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A aglomeração produtiva de móveis no Corede Serra Relatório I Outubro/2013

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A aglomeração produtiva de móveis no Corede Serra

Relatório IOutubro/2013

Fundação de Economia e Estatística

Centro de Estudos Econômicos e Sociais (CEES)

Núcleo de Análise Setorial (NAS)

A AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DE MÓVEIS

NO COREDE SERRA

RELATÓRIO I

Pesquisadores

Elvin Maria Fauth Fernanda Queiroz Sperotto

Bolsista FAPERGS

Mateus Carvalho Cenedeze

Porto Alegre, outubro de 2013

-

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SECRETARIA DO PLANEJAMENTO, GESTÃO E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser CONSELHO DE PLANEJAMENTO: Presidente: Adalmir A. Marquetti. Membros: André F. Nunes de Nunes, Angelino Gomes Soares Neto, Julio César Ferraza, Fernando Ferrari Filho, Ricardo Franzói e Leonardo Ely Schreiner. CONSELHO CURADOR: Luciano Feltrin, Olavo Cesar Dias Monteiro e Gérson Péricles Tavares Doyll. DIRETORIA

PRESIDENTE: ADALMIR ANTONIO MARQUETTI DIRETOR TÉCNICO: ANDRÉ LUIS FORTI SCHERER DIRETOR ADMINISTRATIVO: ROBERTO PEREIRA DA ROCHA

CENTROS ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS: Renato Antonio Dal Maso PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO: Dulce Helena Vergara INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS: Juarez Meneghetti INFORMÁTICA: Valter Helmuth Goldberg Junior DOCUMENTAÇÃO E DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES: Tânia Leopoldina P. Angst RECURSOS: Maria Aparecida R. Forni

Esta pesquisa, financiada pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento

(AGDI), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, foi desenvolvida pelo

Núcleo de Análise Setorial, do Centro de Estudos Econômicos e Sociais da Fundação de Economia e

Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Secretaria do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento

Regional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Como referenciar este trabalho:

FAUTH, E.M; SPEROTTO, F.Q.. A aglomeração produtiva de móveis no Corede Serra. Relatório I. Porto

Alegre: FEE, 2013. Relatório do Projeto Estudo de Aglomerações Industriais e Agroindustriais no RS.

Disponível em:< http://www.fee.rs.gov.br/publicacoes/relatorios/>.

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Sumário

Introdução .................................................................................................................................... 04 1 Localização e área de abrangência regional da aglomeração......................................... 04 2 Caracterização do setor e estudos sobre a aglomeração de móveis da Serra gaúcha... 03 2.1 A indústria de móveis no Brasil........................................................................................... 11 2.2 A aglomeração produtiva de móveis da Serra gaúcha................................................. 14

2.3 A inserção atual da aglomeração produtiva de móveis da Serra gaúcha........................ 23

3. Descrição das características socioeconômicas e produtivas da região ...................... 25 3.1 Do Corede Serra........................................................................................................... 25 3.2 Do municípios do Corede Serra.......................................................................................... 28 3.3 Dados de emprego formal e estabelecimentos................................................................... 33 3.4 Dados de exportação e de importação de móveis............................................................. 49 Considerações finais ............................................................................................................. 63 Referências .................................................................................................................................. 65 Apêndice ...................................................................................................................................... 67

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Introdução

A organização empresarial na forma de Arranjos Produtivos Locais (APL) tem sido cada vez mais

utilizada como mecanismo de busca de eficiência e de melhoria de competitividade das empresas, sendo

amplamente priorizadas em políticas públicas e diretrizes governamentais para promoção do

desenvolvimento regional e local. Como a predominância de empresas no Brasil é de micro, pequeno e

médio portes, torna-se muito importante a busca de conhecimentos e de instrumentos que possam contribuir

para decisões e ações que visem à competitividade dessas empresas diante de um mercado globalizado.

A presente análise integra o projeto Estudo de aglomerações industriais e agroindustriais do

Rio Grande do Sul, desenvolvido pelo Núcleo de Análise Setorial da Fundação de Economia e Estatística

(NAS/FEE), que, por sua vez, insere-se no contexto de programas setoriais do Governo Estadual Tarso

Genro, com vistas ao reforço das aglomerações produtivas com características de APL. A aglomeração

produtiva de móveis da Serra, um Arranjo Produtivo Local consagrado na economia do Estado, foi uma das

identificadas na primeira etapa desse projeto, intitulado “Relatório I: As aglomerações industriais do Rio

Grande do Sul: identificação e seleção (2013)”, no qual foram identificadas 12 aglomerações produtivas.

A proposta deste trabalho é analisar a atual situação da aglomeração produtiva de móveis da Serra,

com o objetivo de possibilitar o embasamento de medidas que promovam o seu desenvolvimento, com

vistas, tanto a garantir sua preeminência no mercado interno, como a reforçar sua posição no mercado

internacional.

1. Localização e área de abrangência regional da aglomeração

A região gaúcha que abriga o Corede Serra está localizada na parte nordeste do Estado do Rio

Grande do Sul, aproximadamente a 120 km da Capital. Essa região possui um clima com estações bem

definidas, com verões amenos e invernos com temperaturas abaixo da média estadual, com ocorrências

frequentes de geadas. Apesar de não ser o ponto mais alto do Estado, a região serrana é a mais acidentada,

contando com altitudes de até 1.300 metros.

O Corede situa-se em duas bacias hidrográficas importantes: a do rio Caí e a dos rios Taquari e

Antas. As duas bacias abrangem as regiões geomorfológicas do Planalto Meridional e da Depressão

Central, e suas águas se destinam à irrigação, ao abastecimento público, à criação de animais e às

atividades agroindustriais e industriais. Outra particularidade da região é que está localizada no Bioma da

Mata Atlântida e que possui grandes áreas de florestas nativas — floresta ombrófila caducifólia e floresta

subtropical com araucária.

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O Corede Serra é composto por 31 municípios (Figura 1), a saber: Antônio Prado, Bento Gonçalves,

Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Fagundes Varela, Farroupilha,

Flores da Cunha, Garibaldi, Guabiju, Guaporé, Montauri, Monte Belo do Sul, Nova Araçá, Nova Bassano,

Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Paraí, Protásio Alves, Santa Tereza, São Jorge, São Marcos,

São Valentim do Sul, Serafina Correa, União da Serra, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.

Figura 1

2. Caracterização do setor e estudos sobre a aglomeração de móveis da

Serra gaúcha

A indústria de móveis integra um dos ramos mais tradicionais da indústria de transformação e está

presente de forma pulverizada, em vários lugares. Como a tecnologia é relativamente disseminada e o

recurso para o investimento inicial não é vultoso, a maioria das empresas do setor são de micro e pequeno

portes, tendo no máximo 49 empregados.

Nesse contexto, predomina a ausência de barreiras à entrada, e o preço do produto final é

normalmente fixado pelas condições de mercado. Há um pequeno grupo de empresas que, a partir da

consolidação de sua marca, consegue fixar o mark-up do seu produto. Porém, como destaca Gorini (1998),

embora as estratégias de diversificação de produto sejam importantes para o setor, o preço final ainda

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continua sendo o fator mais importante para a competitividade da indústria de móveis, quer no âmbito

internacional, quer no âmbito nacional. Assim, o setor de móveis insere-se num ambiente com grande

número de concorrentes, que produzem bens com alguma diferenciação, a partir de materiais diferenciados,

design, qualidade, ergonomia, etc. — permitindo que apenas alguns produtores fixem seus preços.

A estrutura de confecção de móveis agrega diversas etapas de produção e faz uso de vários tipos

de matérias-primas e produtos distintos. Seu ciclo de fabricação divide-se em quatro etapas básicas: o corte

de painéis de madeira, a usinagem, o acabamento e a montagem. Além disso, como sua produção pode ser

decomposta em fases e componentes de produto, cada uma das etapas da produção pode ser executada

em tempos e lugares distintos (COSTA; HENKIN, 2012).

Resumidamente, o mercado de móveis pode ser segmentado segundo quatro critérios:

Finalidade do móvel: residencial, de escritório e institucional (móveis escolares, hospitalares

e de lazer);

Material predominante: madeira maciça, chapas de compensados de madeira, metal,

plástico e outros materiais naturais como o vime e a juta;

Classe de consumo a que se destina: A, B, C, D ou E; e

Faixa etária do consumidor: infantil, juvenil ou adulto.

Outra particularidade da indústria moveleira é a descontinuidade do processo produtivo, que pode

ocasionar a modernização de somente algumas fases da produção, fazendo com que, num mesmo

ambiente fabril, estejam operando máquinas modernas ao lado de máquinas obsoletas.

As empresas, na sua maioria, tendem a ser especializadas em um ou dois tipos de móveis.

Ademais, integram um mercado altamente intensivo em mão de obra e com valor adicionado por unidade de

trabalho menor que a média de outros setores (GORINI, 1998).

A demanda de móveis é segmentada por nichos de mercado e varia positivamente com a renda.

Sua elasticidade-renda é muito sensível às variações conjunturais da economia, sendo também influenciada

por outros fatores, como estilo de vida, aspectos culturais, ciclo de reposição, investimento em marketing,

etc. No Brasil, a despesa com aquisição de móveis corresponde, aproximadamente, a 2% da renda

disponível das famílias e é atendida, basicamente, pela produção interna (GORINI, 1998; ROSA et al, 2007).

No cenário mundial, constata-se uma clara divisão de trabalho na estrutura produtiva de móveis e,

por conseguinte, um desequilíbrio de lucratividade. De um lado, estão os países desenvolvidos, que se

especializaram nas etapas de maior valor agregado, envolvendo o design, os projetos de desenvolvimento

de produtos e a distribuição e comercialização no âmbito mundial. De outro lado, os países em

desenvolvimento, que assumiram a produção de partes e componentes e a confecção do móvel (ROSA et

al, 2007; COSTA; HENKIN, 2012).

Até a década de 70, a configuração mundial da produção de móveis era definida quase que

exclusivamente pelos países desenvolvidos. Eram eles que importavam e processavam as matérias-primas

(principalmente a madeira bruta) dos países em desenvolvimento. Todavia, já nos anos 80, alguns países

em desenvolvimento conseguiram penetrar nesse mercado, aproveitando duas importantes vantagens

competitivas: a detenção de reservas abundantes de madeira e de mão de obra.

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Atualmente, a produção de móveis já se insere em cadeias globais de produção, a exemplo de

outros bens. A tendência progressiva de redução das barreiras comerciais, os investimentos externos, as

inovações dos transportes, as melhorias nas embalagens de produtos frágeis e os avanços das tecnologias

de informação e comunicação foram fatores que possibilitaram essa inserção (GALINARI; TEXEIRA JR.;

MORGADO, 2013).

Entre os principais players mundiais — como Itália, Estados Unidos, Alemanha e França —,

observa-se que os ganhos de produtividade e a flexibilização do processo de produção foram decorrentes da

utilização de equipamentos mais automatizados, juntamente com novas técnicas de gestão empresarial. Na

maioria desses países, o aumento da horizontalização da produção, mediante a presença de produtores

mais especializados na elaboração de componentes para a indústria de móveis, permitiu que a produção se

tornasse mais flexível, possibilitando uma diminuição dos custos associada ao aumento da eficiência

produtiva (GORINI, 1998).

Paralelamente, no decorrer desse processo, alguns países asiáticos — como China, Malásia e

Taiwan — alcançaram vantagens competitivas importantes. Essas vantagens elevaram o market-share

desses países, principalmente, nos segmentos de móveis de metal, de cadeiras e mesas de escritório e

armários de cozinha e estantes (GORINI, 1998). No caso de Taiwan, houve avanços em: a) pesquisa de

novas matérias primas, principalmente na produção de móveis de metal; b) desenvolvimento de novos

projetos sustentados em conceitos de funcionalidade e conforto; c) formação de redes de cooperação entre

as empresas para o desenvolvimento conjunto de produtos; d) aplicação de recursos em estratégias de

design próprio; e) adoção de estrutura produtiva altamente flexível; e f) comercialização de móveis

desmontados, explorando padrões do tipo “monte você mesmo”, possibilitando reduções dos custos de frete

e montagem. No caso da China, desde 2006 esse país ocupa o primeiro lugar nas exportações mundiais.

A participação do mercado latino-americano nas exportações mundiais de móveis ainda é pequena.

Entre os 10 primeiros exportadores mundiais, o único latino-americano é o México, que ocupou, em 2008, a

sétima posição no ranking mundial, enquanto o Brasil, naquele ano, foi o 28º (COSTA; HENKIN, 2012).

No Brasil, as mudanças na indústria de móveis ocorreram mais lentamente, e os maiores entraves

em relação ao mercado internacional permanecem sendo a incipiente difusão tecnológica, a estrutura

fortemente verticalizada da indústria e o alto grau de informalidade do setor (GORINI, 1998; ROSA et al

2007; GALINARI; TEIXEIRA JR.; MORGADO, 2013).

Na produção brasileira de móveis, constatam-se pelos menos três variantes de risco para o

empreendimento. A primeira é o alto preço do insumo madeira, que onera muito os custos de produção. Seu

alto valor deve-se a escassez relativa no País de madeira serrada maciça (originada de florestas nativas e

plantadas) e de madeira industrializada (painéis de MDF1, aglomerados e chapas de fibras duras). A

segunda refere-se às características da estrutura de mercado em que se insere o setor — extremamente

competitiva —, que exige continuamente, por parte das empresas, ajustes de custos e preços. Finalmente, a

terceira diz respeito à acessibilidade aos canais de provisão de insumos (a exemplo da oferta de madeira) e 1 Medium Density Fiberboard (MDF) “[...] é uma chapa produzida a partir da aglutinação de fibras de madeira, com resinas sintéticas e ação conjunta de temperatura e pressão” (ROSA et al 2007 p. 10). A principal madeira usada para confecção de chapas MDF é o pinus. Uma das vantagens dessas chapas é sua semelhança, em termos de resistência e dureza, com a madeira maciça.

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de escoamento da produção, visando à expansão a mercados mais distantes, acessando redes regionais ou

nacionais de varejo (GALINARI, TEIXEIRA JR.; MORGADO, 2013).

No tocante à tecnologia, ainda que essa seja bastante difundida no setor, observa-se que, no País,

grande parte dos fabricantes de máquinas e equipamentos não consegue acompanhar a dinâmica

tecnológica aplicada no exterior (GORINI, 1998). Em consequência, a densidade tecnológica da indústria de

móveis é relativamente baixa. Conforme comentado anteriormente, o uso de máquinas e equipamentos com

idades variadas é muito comum na produção de móveis. Tal gap na geração dos equipamentos dificulta

muito a automação do processo produtivo, bem como a padronização do produto final (ROSA et al, 2007).

Entretanto, analisando cada um dos segmentos do setor, verifica-se que o padrão tecnológico não é

o mesmo. Por exemplo: a) a produção de móveis retilíneos seriados é a que apresenta o maior grau de

atualização tecnológica; b) no segmento de madeira maciça, há uma grande heterogeneidade tecnológica,

no qual convivem máquinas obsoletas e modernas; e c) nos móveis de escritório, a maioria das empresas

apresenta processos produtivos mais sofisticados, haja vista a natureza metálica dos materiais utilizados

(ROSA et al, 2007).

Outra característica do setor é o fato de as inovações técnicas serem predominantemente

desenvolvidas nos elos a montante da produção de móveis, ou seja, por seus fornecedores de matérias-

primas e de bens de capital (ROSA et al, 2007). Essa configuração é muito nociva para o setor: ao ampliar a

dependência tecnológica, ela onera os custos do setor dependente, reduzindo sua possibilidade de agregar

valor ao produto final.

Aspectos envolvendo o desenvolvimento e aprimoramento de materiais (P&D), funcionalidades e

estética são diferenciais que garantem vantagens competitivas importantes para as empresas de móveis.

Dessa forma, a constituição de uma infraestrutura adicional de núcleo de design deve ser valorizada. Em

vários estudos sobre o setor, é muito recorrente observar, pelo lado de analistas e pesquisadores, a

contínua valorização do design como um dos atributos mais importantes do produto e, pelo lado das

empresas, a permanente carência de profissionais e/ou investimentos para esse fim. Ainda que pesquisas

aplicadas junto a empresários do setor tenham revelado que, para muitos, o desenvolvimento de design é

um esforço que cabe às universidades e associações de classe (ROSA et al, 2007), é evidente que a

constituição de núcleos de design dentro das empresas é uma infraestrutura adicional que não pode ser

menosprezada (Quadro 1).

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Quadro 1

Síntese da estrutura das indústrias de móveis

Elementos Características

Estrutura de mercado • Concorrência imperfeita ou monopolista.

Barreiras à entrada • Praticamente inexistentes.

• Investimento inicial em ativos fixos não é vultoso.

Demanda • Pulverizada

• Segmentada por nichos de mercado

Oferta • Polarizada segundo materiais utilizados

Preços

• Formados concorrencialmente para a maioria das empresas.

• Poucas empresas detém certo poder de fixação (especialmente aquelas que contam com design

próprio).

Mercado mundial • Divisão internacional do trabalho.

• Novos players mundiais.

Variantes de risco ao

empreendimento

• Preço dos insumos, principalmente da madeira e das chapas aglomeradas.

• Grande número de concorrentes.

• Acessibilidade aos canais de provisão de insumos e de escoamento da produção.

Tecnologia

• Acessível e difundida.

• Presença de descontinuidade tecnológica no chão de fábrica.

• A maior parte das inovações tecnológicas é gerada por fornecedores de insumos e de bens de

capital.

Infraestrutura adicional • Núcleos de design e de qualidade de materiais.

P&D

• Incipiente nas empresas.

• Aprimoramento do design e busca de novos materiais.

• Parcerias com centros técnicos e universidades da região.

Externalidades • Observância de economias externas.

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Elaboração própria.

Conforme Costa e Henkin (2012), a organização industrial do setor moveleiro não é homogênea,

tanto entre as empresas como entre as regiões geográficas. O fato de a fabricação de móveis ser difundida

e apresentar baixas barreiras à entrada — tecnologia acessível, investimentos iniciais não elevados e linhas

de produto diversificadas — justifica, de certo modo, sua presença em diversos lugares, assumindo, muitas

vezes, uma configuração aglomerada. Em muitos casos, essa aglomeração é fruto de um desenvolvimento

histórico muito particular.

Outra forma de analisar o setor é a partir da perspectiva de sua cadeia produtiva. A cadeia produtiva

representa o conjunto de atividades que se ligam progressivamente, envolvendo desde a obtenção de

insumos básicos (extração de matérias-primas) até o consumo final.

De acordo com Morvan (1991), há três elementos que caracterizam uma cadeia produtiva: a

sucessão de operações, o conjunto de relações comerciais e financeiras, e o complexo de ações

econômicas. Assim, a cadeia produtiva representa uma sequência de operações sucessivas de

transformações independentes, porém ligadas entre si pelo encadeamento de técnicas produtivas, que

resultam na produção de bens. A articulação das operações é determinada pelo estado das técnicas e das

tecnologias em curso, e definidas pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização do lucro. As

relações entre as atividades e os agentes revelam interdependências e complementaridades, contudo são

também determinadas por relações hierárquicas que contribuem para a dinâmica do conjunto.

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Detendo-se na indústria moveleira, uma parte importante da produção de móveis insere-se no

contexto mais amplo da Cadeia Produtiva da Madeira, também denominada Cadeia de Produtos Florestais.

