9 - funções essenciais à justiça (2015_01_21 14_59_59 utc).docx

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Página 1 de 9 Funções Essenciais à Justiça A Constituição agrupou, em um Título, o Ministério Público, a advocacia pública, a Defensoria Pública e a advocacia privada. Note-se que nenhuma dessas pessoas ou órgãos integra a estrutura do Judiciário, pois atuam perante o Judiciário, sendo suas atuações imprescindíveis ao próprio exercício da função jurisdicional, contando com o fato de que o Judiciário, em regra, não atua de ofício, necessitando de provocação. Ministério Público 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. A Carta Maior instituiu o MP como órgão autônomo e independente não subordinado a nenhum Poder da República – consistindo em autêntico fiscal da Federação, da separação dos Poderes, da moralidade pública, da legalidade, do regime democrático e dos direitos e garantias constitucionais. Composição O Ministério Público abrange o Ministério Público da União (MPU) e o Ministério Público dos Estados (MPE). Por sua vez, o MPU compreende: (a) O MPF – Ministério Público Federal; (b) O MPT – Ministério Público do Trabalho; (c) O MPM – Ministério Público Militar; (d) O MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O fato de o MPDFT integrar o MPU justifica-se porque, por determinar da Carta da República, cabe à União organizar e manter o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Princípios do Ministério Público São princípios do MP, constitucionalmente expressos, a unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e a autonomia administrativa e financeira. A unidade significa que seus membros integram um só órgão, sob única direção de um Procurador Geral. Esse princípio precisa ser visto dentro de cada MP de forma separada, ou seja, não há unidade entre o MPF

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Funes Essenciais JustiaA Constituio agrupou, em um Ttulo, o Ministrio Pblico, a advocacia pblica, a Defensoria Pblica e a advocacia privada. Note-se que nenhuma dessas pessoas ou rgos integra a estrutura do Judicirio, pois atuam perante o Judicirio, sendo suas atuaes imprescindveis ao prprio exerccio da funo jurisdicional, contando com o fato de que o Judicirio, em regra, no atua de ofcio, necessitando de provocao.Ministrio Pblico127. O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis.A Carta Maior instituiu o MP como rgo autnomo e independente no subordinado a nenhum Poder da Repblica consistindo em autntico fiscal da Federao, da separao dos Poderes, da moralidade pblica, da legalidade, do regime democrtico e dos direitos e garantias constitucionais. ComposioO Ministrio Pblico abrange o Ministrio Pblico da Unio (MPU) e o Ministrio Pblico dos Estados (MPE). Por sua vez, o MPU compreende:(a) O MPF Ministrio Pblico Federal;(b) O MPT Ministrio Pblico do Trabalho;(c) O MPM Ministrio Pblico Militar;(d) O MPDFT Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios.O fato de o MPDFT integrar o MPU justifica-se porque, por determinar da Carta da Repblica, cabe Unio organizar e manter o Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios. Princpios do Ministrio PblicoSo princpios do MP, constitucionalmente expressos, a unidade, a indivisibilidade, a independncia funcional e a autonomia administrativa e financeira.A unidade significa que seus membros integram um s rgo, sob nica direo de um Procurador Geral. Esse princpio precisa ser visto dentro de cada MP de forma separada, ou seja, no h unidade entre o MPF e MPT, nem entre MPE-MG e MPE-RJ, nem entre MPF e MPE-MG cada ramo do MP uma unidade.A indivisibilidade enuncia que os membros do MP no se vinculam aos processos em que atuam, podendo ser substitudos uns pelos outros, de acordo com as regras legais, sem nenhum prejuzo para o processo. Esse princpio precisa ser visto dentro de cada MP de forma separada.A independncia funcional a independncia do MP no exerccio de suas funes, ou seja, o MP no est subordinado a qualquer dos Poderes; seus membros no se subordinam a quem quer que seja, somente Carta Magna, s leis e prpria conscincia, por isso, a hierarquia existente dentro de cada MP membros em relao ao