a alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para...

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A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o impacto de uma intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico entre escolares de Brasília-DF Natacha Toral Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Saúde Pública. Área de concentração: Nutrição Orientadora: Profª. Drª. Betzabeth Slater São Paulo 2010

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Page 1: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o

impacto de uma intervenção nutricional com

materiais educativos baseados no Modelo

Transteórico entre escolares de Brasília-DF

Natacha Toral

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Saúde Pública da

Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo para obtenção

do título de Doutor em Saúde Pública.

Área de concentração: Nutrição

Orientadora: Profª. Drª. Betzabeth Slater

São Paulo

2010

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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma

impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida

exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a

identificação do autor, título, instituição e ano da tese.

Page 3: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Dedico esta tese aos meus pais, minhas

irmãs e ao Breno.

“¡Gracias por vuestro cariño de siempre!”

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado força para ser perseverante na superação de mais um

desafio em minha vida.

À Betzy, por ser muito mais do que uma orientadora, por ser uma amiga e

conselheira.

A todas as minhas amigas, em especial à Gisele Bortolini, Carol Feldenheimer,

Mariana Pinheiro, Patrícia Martins, Ana Amélia Tolentino e Luana Caroline dos

Santos, por todo o estímulo e apoio que me ofereceram neste período.

À Maria Conti, por suas valiosas contribuições para o estudo qualitativo que

publicamos.

À Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde,

pela compreensão pelos momentos de ausência.

Ao ILSI-Brasil, pelo apoio financeiro oferecido, indispensável para a realização

deste estudo.

A todos os alunos, diretores, professores e coordenadores pedagógicos das escolas

participantes do estudo, por sua paciência e colaboração.

Page 5: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

RESUMO

Toral N. A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o impacto de uma

intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico

entre escolares de Brasília-DF [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Saúde

Pública da USP; 2010.

Introdução – Frente à dieta pouco saudável dos adolescentes, é necessário

aprofundar o conhecimento sobre seu comportamento alimentar e desenvolver

intervenções nutricionais de impacto, como as baseadas no Modelo Transteórico,

direcionando ações segundo os estágios de mudança. Objetivo - Caracterizar as

percepções sobre alimentação saudável na ótica dos adolescentes e avaliar o impacto

de uma intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo

Transteórico entre adolescentes de escolas públicas de Brasília, Distrito Federal.

Métodos – Foi desenvolvido estudo qualitativo entre adolescentes com perguntas

sobre: percepção e motivação para modificar a dieta; conceito de alimentação

saudável e barreiras para sua adoção; e características de impressos para promoção

de alimentação saudável. Posteriormente, conduziu-se estudo experimental

randomizado durante 6 meses entre adolescentes. O grupo intervenção recebeu

mensalmente revistas e informativos voltados para a promoção de uma alimentação

saudável. Avaliaram-se o consumo habitual de frutas e hortaliças, os estágios de

mudança, os escores de auto-eficácia e de equilíbrio de decisões, além do sexo,

idade, estado nutricional e renda familiar. Resultados – Nos 4 grupos focais

conduzidos, os 25 participantes relataram conceitos adequados sobre alimentação

Page 6: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

saudável e as principais barreiras foram a tentação, o sabor dos alimentos, a

influência dos pais e a falta de tempo e de opções de lanches saudáveis na escola. Os

materiais educativos devem reforçar os benefícios imediatos da alimentação saudável

e destacar mensagens alarmantes sobre os riscos à saúde advindos de práticas

inadequadas. No segundo estudo, os grupos intervenção e controle foram compostos

por 373 e 487 adolescentes, respectivamente. Apenas 10,9% apresentavam um

consumo adequado de frutas e hortaliças. A intervenção não apresentou impacto no

consumo destes alimentos e nos componentes do Modelo Transteórico, nem avanços

ao longo dos estágios de mudança. Conclusão – Os jovens relataram conhecimento

adequado sobre alimentação saudável e barreiras focadas nas características dos

alimentos, em aspectos individuais e sociais. Identificaram características específicas

para os materiais educativos que podem contribuir para sua maior adesão às ações de

promoção de alimentação saudável. A intervenção não proporcionou os efeitos

esperados. Outros delineamentos voltados para adolescentes devem ser investigados.

Descritores: Comportamento do Adolescente; Comportamento Alimentar; Ingestão

de Alimentos; Pesquisa Qualitativa; Estudos de Intervenção.

Page 7: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

SUMMARY

Toral N. A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o impacto de uma

intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico

entre escolares de Brasília-DF/ Healthy diet under the perspective of adolescents and

the impact of a nutritional intervention with educational materials based on the

Transtheoretical Model among students in Brasília-DF [Thesis]. São Paulo (BR):

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2010.

Introduction - In the face of unhealthy diet of adolescents, it is necessary to look for

more knowledge about their eating behavior and to develop successful nutritional

interventions, such as those based on the Transtheoretical Model, tailoring actions

according to the stages of change. Purpose – To describe perceptions about healthy

eating from the perspective of adolescents and to assess the impact of a nutritional

intervention with educational materials based on the Transtheoretical Model among

adolescents in public schools in Brasilia, Distrito Federal. Methods – A qualitative

study among adolescents was developed with questions on: perceptions regarding

diet and their motivation to modify it; concepts and barriers of health eating; and

characteristics needed for printed materials for healthy eating promotion. Later, it

was conducted a randomized experimental study during 6 months among

adolescents. The experimental group received monthly magazines and newsletters

aimed at healthy eating promotion. It was evaluated the usual fruit and vegetable

intake, the stages of change, the self-efficacy and decisional balance scores, in

addition to sex, age, nutritional status and family income. Results - In the 4 focus

Page 8: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

groups conducted, the 25 participants showed adequate concepts of healthy diet and

the main barriers were temptation, food flavors, parental influence and lack of time

and options for healthy snacks at school. Educational materials should stress the

immediate benefits from healthy eating and have impactful messages about the

health risks of a poor diet. In the second study, the experimental and control groups

included 373 and 487 adolescents, respectively. Only 10,9% showed an adequate

fruit and vegetable intake. The intervention had no significant impact on the intake of

these groups, on the components of the Transtheoretical Model, neither on the

progress through the stages of change. Conclusions – Adolescents reported adequate

knowledge about healthy eating and barriers focused on the characteristics of food, in

individual and social aspects. They identified specific characteristics to the

educational materials that can contribute to a better support of actions to promote

healthy eating. The intervention did not provide the expected effects. Other designs

aimed at adolescents should be investigated.

Keywords: Adolescent Behavior; Feeding Behavior; Eating; Qualitative Research;

Intervention Studies.

Page 9: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

ÍNDICE

Página

APRESENTAÇÃO............................................................................................ 11

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12

2. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... 18

2.1. MANUSCRITO 1..................................................................................... 19

3. JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 40

4. OBJETIVOS.................................................................................................. 42

4.1. OBJETIVO GERAL................................................................................. 43

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................... 43

5. MÉTODOS..................................................................................................... 44

5.1. ESTUDO QUALITATIVO PRÉVIO....................................................... 45

5.1.1. População e Local do Estudo Qualitativo......................................... 45

5.1.2. Condução dos Grupos Focais........................................................... 46

5.1.3. Análise dos Discursos....................................................................... 47

5.2. DELINEAMENTO DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO....................... 48

5.3. POPULAÇÃO E LOCAL DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO............. 48

5.3.1. Amostragem...................................................................................... 49

5.3.2. Logística do Estudo.......................................................................... 51

5.4. TREINAMENTO DOS PESQUISADORES DE CAMPO..................... 51

5.5. VARIÁVEIS DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO................................. 51

5.6. DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS EDUCATIVOS................... 58

5.6.1. Desenvolvimento de Revistas de Promoção de Alimentação

Saudável...............................................................................................................

58

Page 10: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

5.6.2. Desenvolvimento de Informativos por Estágios de Mudança....... 61

5.7. INTERVENÇÃO NUTRICIONAL......................................................... 65

5.8. DIGITAÇÃO E CONSISTÊNCIA DOS DADOS................................... 66

5.9. ANÁLISE ESTATÍSTICA....................................................................... 67

5.10. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS................................................................ 68

5.11. FINANCIAMENTO E CONFLITO DE INTERESSES........................ 68

6. ARTIGOS....................................................................................................... 69

6.1. MANUSCRITO 2..................................................................................... 70

6.1. MANUSCRITO 3..................................................................................... 92

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 117

8. REFERÊNCIAS............................................................................................. 121

9. ANEXOS....................................................................................................... 136

Anexo 1 - Carta de apresentação do estudo qualitativo e Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.....................................................................

137

Anexo 2 - Carta de apresentação do estudo de intervenção e Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.....................................................................

140

Anexo 3 - Questionário utilizado no estudo de intervenção............................ 143

Anexo 4 - Instrutivo ilustrado de porções de frutas e hortaliças..................... 147

Anexo 5 - Aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de Saúde Pública

da Universidade de São Paulo.............................................................................

149

CURRÍCULO LATTES.................................................................................... 151

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Apresentação- 11

APRESENTAÇÃO

Esta tese é composta pelas seguintes seções iniciais: introdução, revisão da

literatura, objetivos, justificativa e metodologia do estudo. A revisão da literatura

corresponde a um capítulo de livro já submetido às organizadoras da publicação.

Posteriormente, são apresentados os artigos resultantes do trabalho, sendo que um foi

publicado e o outro será submetido à publicação em revista científica. Os artigos

apresentam página de rosto com título, resumos em português e inglês, introdução,

metodologia, resultados e discussão. Ao final da tese, encontram-se as considerações

finais do estudo, as referências utilizadas, os anexos e a primeira página do Currículo

Lattes da autora desta tese e de sua orientadora.

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1. Introdução

Page 13: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Introdução- 13

1. INTRODUÇÃO

O estudo do comportamento alimentar entre adolescentes tem despertado

grande interesse por se tratar de um elemento importante para o sucesso de

intervenções nutricionais. Observa-se que as práticas alimentares atuais deste grupo

são frequentemente classificadas como inadequadas, incluindo o consumo excessivo

de fast foods, alimentos gordurosos, refrigerantes e açúcares, além da baixa ingestão

de frutas e hortaliças e omissão de refeições, como o café-da-manhã (FISBERG

2004).

Tais características têm sido consideradas alarmantes por diversos

pesquisadores. Em estudo realizado com uma amostra representativa de adolescentes

de Piracicaba, São Paulo, constatou-se que 77,9% dos adolescentes apresentavam

alto consumo de gorduras na alimentação e o consumo médio de doces alcançava 4,5

porções diárias (TORAL et al. 2007). A situação é constantemente observada entre

adolescentes avaliados em outros estudos brasileiros (ALBANO e SOUZA 2001,

GARCIA et al. 2003) e em diversos países (CRUZ 2000, SAMUELSON 2000).

É importante ressaltar que dietas inadequadas estão envolvidas no surgimento

de doenças crônicas não degenerativas no futuro, como obesidade, problemas

cardiovasculares, hipertensão, diabetes e alguns tipos de câncer (WHO 2003). Entre

adolescentes, deve-se considerar a alta prevalência de excesso de peso como parte do

processo de transição nutricional que tem ocorrido no país nas últimas décadas

(VEIGA et al. 2004).

O risco envolvido no surgimento e na permanência de doenças crônicas não-

transmissíveis, como a obesidade, durante a adolescência, está relacionado à sua

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Introdução- 14

repercussão na saúde e na qualidade de vida do indivíduo adulto. Co-morbidades

antes observadas em idades mais avançadas, como diabetes, hipertensão e

dislipidemias, têm se manifestado precocemente entre adolescentes, em decorrência

da adoção de um padrão alimentar inadequado e do sedentarismo (FISBERG 2004).

Esse fato leva a um questionamento sobre o impacto das intervenções

nutricionais tradicionalmente direcionadas a essa população. Uma revisão publicada

recentemente sobre as estratégias para a prevenção da obesidade em crianças e

adolescentes ressaltou a escassez de intervenções com resultados satisfatórios para

esse público (SICHIERI e SOUZA 2008). Por outro lado, entre as intervenções com

resultados positivos, destacaram-se as direcionadas a adolescentes em comparação

com aquelas em que o foco eram crianças mais novas. Apesar da possível ansiedade

dos pesquisadores de tentar prevenir o problema de forma cada vez mais precoce, foi

observado que os adolescentes são mais capazes de assimilar o conteúdo da

intervenção e administrar melhor suas escolhas alimentares do que participantes mais

novos (SICHIERI e SOUZA 2008).

Já alcançar a motivação dos adolescentes para uma mudança efetiva do

padrão alimentar corresponde a um grande desafio. Se por um lado os adolescentes

muitas vezes conseguem identificar um alimento saudável, freqüentemente falta a

habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo

dos alimentos para seu consumo (FRENN et al. 2003). Acredita-se que a integração

de modelos teóricos no planejamento de ações e materiais educativos pode contribuir

para o sucesso de intervenções nutricionais direcionadas à adolescência (FRENN et

al. 2003).

Page 15: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Introdução- 15

Atualmente, o Modelo Transteórico destaca-se como um instrumento

promissor de auxílio à compreensão da mudança comportamental relacionada à

saúde. Segundo o modelo, o indivíduo pode ser classificado em cinco estágios

distintos, que representam quando ocorre a mudança de comportamento e qual é o

grau de motivação do indivíduo para realizá-la. Indivíduos em pré-contemplação

correspondem àqueles que não refletiram sobre uma mudança de comportamento

num futuro próximo. Neste estágio, não há intenção de modificar determinada

prática, ainda que esta seja reconhecida como inadequada. No estágio de

contemplação, o indivíduo reflete sobre a realização de uma mudança de

comportamento, mas não estabelece um prazo para colocá-la em ação. Isso se deve

às inúmeras barreiras que são percebidas pelo mesmo, ao invés dos benefícios que

poderiam ser obtidos com a mudança. Aqueles em preparação estabeleceram metas

para efetivar uma mudança de comportamento num futuro próximo, mas sem

assumir um compromisso sério as mesmas. Indivíduos em ação colocaram em

prática suas estratégias para alterar seu comportamento recentemente. Já aqueles em

manutenção mantiveram sua mudança de comportamento por mais de seis meses

(PROCHASKA et al. 1992).

Nas últimas décadas, diversos autores observaram uma relação entre os

estágios de mudança de comportamento e o consumo alimentar, tendo em vista que

os indivíduos classificados nos estágios mais avançados, como ação e manutenção,

tendem a apresentar um consumo mais saudável em comparação com os estágios

iniciais (DE GRAAF et al. 1997).

A utilização dos estágios de mudança de comportamento em intervenções

nutricionais atende a dois propósitos. Em primeiro lugar, tal classificação permite

Page 16: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Introdução- 16

direcionar a intervenção para cada um dos estágios de mudança de comportamento,

considerando que são identificados grupos de indivíduos com diferentes percepções

e motivações para realizar mudanças em sua dieta. Além disso, os estágios podem

ser utilizados como um indicador dos efeitos de uma intervenção, sendo o sucesso

representado pelo avanço da classificação do indivíduo ao longo da evolução

prevista para os estágios de mudança de comportamento (DE NOOIJER et al. 2005).

Recentemente, foram publicados diversos estudos de intervenção que

utilizaram o Modelo Transteórico com adolescentes para modificação das práticas

alimentares. BRINLEY et al. (2001) conduziram uma intervenção com escolares

baseada nos estágios de mudança de comportamento, visando o aumento do

consumo de frutas e hortaliças. O programa incluiu materiais educativos, aulas

expositivas e degustação de alimentos, e teve uma duração de seis semanas. Foi

observado que cerca de 27% dos jovens avançaram ao longo dos estágios com a

intervenção; logo, os autores concluíram que o programa foi efetivo e os materiais

úteis para a promoção de práticas alimentares saudáveis.

FRENN et al. (2003) também conduziram um estudo com escolares, no qual,

por meio de quatro aulas direcionadas para os estágios de mudança, objetivou-se

diminuir o consumo de dietas ricas em gordura. Foi observada uma redução

significativa no percentual lipídico das dietas, em comparação com outros

adolescentes pertencentes a um grupo controle, os quais não receberam a

intervenção direcionada.

Em outro estudo randomizado, RICHARDS et al. (2006) adotaram uma

intervenção entre jovens estudantes de 18 a 24 anos, visando o aumento do consumo

de frutas e hortaliças. Esta incluía o envio de informativos personalizados segundo o

Page 17: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Introdução- 17

estágio de mudança de comportamento, entrevistas motivacionais e mensagens

eletrônicas pela Internet durante quatro meses. Constatou-se que a intervenção foi

bem sucedida, considerando que os participantes do grupo intervenção apresentaram

um consumo de frutas e hortaliças significativamente mais alto do que no grupo

controle ao final do estudo.

Outro estudo randomizado realizado com jovens da mesma faixa etária (18 a

24 anos) também adotou uma intervenção com materiais impressos para a promoção

do consumo de frutas e hortaliças, os quais eram enviados pelo correio segundo o

estágio de mudança de comportamento do indivíduo. Além disso, os participantes

receberam duas ligações educativas e o estudo teve duração de seis meses (NITZE et

al. 2007). Ao final, os autores verificaram que os participantes do grupo intervenção

apresentaram maior consumo de frutas e hortaliças e uma progressão mais

expressiva para os estágios de ação e manutenção, em comparação com os

indivíduos do grupo controle.

Diante do exposto, infere-se que há uma necessidade crescente de

intervenções nutricionais de impacto entre adolescentes. Porém, para o sucesso das

ações, sugere-se que sejam incorporados modelos teóricos de forma a ampliar a

compreensão do comportamento alimentar desta população, como o Modelo

Transteórico, e fornecer maior embasamento para promover sua motivação no

sentido de adotar uma dieta saudável.

Page 18: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

2. Revisão da

literatura

Page 19: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 19

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. MANUSCRITO 1:

A seção a seguir corresponde a um capítulo do livro de título “Educação

Nutricional” (Editora Guanabara Koogan), que está sendo organizado pelas Profas.

Dras. Ana Maria Cervato Mancuso e Rosa Wanda Diez Garcia, da Universidade de

São Paulo. A previsão de lançamento do livro é em 2010. Corresponde ao primeiro

manuscrito desta tese de doutorado.

Page 20: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 20

“Aplicação do Modelo Transteórico em estudos de Nutrição”

Natacha Toral e Betzabeth Slater

1. Introdução

Atualmente, não restam dúvidas quanto à forte associação entre a adoção de

uma dieta adequada e a redução do risco à saúde, especialmente para o

desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como a obesidade, o

diabetes e alguns tipos de câncer. Diversas orientações nutricionais são

disponibilizadas no Brasil e em outros países, tanto em campanhas como em guias

nutricionais, de modo a apresentar diretrizes para a promoção de uma alimentação

saudável. Contudo, a população tem apresentado com freqüência um consumo

exagerado de alimentos gordurosos, ricos em sódio ou açúcares, além de uma baixa

ingestão de frutas e hortaliças. Nesse sentido, pesquisadores de nutrição em saúde

pública deparam-se com um grande desafio: como transformar o conhecimento

científico e as diretrizes nutricionais em intervenções educativas que de fato

consigam modificar o comportamento alimentar dos indivíduos?

Tanto a adoção de práticas alimentares inadequadas como a prevalência

crescente de excesso de peso na população têm motivado o desenvolvimento de

intervenções nutricionais para as distintas fases da vida nos mais diversos contextos,

com foco no indivíduo, na família ou no ambiente. Porém, observa-se que o impacto

das intervenções nutricionais tradicionalmente adotadas tem sido considerado como

mínimo ou muitas vezes nulo (Sichieri e Souza 2008, Jaime e Lock 2009). Torna-se

Page 21: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 21

evidente a necessidade de serem adotadas novas estratégias na busca pelo impacto

positivo na dieta e na saúde da população.

Uma contribuição expressiva para o sucesso de intervenções nutricionais que

tem sido cada vez mais adotada e descrita na literatura é a integração de teorias de

comportamento no planejamento e implementação das ações educativas em nutrição.

Uma teoria de comportamento refere-se a uma idéia ou conjunto de idéias que

permitem explicar como ocorre um determinado comportamento em um contexto

particular. Abrange conceitos, definições e proposições que apresentam uma visão

sistemática de eventos de forma a predizê-los. São, portanto, ferramentas que podem

auxiliar na compreensão de diversos comportamentos e sugerir meios de alcançar

mudanças nos mesmos (Glanz et al. 1996).

Para comportamentos considerados mais complexos, como é o caso do

comportamento alimentar, adota-se um conjunto de teorias, concretizadas em um

“modelo teórico”. Entre os modelos teóricos adotados recentemente, especialmente

em estudos que envolvem aspectos do comportamento alimentar, tem recebido

destaque o Modelo Transteórico, segundo o qual é possível avaliar quando e como

ocorre a mudança de comportamento.

2. O Modelo Transteórico

O Modelo Transteórico ou Transteorético adota o prefixo “-trans” pelo fato

de incluir conceitos de diferentes teorias da Psicologia Social. Foi desenvolvido na

década de 80 por pesquisadores norte-americanos, James O. Prochascka e Carlo

DiClemente, que conduziam estudos com indivíduos tabagistas. Foi observado que

alguns tabagistas conseguiam abandonar o vício rapidamente, outros estavam

Page 22: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 22

desmotivados para realizar qualquer mudança na sua prática, enquanto outros

gostariam de parar de fumar, mas simplesmente não conseguiam. A partir disso, o

questionamento dos pesquisadores passou a ser sobre a existência de princípios

básicos na estrutura da mudança de comportamento entre os indivíduos. Com as

investigações, a hipótese foi confirmada e identificaram que os tabagistas passavam

por fases comuns de tentativas de abandono do vício. Tais fases foram chamadas de

“estágios de mudança de comportamento” (Prochaska et al. 1992, 1996).