A exploração de madeira do setor florestal organiza-se em duas direções: uma transversal e outra

longitudinal. Na direção transversal, têm-se os processos sucessivos de transformação que vão desde a

madeira no seu estado bruto até o estado para o consumo, sendo agregadas as atividades de silvicultura,

colheita florestal, primeira transformação, segunda transformação, terceira transformação, até o consumidor

final. Na direção longitudinal, segmenta-se a cadeia produtiva em três eixos segundo o fim da madeira bruta,

que são: energia, processamento mecânico e madeira industrial (POLZI, 2003 apud VALVERDE et al, 2005).

Em cada um desses segmentos, observam-se perfis de estrutura produtiva diferenciados.

Particularmente, os segmentos que atendem à indústria moveleira se caracterizam por (VALVERDE et al,

2005):

Painéis de madeira (aglomerados, MDF e chapa de fibra): a) possuem localização geográfica

centralizada nas Regiões Sul e Sudeste do País; b) são em pequeno número de unidades de

produção; c) são produções intensivas em capital que requerem um grande investimento inicial; d)

são empresas verticalizadas, que têm capacidade econômica e financeira de estabelecer seus

próprios plantios; e) possuem um alto grau de profissionalização; e f) atendem aos mercados

interno e externo; e

Madeira sólida (laminados e compensados): a) são em grande número pequenas unidades de

produção, com estruturação tipicamente familiar; b) possuem localização geográfica relativamente

descentralizada; c) apresentam baixos investimentos em tecnologia, o que resulta em uma

deficitária estrutura de produção; d) ofertam um produto bastante heterogêneo; e) o volume de

investimentos é baixo; f) são intensivas em mão de obra; g) o grau de verticalização é baixo, sem

capacidade econômico-financeira para investir em florestas próprias; h) possuem um baixo grau de

profissionalização; e i) exportam, mas não estão no mesmo estágio de desenvolvimento da Cadeia

Produtiva da Madeira industrial.

De acordo com a noção de cadeia produtiva, considera-se que a cadeia da produção de móveis

(com predomínio de móveis de madeira) é constituída (Figura 2):

À montante, no início da cadeia, pela produção florestal, que contempla a criação de sementes e

mudas, passa pelo uso de fertilizantes e defensivos e pela produção de máquinas e equipamentos

destinados à atividade silvícola;

No primeiro elo intermediário, o da madeira industrial, a madeira é destinada à produção de painéis

— que originarão aglomerados, MDFs e chapas de fibra — e preparação de madeiras sólidas, na

forma de compensados e lâminas;

Chegando à unidade fabril, o segundo elo, as várias formas de madeira, juntamente com outros

materiais (tintas, vernizes, esmaltes e lacas; materiais plásticos, artigos de vidro; alumínios e

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outros), tornam-se insumos para a produção de móveis residenciais, de jardim, de escritório e

institucionais;

Num elo paralelo, encontram-se os serviços de apoio, que interagem com a indústria de móveis,

fornecendo assistência em design, P&D, capacitação de mão de obra, transporte e montagem; e

À jusante da cadeia, estão os atacadistas e distribuidores, que, através de lojas (próprias ou

multiprodutos), comercializarão os móveis nos mercados interno e externo.

Figura 2

Configuração da cadeia de móveis

Pro

dução F

lore

sta

l

Madeira

Industrial

Energia

Lenha

Carvão

Celulose Papel

Madeira Sólida

Compensados

Lâminas

Painéis de Madeira

Aglomerados

MDF

Chapas de Fibra

Indústria de Móveis

Residenciais Jardim

Escritório Institucionais

Fornecedores

Diversos:Material auxiliar

Ind. Química

Ind. Equipamentos

Ind. Acessórios

Atacadista/Distribuidor

Exportador

Lojas

Consumidor Final Serviços de Apoio:Design e P&D

Escolas Técnicas

Associações de Classe

Transportadores

Montadores

Exportação

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Elaboração própria.

2.1 A indústria de móveis no Brasil

Para Gorini (1998), embora a indústria brasileira de móveis tenha revelado uma grande capacidade

empresarial de adaptação ao longo dos anos 90, alguns problemas permaneceram, como: a) a grande

verticalização da produção industrial de móveis, que, para a autora, tem relação com o problema da

tributação em cascata no País; b) a carência de fornecedores especializados em partes ou componentes de

móveis; c) a incipiente normatização técnica; d) a elevada informalidade do setor, composto,

predominantemente, por empresas de pequeno porte; e e) os baixos investimentos em design e pesquisa de

mercado.

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Especialmente a difusão de novas matérias-primas abriria boas possibilidades para o setor, tanto no

mercado interno como no externo. Segundo Gorini (1998), o País tinha um alto potencial para desenvolver

importantes vantagens competitivas na área de produtos que utilizam madeira de reflorestamento,

transformando o problema ambiental num diferencial, mediante o uso de madeira reflorestada certificada.

Por exemplo, um aspecto favorável para o mercado brasileiro foi a inclusão de novos materiais — como o

MDF e o uso de madeira de reflorestamento, principalmente o pinus e o eucalipto —, que, não só ampliou as

potencialidades do setor, mas também explicitou, para o mercado mundial, uma conduta ambientalmente

correta, ratificada pela adoção, cada vez mais frequente, de selos de certificação ambiental, como a ISO

14001.

Uma das vantagens do setor brasileiro de produção de móveis sempre foi a abundante oferta de

madeira, principalmente as madeiras mais nobres. Entretanto, nos últimos anos, com o aumento da

conscientização ambiental, o uso indiscriminado de madeira de florestas nativas vem sendo questionado,

levando os produtores a buscarem na produção de florestas plantadas uma nova alternativa de insumo.

Embora o know-how brasileiro no campo de tecnologia florestal seja reconhecido internacionalmente, a

maior parte das pesquisas e dos investimentos aplicados nessa tecnologia foi financiada pelo setor de

celulose e papel.

Até o final da década de 90, o uso de madeira reflorestada ainda não se traduzia em vantagem

competitiva para o setor de móveis. Naquela ocasião, Gorini (1998) elencou alguns fatores que estariam

dificultando esse uso; os quais eram: a) o fácil acesso às florestas nativas; b) a falta de fornecedores

experientes na cadeia — envolvendo todas as etapas, do plantio até o processamento da madeira; c) os

baixos investimentos em projetos e design, que repercutiam no uso escasso de outros materiais substitutos

à madeira; e d) a falta de interação entre a indústria e o mercado consumidor.

Além desses fatores, outro problema de competitividade era o alto custo dos painéis de madeira

aglomerada, que custavam entre 10% e 15% a mais que os comercializados no mercado internacional. De

acordo com Gorini (1998), isso ocorria porque: a) o aglomerado produzido no País utilizava extratos de

madeira virgem, diferentemente de outros países, que usavam resíduos de madeira; b) havia um elevado

grau de concentração industrial; c) o gap tecnológico era muito grande entre as empresas; e d) a oferta

desses painéis ainda era muito limitada frente à potencial demanda.

No transcorrer da primeira década desse século, algumas medidas foram tomadas, como a oferta de

linhas de crédito especiais para o financiamento de empresas de painéis de madeira, conforme o ocorrido

em Bento Gonçalves.

Na tentativa de avaliar os resultados dessas medidas, um dos objetivos do estudo de Rosa et al

(2007) sobre o setor moveleiro brasileiro centrou-se nas perspectivas do fornecimento de madeira em suas

diversas formas. Os autores observaram que o déficit de madeira oriunda de florestas plantadas

(basicamente formadas por pinus e eucalipto) permanecia, e, de acordo com a estimativa dos analistas, para

zerá-lo seria necessário ampliar a área de florestas plantadas para 450 mil hectares/ano, o que correspondia

a 300 mil hectares a mais do que estava sendo disponibilizado (150 mil hectares/ano).

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No curto prazo, uma das alternativas cogitadas era a importação de madeira de países do Mercado

Comum do Sul (Mercosul), principalmente do Uruguai e da Argentina. Já no longo prazo, a sugestão era a

formação de maciços florestais pelas próprias empresas de móveis. Para tanto, porém, elas precisariam

equacionar dois problemas imediatos, acentuados pela alta concorrência do mercado: os altos custos de

aquisição de terras e o posterior plantio das árvores e o tempo de maturação dessas para o corte.

Ainda que a indústria de móveis seja bem distribuída em todo o território nacional, há, no Brasil,

algumas regiões que se especializaram nessa produção e atualmente concentram boa parte dos empregos

formais do setor. São elas: Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), São Bento do Sul (Santa Catarina),

Arapongas (Paraná), Votuporanga (São Paulo) e Ubá (Minas Gerais). Nessas municipalidades, em 2010,

ofertavam-se aproximadamente 80% dos empregos totais do setor no País (COSTA; HENKIN, 2012).

De acordo com Costa e Henkin (2012), a formação dos aglomerados de produção de móveis, tanto

no País como fora deste, foi influenciada por “idiossincrasias próprias, relacionadas com a disponibilidade de

matérias-primas, formação econômica da região, presença de saberes tecnológicos associados à atividade,

oportunidades de mercado, dentre outras” (COSTA; HENKIN, 2012, p. 159).

Em relação ás exportações, estas ganharam maior relevância a partir da década de 70, com a

modernização do setor. Ainda assim, a maior inserção ocorreu nos anos 90, motivada ainda pela

modernização das empresas nacionais. Entretanto o ingresso nos mercados internacionais ficava

condicionado às determinações dos compradores externos, que predefiniam o tipo de móvel e o design.

Tal condição mantém-se até os dias atuais, haja vista que as vantagens da indústria brasileira de

móveis no mercado externo permanecem baseadas nos baixos custos de mão de obra e de matérias

primas. Somam-se a estes, o nível de produtividade, os custos de outros fatores e a taxa de câmbio (ROSA

et al, 2007; COSTA; HENKIN, 2012).

Os principais aglomerados brasileiros de produção de móveis para exportação estão localizados nos

Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, responsáveis por 70% das exportações totais de móveis

do País, ao longo dos anos 2000.

As exportações brasileiras de móveis são, na sua maioria, de móveis residenciais de madeira, e os

principais destinos são Estados Unidos, França, Reino Unido, Argentina, Espanha e Alemanha. Na avaliação

de especialistas, os principais desafios do comércio exterior de móveis são: a) a terceirização das etapas do

processo produtivo, que pode ter efeitos importantes sobre a redução de custos; b) as restrições de cunho

ambiental, sugerindo adoção de madeiras de reflorestamento; e c) a adaptação das empresas ao novo

cenário internacional (ROSA et al, 2007).

Para Costa e Henkin (2012), o setor moveleiro brasileiro, assim como o do resto dos países em

desenvolvimento, defronta-se com dois cenários possíveis: num, a concorrência com seus pares torna-se

cada vez mais acentuada, exigindo vários esforços para reduzir os custos de mão de obra. Noutro, a

possibilidade de ingressar nos elos da cadeia com maior valor agregado (como a marca e o design) exige

forte determinação vis-à-vis à posição dos produtores de países desenvolvidos.

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2.2 A aglomeração produtiva de móveis da Serra gaúcha

2.2.1 A história da formação da aglomeração produtiva moveleira da Serra

A história de povoamento da região da Serra mistura-se com o início da produção de móveis no

Estado. Essa região é fortemente marcada pela colonização italiana. A fase mais importante dessa

imigração ocorreu entre 1875 e 19142, motivada por aspectos políticos e econômicos na Itália e no Brasil.

Os dois principais destinos dos imigrantes italianos no Brasil foram os estados das Regiões Sudeste

e Sul. Na Região Sudeste, a maior parte deles foi encaminhada para as fazendas de produção de café,

formando a primeira massa de mão de obra assalariada do País. Já na Região Sul, especialmente no Rio

Grande do Sul, a colonização objetivou o povoamento de áreas ao longo de novas rotas de ligação entre a

região da Depressão Central e o Planalto, a partir da abertura de estradas pela Serra (MANFROI, 2001).

A ideia era de que a formação de colônias agrícolas europeias poderia tanto contribuir para o

povoamento como para o desenvolvimento econômico da região. As primeiras regiões destinadas aos

colonos foram a nordeste — situada na Encosta Superior da Serra, entre o rio das Antas e a região ocupada

pelos imigrantes alemães, no baixo Taquari3 —, e a Central — localizada nas proximidades do Município de

Santa Maria.

Os municípios mais importantes do complexo moveleiro da Serra gaúcha, que, atualmente

integram, o Corede Serra, tiveram sua origem na formação das primeiras colônias italianas do Estado

(Figura 3 e Quadro 2). A exploração e o manejo da madeira, na origem da produção moveleira, se

confundem com o processo de assentamento dos colonos na região.

No caso dos imigrantes que vieram para o Rio Grande do Sul, grande parte era formada por

camponeses, que representavam a Itália dos mais pobres e com pouca qualificação para se inserir nas

indústrias da época. Assim, pelo lado italiano, as principais causas desse processo migratório foram: a) a

frágil economia agrária, escassa em recursos naturais e terras agriculturáveis; b) os efeitos do processo de

unificação; e c) as transformações econômicas capitalistas, orquestradas pela indústria (MAESTRI, 2005).

Nesse contexto, a possibilidade de ser proprietário de um lote de terra, mesmo longe da pátria, e tirar dela

seu provento, tornou-se a opção para muitos italianos, que partiram rumo à “Mérica” e encontraram, no Rio

Grande do Sul, a oportunidade de constituir, a partir da pequena propriedade, uma base econômica

diversificada.

2 Manfroi (2001) identifica, nesse período, duas fases no processo de colonização: a imperial (1875-89) e a republicana (1891-1914).

3 Essa região é formada atualmente pelos Coredes Serra, Nordeste e Campos de Cima da Serra.

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Figura 3 Municípios originários das colônias italianas, segundo as fases de criação, no RS

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Elaboração própria.

Quadro 2

Período de criação, fases, colônias originais e municípios atuais do Corede Serra

Período de

criação Fases Colônias Municípios Atuais

1875-79 Antiga Colônia I

Dona Isabel Garibaldi e Carlos Barbosa

Conde D’Eu Bento Gonçalves

Nova Palmira Farroupilha

Caxias Caxias do Sul, Flores da Cunha e São Marcos

Década de 80

do século XIX Antiga Colônia II

Antônio Prado Antônio Prado

Alfredo Chaves Veranópolis, Nova Bassano e parte de Nova Prata

Década de 90

do século IX Nova Colônia

Guaporé Muçum, Guaporé, Serafina Corrêa, Casca e Vila Maria (distrito de

Marau)

Início do

século XX Encantado Encantado e Nova Bréscia

A partir do

século XX Novíssima Colônia

Paraí, Nova Araçá, Ciríaco, Davi Canabarro, Marau, Putinga, Anta Gorda, Ilópolis e

Arvorezinha

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Frosi e Mioranza (1975, p. 54).

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No Estado, os lotes destinados aos imigrantes recém-chegados4 situavam-se numa área de matas, o

que determinou o uso predominante da madeira na construção dos elementos de infraestrutura da colônia

(casa de dormir, cozinha, estábulo, etc.). Para Maestri:

Mesmo que os matos bravios fossem desconhecidos na Itália, era desenvolvida a tecnologia florestal de

boa parte dos recém-chegados. Tal fato explica a facilidade com que os imigrantes introduziram

técnicas avançadas de serração de madeiras na região, utilizadas intensamente nas construções

domésticas e produtivas coloniais (Maestri 2005, p 45).

Segundo Bertussi (1987), as primeiras construções em madeira erguidas pelos imigrantes eram de

pinus, uma madeira de fácil manejo. Essa madeira, no formato de prancha, era usada inicialmente na

construção de pequenos abrigos que possuíam entre 4,0m2 e 6,0m

2, onde eram exercidas todas as funções

do alojamento (dormitório, cozinha, despensa, etc.). Assim, a infraestrutura do lote colonial ia sendo

construída de acordo com o nível das dificuldades naturais.

Uma característica marcante foi que o processo de autoconstrução da colônia se caracterizava pela

autoprodução dos materiais. Em outras palavras, não havia interferência externa, e aos colonos cabia

descobrir soluções viáveis do ponto de vista social e econômico, bem como transpor as enormes

dificuldades de transporte. Logo, a solução era utilizar os materiais mais disponíveis na região, como, por

exemplo, a madeira e o basalto.

Em Bento Gonçalves, município relevante para a aglomeração produtiva (AP) moveleira, a produção

de móveis teve início no final do século XIX, quando se criaram as pequenas marcenarias, muitas delas de

propriedade desses imigrantes. Com o conhecimento e a tradição dos colonos, a produção de móveis

artesanais, antes voltada para o consumo próprio, culminou, a partir dos anos 20 do século passado, em

pequenas empresas que produziam sob encomenda. A produção em escala industrial ocorreu 30 anos

depois, na década de 50, quando passou a existir a comercialização de móveis no mercado estadual. O

auge de crescimento da indústria deu-se, no entanto, no decorrer das décadas de 60 e 70, com o acréscimo

de um número significativo de empresas novas nessa mesma região.

Espacialmente, a maior concentração de empresas do Estado encontra-se na região serrana, mais

precisamente tendo como sede da aglomeração produtiva moveleira o Município de Bento Gonçalves,

estendendo-se aos circunvizinhos Antônio Prado, Flores da Cunha, Farroupilha, Garibaldi, São Marcos e

Caxias do Sul, todos pertencentes ao Corede Serra. Atualmente, essa AP constitui-se numa das mais

importantes do setor no País, tanto em volume e qualidade de produção como em expressivo

desenvolvimento tecnológico. Além dos municípios do Corede Serra, destacam-se também, na produção

moveleira, os Municípios de Gramado e Canela (Corede das Hortênsias), Lagoa Vermelha (Corede

Nordeste) e Tupandi (Corede Vale do Caí), todos esses situados em Coredes limítrofes ao Corede Serra.

A diversidade encontrada na constituição das APs industriais moveleiras no País possibilitou a

existência de especializações regionais acentuadamente diferenciadas, que podem ser identificadas tanto

4 Cabe destacar que, além da cessão dos lotes, o Decreto Imperial nº 3.784, de 1867, que regulamentava o processo de colonização, definia que: a) os lotes seriam de 60, 30 e 15 hectares; b) os colonos receberiam ajuda financeira para viagem até as colônias; c) seriam repassados aos imigrantes ferramentas e sementes; d) haveria assistência médica e educacional; e e) seria pago um salário pela abertura de caminhos, por até 15 dias no máximo (MAESTRI, 2005).

17

com relação à disponibilidade de matérias-primas e tipo de móveis fabricados, quanto ao grau de

capacitação produtiva e inovativa das empresas.

O grande impulso dado ao setor moveleiro, a partir dos anos 60 e 70 do século passado, e que teve

como origem o incentivo à construção de moradias pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), alterou a

lógica produtiva das empresas. Segundo Macadar (2007), essas empresas, anteriormente verticalizadas

(anos 70 do século XX), executavam internamente a maioria das operações necessárias para a fabricação

dos produtos, seguindo o exemplo dos primeiros imigrantes italianos que produziam integralmente seus

próprios móveis. Após esse período de verticalização, elas começaram a terceirizar, quando o processo

produtivo ficou mais complexo, mais difícil de manter internamente todas as competências necessárias à

produção e, assim, a necessidade de aumentar a eficiência através da inserção em uma ou mais cadeias de

suprimentos ou produtivas e de aprimorar as competências essenciais, tornaram-se fundamentais.

O lançamento de chapas aglomeradas no mercado e a criação da primeira escola de desenho de

móveis no País, nos anos 80, acirrou a competição entre as empresas que passaram a executar apenas

frações das operações do processo produtivo, concentrando-se nas etapas de maiores competências.