Procurador Geral meramente administrativa, mas no funcional. A autonomia administrativa e financeira confere ao MP poderes para propor ao Legislativo a criao e extino de seus cargos e servios auxiliares, provendo-os por meio de concurso pblico, bem como propor a poltica remuneratria e os planos de carreira.No exerccio desse princpio, o MP elabora suas prprias folhas de pagamento; adquire bens; contrata servios; edita atos de concesso de aposentadoria; edita atos de exonerao de seus servidores, etc. Essa autonomia outorga ao MP a competncia para elaborar sua proposta oramentria, podendo, ulteriormente, administrar os recursos que lhe forem destinados com plena autonomia. Entretanto, essa autonomia, no lhe assegura o poder de iniciativa da lei oramentria diretamente perante o Legislativo, devendo a sua proposta integrar-se ao oramento geral. Dessa forma, o MP no dispe de recursos prprios, mas, na elaborao da proposta do oramento geral, tem o poder de indicar os recursos necessrios a atender suas prprias despesas. Caso o MP no encaminhe a respectivo proposta oramentria dentro do prazo, estabelecido na LDO, o Executivo considerar os valores aprovados na lei oramentria vigente. Caso o MP encaminhe a proposta oramentria, mas essa estiver em desacordo com os limites da LDO, o Executivo proceder nos ajustes necessrios. Ademais, durante a execuo oramentria, no poder haver a realizao de despesas ou assuno de obrigaes que extrapolem os limites estabelecidos na LDO, salvo se houve autorizao prvia, mediante abertura de crditos suplementares ou especiais. A autonomia dos MP est assentada, tambm, na outorga ao PGR Procurador-Geral da Repblica e aos PGJ Procuradores-Gerais de Justia a iniciativa de lei complementar sobre a organizao, respectivamente, do MPU e dos MPE. Todavia, essa iniciativa concorrente com o Chefe do Executivo, por fora da Carta Maior. Princpio do Promotor NaturalEsse princpio probe designaes casusticas para atuao neste ou naquele processo, impedindo, ento, a existncia da figura do promotor de exceo, garantindo a imparcialidade de sua atuao. O princpio do promotor natural impe que o critrio para a designao de um membro do MP para atuar em determinada causa seja abstrato e predeterminado, que seja baseado em regras objetivas e gerais, no podendo, a chefia do MP, realizar designaes arbitrrias, tampouco substituir um promotor por outro de forma desvinculada da lei. Funes do Ministrio PblicoArt. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: (Numerus Abertus)I - promover, privativamente, a ao penal pblica;II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio, promovendo as medidas necessrias a sua garantia;III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;IV - promover a ao de inconstitucionalidade ou representao para fins de interveno da Unio e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituio;V - defender judicialmente os direitos e interesses das populaes indgenas;VI - expedir notificaes nos procedimentos administrativos de sua competncia, requisitando informaes e documentos para instru-los, na forma da lei complementar respectiva;VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;VIII - requisitar diligncias investigatrias e a instaurao de inqurito policial, indicados os fundamentos jurdicos de suas manifestaes processuais;IX - exercer outras funes que lhe forem conferidas, desde que compatveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representao judicial e a consultoria jurdica de entidades pblicas. 2 As funes do Ministrio Pblico s podem ser exercidas por integrantes da carreira, que devero residir na comarca da respectiva lotao, salvo autorizao do chefe da instituio. 3 O ingresso na carreira do Ministrio Pblico far-se- mediante concurso pblico de provas e ttulos, assegurada a participao da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realizao, exigindo-se do bacharel em direito, no mnimo, trs anos de atividade jurdica e observando-se, nas nomeaes, a ordem de classificao. 