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A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios

para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades

de Porto Rico

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SérieCadernos de Seguro: teses, v. 20, no 47

Escola Nacional de Seguros

PresidenteRobert Bittar

Vice-PresidenteLuiz Tavares Pereira Filho

Diretor ExecutivoRenato Campos Martins Filho

Diretor do Centro de Pesquisa e Economia do SeguroClaudio R. Contador

Diretor de Ensino SuperiorMario Couto Soares Pinto

Diretora de Ensino TécnicoMaria Helena Cardoso Monteiro

Editor ExecutivoClaudio R. [email protected]

Editora ResponsávelVera de [email protected]

Conselho EditorialClaudio ContadorFrancisco GalizaJoel GomesLauro Vieira de FariaLucio Antonio MarquesMoacyr Lamha FilhoNatalie Haanwinckel HurtadoPaulo MarracciniRicardo Bechara SantosRoberto L. M. CastroSandro Leal AlvesSergio Viola

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Gustavo Palheiro Mendes de Almeida

ISSN 1414-4409

Rio de Janeiro2016

A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios

para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades

de Porto Rico

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Virginia L. P. de S. Thomé Bibliotecária Responsável pela elaboração da ficha catalográfica

A447a Almeida, Gustavo Palheiro Mendes de A abertura do mercado brasileiro de resseguros e a oportunidade de negócios para

empresas estrangeiras: as peculiaridades de Porto Rico / Gustavo Palheiro Mendes de Almeida. -- Rio Janeiro : ENS-CPES, 2015.

148 p.; 21 cm – (Cadernos de Seguro: Teses, v. 20, n. 47)

O presente livro originou-se do TCC [Graduação em Direito], apresentado à Escola de Direito – FGV Direito Rio, sob a orientação dos Professores Melina de Souza Rocha Lukic e Leonardo Costa, apresentado em 2015.

ISBN nº 978-85-7052-584-0.

1. Resseguro – Risco – Porto Rico. 2. Resseguro – Pulverização – Porto Rico. 3. Resseguro – Impostos – Porto Rico. 4. Resseguro – Abertura do Mercado. 4. Lei complementar nº 126/2007. I. Série. II. FGV Direito Rio. III. TCC – Direito – FGV. IV. Título.

0015-1612 CDU 368.029(729.5)

1ª edição: Maio 2016Fundação Escola Nacional de SegurosRua Senador Dantas, 74 – Térreo, 2o, 3o , 4o e 14o andaresRio de Janeiro – RJ – Brasil – CEP 20031-205Tels. (21) 3094-1000Central de Atendimento: 0800 025 3322Internet: www.funenseg.org.bre-mail: [email protected]

Impresso no Brasil/Printed in Brazil

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros, sem autorização por escrito da Fundação Escola Nacional de Seguros.

Coordenação EditorialCentro de Pesquisa e Economia do Seguro/Coordenadoria de Publicações

EdiçãoVera de SouzaMariana Santiago

Produção GráficaHercules Rabello

CapaRoberta Nogueira

DiagramaçãoInfo Action Editoração Eletrônica Ltda. – Me

Revisão Thais Chaves Ferraz

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Aos meus colegas entrevistados que me ajudaram na disponibilização de infor-mações, explicações e, sobretudo, inspirações sobre as diversas áreas de conhecimento abordadas neste trabalho: Angela Weyne Roig, Bernardo Weaver, Diogo Ornellas, Eduardo Fraga, Maria Elena Bidino, Robert Romano, Roberto Westenberger e Rubén Gely Rodríguez.

“We few, we happy few, we band of brothers.” (Henrique V, Ato 4, Cena III)

Agradecimentos

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Sumário

INTRODUÇÃO, 1

1 ASPECTOS GERAIS DO SEGURO E RESSEGURO, 3Risco ................................................................................................ 3

Pulverização do Risco ..................................................................... 5

Corretores de Seguro e Resseguro ................................................. 7

O Contrato de Seguro e Resseguro ................................................ 8

Seleção Adversa e Risco Moral .................................................... 11

2 O MERCADO DE RESSEGUROS BRASILEIRO, 15Ambiente Político-Econômico Favorável à Criação do Instituto Brasileiro de Resseguros .......................................... 15

Marcos Legais da Abertura do Mercado de Resseguros ............ 20

Organização do Mercado Brasileiro de Resseguro ..................... 29

Aspectos Tributários das Operações de Resseguro ..................... 30

Tratamento Tributário do Ressegurador Local ........................ 30

Tratamento Tributário do Ressegurador Admitido .................. 31

Tratamento Tributário do Ressegurador Eventual ................... 31

Prefácio, xiApresentação, xiiiResumo, xvSummary, xvii

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3 O CONTEXTO DE NEGÓCIOS SECURITÁRIOS EM PORTO RICO, 33Aspectos Socioeconômicos ............................................................ 33

Sistema Legal e Regulação ........................................................... 36

Incentivos Tributários .................................................................. 39

Algumas Estruturas Societárias Possíveis ................................... 40

Companhia Holding Internacional de Seguros instalada em Porto Rico (“Holding”) ...................................................... 40

Companhias de Seguro/Resseguro Cativas .............................. 41

Companhia de Células de Proteção (“PCC”) ........................... 42

Desafios de Porto Rico .................................................................. 45

4 PORTO RICO É UM “PARAÍSO FISCAL”, SOB A PERSPECTIVA BRASILEIRA?, 49Normativa sobre Paraísos Fiscais ................................................ 50

Natureza Jurídica da Instrução Normativa nº 1.037/10 da Receita Federal ...................................................... 53

Subsunção de Porto Rico à IN nº 1.037/10 da Receita Federal......................................................................... 55

Atuação de Empresas Sediadas em Porto Rico no Mercado Brasileiro de Resseguros .......................................... 60

Tratamento Tributário Aplicável ao Prêmio de Resseguro Cedido ao Exterior e a Regra de Preço de Transferência ........... 62

CONCLUSÃO, 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 69

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ANEXO 1, 77 ANEXO 2, 79 ANEXO 3, 81 ANEXO 4, 83 ANEXO 5, 85 ANEXO 6, 87 ANEXO 7, 89 ANEXO 8, 91 ANEXO 9, 97 ANEXO 10, 99 ANEXO 11, 101 ANEXO 12, 103 ANEXO 13, 105 ANEXO 14, 107 ANEXO 15, 109 ANEXO 16, 117 ANEXO 17, 119 ANEXO 18, 121 ANEXO 19, 123 ANEXO 20, 125

O AUTOR, 127

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Este ambicioso trabalho merece a leitura por todos os que desejam compreender melhor o desenvolvimento e o potencial do mercado brasileiro de resseguros. Ele descreve como este chegou onde está e analisa os esforços de Porto Rico para expandir seu funcionamento em resseguros no exterior. Inicialmente, pode-se perguntar como o experimento de Porto Rico, um modesto mercado, com características únicas dentro das jurisdições dos Estados Unidos, pode ser relevante para o Brasil, um país continental com atuação na área e história únicos?

Atualmente é clichê dizer que o resseguro é uma indústria mundial. O mercado de resseguros tornou-se mais concentrado, com maior penetração no mundo do que antes. As resseguradoras que prosperaram e preencheram um nicho há apenas 20 anos já não existem mais, pois têm crescido por aquisição ou foram adquiridas, e menos jurisdições em todo o mundo são o lar desses líderes de mercado. Então, é proveitosa uma busca para verificar como tais centros do resseguro exploram e criam circunstâncias para incentivá-lo. Os maiores e mais desenvolvidos mercados de seguros parecem ter uma vantagem natural, porém nem sempre isso acontece.

Lugares como Bermudas, Irlanda e talvez até mesmo Porto Rico às vezes tornam--se centros para desenvolvimento de resseguro. Então, é bem possível que Porto Rico, apesar de suas características únicas, possa esclarecer o que uma modesta empresa consegue fazer para tornar-se um polo atrativo. É evidente que cada jurisdição pode usar somente fatores disponíveis a ela. A política, o ambiente regulatório, a economia local e o apetite para a inovação vão todos limitar as opções para os formuladores de políticas. O exemplo de Porto Rico é apenas um caso entre vários, mas examinando cada um deles podemos observar o que parece ser a linha comum – a combinação de fatores, organizados de forma diferente, no caso deste ou daquele, que parece criar condições para o desenvolvimento.

Ao examinar esses casos e observar o que parece levá-los ao sucesso ou fracasso, talvez os formuladores de políticas brasileiras possam não só encontrar uma maneira

Prefácio

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de aperfeiçoar o mercado de resseguros interno, mas também criar no Brasil um local atraente para o resseguro internacional. A tese, portanto, tem contribuído para esse objetivo digno, e nosso amigo Gustavo Palheiro merece nossos sinceros parabéns.

Robert RomanoAdvogado, sócio responsável por seguros e resseguros no escritório de advocacia Locke Lord, em Nova York.

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Entre os assuntos relacionados a seguros, o resseguro se destaca como um dos mais intrigantes, atraentes e desafiadores para os profissionais e estudiosos da área. A abertura do mercado brasileiro em 2007 incentivou o interesse de jovens estudantes e profissionais do nosso país pela pesquisa e estudo do tema “resseguro”.

Ao escolher este assunto para o desenvolvimento de seu trabalho de conclusão de curso, Palheiro confirma esse interesse e apresenta uma pesquisa de grande contribuição ao debate do tema no mercado brasileiro.

Desde 1939, a oferta de resseguro às seguradoras brasileiras, por imposições legais, somente podia ser exercida pelo Instituto de Resseguros do Brasil – IRB (atualmente IRB – Brasil Resseguros S.A.). A partir de 2008, porém, começou a ser feita também por novas resseguradoras sediadas no Brasil e por resseguradoras tradicionais com sede no exterior.

No início de seu texto, Palheiro define que seu objetivo geral é identificar as opções oferecidas ao Brasil pelo mercado internacional e suas condicionantes. Como ilustração, apresenta a indústria de resseguros de Porto Rico, com seus firmes critérios regulatórios, tributação amigável, transparência, segurança jurídica e grande incentivo à promoção de negócios. Assim, o autor analisa suas características como um possível mercado internacional para o resseguro originado do Brasil.

Sua explanação cumpre perfeitamente tal objetivo e mostra os motivos por que Porto Rico, mesmo competindo com grandes centros mundiais de resseguro, pode operar com riscos brasileiros em condições privilegiadas. Este trabalho, com uma profunda pesquisa bibliográfica, estudos de casos, entrevistas de executivos e autoridades brasi-leiras e estrangeiras, é organizado de forma a trazer também várias outras relevantes contribuições ao mercado de seguros e resseguros.

Apresentação

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Como um preparativo para o leitor, o trabalho principia descrevendo e comen-tando os conceitos gerais básicos do seguro e do resseguro. Pela correta escolha dos destaques, esse início já é um auxílio primordial importante.

Em seguida, é exibida a evolução do mercado de resseguros brasileiro desde 1939, com descrição do ambiente político-econômico da época, as ameaças existentes, os objetivos estratégicos para a criação do IRB e os resultados obtidos. É uma lição histórica e uma matéria que, por continuar atual, não deve ser esquecida.

Palheiro descreve, na sequência, a quebra do monopólio e abertura do mercado em 2007 e as mudanças de regulamentação que se deram em 2011, chegando até as recentes resoluções de julho/agosto de 2015 feitas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP, com uma visão de quem entende o que ocorreu e o que atualmente ocorre. É uma síntese da história do resseguro no Brasil e de suas regulamentações, capaz de dar a qualquer interessado no mercado nacional de seguros e resseguros uma visão do que é importante conhecer e preservar e também do que é válido alterar ou aprimorar.

Destaque deve ser dado não só às descrições e justificadas opiniões do autor, mas também aos depoimentos colhidos de personalidades de nosso mercado sobre todos esses fatos históricos.

Palheiro finaliza o trabalho com uma profunda análise do mercado de Porto Rico, concluindo, como já comentado, com suas possíveis interações com o Brasil.

Iniciativas desse tipo estimulam a geração de ideias e debates, cooperando para o desenvolvimento de nosso mercado de seguros e resseguros e também de nosso país.

Parabéns ao autor e boa leitura a todos.

Paulo E. F. BottiDiretor-Presidente da Terra Brasis Resseguros

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A abertura do mercado de resseguros brasileiro no ano de 2007, por meio da Lei Complementar nº 126/2007, promoveu condições favoráveis à internacionalização do setor segurador. Permitiu-se que o exercício da atividade de resseguro fosse explo-rado por empresas nacionais e internacionais, em regime de concorrência. Dentre os diversos parceiros comerciais para as empresas nacionais, a indústria de seguros e resseguros de Porto Rico é apresentada para ilustrar as opções oferecidas pelo modelo regulatório brasileiro ao setor de resseguros internacional.

Palavras-chave: risco, pulverização, seguro, resseguro, abertura do mercado, mono-pólio, Porto Rico, paraíso fiscal, incentivo tributário, regulação, internacionalização, concorrência.

Resumo

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The opening of the Brazilian reinsurance market in 2007, by virtue of Compli-mentary Law nº 126/2007, has promoted favorable conditions to the internationalization of the insurance sector, allowing that this economic activity started to be exercised by national and international companies. National and international companies were allowed to pursue the reinsurance activity in market competition. Among the various business partners for national companies, the insurance and reinsurance industry in Porto Rico is presented to illustrate the options offered by the Brazilian regulatory model to the international reinsurance industry.

Key words: risk, pooling, insurance, reinsurance, market opening, monopoly, Porto Rico, tax haven, tax incentive, regulation, internationalization, competition.

Summary

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O presente artigo acadêmico trata do tema do Direito do Seguro e Resseguro e suas interações com o Direito Empresarial e Tributário. Mais especificamente, propõe-se uma análise do regime jurídico aplicável às operações de resseguro realizadas no Brasil por empresas sediadas em Porto Rico.

A questão que aqui se coloca ou, em outras palavras, o problema da pesquisa é como uma empresa sediada no exterior pode operar negócios de resseguro no Brasil, e sob que condicionantes, a exemplo de Porto Rico.

O objetivo geral é identificar as condicionantes aplicáveis no Brasil às opera-ções de resseguro de empresas sediadas no exterior, conforme se dá com Porto Rico. A fim de alcançá-lo, o trabalho foi dividido em capítulos correspondentes aos objetivos específicos da pesquisa.

O Capítulo 1 aborda os aspectos gerais do seguro e do resseguro, lançando as bases conceituais para a investigação.

O Capítulo 2 trata do processo de abertura do mercado de resseguros no contexto da internacionalização da indústria securitária brasileira, que permitiu a atuação direta de resseguradoras privadas no mercado doméstico.

O Capítulo 3 contextualiza as condições de negócio em Porto Rico, visando a evidenciar aspectos que são relevantes para a atuação, em território brasileiro, de empresas resseguradoras sediadas naquela jurisdição.

O Capítulo 4 dedica-se a um desses aspectos específicos, que é a qualificação de Porto Rico à luz da legislação tributária brasileira, que caracteriza “país ou dependência com tributação favorecida” ou “regime fiscal privilegiado”, nos termos da Instrução Normativa nº 1.037, de 2010 da Receita Federal Brasileira (IN 1.037). Busca-se iden-tificar se o país em questão pode ser considerado “paraíso fiscal”, nos termos da Lei Complementar nº 126 de 2007, Lei do Resseguro (LC 126), e as implicações jurídicas daí decorrentes.

Introdução

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2 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A metodologia do trabalho é dedutiva: para as empresas estrangeiras interessadas em fazer negócios de resseguro no território brasileiro, é relevante considerar se a jurisdição na qual estão sediadas ou onde está sua estrutura empresarial pode ser ou não considerada paraíso fiscal, nos termos da IN 1.037 e do artigo 4º, § 4º, da LC 126. As principais implicações da consideração de uma jurisdição como paraíso fiscal são:

• a proibição de sua atuação na qualidade de ressegurador eventual, o que resulta em elevados custos regulatórios pela necessidade de atuação sob a forma de ressegurador admitido ou local. Isso significa que a empresa é obrigada, por exemplo, a aportar capital no Brasil e a estabelecer-se fisicamente, ambos os requisitos em diferentes graus, dependendo se é local (mais exigências) ou admitida (menos exigências);

• atração das regras de preço de transferência, nos termos do artigo 24 da Lei nº 9.430, de 1996 (“L 9.430”), em relação à operação de resseguro;

• alíquota de 25% sobre o Imposto de Renda na Fonte (IRF), de acordo com a Instrução Normativa SRF nº 252, de 2002 (“IN 252”).

A investigação que esse artigo se propõe a fazer é fundamentada por pesquisa bibliográfica, estudo de casos concretos, entrevistas com experts de destaque no mercado global securitário, advogados, autoridades reguladoras dos setores nacional e porto-riquenho, e representantes da indústria de seguros brasileira. As perguntas que o autor formulou e enviou por e-mail, assim como as respostas, foram incluídas ao longo do texto, conforme a conveniência do tema abordado. As transcrições das entrevistas constam, aqui, do Anexo 15.

O trabalho é justificado pelo interesse na introdução e disseminação de conheci-mento sobre as operações de resseguro e o tratamento de empresas internacionais que atuam ou desejam se inserir no mercado brasileiro, tomando como exemplo aquelas sediadas em Porto Rico. Essa jurisdição foi escolhida por ser diferenciada: por um lado apresenta uma regulação amigável, que permite estruturas societárias eficientes e promove incentivos fiscais às empresas de seguro e resseguro com operações de riscos internacionais. Por outro, tem a segurança de realizar negócios nos Estados Unidos. Por fim, não está na lista de locais considerados paraísos fiscais pela Receita Federal Brasileira, prevista na IN 1.037.

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RISCO

Para fins do presente estudo, é enriquecedor trazer a noção de risco, tendo em vista que a motivação do agente para contratar o seguro/resseguro é a sua aversão. O risco pode ser assumido, prevenido, mitigado ou transferido. A sua forma de trans-ferência mais concreta, usual e econômica é o seguro/resseguro (FRAGA, D., 2008. p. 16). Por meio dessas ferramentas transferem-se as consequências econômicas danosas da materialização desse fenômeno.

O risco é um conceito prismático no mundo securitário, pois é possível compreendê-lo sob diversos pontos de vista. Um subscritor pode se referir a ele como sendo “o objeto segurado”, por exemplo, uma fábrica (ATKINS, D. & BATES, I., 2008. p. 4). Por outro lado, sob o olhar de um gestor, pode ser compreendido como “a combinação de probabilidades de um evento ocorrer e suas consequências” (ATKINS, D. & BATES, I., 2008. p. 4).

Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro

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4 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Atkins1 e Bates2 (2008) explicam que, para ser possível compreender o conceito de forma completa, devem ser levados em conta dois aspectos: a frequência ou probabili-dade de ocorrência e a severidade do resultado (ATKINS, D. & BATES, I., 2008. p. 4).

Sob a perspectiva do seguro e resseguro, o risco não se confunde com a álea3, pois esta é um trade-off 4 (MANKIW, N. G., 2009. p. 4) entre um resultado positivo ou negativo, de acordo com uma probabilidade. Já o primeiro, sob o enfoque neste trabalho, deve ser compreendido como a incerteza frente a uma situação exclusiva-mente negativa.

Os ensinamentos de Oliveira (2005) sobre o conceito em seguro podem ser compre-endidos como aplicáveis também ao resseguro. O autor sintetiza que o risco é:

O evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes contratantes e contra o qual e feito o seguro. O risco e a expectativa de sinistro. Sem risco nao pode haver contrato de seguro.

(OLIVEIRA, 2005, p. 538)

Definido o termo e brevemente explicado, é importante entender questões básicas sobre algumas trajetórias que o risco pode percorrer na sua cadeia de pulverização.

1 Derek Atkins é professor do Chartered Insurance Institute, premiado por seus serviços em educação e treinamento em seguros pela referida instituição.

2 Ian Bates possui mais de 30 anos de experiência em seguros de property, casualty e vida.3 A álea é o elemento que caracteriza os jogos de azar quanto à probabilidade de perda ou ganho.4 Trade-off é um conceito econômico usado para explicar uma situação de escolha excludente.

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Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro • 5

PULVERIZAÇÃO DO RISCO

O seguro é uma relação contratual entre o segurado5 e a seguradora6: esta recebe o prêmio7 do primeiro em contraprestação à indenização8 paga ao segurado por qualquer sinistro9 coberto na apólice10.

O cosseguro11 é uma variação em que a relação do segurado é direta com cada uma das cosseguradoras, que respondem com sua quota de participação fixada na apólice junto ao segurado. Vale destacar que a relação entre as cosseguradoras é horizontal12 e não há solidariedade jurídica entre elas (ver Anexo 1).

Já o resseguro13 é uma relação contratual entre a cedente14 e o ressegurador. Este recebe um prêmio de resseguro da primeira em contraprestação de parte ou tota-lidade da indenização paga pela seguradora por qualquer perda financeira coberta pela apólice e de acordo com as condições do contrato de resseguro.

5 “Pessoa em relação à qual a seguradora assume a responsabilidade de determinados riscos”. Fonte: TUDO SOBRE SEGUROS. Glossário. Tudo sobre seguros. Site. Disponível em: <http://www.tudosobreseguros.org.br/sws/portal/pagina.php?l=265>. Acesso em: 27 nov. 14.

6 “Empresa autorizada pela Susep a funcionar no Brasil como tal e que, recebendo o prêmio, assume o risco e garante a indenização em caso de ocorrência de sinistro amparado pelo contrato de seguro”. Idem.

7 “É a soma em dinheiro paga pelo segurado ao segurador para que este assuma a responsabilidade de um determinado risco”. Idem.

8 “É a contraprestação do segurador ao segurado que, com a efetivação do risco (ocorrência de evento previsto no contrato), venha a sofrer prejuízos de natureza econômica, fazendo jus à indenização pactuada”. Idem.

9 “Termo utilizado para definir em qualquer ramo ou carteira de seguro, o acontecimento do evento previsto e coberto no contrato”. Idem.

10 “É o instrumento do contrato de seguro pelo qual o segurado repassa à seguradora a responsabilidade sobre os riscos, estabelecidos na mesma, que possam advir. A apólice contém as cláusulas e condições gerais, especiais e particulares dos contratos e as coberturas especiais e anexos.” Idem.

11 “Operação de seguro em que 2 (duas) ou mais sociedades seguradoras, com anuência do segurado, distribuem entre si, percentualmente, os riscos de determinada apólice, sem solidariedade entre elas”. Fonte: BRASIL. Lei Complementar nº 126, de 15 de janeiro de 2007. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp126.htm>. Acesso em: 25 nov. 14.

12 O segurado pode ajuizar ação calcada em obrigações assumidas no contrato de seguro contra todos os cosseguradores, pois estes estão em mesmo grau de relação com aquele, razão pela qual o autor os coloca em horizontalidade. Sob perspectiva distinta, inexiste relação jurídica em matéria de direito entre o segu-rado e o ressegurador, nos termos do artigo 14 LC 126/07. Por isso estão numa relação vertical, ou seja, em diferentes níveis. Logo, se o segurado desejar ajuizar uma ação judicial fundada na apólice de seguro, por definição, não pode destiná-la em face do ressegurador.