Na última década do século XX, o setor buscou melhor profissionalização por meio de

desenvolvimento de tecnologia, mão de obra qualificada e investimento em design. Os moveleiros de Bento

Gonçalves realizaram a Primeira Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a

Indústria Moveleira (FIMMA), que ocorre até os dias de hoje, de dois em dois anos, e foi fundada a

Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). Nesse período, as empresas passaram a

contar com cursos profissionalizantes e programas de governo que visavam aumentar as exportações

brasileiras de móveis, como o Programa Brasileiro de Incremento à Exportação de Móveis (Promóvel), em

1998. A partir de então, o setor buscou, de forma mais determinada, exportar como estratégia de expansão

de seus negócios. De fato, as exportações de móveis saltaram de US$ 42,2 milhões em 1990 para US$ 1,0

bilhão em 2005, um acréscimo de 2.400% no período (ROSA et al., 2007).

O processo de reestruturação produtiva e a modernização das empresas, no entanto, foram

insuficientes para manter a competitividade. O fomento oficial ocorrido nos anos anteriores, com o objetivo

de viabilizar a implantação e consolidação de aglomerações moveleiras (anos 70 e 80), bem como estimular

a produção com vistas à exportação (anos 90), não culminou numa estrutura industrial capaz de promover a

inovação e o design no setor.

Aliás, a taxa de câmbio, que, desde a implantação do Plano Real, tem apresentado valorização em

alguns períodos, é outro fator que inviabiliza o desempenho exportador de setores como o moveleiro, que

tem na variável preço o seu principal fator de competitividade. Em 2009 e 2010, os valores de exportação já

tinham encolhido para US$ 724 milhões e US$ 811 milhões respectivamente (COSTA; HENKIN, 2012).

Segundo Macadar (2008), um tema que ganhou força no cenário nacional, a organização

empresarial em redes e sistemas produtivos, teve início com o debate sobre vantagens competitivas,

mercados globalizados e desenvolvimento regional a partir da metade da primeira década dos anos 2000,

com o lançamento, pelo Governo Federal, do Programa Nacional de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais e

com a formalização do Grupo de Trabalho Permanente, que tinha como “[...] atribuição elaborar e propor

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diretrizes gerais para a atuação coordenada do governo no apoio a arranjos produtivos locais em todo o

território nacional” (BRASIL, 2004 apud MACADAR, 2008, p 24). No Rio Grande do Sul, não foi diferente.

Proposto anos antes (1999), pela extinta Secretaria de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais

(Sedai), o Programa de Apoio aos Sistemas Locais de Produção (SLPs) tinha “[...] o propósito de dinamizar

a estrutura produtiva do Estado, fomentar investimentos estratégicos e apoiar a organização de atividades

associativas” (MACADAR, 2008, p. 24).

Nesse contexto, em 2005, a instalação da fábrica de painéis de MDF e de aglomerado Fibraplac, do

Grupo Isdra, no Município de Glorinha, atenuou a insuficiente oferta interna da matéria- prima, assim como a

inauguração do Centro de Distribuição da Masisa Brasil, em Porto Alegre, representou a redução nos custos

de frete de muitas indústrias moveleiras regionais. Já em 2010, esse grupo Masisa Brasil inaugurou uma

fábrica de Medium Density Particleboard (MDP)5 no Município de Montenegro, com a proposta de fornecer

toda a produção para o mercado interno. No Estado, um dos elos frágeis da cadeia produtiva de móveis

sempre foi exatamente o da indústria de painéis, juntamente com o do reflorestamento e o da exploração e

extração de madeira (MACADAR, 2007).

O desempenho do setor moveleiro entre 2005 e 2010 pode ser basicamente atribuído às medidas

oficiais de orientação para o aumento do consumo interno. Na época, empresas que tinham a totalidade de

sua produção encomendada por redes varejistas internacionais não conseguiram mais atender aos pedidos

que eram negociados em grandes volumes e a preços mais baixos. A presença da China no comércio

internacional de móveis e o câmbio valorizado foram os principais fatores a pressionar competitivamente a

indústria brasileira de móveis. Como política pública, o Governo Federal adotou medidas compensatórias,

cujo objetivo era o de preservar a competitividade de setores como o de móveis, reduzindo o custo do capital

e buscando uma maior modernização. Em 2007, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) criou o programa Revitaliza, estabelecendo linha de crédito para capital de giro e modernização

tecnológica de setores intensivos em mão de obra e impactados negativamente pelo câmbio, como foi o

caso da indústria moveleira (COSTA; HENKIN, 2012).

Atualmente, o direcionamento de medidas setoriais pelo Governo Federal procura estimular as

indústrias moveleiras por meio de linhas de financiamento, como o Cred Móveis da Caixa Econômica

Federal, que disporá de recursos de até R$ 5.000,00 para os participantes do Minha Casa, Minha Vida. Esse

crédito poderá impulsionar as vendas dessa indústria, uma vez que a população brasileira que forma o

público do Minha Casa, Minha Vida é, em grande parte, responsável pela compra de móveis no mercado

interno. Também contribui para esse fim a aprovação das principais diretrizes do Plano Brasil Maior, em

meados de julho de 2012, que, desonerando impostos de diversos setores da economia, é tida como um dos

meios para enfrentar a crise econômica mundial. Uma das medidas, que visa à desoneração na folha de

pagamentos da contribuição previdenciária patronal de 20%, prevê como troca um imposto de 1% a 2%

sobre o faturamento bruto de indústrias como a de móveis, que são mais intensivas em mão de obra.

5 O MDP é um painel aglomerado, elaborado por meio de partículas de madeira aglutinadas com resinas, expostas a temperatura e alta pressão. O produto final é um painel mais homogêneo com superfície mais porosa. Por ser menos maleável que o MDF, o MDP é comumente utilizado nas partes internas dos móveis ou em peças mais retilíneas, como portas, prateleiras e gavetas. Ademais, MDP é um painel menos resistente e mais barato que o MDF, sendo largamente utilizado na fabricação de móveis mais populares.

19

Já no Rio Grande do Sul, o pilar do desenvolvimento econômico centra-se na formulação de uma

política industrial que contempla programas setoriais, e que está intimamente relacionada com a política

nacional do Plano Brasil Maior. Organizada em 22 setores estratégicos6, a seleção partiu de uma análise

empreendida por representantes da SDPI, da AGDI e da SEFAZ, que criou uma matriz para eleger

prioridades, definir estratégias e oferecer oportunidades para elevar a competitividade e atrair novos

empreendimentos. A organização do Sistema de Desenvolvimento Econômico (SDRS), estratégia que

retoma a noção de planejamento de longo prazo, criou uma instituição executiva, a Agência Gaúcha de

Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), cuja diretoria de Planejamento e Programas tem

conduzido esse trabalho.

O Governo Tarso Genro instituiu o Programa Estadual de Fortalecimento das Cadeias e Arranjos

Produtivos Locais (Programa de APLs), pela Lei nº 13.389, e regulamentado pelo Decreto nº 48.936, de

20.03.12, e que está inserido na Política da Economia da Cooperação. Dentre seus principais instrumentos,

o Programa dispõe do Fundo de Fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (Fundoapl), criado pela Lei

13.840 de 05.12.11, o qual concederá crédito fiscal equivalente aos recursos que as empresas aportarem ao

Fundo. A intenção é que seja uma fonte financeira permanente para projetos e iniciativas cooperadas entre

empresas e instituições para o desenvolvimento de APLs e de sua respectiva região, apoiando a

autoorganização de empresas, produtores, comunidades e instituições locais. Além disso, o Fundoapl foi

enquadrado no programa de financiamento Proredes BIRD, do Banco Mundial, o que garantirá fonte

adicional de recursos até o ano de 2015.

O Programa de APLs direciona suas ações para as prioridades das políticas públicas de

desenvolvimento, notadamente para os Programas Setoriais e para a Política de Combate às Desigualdades

Regionais, e “[...] trata a empresa a partir de uma perspectiva coletiva e territorial sob a premissa de que os

vínculos de cooperação entre instituições dos setores privado, cooperativo, público, de ensino e pesquisa e

de organizações sem fins lucrativos potencializam as estratégias singulares de competição e fomentam o

desenvolvimento da economia da região” (Rio Grande do Sul: Política Industrial, 2012-2014, p. 30)

A indústria moveleira, aqui analisada, foi considerada um dos setores estratégicos da Política

Industrial e se enquadra no Programa Setorial de Madeira, Celulose e Móveis do Governo gaúcho, e foi

agrupada como um setor da Economia Tradicional Preferencial.

2.2.2 A rede institucional da aglomeração moveleira

A partir dos anos 80, a análise do papel das instituições começa a ganhar vulto nas ciências

econômicas, quando, então, se passa a compreender que os processos econômicos no espaço eram

6 Os 22 setores estratégicos da politica industrial do Rio Grande do Sul estão divididos em dois grandes blocos nomeados de Setor Economia Tradicional e Setor Nova Economia. A Economia Tradicional agrega os setores historicamente constituídos e fortemente enraizados na economia gaúcha, como agroindústria e calçados. A Nova Economia, por sua vez, compreende tanto os setores que vêm ganhando relevância no Estado como os portadores de futuro, como a indústria oceânica e a de energia eólica. E cada um desses setores está agrupado em três níveis – Prioritário, Preferencial e Especial.

20

modelados pelas instituições da sociedade e, principalmente, pelos sistemas de valores dessa sociedade.

Em linhas gerais, o enfoque institucional enfatiza o papel das instituições na promoção de inovação e na

direção de processos de mudança econômica que repercutem no desenvolvimento regional. Entre as

principais instituições estão os sistemas de promoção industrial, as agências de estado e os representantes

de classes patronais e de trabalhadores.

Atualmente, a aglomeração moveleira da Serra gaúcha dispõe de uma rede de apoio composta por

fornecedores de matéria-prima, máquinas e implementos, serviços especializados e por instituições, tais

como associações de empresários, de trabalhadores, centro tecnológico, universidades e centros de

treinamento da mão de obra, com fortes laços históricos e culturais que facilitam a gestão de uma economia

de cooperação. Contando com essa importante estrutura de apoio, os fabricantes de móveis e as instituições

envolvidas vêm demonstrando um nível elevado de comprometimento para fortalecer a cadeia produtiva

moveleira da Serra gaúcha, através da orientação para o fomento de relacionamentos cooperativos entre as

organizações.

Alguns indivíduos mais fortemente vinculados às entidades que congregam os empresários da AP

destacam-se como líderes influentes, constituindo-se a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do

Rio Grande do Sul (Movergs), o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) e o

Centro Gestor de Inovação (CGI), os agentes coordenadores das relações entre as empresas, ou seja, são

aqueles que exercem a governança local. Embora a rivalidade entre as grandes empresas tenha se

mostrado acentuada, nas PMEs a cooperação é mais intensa, principalmente entre aquelas que fazem parte

de projetos coordenados pelas instituições de apoio, tais como o Sebraexport Móveis e o Programa Redes

de Cooperação da extinta Sedai. Através do Governo Federal e da Agência de Promoção de Exportações e

Investimentos (Apex), empresários do setor e integrantes desses projetos têm recebido apoio para

participação em exposições e feiras internacionais.

É importante salientar que um dos principais diferenciais da região moveleira da Serra gaúcha é

justamente a cultura de cooperação existente. Para Macadar (2006), o APL de móveis de Bento Gonçalves

constitui-se num arranjo diferenciado por três razões principais. Em primeiro lugar, por sua projeção nacional

e estadual, que lhe garantiu reconhecimento e prioridade nas ações de política de desenvolvimento regional

e industrial. Em segundo, pelo perfil de sua estrutura produtiva, intensiva em mão de obra, que lhe confere

atenção nas políticas de emprego. E, em terceiro lugar, pela abundante oferta de madeira, principalmente,

oriunda de florestas plantadas, que coloca o País entre os principais produtores de insumo florestal do

mundo. Macadar conclui que essa configuração de elementos foi capaz de desenvolver o setor na região,

bem como de fomentar localmente instituições de apoio que são muito presentes. Essas instituições são

elencadas a seguir, segundo seu âmbito de abrangência:

a) Em âmbito estadual/regional:

Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs);

Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis);

Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras compensadas e

laminadas, Aglomerados e chapas de fibras de madeira;

21

Universidade de Caxias do Sul (UCS)/Campus da Região dos Vinhedos (Carvi);

Senai/ Centro Tecnológico do Mobiliário (Cetemo);

Centro Gestor de Inovação (CGI);

Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC);

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS); e

Redes de cooperação: Associação dos Fabricantes de Estofados e Móveis

Complementares (Afecom) e Associação dos Fabricantes de Ferramentas e Máquinas

para a Indústria Moveleira (Affemaq).

b) Em âmbito nacional:

Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel); e

Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa)

c) Em âmbito governamental:

Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI) do Governo do Rio

Grande do Sul;

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); e

Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

No Estado, a aglomeração produtiva de móveis conta com a Movergs, que é uma associação

estadual com sede em Bento Gonçalves. Fundada em 1987, essa associação ”[...] integra e representa a

cadeia produtiva de móveis promovendo soluções para o seu desenvolvimento sustentado”. Tem como

principais integrantes os empresários do setor e outras organizações públicas e privadas (Macadar, 2008, p.

170). O Sindmóveis, outra instituição de representação dos interesses das indústrias de móveis da

Aglomeração Produtiva, tem como objetivo “[...] representar, coordenar, informar, assessorar e desenvolver

as empresas moveleiras promovendo a união, utilizando recursos e conhecimentos adequados, em âmbito

global, participando efetivamente dos interesses sociais” (Macadar, 2008, p. 172). Outro sindicato que tem

atuação na cadeia moveleira, o Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras

compensadas e laminadas, Aglomerados e chapas de fibras de madeira, é composto pelas indústrias à

montante da fabricação de móveis e de outros produtos de madeira e localiza-se em Caxias do Sul.

O Cetemo, por sua vez, como uma unidade operacional do Senai, atua na formação de recursos

humanos através de educação profissional e informação em tecnologia, serviços laboratoriais e

operacionais, com o objetivo de proporcionar a melhoria do nível tecnológico para a cadeia produtiva

moveleira. Promove também cursos de aprendizagem industrial nas áreas do mobiliário e da mecânica para

jovens com o ensino fundamental incompleto e curso técnico em design de móveis para jovens que cursam

ou tenham concluído o ensino médio. Quanto ao treinamento de empresários, o Cetemo proporciona cursos

de inovações tecnológicas, principalmente de softwares para desenho de projetos de móveis (CAD) e para

operação de máquinas de última geração, a micro e pequenos empresários.

O Centro Gestor da Inovação, o CGI moveleiro, é formado por um conselho de administração e por

um conselho consultivo. O primeiro conselho é composto por representantes da Movergs, do Sindmóveis, da

22

UCS e do Senai/Cetemo. E o segundo, por representantes do Sindicato das Indústrias de Serrarias,

Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas de Fibras de

Madeira de Caxias do Sul, do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Lagoa Vermelha, dos

Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves e de Flores

da Cunha. Esse centro busca agregar valor aos produtos da aglomeração produtiva através da inovação, da

introdução de novos materiais, de novos designs, de novos produtos e funcionalidades.

O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC) é formado por empresas de

Bento Gonçalves e abrange os segmentos industriais, comerciais e as prestadoras de serviços. Pelo fato de

se localizar em Bento, existe forte predomínio de empresários de móveis na sua composição. No que diz

respeito ao setor moveleiro, a principal atuação do CIC é ter representatividade nas reuniões periódicas da

Movergs, com o intuito de discutir as políticas de comércio exterior, os mercados com oportunidades de

negócios, dentre outros assuntos.

A partir de 2004, o Sebrae voltou-se a atuar junto às micro e pequenas empresas de forma coletiva.

Através de um plano para o desenvolvimento sustentável do setor de madeira e móveis, o Sebrae estruturou

ações promocionais, de capacitação e acesso a mercados, atividades essas que possibilitam as trocas de

conhecimento e experiência entre empresas. Dentre alguns projetos, salienta-se o SebraeExport Móveis, o

Programa de Desenvolvimento de Fornecedores e o de articulação e fortalecimento de redes de cooperação

entre empresas com o foco no desenvolvimento do capital social local e a inserção de micro e pequenas

empresas na cadeia produtiva moveleira.

Cabe ainda mencionar as duas redes de cooperação existentes na aglomeração produtiva de

móveis da Serra. A primeira delas, a Associação dos Fabricantes de Estofados e Complementos (Afecom),

constitui-se como uma aliança estratégica interorganizacional, formada principalmente por pequenas

empresas que pretende, como concorrentes dos mesmos mercados geográficos, usufruir de economias de

escala baseadas na cooperação e na ação conjunta. A segunda, a Associação dos Fornecedores para as

Indústrias de Madeira e Móveis (Affemaq), tem como planejamento estratégico e negócio a inovação e

busca, para esse fim, de soluções inovadoras de forma articulada por meio da cooperação entre as

empresas, tendo como referências a gestão e a absorção de novas tecnologias e a promoção comercial

(MACADAR, 2008).

Ressalte-se que o aporte institucional da região moveleira se traduz também em ações como a

organização de feiras do setor — nacionais e internacionais — e a oferta de cursos profissionalizantes

ministrados pelas instituições de apoio. Um papel importante é exercido pela UCS, ao fornecer cursos

relacionados às vocações da aglomeração produtiva da região, tais como Engenharia da Produção,

Tecnologia em produção de móveis, além de um curso de pós-graduação, especialização em Design de

Produto com ênfase em móveis, implantado no Campus da Região dos Vinhedos (Carvi) da UCS, em Bento

Gonçalves.

Em âmbito nacional, a Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA) tem

importante papel, ao ter sob sua coordenação o Programa Setorial da Qualidade de Painéis de Madeira,

criado em 2011, visando implementar referências básicas para a produção e comercialização de painéis de

23

madeira de acordo com as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Estrategicamente,

o Programa pretende melhorar a competitividade e fornecer segurança ao desenvolvimento desse setor

produtivo, contando com a gestão técnica da empresa Tecnologia e Qualidade de Sistemas em Engenharia

Ltda (TESIS) para o alcance desses propósitos.

2.3 A inserção atual da aglomeração produtiva de móveis da Serra gaúcha

A aglomeração de indústrias de móveis mais importante do Estado situa-se em Bento Gonçalves. No

seu entorno, também se destacam outros municípios, como Caxias do Sul, Flores da Cunha e Garibaldi. A

produção da região é voltada para o mercado interno, e o principal produto é o móvel residencial retilíneo de

painéis de madeira reconstituída, de valor intermediário, com canais próprios de comercialização no

mercado interno (ROSA et al, 2007; COSTA; HENKIN, 2012). No Município de Bento Gonçalves, localizam-

se algumas das mais modernas e maiores empresas, destacando-se pelo design e pela qualidade de seus

produtos, como Todeschini, Carraro, Florense, SCA e Dell Anno.

A aglomeração de móveis de Bento Gonçalves, entretanto, é formada majoritariamente por um

grande número de empresas de porte micro, pequeno e médio. Essas empresas estão distribuídas nos

diversos elos da cadeia produtiva moveleira, que reúne produtores de máquinas e equipamentos, e de

outros insumos, como empresas de fabricação de produtos químicos, empresas de fabricação de madeira

(laminada e compensada), produtores de componentes e de peças de plástico e metal, dentre outros.

Como salientado anteriormente, um dos diferenciais da região moveleira da Serra gaúcha é sua

cultura de cooperação, que se manifesta de diversas formas, envolvendo atores públicos e privados. No

entanto, embora as empresas contem com um suporte institucional, a região possui fragilidades

competitivas, principalmente no tocante ao design. Se, de um lado, a indústria moveleira gaúcha conseguiu

se modernizar, acessando nos centros de referência as últimas inovações de design, por outro lado, esse

acesso foi restrito a certos elos da cadeia, fazendo com que alguns componentes (como ferragens e

acessórios) permanecessem antiquados frente às novas tendências (ROSA et al, 2007).

