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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Émerson José Sant´Ana Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso Cuiabá-MT 2010

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ECONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Émerson José Sant´Ana

Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso

Cuiabá-MT

2010

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ÉMERSON JOSÉ SANT’ANA

Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso

Dissertação apresentada, para obtenção do

título de Mestre, à Universidade Federal de

Mato Grosso, no Programa de Pós-

Graduação em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional da Faculdade de

Economia.

Orientador: Prof. Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo.

Cuiabá-MT

2010

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ÉMERSON JOSÉ SANT’ANA

Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso

Dissertação apresentada, para obtenção do

título de Mestre, à Universidade Federal de

Mato Grosso, no Programa de Pós-

Graduação em Agronegócios e

Desenvolvimento Regional da Faculdade de

Economia.

Aprovada em: 30 de julho de 2010

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo

Orientador (UFMT)

Prof.ª Drª Sandra Cristina de Moura Bonjour

Examinadora Interna (UFMT)

Prof. Dr. Euro Roberto Detomini

Examinador Externo

(Ministério do Planejamento)

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, fico grato a Deus que me brinda dia a dia com o dom da vida,

regozijo e serenidade, que de maneira muito próxima se deixa encontrar em cada

pormenor do quotidiano, mostrando seu semblante de Pai Onipresente.

À minha família que participou de todos os momentos deste estudo, aceitando as aulas,

imprevistos, respeitando os espaços e acima de tudo me amando, cujo amor é mútuo.

Estou convicto de que os sonhos que compartilhamos constituem nossas vidas e não são

mais meus ou apenas dela, mas fazem parte de nós. Obrigado por estar tão presente nos

difíceis momentos, participando na elaboração deste trabalho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo, pela compreensão,

competência e seriedade com que me transmitiu seus conhecimentos. Pela dedicação,

zelo e paciência com os quais conduziu o trabalho. Obrigado por ter atendido sempre

meus constantes pedidos e pelos longos momentos de discussão que, para mim, sempre

foram muito favoráveis e essenciais para o aprendizado.

Aos gestores da UFMT que compreenderam meu afastamento para realizar o estudo,

agradeço muito, em especial, à presidente Profª Drª Regina Célia de Carvalho e o vice-

presidente Prof. Dr. Genesson dos Santos Barreto, ambos da comissão onde realizo

minhas atividades.

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5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. O milho e sua importância 1

1.2. Objetivos e hipóteses 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO 5

2.1. Breve revisão das teorias locacionais 5

2.2. Os Complexos Industriais e Agroindustriais 8

3. O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DO MILHO 14

3.1. Sistemas de Produção de Milho 14

3.2. Consumo do Milho 15

3.3. Comercialização 17

3.4. Processos industriais e aplicações 19

3.5. Exportação do milho de Mato Grosso por destino (t), janeiro a

dezembro de 2009

22

4. MÉTODO E FONTE DE DADOS 25

4.1. Quociente Locacional (QL) 26

4.2. Índice de Hirschman e Herfindahl Modificado (IHHm) 27

4.3. Índice de Participação Relativa (PR) 28

4.4. Agregação dos índices para o cálculo do ICN 28

5. RESULTADOS 31

5.1. Componentes e Ranking do Índice de Concentração Normalizado 31

5.1.1. Estatísticas descritivas e ranking do ICN 31

5.1.2. Aglomeração de atividades nas vinte cidades 36

5.1.3. A integração entre milho, avicultura, suinocultura e pecuária de

leite

38

5.2. Análise dos polos de aglomeração 40

5.2.1. Polo de Lucas do Rio Verde 41

5.2.1.1. Consumo de milho no polo de Lucas do Rio Verde 42

5.2.1.2. Produto Interno Bruto do primeiro polo de aglomeração 55

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6

5.2.1.3. Distribuição de renda 57

5.2.1.4. Fatores locacionais para o primeiro polo de aglomeração 57

5.2.1.5. Indicador padronizado de contribuição setorial para o polo de

Lucas do Rio Verde

59

5.2.2. Polo de Campo Verde 60

5.2.2.1. Consumo de milho no polo de Campo Verde 61

5.2.2.2. Produto Interno Bruto do segundo polo de aglomeração 68

5.2.2.3. Distribuição de Renda 69

5.2.2.4. Fatores locacionais para o segundo polo de aglomeração 69

5.2.2.5. Indicador padronizado de contribuição setorial para o polo de

Campo Verde

71

5.3. Aspectos adicionais de crescimento e desenvolvimento

socioeconômico

72

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 79

REFERÊNCIAS 81

APÊNDICE 86

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7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Milho: esquema lógico de comercialização 18

Figura 2. Industrialização de milho. Processo a seco 20

Figura 3. Industrialização de Milho. Processo a Úmido 21

Figura 4. Distribuição espacial do valor da produção em reais do milho,

2007

31

Figura 5. Distribuição espacial do Quociente Locacional, 2007 35

Figura 6. Distribuição espacial do Índice de Hirschman e Herfindahl e do

índice de Participação Relativa para o milho

35

Figura 7. Distribuição espacial do Índice de Concentração Normalizado

do milho, 2007

36

Figura 8. Polo da aglomeração produtiva de Lucas de Rio Verde 42

Figura 9. Composição do Produto Interno Bruto no primeiro polo de

aglomeração, 2007

56

Figura 10. Municípios selecionados do primeiro polo de aglomeração 58

Figura 11. Polo da aglomeração produtiva de Campo Verde 61

Figura 12. Composição do Produto Interno Bruto no segundo polo de

aglomeração, 2007

68

Figura 13. Municípios do segundo polo de aglomeração 70

Figura 14. Evolução do PIB e seus componentes em Lucas do Rio Verde,

2002/2007

74

Figura 15. Evolução do PIB e seus componentes em Campo Verde,

2002/2007

75

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8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Milho – Área Colhida – Regiões (hectares), 2001/2007 2

Tabela 2. Milho – Brasil – Estimativa de consumo por segmento

(toneladas)

17

Tabela 3. Números relativos a milho, aves, suínos e leite de vaca na

agricultura familiar e não familiar, Mato Grosso, 2006

22

Tabela 4. Exportação do milho por destino (t), janeiro a dezembro de

2009

23

Tabela 5. Escoamento do milho de Mato Grosso por porto (t), primeiro

semestre de 2009

24

Tabela 6. Estatística descritiva para os componentes do ICN para os

municípios de Mato Grosso

32

Tabela 7. Ranking do Índice de Concentração Normalizado e Quociente Locacional, IHHm, PR, 2007

34

Tabela 8. Síntese da aglomeração de atividades nas vinte cidades apontadas pelo ICN, 2007

37

Tabela 9. Aves, suínos ovos e leite para os municípios do índice de concentração, 2008

39

Tabela 10. Estimativa de consumo de milho pelos segmentos no polo de

aglomeração de Lucas do Rio Verde, em quilogramas, 2000/2007

43

Tabela 11. Lucas do Rio Verde – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

45

Tabela 12. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Lucas do Rio

Verde – quantidade produzida, 2000/2007

45

Tabela 13 . Sorriso – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2007

47

Tabela 14. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Sorriso,

quantidade produzida, 2000/2007

47

Tabela 15. Nova Mutum – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

48

Tabela 16. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Nova Mutum,

quantidade produzida, 2000/2007

48

Tabela 17. Ipiranga do Norte – Áreas plantadas e colhidas, quantidade 49

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9

produzida e valor da produção, 2007

Tabela 18. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Ipiranga do

Norte, quantidade produzida, 2005/2007

50

Tabela 19. Nova Ubiratã – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2005

50

Tabela 20. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Nova Ubiratã,

quantidade produzida, 2000/2007

51

Tabela 21. Tapurah – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2007

51

Tabela 22. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Tapurah,

2000/2007

52

Tabela 23. Santa Rita do Trivelato – Áreas plantadas e colhidas,

quantidade produzida e valor da produção, 2007

53

Tabela 24. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Santa Rita do

Trivelato, 2000/2007

53

Tabela 25. Diamantino – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

54

Tabela 26. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Diamantino,

quantidade produzida, 2000/2007

55

Tabela 27. Composição do PIB no primeiro polo de aglomeração, 2007 55

Tabela 28. Porcentagem da renda apropriada por estratos da população do

primeiro polo, 1991 e 2000

57

Tabela 29. Indicador de contribuição setorial para milho, aves e suínos,

2007

60

Tabela 30. Estimativa de consumo de milho pelos segmentos no polo de

aglomeração produtiva de Campo Verde, em quilograma, 2000/2007

62

Tabela 31. Campo Verde – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

63

Tabela 32. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Campo Verde,

quantidade produzida, 2000/2007

64

Tabela 33. Primavera do Leste – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

64

Tabela 34. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Primavera do 65

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10

Leste, quantidade produzida, 2000/2007

Tabela 35. Juscimeira – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida

e valor da produção, 2007

66

Tabela 36. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Juscimeira,

quantidade produzida, 2000/2007

66

Tabela 37. Dom Aquino – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007

67

Tabela 38. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Dom Aquino,

quantidade produzida, 2000/2007

67

Tabela 39. Composição do PIB no segundo polo de aglomeração, 2007 68

Tabela 40. Porcentagem da renda apropriada por estratos da população no

segundo polo, 1991 e 2000

69

Tabela 41. Indicadores de contribuição setorial para milho, aves e suínos,

2007

72

Tabela 42. Índice de desenvolvimento humano dos municípios, 2000 e

2006

77

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABIMILHO: Associação Brasileira das Indústrias de Milho

APL: Arranjo Produtivo Local

CSA: Commodity System Approach

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FIRJAN: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICN: Índice de Concentração Normalizado

IFDM: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal

IHHm: Índice de Hirschman e Herfindahl Modificado

IMEA: Instituto Matogrossense de Economia Agrícola

MAPA: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MDIC: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio

MTE: Ministério do Trabalho e Emprego

PAM: Produção Agrícola Municipal

PIB: Produto Interno Bruto

PNUD: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPM: Pesquisa Pecuária Municipal

PR: Índice de Participação Relativa

QL: Quociente Locacional

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SANT’ANA, Emerson José. Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos

em Mato Grosso. 2010. Dissertação (Mestrado em Agronegócios e Desenvolvimento

Regional). Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2010.

RESUMO: O problema de pesquisa é: qual é a contribuição da aglomeração produtiva

de milho, aves e suínos nos polos de concentração produtiva para a economia regional?

O objetivo geral deste trabalho é avaliar a contribuição econômica dos complexos

agroindustriais de milho, de aves e de suínos para a economia regional nos polos de

concentração produtiva de milho, tendo por objetivos específicos: i) analisar a evolução

da produção do grão, e do efetivo de aves e suínos; ii) caracterizar a concentração dos

complexos agroindustriais de milho, de aves e de suínos; iii) analisar as aglomerações

produtivas quanto à configuração ou não de cluster e a contribuição para o

desenvolvimento. Para tanto, usou-se o Índice de Concentração Normalizado – ICN,

para detectar cidades com destaque na produção de milho, e a correlação existente entre

os complexos agroindustriais da avicultura, suinocultura e pecuária leiteira. Utilizaram-

se dados do PIB municipal de 2007 e o Valor da Produção Municipal do Milho de 2007,

para o cálculo do ICN do milho, e os dados da Pesquisa Pecuária Municipal para

apontar os números relativos à atividade pecuária, além de outras fontes de dados para

uma análise de desenvolvimento. Existe aglomeração de atividades no estado de Mato

Grosso em dois polos principais onde se concentram as atividades milho, aves e suínos:

Lucas do Rio Verde se destaca na produção de milho, sendo o centro de um dos polos

da aglomeração da cultura de milho, avicultura e suinocultura; Campo Verde é o

principal município do outro polo da aglomeração destas atividades. As análises sobre

clusters direcionados ao agronegócio indicaram potenciais para a formação de cluster

no primeiro polo mencionado. Ao avaliar as atividades econômicas em que a região se

sobressai, observou-se que estas reforçam suas capacidades produtivas especializadas,

gerando um maior crescimento e desenvolvimento econômico.

Palavras-chaves: cluster, milho, aves, suínos

Classificação JEL: Q13, R12

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13

SANT’ANA, Emerson José. Agglomeration poles of corn, poultry and swine in Mato

Grosso. 2010. Dissertation (Master in Agribusiness and Regional Development).

Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2010.

ABSTRACT: The research problem is: what is the contribution of corn, poultry and

pigs productive agglomeration at the productive poles for the regional economy? The

main goal is to assess the economic contribution of agro-industrial complexes of corn,

poultry and pork to the regional economy at the corn production poles, with the

following objectives: i) to evaluate the production of corn and the herds of poultry and

swine; ii) to characterize the concentration of agro-industrial complexes of corn, poultry

and pigs, iii) to analyze the productive agglomerations as clusters and their contribution

to the development. To this end, it was used the Normalized Concentration Index - NCI,

to detect cities specialized in the production of corn, and the correlation among the

agro-industrial complexes of poultry, swine and dairy farming. It was used 2007 data

for the municipal GDP and value of production of corn in order to calculate the NCI of

corn, and also data from the municipal livestock survey to point the figures for cattle,

and other data sources for the development analysis. There are agglomeration of

activities in the state of Mato Grosso in two main poles where the activities of corn,

poultry and pigs are concentrated: Lucas do Rio Verde is highlighted in the production

of corn, being the center of one pole of the agglomeration of corn, poultry and pigs;

Campo Verde is the main city in the other agglomeration pole of these activities. The

analysis of clusters related to the agribusiness indicated potential cluster creation at the

first pole mentioned above. The evaluation of main regional economic activities, we

observed that these enhance their productive capacities in which they are specialized,

thus generating greater economic growth and development.

Keywords: cluster, corn, poultry, swine

JEL codes: Q13, R12

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

Catalogação na fonte: Maurício S. de Oliveira – Bibliotecário CRB/1 1860

S231p Sant’ Ana, Émerson José.

Pólos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso / Émerson José Sant’ Ana. – Cuiabá, 2010. 91f. : il. color. ; 30 cm. (incluem mapas, gráficos e tabelas).

Orientador: Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Faculdade de Economia. Programa de Pós-graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, 2010.

1. Cluster. 2. Milho. 3. Aves. 4. Suínos. 5. Mato Grosso. I.

Título. CDU 338.43(817.2)

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15

1. INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho é o complexo agroindustrial que envolve as atividades

produtivas de milho, aves e suínos, sua inter-relação e ocupação do espaço como forma

de aproveitar economias de escala e reduzir os custos de transporte.

O problema de pesquisa é dado pela seguinte pergunta: qual a contribuição

econômica da aglomeração produtiva de milho, aves e suínos nos polos de concentração

produtiva para a economia regional? Justifica-se este trabalho pelas razões a seguir

expostas:

a) A importância da cultura do milho para o Estado, uma vez que este é o maior

produtor na região Centro Oeste, desde o ano de 2004, em termos de produção em

toneladas (ABIMILHO, 2010). Entre as outras atividades produtivas no estado, a

cultura também ocupa lugar de destaque chegando a ser a segunda ou terceira colocada

nos municípios, e até mesmo a primeira onde não há produção de soja;

b) Enquanto os outros estados da região Centro-Oeste tiveram redução na

produção, com exceção do Distrito Federal, mas que não tem produção expressiva,

o estado de Mato Grosso passou de 1.843.600 toneladas em 2001, para 3.468.951

toneladas em 2007, quase dobrando sua produção, segundo dados da Associação

Brasileira das Indústrias do Milho (ABIMILHO, 2010);

c) Outro motivo é que o estado de Mato Grosso é um dos maiores produtores do

país e o milho é importante para nutrição nas criações da avicultura, suinocultura, e

pecuária leiteira, atividades que se concentram onde há produção em larga escala da

cultura do milho;

A atração da agroindústria para certas regiões é resultado das condições naturais,

humanas e econômicas que há nos municípios e suas adjacências, assim como de

incentivos fiscais, da logística e da modernização agrícola, fatores geradores de maior

competitividade para as atividades em análise.

O comércio do milho deve ser examinado sob a ótica das cadeias produtivas ou

dos sistemas agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena

de produtos, mas na cadeia de suínos e aves são consumidos cerca de 70% do milho

produzido no mundo e entre 70 e 80% do milho produzido no Brasil (ABIMILHO,

2010). Na próxima seção, faz-se uma descrição da importância deste produto.

1.1. O milho e sua importância

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16

Conforme a Tabela 1, verifica-se que a área colhida no Brasil permaneceu

relativamente estável passando de 10.830.361 hectares em 2000/1 para 12.539.856

hectares em 2006/7, segundo números mostrados pela Associação Brasileira das

Indústrias de Milho.

Mas, verificando os números entre as regiões observa-se substancial

crescimento da área colhida no Centro-Oeste, passando de 1.284.327 hectares na

safra 2000/01 para 2.265.450 na safra 2006/07. Porém, nas outras regiões a área

colhida permaneceu relativamente estável. Dessa forma, verifica-se o crescimento

da importância da cultura na região Centro-Oeste nos últimos anos.

Tabela 1. Milho – Área Colhida – Regiões (hectares), 2001/2007 Regiões 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07

Norte 661.545 491.300 517.700 563.600 567.300 538.500 553.600

Nordeste 2.458.703 2.701.600 2.894.900 2.887.000 2.749.600 2.826.100 2.798.865

Sudeste 2.139.068 2.347.100 2.422.500 2.465.500 2.484.100 2.472.000 2.378.561

Sul 4.286.718 4.784.500 5.063.300 4.558.000 4.142.400 4.720.400 4.543.380

C. Oeste 1.284.327 1.994.300 2.327.800 2.308.900 2.264.800 2.327.600 2.265.450

MS 379.463 481.200 701.900 628.300 564.400 610.900 581.795

MT 258.130 738.600 879.300 970.900 1.058.700 1.014.500 1.032.487

GO 618.751 746.300 715.000 676.800 605.000 662.800 612.964

DF 27.983 28.200 31.600 32.900 36.700 39.400 38.204

Brasil 10.830.361 12.318.800 13.226.200 12.783.000 12.208.200 12.884.600 12.539.856

Fonte: CONAB/FNP. ABIMILHO 2010

Observando os dados de Mato Grosso, estado de maior interesse neste

trabalho, em relação aos outros estados da região Centro-Oeste, de acordo com a

Tabela 1, verifica-se um expressivo aumento na área colhida, passando de 258.130

hectares na safra de 2000/01 para 1.032.487 hectares em 2006/07, enquanto que os

outros estados não chegaram a atingir a cifra de um milhão de hectares no curso

do mesmo período.

A cultura do milho, em escala mercantil no Estado do Mato Grosso, pode ser

considerada atividade nova (BORTOLINI, 2007). O começo da exploração agrícola

desse Estado na década de 70 trouxe para o Mato Grosso agricultores e pecuaristas de

diferentes regiões do país, especialmente do Sul.

O milho sempre foi plantado em pequena escala. A instalação de agroindústrias

no sul de Mato Grosso, na década de 80 e 90 estimulou o aumento da produção de

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milho. No início dos anos 90, a produtividade em Mato Grosso estava em torno de 40

sacas/ha, igual à da soja para aquela época (BORTOLINI, 2007).

Em 1994 e 1995 houve maior desestímulo, quando os preços do milho estavam

entre R$ 3,00 a 4,00 por saca, faltando compradores, dificultando o aumento do cultivo

do milho no estado de Mato Grosso e o avanço das pesquisas.

No fim dos anos 90, com o crescimento da produção animal do Estado, o cultivo

de milho aumentou, porém com o sistema produtivo de safrinha ou 2ª safra, destacando-

se o município de Lucas do Rio Verde (BORTOLINI, 2007).

Com o aperfeiçoamento de técnicas agronômicas, o estado de Mato Grosso

ultrapassou em 2004/2005 um milhão de hectares da cultura. A produtividade média do

Estado foi de 60 sacas/ha, mas diversas lavouras na região médio-norte ultrapassaram

mais de 100 sacas/ha. Na safra 2002/2003, Lucas do Rio Verde produziu 50% da

produção estadual do milho safrinha, e em torno de 10% da produção nacional

(BORTOLINI, 2007).

A tecnologia para o plantio do milho é elevada, devido à atuação de instituições

de pesquisas privadas, como a Fundação Rio Verde, que apoia de forma expressiva o

fortalecimento da agricultura no Estado, ao propagar tecnologias a cada ciclo produtivo.

Do fubá à mineração, o milho e seus derivados são empregados em diferentes

segmentos. Os produtos de uso industrial são matérias-primas para o próprio setor

moageiro, para as indústrias alimentícias em geral e para um amplo número de empresas

que empregam o milho e seus derivados como componentes dos mais variados produtos

(ABIMILHO, 2010).

A múltipla utilização do milho pode ser mostrada por exemplos pouco

conhecidos para o grande público. Um deles é a água usada para amolecer o cereal, que

serve como meio de fermentação para a produção de penicilina e estreptomicina, tendo

ainda outras aplicações no campo farmacêutico. Outro é o xarope de glicose de milho

utilizado para fabricar cosméticos, xaropes medicinais, graxas e resinas (ABIMILHO,

2010).

