILIDADE DO ART. 475-J DO CPC AO PROCESSO DO TRABALHO - EXISTÊNCIA DE REGRA PRÓPRIA NO PROCESSO TRABALHISTA. 1. O art. 475-J do CPC dispõe que o não-pagamento pelo devedor - em 15 dias - de quantia certa ou já fixada em liquidação a que tenha sido condenado gera a aplicação de multa de 10% sobre o valor da condenação e, a pedido do credor, posterior execução forçada com penhora. 2. A referida inovação do Processo Civil, introduzida pela Lei 11.232/05, não se aplica ao Processo do Trabalho, já que tem regramento próprio (arts. 880 e ss. da CLT), e a nova sistemática do Processo Comum não é compatível com aquela existente no Processo Trabalhista, no qual o prazo de pagamento ou penhora é de apenas 48 horas. Assim, inexiste omissão justificadora da aplicação subsidiária do Processo Civil, nos termos do art. 769 da CLT, não havendo como pinçar do dispositivo apenas a multa, aplicando, no mais, a sistemática processual trabalhista. 3. Nos termos do art. 889 da CLT, a norma subsidiária para a execução trabalhista é a Lei 6.830/80 (Lei da Execução Fiscal), pois os créditos trabalhistas e fiscais têm a mesma natureza de créditos privilegiados em relação aos demais créditos. Somente na ausência de norma específica nos dois diplomas anteriores, o Processo Civil passa a ser fonte informadora da execução trabalhista, naqueles procedimentos compatíveis com o Processo do Trabalho (art. 769 da CLT). 4. Nesse contexto, merece reforma o acórdão recorrido, para que seja excluída da condenação a aplicação do disposto no art. 475-J do CPC. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. Processo: RR - 400/2007-022-13-00.6 Data de Julgamento: 17/06/2009, Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, 7ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 19/06/2009.

Em contrapartida estão os favoráveis a aplicação subsidiária do

art. 475-J do CPC no Processo do Trabalho, para estes, há omissão na CLT no que

diz respeito a multa, tendo como principal argumento o caráter de urgência do

crédito trabalhista por ter natureza alimentar.

Dentre eles está Pinto Martins104:

Visa a multa da maior celeridade e efetividade à execução e cumprir a obrigação contida na sentença, pois a verba discutida geralmente tem natureza alimentar. Não tem por objetivo enriquecer o credo à custa do devedor, mas coagir o devedor a pagar o devido. Não se trata de penalidade em decorrência de

104 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. p. 719.

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má-fé processual. Representa sanção processual para o cumprimento da sentença.

Da mesma forma aduzem Bramante e Linares105:

Segundo o art. 769 da CLT, que trata do princípio da subsidiariedade do Direito Processual Comum, deve haver omissão e compatibilidade. E, o art. 889 da CLT diz que a aplicação subsidiária, em sede de execução, privilegia a Lei de Execuções Fiscais ao CPC. De início, já chama a atenção à autorização concedida ao juiz do trabalho, na fase cognitiva, de fazer prazo e condições para o cumprimento da sentença conforme o disposto nos arts. 832, § 1º, e 835, da CLT. Denota possibilidade implícita de estabelecer multas coercitivas para as hipóteses de não observância do prazo estabelecido judicialmente, na fase cognitiva. Sendo assim, se o juiz pode aplicar multa de ofício na fase cognitiva, não há motivo para lhe negar tal prerrogativa na fase executória. Por essa razão, há compatibilidade na aplicação do art. 475-J do CPC com os princípios processuais trabalhistas, haja vista que o processo do trabalho também é sincrético, visionário de efetividade no cumprimento da sentença, embora esta como fase procedimental, somente tenha recebido esquadro regular com a Lei n. 11232, de 22.12.2005. Afora isso, a multa de 10% coage o executado, em regra o empregador, a pagar rapidamente o valor da condenação ao exequente, em regra o empregado, sendo, portanto, instrumento eficaz à relação concreto do direito. Ademais, há omissão por falta de previsão explícita da multa do art. 475-J do CPC.

Neste sentido, é o entendimento do Tribunal Regional do

Trabalho da 13ª Região:

EMENTA: A MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC. APLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. Uma as discussões mais palpitantes nos Tribunais do Trabalho atualmente tem sido a que diz respeito às recentes alterações havidas no Código do Processo Civil e a sua aplicabilidade no processo do trabalho, entre as quais se encontram aquelas introduzidas através da Lei n.º 11.232/2005. A multa prevista no art. 475-J do CPC, com redação dada pela referida Lei, em plena aplicabilidade no campo processual trabalhista, autoriza a utilização subsidiária do CPC à espécie, em conformidade com o disposto no art. 769 da CLT. Recurso Ordinário desprovido. (Processo: RO - 01633.2007.027.13.00-8 Data de Julgamento: 06/03/2008, Relator Ministro: Afrânio Neves De Melo).

105 BRAMANTE, Ivani Contini; Linares, Rodrigo Adélio. A multa do art. 475-J do CPC e o princípio da tutela mais adequada ao empregado. In: Revista Synthesis. N. 46/48. São Paulo: Portal Jurídico, 2008. p. 12.