No caso das exportações, observa-se que as empresas exportadoras são aquelas que exploram sua

própria marca e fazem a distribuição e comercialização através de pequenos intermediários. Em muitos

casos, são elas próprias que acessam os potenciais compradores, oferecendo seus produtos e preços. Há

também empresas com estratégias mais ousadas, instalando lojas próprias no exterior7. Especialmente

voltadas às exportações, algumas iniciativas vêm sendo tomadas, como o Centro de Vigília Tecnológica, a

participação em feiras internacionais e a adesão ao Programa Brasileiro de Incremento de Exportação

(Promóvel)8.

7 Um exemplo é a SCA, que possui 14 lojas no exterior (Estados Unidos, México, Uruguai e Trinidad Tobago).

8 Esse programa é uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

24

As informações de exportação do setor, divulgadas recentemente pela Agência de Promoção de

Exportações e Investimentos, dão conta que, em 2011, o Rio Grande do Sul assumiu a posição de primeiro

exportador brasileiro de móveis, ocupando a posição de Santa Catarina (APEX-Brasil, 2012). Cabe destacar

também que, embora a posição do Estado tenha melhorado, desde 2010 observa-se uma redução das

exportações, tanto em Santa Cataria como no Rio Grande do Sul, ao passo que, na Região Sudeste do

Brasil, como se verá mais adiante, observa-se uma tendência de expansão da participação das exportações

no total do País.

De acordo com as informações obtidas para o ano de 2010 (Quadro 3), as classes de atividades que

integram o setor apresentam um nível de intensidade tecnológica baixo. Ainda que haja algumas empresas

que disponham de ferramentas e máquinas automatizadas, principalmente para o corte de peças visando ao

melhor aproveitamento da madeira, a maioria dos empreendimentos — micros e pequenas empresas —

confeccionam seus móveis utilizando intensivamente a mão de obra e ferramentas tradicionais.

Quadro 3

Informações sobre a indústria moveleira, segundo a classe CNAE de atividade, no RS — 2010.

Classes CNAE Móveis com

predominância de madeira (%)

Móveis com predominância

de metal (%)

Móveis de outros materiais, exceto

madeira e metal (%)

Fabricação de colchões (%)

Intensidade Baixa intensidade tecnológica

Baixa intensidade tecnológica

Baixa intensidade tecnológica

Baixa intensidade tecnológica

Potencial Poluidor Alto Alto Médio Médio

Participação no valor das saídas no Estado

0,97 0,28 0,07 0,03

Participação no valor das saídas no Corede

5,28 1,54 0,38 0,15

Participação no valor das saídas da atividade no Estado

58,97 80,17 67,29 28,64

Percentual de Micro e Pequenas Empresas

96,64 94,52 100,00 80,00

Trabalhadores Analfabetos 35 (0,27) 1 (0,03) 0 0

Trab. Ens. Fund. Incompleto 3.076 (23,88) 842 (22,19) 79 (23,65) 56 (16,57)

Trab. Ens. Fund. Completo 3.858 (29,95) 1.207 (31,81) 131 (39,22) 114 (33,73)

Trab. Ens. Méd. Completo 5.265 (40,88) 1.536 (40,48) 118 (35,33) 150 (44,38)

Trab. Ens. Sup. Completo 638 (4,95) 202 (5,32) 6 (1,80) 18(5,33)

Trab. Mestres e Doutores 8 (0,06) 6 (0,16) 0 0

FONTE: RAIS/MTE e FEE.

Um dado importante do setor moveleiro é a sua participação no total das saídas fiscais no Estado,

ou seja, o quanto as empresas fabricantes de móveis participam desse total. No ano de 2010, a classe de

móveis com predominância de madeira representou aproximadamente 1% do total das vendas no Rio

Grande do Sul. No caso do Corede Serra, onde se localiza o maior número de empresas, as saídas são

mais representativas. A indústria de móveis com predominância de madeira representou, em 2010, 5,28%

do total vendido. A segunda classe mais importante foi a de móveis com predominância de metal, que

representou 1,54%. Mas é na participação do valor das saídas por atividade que a posição do Corede Serra

se sobressai na comparação com as posições dos demais Coredes. Os estabelecimentos do Corede Serra

25

foram responsáveis por: a) 59% das vendas de móveis com predominância de madeira; b) 80% do comércio

de móveis com predomínio de metal; e c) 67% da comercialização de móveis de outros materiais.

Outra informação relevante é sobre o perfil de escolaridade dos trabalhadores do setor. Conforme o

declarado pela RAIS, em 2010, na classe de móveis com predominância de madeira (maior classe em

número de empregos e estabelecimentos), 41% dos empregados tinham ensino médio completo, e 30%,

ensino fundamental completo. Apenas 0,27% eram analfabetos, e 24% possuíam ensino fundamental

incompleto. Os trabalhadores com graduação e pós-graduação representaram 5%. Na produção de móveis

com preponderância de metal, o nível de escolaridade é um pouco superior: 40% possuíam ensino médio

completo, 32%, ensino fundamental completo, 5% eram graduados e pós-graduados e apenas 0,03% (um

trabalhador) era analfabeto.

3. Descrição das características socioeconômicas e produtivas da

região

3.1 Do Corede Serra

Dentre os 31 municípios que compõem o Corede Serra (Figura 3), como já mencionado, Caxias do

Sul destaca-se como o mais importante economicamente e o de maior dimensão territorial, com 1.643 km²,

representando 24% da área total do Corede. Outros municípios de relevância econômica são: Bento

Gonçalves, Farroupilha, Garibaldi e Flores da Cunha.

O Corede Serra é o terceiro mais populoso do Estado, ficando atrás somente dos Coredes

Metropolitano Delta do Jacuí e Vale do Rio dos Sinos. Em 2010, nele residiam mais de 862 mil pessoas,

representando 8,1% da população gaúcha. Entre 2000 e 2010, houve um acréscimo de 16,1% no número de

habitantes, um crescimento demográfico bastante superior ao registrado pelo Estado no mesmo período

(5%) e pelos demais Coredes (2,4%), o que elevou a participação do Corede na população total do Estado

em oito décimos. A População em Idade Ativa (PIA) do Corede corresponde a 93,6% da sua população total,

ou seja, cerca de 800 mil habitantes possuem idade igual ou superior a 15 anos (Tabela 1).

Tabela 1 População total do RS e População Economicamente Ativa (PIA) dos quatro Coredes mais populosos — 2000 e 2010

COREDES E RS 2000

2010 VARIAÇÃO

% População %

População % PIA PIA/População

Metropolitano Delta do Jacuí .......... 2.261.605 22,2

2.420.262 22,6 2.252.946 93,1 7,0

Vale do Rio dos Sinos .................... 1.194.234 11,7

1.290.491 12,1 1.169.156 90,6 8,1

Serra ............................................... 742.761 7,3

862.305 8,1 807.331 93,6 16,1

Sul .................................................. 833.640 8,2

843.206 7,9 795.928 94,4 1,1

Demais Coredes ............................. 5.155.558 50,6

5.277.665 49,4 4.951.881 93,8 2,4

Rio Grande do Sul ........................ 10.187.798 100,0 10.693.929 100,0 9.977.242 93,3 5,0

FONTE: FEEDADOS.

26

Assim como em relação à população, o PIB do Corede Serra é o terceiro maior do Estado. No

período analisado, o Corede Serra participou com percentuais entre 9,9 e 11% do produto do Rio Grande do

Sul. No entanto, se for considerado o PIB per capita, ele se manteve como o mais elevado do Estado no

decorrer de todo o período analisado, alcançando, em 2010, uma renda de R$ 32.103,86, aproximadamente

R$ 10 mil a mais que a média estadual (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2 Participação do PIB dos quatro principais Coredes no PIB total do Rio Grande do Sul — 2000-10

(%)

COREDES E RS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Metropolitano Delta do Jacuí 28,8 27,8 28,0 26,2 27,1 29,8 29,0 28,7 27,4 26,7 26,9

Vale do Rio dos Sinos ......... 16,0 16,1 15,4 15,0 15,7 15,4 14,8 14,4 15,3 15,6 14,9

Serra .................................... 10,4 10,1 10,2 9,9 10,5 10,9 10,5 10,3 10,3 10,4 11,0

Sul ....................................... 6,0 6,1 6,1 5,9 5,9 5,6 5,7 6,0 6,6 6,5 6,6

Demais Coredes ................. 38,8 39,8 40,4 43,0 40,9 38,4 40,0 40,7 40,3 40,9 40,6

Total RS ............................. 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: FEEDADOS.

Tabela 3

PIB per capita e ranking dos Coredes do RS — 2000, 2005 e 2010

COREDES E RS 2000 2005 2010

R$ Ranking R$ Ranking R$ Ranking

Serra ........................................... 11.294,49 1º 19.119,66 1º 32.103,86 1º

Vale do Rio dos Sinos ................ 10.870,93 2º 16.981,29 3º 29.219,25 2º

Metropolitano Delta do Jacuí ..... 10.335,45 3º 17.260,14 2º 28.096,83 3º

Alto Jacuí .................................... 6.689,24 11º 11.311,27 8º 27.125,07 4º

Produção .................................... 7.521,49 5º 12.137,82 7º 24.633,01 5º

Vale do Taquari .......................... 8.290,12 4º 13.916,46 5º 23.914,82 6º

Vale do Rio Pardo ...................... 7.305,93 6º 14.120,42 4º 23.831,68 7º

Noroeste Colonial ...................... 6.130,77 12º 9.990,32 13º 23.334,23 8º

Campos de Cima da Serra ........ -

- - 23.228,10 9º

Vale do Caí ................................ 7.286,99 8º 13.164,92 6º 22.347,86 10º

Norte .......................................... 6.743,43 10º 11.176,47 9º 22.045,17 11º

Fronteira Noroeste ..................... 6.997,43 9º 10.998,20 10º 21.303,66 12º

Nordeste .................................... 5.724,60 16º 10.121,94 12º 20.361,68 13º

Sul .............................................. 5.842,99 14º 9.234,06 18º 19.724,65 14º

Missões ...................................... 4.877,19 20º 8.581,93 19º 18.655,74 15º

Fronteira Oeste ........................... 5.044,03 19º 9.253,56 17º 18.355,55 16º

Rio da Várzea ............................. -

-

17.863,59 17º

Paranhana-Encosta da Serra ..... 7.288,83 7º 9.669,54 14º 17.357,27 18º

Hortênsias ................................... 5.890,75 13º 9.598,58 15º 16.853,30 19º

Central ........................................ 5.044,62 18º 8.335,72 20º 16.713,44 20º

Centro-Sul .................................. 5.816,27 15º 10.840,77 11º 16.305,22 21º

Médio Alto Uruguai ..................... 4.269,41 22º 7.289,78 23º 15.905,50 22º

Campanha ................................. 5.406,53 17º 9.300,95 16º 15.507,79 23º

Jacuí-Centro .............................. - - 7.806,03 22º 15.469,67 24º

Celeiro ........................................ - - - - 14.775,06 25º

Alto da Serra do Botucaraí ........ - - 7.211,42 24º 14.224,68 26º

Litoral ......................................... 4.850,88 21º 8.112,24 21º 13.853,53 27º

Vale do Jaguari .......................... - - - - 13.538,73 28º

Rio Grande do Sul .................... 7.977,52 - 13.298,02 - 23.606,36 - FONTE: FEEDADOS.

27

Outra forma de avaliar as características econômicas de uma localidade (país, estado ou município)

é verificar a estrutura da variável Valor Adicionado Bruto (VAB). O VAB corresponde à diferença entre o

valor bruto da produção a preços do produtor e o consumo intermediário a preços de mercado. Essa variável

é segmentada segundo os grandes setores econômicos: agricultura, indústria e serviços.

Em 2010, o Corede Serra gerou 10,8% do VAB total do Estado e, a exemplo das variáveis

anteriores, possui igualmente a terceira maior participação do Estado. Entre os três grandes setores

econômicos, destaca-se o VAB do setor industrial: em 2010, o Corede teve 16,3% do VAB industrial total do

Estado, sendo que, no período, esse VAB aumentou em 2,3 pontos percentuais. A região também é

responsável por 9,0% do VAB de serviços, e 5,4% do VAB da agropecuária do Estado no último ano da série

(Tabela 4).

Tabela 4 Participação do Valor Adicionado Bruto dos principais Coredes, segundo os setores econômicos, no RS — 2000 e 2010

(%)

COREDES E RS 2000 2010

Agropecuária Indústria Serviços Total Agropecuária Indústria Serviços Total

Metropolitano Delta do Jacuí 1,5 24,4 32,6 27,6 1,8 25,5 29,3 25,8

Vale do Rio dos Sinos .......... 0,4 23,6 14,2 15,8 0,4 18,6 15,1 14,8

Serra ..................................... 6,9 14,0 8,8 10,2 5,4 16,3 9,0 10,8

Sul ........................................ 7,4 5,1 6,4 6,1 8,1 5,2 6,5 6,3

Demais Coredes ................... 83,8 32,8 38,1 40,3 84,2 34,4 40,0 42,2

Rio Grande do Sul .............. 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: FEEDADOS.

A produção industrial é a principal vocação econômica da região. O VAB industrial do Corede

corresponde, aproximadamente, a 44% do seu VAB total. Embora a maior participação no VAB seja do setor

serviços (51,7% em 2010), este comumente assume um papel coadjuvante, apoiando os setores da

agropecuária e, principalmente, da indústria. O setor serviços na região é bastante desenvolvido, haja vista

que o Corede é um dos mais importantes centros regionais de serviços, contando com uma rede ampla de

serviços educacionais (escolas técnicas, faculdades e uma universidade) e de saúde (clínicas médicas e

hospitais), além de outros serviços de infraestrutura urbana, como centros de lazer e compras. Analisando o

comportamento do VAB em 2000 e 2010, constata-se uma expansão das atividades industriais, em

detrimento daquelas de agropecuária e de serviços (Gráfico 1).

Para avaliar o desenvolvimento socioeconômico da região, elegeu-se o Índice de Desenvolvimento

Socioeconômico (Idese), que é um indicador sintético que mostra as condições sociais e econômicas de um

território a partir de quatro dimensões temáticas — educação, renda, saneamento e domicílios, e saúde,

além do índice geral que contempla essas quatro dimensões. O valor apurado pelo indicador varia de um a

zero, e, quanto mais próximo de um, melhores são as condições e, analogamente, quanto mais próximo de

zero, piores são as condições do território analisado.

28

Gráfico 1

Composição do VAB do Corede Serra — 2000 e 2010

No universo dos 28 Coredes, o Corede Serra é o que apresentou o melhor índice geral do Idese,

com 0,818 (dados de 2009), enquanto, para o Estado, o índice registrou 0,776. Para os blocos específicos

de educação, renda e saneamento e domicílios, a posição do Corede mostrou-se também acima da média

estadual, assumindo, respectivamente, 3ª, 6ª e 1ª posições. No bloco saúde, diferentemente dos anteriores,

a posição cai para a 17ª posição. Este último índice (0,845) é igual ao do Corede Metropolitano Delta do

Jacuí, onde está a Capital do Estado, e também é inferior à média estadual de 0,850 (Tabela 5).

Tabela 5

Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), total e por blocos, dos três principais Coredes do RS — 2009

COREDES E RS IDESE EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTO E DOMICÍLIOS

SAÚDE RANKING

Serra ....................................... 0,818 0,894 0,839 0,692 0,845 1º

Metropolitano Delta do Jacuí 0,812 0,879 0,841 0,683 0,845 2º

Vale do Rio dos Sinos ............ 0,792 0,869 0,886 0,560 0,854 3º

Rio Grande do Sul ................ 0,776 0,870 0,813 0,569 0,850 FONTE: FEEDADOS.

Objetivando compreender melhor a dinâmica do Corede Serra, o passo seguinte é a avaliação mais

pontual de cada um dos municípios com forte tradição na produção de móveis.

3.2 Dos municípios do Corede Serra

Os principais municípios do complexo moveleiro, que atualmente integram o Corede Serra, tiveram

sua origem na formação das primeiras colônias italianas do Estado, como já visto anteriormente. Das 31

municipalidades do Corede, 13 destacam-se na produção moveleira: Antônio Prado, Bento Gonçalves,

Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Nova Araçá,

29

Nova Prata, Paraí, São Marcos e Veranópolis. Para a seleção desses municípios, foram considerados dois

critérios: primeiramente, as localidades onde a indústria de móveis contasse com um número de empregos

superior ou igual a 100 e, em segundo lugar, onde houvesse um número de estabelecimentos igual ou

superior a 10.9 As informações a seguir retratam as condições socioeconômicas desses municípios.

No período 2000-10, observa-se um crescimento demográfico no Corede Serra (17,5%) acima do

registrado na média do Estado (5,0%). Dentre os municípios selecionados da região, os que mais

contribuíram para esse aumento foram Nova Prata (24,5%), Nova Araçá (23,6%), Carlos Barbosa (22,8%),

Caxias do Sul (20,8%), Bento Gonçalves (17,3%) e Veranópolis (17,2%). Vale registrar que apenas dois

deles tiveram uma redução populacional: Antônio Prado (-0,7%) e, de forma mais acentuada, Monte Belo do

Sul (-7,3%). O maior número de habitantes encontra-se nos Municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e

Farroupilha, cidades com grande concentração urbana que, juntos, somam 70% do total da população do

Corede e cerca de 6% do total do Estado em 2010 (Tabela 6).

Tabela 6

População total e variação percentual, por municípios, do Corede Serra, no RS — 2000 e 2010

MUNICÍPIOS E RS 2000 2010 VARIAÇÃO

2010/2000 População % População %

Caxias do Sul ....................................... 360.419 49,1 435.564 50,5 20,8

Bento Gonçalves .................................. 91.486 12,5 107.278 12,4 17,3

Farroupilha ........................................... 55.308 7,5 63.635 7,4 15,1

Garibaldi ............................................... 28.337 3,9 30.689 3,6 8,3

Flores da Cunha ................................... 23.678 3,2 27.126 3,1 14,6

Carlos Barbosa ..................................... 20.519 2,8 25.192 2,9 22,8

Nova Prata ........................................... 18.344 2,5 22.830 2,6 24,5

Veranópolis .......................................... 19.466 2,7 22.810 2,6 17,2

São Marcos .......................................... 18.958 2,6 20.103 2,3 6,0

Antônio Prado ...................................... 12.918 1,8 12.833 1,5 -0,7

Paraí .................................................... 6.020 0,8 6.812 0,8 13,2

Nova Araçá .......................................... 3.236 0,4 4.001 0,5 23,6

Monte Belo do Sul ............................... 2.880 0,4 2.670 0,3 -7,3

Demais municípios do Corede ............ 72.566 9,9 80.762 9,4 11,3

Corede Serra ...................................... 734.135 100,0 862.305 100,0 17,5

RIO GRANDE DO SUL ....................... 10.187.798 - 10.693.929 - 5,0 FONTE: FEEDADOS.

Em 2010, o PIB do Corede Serra representou, aproximadamente, 11% do PIB total do Estado,

sendo que apenas o Município de Caxias do Sul produziu mais da metade desse valor (6,2%). O segundo

maior PIB da região moveleira da serra é o de Bento Gonçalves, que, nesse mesmo ano, foi de 1,25% da

produção total do Estado. Os demais municípios selecionados, somados, possuem participações bem mais

modestas, não perfazendo sequer 1% do PIB estadual. Entretanto, o PIB do conjunto de municípios

selecionados representa 90% da produção do Corede. No período, a participação do Corede no Estado

9 Ainda que os limites de empregos e estabelecimentos tenham sido os mesmos aplicados na fase inicial de identificação dos aglomerados produtivos do Estado, sua aplicação na AP de móveis levou em consideração a distribuição específica dessa atividade produtiva no RS.

