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8.ANÁLISE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA

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8. ANÁLISE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA NA

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Goiânia, Outubro de 2017

SUMÁRIO 8. ANÁLISE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E

GOVERNANÇA NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA ............................ 4

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

8.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS ............................. 7

8.1.1 REFERÊNCIAS AO DEBATE TEÓRICO E POLÍTICO ................................. 7

8.1.1.1 GOVERNANÇA (METROPOLITANA) INTERFEDERATIVA ................... 7

8.1.2 REGIÃO METROPOLITANA: TERRITÓRIO E DINÂMICAS REGIONAIS

.................................................................................................................................... 10

8.1.3 O PACTO FEDERATIVO: INOVAÇÃO E DESAFIOS ................................. 13

8.1.4 DESENHO DA PESQUISA EMPÍRICA: ORGANIZAÇÃO DOS DADOS ... 15

8.2 BASES POLÍTICAS E ADMINISTRATIVAS DA GOVERNANÇA NA RMG .. 17

8.2.1 CONDIÇÕES DE FRAGILIDADES PARA O PDI-RMG ......................... 19

8.2.1.1 CULTURA DE BAIXA COOPERAÇÃO ENTRE MUNICÍPIOS DA

RMG 19

8.2.1.2 INCIPIÊNCIA E BAIXA EFETIVIDADE DO PLANEJAMENTO

URBANO NAS ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS .............................................. 24

Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, Habitação e Regularização

Fundiária .................................................................................................................... 29

8.2.1.3 SUBREPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA RMG ........................................... 30

8.2.1.4 O PAROQUIALISMO METROPOLITANO ................................................ 35

8.2.2 POTENCIALIDADES E PERSPECTIVAS PARA A GOVERNANÇA NA

RMG 37

8.2.2.1 A PARTICIPAÇÃO NAS OFICINAS ........................................................ 37

8.2.2.2 DEMANDAS, TEMORES E CONFLITOS .................................................. 38

8.2.3 A REFORMULAÇÃO DO CODEMETRO ................................................ 41

8.3 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 44

8.4 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 45

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8. ANÁLISE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA

INTRODUÇÃO Seguem-se notas e reflexões a respeito de gestão e planejamento nas

administrações de Goiânia e municípios vizinhos, visando contribuir com o diagnóstico

para o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Goiânia (PDI-

RMG). Em primeiro lugar, estão ordenados apontamentos teóricos e práticos que

despontam nos debates contemporâneos voltados à relação entre governança,

democracia e melhoria de vida nas cidades brasileiras. Em seguida, aproximamos

conteúdos fortes deste debate, vistos a partir da Lei 13.089, de 12 de janeiro de 2015 –

denominada Estatuto da Metrópole (BRASIL, 2015) – à realidade dos municípios da

Região Metropolitana de Goiânia. De acordo com o Estatuto da Metrópole, os PDIs

devem ser elaborados até 2018, por iniciativa dos governos estaduais e a participação

dos municípios integrados em regiões metropolitanas, com definições de diretrizes para

o ordenamento compartilhado do território e a pactuação de compromissos para o

enfrentamento dos problemas sociais, urbanísticos e ambientais que em conjunto os

afetam.

De início, se ressalta centralidade da natureza política no empreendimento de

elaborar um plano metropolitano, sublinhando antes de tudo as expressões ordenamento

compartilhado e pactuação de compromissos entre as instâncias federativas com

responsabilidades definidas no território da Grande Goiânia. A noção de governança

metropolitana insere-se como pressuposto e como dinâmica da concertação pretendida,

num patamar de desafio político e alerta permanente aos seus participantes.

Tal dimensão política sobressai em todos os aspectos e etapas do processo:

desde o ponto de vista de atendimento da exigência administrativa, oriunda de

legislação federal, até o componente em que as comunidades explicitam seus potencias

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e temores e as qualificam como base para as negociações e deliberações

correspondentes.

Distintos cenários institucionais deverão compor as mediações entre os polos

administrativo-legal e da autonomia deliberativa, condicionando argumentos, disputas

de forças e acordos. Se lida, pois, com um amplo leque de necessidades e expectativas.

Gestores, empresários e moradores, lideranças comunitárias, investidores e

trabalhadores, agentes culturais, estudantes e ambientalistas, entre outros atores de

Goiânia e cidades do seu entorno, coexistem tendo seus interesses constrangidos ora por

ausências e ambiguidades, ora por abusos das regulamentações urbanas, ademais de

sofrerem os impactos da crise que desde 2013 corrói os orçamentos públicos e a

confiança dos brasileiros nas instituições políticas.

No Estatuto da Metrópole, o compromisso com a democracia sobressai entre as

inspirações que recomendam um plano em escala regional. Do ponto de vista técnico, os

critérios advêm do chamado planejamento estratégico, enquanto que no plano político a

consistência do produto sustenta-se nos mecanismos participativos e na transparência.

De início, vimos reiterados no seu Artigo 6º princípios da Constituição de 1988 (Art.

182º e 183º) e do Estatuto da Cidade: a gestão democrática da cidade; a prevalência do

interesse comum sobre o local; a autonomia dos entes da federação; e o processo

participativo em nível das entidades representativas da cidadania.

Da conjugação destes princípios espera-se a consecução prática do primeiro

requisito para formatação do Plano Metropolitano, que é a designação dos temas,

situações e espaços a serem tratados como funções públicas de interesse comum

(BRASIL, 2015 – Art. 2º.-II). Esta expressão remete à compreensão substantiva da

governança metropolitana e das possiblidades de vantagens aos municípios da RMG –

os menores e os maiores, os mais ricos e os mais pobres, os que almejam desenvolver-se

através do crescimento e os que visualizam se fortalecer incrementando os parâmetros

reconhecidos como suas vocações e identidades no contexto regional.