13 “Operação de transferência de riscos de uma cedente para um ressegurador” (Lei Complementar nº 126 de 2007, artigo 2º, §1º, III). Fonte: BRASIL. Lei Complementar nº 126, de 15 de janeiro de 2007. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp126.htm>. Acesso em: 25 nov. 14.

14 “A sociedade seguradora que contrata operação de resseguro ou o ressegurador que contrata operação de retrocessão” (artigo 2º, §1º, I). Idem.

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6 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

O ressegurador não possui relação contratual com o segurado (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 51), há uma relação horizontal15 entre eles (ver Anexo I). O segurado não pode cobrar sua indenização diretamente do ressegurador, mesmo que a seguradora não cumpra sua parte. Na hipótese de o ressegurador não fazer jus às suas obrigações financeiras diante de um sinistro, o valor por ele devido será de responsabilidade da cedente, que é a parte do contrato de seguro, e integra a relação jurídica desse contrato, junto com o segurado. Em outras palavras, a cedente assume um risco de crédito (DUFFIE, D. & SINGLETON, K., 2003. p. 4)16 na operação de resseguro em função da possibilidade de o ressegurador não arcar com sua responsa-bilidade de indenização.

Em outras palavras, o objetivo do resseguro é segurar o segurador (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 23), assim como se pode dizer que a retrocessão17 tem como escopo ressegurar o ressegurador. Para fins práticos, pode-se considerar a retrocessão uma operação de resseguro18.

O conceito fundamental que norteia o seguro (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 16) e o resseguro (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 23) é a denominada “trans-ferência de risco”. O Anexo 2 simplifica a sua pulverização. Entretanto, a existência do seguro/resseguro não impede que ocorra o evento danoso.

O instituto do seguro e do resseguro visa a transferir apenas as perdas financeiras decorrentes do sinistro coberto. Assim como indivíduos ou empresas compartilham risco com as seguradoras em busca eficiências, as seguradoras o fazem com os resse-guradores e estes, com os retrocessionários.

Cada etapa da pulverização do risco pode ser realizada diretamente entre as partes ou por intermédio de uma corretora. Dependendo do contrato que está sendo fechado, sua função e atuação variam substancialmente, conforme será explicado em seguida.

15 Ver nota de rodapé nº 12.16 O risco de crédito existe pela possibilidade de a cedente não cumprir suas obrigações financeiras.

Darrel Duffie e Kenneth J. Singleton, da Stanford University e London Bussiness School, respectivamente, explicam: “Credit risk is the risk of default or reductions in market value caused by changes in the credit quality of issuers or counterparties”.

17 “Operação de transferência de riscos de resseguro de resseguradores para resseguradores ou de resse-guradores para sociedades seguradoras locais” (artigo 2º, §1º, IV). Fonte: BRASIL. Lei Complementar nº 126, de 15 de janeiro de 2007. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp126.htm>. Acesso em: 25 nov. 14.

18 Equipara-se à cedente a sociedade cooperativa autorizada a operar em seguros privados que contrata operação de resseguro, desde que a esta sejam aplicadas as condições impostas às seguradoras pelo órgão regulador de seguros.

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Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro • 7

CORRETORES DE SEGURO E RESSEGURO

Os corretores de seguro/resseguro podem participar dessa cadeia prestando o serviço de aproximação daqueles que ofertam cobertura de risco (subscritores), com aqueles que demandam cobertura para seus riscos (clientes),em contrapres-tação da comissão de corretagem. A sua atuação no ramo de seguros é diferente daquela em resseguros.

No Brasil, a comissão de corretagem19 de seguro é obrigatória. Caso a venda seja feita de maneira direta entre a seguradora e o cliente, sem a intermediação de um corretor, o custo de intermediação ainda existirá, sendo o valor destinado à Escola Nacional de Seguros.

Segundo Thoyts (2010), os corretores cumprem o seguinte papel no mundo dos seguros:

A. Os intermediários possuem expertise sobre as apólices que comercializam em relaçao ao contrato e à prática das seguradoras, o que os iguala tecni-camente e com os subscritores de risco, facilitando a negociaçao.

B. Os intermediários conhecem o mercado de seguros, portanto, podem alocar com mais precisao o tipo de risco que o cliente tenha com o um determinado produto ofertado por uma seguradora.

C. Os intermediários conhecem os preços de mercado, o que lhes garante um maior poder negociaçao, baseada em possíveis outros melhores acordos.

D. Os intermediários prestam serviços acessórios como explicaçao da apólice, dos direitos do segurado, de seus deveres, da extensao da cobertura, do que fazer quando ocorre um sinistro, etc.

(THOYTS, R. 2010, p. 186-187)

Como conhecedores da técnica e do mercado de seguros, os corretores auxiliam os seus clientes, prestando informações e esclarecimentos sobre: riscos excluídos, coberturas previstas no contrato e respectivos limites de garantia, deveres de trans-parência, cláusulas especiais, ou seja, atuam como consultores, que têm como missão proteger os interesses do segurado. Portanto, sua assessoria pode reduzir a assimetria de informação ao melhor informar, além de reduzir os custos de transação, ao condensar diversas informações mercadológicas em suas análises e, eventualmente, negociar com as seguradoras condições mais vantajosas.

19 “Modo de pagamento empregado pelas sociedades seguradoras para remunerar o trabalho dos corretores de seguros”. Fonte: TUDO SOBRE SEGUROS. Glossário. Tudo sobre seguros. Site. Disponível em: <http://www.tudosobreseguros.org.br/sws/portal/pagina.php?l=265>. Acesso em: 27 nov. 14.

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8 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

No Brasil, em face da existência do monopólio de resseguro vigente de 1939 a 2007, a profissão do corretor de resseguros foi regulamentada a partir da abertura do mercado de resseguros, em 2007. Os corretores de resseguro atuam para atender à necessidade da cedente na obtenção de capacidade de resseguro sob as melhores condições disponíveis no mercado, observadas a qualidade técnica e financeira do(s) ressegurador(es). Nem sempre a presença do corretor de resseguros se faz necessária. Pode-se dizer que o valor ressegurado e a especificidade do risco serão determinantes na decisão de negociar a cobertura de resseguro por intermédio do corretor de resseguros ou não.

Cabe destacar também que se for necessário acessar a capacidade dos Sindicatos do Lloyd s20 para compor a cobertura de resseguro, a presença do Lloyd s Broker é indispen-sável para colocação de seguro e de resseguro. Os Sindicatos do Lloyd s não negociam diretamente com o segurado ou com a empresa seguradora. Fazem isso somente por meio do Lloyd s Broker, empresa corretora devidamente habilitada pela Corporação do Lloyd s para operar como intermediário na negociação de seguro e resseguro.

A seguir serão exploradas importantes características do contrato de seguro e resseguro, assim como os principais efeitos benéficos que cada um pode gerar a quem os contrata.

O CONTRATO DE SEGURO E RESSEGUROOs contratos de seguros21, via de regra, são de natureza consumerista22, ou seja,

firmados entre um consumidor e a seguradora. Entretanto, excepcionalmente, tal natureza pode se apresentar distinta, nas palavras de Nascimento e Palheiro (2014):

20 O Lloyd’s começou há mais de 300 anos na cafeteria de Edward Lloyd, onde proprietários de navios se reuniam com pessoas que tinham capital para segurá-los. Desde essa época, o Lloyd’s se expandiu a partir de sua base em seguros marítimos e se tornou o maior mercado do mundo de seguros e resseguros especia-lizados de patrimônio e contra acidentes, cobrindo alguns dos maiores, mais complexos e insólitos riscos do mundo. Fonte: LLOYDS. Lloyd’s Brasil. Site. Disponível em: <http://www.lloyds.com/lloyds/offices/americas/brasil-em-portugues/e-visao-geral-do-lloyds>. Acesso em: 28 nov. 2014.

21 Segundo dispõe o Código Civil em vigor, no seu artigo 757, o contrato de seguro é aquele por meio do qual o segurador se obriga a garantir, contra riscos predeterminados, interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, mediante o pagamento do prêmio por este. Nessa linha, seguro é contrato oneroso e bilateral através do qual o segurador se obriga perante o segurado, mediante o recebimento de uma importância estipulada (o prêmio), a indenizá-lo de prejuízo decorrente de evento possível, futuro e incerto (sinistro). Dessa forma, o segurado paga o prêmio, e o segurador, em razão do recebimento do prêmio e da obrigação contratual, paga a indenização se ocorrer o sinistro.

22 No Brasil, assim dispõe Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990): artigo 2º, caput:“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”; artigo 3º, § 2º:“Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Fonte: BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Acesso em: 17 nov. 2014.

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Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro • 9

Quando uma grande empresa como a Petrobrás firma um contrato de seguro multimilionário sobre suas plataformas de petróleo e outros riscos relacionados à sua atividade com uma seguradora, estamos diante de uma situaçao distinta daquela pessoa física comprando um seguro civil. Quando duas grandes empresas, buscando o lucro, firmam um contrato, assessoradas por grandes escritórios, com o know-how tanto do business quanto do direito, nos parece que a natureza do contrato se aproxima de um contrato empresarial e se afasta de uma relação de consumo. No final do dia, nestes casos, há baixa assimetria de informaçao e ampla abertura negocial entre as partes, o que corrobora com a tese que afasta o direito do consumidor.23

(NASCIMENTO; PALHEIRO, 2014, p. 102)

Diante das características de um contrato empresarial24, pode-se afastar a natureza consumerista do contrato de seguro, constatando-se sua essencialidade empresarial. Esse entendimento é respaldado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1102848/SP, julgado pela Terceira Turma. O Código de Defesa do Consumidor não se aplica ao contrato de seguro que seja firmado entre duas companhias, mesmo que uma seja considerada menor do que a outra (STJ. Recurso Especial nº 1.102.848).

O contrato de resseguro, por sua vez, é sempre de natureza empresarial. As partes contratuais integram a mesma indústria e pressupõe-se que conheçam suas operações. Logo, não há que se falar em hipossuficiência de uma das partes.

O contrato de resseguro não é, em nenhuma de suas formas, um contrato de adesão. O contrato de resseguro é o resultado da negociação das partes componentes de sua relação jurídica: ressegurado (cedente) e ressegurador.

23 Apostila elaborada pelo professor João Pedro Nascimento para a disciplina eletiva do curso de graduação da FGV DIREITO RIO, da qual o autor deste artigo participou como coautor do capítulo sobre seguros.

24 Para maiores esclarecimentos, consultar: FORGIONI, Paula. Teoria geral dos contratos empresariais.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010; BULGARELLI, Waldirio. Contratos mercantis. São Paulo: Atlas, 2001; MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

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10 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A tabela abaixo sintetiza as principais eficiências que podem ser proporcionadas pelo seguro e resseguro, sob a perspectiva do contratante:

Seguro Resseguro

Aumento da previsibilidade e paz de espírito pela indenização por eventos negativos inesperados (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 15).

Redução de perdas decorrentes da exposição a riscos catastróficos (acumulação de riscos similares em um evento) ou a um único grande risco (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 147).

Aumento da capacidade de resiliência no caso de ocorrência de uma perda (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 15).

Mitigação de oscilações nos resultados anuais (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 147).

Redução de riscos (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 15) ao aconselhar e orientar os segurados a minimizar tanto a probabilidade de ocorrência quanto a intensidade de um sinistro, por meio do gerenciamento de risco.

Aumento da capacidade de capital disponível para potencializar o volume de outros investimentos (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 147).

Geração de externalidades positivas no mercado de capitais pelo investimento financeiro de seguradoras em outras companhias (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 15).

Aquisição de know-how técnico do ressegurador (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 147).Transferência da experiência do ressegurador sobre gerenciamento de risco e de subscrição para cedente, quando do início de operações em determinado ramo/modalidade.

Aumento da capacidade de liberar recursos retidos pelo segurado para ampliar investimentos em sua operação.

Facilitar a saída de uma classe de negócio, denominado run-off (ATKINS, D. & BATES, I., 2008, p. 147).

Alguns elementos do mundo securitário devem ser explicados para que se possa interpretar com mais riqueza a essência do seguro e do resseguro. Os conceitos que a partir daqui serão explicitados devem ser compreendidos como aplicáveis a ambos os casos.

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Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro • 11

SELEÇÃO ADVERSA E RISCO MORAL

A ciência atuarial é a responsável pela quantificação do prêmio em relação à sinistralidade e os demais custos da operação. O mutualismo é a socialização dos riscos organizada pela seguradora, através de cálculos atuariais, entre os diversos segurados. Por meio da ciência atuarial, a seguradora realiza previsões da probabilidade dos sinistros (custo) e o recebimento dos prêmios (arrecadação), de modo a garantir a sua solvência e a cooperação entre os segurados.

De acordo com Bechara Santos (2011): “Há de estabelecer uma mutualidade especialmente organizada para suportar os riscos da reposição, da satisfação da necessidade eventual dos segurados, nos limites do contrato e de sua função socioe-conômica” (BECHARA SANTOS, R., 2011, p. 16) – fator que está intimamente ligado ao Teorema de Bernoulli25.

De acordo com Nascimento e Palheiro (2014) , “quanto mais segurados existem, maior a precisão da seguradora ao gerir com eficiência sua carteira de risco, conse-quentemente, mais precisa será a precificação dos prêmios e a higidez financeira da empresa” (NASCIMENTO; PALHEIRO, 2014, p. 99).

A seleção adversa é uma condição relevante para a subscrição e aceitação de riscos tomados por uma seguradora, qualquer que seja a sua operação, pois reflete uma antisseleção daqueles que irão compor o grupo de pessoas seguradas/resseguradas. Trata-se de um fenômeno que ocorre a priori da contratação do seguro/resseguro, no qual o segurado/cedente, se valendo de informações não mencionadas à outra parte contratual, se beneficia individualmente, em detrimento dos demais participantes daquele pool de segurados/cedentes.

Mankiw (2009) define o referido conceito:

É a tendência de que o mix de atributos nao observados se torne indesejável do ponto de vista de uma parte desinformada[...]Quando os mercados estao sujeitos à seleçao adversa, a mao invisível pode nao necessariamente operar sua mágica. [...]Nos mercados de seguros, os compradores com baixo risco podem optar por permanecer sem seguro, já que as apólices que lhes são oferecidas não refletem suas verdadeiras características.

(MANKIW, 2009, p. 469)

25 Lei dos Grandes Números da ciência estatística.

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12 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A seleção adversa é um problema de assimetria de informação no qual o vendedor sabe menos que o comprador sobre o objeto da venda (SKIPPER, H. & KWON, J., 2007. p. 702). Nascimento e Palheiro (2014) explicam o exemplo de Arkelof26 para esclarecer a seleção adversa (ARKELOF, G., 1970, p. 488-500):

Quando o preço do prêmio do seguro saúde aumenta proporcionalmente à idade dos segurados, ocorre uma seleçao adversa, pois apenas os que mais utilizam ou têm expectativa de utilizar o plano de saúde se mantêm como segurados. Dessa forma, grande maioria dos “bons riscos” deixa o plano de saúde, que fica composto numa determinada faixa etária apenas de “riscos ruins”, o que o autor chama de limões. Trata-se de um fenômeno que decorre dos segurados saberem mais sobre sua saúde do que as próprias seguradoras. [...] Aqueles que sabidamente possuem problemas, porem nao aparentes, têm mais incentivos a contratar um plano de saúde do que os outros indivíduos. Percebe-se que um dos grandes cenários que a seleçao adversa gera em qualquer mercado de seguros e o aumento do custo para a seguradora, e em última análise, para os segurados (maiores prêmios). Isso ocorre, pois aqueles que sao riscos ruins, e sabem disso, aumentam o custo medio para o grupo segurado.

(NASCIMENTO; PALHEIRO, 2014, p. 99-100)

Tomando o seguro saúde como metonímia, a juíza Renata Palheiro ensina que no setor de saúde complementar, a seleção adversa se manifesta, por exemplo, quando pessoas contratam o seguro já sabendo que estão doentes27.

Nas palavras de Arkelof (1970), a respeito da explicação do conceito:

O princípio da “seleçao adversa” está potencialmente presente em todos os ramos de seguros. A seguinte afirmação aparece no livro técnico de seguro editado pela Wharton School: existe uma potencial presença da seleçao adversa quando segurados saudáveis de apólices de seguro saúde decidem eliminar a sua cobertura quando se tornam mais idosos e os prêmios aumentam. Esta açao pode deixar uma seguradora com uma proporçao indevida abaixo dos riscos medios e os valores de sinistros podem ser maiores do que o previsto.

26 Vencedor do Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 2001.27 Juíza Titular do Juízado Especial Civil de Vila Inhomirim. Manifestou-se nestes termos em um trabalho

apresentado à Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, em setembro de 2012: “Muito embora até se compreendam preocupações do setor de saúde suplementar com a seleção adversa (pessoas que já contratam o seguro saúde doentes)e declarações médicas viciadas, o fato é que tais problemas devem ser combatidos de outras formas licitamente previstas, e não impondo aos seus consumidores limitações abusivas aos seus direitos legítimos.”

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Aspectos Gerais do Seguro e Resseguro • 13

A seleçao adversa surge (ou pelo menos e possível surgir) sempre que o indivíduo ou grupo segurado tem a liberdade de comprar, ou nao, de escolher o valor do seguro ou optar por um seguro padrao e de continuar, ou nao, como segurado.

(ARKELOF, G., 1970, p. 493)

Portanto, a seleção adversa se manifesta nos mercados de seguros quando o segu-rado possui mais informação sobre o risco segurado do que a seguradora, e diante dessa situação o segurado tende a realizar arbitragem entre as apólices (ROTHSCHILD, M. & STIGLITZ, J., 2003. p. 324-325), buscando maximizar seu resultado.

O risco moral é outra característica fundamental para melhor se compreender os contratos securitários. Os autores Nascimento e Palheiro (2014) afirmam: “O risco moral no contrato securitário é uma consequência comportamental que o seguro gera em quem o contrata” (NASCIMENTO, J.P.B. do; ALMEIDA, G.P.M. de, 2014, p. 100).

Skipper e Kwon (2007) definem risco moral:

É a propensao dos indivíduos em alterar seu comportamento quando riscos são transferidos a terceiros. Por exemplo, segurados têm a tendência em alterar o seu comportamento – passando a ser menos cuidadosos – em função da existência do seguro.

(SKIPPER, H.; KWON, J., 2007, p. 481)

Nascimento e Palheiro (2014) ensinam que Skipper e Kwon subdividem o risco moral em dois grupos (NASCIMENTO, J.P.B. do; ALMEIDA, G.P.M. de, 2014, p. 100):

A. Efeitos ex-ante: quando um agente nao possui seguro, há um maior incentivo para que ele tenha maiores esforços de prevençao a acidentes, pois caso eles ocorram, a integralidade do custo será do próprio agente. Em contra-partida, aqueles que possuem seguros sabem que os custos de um acidente serao pagos pela seguradora, portanto, tendem a ser menos cautelosos para prevenir sinistros. Outro problema que decorre desse efeito sao as fraudes que podem ser cometidas pelos segurados para que recebam indenizações da seguradora.

(SKIPPER, H.; KWON, J., 2007, p. 481)

B. Efeitos ex-post: quando um agente nao possui seguro, há um maior incen-tivo para que ele minimize os efeitos posteriores ao sinistro, afinal, o custo será arcado integralmente pelo agente. Por outro lado, os que têm seguro tendem a se empenhar menos na minimizaçao dos efeitos negativos de um sinistro, pois esse ônus econômico será coberto pela seguradora.

(SKIPPER, H.; KWON, J., 2007, p. 481-482, apud NASCIMENTO, J.P.B. do. & PALHEIRO, G., 2014, p. 100).

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14 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Superados os aspectos gerais da disciplina do seguro e resseguro, serão descritos e interpretados alguns períodos centrais do desenvolvimento do mercado de resseguros brasileiro. Diversos momentos históricos tiveram notória importância, destacando-se a transição do modelo monopolista de mercado para um modelo de competição entre os agentes econômicos, o que corroborou a internacionalização das operações secu-ritárias no Brasil.

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15

O Instituto de Resseguros do Brasil1 (IRB) passou por distintas etapas de desen-volvimento ao longo do tempo.O foco deste capítulo é explicar como os mercados de seguros e resseguros se tornaram mais internacionalizados no País, a partir a abertura do mercado de resseguros.

AMBIENTE POLÍTICO-ECONÔMICO FAVORÁVEL À CRIAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE RESSEGUROS

É enriquecedor ressaltar algumas mudanças pelas quais a estatal monopolista passou, com o objetivo de melhor compreender a indústria seguradora e resseguradora nacional e sua superveniente introdução no mercado global.

Uma linha do tempo dos períodos mais marcantes do mercado ressegurador está representada no Anexo 32.

1 Denominação que prevaleceu até 1997, quando a Medida Provisória nº 1.578 foi editada e alterou a nomen-clatura da empresa para IRB-Brasil Resseguros S.A.

2 IRB. Site. Disponível em: <http://www.irbbrasilre.com/conheca-o-irb/nossa-historia/>. Acesso em: 17 nov. 2014.

O Mercado de Resseguros Brasileiro

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16 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A criação do IRB foi o marco legal do início da indústria de resseguros no Brasil. Sua instituição, em 3 de abril de 1939, por meio do Decreto-Lei nº 1.186, se deu no contexto histórico do Estado Novo, período ditatorial altamente nacionalista e marcado por intervenções do Estado na economia.

O governo adotou distintas medidas para fomentar a economia à época. Destaca-se a inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional, criada na década 1940. A empresa foi amplamente amparada pela indústria de seguros e resseguros por meio da atuação do IRB3.

Nesse período, o “Princípio de Nacionalização do Seguro” foi aprovado na Cons-tituição de 1937 (BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil) (já previsto na Assembleia Constituinte de 1934 (BRASIL. Senado Federal. Constituição de 1934), e assim se inaugurou um modelo monopolista de mercado de resseguros, que acumulava na mesma empresa estatal as funções de agente econômico e regulador4.

A respeito da natureza jurídica da estatal, Silva5(1998) explica que:

O IRB era uma sociedade de direito sui generis, como foi definido: tinha 50% governo e 50% das companhias de seguro. A administração era feita por um conselho, impropriamente chamado de Conselho Tecnico, que geria o IRB totalmente [...]. Esse colegiado dirigia o IRB mesmo.

(SILVA, C. 1998, p.62)

O IRB foi criado, dentro outros motivos, “para evitar a evasão de divisas, obri-gando as seguradoras a ressegurarem no País todas as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria” (IRB BRASIL RE, [s.d]).

3 IRB. Site. Disponível em: <http://www.irbbrasilre.com/conheca-o-irb/nossa-historia/anos-40-os-primeiros-passos-do-irb/>. Acesso em: 17 nov. 2014.