5 A distribuio de processos no Ministrio Pblico ser imediata. Nomeao dos PGO MPU tem por chefe o PGR que nomeado pelo Presidente da Repblica entre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, aps a aprovao do seu nome pela maioria absoluta do Senado. A nomeao do PGR para o exerccio de mandato de 2 anos, permitidas sucessivas recondues, desde que todas sejam aprovadas pelo Senado, sempre por maioria absoluta. A destituio do PRG tambm iniciativa do Presidente da Repblica, aps aprovao da maioria absoluta do Senado. A nomeao dos PGJ nos estados e no Distrito Federal obedece a regra constitucional, segundo a qual os MPE (Estados) e o MPDFT (Distrito Federal) formaro lista trplice entre integrantes da carreira, sendo que um desses ser nomeado pelo Chefe do Executivo para mandato de 2 anos, permitida apenas 1 reconduo. Percebe-se que na nomeao do PGJ dos estados ou do DF, h duas diferenas em relao nomeao do PGR: (a) a no participao do Legislativo estadual na escolha e nomeao do PGJ; (b)a no permisso de recondues sucessivas para os PGJ. Os PGJ dos MPE e MPDFT podero ser destitudos por deliberao da maioria absoluta do Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. Ateno: a destituio do PGJ do MPDFT caber ao Senado Federal, no Cmara Legislativa. Garantias dos membrosSo garantias constitucionais dos membros do MP: a vitaliciedade; a inamovibilidade; a irredutibilidade de subsdio.Os membros do MP adquirem vitaliciedade aps 2 anos de efetivo exerccio na carreira, mediante aprovao em concurso de provas e ttulos, no podendo perder o cargo seno por sentena judicial transitada em julgado. Uma vez no cargo, os membros do MP somente podem ser removidos ou promovidos por iniciativa prpria, salvo por motivo de interesse pblico, mediante deciso do CNMP, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa. A inamovibilidade no impede que o membro do MP seja removido por determinao do CNMP, a ttulo de sano administrativa, assegurada a ampla defesa.

Vedaes constitucionais vedado ao membro do MP:a) receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens ou custas processuais;b) exercer a advocacia;c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica, salvo 1 de magistrio;e) exercer atividade poltico-partidria; f) receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei.A vedao a atividade poltico-partidria absoluta, devendo o membro do MP, para exercer tal atividade, pedir exonerao ou aposentadoria. Os membros do MP no podem ser nomeados para cargos em comisso ou funes de confiana, salvo se inseridos na estrutura organizacional do prprio rgo. Ao membros do MP vedado, ainda, exercer advocacia no juzo ou tribunal em que desempenhava suas funes antes de decorridos 3 anos do afastamento, por aposentadoria ou exonerao. Conselho Nacional do Ministrio Pblico (CNMP)Compete ao CNMP o controle da atuao administrativa e financeira do MP e o controle do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. O CNMP compem-se de 14 membros nomeados pelo Presidente da Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:(a) O Procurador-Geral da Repblica como Presidente;(b) 4 membros do MPU, assegurada a representao de cada uma de suas carreiras;(c) 3 membros dos MPE;(d) 2 juzes, indicados um pelo STF e outro pelo STJ;(e) 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB;(f) 2 cidados de notvel saber jurdico e reputao ilibada, indicados um pela Cmara e outro pelo Senado.O mandato de tais membros de 2 anos, admitida apenas 1 reconduo sucessiva. Estabelece a Carta Maior, ainda, que o Presidente do Conselho Federal da OAB oficiar junto ao CNMP, e por isso no poder ser membros desse Conselho. 2 Compete ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico(...)I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministrio Pblico, podendo expedir atos regulamentares, no mbito de sua competncia, ou recomendar providncias;II - zelar pela observncia do art. 37 e apreciar, de ofcio ou mediante provocao, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou rgos do Ministrio Pblico da Unio e dos Estados, podendo desconstitu-los, rev-los ou fixar prazo para que se adotem as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, sem prejuzo da competncia dos Tribunais de Contas;III - receber e conhecer das reclamaes contra membros ou rgos do Ministrio Pblico da Unio ou dos Estados, inclusive contra seus servios auxiliares, sem prejuzo da competncia disciplinar e correicional da instituio, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoo, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsdios ou proventos proporcionais ao tempo de servio e aplicar outras sanes administrativas, assegurada ampla defesa;IV - rever, de ofcio ou mediante provocao, os processos disciplinares de membros do Ministrio Pblico da Unio ou dos Estados julgados h menos de 1 ano;V - elaborar relatrio anual, propondo as providncias que julgar necessrias sobre a situao do Ministrio Pblico no Pas e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. 