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As oficinas para elaboração do Plano Metropolitano, realizadas nos munícipios

da RMG entre março e agosto de 2017,1 sinalizaram as necessidades e sugestões para a

definição das funções públicas de interesse comum. Ameaças ao abastecimento (no que

respeita à escassez e à qualidade da água) e limites severos nos recursos e alternativas

dos municípios menores para realizar investimentos e gerar emprego e renda puxaram

as listas de solicitações para o compartilhamento de estudos e ações entre gestões

vizinhas. Não soaram menos dramáticas as manifestações quanto à precariedade no

atendimento da rede pública de saúde, a insegurança e o medo, mesmo nas menores

cidades, nem também quanto aos perversos registros percentuais dos deslocamentos

pendulares feitos por quem trabalha, estuda e busca serviços noutras cidades,

submetidos a desconfortos e atrasos nos trajetos do transporte público.

As polaridades e conflitos de interesses presentes na configuração social e

administrativa destes setores (e de outros, também emergenciais – destino de resíduos

sólidos, crise econômico-política e descrença nas instituições, ocupação imobiliária

predatória etc.) acarretarão em parcela significativa dos embaraços previsíveis de

eclosão no decorrer dos debates e negociações até a conclusão do Plano Metropolitano,

a ser encaminhado à Assembleia Legislativa na forma de projeto de lei.

Dada a sua precípua condição política, o termo governança padece de

ambiguidade e imprecisões de significado em grande parte das ocasiões em que é

mencionado nos plenários e documentos oficiais. Cabe então especificar o núcleo do

entendimento que a ele emprestamos e que passará a fornecer suporte a toda a sequência

deste documento.

No Estatuto da Metrópole, governança metropolitana recebe o nome de

governança interfederativa (BRASIL, 2015 – Art. 2º.-IV). Eventualmente as duas

expressões aqui aparecerão alternadas, mas sempre se referindo ao mesmo processo.

1 A primeira Oficina para elaboração do PDIU-RMG aconteceu em Trindade, em 9 de março de 2017. A equipe formada por técnicos da UFG e SECIMA cumpriu o calendário das oficinas nos demais municípios até 30 de agosto, com a oficina em Goiânia. Mediante a metodologia adotada, os encontros deveriam contar com a parceria das prefeituras, incumbidas de apoiar as iniciativas de mobilização da comunidade local e de efetivar a infraestrutura necessária (preparação de local, equipamentos técnicos, lanche, etc.). Somente em Inhumas não houve a Oficina.

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Três campos delimitam o escopo teórico para governança. O primeiro busca conferir-

lhe precisão nominal e substantiva, a um modo que a difere, por exemplo, de

governabilidade. O segundo atenta para a conversão da questão urbana em questão

metropolitana, num patamar de abordagem das grandes cidades brasileiras como sedes,

sintomas e interfaces das alterações que nas estruturas da vida contemporânea – nos

níveis tecnológico, econômico-político, social e cultural. Tais transformações afetam o

concerto do federalismo no país, revelando lacunas institucionais na gestão das

realidades metropolitanas, em face da carga de tensões advindas na esteira da integração

territorial dos processos urbanos e suas decorrências intermunicipais.

8.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OPERACIONAIS

8.1.1 REFERÊNCIAS AO DEBATE TEÓRICO E POLÍTICO

8.1.1.1 GOVERNANÇA (METROPOLITANA) INTERFEDERATIVA

O sentido da governança interfederativa adotado no Estatuto da Metrópole

ressalta “o compartilhamento de responsabilidades e ações entre entes da Federação

em termos de organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse

comum” (BRASIL, 2015 – Art. 2º.- IV). No panorama da RMG, sobram exemplos de

situações demandando urgência de esforços compartilhados, com claras referências

sobre o quanto estes esforços pressupõem de generosidade e disponibilidade para a

negociação política.

Exercitar a governança significa que na condição de governar valorizam-se mais

os sentidos de articular, agrupar, integrar, coordenar e mobilizar do que o atributo de

mandar ou comandar, de meramente exercer a autoridade administrativa legitimamente

constituída. Importa mais a construção de ações e ambientes visando a fins comuns, em

que argumentação e convencimento superem os pressupostos burocrático-

administrativos ou de força econômica.2 A garantia da governança depende, por isso, da

cooperação ativa dos agentes envolvidos.

2 Reis (1994, apud CLEMENTINO; ALMEIDA, 2015) antecipou esta compreensão para governança, nomeando-a de “capacidade governativa”, outra expressão que toma os significados de coordenação,

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O termo governança ganha notoriedade nos anos 1980, por meio de documentos

do Banco Mundial. À época, as corporações financeiras multilaterais empenhavam-se

nas disputas para conduzir os rumos da mundialização das economias e culturas. No

decurso de uma década, em que os efeitos da revolução informática e das alterações nos

paradigmas ideológicos e políticos potencializam a expansão dos comandos financeiros

nos circuitos globalizados, os países periféricos e os movimentos sociais dos países

centrais também inserem as suas reivindicações nos fóruns e protocolos internacionais.

Seus discursos e demandas de matiz contra-hegemônico alcançam repercussão especial

nas paradigmáticas conferências das nações unidas voltadas aos temas do meio

ambiente, sustentabilidade e direitos humanos, o que resultou em ressignificações no

foco original e nas formas de uso de governança (ONU, 1992; WSF, 2001).

Como categoria de análise, governança dissemina-se no debate público

brasileiro dos anos 1990, em meio às controvérsias a respeito da reforma do Estado

(REIS, 1994; DINIZ, 1996; 1997). Em síntese prescrevia-se que “governance (...) diz

respeito à capacidade governativa no sentido amplo, envolvendo a capacidade de ação

estatal na implementação das políticas e na consecução das metas coletivas” (Diniz,

1996; 1997).