4 A Revista do IRB de 3 de abril de 1940 reuniu diversas publicações dos jornais da época sobre a criação do IRB, dentre as quais destaco a do editor-chefe do Correio da Manhã, Costa Rego: “Órgão embora do Estado, com a função de regular um certo gênero de negócios, o IRB não age por determinação exclusiva do Estado. O Estado empresta-lhe, para viver e operar, os poderes coercitivos da lei, mas só na parte atinente às obrigações das companhias de seguros, que são duas: entregar o resseguro e tomar ações do capital do Instituto. A administração, e por conseguinte a marcha dos negócios, é superintendida pelo Estado, orientada porém por um conselho técnico onde se representam as companhias [...]. O regime é pois de ampla cooperação, dentro dos próprios hábitos comerciais das companhias nas transações de resseguro”. Correio da Manhã de 20 de abril de 1939, citado na Revista do IRB, 3 abr. 1940, p. 65.

5 Clínio Silva foi presidente da FENASEG e teve mais de 40 anos de experiência no mercado. Fonte: CBG. Colégio Brasileiro de Genealogia. Site. Disponível em: <http://www.cbg.org.br/novo/colegio/historia/antigos-titulares/clinio-silva/>. Acesso em: 23 nov.14.

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Frederico Rangel6 aponta que, por um lado, a criação do IRB era necessária para suprir os riscos que o comércio internacional vivia à época, principalmente pelos conflitos bélicos mundiais, assim como garantir que os lucros da atividade do resse-guro ficassem no Brasil ao invés de serem enviados ao exterior. Entretanto, por outro lado, a inexperiência do País em lidar com resseguro foi uma dificuldade para o setor

(MIRANDA, O. da R., 1940, p. 43-44).Os dados demonstram que a experiência de criação do IRB apresentou excelentes

resultados: em 1939 havia 103 seguradoras no Brasil (70 nacionais e 33 estrangeiras), em 1949 existiam no País 149 seguradoras (123 nacionais e 26 estrangeiras), e em 1959 já atuavam 187 (152 nacionais e 35 estrangeiras) (IRB BRASIL RE), conforme gráfico no Anexo 4.

A criação do IRB impulsionou a nacionalização do mercado brasileiro de seguros, quando as seguradoras estrangeiras passaram a se constituir no País com maior inten-sidade, portanto, com retenção de reservas no Brasil (IRB BRASIL RE).

Outro fato que merece destaque é que o volume de prêmios no mercado nacional após sete anos da criação do IRB aumentou mais de quatro vezes7, conforme Anexo 5 (IRB BRASIL RE).

O resseguro foi importante para o desenvolvimento da indústria automotiva brasi-leira na década de 1950, tendo o IRB atuado em diversas outras áreas. Por exemplo, instituiu a cobertura de seguro agrário, aceitou riscos aeronáuticos, automotivos, marítimos, de vida, de lucros cessantes e acidentes pessoais (IRB BRASIL RE).

Naturalmente, houve ruídos na relação entre as cedentes e o IRB: foi o caso em 1953, quando aquelas passaram a adotar o cosseguro como estratégia de se esquivar do resseguro e atuar com mais independência (IRB BRASIL RE). Cabe registrar que a adoção do cosseguro como ferramenta de transferência de risco alternativa à cobertura de resseguro oferecida pelo IRB foi prática das seguradoras ao longo da existência do monopólio de resseguro. As seguradoras identificaram esse mecanismo de pulverização de riscos como uma forma alternativa de mitigar os custos de resseguro fixados pelo IRB.

6 Por indicação do Governo, integrou Conselho Técnico do IRB.7 Em 1939: Cr$ 285.691.841; e em 1946: Cr$ 1.424.598.629

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Motta (2001) ensina a respeito das mudanças mais significativas pelas quais o IRB passou no século XX:

Mudanças mais profundas se dariam em 1966, no bojo das reformas promo-vidas pela equipe econômica do governo militar de Castelo Branco. No caso específico do IRB, o Decreto nº 73, de setembro de 1966, determinou uma maior concentraçao de poderes nas maos do presidente do instituto, com o consequente esvaziamento do Conselho Tecnico.

(MOTTA, M.S. da, 2001, p. 81-127)

Vale destacar que o Decreto-Lei nº 1.115 (BRASIL), de 1970, regulamentado pelo Decreto nº 67.447 (BRASIL), do mesmo ano, foi inspirado no modelo francês de bancas-surance, e colaborou para a concentração no mercado securitário (IRB BRASIL RE). No caso concreto, houve estímulos baseados em incentivos tributários para que o setor de seguros incorporasse outras seguradoras e também bancos (IRB BRASIL RE).

Bojunga (2009) explica que até a primeira metade do século XX era comum exis-tirem monopólios de resseguro. Entretanto, recentemente, a globalização do comércio mundial modificou essa realidade em virtude também da dimensão, quantidade e complexidades dos riscos (BOJUNGA L., 2009, p. 44). Em suas próprias palavras, ao se referir sobre o atual cenário mercadológico securitário:

Muitos países dependem de um mercado de resseguros aberto para valerem-se do efeito da diversificação internacional, da livre concorrência e da transpa-rência dos negócios, assim como da grande variedade de produtos oferecidos. A solidez financeira dos resseguradores, seus conhecimentos e serviços – especialmente em relação a desenvolvimento de produtos, fixação de preços, subscriçao e regulaçao de sinistros – foram tambem determinantes no atual processo de internacionalizaçao do resseguro.

(BOJUNGA L., 2009, p. 44)

Sob a perspectiva brasileira, Polido (2010) sintetiza:

O processo de abertura do mercado de resseguro brasileiro foi longo e percorreu várias etapas. Desde a sua criação em 1939, no governo de Getúlio Vargas, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) cumpriu exatamente o seu papel no país. Pode-se afirmar que ele não só viabilizou as operações de resseguros no Brasil como tambem construiu o mercado primário de seguros à sua volta, o que antes não existia. Grandes seguradoras nacionais foram formadas ao longo dos anos e ate hoje subsistem mesmo que tenham se associado a grupos

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estrangeiros do setor. [...] Durante a existência monopolista, o IRB aprimorou a sua tecnica e desempenhou papel catalisador no mercado, suplantando ate mesmo as seguradoras em tecnologia de conhecimento relativas aos diversos contratos ou ramos de seguros.

(POLIDO, W., 2010, p. 212-213)

Quando a Constituição Federal de 1988 foi promulgada, embora tenha revogado as cartas-patentes8 para seguradoras, o que permitiu a novas seguradoras ingressarem no mercado (IRB BRASIL RE), seu conteúdo não alterou o modelo econômico de monopólio no setor de resseguros no Brasil9. A teleologia do artigo 192 da Constituição Federal do Brasil, introduzido pelo constituinte originário primário, à época, foi criar diretrizes e regras para a organização do sistema financeiro nacional. Tais regras tinham natureza conservadora/centralizadora do ponto de vista econômico, inclusive tratando o capital estrangeiro com receio10.

Pinto Ferreira (1994) comentou a redação constitucional do dispositivo supraci-tado à época:

Para conseguir o desenvolvimento nacional equilibrado dentro das bases do sistema financeiro brasileiro, que deverá estar devidamente enquadrado na estru-tura econômica, social e cultural do País, e indispensável um sistema tributário adequado e o controle das riquezas nacionais pela própria comunidade.

(PINTO FERREIRA, L., 1994, p. 532)

Até o momento não estava traçado o caminho a ser percorrido para a abertura do mercado de resseguros. Para compreender a quebra do monopólio de resseguros e analisar alguns de seus efeitos, os marcos legais desse processo serão examinados.As primeiras mudanças mais significativas, que objetivamente representaram avanços nesse sentido, se materializaram por meio de duas medidas, de natureza administrativa e jurídica.

8 Trata-se de um “documento oficial que concedia às seguradoras o direito de operar em seguros. Na atua-lidade, a autorização de funcionamento de seguradoras prescinde deste documento, não mais utilizado”. Disponível em: <http://www.mrxconsignados.com.br/Glossario-Detalhe.aspx?palavra=CARTA-PA-TENTE>. Acesso em: 23 nov.14.

9 A Constituição, em sua redação original do artigo 192, II, estipulava a existência do “órgão oficial resse-gurador”, referência direta ao IRB e que manteve o status quo da estrutura do mercado ressegurador no Brasil.

10 Artigo 192, III, “a”, Constituição Federal de 1988, redação atualmente revogada.

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MARCOS LEGAIS DA ABERTURA DO MERCADO DE RESSEGUROS

O cenário de monopólio estatal, descrito no subcapítulo supra, começou a modi-ficar-se com a decisão acerca da inconstitucionalidade da Resolução CNSP nº 14/86, que impedia que o capital estrangeiro participasse com mais de 50% do capital ou um terço das ações de seguradora brasileira. A decisão foi alcançada em âmbito adminis-trativo, por meio de parecer da Advocacia Geral da União, em resposta a consulta do Ministro da Fazenda sobre a possibilidade de autorização para o funcionamento de empresa seguradora estrangeira nos ramos vida/previdência. O Parecer GO-104 foi o respaldo legal para que, imediatamente, mais de 20 empresas estrangeiras entrassem no Brasil a partir de junho de 1996.11

Outra modificação foi fundamental.A Emenda Constitucional nº 13, de 21 de agosto de 1996,de natureza supressiva, retirou do texto constitucional a expressão “órgão ressegurador oficial”12, que fazia referência direta ao IRB. Dessa maneira, o modelo monopolista foi flexibilizado13, pois constitucionalmente sua existência não era mais mandatória, o que, em última análise, tornou possível que a concorrência no setor fosse melhor desenvolvida, sob ponto de vista normativo.

Entretanto, havia basicamente três grandes entraves à época para que o mercado efetivamente fosse aberto e competitivo.

O primeiro entrave é de natureza normativo-constitucional: por mais que o Poder Constituinte derivado em 1996 tenha relativizado a estrutura monopolista estatal do setor, o arcabouço jurídico do sistema financeiro nacional se manteve na Carta Magna. Por isso, dificilmente um agente econômico externo do setor viria para o Brasil sob a lógica jurídica de que seus investimentos nas instituições financeiras14 deveriam objetivar prioritariamente os interesses nacionais15.

11 CNSEG. Mercado. Site. Disponível em:<http://www.cnseg.org.br/cnseg/mercado/historia-do-seguro/no-brasil.html>. Acesso em: 25 nov.14.

12 Dentre outros termos presentes no inciso II do artigo 192 da Constituição. A redação anterior era: “Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País

e a servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre: II – autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e capitalização, bem como

do órgão oficial fiscalizador e do órgão oficial ressegurador”. A redação dada pela emenda nº 13 de 1996 foi: 13 “Art. 192. ......................................................................................................................................................... II – autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, resseguro, previdência e capitalização,

bem como do órgão oficial fiscalizador.” 14 Resseguradoras são uma espécie de instituição financeira15 Em específico, o artigo 192, caput, III, “a”, da Constituição.

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Nesse sentido, se observa o que dispõe Ribeiro (2006), ao comentar o período inicial de flexibilização do mercado:

A liberaçao do mercado ressegurador brasileiro foi delineada de forma a proteger quem decida investir localmente. A manutençao de higidez do sistema financeiro foi um fator relevante para essa escolha, embora pareça que os elementos de maior peso tenham sido na necessidade de valorizar o IRB no momento de sua privatizaçao, bem como o desejo de proteger o mercado local, atrair investimentos para nosso país e evitar a evasao de divisas pela remessa de prêmios a resseguradores estrangeiros.

(RIBEIRO, A.C., 2006, p. 48-49)

O segundo problema é de natureza regulatória. A SUSEP ainda não tinha sido instituída como o órgão regulador do setor de resseguros, portanto, o IRB conservava suas prerrogativas reguladoras. Tal questão operacional notoriamente viola uma equâ-nime concorrência com eventuais resseguradores estrangeiros ou nacionais. Afinal, quem se sujeitaria a concorrer com aquele que é agente econômico e ao mesmo tempo determina as regras do jogo?16

O terceiro desafio foi à forma normativa, pois de acordo com o disposto no artigo 192 da Constituição Federal, a regulamentação do setor só poderia ser implementada via Lei Complementar, e não mera Lei Ordinária17. Essa formalidade resultou no ques-tionamento da Lei nº 9.932/99 (que regulamentou a atividade de resseguros no território nacional18) no Supremo Tribunal Federal, por meio da ADI nº 2.223/99. O principal argumento19 contrário à lei em questão foi que uma lei ordinária não poderia disciplinar o que era matéria de lei complementar, tendo como premissa que o sistema de seguros pertence ao sistema financeiro nacional, nos termos do artigo 192 da Constituição20.

16 A transferência dos poderes regulatórios do IRB para a SUSEP apenas ocorreu em novembro de 1999, com a promulgação da Lei Ordinária nº 9.932/99.

17 Em relação ao quórum de aprovação, temos que a lei complementar exige maioria absoluta, nos temos do artigo 69 da Constituição. Por outro lado, a lei ordinária exige apenas maioria simples, de acordo com o artigo 47 da Constituição. Fonte: BRASIL. Constituição de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 23 nov.14.

18 A Lei nº 9.932/99 disciplinou como seria aberto o mercado, definindo, inclusive, as modalidades de atuação dos resseguradores: locais, admitidos e eventuais.

19 ADI 2223, MC, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, j. em 10.10.02, p. DJ 05-12-2003 PP-00018 EMENT VOL-02135-05PP-00788.

20 A Emenda Constitucional nº 40, de 2003, alterou o artigo 192 da Constituição, fato que levou o STF a declarar prejudicada a referida ADI, pois foi instaurada com base na redação antiga do supracitado dispositivo.

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Nesse sentido, os obstáculos constitucionais corroboraram com um ambiente conturbado para que o mercado pudesse se desenvolver aos níveis que atualmente se encontra. De fato, a Emenda Constitucional nº 13, de 1996, foi um passo importante, porém, materialmente, o mercado ganhou fôlego somente a partir da Emenda Consti-tucional nº 40, de 2003 (“EC nº 40”).

Segundo Moraes (2005), a EC nº 40 representou a “desconstitucionalização do conteúdo básico da matéria referente a todo o sistema financeiro nacional” (MORAES, A. de., 2005b. p. 722). Dessa forma, as instituições financeiras se beneficiaram por não estarem diretamente envolvidas em disposições específicas do sistema constitucional que eventualmente engessam a atividade negocial das empresas por sua hierarquia e difícil alteração.

A EC nº 40 garantiu maior autonomia para cada setor do sistema financeiro nacional ao determinar que não mais uma única lei complementar iria regulamentá-lo, possibilitando a promulgação de outras, distintas, para seus peculiares assuntos21. Nesse sentido, houve um ganho de especificidade, pois cada lei complementar pode ser desenvolvida e regulamentada com mais precisão, o que, em última análise, torna menos duvidosa a sua interpretação e organiza com mais clareza a topografia dos seus respectivos conteúdos.

Neste contexto regulatório, em 17 de abril de 2007, foi promulgada a Lei Comple-mentar nº12622 (LC 126), que deu afim a 69 anos de monopólio no mercado de resseguros do Brasil, e que é atualmente o marco legal geral do setor de resseguros.

Além de abrir o mercado de resseguros, a LC 126 determinou as formas que os resseguradores devem adotar para operar no Brasil. Riscos brasileiros apenas podem ser transferidos ao exterior (via resseguro ou retrocessão) quando se tratar de empresas que

21 Alexandre Moraes explica: “Outra importante previsão foi a expressa determinação de desnecessidade de lei complementar única para

disciplinar todo o sistema financeiro nacional. A nova redação do caput do artigo 192 da Constituição Federal, dada pela EC nº 40/03, expressamente, prevê sua regulamentação por leis complementares. Ressalte-se, porém, que o texto constitucional anterior não previa expressamente a obrigatoriedade da regulamentação do sistema financeiro nacional a ser realizada por uma única e específica lei complementar”, diz ele, acrescentando que a alteração foi realizada para evitar futuras contestações jurídicas. Fonte: MORAES, Alexandre de. Consti-tuição Brasileira interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2005a. p. 1.876.

22 “Dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e as operações em moeda estrangeira do setor securitário; altera o Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, e a Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990; e dá outras provi-dências”, conforme texto da própria Lei.

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se configurem nas seguintes categorias (BRASIL): ressegurador local23, ressegurador admitido24 ou ressegurador eventual25, devidamente registradas na SUSEP.

Maria Elena Bidino26, em entrevista concedida ao autor, comenta27:

A discussao da quebra do monopólio de resseguro no Brasil se arrastou por decadas. Entretanto, o marco legal a partir do qual se iniciou a delinear a abertura do mercado de resseguro no Brasil ocorreu com a EC 13/96. As preo-cupações tinham várias cores e tonalidades que se traduziram em objetivos: proteger o mercado brasileiro de seguros contra aventureiros; permitir a pluralidade de oferta de resseguro, atraindo resseguradores tradicionais com sólida saúde financeira e reputação; mitigar o risco de crédito e o risco opera-cional das seguradoras brasileiras habituadas com o regime de monopólio; profissionalizar os técnicos de seguro para operar no mercado livre; evitar que se operasse o resseguro para carteiras domesticas, como, por exemplo, a carteira de auto, tradicionalmente retida no mercado nacional; incentivar a constituições de empresas de resseguro com capital nacional; criar um mercado brasileiro de resseguro.

Com vistas a criar um mercado de resseguros nacional, a lei de abertura do mercado de resseguros exigiu que as cedentes dessem preferência aos resseguradores locais, garantindo que fossem oferecidos 60% de todo e qualquer cessão de resseguro às empresas resseguradoras locais, nos três primeiros anos, a contar da data da publicação da LC 126/2007, em 15 de janeiro de 2007, e depois 40%. Essa lei de preferência, em conjunto com a fixação do limite global de cessão e do limite máximo de cessão ao ressegurador eventual, atraiu tanto resseguradores estrangeiros a se instalarem no País como incentivou a criação de empresas brasileiras resseguro.

23 “Ressegurador sediado no País constituído sob a forma de sociedade anônima, tendo por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão”, conforme texto da própria Lei.

24 “Ressegurador sediado no exterior, com escritório de representação no País que, atendendo às exigências prevista na Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrado como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão”, conforme texto da própria Lei.

25 “Empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem escritório de representação no País que, atendendo às exigências prevista na Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrada como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão”, conforme texto da própria Lei.

26 Maria Elena Bidino é Superintendente de Relações com o Mercado da Confederação Nacional de Seguros.27 Entrevista realizada por e-mail em 19 nov.14 (ver Anexo 15).

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Em entrevista concedida ao autor, Bernardo Weaver28 reflete sobre o processo de abertura do mercado de resseguros e explica que29:

Se o mercado abrir muito, os estrangeiros entram, pegam todos os melhores profissionais locais e os brasileiros ficam sendo empregados de firmas estran-geiras. Isso nao me parece ideal para o mercado brasileiro.Se, por outro lado, o mercado fica muito fechado, o segurador e ressegurador local ficam muito acomodados, e seguem fazendo negócio da mesma maneira de sempre... Inovaçao e um negócio difícil de ser implantado na indústria de seguros, que e uma indústria conservadora por excelência. Ainda mais no Brasil.Assim, e que e importante atingir o meio-termo desta relaçao. O governo abriu o mercado, mas fez exigências pesadas de capital para os estrangeiros. Houve muita reclamação do exterior. Por isso, acabou ficando um pouco incompleto. A SUSEP também impôs um limite de 40% do risco ter que ser subscrito por players locais. Isso colocou os brasileiros com a capacidade de precificar a garantia, diminuindo a vantagem de capital que os estrangeiros têm30.Ou seja, a questao e a seguinte: como abrir o mercado? Abrir totalmente e deixar que os estrangeiros dominem tudo? Ou fechar total, e manter a inercia local? A SUSEP está trabalhando com o mercado para conseguir chegar em um ponto de equilíbrio. Mas isso e mais uma arte do que uma ciência.

Bidino esclarece a proteção concedida ao mercado de resseguros local:

O modelo escolhido pelo Brasil definiu também privilégio para oferta obri-gatória de resseguro para os resseguradores locais. Com isso, preservou a condiçao do IRB Brasil Re, como incentivou a constituições de empresas nacionais. Como resseguradores locais, em novembro de 2014, existem 16 empresas, que sao submetidas ao controle e comando dos órgaos regulador e supervisor do Brasil. Conjugadas com a restrição de 20% [de] cessão entre empresas do mesmo grupo31, as condições da abertura [levaram] à criaçao do mercado de resseguro nacional.

28 É advogado do Banco Mundial em Washington D.C., possui LL.M. em Direito Financeiro pela University of Connecticut School of Law nos EUA e MBA em finanças da Wharton School of Business.

29 Entrevista realizada por e-mail em 19 nov.14 (ver Anexo 15).30 Bernardo Weaver está se referindo à alta taxa de juros brasileiros, que faz com que os empréstimos que os

estrangeiros fazem para investir dinheiro no Brasil se tornem mais competitivos do aqueles tomados por brasileiros.

31 Bidino faz referência à restrição contida na Resolução CNSP nº 232, de 2011, que altera a resolução CNSP nº 168, a qual passa a vigorar com o artigo 14, §4º: “A sociedade seguradora ou o ressegurador local não poderá transferir, para empresas ligadas ou pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro sediadas no exterior, mais de 20% (vinte por cento) do prêmio correspondente a cada cobertura contratada.”

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O Mercado de Resseguros Brasileiro • 25

O desenvolvimento dos mercados globalizados reduziu as fronteiras para os novos negócios.Ao mesmo tempo, o advento de novas tecnologias fomentou ainda mais as parcerias internacionais entre os agentes econômicos. A grande revolução do modelo econômico no mercado securitário brasileiro se deu com a abertura do mercado de resseguros, em 2007.

Até essa data, todas as operações de resseguro eram realizadas pelo IRB Brasil Re, o qual se relacionava com o mercado internacional correspondente. Excepcional-mente, conforme previsto no Decreto-Lei nº 73/66, aquela instituição autorizava as próprias seguradoras a negociarem diretamente seus riscos no exterior, caso não fosse de interesse nacional a subscrição dos mesmos no País. Essa estrutura de interconexões de negócios pode ser representada, conforme Anexo 632.

Atualmente, o IRB Brasil Re atua como um player privado33 no mercado de resseguros, sob a figura de um ressegurador local, competindo com os demais resse-guradores autorizados a operar no mercado brasileiro. Chaim (2008) explica que as operações se tornaram mais complexas, em virtude do leque de opções que as seguradoras poderiam dispor para realizar seus negócios, conforme representação no Anexo 7 (CHAIM, M.M., 2008).

As seguradoras, nesse novo cenário de competição, passaram a poder atuar com mais liberdade e a implementar com mais eficiência seus propósitos negociais. Hoje, uma seguradora constituída no Brasil não está determinada a realizar seus negócios única e exclusivamente com um ressegurador. É viável escolher entre 120 ressegura-doras registradas na SUSEP (SUSEP), todas habilitadas para fazer negócios no Brasil, observando as normas em vigor, para, dentre outras operações:

• transferir riscos para uma resseguradora internacional localizada fora do Brasil (fazendo negócios no País sob a figura de ressegurador eventual ou admitido);

• constituir uma resseguradora internacional fora do Brasil, para segurar seus próprios riscos e/ou riscos internacionais em geral.