Nas fábricas de aviões e veículos, os derivados de milho são empregados nos

moldes de areia para a fabricação de machos e peças fundidas. O milho está presente na

extração de minério e petróleo e em outras áreas pouco divulgadas, como as de

explosivos, baterias elétricas, cabeças de fósforo, etc. (ABIMILHO, 2009).

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1.2. Objetivos e hipóteses

O objetivo geral deste trabalho é avaliar a contribuição econômica dos

complexos industriais de milho, de aves e de suíno para a economia regional nos polos

de concentração produtiva. Os objetivos específicos são: i) analisar a evolução da

produção do grão, e do efetivo de rebanhos que possui relação com este cereal, ou seja,

a avicultura e suinocultura e pecuária leiteira; ii) caracterizar a concentração dos

complexos agroindustriais de milho, de aves e de suínos; iii) análise das aglomerações

produtivas quanto a configuração de cluster produtivo e sua contribuição para o

desenvolvimento.

As hipóteses são que: i) existem concentrações dos complexos agroindustriais de

milho, aves e suínos; ii) as cidades situadas pertos dos principais eixos viários do estado

e dos centros de produção avícola e de suínos são as principais produtoras e

exportadoras. iii) as atividades produtoras de milho, aves e suínos vêm aumentando ao

longo do tempo; e, iv) este complexo possui substancial contribuição para o

desenvolvimento dos municípios produtores.

O capítulo dois trata do referencial teórico, o capítulo três expõe o complexo

agroindustrial do milho, o capítulo quatro mostra a metodologia e a fonte de dados, o

capítulo cinco aponta os resultados, o capítulo seis apresenta as considerações finais.

Após seguem as referências e o anexo.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Breve revisão das teorias locacionais

O projeto de localização agroindustrial define claramente qual é a melhor

localização possível para a unidade de produção. A melhor localização será a que

permitir aumentar a produção e a reduzir os custos necessários a essa produção.

A observação de uma unidade de produção em sua posição no espaço mostra que

para ela se direcionam quantidades de insumos, que são transformados em produtos

para o mercado consumidor (BUARQUE, 1984).

Os fatores básicos que normalmente determinam a localização são: i) localização

dos materiais de produção (insumos); ii) disponibilidade de mão de obra; iii) terrenos

disponíveis, clima, fatores topográficos; iv) distância da fonte de combustível industrial;

v) facilidades de transporte; vi) distância e dimensão do mercado e facilidades de

distribuição; vii) disponibilidade de energia, água, telefones, rede de esgotos; viii)

condições de vida, leis e regulamentos, incentivos; e, ix) estrutura tributária

(BUARQUE, 1984).

No modelo de Weber os custos de transporte são importantes e decisivos, pelo

que a localização mais conveniente será encontrada no ponto em que os custos

conjuntos de transporte das matérias-primas vindas das suas várias origens e os de

colocação do produto final sejam mínimos (LOPES, 2006).

O modelo de Weber estabelece o conceito de fator locacional como uma

economia de custo que a empresa industrial pode obter ao escolher a localização. Os

fatores locacionais podem ser auferidos por um número reduzido de indústrias,

economias de custo que podem ser auferidas por qualquer tipo de indústria e, uma vez

que seu objetivo é desenvolver uma teoria geral da localização industrial, os fatores

específicos são deixados de lado (CLEMENTE, et. al., 1998).

Os fatores gerais são, em seguida, classificados quanto à escala geográfica em

que atuam: i) fatores regionais – capazes de influenciar a escolha locacional entre

regiões – que são transporte e mão de obra. ii) fatores aglomerativos e desaglomerativos

que provocam a concentração ou dispersão da indústria em certa região (CLEMENTE,

et. al., 1998).

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O custo de transporte corresponde ao custo de reunião de insumos materiais e o

custo de distribuição do produto. Mas alguns insumos materiais estão presentes em

qualquer parte, são as ubiquidades, e não possuem custos de transporte, enquanto outros

estão disponíveis somente em poucos lugares, são as matérias-primas localizadas.

(CLEMENTE, et. al., 1998).

Os fatores transporte e mão de obra referem-se à escolha locacional inter-

regional. Os fatores aglomerativos e desaglomerativos referem-se à escolha locacional

intrarregional e dizem respeito à maior ou menor concentração da indústria em certa

região (CLEMENTE, et. al., 1998).

Um fator aglomerativo representa a redução de custo que uma empresa de certa

indústria aufere ao se localizar junto a outras empresas da mesma indústria. Fator

desaglomerativo, ao contrário, representa economia de custo obtida pelo distanciamento

em relação às empresas da mesma indústria, já estabelecidas (CLEMENTE, et. al.,

1998).

No modelo de Sten Söderman a decisão locacional não é independente. Ao

contrário, faz parte de um conjunto de decisões, entre as quais pode ter maior ou menor

importância. Essas outras decisões inter-relacionadas com a locacional referem-se, por

exemplo, ao processo, ao produto, à escala de produção e à política de vendas

(CLEMENTE; HIGACHI, 2000).

O modelo de Johann-Heinrich von Thünen, não se refere à localização industrial,

mas à localização agrícola e tem sido ponto de partida para diversos autores da

localização industrial. Este modelo está associado à explicação da localização da

atividade agrícola e corresponde às primeiras preocupações manifestadas acerca da

influência da distância, portanto, dos transportes, na organização espacial (LOPES,

2006).

Uma vez que os custos de transporte aumentam com a distância, o afastamento

do mercado determina a seleção das culturas que levam à menores custos de transporte,

menor emprego da mão de obra e outros insumos e menos utilização extensiva do solo

(LOPES, 2006).

Considera-se um centro de mercado e uma região agrícola e isótropa1 que o

cerca. O modelo procura explicar o padrão de distribuição das atividades agrícolas.

Neste modelo, para obter rendimento líquido do empresário agrícola, são deduzidos do

1 Que apresenta as mesmas características independentemente da direção.

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preço final obtido no mercado o custo de produção e o custo de transporte do produto

(CLEMENTE e HIGACHI, 2000).

O modelo de Lösch consiste em propor uma teoria geral da localização com

fundamentos econômicos. Não é uma contribuição muito diferenciada para a questão da

localização dos equipamentos terciários, uma vez que serão sempre as mesmas forças

econômicas a determinar a organização espacial quaisquer que sejam as atividades que

se considerem (LOPES, 2006).

Dos fatores que possam explicar a formação das regiões, Lösch seleciona os de

ordem econômica e deixa clara a existência de um conjunto de razões de natureza

econômica que se, por um lado justificam a concentração dos equipamentos, como as

vantagens da especialização e as economias de escala, por outro lado a contrariam,

como ocorre com os custos de transporte e a diversificação da produção (LOPES,

2006).

Para Lösch, a instalação de uma unidade produtiva traria condições de oferecer

certo bem a um mercado comprador a preços que irão variar com a distância, porque

muito provavelmente quem toma a iniciativa irá esperar recuperar os custos de

transportes, e como o preço aumentará com o afastamento da fábrica é razoável que a

procura individual reduza com este afastamento (LOPES, 2006).

Os aspectos locacionais são muitos relevantes em termos de tamanho. A

localização será dependente tanto da distribuição geográfica do mercado quanto da

existência de economias de escala. Esses fatores influem nos custos de aquisição dos

fatores de produção e de distribuição do produto, podendo também comprometer a

capacidade de competição da empresa em longo prazo (WOILER; MATHIAS, 1996).

Nessas condições, tamanho e localização devem ser determinados

conjuntamente através de um processo iterativo, em que se busca a melhor solução por

meio de aproximações sucessivas.

Diversos fatores podem influenciar na escolha da localização de uma

empresa agropecuária. Conforme Woiler e Mathias (1996), os fatores locacionais

quantitativos mais relevantes são aqueles que tornam a localicazação dependente

das entradas, das saídas ou do processo.

No caso das entradas, a indústria tende a localizar-se junto à fonte de

matéria-prima. O milho, constituindo insumo básico para ração, tende a atrair

agroindústrias de aves e suínos para junto de si.

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Mas não menos importante, vêm os fatores que tornam a localização

dependente das saídas. Neste caso, o mercado da empresa é de grande importância,

e a tendência é no sentido de localizar-se próximo ao mercado. Vários produtos

derivados do milho são levados ao consumidor final por meio de supermercados

para consumo humano, e por estabelecimentos veterinários para consumo animal,

por exemplos.

Ainda existem os fatores que tornam a localização dependente do processo,

que no caso do milho pode-se considerar, entre outros, principalmente os processos

que dependem da disponibilidade de vias de transporte, em que o rodoviário é o

principal modal disponível no estado para transporte de grãos, aves e suínos.

A qualidade de um ambiente de negócios de uma região é incorporada em

quatro atributos que afetam a produtividade e a capacidade de inovação. Michael

E. Porter criou o diamante objetivando apresentar estes quatro atributos. O êxito

internacional de determinada indústria deve-se estes atributos que modelam o ambiente

no qual as empresas competem e que promovem a criação de vantagem competitiva: i)

condições de fatores, ii) condições de demanda, iii) indústrias correlatas e de apoio, iv)

estratégia, estrutura e rivalidade das empresas (PORTER, 1993 e 2001).

As vantagens são como diamantes, os quais determinam um sistema mais

favorável, tentando verificar como um determinante interage com os demais e ainda

com o acaso e como o governo (PORTER, 2001).

2.2. Os Complexos Industriais e Agroindustriais

A abordagem dos complexos industriais de grande emprego no esclarecimento

das relações intersetoriais entre a indústria e a agricultura, a qual procura reunir num

corpo doutrinário as inter-relações e dar-lhes contribuição analítica.

Graziano da Silva (1991) pondera que um complexo é constituído por um

conjunto de relações multideterminadas de encadeamento, de coordenação ou de

controle entre seus vários elementos, membros e/ou etapas do processo. Diz o autor que

a procedência dessa concepção surge a partir das teorias de desenvolvimento econômico

emergidas durante os anos 50 e 60 por meio de Albert Hirschman e François Perroux.

A questão comum aos dois autores centra-se na proposição de que para que

ocorra o desenvolvimento é preciso existir atividades produtivas que completem

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determinados setores da economia que representam lacunas na estrutura produtiva dos

países e regiões.

O investimento nessas atividades teria o poder de induzir o surgimento de várias

outras a montante e a jusante. Surge então o conceito de "agrupamento de indústrias"

(HIRSCHMAN, 1958 citado por OSTROSKI e MEDEIROS, 2003). A inserção de uma

nova técnica em dado setor levará a pressões para que no momento posterior ocorram

inversões nos demais segmentos da economia ou mudanças em sua forma de produzir.

Perroux (1975) citado por OSTROSKI e MEDEIROS (2003), ao contrário de

Hirschamn, dizia existir um relacionamento dessa abordagem com as questões

fundamentais de “espaço econômico” e de “poder de dominação”, fato que o levou a

desenvolver o conceito de complexo de indústrias, no qual identifica a função de

liderança que certas unidades produtivas possuem. Passam a existir então, os complexos

industriais, definidos como sendo o agrupamento de indústrias cujos fluxos de bens e

serviços se inter-relacionam (OSTROSKI e MEDEIROS, 2003).

Diversos autores nacionais se empenharam para definir a concepção de

complexos industriais aplicados à economia brasileira. Pereira (1985) define o

complexo industrial como espaço em que se encontram recompostos os elos de

interligação e interdependência de algumas indústrias, cujas relações econômicas são

mais expressivas.

Os anos 50 foram marcados por intensos avanços tecnológicos, principalmente

no setor produtivo da economia, com a chamada revolução verde, o uso do termo

“complexo industrial” também foi empregado para apontar o forte relacionamento da

indústria voltada à agricultura. Assim, aparece o termo “agribusiness”.

Os pesquisadores da Universidade de Harvard, John Davis e Ray Golberg, já em

1957 proferiram o conceito de agribusiness como a soma das atividades de produção e

distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades

agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e

itens produzidos a partir deles (BATALHA, et. al., 2007). Goldberg (1968) citado por

Zylberstajn e Neves (2001) ampliou o conceito, nos anos 60, incluindo o "Commodity

System Approach" (CSA), ao fazer análise de casos particulares. Apareceu a visão

ianque dos chamados "sistemas agroindustriais" (SAG’s).

Conforme esses autores, a agricultura não mais poderia ser abordada de forma

desvinculada dos outros agentes responsáveis pelas atividades que garantiriam a

produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos. Os autores

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consideravam as atividades agrícolas como integrantes de uma ampla rede de agentes

econômicos, desde a produção de insumos, transformações industriais até armazenagem

e distribuição de produtos agrícolas e derivados (BATALHA, et. al., 2007).

Os trabalhos de Goldberg tentam incorporar um aspecto dinâmico a seus estudos

por meio da consideração das mudanças que acontecem no sistema ao longo do tempo.

Este enfoque é ressaltado pela importância da tecnologia como agente indutor destas

mudanças (BATALHA, et. al., 2007).

Além dos teóricos estadunidenses, destaca-se também, nos estudos referentes ao

agribusiness, o francês Louis Malassis, do Institut Agronomique Méditerranée de

Montpellier. Malassis (1985) citado por Zylberstajn e Neves (2001) mediante seus

estudos dividiu o complexo agroindustrial em quatro partes: a das empresas que

fornecem à agricultura serviços e meios de produção, chamadas de "indústrias a

montante"; o agropecuário; o das indústrias a jusante" e o de distribuição de alimentos.

Realçou também a importância de examinar os fluxos e encadeamentos por produto

dentro de cada um desses segmentos, empregando a concepção de cadeia ou “filière” ou

cadeia agroalimentar.

No Brasil, a expressão “cadeia produtiva” foi incorporada na década de 80, pelo

empresário Ney Bittencourt. Até o momento, a visão da agropecuária era isolacionista,

onde os problemas que afetavam este setor restringiam-se apenas a ele, sem influenciar

outros segmentos agroindustriais. Porém, com a noção de “cadeia produtiva”, o todo

ganhou força.

Mais recentemente, construções teóricas ligadas à economia de redes, tecnologia

da informação e gestão de cadeias de suprimentos, têm avançado no aprofundamento do

referencial teórico dessas correntes. Outro conceito explorado por diversos teóricos

centra-se nos aglomerados produtivos articulados em "clusters" ou os "agriclusters".

Um cluster pode ser conceituado como sendo uma aglomeração de empresas

geograficamente localizadas que desenvolvem suas atividades de forma articulada, a

partir, por exemplo, de uma dada dotação de recursos naturais, da existência de

capacidade laboral, tecnológica ou empresarial local, e da afinidade setorial dos seus

produtos. A interação e a sinergia, decorrentes da atuação articulada, proporcionam ao

conjunto de empresas vantagens competitivas que se refletem em um desempenho

superior em relação à atuação isolada de cada empresa (BEZERRA, 1998).

Os clusters são concentrações geográficas de companhias interconectadas e

instituições em um ramo particular, incluindo uma série de indústrias interligadas e

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outras entidades importantes para a competição. Inclui por exemplo, fornecedores de

insumos especializados como componentes, equipamentos, serviços e infraestrutura

especializada (PORTER, 1998). Ainda, o cluster se expande em direção aos canais de

distribuição, aos clientes, aos fabricantes de produtos complementares e indústrias

relacionadas por aptidão, tecnologia e insumos comuns. Finalmente, muitos clusters

incluem instituições governamentais e outras instituições, como universidades,

ofertantes de treinamento vocacional, associação de comércio, os quais fornecem

treinamento especializado, educação, informação, pesquisa e suporte técnico.

Similarmente, aparece o conceito de Distrito Industrial foi primeiramente

apresentado por Marshall em 1890 no século XIX para apontar o agrupamento de

pequenas e médias empresas situadas ao redor das grandes indústrias, nos arredores das

cidades inglesas (HISSA, 2003). Assim, pode-se assegurar que os "distritos industriais

ingleses" eram compostos por agrupamento de grandes, pequenas e médias empresas

inter-relacionadas em microrregiões geográficas, produzindo bens em larga escala para

o mercado interno e para o mercado externo.

De acordo com Hissa (2003) as pequenas e médias empresas (PMEs) eram

intensamente favorecidas por fatores obtidos na economia tais como infraestrutura, mão

de obra já treinada, existência de recursos naturais locais, informações sobre as novas

técnicas de produção, etc. Ademais, as PMEs eram de igual forma beneficiadas pela

proximidade geográfica entre as firmas assim como pelo seu alto grau de inter-

relacionamento, garantindo um clima favorável à produção em larga escala, não apenas

diminuindo custos de transporte e de outras transações, mas também proporcionando e

agilizando a comunicação entre os produtores.

Ainda segundo Hissa (2003) todos esses benefícios obtidos pelas PMEs, nos

distritos industriais ingleses, foram chamados “economias externas” por Marshall em

1890. Isto é, ganhos obtidos pelas PMEs no mercado independentemente de suas ações,

quer dizer, infraestrutura, mão de obra treinada, recursos naturais, informações

tecnológicas, proximidade geográfica entre as firmas, forte relacionamento interfirmas,

etc. Dessa forma, as economias externas eram apontadas como as principais causas do

extraordinário desenvolvimento social e econômico alcançado pela Inglaterra no século

XIX.

A constituição de clusters enfoca principalmente a valorização e exploração das

atividades econômicas em que a região se sobressai, reforçando suas capacidades

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produtivas especializadas, ocasionando a promoção de seu crescimento e posterior

desenvolvimento econômico.

Segundo Erber (2008), os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são caracterizados

como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, os quais

focam um conjunto específico de atividades econômicas e que possuem vínculos entre

si. Estes arranjos têm ganhado importância crescente como objeto de estudo acadêmico

e de políticas públicas, devido, principalmente, da hipótese de que essas aglomerações

permitem ganhos de eficiência que os agentes que as compõem não podem alcançar por

si mesmos, isto é, que nelas se observa uma “eficiência coletiva” que confere às

aglomerações uma vantagem competitiva específica.

A proximidade geográfica das firmas permite o aparecimento de outras

atividades subsidiárias, fornecendo à indústria principal instrumentos e matérias-primas,

conduzindo a uma economia de material. A presença de fornecedores de bens e serviços

é uma importante fonte de economias externas, sobretudo no tocante ao processo de

conhecimento gerado através das relações entre firmas e seus fornecedores.

Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) podem ser entendidos como aglomerados

ou clusters de empresas. As empresas que constituem um APL possuem proximidade

física e forte relação com os agentes da localidade e uma mesma dinâmica econômica.

Mas esta dinâmica pode ser determinada por razões muito distintas (CENTRO

GESTOR DE INOVAÇÃO, 2010).

A dinâmica de um cluster de empresas pode ser determinada em razão de essas

empresas executarem atividades parecidas e/ou empregarem mão de obra específica

disponível em poucas regiões, ou utilizarem as mesmas matérias-primas, ou

necessitarem das mesmas condições climáticas ou de solo para sua produção, por

fornecerem para um mesmo cliente que depende de proximidade, por processos

históricos e culturais, e outros. Os clusters industriais, de serviços ou os agroindustriais

devem atender algumas condições para ser completo e se tornar competitivo:

a) elevada concentração geográfica;

b) existência de toda espécie de empresas e instituições de apoio, relacionados

com o produto/serviço do cluster;

c) empresas altamente especializadas, cada uma delas executando um número

reduzido de tarefas;

d) presença de muitas empresas de cada tipo;

e) total aproveitamento de materiais reciclados ou subprodutos;

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f) grande cooperação entre empresas;

g) intensa disputa: substituição seletiva permanente;

h) uniformidade de nível tecnológico e;

i) cultura da sociedade adaptada às atividades do cluster.

O desenvolvimento regional sugere um crescente processo de autonomia

decisória, capacidade regional de captação e reinversão do excedente econômico,

inclusão social, sincronismo intersetorial e territorial do desenvolvimento e percepção

grupal de fazer parte da região (CENTRO GESTOR DE INOVAÇÃO, 2010).

Um sistema produtivo regional competitivamente dinâmico é indispensável para

assegurar a sobrevivência de atividades econômicas de qualquer espécie e em qualquer

escala de produção numa região, diante de bens e serviços análogos que chegam às

cidades e lugares com custos de transportes e impostos alfandegários cada vez menores,

num cenário de comércio externo desregulamentado (CENTRO GESTOR DE

INOVAÇÃO, 2010).

A concentração econômica exclui algumas populações desfavorecidas. O

desenvolvimento não leva a prosperidade a todos os lugares ao mesmo tempo,

favorecendo alguns lugares mais do que outros. Para obter os benefícios da

concentração econômica e de convergência social é preciso promover a integração

econômica (BANCO MUNDIAL, 2009).

A integração econômica deve incluir instituições que assegurem, em primeiro

lugar, acesso a serviços básicos, como ensino fundamental, cuidados primários de

saúde, saneamento adequado e água potável para todos e, logo em seguida, construção

de rodovias, ferrovias, aeroportos, portos e sistemas de comunicação que facilitem o

movimento de mercadoria, serviços, pessoas nos âmbitos local, nacional e internacional

(BANCO MUNDIAL, 2009).