Muito em razão da gravidade e complexidade dos problemas vividos nas

grandes cidades e também em razão da crescente aproximação de pesquisadores e

técnicos aos movimentos sociais e governantes, visando a diagnósticos rigorosos no

tratamento destes problemas, foi no campo dos estudos urbanos que as premissas da

governança mais se fizeram presentes e se desenvolveram (GOUVEIA; 2005; SOUZA,

2005; AZEVEDO, S.; RIBEIRO, L.C.Q.; SANTOS JR., O.A.; 2012; CLEMENTINO;

ALMEIDA; 2015). Os reflexos práticos obtidos deixam-se perceber nos marcos legais

da presente experiência democrática no país. Assim o comprovam os artigos 182º e 183º

da CF-1988 e o Estatuto da Cidade, de 2001 (BRASIL, 1988; BRASIL, 2001). Os dois

mobilização, implementação e produção de credibilidade como elementos constitutivos da noção de governar. Dessa forma, a governança revela-se intrinsecamente relacionada à “capacidade de propor e articular uma agenda política e gerar recursos necessários para a sua implementação”.

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momentos veem-se agora rebatidos nos sete conceitos elencados no Artigo 2º do

Estatuto da Metrópole: Aglomeração urbana, Função pública de interesse comum,

Gestão plena, Governança interfederativa, Metrópole, Plano de desenvolvimento

integrado e Região metropolitana.

Não obstante as críticas dirigidas à timidez (MOURA; HOSHINO 2015) ou

insuficiência (RIBEIRO; SANTOS Jr.; MARTINS; 2015) do Estatuto para normatizar e

intervir no território unificado, é difícil negar que ele vem enfim consumar um patamar

político-institucional para impulsionar a política urbana em nível interfederativo, ao

projetar atribuições a cada ente e prever instrumentos para obstar o descumprimento de

tais atribuições.

Temos que o advento da lei não assegura a superação do vazio na gestão das

questões metropolitanas. Imbricada à permanência das lacunas institucionais, destaca-se

noutro nível a fragilidade de representação política dos seus municípios membros. Os

quadros referidos nos conceitos de “orfandade institucional das metrópoles” (RIBEIRO,

2004), “sub-representação política” e “paroquialismo metropolitano” (CARVALHO,

2009; 2011), sintetizados em tópico adiante, orientam a detecção dos prejuízos

decorrentes para as gestões municipais e para a vida dos moradores das grandes cidades.

Por fim, essa perspectiva solicita a distinção entre governança e

governabilidade. As duas palavras ligam-se a conteúdos do mesmo âmbito técnico e

político, a ponto de induzir a que às vezes elas apareçam como sinônimos. No entanto, a

inferência de que governança abrange e estende governabilidade acarreta visível ganho

de compreensão e profundidade no tratamento das questões metropolitanas.

Novamente recorrendo a Diniz (1997, p. 38-39), governabilidade caracteriza-se

no circuito das “condições institucionais e sistêmicas mais gerais em que se dá o

exercício do poder em uma dada sociedade, tais como a forma de governo, as

características dos sistemas partidário e eleitoral, entre outras”. Ao utilizá-la, está-se

chamando a abordagem da expertise do governante no manejo das regras de

coexistência entre poderes estabelecidos.

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Governança por sua vez trata da mobilização de recursos políticos fomentados

em arenas não necessariamente contempladas no plano da governabilidade. Seu alcance

demanda a busca de validação das decisões e dos meios de implementá-las também, e

necessariamente, além da institucionalidade vigente. Meios que habitam e se

movimentam no seio da sociedade civil articulam a opinião coletiva.

Um governante adquire governabilidade por intermédio de maiorias

parlamentares favoráveis aos projetos e iniciativas econômico-administrativas

importantes à sua gestão, ademais de obter aprovação de seus atos pelos órgãos de

controle. Nesta visão, o sistema político acaba definido (ou se se desejar, reduzido) às

normas e ritos das instituições representativas e seus agentes formalmente designados.

Governança presume que se conquiste validação social para implementar as

metas governamentais. Neste caso, a política amplia-se ao mundo diversificado e

complexo de pressões, agregação de interesses, vontades e opiniões responsáveis por

incrementar os movimentos sociais, a cidadania e o próprio mercado. A fluidez inerente

à política impregna-se na edificação da governança, a um grau em que o diálogo

permanente com autoridades estatuídas – o mundo dos políticos e dos técnicos –

permanece imprescindível, porém insuficiente. Impõe-se a capacidade de interlocução

no mundo dos cidadãos.

Nos dias presentes encontramos ilustrações especiais dos limites entre

governabilidade e governança nas cenas da crise política e das instituições, em que

governantes reúnem os requisitos de governabilidade, embora se mantenham

desprovidos da capacidade de efetuar a governança junto à sociedade. Em

circunstâncias assim, saem perdendo a população e a democracia. De olho nesses

aspectos distintivos compreende-se melhor a opção do Estatuto da Metrópole por

governança em vez de governabilidade.

8.1.2 REGIÃO METROPOLITANA: TERRITÓRIO E DINÂMICAS REGIONAIS

Na passagem do século XX para o XXI a mundialização das economias e

culturas, junto à revolução tecnológica que leva a comunicações em rede e à

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reestruturação produtiva, intensifica o papel das cidades como referências espaciais e

identitárias das formas de vida humana. A concentração populacional e o incremento

dos fluxos econômicos, políticos e culturais nos espaços das cidades e nas relações entre

diferentes localidades imprimem mutações funcionais e morfológicas nos fenômenos

urbanos a níveis até então desconhecidos e ameaçadores – embora muitas vezes

previstos.

Por concentrar as marcas essenciais da modernidade que se radicaliza, nas

cidades maiores estes processos transcorrem em unidades territoriais inovadas. As

rotinas ligadas ao trabalho, à diversão e às formas de se associar; aos estudos, ao

compartilhamento de lugares e sentidos de pertencimento; à produção, à criação de

cultura e à convivência em família e na comunidade; enfim aos esforços para se

conseguir bem-estar e felicidade passam a depender de referências duplamente

condicionadas: ao mesmo tempo em que as experiências, hábitos e percepções da ordem

reinante projetam-se para territórios que ultrapassam os limites formais dos municípios,

afinidades locais enraízam-se e tradições são revalorizadas, reinventadas. De várias

maneiras assistimos a estes processos afetarem as comunidades e os países.