32 Apresentação de slide do Diretor Murilo Matos Chaim, sob o título “Marco regulatório do mercado de resseguros”, em outubro 2008.

33 O IRB foi definitivamente privatizado em 20 ago.13, a partir da sua 42ª Assembleia Geral Extraordinária. A União possui uma Golden Share.

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26 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A moldura regulatória da abertura de resseguro composta pela LC 126 e pelas Resoluções do CNSP nº 168/07 e 232/11, principalmente, foram responsáveis pela construção de um mercado brasileiro de resseguro, mantendo íntegra a permanência do ressegurador nacional, IRB Brasil Re.

O período do final de 2010 e início de 2011 foi marcado por importantes regu-lamentações por parte da SUSEP. A Resolução CNSP nº 225/10 determinou que as seguradoras deveriam contratar com resseguradores locais 40% de “cada cessão de resseguro em contratos automáticos ou facultativos”, ao invés da redação anterior, que determinava a oferta preferencial. A restrição da Resolução CNSP nº 232/11 fez com que as sociedades seguradoras e resseguradores locais pudessem transferir no máximo 20% do prêmio correspondente a cada cobertura contratada para empresas ligadas ou pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro sediadas no exterior. Exceções são os ramos de garantia, crédito interno e exportação, rural e riscos nucleares.

Verifica-se um impacto econômico relevante desses normativos no mercado de resseguros. O gráfico no Anexo 20 demonstra uma grande inversão de tendências mercadológicas entre as resseguras estrangeiras e o IRB Brasil Re (TERRA BRASIS RESSEGUROS).

Ainda assim, a participação das resseguradoras estrangeiras continuou tendo muito espaço no recém-constituído mercado brasileiro de resseguro. Os efeitos dessa abertura trouxeram os benefícios esperados também para as grandes empresas que precisam da capacidade internacional de resseguro para contratar suas apólices de seguros: a competição entre os diversos resseguradores presentes hoje no mercado brasileiro, aliada ao excesso de capital disponível internacionalmente, favorece a redução dos custos de resseguro/seguro e permite o acesso à expertise internacional, ao know-how disponível para as seguradoras atenderem aos segurados.

Nas palavras de Bidino, na mesma entrevista supra concedida ao autor:

Depois de sete anos, podemos considerar atendidos os objetivos traçados, a partir do modelo escolhido para abertura, que estabeleceu parâmetros e condições de operaçao de resseguradores, divididos em três categorias: locais, admitidos e eventuais, o que favoreceu às empresas de resseguro escolher a melhor alternativa dentro de sua estrategia de negócios para o Brasil e America Latina [sic].O modelo brasileiro de abertura do mercado de resseguro criou um mercado brasileiro de resseguro; trouxe ingresso de capital estrangeiro, beneficiado pelas altas taxas de juros vigentes no Brasil, como favoreceu o mercado de trabalho, principalmente para atender às empresas de resseguro locais e admitidas e os corretores de resseguro, que nao existiam como classe nos tempos de monopólio.

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O Mercado de Resseguros Brasileiro • 27

As empresas registradas na SUSEP até novembro de 2014, nas três categorias de resseguradores, totalizam 120 (16 locais, 34 admitidos e 70 eventuais, além de 24 corretoras de resseguro. Ver Anexo 8) (SUSEP).

Robert Romano34, em entrevista concedida ao autor, entende que35:

O mercado do brasileiro está abrindo. Isto e muito útil para o mercado e para a economia geral do País. Reguladores de seguros tendem a atrair novos opera-dores quando estes investidores se sentem confortáveis com a transparência e acessibilidade do regulador. Alem disso, o mercado tende a amadurecer e melhor atender às necessidades locais, quando a legislaçao permite segura-doras estrangeiras atender aos riscos domesticos, quando esses riscos nao podem ser atendidos dentro do País.

A abertura do mercado de resseguros posicionou o Brasil como um player inter-nacional no mercado securitário com maiores possibilidades de fazer negócios e ser mais competitivo.

No ano de 2013, o mercado segurador brasileiro apresentou crescimento consoli-dado de 13% em relação a 2012, e receita global em prêmio e contribuições de R$ 214,1 bilhões. Isso representa uma participação equivalente a 6,07% dos R$ 4,844 trilhões do PIB brasileiro. Em 2008, a participação do setor de seguros era equivalente a 4,87%, ou seja, houve um crescimento acumulado de 24,6% da participação do setor segurador no PIB ao longo dos últimos cinco anos (CNSEG).O gráfico no Anexo 9 traz o histórico da arrecadação por segmento (CNSEG).

O mercado brasileiro de seguros é operado por 165 empresas. O Anexo 11 mostra a quantidade de empresas em cada segmento do mercado de seguros (CNSEG).

O gráfico no Anexo 9, por sua vez, demonstra a evolução do prêmio de resseguro no período entre 2009 e 2013, e a recuperação das indenizações de sinistros nesse mesmo período (CNSEG). A partir desse gráfico pode-se inferir que o mercado segu-rador brasileiro dispõe de capacidade financeira para reter cerca de 97% da produção. A operação de resseguro, que corresponde a 3% da produção da indústria brasileira de seguro, refere-se à cobertura de grandes riscos, tais como riscos aeronáuticos, de petróleo e parques industriais, entre outros.

34 Sócio do escritório de advocacia Locke Lord em Nova Iorque, milita na área de seguros e resseguros inter-nacionais. Website do Locke Lord LLP: <http://www.lockelord.com/rromano>. Acesso em: 23 nov.14.

35 Entrevista realizada por e-mail, em 19 nov.14 (ver Anexo 15).

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28 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

A recente Resolução nº 325/15 do CNSP, publicada em 03 de agosto de 2015, foi uma surpresa no mercado de resseguros. Ela alterou, principalmente, as regras de:

a) Limites de transferência de riscos para empresas ligadas ou pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro sediadas no exterior: a sociedade seguradora ou o ressegurador local poderão transferir riscos, para empresas ligadas ou perten-centes ao mesmo conglomerado financeiro sediadas no exterior, observados os seguintes limites máximos do prêmio correspondente a cada contrato automático ou facultativo:

1. 20% (vinte por cento), até 31 de dezembro de 2016;2. 30% (trinta por cento), a partir de 1º de janeiro 2017;3. 45% (quarenta e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2018;4. 60% (sessenta por cento), a partir de 1º de janeiro de 2019;5. 75% (setenta e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2020.

b) Contratação obrigatória de resseguro com as resseguradoras locais: a sociedade seguradora ofertará preferencialmente a resseguradores locais, ao menos, 40% de sua cessão de resseguro a cada contrato automático ou facultativo; e contratará, obrigatoriamente, no mínimo, os seguintes percentuais de cessão de resseguro para resseguradores locais a cada contrato automático ou facultativo:

1. 40% (quarenta por cento), até 31 de dezembro de 2016; 2. 30% (trinta por cento), a partir de 1º de janeiro de 2017; 3. 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2018; 4. 20% (vinte por cento), a partir de 1º de janeiro de 2019; 5. 15% (quinze por cento), a partir de 1º de janeiro de 2020.

Essa alteração faz com que os principais itens da regulamentação do setor de resse-guro retornem àquelas implantadas na época da abertura, revogando, gradativamente até 2020, as alterações introduzidas no final de 2010 e início de 2011, que tornaram a oferta local preferencial de 40% em colocação obrigatória e que limitaram a 20% o resseguro e a retrocessão intragrupo ao exterior.

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O Mercado de Resseguros Brasileiro • 29

ORGANIZAÇÃO DO MERCADO BRASILEIRO DE RESSEGURO

Para operar no mercado brasileiro de resseguro, as empresas devem obedecer aos requisitos estabelecidos na LC 126/07 e demais normas infralegais, que contemplam três categorias de empresas de resseguro registradas na SUSEP. Neste subcapítulo serão apresentados os principais elementos que diferenciam as exigências para cada uma das categorias resseguradoras:

a) Resseguradores locais: empresas constituídas no Brasil, reguladas pelos órgãos regulador e supervisor do mercado brasileiro de seguros, CNSP e SUSEP, com exigência de 60 milhões de reais de capital mínimo para iniciar suas operações;

b) Resseguradores admitidos: empresas estrangeiras sediadas no exterior, com escritório de representação no Brasil. Deve ter conta vinculada à SUSEP com valor mínimo de US$5 milhões; declaração da autoridade supervisora de seguros e resseguros do país de origem, atestando que o ressegurador está constituído, segundo as leis do seu país de origem, para subscrever resseguros locais e inter-nacionais há mais de cinco anos; capital mínimo não inferior a US$ 100 milhões; classificação obtida em agências de classificação de risco selecionadas pelo CNSP, de acordo com o nível mínimo estabelecido.

c) Ressegurador eventual: empresas estrangeiras sediadas no exterior, sem escritório de representação no Brasil. Deve ter declaração da autoridade supervisora de seguros e resseguros do país de origem, atestando que o ressegurador está cons-tituído, segundo as leis do seu país de origem, para subscrever resseguros locais e internacionais há mais de cinco anos; capital mínimo não inferior a US$ 150 milhões; classificação obtida em agências de classificação de risco selecionadas pelo CNSP, de acordo com o nível mínimo estabelecido; e necessita designar procurador, domiciliado no Brasil.

As condições de operação de resseguro para o ressegurador eventual fixam limites de 10%36 da cessão anual global da cedente, com exceção dos prêmios cedidos nos ramos de garantia de obrigações públicas e riscos de petróleo, cujo limite é 25%37.

36 Artigo 1º do Decreto nº 6.499, de 2008.37 Artigo 1º da Resolução CNSP nº 203, de 2009.

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30 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

O quadro sintético do Anexo 18 apresenta as condições estabelecidas nos norma-tivos para registro de resseguradores junto à SUSEP, de acordo com as três categorias de resseguradores aprovadas na LC 126 – Local, admitido e eventual38.

Tendo em vista que a operação de resseguro é uma pulverização do risco no mercado internacional, a LC 126/07 não traz qualquer discriminação às empresas estrangeiras para sua atuação no Brasil.

Entretanto, é importante destacar que as empresas de resseguro sediadas em para-ísos fiscais só podem se estabelecer no País como resseguradores locais ou registradas como resseguradores admitidos, observadas as demais condições estabelecidas, não lhes sendo facultado o registro como resseguradores eventuais.

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DAS OPERAÇÕES DE RESSEGURO39

No campo jurídico-regulatório, explicado no subitem anterior, a LC 126/07 organizou o mercado de resseguros em três categorias de resseguradores. A incidência tributária referente a essas operações é diferenciada para cada uma das modalidades de resseguro, conforme a seguir desenvolvido:

Tratamento Tributário do Ressegurador Local

O ressegurador local é uma empresa constituída no Brasil, sob as condições estabelecidas na LC 126/07. As operações de resseguro com o ressegurador local estão sujeitas às seguintes tributações: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IPRJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)40, contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), além do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para quando houver as operações de câmbio.

38 Apresentação de slide do Diretor Murilo Matos Chaim, Op. Cit.39 As descrições, informações e explicações presentes neste subcapítulo foram extraídas do parecer apresen-

tado pelo escritório de advocacia Gouvêa Vieira, em 29 jan. 08, à FUNENSEG.40 Equiparada a uma instituição financeira. A alíquota não é de 9%, é de 15%.

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O Mercado de Resseguros Brasileiro • 31

Portanto, conforme esclarece Arruda (2008)41, o ressegurador local está sujeito às mesmas regras de tributação que pessoas jurídicas domiciliadas no País, inclusive no que se refere aos rendimentos das aplicações dos recursos vinculados às provisões técnicas e, quando for o caso, às regras especiais aplicáveis às seguradoras, por força do disposto no parágrafo único do artigo 4º do Decreto-Lei nº 73/66.

Tratamento Tributário do Ressegurador Admitido

O ressegurador admitido é uma empresa estrangeira que instalou um escritório de representação no Brasil, sujeito às condições estabelecidas na Resolução CNSP nº 168/07, que regulamentou a LC 126/07.

Caso o escritório de representação não faça a subscrição do risco, as operações de resseguro com o ressegurador admitido estão sujeitas às seguintes tributações: Imposto de Renda na Fonte, contribuições para o PIS e para o COFINS, além do IOF para as operações de câmbio. Os rendimentos das aplicações dos recursos vinculados às garantias dos riscos assumidos serão tratados, para fins do Imposto de Renda na Fonte, como auferidos no exterior.

Entretanto, alerta Arruda (2008)42, na hipótese de o escritório de representação deter poderes para subscrever risco no País, haverá a possibilidade de enquadramento das operações em questão nos artigos 146, inciso I; 147, inciso II; 253 e 598 do Regula-mento de Imposto de Renda (RIR/99). Para outros fins, será determinado ao escritório de representação o mesmo tratamento tributário aplicado a uma empresa nacional.

Tratamento Tributário do Ressegurador Eventual

O ressegurador eventual é uma empresa estrangeira que não tem escritório de representação no Brasil. As operações de resseguro com o ressegurador eventual estão sujeitas às seguintes tributações: Imposto de Renda na Fonte, contribuições para o PIS e para o COFINS, além do IOF para as operações de câmbio.

O ressegurador eventual, como resume Arruda (2008)43, está sujeito, em princípio, ao mesmo tratamento tributário aplicado aos residentes no exterior pela legislação reguladora do Imposto de Renda.

41 Conforme o tributarista Luiz Henrique de Barros Arruda, em parecer apresentado à FUNENSEG pelo escritório de advocacia Gouvêa Vieira Advogados, denominado “Aspectos tributários relativos à atividadede resseguro”, em 29 de janeiro de 2008.

42 Idem.43 Idem.

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32 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Tendo-se evidenciado que a abertura do mercado de resseguros proporcionou benefícios para as empresas seguradas e condições mais competitivas para as ressegu-radoras, o capítulo seguinte destina-se à análise do contexto de negócios securitários em uma jurisdição exemplificativa, qual seja, Porto Rico, a fim de investigar as condi-ções imponíveis às empresas sediadas naquele país ao participarem de operações de resseguro no Brasil.

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Este capítulo apresenta o mercado de seguros e resseguros de Porto Rico, que chama a atenção pela plasticidade com que se molda à atualidade. Por um lado, o referido mercado incentiva negócios, ao permitir estruturas societárias eficientes, e cria normas que garantem segurança jurídica e tributação amigável para atividades econômicas estratégicas para o país. Por outro lado, Porto Rico apresenta forte regu-lação em relação à transparência, regras impostas pelo Fisco dos EUA (IRS) e ao que as leis federais norte-americanas determinam. É modelo de negócios que atende a sérios critérios regulatórios ao mesmo tempo que promove e fomenta negócios.

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

Em 2005, Porto Rico, uma jurisdição latino-americana que faz parte dos Estados Unidos, fez entrar em vigor uma nova legislação, para se projetar na competição global de jurisdições que oferecem um amigável ambiente de negócios e uma plataforma fiscal eficiente para as seguradoras internacionais1. Porto Rico formulou regras com carac-

1 OFICINA DEL COMISSIONADO DE SEGUROS. International and Offshore Insurance Center of Puerto rico. Site. Disponível em: <http://www.ocs.gobierno.pr/ocspr/documents/international/A%20New%20Alternative%20to%20Offshore%20Insurance%20Markets%20-%20English.pdf>. Acesso em: 28 nov.14.

O Contexto de Negócios Securitários em Porto Rico

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34 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

terísticas semelhantes a países como Bermudas, Barbados, Ilhas Cayman, Gibraltar, entre outras regiões que ofertam baixa tributação e regulação flexível para operações de seguro “offshore”. Devido ao seu status especial dentro dos Estados Unidos, foram observadas proteções e a segurança que os Estados Unidos proporcionam aos ambientes de negócios securitários realizados em seu território.

A área se destaca entre as ilhas caribenhas por sua proximidade dos EUA, a cerca de 1.050 milhas de Miami e a apenas três horas de voo de Nova York (KEVANE). A ilha indica uma relação orgânica com o território norte-americano. O fluxo aéreo é de 4.300 voos de carga por mês e 1.800 voos de passageiros por semana, sendo que o aeroporto Internacional Luis Muñoz Marín (localizado a uma distância de cinco quilômetros da capital San Juan) proporciona contato com mais de 19 cidades nos EUA, além de Caribe, América do Sul e Europa (BAGUÉ, A.B., 2013). Em 2013 foram registrados 2.124 voos entre Porto Rico e os EUA (TRANSTATS).

As leis de Porto Rico (em específico, as Leis nº 399 e 400, de 2004) permitem a criação de holdings de seguros, seguradoras e resseguradoras especiais para negociar riscos externos2. Essas empresas estão livres da maioria dos regulamentos que se aplicam às seguradoras/resseguradoras domésticas que cobrem riscos internos de Porto Rico. Pagam um modesto Imposto de Renda porto-riquenho de 4% sobre o lucro líquido (após o primeiro US$ 1,2 milhão de receita), sem imposição de Imposto de Renda Federal dos Estados Unidos.

Embora seguradoras/resseguradoras em lugares semelhantes, como Bermudas, não paguem qualquer Imposto de Renda, estas lidam com outras circunstâncias comerciais que muitas vezes podem onerar suas operações, a exemplo de altos custos, imigração restritiva3, práticas trabalhistas e limitação de profissionais e recursos financeiros para servir às seguradoras locais.

Ademais, enquanto os investidores de outras jurisdições precisam rever as leis locais sistematicamente, para avaliar a estabilidade e majorar os mecanismos legais disponíveis nesses lugares, Porto Rico oferece a proteção integral de uma jurisdição dos Estados Unidos, incluindo a cobertura pela moeda norte-americana e suas leis bancárias, de mercado de capitais, entre distintas leis federais.

Outro diferencial que a ilha apresenta é facilitar negócios entre si e países da América Latina, em virtude da capacidade bilíngue (AXCO) (inglês e espanhol) da região. A resultante é uma ponte entre os mercados latino-americanos e os norte-americanos.

2 Essas seguradoras podem aceitar resseguro, assim como alguns riscos específicos de Porto Rico. 3 Os residentes de Porto Rico são cidadãos norte-americanos. Possuem livre trânsito entre Porto Rico e os

EUA, assim como cidadãos dos EUA podem circular sem problemas por Porto Rico.

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O Contexto de Negócios Securitários em Porto Rico • 35

Aliada à identidade linguística e à raiz latina, o promissor mercado porto-riquenho possui uma desenvolvida capacidade humana de receber negócios de seguros. Conforme dados do Conselho de Educação de Porto Rico, de 2011 a junho de 2012, houve mais de 50 mil graduados nos diversos programas educação superior, oito mil em programas de administração de empresas4.

Estão presentes em Porto Rico dez bancos comerciais, com mais de US$ 63 bilhões em ativos (OCFI), cuja atividade está intimamente ligada ao mercado de seguros, conforme a corretora Willis (2008) explica:

A habilidade dos bancos e das seguradoras em transformar, por meio das PCCs, produtos bancários em produtos de seguros e vice-versa, tem gerado grande desenvolvimento, assim como tem incentivado ativamente a fusao dos universos bancários e de seguros.

(WILLIS, 2008, p. 2)

Rubén Gely, em entrevista ao autor, explica que o setor financeiro e o securitário estão intimamente correlacionados. Algumas interfaces, segundo o regulador, são “contas comerciais, letras de crédito, certificados de depósitos, contas de custódia e serviços de trust”.

O entrevistado afirma, ainda, que5:

Após a legislação do Gramm Leach Bliley, a maioria, se não todos os bancos, estendeu suas operações para o setor de seguros,por meio de uma ou mais subsidiárias como intermediários de seguros (Agente General, Representante Autorizado ou Produtor). Banco Popular, o principal banco no Porto Rico, também tem uma filial Resseguro.6

A Legislação de Porto Rico inclui um Centro Bancário Internacional, também com amplas isenções fiscais, o que facilita, em termos de estruturas operacionais, a realização de negócios bancários e securitários na base prudencial domiciliar7.

4 Conforme dados do Consejo de Educación de Puerto Rico, Área de Evaluación, Planificación, Estadística e Investigación – Compendio estadístico sobre la educación superior de Puerto Rico.

5 Entrevista feita por e-mail em 17 out.14, disponível no Anexo 15.6 Tradução livre.7 Apresentação de slides do Commonwealth Of Puerto Rico Office Of The Commissioner Of Insurance

International Insurance Center, 2007.

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36 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Além do capital humano e da presença de empresas financeiras, a infraestrutura física da ilha apresenta desenvolvida malha rodoviária, portuária e aérea, que beneficia não só o deslocamento de mercadoria, mas também de pessoas8.

Com uma economia diversificada, incluindo atividades financeiras e externali-dades infraestruturais positivas para a indústria de seguros, Porto Rico se apresenta como um mercado com alto potencial competitivo.

SISTEMA LEGAL E REGULAÇÃO

Porto Rico é um território integrante dos Estados Unidos9, sujeito à Constituição, às leis federais e à jurisdição federal norte-americanas, à Regulação do Federal Reserve System (“FED”)10 e à Securities and Exchange Commission (SEC)11, etc. Porto Rico é localmente autogovernado, possui um representante na US House of Representatives, que tem voz, porém não vota12.

Além de desfrutar de grande parte da regulação americana, o território possui autonomia tributária e fiscal locais. O “segurador internacional”13 precisa se constituir com base nas leis dessa commonwealth e no Capítulo 61 do Código Securitário de Porto Rico.

A ilha é um forte local de negócios, pois foi desenhada juridicamente para desen-volver essa indústria em seu território. As Leis 39914 e 40015, criadas em 2004 e que entraram em vigor em 2005, são catalisadoras do sistema de fomento aos negócios de seguro e resseguro no país.

8 GDB. Government Development Bank for Puerto Rico. Site. Disponível em: <http://www.gdb-pur.com/economy/fact-sheet.html>. Acesso em: 27 nov.14.

9 O status de commonwealth, desde 1952, é um compromisso entre a independência da ilha e soberania dos Estados Unidos. Em 6 de novembro de 2012, num referendo popular, 65% da população do território aprovou elevar seu status a parte integral do território americano como um estado, dependendo apenas da aprovação do Congresso dos EUA.

10 Banco Central dos EUA.11 Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.12 AXCO. Insurance Market Report. Puerto Rico, Non-Life (P&C), 2014. 13 Inclui seguradoras, resseguradoras, captive and associated captives company structures. 14 International Insurers and Reinsurers Act of Puerto Rico.Trata-se do marco legal para a criação do

Centro Internacional de Porto Rico – seguradoras, resseguradoras ou negócios organizados nesses moldes (holdings, por exemplo) podem importar e exportar serviços relacionados com a indústria de seguros. Essa lei estabelece os requerimentos para: isenções fiscais, autorização de funcionamento e capital mínimo, entre outros, às seguradoras/resseguradoras internacionais instaladas em Porto Rico.

15 Estabelece o tratamento tributário para as seguradoras internacionais autorizadas a operar pelo Centro Internacional de Seguros de Porto Rico.