Apesar das desigualdades, o desenvolvimento pode ser inclusivo, no sentido de

que mesmo as pessoas que inicie sua vida longe da oportunidade econômica podem se

beneficiar da crescente concentração de riqueza em certos lugares. A integração

econômica é a maneira de combinar os benefícios do crescimento desigual no espaço e

do desenvolvimento inclusivo (BANCO MUNDIAL, 2009).

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3. O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DO MILHO

O presente capítulo busca apresentar ao leitor uma visão geral dos sistemas

produtivos de milho, características do seu consumo, da sua comercialização, dos

processos industriais e aplicações, da agricultura familiar e não familiar, e da

exportação.

3.1. Sistemas de Produção de Milho

Há uma grande variedade nas condições de cultivo do milho no Brasil, variando

desde a agricultura de subsistência, sem emprego de insumos modernos até lavouras que

empregam elevado nível tecnológico, atingindo produtividades análogas às obtidas em

países de agricultura mais adiantada. A seguir estão descritos os sistemas de produção

de milho mais comuns (EMBRAPA, 2010).

A maior parte dos produtores comerciais de grãos faz rotação de milho e

soja, envolvendo às vezes outras culturas. São especializados na produção de grãos com

a finalidade de comercializar a produção. Plantam lavouras maiores e absorvem a

melhor tecnologia disponível, prevalecendo o plantio direto. São os grandes

responsáveis pelo abastecimento do comércio.

Estes produtores realizam também a produção de milho safrinha que é um

tipo de exploração que ocupa hoje cerca de três milhões de hectares de milho plantados

principalmente nos estados PR, SP, MT, MS e GO. O milho após a colheita de soja no

que se chama 2ª safra ou ou safra de inverno. O rendimento e o nível tecnológico

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dependem muito da época de plantio. Nos plantios mais cedo, o sistema de produção é,

às vezes, igual ao utilizado na safra normal.

Nos plantios tardios, o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior

risco da cultura devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e

deficiência hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente

utilizada e redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa oferta tem

sido importante para a regularização do mercado.

Os produtores de grãos e da pecuária empregam um nível médio de

tecnologia, por ser mais apropriado para ele, em termos de custos. Na região que não se

produz soja, o milho pode ser a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a

pequeno.

A aptidão gerencial não é muito adequada e muitas vezes as operações agrícolas

não são desempenhadas na ocasião adequada, com o insumo apropriado ou na

quantidade certa. A condição das máquinas e equipamentos agrícolas podem também

afetar o rendimento do milho.

O pequeno produtor é aquele que produz para subsistência, em que a grande

parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, com uso de

semente não melhorada. O tamanho da plantação é pequeno, inferior a 100 hectares.

Essa produção tem perdido importância no tocante ao fornecimento ao comércio.

Dos sistemas de produção apontados, o produtor comercial de grãos é o que

mais assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade. Neste sistema,

existe ampla homogeneização do padrão tecnológico utilizado na produção das lavouras

de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras.

Não existe um padrão tecnológico único para atender todos os sistemas de

produção usados e que se adapte a todas as situações intrínsecas a cada lavoura.

Todavia, sobretudo com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado,

pode-se aproximar um padrão tecnológico que se mostra como o mais adequado para

essas lavouras.

3.2. Consumo do Milho

O milho se destina para o consumo humano sendo ainda utilizado para

alimentação de animais. Nos dois casos deve existir alguma transformação industrial ou

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na própria fazenda. A seguir se mostram as principais transformações necessárias para o

consumo animal e humano.

A cadeia produtiva do milho passa a se inserir na cadeia produtiva do leite, de

ovos e da carne bovina, suína e de aves sendo este canal por onde os estímulos do

mercado são transmitidos aos agricultores. Transformações nestas cadeias são muito

estimuladoras do processo produtivo do milho. Três grandes derivações ocorrem neste

item:

a) a fabricação de silagem, para alimentação de vacas em fabricação de leite e de

gado confinado para engorda no período de inverno;

b) A utilização do grão de milho em rações prontas;

c) a utilização do grão em combinação com concentrados proteicos para a

nutrição de suínos e de aves.

A atividade de produção de milho para silagem tem sofrido intensa influência da

necessidade de modernização do setor de pecuária leiteira, e do aumento das atividades

de confinamento bovino que aconteceram nos últimos anos.

Para o cultivo do grão para ração, o processo de transformação é

caracteristicamente industrial, resultando no provimento de rações prontas,

especialmente empregadas na criação de animais de estimação, como cães, gatos, etc.

(ABIMILHO, 2009).

Na criação de suínos e aves em função do grande volume de milho necessário,

este habitualmente é obtido em grão, ou é parcialmente produzido, pelos criadores para

combinação com concentrados na propriedade rural.

O milho é estratégico na agropecuária do Brasil. Quase todo o milho consumido

pelos animais vai para a criação de suínos, aves de corte, os quais representam 30% da

disponibilidade total de carne no país, ao se considerar a carne bovina e o pescado

(ABIMILHO, 2000).

A relação entre consumo de ração e produção da proteína animal é, em média:

a) Frango: 2,1 kg de ração para produzir 1 (um) quilo de frango;

b) Ovos: 72,6 kg de ração para 30 dúzias de ovos;

c) Suínos: 2,9 kg de ração para produzir um quilo de suíno;

d) Leite: 1,0 kg de ração para produzir 16 litros de leite.

O milho é praticamente a base das rações para todos os tipos de criação. Na

formulação das rações (macroelementos), o milho representa:

a) Avicultura de corte: 63,5%;

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b) Avicultura de postura: 59,5%;

c) Suinocultura: 65,5%;

d) Pecuária de leite: 23% (em equilíbrio com a participação do farelo de trigo 23% e

farelo de algodão 20%).

A Tabela 2 mostra uma estimativa de consumo por segmento em toneladas,

na qual se observa que o grão é consumido principalmente pelo segmento animal.

Com destaque para a avicultura, seguida pela suinocultura e pecuária. O consumo

humano representa uma parcela pequena do total.

Tabela 2. Milho – Brasil – Estimativa de consumo por segmento em toneladas Segmento Consumo

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Avicultura 13.479 14.500 15.427 16.162 19.309 20.022 20.515

Suinocultura 8.587 8.930 8.471 8.852 11.236 11.097 12.022

Pecuária 2.772 2.841 1.911 2.198 2.520 2.479 2.374

Outros Animais 1.528 1.543 1.550 1.581 615 660 673

Consumo

Industrial

4.050 4.090 4.152 4.256 4.044 4.159 4.369

Consumo Humano 1.505 1.514 1.530 1.568 690 700 705

Perdas/Sementes 998 913 1.660 1.429 296 310 349

Exportação 2.550 1.583 3.988 5.000 869 4.327 5000

Outros 3.622 3.550 4.809 4.132 - - -

Total 39.091 39.464 43.498 45.178 39.579 43.754 46.007

Fonte: ABIMILHO, 2010.

3.3. Comercialização

Na Figura 1 tem-se o esquema lógico da comercialização de milho. A

comercialização do milho seria mais segura se houvesse a formulação de contratos que

assegurassem os preços pagos aos produtores de forma antecipada. Um dos grandes

desestímulos à produção do milho no Brasil é a pouca utilização de contratos de

compra. Normalmente, o produtor rural atua com incerteza, sem segurança de preço de

venda.

Essa característica é uma grande falha do mercado do milho. O processo termina

se inserindo em um círculo vicioso. Sem a garantia de preço de venda, acontece um

desestímulo ao financiamento da cultura. O menor crédito conduz a um menor

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investimento em tecnologia pelo produtor rural. O menor nível da tecnologia utilizada

leva a produtividade média a ser baixa, aumentando o custo de produção (MAPA,

2007).

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Figura 1. Milho: esquema lógico de comercialização

Fonte: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, MAPA (2007)

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Os maiores custos de produção fazem com que o milho brasileiro não tenha

competitividade nas vendas externas. As limitações nas exportações levam o excedente

de produção a não ser escoado, deprimindo os preços domésticos e desestimulando a

produção. O aperfeiçoamento da comercialização da cadeia produtiva do milho

dependerá da ampliação de contratos.

O estímulo às vendas externas, seria o passo inicial para assegurar a

comercialização. Com contratos de fornecimento sendo realizados pelas tradings, a

necessidade de compra antecipada por parte dessas empresas torna-se primordial.

Existiria a indicação de preços no período pré-safra, tornando a comercialização

do milho mais segura ao produtor rural. No aspecto doméstico, é preciso o

aperfeiçoamento do processo de comercialização entre produtores e integradoras.

Atualmente não existe um projeto de parceria, ocorrendo uma atmosfera de rivalidade.

A não garantia de comercialização foi um dos fatores pelos quais a cultura do milho

perdeu área para a soja (MAPA, 2007).

Quanto ao governo, em razão da fragilidade existente no setor, têm-se

alternativas para o fortalecimento dessa cadeia produtiva via preços mínimos e de

opções de compra. Atualmente, o governo tem instrumentos de comercialização

destinados ao milho, como o Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) e das Opções de

Venda. Entretanto, nem sempre tais instrumentos chegam no tempo exigido pelo

mercado ou com o orçamento necessário para atender às necessidades dos produtores

rurais.

3.4. Processos industriais e aplicações

A industrialização de milho é feita por meio de dois processos: a seco e a úmido.

No processo a seco, o milho, depois de uma limpeza e secagem, é degerminado e

separado endosperma e germe conforme mostrado na Figura 2. O fluxo do endosperma

é moído e classificado para a obtenção de produtos finais, e o germe passa por processo

de extração para produção de óleo e farelo.

No processo a úmido, conforme a Figura 3, o milho após limpeza e secagem, é

macerado, separado em germe, fibras e endosperma, que é separado em amido e glúten.

O amido ainda é convertido em xaropes e modificado em dextrinas e amidos especiais.

O glúten é seco e recebe a incorporação das fibras e do farelo após extração do óleo

para composição de produto de rações animais.

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Figura 2. Industrialização de milho. Processo a seco

Fonte: ABIMILHO, 2010

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Figura 3. Industrialização de Milho. Processo a Úmido

Fonte: ABIMILHO, 2010

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Os processos produtivos de milho assumem diversas escalas e objetivos. A

integração com as atividades avícola e de suínos é uma opção para melhorar a renda nas

propriedades. A Tabela 3 mostra uma comparação da agricultura familiar com a não

familiar no estado como um todo das atividades relacionadas com o cultivo do milho.

Tabela 3. Números relativos a milho, aves, suínos e leite de vaca na agricultura familiar e não familiar, Mato Grosso, 2006 Atividade Produtiva Agricultura Familiar Agricultura não Familiar

Milho em grão

Estabelecimentos 8.525 2.815

Quantidade produzida (kg) 227.981.659 3.893.624.647

Área Colhida (ha) 100.810 1.023.119

Valor da Produção (R$) 59.658.100 963.939.140

Aves

Estabelecimentos 51.247 14.261

Número de cabeças em 31.12 18.468.072 47.524.989

Ovos de galinha (dz.) 7.489.158 11.438.449

Valor da Produção dos ovos 16.207.613 23.330.648

Suínos

Estabelecimentos 28.675 8.602

Número de cabeças em 31.12 393.291 898.931

Valor da produção (R$) 34.648.335 168.474.879

Leite de Vaca

Estabelecimentos 26.192 7.107

Quantidade Produzida (litros) 374.943.786 142.361.219

Valor da Produção (R$) 143.801.066 60.050.938

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário – 2006.

Sendo maior o número de estabelecimentos na agricultura familiar e maior a

quantidade produzida na agricultura não familiar, a produtividade

(quantidade/estabelecimento) é maior na agricultura não familiar, evidenciando que

existe espaço para aprimoramento nos processos produtivos da agricultura familiar.

3.5. Exportação do milho de Mato Grosso por destino (t), janeiro a dezembro de

2009

A Tabela 4 apresenta a exportação do milho de Mato Grosso por destino,

em toneladas, de janeiro a novembro de 2009. Os dados foram extraídos do

Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária.

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Tabela 4. Exportação do milho por destino (t), janeiro a dezembro de 2009

Fonte: IMEA (SECEX)

Jan/09 Fev/09 Mar/2009 Abr/09 Mai/09 Jun/09 Jul/09 Ago/09 Set/09 Out/09 Nov/09 Dez//09

Irã 143.412 44.816 56.751 15.520 16.235 - 42.431 25.174 401.116 225.113 28.150 147.544 Taiwan 41.302 90.836 54.801 - - - 277.422 169.236

Coréia

do Sul 7.532 10.887 52.538 - - - 3.146 39.448 - - - 103.165

Filipinas - 10.680 46.674 - - - - - - - - - Colômbia 119.893 5.645 30.572 - - - 1.000 32.631 29.778 34.117 80.374 110.301 Arábia 72.190 - 27.626 - 18.802 5 - 42.698 - 89.984 58.970 83.218 Marrocos 24.505 57.103 17.311 - - - - - - 51.567 70.601 50.830 Malásia 91.197 109.113 5.000 - 1.950 - - 2.392 - 147.158 128.422 113.417 Peru 362 27.114 114 - - - - - - - - - Outros 330.886 86.363 49.406 233 - - 16.894 65.882 85.283 89.581 98.507 290.322

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Os principais países de destino da exportação de milho no período,

apontados por esta estatística foram: Irã, Taiwan, Coréia do Sul, Filipinas,

Colômbia, Arábia, Marrocos, Malásia, Peru, entre outros. O destaque no ano de

2009 ficou para o Irã, para onde foram exportadas 1.146.262 toneladas de milho.

O escoamento da produção depende da estrutura de tráfego disponível no

estado, sendo a principal modalidade a forma rodoviária, que constitui rota de

transporte para produção até os principais portos.

A Tabela 5 mostra o escoamento do milho de Mato Grosso por porto, em

tonelada, no primeiro semestre de 2009. Os dados foram extraídos do Instituto

Mato Grossense de Economia Agropecuária (IMEA).

Tabela 5. Escoamento do milho de Mato Grosso por porto (t), primeiro semestre

de 2009 Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 Mai/09 Jun/09 Acumulado

semestre

Paranaguá (PR) 15.977 33.283 51.674 564 8.785 - 110.283

Santos (SP) 421.100 246.824 222.820 - 9.400 - 900.144

Manaus (AM) 110.684 63.459 64.883 - - - 239.026

São Francisco do

Sul (SC)

6.684 6.734 1.302 233 - 5 14.958

Vitória (ES) 276.473 92.144 - 14.956 18.802 - 402.375

Assis (AC) 362 114 114 - - - 590

Fonte: IMEA, 2009

Os principais portos de destino são: Paranaguá (PR), Santos (SP), Manaus

(AM), São Francisco do Sul (SC), Vitória (ES) e Assis (AC). O destaque no período

ficou para o porto de Santos (SP), com um acumulado de 900.144 toneladas de

milho.

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4. MÉTODO E FONTE DE DADOS

Para este trabalho foi feito levantamento de dados secundários junto ao Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, do Produto Interno Bruto – PIB a preços

correntes e valor da produção municipal de milho de 141 municípios, ambos do ano de

2007, para o uso do Índice de Concentração Normalizado - ICN, objetivando detectar a

localização onde se concentra principalmente a produção do milho, a produção avícola e

a de suínos e, assim, para identificar os polos de integração entre avicultura,

suinocultura e cultura do milho.

É possível calcular o ICN com base na mão de obra do Relatório Anual de

Informações Sociais – RAIS, porém não existe registro de mão de obra especificamente

para a cultura do milho, em razão de esta cultura empregar muito pouca mão de obra.

Ademais, alguns problemas podem ocorrer na coleta de dados, como a omissão ou a

sonegação de informações por parte dos informantes, podendo haver uma

autoclassificação e o não registro dos empregos informais no mercado de trabalho,

conforme orientam Rodrigues e Simões (2004). Dessa forma, optou-se pelos dados do

IBGE com base nos valores da produção. Para a análise das contribuições econômicas

da aglomeração foram utilizados dados da Produção Agrícola Municipal e da Pesquisa

Pecuária Municipal, ambas do IBGE. A seguir descreve-se o método do ICN.

O trabalho seguirá uma metodologia para identificação e mapeamento de

atividades com potencialidade para se modificar em arranjo produtivo local ou

agricluster. Serão identificados os municípios especializados em atividades agrárias,

formando pencas de Aglomerações Produtivas Locais (APL) no estado de Mato Grosso.

O método de Crocco et. al. (2003) agrupa os diversos critérios utilizados em

outros estudos, para a preparação de um índice de concentração normalizado, que

permita apontar de maneira adequada, as principais aglomerações produtivas no estado,

considerando três características principais:

a) a especificidade de uma atividade ou setor dentro de uma região (município);

b) o peso da atividade ou setor em relação à estrutura empresarial da região

(município);

c) a relevância da atividade ou setor no estado como um todo.

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4.1. Quociente Locacional (QL)

A primeira característica é determinada pelo índice de especialização ou

quociente locacional (QL). Este índice serve para determinar se um município em

particular possui especialização em dada atividade ou setor específico e é calculado com

base na razão entre duas estruturas econômicas.

No numerador tem-se a economia em estudo, referente a um dado município do

estado de Mato Grosso, e no denominador coloca-se a economia de referência, em que

constam todos os municípios do estado.

O Quociente Locacional é um instrumento tradicional dos estudos de economia

regional, que permite avaliar a aglomeração de atividades industriais e a existência de

particularizações locais em certo tipo de atividade (Rodrigues; Simões, 2004). A

fórmula matemática é a seguinte:

QL =

EaEiaEjEij

// (1)

em que: Eij é considerado como valor da produção da atividade ou setor i no município

em estudo j; Ej é Produto Interno Bruto do município j; Eia é o valor da produção da

atividade ou setor i no estado; Ea é o Produto Interno Bruto do estado.

A maior parte dos trabalhos pondera que existiria especialização na atividade ou

setor i no município j, caso o seu QL seja maior que um. Outros estudos mais

intransigentes tomam como critério o QL igual a dois ou três. Se o QL = 1, significa que

a especialização da região j em atividades do setor i é igual à especialização do conjunto

de atividades desse setor em todas as regiões.

Porém, se o QL < 1, a especialização da região j em atividades do setor i é

menor à especialização do conjunto de atividades desse setor em todas as regiões.

Finalmente, se QL > 1, a especialização da região j em atividades do setor i é maior que

a especialização do conjunto de atividades desse setor em todas as regiões.

Conforme Clemente e Higachi (2000), caso os setores fossem colocados em

ordem decrescente de proporção capital-trabalho, a Teoria da Especialização pressupõe

que essa ordenação apresentaria correlação (ordinal) positiva com a ordem de

concentração dos setores nas regiões com alta dotação relativa capital e trabalho e

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correlação negativa com a ordem de concentração dos setores nas regiões com baixa

dotação capital e trabalho.

Haddad (1989) citado por Rodrigues e Simões (2004) utiliza no cálculo do QL o

volume de emprego. Duas questões são importantes acerca da utilização deste

quociente.

Se a economia de referência utilizada for o Brasil, deve-se considerar a

disparidade regional existente no país. Nem sempre QL > 1 significa especialização

naquele setor, mas sim, diferenciação produtiva.

Para regiões pequenas, com emprego (ou estabelecimentos) industrial

imperceptível e arcabouço produtivo pouco diversificado, o quociente tende a

sobrevalorizar o peso de um determinado setor para a região.

O quociente também tende a subvalorizar a relevância de determinados setores

em regiões com um arcabouço produtivo bem diversificado, ainda que este setor possua

peso expressivo na conjuntura nacional.

Tendo em vista que a escala econômica do local depende de sua especialização

produtiva ou base exportadora, o QL é empregado para identificar os municípios do

estado de cunho exportador ou de maior densidade econômica.

Este indicador, empregado de forma geral pela sua singeleza e acuidade pode,

entretanto, gerar deformidades como a assinalada por Crocco et. al. (2003) de que um

QL > 1, ao invés de constituir especialização, pode estar apontando somente uma

diferenciação produtiva, em função da heterogeneidade dos municípios que existem em

dada região.

4.2. Índice de Hirschman e Herfindahl Modificado (IHHm)

Para atenuar os problemas do índice anterior, utiliza-se um segundo indicador

objetivando obter o real peso da atividade ou setor no arcabouço produtivo local. Este

indicador é uma transformação do Quociente Locacional (QL), conforme a seguir

mostrado:

IHHm =

EaEj

EiaEij (2)

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com dados conforme definidos anteriormente. Com o IHHm é possível comparar o peso

da atividade ou setor i do município j no setor i do estado em relação ao peso da

estrutura produtiva do município j na estrutura do estado como um todo.

Um valor positivo aponta que a atividade ou setor i do município j no estado

está, ali, mais concentrada e, portanto, com maior poder de atração econômica, dada sua

especialização em tal atividade ou setor.