Quantidades cada vez maiores de goianienses ocupam-se diariamente em

centralidades de municípios vizinhos, com negócios, escola, trabalho e, mesmo, em

contatos afetivos. Cultivam hábitos cotidianos em cidades diferentes e gastam mais

tempo nos deslocamentos que fazem. Assistimos crescer, sem nos espantarmos mais, a

grandes levas de indivíduos que mantêm ações em dois ou três municípios ao longo do

dia e até em mais do que isso no decorrer da semana e do mês. Em consequência, o

fator territorialidade influencia menos as propensões para a constituição de fidelidades e

identificações subjetivas.

Não sem razão Castells (1992) chamou de espaços de fluxos os territórios

integrados pela recente evolução das formas urbanas, com a intenção de sublinhar a

diferença em relação à característica da época anterior, onde vigiam os espaços de

lugares: “resumirei as tendências observadas sob uma nova lógica espacial que chamo

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de espaço de fluxos. Em oposição a essa lógica, apresentarei a organização espacial

historicamente enraizada de nossa experiência comum: o espaço de lugares”.

As áreas metropolitanas representam esta nova lógica melhor do que qualquer

outra realidade. Nelas, o espaço passa a condicionar o tempo e até a dominá-lo,

configurando – segundo o mesmo estudioso – muitos benefícios e vantagens

contemporâneas à convivência social, mas também avolumando de situações

angustiantes a vida das maiorias dos moradores das cidades, o que impõe dificuldades

evidentes à gestão pública: insegurança, segregação social, quebra de direitos

consagrados, altos custos de alimentos e moradia, falta de água, solidão, impaciência,

doenças psicológicas, abandono da cultura e da memória histórica, trânsito caótico e

perigoso, saúde pública precária etc.

Na verdade, planejar o crescimento das cidades, com gestões que visem garantir

qualidade de vida e participação democrática dos habitantes, desafia decisivamente a

nossa época. Nos territórios integrados e tornados regiões, as políticas sociais requeridas

tornam-se mais difíceis e complexas, a infraestrutura encarece tremendamente. Entre os

desafios, está o fato de que, mesmo mantendo-se como unidades autônomas, as cidades

são forçosamente impelidas à integração intermunicipal em virtude de ameaças comuns

e, respectivamente, dos potenciais de recursos também comuns, necessários à

mobilização para enfrentá-las.

Isso quer dizer que a dimensão territorial extrapola os limites físico-espaciais

dos municípios. Passa a englobar e a interferir tanto nas vivências e percepções sociais

dos problemas urbanos quanto no âmbito político-administrativo encarregado de pensá-

los e sobre eles decidir. Os territórios metropolitanos devem ser tomados, portanto,

como unidade e síntese da diversidade constituída pelos municípios membros

(FERREIRA, 2007).

Cabe salientar que não se está aqui propugnando na perspectiva de ancorar um

plano integrado para os 20 municípios da RMG, exclusivamente nas tendências da

unificação intermunicipal, como se estas subordinassem a diversidade de situações

mediante lógicas absolutas e rígidas. Na verdade, o processo de natureza urbano-

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regional transcorre sob tensões e contradições, através das quais emergem alternativas e

condicionantes locais que pleiteiam o compartilhamento das deliberações para interferir

nas formas das grandes transformações. Se a integração é inevitável, os seus

mecanismos de efetivação evocam modos distintos e complexos.

Um recente estudo sobre as mudanças na RMG faz-nos ter em mente que a

fusão do global e do local não consegue destruir todas as formas espaciais nos

municípios nem a sustentação subjetiva que elas trazem dentro de si: “os arroubos

transformadores induzidos pela globalização [...] não podem, de uma única vez,

radicalizar uma reconstituição total de Goiânia ou de qualquer metrópole regional ou

nacional” (CHAVEIRO, 2007, p. 19).

Aqui se visualiza que os novos influxos externos ou vindos de cima aterrissam

de maneira diferente nos municípios. Nestes eles vão se acoplar a tradições específicas;

a projeções de funcionalidades para bairros conurbados e a descontinuidades urbanas; a

expectativas de compensações por renúncias impostas pela proteção ambiental. Trata-se

de mesclas dinâmicas que previamente apontam, para buscar exemplos imediatos, na

direção de articulações do plano metropolitano com os localismos dos planos diretores e

de reconhecimento das vocações econômicas e culturais das comunidades. Sem que se

dê vazão a concertos dessa natureza não haverá políticas e programas de alcance

regional com chances de êxito e resultados positivos para as cidades metropolitanas.

Nesse escopo da política é que se concebe a governança.

8.1.3 O PACTO FEDERATIVO: INOVAÇÃO E DESAFIOS

Na transfiguração dos parâmetros de cidade e território para a escala regional

atuam vertentes simultâneas de concentração e desconcentração das atividades urbanas,

responsáveis por conferir organicidade às dinâmicas metropolitanas. Novas realidades

intermunicipais trazem à tona a necessidade de se instituir instâncias de decisão não

previstas no arranjo federativo brasileiro, o que na visão de estudiosos e administradores

pode significar riscos de colisão entre a regulação ‘supra municipal’ que aí se anuncia e

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a autonomia constitucional dos municípios para o ordenamento territorial (MOURA;

HOSHINO; 2015).

Aqui se enxerga a matriz do fator político com maiores implicações para a

gestão metropolitana. Afinal, não há equação definida e nem previamente conhecida

para os descompassos que se verificam na conjugação dos padrões de descentralização

administrativa e centralização política, de fortes condicionantes no sistema institucional.

Se tal quadro de indefinições agride o preceito constitucional da autonomia dos

municípios, ele também acelera o agravamento dos problemas que, ao longo do tempo,

vão delineando as funções públicas de interesse comum às gestões de cidades vizinhas.