Desde então, o Modelo Transteórico passou a ser aplicado na avaliação e em

intervenções relacionadas a diversos comportamentos, tanto aqueles relacionados a

vícios, como o uso de álcool e outras drogas, como a comportamentos de saúde

diversos (manifestação de distúrbios de ansiedade e pânico, prática de atividade

física, uso de preservativos em relações sexuais, realização de mamografias

preventivas, uso de protetor para a exposição solar, prevenção de câncer e outras

doenças, etc) (Prochaska et al. 1996). Nas últimas décadas, o modelo tem sido

aplicado a estudos de nutrição, voltados principalmente para a avaliação de variáveis

comportamentais da prática alimentar e em intervenções nutricionais.

3. Componentes do Modelo Transteórico

O Modelo Transteórico abrange quatro componentes principais, que serão

descritos a seguir: os estágios de mudança de comportamento, os processos de

mudança, a auto-eficácia e o equilíbrio de decisões. Contudo, cabe destacar a

dificuldade de integração de todos os componentes quando o Modelo é aplicado para

o comportamento alimentar. Até o momento, são descritos poucos instrumentos que

Page 23: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 23

permitam uma avaliação precisa dos componentes em relação à prática alimentar,

com exceção dos estágios de mudança de comportamento.

Figura 1 – Componentes do Modelo Transteórico.

3.1. Os estágios de mudança de comportamento:

O componente central são os estágios de mudança de comportamento, que

correspondem ao aspecto temporal do Modelo Transteórico, isto é, representam

quando ocorre a modificação de comportamento (Prochaska et al. 1992, Kristal et

al. 1999). No contexto alimentar, cada estágio representa uma fase com percepção e

motivação distintas frente à possibilidade de realizar mudanças na dieta do próprio

indivíduo. Por meio da definição dos estágios de mudança, destaca-se que a

modificação de um comportamento é um processo dinâmico com cinco distintas

fases: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção. As

principais características de cada estágio são apresentadas no quadro a seguir

(Quadro 1) (Toral e Slater 2007).

Estágios de mudança de

comportamento

Processos de mudança

Auto-eficácia

Equilíbrio de

decisões

MODELO

TRANSTEÓRICO

Page 24: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 24

Quadro 1 – Descrição das principais características de cada estágio de mudança de

comportamento.

ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS DO INDIVÍDUO

Pré-

contemplação

Não há intenção de realizar mudanças nos próximos seis meses. O indivíduo

reconhece que suas práticas alimentares são inadequadas, mas não está disposto a

modificar sua alimentação. Encontra-se desmotivado e tende a apresentar maior

resistência para seguir orientações nutricionais.

Contemplação

Existe uma intenção de realizar mudanças nos próximos seis meses. O indivíduo

está decidido a modificar seu comportamento, mas sem um comprometimento

decisivo. São reconhecidos os possíveis benefícios decorrentes de uma mudança

alimentar, mas diversas barreiras são percebidas, como a falta de tempo, o sabor e

o preço dos alimentos, a falta de habilidades na cozinha, etc.

Preparação

(ou decisão)

Existe uma intenção de realizar mudanças no próximo mês. Muitas vezes o

indivíduo já prevê um plano de ação, como começar uma dieta de emagrecimento,

mas as mudanças ainda são pequenas e inconsistentes.

Ação

Há um envolvimento ativo na mudança de comportamento há menos de 6 meses.

O indivíduo colocou em prática o plano de ação previsto para modificar sua

alimentação e superou de alguma forma as barreiras antes percebidas.

Manutenção

As mudanças de comportamento são mantidas há pelo menos 6 meses. Há uma

consolidação dos ganhos obtidos até o momento, adotando-se uma alimentação

saudável como hábito.

Page 25: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 25

Existe uma tendência a analisar a evolução do indivíduo ao longo dos

estágios de mudança de comportamento de forma linear, o que constitui um erro. Na

verdade, avanços e retrocessos estão previstos e são comuns ao longo das tentativas

de modificação de um determinado comportamento, inclusive o alimentar. Por

exemplo, um indivíduo pode ser classificado em ação em uma primeira avaliação e,

após certo tempo, por ter perdido a motivação inicial ou deparar-se com alguns

impedimentos, volta a um estágio inicial, como o de contemplação. A dinâmica

observada ao longo dos estágios pode ser retratada por um modelo em espiral dos

estágios de mudança (Prochaska et al. 1992), como apresentado na Figura 2.

Figura 2- Modelo em espiral dos Estágios de Mudança de Comportamento.

Nota: Tradução dos termos da figura: Precontemplation= estágio de pré-contemplação;

Contemplation= estágio de contemplação; Preparation= estágio de preparação; Action= estágio de

ação; Maintenance= estágio de manutenção; Termination= término do modelo.

Fonte: Program of the International Conference. Research on the Transtheoretical Model: where are

we now, where we are going? Marburg, Germany, August 23 & 24, 2004.

Page 26: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 26

A classificação dos indivíduos nos estágios de mudança de comportamento é

realizada por um algoritmo, ou seja, um questionário que compreende um número

limitado de perguntas com respostas reciprocamente exclusivas. Contudo, são

utilizados diferentes formatos do algoritmo nos estudos, o que muitas vezes dificulta

a comparabilidade de resultados.

Em primeiro lugar, considerando a complexidade do comportamento

alimentar, é necessário que a avaliação dos estágios de mudança de comportamento

seja realizada com o foco em um determinado grupo alimentar ou nutriente. Isso

porque um mesmo indivíduo pode ser classificado no estágio de manutenção em

relação ao teor de gordura da dieta, mas se encontra em contemplação em relação ao

consumo de frutas e hortaliças, por exemplo. Os componentes dietéticos

normalmente descritos na literatura com relação aos estágios de mudança são o

consumo de gordura, frutas, hortaliças, doces, fibras e cálcio, além da avaliação em

relação à adoção de estratégias dietéticas para o controle do peso e do diabetes

(Rossi et al. 2001). Portanto, as perguntas do algoritmo devem ser adaptadas ao

grupo alimentar sob investigação.

São identificados basicamente dois tipos de algoritmos para identificação dos

estágios: um baseado no consumo alimentar e outro baseado na percepção alimentar.

Um exemplo de cada um dos algoritmos é apresentado a seguir, considerando o

consumo de frutas (Quadro 2). As vantagens e desvantagens de cada opção serão

descritas posteriormente.

Page 27: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 27

3 ou mais porções/dia Sim

Quadro 2- Exemplos de diferentes algoritmos para avaliação dos estágios de

mudança de comportamento.

Baseado no consumo alimentar Baseado na percepção alimentar

Observa-se que a principal diferença entre os algoritmos corresponde à

primeira pergunta realizada. O algoritmo baseado no consumo alimentar do

indivíduo parte de uma pergunta inicial de avaliação de sua prática alimentar. Já o

algoritmo baseado na percepção alimentar baseia-se na opinião do indivíduo sobre

> 6 meses

0 a 2 porções/dia

Quantas porções de frutas você consome por dia?

Há quanto tempo você mantém esse consumo de frutas?

Sim Não

Sim

Não

< 6 meses

Você pretende aumentar seu

consumo de frutas nos próximos 6

meses?

PREPARAÇÃO

PRÉ- CONTEMPLAÇÃO

Você pretende aumentar seu

consumo de frutas no próximo mês?

CONTEMPLAÇÃO

MANUTEN- ÇÃO AÇÃO

> 6 meses

Não

Você considera seu consumo de frutas adequado?

Há quanto tempo você mantém esse

consumo de frutas?

Sim Não

Sim

Não

< 6 meses

Você pretende aumentar seu

consumo de frutas nos próximos 6

meses?

PREPARAÇÃO

PRÉ- CONTEMPLAÇÃO

Você se sente confiante para aumentar seu

consumo de frutas no próximo mês?

CONTEMPLAÇÃO

MANUTEN- ÇÃO AÇÃO

Page 28: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 28

sua prática alimentar. Tais algoritmos têm diferentes implicações na classificação do

indivíduo nos estágios de mudança de comportamento.

O primeiro formato de algoritmo, baseado no consumo alimentar, tem sido

bastante utilizado na literatura e entre suas vantagens destacam-se: (i) trata-se de um

formato rápido e de fácil compreensão; (ii) possibilita uma fácil adaptação quando

avaliados outros grupos alimentares que possuem uma recomendação de consumo

pontual, como é o caso de hortaliças e leite e derivados, por exemplo (cujas

recomendações pelo Guia Alimentar para a População Brasileira são,

respectivamente, 3 porções diárias) (iii) permite realizar uma avaliação do consumo

alimentar e a classificação nos estágios em um único instrumento.

Entre as desvantagens deste formato de algoritmo, podem ser citadas: (i) não

leva em consideração a interpretação do indivíduo sobre sua própria dieta, apenas a

avaliação do pesquisador sobre a alimentação; (ii) em alguns casos, pode não

oferecer uma avaliação precisa do consumo alimentar por partir de uma única

pergunta; (iii) a classificação nos estágios fica limitada ao ponto de corte

determinado pela recomendação nutricional (exemplo: 3 porções diárias) – caso seja

modificada a recomendação, a classificação nos estágios é invalidada.

No caso do algoritmo baseado na percepção alimentar, destaca-se como

principal vantagem o fato de que a classificação nos estágios é obtida a partir da

opinião do próprio indivíduo, não do pesquisador. Isto é, além de determinar em que

estágio o indivíduo se encontra, as respostas exigem do entrevistado um momento de

reflexão e julgamento sobre sua alimentação. Contudo, muitas vezes, a percepção do

indivíduo sobre sua dieta não é condizente com as diretrizes nutricionais,

considerando que grande parte da população acredita ter uma alimentação saudável,

Page 29: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 29

quando não a tem. Essa situação levaria a uma classificação errada nos estágios, mas

pode ser solucionada com estratégias de reclassificação propostas por alguns

pesquisadores (Steptoe et al. 1996, Ma et al. 2003, Toral e Slater 2009).

Para tanto, ao adotar o algoritmo baseado na percepção alimentar, faz-se

indispensável conduzir, paralelamente, uma avaliação do consumo alimentar, por

meio de inquéritos dietéticos, como Recordatórios de 24 horas ou Registros

Alimentares. Além disso, a classificação segundo esse formato independe das

recomendações nutricionais vigentes, ou seja, se houver uma mudança no ponto de

corte que caracteriza uma alimentação saudável (exemplo: de 3 para 4 porções

diárias), a classificação nos estágios se mantém.

Diversos estudos têm mostrado forte associação entre os estágios de

mudança de comportamento e diferentes componentes do consumo alimentar. De

uma forma geral, verifica-se que indivíduos classificados nos estágios mais

avançados tendem a apresentar um consumo mais saudável do que aqueles nos

estágios iniciais. Isto é, observam-se diferenças significativas quando comparado o

consumo alimentar daqueles classificados em ação e manutenção e aqueles em pré-

contemplação e contemplação, sendo que os primeiros normalmente apresentam um

consumo menor de gorduras e açúcares e maior de frutas, hortaliças e fibras (Glanz

et al. 1994, de Graaf et al. 1997, Trudeau et al. 1998, Ling e Horwath 2000, Toral et

al. 2006, Toral e Slater 2009).

3.2. Os processos de mudança:

Enquanto os estágios de mudança avaliam quando ocorre a mudança de

comportamento, os processos de mudança possibilitam a compreensão sobre como a

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Revisão da literatura- 30

mudança de comportamento ocorre entre os estágios. Estes se referem a atividades,

experiências, pensamentos e sentimentos que ocorrem durante a evolução. Os dez

processos de mudança são descritos no quadro a seguir, sendo os cinco primeiros

denominados de processos cognitivos e experimentais, e os cinco últimos, de

processos comportamentais (Quadro 3) (Prochaska et al. 1992, Greene et al. 1999,

Oliveira et al. 2005, Di Noia et al. 2008).

Page 31: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 31

Quadro 3 - Descrição dos processos de mudança do Modelo Transteórico.

PROCESSO DE

MUDANÇA DESCRIÇÃO

Aumento da

consciência

Aumento de consciência sobre o próprio indivíduo e sobre o

problema em seu comportamento de saúde.

Alívio dramático Experimentação e expressão dos sentimentos sobre o próprio

problema de comportamento e as possíveis soluções.

Reavaliação do

ambiente

Avaliação dos efeitos do seu comportamento no ambiente ou

no próprio indivíduo.

Auto-reavaliação O indivíduo reavalia seus pensamentos e sentimentos sobre

seu problema de comportamento.

Liberação social Identificação das alternativas disponíveis na sociedade para

superar problemas de comportamento.

Auto-liberação Reconhecimento de opções para agir e aumento da confiança

para realizar a modificação do comportamento.

Administração de

contingências

O indivíduo é recompensado por ele mesmo e por outras

pessoas pela mudança do comportamento.

Relacionamentos de

auxílio

O indivíduo procura ou aceita a ajuda proveniente de outras

pessoas para modificar um comportamento.

Condicionamento

contrário

Substituição de ações e pensamentos contrários à mudança de

comportamento por práticas positivas.

Controle de

estímulos

O indivíduo evita ou controla estímulos (situações ou locais)

que podem prejudicar sua mudança de comportamento.

Page 32: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 32

Segundo o Modelo Transteórico, o avanço de um estágio para outro exige

que o indivíduo trabalhe com diferentes processos de mudança, os quais se

modificam à medida que ocorre uma evolução ao longo dos estágios. O quadro a

seguir exemplifica quais processos de mudança são utilizados na transição entre os

estágios de mudança de comportamento.

Quadro 4 – Relação entre os processos de mudança e os estágios de mudança de

comportamento.

Pré-contemplação Contemplação Preparação Ação Manutenção

Aumento da consciência

Alívio dramático

Reavaliação do ambiente

Auto-reavaliação

Liberação social

Auto-liberação

Administração de contingências

Relacionamentos de auxílio

Condicionamento contrário

Controle de estímulos

Apesar de acreditar-se que intervenções nutricionais direcionadas tanto aos

estágios de mudança como aos processos de mudança sejam mais efetivas, poucos

estudos têm conduzido uma avaliação desse aspecto do Modelo Transteórico. Entre

os escassos instrumentos descritos, destaca-se a validação de uma ferramenta para

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Revisão da literatura- 33

avaliar os processos de mudança para o consumo de frutas e hortaliças (Oliveira et

al. 2005).

Para identificar os processos de mudança que são utilizados pelos indivíduos,

é realizada uma avaliação na qual o entrevistado é apresentado a uma série de

afirmações, frente às quais ele deverá manifestar sua concordância ou não com as

mesmas. Seu julgamento às afirmações é feito por meio de uma escala de Likert de 5

pontos, na qual o indivíduo pode avaliar cada sentença com notas de 1 (que equivale

a “discordo plenamente”) a 5 (que equivale a “concordo totalmente”). Por exemplo,

para avaliação do processo de mudança “relacionamentos de auxílio”, Oliveira et al.

(2005) propõem as seguintes afirmações para julgamento pelos indivíduos: “Eu me

relaciono com pessoas que me ajudam a comer frutas e hortaliças”; “Eu tenho uma

pessoa que me ajuda a preparar frutas e hortaliças”; “Eu tento comer com pessoas

que também estão tentando comer mais frutas e hortaliças” e “Eu fico mais tempo

com pessoas que me encorajam a comer frutas e hortaliças”. Indivíduos que

concordam com tais sentenças demonstram utilizar o processo de mudança de

“relacionamentos de auxílio” no momento da avaliação.

3.3. A auto-eficácia:

A auto-eficácia corresponde à confiança que o indivíduo tem em si mesmo

para se abster de comportamentos pouco saudáveis ou de manter um comportamento

saudável ao se deparar com situações difíceis, consideradas “tentadoras” (Prochaska

et al. 1992, Prochaska et al. 1996, Rossi et al. 2001). O conceito de auto-eficácia é

proveniente de uma teoria proposta por Bandura na década de 70 (Bandura 1977),

que afirma que um indivíduo com muita confiança na sua habilidade para

Page 34: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Revisão da literatura- 34

desempenhar determinada função tem uma probabilidade maior de realmente

realizar tal tarefa de forma adequada.

Observa-se que o nível de auto-eficácia dos indivíduos aumenta de forma

progressiva ao longo dos estágios de mudança de comportamento (Ma et al. 2002,

de Vet et al. 2005).

Ao contrário dos processos de mudança, trata-se de um componente que tem

sido mais avaliado em diferentes estudos da área de nutrição, mas há grande

diversidade entre os instrumentos que avaliam a auto-eficácia. O formato não difere

daquele adotado para avaliar os processos de mudança: são apresentadas ao

indivíduo afirmações que descrevem diferentes situações, as quais devem ser

julgadas com uma escala de Likert de 5 pontos (1 equivale a “tenho certeza de que

eu não consigo” e 5 a “tenho certeza de que eu consigo”). A principal diferença entre

os instrumentos é o conteúdo apresentado em cada afirmação. Ma et al. (2002), por

exemplo, adotaram um instrumento para avaliar a auto-eficácia de jovens adultos em

relação ao consumo de frutas e hortaliças que incluía frases como: “Eu sinto que eu

posso arranjar tempo para comer frutas e hortaliças”, “Eu sinto que quando eu

como em casa eu consigo comer mais frutas e hortaliças” e “Eu consigo comer o

número de porções recomendadas de frutas e hortaliças por conta própria”.

3.4. O equilíbrio de decisões:

No equilíbrio de decisões, o indivíduo avalia os prós e os contras decorrentes

da mudança de comportamento. Isto é, são identificadas as principais barreiras que

impedem e os maiores benefícios que favorecem sua modificação de

comportamento. Ao longo dos estágios de mudança de comportamento, são

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Revisão da literatura- 35

observados cada vez menos fatores “contras” (impedimentos) e mais fatores “a

favor” (benefícios) da mudança de comportamento (Ma et al. 2002). Assim como no

componente anterior, diversos estudos apresentam instrumentos para avaliação do

equilíbrio de decisões em relação a comportamentos que envolvem o consumo

alimentar, mantendo o mesmo formato – julgamento de afirmações com uma escala

de Likert de 5 pontos – mas com distintos conteúdos nas frases.

No estudo de validação de uma escala de equilíbrio de decisões em relação

ao consumo de frutas e hortaliças, Ling e Horwath (2001) apresentaram frases que

visavam a identificação dos prós e o mesmo número de frases para a avaliação dos

contras entre os entrevistados. Estes avaliaram as afirmações, julgando sua

importância na decisão para comer mais frutas e hortaliças, com uma escala de

Likert de 5 pontos, em que 1 correspondia a “nem um pouco importante” e 5 a

“extremamente importante”. Para avaliação dos benefícios, foram adotados itens

como: “Minha família ficaria feliz se eu comesse mais frutas e hortaliças”, “Eu me

sentiria melhor, mais saudável, comendo mais frutas e hortaliças” e “Comer mais

frutas e hortaliças me ajudaria a ter uma aparência melhor”. Para avaliação das

barreiras, adotaram itens como: “Comer mais frutas e hortaliças é caro”, “Eu ficaria

preocupado com os agrotóxicos se eu comesse mais frutas e hortaliças” e “Preciso

de muito tempo para preparar e cozinhar hortaliças”.

4. O uso do Modelo Transteórico em intervenções nutricionais:

A utilização dos estágios de mudança de comportamento em intervenções

nutricionais atende a dois propósitos (de Nooijer et al. 2005):

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Revisão da literatura- 36

(i) a classificação permite direcionar a intervenção para cada um dos estágios

de mudança de comportamento, considerando que são identificados grupos de

indivíduos com diferentes percepções e motivações para realizar mudanças em sua

dieta.

(ii) os estágios podem ser utilizados como um indicador dos efeitos de uma

intervenção, sendo o sucesso representado pelo avanço da classificação do indivíduo

ao longo da evolução prevista para os estágios de mudança de comportamento.

Na primeira situação, poucos são os estudos que descrevem claramente o

enfoque que deve ser realizado em cada estágio em intervenções nutricionais, sejam

elas com um indivíduo ou com um grupo. O Quadro 5 mostra de forma sucinta

algumas estratégias que devem ser enfatizadas ou evitadas na atuação com

indivíduos classificados em cada um dos estágios (Kristal et al. 1999).

Recentemente, tem aumentado o número de publicações de estudos de

intervenção que utilizaram o Modelo Transteórico para modificação das práticas

alimentares, principalmente voltados para a fase escolar. Brinley et al. (2001)

conduziram uma intervenção com escolares baseada nos estágios de mudança de

comportamento, visando o aumento do consumo de frutas e hortaliças. O programa

incluiu materiais educativos, aulas expositivas e degustação de alimentos, e teve

uma duração de seis semanas. Foi observado que cerca de 27% dos jovens

avançaram ao longo dos estágios com a intervenção; logo, os autores concluíram que

o programa foi efetivo e os materiais úteis para a promoção de práticas alimentares

saudáveis.

Frenn et al. (2003) também conduziram um estudo com escolares, no qual,

por meio de quatro aulas direcionadas para os estágios de mudança, objetivou-se

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Revisão da literatura- 37

diminuir o consumo de dietas ricas em gordura. Foi observada uma redução

significativa do percentual lipídico das dietas, em comparação com outros

adolescentes pertencentes a um grupo controle, os quais não receberam a

intervenção direcionada.

Em outro estudo randomizado, Richards et al. (2006) conduziram uma

intervenção entre jovens estudantes de 18 a 24 anos, visando o aumento do consumo

de frutas e hortaliças. Esta incluía o envio de informativos personalizados segundo

os estágios de mudança de comportamento, entrevistas motivacionais e mensagens

eletrônicas pela Internet durante quatro meses. Constatou-se que a intervenção foi

bem sucedida, considerando que os participantes do grupo intervenção apresentaram

um consumo de frutas e hortaliças significativamente mais alto do que no grupo

controle ao final do estudo.

Outra intervenção randomizada realizada com jovens da mesma faixa etária

(18 a 24 anos) também adotou materiais impressos para a promoção do consumo de

frutas e hortaliças, os quais eram enviados pelo correio segundo o estágio de

mudança de comportamento do indivíduo. Além disso, os participantes receberam

duas ligações educativas e o estudo teve duração de seis meses (Nitze et al. 2007).

Ao final, os autores verificaram que os participantes do grupo intervenção

apresentaram maior consumo de frutas e hortaliças e uma progressão mais

expressiva para os estágios de ação e manutenção, em comparação com os

indivíduos do grupo controle.