Segundo Hoffman (2002), o valor máximo desse índice ocorre quando a

indústria é constituída por uma única empresa. Nesse caso o índice é igual a 1 (um). O

valor de Hirschman e Herfindahl se aproxima de zero quando todas as observações são

diminutas, ou seja, quando a produção está dividida de maneira relativamente igualitária

por um grande número de empresas. Esta análise pode ser aplicada para o Índice de

Hirschman e Herfindahl Modificado.

4.3. Índice de Participação Relativa (PR)

O terceiro indicador foi aproveitado para capturar a relevância da atividade ou

setor i do município j diante do total da referida atividade para o estado, isto é, a

participação relativa da atividade ou setor no emprego total da atinente atividade ou

setor no estado. A fórmula é dada por:

PR =

EiaEij (3)

com dados conforme definidos anteriormente. O indicador varia entre zero e um.

Quanto mais próximo de um, maior a relevância da atividade ou setor i do município j

no estado.

4.4. Agregação dos índices para o cálculo do ICN

Os três indicadores apresentados oferecem as informações fundamentais para a

constituição de um indicador mais universal e sólido de concentração empresarial ligado

a uma atividade ou setor econômico em um município, denominado índice de

concentração normalizado (ICN). A constituição do ICN segue parte do procedimento

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de Crocco et al. (2003), por meio da combinação linear dos três indicadores

especificados na equação a seguir:

ICNij = θ 1QLij + θ 2IHHmij + θ 3PRij (4)

Em que os θ ’s são os pesos de cada um dos indicadores para cada atividade ou

setor produtivo em análise. Para o cálculo dos pesos de cada um dos índices

especificados na equação acima se aplica a técnica da análise de componentes

principais.

A partir da matriz de correlação dos indicadores, a análise das componentes

principais revela a proporção da variância da dispersão total da nuvem de dados gerada,

representativa dos atributos de agrupamento, que é ilustrada por cada um desses três

indicadores, levando em conta suas participações na explicação do potencial para a

formação de aglomerações que os municípios apresentam setorialmente no estado.

Alternativamente à metodologia acima descrita, Rodrigues e Simões (2004)

propõem o cálculo do ICN, por meio da padronização dos três índices. Depois de

calculados os três indicadores, efetua-se a padronização de cada um deles através da

média e do desvio padrão de cada setor, descritos como:

zi = δ

xxi − (5)

onde zi é o indicador padronizado, xi é o valor do indicador do setor para cada

município, x é o valor da média de cada indicador do setor para todos os municípios e

δ é o desvio padrão de cada indicador do setor para todos os municípios.

Concluída a padronização, elabora-se o Índice de Concentração a partir da média

desses três indicadores, conforme a expressão:

ICN = (QL + IHHm + PR)/3 (6)

Uma vez que a soma dos pesos deve ser igual a um, equivale, nesse caso, a 1/3

(um terço) para cada um dos indicadores, QL, PR e IHHm. A interpretação do Índice de

Concentração baseia-se numa comparação entre as diversas especializações. Por esse

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critério, serão classificados os vinte municípios que apresentam os maiores índices de

concentração do estado, para um estudo relacionado a estes municípios.

A finalidade de agregar esses três indicadores é assegurar um resultado sólido, é

dizer, um resultado que não seja tendencioso pelas especificidades estruturais dos

municípios.

Os municípios menores tendem a sobrevalorizar o grau de especialização

produtiva, devido à baixa diversidade produtiva local, e, inversamente, os municípios

grandes tendem a subvalorizar o grau de especialização, uma vez que os operários se

encontram dispersos em muitas atividades, devido à grande diversidade produtiva.

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5. RESULTADOS

Considerando o estado de Mato Grosso como um todo, mostra-se a Figura 4, na

qual se pode ver a distribuição espacial do valor da produção da cultura do milho,

medido em reais, para o ano de 2007.

Figura 4. Distribuição espacial do valor da produção em reais do milho, 2007

Fonte: Dados da Pesquisa

Verifica-se que os maiores valores de produção do milho estão concentrados

em municípios como Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso. Estes municípios

estão situados praticamente no centro do Estado de Mato Grosso. À medida que se

desloca do centro para a periferia do Estado, os valores de produção do milho vão

decrescendo.

5.1. Componentes e Ranking do Índice de Concentração Normalizado

5.1.1. Estatísticas descritivas e ranking do ICN

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A seguir é apresentada a estatística descritiva para os componentes do Índice de

Concentração Normalizado, calculados para os 141 municípios do estado de Mato

Grosso, no ano de 2007. Para elaborar este índice foi necessário obter o valor da

produção municipal do milho e do produto interno bruto dos municípios, ambos de

2007, último ano que possui os valores para o PIB municipal.

Tabela 6. Estatística descritiva do os componentes do ICN para os municípios de Mato

Grosso Estatística Quociente Locacional (QL) Índice de Hirschman

Herfindahl (IHHm)

Índice de Participação

Relativa (PR)

Média 0,8360

1,98309E-18

0,0079

Erro Padrão 0,1034

0,0019

0,0015

Mediana 0,2593

-0,0007

0,0005

Desvio Padrão 1,2285

0,0225

0,0189

Intervalo 5,5908

0,2884

0,1279

Mínimo 0,0005

-0,1849

3,8252E-06

Máximo 5,5913

0,1034

0,1279

Soma 117,9125

2,7960

1

Fonte: Dados da pesquisa

A média para o Quociente Locacional (QL) para o estado de Mato Grosso foi de

0,8360, indicando que o estado como um todo não apresenta especialização na produção

de milho. Isto se explica por não existir grande escala produtiva em todos os municípios

do estado. Os municípios com baixa escala de produção podem estar subestimando o

quociente. O Quociente Locacional aponta especialização apenas no nível municipal.

Observando os valores máximos de QL, é possível interpretar a presença de

aglomeração produtiva de milho.

Para o Índice de Hirschman Herfindahl Modificado (IHHm) a média foi de

1,9E-18, evidenciando que não existe concentração da produção de milho no estado de

Mato Grosso como um todo.

Para o índice de Participação Relativa (PR), a média de participação de cada

município no estado de Mato Grosso como um todo foi de 0,0079, apontando também

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48

baixa concentração produtiva no estado como um todo, não obstante seja um indicador

percentual.

Para calcular o índice de concentração o quociente locacional, o índice de

Hirschman e Herfindahl e o índice de participação relativa foram padronizados, mas

caso seja feita a estatística descritiva das variáveis padronizadas irá se obter resultados

semelhantes, com os índices apontando ausência de especialização no estado como um

todo.

Quanto maior o índice maior é a concentração, mas para capturar a aglomeração

de aves e suínos no espaço, foi expandida uma amostra para vinte municípios para

abranger a concentração geográfica dos complexos em torno das principais cidades

produtoras de milho. A Tabela 7 mostra o ranking do Índice de Concentração

Normalizado dos vinte primeiros municípios, com base no método da padronização e

média.

O cálculo pelo método da análise de componentes principais quase sempre

exige o emprego de dois softwares diferentes. Através da matriz de correlação das

variáveis, esta metodologia permite que se conheça qual o percentual da variância da

dispersão total de uma nuvem de pontos que representa a aglomeração é explicada por

cada um dos três indicadores utilizados (CROCCO, et. al., 2003).

Desta forma, obtêm-se pesos específicos para cada indicador que considera a

participação desses indicadores na explicação do potencial de formação de arranjos

produtivos que as unidades geográficas apresentam setorialmente.

Calculando do valor dos pesos para os três indicadores através dos

softwares Econometric Views e o Gnu Regression, Econometrics and Time-series

Library, chegou-se a um peso praticamente igual para os três indicadores, ao redor

de 0,333. Se fosse utilizada a análise de componentes principais equivaleria ao

emprego do método da padronização e média, o qual padroniza os três índices de

cada município, soma todos eles e faz uma divisão por três.

O município de Ipiranga do Norte apareceu em primeira colocação ao se

considerar o Quociente Locacional, que não considera algumas especificidades

estruturais dos municípios. Porém ao se calcular o Índice de Concentração

Normalizado, cedeu lugar para municípios com tradição na produção e exportação

do cereal em análise.

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49

Tabela 7. Ranking dos vinte maiores Índices de Concentração Normalizado, Quociente Locacional, IHHm e PR, 2007

Município QL padronizado IHHm

padronizado

PR padronizado ICN

Lucas do Rio Verde 3,570 4,581 6,388 4,846

Sorriso 1,673 3,210 5,481 3,455

Nova Mutum 2,262 2,428 3,631 2,774

Sapezal 1,567 1,980 3,330 2,292

Campos de Júlio 2,960 1,599 2,083 2,214

Campo Novo do Parecis 1,430 1,670 2,869 1,990

Ipiranga do Norte 3,870 0,905 0,940 1,905

Campo Verde 1,371 1,548 2,688 1,869

Nova Ubiratã 3,258 1,064 1,226 1,849

Primavera do Leste 0,750 1,055 2,546 1,450

Tapurah 2,653 0,733 0,783 1,390

Itanhangá 3,358 0,364 1,169 1,297

Santa Rita do Trivelato 2,150 0,485 0,438 1,025

Santo Antonio do Leste 1,680 0,408 0,368 0,819

Juscimeira 2,012 0,294 0,128 0,812

Guiratinga 1,416 0,311 0,233 0,653

Alto Taquari 0,744 0,389 0,708 0,614

Santa Carmem 1,772 0,135 -0,132 0,592

Diamantino 0,485 0,330 0,929 0,581

Porto dos Gauchos 1,587 0,150 -0,093 0,548

Fonte: Dados da pesquisa

Segundo o Quociente Locacional, as maiores especialização no cultivo do milho

estão em Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde, Itanhangá e Nova Ubiratã, que estão

praticamente no centro do estado de Mato Grosso. À medida que se distancia destes

municípios o Quociente Locacional decresce, conforme mostra a Figura 5.

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50

Figura 5. Distribuição espacial do Quociente Locacional, 2007

Fonte: Dados da pesquisa

Conforme a Figura 6, tanto o índice de Hirschman e Herfindahl modificado

quanto o índice de Participação Relativa indicam concentração de produção em Lucas

do Rio Verde e Sorriso, à medida de se distancia destes municípios os índices

decrescem.

Figura 6. Distribuição espacial do Índice de Hirschman e Herfindahl e do índice de

Participação Relativa para o Milho, 2007

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51

A Figura 7 mostra a distribuição geográfica do Índice de Concentração

Normalizado da cultura do milho para o ano de 2007, calculado com base no método da

padronização e média e análise de componentes principais.

Verifica-se que o centro produtivo da cultura do milho está concentrado nos

municípios de Lucas de Rio Verde e Sorriso. À medida que se afasta deste centro o

Índice de Concentração Normalizado decresce.

Figura 7. Distribuição espacial do Índice de Concentração Normalizado do milho, 2007

Fonte: Dados da pesquisa.

5.1.2. Aglomeração de atividades nas vinte cidades

Para fazer um estudo sobre existência de aglomeração envolvendo milho, aves e

suínos primeiramente foi calculado o índice de concentração normalizado da cultura do

milho, por estar presente também na avicultura, suinocultura, além de outras atividades,

devido à disponibilidade de dados relativos ao valor de produção do milho, e para

estabelecer uma amostra dos vinte primeiros municípios, incorporando o efetivo de aves

e suínos, além de leite e ovos, para uma perspectiva acerca da quantidade e atividades

produtivas, possibilitando detectar polos de aglomeração (Tabela 8).

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52

Tabela 8. Síntese da aglomeração de atividades nas vinte cidades apontadas pelo ICN,

2007 Município ICN Valor da

Produção

Milho

(mil R$)

Efetivo total

de aves

(cabeças)

Efetivo de

suínos

(cabeças)

Valor da

Produção

Ovos

(mil R$)

Exportação

milho (US$)

PIB

(mil R$)

Lucas do Rio

Verde

4,846 200.710,00 1.089.361 107.000 465,00 59.075.410,00 1.045.913,00

Sorriso 3,455 173.806,00 869.820 62.531 5.204,00 55.186.372,00 1.635.451,00

Nova Mutum 2,774 109.954,00 12.484.000 168.740 2.778,00 29.759.480,00 894.814,00

Sapezal 2,292 109.954,00 5.537 2.677 122,00 21.089.767,00 1.083.337,00

Campos de

Júlio

2,214 72.945,00 4.429 1.199 31,00 4.754.119,00 443.703,00

Campo Novo

do Parecis

1,990 96290,00 25.329 1.557 259,00 11.797.947,00 1.010.235,00

Ipiranga do

Norte

1,905 39.048,00 14.509 13.606 83,00 nd 190.054,00

Campo

Verde

1,869 90.910,00 10.697.599 63.157 59.976,00 6.921.899,00 981.028,00

Nova Ubiratã 1,849 47.524,00 43.265 4.622 237,00 0 267.207,00

Primavera do

Leste

1,450 86.689,00 450.025 18.900 176,00 40.174.450,00 1.341.471,00

Tapurah 1,390 34.362,00 217.246 23.865 147,00 9.644.123,00 228.265,00

Itanhangá 1,297 16.150,00 23.777 3.319 228,00 0 88.569,00

Santa Rita

do Trivelato

1,025 24.150,00 3.400 19.593 8,00 nd 188.917,00

Santo

Antonio do

Leste

0,819 22.060,00 4.895 1.756 21,00 nd 206.914,00

Juscimeira 0,812 14.945,00 23.599 1.818 122,00 nd 122.895,00

Guiratinga 0,653 18.040,00 33.790 4.678 257,00 nd 190.506,00

Alto Taquari 0,614 32.152,00 4.869 1.065 92,00 4.931.948,00 499.647,00

Santa

Carmem

0,592 7.200,00 14.874 13.542 88,00 0 65.005,00

Diamantino 0,581 38.723,00 200.800 134.649 80,00 11.418.572,00 735.452,00

Porto dos

Gaúchos

0,548 8.340 19.907 2.512 91 nd 81.444,08

Fonte: PAM/PPM-IBGE, MDIC, 2007

O valor da produção mais elevado é de Lucas de Rio Verde, possuindo

também um valor de exportação maior que os dos outros municípios. O valor da

produção de milho deste município é maior que o produto interno bruto de muitos

outros municípios em Mato Grosso.

O município de Tapurah possui menor valor da produção, menor

exportação de milho e menor Produto Interno Bruto do que o município de

Diamantino, porém possui maior índice de concentração normalizado do milho se

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53

explica pelo fato de o valor da produção do milho. Isto se deve ao valor da

produção de milho do município de Tapurah representar cerca de 15,05% do

Produto Interno Bruto, enquanto que no município de Diamantino o valor da

produção representa apenas 5,26% do produto.

As cidades com elevada concentração produtiva de milho, como apontada

pelo Índice de Concentração Normalizado está atraindo outras atividades como

será confirmado mais adiante no trabalho com outros números relativos às

atividades agropecuárias.

As cidades com níveis maiores de exportação de milho trazem evidências de

existir aglomerações melhor organizadas e as cidades com menores níveis de

exportação podem ser aglomerações com menor organização ou pequenos

aglomerados produtivos.

5.1.3. A integração entre milho, avicultura, suinocultura e pecuária de leite.

Para complementar os resultados, apresenta-se o resultado de efetivos de aves, e

o produto de sua origem, o efetivo de rebanho suíno, atividade que também demanda

grande quantidade de ração para alimentação, cujo principal insumo é o milho. E, por

fim, complementa-se com a produção pecuária de leite, que também se utiliza de ração

na qual se usa o grão. Os dados são da pesquisa pecuária municipal do IBGE, do ano de

2008, para as vintes cidades apontadas pelo ICN do milho, objetivando identificar

pencas de arranjo produtivo locais, e a integração entre estas atividades.

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54

Tabela 9. Aves, suínos, ovos e leite para os municípios do índice de concentração, 2008

Produção Pecuária Municipal do IBGE, 2008.

Porter (1999) citado por Santos (2006) diz que:

“(...) Um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-

relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas

por elementos comuns e complementares. O escopo geográfico varia de

uma única cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de

países vizinhos. Os aglomerados assumem diversas formas, dependendo

de sua profundidade e sofisticação, mas a maioria inclui empresas de

produtos finais, fornecedores de insumos especializados, componentes,

equipamentos e serviços, instituições financeiras e empresas em setores

correlatos (...)”.

Verifica-se que as maiores produções de aves e do produto de sua origem, o

ovo, localizam-se nas cidades onde há também especialização no cultivo de milho,

destacando-se a cidade de Nova Mutum, na produção de galos, frangas, frangos e

Município Galos, frangas, frangos e pintos

(cabeças)

Galinhas (cabeças)

Ovos de galinha

(mil dúzias)

Efetivo do

rebanho suíno

(nº de cabeças)

Leite

(mil litros)

Lucas do Rio Verde 1.0066.131 23.230 186 183.599 1.350

Sorriso 731.100 138.720 1.839 70.454 2.130

Nova Mutum 12.300.000 184.000 1.020 184.000 1.800

Sapezal 1.606 3.931 53 2.724 136

Campos de Júlio 1.107 3.322 13 2.016 125

Campo Novo do Parecis 17.526 7.803 159 3.948 253

Ipiranga do Norte 9.885 4.624 38 24.141 1.130

Campo Verde 8.953.930 1.743.669 32.096 74.370 5.037

Nova Ubiratã 28.457 14.808 118 5.179 700

Primavera do Leste 223.218 226.807 69 22.760 2.033

Tapurah 210.000 7.246 58 50.801 394

Itanhangá 14.802 8.975 91 3.359 1.115

Santa Rita do Trivelato 3.000 400 5 35.000 400

Santo Antonio do Leste 1.963 2.932 10 1.745 2.335

Juscimeira 10.620 12.979 47 1.835 5.745

Guiratinga 11.805 21.985 177 4.712 3.701

Alto Taquari 1.996 2.873 39 960 884

Santa Carmem 6.248 8.626 34 16.114 974

Diamantino 189.000 11.800 46 143.000 1.971

Porto dos Gaúchos 7.337 10.862 33 2.070 984

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55

pintos, e a cidade de Campo Verde, na produção de galinhas, e no produto de sua

origem, o ovo.

As cidades que se destacam em produção suína são Lucas de Rio Verde e

Nova Mutum, praticamente com o mesmo número de cabeças em 2008, e a cidade

com destaque na produção de leite entre as vinte do ICN do milho é Dom Aquino.

A cidade de Campo Verde especializada em produção avícola, também

possui expressiva produção de rebanho suíno. Por outro lado, Nova Mutum,

especialista em suínos, possui expressiva produção avícola. Isto não ocorre com

Dom Aquino, que embora possua a maior produção leiteira entre os municípios

apontados pelo índice de concentração, não possui substancial produção avícola e

de suínos.

Isto é explicado pelo fato da avicultura e suinocultura demandar ração,

empregando grande volume do grão, enquanto que a produção leiteira demanda

ração que utiliza o grão em quantidade não expressiva, além de existir outros

municípios, fora das vintes primeiras cidades do índice de concentração do milho,

que produzem maior quantidade de leite.

Outros destaques de aglomeração produtiva são os municípios de Sorriso,

Primavera do Leste, Ipiranga do Norte, Tapurah, Santa Rita do Trivelato,

Diamantino, Dom Aquino e Juscimeira, os quais possuem expressiva produção de

milho e efetivo de aves, suínos e pecuária leiteira.

Pode-se afirmar que Lucas do Rio Verde, Nova Ubiratã, Nova Mutum,

Sorriso, Ipiranga do Norte, Tapurah, Santa Rita do Trivelato e Diamantino

formam o primeiro polo de aglomeração envolvendo milho, aves e suínos, devido à

alta escala produtiva dessas atividades. Da mesma forma, Campo Verde,

Primavera do Leste, Dom Aquino e Juscimeira formam outro polo de aglomeração

em análise.

5.2. Análise dos polos de aglomeração

A seguir é feita uma comparação das doze cidades apontadas pelo índice de

concentração normalizado do milho e com outras atividades em termos de valor da

produção, evolução do aglomerado produtivo de milho, aves e suínos e descrição

de atividades no mercado de trabalho para uma caracterização dos principais

polos de aglomeração dessas atividades no estado de Mato Grosso.

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56

Os dados estatísticos acerca da área plantada em hectares, área colhida em

hectares, quantidade produzida em toneladas, e valor da produção em milhares de

reais, relativos aos principais produtos agrícolas das cidades brasileiras, foram

coletados a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Os dados relativos às atividades no mercado formal de trabalho foram

obtidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A combinação dessas variáveis é

importante para uma perspectiva acerca da formação de renda nos municípios em

análise.

5.2.1. Polo de Lucas do Rio Verde

O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial sustenta que alguns lugares

estão se desenvolvendo bem porque conduziram mudanças nas três extensões da

geografia econômica: i) maiores densidades, como se observa no crescimento das

cidades; ii) distâncias menores à medida que trabalhadores e firmas se aproximam

da densidade; iii) menos divisões, à medida que os locais diminuem suas fronteiras

econômicas e integram seus mercados para aproveitar a escala e a especialização

(BANCO MUNDIAL, 2009).

Para elucidar essa concepção, o mapa contendo os municípios do primeiro

polo de primeiro polo de aglomeração é apresentado na Figura 8, cujo centro

geográfico é o município de Lucas do Rio Verde.