5 Leis da Unio e dos Estados criaro ouvidorias do Ministrio Pblico, competentes para receber reclamaes e denncias de qualquer interessado contra membros ou rgos do Ministrio Pblico, inclusive contra seus servios auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico.Ministrio Pblico junto aos tribunais de contasA Carta Maior determina a existncia de um MP junto ao TCU, devendo ser aplicados aos membros desse MP os mesmos direitos, vedaes e forma de investidura previstos para os demais membros do MP. Esse MP vinculado administrativamente ao prprio TCU, no integrando o MPU. Consequncia disso que cabe ao prprio TCU a iniciativa de lei sobre a organizao desse MP que atua junto a ele. Advocacia PblicaA Advocacia-Geral da Unio (AGU) tem competncia, diretamente ou por meio de rgo vinculado, representar a Unio exceto na execuo da dvida ativa de natureza tributria judicial e extrajudicialmente, bem como prestar as atividades de consultoria e assessoramento jurdico do Executivo Federal. A AGU chefiada pelo Advogado-Geral da Unio, cargo esse de livre nomeao e exonerao pelo Presidente da Repblica, entre cidados maiores de 35 anos, de notvel saber jurdico e reputao ilibada. AdvocaciaEstabelece a Carta Magna que o advogado imprescindvel para a administrao da Justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccio da profisso, nos limites da lei. Aqui se v dois princpios: princpio da indispensabilidade do advogado e o princpio da imunidade do advogado.A indispensabilidade exige a subscrio de advogado habilitado, mediante inscrio na OAB, para a postulao em juzo. Essa exigncia, entretanto, no absoluta, pois a lei pode excepcionalmente afastar essa obrigatoriedade de assistncia advocatcia, como no caso da impetrao de habeas corpus, na reviso criminal e no acesso Justia do Trabalho. A garantia de imunidade tambm no absoluta, devendo obedecer limites legais. Assim, a inviolabilidade circunscreve-se s manifestaes e prtica de atos vinculados ao efetivo e regular exerccio da profisso. Smula Vinculante 14: direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados em procedimento investigatrio realizado por rgo com competncia de polcia judiciria, digam respeito ao exerccio do direito de defesa.Defensoria PblicaArt. 134. A Defensoria Pblica instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expresso e instrumento do regime democrtico, fundamentalmente, a orientao jurdica, a promoo dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma doinciso LXXIV do art. 5 desta Constituio Federal. 1 Lei complementar federal organizar a Defensoria Pblica da Unio (DPU) e a Defensoria Pblica do Distrito Federal e dos Territrios (DPDF) e prescrever normas gerais para a organizao das Defensorias Pblicas dos Estados (DPE), em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso pblico de provas e ttulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exerccio da advocacia fora das atribuies institucionais.A atual Constituio transferiu a competncia de organizar e manter a DPDF para o prprio Distrito Federal e determinou que sejam aplicados DPDF os mesmos princpios e regras que regem as DPE. 4 So princpios institucionais da Defensoria Pblica a unidade, a indivisibilidade e a independncia funcional(...)Todas as defensorias pblicas possuem autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de sua proposta oramentria, dentro dos limites estabelecidos pelo LDO. Por fim, tal como ocorre com os servidores da carreira da advocacia pblica determina a Carta Magna que os servidores das Defensorias Pblicas devem ser remunerados na forma de subsdio.