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Revisão da literatura- 38

Quadro 5 – Estratégias de intervenção propostas para cada estágio de mudança, visando a modificação do comportamento alimentar. Estágio Foco da intervenção O que fazer? O que não fazer?

Pré-

contemplação

Aumentar o conhecimento sobre alimentação

saudável e a consciência do indivíduo sobre

sua prática alimentar inadequada.

Oferecer informações sobre as recomendações

nutricionais e os benefícios de uma dieta

adequada e prover o indivíduo de ferramentas

para avaliar sua própria alimentação.

Não assumir que a mudança de

comportamento será rápida, frente à

grande resistência e pouca motivação do

indivíduo.

Contemplação

Aumentar a confiança na própria habilidade

do indivíduo para adotar as recomendações

nutricionais em sua alimentação.

Identificar quais são as barreiras que impedem a

mudança, segundo o indivíduo e traçar meios de

superá-las.

Não criticar a ambivalência do indivíduo:

diversas barreiras podem ser apresentadas

em diferentes momentos.

Preparação

Definir o plano de ação que será

implementado nos próximos 30 dias.

Estimular o alcance de objetivos específicos,

sem sobrecarregar o indivíduo com várias metas.

Não menosprezar pequenas mudanças

realizadas pelo indivíduo em sua

alimentação.

Ação

Treinar as habilidades do indivíduo para

alterar o comportamento por mais tempo.

Fornecer materiais individualizados e estratégias

práticas, envolvendo o suporte social

(relacionamentos de auxílio à mudança) e

recompensas.

Não oferecer apenas informações gerais,

considerando que o indivíduo já está

colocando em prática uma alimentação

saudável.

Manutenção Desenvolver a habilidade do indivíduo para

enfrentar novas dificuldades.

Estimular a manutenção dos objetivos

alcançados.

Não assumir que a ação inicial será

permanente, nem criticar recaídas.

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Revisão de literatura- 39

5. Considerações finais

Frente à necessidade crescente de intervenções nutricionais de impacto na

população de diferentes faixas etárias, sugere-se que sejam incorporados modelos

teóricos, como o Modelo Transteórico, de forma a ampliar a compreensão do

comportamento alimentar dos indivíduos e fornecer maior embasamento para

promover sua motivação no sentido de adotar uma dieta saudável. Trata-se de uma

ferramenta de fácil aplicação e interpretação, que permite ampliar a visão da prática

alimentar do indivíduo, incluindo variáveis como a motivação e a percepção deste

sobre sua alimentação. Somente aprofundando o conhecimento sobre as dimensões

cognitivas e emocionais do indivíduo, como proposto pela aplicação do Modelo

Transteórico em estudos de nutrição, serão definidas estratégias bem sucedidas de

intervenção nutricional.

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3. Justificativa

Page 41: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Justificativa- 41

3. JUSTIFICATIVA

O ambiente escolar é considerado como irradiador de canais de informação,

sendo campo ideal para a promoção da saúde de toda a comunidade escolar

(USDHHS 2001), incluindo o estímulo à adoção de uma alimentação saudável entre

os adolescentes. Além disso, tem-se observado que os programas de prevenção da

obesidade são mais eficazes quando realizados nas escolas de Ensino Fundamental e

Médio em comparação com escolas de crianças mais novas (SICHIERI e SOUZA

2008). Acredita-se que para os adolescentes seja mais fácil incorporar os conceitos e

habilidades apresentados nas intervenções nutricionais.

A elaboração das revistas e dos informativos previstos para a intervenção

nutricional deste estudo corresponde à construção de importantes ferramentas para o

Ensino Fundamental. Isso porque se observa uma escassez de recursos pedagógicos

voltados para a promoção de práticas alimentares saudáveis na escola, especialmente

aqueles direcionados a adolescentes (BOOG et al. 2003). Destaca-se ainda que a

replicação destes materiais educativos é viável, já que não envolverá custos

excessivos para os órgãos gestores interessados na ampliação de seu uso no ambiente

escolar.

Dessa forma, acredita-se que uma intervenção nutricional nas escolas,

adotando-se materiais educativos baseados no Modelo Transteórico, é factível e

promissora, podendo resultar em impactos positivos na modificação da alimentação

dos adolescentes. Espera-se que a intervenção nutricional proposta contribua tanto

para a adoção de práticas alimentares mais adequadas como para um avanço ao longo

dos estágios de mudança de comportamento entre os escolares.

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4. Objetivos

Page 43: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Objetivos- 43

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL:

O objetivo deste estudo é caracterizar as percepções de uma alimentação

saudável sob a ótica dos adolescentes e avaliar o impacto de uma intervenção

nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico entre

adolescentes de escolas públicas de Brasília, Distrito Federal.

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

avaliar as percepções sobre a dieta de adolescentes, por meio da identificação do

conceito de alimentação saudável e as barreiras encontradas para adotá-la, e as

características sugeridas pelos adolescentes para a elaboração de materiais

educativos destinados à promoção de práticas alimentares adequadas (Manuscrito

2);

avaliar o impacto da intervenção nutricional com materiais educativos baseados

no Modelo Transteórico, considerando as mudanças no consumo de frutas e

hortaliças e nos estágios de mudança de comportamento dos escolares

(Manuscrito 3).

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5. Métodos

Page 45: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Métodos- 45

5. MÉTODOS

5.1. ESTUDO QUALITATIVO PRÉVIO:

Previamente ao estudo de intervenção nutricional, foi realizado um estudo

qualitativo para avaliar as percepções, barreiras e características de materiais

educativos de promoção de alimentação saudável descritas por adolescentes. Estas

informações se tornaram a base para o desenvolvimento dos materiais educativos

utilizados na intervenção nutricional.

5.1.1. População e Local do Estudo Qualitativo:

Para o recrutamento dos adolescentes participantes, foi selecionada uma

escola por conveniência que autorizou a realização do estudo. O objetivo e a

dinâmica do trabalho foram apresentados aos alunos de três turmas da 2ª série do

Ensino Médio de uma escola da rede pública de ensino da Região Administrativa do

Guará, no Distrito Federal, em sala de aula, convidando-os a participar. Os critérios

para participação no estudo foram: ter idade entre 10 e 19 anos, o que caracteriza a

fase da adolescência, e estar matriculado na escola. Àqueles que manifestaram

interesse, foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1)

para assinatura dos pais ou responsáveis. Após devolução deste assinado à diretoria

da escola, foi agendada a realização dos grupos focais logo após a apresentação dos

trabalhos finais das disciplinas, de modo a não interferir na participação do aluno nas

atividades escolares.

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Métodos- 46

5.1.2. Condução dos Grupos Focais:

Os debates foram realizados em dezembro de 2007, em uma sala da própria

escola na qual se encontravam os adolescentes. Adotou-se a técnica de grupos focais,

os quais foram conduzidos por um facilitador, que seguiu um questionário semi-

estruturado. Neste, constavam perguntas divididas em três blocos, descritos a seguir.

O primeiro bloco de perguntas visava caracterizar a percepção dos

adolescentes sobre sua alimentação e sua motivação para modificá-la, se considerado

necessário. A seqüência das perguntas baseou-se em uma adaptação de algoritmo

para a classificação de estágios de mudança de comportamento (TORAL e SLATER

2009). Contudo, o intuito foi estimular a discussão sobre as próprias práticas

alimentares e não classificar os indivíduos em categorias de comportamento.

Questionou-se, inicialmente, quantos participantes acreditavam adotar uma

alimentação saudável. Em caso de resposta afirmativa, perguntou-se há quanto tempo

mantinham esta prática. Caso contrário, foi perguntado se os participantes

pretendiam modificar sua alimentação e quando isso seria colocado em prática.

O segundo bloco de perguntas tinha como objetivo investigar o conceito dos

adolescentes sobre uma alimentação saudável e as principais barreiras identificadas

para sua adoção. Foi solicitado aos participantes que descrevessem as características

de uma dieta adequada e que listassem e justificassem os principais impedimentos

para que os adolescentes não a adotem atualmente. As perguntas deste bloco foram:

“O que vocês entendem por “alimentação saudável”?” e “Quais são as maiores

dificuldades para se alimentar corretamente nos dias de hoje?”.

O último bloco de perguntas apresentava uma situação fictícia aos

adolescentes, nos quais eles seriam responsáveis pelo desenvolvimento de materiais

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Métodos- 47

educativos impressos para a promoção de práticas alimentares saudáveis entre seus

colegas. A pergunta-base deste bloco foi: “Como vocês acham que deveria ser um

material educativo impresso para motivar seus colegas tanto a ler seu conteúdo,

como a adotar de fato uma alimentação saudável no seu dia a dia?”. Em seguida, a

discussão foi conduzida para que fossem identificadas as características desses

materiais quanto ao formato, apresentação, tamanho, informações contidas,

periodicidade de distribuição e as estratégias para motivar os colegas a ler os

impressos.

5.1.3. Análise dos Discursos:

Com a autorização dos participantes, os debates foram gravados em meio

digital e posteriormente transcritos para análise, sendo identificados os principais

“núcleos de sentido” presentes nos discursos (BARDIN 1995). A análise do material

discursivo deu-se por meio de uma leitura sistemática flutuante de todo o registro,

previamente digitado. Em seguida, agregaram-se os conteúdos discursivos

semelhantes relacionados a cada um dos blocos de perguntas apresentados

anteriormente. Este procedimento apoiou-se na técnica de conteúdo, que, segundo

BARDIN (1995), caracteriza-se por ser um processo investigativo que tem por

finalidade a descrição, objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na

comunicação. Para tanto se aplicou o recurso da análise categorial, por meio de

delimitações de unidades de codificação, que a partir da totalidade do texto,

verificou-se, com base em critérios de classificação, a freqüência, ou não, da

presença de itens de sentido. Torna-se, assim, um método taxionômico que visa

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Métodos- 48

introduzir uma ordem, segundo certos critérios, em uma desordem aparente

(ROCHA e DEUSDARÁ 2006).

5.2. DELINEAMENTO DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO:

O desenho epidemiológico corresponde a um estudo experimental

randomizado, em que foi conduzida uma intervenção nutricional com duração de seis

meses durante o ano letivo de 2009. Foram avaliados dois grupos – intervenção e

controle – para identificar os efeitos da intervenção, baseada em materiais educativos

impressos, voltados para a promoção de práticas alimentares saudáveis, que foram

distribuídos de forma mensal aos escolares, tanto em sala de aula, como pelo correio.

Os materiais foram direcionados aos estágios de mudança de comportamento dos

participantes.

5.3. POPULAÇÃO E LOCAL DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO:

A intervenção nutricional foi desenvolvida com uma amostra representativa

de adolescentes de 7ª e 8ª séries da Região Administrativa de Brasília. O Distrito

Federal apresenta atualmente 29 regiões administrativas (Figura 1), sendo que

Brasília é uma nas quais se observa maior renda domiciliar e per capita

(CODEPLAN 2007). Contudo, destaca-se que grande parte dos escolares que

estudam em escolas públicas de Brasília não reside nesta região administrativa, e sim

em cidades satélites localizadas ao seu redor. Isso se deve ao fato de que tais escolas

frequentemente se encontram próximas aos locais de trabalho de seus familiares,

ainda que distantes de suas residências.

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Métodos- 49

Figura 2- Mapa do Distrito Federal, segundo Regiões Administrativas.

Fonte: Coletânea de informações socioeconômicas. CODEPLAN -DF, 2007.

5.3.1. Amostragem:

Foram utilizadas informações do Censo Escolar, pesquisa realizada

anualmente em estabelecimentos escolares da educação básica, sob a coordenação do

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Participam do levantamento os estabelecimentos públicos e privados das diferentes

etapas e modalidades da educação básica, incluindo o ensino fundamental, o qual

corresponde às séries de 1ª à 8ª (BRASIL 2006). Segundo o Censo Escolar de 2006,

Brasília apresentava 15 escolas públicas com 7ª e 8ª séries, todas de zona urbana,

abrangendo 5.785 matriculados em 174 turmas.

O processo de amostragem visou à obtenção de uma amostra representativa

da população de adolescentes de 7ª e 8ª séries da Região Administrativa de Brasília.

Adotaram-se os seguintes parâmetros para o cálculo amostral: um nível de

significância de 5%, um poder de teste de 80%, uma correlação das observações

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Métodos- 50

entre os dois instantes do estudo de 0,55 e um tamanho de efeito de 0,10 entre a

hipótese nula de igualdade de médias entre os grupos e a hipótese alternativa de

diferença de médias entre os grupos. Utilizou-se a seguinte expressão para o cálculo

do tamanho da amostra (DATALLO 2008):

280,2

Diffdn

onde: )1(2 12

ddDiff

sendo que: d é o tamanho de efeito e 12 é a correlação das

observações entre os dois instantes do estudo.

Das fórmulas acima, são obtidos os seguintes resultados:

1054,0)55,01(2

1,0

Diffd

Portanto,

7061054,08000,2

2

n

Dessa forma, a amostra total deveria abranger um número mínimo de 706

participantes, ou seja, 353 adolescentes em cada grupo. Foram selecionadas

aleatoriamente quatro escolas em cada grupo para a obtenção do número mínimo

calculado. Todos os alunos de 7ª e 8ª séries foram convidados a participar da

pesquisa. No grupo controle, não foi possível obter o número mínimo pretendido de

participantes com apenas quatro escolas. Portanto, outras duas escolas foram

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Métodos- 51

sorteadas para compor a amostra. O grupo intervenção manteve o número de quatro

escolas conforme previsto por ter alcançado o número mínimo calculado para o

grupo.

5.3.2. Logística do Estudo:

O projeto foi apresentado aos diretores ou vice-diretores das escolas

sorteadas, pessoalmente, após autorização da Secretaria de Estado de Educação do

Distrito Federal e da Diretoria Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro.

Mediante a autorização dos mesmos, foi agendada uma data para distribuição das

Cartas de apresentação do estudo e dos Termos de Consentimento Livre e

Esclarecido (Anexo 2) aos alunos de todas as turmas de 7ª e 8ª séries de cada escola.

Em outra data agendada com a direção, foram recolhidos os Termos preenchidos

pelos pais ou responsáveis, para dar início ao estudo em cada escola.

5.4. TREINAMENTO DOS PESQUISADORES DE CAMPO:

Foram treinadas oito alunas de graduação em Nutrição e uma nutricionista

para a realização das entrevistas antes e após a intervenção nutricional.

5.5. VARIÁVEIS DO ESTUDO DE INTERVENÇÃO:

Variáveis demográficas:

Coletaram-se informações dos participantes relativas ao nome completo, sexo

e idade em anos (Anexo 3).

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Métodos- 52

Situação socioeconômica:

A renda familiar dos pais ou responsáveis pelos adolescentes corresponde à

variável de classificação da situação socioeconômica dos participantes deste estudo,

que foi analisada em categorias. Para categorização da renda familiar, considerou-se

o valor do salário mínimo (SM) no mês de março de 2009, correspondente a R$

415,00 (quatrocentos e quinze reais). Foram determinadas quatro classificações: até 2

SM, de 2 a 5 SM, 5 ou mais SM e não sabe/ não respondeu. Esta informação foi

solicitada ao responsável pelo adolescente no momento do preenchimento do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2).

Estado nutricional:

Para avaliação do peso corporal, os adolescentes utilizaram roupas leves e

estavam descalços, sendo assim posicionados sobre uma balança eletrônica do tipo

plataforma, da marca Seca®, com capacidade para 150kg e sensibilidade de 100g.

Para a aferição da altura, foi utilizado um estadiômetro da marca Sanny®,

com escala em milímetros e capacidade máxima de 215cm. O mesmo foi fixado

conforme as instruções de uso do equipamento, em parede sem rodapé, com fita

adesiva. Nesta medição, os indivíduos mantinham os pés juntos, calcanhares

encostados na parede, em postura ereta, com olhar fixo no horizonte, sem flectir ou

estender a cabeça. Em seguida, posicionou-se a barra horizontal do estadiômetro até

mantê-la apoiada sobre a cabeça, sendo então efetuada a leitura da altura em

centímetros.

Tanto o peso como a altura foram aferidos e registrados em duplicata (Anexo

3), sendo adotado o valor médio das duas medidas para a análise do Índice de Massa

Page 53: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Métodos- 53

Corporal (IMC) para a idade. O IMC é definido como a relação entre o peso em

quilogramas e a altura em metros elevada ao quadrado (kg/m2). De posse deste

índice, foi efetuada a seguinte classificação do estado nutricional dos participantes

em escore-z. Adotou-se como referência a proposta da Organização Mundial da

Saúde para crianças e adolescentes de 5 a 19 anos (de ONIS et al. 2007) (Quadro 6).

Quadro 6 - Classificação do estado nutricional de adolescentes segundo o Índice de

Massa Corporal (IMC) para idade.

VALORES CRÍTICOS ESTADO NUTRICIONAL

< Escore-z -2 Magreza

> Escore-z -2 e < Escore-z +1 Eutrofia

> Escore-z +1 e < Escore-z +2 Sobrepeso IMC-para-idade

> Escore-z +2 Obesidade

Orientação nutricional prévia:

Na avaliação inicial do estudo, perguntou-se ao participante se ele já havia

recebido antes alguma orientação sobre alimentação saudável proveniente de

nutricionista ou de outro profissional de saúde. Foi considerado o período prévio de,

no máximo, um ano, incluindo as seguintes situações: o recebimento da prescrição de

dieta ou de orientações para emagrecer, engordar ou controlar níveis de glicemia ou

colesterol; a participação em grupos de emagrecimento do tipo “Vigilantes do Peso”;

e o uso de medicamentos para modificação do peso corporal. Não foram

consideradas a realização de dietas por conta própria, as modificações feitas após a

leitura de revistas ou as recomendações adotadas após programas de televisão.

Page 54: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Métodos- 54

Consumo de frutas e hortaliças:

Foi realizado o registro do consumo auto-referido de frutas e hortaliças em

categorias. Inicialmente, cada adolescente foi apresentado ao conceito de porções de

frutas e hortaliças, por meio de um folheto ilustrado (Anexo 4). Apresentou-se que

uma porção de hortaliças equivale a um prato de sobremesa (ou uma xícara) de

hortaliças cruas ou a meio prato de sobremesa (ou meia xícara) de hortaliças cozidas,

excluindo-se batatas e outros amiláceos. No caso das frutas, uma porção equivale a

uma unidade média banana ou laranja, ou uma unidade pequena de maçã, ou uma

fatia média de abacaxi ou melancia, ou uma fatia pequena de mamão, ou um cacho

pequeno de uvas como exemplos (NASCIMENTO et al. 2001). Em seguida, foi

questionado sobre o seu consumo habitual de tais alimentos, em porções. As opções

de resposta variavam de menos de 1 porção por dia a 5 ou mais porções por dia.

Com o intuito de avaliar a adequação do consumo alimentar de frutas e

hortaliças, foram consideradas as recomendações da Organização Mundial de Saúde

referente à ingestão de 400g diárias destes alimentos, o que corresponderia a cerca de

5 porções de frutas e hortaliças por dia (WHO 2003). Dessa forma, considerou-se

apenas a última opção de resposta do consumo auto-referido (5 ou mais porções

diárias) como uma prática saudável.

Estágios de mudança:

Para a classificação dos adolescentes nos cinco estágios de mudança (pré-

contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção), os participantes foram

questionados a respeito de seu comportamento alimentar em relação ao consumo de

frutas e hortaliças. Esse questionamento foi realizado por meio de um algoritmo, isto

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Métodos- 55

é, um questionário que compreende um número limitado de perguntas

reciprocamente exclusivas. Formato semelhante ao adotado neste estudo foi utilizado

por diversos autores (MA et al. 2002, RICHARDS et al. 2006, NITZE et al. 2007).

Caso o consumo habitual de frutas e hortaliças fosse inadequado, isto é,

inferior a 5 porções diárias (de 0 a 4), o adolescente era questionado sobre sua

intenção de aumentar seu consumo destes alimentos no futuro próximo. Se o

adolescente respondesse que não pretendia modificar sua prática alimentar, o mesmo

foi classificado como em pré-contemplação. Se a resposta fosse afirmativa,

manifestando interesse em aumentar o consumo de frutas e hortaliças nos próximos

meses, o adolescente foi classificado como em contemplação. Se o adolescente

manifestasse intenção de aumentar seu consumo nos próximos 30 dias, este foi

classificado como em preparação.

Caso o consumo habitual de frutas e hortaliças fosse adequado, isto é, de 5 ou

mais porções diárias, questionou-se sobre o período no qual o adolescente mantinha

tal prática. Quando houve o relato de um período recente, inferior a seis meses, o

participante foi classificado em ação; se foi referido um período de seis meses ou

mais, o adolescente foi classificado no estágio de manutenção.

O fluxo das questões apresentadas para a classificação dos estágios de

mudança é apresentado no quadro a seguir (Quadro 7).

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Métodos- 56

Quadro 7 – Algoritmo utilizado no estudo para a classificação dos participantes nos

estágios de mudança de comportamento em relação ao consumo de frutas e

hortaliças.

Equilíbrio de decisões:

Esta variável corresponde a dois constructos: um formado por itens

relacionados às barreiras enfrentadas pelo indivíduo para se alimentar de forma

saudável e outro formado por itens relativos aos benefícios identificados pelo

indivíduo ao ter uma dieta adequada. Nesse sentido, o equilíbrio de decisões

apresenta os aspectos cognitivos e motivacionais envolvidos na tomada de decisões.

Foram incluídos no estudo 7 itens relacionados aos contras (barreiras) e 7 aos prós

> 6 meses

Menos de 5 porções/dia

Número de porções de frutas e verduras consumidas

Há quanto tempo mantém esse consumo?

Sim Não

Nos próximos 6 meses

< 6 meses

Pretende aumentar seu consumo no futuro?