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O Contexto de Negócios Securitários em Porto Rico • 37

De acordo com o relatório da AXCO (2014):

As leis 399 e 400, de 22 de setembro de 2004, permitiram o estabelecimento de Porto Rico como um centro de cativas offshore, possibilitando que “seguradoras internacionais “ sejam isentas de impostos dos Estados Unidos e de taxas de Porto Rico, sob um ambiente regulatório ao estilo de Bermudas.

(AXCO, 2014, p. 29)

Tais Leis promulgaram o Capítulo 61 do Código de Seguro de Porto Rico e estabeleceram as bases para a criação do Centro Internacional de Seguros de Porto Rico (IIC)16.

O IIC é uma área do Departamento de Seguros de Porto Rico e seu objetivo é fomentar um ambiente competitivo no mercado de seguros e resseguros. À luz de um ambiente regulatório seguro, flexível e com benefícios fiscais, empresas de seguro e resseguro podem cobrir riscos não porto-riquenhos.

Outras atividades empresariais como empresas de investimento, asset managers, são também atraídas pelo IIC, como mecanismo de garantir a infraestrutura opera-cional do negócio de seguros e resseguros no país. Atividades acadêmicas, como o Programa de Educação nas universidades locais, e patrocínio de cursos relevantes para a indústria securitária também são incentivados. Inúmeras oportunidades são criadas para a indústria de seguros de riscos domésticos e também estrangeiros, devido ao seu interesse por negócios e ao curso natural das transações comerciais com a indústria de seguros local.

16 Os propósitos da legislação são: • estruturar a regulação securitária e tributária que incentiva a instalação de seguradoras internacionais

para subscreverem seguros sobre riscos internacionais, resseguro e Porto Rico excess lines risks; • fazer com que Porto Rico contribua para o desenvolvimento global de mercados seguradores; e • utilizar a diferenciada posição de Porto Rico como sendo jurisdição dos EUA, muito embora tenha seu

próprio sistema tributário• tornar-se jurisdição de escolha para: – seguradoras especializadas e resseguradoras em riscos americanos e não americanos; – operações offshore latino-americanas• competir com: Bermudas, Barbados, Cayman Islands, BVI, Panama, etc.

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38 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Segundo Angela Weyne em entrevista concedida ao autor17:

Ao final de 2013, havia 12 seguradoras internacionais fazendo subscrição sob o Centro Internacional de Seguros (IIC), com mais de 100 planos ativos segregados ou acordos de celulas protegidas, todas elas na propriedade (P&C). Nos últimos dois anos, seguradoras internacionais dobraram o total de prêmios emitidos sob o IIC. Para 2013, as seguradoras internacionais expe-rimentaram um crescimento de 127% em comparação aos prêmios emitidos em 2012. Cerca de 50 % do total de prêmios foram derivados de arranjos de celulas protegidas.

(ROIG, Á.W., 2014)

As entidades de seguros internacionais interessadas possuem diversas alternativas de organização e operação apresentadas junto ao IIC. A organização é responsável por aprovar as seguradoras/resseguradoras, que podem ser enquadradas em seis diferentes classes, de acordo com o tipo de risco a ser subscrito, conforme sintetizado na tabela no Anexo 10 (ROIG, Á.W., 2014)18.

Os reguladores de Porto Rico estão envolvidos em diversas organizações que visam a tornar a regulação do setor mais sólida, como por exemplo, a National Asso-ciation of Insurance Comissioners (NAIC)19 e a Asociación de Supervisores de Seguros de América Latina (ASSAL)20. Em virtude da participação na primeira, Porto Rico

17 Ángela Weyne Roig é a Comissária de Seguros para o Commonwealth de Porto Rico. Designada pelo Governador Alejandro Garcia Padilha, em janeiro de 2013. A Comissária Weyne possui mais de 40 anos de experiência nos setores bancário e securitário.

18 A tabela original se encontra no Anexo 10.19 “The National Association of Insurance Commissioners (NAIC) is the U.S. standard-setting and regulatory

support organization created and governed by the chief insurance regulators from the 50 states, the District of Columbia and five U.S. territories. Through the NAIC, state insurance regulators establish standards and best practices, conduct peer review, and coordinate their regulatory oversight. NAIC staff supports these efforts and represents the collective views of state regulators domestically and internationally. NAIC members, together with the central resources of the NAIC, form the national system of state-based insurance regulation in the U.S.” Fonte: NAIC. Site. Disponível em: <http://www.naic.org/documents/about_faq.pdf>. Acesso em: 27 jan.14.

20 “La Asociación de Supervisores de Seguros de América Latina, ASSAL, es un organismo internacional que agrupa a las máximas autoridades supervisoras de la actividad de seguros de Latinoamérica. En él participan 21 países, 19 países latinoaméricanos como miembros de pleno derecho y 2 miembros adhe-rentes, España y Portugal. El año 1979 se aprueba el Estatuto para la creación de ASSAL, en la ciudad de Buenos Aires, Argentina; sin embargo esta iniciativa no se concretará hasta 1991, en la II Asamblea, en la que participan 18 países de América Latina. En el año 2009 ASSAL obtiene personalidad jurídica bajo la legislación chilena, cuyo nombre legal es Corporación Asociación de Supervisores de Seguros de América Latina, ASSAL”. ASSAL. Site. Disponível em:<http://www.assalweb.org/assal_nueva/quienes_somos.php>. Acesso em: 27 nov.14.

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O Contexto de Negócios Securitários em Porto Rico • 39

implementou o Reinsurance Model Act, denominado “Crédito para o Resseguro”. A adoção dessas regras fez parte da acreditação de Porto Rico junto à NAIC. Em detri-mento do segundo, Porto Rico é cossignatário de um Memorando de Entendimentos sobre compartilhamento de informações.

INCENTIVOS TRIBUTÁRIOS

O Public Act nº 98 of 201121 concedeu tratamento fiscal amigável para a seguradora/resseguradora internacional e para Companhia Holding de Seguros, definindo uma alíquota de 4% de Imposto de Renda sobre o resultado líquido acima de US$1.200.000,00 (caso o resultado líquido seja inferior, a alíquota é 0%), e 0% sobre a distribuição de dividendos.

O ato também promoveu segurança para esse incentivo, ao garantir por 15 anos, renováveis por dois adicionais períodos de 15 anos, via decreto de isenção fiscal, o supracitado tratamento tributário.

Em âmbito federal, o US Internal Revenue Code, Section 4371, estabelece uma tributação para seguradoras estrangeiras excise tax (imposto sobre o consumo) com alíquota de 1% para resseguradoras, 4% para seguros por acidente ou títulos por inde-nizações e 1% para seguro de vida, acidente, doença ou contratos de renda. Trata-se de um imposto cobrado sobre o prêmio pago às seguradoras não americanas que cubram riscos americanos (IRS).

O Anexo 19 apresenta uma tabela que compara a incidência de tributos, inclusive o excise tax, entre as jurisdições de Bermudas, Ilhas Cayman, Vermont e Porto Rico

(FERRERÍA, J.N.). A expectativa é a de que haja lobby no Congresso Americano para alterar o Código da Receita Federal, a fim de isentar as entidades sob o IIC do excise tax, em particular, do imposto de 1% sobre os prêmios de resseguro (FERRERÍA, J.N.).

Um sistema tributário amigável é fundamental para a região tornar-se um hub de seguros/resseguros competitivo mundialmente, porém não é suficiente. A organização societária das companhias lá instaladas é outro pilar para que negócios possam se desenvolver na ilha.

21 Lei nº 98, aprovada em 20 de junho de 2011. Disponível em:<http://www.ocs.gobierno.pr/enocspr/documents/international/Ley98-Ingles.pdf>. Acessado em: 27 nov.14.

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40 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

ALGUMAS ESTRUTURAS SOCIETÁRIAS POSSÍVEISAs estruturas empresariais neste subcapítulo buscam exemplificar três modelos de

negócios eficientes que podem surgir no território porto-riquenho.O objetivo é destacar os pontos mais relevantes, sem, contudo, esgotar os temas tratados. Eventualmente, uma empresa de resseguro lá constituída pode ter algum tipo de vínculo societário ou utilizar diretamente essas estruturas de negócio22:

a) Companhia Holding Internacional de Seguros para fornecer cobertura para risco de fora de Porto Rico.

b) Companhias de Seguro Cativas (seguradoras e/ou resseguradoras). c) Companhias de Células de Proteção.

Companhia Holding Internacional de Seguros instalada em Porto Rico (“Holding”)

É possível que uma companhia Holding (de ações, outros valores mobiliários e outros ativos) se instale em Porto Rico, desde que criadas com base no capítulo 61 do Código Securitário de Porto Rico. Nesse sentido, a Holding poderia deter participação em:

• seguradoras internacionais (participação direta);• seguradoras domésticas de Porto Rico (seguradoras não internacionais), desde

que a operação seja aprovada pelo Commissioner of Insurance and Secretary of Treasury of Puerto Rico;

• outras companhias holding internacionais de seguros (participação indireta); e• como subsidiárias ou empresas afiliadas que prestam serviços exclusivos para

seguradoras internacionais.

O escopo de ativos que uma holding poderá deter, além das ações e valores mobiliá-rios dos seguradores internacionais e das outras holdings de seguros, é constituído por:

• ações e valores mobiliários subscritos por seguradoras;• valores mobiliários e outros ativos necessários a operações de negócios incidentais

para o negócio das seguradoras;

22 Apresentação de slides do Commonwealth Of Porto Rico Office Of The Commissioner Of Insurance International Insurance Center, 2007.

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O Contexto de Negócios Securitários em Porto Rico • 41

• dinheiro ou seu equivalente e investimentos; e• outros ativos com um justo valor de mercado agregado, não excedendo 5% do

total de ativos da holding.

Companhias de Seguro/Resseguro Cativas

A empresa Gill and Roeser (1989) define uma companhia cativa: “An insurance or reinsurance subsidiary of an industrial company, trade association, or not-for-profit organization. Captives insure or reinsure parent-related business, non-parent business, or both.” (GILL AND ROESER, INC., 1989)

Uma empresa cativa é uma filial controlada por uma ou um grupo de empresas cujo principal ou único objetivo é segurar riscos da própria companhia ou grupo de empresas. Pode-se adotar a forma de uma subsidiária integral de uma determinada organização, a qual, por sua vez, pode ou não estar envolvida diretamente com negó-cios securitários. Existem basicamente dois tipos de cativas, aquelas controladas por apenas um quotista, denominadas “single parent”, e aquelas controladas por diversos quotistas, denominadas “group owned”.

Uma cativa pode receber riscos tanto como uma seguradora quanto como uma resseguradora. Se uma empresa de seguros tiver que pagar altos prêmios aos seus ressegu-radores para aceitarem determinados riscos, pode ser economicamente racional destinar parte destes para uma resseguradora subsidiária ou grupo econômico, por exemplo.

A resseguradora cativa pode ser amplamente utilizada quando se desejar transferir risco, porém, em determinado “País X” essa estrutura não for permitida. Nesses casos ocorre algum tipo de acordo de fronting entre um segurador licenciado no “Território X” e a cativa: o risco é aceito por uma seguradora local autorizada a operar naquele território e uma alta porcentagem do risco é ressegurada para a cativa. Em tal hipótese, a seguradora local recebe uma taxa e a oportunidade de reter um risco a que de outra forma ela eventualmente não teria acesso.Veja o exemplo hipotético no Anexo 12, em que a empresa CDE possui uma licença para operar na África do Sul.

Uma forma de instalação desse tipo de empresa é por meio de uma cativa criada, organizada, pertencente e operada por uma empresa independente (captive manager). Esse gestor segura ou ressegura riscos similares de vários segurados, não necessa-riamente relacionados. Esse modelo de negócio é denominado “cativa por aluguel” (rent-a-captive), sendo o objetivo da empresa gestora distribuir lucros pela atividade de subscrição e investimentos aos segurados em contraprestação a uma taxa de admi-nistração, o aluguel. Dessa forma, cada segurado segura alguns riscos na cativa de

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aluguel. Entretanto, se algum desses riscos gerar um sinistro muito alto, os custos serão divididos entre todas as seguradoras23.

Cave24 (2014) exemplifica o fenômeno25:

a) 10 segurados colocam alguns riscos em uma cativa de aluguel, pagando US$10.000.000,00 (dez milhões de dólares) cada.

b) 1 segurado tem um sinistro segurado de US$100.000.000,00 (cem milhões de dólares).

c) Os outros segurados têm um problema? Sim – eles perderam seus fundos! O professor explica que, para resolver esse problema, se criou o mecanismo de Células de Proteção.

Companhia de Células de Proteção (“PCC”)Uma empresa celular e uma empresa que tem a capacidade de criar uma ou mais celulas com ativos e passivos que sao distintos dos ativos e passivos das outras celulas e da própria empresa celular. Estas celulas podem ser utilizadas para suportar empresas separadas e distintas. [...] Historicamente, o conceito de uma empresa celular foi desenvolvido para uso em relaçao aos fundos de investimento guarda-chuva e para auxiliar na gestao de investimentos comuns que suportam linhas separadas de negócio de seguros.

(AMY, R.; SHAXSON, M., 2011)

Em outras palavras, trata-se de um grupo de ativos que são identificados e admi-nistrados em separado de forma integrada por uma seguradora internacional, para o propósito de cumprir um conjunto de obrigações que são identificadas e administradas sob um plano operacional.

23 “Captives: an introduction” – Prepared by Peter C. Cave. Material disponibilizado no curso Reinsurance Intensive Course, ministrado na Chartered Insurance Institute (Londres), do qual o autor participou em setembro de 2014.

24 Professor do The Chartered Insurance Institute. Mais de 40 anos de experiência na indústria de resseguros.25 Peter C. Cave, Op. Cit.

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A PCC possui personalidade jurídica única, logo o núcleo e as células não são pessoas jurídicas diferentes26. Existe apenas um board of directors que gerencia a PCC como um todo.

As disposições sobre a forma como as celulas sao criadas estao contidas dentro de um memorando e artigos do PCC. O processo de formaçao de uma celula deveria ser relativamente simples, com os diretores simplesmente resolvendo pela sua criaçao. Qualquer celula que se tornar ativa exigirá o registro da empresa e aprovaçao regulatória em relaçao a:

• ações celulares que podem ser criadas e emitidas;• licenciamento pelo regulador para as atividades planejadas;

É exigido de cada provável proprietário de celula que entre em um acordo de gestao celular com a junta do PCC, e a ele será vinculado pelo memorando e artigos de associaçao. Haverá tambem um acordo para serviços de gerencia-mento com o gerente do PCC, o que pode ser incluído dentro de um contrato de gestao celular tripartite ou tratado à parte. Os acordos serao adaptados às necessidades específicas dos proprietários de células individuais para refletir o tipo e a natureza do negócio que pretendem transacionar, e confirmarão questões-chave, como os requisitos de entrada e saída. A entrada para o PCC fica a critério do Conselho, que vai exigir detalhes do plano de negócios proposto e delinear os parâmetros dentro dos quais a celula irá funcionar. No caso de uma celula de seguros, a lacuna do risco (a diferença entre o prêmio e exposiçao do risco) terá de ser estabelecida, e seu financiamento, avaliado. A lacuna do risco pode ser reduzida pela compra de resseguro e e,normalmente, coberta por capital ou capitais “equivalentes”, tais como ações exigíveis parcialmente pagas, cartas de credito ou garantias. Em alguns casos, uma celula pode operar com uma lacuna de risco não financiada pelo proprietário da mesma, mas coberta por ativos fundamentais do PCC, em comum acordo com o Conselho.

26 O elemento da personalidade jurídica é o principal diferencial entre uma PCC e uma Incorporated Cell Company (ICC). “An ICC adopts a fundamentally different approach to cells. The ICC incorporates each cell as a separate legal entity without the cell company needing to have any shareholder relationship with the relevant cell. The principal difference therefore is that an incorporated cell of an ICC is treated as a separate company whereas a protected cell of a PCC is not a body corporate and has no separate legal identity. […] In the event of the insolvency of a cell, this will not (in the absence of any special provi-sions in the articles of association subjecting the non-cellular assets to the liabilities of an insolvent cell) lead to the insolvency of the cell company, whether an ICC or a PCC. This results, in the case of an ICC, from the separate incorporation of each IC and, in the case of a PCC, from the express provisions of the Law restricting creditor claims to the relevant cellular assets and denying access to non-cellular assets. This is likely to reduce administrative inconvenience and cost arising for cells not otherwise affected by the insolvency of another cell of the cell company”. Idem.

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Um prêmio será cobrado por isso e medidas de segurança geralmente serao necessárias para cobrir a exposiçao dos fundos da reserva. Taxas normalmente serao cobradas em relaçao ao acesso ao PCC, alem de despesas gerais admi-nistrativas do PCC e da administraçao da celula e negócios realizados. Estas seriam cobradas alem de qualquer exposiçao dos fundos da reserva.

(WILLIS, 2008. p. 1-4)

Uma PCC pode ser compreendida como uma reinvenção de uma cativa de aluguel, porém não se limita a esse uso. Em uma PCC, cada célula é responsável por sua própria solvência e prêmios, assim como pela determinação de sua estratégia negocial. Existem inúmeras possibilidades de arranjos de uma PCC, e estes variam de acordo com as necessidades e objetivos, caso a caso.

Em geral, uma nova célula criada estará submetida aos custos relacionados ao estabelecimento do negócio e à administração do núcleo administrativo da empresa. Já o capital do núcleo pode ser constituído por ativos celulares ou por capital adicional injetado. Os ativos da Célula Protegida apenas estarão disponíveis para pagamento de obrigações especificamente identificadas no plano, assim como células podem ter a propriedade e/ou gestão separadas.

Os credores de uma PCC somente possuem acesso aos ativos celulares daquela célula em conjunto com os ativos do núcleo. Em alguns casos, porém, os credores têm apenas acesso aos ativos celulares. Uma PCC pode ser originalmente criada para este fim ou uma companhia já existente pode ser transformada em uma PCC27.

Regulações específicas foram introduzidas em Porto Rico para garantir a segre-gação estatutária dos ativos e passivos de cada indivíduo e coproprietário de PCC. Esse modelo de negócios segrega os ativos e passivos identificados de uma conta geral das seguradoras ou de outras contas separadas. Ativos e passivos entre as células estão juridicamente separados, e podem ser estruturados de forma a serem geridos indivi-dualmente. É importante destacar que a segregação de responsabilidade creditória de cada célula é garantida por lei, e não por contratos privados.

Uma PCC opera com duas estruturas: a estrutura não celular, chamada de núcleo, e um ilimitado número de células, conforme se observa no modelo Anexo 13.

Um dos requisitos exigidos pelo governo de Porto Rico para operação de PCC é a necessidade de a seguradora internacional apresentar o plano operacional da Célula de Proteção à aprovação do IIC. Não há diferença no tratamento fiscal em Porto Rico

27 Peter C. Cave,Op. Cit.

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para seguradora internacional com Células de Proteção e para aquelas que adotem outra estrutura juridicamente válida no território.

O modelo empresarial de PCC pode não necessariamente ser legal em outros países, portanto, procedimentos de insolvência iniciados fora de Porto Rico podem gerar eventuais ruídos jurídicos.

As Células de Proteção podem subscrever instrumentos financeiros ligados ao seguro para fornecer solvência ou liquidez. Essa operação é chamada de securitização nas Células de Proteção e constitui a transferência de riscos subscritos para o mercado de capitais, através da criação e emissão de títulos financeiros.O processo de securiti-zação de seguros/resseguros envolve a transformação de cash flows subscritos para os mercados de capitais através da negociação desses títulos.

Este subcapítulo explicou algumas estruturas societárias características de Porto Rico. Obviamente, existem muitas outras maneiras de se organizar comercialmente na região, mas o intuito é que pelo menos essas três formas aqui comentadas sirvam de exemplo para as eficiências negociais que lá se apresentam. No entanto, como um artigo acadêmico, este paper não poderia deixar mencionar as dificuldades que Porto Rico enfrenta na atualidade. Sobre esse tema, o próximo subcapítulo aborda questões que envolvem também a ordem macroeconômica da região.

DESAFIOS DE PORTO RICO

Robert Romano, em entrevista ao autor, explica que Porto Rico tem tido difi-culdade para se fazer conhecer, “por causa das reputações estabelecidas de outras jurisdições. Por exemplo, Bermuda é considerado automaticamente, sempre que uma nova seguradora offshore está sendo planejada”. Nesse sentido, existem regiões que são “tradicionalmente” mais conhecidas, como hubs de seguros/resseguros: Bermudas e Ilhas Cayman, dentre outros países e regiões.

Embora se apresente como uma região altamente competitiva para o mercado de internacional securitário, conforme o Anexo 16 (com sofisticação em negócios, avançado desenvolvimento do mercado financeiro, entre outros elementos) (WEF), Porto Rico está com sua economia fragilizada. A alta dívida estatal da região é fator de preocupação para especialistas, que afirmam que há uma crise econômica instalada na ilha desde 2006 (AXCO).

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Nos termos do relatório da AXCO (2014):

Insurance companies are feeling the burden of both general measures from the government to increase its tax revenues and ones specific to insurance, with Law 40 of 30 June 2013, the Tax Burden Redistribution and Adjustment Law, imposing a special contribution of 1% on non-life premiums earned after the law’s date. The balance sheets of various local companies are also negatively affected by the down-grading of Puerto Rican government paper by different rating agencies in first quarter of 2014 to junk status.

(AXCO, 2014, p. 3?)

Um agravante do alto endividamento porto-riquenho é a tentativa de o próprio governo realizar o processo de reestruturação do débito. Essa iniciativa tem impactado negativamente a credibilidade da região de honrar suas dívidas (WILSON, R.).

O Anexo 17 apresenta os fatores mais problemáticos para fazer negócios em Porto Rico (WEF). Interpretando-se esses dados com um olhar crítico, percebe-se que, afora o item mais problemático, os demais tendem a não impactar tanto o mercado hub de seguradoras internacionais, pois:

• em relação ao segundo lugar, a mão de obra é altamente especializada;• em relação ao terceiro e quarto lugares, existe a sujeição a tratamento fiscal

amigável; e • em relação ao quinto lugar, há uma infraestrutura bancária em sinergia com a

indústria securitária na região.

Na mesma entrevista supracitada, Romano defende que a previsibilidade e a manutenção das regras são fundamentais para que investimentos na área securitária sejam feitos:

Porto Rico tem feito um bom trabalho em criar um regime fiscal e de seguros para atrair seguradoras offshore. Mas os investidores desejam estabilidade, devem ser feitos esforços para evitar a alteraçao das regras. Alem disso, e muito importante que os investidores se sintam confortáveis que os regula-dores irao agir prontamente para processar os pedidos de registro e pedidos de informaçao.28

28 Tradução livre.

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O Brasil pode aprender com a experiência de Porto Rico:

Criar um ambiente de baixa tributaçao atrai investidores. Combinar um sistema regulatório flexível com uma tributação favorável cria uma jurisdição positiva para novas seguradoras. Desde que a regulaçao de seguros americana permitiu múltiplas formas de as seguradoras estrangeiras satisfazerem as necessidades do mercado norte-americano, Porto Rico ou outros centros seguradores offshore puderam usar esta flexibilidade do mercado para oferecer cobertura aos riscos americanos com bases de custo competitivo.29

Ultrapassada a contextualização do mercado porto-riquenho como um exemplo de jurisdição internacional que pode ser sede de empresas de resseguro com atuação no território brasileiro, o capítulo seguinte investiga a eventual caracterização de Porto Rico como um paraíso fiscal, ou não, e as consequências decorrentes dessa consta-tação, inclusive para muitos de seus concorrentes, como Bermudas e Ilhas Cayman, por exemplo.