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Hodiernamente, o Processo do Trabalho visa a proteção das

normas trabalhistas, funilando rigorosamente o que deve ser aplicado em suas

ações, desconsiderando outros dispositivos legais que poderiam apresentar

métodos mais céleres e eficazes.

Como bem adverte Schiavi:

O Direito Processual do Trabalho tem sua razão de ser na garantia do cumprimento da legislação social e resguardar os direitos fundamentais do trabalhador. Desse modo, a partir do momento que o Direito Processo Civil dá um grande passo no caminho da modernidade, deve o Processo do Trabalho se valer de tais benefícios, sob consequência de desprestígio e ineficácia da Ordem Jurídica Trabalhista.

Por outro lado, a própria CLT contém artigos que permitem ao

Juiz do Trabalho impor penalidades para que, desta forma, seja cumprida a

sentença trabalhista efetivamente. São eles os arts. 832, § 1º e 652, d, ambos da

CLT, que assim dispõem:

Art. 832, § 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento.

Art. 652, d – Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: (...) (d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência.

Portanto, dentre os diversos argumentos e posicionamentos

que se encontram na doutrina e jurisprudência, a aplicação supletiva do art. 475-J do

Código de Processo Civil no Processo do Trabalho, dependerá da sedimentação da

jurisprudência dos Tribunais Superiores.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente é de grande coragem o autor ingressar em juízo

pleiteando um direito, tendo em vista a morosidade da Justiça, representada pelo

Poder Judiciário.

Porém, de nada vale um direito na mão sem a sua real

concretização. Não tem valor o reconhecimento de um crédito se não formas de

intimidar o devedor à satisfação do mesmo.

Para tanto, verifica-se a possibilidade de aplicação do art. 475-

J do CPC de forma supletiva no Processo Laboral, com o objetivo de agilizar o

pagamento do valor devido ao credor.

Para o presente estudo e sua resolução, a monografia foi

dividida em três capítulos, sendo, no Capítulo 1, abordado sobre a Justiça do

Trabalho, no que tange a sua criação, organização, funcionamento e competência

chegando ao momento em que foi reconhecida sua autonomia cientifica, bem como

os princípios que a norteiam.

No Capítulo 2, tratado de definir o que é uma ação, desde as

suas condições até seus prazos, nulidades e as partes que nela podem ingressar,

até aqueles que no decorrer do processo podem surgir, seja de forma voluntaria ou

provocada.

No Capítulo 3, tratado de analisar a Lei 11232/05, que trouxe

mudanças significativas no Processo Civil, em especial o art. 475-J do referido

dispositivo legal, verificando como a doutrina e a jurisprudência vem se posicionando

a despeito de tal assunto.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

a) O Direito Processual do Trabalho é autônomo em relação ao

Direito Processual Civil, mas utiliza das suas normas de forma supletiva ou

subsidiária desde que não haja incompatibilidade com os princípios norteadores da

Justiça Laboral;

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b) As alterações do Direito Processual Civil decorrentes da Lei

11.232/05 não podem ser aplicadas no Processo do Trabalho porque existem

normas e procedimentos efetivos para a execução trabalhista na CLT.

Quanto às hipóteses levantadas para a presente pesquisa,

observa-se:

a) Que o Direito Processual do trabalho possui estrutura

jurídica própria e autonomia plena, inclusive com princípios próprios que regem sua

aplicação na Justiça Especializada do Trabalho. No entanto, utiliza o Direito

Processual Civil de forma supletiva, para complementação de eventual dispositivo

processual trabalhista, bem como, de forma subsidiária, na falta de norma que possa

lhe ser útil, desde que não afronte seus preceitos de proteção ao trabalhador;

b) Alguns dos preceitos da Lei 11.232/05 podem ser utilizados

de forma supletiva e subsidiária pelo Direito Processual do Trabalho porque trarão

maior efetividade para o Direito Processual do Trabalho no que tange,

especialmente, à execução das sentenças condenatórias, como por exemplo, a

aplicação da multa do artigo 475-J do Código de Processo Civil.

É visando uma maior agilidade e eficácia que o art. 769 da CLT

prevê a possibilidade de utilização de normas subsidiárias ao Processo Laboral e,

seguindo esta linha de raciocínio, deve-se, primeiramente optar por meios que

facilitem a satisfação do direito do autor.

Logo a aplicação do art. 475-J do Código de Processo Civil

está submetido ao entendimento dos Tribunais Superiores, devendo estes

uniformizarem seus entendimentos rumo à agilidade e efetividade das decisões

juridicionais.

Importante ressaltar que não houve a intenção por parte da

pesquisadora de esgotar o assunto, mas de pesquisar a fim de colaborar com a

discussão relativa à aplicação subsidiaria do art. 475-J do CPC no Processo do

Trabalho.

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Ressalta-se que o método adotado foi o indutivo, com o uso

das técnicas do referente, da categoria e do conceito operacional. A pesquisa foi

realizada com base bibliográfica.

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