Noutras palavras, essas gestões permanecem limitadas por competências administrativas

dispersas e representações políticas fragmentadas, impotentes para atuar sobre

realidades territoriais crescentemente unificadas.

Os prefeitos, vereadores e representantes civis dos municípios vocalizaram nas

oficinas promovidas pela Secima e a UFG o potencial de conflitos de interesses quando

entram em pauta as desconexões entre o atual patamar federativo e o agregado de

problemas comuns às vizinhanças. Observando o noticiário sobre falta d’água,

deslocamentos intermunicipais e desinvestimento econômico, percebe-se o quanto a

fixação em opções fundadas no localismo exacerbado ou no imperativo da racionalidade

centralista pode agravar os custos para as populações das cidades metropolitanas.

Pode-se então notar que nossas maiores cidades experimentam em estágios

avançados as patologias preconizadas em décadas de alertas e denúncias, para utilizar a

expressiva analogia dos pensadores dedicados a deslindar os dilemas do nosso modelo

federativo. Na primeira patologia, o “buraco negro” da centralização e sua decorrente

tendência burocrática, cujo controle escapa à própria autoridade central. Na segunda, a

fragmentação política e o fortalecimento dos poderes locais (CAMARGO, 2001).

O compartilhamento dessas duas soberanias (do centralismo e do localismo) em

nossa trajetória republicana imprime poderosos obstáculos à política urbana necessária

nos territórios em curso de metropolização: elas levam a que se separe o tratamento dos

problemas urbanos e dos problemas sociais, reduzindo os primeiros a falhas ou

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irracionalidades de gestão e os segundos ao insulamento dos programas distributivos;

delas também deriva que nas agendas públicas as esferas do urbano e do social acabem

desconectadas do sistema político, ao se descartar ou prorrogar a implementação dos

mecanismos de governança; em terceiro lugar, resta que a falta de iniciativas para a

negociação de funções públicas comuns entre entes federados acarreta reforçar os

componentes do patrimonialismo e dos controles políticos tradicionais.

No conjunto, novamente se recorre a Camargo (2001), o federalismo fica

reduzido a não mais do que à reciprocidade entre poderes centralizados e forças

dominantes nas periferias, que não conseguem perceber a gravidade das novas

realidades dos municípios e, em consequência, não formulam e deliberam políticas e

medidas para atender às urgências das comunidades. O oposto dessa tradição de

acomodar interesses, com a condução de alteração no tratamento das questões urbano-

metropolitanas, depende da aposta que se vier a alcançar entre as lideranças (nos

poderes públicos, no mercado, na sociedade civil e movimentos sociais) na construção

da governança interfederativa.

Nesse aspecto, o Estatuto das Metrópoles abre o importante espaço para o

desenvolvimento de políticas comprometidas com as transformações necessárias. Se

partes essenciais dos entraves políticos à solução dos problemas urbanos terão efetivo

enfrentamento no âmbito da reforma política, por si de difícil andamento, conforme

mostram os cenários abertos na presente conjuntura, o imobilismo que nasce dessa

percepção pode conduzir aos maiores prejuízos para as gestões municipais, estadual e,

principalmente, para as populações das regiões metropolitanas. O empenho por ações de

cooperação, consórcios e pactos setoriais interfederativos estará, de início, significando

mobilizações e experiências para correção e adequação progressista do pacto federativo.

8.1.4 DESENHO DA PESQUISA EMPÍRICA: ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

As cidades se ressentem dos impactos causados pelo macro condicionante

tratados no tópico anterior: esfera pública moldada em débil e intermitente participação

política inibe a crença na governança; funcionalidades criadas em territórios unificados

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– até então desconhecidas de gestões municipais fragmentadas e expostas aos influxos

da globalização; e os embaraços do modelo federativo que subordinam os entes

subnacionais. As condições em que se nutre o debate do fenômeno metropolitano

ganham formas iniciais e contextos em seus bairros, praças e vias de ligação, espaços de

negócios, serviços e diversão localizados nas cidades.

Se organizou o presente tópico com uma parte da miríade de obstáculos e

potencialidades que aí se configuram, no sentido de encaminhar a leitura para o

panorama de situações afetas ao planejamento nos municípios da RMG.

Um primeiro grupo do diagnóstico reúne indicadores de obstáculos ou

fragilidades a serem superadas para o êxito do plano metropolitano. De pronto, a

investigação destaca a cultura de pouca cooperação entre os municípios da RMG. A

baixa interatividade acopla-se a realidades de incipiência e baixa efetividade do

planejamento urbano no âmbito interno das administrações municipais. Cabe ressaltar

que essa caracterização não desconhece as diferenças entre as condições empiricamente

aferidas quando especificamos as gestões de um e outro município, o que torna

precipitadas as generalizações e a absolutização das considerações analíticas possíveis.

A estas reflexões se anexa o fator propriamente político da fragilidade metropolitana,

assentado na sub-representação da RMG no sistema regional de poder. Este último

conteúdo ficará mais bem explicitado nos quadros concernentes às bancadas

parlamentares da Assembleia Legislativa de Goiás, montados com base nos conceitos

de conexão eleitoral e paroquialismo metropolitano.

Em seguida, tratamos dos indicadores favoráveis ao plano metropolitano e ao

requisito da governança. A exposição inicia-se reafirmando a base legal que determina a

definição das “funções públicas de interesse comum” e a própria elaboração do plano,

em prazo determinado. Em grande medida, o esforço nessa parte centra-se em reiterar o

tratamento dado pelos grupos de especialistas da UFG, que em outras seções desse

diagnóstico fazem a abordagem setorial das funções de interesse comum.