29 Tradução livre.

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A caracterização de uma jurisdição, sede de uma empresa de resseguro, como países com tributação favorecida ou de regime fiscal privilegiado gera consequências relevantes para suas operações em território brasileiro. Nos termos do artigo 4º da LC 126, de 2006:

Art. 4o As operações de resseguro e retrocessao podem ser realizadas com os seguintes tipos de resseguradores:I – ressegurador local: ressegurador sediado no País constituído sob a forma de sociedade anônima, tendo por objeto exclusivo a realizaçao de operações de resseguro e retrocessao;II – ressegurador admitido: ressegurador sediado no exterior, com escritório de representaçao no País, que, atendendo às exigências previstas nesta Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessao, tenha sido cadastrado como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessao; eIII – ressegurador eventual: empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem escritório de representaçao no País que, atendendo às exigências previstas nesta Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrada como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessao.

Porto Rico é um “Paraíso Fiscal”, sob a Perspectiva

Brasileira?

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§ 1o É vedado o cadastro a que se refere o inciso III do caput deste artigo de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais, assim considerados países ou dependências que nao tributam a renda ou que a tributam a alíquota inferior a 20% (vinte por cento) ou, ainda, cuja legislação interna oponha sigilo relativo à composiçao societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade. (Renume-rado do parágrafo único pela Lei complementar nº 137, de 2010)§ 2o Equipara-se ao ressegurador local, para fins de contratação de operações de resseguro e de retrocessao, o fundo que tenha por único objetivo a cobertura suplementar dos riscos do seguro rural nas modalidades agrícola, pecuária, aquícola e florestal, observadas as disposições de lei própria. (Incluído pela Lei complementar nº 137, de 2010).

(BRASIL, 2006)

Uma empresa de resseguro sediada em território considerado “paraíso fiscal” não dispõe da prerrogativa de operar no mercado brasileiro sob a qualificação de resse-guradora “eventual”, devendo, obrigatoriamente, atuar sob a forma de resseguradora “admitida” ou “local”.

O contingenciamento da licença para operação de resseguro de empresas estran-geiras, ou seja, a restrição à atuação sob o registro de eventual exigirá a liberação de recursos da casa matriz para investir no Brasil, conforme definido na legislação.

Para as empresas estrangeiras que desejam atuar no mercado brasileiro de resse-guros, portanto, é relevante verificar se a sede de suas operações é ou não considerada “paraíso fiscal” sob o regime jurídico brasileiro.

NORMATIVA SOBRE PARAÍSOS FISCAIS

No Brasil, a Lei 9.430/96 e suas emendas são o ponto de partida para as regras aplicáveis aos países com tributação favorecida e regime fiscal privilegiado, infor-malmente chamados de “paraísos fiscais”. Os artigos 24 e 24-A do referido diploma assim dispõem:

Art. 24. As disposições relativas a preços, custos e taxas de juros, constantes dos arts. 18 a 22, aplicam-se, também, às operações efetuadas por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, com qualquer pessoa física ou jurí-dica, ainda que nao vinculada, residente ou domiciliada em país que não tribute a renda ou que a tribute a alíquota máxima inferior a vinte por cento.Considera-se tambem país ou dependência com tributaçao favorecida aquele cuja legislaçao não permita o acesso a informações relativas à composiçao societária de pessoas jurídicas, à sua titularidade ou à identificação do bene-ficiário efetivo de rendimentos atribuídos a não residentes.

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Porto Rico é um “Paraíso Fiscal”, sob a Perspectiva Brasileira? • 51

Art. 24-A. Aplicam-se às operações realizadas em regime fiscal privilegiado as disposições relativas a preços, custos e taxas de juros constantes dos arts. 18 a 22 desta Lei, nas transações entre pessoas físicas ou jurídicas residentes e domiciliadas no País com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que nao vinculada, residente ou domiciliada no exterior.Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se regime fiscal privi-legiado aquele que apresentar uma ou mais das seguintes características:I – não tribute a renda ou a tribute à alíquota máxima inferior a 20% (vinte por cento); II – conceda vantagem de natureza fiscal a pessoa física ou jurídica não residente: a) sem exigência de realizaçao de atividade econômica substantiva no país ou dependência; b) condicionada ao nao exercício de atividade econômica substantiva no país ou dependência; III – não tribute, ou o faça em alíquota máxima inferior a 20% (vinte por cento), os rendimentos auferidos fora de seu território;IV – não permita o acesso a informações relativas à composição societária, titularidade de bens ou direitos ou às operações econômicas realizadas.

(BRASIL. Lei 9.430, 1996)

Destaca-se que, no final de 2014, o Ministro Guido Mantega reduziu1 de 20% para 17% a alíquota máxima utilizada pela Receita Federal para classificar um país como de tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado. A receita informou que “os padrões internacionais de transparência fiscal” ainda serão regulamentados (SIMÃO, E.; IGNACIO, L. & RODRIGUES, L., 2014). A Portaria nº 488, de 01 de novembro de 2014, do Ministério da Fazenda, reduz a alíquota “para os países ou dependências alinhados com os padrões internacionais de transparência fiscal”. Trata-se da regulamentação do artigos 24; 24-A, I e III da L 9.430/96. A receita explicou que os países que já estão na IN 1.037/10 não serão excluídos automaticamente. Cada localidade terá que pedir sua retirada à Receita (SIMÃO, E.; IGNACIO, L. & RODRI-GUES, L., 2014). Exemplos de localidades beneficiadas são: Ilha Madeira (18% ou 23%) e Brunei (20%).

A lei traz alguns elementos relevantes para caracterização dos países com tributação favorecida e regime fiscal privilegiado e, conforme se observa, acertadamente não deter-mina o critério de alíquota como o único elemento para tal. Caso contrário, a regra seria “totalmente discriminatória e descabida”, diz Tôrres (TÔRRES, H., 2001, p. 92).

1 A possibilidade de alteração da alíquota máxima de tributação da renda está prevista na Lei nº 11.727, de 2008.

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Trata-se de uma regra genérica, criada no mundo abstrato das ideias. No mundo dos fatos, a valoração de importância e relevância de cada indicativo supra pode ser alterada. A Lei foi promulgada em 1996 e, naquele contexto histórico, o mundo era outro, os atentados do 11 de Setembro não tinham ocorrido (EDWARDS, C. & MITCHELL, D.J., 2008. p. 185- 186). Há uma tendência a interpretar paraísos fiscais como destino de capital de grupos terroristas após a referida data (CA. Christian Aid., 2005, p. 4-5), em virtude de não pagarem tributos e por esconderem suas identidades e blindarem a privacidade de seus investidores.

Atualmente, em razão do nefasto ataque terrorista, entre outros, a transparência dos dados bancários tem se tornado um alvo das políticas regulatórias mundiais2. Tanto os próprios países com alta taxação quanto aqueles considerados paraísos fiscais têm sido pressionados para tornar mais transparentes os dados bancários e de seus contribuintes (MITCHELL, D.). Em Londres, em abril de 2009, os líderes-membros do G-20 indicaram que iriam adotar medidas para sufocar os paraísos fiscais e para tornar alvos aquelas “jurisdições não cooperativas”. Foi afirmado que “a era do sigilo bancário havia acabado. O presidente Obama, em 4 de maio de 2009, garantiu, em seu governo, que reduziria o montante de tributos não arrecadados em detrimento de paraísos fiscais” (JACKSON, J.K., 2010, p. 2).

Portanto, com a alteração da realidade, a valoração dos critérios que a lei apresenta se modifica, o que representa uma instabilidade jurídica ao investidor, em última análise. Outro elemento que corrobora a instabilidade de como aplicar os critérios abrangidos na Lei 9.430/96 sãos as peculiaridades de cada caso concreto.

Destaca-se que há um projeto, do Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) – PLS nº 275 de 20143 –, para alterar essa Lei, em específico no que traça o conceito de paraíso

2 O Brasil assinou acordo de cooperação sobre troca automática de informações tributárias com os Estados Unidos, o FATCA. Isso significa que informações sobre contribuintes norte-americanos no Brasil serão encaminhadas pelas instituições financeiras para a Secretaria da Receita Federal do Brasil e depois repassadas ao Internal Revenue Service (IRS) dos EUA. “O tributarista Raphael Fernandes da Silveira Polito, do Rayes & Fagundes Advogados Associados, lembra que desde 2011 o Brasil assumiu o compromisso com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de implementar políticas de compartilhamento de informações bancárias e, por isso, já era esperada uma evolução no acordo de intercâmbio de informações tributárias assinado com os EUA para a inclusão de modalidades automáticas de troca”. Fonte: CONSULTOR JURÍDICO. Acordo permite troca de dados sigilosos entre Brasil e EUA e assusta tributaristas. Site Jus Brasil. Disponível em: <http://consultor-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/141995868/acordo-permite-troca-de-dados-sigilosos-entre-brasil-e-eua-e-assusta-tributaristas?utm_campaign=newsletter-daily_20140930_147&utm_medium=email&utm_source=newsletter>. Acesso em: 28 nov.14.

3 Acompanhamento legislativo feito no dia 02 fev. 15.Local: 17 dez. 2014 – Comissão de Assuntos Econô-micos. Situação: 12 dez. 2014 – Aguardando Designação do Relator.

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fiscal. Para Ferraço, a presunção absoluta de que todos os países que tributem a renda abaixo desse percentual (20%) sejam paraísos fiscais “acarreta distorções e leva ao tratamento inadequado de potenciais parceiros internacionais”. O Senador justifica que “a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não emprega qualquer tipo de percentual mínimo de tributação para a identificação de paraísos fiscais”. Em suas próprias palavras:

“Há um número nao desprezível de países que, mesmo tributando a renda em percentual inferior a 20%, são internacionalmente reconhecidos como idôneos, de acordo com entidades independentes como a OCDE. É o caso, por exemplo, de Cingapura, Luxemburgo e Irlanda”, lembra o parlamentar.

(SENADO FEDERAL, 2014)

Naturalmente, houve uma regulamentação dessa Lei, que buscou garantir segu-rança jurídica aos contribuintes. Trata-se de uma listagem de países promovida pela Instrução Normativa nº 1.037/10, da Receita Federal.

NATUREZA JURÍDICA DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1.037/10 DA RECEITA FEDERAL

A doutrina diverge4 em relação à natureza jurídica de listas criadas pela Receita Federal que apresentam a relação de países com tributação favorecida e regimes fiscais privilegiados. A atual lista que está em vigor é a IN nº 1.037/10, promulgada em 07 de junho de 2010, a qual já sofreu diversas alterações5 com o objetivo de atualizar o entendimento do fisco brasileiro a respeito dos países e regimes fiscais que serão considerados favorecidos e privilegiados, respectivamente.

4 A título de exemplo, Fernando Zilveti e Gerd Willi Rothmann entendem que a lista não é taxativa, mas João Francisco Bianco e Luís Eduardo Schoueri pensam que sim. Fonte: IBDT. Instituto Brasileiro de Direito Tributário. Mesa de debates do IBDT de 05/08/2010. Disponível em: <http://www.ibdt.com.br/material/arquivos/Atas/Integra_05.08.2010.pdf>. Acesso em : 22 nov.14.

5 Alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.045, de 23 de junho de 2010; pelo Ato Declaratório Executivo RFB nº 3, de 25 de março de 2011; e pela Instrução Normativa RFB nº 1.474, de 18 de junho de 2014.

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Em debate realizado no Instituto Brasileiro de Direito Tributário, em 05 de agosto de 2010, para discutir o supracitado normativo, o Sr. João Francisco Bianco defendeu que o entendimento de não taxatividade é um devaneio do mundo teórico, pois na prática é a segurança jurídica que prevalece. Acrescentou, ainda, sua percepção sobre o entendimento do fisco:

Agora, eu queria dizer tambem o seguinte, eu tenho conversado com muitas pessoas na Receita Federal sobre a natureza dessa lista, e eu sinto que a posiçao da Receita Federal e que essa lista e taxativa, porque nao pode ser diferente, existem várias manifestações públicas falando em nome da Receita Federal, altos funcionários da Receita têm dito que a lista e taxativa, tanto para o contri-buinte como para a própria fiscalização, ela traz segurança para o contribuinte e traz segurança para a fiscalização, é impossível ser diferente [...].6

(IBDT, 2010)

O escritório de advocacia Mattos Filho analisa o comportamento da Receita Federal a respeito dessa questão:

[...] Historicamente, a Receita Federal tende a se ater às jurisdições enumeradas para determinar o conceito de JTF e/ou de RFP, conforme o caso. Nesse sentido, embora nao possamos prever qual será o entendimento da Receita Federal em relaçao às novas listas, as autoridades deverao manter a interpretaçao no sentido de que estas sao taxativas.

(MATTOS FILHO, [s.d])

Destaca-se que, no âmbito regulatório brasileiro, o autor entrevistou7 o Supe-rintendente da SUSEP, Roberto Westenberger, e importantes técnicos8 da autarquia. No que se refere à definição dos países considerados como paraísos fiscais, a regu-lação de seguro e resseguro segue o que a Receita Federal determina. O entendimento técnico dos entrevistados é o de que IN nº 1.037/10 da receita é taxativa e gera efeitos na regulação de seguros/resseguros.

6 A título de exemplo, Fernando Zilveti e Gerd Willi Rothmann entendem que a lista não é taxativa, mas João Francisco Bianco e Luís Eduardo Schoueri pensam que sim. Fonte: IBDT. Instituto Brasileiro de Direito Tributário.

7 Entrevista presencial, realizada em 28 jan.2015 na sede da SUSEP.8 Eduardo Fraga, da Coordenação de Estudos e Normas (COREN), e Diogo Ornellas, da Coordenação Geral

de Produtos (CGPRO).

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O fisco já se manifestou em relação ao tema, concluindo sobre a taxativi-dade da lista9, conforme decisão administrativa da Receita Federal Disit 08 nº 143, de 12 de junho de 2000, cuja ementa é (RFB. Receita Federal do Brasil. Decisão nº 143):

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. Enquanto não for editado novo ato normativo, para efeito do disposto no §2º do art.16 da Medida Provi-sória nº 1990-31, de 11/05/2000, consideram-se países ou dependências com tributaçao favorecida apenas aqueles listados na Instrução Normativa SRF nº 164, de 23/12/1999.

Esta decisão se refere à Instrução Normativa que vigorava à época, a qual possui a mesma natureza de lista da atual em vigor. Portanto, em nome da segurança jurídica, o autor segue o entendimento da taxatividade10 da IN nº 1.037 e passa a analisar seu conteúdo em relação a Porto Rico.

SUBSUNÇÃO DE PORTO RICO À IN Nº 1.037/10 DA RECEITA FEDERAL

O artigo 1º da referida norma lista os países e dependências11 com tributação favorecida (VALERO, L. & outros, p. 806) considerados pela Receita Federal, conforme dispõe o caput:

Art. 1º Para efeitos do disposto nesta Instruçao Normativa, consideram-se países ou dependências que nao tributam a renda ou que a tributam à alíquota

9 Muito embora a decisão diga respeito a uma legislação anterior, a IN nº 1.037 surgiu com a mesma natureza da SRF nº 164.

10 Entendimento que também é compartilhado por Luiz Martins Valero, Marcos Vinicius Neder de Lima, Fabio Rodrigues de Oliveira, Julia M. O. Ono, Marcos SigueoTakata, César Augusto Galafassi e Vanessa Miranda de Melo (VALERO, Luiz & outros, 2014. p. 808).

11 Andorra; Anguilla; Antígua e Barbuda; Antilhas Holandesas; Aruba; Ilhas Ascensão; Comunidade das Bahamas; Bahrein; Barbados; Belize; Ilhas Bermudas; Brunei; Campione D’Italia; Ilhas do Canal (Alderney, Guernsey, Jersey e Sark); Ilhas Cayman; Chipre; Cingapura; Ilhas Cook; República da Costa Rica; Djibouti; Dominica; Emirados Árabes Unidos; Gibraltar; Granada; Hong Kong; Kiribati; Lebuan; Líbano; Libéria; Liechtenstein; Macau; Ilha da Madeira; Maldivas; Ilha de Man; Ilhas Marshall; Ilhas Maurício; Mônaco; Ilhas Montserrat; Nauru; Ilha Niue; Ilha Norfolk; Panamá; Ilha Pitcairn; Polinésia Francesa; Ilha Queshm; Samoa Americana; Samoa Ocidental; San Marino; Ilhas de Santa Helena; Santa Lúcia; Federação de São Cristóvão e Nevis; Ilha de São Pedro e Miguelão; São Vicente e Granadinas; Seychelles; Ilhas Solomon; St. Kitts e Nevis; Suazilândia; LIX – Sultanato de Omã; Tonga; Tristão da Cunha; Ilhas Turks e Caicos; Vanuatu; Ilhas Virgens Americanas; e Ilhas Virgens Britânicas. Fonte: RFB. Receita Federal do Brasil. Site. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2010/in10372010.htm>. Acesso em: 22 nov. 2014.

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inferior a 20% (vinte por cento) ou, ainda, cuja legislação interna não permita acesso a informações relativas à composiçao societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade, as seguintes jurisdições [...]

(RFB, 2010)

Neste artigo são apontados os países que concedem os supracitados incentivos aos negócios em geral, de modo que a receita não considera tipos específicos de operações ou sociedade – qualquer operação naquele determinado país é tida como tributação favorecida.

Por outro lado, o artigo 2º da referida norma adota um foco diferente. Seu objetivo é determinar operações pontuais realizadas em alguns países que, via de regra, não são considerados “paraísos fiscais”. Porém, alguns negócios são elencados como recebendo “regimes fiscais privilegiados”12 13.

Formalmente, Porto Rico não figura na lista geral de países/dependências com tributação favorecida, materialmente também não apresenta características que justi-fiquem sua listagem. Na região incidem tributos federais em geral sobre os negócios, e

12 Com referência à legislação do Uruguai, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de Sociedades Financeiras de Inversão (Safis) até 31 de dezembro de 2010; com referência à legislação da Dinamarca, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company que não exerçam atividade econômica substantiva; com referência à legislação do Reino dos Países Baixos, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company que não exerçam atividade econômica substantiva; com referência à legislação da Islândia, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de International Trading Company (ITC); com referência à legislação dos Estados Unidos da América, o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de Limited Liability Company (LLC) estaduais, cuja participação seja composta de não residentes, não sujeitas ao imposto de renda federal; ou com referência à legislação da Espanha, o regime aplicável às pessoas jurí-dicas constituídas sob a forma de Entidad de Tenencia de Valores Extranjeros (E.T.V.Es.); com referência à legislação de Malta , o regime aplicável às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de International Trading Company (ITC) e de International Holding Company (IHC); com referência à Suíça, os regimes aplicáveis às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de holding company, domiciliary company, auxiliary company, mixed company e administrative company cujo tratamento tributário resulte em incidência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), de forma combinada, inferior a 20% (vinte por cento), segundo a legislação federal, cantonal e municipal, assim como o regime aplicável a outras formas legais de constituição de pessoas jurídicas, mediante rulings emitidos por autoridades tributárias, que resulte em incidência de IRPJ, de forma combinada, inferior a 20% (vinte por cento), segundo a legislação federal, cantonal e municipal. Fonte: RFB. Receita Federal do Brasil. Site. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2010/in10372010.htm>. Acesso em: 22 nov.14.

13 Cabe destacar que os Países Baixos estavam protegidos pelo efeito suspensivo referente a esta lista desde o Ato Declaratório Executivo RFB nº 10, de 24 de junho de 2010. Ocorre que o Ato Declaratório Executivo RFB nº 3, de 18 de dezembro de 2015 revogou o Ato supra e os Países Baixos agora são consi-derados regimes fiscais privilegiados quando as empresas lá instaladas se valerem da estrutura societária de Holding. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=3616&visao=original. Acessado em 25/01/16; Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=70437. Acessado em: 25/01/16, respectivamente.

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o regime de exceção aos seguradores/resseguradores internacionais para transacionar riscos estrangeiros é um incentivo de exceção.

Angela Weyne, em entrevista concedida ao autor deste artigo, quando questionada a respeito de Porto Rico ser considerado um paraíso fiscal, explica que:

Um paraíso fiscal é um conceito que precisa ser definido ou refinado, uma vez que pode ser entendido em diferentes cenários. Pelo menos duas carac-terísticas devem estar presentes para que o conceito de paraíso fiscal possa ter alguma realidade:

• zero ou tributos muito baixos; e• zero ou baixo cumprimento da regulamentaçao.

Porto Rico e uma jurisdiçao altamente tributada (renda, vendas, estadual, muni-cipal, retidos na fonte, etc.) aos seus eleitores, em que o governo, ao longo de várias administrações, havia concebido e implementado um ambiente fiscal prefe-rencial para grupos selecionados, com o objetivo de desenvolver a economia.14

Em última análise, por força do argumento, poder-se-ia questionar o regime de incentivo aos negócios securitários internacionais em Porto Rico. Poderia a região figurar na lista do artigo 2º da IN nº 1.037/10? Não é o caso, por diversas razões apre-sentadas no Capítulo 2 deste artigo acadêmico. Dentre elas, destacam-se a regulação sobre o sistema financeiro e sobre o mercado de capitais, a incidência das leis federais e a jurisdição federal norte-americana aplicada em Porto Rico.

Angela Weyne, em entrevista concedida ao autor deste artigo, esclarece:

Mesmo para aqueles sob o regime preferencial, bem como para aqueles no ambiente fiscal regular, Porto Rico é uma jurisdição altamente regulada, objeto de regulamentaçao estatal, regulaçao federal em muitas áreas, e dois sistemas judiciais. Especificamente e principalmente, as empresas ou indiví-duos sob os ambientes fiscais preferenciais estão sujeitos a uma supervisão, sistema de informaçao e a divulgaçao de sua operaçao, assim como a retirada de benefícios indevidos.Porto Rico não é um paraíso fiscal e está de portas abertas ao movimento dos EUA em não patrocinar paraísos fiscais. Porto Rico entra ativamente na discussao para favorecer movimentos de capitais de paraísos fiscais

14 Entrevista por e-mail, concedida em 19 nov.14 (ver Anexo 15).

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para Porto Rico. Isso e consistente com vários movimentos econômicos em relaçao aos interesses dos Estados Unidos, onde foi aprovada legislaçao para buscar a redução da evasão fiscal, reforçando e garantindo que o sistema bancário dos EUA e seguradoras possam manter reservas adequadas.15

Tôrres (2001) salienta a crítica que a doutrina faz aos chamados rulings: “Acordos prévios firmados entre o contribuinte e o Fisco, vinculantes para este, para negociar a alíquota do imposto aplicável [...]”. O autor explica que o objetivo desses acordos são promover a certeza jurídica, entretanto, pecam por não se estenderem aos demais contri-buintes, assim como por não serem regras transparentes (TÔRRES, H., 2001. p. 92).