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57

Figura 8. Polo da aglomeração produtiva de Lucas do Rio Verde

Fonte: Dados da Pesquisa

Esses municípios apresentam expressivos efetivos de aves e suínos, além de

elevada produção de milho, e estão posicionados entre os vinte municípios

apontados pelo índice de concentração.

5.2.1.1. Consumo de milho no polo de Lucas do Rio Verde

Como a capacidade de transformação do suíno decresce a partir do sétimo

mês de idade, foi preciso melhorar os animais surgindo o suíno tipo carne ao invés

de banha, abatido aos cinco ou seis meses de idade, pesando de 90 a 120 quilos,

com massas musculares posteriores mais ricas em carne, garantindo maior valor

no mercado e maior rendimento ao criador (ASSOCIAÇÃO GOIANA DE

SUINOCULTURA, 2010).

Um peso ideal para se fazer uma estimativa com o estoque anual de suínos

e aves em fases diversas de criação é o peso médio de abate divulgado pelo IBGE

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58

que gira em torno de 81,33 kg para um suíno e 2,03 kg para uma ave, para Mato

Grosso.

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59

Tabela 10. Estimativa de consumo de milho pelos segmentos no polo de aglomeração de Lucas do Rio Verde, em quilogramas, 2000/2007

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Cabeças de Suíno 138.691 212.263 284.635 315.903 436.126 464.875 532.455 534.606

Kg médio por cabeça 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33

Kg ração/kg suíno 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9

Kg de milho/kg de suíno 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995

Kg de milho total estimado de

consumo pelos suínos

21.425.864 32.791.733 43.972.218 48.802.697 67.375.507 71.816.834 82.257.021 82.589.931

Cabeças de aves

(frango + galinhas)

213.877 236.833 1.551.825 1.767.068 1.932.851 2.061.783 3.477.801 4.053.456

Kg médio por cabeça 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03

Kg ração/kg ave 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1

Kg de milho/kg ave 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915

Kg de milho total estimado de

consumo pelas aves

560.731 620.915 4.068.489 4.632.802 50.674.424 5.405.469 9.117.907 10.627.128

Total estimado de consumo por

aves e suínos

21.986.595 33.412.649 48.040.707 53.435.498 1.18E+08 77.222.304 91.374.928 93.216.449

Consumo Humano, Pec. Leite,

Ind., Perdas, comércio inter-

região kg

- - - - - 1.140.184.678 1.364.536.985 1.474.468.262

Importação de Milho Kg nd nd nd nd nd 0 0 0

Exportação de Milho kg nd nd nd nd nd 18.477.018 201.596.086 938.534.288

Produção Regional Kg - - - - - 1.235.884.000 1.657.508.000 2.506.219.000

Mercado Interno kg - - - - - 1.217.406.982 1.455.911.914 1.567.684.712

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60

Fonte: IBGE, MDIC, ABIMILHO. Elaboração Própria.

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61

A Tabela 10 mostra uma estimativa do consumo de milho pelos segmentos

no primeiro polo. O consumo do mercado interno considera a produção regional,

subtraindo-se as exportações e adicionando-se as importações. A estimação da

quantidade consumida pelas aves e suínos é feita por meio da relação entre

quantidade de ração por quilo de animal, e o percentual de milho requerido em

cada quilo de ração.

O consumo humano, mais o uso industrial, mais a pecuária leiteira, mais as

perdas, etc. são estimados subtraindo-se o total consumido pelas aves e suínos do

consumo aparente.

Para a estimativa de consumo de milho no primeiro polo de aglomeração,

nota-se considerável aumento do consumo do milho na suinocultura, assim como

na avicultura, no período entre 2000 e 2007. Devido à maior especialização na

suinocultura, ao maior ciclo de vida e ao maior porte do suíno, o consumo de milho

pela criação suína é maior do que o consumo pelas aves nesta região.

O consumo humano mais o industrial, pecuária leiteira e comércio inter-

regiões deveria aparecer em um montante bem menor do que o consumo pelos

animais, mas aparece num montante bem maior que o esperado. Isto se explica

pelo fato de estas regiões serem especializadas na produção do grão, sendo de se

esperar geração de excedentes que podem estar sendo direcionados aos municípios

vizinhos à região, ou seja, faz parte do comércio inter-regional. Percebe-se um

crescimento da importância do consumo do milho pelos animais ao longo dos anos

em análise. A seguir, faz-se a análise de cada município de cada polo produtivo.

Lucas do Rio Verde

Cada cultura tem utilidades diferentes, ou seja, propriedades diversificadas

que satisfazem as diversas necessidades econômicas do ser humano. Mas é útil

destacar o valor da produção em milhares de reais, com o cultivo do milho se

posicionando em segundo lugar, com R$ 200.710,00, após a cultura da soja, na

cidade de Lucas de Rio Verde, em 2007 (Tabela 11).

O milho obteve segunda posição também em área plantada e área colhida,

mas em quantidade produzida superou a soja, obtendo a primeira colocação. Desta

forma esse grão foi de grande importância nesta cidade para a geração de renda.

Também foram produzidos em 2007, algodão, arroz, feijão e sorgo.

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62

Tabela 11. Lucas do Rio Verde – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida (ton)

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo

(em caroço) (ton)

15.015 15.015 57.372

52.323

Arroz (em casca) (ton) 160 160 480 164

Feijão (em grão) (ton) 1.000 1000 2.580 3.096

Milho (em grão) (ton) 175.073 175.073 709.221 200.710

Soja (em grão) (ton) 215.535 215.535 623.758 232.662

Sorgo granífero (em grão) (ton) 5.000 5.000 12.000 1.920

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

Se um setor está crescendo ao longo do tempo, enquanto outras atividades

estão em declínio, é possível apontar a indústria motriz ou setor dinâmico do local.

Conforme os dados do IBGE, nos municípios em análise as atividades relacionadas

com o cultivo do milho e a criação de aves, estiveram em ascensão, enquanto

outras estavam em queda. Este é um tipo de análise diferencial-estrutural que

consiste, basicamente, na descrição do crescimento econômico de um local nos

termos de sua estrutura produtiva (CROCCO; DINIZ, 2006).

A Tabela 12 mostra a evolução da concentração produtiva envolvendo o

milho as aves e os suínos no município de Lucas do Rio Verde. A cultura do milho

é expressa em toneladas e a avicultura e suinocultura são expressas em efetivo de

rebanho, ou seja, número de cabeças.

Tabela 12. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Lucas do Rio Verde –

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 215.414 188.110 368.400 588.000 332.030 529.326 596.030 709.221

Galinha

(cabeças)

52.261 53.829 55.445 55.443 55.443 58.215 64.036 23.230

Frango

(cabeças)

18.602 19.160 19.735 19.734 39.734 20.721 22.793 182.000

Suíno

(cabeças)

30.861 32.028 54.632 62.988 82.050 86.362 94.990 107.000

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal

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63

O milho teve uma trajetória de ascensão no período, passando de 215.414

toneladas em 2000 para 709.221 toneladas em 2007. As atividades da avicultura e

suinocultura sempre estiveram em ascensão no período. A queda no número de

galinhas entre 2006 e 2007 foi mais do que compensada pelo número de frangos.

Uma vez que estes setores estão estritamente relacionados, de acordo com os

números expostos antes e considerando a definição de Porter dada anteriormente,

percebe-se uma aglomeração das três atividades cada vez mais crescente,

contribuindo para o crescimento do produto interno bruto do município e geração

de renda, que é um importante atributo na análise de desenvolvimento, que leva

em consideração, o crescimento sustentado de renda e outros aspectos sociais.

Para se ter um melhor perfil do município em termos de atividade

produtiva, aponta-se as ocupações entre as vinte com maiores saldo (admissão

menos desligamento) entre todos os setores do município, e que estão relacionadas

com as atividades estudadas, entre janeiro de 2003 e abril de 2010, registradas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego: abatedor, com saldo de 2.924; motorista de

caminhão (rotas regionais e internacionais) com 408; trabalhador agropecuário em

geral, com 240; operador de máquinas de beneficiamento de produtos agrícolas,

com 120; trabalhador da avicultura de corte, com 82; e, mecânico em manutenção

de máquinas em geral, com 82.

Sorriso

Em Sorriso, o cultivo de milho atingiu o segundo lugar no ano de 2007 em

termos de valor de produção, com R$ 173.806,00, sendo apenas superado pela soja.

Dessa forma, foi um dos principais produtos cultivados e de grande importância

para a economia local, na formação de renda (Tabela 13).

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Tabela 13. Sorriso – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e valor da

produção, 2007. Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

(ton)

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo

(em caroço) (ton)

21.110 21.110 73.115 66.681

Arroz (em casca) (ton) 7.115 7.115 20.491 8.196

Feijão (em grão) (ton) 4.415 4.415 11.416 13.699

Milho (em grão) (ton) 228.266 228.266 755.678 173.806

Soja (em grão) (ton) 543.000 543.000 1.662.666 631.813

Sorgo granífero (em grão) (ton) 4.000 4.000 6.000 840

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

De acordo com a Tabela 14, as atividades relacionadas com o cultivo de

milho estiveram em ascensão, assim como as atividades relacionadas com as

atividades da avicultura. As atividades relacionadas com a suinocultura cresceram

até 2006, momento a partir do qual teve uma leve queda.

Desta forma, houve uma crescente aglomeração dessas atividades durante o

período, gerando uma progressiva acumulação, indicando um fortalecimento na

dinâmica econômica do município e permanente contribuição na constituição de

renda.

Tabela 14. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Sorriso, quantidade

produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 131.529 166.207 265.680 189.800 334.800 183.000 400.297 755.678

Galinha

(cabeças)

58.025 59.766 60.962 62.790 62.790 65.867 69.160 138.787

Frango

(cabeças)

10.931 11.259 92.281 122.281 792.000 831.600 873.180 731.177

Suíno

(cabeças)

63.000 64.890 66.190 67.175 83.175 89.565 98.522 62.531

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

As ocupações entre as vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que estão relacionadas com as

atividades estudadas, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro de

2003 e abril de 2010, foram: abatedor, com saldo de 466; operador de máquina de

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beneficiamento de produtos agrícolas, 223; trabalhador volante na agricultura,

146; e, motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais), 105.

Nova Mutum

No tocante ao valor da produção, o cultivo de milho apareceu em segunda

colocação, com R$ 118.905,00, após o cultivo da soja, na cidade de Nova Mutum,

sendo uma das principais lavouras temporárias, constituindo uma importante

cultura para a geração de renda, contribuindo para o crescimento econômico local

(Tabela 15).

Tabela 15. Nova Mutum – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo (em caroço) (ton) 24.486 24.486 88.389 80.616

Arroz (em casca) (ton) 3.000 3.000 9.000 3.024

Milho (em grão) (ton) 101.333 101.333 424.660 118.905

Soja (em grão) (ton) 310.000 310.000 970.610 339.714

Sorgo Granífero (em grão) (ton) 5.833 5.833 13.416

1.780

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

Conforme a Tabela 16, as atividades relacionadas com o cultivo de milho

estiveram em ascensão. As atividades relacionadas com a avicultura e suinocultura

estiveram em crescimento. Assim, houve crescente aglomeração dessas atividades.

Tabela 16. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Nova Mutum,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho

(ton)

84.224 37.398 72.510 238.619 299.820 179.532 217.420 424.660

Galinha

(cabeças)

9.781 8.660 8.920 13.420 44.000 48.400 100.862 121.709

Frango

(cabeças)

8.643 31.193 1.260.000 1.270.000 770.050 847.055 2.139.000 2.581.106

Suíno

(Cabeças)

20.795 21.419 32.281 32.762 75.387 82.926 105.493 168.740

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

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66

As profissões entre as vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que possuem afinidade com as

atividades estudadas, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro de

2003 e abril de 2010, foram: trabalhador volante na agricultura, com 342;

tratorista agrícola, 136; trabalhador agropecuário em geral, 104; motorista de

caminhão (rota regional e internacional), 101; trabalhador na avicultura de

postura, 86; trabalhador na suinocultura, 70; técnico agrícola, 70.

Ipiranga do Norte

Nesta cidade o milho aparece em segundo lugar, no que tange ao valor da

produção, com R$ 39.048,00, perdendo para a soja. Desta forma, a cultura foi uma

das culturas temporárias importantes para a economia local (Tabela 17).

A cidade de Ipiranga do Norte apareceu em primeira colocação ao se

considerar o Quociente Locacional, o qual não considera algumas especificidades

estruturais dos municípios.

Tabela 17. Ipiranga do Norte – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida

e valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida Quantidade

Produzida

Valor em R$ 1.000

Algodão Herbáceo (em caroço) (ton) 3.102 3.102 9.551 8.711

Arroz (em casca) (ton) 2.000 2.000 7.200 2.038

Mamona (em baga) (ton) 350 350 84 67

Milho (em grão) (ton) 42.900 42.900 167.588 39.048

Soja (em grão) (ton) 120.000 120.000 374.400 140.400

Sorgo granífero (em grão) (ton) 800 800 2.000 320

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

A cidade não é muito diversificada em termos de quantidade de produtos, e

ao mesmo tempo as áreas plantada e colhida, a quantidade produzida e o valor da

produção são bem menores que em Lucas do Rio Verde, que apareceu em

primeira colocação no ranking do índice de concentração.

Conforme a Tabela 18, de acordo com os dados disponíveis pelo IBGE, as

atividades relacionadas com a cultura do milho estiveram em ascensão no período,

assim como a criação de aves e suínos, levando a perceber uma crescente

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integração no espaço destas atividades, indicando fortalecimento no agrupamento

de atividades no município.

Tabela 18. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Ipiranga do Norte,

quantidade produzida, 2005/2007 2005 2006 2007

Milho (ton) 136.156 141.873 167.588

Galinha (cabeças) 2.000 2.200 4.024

Frango (cabeças) 4.500 4.950 9.585

Suíno (cabeças) 2.300 2.530 13.606

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

Os empregos entre os vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que estão relacionadas com as

atividades pesquisadas, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro

de 2003 e abril de 2010, foram: trabalhador na suinocultura, com saldo de 104;

trabalhador volante da agricultura, tratorista agrícola, 38; motorista de caminhão

(rotas regionais e internacionais), 17; trabalhador agropecuário em geral, 7;

técnico agrícola, 6; e, supervisor de exploração agrícola, 6.

Nova Ubiratã

Em Nova Ubiratã, a produção milho apareceu em segunda, vindo atrás da

cultura da soja, com relação ao valor de produção, com R$ 47.524,00, e também

áreas plantada e colhida e quantidade produzida, constituindo importante cultura

para o a economia local (Tabela 19).

Tabela 19. Nova Ubiratã – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2005 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo (em caroço) (ton) 10.880 10.880 35.440 32.321

Arroz (em casca) (ton) 8.413 8.413 27.763 9.162

Feijão (em grão) (ton) 502 502 378 1.597

Mamona (baga) (ton) 200 200 156 125

Milho (em grão) (ton) 63.070 63.070 206.624 47.524

Soja (em grão) (ton) 205.557 205.557 576.328 201.734

Sorgo granífero (em grão) (ton) 1.500 1.500 3.750 600

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Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

Considerando a Tabela 20, atividades relacionadas com o cultivo do milho

estiveram em ascensão, assim como as atividades relacionadas com a avicultura e

suinocultura, indicando um fortalecimento na aglomeração no município e

permanente contribuição na constituição de renda.

Tabela 20. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Nova Ubiratã,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 22.773 8.340 21.000 17.808 54.080 50.850 122.892 206.624

Galinha

(cabeças)

2.038 2.120 2.184 2.315 2.315 2.431 2.552 14.808

frango

(cabeças)

401 417 434 458 458 481 505 25.216

Suíno

(cabeças)

1.785 1.837 1.891 1.964 1.964 2.062 2.268 4.622

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal

As principais ocupações relacionadas com as atividades em análise que

estão entre as vinte com maiores saldos (admissão menos desligamento) entre todos

os setores do município, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro

de 2003 e abril de 2010, foram: trabalhador volante na agricultura, com saldo de

178; operador de máquina de beneficiamento de produto agrícola, 101; motorista

de caminhão (rotas regionais e internacionais), 83; trabalhador agropecuário em

geral, 41; técnico agrícola, 12.

Tapurah

Em Tapurah o milho obteve a segunda colocação em termos de valor de

produção em 2007, áreas plantada e colhida e quantidade produzida, vindo depois

da soja, constituindo importante produto para a economia local. O valor da

produção do milho naquele ano foi de R$ 34.362,00 (Tabela 21).

Tabela 21. Tapurah – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e valor da

produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

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Algodão herbáceo (em caroço) (ton) 7.120 7.120 30.032 27.389

Arroz (em grão) (ton) 2.000 2.000 3.880 1.098

Milho (em grão) (ton) 38.180 38.180 137.448 34.362

Soja (em grão) (ton) 112.274 112.274 338.731 119.911

Sorgo Granífero (em grão) (ton) 2.000 2.000 2.400 336

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

Segundo a Tabela 22, as atividades relacionadas com o cultivo do milho

estiveram em ascensão, assim como as atividades relacionadas com avicultura e

suinocultura, apontando um fortalecimento na aglomeração das atividades no

município possibilitando concluir pela concentração de mão de obra, insumos

intermediários, processos de aprendizagem contínua e interativa entre

trabalhadores, fortalecendo a formação do produto e da renda do município.

Tabela 22. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Tapurah, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 53.286 89.325 152.100 202.800 133.200 134.400 96.250 137.448

Galinha

(cabeças)

21.724 22.376 23.048 23.739 23.739 15.108 16.619 7.341

Frango (cabeças) 12.544 12.920 13.308 13.707 13.707 7.963 8.759 16.453

Suíno (cabeças) 10.811 15.825 16.276 18.920 20.416 19.898 21.888 23.865

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

As profissões entre as vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que estão relacionadas com as

atividades em análise, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro de

2003 e abril de 2010, foram: trabalhador agropecuário em geral, com saldo de 247;

trabalhador da suinocultura, 151; trabalhador volante da agricultura, 84;

trabalhador da avicultura de corte, 55; motorista de caminhão (rotas regionais e

internacionais), 54; operador de máquinas de beneficiamento de produtos

agrícolas, 19; e, técnico agrícola, 19.

Santa Rita do Trivelato

Em Santa Rita do Trivelato a cultura do milho obteve a terceira posição em

termos de valor de produção, com R$ 24.150,00, sendo superado pela soja e pelo

algodão (Tabela 23).

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70

Porém, o milho superou o algodão em termos de área plantada e colhida e

quantidade produzida, obtendo a segunda colocação, constituindo importante

produto para a economia local.

Tabela 23. Santa Rita do Trivelato – Áreas plantadas e colhidas, quantidade

produzida e valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão herbáceo (em caroço) (ton) 10.984 10.984 39.994 36.475

Arroz (em casca) (ton) 3.000 3.000 9.000 2.970

Milho (em grão) (ton) 35.000 35.000 105.000 24.150

Soja (em grão) (ton) 144.000 144.000 436.320 152.712

Sorgo granífero (em grão) (ton) 2.000 1.600 4.800 768

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

Analisando a Tabela 24, verifica-se que a cultura de milho teve ascensão no

período, assim com a criação de aves e suínos, verificando-se um crescimento na

aglomeração destas atividades no município, fator importante no crescimento do

produto interno e formação de renda.

Tabela 24. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Santa Rita do Trivelato,

2000/2007 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 16.542 73.743 67.060 71.080 22.620 82.746 105.000

Galinha (cabeças) 800 824 910 950 998 1.097 420

Frango (cabeças) 709 731 850 1.250 1.313 1.444 1.300

Suíno (cabeças) 3.691 3.801 3.945 11.666 12.541 20.621 19.593

Fonte: IBGE – Pesquisa Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

Os empregos entre as vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que estão relacionadas com as

atividades examinadas, de acordo com o Ministério do Trabalho, no período de

janeiro de 2003 e abril de 2010, foram: trabalhador volante da agricultura, com

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71

saldo de 54; trabalhador agropecuário em geral, 25; técnico agrícola, 9; operador

de máquinas de beneficiamento de produtos agrícolas, 4; mecânico de manutenção

de máquinas agrícolas, 3; supervisor de exploração agrícola, 3.

Diamantino

Em Diamantino o cultivo de milho perde para a soja, no tocante às áreas

plantada e colhida, quantidade produzida e valor da produção. O valor de

produção do milho foi de R$ 38.723,00 (Tabela 25).

Tabela 25. Diamantino – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e valor

da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão herbáceo (em caroço) (ton) 37.017 37.017 138.637 126.437

Amendoim (em casca) (ton) 20 20 14 19

Arroz (em casca) (ton) 5.000 5.000 12.000 4.032

Feijão (em grão) (ton) 1.280 1.280 2.598 2.598

Milho (em grão) (ton) 49.898 49.898 179.273 38.723

Soja (em grão) (ton) 276.660 276.660 796.147 298.555

Sorgo granífero (em grão) (ton) 300 300 540 72

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

Também perde para o algodão em termos de valor da produção, embora as

áreas plantadas e colhidas e quantidade produzida sejam maiores. Assim, o milho

constitui importante produto para a formação de renda. Outras culturas

temporárias expressivas foram: amendoim, arroz, feijão.