PREPARAÇÃO

PRÉ- CONTEMPLAÇÃO

CONTEMPLAÇÃO

MANUTENÇÃO AÇÃO

5 ou mais porções/dia

Nos próximos 30 dias

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Métodos- 57

(benefícios). Cada item foi constituído de uma sentença na qual o individuo deveria

manifestar sua concordância ou não com seu conteúdo, por meio de uma escala de

Likert de 5 pontos, variando de 1- “Não concordo de jeito nenhum” a 5- “Concordo

totalmente”. Os itens foram selecionados a partir de estudos prévios (LING e

HORWATH 2001, MA et al. 2002, de VET et al. 2005, ZABINSKI et al. 2006), em

que tais sentenças apresentaram coeficientes de consistência interna (α de Cronbach)

relativamente moderados ou altos. Também foram consideradas as principais

dificuldades para se alimentar de forma saudável, manifestadas por adolescentes em

estudo qualitativo (TORAL et al. 2009).

Auto-eficácia:

Esta variável, que corresponde a confiança do indivíduo em si mesmo na sua

habilidade para realizar mudanças positivas na sua alimentação, correspondeu a um

conjunto de 8 sentenças. O indivíduo deveria manifestar sua concordância ou não

com seu conteúdo, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos, variando de 1-

“Tenho certeza de que não consigo fazer isto” a 5- “Tenho certeza de que consigo

fazer isto”. Os itens adotados no estudo foram selecionados por meio do mesmo

critério apresentado para a avaliação do equilíbrio de decisões (MA et al. 2002, de

VET et al. 2005, ZABINSKI et al. 2006).

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Métodos- 58

5.6. DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS EDUCATIVOS:

Inicialmente, foram desenvolvidos os materiais educativos utilizados na

intervenção nutricional, os quais objetivaram a promoção de práticas alimentares

saudáveis entre os adolescentes. A intervenção baseou-se na distribuição, nas

escolas, de revistas de promoção de alimentação saudável e na distribuição, pelo

correio, de informativos direcionados segundo o estágio de mudança do adolescente.

5.6.1. Desenvolvimento de Revistas de Promoção de Alimentação

Saudável:

Foram desenvolvidos seis materiais educativos para distribuição mensal em

sala de aula no formato de revistas (Anexo 5). Para seu desenvolvimento, foram tidos

como base os discursos dos participantes realizados no estudo de grupos focais que

antecedeu a intervenção (TORAL et al. 2009), conforme exposto anteriormente. A

análise dos depoimentos visou à caracterização dos materiais, principalmente quanto

à sua apresentação visual e seu conteúdo, de forma a ser bem aceito e compreendido

pelos adolescentes.

A arte final das revistas foi desenvolvida por uma equipe de designers

gráficos, que atuaram desde a criação do nome do projeto, denominado “Nutrimix”, e

personagens, até a finalização de cada material para impressão em gráficas. Adotou-

se como base para a arte dos materiais o estilo grafite (ou Graffiti), por se tratar de

uma manifestação artística muito associada à cultura do jovem (SILVA 2004). As

capas das seis revistas são apresentadas na Figura 3.

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Métodos- 59

Figura 3- Apresentação das capas das seis revistas desenvolvidas para a promoção

de alimentação saudável entre os adolescentes.

Revista nº 1:

Revista nº 2:

Revista nº 3:

Revista nº 4:

Revista nº 5:

Revista nº 6:

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Métodos- 60

O texto foi desenvolvido pela autora deste trabalho e a linguagem foi revista e

corrigida por uma bacharel em letras, doutora em ciência da informação, com vasta

experiência em literatura infanto-juvenil. Os temas abordados em cada uma das seis

revistas foram:

Meios de superar as dificuldades para se alimentar de forma saudável;

A importância do café da manhã e do fracionamento das refeições no dia;

A relação entre o estado nutricional e a atividade física do adolescente;

O papel dos nutrientes na alimentação do adolescente;

Os conceitos de diet e light e a importância da rotulagem nutricional;

Os problemas de saúde relacionados à alimentação como o diabetes, a

obesidade e os transtornos alimentares.

Considerando que estudos prévios têm identificado percentuais elevados de

adolescentes classificados nos estágios de mudança anteriores ao de ação, isto é, em

pré-contemplação e contemplação (TORAL et al. 2006, TORAL e SLATER 2009),

as revistas tiveram como foco os estágios iniciais. Nesse sentido, os principais

objetivos das revistas foram: aumentar o conhecimento sobre uma alimentação

saudável por meio de um veículo lúdico, como histórias em quadrinhos e jogos;

apresentar formas para superar as barreiras que dificultam a adoção de uma

alimentação adequada e enfatizar os benefícios decorrentes de sua adoção, levando

em consideração o estilo de vida do jovem; apresentar curiosidades sobre alimentos e

receitas saudáveis e práticas, além de indicações de cultura relacionadas a diferentes

aspectos da alimentação, de forma a aumentar a consciência e reflexão sobre a

própria dieta e ampliar o interesse no tema.

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Métodos- 61

5.6.2. Desenvolvimento de Informativos por Estágios de Mudança:

Além das revistas, foram desenvolvidos informativos direcionados por

estágios de mudança de comportamento (Anexo 6), que foram enviados pelo correio

às residências dos participantes. O foco dos informativos foi a promoção do consumo

adequado de frutas e hortaliças, isto é, o mínimo de 5 porções diárias destes

alimentos. A arte final dos materiais foi realizada pela mesma equipe de designers

gráficos que desenvolveu as revistas, adotando um nome adaptado do projeto –

“Nutrimix Notícias” e o mesmo estilo gráfico (Figura 4). O texto dos informativos

foi desenvolvido pela autora deste trabalho e teve o apoio de um psicólogo clínico e

professor universitário, que atua em temas relacionados à mudança de

comportamento.

Adotou-se como base para estes materiais um conjunto de informativos

direcionados por estágio de mudança para a promoção do consumo regular de frutas

e hortaliças que foi desenvolvido por pesquisadores norte-americanos, chefiados pelo

Dr. Geoffrey Greene, da Universidade de Rhode Island, Estados Unidos. Tais

informativos já foram adotados em diversos estudos, com resultados satisfatórios

entre jovens adultos (RUUD et al 2005, RICHARDS et al 2006, NITZKE et al 2007,

PARK et al. 2008). Foi obtido o acesso aos informativos na íntegra, com o

consentimento do pesquisador principal, manifestado por correio eletrônico.

Nestes materiais, foram trabalhados com maior ênfase os processos de

mudança, descritos no Modelo Transteórico como necessários para determinar o

avanço de cada estágio para classificações mais avançadas. Ao passo que os estágios

de mudança avaliam o aspecto temporal da mudança de comportamento (isto é,

quando a mudança ocorre), os processos de mudança possibilitam a compreensão

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Métodos- 62

sobre como a mudança de comportamento ocorre entre os estágios (PROCHASKA et

al. 1992). À medida que o indivíduo modifica seu comportamento, são identificados

dez processos de mudança (a descrição dos processos de mudança de comportamento

pode ser consultada na página 31).

Indivíduos em pré-contemplação devem trabalhar com os processos de

mudança de aumento de consciência, alívio dramático e reavaliação do ambiente, de

forma a aumentar sua consciência em relação ao consumo inadequado de

determinados alimentos e promover a aceitação de que a mudança dietética é

necessária (DI NOIA et al. 2008). Os informativos destinados àqueles adolescentes

classificados em pré-contemplação incluíram atividades como: testes para promover

a reflexão sobre a própria alimentação; informações sobre frutas e hortaliças de alto

valor nutricional e como incluí-las na dieta; a descrição sobre o tamanho de uma

porção destes alimentos, para facilitar a avaliação de seu consumo; uma ênfase nos

benefícios decorrentes do consumo adequado de frutas e hortaliças.

Já aqueles classificados em contemplação e preparação devem ser expostos a

atividades relacionadas aos processos de mudança de auto-reavaliação e a auto-

liberação, com estratégias para aumentar sua confiança na própria habilidade de

melhorar sua prática alimentar, solucionar a ambivalência em relação ao

comprometimento com a mudança e facilitar o desenvolvimento de um plano

específico para a modificação do comportamento alimentar (DI NOIA et al. 2008).

Nos informativos para os participantes classificados em contemplação, foram

incluídas estratégias como: dicas para superar cada uma das barreiras frequentemente

citadas pelos adolescentes para não consumir frutas e hortaliças; perguntas para

orientar uma reflexão sobre as dificuldades encontradas para comer tais alimentos;

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Métodos- 63

frases de reforço e estímulo para desenvolver a confiança no indivíduo de que a

mudança na alimentação era viável. Aqueles em preparação foram encorajados, por

meio dos informativos, a adotar e manter uma mudança alimentar efetiva, a

estabelecer um compromisso sério com a mesma, e a identificar pessoas que

poderiam oferecer suporte ao maior consumo de frutas e hortaliças, como amigos,

pais ou professores.

Nos informativos direcionados aos indivíduos em ação e manutenção,

enfatizaram-se: estratégias para manter o consumo adequado de frutas e hortaliças e

a prevenção de recaídas (processo de mudança: controle de estímulos); recompensas

e reforços para manter o comportamento adequado (processo de mudança:

administração de contingências); reflexões sobre as possibilidades de aumentar a

variedade dos alimentos consumidos, curiosidades sobre alimentos e receitas

saudáveis a base de frutas e hortaliças para estimular a permanência nos estágios

finais.

Dessa forma, os informativos direcionados aos estágios visaram incorporar as

estratégias descritas nos processos de mudança como necessárias para propiciar o

avanço dos adolescentes ao longo dos estágios de mudança de comportamento.

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Métodos- 64

Figura 4- Apresentação do formato dos informativos direcionados por estágio de

mudança para a promoção do consumo de frutas e hortaliças entre os adolescentes.

Informativos nº 1:

Informativos nº 2:

Informativos nº 3:

Informativos nº 4:

Informativos nº 5:

No total, foram desenvolvidos 25 informativos distintos, considerando que a

cada mês foram enviados 5 formatos diferentes, sendo um por estágio, durante 5

meses. Os informativos enviados nos três primeiros meses foram destinados ao

estágio identificado na avaliação inicial do estudo. A partir do quarto envio,

considerou-se como se o participante houvesse avançado para o estágio

Page 65: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Métodos- 65

imediatamente subseqüente (com exceção dos indivíduos em manutenção, que já se

encontravam na classificação final).

Foi aberta uma Caixa Postal junto ao correio para que os informativos que

não pudessem ser devidamente entregues aos destinatários (casos de endereços

errados ou incompletos e mudança de endereço) fossem devolvidos à coordenação do

estudo. Nestes casos, os informativos devolvidos pelo correio foram entregues nas

semanas subseqüentes, em mãos, aos participantes na escola.

Além disso, todos os materiais apresentavam, ao final, o endereço da referida

Caixa Postal e um endereço eletrônico, criado para o estudo

([email protected]), para que os participantes pudessem entrar em contato

em caso de dúvidas ou para o envio de comentários ou sugestões. No entanto, não

foram recebidas mensagem com estes propósitos durante o estudo.

5.7. INTERVENÇÃO NUTRICIONAL:

Inicialmente, todos os adolescentes dos grupos controle e intervenção foram

avaliados segundo as variáveis do estudo, apresentadas anteriormente. Transcorridos

os meses da intervenção, todos os participantes foram avaliados novamente. Os

participantes de ambos os grupos receberam, ao término da primeira e da segunda

entrevista, um folder apresentando os 10 passos para a alimentação saudável na

adolescência (BRASIL 2009) e o registro de suas medidas antropométricas com a

classificação do estado nutricional naquele momento. O quadro abaixo apresenta a

linha temporal de realização do estudo de intervenção (Quadro 8).

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Métodos- 66

Avaliação inicial

Envio do 1º informativo direcionado por estágio

Entrega da 4ª revista educativa

Entrega da 5ª revista educativa

Envio do 4º informativo direcionado por estágio

Entrega da 6ª revista educativa

Avaliação final

Envio do 5º informativo direcionado por estágio

Envio do 3º informativo direcionado por estágio

Entrega da 2ª revista educativa

Envio do 2º informativo direcionado por estágio

Entrega da 3ª revista educativa

Entrega da 1ª revista educativa

Quadro 8 – Linha temporal do estudo de intervenção nutricional entre adolescentes

de escolas do ensino fundamental da rede pública de Brasília.

│--Março--Abril--Maio--Junho--Julho--Agosto--Setembro--Outubro--Novembro--Dezembro

Nota: as avaliações inicial e final foram realizadas tanto no grupo intervenção como no controle.

5.8. DIGITAÇÃO E CONSISTÊNCIA DOS DADOS:

Os dados do presente estudo foram digitados no programa de computador Epi

Data versão 3.02 (LAURITSEN et al. 2002).

A identificação do escore-z de IMC para idade dos adolescentes realizou-se

pelo software Anthro Plus, disponibilizado pela Organização Mundial da Saúde, o

qual incorpora as curvas de crescimento de 2007 (de ONIS et al. 2007). Foram

adotados como intervalos aceitáveis os valores de escore-z entre -5 e +5 (MEI e

GRUMMER-STRAWN 2007). Nesta análise, não houve a necessidade de excluir

nenhum registro.

Os participantes que apresentaram dados incompletos em relação a qualquer

uma das variáveis do estudo foram excluídos, com exceção das informações

socioeconômicas, já que foi considerada a categoria de resposta “não sabe/ não

respondeu” para esta análise.

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Métodos- 67

5.9. ANÁLISE ESTATÍSTICA:

Inicialmente foi feita a análise descritiva dos dados e a comparação das

variáveis entre os grupos antes da intervenção nutricional. As diferenças entre os

grupos controle e intervenção foram avaliadas usando-se o teste T-student para

amostras independentes no caso das variáveis contínuas e o teste de Qui-quadrado

para as variáveis categorizadas.

O efeito da intervenção foi avaliado através da análise das mudanças nos

componentes do Modelo Transteórico (estágios de mudança, equilíbrio de decisões e

auto-eficácia) e no consumo de frutas e hortaliças. Para tanto, adotou-se um modelo

de análise de covariância (ANCOVA) ajustado para sexo, idade e medida basal para

cada desfecho contínuo – equilíbrio de decisões para benefícios e barreiras e a auto-

eficácia - e empregou-se um modelo de análise de medidas repetidas com mínimos

quadrados ponderados para os desfechos categorizados – estágios de mudança e

consumo de frutas e hortaliças. As mesmas análises foram feitas ainda selecionando-

se apenas o grupo de adolescentes que não havia recebido orientação nutricional

previamente à intervenção.

Foi realizada ainda a comparação entre a proporção de adolescentes que

avançaram ao longo de cada estágio de mudança com a intervenção por meio de

análises de Qui-quadrado de Mantel Haenszel.

Foi adotado um nível de significância de 5%. As análises foram conduzidas

por meio dos programas SAS versão 9.2 (SAS Institute Inc, Cary, NC, USA) e SPSS

versão 13.0 (SPSS Inc, Chicago, IL, USA).

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Métodos- 68

5.10. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS:

A presente pesquisa foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo no dia 07 de

dezembro de 2007, sob o protocolo de número 1683 (Anexo 7). Foi também

autorizada a sua realização pela Escola de Aperfeiçoamento da Secretaria de Estado

de Educação do Distrito Federal, pela Diretoria Regional de Ensino do Plano Piloto e

Cruzeiro, bem como pela direção de cada uma das escolas participantes. Foi

solicitada aos pais ou responsáveis dos adolescentes a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexos 1 e 2) para autorizar a participação no

estudo, sendo que somente participaram aqueles que apresentaram o referido

documento assinado à equipe de pesquisa.

5.11. FINANCIAMENTO E CONFLITO DE INTERESSES:

O estudo não apresenta conflito de interesses, tendo sido financiado pelo

International Life Sciences Institute- ILSI, uma entidade não governamental, sem

fins lucrativos. O ILSI visa a manutenção de um fórum permanente de atualização de

conhecimentos técnico-científicos que contribuam para a saúde da população e que

sejam de interesse comum a empresas, governos, universidades e institutos de

pesquisa. No país, o ILSI-Brasil colabora para o melhor entendimento de assuntos

ligados à nutrição, segurança alimentar, toxicologia e meio ambiente, reunindo

cientistas do meio acadêmico, do governo e da indústria. O financiamento do

presente estudo ocorreu pela obtenção do “Prêmio ILSI Brasil- Estilos de Vida

Saudáveis 2008” em dezembro de 2008.

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6. Artigos

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Artigos- 70

6. ARTIGOS

6.1. MANUSCRITO 2:

O artigo a seguir, de título “A alimentação saudável na ótica dos adolescentes:

percepções e barreiras à sua implementação e características esperadas em materiais

educativos” foi publicado nos Cadernos de Saúde Pública, volume 25, número 11,

páginas 2386 a 2394, de 2009 (ISSN 0102-311X) e corresponde ao segundo manuscrito

desta tese de doutorado.

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Artigos- 71

Título: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua

implementação e características esperadas em materiais educativos

Título corrido: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes

Title: Healthy diet under the perspective of adolescents: perceptions and barriers to

adopt it expected characteristics for educational material

Autores:

Natacha Toral: Doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo e Consultora Técnica da Coordenação-Geral da Política de Alimentação e

Nutrição do Ministério da Saúde. Endereço: SEPN 511 Bloco C Ed. Bittar IV 4º Andar.

Brasília – DF, Brasil. CEP: 70750-543. Telefone: 61 3448-8226. E-mail: [email protected]

Maria Aparecida Conti: Pesquisadora do Ambulatório de Bulimia e Transtornos

Alimentares - AMBULIM – HC - IPQ-FMUSP. Endereço: R. Dr. Ovídio Pires de

Campos, 785. Caixa Postal 3671. CEP 01060-970. São Paulo – SP. Brasil. Telefone: 11

30617853. E-mail: [email protected]

Betzabeth Slater: Professora Doutora do Departamento de Nutrição da Faculdade

de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715, 2º

andar. CEP: 01246-904. São Paulo, SP, Brasil. Telefone: 11 30617853. E-mail:

[email protected]

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Artigos- 72

RESUMO

Este estudo visou avaliar percepções, barreiras e características de materiais educativos

de promoção de alimentação saudável descritas por adolescentes. Realizaram-se 4

grupos focais com 25 adolescentes com perguntas sobre: percepção e motivação para

modificar a dieta; conceito de alimentação saudável e barreiras para sua adoção; e

características de impressos para a promoção de práticas alimentares saudáveis.

Observou-se uma freqüente indecisão quanto a classificar a dieta como saudável. Os

adolescentes referiram não se sentir confiantes para modificar a dieta, mas relataram

conceitos adequados sobre alimentação saudável. As principais barreiras citadas foram

focadas em aspectos pessoais e sociais, como: a tentação, o sabor dos alimentos, a

influência dos pais e a falta de tempo e de opções de lanches saudáveis na escola. Para

os jovens, materiais educativos de promoção de alimentação saudável devem reforçar

seus benefícios imediatos e destacar mensagens alarmantes sobre os riscos à saúde

advindos de uma alimentação inadequada.

Palavras-chave: comportamento alimentar, promoção da saúde, saúde do adolescente,

pesquisa qualitativa.

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Artigos- 73

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate perceptions, barriers and characteristics for

educational material for healthy eating promotion, described by adolescents. Four focus

groups were conducted among 25 adolescents with questions on: perceptions regarding

diet and their motivation to modify it; concepts and barriers of health eating; and

characteristics needed for printed materials for healthy eating promotion. The

adolescents showed a frequent indecision to classify diet as healthy. Adolescents

generally said they did not feel confident to make dietary changes, but showed adequate

notions of healthy diet. Main barriers were focused on personal and social

characteristics as: temptation, food flavors, parental influence and lack of time and

options for healthy snacks at school. To the adolescents, educational materials of

healthy eating promotion should stress the immediate benefits from healthy eating and

have impactful messages about the health risks of a poor diet.

Key-words: feeding behavior, health promotion, adolescent health, qualitative research.

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Artigos- 74

INTRODUÇÃO

Apesar da crescente ampliação das reflexões teóricas e metodológicas da

educação em saúde, ainda é comum a utilização de métodos e estratégias pautadas em

modelos teóricos tradicionais 1. A prática pedagógica em saúde mantém-se baseada na

idéia de que a apreensão do saber instituído sempre leva à aquisição de novos

comportamentos e práticas, desconsiderando a história de vida do indivíduo, suas

crenças, seus valores e sua subjetividade.

A descrição das práticas alimentares adotadas atualmente na adolescência tem

correspondido a dietas ricas em gorduras, açúcares e sódio, com pequena participação

de frutas e hortaliças 2-5. Este quadro está relacionado à manifestação cada vez mais

precoce de doenças crônicas entre os adolescentes, como a obesidade e o diabetes, o que

envolve um grande impacto em saúde pública 6. Nesse sentido, é fortemente estimulado

o desenvolvimento de estratégias de intervenção nutricional, inseridas no campo da

educação em saúde, como uma perspectiva para o controle do problema nessa fase da

vida.

Em intervenções nutricionais, o foco central costuma ser a difusão de

informações sobre os benefícios de determinados alimentos e nutrientes e os malefícios

de outros 7. Acredita-se assim que o oferecimento de novas informações sobre

alimentação e nutrição promove um aumento do conhecimento individual, o que, por

sua vez, resultará em melhorias no comportamento alimentar. Contudo, o fracasso de

intervenções do tipo conhecimento-atitude-comportamento é esperado, conforme

relatado na literatura 8.

Além disso, o referido modelo assume que o indivíduo, principalmente aquele

com excesso de peso, apresenta um conhecimento deficiente sobre os aspectos

nutricionais da dieta e as recomendações alimentares atuais, o que frequentemente

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Artigos- 75

constitui um erro 9. Apesar da crescente epidemia de obesidade em nível mundial, as

noções básicas sobre o conceito de uma alimentação saudável são bem difundidas na

população. Estudo realizado em 15 países da União Européia mostrou que a grande

parte dos entrevistados apresentava definições satisfatórias de uma alimentação

saudável 10. Destaca-se ainda uma escassez de estudos semelhantes na adolescência.