Tal hipótese não se observa em Porto Rico, pois se trata de uma lei (Public Act nº 98 of 2011) cuja garantia de segurança jurídica pode ser renovada por meio de decreto16, ou seja, um ato unilateral do governo que assegura a todos os contribuintes estrangeiros, com a devida publicidade e transparência, a promoção segurança jurídica da alíquota a ser cobrada, uma política fruto do legítimo exercício da soberania de um país que busca incentivar negócios (TÔRRES, H., 2001. p. 92).

Em relação aos EUA, o artigo 2º, VII, da IN nº 1.037/10, menciona especificamente o tipo societário de Limited Liability Company (LLC) estaduais. A participação deve ser composta de não residentes e estas não estão sujeitas ao Imposto de Renda Federal.

Rubén Gely Rodríguez17 responde, em entrevista concedida ao autor, se o modelo de negócio LLC pode ser encontrado em Porto Rico18:

As Celulas Protegidas de Porto Rico sao autorizadas pelo Capítulo 61 do Código e pela Regra 81 da regulamentação do código. Elas constituem o quadro jurídico para seguradoras internacionais em geral, que sao entidades organizadas em Porto Rico com o objetivo de fazer negócios no exterior. Neste âmbito jurídico das Celulas de Proteçao (“Planos de Ativos Segregados” e o termo legal), fazer negócios sob um Plano de Ativos Segregados da Operaçao é autorizado pelo Gabinete à seguradora das classes 2, 3, 4, 5 ou 6.As Celulas Protegidas de Porto Rico nao sao incorporadas e nao têm perso-nalidade jurídica própria (ver artigo 61.160 (5) do Código), portanto, elas não têm uma estrutura LLC. O Capítulo 61 e a Regra 81 promovem, entretanto, uma forte separaçao de ativos e passivos entre as celulas protegidas e os da Companhia de Celulas de Proteçao.

15 Entrevista concedida por email em 19 nov.14 (ver Anexo 15).16 Ver Subcapítulo 3.7 para mais esclarecimentos.17 Comissionado auxiliar (Supervisión y Complimiento) em Porto Rico.18 Entrevista por e-mail, concedida em 6 nov.14 (ver Anexo 15).

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As células são protegidas por lei (artigo alterado 61.240), tributadas indi-vidualmente, bem como a PCC. Alem disso, cada PC precisa ser registrada individualmente na OCI-PR.A seguradora internacional, Classe 2-6, nao pode ser organizada sob uma LLC como elas sao organizadas sob o Código. Em funçao dos argumentos acima citados, uma Celula Protegida em Porto Rico nao tem uma estrutura LLC.No que diz respeito ao mercado interno, ou seja, fora do Capítulo 61, as segu-radoras e resseguradoras domiciliadas e fazendo negócios em Porto Rico sao organizadas no âmbito do Código e podem assumir uma organizaçao empresarial, mútua, recíproca ou fraternal. Eles nao podem assumir uma estrutura LLC.Organizações de Serviços de Saúde domiciliadas em Porto Rico sao orga-nizadas sob a “General Corporation Law” e podem assumir uma estrutura LLC. No entanto, nao podem estabelecer Celulas Protegidas ou plataformas semelhantes.

Portanto, para fins de seguradora e resseguradora internacional, conforme licenças

explicadas no Capítulo 3, tais negócios não se constituem sob a forma de LLC. Estimativas indicam que os EUA perdem para paraísos fiscais US$ 100 bilhões

por ano, em receitas (FRANCIS, D., 2008). Portanto, como poderiam permitir que em seu próprio território um paraíso fiscal operasse?

Conclui-se que Porto Rico não se enquadra, em nenhuma hipótese, sob o aspecto formal ou material da IN nº 1.037/10 da Receita Federal. Muito pelo contrário, o território tem potencial para receber negócios de paraísos fiscais que venham a ser perseguidos pelas receitas federais de diversos países, inclusive dos EUA:

Nao há dúvida de que o sigilo, um atrativo de longa data de entidades bancárias tradicionais offshore, já nao e um fator-chave na tomada de decisões de negó-cios. Como o IRS e outras agências fiscais em todo o mundo têm combatido a evasão fiscal, a característica anteriormente atraente dos chamados paraísos fiscais [...] perdeu importância [...]. Isso nivelou o campo de jogo para jurisdi-ções, como Porto Rico, que pode oferecer benefícios offshore com a segurança e estabilidade de uma jurisdiçao onshore, e um ambiente convidativo.

(FERRERÍA, J.N., 2012, p. 11) Pelo evidenciado neste subcapítulo, parte-se da premissa de que Porto Rico não é

um paraíso fiscal aos olhos da regulação fiscal brasileira. Isso gera uma situação singular para sua operação no Brasil, sob a perspectiva regulatória securitária: uma empresa de resseguros lá instalada pode fazer negócios com riscos brasileiros se registrando neste

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País como mero ressegurador eventual. Reflexões a respeito dessa característica serão realizadas no próximo subitem.

ATUAÇÃO DE EMPRESAS SEDIADAS EM PORTO RICO NO MERCADO BRASILEIRO DE RESSEGUROS

De acordo com a legislação do Brasil, as empresas sediadas em Porto Rico podem estabelecer uma operação de resseguro para aceitação de riscos brasileiros considerando as três categorias: local, admitido e eventual. O fato de Porto Rico não ser conside-rado paraíso fiscal permite que as empresas sediadas naquele país possam iniciar suas operações na categoria de eventual, desde que observadas as demais condições para seu registro junto à SUSEP, conforme explicado no Capítulo 2 item “Aspectos Tributários das Operações de Resseguro”.

A categoria de ressegurador eventual se distingue das demais, sob a perspectiva de custo, basicamente por duas razões. Em primeiro lugar, dispensa a internalização de recursos no Brasil para operar, como exigido para o ressegurador local e o admitido, além de não incorrer nos custos regulatórios brasileiros, como o envio de informações ao órgão regulador (exemplo: Formulário de Informações Periódicas) e taxa de fisca-lização. Ou seja, o ressegurador eventual não injeta dinheiro na empresa sediada em nosso País para começar a operar, tampouco está sujeito a custos constantes derivados a atividade regulatória do Estado Brasileiro lato sensu.

A LC 126, ao prever as três categorias de resseguradoras, procurou preservar o princípio da equidade no ambiente da concorrência. Trata-se de um balanço entre os custos de internalização de capital e regulatórios, e a proporção de prêmio cedido.

Embora à resseguradora local seja imposto um enorme custo de internalização de recursos e custo regulatório, por outro lado, a ela é garantida uma reserva para operações locais.

No caso da resseguradora admitida, a exigência de internalização de capital e os custos regulatórios são menores do que para a local. Contudo, maiores que a eventual. Observa-se, portanto, um meio-termo.

Sob a perspectiva de cessão de prêmios – é verdade que há limites para fazer negócios –, ainda assim, é mais barato se instalar como eventual.

Roberto Westenberger e os técnicos supracitados explicam que, de fato, o custo regulatório para resseguradores eventuais é menor do que o de admitidos, o qual, por sua vez, é menor que o de um local. Sob a perspectiva de um ressegurador estrangeiro que queira fazer negócios no Brasil, há menores barreiras à entrada para os primeiros, devendo-se observar, contudo, as exigências regulamentares vigentes.

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Existe um limite de cessão anual de seguradoras para os resseguradores eventuais, enquanto há uma cessão mandatória de, no mínimo, 40% em cada colocação para os resseguradores locais.

Os entrevistados entendem que as regras favorecem os resseguradores constituídos no País, porém, isso não impede que resseguradores estrangeiros participem do mercado brasileiro de resseguros de suas sedes no exterior. Diversas empresas não locais estão bem posicionadas. Um exemplo é o Lloyd’s, que opera no Brasil como ressegurador admitido e cujo faturamento fica atrás apenas do IRB Brasil Re, se consideradas as respectivas retrocessões aceitas de resseguradores locais por aquela companhia.

Um indicativo dessa baixa barreira à entrada para resseguradoras eventuais é a proporção de resseguradoras que fazem negócios no Brasil (ver Anexo 8). O que se observa é que o número de eventuais é disparado o maior. As admitidas vêm em segundo, e as locais, por último. Averigua-se que, quanto maiores os custos para operar no mercado de resseguros brasileiro, maiores as barreiras à entrada e, portanto, menor o número de players.

A literatura econômica adota o conceito de “custo de oportunidade”, que auxilia a descrição dessa situação de escolha do investidor internacional, o qual, segundo Mansfield 19, ajuda a determinar como os recursos devem ser alocados (MANSFIELD, E., p. 8).

Carvalho (2004) classificou tal conceito como um dos mais importantes da Teoria Econômica (USP, 1991. p. 134): “[...] Custo de oportunidade mede o valor das oportu-nidades perdidas em decorrência da escolha de uma alternativa de produção em lugar de outra também possível.20” (CARVALHO, L.C.P. de., 2004. p. 184)

Em relação ao caso investigado, o custo de oportunidade de usar o capital a investir com internalização de recursos e custos regulatórios representa abrir mão de realizar outros incontáveis investimentos.

Logo, as empresas sediadas em Porto Rico, que já contam com tratamento tributário favorável, podem operar com riscos brasileiros também numa condição privilegiada.

Porto Rico está competindo com grandes centros mundiais de negócios de seguro/resseguro. A tabela no Anexo 14 apresenta um comparativo de Porto Rico com

19 Edwin Mansfield foi professor de economia da University of Pennsylvania de 1964 até sua morte, em 1997, além de ter sido diretor do Center for Econommicsand Technology.

20 Outros autores, como Edwin Mansfield; Paul Wonnacott e Ronald Wonnacott compartilham definições semelhantes (MANSFIELD, E. p. 477). WONNACOTT, P. & WONNACOTT, R., p. 545.

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outras regiões de negócios securitários internacionais21. Percebe-se que a localidade de Bermudas lidera a tabela, entretanto, conforme análise supra, o sistema regulatório brasileiro possui regras que afetam negativamente as operações com tais hipóteses listadas na IN nº 1.037/10.

Constata-se, portanto, que existem elementos importantes que Porto Rico deve buscar desenvolver, como aumentar a presença de corretores, e outros que pode melhorar ainda mais, como força de trabalho, disponibilidade de voos e o ambiente regulatório, nos termos especificados na tabela mencionada.

Não obstante a possibilidade de aperfeiçoamento de Porto Rico em seu âmbito doméstico, o tratamento regulatório brasileiro dado a resseguradores lá localizados e interessados em fazer negócios aqui apresenta um ganho de competitividade com menores custos e barreiras à entrada.

O próximo subcapítulo mapeará os tributos que irão incidir sobre o prêmio de resseguro pago ao exterior, ou seja, aqueles que o ressegurador porto-riquenho terá que pagar à Receita Federal do Brasil.

TRATAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEL AO PRÊMIO DE RESSEGURO CEDIDO AO EXTERIOR E A REGRA DE PREÇO DE TRANSFERÊNCIA

Conforme investigado, os resseguradores sediados em Porto Rico gozam de benefí-cios fiscais, eficiências societárias e regulatórias. A região e suas estruturas empresariais não são consideradas paraíso fiscal perante as normas brasileiras, portanto, aqueles podem se instalar como eventuais no Brasil. Neste subcapítulo serão apresentadas outras vantagens comparativas em relação aos resseguradores sediados em paraísos fiscais.

Há discussão quanto à natureza jurídica da atividade de seguro/resseguro. Trata-se de uma obrigação de pagar ou de fazer?

A tese dos contribuintes é de que o contrato gera a obrigação de pagar as perdas originadas de um sinistro segurado na apólice. O interesse econômico da Receita Federal22 é defender a natureza de serviço da atividade securitária.

Essa divergência gera duas grandes consequências fiscais: sob o ponto de vista

21 Informações usadas a partir de uma tabela feita pelo Economic Development Department of the Commonwealth of Puerto Rico, que se encontra no Anexo 14.

22 Decisão nº 218, de 06 de agosto de 1999; Solução de Consulta nº 107, de 11 de abril de 2001, da Receita Federal do Brail.

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municipal, a incidência ou não do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), e sob a perspectiva federal, a qualificação do prêmio de seguro/resseguro para fins de IRF como “outros rendimentos” (15% de alíquota) ou “prestação de serviços” (25% de alíquota).

O entendimento do autor é na linha do contribuinte. Existem serviços prestados pelas seguradoras e resseguradoras: treinamentos, troca de informações, auxílio no desenvolvimento de guidelines, políticas de subscrição, etc. Entretanto, estes não se caracterizam como a atividade por tais empresas. O objeto do contrato de seguro/resseguro foi materialmente desenvolvido no Capítulo 1. Objetivamente, pode-se dizer que é indenizar sinistros cobertos na apólice, em contraprestação ao prêmio, ou seja, a transferência de risco para diminuir responsabilidades financeiras. O fato de alguns serviços serem prestados não desqualifica a essência desse contrato, que é “pagar” as perdas seguradas. Nesse sentido, o Fisco tende a sobrevalorizar determinadas atividades paralelas realizadas pela empresa e erra ao interpretar a natureza jurídica da atividade econômica realizada. O interesse do Fisco nessa discussão é eminentemente arrecada-tório e cego em relação ao negócio realizado entre as partes contratantes.

Considerando o registro de uma empresa de resseguro no Brasil como de um ressegurador eventual, sob uma análise conservadora, incidirão os seguintes tributos na cessão do prêmio de resseguro:

a) O IRF, Lei nº 9.932, de 1999: as remessas para o exterior do prêmio de resseguro e retrocessão para resseguradores admitidos e eventuais estão sujeitas à tributação do Imposto de Renda na Fonte à alíquota de 15% ou 25%, aplicáveis apenas sobre 8% dos valores, o que resulta em 1,2% ou 2%, respectivamente, sobre os prêmios cedidos, de acordo com o artigo 26 da MP nº 2.158-35/200123. Em termos práticos, o contribuinte tende a pagar a alíquota do IRF cobrada pela Fazenda e depois discutir administrativo-judicialmente.

Quando se tratar de um ressegurador estrangeiro enquadrado nos termos da IN nº 1.037/10, essa possibilidade de litígio não é cabível, por força de lei24, e não em virtude de natureza jurídica do prêmio enviado ao exterior, caso em que incidirá alíquota de 25%. Logo, quando um segurador brasileiro faz negócios com um ressegurador porto-riquenho, é possível discutir a alíquota aplicável.

23 “A base de cálculo do imposto de renda incidente na fonte sobre prêmios de resseguro cedidos ao exterior é de oito por cento do valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido” (MP nº 2.158-35/2001).

24 Artigo 8º da Lei n.º 9.779/99 ; artigo 685, II, “b” do RIR/99; artigo 13, §1º da IN/SRF nº 252/2002.

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b) O PIS e a COFINS, Lei nº 10.865, de 200425: as alíquotas aplicáveis ao PIS e à COFINS são, respectivamente, 1,65% e 7,6%, incidentes sobre os prêmios de resseguro ao exterior, calculadas sobre 8% do valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido aos resseguradores estrangeiros. Mais uma vez discute-se a natureza jurídica da obrigação securitária. O Fisco enquadra a atividade de cessão de prêmios de resseguro ao exterior como atividade de importador de serviços. Objetivamente, o contribuinte tende a pagar o tributo e discutir administrativo-judicialmente.

c) O IOF/CÂMBIO, se houver fechamento de câmbio, Lei nº 6.385, de 1976: este imposto incidirá nas operações de câmbio, aplicando-se a alíquota de 0,38% sobre o repasse da parcela do prêmio de resseguro cedido a ressegurador estrangeiro.

Cabe ressaltar que a seguradora brasileira é a responsável:

a) pela retenção e pelo recolhimento do Imposto de Renda incidente na fonte sobre os prêmios de resseguro devidos a ressegurador estrangeiro;

b) pelo pagamento do PIS e da COFINS incidentes sobre os prêmios devidos ao ressegurador estrangeiro;

c) pelo recolhimento do IOF incidente, nas operações de câmbio.

Outra vantagem da resseguradora internacional não estar em paraíso fiscal é a não atração automática das regras de preço de transferência26. Os artigos 24 e 24-A da Lei nº 9.430 impõem tais regras, sem análise de mérito, para as operações com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada em paraísos fiscais.

Membros vinculados podem orquestrar transações internacionais para aumentar custos de uma parte e lucros de outra, geralmente localizada em um paraíso fiscal, com intuito puramente fiscal. Os métodos de controle do preço de transferência se revestem de uma função extrafiscal (TÔRRES, H., 2001. p. 162), com o escopo de restabelecerem os preços competitivos de mercado quando estes são intencionalmente manipulados.

25 Vale lembrar que a Medida Provisória 668, de 30/01/2015, entra em vigor em maio. A principal alteração trazida pela MP é das alíquotas estabelecidas no artigo 8º da Lei nº 10.865/04. As alíquotas incidentes sobre a remessa de prêmio de resseguro ao exterior não mudaram, pois a operação de resseguro está enquadrada no inciso II do caput do artigo 3º da mesma Lei.

26 Ver artigos 18, ss, da Lei nº 9.430/96 e IN RFB nº 1.312/12.

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Essas regras, quando aplicadas tornam mais onerosa a transação, justamente por buscarem alcançar um “preço de mercado” real. Via de regra, são utilizadas em negociações entre as empresas que compõem um grupo transnacional, entre partes relacionadas ou quando há vínculos de cooperação entre elas27.

Ocorre que, quando um ressegurador estrangeiro é enquadrado na IN nº 1.037/10, há atração imediata das regras de preço de transferência, independente de qualquer relacionamento entre as partes. Isso representa um aumento de gastos na operação financeira. Não se observa tal situação na relação de uma seguradora brasileira com um ressegurador eventual em Porto Rico.

Apontada uma visão geral sobre os tributos a serem pagos, quem os deve recolher e as regras de preço de transferência, tem-se um ponto de partida para um estudo mais aprofundado a respeito do assunto, que não é o objeto principal deste trabalho.

27 Ver artigo 2º da IN RFB nº 1.312 de 2012.

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Conclusão

Este trabalho abordou os fundamentos básicos do risco e dos contratos de seguro e resseguro, para poder lançar as bases do processo de pulverização do risco na cadeia global securitária.

Na evolução histórica do mercado de resseguros do Brasil, dois importantes momentos podem ser destacados como marcos. A criação do IRB, no ano de 1937,cuja atuação foi fundamental para desenvolver e amadurecer o mercado interno de seguros, além de garantir os interesses nacionais e, em um segundo momento, a abertura do mercado de resseguros em 2007, pela LC 126, com a subsequente privatização do IRB. Esta alavancou o crescimento do mercado de seguros doméstico e também permitiu a entrada de players privados no setor. Representou, ainda, uma maior exposição dos riscos brasileiros ao mercado internacional, assim como possibilitou novas oportuni-dades de negócio.

Ao tomar Porto Rico como um exemplo de jurisdição internacional que promove incentivos tributários, permite a organização de estruturas societárias eficientes e garante uma segurança regulatória com o arcabouço de leis federais americanas e inci-dência da regulação de agências norte-americanas, entre outras instituições, é possível perceber que esse país se apresenta como um berço de negócios.

No entanto,é preocupante a situação macroeconômica da região.O risco decorrente do alto endividamento porto-riquenho deve ser ponderado, quando se tencionar fazer negócios com empresas lá situadas, numa análise de custo-benefício.

À vista da pesquisa realizada, conclui-se que Porto Rico não é um paraíso fiscal, pois não figura no rol taxativo da Receita Federal, por isso, as resseguradoras situadas naquele país estão expostas a uma inserção no mercado brasileiro a partir de menores custos e barreiras à entrada.

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Um ressegurador internacional que deseje fazer negócios no Brasil e não seja considerado paraíso fiscal possui pelo menos três vantagens competitivas:

• viabilidade jurídica de se registrar na SUSEP como ressegurador eventual e reduzir custos regulatórios;

• possibilidade de discutir administrativo-judicialmente a alíquota do IRF sobre a remessa para o exterior do prêmio; e

• possibilidade de não atrair imediatamente as regras de preço de transferência.