Em Diamantino houve fortalecimento nas atividades de cultivo de milho, e

criação de aves e suínos, permitindo induzir um efeito de encadeamento à

montante e à jusante dessas atividades produtivas, contribuindo para o

crescimento sustentável do produto interno bruto e a renda (Tabela 26).

O Ministério do Trabalho e Emprego registrou para Diamantino, entre

janeiro de 2003 a abril de 2010, as seguintes profissões relacionadas com os setores

em análise, que possuem maiores saldos (admissão menos desligamento) e que

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72

estão entre as vinte de todos os setores: trabalhador volante na agricultura, com

saldo de 1.084; operador de máquinas de beneficiamento de produtos agrícolas, 68;

trabalhador da suinocultura, 41, técnico agrícola, 31; abatedor, 29; tratorista

agrícola. 19.

Tabela 26. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Diamantino,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 37.505 30.900 45.621 38.448 39.572 122.889 179.273 179.273

Galinha

(cabeças)

13.424 7.965 8.115 8.358 4.000 8.845 9.729 11.300

Frango

(cabeças)

5.503 5.668 5.838 173.063 122.415 146.286 160.915 185.000

Suíno

(cabeças)

11.439 72.573 109.564 158.149 161.468 169.221 186.143 134.649

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

Desta forma, conforme mostrado pelo mapa e pela descrição dos

municípios, existe uma aglomeração espacial objetivando a redução dos custos de

transporte de matéria-prima e produto final e aproveitamento das economias

externas fornecidas pela proximidade.

5.2.1.2. Produto Interno Bruto do primeiro polo de aglomeração

O Produto Interno Bruto – PIB é principal indicador da atividade econômica dos

municípios, o PIB - Produto Interno Bruto, que expressa a soma (em valores

monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos nas cidades de Diamantino,

Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Nova Ubiratã, Santa Rita do

Trivelato, Sorriso e Tapurah é mostrado na Tabela 27, e o gráfico de participação na

composição do Produto Interno Bruto da é mostrado na Figura 9.

Tabela 27. Composição do PIB no primeiro polo de aglomeração, 2007 Agropecuária Indústria Serviços Ad. Pública Impostos PIB

Diamantino 360.975,20 27.965,21 286.127,70 40.073,48 60.384,08 735.452,10

Ipiranga do

Norte 105.929,44 6.285,91 59.532,44 9.015,69 18.306,70 190.054,48

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73

Lucas do Rio

Verde 303.749,02 80.947,88 516.490,86 66.394,36 144.725,42 1.045.913,17

Nova Mutum 349.858,32 90.534,49 356.497,30 51.589,47 97.923,42 894.813,53

Nova Ubiratã 184.256,68 10.212,44 58.459,67 18.370,86 14.278,31 267.207,09

Santa Rita

Trivelato 131.160,71 2.692,42 42.108,69 6.510,72 12.955,42 188.917,23

Sorriso 519.231,51 153.071,79 764.467,54 107.082,28 198.680,23 1.635.451,06

Tapurah 129.508,53 11.713,82 72.462,33 19.322,39 14.580,39 228.265,06

Total da Região 2.084.669,40 383.423,95 2.156.146,51 318.359,25 561.833,96 5.186.073,73

Fonte: IBGE

Pela Figura 9, o setor de serviços apareceu em primeiro lugar na

composição do Produto Interno Bruto nos municípios de Lucas do Rio Verde,

Sorriso e Nova Mutum em 2007. Houve maior destaque para o setor agropecuário

em Dom Aquino, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã, Santa Rita do Trivelato e

Tapurah. A diferença entre um setor e outro não possui uma magnitude

expressiva.

Figura 9. Composição do Produto Interno Bruto no primeiro polo de aglomeração, 2007

Fonte: Elaboração própria

Considerando a região como um todo, o setor de serviços teve maior

destaque na composição do produto interno da região, mas com uma diferença não

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

Agropecuária

Indústria

Serviços

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74

substancial. A proximidade geográfica das firmas admite o advento de outras

atividades acessórias, abastecendo a indústria principal com instrumentos e matérias-

primas, levando a uma economia de material. A presença de fornecedores de bens e

serviços é uma importante fonte de economias externas, sobretudo no que tange ao

processo de conhecimento suscitado por meio do relacionamento entre empresas e seus

fornecedores.

Sendo esta região altamente especializada em milho, aves e suínos, pode-se

concluir por uma integração maior entre os setores de atividade econômica em

torno dessas três atividades, existindo empresas gerando expressivo número de

empregos formais entre todas as atividades, como mostrado anteriormente, e um

potencial maior para formação de agricluster melhor organizado, em comparação

com segundo pólo, que será abordado adiante, devido à maior densidade,

exportação de produtos entre outros elementos.

5.2.1.3. Distribuição da renda

A Tabela 28 aponta a porcentagem da renda apropriada por estratos da

população nos municípios do primeiro polo de aglomeração produtiva de milho

aves e suínos, nos anos de 1991 e 2000, exceto para Ipiranga do Norte e Santa Rita

do Trivelato, para os quais os dados não estavam disponíveis.

Tabela 28. Porcentagem da renda apropriada por estratos da população do

primeiro polo, 1991 e 2000

Município

1991 2000

20%

mais pobres

80%

mais pobres

20%

mais ricos

20%

mais pobres

80%

mais pobres

20%

mais ricos

Lucas do Rio

Verde

2,7 34,6 65,4 4,0 39,8 60,2

Sorriso 3,5 39,5 60,5 2,8 31,6 68,4

Nova Mutum 3,8 40,3 59,7 3,0 33,5 66,5

Nova Ubiratã 2,5 24,3 75,7 1,9 37,3 62,7

Tapurah 3,6 33,7 66,3 0,5 26,8 73,2

Diamantino 2,5 28,7 71,3 1,6 31,9 68,1

Fonte: PNUD, 2003

Na região mostrada pela Tabela 28, apenas em Lucas do Rio Verde e Nova

Ubiratã houve uma melhora não muito expressiva, entre 1991 e 2000. Nos outros

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75

municípios houve um agravamento na situação da apropriação da renda pelos

estratos da população no período em análise.

5.2.1.4. Fatores locacionais para o primeiro polo de aglomeração

No atual estágio da sociedade, o espaço geográfico está sendo organizado de

forma distinta entre as regiões, e conforme o caso, dentro de uma mesma região.

Desta forma, nos países industrializados e de alta densidade demográfica, ele se

exterioriza de forma contínua, por meio da sucessão de culturas, das vias de

transporte e comunicações e da distribuição de cidades, vilas e povoados

(ANDRADE, 1998).

No mundo moderno, em que prevalece o sistema capitalista, existe uma

estrutura de transportes e comunicações bem articulada que faz convergir a

produção para os centros polarizados urbanos mais importantes, permitindo aos

mais ricos entre eles o controle e o domínio do espaço. Também no meio rural

existe uma especialização na produção dos diversos gêneros e produtos, frente à

possibilidade do acesso aos centros urbanos para onde se destina a maior parte da

produção (ANDRADE, 1998).

A Figura 10 mostra os municípios selecionados para o polo de

especialização produtiva de milho e suínos, detectado neste trabalho, uma vez que

possui concentração das atividades relacionadas com o milho.

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76

Figura 10. Municípios selecionados do primeiro polo de aglomeração

Fonte: www.matogrossoeseusmunicipios.com.br, 2010

Verifica-se que o principal eixo viário da primeira aglomeração é a rodovia

federal BR 163, além de outras rodovias estaduais, que constituem um modal de

transporte importante para a circulação de mercadorias, pessoas, conceitos,

inovações, etc, entre os municípios e para o escoamento da produção para o

exterior.

5.2.1.5. Indicador padronizado de contribuição setorial para o polo de Lucas do

Rio Verde

Economia de escala em produção, movimento de mão de obra e capital,

além de custo de transporte em queda, devido a proximidade, se interagem para

produzir célere crescimento em cidades e países, grandes ou pequenos. Esses

elementos formam o motor de qualquer economia. A sua função essencial na

prosperidade e redução de pobreza é o objeto dos três primeiros capítulos do texto

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77

sobre economia mais influente jamais escrito, A Riqueza das Nações, de Adam

Smith (BANCO MUNDIAL, 2009).

Se existe especialização na produção em algum local com certeza sua

contribuição para o crescimento e desenvolvimento será expressivo. Para se ter

uma perspectiva numérica acerca da contribuição dos setores produtivos de milho,

aves e suínos no Produto Interno Bruto, considerados individualmente e em

conjunto, foi feito o indicador padronizado de contribuição entre as doze cidades

da aglomeração produtiva de milho, aves e suínos.

Posto que não está disponível o valor da produção para aves e suínos vivos,

e que a produção de milho é dada em toneladas e o efetivo de rebanho de aves e

suínos é dada em número de cabeças, e que o Produto Interno Bruto é medido em

reais, foi feita a padronização para se ter uma perspectiva quantitativa da

contribuição econômica destes setores produtivos. A Tabela 29 aponta os números

para os oito municípios do primeiro polo.

Entre as oito cidades do primeiro polo observadas, as maiores produções da

cultura do milho estão em Lucas do Rio Verde, e Nova Mutum, por ordem de

indicador. Os indicadores apontam menor importância da avicultura neste polo.

As produções mais expressivas da suinocultura estão em Nova Mutum e

Diamantino, por ordem de indicador. Considerando as três atividades em

conjunto, o maior destaque está em Nova Mutum.

Tabela 29. Indicador de contribuição setorial para milho, aves e suínos, 20072 Indicador padrão

para milho

Indicador padrão

para galinha

Indicador padrão

para frango

Indicador padrão

para suíno

Indicador de

contribuição

setorial

Lucas do Rio Verde 2,374

-0,410 -0,494 1,294 2,764

Sorriso 1,057 -0,039 -0,083 0,099 1,033

Nova Mutum 1,243 -0,233 1,220 4,452 6,683

Ipiranga Norte 0,585 0,395 0,500 0,774 2,256

Nova Ubiratã 0,476 0,445 0,592 1,147 2,662

Tapurah 0,797 0,442 0,542 0,619 2,381

Santa Rita do

Trivelato

0,886 0,402 0,502 0,652 2,444

Diamantino -2,892 -2,070 -2,307 9,107 1,837

2 Para calcular o índice faz-se a padronização da variável em questão de cada setor, calculando a diferença em relação à média e dividindo o resultado pelo desvio padrão, permitindo fazer a soma dos setores que apresentam variáveis diferentes, para obter o índice padronizado.

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78

Fonte: IBGE. Elaboração Própria

Na realidade a contribuição do conjunto de atividades é bem maior do que

um indicador possa apontar, uma vez que existe ainda a transformação dos

insumos básicos milho, aves e suínos, em outros produtos processados pelas

indústrias, exportação, geração de emprego, cuja renda acaba sendo consumida

em outras atividades, existindo também a interação com setor de serviços que se

instalam na região em função dessas atividades primárias, ajudando a multiplicar

a renda da região devido aos seus contínuos investimentos produtivos.

5.2.2. Polo de Campo Verde

O segundo polo de concentração produtiva é apresentado pela Figura 11,

envolvendo as cidades de Primavera do Leste, Campo Verde e Dom Aquino e

Juscimeira.

Os municípios de Campo Verde, Dom Aquino, Primavera do Leste e

Juscimeira estão entre os vinte municípios apontados pelo índice de concentração

normalizado e possuem, em conjunto, expressivos efetivos de aves e suínos ou

produção leiteira.

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79

Figura 11. Polo da aglomeração produtiva de Campo Verde

Fonte: dados da pesquisa

As cidades vizinhas impactam o progresso mútuo, a proximidade de

municípios ricos traz prosperidade e a proximidade com municípios pobres

prejudica. A transição da atividade rural para a industrial é ajudada, e não

prejudicada por um setor agrícola saudável, que ajuda as cidades pequenas e

grandes a prosperarem (BANCO MUNDIAL, 2009).

5.2.2.1. Consumo de milho no polo de Campo Verde

As crescentes densidades de instalações humanas, migrações de

trabalhadores e empresários para abreviar distâncias até os mercados são

fundamentais para o sucesso do desenvolvimento econômico. A Tabela 30 indica a

estimativa de consumo de milho pelos segmentos no segundo polo de aglomeração.

Pelo fato de esta região ter maior especialização na criação de aves do que de

suínos, a demanda por milho é maior na avicultura do que na suinocultura.

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80

Tabela 30. Estimativa de consumo de milho pelos segmentos no polo de aglomeração produtiva de Campo Verde, em quilograma, 2000/2007

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Cabeças de Suíno 34.103 42.336 42.651 49.290 59.438 61.380 59.805 89.602

Kg médio por cabeça 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33 81,33

Kg ração/kg suíno 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9 2,9

Kg de milho/kg de suíno 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995 1,8995

Kg de milho total estimado de

consumo pelos suínos

5.268.447 6.540.333 6.588.997 7.614.631 9.182.359 9.482.371 9.239.055 13.842.284

Cabeças de aves

(frangos + galinhas)

6.502.238 6.468.429 7.092.069 7.168.740 7.140.212 6.964.649 7.756.385 11.637.228

Kg médio por cabeça 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03 2,03

Kg ração/kg ave 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1 2,1

Kg de milho/kg ave 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915 1,2915

Kg de milho total estimado de

consumo pelas aves

17.047.210 16.958.571 18.593.596 18.794.608 18.719.815 18.259.533 20.335.263 30.509.844

Total estimado de consumo

por aves e suínos

22.315.657 23.498.905 25.182.593 26.409.240 27.902.174 27.741.904 29.574.318 44.352.128

Cons. Humano, Pec. Leite, Ind.,

Perdas, comércio inter-região. Kg

- - - - - 423.203.159 546.692.191 695.235.010

Importação de Milho Kg nd nd nd nd nd 0 0 0

Exportação de Milho kg nd nd nd nd nd 309.936 825.490 39.467.861

Produção Local Kg - - - - - 451.255.000 577.092.000 779.055.000

Mercado interno kg - - - - - 450.945.064 576.266.510 739.587.139

Fonte: IBGE, MDIC, ABIMILHO. Elaboração Própria.

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81

A intensidade do consumo humano, industrial e comércio interno se explica

pela especialização da produção de milho, cujo excedente pode estar sendo

direcionado aos outros municípios vizinhos que não são muito especializados na

produção do grão, quer dizer, faz parte do comércio inter-regional. A seguir,

detalham-se as características de cada município do polo de Campo Verde.

Campo Verde

A cidade de Campo Verde é a cidade que apresenta mais produtos na

agricultura dentre as cidades apontadas pelo índice de concentração. O milho se

posiciona em terceiro lugar, em termos de valor de produção, com R$ 90.910,00

após o cultivo de algodão e soja (Tabela 31).

Tabela 31. Campo Verde – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2007 Cultura Área

Plantada(ha)

Área

Colhida(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo (em caroço) (ton) 73.623 73.623 314.873 308.576

Arroz (em casca) (ton) 300 300 630 246

Feijão (em grão) (ton) 5.754 5.754 6.742 8.090

Milho (em grão) (ton) 68.986 68.986 343.058 90.910

Soja (em grão) (ton) 120.000 120.000 367.080 137.655

Sorgo granífero (em grão) (ton) 3.600 3.600 5.400 1.080

Fonte: Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

Porém em termos de quantidade produzida, o milho atingiu a segunda

colocação em 2007, produzindo 343.080 toneladas superando o algodão,

constituindo importante cultura para a economia local na formação de renda.

Levando em conta a Tabela 32 houve expressivo crescimento na criação de

codornas, galinhas e frangos, atividades da avicultura, bem como na criação de

suínos, as quais são atividades ligadas à cultura do milho, a qual também

apresentou crescimento, indicando crescente aglomeração, contribuindo no

processo de crescimento econômico, resultando na ampliação do emprego,

fortalecendo a evolução do produto interno bruto e da renda do local.

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82

Tabela 32. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Campo Verde,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho

(ton)

85.725 144.300 151.750 178.620 192.021 258.186 305.023 343.058

Codorna

s

(cabeças)

- 10.000 10.000 10.000 15.000 14.850 15.000 14.950

Galinha

(cabeças)

962.997 821.507 1.097.444 1.105.625 1.047.841 1.156.276 1.544.139 1.731.205

Frango

(cabeças)

5.263.500 5.363.500 5.704.186 5.746.396 5.742.247 5.487.329 5.831.852 8.889.816

Suíno

(cabeças)

16.091 23.570 21.436 27.749 39.800 39.852 40.063 63.157

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

Os empregos entre os vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que possuem relação com as

atividades analisadas, segundo o Ministério do Trabalho, no período de janeiro de

2003 e abril de 2010, foram: trabalhador agropecuário em geral, 122; trabalhador

na avicultura de postura, 71; abatedor, 43; avicultor, 40.

Primavera do Leste

Em Primavera do Leste, o milho é a terceira cultura, com R$ 86.689,00,

sendo superado pelo algodão e da soja, em termos de valor da produção, conforme

mostra a Tabela 33.

Tabela 33. Primavera do Leste – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida

e valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão herbáceo (em caroço) (ton) 46.214 46.214 188.412 176.103

Arroz (em casca) (ton) 1.500 1.500 3.186 1.211

Feijão (em grão) (ton) 7.370 7.170 12.953 14.766

Milho (em grão) (ton) 69.994 69.994 310.993 86.689

Soja (em grão) (ton) 200.000 200.000 620.000 235.600

Sorgo granífero (em grão) (ton) 7.500 7.060 17.000 2.720

Trigo (em grão) (ton) 360 360 1.080 576

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

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83

Porém, o milho obteve a segunda posição em termos de áreas plantada e

colhida e quantidade produzida superando o algodão, constituindo importante

produto para a economia local.

De acordo com a Tabela 34, as atividades relacionadas com a cultura do

milho estiveram em crescimento, assim como as atividades relacionadas com a

avicultura e suinocultura. Assim, estas atividades se inserem num contexto de

redução de custos de produção, custos de transação e de custos de acesso ao

mercado, devido à proximidade das atividades, levando a um fortalecimento na

dinâmica econômica do município.

Tabela 34. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Primavera do Leste,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 71.832 134.369 141.570 151.649 112.770 109.546 157.573 310.993

Galinha

(cabeças)

26.590 27.380 26.832 27.030 26.179 26.694 23.545 24.722

Frango

(cabeças)

23.185 23.880 23.392 23.564 22.822 23.271 20.339 21.489

Suíno

(cabeças)

10.734 11.377 13.520 13.618 12.004 13.878 12.719 18.900

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal

As ocupações entre as vinte com maiores saldo (admissão menos

desligamento) entre todos os setores do município, e que se relacionam com as

atividades observadas, conforme o Ministério do Trabalho, no período de janeiro

de 2003 e abril de 2010, foram: motorista de caminhão (rotas regionais e

internacionais), com 177; trabalhador volante da agricultura, 114; operador de

máquina de beneficiamento de produtos agrícolas, 110; trabalhador da avicultura

de postura, 105; e, técnico agrícola, 80.

Juscimeira

Em 2007, no município de Juscimeira, o milho apareceu em segundo lugar,

em termos de valor da produção, área plantada e área colhida e quantidade

produzida, atrás da cultura da soja, representando importante produto para a

economia local. O valor da produção do milho naquele ano foi de R$ 14.945,00.

Outras culturas expressivas foram: arroz e sorgo (Tabela 35).

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84

Tabela 35. Juscimeira – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e valor

da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Arroz (em grão) (ton) 800 800 1.680 588

Milho (em grão) (ton) 13.770 13.770 59.780 14.945

Soja (em grão) (ton) 31.670 31.670 86.649 34.660

Sorgo granífero (em grão) (ton) 500 500 1.050 168

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

No tocante às atividades de cultivo de milho e criação de aves e suínos,

pode-se verificar um relativo enfraquecimento na aglomeração neste município. A

produção de milho aumentou, mas a criação de aves e suínos começou a declinar a

partir de 2003 (Tabela 36).

Tabela 36. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Juscimeira, quantidade

produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 11.425 12.119 11.070 15.433 23.130 32.566 57.167 59.780

Galinha (cabeças) 27.250 28.610 29.582 30.528 30.046 29.274 27.518 13.074

Frango (cabeças) 22.100 23.350 24.143 24.916 24.519 23.889 22.456 10.686

Suíno (cabeças) 3.820 3.830 3.948 4.066 4.009 3.907 3.674 1.818

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

A única profissão relacionada com a aglomeração milho, aves e suínos, que

apareceu entre as vinte com maiores saldo (admissão menos desligamento) entre

todos os setores do município, segundo o Ministério do Trabalho, no período de

janeiro de 2003 e abril de 2010, foi a profissão de trabalhador agropecuário em

geral, com saldo de 41.