30

elevou-se, principalmente em razão do aumento verificado no PIB de Caxias do Sul, de 5,31% em 2000 para

6,22% em 2010 (Tabela 7).

No tocante ao PIB per capita (Gráfico 2), o maior valor, em 2010, foi encontrado em Nova Araçá, R$

44.722,68 (7º posição no ranking estadual), seguido por Caxias do Sul, R$ 36.034,46 (22º posição no

ranking estadual). Comparando-se os PIBs per capita municipais, além desses dois municípios, apenas

Carlos Barbosa, Nova Prata e Garibaldi auferiram um produto por habitante acima da média do Corede. No

nível intermediário, entre a média do Corede e a média dos municípios gaúchos, ficaram os Municípios de

Veranópolis, Bento Gonçalves, Farroupilha, Monte Belo do Sul e Flores da Cunha. Finalmente, Paraí,

Antônio Prado e São Marcos foram os três municípios da região moveleira em que o PIB per capita foi

menor que a média do Estado.

Tabela 7 PIB e participação no PIB estadual dos principais municípios do Corede Serra no RS — 2000 e 2010

MUNICÍPIOS E RS 2000

2010

PIB (R$ mil) % (a)

% (b)

PIB (R$ mil) % (a)

% (b)

Caxias do Sul ................................ 4.342.501 51,19 5,31 15.692.359 56,69 6,22

Bento Gonçalves ........................... 1.129.440 13,31 1,38 3.150.736 11,38 1,25

Farroupilha .................................... 682.908 8,05 0,83 1.667.434 6,02 0,66

Garibaldi ........................................ 385.958 4,55 0,47 1.035.508 3,74 0,41

Carlos Barbosa ............................. 257.245 3,03 0,31 886.899 3,20 0,35

Nova Prata .................................... 273.873 3,23 0,33 789.616 2,85 0,31

Veranópolis ................................... 200.496 2,36 0,25 723.287 2,61 0,29

Flores da Cunha ............................ 252.512 2,98 0,31 662.304 2,39 0,26

São Marcos ................................... 148.307 1,75 0,18 410.204 1,48 0,16

Antônio Prado ............................... 105.410 1,24 0,13 282.715 1,02 0,11

Nova Araçá ................................... 25.987 0,31 0,03 179.025 0,65 0,07

Paraí ............................................. 42.633 0,50 0,05 152.419 0,55 0,06

Monte Belo do Sul ........................ 14.755 0,17 0,02 68.769 0,25 0,03

Demais municípios do Corede ..... 571.401 6,74 0,70 1.981.950 7,16 0,78

Corede Serra ............................... 8.483.923 100,00 10,37 27.683.225 100,00 10,96

RIO GRANDE DO SUL ................. 81.814.714 - 100,00 252.482.597 - 100,00 FONTE: FEEDADOS. (a) Participação no PIB do Corede. (b) Participação no PIB do Estado.

Seguindo a mesma distribuição do VAB observada para o Corede, os municípios selecionados da

região moveleira destacam-se pela participação elevada do setor industrial no produto total (Gráfico 3). Em

alguns municípios como Nova Prata, Nova Araçá, Veranópolis, Carlos Barbosa e Garibaldi, a participação do

VAB do setor industrial ultrapassa os 50% do VAB total do Corede em 2010. Em Caxias do Sul, Flores da

Cunha e Bento Gonçalves, esse percentual fica em torno de 39% e 46% respectivamente. Em contraponto,

os municípios com as menores participações do setor industrial no VAB total são aqueles onde a atividade

da agropecuária é mais representativa, como Antônio Prado, Monte Belo do Sul e Paraí.

Finalmente, o índice do Idese para os municípios do Corede Serra revela que as melhores

condições socioeconômicas são encontradas em Caxias do Sul (0,858) e em Bento Gonçalves (0,809)

(Tabela 8). Tanto no ranking dos municípios do Corede, como no de todos os municípios do Estado, Caxias

do Sul é o que apresenta o mais elevado índice de desenvolvimento socioeconômico, enquadrando-se em

31

1º lugar nos dois rankings citados. Esse destacado Idese de Caxias é influenciado principalmente pelos altos

índices dos blocos educação e renda. Já Bento Gonçalves, o segundo no ranking do Corede, sobressai-se

pelo bom desempenho nos blocos educação e saúde, embora ocupe a 12ª posição no ranking do Estado. O

terceiro município, com um Idese de 0,800 e que também tem como blocos marcantes educação e saúde, é

Garibaldi. Interessante é salientar que, entre os quatro blocos do Idese, o saneamento e domicílios é o pior

dos índices nos três municípios analisados.

Gráfico 2

PIB per capita dos municípios selecionados do Corede Serra e do RS — 2010

32

Gráfico 3

Composição do VAB dos municípios selecionados do Corede Serra, segundo os setores da economia, no RS — 2010

Tabela 8

Idese, total e por blocos, dos municípios selecionados do Corede Serra no RS — 2009

RANKING

MUNICÍPIOS IDESE EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTO

E DOMICÍLIOS SAÚDE

Corede Estado

Antônio Prado .............. 0,731 0,880 0,713 0,425 0,905 16º 151º

Bento Gonçalves ......... 0,809 0,887 0,802 0,699 0,850 2º 12º

Carlos Barbosa ............ 0,786 0,893 0,806 0,595 0,850 4º 28º

Caxias do Sul ............... 0,858 0,900 0,880 0,816 0,837 1º 1º

Farroupilha ................... 0,759 0,898 0,812 0,486 0,838 10º 82º

Flores da Cunha .......... 0,762 0,884 0,742 0,575 0,846 9º 75º

Garibaldi ....................... 0,800 0,882 0,835 0,641 0,843 3º 16º

Monte Belo do Sul ....... 0,702 0,883 0,639 0,438 0,847 20º 233º

Nova Araçá .................. 0,773 0,868 0,879 0,489 0,855 8º 53º

Nova Prata ................... 0,779 0,858 0,795 0,586 0,875 6º 41º

Paraí ............................. 0,742 0,888 0,789 0,429 0,860 13º 126º

São Marcos .................. 0,751 0,910 0,709 0,527 0,859 12º 103º

Veranópolis .................. 0,785 0,877 0,760 0,630 0,870 5º 30º

Corede Serra .............. 0,818 0,894 0,839 0,692 0,845 - 1º

RIO GRANDE DO SUL 0,776 0,870 0,813 0,569 0,850 - - FONTE: FEEDADOS.

33

3.3 Dados de emprego formal e estabelecimentos

Neste item, serão apresentadas as informações sobre os números de empregos formais e

estabelecimentos, obtidas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)10

, a partir da classificação de

grupos de atividades (três dígitos) e classes (cinco dígitos) da CNAE 2.0.

Cabe destacar que a seleção segundo grupos de atividade visa fornecer informações mais amplas

da atividade produtiva de móveis, enquanto o agrupamento segundo classes objetiva mapear as

informações a partir de dados mais desagregados. Assim, para se aproximar o máximo possível da cadeia

moveleira (Figura 2), foram selecionadas 13 classes no conjunto insumos, quatro classes de bens finais e

uma classe de serviços de apoio (Quadro 4).

A exposição das informações está dividida em dois recortes: primeiramente, apresentam-se os

dados de emprego e estabelecimentos no âmbito do Corede e, posteriormente, nos 11 municípios

selecionados para compor a aglomeração produtiva de móveis da Serra gaúcha.

No Brasil, segundo os dados da RAIS de 2010, o emprego total do setor de móveis está concentrado

em cinco estados brasileiros, que são: São Paulo (24,6%), Paraná (15,5%), Rio Grande do Sul (14,6%),

Minas Gerais (13,6%) e Santa Catarina (10,6%), sendo que, na Região Sul, encontram-se 40,7% desses

empregos (Gráfico 4).

Quadro 4

Classes CNAE relacionadas com a cadeia produtiva de móveis

Elos da cadeia Classe de Atividades

Insumos

13.59-6: Fabricação de outros produtos têxteis não especificados anteriormente

16.10-2: Desdobramento de madeira

16.21-8: Fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada e

aglomerada

20.71-1: Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas

20.91-6: Fabricação de adesivos e selantes

22.21-8 Fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico

22.29-3: Fabricação de artefatos de material plástico não especificados anteriormente

23.11-7: Fabricação de vidro plano e de segurança

23.19-2: Fabricação de artigos de vidro

24.41-5: Metalurgia do alumínio e suas ligas

25.99-3: Fabricação de produtos de metal não especificados anteriormente

28.29-1: Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral não especificado anteriormente

28.40-2: Fabricação de máquinas-ferramenta

Produtos finais

31.01-2: Fabricação de móveis com predominância de madeira

31.02-1: Fabricação de móveis com predominância de metal

31.03-9: Fabricação de móveis de outros materiais, exceto madeira e metal

31.04-7: Fabricação de colchões

Serviços de apoio 74.10-2: Design e decoração de interiores

10

A Relação Anual de Informações Sociais é um instrumento de coleta de dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

34

Gráfico 4

Participação dos empregos da indústria de móveis, segundo as classes de atividade dos principais estados produtores do Brasil — 2010

Dentre esses cinco estados, o Paraná é o que possui a maior participação dos empregos do setor

moveleiro no total de empregos da indústria de transformação (6,2%), enquanto, no Rio Grande do Sul, essa

mesma participação é 5,4%. A distribuição dos empregos por classes de atividades da indústria moveleira

no total da indústria de transformação revela, em qualquer um dos estados citados, a supremacia da

fabricação de móveis com predominância de madeira. Em seguida, tem-se a participação dos empregos da

fabricação de móveis com predominância de metal na indústria total, onde é relevante o número de

empregos em quatro daqueles estados, exceto Santa Catarina. Para a produção de móveis de outros

materiais, excluindo os anteriores, os principais estados em número de empregos são São Paulo e Paraná.

Finalmente, dentre as classes de fabricação de móveis, a produção de colchões é a menos concentrada, e

os estados com maior número de empregos são os da Região Sudeste (Gráfico 5).

No Rio Grande do Sul, a maior parte dos empregos do setor de móveis está na fabricação dos com

predominância de madeira (79,2%). A segunda classe em número de empregos é a da fabricação de móveis

com predominância de metal (13,9%). Os empregos nas classes de móveis de outros materiais, exceto

madeira e metal, e na fabricação de colchões representam 3,5%, cada um, do total de empregos no setor

(Gráfico 6).

35

Gráfico 5 Participação dos empregos da indústria de móveis no total dos empregos da indústria de transformação, segundo as classes de

atividade, em estados brasileiros — 2010

Quanto ao número de estabelecimentos, aproximadamente 75% das indústrias de móveis do Brasil

situam-se nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maior

concentração encontra-se em São Paulo, tanto para o número total de estabelecimentos (19,8%), como para

os estabelecimentos de cada uma das classes de bens finais. O Rio Grande do Sul ocupa a segunda

posição para o número total de estabelecimentos do setor e para as três principais classes de móveis; a

exceção é o número de estabelecimentos de fabricação de colchões (7,3%), em que assume a quarta

posição entre os estados brasileiros mencionados (Gráfico 7).

36

Gráfico 6 Distribuição dos empregos da indústria de móveis, segundo as classes de atividade, no RS — 2010

Gráfico 7

Distribuição dos estabelecimentos da indústria de móveis, segundo as classes de atividade, no Brasil — 2010

37

3.3.1 Emprego e estabelecimentos nos Coredes

É bastante expressivo o número de empregos formais e de estabelecimentos da indústria de móveis

no Corede Serra em comparação com outros Coredes (Gráfico 8). Em 2010, no Corede Serra foi ofertada

praticamente a metade dos empregos formais da indústria moveleira do Estado (46,5%) e um terço dos

estabelecimentos gaúchos do setor situam-se aí (34,1%). Além da aglomeração da Serra, cabe mencionar

outras duas importantes aglomerações: uma no Corede Vale do Rio dos Sinos, com 10,9% do número de

empregos e 8,6% dos estabelecimentos do Estado, e outra, no Corede Hortênsias, com 9,2% dos empregos

formais e 7,0% dos estabelecimentos, também do Estado.

Gráfico 8 Participação do número de empregos e de estabelecimentos da indústria de móveis, segundo os principais Coredes do RS — 2010

Grande parte dos estabelecimentos (86,3%) que atuam na produção de móveis, no Estado, são

microempresas (até nove funcionários) — Gráficos 9 e 10. Acrescentando, às microempresas, as pequenas

empresas (de 10 a 49 funcionários), com 11,3% dos estabelecimentos, tem-se que 97,6% das empresas do

setor moveleiro do Estado possuem até 49 funcionários. As empresas de médio porte (de 50 a 249

funcionários) representam 2,1% do total do setor, enquanto as grandes (acima de 250 funcionários), 0,3% do

total do Estado. Esses grandes estabelecimentos, que totalizam sete, estão assim distribuídos: quatro no

Corede Serra, dos quais três são especializados na fabricação de móveis com predominância de madeira e

um com predominância de metal; um no Corede Hortênsias, um no Corede Vale do Rio dos Sinos e um no

Corede Vale do Caí. Esses últimos três estabelecimentos são produtores de móveis com predomínio de

madeira.

38

Gráfico 9 Distribuição dos estabelecimentos da indústria de móveis nos principais Coredes,

segundo o porte da empresa, no RS — 2010

Gráfico 10

Distribuição dos estabelecimentos das classes da indústria de móveis, nos principais Coredes e segundo o porte da empresa, no RS – 2010

39

No tocante às classes de atividades da indústria moveleira dos produtos finais (Gráfico 11), observa-

se que, na indústria gaúcha, predomina a fabricação de móveis de madeira, a qual é responsável por 79,4%

dos empregos e 85,1% dos estabelecimentos voltados para a atividade no Estado.

A fabricação de móveis com predominância de metal é a segunda classe com o maior número de

empregos (13,9%) e de estabelecimentos (8,5%) no Estado. Por sua vez, as produções de colchões e de

móveis de outros materiais representam, cada uma, menos de 3,5% do emprego total da indústria moveleira

e 1,2% e 5,2%, respectivamente, dos estabelecimentos desse setor no Estado.

Gráfico 11

Participação do emprego e dos estabelecimentos da indústria de móveis, segundo as classes de atividade, no RS — 2010

Entre os principais Coredes do setor moveleiro gaúcho, constatam-se diferenças quanto à

especialização produtiva. Como salientado anteriormente, a produção gaúcha de móveis é orientada para a

produção de móveis com predomínio de madeira e, mesmo presente em todas as regiões do Estado, o

maior número de empregos e de estabelecimentos encontra-se no Corede Serra (Gráfico 12).

Entretanto, as informações sinalizam que o diferencial do Corede Serra também ocorre na produção

de móveis com predominância de metal, dado que, nessa região, localizam-se 73,2% dos empregos e

66,1% dos estabelecimentos nessa classe de atividade no Estado. A produção de colchões também é uma

atividade espacialmente concentrada, contudo se encontra predominantemente localizada no Corede Vale

do Rio dos Sinos. Algo semelhante ocorre na produção de móveis de outros materiais, cuja atividade tem

maior destaque no Corede Hortênsias, quando comparado com os demais.

Logo, é possível observar uma diferenciação de especialização entre os principais Coredes da

indústria de móveis no Estado: a) o Corede Serra é o de maior peso para a indústria moveleira e seu

diferencial, entre as demais regiões do Estado, encontra-se, em primeiro lugar, na produção de móveis com

40

predominância de metal e, em segundo, na produção de móveis com predominância de madeira; b) o

Corede Vale do Rio dos Sinos singulariza-se pela produção de colchões; e c) o Corede Hortênsias, além de

destacar-se na produção de móveis com predominância de madeira, também orienta sua produção para a

fabricação de móveis com outros materiais.11

Gráfico 12 Participação do número de empregos e de estabelecimentos, por classes da indústria de móveis dos principais Coredes, no total do RS – 2010

Ampliando a análise para a configuração da cadeia produtiva, observa-se que as classes que

compõem os insumos da produção moveleira também estão espacialmente concentradas. Esse é o caso

dos Coredes Serra, Vale do Rio dos Sinos e Metropolitano Delta do Jacuí (Gráfico 13).

No Estado, a distribuição do número de empregos das classes de atividades dos principais

fornecedores da indústria moveleira, listados no Quadro 3, apresenta-se da seguinte forma: 31,3% no

Corede Serra; 24,9%, no Metropolitano; e 16,9%, no Vale do Rio dos Sinos. Ademais, considerando que o

número de empregos no Corede Serra é superior ao verificado nos demais Coredes, o tamanho médio dos

estabelecimentos nesse Corede é superior à média do Estado. Agregando essas informações com aquelas

da produção final de móveis, ratifica-se a importância do aglomerado de móveis no Corede Serra, uma vez

que tanto a jusante como a montante da indústria moveleira, constatam-se níveis de participação de

empregos e de estabelecimentos não verificados em outras regiões.

11

Cabe informar que essa participação do Corede Hortênsias na produção de móveis de outros materiais é decorrente do número de empregos (201 postos) ofertados no Município de Picada Café. Ali há dois estabelecimentos especializados na produção de móveis de fibras naturais e sintéticas.

41

Gráfico 13 Participação do número de empregos e de estabelecimentos das classes de insumos da indústria de móveis, segundo os principais

Coredes, no RS — 2010

3.3.2 Emprego e estabelecimentos em municípios selecionados do Corede Serra

Analisando as informações dos municípios que constituem o Corede Serra, nota-se que,

internamente, também há uma concentração da produção (Figuras 4 e 5; Tabela 9). A produção moveleira

dessa região é nucleada pela localidade de Bento Gonçalves, que destoa das demais por concentrar 20,6%

dos empregos dessa indústria no Estado. No interior do Corede, essa participação corresponde a 44,3%; ou

seja, praticamente a metade dos empregos desse setor é ofertada por Bento Gonçalves. Boa parte da

economia desse município gira em torno da produção moveleira, uma vez que esta representa 42,2% do

emprego industrial do município e 19,3% do total de empregos.

Outras municipalidades com número expressivo de empregos na atividade moveleira são: Caxias do

Sul, Flores da Cunha e Garibaldi. Verifica-se também que, mesmo em outros municípios do Corede Serra,

onde o número absoluto de empregos é menor, a participação dos empregos formais da indústria moveleira,

tanto no emprego total da indústria de transformação como no total de empregos formais, é bastante

representativa (Gráfico 14). Esse é o caso de: a) Monte Belo do Sul, com 93,8% do emprego da indústria de

transformação e 69,3% do emprego total; b) Flores da Cunha com, respectivamente, 43,1% e 22,7%; c)

Antônio Prado, 39,7% e 18,5%; e d) Paraí, 29% e 14,4%.

42

Figura 4

Figura 5

43

Gráfico 14 Participação do emprego da indústria de móveis na indústria de transformação e no total de empregos, por municípios selecionados, do

Corede Serra, no RS — 2010

Outra forma de verificar a relevância do setor moveleiro na economia dos municípios é apurar o

Quociente Locacional (QL). O QL indica o nível de especialização da atividade produtiva local em relação à

sua região de abrangência (estado ou país).12

Foram calculados dois QLs, um levando em consideração o

emprego total da indústria de transformação, outro, o emprego total em todos os setores de atividade.

Os dados de QL, apresentados na Tabela 9, revelam a alta especialização de alguns municípios do

Corede Serra na produção moveleira gaúcha. No Município de Bento Gonçalves, o principal da aglomeração

de móveis, a atividade moveleira, entre as atividades da indústria de transformação, é 7,8 vezes mais

especializada que a média estadual, e, entre a totalidade das atividades econômicas, é 14,5 vezes mais

especializada que a média do RS.