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Anexo 1

Relação Horizontal entre as Cosseguradoras

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Relação Vertical entre a Seguradora e o Ressegurador

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Anexo 2Pulverização do Risco

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Anexo 3Linha do Tempo dos Períodos Mais Marcantes do Mercado Ressegurador Brasileiro

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Anexo 4Evolução do Número de Seguradoras Nacionais e Estrangeiras após a Criação do IRB

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Anexo 5Evolução no Volume de Prêmio Após a Criação do IRB

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Anexo 6Interconexões de Negócios em Regime de Monopólio no Brasil

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Anexo 7Interconexões de Negócios em Regime de Concorrência no Brasil

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Anexo 8Lista de Resseguradores e Corretoras de Resseguro no Brasil

Resseguradores Locais

1 Ace Resseguradora S. A.

2 AIG Resseguros Brasil S.A.

3 Allianz Global Corporate & Specialty Resseguros Brasil S.A.

4 Austral Resseguradora S. A.

5 Axa Corporate Solutions Brasil E América Latina Resseguros S.A.

6 BTG Pactual Resseguradora S.A

7 IRB Brasil Resseguros S. A.

8 J. Malucelli Resseguradora S. A.

9 Mapfre Re do Brasil Companhia de Resseguros

10 Markel Resseguradora do Brasil S.A

11 Munich Re do Brasil Resseguradora S. A.

12 Scor Brasil Resseguros S.A

13 Swiss Re Brasil Resseguros S.A

14 Terra Brasis Resseguros S.A.

15 XL Resseguros Brasil S. A.

16 Zurich Resseguradora Brasil S.A.

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Resseguradores Admitidos

1 Ace Tempest Reinsurance Ltd.

2 Allianz Global Corporate & Specialty Ag

3 American Home Assurance Company

4 Arch Reinsurance Ltd.

5 Arden Reinsurance Company Ltd.

6 Argo Re Ltd.

7 Axis Re SE

8 Berkley Insurance Company

9 Catlin Insurance Company (UK) Ltd.

10 Everest Reinsurance Company

11 Factory Mutual Insurance Company

12 Federal Insurance Company

13 Financial Insurance Company Limited

14 Gard Marine & Energy Limited

15 General Reinsurance Ag

16 Hannover Rück SE

17 HDI-Gerling Welt Service AG

18 Liberty Mutual Insurance Company

19 Lloyd’s (Sindicatos)

20 Mapfre Re Compañía de Reaseguros S.A.

21 Mitsui Sumitomo Insurance Company, Limited

22 Odyssey Reinsurance Company

23 Partner Reinsurance Europe Se

24 Royal & Sun Alliance Insurance PLC

25 Scor Global Life Americas Reinsurance Company

26 Scor Reinsurance Company

27 Swiss Reinsurance America Corporation

28 Swiss Reinsurance Company

29 Tokio Marine & Nichido Fire Insurance Co., Ltd.

30 Torus Specialty Insurance Company

31 Transamerica International Re (Bermuda) Ltd.

32 Transatlantic Reinsurance Company

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Anexo 8 • 93

33 Xl Re Latin América Ltd.

34 Zurich Insurance Company

Resseguradores Eventuais

1 Ace Property and Casualty Insurance Company

2 African Reinsurance Corporation

3 Agrinational Insurance Company

4 Allianz Se

5 Allied World Assurance Company (Reinsurance) Plc

6 American Life Insurance Company

7 Amlin Europe N.V. (Antiga Amlin Corporate Insurance N.V.)

8 Arch Insurance Company

9 Arch Reinsurance Company

10 Aspen Insurance UK Limited

11 Assicurazioni Generali S.p.A.

12 Atradius Reinsurance Limited

13 Axa Corporate Solutions Assurance

14 Axa France Iard

15 Axa France Vie

16 Axis Reinsurance Company

17 Baloise Insurance LTD

18 Berkshire Hathaway International Insurance Limited

19 Caisse Centrale de Reassurance

20 CNA Insurance Company Limited

21 Compagnie Française D’Assurancepourle Commerce Extérieur – COFACE

22 Delta Lloyd Schadeverzekering N.V.

23 Endurance Worldwide Insurance Limited

24 Euler Hermes North America Insurance Company

25 Eurasia Insurance Company JSC

26 Export Development Canada

27 General Insurance Corporation of India

28 Guardian Life of the Caribbean Limited

29 HCC International Insurance Company PLC

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30 HDI-GerlingIndustrieVersicherung AG

31 Houston Casualty Company

32 Hyundai Marine & Fire Insurance Company Limited

33 IF P&C Insurance Company LTD.

34 IF P&C Insurance LTD.

35 Infrassure Ltd.

36 Insurance Company Of Gaz Industry Sogaz

37 Ironshore Specialty Insurance Company

38 John Hancock Life Insurance Company (U.S.A)

39 Korean Reinsurance Company

40 Liberty Mutual Insurance Europe Limited

41 Lig Insurance Company Limited

42 Mapfre Global Risks, Compañia Internacional de Seguros y Reaseguros S.A.

43 Markel International Insurance Company Limited

44 Mitsui Sumitomo Insurance Company of America

45 MünchenerRuckversicherungs-GesellschaftAktiengesellschaft in Munchen

46 National Liability & Fire Insurance Company

47 Navigators Insurance Company

48 New Reinsurance Company (Nouvelle Compagnie de Réassurances)

49 Office National Du Ducroire

50 PartnerreAmericaInsuranceCompany (Antiga Paris Re AmericaInsuranceCompany)

51 R+V Versicherung AG

52 Reaseguradora Patria S.A.B.

53 Samsung Fire & Marine Insurance Co., Ltd.

54 Schweizerische National – Versicherungs – Gesellschaft AG

55 Scor Global P&C SE

56 Seguros Inbursa, S.A.

57 Seoul Guarantee Insurance Company

58 Sirius America Insurance Company (atual denominação da White Mountains Reinsurance Company of America)

59 Sirius International Insurance Corporation

60 Solen Versicherungen AG

61 Sompo Japan InsuranceInc

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Anexo 8 • 95

62 Swiss Re Corporate Solutions Ltd.

63 Swiss Re Europe S.A.

64 The New India Assurance Company Ltd.

65 Tokio Millennium Re (UK) Limited (Nova Denominação de Tokio Marine Global Ltd.)

66 Travelers Casualty and Surety Company of America

67 VHV Allgemeine Versicherung AG

68 W.R. Berkley Insurance (Europe) Limited

69 XL Insurance Company Plc (Antiga XL Insurance Company Limited)

70 Zurich Insurance Public Limited Company

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96 • Cadernos de Seguro – Teses – A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros e a Oportunidade de Negócios para Empresas Estrangeiras: As Peculiaridades de Porto Rico

Nº Corretoras de Resseguro

1 AD Corretora de Resseguros Ltda.

2 Aon Benfield Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

3 ARX-RE Corretora de Resseguros Ltda.

4 Besso Re Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

5 BowringMarsh Corretora de Resseguros Ltda.

6 BRIB Corretora de Resseguros Ltda.

7 Circles Group Brasil Corretora de Resseguros S. A.

8 COOPER GAY do Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

9 Cormatt – Corretora de Resseguros Ltda. (SUSPENSA)

10 Guy Carpenter &Company Corretora de Resseguros Ltda.

11 Howden Corretora de Resseguros Ltda.

12 JLT Re Brasil Administração e Corretagem de Resseguros Ltda.

13 Lenix Re do Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

14 MDS Re Corretora de Resseguros Ltda.

15 Mexbrit Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

16 Miller do Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

17 Nausch Hogan & Murray Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

18 Pluris Re Corretora de Resseguros Ltda.

19 Promass Corretora de Resseguros Ltda.

20 THB Re Corretora de Resseguro Ltda.

21 U.S. Re do Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

22 UIB Re Brasil Corretora de Resseguros Ltda.

23 Universal Re Corretores de Resseguros Ltda. Denominação anterior: Adams & Porter Corretora de Resseguros Ltda.

24 Willis Corretora de Resseguros Ltda.

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Anexo 9Histórico de Arrecadação por Segmento no Brasil

Arrecadação por Segmento – Histórico AnualEm R$ bilhões e % de variação

Notas:1) Valores referentes ao ramo dotal misto foram incluídos na parte de planos de risco, embora apresente características mistas de

risco e acumulação.2) Por questões metodológicas, os valores apresentados diferem dos informados pela ANS e FenaSaúde. O valor informado para

o mercado de saúde suplementar foi calculado utilizando a conta 311 (Contraprestações líquidas – Prêmios Retidos).Fontes: DIOPS (ANS) – Extraído em 08/09/2014; SES (SUSEP) – Extraído em 04/11/2014

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Anexo 10Tipos de Licenças e suas Características em Porto Rico

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Anexo 11Quantidade de Empresas em Cada Segmento do Mercado de Seguros Brasileiro

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Anexo 12Exemplo de Fronting

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Anexo 13Estrutura de uma Protected Cell Company

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Anexo 14Características de Diferentes Mercados de Resseguro

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Anexo 15Entrevistas

1ª ENTREVISTA: ANGELAWEYNEThe US has been leading a crusade against tax havens and tries to promote greater transparency of information between US taxpayers and the IRS. How do you see Porto Rico in this regulatory context? Can Porto Rico be interpreted as a tax haven?

A tax Heaven is a concept that needs to be defined or refined, since could be argued in an spectrum of scenarios. At least two characteristics must be present for the tax heaven concept could have some reality: Zero or very low taxes

Zero or low regulatory enforcement. In the context above, PR is a highly taxed jurisdiction (Income, Sales, State, Municipal, withholding, Estate, etc.) to its constituents, where the government, throughout several administrations had conceived and implemented a preferred tax environment for selected populations, with the objective of developing the economy.

However, even for the population under the preferred arrangement, as well as for those in the regular tax environment, PR is a highly regulated jurisdiction, subject to State regulation, Federal regulation in many areas and two court systems. Specifically and specially the corporations or individuals under the preferred tax environments are subject to scrutiny, reporting system, disclosure of its operation and withdrawal of benefits if non compliant.

Under the above argumentation, PR is not a tax heaven.

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PR should welcome any movement in the US towards the non sponsoring of Tax Heavens. PR should actively enter the discussion with the position that, as a non tax heaven it is good for US interests to favor movement of capital from current tax heavens to PR. This is consistent with several economic movements regarding US interests where legislation has been passed to seek reduction of tax evasion, strengthening and insuring that the US banking system and Insurers maintain appropriate reserves.

How can Brazil gain efficiency regarding the business friendly regulation in Porto Rico?

Capital efficiency can be gained through a number of factors among them, Easy entering and exiting of markets Direct, simple, consistent regulation preferred, secured tax environment, compatibility of regulation among domicile and target markets.

We propose that Brazilian capital may indeed gain efficiency using PR as a platform for the following reasons:

• As an NAIC Accredited jurisdiction, a PR platform will have immediate access to US Reinsurance and SL markets.

• PR IIC regulation is simple, and the OCI has proven to use the discretionary power given by Chapter 61.

• A PR IIC platform will enjoy a preferred tax environment secured for a potential of 45 years. This environment is extended to the IIC ‘s Income, Reserves, Holding Company and Service Providers .

• Using an IIC platform, Brazilian capital may combine and leverage LATAM sources of Income, which will not be subject to Fed Taxes, in a US jurisdiction, to implement enterprises in the US market.

2ª ENTREVISTA: RUBÉN GELY

Protected Cells in Porto Rico are authorized under Chapter 61 of the Code and Rule 81 of the Rules of the Code. This is the legal framework for International Insurers in general, which are entities organized in PR to do business outside PR.

Under this legal framework Protected Cells (Segregated Asset Plans is the legal term) do business under a Segregated Asset Plan of Operation authorized by the Office to an International Insurer Class 2, 3, 4, 5 or 6.

Protected Cells in PR (SA) are not incorporated and does not have a legal identity (see Article 61.160 (5) of the Code), therefore they do not have an LLC

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Anexo 15 • 111

structure. Chapter 61 and Rule 81 provides though for a very strong separation of Assets and Liabilities among the Protected Cells and those of the PC Company.

Protected Cells are by law (Article 61.240 as amended) individually taxed, as well as the Protected Cell Company. Also each PC needs to be individually registered at the OCI-PR.

The International Insurer, Class 2 to 6 themselves cannot be organized under an LLC as they are organized under the Code.

Because of all the above, a Protected Cell in PR has not an LLC structure.As regard to the domestic market, i.e., outside of Chapter 61, Insurers and

Reinsurers domiciled and doing business in PR are organized under the Code and may assume a corporate, mutual, reciprocal or fraternal organization. They cannot assume an LLC structure.

Health Services Organization domiciled in PR are organized under the General Corporation Law and they may assume an LLC structure. However, they cannot establish Protected Cells or similar platforms.

I understand that some banks operate in Puerto Rico and they help to develop the insurance industry. Could you please explain more how the financial services of banks help insurance industries? How many banks operate in Puerto Rico? Do you know if there is a number of accountant or persons graduated in Puerto Rico?

How does the Excise tax (US Internal Revenue Code, Section 4371) apply to Puerto Rico?

Financial sector and Insurance Sector are closely interrelated. Some of the interfaces are: Commercial accounts, Letter of Credits, Certificate of Deposits, Custodial Accounts, Trust Services.

After Gramm Leach Bliley legislation, most if not all of the banks extend their operations to the insurance industry, by having one of more subsidiaries as insurance intermediary (General Agent, Authorized Representative or Producer). Banco Popular, the principal bank in PR also have a Reinsurance subsidiary.

In 2012 , last figure available, there were over 50,000 graduates from the several higher education programs in PR, 8,000 in Administration programs. Enclosed for your reference a summary provided by the Education Council , see Table 6 for example.

As PR has sort of Fiscal autonomy, and accordingly an own contributory system, PR domiciled corporations are considered foreign corporations for IRS purposes. Thereforethey are subjectto FET.

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3ª ENTREVISTA: BERNARDO WEAVER

O mercado de resseguros brasileiro foi recentemente aberto. Como o Brasil pode ganhar mais competitividade internacional?

Resseguro é um negócio de duas partes: underwriting e claimshandling de um lado, e investment management de outro. O mercado brasileiro sempre vai ter um custo de capital mais alto do que o mercado internacional. Logo, tem acesso a dinheiro mais barato e também tem muito mais volume de capital.

A vantagem do mercado nacional está no underwriting e no claimshandling. As empresas brasileiras conhecem os riscos locais e sabem precificá-los melhor do que os estrangeiros. Se o mercado abrir muito, os estrangeiros entram, pegam todos os melhores profissionais locais, e os brasileiros ficam sendo empregados de firmas estrangeiras. Isso não me parece ideal para o mercado brasileiro

Se, por outro lado, o mercado fica muito fechado, o segurador e ressegurador locais ficam muito acomodados, e seguem fazendo negócio da mesma maneira de sempre. Inovação é um negócio difícil de ser implantado na indústria de seguros, que é conservadora por excelência. Ainda mais no Brasil.

Assim é que é importante atingir o meio-termo desta relação. O governo abriu o mercado, mas fez exigências pesadas de capital para os estrangeiros. Houve muita reclamação do exterior. Por isso, acabou ficando um pouco incompleto.

A SUSEP também impôs um limite de 40% do risco ter que ser subscrito por players locais. Isso colocou os brasileiros com a capacidade de precificar a garantia, diminuindo a vantagem de capital que os estrangeiros têm. Ou seja, a questão é a seguinte: Como abrir o mercado? Abrir totalmente e deixar que os estrangeiros dominem tudo? Ou fechar total, e manter a inércia local? A SUSEP está trabalhando com o mercado para conseguir chegar em um ponto de equilibrio. Mas isso é mais uma arte do que uma ciência. Assim, não é claro que o mercado brasileiro consiga fechar essa questão, nem que os estrangeiros consigam mostrar o valor de seus argumentos.

É um processo que tem que ser trabalhado, junto com outros problemas que o País tem, como por exemplo, o excesso de regulamentação, que também beneficia os players locais. É um processo longo, mas o Brasil, a seu tempo, vai conseguir atingir alguns avanços.

Como desenvolver a indústria de seguradoras cativas no setor securitário brasileiro?

Questão bem diferente da anterior, mas que tem aspectos semelhantes. As seguradoras cativas são vistas pelo mercado como roubando volume de prêmio dos seguradores locais e estrangeiros aqui estabelecidos. Isto é apenas parcialmente verda-

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Anexo 15 • 113

deiro. O mercado de seguradoras cativas acaba atraindo outro mercado subterrâneo fortíssimo, que é o mercado de dinheiro que está no exterior.

Este mercado é enorme, estimado em US$ 600 bilhões. Ou seja, o Brasil tem 25% de seu PIB estacionado em contas no exterior. Por que o Brasil não tenta tirar esse dinheiro lá de fora? Porque é muito difícil. Tirando o dinheiro de corrupção, de tráfico de drogas, que é muito difícil de trazer, tem outro dinheiro lá também. Tem o dinheiro da evasão fiscal, e tem o dinheiro do investidor que não tem interesse em manter o dinheiro no Brasil porque o mercado de investimento é pobre de opções, muito volátil, e o investidor fica exposto à volatilidade da moeda, que é muito grande. O Brasil é muito volátil. Daí, a vantagem de botar o dinheiro no exterior e manter um hedge de dólar gratuito. Além disso, você ainda consegue um retorno interessante e bem diversificado, em dólar.

O Brasil já faz alguma coisa nesse sentido, de repatriar este dinheiro. Mas pode fazer muito mais. Uma das alternativas é abrir seguradoras cativas. Estas seguradoras permitem que o investidor faça um hedge de dólar gratuito, ao permitir alocação de dinheiro no exterior. Estas seguradoras vão colocar, a partir de suas contas no Brasil, um pouco de dinheiro também no Brasil, porque o investidor tem interesse em comprar e vender no mercado que conhece. Então, digamos que você consiga que 10% do dinheiro que esta lá fora volte, e fique em seguradoras cativas. Isso já é mais do dobro do volume de prêmio do mercado segurador como um todo. É muito dinheiro! E isso traz mais sofisticação ao mercado local, com players no mercado, inclusive corretores de seguros, asset managers, bem mais linkados com o mercado internacional.

Se o Brasil conseguir trazer esse dinheiro de volta, e se desses US$ 60 bilhões, 20% forem investidos no mercado brasileiro, já são US$ 12 bilhões que podem entrar na bolsa. Isso é igual a 1% do marketcap do IBOVESPA. Ou seja uma lei, bem-feita pode trazer um caminhão de dinheiro para o País, e pode impactar o mercado de seguros de uma maneira fenomenal.

Existe o lado negativo para o mercado, que são as grandes empresas “by-passando” o mercado para fazer suas próprias cativas. Mas o negócio é que o mercado vai ganhar muito em agilidade, em sofisticação, e vários riscos que não estão cobertos hoje em dia vão começar a ser cobertos. E, inclusive, alguns riscos que podem começar em cativas podem ir para o mercado formal tradicional de seguradoras.

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4ª ENTREVISTA: MARIA ELENA BIDINO

A abertura do mercado de resseguros alcançou os objetivos pretendidos? Quais foram esses objetivos?

A discussão da quebra do monopólio de resseguro no Brasil se arrastou por décadas. Entretanto, o marco legal a partir do qual se iniciou a delinear a abertura do mercado de resseguros no Brasil ocorreu com a EC 13/96. As preocupações tinham várias cores e tonalidades que se traduziram em objetivos: proteger o mercado brasileiro de seguros contra aventureiros; permitir a pluralidade de oferta de resse-guro, atraindo resseguradores tradicionais com sólida saúde financeira e reputação; mitigar o risco de crédito e o risco operacional das seguradoras brasileiras habituadas com o regime de monopólio; profissionalizar os técnicos de seguro para operar no mercado livre; evitar que se operasse o resseguro para carteiras domésticas, como, por exemplo, a carteira de auto, tradicionalmente retida no mercado nacional; incentivar a constituições de empresas de resseguro com capital nacional; criar um mercado brasileiro de resseguro.

Depois de sete anos, podemos considerar atendidos os objetivos traçados, a partir do modelo escolhido para abertura, que estabeleceu parâmetros e condições de operação de resseguradores, divididos em três categorias: locais, admitidos e eventuais, o que favoreceu às empresas de resseguro escolher a melhor alternativa dentro de sua estratégia de negócios para o Brasil e América Latina.

Existem registradas na SUSEP 120 empresas de resseguro. O modelo brasileiro de abertura do mercado de resseguro trouxe ingresso de capital estrangeiro, beneficiado pelas altas taxas de juros vigentes no Brasil, como favoreceu o mercado de trabalho, principalmente para atender às empresas de resseguro locais e admitidas e os corretores de resseguro, que não existiam como classe nos tempos de monopólio.

O modelo escolhido pelo Brasil definiu também privilégio para oferta obrigatória de resseguro para os resseguradores locais. Com isso, preservou a condição do IRB Brasil Re e incentivou constituições de empresas nacionais. Como resseguradores locais, em novembro de 2014, existem mais de dez empresas, que são submetidas ao controle e comando dos órgãos regulador e supervisor do Brasil. Conjugadas com a restrição de 20% de cessão entre empresas do mesmo grupo, as condições da abertura levaram à criação do mercado de resseguro nacional.

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Anexo 15 • 115

Quais os avanços obtidos com a abertura do mercado de resseguros? As segura-doras se beneficiaram desse processo?

O resseguro é uma operação globalizada, mesmo antes de surgir o termo “globali-zação”. O resseguro é nada mais, nada menos, que o empréstimo de capital de empresas de resseguro às seguradoras, para que estas possam negociar coberturas de seguro para riscos que ultrapassam sua capacidade de solvência. A exposição de capitais elevados e a escassez desses negócios nas carteiras das seguradoras em todo mundo traduzem as razões pelas quais as seguradoras precisam do resseguro, da pulverização entre muitos resseguradores espalhados em todo o mundo. O monopólio trouxe inúmeros e diversos benefícios para o setor segurador brasileiro. O amadurecimento do setor segurador brasileiro refletido pelas megasseguradoras do nosso mercado denuncia que a livre concorrência se fazia necessária. A pluralidade da oferta, o aumento da concorrência e da competição favoreceram não só os consumidores de seguro mas as seguradoras, que tiveram a oportunidade de definir sua estratégia de negócio e buscar seu aprimoramento técnico. Seguro é uma operação de longo prazo, e a manutenção da proteção trazida pelo monopólio às seguradoras não se coadunava mais ao nível de robustez financeira das principais empresas seguradoras brasileiras. A abertura do monopólio obrigou as empresas a estabelecerem sua política e estratégia de negócios a longo prazo. É isso a que assistimos nesses primeiros anos de abertura.

5ª ENTREVISTA: ROBERT ROMANO

Quais são os obstáculos para trazer negócios em Porto Rico?PR has had difficulty to make itself known because of the established reputations

of other jurisdictions. For example, Bermuda is automatically considered whenever a new offshore insurer is being planned.

Considerando os modelos brasileiro e de Porto Rico, o setor securitário brasileiro poderia se espelhar em alguma estrutura criada em Porto Rico?

Creating a low tax environment encourages attracts investors. Combining a flexible regulatory regime with favorable taxation makes a jurisdiction a viable candidate for new insurers. Since US insurance regulations allow multiple ways for foreign insurers to meet the needs of the US market, a Porto Rico or other offshore insurer can use that flexibility of the US market to offer coverage of US risks on a cost-effective basis.

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O que o Brasil deveria evitar que não deu tão certo em Porto Rico?Porto Rico has done a good job at creating a tax and insurance regime to attract

offshore insurers. But, investors desire stability, so if one were to embark into such a market, efforts should be made to avoid changing the rules. Also, it is very important that investors feel comfortable that the regulators will act promptly to process applications and requests for information.

Fique livre para fazer quaisquer outros comentários.

Brazil’s market is opening. This is very helpful for the market and for the general economy of the country. Insurance regulators tend to attract new entrants when these investors feel comfortable with the transparency and accessibility of the regulator. Also, the market tends to mature and better meet local needs when the law permits foreign insurance of domestic risks when those risks cannot be met within the country.

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Anexo 16Estágio de Desenvolvimento Econômico de Porto Rico

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Anexo 17Fatores Mais Problemáticos de Porto Rico

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Anexo 18Condições Básicas para Registro de Ressegurador no Brasil

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Anexo 19Incidência de Tributos entre as Jurisdições de Bermudas, Ilhas Cayman, Vermont e Porto Rico

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Anexo 20Impacto dos Normativos CNSP – Final de 2010 e Início de 2011

Fonte: SUSEP, Terra Brasis Re, volume acumulado de 12 meses

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O Autor

Gustavo Palheiro Mendes de Almeida

Advogado – Fundação Getúlio Vargas (RJ), Intensive Reinsurance Workshop em Londres no The Chartered Insurance Institute (CII); U.S. German Summer School em direito internacional e direito comparado na Alemanha – Marquette University Law School, University of Wisconsin Law School e Justus Liebig University Giessen.

Atua no mercado de resseguros como advogado, tendo experiência em Escritórios de Advocacia Brasileiros, Americanos e em Resseguradoras Locais. Integra o Grupo de Estudo da Fenaber sobre Clausulados no Mercado Ressegurador Brasileiro; palestrou no Seminário ‘A Arte de Elaborar o Contrato’, 6ª Edição (Escola Nacional de Seguros – Funenseg – 30/09/2015); integra os Grupos Nacionais de Trabalho de: Resseguro, Saúde, e Ambiental da AIDA – Associação Internacional de Direito de Seguros; coordena o Grupo de Trabalho de Autorregulação da Comissão de Sustentabilidade e Inovação da CNseg – Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização.

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