Secundariamente, advêm as vantagens do processo participativo, outra condição

visualizada no Estatuto da Metrópole, como fator de aproximação das lideranças

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político-administrativas às comunidades, também prevista nas reuniões junto à

sociedade civil e nas oficinas preparatórias. Por último, a expectativa de suprir os hiatos

políticos e institucionais na gestão pública, em particular as lacunas inerentes ao pacto

federativo, com mecanismos capazes de produzir a imprescindível confiança coletiva

necessária à viabilidade de gestões compartilhadas.

A base empírica da pesquisa constitui-se, principalmente, de levantamentos

secundários sistematizados do MUNIC-FIBGE; TSE; SEGPLAN-GO; e Leis do PPAs

municipais para o período 2014-2017. A essas informações foi acrescentada a dimensão

qualitativa apreendida nos momentos de participação e nas atas das oficinas realizadas

nos municípios, que registraram as manifestações dos moradores das cidades e dos seus

representantes institucionais. Além disso, a metodologia adotada nas reuniões também

captou as percepções dos presentes por meio de formulário com campos para indicação

das fragilidades, potencialidades e perspectivas dos municípios face aos desafios

metropolitanos, com resultados que eram computados e apresentados aos participantes

ainda no final de cada reunião.

8.2 BASES POLÍTICAS E ADMINISTRATIVAS DA GOVERNANÇA NA RMG

A intensificação no crescimento urbano de Goiânia e municípios vizinhos na

década de 1980 resulta nas primeiras conurbações entre bairros da capital e Aparecida

de Goiânia. Seguem-se encontros semelhantes a oeste, com áreas urbanas de Trindade.

Em 30 de dezembro de 1999 a Assembleia Legislativa aprova a criação da Região

Metropolitana de Goiânia (RMG), com agrupamento original de 11 municípios da

chamada “Grande Goiânia” (Lei Complementar nº 27). Ao lado destes, a lei também

institui o “Colar Metropolitano” abrangendo outros nove municípios. A consolidação

legal da RMG ocorre em 2010, também por meio de Lei Complementar (LC 78 –

25/03/2010).

Não obstante a diversidade de modos de vida, atividades produtivas e situações

provocadas pelo crescimento urbano no território nucleado por Goiânia, problemas

comuns aos municípios avolumam-se enquanto os mecanismos institucionais para

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enfrentá-los, de níveis estadual e municipal, não são implantados ou não se

desenvolvem dada a ineficiência da própria lei. As situações geradas vão de conflitos

por demarcação de territórios a carências de infraestrutura nos bairros pobres, como

evidenciam os previsíveis ciclos de desabastecimento de água tratada. Contudo, a

relação das áreas para definição das funções públicas de interesse comum é extensa e

complexa, o que permite à literatura especializada em planejamento urbano e regional

creditar para Goiânia as referências de metrópole regional e metrópole emergente

(RIBEIRO, 2004; SOUZA, 2005; LIMA; MOYSÉS; 2009).

A institucionalização requerida para o cumprimento dos princípios da lei para a

gestão metropolitana mostrou-se frágil, passadas quase três décadas de criação da RMG.

Não se disseminou entre os entes federados uma cultura de consórcios e práticas

cooperativas. O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia

(Codemetro), a Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo e o Consórcio

Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte funcionam com baixa

efetividade. Além destas instâncias, registre-se a criação da Secretaria Estadual das

Cidades (hoje Secima) para atender exigências do Estatuto das Cidades, ao abrigar em

sua estrutura os suportes técnicos e administrativos, em nível de superintendências,

precípuas para as regiões metropolitanas (de Goiânia e do Distrito Federal). As demais

áreas permanecem desprovidas de normatização e controle das causas das conturbações

e impasses que nelas se desenvolvem, o que torna os seus efeitos socialmente

desagregadores, ademais de imprevisíveis, para a qualidade de vida das populações e

para o desenvolvimento sustentado no território que se unifica.

Essas lacunas demandam eixos em investimentos produtivos, geração de

empregos e proteção ambiental que decorram de matrizes pactuadas entre governo

estadual, prefeituras, parlamentos municipais e outras instâncias de gestão e

representação públicas. A proposição do plano metropolitano, que aqui se fundamenta,

responde a essa perspectiva.

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19

8.2.1 CONDIÇÕES DE FRAGILIDADES PARA O PDI-RMG

8.2.1.1 CULTURA DE BAIXA COOPERAÇÃO ENTRE MUNICÍPIOS DA RMG

O QUADRO 1 deixa ver um primeiro balizador do potencial de cooperação, ao

caracterizar os mecanismos do nível administrativo-institucional já em execução nas

relações entre as gestões municipais da RMG. As informações foram coletadas dos

resultados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC – realizada, em

2015 (BRASIL-IBGE, 2015), que destaca a pouca inclinação das administrações

municipais da RMG para a realização de ações consorciadas. Oito dos vinte municípios

vivem um panorama de completa ausência de atividades cooperativas com os vizinhos.

De 12 setores de relevância na estrutura orgânica da administração pública, apenas

cinco são objetos de consórcios intermunicipais. Como resultado, no total, de 240

possibilidades de cooperação, não passam de 18 os registros de ações pactuadas entre

ao menos dois municípios. Esses 18 consórcios são de caráter intermunicipal.

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20 QUADRO 1 - CONSÓRCIOS PÚBLICOS E COOPERAÇÃO INTERMUNICIPAL, POR SETORES ADMINSTRATIVOS: MUNICÍPIOS DA

REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA, 2015

MUNICÍPIOS

Edu

caçã

o

Saúd

e

Ass

ist.

/ de

senv

. So

cial

Tur

ism

o

Cul

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Hab

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U

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Sane

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Ges

tão

das

água

s

Man

ejo

de

res.