Dom Aquino

No município de Dom Aquino, o milho apareceu em terceiro lugar, depois

do algodão e soja, no tocante ao valor da produção, com R$ 15.654,00 (Tabela 37).

Porém, foi maior que o algodão em área plantada e área colhida e

quantidade produzida, constituindo importante produto para a economia local.

Outras culturas temporárias importantes foram: arroz e sorgo.

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85

Tabela 37. Dom Aquino – Áreas plantadas e colhidas, quantidade produzida e

valor da produção, 2007 Cultura Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade

Produzida

Valor em R$

1.000

Algodão Herbáceo (em caroço) (ton) 13.500 13.500 53.300 52.234

Arroz (em casca) (ton) 300 300 567 210

Milho (em grão) (ton) 14.440 14.440 65.224 15.654

Soja (em grão) (ton) 26.500 26.500 76.267 30.507

Sorgo granífero (em grão) (ton) 270 270 1.053 168

Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal

A Tabela 38 possibilita verificar que as atividades relativas ao cultivo de

milho e à criação de aves e suínos estiveram em ascensão, fortalecendo a

aglomeração e gerando condições propícias para a criação e a multiplicação de

fatores, contribuindo para a constituição do produto interno e formação de renda.

Tabela 38. Cultura do milho, avicultura e suinocultura em Dom Aquino,

quantidade produzida, 2000/2007 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Milho (ton) 11.742 27.182 36.036 52.383 57.683 50.957 57.329 65.224

Galinha

(cabeças)

18.062 18.447 19.105 19.296 18.698 19.309 12.196 10.585

Frango

(cabeças)

158.554 161.725 167.385 191.385 227.860 198.611 274.340 935.64

1

Suíno

(cabeças)

3.348 3.559 3.747 3.857 3.625 3.743 3.349 5.727

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal e Pesquisa Pecuária Municipal.

O Ministério do Trabalho e Emprego registrou para Dom Aquino, entre

janeiro de 2003 a abril de 2010, as seguintes ocupações que possuem relação com

os setores observados, que têm maiores saldo (admissão menos desligamento) e que

estão entre as vinte de todos os setores: trabalhador volante da agricultura, com

saldo de 82; motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais), 27; operador

de colheitadeira, 11; técnico agrícola, 6; e, supervisão de exploração agrícola, 5.

Assim, esta região é formada devido às vantagens locacionais da interação

entre custo de transporte e as economias de aglomeração. Conforme indicado pelo

mapa e pela descrição dos municípios, existe um agrupamento espacial com

objetivo de diminuir os custos de transporte de matéria-prima e produto final,

assim como aproveitar as economias externas providas pela proximidade.

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86

5.2.2.2. Produto Interno Bruto do polo de aglomeração de Campo Verde

O Produto Interno Bruto como importante indicador da atividade econômica do

município fornece a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais

produzidos na cidade de Campo Verde, Dom Aquino, Primavera do Leste e Juscimeira,

segundo polo de aglomeração. A Tabela 39 mostra o Produto Interno Bruto para estas

cidades no ano de 2007, e o gráfico de participação na composição do produto é

apresentado a seguir, na Figura 12.

Tabela 39. Composição do PIB no segundo polo de aglomeração, 2007 Agropecuária Indústria Serviços Ad. Pública Impostos PIB

Campo Verde 583.859,46 37.014,69 286.322,98 58.603,34 73.830,63 981.027,75

Dom Aquino 110.840,07 17.769,21 43.817,69 16.053,60 9.319,08 181.746,04

Juscimeira 55.030,43 11.996,21 48.428,20 22.287,34 7.440,36 122.895,19

Primavera 414.420,58 77.817,75 671.831,92 94.829,64 177.400,58 1.341.470,83

Total da região 1.164.150,53 144.597,86 1.050.400,78 191.773,93 267.990,65 2.627.139,82

Fonte: IBGE

Observa-se expressiva participação da agropecuária na constituição do

produto interno bruto nos municípios de Campo Verde, e Dom Aquino e

Juscimeira em 2007. Em Primavera do Leste o maior destaque foi para o setor de

serviços. Para a região como um todo prevaleceu o setor agropecuário na

formação do Produto Interno Bruto.

Figura 12. Composição do Produto Interno Bruto no segundo polo de aglomeração, 2007

Fonte: Elaboração própria

0,00

200.000,00

400.000,00

600.000,00

800.000,00

1.000.000,00

1.200.000,00

Campo Verde

D. Aquino Juscimeira Primavera Total da região

Agropecuária

Indústria

Serviços

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87

5.2.2.3. Distribuição da Renda

A Tabela 40 ilustra a percentualidade da renda apropriada por estratos da

população nos municípios de Campo Verde e vizinhança, que compõem o segundo

polo de agrupamento produtivo de milho, aves e suínos, nos anos de 1991 e 2000.

Tabela 40. Porcentagem da renda apropriada por estratos da população no

segundo polo, 1991 e 2000

Município

1991 2000

20%

mais pobres

80%

mais pobres

20%

mais ricos

20%

mais pobres

80%

mais pobres

20%

mais ricos

Campo Verde 2,3 31,2 68,8 3,0 33,3 66,7

Primavera do Leste 2,7 32,9 65,1 3,7 37,9 62,1

Juscimeira 3,1 35,0 65,0 1,7 34,5 65,5

Dom Aquino 3,9 44,9 55,1 1,8 41,5 58,5

Fonte: PNUD, 2003

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, houve

pouca evolução na distribuição da renda entre os estratos da população nos

municípios de Campo Verde e Primavera do Leste, entre 1991 e 2000. Nos

municípios de Juscimeira e Dom Aquino houve retrocesso na distribuição de renda

no período analisado.

5.2.2.4. Fatores locacionais para o segundo polo de aglomeração

A seguir, o segundo polo geográfico da especialização produtiva de grãos,

aves e suínos detectado neste trabalho é mostrado pela Figura 13, onde se observa

os mapas dos municípios de Campo Verde, Primavera do Leste, Juscimeira e Dom

Aquino, que estão entre os vinte municípios apontados pelo ICN do milho.

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88

Figura 13. Municípios do segundo polo de aglomeração

Fonte: www.matogrossoeseusmunicipios.com.br

O desafio é ajudar a empresas e os trabalhadores a reduzirem sua distância

de lugares mais densos, sendo os principais mecanismos a mobilidade da mão de

obra e a redução dos custos de transporte mediante investimento em

infraestrutura (BANCO MUNDIAL, 2009).

A principal rodovia que passa por este polo é a rodovia federal BR 070,

além de outras rodovias estaduais, constituindo importantes eixos viários para

circulação de mercadorias e pessoas entre os municípios e para o exterior, além de

servir como um meio de integração econômica entre áreas rurais e urbanas,

províncias atrasadas e províncias desenvolvidas, municípios isolados com

municípios bem conectados.

Como outros fatores locacionais, tanto para este polo quanto para o

primeiro, pode-se citar a disponibilidade de incentivos fiscais e financeiros,

possíveis de serem alavancados para o empreendimento. Conforme Ribeiro (2000)

Page 89: Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em …§ões... · 3 ÉMERSON JOSÉ SANT ˇANA Polos de aglomeração produtiva de milho, aves e suínos em Mato Grosso Dissertação

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os incentivos ficais dizem respeito às vantagens fiscais concedidas pela legislação

tributária, em nível federal estadual e municipal, que servem de atrativos para a

instalação e ampliação de empreendimentos econômicos em determinadas regiões

do país.

O Governo Federal concede redução do Imposto de Renda das Pessoas

Jurídicas, para a Amazônia Legal, por exemplo, de até 75%, por um período de

até 10 anos, para os empreendimentos que fossem implantados na região até o ano

de 2003, reduzindo o percentual para 50%, para os projetos implantados no

período 2004 a 2008 e para 25%, para os empreendimentos implantados de 2009 a

2013, quando deixarão de existir os incentivos fiscais para a região, conforme a Lei

9.532/97, publicada no Diário Oficial da União, em 11/12/97 (RIBEIRO, 2000).

As inversões na ampliação da capacidade instalada, de empreendimentos

preexistentes, contaram também com a redução de 37,5% do Imposto de Renda

Pessoa Jurídica, por 10 anos, para projetos executados até o ano de 2003,

reduzindo-se o percentual para 25%, para o período 2004 a 2008 e para 12,5% no

período 2009 a 2013.

O Fundo Constitucional do Centro-Oeste possui outros créditos disponíveis

para os empreendimentos disponíveis para empreendimentos que pretendem se

instalar na região Centro-Oeste. Trata-se de alocação de recursos na forma de

financiamento de ativo fixo e capital de giro associado, a prazos de até 12 anos,

com até 3 anos de carência (RIBEIRO, 2000).

O BNDES, como instituição oficial de crédito de longo prazo do Governo

Federal, disponibiliza recursos para financiamento, em condições especiais quanto

a prazos e taxas de encargos financeiros, para empreendimentos localizados em

determinadas regiões, consideradas prioritárias na política de fomento do Banco.

Entre elas está o Programa Amazônia Integrada.

A determinação da localização do projeto está interligada com o mercado,

com o financiamento e com a rentabilidade e capacidade de pagamento. As

vantagens fiscais disponíveis e que dependem da localização escolhida para o

empreendimento podem e devem ser tomadas como fator competitivo, de suma

importância para sua viabilidade econômica e financeira (RIBEIRO, 2000).

5.2.2.5. Indicador padronizado de contribuição setorial para o polo de Campo

Verde

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90

Conforme expostos anteriormente, elevada escala produtiva, movimento de

mão de obra e capital e declínio de custo de transporte são fatores de aceleração no

crescimento das cidades e países, grandes ou pequenos. A especialização exerce

expressiva contribuição para o crescimento e desenvolvimento. A Tabela 41

aponta os números para os municípios do segundo polo de aglomeração.

Tabela 41. Indicadores de contribuição setorial para milho, aves e suínos, 2007 Indicador padrão

para milho

Indicador padrão

para galinha

Indicador padrão

para frango

Indicador padrão

para suíno

Indicador de

contribuição

setorial

Campo Verde 0,367 5,027 4,829 0,313 10,538

Primavera do Leste 0,071 -0,232 -0,330 -0,446 -0,936

Tapurah 0,797 0,442 0,542 0,619 2,381

Juscimeira 0,966 0,326 0,436 0,883 2,613

Dom Aquino 1,061 0,373 0,086 0,916 2,438

Fonte: IBGE. Elaboração Própria

Entre as quatro cidades observadas o maior indicador para a produção do

milho está em Dom Aquino. O maior indicador para a avicultura está em Campo

Verde. Os indicadores apontam menor especialização na suinocultura nesta região.

O maior indicador das três atividades em conjunto é o indicador do município de

Campo Verde.

Deve-se ter cautela na interpretação isolada destes indicadores, uma vez que

cada atividade interage com diversas outras através da inter-relação empresarial,

do consumo e dos investimentos, além da exportação, os quais são fatores

multiplicadores da renda.

5.3. Aspectos adicionais de crescimento e desenvolvimento socioeconômico

O avançado sistema rural que existe em vários países desenvolvidos como os

Estados Unidos representa um estágio corrente de um longo processo de

desenvolvimento econômico (CRAMER et. al., 2000).

O desenvolvimento é refletido em melhora do padrão de vida, devido à

acumulação bens produtivos, incluindo maquinaria, infraestrutura, capital humano,

capital social, e recursos naturais. Progresso econômico também coincide com

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91

transformações estruturais com a agricultura compartilhando do emprego total e da

produção total (CRAMER et. al., 2000).

O desenvolvimento também é refletido na queda com gastos com alimentação,

que são direcionados para aquisições de produtos e serviços não agrícolas, bem como

para a poupança.

A forma mais efetiva para conciliar desenvolvimento agrícola e progresso

econômico geral é fazendo investimentos para aumentar a produtividade agrária.

Com aumento da oferta de commodities, os preços da alimentação caem, que leva a

transformações estruturais e diversificação do consumo. Vários países têm se

beneficiado pela adoção desta abordagem, e cada vez mais outros estão optando

para agir desta forma (CRAMER et. al., 2000).

Conforme foi visto, a cultura do milho é uma das principais atividades da

agricultura nos polos de concentração, tendo diversas finalidades. Além disso,

servindo como nutrição para suínos, aves, pecuária leiteira e gado em

confinamento para engorda, acaba por ser item de extrema importância para

agropecuária como um todo e outros produtos fora da agropecuária, contribuindo

para a constituição da riqueza dos municípios, nos quais o valor em reias da

agropecuária constitui parcela expressiva dos seus respectivos produtos internos

brutos – PIB, e mesmo naqueles em que este setor representa uma parcela menor.

O crescimento do produto interno bruto dos municípios reflete no bem-

estar da população, em termos de postos de trabalho, saúde, educação, moradia,

entre outros elementos. O desenvolvimento sustentável considera o

desenvolvimento econômico, a proteção ao meio ambiente e a qualidade de vida da

população. A seguir, mostra-se para informações relativas à economia e aspectos

sociais, para os municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, os quais são os

principais municípios dos polos de concentração.

Conforme discorrido ao longo do trabalho, a formação de aglomerações

produtivas contribui para aumentar a competitividade e o crescimento do PIB dos

municípios nos quais o valor em reais da agropecuária representa parcela

substancial e ainda se expandindo para outros setores da economia.

Uma vez que o último Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios

foi calculado para o ano de 2000, a evolução da quantidade produzida do milho, e

do número de cabeças de aves, suínos, a partir de 2000, mostrou que a

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92

contribuição do setor agropecuário para a formação do PIB, se expandindo para

outros setores, continuou persistindo.

Adiante segue o gráfico da evolução do PIB nos centros produtivos, dos

principais municípios dos polos, Lucas do Rio Verde e Campo Verde, apenas para

exemplificar e para se ter uma perspectiva acerca do crescimento do PIB e sua

possível contribuição na construção de novos Índices de Desenvolvimento

Humano, nesses municípios representativos das aglomerações.

Em primeiro lugar, mostra-se o gráfico para o município de Lucas do Rio

Verde, primeiro no ranking e um dos principais centros geográficos do primeiro

polo de aglomeração.

Figura 14. Evolução do PIB e seus componentes em Lucas do Rio Verde, 2002/2007

Fonte: IBGE. Elaboração Própria

No município de Lucas de Rio Verde, houve queda acentuada do PIB entre 2005

e 2006. A diminuição da composição do setor agropecuário entre 2005 e 2006 pode ser

explicada pelo declínio na produção de soja, ou pelo valor do produto devido a variação

na taxa de câmbio, entre 2006 e 2008, pela crise da lavoura com endividamento agrícola

elevado, falta de garantias e crédito, dificultando tanto a soja quanto o milho nos polos

estudados.

A seguir é mostrada a evolução do principal município do segundo polo de

aglomeração, Campo Verde, apenas para ilustrar. Este município possui substancial

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93

concentração das atividades de cultivo de milho e criação de aves e suínos e elevado

índice de concentração normalizado do cultura do milho.

Figura 15. Evolução do PIB e seus componentes em Campo Verde, 2002/2007.

Fonte: IBGE. Elaboração Própria

Verifica-se que a maior participação na constituição do Produto Interno Bruto do

município de Campo Verde ao longo do período sempre foi do setor agropecuário. A

redução da contribuição do setor agropecuário entre 2005 e 2006 pode ser explicada

pela queda na produção de soja, ou pelo valor do produto dada a variação ocorrida na

taxa de câmbio.

Desde que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

pronunciou o “Índice de Desenvolvimento Humano” (IDH) para impedir o uso

exclusivo da opulência econômica como critério de aferição, ficou muito estranho

continuar identificar o desenvolvimento com o crescimento (VEIGA, 2008). A

publicação do primeiro “Relatório do Desenvolvimento Humano”, em 1990, teve o

claro objetivo de acabar com uma ambiguidade que se arrastava desde o final da 2ª

guerra Mundial, quando a promoção do desenvolvimento passou a ser, ao lado da busca

da paz, a própria razão de ser da organização das Nações Unidas (ONU).

O Índice de Desenvolvimento Humano tem por objetivo oferecer um

contraponto a outro indicador muito empregado, o Produto Interno Bruto (PIB) per

capita, que leva em conta somente a dimensão econômica do desenvolvimento.

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94

Criado por Mahbub ul Haq com a contribuição do economista indiano Amartya

Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida

geral e sintética do desenvolvimento. Não é uma representação da “felicidade” das

pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para se viver” (PNUD/ATLAS, 2010).

Contudo, em razão da não disponibilidade de dados para os municípios relativos

aos anos posteriores a 2000, foi utilizado neste trabalho um índice de desenvolvimento

nacional, mais consentâneo com a realidade brasileira, o índice de desenvolvimento da

Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN (2010)

pesquisa o desenvolvimento humano, econômico e social e possui o Índice FIRJAN de

Desenvolvimento Municipal. O índice considera, com igual ponderação, as 3 (três)

principais áreas de desenvolvimento humano: emprego-renda, educação e saúde. O

índice varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da

localidade.

Considera-se que municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo

estágio de desenvolvimento; entre 0,4 e 0,6 de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8

de desenvolvimento moderado; e entre 0,8 e 1,0 de alto desenvolvimento. A Tabela 42

apresenta os valores de 2000 e 2006 para os vinte municípios apontados pelo índice de

concentração normalizado.

A cultura do milho obteve segunda ou terceira posição em valor de produção das

culturas temporárias, as quais são as principais culturas cultivadas no município, além

de abastecer regiões vizinhas e ser um dos principais produtos exportados das regiões

apresentadas, constituindo fonte expressiva de geração de renda.

Como serve para nutrição para suínos e aves, expande-se em direção à pecuária,

e as três atividades fortalecem a aglomeração nos municípios estudados, expandindo-se

também para outros setores da atividade econômica, contribuindo substancialmente para

a formação e crescimento do produto interno bruto que se reflete na renda, e por sua

vez, nas condições de saúde e educação.

Conforme o índice da FIRJAN, a cidade de Lucas do Rio Verde, a primeira no

ranking do índice de concentração do milho, está em primeiro lugar no ranking estadual,

e em 262º no ranking nacional. Cuiabá é a segunda cidade no ranking estadual. Nova

Mutum, que é um importante município da aglomeração, está em terceiro lugar e

Campo Verde outro município importante da outra aglomeração produtiva, está em 32º

lugar.

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Tabela 42. Índice de desenvolvimento humano dos municípios, 2000 e 2006 2000 2006

Município Emprego e

Renda

Educação Saúde IFDM Emprego e

Renda

Educação Saúde IFDM

Lucas do Rio

Verde

0,546 0,644 0,831 0,674 0,713 0,736 0,931 0,793

Sorriso 0,436 0,582 0,765 0,594 0,521 0,700 0,883 0,702

Nova Mutum 0,529 0,554 0,775 0,619 0,729 0,672 0,879 0,760

Sapezal 0,439 0,569 0,719 0,576 0,504 0,557 0,914 0,658

Campos de

Júlio

0,455 0,648 0,811 0,638 0,435 0,736 0,857 0,676

Campo Novo do

Parecis

0,508 0,492 0,821 0,607 0,520 0,599 0,825 0,648

Ipiranga do

Norte

nd nd nd nd 0,490 nd 0,985 Nd

Campo Verde 0,366 0,613 0,879 0,620 0,413 0,659 0,900 0,658

Nova Ubiratã 0,349 0,430 0,674 0,484 0,546 0,581 0,819 0,649

Primavera do

Leste

0,671 0,555 0,775 0,667 0,482 0,633 0,926 0,681

Tapurah 0,469 0,526 0,782 0,592 0,502 0,738 0,829 0,690

Itanhangá nd nd nd nd 0,502 nd 0,909 nd

Santa Rita do

Trivelato

nd nd nd nd 0,441 0,597 0,663 0,567

Santo Antonio

do Leste

nd nd nd nd 0,464 0,712 0,897 0,691

Juscimeira 0,367 0,569 0,752 0,563 0,609 0,670 0,650 0,643

Guiratinga 0,498 0,617 0,708 0,608 0,373 0,605 0,835 0,604

Alto Taquari 0,563 0,578 0,735 0,625 0,532 0,717 0,882 0,710

Santa Carmem 0,525 0,519 0,797 0,614 0,383 0,677 0,909 0,656

Diamantino 0,616 0,632 0,766 0,671 0,518 0,712 0,865 0,698

Porto dos

Gaúchos

0,433 0,530 0,717 0,560 0,407 0,613 0,758 0,593

Fonte: FIRJAN, 2010.

Conforme o índice da FIRJAN, pode-se verificar que houve melhora nas

condições de emprego e renda, entre 2000 e 2006, nos municípios de Lucas do Rio

Verde, Sorriso, Nova Mutum, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Campo Verde,

Nova Ubiratã, Tapurah e Juscimeira.

No tocante à educação, o índice da FIRJAN aponta evolução nos municípios

de Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Mutum, Campo Novo do Parecis, Campos

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de Júlio, Campo Verde, Primavera do Leste, Nova Ubiratã, Tapurah, Diamantino,

Juscimeira, Alto Taquari, Santa Carmem e Porto dos Gaúchos.