Torna-se assim necessário reavaliar as intervenções nutricionais normalmente

realizadas com adolescentes. O novo foco deve abranger o conhecimento do

comportamento alimentar do indivíduo e de seu grupo social e a construção coletiva das

estratégias adotadas. Intervenções pautadas nos conceitos, necessidades e crenças da

população-alvo apresentam maior probabilidade de sucesso para a promoção de práticas

alimentares saudáveis 11, 12.

Acredita-se que a identificação dos principais fatores de modulam o

comportamento alimentar é imprescindível para a adaptação de teorias que possam vir a

fundamentar a intervenção nutricional 13, bem como para o desenvolvimento de

materiais educativos. Estes são componentes do processo de aprendizagem e facilitam a

produção de conhecimento quando adotados de maneira participativa e interativa 14.

A elaboração e o uso de materiais educativos em saúde deve se pautar no debate

entre os significados e na valorização de experiências entre os responsáveis pelas

intervenções e os integrantes do grupo-alvo. O diálogo crítico, que possibilite um

processo comunicativo aberto, permite identificar interesses em comum entre os

adolescentes e os responsáveis pela estratégia educativa, permitindo uma intervenção

nutricional fundada na promoção da saúde e no alcance concreto dos objetivos

esperados 14.

O objetivo deste estudo foi avaliar as percepções sobre a dieta de adolescentes,

identificando o conceito de alimentação saudável, as barreiras encontradas para adotá-

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Artigos- 76

la e as características para a elaboração de materiais educativos destinados à promoção

de práticas alimentares adequadas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Neste estudo, optou-se pela técnica de grupo focal pelas vantagens oferecidas

por este método quanto à formação de um ambiente propício para um debate informal

entre os participantes, no qual são compartilhados sentimentos, entendimentos,

experiências e conceitos. Trata-se de uma forma ideal para a exploração das atitudes e

percepções dos adolescentes no ambiente social em que foram construídas 15.

Para captação dos adolescentes participantes, foi selecionada uma escola por

conveniência que autorizou a realização do estudo. O objetivo e a dinâmica do trabalho

foram apresentados aos alunos de três turmas da 2ª série do Ensino Médio de uma

escola da rede pública de ensino da Região Administrativa do Guará, no Distrito

Federal, em sala de aula, convidando-os a participar. Os critérios para participação no

estudo foram: ter idade entre 10 e 19 anos, o que caracteriza a fase da adolescência, e

estar matriculado na escola. Àqueles que manifestaram interesse, foi entregue o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido para assinatura dos pais ou responsáveis. Após

devolução deste assinado à diretoria da escola, foi agendada a realização dos grupos

focais logo após a apresentação dos trabalhos finais das disciplinas, de modo a não

interferir na participação do aluno nas atividades escolares. Os debates foram realizados

em dezembro de 2007, em uma sala da própria escola na qual se encontravam os

adolescentes.

As discussões dos grupos focais foram conduzidas por um facilitador, que

seguiu um questionário semi-estruturado. Neste, constavam perguntas divididas em três

blocos. O primeiro visava caracterizar a percepção dos adolescentes sobre sua

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Artigos- 77

alimentação e sua motivação para modificá-la, se considerado necessário. A seqüência

das perguntas baseou-se em uma adaptação do algoritmo proposto por Toral et al. 16

para a classificação de estágios de mudança de comportamento. Contudo, o intuito foi

de estimular a discussão sobre as próprias práticas alimentares, não para classificar os

indivíduos em categorias de comportamento. Questionou-se, inicialmente, a respeito de

quantos participantes acreditavam adotar uma alimentação saudável. Em caso de

resposta afirmativa, perguntou-se há quanto tempo mantinham essa prática. Caso

contrário, foi perguntado se os participantes pretendiam modificar sua alimentação e

quando isso seria colocado em prática.

O segundo bloco de perguntas tinha como objetivo investigar o conceito dos

adolescentes sobre uma alimentação saudável e as principais barreiras identificadas para

sua adoção. Foi solicitado aos participantes que descrevessem as características de uma

dieta adequada e que listassem e justificassem os principais impedimentos para que os

adolescentes não a adotem atualmente. As perguntas adotadas neste bloco foram “O que

vocês entendem por “alimentação saudável”?” e “Quais são as maiores dificuldades

para se alimentar corretamente nos dias de hoje?”.

O último bloco de perguntas apresentava uma situação fictícia para os

adolescentes, nos quais eles eram responsáveis pelo desenvolvimento de materiais

educativos impressos para a promoção de práticas alimentares saudáveis entre seus

colegas. A pergunta-base deste bloco foi: “Como vocês acham que deveria ser um

material educativo impresso para motivar seus colegas tanto a ler seu conteúdo, como

a adotar de fato uma alimentação saudável no seu dia a dia?”. Em seguida, a discussão

foi conduzida para que fossem identificadas as características desses materiais quanto

ao formato, apresentação, tamanho, informações contidas, periodicidade de distribuição

e as estratégias para motivar os colegas a ler os impressos.

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Artigos- 78

Com a autorização dos participantes, os debates foram gravados em meio digital

e posteriormente transcritos para análise, sendo identificados os principais núcleos de

sentido presentes nos discursos 17. A análise do material discursivo deu-se por meio de

uma leitura sistemática flutuante de todo o material registrado, previamente digitado.

Em seguida, agregaram-se os conteúdos discursivos semelhantes relacionados a cada

um dos blocos de perguntas apresentados anteriormente. Este procedimento apoiou-se

na técnica de conteúdo, que, segundo Bardin 17, caracteriza-se por ser um processo

investigativo que tem por finalidade a descrição, objetiva, sistemática e quantitativa do

conteúdo manifesto na comunicação. Para tanto se aplicou o recurso da análise

categorial, por meio de delimitações de unidades de codificação, que a partir da

totalidade do texto, verificou-se, com base em critérios de classificação, a freqüência, ou

não, da presença de itens de sentido. Torna-se, assim, um método taxionômico que visa

introduzir uma ordem, segundo certos critérios, em uma desordem aparente 18.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

RESULTADOS

Foram realizados quatro grupos focais, sendo três com 6 participantes e um com

7 participantes. Do total de 25 adolescentes, 13 eram do sexo feminino (52%). A média

de idade foi de 17 anos e os debates tiveram uma duração em torno de 30 a 40 minutos.

Percepção sobre sua alimentação e motivação para realizar alterações

Inicialmente, ao questionar quantos adolescentes acreditavam que possuíam uma

alimentação saudável, verificou-se que alguns participantes manifestavam sua indecisão

quanto a esse critério, dizendo:

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Artigos- 79

“Regular vale?”

“Eu tento.”

“Tipo assim, começa na primeira semana (a tentativa de adoção de uma

alimentação saudável), depois volta tudo de novo.”

Entre os adolescentes que afirmaram que tinham uma alimentação saudável há

um tempo considerável, foi observada que a incorporação de práticas adequadas desde a

infância era decorrente da influência dos pais:

“Desde que eu nasci, minha mãe pega no meu pé”.

“A minha (dieta) sempre foi assim (saudável), meu pai e minha mãe sempre

falaram”.

A maioria dos adolescentes que disse não ter uma alimentação saudável afirmou

que gostaria de modificar sua dieta, mas não se sentia confiante para conduzir essa

modificação naquele momento.

Conceito de alimentação saudável e principais barreiras para adotá-la:

De forma geral, os adolescentes mostraram ter um conceito adequado sobre uma

alimentação saudável, enfatizando a importância de critérios como o equilíbrio, a

moderação, a variedade dos alimentos, o fracionamento da dieta e a participação dos

nutrientes.

“É um balanceamento, eu acho, você não vai exagerar em um, nem em outro

(alimento)”.

“É uma alimentação na medida, um prato que contenha todos os nutrientes que

a pessoa precisa para seu corpo.”

“Tem que ter um pouco de cada coisa, tem que ser variada, nada em excesso, na

medida certa.”

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Artigos- 80

“O ideal é comer pouco, mas muitas vezes ao dia e na hora certa também. A

quantidade certa em cada hora.’

“É nutriente. Proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas,... tudo”

Algumas falas também destacaram a necessidade de ter uma participação

reduzida de guloseimas, alimentos industrializados e fast food.

“Precisa cortar as besteiras que eu como. Porque eu tenho uma alimentação

saudável, só que chega fim de semana, de noite, é hambúrguer, é bomba, é lanche

daqui e ali, nunca dá certo.”

“Tem que ter salada, uma fruta depois do almoço, água, suco feito na hora, não

de saquinho, não refrigerante,...”

“Comidas rápidas geralmente não são saudáveis. Um pacote de biscoito, uma

lasanha congelada, um hambúrguer... não tem os nutrientes necessários para você.”

As principais barreiras identificadas pelos adolescentes para adotar uma

alimentação adequada foram: o sabor dos alimentos considerados saudáveis, a gula ou

“tentação” e a praticidade dos alimentos pouco saudáveis.

“Ah, esse negócio (alimentação saudável) é ruim.”

“As coisas que engordam são muito boas.”

“Tipo, você pode escolher entre um suco e um refrigerante. Aí eu não consigo,

eu compro o refrigerante. É mais gostoso, é viciante.”

“As lanchonetes sempre tentam a gente. Você sente aquele cheirinho... Se eu

sentir o cheiro, eu tenho que comer, não tem jeito.”

“Tipo eu faço isso: passo ali, compro uma besteira e como. Prático e rápido. É

mais cômodo para a gente.”

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Tanto o dinheiro como o tempo foram apresentados de forma contraditória: a

falta e o excesso de ambos foram listados como barreiras para a adoção de uma

alimentação saudável.

“Comer saudável é caro, mas depende do lugar. Se for de qualidade é caro.”

“Às vezes, é o excesso de dinheiro que faz você comprar besteira”.

“Com certeza comer um prato de salada num restaurante é muito mais barato

do que você comer um sanduíche no McDonald’s®.”

“Um sanduíche natural é oito reais. Mas no McDonald’s®, custa oito reais o

sanduíche, com a batata frita e o refrigerante. Não tem como não dar preferência.”

“Tem dia que não dá para voltar para casa. É sair da escola e já vai pro inglês.

Eu almoço na escola, tem que engolir a comida.”

“Quando a gente tem muito tempo para comer, a gente come muito. Mas

quando a gente tem pouco, a alimentação fica desregulada. Tem dias que não sobra

tempo para nada.”

Outro aspecto que parece ser considerado tanto como barreira como facilitador

da adoção de uma dieta adequada corresponde ao período de férias escolares.

“Eu acho que no período da escola você sente muito mais fome. Nas férias, você

fica o dia todo na rua. Na escola, você vai pro intervalo, come um cachorro quente,

uma pizza,...”

“Não, eu acho que no período da escola é muito mais fácil emagrecer. Se eu

estou em casa, estou comendo. Eu vou lá na geladeira, pego uma coisa para comer...”

“Vou mudar minha alimentação depois das férias. Nas férias tem que comer

besteira mesmo. Depois eu vou começar a correr, vou na academia...”

Foi observada uma dificuldade para modificar o consumo devido ao fato de as

aquisições dos alimentos serem feitas pelos pais ou responsáveis. Por outro lado,

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Artigos- 82

algumas falas mostram influência positiva dos familiares sobre as práticas alimentares

dos adolescentes.

“Na minha casa quem compra geralmente as coisas são meu pai e minha mãe. E

aí eu tenho dificuldade de comprar as coisas que eu quero.”

“Todo dia, antes de vir para a escola, minha mãe faz eu trazer uma maçã ou

uma banana. Aí chego em casa, ela me ‘bota’ para comer outras frutas, todo dia.”

Também se ressaltou a falta de opções de lanches saudáveis na escola.

“A escola influencia. Às vezes a gente come salgado, fritura (na lanchonete) de

manhã. É a primeira alimentação que a gente tem é essa. Fritura de manhã não é muito

bom, não.”

Desenvolvimento de materiais educativos de promoção de alimentação saudável:

Após a apresentação da situação hipotética em que os participantes seriam

responsáveis pelo desenvolvimento de materiais educativos sobre alimentação saudável

para seus colegas, foram investigadas inicialmente as possibilidades de formato. As

opções mais mencionadas referiram-se a revistas ou gibis.

“Revista todo adolescente gosta.”

“Um gibi, uma historinha com desenhos bonitinhos.”

“Ninguém vota no jornal. Da nossa idade, poucas pessoas lêem jornal.”

“Panfleto não. Você pega um monte de papel ali fora, ninguém nem lê e joga

fora. Ninguém nem liga. Tem que ser grande para a pessoa pegar e não jogar fora.”

Todos afirmaram que seria imprescindível que o material fosse colorido, já que

este em preto e branco não chamaria a atenção dos adolescentes. Quanto ao tamanho e

extensão do conteúdo, destacou-se a importância de ser um material de poucas páginas.

A periodicidade sugerida com maior freqüência foi quinzenal e mensal.

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Artigos- 83

“Tem que ser algo que chame a atenção pela beleza. Algo colorido, com

dobraduras, que atraísse o jovem.”

“Não pode ter muita coisa escrita, não, se não o povo fica com preguiça de ler.

Tem que pôr coisa que a pessoa vai ler e captar na hora.”

Os adolescentes enfatizaram a necessidade de apresentar mensagens que

mostrassem os graves riscos de saúde decorrentes de uma alimentação inadequada. Os

participantes afirmaram que a melhor estratégia para motivar os colegas a adotar uma

dieta adequada seria “assustá-los”, como mostram as seguintes falas:

“Eu ‘botaria’ medo na pessoa. Quanto mais medo, mais ela vai mudar.”

“Você ia ‘botar’ a foto de uma pessoa super gorda. Aí a pessoa vai ler e falar:

‘nossa, essa pessoa sofre disso, disso e disso. Eu não quero passar por isso’. A pessoa

gorda tem vergonha de andar sem blusa, de ir à piscina,...”

“Tem que ter uma mensagem-bomba, drástica. Tem que falar dos riscos, o que

acontece com quem não se alimenta bem.”

Além disso, vários participantes gostariam de incluir depoimentos de pessoas

que superaram problemas de saúde ou melhoraram suas práticas alimentares, como uma

“lição de vida”. Foi sugerida a inclusão de informações de calorias de alimentos,

principalmente em relação a alimentos comuns na sua alimentação, como cachorro

quente, refrigerante, chocolate e frituras. Também propuseram a inclusão de

curiosidades sobre alimentos, destaque para as contribuições para a beleza, opções de

substituição de alimentos e receitas saudáveis.

“Curiosidades sempre chamam a atenção. Tipo ‘uma fruta tem o dobro de

vitamina da outra.”

“Poderia falar ‘você troca um biscoito por uma maçã que eles têm a mesma

quantidade de calorias, então é mais saudável’.”

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“Receitas seriam legais, se fossem boas, atraentes. Sanduíche natural, torta de

maçã, ou de cenoura, um doce de fruta. Que chame a atenção e seja fácil.”

Destacou-se como estratégia para convencer os colegas a lerem o material e para

comprovar que captaram os conceitos apresentados a inclusão de jogos, como caça-

palavras e testes, ou a inclusão de cupons para a participação de sorteio de brindes,

mediante o preenchimento de um questionário sobre o tema abordado no material.

“Poderia ter um questionário para preencher meio escondido, pare ver se ela

leu. Tipo, você tinha que responder alguma coisa que estava dentro daquele texto que a

pessoa leu e ela tinha que ler muito para elaborar aquela resposta. As melhores

respostas ganhariam alguma coisa”

“Acho que tinha que ter um sorteio de alguma coisa. Algo material mesmo. Sei

lá, depois de 6 meses, que concorresse a uma bicicleta, um mp4, um notebook...”.

DISCUSSÃO

A indecisão apresentada entre os adolescentes do estudo sobre a atual adoção ou

não de uma dieta adequada pode ser atribuída a alguns fatores. Considerando que a dieta

envolve a ingestão de centenas de alimentos e bebidas, a dúvida pode ter surgido ao ter

que avaliar o conjunto das práticas alimentares, e não a pormenorização do consumo

alimentar. Segundo Rodrigues & Boog 19, o comer certo para o adolescente pressupõe a

exclusão de todos aqueles produtos que compõem o grupo dos maus, o que impede um

balanceamento ao se fazer uma reflexão sobre a prática alimentar. Além disso, acredita-

se que nessa fase da vida os participantes já tenham incorporado o “desejo social” de se

ter uma alimentação saudável, ou seja, sabem que o esperado seria afirmar que possuem

dietas adequadas como forma de “não decepcionar” tanto o pesquisador como os

colegas 20.

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Artigos- 85

Outra justificativa para que os adolescentes não tenham categorizado

rapidamente sua própria alimentação como saudável ou não pode ser atribuída ao fato

de que a população frequentemente não dispõe de instrumentos suficientes para avaliar

a própria dieta. Alguns estudos têm identificado que entre 40 a 70% da população

afirma não ser necessário alterar seu consumo alimentar porque já adotam uma dieta

saudável 21-23. Porém, esse relato é contraditório frente ao crescente aumento da

prevalência de doenças crônicas associadas às práticas alimentares cada vez mais

destoantes do preconizado por guias alimentares em todo o mundo 24.

Deve-se destacar a falta de confiança apresentada pelos adolescentes deste

estudo para modificações concretas na alimentação num futuro próximo. Essa fase, que

pode ser caracterizada como um estágio de “contemplação”, abrange a identificação de

diversas barreiras para alterar a prática alimentar, apesar do conhecimento dos possíveis

benefícios que seriam decorrentes da mudança 25. Tal situação é confirmada com a

extensa lista de dificuldades identificadas pelos participantes do estudo para a adoção de

uma dieta adequada. Nesse sentido, intervenções nutricionais devem atuar de forma a

motivar a auto-eficácia dos indivíduos e a habilitá-los para a superação das barreiras

encontradas que os impedem de agir.

A apresentação de conceitos adequados referentes a uma dieta saudável pelos

participantes pode representar que a divulgação das informações de alimentação e

nutrição nos meios de comunicação tem sido adequada e efetiva no sentido de alcançar

o público adolescente. Outros estudos também mostraram que tanto jovens como

adultos têm uma noção adequada sobre as práticas alimentares recomendadas,

normalmente enfatizando a participação de frutas e hortaliças, dos nutrientes e o

equilíbrio entre os grupos de alimentos 10, 26, 27.

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Artigos- 86

Isto pode ser atribuído à constante veiculação de assuntos relacionados à

alimentação e nutrição na mídia. Uma limitação deste estudo corresponde à falta de

investigação das principais fontes de informação adotadas pelos adolescentes. Contudo,

Santos & Barros Filho28 identificaram que as principais fontes apontadas por

universitários correspondiam às revistas, aos médicos e aos programas de televisão; já

as fontes consideradas mais confiáveis foram os médicos e os nutricionistas e as menos

confiáveis, os jornais e os programas de televisão.

As barreiras identificadas pelos participantes para adotar uma alimentação

saudável são condizentes com as observações de outros estudos. O sabor e a praticidade

dos alimentos considerados pouco saudáveis são frequentemente citados entre as

principais barreiras levantadas pelos jovens 27, 29. O fato de fast-foods e outros alimentos

de baixa qualidade nutricional não exigirem habilidades culinárias ou simplesmente já

estarem prontos para o consumo está relacionado também à outra barreira citada: a falta

de tempo. Porém, estes são aspectos que podem ser trabalhados em intervenções

nutricionais, enfatizando as opções de alimentos saudáveis e palatáveis em receitas de

preparo rápido.

O caráter contraditório da família, em especial dos pais, que foi relatado pelos

participantes, atuando tanto como facilitador e barreira para a adoção de práticas

alimentares saudáveis também tem sido relatado em outros estudos. Segundo Gellar et

al. 27 o tipo de alimentação disponível em casa, adquirida pelos familiares, foi citado

como barreira para se ter uma alimentação saudável entre os adolescentes; contudo, a

família foi citada como a principal influência em favor de uma alimentação saudável.

Da mesma forma, adolescentes costarriquenhos também se sentem totalmente

dependentes das decisões dos pais em relação a suas práticas alimentares 30.

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Artigos- 87

A contradição observada quanto ao papel da família pode ainda ser interpretada

pela ótica dos ritos de passagem da puberdade, em que a criança abandona o mundo da

infância e passa a ser um indivíduo pronto para assumir sua atuação como adulto na

sociedade 31. Nesse sentido, os participantes tenderiam a apresentar uma visão ainda

dúbia frente à família: esta é tanto a fonte de sabedoria e acolhimento para a adoção de

práticas alimentares saudáveis, mas também é o elo com a infância distante, que é

questionada, abandonada ou recusada pelo adolescente.

Assim como observado neste estudo, Bauer et al. 26 e Monge-Rojas et al. 30

também identificaram que o acesso facilitado a alimentos de baixo valor nutricional e a

qualidade da alimentação servida dentro do ambiente escolar foram citadas como

empecilhos para a adoção de uma alimentação saudável. No estudo de Gellar et al. 27, o

ambiente escolar também foi descrito como o local de maior exposição a alimentos

pouco saudáveis. O reconhecimento dessa situação e a necessidade de serem

estabelecidas condições propícias em âmbito nacional para a adoção de práticas

alimentares nas escolas culminou na publicação da Portaria Interministerial nº1010, que

instituiu diretrizes para a promoção da alimentação saudável em todas as escolas do país

32.

Considerando que a adoção de um estilo de vida saudável deve ocorrer desde a

infância e a adolescência, compreender as percepções dos jovens sobre uma alimentação

saudável é fundamental para o delineamento adequado de materiais educativos e

intervenções nutricionais27. Além disso, tem-se observado visões diferentes sobre a

saúde do adolescente entre os serviços de saúde voltados para este grupo populacional e

os próprios adolescentes: enquanto estes apresentam uma atitude positiva em relação à

saúde, a princípio não pensando em risco, os serviços insistem em vê-los como o

próprio risco 33, 34. Dessa forma, a situação apresentada aos adolescentes neste estudo

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Artigos- 88

para o desenvolvimento de materiais educativos incentivou uma atitude protagonista

dos participantes no sentido de que eles seriam os responsáveis pela condução de uma

intervenção nutricional.