Sól

idos

Abadia de Goiás NP NP NP NP NP NP S S NP S S S

Aparecida de Goiânia NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Aragoiânia NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Bela Vista de Goiás NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Bonfinópolis NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Brazabrantes NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Caldazinha NP NP NP NP NP NP S NP NP S NP S

Caturaí NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

Goianápolis NP NP NP NP NP NP S NP NP NP NP NP

Goiânia NP NP NP NP NP NP NP S NP NP NP NP

Goianira NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

Guapó NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Hidrolândia NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Inhumas NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

Nerópolis NP NP NP NP NP NP S NP NP NP NP NP

Nova Veneza NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

S. Antônio de Goiás NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

Senador Canedo NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Terezópolis de Goiás NP NP NP NP NP NP S NP NP NP NP NP

Trindade NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP NP S

Legendas: S Sim; NP Não Possui - FONTE: BRASIL / MUNIC-IBGE, 2015

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21 Abadia de Goiás destaca-se pela disposição para interagir com os vizinhos, ao

desenvolver cuidados conjuntos em cinco setores administrativos. Em seguida aparece

Caldazinha, que compartilha esforços em três setores. Nove municípios mantêm

consórcios institucionalizados no âmbito da RMG em somente um setor administrativo,

entre eles Goiânia, que mantém consórcio intermunicipal apenas para a Área de

Transporte Coletivo, com Abadia de Goiás. No extremo oposto, a propensão para o

isolamento e autossuficiência instala-se sobremaneira em Aparecida de Goiânia:

população acima de meio milhão de habitantes, maior crescimento demográfico da

RMG na última década e fronteiriço a cinco municípios, incluindo a capital, o

município de Aparecida de Goiânia consta no MUNIC sem qualquer registro de vínculo

cooperativo ou consórcio intermunicipal.

Alguns casos de perplexidades e estranhamentos perante os resultados

encontrados, em razão de contrariar expectativas e discursos dominantes, foram

checados no âmbito das legislações e órgãos correspondentes nos municípios. Exemplos

nesse aspecto são: apenas um consórcio intermunicipal em Goiânia (com Abadia de

Goiás, sobre Transporte); os demais municípios não celebram consórcios sobre

transporte coletivo – nem mesmo com Goiânia.

Essa preponderância do alheamento no período de gestão encerrado em 2016

deu mostras de que os seus efeitos nocivos poderiam reverberar nas administrações

sucessoras e, assim, estarem presentes como alertas e promessas de superação nas

plataformas dos candidatos a prefeito daquele ano.

Não foi o constatado no levantamento realizado durante a campanha eleitoral de

2016, quando consultamos os Planos de Governo registrados pelos candidatos ao

Executivo nos vinte municípios metropolitanos, buscando captar as concepções

metropolitanas dos líderes políticos, bem como as possíveis abordagens técnicas, a

respeito de temas e problemas de forte expressão na agenda pública.3

Os temas incialmente relacionados foram: MOBILIDADE, dividida em

Transporte público/não motorizado e Transporte individual/privado; GESTÃO DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS; GESTÃO DO SANEAMENTO, abastecimento de água e rede

de esgoto; SAÚDE PÚBLICA; SEGURANÇA PÚBLICA, envolvendo combate à 3 Os dados do QUADRO 2 foram coligidos logo após as eleições, para o Pré-diagnóstico preparado para o PDI-RMG em dezembro de 2016. Por essa razão, a totalização não incluiu os prefeitos eleitos de Goiânia e Senador Canedo. Na capital ainda corria a disputa em segundo turno e Senador Canedo aguardava resposta ao recurso contra a impugnação da candidatura do candidato mais votado.

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violência e criminalidade; DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, supondo a criação

de Polos industriais, Atração de investimentos e Geração de empregos; e, por último,

COOPERAÇÃO METROPOLITANA, quando tratada no estrito sentido dos

mecanismos institucionais para gestão compartilhada com outros municípios. Ao final

foram agregados registros sobre EDUCAÇÃO/CULTURA/ESPORTE, em virtude de

que alguns candidatos trataram das ações nestas áreas com enfoque metropolitano.

A consulta a 74 Planos de Governo dos candidatos a prefeito gerou um quadro

com 648 possibilidades de tratamento metropolitano aos nove temas ou setores da

administração elencados. Desse conjunto, 79 planos e/ou propostas eleitorais

apresentaram alguma consideração metropolitana (Quadro completo – Anexo I). De

início, apenas 19 das 79 abordagens metropolitanas terão oportunidade de viabilizarem-

se como ações de governo nos municípios, tendo em vista as vitórias de seus autores nas

urnas.

As deficiências com o Transporte Coletivo e a Saúde Pública foram as que mais

impeliram os candidatos a uma percepção metropolitana da gestão pública, ainda que a

maioria das referências tenha sido feita por candidatos não eleitos. Em seguida, os

candidatos formulam alertas para a melhoria da cooperação metropolitana ou

intermunicipal, sugerindo a criação de mecanismos institucionais de gestão.

Na mesma linha de leitura, percebeu-se que as 81 ocorrências “metropolitanas”

no universo geral das propostas constam nos Planos de Governo de 26 candidatos. Oito

destes obtiveram vitória nas urnas e iniciaram 2017 no comando das respectivas

prefeituras (não computados, repita-se, os planos dos os candidatos em Goiânia e

Senador Canedo). Assim o demonstra o QUADRO 2, que informa sobre os programas

de governo dos prefeitos eleitos nas eleições municipais de 2016:

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QUADRO 2 - ENFOQUES METROPOLITANOS NOS PLANOS DE GOVERNO DOS ELEITOS EM 2016 AOS EXECUTIVOS NOS MUNICÍPIOS DA RMG

MUNICÍPIO PARTIDO ENFOQUE METROPOLITANO (Setores Administrativos)

Abadia de Goiás PSDB Não explicita enfoque metropolitano Aparecida de Goiânia PMDB Não explicita enfoque metropolitano

Aragoiânia PSDB Não explicita enfoque metropolitano Bela Vista de Goiás PTB Não explicita enfoque metropolitano

Bonfinópolis PSB Não explicita enfoque metropolitano Brazabrantes PSDB Transporte Público / Resíduos Sólidos / Saúde

Pública Caldazinha PDT Não explicita enfoque metropolitano

Caturaí PDT Saúde Pública Goianápolis PTN Transporte Público / Saúde Pública / Des.