Com relação à saúde, o índice FIRJAN indica progresso nos municípios de

Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Mutum, Sapezal, Campo Novo do Parecis,

Campos de Júlio, Campo Verde, Primavera do Leste, Nova Ubiratã, Diamantino,

Alto Taquari, Guiratinga, Santa Carmem e Porto dos Gaúchos.

O índice geral apontou desenvolvimento nas cidades de Lucas do Rio Verde,

Sorriso, Nova Mutum, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Campos de Júlio, Campo

Verde, Primavera do Leste, Nova Ubiratã, Tapurah, Diamantino, Juscimeira, Alto

Taquari, Santa Carmem. Houve retração no município de Guiratinga, e Porto dos

Gaúchos.

Pelo exposto na evolução do cultivo de milho, e na criação de aves e suínos,

através da quantidade produzida, que é uma variável microecronômica e real de

análise envolvendo capital e mão de obra, pode-se verificar crescimento sustentável

na participação dos setores analisados no Produto Interno Bruto, que gera renda,

a qual é uma componente do Índice de Desenvolvimento do Local.

Por serem as atividades principais das regiões estudadas, as três atividades

se interagem entre si e com outras atividades ampliando ainda mais a participação

na dinâmica econômica e multiplicando a renda.

É muito difícil prever a dinâmica do sistema econômico. Em um ano ou outro os

municípios melhoram a posição no ranking, porém o mais importante é melhorar uma

ou outra variável, senão todas, entre um ano e outro. Emprego e renda, saúde e

educação se inter-relacionam mutuamente, sem uma relação funcional exata. Para obter

uma evolução na saúde da população uma boa alimentação seria um bom começo, que

melhora com o avanço do trabalho e renda.

Educação para desenvolver o corpo e a mente seria o próximo passo. O fluxo

circular da renda é o principal fator no crescimento e desenvolvimento e as atividades

que fornecem maiores contribuições são aquelas nas quais as regiões são especializadas

exercendo efeitos benéficos também para regiões vizinhas.

Quanto maior a especialização de um local em determinadas atividades maior a

contribuição para o crescimento do produto interno bruto e para o desenvolvimento

conforme posto pela teoria da aglomeração produtiva e da especialização. A

especialização de cada município é o principal propulsor do crescimento conforme visto

ao longo do trabalho, gerando mais emprego e renda. Isso não quer dizer que as outras

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atividades não sejam importantes, pois vêm complementar mutuamente os setores nos

quais os municípios possuem maior especialização.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cultura do milho é cultivada em todos os municípios do estado, mas sua

produção está concentrada em cidades juntos aos principais eixos viários de

escoamento atraindo as agroindústrias de aves e suínos, formando aglomeração de

atividades em torno dessa atividade primárias, confirmando a hipótese

estabelecida inicialmente. O que mais influência a decisão locacional das

agroindústrias de suínos e aves é a cotação do milho, definida principalmente pela

escala de produção, e a maior proximidade entre o setor produtivo e a agroindústria e o

mercado consumidor.

Lucas do Rio Verde é o principal produtor do estado, possuindo expressivos

efetivos de aves e suínos, em constante evolução, dispondo de infraestrutura

logística, como a rodovia federal BR 163, que passa por todo o polo, além de outras

rodovias estaduais, além de uma rede de apoio público e privado, sendo um dos

principais municípios de um dos polos da aglomeração produtiva, e sua vizinhança

é composta por vários outros municípios dentro dos vinte municípios no ranking

do índice de concentração do milho, da mesma forma como o municípios de Nova

Mutum.

Campo Verde é o principal município do outro polo de aglomeração, que

envolve ainda os municípios de Dom Aquino, Primavera do Leste e Juscimeira, os

quais também estão dentro dos vinte municípios no ranking do índice de

concentração normalizado do milho. Por este polo passa a rodovia federal BR 070

além de outras rodovias estaduais, constituindo importantes eixos de escoamento

da produção. Conta também com outras instituições públicas e privadas de apoio à

aglomeração.

Na comparação com outras atividades nas vinte cidades, a cultura do milho

quase sempre obteve o segundo ou terceiro lugar em termos de valor de produção

medido em reais, vindo logo após a soja e o algodão. Em algumas cidades que

ocupou a terceira colocação em termos de valor da produção, medida em reais,

obteve a segunda colocação em termos de quantidade produzida, e outras

variáveis, superando o algodão. Dessa forma, é uma das principais culturas que

contribui para a formação de renda nos municípios em análise.

Considerando que aglomeração é um conjunto de cadeias produtivas que

envolvem atividades pré-porteira e pós-porteira, isto é, desde fornecedores de

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99

matérias primas, fertilizantes, serviços veterinários, etc., passando pelo

processamento nas agroindústrias e agricultura familiar, e terminando pelos

distribuidores aos restaurantes e frigoríficos, supermercados, etc., a aglomeração

contribui para a formação do Produto Interno Bruto e para o crescimento do

Produto Interno Bruto per capita nas cidades estudadas.

Além de ser componente essencial para a nutrição animal, quando é

integrante essencial da ração de aves, suínos e bovinos leiteiros, a cultura do milho

representa expressiva geradora de divisas no Comércio Exterior, sendo um dos

principais produtos exportados nas cidades estudadas, e em Mato Grosso como um

todo.

A sinergia significa a união de vários elementos para executar a mesma função.

As economias externas, que se relacionam à possibilidade de se reproduzirem e

difundirem localmente conhecimentos técnicos e qualificações profissionais

especializadas confere vantagens competitivas aos integrantes da aglomeração.

A importância do milho não está apenas na produção de uma cultura anual, mas

em todo o relacionamento que essa cultura tem na produção agropecuária do estado de

Mato Grosso, tanto no que diz respeito a fatores econômicos quanto a fatores sociais.

Pela sua versatilidade de uso, pelos desdobramentos de produção animal e pelo aspecto

social, o milho é um produto com destacada importância do setor agrícola no Estado de

Mato Grosso.

Possuindo o setor agropecuário grande valor em reais nos polos geográficos

produtivos, conclui-se pela sua expressiva contribuição para a formação de renda e, por

conseguinte do índice de desenvolvimento do local, o qual reflete o desenvolvimento

como um todo da região. A cultura do milho é produzida em maior quantidade em

Lucas do Rio Verde, e chega a ser a primeira cultura em muitos municípios, mas outras

culturas também possui importância para o crescimento e desenvolvimento. Contudo, o

desenvolvimento é desigual devido à concentração de renda e às disparidades entre as

regiões.

Sugere-se para novos trabalhos a atualização dos dados do Índice de

Desenvolvimento Humano da PNUD/ATLAS, quando estiverem disponíveis para os

municípios, para se ter uma comparação com o índice da FIRJAN, o que representa uma

lacuna a ser preenchida no presente trabalho. Para o setor sugere-se a constante

integração com sistemas de apoio técnico científico e institucional, a busca da inovação

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100

e treinamento, participação em palestras e seminários para aperfeiçoamento das cadeias

produtivas, buscando crescer e formar regiões mais desenvolvidas e menos excludentes.

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cv

APÊNDICE

Tabela de Cálculo do Índice de Concentração Normalizado (ICN) dos 141 municípios

Município Valor da

Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Acorizal 60 46077,28 0,035438 -0,0010411668 0,000038252 -0,652065 Água Boa 565 248371 0,061908 -0,0054581999 0,000360206 -0,630519 Alta Floresta 931 450143,1 0,056286 -0,0099516304 0,000593544 -0,635095 Alto Araguaia 3328 726652,9 0,124640 -0,0149010552 0,002121712 -0,579456 Alto Boa Vista 261 35307,4 0,201175 -0,0006607244 0,000166396 -0,517156 Alto Garças 4893 219775,5 0,605893 -0,0020290694 0,003119451 -0,187720 Alto Paraguai 1818 53307,09 0,928130 -0,0000897503 0,001159036 0,074577 Alto Taquari 32152 499646,9 1,751236 0,0087931138 0,020497977 0,744578 Apiacás 317 67722,74 0,127387 -0,0013843931 0,000202098 -0,577220 Araguaiana 20 38524,64 0,014128 -0,0008897380 0,000012751 -0,669411 Araguainha 6 8801,714 0,018552 -0,0002023661 0,000003825 -0,665810 Araputanga 990 210631,4 0,127912 -0,0043031501 0,000631158 -0,576792 Arenápolis 195 64282,73 0,082554 -0,0013815857 0,000124319 -0,613713 Aripuanã 470 192434,5 0,066468 -0,0042083823 0,000299641 -0,626807 Barão de Melgaço 37 45453,38 0,022153 -0,0010412144 0,000023589 -0,662879 Barra do Bugres 264 372122,9 0,019307 -0,0085491427 0,000168309 -0,665195 Barra do Garças 51 606462,3 0,002289 -0,0141746355 0,000032514 -0,679048 Bom Jesus do Araguaia 1778 54531,5 0,887328 -0,0001439351 0,001133535 0,041365 Brasnorte 12629 282213,1 1,217844 0,0014402104 0,008051411 0,310402 Cáceres 3170 713169,2 0,120967 -0,0146859127 0,002020981 -0,582445 Campinápolis 108 88439,71 0,033234 -0,0020029590 0,000068854 -0,653859 Campo Novo do Parecis 96290 1010235 2,593932 0,0377220606 0,061388102 1,430524

Município Valor da Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Campo Verde 90910 981027,8 2,521914 0,0349763500 0,057958171 1,371902 Campos de Júlio 72945 443702,6 4,474077 0,0361105846 0,046504882 2,960943 Canabrava do Norte 367 49203,17 0,202989 -0,0009186719 0,000233975 -0,515680 Canarana 515 253771,9 0,055229 -0,0056165983 0,000328330 -0,635956 Carlinda 240 77509,01 0,084267 -0,0016627390 0,000153008 -0,612318 Castanheira 294 68302,49 0,117141 -0,0014126377 0,000187435 -0,585559 Chapada dos Guimarães 5500 132122,4 1,132886 0,0004112992 0,003506434 0,241247 Cláudia 2207 93491,12 0,642439 -0,0007831117 0,001407036 -0,157972 Cocalinho 34 66939,07 0,013823 -0,0015464567 0,000021676 -0,669659 Colíder 410 292838,1 0,038103 -0,0065987152 0,000261389 -0,649896 Colniza 2439 183706,3 0,361316 -0,0027486099 0,001554944 -0,386803 Comodoro 9576 198956,2 1,309865 0,0014442193 0,006105021 0,385306 Confresa 2142 185167,8 0,314814 -0,0029721942 0,001365597 -0,424656 Conquista D'Oeste 97 22061,12 0,119659 -0,0004549691 0,000061841 -0,583510 Cotriguaçu 1305 88697 0,400407 -0,0012458588 0,000831981 -0,354984 Cuiabá 160 7901160 0,000551 -0,1849927036 0,000102005 -0,680463

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cvi

Curvelândia 97 25493,94 0,103546 -0,0005353871 0,000061841 -0,596626 Denise 37 88633,31 0,011361 -0,0020527592 0,000023589 -0,671664 Diamantino 38723 735452,1 1,432895 0,0074583102 0,024687210 0,485452 Dom Aquino 15654 181746 2,344014 0,0057223176 0,009979950 1,227093 Feliz Natal 5836 105044,9 1,511960 0,0012598365 0,003720646 0,549810 Figueirópolis D'Oeste 360 32256,01 0,303733 -0,0005261260 0,000229512 -0,433676 Gaúcha do Norte 2280 70292,45 0,882726 -0,0001931134 0,001453576 0,037619 General Carneiro 303 67043,68 0,122994 -0,0013774108 0,000193173 -0,580795 Glória D'Oeste 263 27595,73 0,259366 -0,0004787937 0,000167671 -0,469789 Guarantã do Norte 288 207352,4 0,037799 -0,0046738834 0,000183610 -0,650143

Município Valor da

Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Guiratinga 18040 190505,9 2,577080 0,0070382613 0,011501105 1,416807 Indiavaí 153 34065,23 0,122231 -0,0007004786 0,000097543 -0,581417 Ipiranga do Norte 39048 190054,5 5,591400 0,0204421408 0,024894409 3,870433 Itanhangá 16150 88569,37 4,962366 0,0082213161 0,010296166 3,358406 Itaúba 1224 64466,46 0,516711 -0,0007298678 0,000780341 -0,260314 Itiquira 14566 462210,8 0,857630 -0,0015415622 0,009286313 0,017191 Jaciara 14547 318236,5 1,244008 0,0018191049 0,009274200 0,331699 Jangada 420 62798,84 0,182011 -0,0012033785 0,000267764 -0,532756 Jauru 162 95121,83 0,046348 -0,0021250692 0,000103280 -0,643184 Juara 907 294452,8 0,083828 -0,0063196882 0,000578243 -0,612676 Juína 2448 410160,7 0,162427 -0,0080478530 0,001560682 -0,548698 Juruena 915 69093,22 0,360401 -0,0010352532 0,000583343 -0,387549 Juscimeira 14945 122895,2 3,309489 0,0066489623 0,009527938 2,012980 Lambari D'Oeste 180 68480,1 0,071533 -0,0014894773 0,000114756 -0,622684 Lucas do Rio Verde 200710 1045913 5,222437 0,1034575061 0,127959351 3,570102 Luciára 29 14042,51 0,056202 -0,0003104752 0,000018488 -0,635163 Vila Bela da Santíssima Trindade 2146 167995,4 0,347642 -0,0025673594 0,001368147 -0,397934 Marcelândia 158 138436,1 0,031060 -0,0031423120 0,000100730 -0,655628 Matupá 1566 210213,9 0,202736 -0,0039261511 0,000998377 -0,515886 Mirassol d'Oeste 243 240783 0,027465 -0,0054857271 0,000154921 -0,658555 Nobres 1782 166238,6 0,291726 -0,0027582667 0,001136085 -0,443449 Nortelândia 988 43148,68 0,623145 -0,0003809296 0,000629883 -0,173677 Nossa Senhora do Livramento 216 74638,6 0,078757 -0,0016107969 0,000137707 -0,616804 Nova Bandeirantes 720 78438,11 0,249807 -0,0013784883 0,000459024 -0,477570 Nova Nazaré 172 21378,16 0,218957 -0,0003911547 0,000109656 -0,502683 Nova Lacerda 146 52642,31 0,075478 -0,0011401330 0,000093080 -0,619473

Município Valor da Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Nova Santa Helena 90 31224,59 0,078441 -0,0006740977 0,000057378 -0,617061 Nova Brasilândia 53 32537,21 0,044330 -0,0007284361 0,000033789 -0,644827 Nova Canaã do Norte 2074 117581,4 0,480032 -0,0014322498 0,001322245 -0,290170 Nova Mutum 118905 894813,5 3,616325 0,0548437784 0,075805922 2,262742 Nova Olímpia 543 247966,3 0,059595 -0,0054627458 0,000346181 -0,632402 Nova Ubiratã 47524 267207,1 4,840217 0,0240384770 0,030298143 3,258978

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cvii

Nova Xavantina 545 172859,6 0,085803 -0,0037019994 0,000347456 -0,611068 Novo Mundo 1127 62738,83 0,488863 -0,0007512364 0,000718500 -0,282981 Novo Horizonte do Norte 720 29298,95 0,668775 -0,0002273409 0,000459024 -0,136535 Novo São Joaquim 12282 165216 2,023097 0,0039597907 0,007830187 0,965870 Paranaíta 907 88964,13 0,277455 -0,0015058548 0,000578243 -0,455066 Paranatinga 2360 209056,7 0,307219 -0,0033928393 0,001504579 -0,430838 Novo Santo Antônio 7 11599,16 0,016424 -0,0002672623 0,000004463 -0,667542 Pedra Preta 4752 355830,9 0,363440 -0,0053062309 0,003029559 -0,385075 Peixoto de Azevedo 432 161324,1 0,072876 -0,0035038065 0,000275414 -0,621591 Planalto da Serra 297 20820,84 0,388202 -0,0002984072 0,000189347 -0,364918 Poconé 432 205404,3 0,057237 -0,0045364425 0,000275414 -0,634321 Pontal do Araguaia 45 33748,25 0,036288 -0,0007619066 0,000028689 -0,651373 Ponte Branca 42 19316,5 0,059173 -0,0004257371 0,000026776 -0,632745 Pontes e Lacerda 3024 382582 0,215108 -0,0070345691 0,001927901 -0,505815 Porto Alegre do Norte 1734 63024,1 0,748759 -0,0003709365 0,001105483 -0,071428 Porto dos Gaúchos 8340 81444,08 2,786804 0,0034090984 0,005317029 1,587520 Porto Esperidião 441 88880,96 0,135030 -0,0018009971 0,000281152 -0,570998 Porto Estrela 104 29112,63 0,097219 -0,0006156969 0,000066303 -0,601776 Poxoréo 16065 215763,5 2,026294 0,0051874407 0,010241976 0,968472 Primavera do Leste 86689 1341471 1,758663 0,0238414841 0,055267142 0,750623

Município Valor da Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Querência 696 300581,7 0,063015 -0,0065977847 0,000443723 -0,629617 São José dos Quatro Marcos 989 156224,6 0,172285 -0,0030292388 0,000630521 -0,540673 Reserva do Cabaçal 67 18837,03 0,096797 -0,0003985665 0,000042715 -0,602119 Ribeirão Cascalheira 432 70384,14 0,167036 -0,0013734233 0,000275414 -0,544946 Ribeirãozinho 455 24228,45 0,511076 -0,0002775045 0,000290078 -0,264900 Rio Branco 130 57010,88 0,062056 -0,0012526728 0,000082879 -0,630398 Santa Carmem 7200 65004,72 3,014307 0,0030674231 0,004590241 1,772705 Santo Afonso 295 28954,24 0,277274 -0,0004902175 0,000188072 -0,455213 São José do Povo 200 64755,85 0,084053 -0,0013894814 0,000127507 -0,612493 São José do Rio Claro 5563 210521,1 0,719140 -0,0013851257 0,003546599 -0,095539 São José do Xingu 1260 63733,04 0,538029 -0,0006897353 0,000803292 -0,242961 São Pedro da Cipa 40 24826,44 0,043848 -0,0005560895 0,000025501 -0,645220 Rondolândia 500 45768,5 0,297306 -0,0007534184 0,000318767 -0,438907 Rondonópolis 11949 3428724 0,094842 -0,0727043210 0,007617888 -0,603711 Rosário Oeste 930 152841 0,165593 -0,0029875876 0,000592906 -0,546120 Santa Cruz do Xingu 185 25832,26 0,194899 -0,0004872098 0,000117944 -0,522265 Salto do Céu 160 29129,37 0,149482 -0,0005803872 0,000102005 -0,559234 Santa Rita do Trivelato 24150 188917,2 3,478928 0,0109708082 0,015396434 2,150902 Santa Terezinha 342 52797,1 0,176285 -0,0010188027 0,000218036 -0,537417 Santo Antônio do Leste 22060 206913,5 2,901459 0,0092167770 0,014063989 1,680848 Santo Antônio do Leverger 9574 154445,9 1,687007 0,0024856538 0,006103746 0,692296 São Félix do Araguaia 2107 113207,9 0,506510 -0,0013087547 0,001343283 -0,268617 Sapezal 109954 1083337 2,762151 0,0447208194 0,070099360 1,567453 Serra Nova Dourada 162 9426,994 0,467672 -0,0001175589 0,000103280 -0,300231

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Sinop 32027 1357702 0,641966 -0,0113876046 0,020418286 -0,158358 Sorriso 173806 1635451 2,892192 0,0724946304 0,110807149 1,673304

Município Valor da

Produção (mil reais)

PIB (mil reais) QL IHH PR

QL Padronizado

Tabaporã 7836 111462,9 1,913215 0,0023845521 0,004995713 0,876427 Tangará da Serra 32257 967255,9 0,907575 -0,0020942804 0,020564918 0,057846 Tapurah 34362 228265,1 4,096744 0,0165595274 0,021906926 2,653798 Terra Nova do Norte 259 103403,7 0,068165 -0,0022572412 0,000165121 -0,625425 Tesouro 4336 45173,82 2,612176 0,0017060913 0,002764345 1,445374 Torixoréu 103 44780,56 0,062596 -0,0009833756 0,000065666 -0,629959 União do Sul 4070 47252,45 2,344067 0,0014878128 0,002594761 1,227136 Vale de São Domingos 120 23916,87 0,136545 -0,0004837790 0,000076504 -0,569765 Várzea Grande 86 2293649 0,001020 -0,0536768107 0,000054828 -0,680081 Vera 11700 133708,3 2,381373 0,0043268552 0,007459142 1,257503 Vila Rica 4590 199277,6 0,626836 -0,0017420516 0,002926279 -0,170673 Nova Guarita 1008 36883,21 0,743758 -0,0002214024 0,000642634 -0,075500 Nova Marilândia 1134 30170,25 1,022902 0,0000161866 0,000722963 0,151721 Nova Monte Verde 1915 74309,15 0,701336 -0,0005199097 0,001220877 -0,110030 Nova Maringá 4106 109416,1 1,021263 0,0000545008 0,002617713 0,150387