Os participantes descreveram que o material educativo deveria ser apresentado

no formato de revista ou gibi, entregue com freqüência quinzenal ou mensal,

envolvendo atrativos visuais e uma linguagem simples e direta. Foi enfatizada a

necessidade de inclusão de aspectos com os quais os adolescentes possam se identificar,

como as possibilidades de substituição de alimentos que tradicionalmente fazem parte

de suas dietas e a apresentação do material voltada para o jovem. Deve ser considerado

que a mudança do comportamento alimentar do adolescente somente será alcançada

quando este perceber seu sentido em sua história de vida, englobando o individual e o

social, a emoção e a ação 19.

A necessidade de inclusão de mensagens alarmantes e “assustadoras”,

mostrando os graves riscos à saúde atribuídos à adoção de uma alimentação inadequada,

conforme levantado pelos adolescentes do estudo, é justificável nessa fase da vida. O

senso de indestrutibilidade, a visão muito otimista e esperançosa sobre si próprios e a

fraca noção de determinadas práticas sobre a saúde futura na adolescência podem

determinar que a nutrição seja um tema de pouca preocupação nessa fase da vida 28, 33, o

que justificaria a necessidade levantada nos debates de ter que “passar medo” nas

mensagens de alimentação e nutrição para chamar a atenção dos colegas. Intervenções

nutricionais voltadas para adolescentes não podem focar nos possíveis prejuízos à

qualidade de vida que poderão ser observados em algumas décadas; devem enfatizar os

aspectos de saúde que são considerados relevantes nessa fase da vida, como as

associações entre o consumo alimentar e o desempenho escolar, o sucesso nos esportes

e a aparência física.

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Artigos- 89

Segundo Cromack et al. 34, a alimentação foi listada como um elemento central

das representações sociais de saúde por adolescentes de escolas públicas do Rio de

Janeiro, demonstrando uma preocupação positiva do adolescente em relação a sua

saúde. Nesse sentido, outra possibilidade para interpretar a necessidade de se adotar

mensagens alarmantes nos materiais educativos pode ser o fato de que a alimentação é

algo que está sob o controle do adolescente e que ele pode tratar de seu corpo por meio

de uma dieta adequada. Haveria, portanto, a necessidade de enfatizar a responsabilidade

do jovem com seu corpo e sua saúde, alertando-o para a realização de mudanças

imediatas e a prevenção de doenças. Esta responsabilidade é um fator característico da

maturidade, a qual o adolescente entra em contato nesta fase da vida e é constantemente

cobrado em seu cotidiano, como um passaporte para o mundo adulto 31.

Contudo, cabe destacar a conduta ética essencial para o desenvolvimento dos

materiais educativos, principalmente no que tange à abordagem da obesidade. Apesar

dos participantes terem sugerido a veiculação de imagens de pessoas obesas como meio

de atrair a atenção dos colegas para um grave problema de saúde, a exposição de

imagens do tipo pode estimular o preconceito contra pessoas portadoras de doenças

crônicas não-transmissíveis. A redução da obesidade a uma questão física restringe

inclusive as possibilidades terapêuticas em nutrição, e ainda reforça uma concepção

dicotômica de corpo separado da mente, ao contrário de uma visão integral

indispensável para uma conduta ética frente ao problema 35.

Destacou-se ainda, pelas falas dos adolescentes relativas à elaboração dos

materiais educativos, a importância de se incluir um caráter lúdico às informações

transmitidas, incluindo histórias em quadrinhos e jogos como estratégias de veiculação

das mensagens de alimentação e nutrição.

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Artigos- 90

Vale ressaltar que a análise desenvolvida neste estudo remete a uma realidade

vivencial dos jovens, por meio de seus discursos, o que não obrigatoriamente revela

uma verdade única. São falas “ilusórias, contraditórias e verdadeiras”, tidas como

matéria-prima para a análise do social 33. Os resultados obtidos informam acerca do

momento e da capacidade avaliativa dos adolescentes em relação à alimentação

saudável, por meio do exercício de suas funções cognitivas e afetivas. Para Rocha e

Deusdará 18, uma característica das pesquisas com abordagem qualitativa corresponde à

sua função interpretativa, atingindo uma profundidade, levantando os “véus” que

encobrem uma dada realidade, ultrapassando o plano das aparências e desvelando o

conteúdo subjacente. Sendo assim, foi possível, por meio do material discursivo obtido,

acessar outro espaço, o das condições sociais e psicológicas em que o jovem está

inserido frente à questão da alimentação saudável.

Além disso, é necessário considerar que o sentido dado à alimentação vai além

das funções nutricionais e biológicas. A alimentação humana envolve aspectos

psicológicos, fisiológicos e socioculturais, classificando-se como um fenômeno de

grande complexidade36,37. Para Mintz 38, o comportamento relativo à comida relaciona-

se diretamente ao sentido de nós mesmos e da própria identidade social. Desde cedo, a

criança é envolvida em uma série de rituais que culminam com a internalização de um

padrão alimentar. Este processo é acompanhado e estimulado por adultos afetivamente

poderosos, o que confere ao comportamento alimentar um poder sentimental duradouro,

o qual, por sua vez, se estende para as outras fases do desenvolvimento humano,

incluindo a adolescência. Os jovens expressaram em seus discursos uma gama de

valores, crenças e opiniões, calcados em um aprendizado familiar e social. Dessa forma,

pode-se inferir que a escolha de um dado alimento em uma dada circunstância está

repleta de significados, desejos, valores, atitudes e símbolos que repousam em uma

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Artigos- 91

esfera das representações sociais, as quais podem não ter sido contempladas em sua

totalidade neste estudo.

CONCLUSÃO

Os jovens demonstraram conhecimento adequado sobre o padrão de uma

alimentação saudável e identificaram barreiras focadas nas características dos alimentos,

em aspectos individuais e sociais. Os achados deste estudo sugerem que o foco das

intervenções nutricionais tradicionais, voltadas para o fornecimento de informações

básicas sobre o conceito de uma alimentação saudável, deve ser profundamente

modificado. É necessário prover o adolescente de meios para avaliar sua própria dieta e

de estratégias para superar as barreiras encontradas para a adoção de práticas

alimentares adequadas, estimulando, por exemplo, o contato com alimentos saudáveis

de preparo rápido e sabor agradável. A inclusão da família na intervenção nutricional

também é altamente recomendada, por ser considerada uma influência tanto positiva

como negativa para a adoção de uma alimentação saudável.

Em relação ao desenvolvimento de materiais educativos direcionados para a

promoção de uma alimentação saudável, este estudo possibilitou o conhecimento de

características específicas desejadas pelos adolescentes, que podem contribuir para a

maior adesão dos mesmos à ação educativa, desde que seja incluído o caráter lúdico ao

serem repassadas as informações e os critérios éticos na abordagem sobre o surgimento

de doenças crônicas.

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Artigos- 92

6.2. MANUSCRITO 3:

O artigo a seguir, de título “Impacto de uma intervenção nutricional com

materiais educativos baseados no Modelo Transteórico entre adolescentes de escolas

públicas de Brasília-DF” ainda não foi submetido a publicação e corresponde ao terceiro

manuscrito desta tese de doutorado.

Page 93: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Artigos- 93

Título: Intervenção baseada exclusivamente em impressos de alimentação saudável

direcionados aos estágios de mudança não resulta em modificações do comportamento

alimentar de adolescentes

Título corrido: Impressos não modificam comportamento alimentar de adolescentes

Autores:

Natacha Toral: Doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo e Consultora Técnica da Coordenação-Geral da Política de Alimentação e

Nutrição do Ministério da Saúde. Endereço: SAF Sul Quadra-02 Lote 5/6 Bloco II.

Sala-08 Auditório. Brasília - DF, Brasil. CEP: 70070-600. Telefone: 61 3306-8012. E-

mail: [email protected]

Betzabeth Slater: Professora Doutora do Departamento de Nutrição da Faculdade

de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715, 2º

andar. CEP: 01246-904. São Paulo, SP, Brasil. Telefone: 11 30617853. E-mail:

[email protected]

Autora para correspondência e contatos pré-publicação: Natacha Toral

Endereço: SAF Sul Quadra-02 Lote 5/6 Bloco II. Sala-08 Auditório. Brasília - DF,

Brasil. CEP: 70070-600. Telefone: 61 3306-8012. E-mail: [email protected]

Page 94: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Artigos- 94

RESUMO

Objetivo. Avaliar o impacto de uma intervenção de seis meses direcionada aos estágios

de mudança no consumo de frutas e hortaliças, nos benefícios e barreiras percebidos, e

na auto-eficácia de adolescentes. Delineamento. As escolas participantes foram

selecionadas por sorteio e randomizadas entre grupo controle e intervenção. Foram

avaliados no início e ao final do estudo os estágios de mudança, o equilíbrio de

decisões, a auto-eficácia, e o consumo referido de frutas e hortaliças dos adolescentes.

Amostra. Foram avaliados 860 adolescentes de dez escolas públicas de Brasília,

Distrito Federal, Brasil. Um total de 771 participantes completou o estudo (seguimento

de 81%). Intervenção. O grupo intervenção recebeu, mensalmente, revistas e

informativos direcionados aos estágios de mudança dos participantes, visando a

promoção de práticas alimentares saudáveis. Medidas. Consumo referido de frutas e

hortaliças em porções, estágios de mudança, escore de benefícios e barreiras percebidos

e escore de auto-eficácia. Análises. O efeito da intervenção foi avaliado por um modelo

de análise de covariância (ANCOVA) e outro de análise de medidas repetidas com

mínimos quadrados ponderados. A comparação entre a proporção de adolescentes que

avançaram ao longo dos estágios durante a intervenção foi realizada por meio do Qui-

quadrado de Mantel Haenszel. Resultados. Após o ajuste pelo sexo e idade dos

participantes, os diferentes componentes do Modelo Transteórico não apresentaram

modificação com a intervenção proposta. Também não houve diferença estatística

quanto à mobilidade dos participantes nos grupos controle e intervenção entre os

estágios de mudança ao longo do estudo. Conclusões. A intervenção nutricional

baseada, de forma exclusiva, na distribuição de materiais educativos impressos

direcionados aos estágios de mudança dos indivíduos não foi suficiente para modificar o

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Artigos- 95

comportamento alimentar dos adolescentes. Sugere-se que outros delineamentos

voltados aos adolescentes sejam investigados.

Palavras-chave: Comportamento do Adolescente; Comportamento Alimentar; Ingestão

de Alimentos; Estudos de Intervenção.

Page 96: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Artigos- 96

ABSTRACT

Purpose. Assess the impact of a six-month stage-based intervention in fruit and

vegetable intake, in perceived benefits and barriers, and in self-efficacy among

adolescents. Design. Schools were selected and randomized between control and

experimental groups. At the beginning and at the end of the study, stages of change,

decisional balance, self-efficacy and self-reported fruit and vegetable intake among

adolescents were evaluated. Subjects. 860 adolescents of ten public schools in Brasília,

Distrito Federal, Brazil were evaluated at baseline; 771 completed the study (81% of

follow-up). Intervention. The experimental group received monthly magazines and

newsletters aimed at healthy eating promotion. Measures. Self-reported fruit and

vegetable intake in portions, stages of change, self-efficacy and decisional balance

scores. Analysis. The intervention effectiveness was evaluated by analysis of

covariance model (ANCOVA) and repeated measures analysis with weighted least

squares. The comparison between the proportions of adolescents who advanced along

the stages during the intervention was performed through Mantel Haenszel Chi-square.

Results. After adjusting for sex and age, the different components of the

Transtheoretical Model did not show modifications with the proposed intervention.

There was no statistical difference in the mobility of participants in the intervention and

control groups between the stages of change throughout the study. Conclusions.

Nutritional intervention based exclusively on the distribution of printed stage-matched

educational materials was not sufficient to change adolescent’s eating behavior. It is

suggested that other designs directed to adolescents should be investigated.

Key Words: Adolescent Behavior; Feeding Behavior; Eating; Intervention Studies.

Page 97: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Artigos- 97

INTRODUÇÃO

A descrição mais comum das práticas alimentares adotadas atualmente na

adolescência tem correspondido a dietas ricas em gorduras, açúcares e sódio, com

pequena participação de frutas e hortaliças (FISBERG 2004). Este quadro está

relacionado à manifestação cada vez mais precoce de doenças crônicas entre os

adolescentes, como a obesidade e o diabetes, o que envolve um grande impacto em

saúde pública (WHO 2003). Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar,

realizada em 2009, cerca de um terço dos adolescentes refere consumir frutas e

hortaliças em, no mínimo, cinco dias na semana (IBGE 2009). Este dado está muito

aquém da recomendação de consumo de cerca de 400g destes alimentos ao dia para a

prevenção de doenças crônicas (WHO 2003). Destaca-se, portanto, a necessidade

urgente de adoção de estratégias motivadoras de promoção de práticas alimentares

saudáveis voltadas para o público adolescente.

Uma possibilidade neste sentido é a adoção de intervenções baseadas em teorias

de comportamento, como o Modelo Transteórico. Este modelo permite determinar os

estágios de mudança, que representam quando ocorre a mudança de comportamento e

qual é o grau de motivação do indivíduo para realizá-la. Aplicando-se a teoria ao

comportamento alimentar, um indivíduo pode ser classificado em cinco estágios de

mudança (PROCHASKA e VELICER 1997), a saber: pré-contemplação, quando não

pretende modificar sua alimentação num futuro próximo; contemplação, quando

reconhece suas práticas alimentares como inadequadas, mas ainda visualiza diversas

barreiras para modificá-las; preparação, quando está decidido a alterar sua dieta nos

próximos 30 dias; ação, quando alterou determinadas práticas alimentares nos últimos

meses; e manutenção, quando manteve sua mudança por mais de seis meses.

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Artigos- 98

Além dos estágios de mudança, o modelo compreende outros três constructos: o

equilíbrio de decisões, que trata do balanço do indivíduo entre os benefícios e as

barreiras para ter uma dieta saudável; a auto-eficácia, que se refere à confiança do

indivíduo em si próprio para, de fato, modificar seu comportamento alimentar; e os

processos de mudança, que são as experiências e sentimentos vivenciados pelo

indivíduo para avançar ao longo dos estágios de mudança (PROCHASKA e VELICER

1997).

A partir da compreensão sobre os processos de mudança adotados em cada

momento, diversos estudos conduzidos entre jovens têm mostrado resultados positivos

quando utilizadas intervenções nutricionais direcionadas aos estágios de mudança. Além

de haver um avanço ao longo dos estágios nas intervenções direcionadas, o indivíduo

percebe mais benefícios, menos barreiras, apresenta maior grau de auto-eficácia e passa

a ter uma alimentação mais saudável, incluindo maior consumo de frutas e hortaliças

(BRINLEY et al. 2001, FRENN et al. 2003, RICHARDS et al. 2006, NITZE et al.

2007).

O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de uma intervenção direcionada

aos estágios de mudança no consumo de frutas e hortaliças, bem como no equilíbrio de

decisões frente aos benefícios e barreiras percebidos, e na auto-eficácia entre

adolescentes de escolas públicas de Brasília, Distrito Federal, Brasil.

MÉTODOS

Delineamento. Trata-se de um estudo experimental randomizado, em que foi

desenvolvida uma intervenção nutricional com duração de seis meses durante o ano

letivo de 2009. Foram avaliados dois grupos – intervenção e controle – para identificar

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Artigos- 99

os efeitos da intervenção, baseada em materiais educativos impressos para a promoção

de práticas alimentares saudáveis, que foram distribuídos de forma mensal aos

escolares, tanto em sala de aula, como pelo correio. Os materiais foram direcionados aos

estágios de mudança dos participantes. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Amostra. O processo de amostragem visou à obtenção de uma amostra representativa

de adolescentes de 7ª e 8ª séries da Região Administrativa de Brasília. Para o cálculo,

foram considerados os seguintes fatores: os dados do Censo Escolar de 2006 – na época,

Brasília apresentava 15 escolas públicas com alunos de 7ª e 8ª séries, abrangendo 5.785

matriculados (BRASIL 2006), um nível de significância de 5%, um poder de teste de

80%, uma correlação das observações entre os dois instantes de 0,55 e um tamanho de

efeito de 0,10 entre a hipótese nula de igualdade de médias entre os grupos e a hipótese

alternativa de diferença de médias entre os grupos. Dessa forma, estimou-se em 706 o

número mínimo de participantes, sendo 353 em cada grupo (controle e intervenção).

Foram selecionadas aleatoriamente quatro escolas para o grupo intervenção e seis

escolas para o grupo controle para atingir o número mínimo calculado. Todos os alunos

de 7ª e 8ª séries das dez escolas foram convidados a participar da pesquisa.

Variáveis do estudo. Foram avaliadas as seguintes variáveis, além da idade em anos,

sexo, estado nutricional (a partir das medidas aferidas em duplicata de peso e altura para

a avaliação do Índice de Massa Corporal segundo a idade – de ONIS et al. 2007) e

renda familiar (em salários mínimos):

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Artigos- 100

Consumo auto-referido de frutas e hortaliças: Inicialmente, cada adolescente foi

apresentado ao conceito de porções de frutas e hortaliças, por meio de um folheto

ilustrado. Este mostrava que uma porção de hortaliças era equivalente a um prato de

sobremesa (ou uma xícara) de hortaliças cruas ou a meio prato de sobremesa (ou meia

xícara) de hortaliças cozidas, excluindo-se batatas e outros amiláceos. No caso das

frutas, por exemplo, uma porção era equivalente a uma unidade média de banana ou

laranja, uma unidade pequena de maçã, uma fatia média de abacaxi ou melancia, uma

fatia pequena de mamão ou um cacho pequeno de uvas (NASCIMENTO et al. 2001).

Em seguida, o participante foi questionado sobre seu consumo habitual de tais

alimentos, em porções. A resposta foi registrada em categorias que variavam de menos

de 1 porção por dia a 5 ou mais porções por dia.

Com o intuito de avaliar a adequação do consumo alimentar de frutas e

hortaliças, foi considerada a recomendação de ingestão diária de 400g destes alimentos

(WHO 2003), o que corresponde a cerca de 5 porções por dia. Dessa forma, considerou-

se apenas a última opção de resposta do consumo auto-referido (5 ou mais porções

diárias) como uma prática saudável.

Estágios de mudança: Para a classificação dos adolescentes nos cinco estágios de

mudança em relação ao consumo de frutas e hortaliças, foi adotado um algoritmo, isto é,

um questionário que compreende um número limitado de perguntas cujas respostas são

reciprocamente exclusivas, com formato semelhante ao descrito por diversos autores

(MA et al. 2002, RICHARDS et al. 2006, NITZE et al. 2007).

Caso o consumo habitual auto-referido de frutas e hortaliças fosse inadequado,

isto é, inferior a 5 porções diárias, o adolescente era questionado sobre sua intenção de

aumentar o consumo destes alimentos no futuro próximo. Se o adolescente respondesse

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Artigos- 101

que não pretendia modificar sua prática alimentar, o mesmo foi classificado em pré-

contemplação. Se a resposta fosse afirmativa, o adolescente foi classificado em

contemplação caso pretendesse aumentar seu consumo de frutas e hortaliças nos

próximos 6 meses, ou em preparação se manifestasse a intenção de aumentar seu

consumo nos próximos 30 dias.

Caso o consumo habitual de frutas e hortaliças fosse adequado, isto é, de 5 ou

mais porções diárias, questionou-se sobre o período no qual o adolescente mantinha tal

prática. Quando houve o relato de um período recente, inferior a seis meses, o

participante foi classificado em ação; se foi referido um período de seis meses ou mais,

o adolescente foi classificado no estágio de manutenção.

Equilíbrio de decisões: Foram incluídos 7 itens relacionados às barreiras enfrentadas

pelo indivíduo para se alimentar de forma saudável e 7 itens relativos aos benefícios

identificados pelo indivíduo ao ter uma dieta adequada. Cada item foi constituído de

uma sentença na qual o participante manifestou sua concordância ou não com seu

conteúdo, por meio de uma escala de Likert de 5 pontos, variando de 1- “Não concordo

de jeito nenhum” a 5- “Concordo totalmente”. Os itens foram selecionados a partir de

estudos prévios, nos quais apresentaram coeficientes de consistência interna (α de

Cronbach) relativamente moderados a altos (LING e HORWATH 2001, MA et al.

2002, de VET et al. 2005, ZABINSKI et al. 2006), além de estudo qualitativo com

adolescentes que manifestaram as principais dificuldades para se alimentar de forma

saudável (TORAL et al. 2009).

Auto-eficácia: Esta variável foi avaliada por um conjunto de 8 sentenças, frente às quais

o participante manifestou sua concordância ou não com seu conteúdo, por meio de uma

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Artigos- 102

escala de Likert de 5 pontos, variando de 1- “Tenho certeza de que não consigo fazer

isto” a 5- “Tenho certeza de que consigo fazer isto”. Os itens foram selecionados por

meio do mesmo critério apresentado para a elaboração da escala de equilíbrio de

decisões (MA et al. 2002, de VET et al. 2005, ZABINSKI et al. 2006).

Orientação nutricional prévia: Perguntou-se a cada participante do grupo intervenção,

na avaliação inicial do estudo, se ele havia recebido alguma orientação nutricional no

último ano proveniente de nutricionista ou de outro profissional de saúde.

Intervenção. Todos os adolescentes dos grupos controle e intervenção foram avaliados

segundo as variáveis do estudo, apresentadas anteriormente. Transcorridos os seis

meses da intervenção, todos os participantes foram avaliados novamente. Os

participantes de ambos os grupos receberam, ao término da primeira e da segunda

entrevista, um folder apresentando os 10 passos para a alimentação saudável na

adolescência (BRASIL 2009) e o registro de suas medidas antropométricas com a

classificação do estado nutricional naquele momento. O grupo intervenção recebeu,

mensalmente, revistas de promoção de alimentação saudável e informativos

direcionados aos estágios de mudança dos participantes identificados no início do

estudo, visando a promoção do consumo de frutas e hortaliças. As revistas foram

entregues nas escolas e os informativos foram enviados pelo correio.