Dentre os municípios selecionados do Corede, destaca-se Monte Belo do Sul. Os dois QLs nessa

municipalidade indicaram uma especialização 17,4 e 52,1 vezes acima da média do Estado. Esses altos

quocientes devem-se à elevada participação dos empregos da indústria de móveis nos empregos totais,

tanto da indústria de transformação como no conjunto dos setores econômicos, salientados anteriormente.

Na mesma condição de Monte Belo do Sul, estão as localidades de Flores da Cunha, Antônio Prado e Paraí.

12

Seu cálculo é determinado pela razão entre a participação do emprego do setor i na região j em relação ao emprego total na região j e a participação do emprego do setor i em relação ao emprego total. Seu valor revela três situações: a) QL igual a 1: especialização do município i na atividade do setor j é idêntica à especialização do conjunto das regiões analisadas neste setor; b) QL inferior 1: especialização do município i na atividade do setor j é inferior à especialização do conjunto das regiões analisadas neste setor; e c) QL superior 1: especialização do município i na atividade do setor j é superior à especialização do conjunto de regiões analisadas nesse setor.

44

Tabela 9 Número de empregos e de estabelecimentos da indústria de móveis dos municípios selecionados

do Corede Serra no RS — 2010

MUNICÍPIOS E RS

EMPREGOS

ESTABELECIMENTOS

Número % QL

(1)

QL

(2) Número %

QL

(1)

QL

(2)

Antônio Prado .................................. 571 1,5 7,4 13,9 28 1,1 3,7 6,2

Bento Gonçalves ............................. 7.689 20,6 7,8 14,5 268 10,3 4,1 7,2

Carlos Barbosa ................................ 106 0,3 0,3 0,8 19 0,7 1,4 2,4

Caxias do Sul ................................... 2.277 6,1 0,5 1,0 204 7,9 0,8 1,5

Farroupilha ....................................... 815 2,2 1,4 2,5 52 2,0 1,2 2,5

Flores da Cunha .............................. 1.895 5,1 8,0 17,0 93 3,6 3,8 8,7

Garibaldi .......................................... 1.576 4,2 3,8 8,9 71 2,7 2,8 5,7

Monte Belo do Sul ........................... 436 1,2 17,4 52,1 1 0,0 1,2 2,5

Nova Araçá ...................................... 167 0,4 1,8 5,9 9 0,3 3,5 6,2

Nova Prata ....................................... 474 1,3 2,4 4,8 17 0,7 1,6 1,8

Paraí ................................................ 307 0,8 5,4 10,8 20 0,8 3,0 6,7

São Marcos ...................................... 560 1,5 3,2 7,0 31 1,2 2,3 4,8

Veranópolis ...................................... 263 0,7 1,3 2,8 36 1,4 2,3 4,4

Demais municípios do Corede ........ 210 0,6 0,3 0,7 36 1,4 0,7 1,4

Corede Serra .................................. 17.346 46,5 2,0 4,1 885 34,1 1,7 3,2

RIO GRANDE DO SUL ................... 37.320 100,0 1,0 1,0 2.597 100,0 - 1,0 FONTE: RAIS/MTE. (1) Quociente Locacional da indústria de transformação. (2) Quociente Locacional total.

Assim como foi constatado para o número de empregos, o número de estabelecimentos também é

diferenciado na região (Gráfico 15). No Corede Serra, situam-se 34,1% dos estabelecimentos da indústria de

móveis gaúcha. Desses, a maior parte encontra-se nos Municípios de Bento Gonçalves (10,3%) e Caxias do

Sul (7,9%), que representam 18,2% dos estabelecimentos do Rio Grande do Sul. Semelhante ao observado

no emprego, os estabelecimentos da produção moveleira assumem uma posição elevada no total dos

estabelecimentos da indústria de transformação e nos estabelecimentos totais existentes nos municípios.

Em Bento Gonçalves, os estabelecimentos de móveis representam 30% dos estabelecimentos industriais

(maior percentual entre os municípios selecionados). Em Antônio Prado, Flores da Cunha, Nova Araçá,

Paraí e Garibaldi, os estabelecimentos de produção de móveis correspondem a mais de 20% dos

estabelecimentos industriais.

45

Gráfico 15 Participação dos estabelecimentos da indústria de móveis na indústria de transformação e no total de estabelecimentos, por municípios

selecionados, do Corede Serra, no RS — 2010

Conforme salientado no item 2.1, embora a produção de móveis seja uma atividade caracterizada

pela disseminação espacial, a presença de economias externas na atividade pode diferenciar umas regiões

de outras, gerando importantes vantagens competitivas e, eventualmente, o aparecimento de atributos de

um arranjo produtivo local. Esse parece ser o caso dos municípios selecionados no Corede Serra, nos quais

se observa a predominância de uma atividade que é importante não somente para a região, mas também

para o Estado e para o País.

Como já evidenciado, a indústria moveleira gaúcha especializou-se na produção de móveis com

predominância de madeira: 79,2% do total de empregos (Gráfico 11) dessa indústria no Estado estão

alocados na fabricação desse tipo de móveis, e, destes, 43,6% situam-se no Corede Serra (Tabela 10).

Os móveis com predominância de metal ocupam a segunda posição, correspondendo a 13,9% dos

empregos da produção moveleira (Gráfico 11) no Estado e 73,2% dos empregos da indústria moveleira no

Corede Serra. O Município de Bento Gonçalves é o principal empregador do Corede e do Estado nessas

duas classes de indústria de móveis (18,3% e 39,7%). Outra localidade com participações importantes na

fabricação de móveis com predominância de metal é Garibaldi (18,8%).

46

Tabela 10 Número e participação dos empregos da indústria de móveis, segundo as classes de atividade, nos municípios selecionados do Corede

Serra, no RS — 2010

MUNICÍPIOS E RS

PREDOMINÂNCIA DE MADEIRA

PREDOMINÂNCIA

DE METAL

OUTROS MATERIAIS

FABRICAÇÃO

DE COLCHÕES

Número % Número % Número % Número %

Antônio Prado ................................... 571 1,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Bento Gonçalves .............................. 5.416 18,3 2.059 39,7 87 6,7 127 9,7

Carlos Barbosa ................................. 72 0,2 32 0,6 2 0,2 0 0,0

Caxias do Sul ................................... 1.532 5,2 423 8,2 112 8,7 210 16,1

Farroupilha ....................................... 701 2,4 63 1,2 50 3,9 1 0,1

Flores da Cunha ............................... 1.759 6,0 136 2,6 0 0,0 0 0,0

Garibaldi ........................................... 602 2,0 972 18,8 2 0,2 0 0,0

Monte Belo do Sul ............................ 436 1,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Nova Araçá ....................................... 145 0,5 22 0,4 0 0,0 0 0,0

Nova Prata ........................................ 472 1,6 0 0,0 2 0,2 0 0,0

Paraí ................................................. 292 1,0 0 0,0 15 1,2 0 0,0

São Marcos ...................................... 498 1,7 61 1,2 1 0,1 0 0,0

Veranópolis ....................................... 244 0,8 0 0,0 19 1,5 0 0,0

Demais municípios do Corede ......... 140 0,5 26 0,5 44 3,4 0 0,0

Corede Serra ................................... 12.880 43,6 3.794 73,2 334 25,

9

338 25,9

RIO GRANDE DO SUL .................... 29.543 100,

0

5.182 100,0 1.290 10

0,0

1.305 100,

0 FONTE: RAIS/MTE.

A distribuição dos empregos nas distintas classes de móveis pode ser melhor visualizada nas

Figuras 6, 7, 8 e 9:

Figura 6

47

Figura 7

Figura 8

48

Figura 9

Os dados de emprego nas classes de atividades dos insumos indicam uma forte concentração no

Município de Caxias do Sul (Gráfico 16). Neste município, localizam-se mais de 70% dos empregos das

atividades de “tintas, vernizes e lacas”, “artefato de plásticos”, “vidro de segurança”; “produtos de metal”,

“máquinas e equipamentos de uso geral” e “máquinas-ferramenta”. Outros municípios que centralizam parte

dos empregos das atividades intermediárias são: a) Farroupilha, em “outros produtos têxteis” e “artigos de

vidro”; Bento Gonçalves, em “madeira laminada e chapas de madeira compensada, prensada e

aglomerada”, “adesivos e selantes” e “laminados planos e tubulares de material plástico”; e c) Antônio Prado,

em “artigos de vidro”.

49

Gráfico 16

Participação do emprego nas classes dos insumos da indústria de móveis, segundo os municípios selecionados do Corede Serra, no RS — 2010

3.4 Dados de exportação e de importação de móveis

O aumento da presença da China no mercado internacional de móveis tem implicado adaptações

estratégicas por parte das empresas que atuam no comércio internacional, tanto na venda como na compra.

A indústria brasileira de móveis busca encontrar esse ajuste por meio de redução de custos, atuação em

nichos de mercado, diversificação geográfica e participação em feiras internacionais.

No Brasil, as aglomerações produtivas de móveis de Bento Gonçalves, no RS, e a de São Bento do

Sul, em Santa Catarina, distinguem-se das demais aglomerações por serem bastante significativas quanto

às exportações. Segundo dados da APEX-Brasil, em 2011 o faturamento do setor moveleiro brasileiro foi de

R$ 35 bilhões, enquanto as exportações do setor somaram US$ 743 milhões (APEX-Brasil 2012).

Para averiguar as exportações e importações do setor no Brasil, adotou-se o Sistema Harmonizado

de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) para os produtos identificados no Quadro 5.13

13

Essa seleção é a mesma utilizada pela APEX-Brasil para acompanhar a performance do setor moveleiro.

50

Quadro 5 Sistema harmonizado de designação e de codificação de mercadorias (SH)

para os produtos da indústria moveleira

Mercadorias

940130- Assentos giratórios de altura ajustável 940330 – Móveis de madeira para escritórios

940140 – Assentos (exceto de jardim ou de acampar)

transformáveis em cama

940340 – Móveis de madeira para cozinhas

940150 – Assentos de rotim, vime, bambu ou de materiais

semelhantes

940350 – Móveis de madeira para quartos de dormir

940151 – Assentos de ratã, bambu/materiais semelhantes 940360 – Outros móveis de madeira

940159 – Outros assentos de ratã, bambu e materiais

semelhantes

940370 – Móveis de plástico

9401601 – Assentos estofados com armação de madeira 940380 – Móveis de outros materiais, incluindo rotim, vime,

bambu ou materiais semelhantes

940169 – Outros assentos com armação de madeira 940381 – Móveis de bambu ou ratã

940171 – Assentos estofados, com armação de metal 940389 – Móveis de outros materiais, inclusive ratã, vime, bambu

e materiais semelhantes

940179 – Outros assentos com armação de metal 940390 – Partes de móveis

940180 – Outros assentos 940410- Suportes elásticos para camas

940190 – Partes de assentos 940421 – Colchões de borracha ou de plásticos alveolares,

mesmo recobertos

940310 – Móveis de metal para escritórios 940429 – Colchões de outros materiais

940320 – Outros móveis de metal

3.4.1 Exportações

As exportações de produtos moveleiros no País vêm diminuindo nos últimos anos, principalmente a

partir de 2009. Há, pelo menos, dois fatores que explicam esse decréscimo: os efeitos da crise financeira de

setembro de 2008 e a alta valorização do real em relação ao dólar estadunidense.

De acordo com os dados do MDIC, entre 2007 e 2012 as exportações brasileiras de móveis

diminuíram 5,6%, mesmo percentual verificado para o Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, outro

importante estado exportador, a redução foi mais acentuada, 12%. Cabe destacar o bom desempenho das

empresas mineiras de móveis, que, nesse mesmo período, elevaram suas exportações em 24,8%.

Os principais estados exportadores de móveis localizam-se nas Regiões Sul e Sudeste do País

(Gráfico 17). Os dois primeiros estados em evidência, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, respondem, em

média, no período 2007-12, por 60% das exportações brasileiras. Entretanto, como já mencionado, essa

participação vem declinando no final do período considerado. Antes dessa queda, entre 2007 e 2009 houve

um aumento gradativo na participação, culminando, no ano de 2009, com o maior percentual exportado

pelos dois estados (64,7%). A partir de 2010, no entanto, a participação já foi menor e, em 2011, atingiu o

menor percentual (54,3%). Vale ressaltar que esse declínio foi mais acentuado para as empresas

catarinenses, que, entre 2007 e 2012, reduziram sua participação em 10,5 pontos percentuais, enquanto, no

Rio Grande do Sul, essa redução foi de apenas 0,2 pontos percentuais. Outro estado que perdeu

participação nas exportações de móveis foi a Bahia, que, no mesmo período, diminuiu 5,6 pontos

percentuais. Em contrapartida, os Estados de São Paulo, Paraná e Minhas Gerais apresentaram um

51

aumento das participações em torno de 5 pontos percentuais cada um nas exportações brasileiras de

móveis, entre 2007 e 2012.

No Rio Grande do Sul, a maior parcela das exportações de móveis advém dos municípios do Corede

Serra, totalizando mais de 61% das exportações anuais entre 2007 e 2012 (Gráfico 18). Apesar de, no

quadriênio 2008-11, ocorrer uma redução dessa participação em aproximadamente 4,5 pontos percentuais

relativamente ao ano de 2007, em 2012 já se observa uma recuperação das exportações do Corede, quando

retorna ao percentual do ano imediatamente anterior ao período registrado de quedas (66%).

Gráfico 17 Distribuição percentual do valor exportado pelo setor moveleiro, segundo as principais unidades da federação, no Brasil — 2007-12

Gráfico 18 Distribuição do valor exportado de móveis, segundo o Corede Serra e os demais Coredes, no RS — 2007-12

52

No grupo dos municípios selecionados do Corede, nota-se que apenas Bento Gonçalves

comercializa no mercado externo mais de 20% do valor total exportado pelo Rio Grande do Sul, uma média

de 35% das exportações totais de móveis do Corede no período 2007-12 (Tabela 11).

No triênio 2007-09, Bento Gonçalves, o principal município exportador, reduziu sua participação no

total das exportações de móveis, tanto no Rio Grande do Sul como no Corede. Já no triênio seguinte, 2010-

12, houve uma retomada, porém não suficiente para alcançar a elevada participação de 2007, quando o

município deteve mais de 40% das exportações do Corede. Já os Municípios de Caxias do Sul, Garibaldi e

Nova Prata elevaram gradualmente suas participações ao longo dos seis anos, provavelmente em virtude de

suas específicas especializações no setor mobiliário, enquanto Veranópolis e Flores da Cunha diminuíram

essas participações.

Tabela 11

Valor e distribuição percentual das exportações de móveis, por municípios selecionados, do Corede Serra, no RS — 2007-12

DISCRIMINAÇÃO

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Valor (US$

mil) %

Valor (US$

mil) %

Valor (US$

mil) %

Valor (US$

mil) %

Valor

(US$ mil) %

Valor (US$

mil) %

Bento

Gonçalves ......... 76.744 27,0 59.761 21,0 39.727 20,1 43.155 20,9 44.491 22,3 48.834 24,1

Caxias do Sul .... 20.229 7,1 24.073 8,5 17.512 8,9 17.340 8,4 15.668 7,9 17.752 8,8

Nova Prata ........ 10.371 3,6 9.504 3,3 10.714 5,4 10.959 5,3 12.915 6,5 13.815 6,8

Flores da Cunha 22.844 8,0 16.086 5,7 11.118 5,6 11.703 5,7 9.509 4,8 12.079 6,0

Antônio Prado ... 9.758 3,4 8.104 2,9 7.047 3,6 7.982 3,9 8.379 4,2 9.707 4,8

Monte Belo do

Sul ..................... 7.333 2,6 20.440 7,2 11.922 6,0 15.107 7,3 12.605 6,3 7.888 3,9

Garibaldi ........... 4.964 1,7 5.355 1,9 3.964 2,0 4.364 2,1 4.167 2,1 7.249 3,6

São Marcos ...... 5.476 1,9 4.960 1,7 3.273 1,7 3.065 1,5 4.044 2,0 5.098 2,5

Carlos Barbosa 6.332 2,2 8.765 3,1 4.095 2,1 4.523 2,2 4.437 2,2 4.223 2,1

Veranópolis ....... 15.516 5,5 9.229 3,2 6.317 3,2 4.263 2,1 2.825 1,4 2.404 1,2

Farroupilha ........ 3.199 1,1 3.806 1,3 1.704 0,9 2.087 1,0 2.197 1,1 1.919 0,9

Nova Araçá ....... 397 0,1 1.414 0,5 607 0,3 668 0,3 6 0,0 5 0,0

Paraí ................. 1.018 0,4 540 0,2 132 0,1 36 0,0 0 0,0 0 0,0

Demais

municípios do

Corede ............. 3.614 1,3 3.470 1,2 2.645 1,3 2.051 1,0 1.857 0,9 2.103 1,0

Corede Serra ... 187.796 66,0 175.509 61,8 120.778 61,2 127.302 61,6 123.100 61,8 133.077 65,8

RIO GRANDE

DO SUL............. 284.356 100,0 283.983

100,0 197.457 100,0 206.800 100,0 199.232 100,0 202.222 100,0

Brasil ............... 974.786 - 955.211 - 684.063 - 748.749 - 718.777 - 696.585 -

FONTE: ALICEWEB/MDIC.

Em 2012, entre os móveis exportados pelo Estado destacam-se aqueles elaborados com madeira,

como os móveis para quartos (43,2%), outros móveis de madeira (21,3%), que incluem mesas, cadeiras,

estantes, prateleiras, etc. e móveis para cozinhas (11,1%). A classe outros móveis — que reúne todos os

demais produtos, exceto os anteriormente citados — e os móveis de madeira para escritórios representam,

juntos, 24,3% das exportações gaúchas nesse mesmo ano (Gráfico 19).

53

Ao longo do período 2000-13, observa-se o crescimento das exportações de algumas classes de

móveis. Uma delas é o caso dos de madeira para quartos, que passaram de 30,3% em 2000 para 47,1% em

2013 (percentual relativo apenas aos primeiros cinco meses desse ano). Outra classe, embora com um

aumento menor, é o caso dos móveis de madeira para cozinha: 8,4% em 2000 para 10,6% em 2013 (janeiro

a maio).

Em sentido inverso, constatou-se que as exportações gaúchas de móveis de madeira para escritório

e outros móveis de madeira diminuíram, consideravelmente, no mesmo período. Com relação a essas duas

classes, é relevante investigar se a redução verificada nas participações gaúchas é uma tendência também

para as exportações nacionais, ou se outro(s) estado(s) está(ão) conseguindo elevar suas exportações com

esses produtos.

Gráfico 19

Distribuição das exportações de móveis, segundo a classe de produto, no RS — 2000-13

O perfil das exportações de móveis dos municípios selecionados do Corede Serra acompanha, o

que não poderia ser diferente, o comportamento observado para as exportações do Estado (Gráfico 20). Em

2012, os móveis mais exportados foram os de dormitórios de madeira (39,3%), seguido pela classe de

outros móveis de madeira (24,2%). Por sua vez, os mobiliários de madeira para cozinhas e escritórios

representaram, respectivamente, 11,6% e 2,4% do total do Estado. Finalmente, aproximadamente um quinto

das exportações foram de outros móveis, que incluem tanto móveis acabados de outros materiais — por

exemplo, metal — como partes de móveis.

Semelhante ao que foi constatado para o Rio Grande do Sul, observaram-se algumas alterações nas

exportações de móveis desses municípios ao longo dos 14 anos analisados. As principais são a diminuição

54

na exportação, a partir de 2009, de outros móveis de madeira e o aumento, a partir de 2000, das

exportações de móveis de madeira para quartos. Essas tendências opostas mudaram o perfil das

exportações dos municípios selecionados do Corede, invertendo a posição dessas duas classes de móveis

entre 2000 e 2012.