Os temas abordados nas seis revistas desenvolvidas foram: os meios de superar

as dificuldades para se alimentar de forma saudável; a importância do café da manhã e

do fracionamento das refeições no dia; a relação entre o estado nutricional e a atividade

física do adolescente; o papel dos nutrientes na alimentação do adolescente; os

conceitos de diet e light e a importância da rotulagem nutricional; e os problemas de

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Artigos- 103

saúde relacionados à alimentação como o diabetes, a obesidade e os transtornos

alimentares.

Para o desenvolvimento das revistas, foram tidos como base os discursos dos

participantes realizados em pesquisa qualitativa com grupos focais, que antecedeu este

estudo (TORAL et al. 2009). A análise dos depoimentos visou à caracterização dos

materiais, principalmente quanto à sua apresentação visual e seu conteúdo, de forma a

ser bem aceito e compreendido pelos adolescentes.

Considerando que estudos prévios têm identificado percentuais elevados de

adolescentes classificados nos estágios de mudança anteriores ao de ação, isto é, em

pré-contemplação e contemplação (TORAL et al. 2006, TORAL e SLATER 2009), as

revistas tiveram como foco os estágios iniciais. Nesse sentido, os principais objetivos

das revistas foram: aumentar o conhecimento sobre uma alimentação saudável por meio

de um veículo lúdico, como histórias em quadrinhos e jogos; apresentar formas para

superar as barreiras que dificultam a adoção de uma alimentação adequada e enfatizar

os benefícios decorrentes de sua adoção, levando em consideração o estilo de vida do

jovem; apresentar curiosidades sobre alimentos e receitas saudáveis e práticas, além de

dicas de cultura relacionadas a diferentes aspectos da alimentação, de forma a aumentar

a consciência e reflexão sobre a própria dieta e ampliar o interesse no tema.

A base para o desenvolvimento dos informativos foram os materiais

direcionados por estágio de mudança para a promoção do consumo regular de frutas e

hortaliças que foram adotados em diversos estudos, com resultados satisfatórios entre

jovens adultos (RUUD et al 2005, RICHARDS et al 2006, NITZKE et al 2007, PARK

et al. 2008). Os informativos levaram em consideração os processos de mudança

necessários para determinar o avanço de cada estágio para classificações mais

avançadas (PROCHASKA e VELICER 1997).

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Artigos- 104

Os informativos para os adolescentes em pré-contemplação abrangeram os

processos de mudança de aumento de consciência, alívio dramático e reavaliação do

ambiente, de forma a aumentar sua consciência em relação ao consumo inadequado de

determinados alimentos e promover a aceitação de que a mudança dietética é necessária

(DI NOIA et al. 2008).

Os materiais destinados àqueles classificados em contemplação e preparação

incluíram atividades relacionadas aos processos de mudança de auto-reavaliação e a

auto-liberação, com estratégias para aumentar sua confiança na própria habilidade de

melhorar sua prática alimentar, solucionar a ambivalência em relação ao

comprometimento com a mudança e facilitar o desenvolvimento de um plano específico

para a modificação do comportamento alimentar (DI NOIA et al. 2008).

Nos informativos direcionados aos indivíduos em ação e manutenção,

enfatizaram-se estratégias para manter o consumo adequado de frutas e hortaliças e a

prevenção de recaídas (processo de mudança: controle de estímulos), além da

idealização de recompensas e do oferecimento de reforços para manter o

comportamento adequado (processo de mudança: administração de contingências).

Análises. A comparação das variáveis entre os grupos controle e intervenção no início

do estudo foi realizada por meio do Qui-quadrado para as variáveis categorizadas e do

teste T-student para amostras independentes no caso das variáveis contínuas.

O efeito da intervenção foi avaliado através da análise das mudanças nos

componentes do Modelo Transteórico (estágios de mudança, equilíbrio de decisões e

auto-eficácia) e no consumo de frutas e hortaliças. Para tanto, adotou-se um modelo de

análise de covariância (ANCOVA) ajustado para sexo, idade e medida basal para cada

desfecho contínuo – equilíbrio de decisões para benefícios e barreiras e auto-eficácia - e

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Artigos- 105

empregou-se um modelo de análise de medidas repetidas com mínimos quadrados

ponderados para os desfechos categorizados – estágios de mudança e consumo de frutas

e hortaliças. As mesmas análises também foram feitas selecionando-se apenas o grupo

de adolescentes que não havia recebido orientação nutricional previamente à

intervenção.

Foi realizada ainda a comparação entre a proporção de adolescentes que

avançaram ao longo de cada estágio de mudança com a intervenção por meio de

análises de Qui-quadrado de Mantel Haenszel.

Foi adotado um nível de significância de 5%. As análises foram conduzidas por

meio dos programas SAS versão 9.2 (SAS Institute Inc, Cary, NC, USA) e SPSS versão

13.0 (SPSS Inc, Chicago, IL, USA).

Os adolescentes que participaram da pesquisa entregaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido assinado por seus pais ou responsáveis. Este estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo.

RESULTADOS

O estudo contou com a participação inicial de 860 escolares, sendo 373 no grupo

controle e 487 no grupo intervenção. No total, 771 participantes completaram o estudo,

o que representa seguimento de 81%. As perdas foram devidas à transferência de alunos

para outras escolas (n=54) e ausência de participantes nos dias em que foram realizadas

as entrevistas (n=35).

Mais da metade dos participantes apresentavam idades entre 11 e 13 anos e

59,5% eram do sexo feminino (Tabela 1). Verificou-se que mais de um terço dos

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Artigos- 106

adolescentes pertenciam a famílias com renda inferior a dois salários mínimos (cerca de

US$ 475,00). Foi observado que 18,1% apresentavam algum grau de excesso de peso e

apenas 10,9% referiram ter consumo adequado de frutas e hortaliças (mínimo de 5

porções diárias).

Ao início do estudo, não foram observadas diferenças significativas entre os

grupos controle e intervenção para as variáveis categorizadas, com exceção da

distribuição quanto ao sexo dos participantes, tendo em vista que havia um percentual

maior de meninas no grupo controle (Tabela 1). Também não foram observadas

diferenças significativas entre os grupos quanto aos escores de equilíbrio de decisões

para as barreiras (p=0,883) e os benefícios (p=0,136) e aos escores de auto-eficácia

(p=0,196). Entre os participantes do grupo intervenção, verificou-se que 84,0% (n=409)

não haviam recebido alguma orientação nutricional previamente ao início da

intervenção nutricional.

O modelo de análise de medidas repetidas com mínimos quadrados ponderados

mostrou que a intervenção proposta não produziu mudanças significativas sobre o

consumo de frutas e hortaliças (p=0,626) e sobre os estágios de mudança de

comportamento (p=0,905) (Tabela 2). Da mesma forma, segundo o modelo de análise

de covariância aplicado às variáveis contínuas, foi observado que a intervenção não

resultou em efeitos significativos sobre as diferentes variáveis relativas ao Modelo

Transteórico (Tabela 3). Após o ajuste pelo sexo e idade, não foram observadas

diferenças entre os grupos controle e intervenção quanto ao equilíbrio de decisões para

benefícios (p=0,288) e para barreiras (p=0,415) e quanto à auto-eficácia (p=0,775) dos

participantes.

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Artigos- 107

As mesmas análises de avaliação do impacto da intervenção, conduzidas com a

amostra total, foram realizadas selecionando-se apenas os participantes que não haviam

recebido orientação nutricional prévia e a ausência de efeitos significativos se manteve.

Comparando-se os grupos controle e intervenção, não houve diferença entre a

proporção de adolescentes que avançaram de pré-contemplação (p=0,5613),

contemplação (p=0,2844) e preparação (p=0,5779) para os estágios seguintes, nem entre

a proporção dos que permaneceram nos estágios de ação e manutenção (p=0,4057). Ou

seja, não houve diferença estatística entre as mudanças ocorridas em ambos os grupos

quanto à mobilidade dos participantes entre os estágios de mudança com a intervenção

proposta.

DISCUSSÃO

Foi observada elevada prevalência de inadequação do consumo de frutas e

hortaliças entre os escolares, assim como constatado em diversos estudos nacionais

conduzidos com adolescentes de distintas regiões do país (NAHAS et al. 2009, TORAL

e SLATER 2009, SILVA et al. 2009). Da mesma forma, estudos realizados em

inúmeros países com contextos socioeconômicos e culturais distintos, como Suécia

(SAMUELSON 2000), Costa-Rica (MONGE-ROJAS 2001), Austrália (BELL e

SWINBURN 2004) e Estados Unidos (GUENTHER et al. 2006), também evidenciam o

frequente desequilíbrio das práticas alimentares nesta fase da vida.

Este fato, além do elevado percentual de adolescentes com excesso de peso

encontrado no estudo, ressalta a necessidade urgente de intervenções nutricionais de

impacto para promover práticas alimentares saudáveis e motivar os jovens a adotar as

recomendações nutricionais. Destaca-se que a adolescência representa importante

período para a formação do comportamento alimentar que será mantido na vida adulta,

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Artigos- 108

além de ser uma fase em que há uma independência maior em relação às escolhas dos

alimentos em comparação com a infância (CUSATIS e SHANNON 1996,

EISENSTEIN et al. 2000). De forma geral, a avaliação da saúde do adolescente tem

apresentado resultados alarmantes. Diversos estudos brasileiros realizados com

escolares têm evidenciado a alta prevalência de fatores de risco cardiovascular já em

fases tão precoces da vida, reforçando a importância de ações de promoção de saúde no

âmbito escolar (NOBRE et al.2006, RIBEIRO et al.2006, ROMANZINI et al. 2008).

Cabe ressaltar que o baixo consumo de frutas e hortaliças entre os participantes

pode estar associado não apenas à idade dos indivíduos, mas também à situação

socioeconômica de suas famílias. Observa-se que a renda familiar e a escolaridade, no

caso de adultos, são importantes determinantes da baixa ingestão destes alimentos no

Brasil (JAIME et al. 2009, NEUTZLING et al. 2009). Segundo CLARO et al. (2007), a

redução do preço das frutas e hortaliças, que poderia ser viabilizada por meio de

políticas públicas, bem como o aumento da renda das famílias, são formas de aumentar

a participação destes alimentos na dieta do brasileiro.

Ao contrário do esperado, a intervenção proposta não surtiu efeito quanto à

mudança do perfil de comportamento alimentar relativo ao consumo de frutas e

hortaliças dos adolescentes. Outros estudos com metodologia semelhante foram

conduzidos com jovens, visando a promoção do consumo destes alimentos e

apresentaram resultados positivos após intervenção nutricional direcionada aos estágios

de mudança. Contudo, destaca-se que o principal diferencial entre o presente estudo e

os demais descritos na literatura é a inclusão de outras estratégias de intervenção

nutricional além da distribuição de materiais educativos aos participantes para

promover o consumo de frutas e hortaliças e a mudança de comportamento alimentar

(BRINLEY et al. 2001, RICHARDS et al. 2006, NITZE et al. 2007).

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Artigos- 109

Segundo BRINLEY et al. (2001), uma intervenção com materiais educativos,

aulas expositivas e degustação de alimentos, durante seis semanas, resultou em um

avanço ao longo dos estágios de mudança entre cerca de 27% dos escolares. No estudo

de RICHARDS et al. (2006), a intervenção para jovens estudantes incluía o envio de

informativos personalizados dirigidos aos estágios de mudança, além de entrevistas

motivacionais e mensagens eletrônicas pela Internet durante quatro meses. Tais autores

verificaram um consumo de frutas e hortaliças significativamente superior entre os

participantes do grupo intervenção ao final do estudo. Já outra intervenção nutricional,

com duração de 6 meses, abrangia o envio pelo correio de materiais impressos

direcionados aos estágios de mudança, e duas ligações educativas para motivar a

mudança (NITZE et al. 2007). Como resultado, foi observado maior consumo de frutas

e hortaliças e progressão mais expressiva para os estágios de ação e manutenção no

grupo intervenção.

Destaca-se que os informativos impressos utilizados nos estudos de

RICHARDS et al (2006) e NITZKE et al (2007) foram adotados como base para o

desenvolvimento dos materiais do presente estudo, tendo sido previamente acessados

os originais na íntegra, com autorização dos autores. Este estudo manteve uma

abordagem semelhante das estratégias apresentadas nos materiais para a promoção do

consumo de frutas e hortaliças, adaptando a linguagem, o conteúdo e a apresentação

visual para o público adolescente brasileiro, já que os anteriores foram direcionados a

jovens adultos norte-americanos de 18 a 24 anos.

É possível afirmar, portanto, que estratégias adicionais de motivação devem ser

incluídas paralelamente aos estudos de intervenção baseados na distribuição de

materiais impressos direcionados aos estágios de mudança. Tais estratégias parecer ser

fundamentais para o impacto positivo da intervenção. Por outro lado, críticas

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Artigos- 110

recentemente levantadas ao uso do Modelo Transteórico apontam que as intervenções

baseadas nesta teoria são, de forma geral, mais intensas e personalizadas do que as

condições apresentadas ao grupo controle, isto é, abrangem maior proximidade e

envolvimento dos pesquisadores com os participantes do grupo intervenção e contatos

mais freqüentes e pessoais do que no grupo controle. Como consequência, o impacto

positivo observado em estudos de intervenção nesse formato seria decorrente de sua

intensidade e não do fato de se adotar embasamento no Modelo Transteórico (BRIDLE

et al. 2005).

Outros aspectos importantes podem explicar a ausência de impacto da

intervenção proposta neste estudo, como a ausência de envolvimento da família dos

adolescentes para motivar a mudança de comportamento. A família representa contexto

social fundamental, no qual os comportamentos, as ações e os hábitos de vida são

influenciados (ZANETTI et al. 2008), incluindo-se as práticas alimentares. Esta

corresponde a uma importante rede de suporte no processo de educação alimentar do

jovem e, especialmente, em programas de prevenção e tratamento da obesidade

(EPSTEIN et al. 1987, YOUNG et al. 2007).

Além disso, a participação da família em intervenções nutricionais é relevante

tendo em vista que frequentemente não é o próprio adolescente quem toma as decisões

sobre os alimentos disponíveis em casa. A falta de autonomia para selecionar os

alimentos que serão consumidos no lar é evidenciada pelo estudo de SILVA et al.

(2009), no qual as mães foram responsáveis pelo preparo de 44,7% dos alimentos

ingeridos pelos estudantes, enquanto que os mesmos assumiam apenas 12,6% das

preparações.

O envolvimento direto do professor na intervenção é um ponto questionável,

tendo em vista que SICHIERI e SOUZA (2008) mostraram que os programas de

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Artigos- 111

prevenção da obesidade em crianças e adolescentes são mais eficazes quando

conduzidos por pessoas dedicadas de forma exclusiva a este fim do que quando

exercidos pelos professores. Isso porque os professores frequentemente encontram-se

envolvidos em outras atividades da escola, ou estão pouco motivados, e não recebem

treinamento especializado e a devida supervisão para ministrar uma intervenção

conforme o proposto.

Da mesma forma, o estudo pode não ter tido duração necessária para promover

mudanças de comportamento alimentar. Sua duração de seis meses foi estimada com

base em dois aspectos: a possibilidade de realizar todo o estudo, desde sua apresentação

e aprovação pelos diretores das escolas, até a avaliação final dos alunos de ambos os

grupos, durante o ano letivo; e o fato de que a mudança do estágio de ação para o de

manutenção é de 6 meses, o que permitiria visualizar um avanço entre os estágios finais.

Apesar das intervenções descritas anteriormente terem apresentado duração

igual ou inferior a seis meses, a literatura tem mostrado que aquelas de maior duração

permitem exposição maior dos indivíduos às informações transmitidas e favorecem as

mudanças comportamentais (SICHIERI e SOUZA 2008). Contudo, é importante

destacar que intervenções longas implicam em maior custo e, quando conduzidas no

âmbito escolar, competem com as atividades efetuadas na sala de aula.

Outra limitação do estudo corresponde à avaliação da medida de consumo

alimentar por meio de opções categorizadas. Pequeno aumento no consumo semanal de

frutas e hortaliças, que ainda seja inferior a uma porção diária (por exemplo, de 2 para 4

vezes por semana), não poderia ser identificado por meio da avaliação adotada, já que a

primeira opção correspondia ao consumo destes alimentos em “menos de 1 vez ao dia”.

Outras formas de avaliação do consumo de frutas e hortaliças com maior sensibilidade

para pequenas modificações devem ser incorporadas, especialmente em grupos nos

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Artigos- 112

quais há um percentual tão expressivo de indivíduos com práticas alimentares

inadequadas.

Portanto, este estudo mostrou que uma intervenção nutricional baseada, de

forma exclusiva, na distribuição de materiais educativos impressos direcionados aos

estágios de mudança dos indivíduos não foi suficiente para modificar o comportamento

alimentar dos adolescentes, seja o consumo de frutas e hortaliças, os benefícios e

barreiras percebidos ou a auto-eficácia dos adolescentes. Isto evidencia a complexidade

dos aspectos envolvidos no comportamento alimentar dos adolescentes e reforça uma

grande dificuldade a ser enfrentada para a promoção de práticas alimentares saudáveis

neste grupo.

Sugere-se que intervenções voltadas ao público adolescente sejam adaptadas,

incorporando, além de materiais direcionados aos estágios de mudança, outras

estratégias de motivação para adotar uma alimentação saudável. É importante

considerar ainda o envolvimento da rede social para o apoio à mudança

comportamental, o tempo da intervenção e a adoção de medidas de avaliação sensíveis

para captar pequenas mudanças nas práticas alimentares.

AGRADECIMENTOS/ CONFLITO DE INTERESSES

Sinceros agradecimentos ao International Life Sciences Institute- ILSI Brasil, entidade

não governamental sem fins lucrativos, que financiou este estudo. Não é apresentado

qualquer conflito de interesses.

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Artigos- 113

COLABORADORES

N. Toral e B. Slater conceberam o presente estudo. N. Toral realizou o trabalho de

campo, interpretou os dados e trabalhou na redação do artigo. B. Slater atuou na revisão

crítica da versão final do manuscrito. Este estudo é parte da tese de doutorado de N.

Toral, de título “A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o impacto de uma

intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico

entre escolares de Brasília-DF”.

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Artigos- 114

Tabela 1 – Comparação de variáveis do estudo entre os grupos controle e intervenção.

Total Controle Intervenção

Variáveis n % n % n %

Valor

de p

Idade

Entre 11 e 13 anos 489 56,9% 207 55,5% 282 57,9%

Entre 14 e 16 anos 365 42,4% 163 43,7% 202 41,5%

Entre 17 e 19 anos 6 0,7% 3 0,8% 3 0,6% 0,459

Sexo

Masculino 348 40,5% 135 36,2% 213 43,7%

Feminino 512 59,5% 238 63,8% 274 56,3% 0,030

Renda familiar

inferior a 2 SM 294 34,2% 120 32,2% 174 35,7%

de 2 a 5 SM 286 33,2% 118 31,6% 168 34,5%

5 ou mais SM 200 23,3% 100 26,8% 100 20,5%

não sabe/não respondeu 80 9,3% 35 9,4% 45 9,3% 0,130

Estado nutricional

Magreza 23 2,6% 8 2,2% 15 3,1%

Eutrofia 682 79,3% 304 81,5% 378 77,6%

Sobrepeso 126 14,7% 50 13,4% 76 15,6%

Obesidade 29 3,4% 11 2,9% 18 3,7% 0,544

Consumo diário de FH

Adequado 94 10,9% 43 11,5% 51 10,5%

Inadequado 766 89,1% 330 88,5% 436 89,5% 0,660

Estágios de mudança

Pré-contemplação 376 43,7% 159 42,6% 217 44,6%

Contemplação 117 13,6% 46 12,3% 71 14,6%

Preparação 273 31,7% 125 33,5% 148 30,4%

Ação 16 1,9% 8 2,1% 8 1,6%

Manutenção 78 9,1% 35 9,4% 43 8,8% 0,377

Total 860 100% 373 100% 487 100%

* Nota: SM: salários mínimos; FH: frutas e hortaliças.

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Artigos- 115

Tabela 2 – Comparação da distribuição dos participantes segundo a adequação de

consumo de frutas e hortaliças e os estágios de mudança, após a intervenção, entre os

grupos controle e intervenção.

Controle Intervenção Variáveis

n % n %

Valor de

p

Consumo diário de FH

Adequado 27 8,4% 42 9,4%

Inadequado 296 91,6% 406 90,6% 0,626

Estágios de mudança

Pré-contemplação 134 41,5% 195 43,5%

Contemplação 67 20,7% 89 19,9%

Preparação 95 29,4% 122 27,2%

Ação 5 1,6% 9 2,0%

Manutenção 22 6,8% 33 7,4%

0,905

Total 323 100% 448 100%

* Nota: SM: salários mínimos; FH: frutas e hortaliças.

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Artigos- 116

Tabela 3 – Comparação dos escores de equilíbrio de decisões para benefícios e

barreiras e do escore de auto-eficácia, ajustados por idade e sexo dos participantes,

após a intervenção, entre os grupos controle e intervenção (resultados da ANCOVA).

Controle Intervenção

Variáveis média Erro padrão média Erro padrão

Valor

de p

Escore de benefícios 28,73 0,17 28,97 0,14 0,2885

Escore de barreiras 13,50 0,16 13,33 0,13 0,4153

Auto-eficácia 31,62 0,20 31,69 0,17 0,7749

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7. Considerações

Finais

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Considerações Finais - 118

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os adolescentes manifestaram insegurança para classificar sua alimentação

como saudável e para modificá-la, o que pode decorrer: da dificuldade de avaliar o

conjunto da dieta, e não determinados grupos alimentares; ou por terem se enfrentado

ao “desejo social” de se ter uma alimentação saudável ao responder sobre o tema; ou

por não dispor de instrumentos suficientes para elaborar um julgamento da própria

alimentação.

Os jovens demonstraram conhecimento adequado sobre o padrão de uma

alimentação saudável, o que evidencia que o foco das intervenções nutricionais

tradicionais, voltadas para o fornecimento de informações básicas sobre o conceito

de uma alimentação saudável, deve ser profundamente modificado.

As principais barreiras citadas foram focadas em aspectos pessoais e sociais,

como: a tentação, o sabor dos alimentos, a influência dos pais e a falta de tempo e de

opções de lanches saudáveis na escola. É necessário prover o adolescente de

estratégias para superar tais barreiras, adaptando as recomendações nutricionais ao

estilo de vida e preferências do jovem, com a ênfase em opções de alimentos

saudáveis e palatáveis em receitas de preparo rápido.

Segundo os adolescentes, os materiais educativos de promoção de uma

alimentação saudável devem ser apresentados no formato de revistas ou gibis, com

freqüência quinzenal ou mensal, envolvendo atrativos visuais e uma linguagem

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Considerações Finais - 119

simples e direta. Devem incluir aspectos lúdicos para a identificação com o jovem,

como histórias em quadrinhos e jogos, reforçar os benefícios imediatos da dieta

saudável e destacar mensagens alarmantes sobre os riscos à saúde advindos de uma

alimentação inadequada.

Foi observada uma prevalência muito elevada de inadequação do consumo de

frutas e hortaliças entre os escolares (89,1%), bem como um elevado percentual de

adolescentes com excesso de peso (18,1%) no estudo. O quadro ressalta a

necessidade urgente de intervenções nutricionais de impacto para promover práticas

alimentares saudáveis e motivar os jovens a adotar as recomendações nutricionais.

O baixo consumo de frutas e hortaliças entre os participantes pode estar

associado a sua situação socioeconômica, considerando que 34,2% da população

avaliada apresentavam renda familiar inferior a dois salários mínimos (cerca de US$

475,00).

O estudo de intervenção nutricional mostrou que a estratégia baseada, de forma

exclusiva, na distribuição de materiais educativos impressos direcionados aos

estágios de mudança dos indivíduos não foi suficiente para modificar o

comportamento alimentar dos adolescentes, seja seu consumo de frutas e hortaliças,

os benefícios e barreiras percebidos ou sua auto-eficácia. Isto evidencia a

complexidade dos aspectos envolvidos no comportamento alimentar e reforça uma

grande dificuldade a ser enfrentada para a promoção de práticas alimentares

saudáveis na adolescência.

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Considerações Finais - 120

Cabe ressaltar que o estudo apresenta limitações, como: a não inclusão de

estratégias paralelas de motivação para o aumento do consumo de frutas e hortaliças,

além do uso dos materiais direcionados aos estágios de mudança; a ausência de

envolvimento da família dos adolescentes para motivar as modificações na dieta; o

tempo curto da intervenção – seis meses – para promover uma mudança de

comportamento alimentar; a avaliação do consumo alimentar por meio de opções

categorizadas, medida pouco sensível a pequenas modificações do consumo de frutas

e hortaliças.

Intervenções destinadas aos adolescentes devem incorporar, além de materiais

direcionados aos estágios de mudança, outras estratégias de motivação para adotar

uma alimentação saudável. Deve-se considerar o envolvimento da rede social para o

apoio à mudança comportamental, o tempo da intervenção e a adoção de medidas de

avaliação sensíveis para captar pequenas mudanças nas práticas alimentares.

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8. Referências

Page 122: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Referências- 122

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9. Anexos

Page 137: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Anexos- 137

Anexo 1 – Carta de apresentação do estudo qualitativo e

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Page 138: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Anexos- 138

Universidade de São Paulo – Faculdade de Saúde Pública PESQUISA SOBRE ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA

CARTA DE INFORMAÇÃO E TERMO DE CONSENTIMENTO

O presente estudo corresponde a parte da tese de doutorado da pesquisadora principal, Maria Natacha Toral Bertolin, que é aluna da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Nesta pesquisa, os adolescentes voluntários participarão de grupos de debate sobre os conceitos que os mesmos têm de uma alimentação saudável, as principais barreiras para adotá-la, e as características de materiais educativos que possam promovê-la no meio escolar e motivar os adolescentes a adotá-la. A entrevista será conduzida pela pesquisadora principal no ambiente escolar. Os grupos de debate serão compostos por 5 a 8 adolescentes e terão duração máxima de 1 hora. As discussões serão gravadas e posteriormente transcritas para análise. Também serão coletados os seguintes dados dos participantes: nome, série, sexo e data de nascimento. A participação neste estudo não implica em qualquer risco para o aluno, nem o expõe a situações constrangedoras, nem o impede de assistir às aulas ou prejudicará as atividades na escola. As interferências nas aulas serão realizadas apenas com a autorização da escola.

O pesquisador principal garante que a informação coletada é de caráter confidencial, sendo que este estudo pode vir a ser publicado em congressos e revistas científicas, resguardando-se a identificação dos participantes.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Após apresentadas as informações acima, solicita-se a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a seguir, seu preenchimento e assinatura. Ressalta-se que se necessário, o responsável pode retirar o consentimento de participação do adolescente no estudo a qualquer momento.

Assinando o Termo de Consentimento, o(a) Sr(a). consente que foi esclarecido(a): Dos objetivos da pesquisa; Das informações que serão fornecidas pelo adolescente; Que o presente estudo não trará nenhum risco para a integridade física ou moral do

menor; Que poderá obter informações dos procedimentos durante o estudo; Que não terá quaisquer gastos relacionados à pesquisa; Que tem a liberdade de não colaborar ou desistir a qualquer momento ao longo da

pesquisa; Que os resultados da pesquisa serão transmitidos à escola.

O pesquisador garante que: A informação é de caráter confidencial; Este estudo não prejudicará as atividades escolares do aluno.

Agradecemos pela colaboração!

Pesquisadores responsáveis: Natacha Toral Tel: (61) 8138-8879 E-mail: [email protected]

Profª Betzabeth Slater (orientadora)

Tel.: (11) 3061-7701 r. 243 E-mail: [email protected]

Page 139: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Anexos- 139

Universidade de São Paulo – Faculdade de Saúde Pública PESQUISA SOBRE ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________,

responsável pelo(a) aluno(a)

_____________________________________________________, da escola

___________________________________________________, matriculado na

______ série, declaro que entendi e não tenho qualquer dúvida a respeito da carta de

informação deste estudo. Assim sendo, autorizo o(a) adolescente do qual sou

responsável a participar deste estudo.

Brasília, _____ de ________________ de 200_.

Assinatura do responsável pelo aluno: _______________________________

RG:______________

____________________________________________________________________

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Anexos- 140

Anexo 2 – Carta de apresentação do estudo de

intervenção e Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido

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Anexos- 141

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

Av. Dr. Arnaldo, 715 - Cerqueira Cesar CEP: 01246-904 São Paulo/SP Tel./FAX: (011) 3061- 7762

e-mail:[email protected]

Prezados pais/responsáveis, A escola do(a) seu(sua) filho(a) foi selecionada para participar de uma pesquisa

sobre o comportamento alimentar de adolescentes de escolas públicas de Brasília – DF. É um projeto do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, da Profa. Dra. Betzabeth Slater e da aluna de doutorado da instituição, Natacha Toral. A pesquisa quer avaliar o impacto de materiais educativos para promover uma alimentação saudável entre os adolescentes de 7ª e 8ª séries. Os participantes serão entrevistados, na escola, por pesquisadores treinados, em março e em novembro de 2009. Em cada entrevista, serão registrados:

Ao início do estudo: - Nome, escola, série/turma, período de estudo, sexo, data de nascimento, endereço e telefone; - Dados de peso e altura, para avaliar o estado nutricional do adolescente; - Dados sobre sua percepção alimentar e sua motivação para modificar sua alimentação; - Dados de consumo alimentar, registrando a alimentação do adolescente no dia anterior à entrevista.

Ao final do estudo: - Dados de peso e altura, para avaliar o estado nutricional do adolescente; - Dados sobre sua percepção alimentar e sua motivação para modificar sua alimentação; - Dados de consumo alimentar, registrando a alimentação do adolescente no dia anterior à entrevista. Caso a turma do seu filho seja selecionada para o estudo de intervenção, o aluno receberá, mensalmente, oito materiais educativos impressos sobre alimentação saudável na escola durante o ano letivo e cartas enviadas pelo correio a sua residência sobre a importância do consumo de frutas e verduras. Solicita-se a leitura destes pelo aluno.

A participação no estudo não implicará em qualquer risco ou custo para o aluno, nem o exporá a situações constrangedoras, nem o impedirá de assistir às aulas ou prejudicará as atividades na escola. As interrupções durante as aulas para a realização das entrevistas e para a entrega do material serão realizadas apenas com a autorização da diretoria da escola e dos professores. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, em 07 de dezembro de 2007.

O pesquisador principal garante que as informações de cada adolescente são confidenciais, sendo que este estudo poderá ser publicado em congressos e revistas científicas, sem revelar a identidade dos participantes.

Caso o(a) Sr.(a) autorize a participação do(a) seu(sua) filho(a) no estudo, solicita-se a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido na próxima folha, seu preenchimento e assinatura. Se necessário, o responsável poderá retirar a autorização de participação do adolescente no estudo a qualquer momento. Solicita-se que, em caso de autorização do adolescente, sejam preenchidas as questões sobre dados socioeconômicos da família.

Assinando o Termo de Consentimento, o(a) Sr(a).concorda que foi esclarecido(a): Dos objetivos da pesquisa; Das informações que deverão ser fornecidas sobre alimentação;

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Anexos- 142

Que serão avaliados peso e altura; Que o presente estudo não trará nenhum risco para a integridade física ou moral do

menor; pelo contrário, oferecerá benefícios, pois permitirá o conhecimento do estado nutricional para posterior orientação alimentar; Que poderei obter informações dos procedimentos durante o estudo; Que não terá quaisquer gastos relacionados à pesquisa; Que tem a liberdade de não colaborar ou desistir a qualquer momento ao longo da

pesquisa; Que os resultados da pesquisa serão transmitidos à escola.

O pesquisador garante que:

A informação dos participantes são confidenciais; Este estudo não prejudicará as atividades escolares do aluno.

Agradecemos pela colaboração! Profa. Dra. Betzabeth Slater e Dra. Natacha Toral.

Contatos: (11) 3061-7853/ (61) 8138-8879. E-mail: [email protected]. Endereço: Caixa Postal 7036. Brasília-DF. CEP: 71635-971.

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PESQUISA DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA – DF

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________, responsável pelo(a) aluno(a) _____________________________________________________, da escola ______________________________, matriculado na ______ série, turma: ___, declaro que entendi e não tenho qualquer dúvida a respeito da carta de informação desta pesquisa. Assim sendo, autorizo o(a) adolescente do qual sou responsável a participar deste estudo.

Brasília, _____ de ________________ de 2009.

Assinatura do responsável pelo aluno: _______________________________ RG ou CPF do responsável pelo aluno:______________

Endereço completo (incluir bairro e CEP, se possível):

_______________________________________________________________ Dados socioeconômicos: De quanto é a renda média mensal da sua família, considerando a soma da renda de

todos os membros e incluindo, por exemplo, o salário do trabalho, pensão, aposentadoria, doações, auxílios do governo ou outras rendas? (Anote o valor em reais ou a opção em faixas de salário mínino – 1 salário mínimo = R$ 465,00)

1. Em reais: R$ ________________________ Em salários mínimos:

( ) até 2 salários mínimos ( ) de 2 a 5 salários mínimos ( ) de 5 a 8 salários mínimos ( ) de 8 a 15 salários mínimos ( ) acima de 15 salários mínimos

2. ( ) Não sei

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Anexos- 143

Anexo 3 – Questionário utilizado no estudo de

intervenção

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Anexos- 144

Universidade de São Paulo – Faculdade de Saúde Pública – Departamento de Nutrição N°: ______ Pesquisa de Avaliação do Comportamento Alimentar de Adolescentes de Brasília

IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO

1. Nome: 2. Escola: 3. Série/ Turma: 4. Período: 1. Manhã 2. Tarde 3. Noite 5. Data da entrevista: ___/___/___ 6. Sexo: 1. Masculino 2. Feminino 8. Idade:

__ anos 9. Data de nascimento: ___/___/___

9. Endereço completo ( somente para escolas intervenção): Bairro: CEP: 10. Telefone(s): 11. Acesso à Internet: ( ) Sim, diariamente ( ) Sim, de vez em quando ( ) Raramente/ Não

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 12. Peso: 1. 1ª medida: __________kg 2. 2ª. medida: __________kg

13. Altura: 1. 1ª medida: __________cm 2. 2ª. medida: __________cm

ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL E PRÁTICA ALIMENTAR 14. Você já recebeu orientação sobre alimentação saudável de algum profissional de saúde, como nutricionista ou médico? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Apresentar o conceito de porções e continuar: 15. Quantas porções de frutas e verduras, somadas, você consome por dia?

( ) Menos de 1 porção/dia ( ) 3 porções/dia ( ) 1 porção/dia ( ) 4 porções/dia ( ) 2 porções/dia ( ) 5 ou mais porções/dia

ESTÁGIO DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO Para aqueles com consumo de frutas e verduras abaixo de 5 porções/ dia:

16. Você pretende aumentar seu consumo de frutas e verduras no futuro? 1. Sim, nos próximos 30 dias 2. Sim, nos próximos 6 meses 3. Não pretendo aumentar

Para aqueles com consumo de frutas e verduras igual ou superior a 5 porções/ dia: 17. Há quanto tempo você mantém esse consumo de frutas e verduras?

1. Há menos de 6 meses 2. Há 6 meses ou mais

EQUILÍBRIO DE DECISÕES Para o entrevistado: Você concorda com estas frases? Avalie a importância que elas têm para você quando falamos em comer mais frutas e verduras

18. Eu acho que comer frutas e verduras é caro. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

19. Eu acho que comer frutas e verduras pode ajudar a manter um peso saudável. 1. Não concordo 2. Não 3. Concordo 4. Concordo 5. Concordo

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Anexos- 145

de jeito nenhum concordo muito um pouco bastante totalmente 20. Eu acho que comer frutas e verduras pode ajudar a prevenir doenças. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

21. É difícil achar frutas e verduras que eu goste. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

22. Eu acho que é possível comprar frutas e verduras de qualidade com preço baixo. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

23. Eu estaria fazendo algo bom pro meu corpo e minha imagem se eu comesse mais frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

24. Eu ficaria com vergonha se meus amigos me vissem comendo frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

25. Eu me sentiria mais saudável se comesse mais frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

26. Eu não tenho tempo para comer frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

27. Eu precisaria de muita ajuda da minha família para comer mais frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

28. Eu prefiro comer doces ou salgadinhos a comer frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

29. Eu acho que frutas e verduras são difíceis de preparar. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

30. Eu trocaria refrigerantes, doces e salgadinhos por frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

31. Minha família ficaria feliz se eu comesse mais frutas e verduras. 1. Não concordo de jeito nenhum

2. Não concordo muito

3. Concordo um pouco

4. Concordo bastante

5. Concordo totalmente

AUTO-EFICÁCIA

Para o entrevistado: Você consegue fazer isto? Avalie sua confiança na possibilidade de modificar sua alimentação.

32. Eu consigo comer mais frutas e verduras nas minhas refeições. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 33. Eu consigo comer mais frutas e verduras quando eu como em casa. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 34. Eu consigo comer mais frutas e verduras quando eu como na rua. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

2. Eu acho que eu não

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

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Anexos- 146

consigo consigo CONSIGO 35. Eu posso pedir para alguém da minha família incluir frutas e verduras nas minhas refeições. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 36. Eu posso comer frutas e verduras no lugar de doces ou salgadinhos. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 37. Eu posso pedir para alguém da minha família comprar as minhas frutas e verduras favoritas para mim. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 38. Eu consigo comer pelo menos três porções de frutas e verduras por dia. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO 39. Eu vou arranjar tempo para comer mais frutas e verduras. 1. Tenho certeza de que eu NÃO

consigo

2. Eu acho que eu não

consigo

3. Talvez eu consiga

4. Eu acho que eu consigo

5. Tenho certeza de que

CONSIGO

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Anexos- 147

Anexo 4 – Instrutivo ilustrado de porções de frutas e

hortaliças

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Anexos- 148

O QUE É UMA PORÇÃO?

UMA PORÇÃO DE VERDURAS

UMA PORÇÃO DE FRUTA

Fonte: Adaptado de: Nascimento MAB, Ito MK, Recine EGIG. Guia de Alimentação para Portadores de Diabetes Tipo 2. Brasília: Convênio MS/ Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília, 2001.

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Anexos- 149

Anexo 5 – Aprovação do Comitê de Ética da Faculdade

de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

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Anexos- 150

Page 151: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Currículo Lattes

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Currículo Lattes- 152

Dados pessoais Nome Maria Natacha Toral Bertolin

Nome em citações bibliográficas

TORAL, N.

Sexo Feminino

Endereço profissional Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição-Ministério da Saúde, Equipe de Avaliação e Monitoramento. SAF Sul, Quadra 2 Lote 5/6, Bloco II Sala 8 - Auditório, Edifício Premium Esplanada dos Ministérios 70070-600 - Brasilia, DF - Brasil Telefone: (61) 33068012 URL da Homepage: http://nutricao.saude.gov.br

Formação acadêmica/Titulação 2006 Doutorado em andamento em Saúde Pública (Conceito CAPES 5) .

Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Impacto de uma intervenção nutricional com materiais educativos baseados no Modelo Transteórico entre adolescentes de escolas públicas de Brasília-DF, Orientador: Betzabeth Slater. Palavras-chave: estágios de mudança de comportamento; consumo alimentar; adolescentes. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: NUTRICAO NA ADOLESCENCIA.

2004 - 2006 Mestrado em Saúde Pública (Conceito CAPES 5) . Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Estágios de mudança de comportamento e sua relação com o consumo alimentar de adolescentes, Ano de Obtenção: 2006.

Orientador: Betzabeth Slater. Bolsista do(a): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, Brasil. Palavras-chave: adolescentes; estágios de mudança de comportamento; consumo alimentar. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: NUTRICAO NA ADOLESCENCIA. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: Análise Nutricional de População. Setores de atividade: Nutrição e Alimentação.

2003 - 2004 Especialização em Adolescencia para equipe multidisciplinar . (Carga Horária: 1488h). Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil.

1999 - 2002 Graduação em Nutrição . Universidade de Brasília, UNB, Brasil. Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, , .

Formação complementar

2009 - 2009 V Taller Latinoamericano de Liderazgo en Nutrición. Instituto de Nutricion y Tecnologia de los Aliment.

2007 - 2007 Crecimiento del niño: nuevos estandares OMS. (Carga horária: 27h). Organización Panamericana de Salud.

2007 - 2007 Oficina Melhoria dos Programas de Nutrição. (Carga horária: 40h). Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Maria Natacha Toral Bertolin

possui graduação em Nutrição pela Universidade de Brasília (2002), especialização em Adolescência para Equipe Multidisciplinar pela Universidade Federal de São Paulo (2003) e mestrado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (2006). Atualmente é doutoranda da Universidade de São Paulo e consultora técnica da Coordenação Geral da Polít ica de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição em Saúde Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: comportamento e consumo alimentar, adolescentes, Modelo Transteórico e perfil nutricional de populações. (Texto informado pelo autor)

Última atualização do currículo em 28/12/2009 Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4638157715005044

Page 153: A alimentação saudável na ótica dos adolescentes e o ... · habilidade ou a motivação para aplicar esse conhecimento na seleção e no preparo dos alimentos para seu consumo

Currículo Lattes- 153

Dados pessoais Nome Betzabeth Slater Villar

Nome em citações bibliográficas

SLATER, B.

Sexo Feminino

Endereço profissional Universidade de São Paulo. Av. Dr. Arnaldo 715 2º andar Cerqueira César 01246904 - Sao Paulo, SP - Brasil Telefone: (11) 30667701 Ramal: 243 Fax: (11) 30667705 URL da Homepage: http://www.fsp.usp.br

Formação acadêmica/Titulação

1997 - 2001 Doutorado em Saúde Pública (Conceito CAPES 5) . Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Desenvolvimento e Validação de um Questionário Semi-quantitativo de Freqüência Alimentar para Adolescesntes, Ano de Obtenção: 2001. Orientador: Sonia Tucunduva Philippi. Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Palavras-chave: Questionário; Validade; Adolescentes; Inquerito. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: Análise Nutricional de População / Especialidade: Epidemiologia Nutricional. Setores de atividade: Nutrição e Alimentação.

1992 - 1996 Mestrado em Nutrição Humana Aplicada (Conceito CAPES 4) . Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Título: Identificação de Risco de deficiencia de Vitamina A em Gestantes utilizando Metodologia Simplificada de Inquérito Alimentar, Ano de Obtenção: 1996. Orientador: Maria José Roncada. Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil. Palavras-chave: Inquérito; Vitamina A; gestantes. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: Análise Nutricional de População / Especialidade: Avaliação do Consumo Alimentar de Populações. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: Análise Nutricional de População / Especialidade: Epidemiologia Nutricional. Grande área: Ciências da Saúde / Área: Nutrição / Subárea: Análise Nutricional de População / Especialidade: Saúde Pública. Setores de atividade: Nutrição e Alimentação.

1979 - 1986 Graduação em Nutrição . Universidade Nacional Mayor de San Marcos.

Formação complementar

2008 - 2009 Treinamente em Alimentação escolar. (Carga horária: 150h). Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil.

Betzabeth Slater Villar

possui graduação em Nutrição pela Universidade Nacional Mayor de San Marcos (1986), mestrado em Nutrição Humana Aplicada pela Universidade de São Paulo (1996) e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Epidemiologia Nutricional, atuando principalmente nos seguintes temas: Métodos quantitativos e qualitativos para avaliação do consumo alimentar de adolescentes e adultos.; Recomendações nutricionais DRIs e Alimentação de crianças e adolescentes. É Editora associada da Revista Brasileira de Epidemiologia e atua como parecerista de Revista de Saude Pública e Europ. Journal of Clinical Nutrition. Também é membro suplente do conselho do departamento de Nutrição da Faculdade de Saude Pública (Texto informado pelo autor)

Última atualização do currículo em 05/01/2010 Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/9309234246831567