Gráfico 20

Distribuição das exportações de móveis dos municípios selecionados, segundo a classe de produto, no RS — 2000-13

Analisando o perfil das exportações de Bento Gonçalves (Gráfico 21) — o principal município

exportador do Estado — identificou-se que, em 2012, excetuando a categoria de outros móveis (que inclui

produtos acabados e partes de mobiliário), os móveis de madeira para cozinha (22,8%) juntamente com os

outros móveis de madeira (24,3%) lideraram as exportações. Já os móveis de madeira para dormitório e

escritório tiveram participações mais modestas: 14,6% e 2,3% respectivamente.

É importante destacar a trajetória de três classes de produtos que, entre 2000 e 2013, alteraram

significativamente a pauta das exportações de móveis do Município. A primeira delas é referente à

exportação de móveis de madeira para cozinha; ainda no biênio 2000-01, categoria que representava mais

de 21% das exportações moveleiras de Bento Gonçalves. Entretanto, a partir de 2002 e até 2005, houve

uma forte redução relativamente ao início do período, com o pior desempenho registrado em 2003, quando

perfaz apenas 5,2%, ou seja, um decréscimo de mais de 75% de participação nas exportações do setor. A

retomada das exportações a partir de 2006, ano que mostra o mesmo percentual do início do período de

queda, atinge sua maior participação em 2011, quando esse produto passa a ser a categoria mais

importante do setor moveleiro de Bento Gonçalves (26,4%).

55

A segunda mudança significativa é a participação das exportações de dormitórios de madeira no

total exportado do Município, que também sofreu flutuações, contudo no sentido inverso. Enquanto, entre

2000 e 2001, essa classe representava, em média, 21% das exportações de móveis, a partir de 2002 ela

tem sua participação elevada substancialmente, chegando a alcançar, em 2007, 35,5%, o maior percentual

de participação do total de quartos de madeira exportados no período. Essa tendência, no entanto, modifica-

se a partir do ano seguinte, e a classe de móveis de madeira para quartos de Bento Gonçalves perfaz

apenas 14,6% das exportações do setor em 2012.

Gráfico 21

Distribuição das exportações de móveis do Município de Bento Gonçalves, segundo as classes de produto, no RS — 2000-13

Por fim, tem-se a exportação da classe outros móveis de madeira, que oscilou bastante. É possível

identificar dois momentos ao longo do período: um, de 2000 a 2005, e o outro, de 2006 a 2013. No primeiro

momento, houve um crescente aumento da participação das exportações, com o auge em 2004, quando

essa classe representou 45,7% do total das exportações de móveis do Município. Já a segunda fase é

marcada por uma contínua redução, com as exportações dessa classe não superando 30% do total

exportado pelo Município, em cada ano da série, a partir de 2008. Em 2011, essa participação já era bem

menor (22,3%).

O Rio Grande do Sul é um dos principais estados exportadores do País, juntamente com São Paulo

e Minas Gerais. Sua pauta de exportação é diversificada, com destaque para os grãos (soja

predominantemente), produtos alimentícios e bebidas, produtos químicos, fumo e máquinas e

equipamentos. As exportações de móveis não estão entre as principais. Entre 2000 e 2012, a participação

média dos móveis no total exportado do Estado foi de 1,9%.

56

Até a metade da primeira década dos anos 2000, os principais destinos das exportações gaúchas

eram os Estados Unidos, os países da União Europeia e da América do Sul. Para esse último destino, mais

da metade das vendas externas eram para os países do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e

Venezuela). Após 2006, principalmente em razão do aumento considerável de exportações para a China,

essa configuração alterou-se, tornando a exportação para outros destinos superior à metade do total

exportado (Gráfico 22).

Gráfico 22

Distribuição das exportações totais, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

No tocante à venda de móveis para o exterior, os compradores mais importantes continuam sendo

os anteriormente citados (Gráfico 23). Contudo, ao longo do período 2000-13, a comercialização para esses

mercados foi bastante dinâmica, revelando oscilações significativas. Em 2000, os principais compradores

foram os países do Mercosul (40,4%), a União Europeia (29,5%) e os Estados Unidos (19%). No ano

seguinte, essa mesma tendência se manteve, porém com um acréscimo nas vendas para os Estados

Unidos, que se elevou para 22,3%. A partir de 2002, houve uma redução da participação das exportações

para o Mercosul, que passou para 6,6%, mantendo-se nesse patamar até 2006, quando então voltou a

aumentar. Algo semelhante ocorreu com as vendas para os Estados Unidos: até 2005, a participação

manteve-se ao redor de 32%, mas, após 2007, passou para 13%, alcançando, em 2012, apenas 8,5%. Na

segunda metade da primeira década dos anos 2000, a participação das vendas para o mercado europeu

também se reduziu, porém não tão acentuadamente. Em 2012, as exportações para os países europeus

representaram 15% das vendas totais de móveis.

57

Gráfico 23

Distribuição das exportações de móveis, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

Analisando as exportações por tipo de móveis, constata-se que, entre os principais compradores, há

uma nítida segmentação de mercado. No segmento de móveis de madeira para escritórios, o mercado

estadunidense foi o principal comprador entre 2000 e 2007. Já em 2008, essa posição passou a ser ocupada

pelos países da América do Sul, especialmente os do Mercosul (Gráfico 24).

Gráfico 24 Distribuição das exportações de móveis de madeira para escritórios, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

58

Gráfico 25

Distribuição das exportações de móveis de madeira para cozinhas, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

Para o mercado de móveis de madeira para cozinha (Gráfico 25), no biênio 2000-01, o principal

destino das exportações gaúchas foram os países do Mercosul (mais de 60%). Entre 2002 e 2005, houve

uma elevação das vendas para o mercado estadunidense. No entanto, na segunda metade da década, o

montante principal das vendas centralizou-se nos países sul-americanos, parceiros ou não do Mercosul. As

exportações para o mercado europeu tiveram uma representatividade mais significativa apenas na primeira

metade da década.

59

Os principais destinos dos móveis de madeira para dormitório (Gráfico 26), a principal classe de

produto exportada pelo setor moveleiro gaúcho, foram: União Europeia e América do Sul, incluindo o

Mercosul. Até 2009, cerca de 40% das exportações totais de móveis de madeira para dormitórios eram

comercializadas no mercado europeu. A partir de 2010, no entanto, ocorreu uma redução nas vendas para

esses países, e a América do Sul passou a ser o principal mercado consumidor nessa categoria de móveis.

Os demais móveis de madeira (Gráfico 27) apresentaram um perfil de destino mais desconcentrado,

quando comparados às outras categorias de móveis. O destaque é para as participações dos mercados

norte-americano e europeu, que, até 2005, representavam a metade das exportações totais. Em 2008,

constata-se um aumento das participações das vendas para o Mercosul e para os demais países sul-

americanos, bem como uma importante redução das vendas para os Estados Unidos. Frisa-se também a

participação de outros países importadores, acima do verificado nos outros segmentos de móveis.

Atualmente as vendas de outros móveis (Gráfico 28), excluindo os já citados, concentram-se no

mercado sul-americano (mais da metade das exportações). Embora essa concentração tenha sido

observada nos dois primeiros anos da década, entre 2002 e 2005 as vendas destinaram-se principalmente

aos mercados europeu e estadunidense, com uma baixa participação dos países da América do Sul. Depois

de 2007, verifica-se um aumento expressivo das vendas tanto para esses últimos como também para outros

mercados. Por fim, é interessante observar em todos os tipos de móveis um frequente aumento das vendas

para os países sul-americanos que não integram o Mercosul.

Gráfico 26

Distribuição das exportações de móveis de madeira para dormitórios, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

Gráfico 27

Distribuição das exportações de outros móveis de madeira, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

60

Gráfico 28

Distribuição das exportações de outros móveis, segundo os principais destinos, do RS — 2000-13

61

3.4.2 Importações

Em 2012, o Brasil adquiriu móveis no mercado externo num total de US$ 544,4 milhões. Embora,

entre 2007 e 2012, as importações tenham aumentado 24,5% em média, as exportações reduziram-se,

também em média, 5,6%. Mesmo assim, o valor exportado ainda supera o importado, indicando um

superávit na balança comercial moveleira de US$ 152,2 milhões no último ano da série.

O maior comprador de móveis no exterior é o Estado de São Paulo, que adquire mais da metade

das importações brasileiras (55,9% na média do período). O Paraná é o segundo maior importador (14,3%).

O Rio Grande do Sul, ainda que tenha participado de uma forma mais modesta, vem elevando sua

participação nas importações brasileiras no decorrer de todo o período (Gráfico 29).

No Rio Grande do Sul, os municípios que mais importam móveis pertencem a outros Coredes.

Contudo ainda é elevada a participação dos municípios do Corede Serra (Gráfico 30). Na região, o município

que mais importa produtos moveleiros é Caxias do Sul (em torno de 25% do total do Corede). Depois dele,

aparecem os Municípios de Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Garibaldi. Cabe ressaltar que, tanto no

Estado como no Corede Serra, a balança comercial de produtos moveleiros é superavitária, ratificando a

posição da AP de móveis da região como uma das mais importantes do País.

Gráfico 29

Distribuição do valor das importações do setor moveleiro, segundo a unidade da federação, no BR — 2007-12

Gráfico 30

Distribuição do valor importado de móveis, segundo o Corede Serra e demais Coredes, no RS — 2007- 12

62

Dentre os produtos de mobiliário importados pelo Estado (Gráfico 31), destacam-se: as partes de

assentos, que representaram, em média, um terço do total das importações de móveis; outros móveis de

metal (em torno de 10%); e, nos últimos anos, os assentos giratórios de altura regulável (7%) e outros

assentos com armação de metal (6%).

Considerando os segmentos de produtos mais exportados pela cadeia moveleira do Rio Grande do

Sul — móveis de madeira para dormitórios, para cozinhas e outros móveis de madeira —, pelo lado das

importações, observa-se que muito pouco dessas categorias de móveis é comercializado. Entre 2000 e

2013, a importação de dormitórios de madeira representou, em média, 0,3% das importações totais de móveis. O

mesmo ocorreu com os móveis de madeira para escritório (0,5%) e para cozinha (0,1%). Somente nos segmentos

de outros móveis foi que o percentual elevou-se um pouco: 2,3%. Isso ratifica a posição da produção de mobiliário

de madeira no Rio Grande do Sul, tanto no âmbito interno, atendendo à demanda estadual e brasileira, como no

externo.

Gráfico 31

Distribuição do valor importado de móveis, segundo a classe de produto, no RS — 2000- 13

63

Tabela 12

Valor e distribuição das importações de móveis, por municípios selecionados, do Corede Serra, no RS — 2007-12

DISCRIMINAÇÃO

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Valor (US$ mil)

% Valor

(US$ mil) %

Valor (US$ mil)

% Valor

(US$ mil) %

Valor (US$ mil)

% Valor

(US$ mil) %

Antônio Prado .......... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 30 0,1

Bento Gonçalves ..... 76 1,7 277 3,1 221 2,7 572 3,3 1.528 5,6 1.677 4,6

Carlos Barbosa ........ 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 0,0 0 0,0

Caxias do Sul .......... 1.187 27,4 2.176 24,3 1.789 22,0 4.929 28,8 6.405 23,4 8.218 22,6

Farroupilha .............. 0 0,0 54 0,6 6 0,1 6 0,0 3 0,0 2 0,0

Flores da Cunha .... 133 3,1 152 1,7 529 6,5 1.796 10,5 2.605 9,5 2.804 7,7

Garibaldi ................. 43 1,0 199 2,2 19 0,2 353 2,1 713 2,6 1.623 4,5

Monte Belo do Sul 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 0,0

Nova Prata .............. 0 0,0 1 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Paraí ....................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 20 0,1 1 0,0 30 0,1

São Marcos ............. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 4 0,0 0 0,0 0 0,0

Veranópolis ............. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 Demais municípios do Corede ............... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 0,0 0 0,0 0 0,0

Corede Serra .......... 1.439 33,2 2.860 31,9 2.564 31,6 7.681 44,9 11.257 41,2 14.385 39,6

RIO GRANDE DO SUL 4.332 100,0 8.955 100,0 8.125 100,0 17.119 100,0 27.348 100,0 36.332 100,0

Brasil 203.807 - 300.139 - 57.469 - 48.743 - 83.223 - 97.626 -

FONTE: ALICEWEB/MDIC.

Considerações finais

64

O presente relatório, inserido no projeto Estudos de aglomerações industriais e agroindustriais

do Rio Grande do Sul, desenvolvido pelo NAS/FEE, abordou a atual situação da aglomeração produtiva de

móveis da serra, um Arranjo Produtivo Local já consagrado na economia do Estado.

Pontualmente, tratou-se de elementos de cunho mais geral, destacando a caracterização da

indústria de móveis e sua inserção no mercado nacional e internacional. Conforme foi salientado, esse setor

se distingue por: pertencer a um mercado altamente competitivo, no qual apenas a diferenciação de

produtos permite uma margem maior de mark-up; apresentar baixas barreiras à entrada; ter a demanda

pulverizada e segmentada por nichos de mercado; possuir uma oferta polarizada de acordo com os

materiais utilizados; expor-se a variantes de risco como o preço dos insumos, o grande número de

concorrentes e os acessos a canais de provisão de matéria-prima e de distribuição da produção; contar com

uma tecnologia acessível, ao mesmo tempo em que há descontinuidade tecnológica e a maior parte das

inovações ocorrem à montante da cadeia; apoiar-se em núcleos de design e P&D para garantir sua

competitividade; e beneficiar-se, em muitos casos, de economias externas.

No mercado externo, ainda que o Brasil não esteja entre os principais players mundiais — como

Itália, Estados Unidos, Alemanha e França — suas vendas para os países latino-americanos, especialmente

para os do Mercosul, colocam-no numa posição de destaque no mercado regional.

Internamente, embora a indústria de móveis seja bem distribuída em todo território nacional, há

algumas regiões, no sul e no sudeste do País, que se especializaram e, atualmente, concentram boa parte

dos empregos formais do setor. Uma dessas regiões é a da serra gaúcha, com seu principal centro

moveleiro no Município de Bento Gonçalves.

No final do século XIX, a região foi um dos principais destinos dos camponeses italianos no Estado.

A produção moveleira teve sua origem em pequenas marcenarias, muitas delas de propriedade desses

imigrantes. A produção em escala industrial começou na década de 50 do século passado, quando então se

amplia a comercialização para todo o Estado. Já o ingresso no mercado nacional ocorreu nas décadas

seguintes, coincidindo com o acréscimo do número de empresas. Atualmente, a região conta com uma forte

rede institucional, que envolve representantes do setor, nacionais e da região — como a Abimóvel e a

Movergs —, bem como representantes de governos, sindicatos e universidades.

Conforme as informações analisadas, a aglomeração produtiva de móveis da Serra situa-se num

dos Coredes mais desenvolvidos do RS — terceiro maior PIB, representando 11% do produto total do

Estado, maior PIB per capita gaúcho e primeiro lugar no ranking do Idese. Outra característica do Corede é

a relevância do seu setor industrial, correspondendo a 41,3% do VAB do Corede e a 16,3% do VAB do

Estado.

No tocante ao setor moveleiro, o número de empregos formais e de estabelecimentos da indústria

de móveis no Corede Serra é bastante expressivo, quando comparado a outros Coredes. Em 2010, no

Corede Serra foi ofertada praticamente a metade dos empregos formais da indústria moveleira do RS

(46,5%), situando-se ali um terço dos estabelecimentos do setor (34,1%), sendo que 85% desses são

microempresas (até nove funcionários). Tanto no número de empregos como no de estabelecimentos,

destaca-se a produção de móveis com predominância de madeira e de metal.

65

Em 2010, Bento Gonçalves — o principal município da aglomeração de móveis — foi responsável

por 20,6% do emprego e 10,3% dos estabelecimentos da indústria moveleira gaúcha. Nesse município, a

atividade moveleira, entre as atividades da indústria de transformação, é 7,8 vezes mais especializada que a

média estadual, e, entre a totalidade das atividades econômicas, é 14,5 vezes mais especializada que a

média do RS.

No País, os dois principais polos de exportação de móveis são as aglomerações de Bento

Gonçalves e de São Bento do Sul (Santa Catarina). Entre 2007 e 2012, o Corede Serra exportou em torno

de 62% das exportações totais de móveis do Estado. Os principais móveis exportados na região são aqueles

elaborados com madeira, como móveis para quartos, para cozinhas e outros móveis (mesas, cadeiras,

estantes, prateleiras, etc.). Até a metade da primeira década dos anos 2000, os principais destinos das

exportações gaúchas eram os Estados Unidos, os países da União Europeia e os do Mercosul. Após 2006,

principalmente em razão do aumento considerável de exportações para a China, essa configuração alterou-

se, elevando a exportação para outros mercados.

No lado das importações, o maior comprador de móveis no exterior é o Estado de São Paulo, que

adquire mais da metade das importações brasileiras, sendo o principal distribuidor no mercado interno. O

Rio Grande do Sul, ainda que tenha participado de uma forma mais modesta, vem elevando sua participação

nas importações brasileiras, no decorrer de todo o período. Entre os principais produtos de mobiliário

importados pelo Estado estão as partes de assentos, outros móveis de metal, os assentos giratórios de

altura regulável e outros assentos com armação de metal.

Finalmente, é pertinente salientar que este primeiro relatório teve o objetivo de expor um panorama

da aglomeração produtiva de móveis da serra, utilizando, para tanto, os resultados obtidos em outros

estudos sobre o setor e a compilação de dados secundários da região. A próxima etapa da pesquisa prevê a

aplicação de uma pesquisa de campo, no formato “grupo focal”, junto aos principais atores do setor, com o

intuito de averiguar aspectos mais qualitativos e pontuais dessa aglomeração.

66

Referências

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68

Apêndice

Tabela A.1

População e participação na população total do RS, por Coredes — 2000 e 2010

COREDES E RS 2000

2010

População %

População %

Alto da Serra do Botucaraí .......... - - 103.979 1,0

Alto Jacuí .................................... 193.867 1,9 155.264 1,5

Campanha .................................. 215.353 2,1 216.269 2,0

Campos de Cima da Serra ......... - - 98.018 0,9

Celeiro ......................................... - - 141.482 1,3

Central ........................................ 646.812 6,3 391.633 3,7

Centro-Sul ................................... 230.289 2,3 253.461 2,4

Fronteira Noroeste ...................... 210.366 2,1 203.494 1,9

Fronteira Oeste ........................... 549.985 5,4 530.150 5,0

Hortênsias ................................... 125.606 1,2 126.985 1,2

Jacuí-Centro ............................... - - 143.340 1,3

Litoral .......................................... 280.446 2,8 296.083 2,8

Médio Alto Uruguai ..................... 183.927 1,8 152.501 1,4

Metropolitano Delta do Jacuí ..... 2.261.605 22,2 2.420.262 22,6

Missões ...................................... 266.183 2,6 248.016 2,3

Nordeste ..................................... 176.500 1,7 126.872 1,2

Noroeste Colonial ....................... 310.882 3,1 166.599 1,6

Norte ........................................... 213.075 2,1 221.418 2,1

Paranhana-Encosta da Serra ..... 187.751 1,8 204.908 1,9

Produção ..................................... 478.780 4,7 349.386 3,3

Rio da Várzea ............................. - - 115.113 1,1

Serra ........................................... 742.761 7,3 862.305 8,1

Sul ............................................... 833.640 8,2 843.206 7,9

Vale do Caí ................................. 150.938 1,5 169.580 1,6

Vale do Jaguari ........................... - - 117.250 1,1

Vale do Rio dos Sinos ................ 1.194.234 11,7 1.290.491 12,1

Vale do Rio Pardo ....................... 414.990 4,1 418.141 3,9

Vale do Taquari ........................... 319.808 3,1 327.723 3,1

Rio Grande do Sul ..................... 10.187.798 100,0 10.693.929 100,0 FONTE: FEEDADOS.

69

Tabela A.2 Participação do PIB dos Coredes no PIB do RS — 2000-10

COREDES E TOTAL RS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Alto da Serra do Botucaraí ............. - - - - 0,6 0,5 0,6 0,6 0,7 0,7 0,6

Alto Jacuí ....................................... 1,6 1,7 1,9 2,3 1,7 1,3 1,5 1,7 1,8 1,8 1,7

Campanha ..................................... 1,4 1,4 1,5 1,5 1,6 1,4 1,4 1,3 1,3 1,3 1,3

Campos de Cima da Serra ............ - - - - - - - 0,8 0,8 0,8 0,9

Celeiro ........................................... - - - - - - - - 0,9 0,8 0,8

Central ........................................... 4,0 4,1 4,2 4,5 3,2 3,0 3,3 3,4 2,7 2,7 2,6

Centro-Sul ...................................... 1,6 1,6 1,6 1,6 1,9 1,9 1,8 1,7 1,6 1,6 1,6

Fronteira Noroeste ......................... 1,8 1,8 1,9 2,1 2,0 1,6 1,6 1,8 1,8 1,7 1,7

Fronteira Oeste .............................. 3,4 3,6 3,6 3,6 3,6 3,7 3,9 3,7 4,0 3,9 3,9

Hortênsias ...................................... 0,9 0,9 0,9 0,9 1,3 1,4 1,4 0,8 0,8 0,9 0,8

Jacuí-Centro .................................. - - - - 0,9 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 0,9

Litoral ............................................. 1,7 1,7 1,7 1,7 1,5 1,6 1,6 1,6 1,5 1,6 1,6

Médio Alto Uruguai ........................ 1,0 1,0 1,0 1,1 1,0 0,9 1,0 0,9 0,9 0,9 1,0

Metropolitano Delta do Jacuí ........ 28,8 27,8 28,0 26,2 27,1 29,8 29,0 28,7 27,4 26,7 26,9

Missões ......................................... 1,6 1,8 1,9 2,1 1,7 1,5 1,8 2,0 2,0 1,9 1,8

Nordeste ........................................ 1,2 1,3 1,4 1,7 1,1 0,9 1,2 1,1 1,1 1,0 1,0

Noroeste Colonial .......................... 2,3 2,6 2,4 2,9 2,4 2,1 2,2 2,5 1,6 1,6 1,5

Norte .............................................. 1,8 1,8 1,7 2,0 1,8 1,7 1,8 2,0 1,9 1,9 1,9

Paranhana-Encosta da Serra ........ 1,7 1,6 1,5 1,3 1,3 1,4 1,3 1,3 1,2 1,3 1,4

Produção ........................................ 4,4 4,3 4,6 4,8 4,1 3,8 4,0 3,5 3,4 3,4 3,4

Rio da Várzea ................................ - - - - - - - 0,9 0,8 0,8 0,8

Serra .............................................. 10,4 10,1 10,2 9,9 10,5 10,9 10,5 10,3 10,3 10,4 11,0

Sul .................................................. 6,0 6,1 6,1 5,9 5,9 5,6 5,7 6,0 6,6 6,5 6,6

Vale do Caí .................................... 1,4 1,4 1,5 1,4 1,5 1,5 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5

Vale do Jaguari .............................. - - - - - - - - 0,6 0,6 0,6

Vale do Rio dos Sinos .................... 16,0 16,1 15,4 15,0 15,7 15,4 14,8 14,4 15,3 15,6 14,9

Vale do Rio Pardo .......................... 3,7 4,0 4,1 4,1 4,2 4,1 4,0 3,7 3,7 4,3 3,9

Vale do Taquari .............................. 3,3 3,1 3,3 3,2 3,2 3,1 3,1 3,0 2,9 3,0 3,1

Total RS ......................................... 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: FEEDADOS.

70

Tabela A.3 Participação do Valor Adicionado Bruto dos Coredes, segundo a atividade econômica, no RS – 2000 e 2010

COREDES E RS 2000

2010

Agropecuária Indústria Serviços Total

Agropecuária Indústria Serviços Total

Alto da Serra do Botucaraí ... - - - - 2,1 0,2 0,6 0,6

Alto Jacuí ............................. 4,9 0,9 1,6 1,7 3,4 1,1 1,8 1,7

Campanha ............................ 2,7 1,2 1,5 1,5 3,3 1,0 1,4 1,4

Campos de Cima da Serra .. - - - - 3,2 0,5 0,9 1,0

Celeiro .................................. - - - - 3,0 0,4 0,8 0,9

Central .................................. 8,9 2,1 4,6 4,2 4,3 1,5 3,2 2,8

Centro-Sul ............................ 3,6 1,8 1,4 1,7 3,6 1,7 1,5 1,7

Fronteira Noroeste ............... 4,0 1,7 1,6 1,8 3,9 1,7 1,6 1,8

Fronteira Oeste .................... 8,2 2,1 3,7 3,6 10,3 2,3 3,3 3,6

Hortênsias ............................ 1,8 0,8 0,9 0,9 1,2 0,8 0,9 0,9

Jacuí-Centro ......................... - - - - 2,3 0,7 0,9 0,9

Litoral ................................... 2,1 0,9 2,2 1,8 2,1 0,9 2,1 1,7

Médio Alto Uruguai .............. 4,2 0,3 1,0 1,0 3,1 0,6 1,0 1,0

Metropolitano Delta do Jacuí 1,5 24,4 32,6 27,6 1,8 25,5 29,3 25,8

Missões ................................ 4,8 0,7 1,7 1,7 5,3 1,2 1,8 1,9

Nordeste ............................... 5,2 0,5 1,2 1,3 3,3 0,7 1,0 1,1

Noroeste Colonial ................. 6,6 1,4 2,4 2,4 2,8 1,0 1,7 1,6

Norte .................................... 3,6 1,6 1,7 1,8 3,6 2,2 1,8 2,0

Paranhana-Encosta da Serra 0,7 2,8 1,3 1,7 0,6 2,0 1,3 1,5

Produção .............................. 8,8 3,4 4,6 4,6 4,8 2,5 3,9 3,5

Rio da Várzea ...................... - - - - 2,8 0,5 0,8 0,9

Serra .................................... 6,9 14,0 8,8 10,2 5,4 16,3 9,0 10,8

Sul ........................................ 7,4 5,1 6,4 6,1 8,1 5,2 6,5 6,3

Vale do Caí .......................... 1,7 1,8 1,1 1,4 2,2 2,1 1,2 1,6

Vale do Jaguari .................... - - - - 2,2 0,3 0,7 0,7

Vale do Rio dos Sinos ......... 0,4 23,6 14,2 15,8 0,4 18,6 15,1 14,8

Vale do Rio Pardo ............... 7,6 4,3 3,0 3,7 6,2 4,8 3,2 3,9

Vale do Taquari ................... 4,4 4,7 2,6 3,3 4,7 3,9 2,7 3,2

Rio Grande do Sul ............. 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 FONTE: FEEDADOS.

71

Tabela A.4 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico, total e por blocos, por Coredes, no RS — 2009

COREDES E RS IDESE EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTO E DOMICÍLIOS

SAÚDE RANKING

Alto da Serra do Botucaraí ...... 0,695 0,838 0,738 0,359 0,844 27º

Alto Jacuí ................................. 0,792 0,880 0,896 0,522 0,869 4º

Campanha ............................... 0,767 0,872 0,708 0,639 0,850 10º

Campos de Cima da Serra ..... 0,779 0,844 0,783 0,645 0,843 5º

Celeiro ..................................... 0,708 0,873 0,718 0,359 0,882 25º

Central ..................................... 0,772 0,864 0,776 0,609 0,842 8º

Centro-Sul ............................... 0,731 0,852 0,697 0,530 0,845 20º

Fronteira Noroeste .................. 0,768 0,905 0,798 0,487 0,881 9º

Fronteira Oeste ....................... 0,761 0,864 0,729 0,591 0,860 12º

Hortênsias ............................... 0,736 0,874 0,751 0,478 0,839 19º

Jacuí-Centro ........................... 0,730 0,849 0,719 0,528 0,824 21º

Litoral ...................................... 0,719 0,853 0,711 0,436 0,875 23º

Médio Alto Uruguai ................. 0,686 0,844 0,701 0,337 0,861 28º

Metropolitano Delta do Jacuí 0,812 0,879 0,841 0,683 0,845 2º

Missões ................................... 0,762 0,876 0,777 0,523 0,870 11º

Nordeste .................................. 0,737 0,850 0,788 0,483 0,828 17º

Noroeste Colonial .................... 0,778 0,916 0,846 0,508 0,840 6º

Norte ........................................ 0,749 0,880 0,779 0,480 0,856 14º

Paranhana-Encosta da Serra 0,707 0,861 0,683 0,415 0,868 26º

Produção ................................. 0,774 0,876 0,843 0,546 0,833 7º

Rio da Várzea .......................... 0,721 0,846 0,771 0,411 0,856 22º

Serra ........................................ 0,818 0,894 0,839 0,692 0,845 1º

Sul ........................................... 0,761 0,854 0,773 0,579 0,837 13º

Vale do Caí ............................. 0,741 0,872 0,760 0,443 0,888 16º

Vale do Jaguari ....................... 0,736 0,877 0,682 0,505 0,881 18º

Vale do Rio dos Sinos ............. 0,792 0,869 0,886 0,560 0,854 3º

Vale do Rio Pardo ................... 0,715 0,845 0,780 0,398 0,836 24º

Vale do Taquari ....................... 0,744 0,879 0,788 0,438 0,872 15º

Rio Grande do Sul ................. 0,776 0,870 0,813 0,569 0,850 - FONTE: FEEDADOS.

72

Tabela A.5 PIB e participação no PIB estadual, dos 31 municípios do Corede Serra, no RS — 2000 e 2010

MUNICÍPIOS E RS 2000

2010

Valor (R$ mil) %

Valor (R$ mil) %

Antônio Prado ..................... 105.410 0,13 282.715 0,11

Bento Gonçalves ................ 1.129.440 1,38 3.150.736 1,25

Boa Vista do Sul ................. 14.823 0,02 61.184 0,02

Carlos Barbosa ................... 257.245 0,31 886.899 0,35

Caxias do Sul ..................... 4.342.501 5,31 15.692.359 6,22

Coronel Pilar ....................... - - 30.299 0,01

Cotiporã .............................. 19.618 0,02 102.970 0,04

Fagundes Varela ................ 13.109 0,02 69.564 0,03

Farroupilha ......................... 682.908 0,83 1.667.434 0,66

Flores da Cunha ................. 252.512 0,31 662.304 0,26

Garibaldi ............................. 385.958 0,47 1.035.508 0,41

Guabiju ............................... 8.748 0,01 38.293 0,02

Guaporé ............................. 135.384 0,17 414.275 0,16

Montauri ............................. 7.945 0,01 38.809 0,02

Monte Belo do Sul .............. 14.755 0,02 68.769 0,03

Nova Araçá ......................... 25.987 0,03 179.025 0,07

Nova Bassano .................... 118.073 0,14 385.445 0,15

Nova Pádua ........................ 26.980 0,03 53.730 0,02

Nova Prata ......................... 273.873 0,33 789.616 0,31

Nova Roma do Sul ............. 19.980 0,02 97.560 0,04

Paraí ................................... 42.633 0,05 152.419 0,06

Protásio Alves .................... 10.039 0,01 32.829 0,01

Santa Tereza ...................... 10.068 0,01 27.028 0,01

São Jorge ........................... 14.170 0,02 52.876 0,02

São Marcos ........................ 148.307 0,18 410.204 0,16

São Valentim do Sul ........... 10.531 0,01 40.744 0,02

Serafina Corrêa .................. 125.259 0,15 373.136 0,15

União da Serra ................... 9.574 0,01 38.286 0,02

Veranópolis ........................ 200.496 0,25 723.287 0,29

Vila Flores .......................... 19.441 0,02 87.861 0,03

Vista Alegre do Prata ......... 7.659 0,01 37.062 0,01

Corede Serra ...................... 8.433.427 10,31 27.683.225 10,96

Rio Grande do Sul ............ 81.814.714 100,00 252.482.597 100,00 FONTE: FEEDADOS.

73

Tabela A.6 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico, total e por blocos, dos municípios do Corede Serra, no RS — 2009

MUNICÍPIOS E RS IDESE EDUCAÇÃO RENDA SANEAMENTO E DOMICÍLIOS

SAÚDE RANKING COREDE

RANKING ESTADO

Antônio Prado .............. 0,731 0,880 0,713 0,425 0,905 16º 151º

Bento Gonçalves ......... 0,809 0,887 0,802 0,699 0,850 2º 12º

Boa Vista do Sul .......... 0,666 0,941 0,640 0,237 0,847 27º 331º

Carlos Barbosa ............ 0,786 0,893 0,806 0,595 0,850 4º 28º

Caxias do Sul ............... 0,858 0,900 0,880 0,816 0,837 1º 1º

Coronel Pilar ................ 0,665 0,976 0,579 0,265 0,840 29º 335º

Cotiporã ....................... 0,681 0,875 0,678 0,325 0,847 26º 298º

Fagundes Varela ......... 0,693 0,903 0,664 0,357 0,848 24º 256º

Farroupilha .................. 0,759 0,898 0,812 0,486 0,838 10º 82º

Flores da Cunha ......... 0,762 0,884 0,742 0,575 0,846 9º 75º

Garibaldi ...................... 0,800 0,882 0,835 0,641 0,843 3º 16º

Guabiju ........................ 0,722 0,953 0,805 0,276 0,854 17º 175º

Guaporé ....................... 0,774 0,882 0,731 0,651 0,831 7º 51º

Montauri ....................... 0,695 0,860 0,659 0,400 0,860 22º 253º

Monte Belo do Sul ....... 0,702 0,883 0,639 0,438 0,847 20º 233º

Nova Araçá .................. 0,773 0,868 0,879 0,489 0,855 8º 53º

Nova Bassano .............. 0,741 0,882 0,772 0,450 0,860 14º 129º

Nova Pádua ................. 0,666 0,858 0,649 0,310 0,847 28º 332º

Nova Prata ................... 0,779 0,858 0,795 0,586 0,875 6º 41º

Nova Roma do Sul ...... 0,714 0,940 0,690 0,387 0,840 18º 200º

Paraí ............................ 0,742 0,888 0,789 0,429 0,860 13º 126º

Protásio Alves .............. 0,659 0,887 0,626 0,268 0,856 30º 346º

Santa Tereza ............... 0,610 0,831 0,681 0,078 0,848 31º 456º

São Jorge ..................... 0,709 0,875 0,728 0,375 0,860 19º 210º

São Marcos .................. 0,751 0,910 0,709 0,527 0,859 12º 103º

São Valentim do Sul .... 0,691 0,933 0,641 0,339 0,850 25º 264º

Serafina Corrêa ........... 0,757 0,866 0,778 0,467 0,917 11º 89º

União da Serra ............ 0,697 0,974 0,595 0,361 0,858 21º 246º

Veranópolis ................. 0,785 0,877 0,760 0,630 0,870 5º 30º

Vila Flores ................... 0,695 0,900 0,681 0,350 0,847 23º 255º

Vista Alegre do Prata 0,736 0,987 0,678 0,432 0,850 15º 141º

Corede Serra ............... 0,818 0,894 0,839 0,692 0,845 - 1º

Rio Grande do Sul .... 0,776 0,870 0,813 0,569 0,850 - - FONTE: FEEDADOS.

74

Tabela A.7

Número e participação percentual de empregos e estabelecimentos, da indústria de móveis,

nos Coredes, no RS — 2010

COREDES E RS EMPREGO

ESTABELECIMENTOS

Número %

Número %

Serra .................................... 17.346 46,5 885 34,1

Vale do Rio dos Sinos .......... 4.081 10,9 223 8,6

Hortênsias ............................ 3.442 9,2 182 7,0

Vale do Caí .......................... 1.827 4,9 76 2,9

Vale do Taquari .................... 1.580 4,2 150 5,8

Nordeste ............................... 1.404 3,8 85 3,3

Metropolitano Delta do Jacuí 1.304 3,5 207 8,0

Norte .................................... 976 2,6 76 2,9

Vale do Rio Pardo ................ 782 2,1 75 2,9

Fronteira Noroeste ............... 762 2,0 67 2,6

Produção .............................. 570 1,5 70 2,7

Centro-Sul ............................ 453 1,2 16 0,6

Médio Alto Uruguai ............... 426 1,1 44 1,7

JacuÍ-Centro ......................... 376 1,0 22 0,8

Litoral .................................... 338 0,9 76 2,9

Rio da Várzea ....................... 312 0,8 32 1,2

Central .................................. 297 0,8 55 2,1

Celeiro .................................. 209 0,6 37 1,4

Paranhana-Encosta da Serra 194 0,5 44 1,7

Missões ................................ 183 0,5 31 1,2

Noroeste Colonial ................. 121 0,3 28 1,1

Sul ........................................ 77 0,2 24 0,9

Vale do Jaguari .................... 67 0,2 12 0,5

Campos de Cima da Serra 60 0,2 21 0,8

Alto Jacuí ............................. 59 0,2 20 0,8

Fronteira Oeste .................... 34 0,1 18 0,7

Alto da Serra do Botucaraí .. 20 0,1 10 0,4

Campanha ............................ 20 0,1 10 0,4

Rio Grande do Sul .............. 37.320 100,0 2.597 100,0 FONTE: RAIS/MTE.

75

Tabela A.8

Número e participação percentual de empregos e estabelecimentos, da indústria de móveis, nos municípios do Corede Serra, no RS — 2010

MUNICÍPIOS E RS EMPREGO

ESTABELECIMENTO

Número %

Número %

Antônio Prado .......... 571 1,5 28 1,1

Bento Gonçalves ..... 7.689 20,6 268 10,3

Boa Vista do Sul ...... 5 0,0 1 0,0

Carlos Barbosa ........ 106 0,3 19 0,7

Caxias do Sul .......... 2.277 6,1 204 7,9

Coronel Pilar ............ 0 0,0 0 0,0

Cotiporã ................... 2 0,0 2 0,1

Fagundes Varela .... 9 0,0 2 0,1

Farroupilha .............. 815 2,2 52 2,0

Flores da Cunha ..... 1.895 5,1 93 3,6

Garibaldi .................. 1.576 4,2 71 2,7

Guabiju .................... 0 0,0 0 0,0

Guaporé .................. 29 0,1 9 0,3

Montauri .................. 0 0,0 0 0,0

Monte Belo do Sul 436 1,2 1 0,0

Nova Araçá ............. 167 0,4 9 0,3

Nova Bassano ........ 35 0,1 7 0,3

Nova Pádua ............ 0 0,0 0 0,0

Nova Prata .............. 474 1,3 17 0,7

Nova Roma do Sul 13 0,0 5 0,2

Paraí ........................ 307 0,8 20 0,8

Protásio Alves ......... 0 0,0 0 0,0

Santa Tereza ........... 50 0,1 1 0,0

São Jorge ................ 4 0,0 3 0,1

São Marcos ............. 560 1,5 31 1,2

São Valentim do Sul 60 0,2 3 0,1

Serafina Corrêa ....... 2 0,0 2 0,1

União da Serra ........ 0 0,0 0 0,0

Veranópolis .............. 263 0,7 36 1,4

Vila Flores ................ 1 0,0 1 0,0

Vista Alegre do Prata 0 0,0 0 0,0

Corede Serra ........... 17.346 46,5 885 34,1

Rio Grande do Sul 37.320 100,0 2.597 100,0

FONTE: RAIS/MTE.