Econômico Goiânia * * Goianira PSDB Não explicita enfoque metropolitano Guapó PSDB Transporte Público

Hidrolândia DEM Não explicita enfoque metropolitano Inhumas PP Esporte, Cultura, Educação Nerópolis PRB Não explicita enfoque metropolitano

Nova Veneza PSDB Não explicita enfoque metropolitano Santo Antônio de

Goiás PSDB Esporte, Cultura, Educação

Senador Canedo * * Terezópolis PSDB Gestão de Água e Esgoto / Esporte, Cultura,

Educação Trindade PSDB Transporte Público / Resíduos Sólidos /

Cooperação Metropolitana / Esporte, Cultura, Educação

GOIÂNIA PMDB Transporte Público/ Saneamento (Água – Esgoto)

SENADOR CANEDO

PSD Transporte público

FONTE: BRASIL-TSE, 2016

A indiferença para a cooperação e o compartilhamento de esforços esparrama-se

no espectro partidário e nos municípios, com desconhecimento, por exemplo, de

legenda e tamanho (Anexo 1 e Anexo 2). Apesar disso, a maioria das gestões na RMG,

iniciadas em 2017, mostrou-se receptiva à agenda de oportunidades para a integração

interfederativa, quando das oficinas realizadas desde o mês de março pela Secima-UFG.

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As reticências e resistências explicitadas deveram-se claramente a posições apriorísticas

que desconheciam os contextos administrativos do plano.

8.2.1.2 INCIPIÊNCIA E BAIXA EFETIVIDADE DO PLANEJAMENTO URBANO NAS ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS

Como acima está indicada, a relativa desatenção das lideranças políticas às

questões de âmbito metropolitano reflete-se no reduzido espaço por elas ocupado nos

debates com a sociedade, ademais de reforçar a cultura que relega o planejamento a

planos secundários da administração e dos compromissos políticos. Dessa forma, vieses

de improviso, personalismo e desdém para os procedimentos calcados na racionalidade

técnica coexistem com evidentes avanços da democracia e da modernização em

diferentes nichos das rotinas administrativas nos municípios na RMG.

A base de dados do MUNIC permite que se perceba o hibridismo jurídico-

institucional nas funções de planejamento e desenvolvimento urbano. O QUADRO 3

reúne os registros de cada município para a existência, ou não, da legislação relacionada

a doze institutos de planejamento e gestão estabelecidos pelo Estatuto da Cidade.

Secundariamente, onde existe a legislação, permite contabilizar se ela consta do plano

diretor do município ou se se trata de legislação específica.

Os tópicos levantados foram: 1) Plano Diretor; 2) Legislação sobre Área e/ou

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS); 3) Lei de Perímetro Urbano; 4) Legislação

sobre Parcelamento do Solo; 5) Legislação sobre Zoneamento ou Uso e Ocupação do

Solo; 6) Legislação sobre Solo Criado ou Outorga Onerosa do Direito de Construir; 7)

Legislação sobre Estudo de Impacto de Vizinhança; 8) Código de Obras; 9) Legislação

sobre Zoneamento Ambiental ou Zoneamento Ecológico e Econômico; 10) Legislação

sobre Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia; 11) Legislação sobre

Regularização Fundiária; e 12) Legislação sobre Estudo Prévio de Impacto Ambiental –

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25 QUADRO 3 - INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO URBANO: MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA, 2015 – Legendas: S Sim; NP Não Possui; SLE Sim, com legislação específica; SPD Sim, como parte integrante do Plano Diretor. FONTE: BRASIL /MUNIC-IBGE, 2015

QUADRO 3

MUNICÍPIO Plano

Diretor Legislação

ZEIS Perímetro

Urbano Parcelam.

do Solo

Zoneam. / Uso do

solo

Solo Criado / Outorga Onerosa

Impacto de

Vizinhança

Código de

Obras

Zonea-mento

Ambiental / Ecológico Econômico

Concessão Especial

p/ Moradia

Regulariz. Fundiária

Estudo Prévio de Impacto

Ambiental

Abadia de Goiás S SLE SLE NP SPD NP NP SLE NP SLE SPD SLE

Aparecida de Goiânia S SPD SPD SPD SPD SPD SPD SLE NP NP SLE NP

Aragoiânia S SPD SPD SPD SPD NP SPD SLE SPD SLE SPD SPD

Bela Vista de Goiás S SLE SLE SPD SPD SPD SPD SLE SPD NP SPD SLE

Bonfinópolis S SPD SLE SLE SLE SPD SPD SLE SPD SPD SPD NP

Brazabrantes NP NP SLE NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Caldazinha S SPD SPD SPD SLE SPD SPD SLE SPD SPD SLE SLE

Caturaí NP NP SLE NP NP NP NP NP NP NP NP NP

Goianápolis S SPD SLE SLE SLE SLE SLE NP SPD SLE SLE SPD

Goiânia S SLE SPD SPD SLE SLE SLE SLE NP SLE SLE NP

Goianira S SLE SLE SLE SLE SPD SLE SLE SLE NP SLE SLE

Guapó S SPD SPD SLE SLE NP SPD SLE NP NP NP NP

Hidrolândia S SLE SLE SPD SPD NP NP SLE NP NP NP NP

Inhumas S SPD SLE SPD NP NP NP SPD SPD NP NP NP

Nerópolis S SLE SLE SLE SLE SPD SPD SLE SLE SLE SLE SLE

Nova Veneza NP SLE SLE SLE SLE NP NP SLE NP NP SLE NP

St. Antonio de Goiás S SLE SLE SLE NP NP NP SLE NP NP SLE SPD

Senador Canedo S SLE SLE SLE SLE SPD NP SLE SPD SPD SPD NP

Terezópolis de Goiás NP NP SLE NP SLE NP NP NP NP NP NP NP

Trindade S SPD SLE SPD SPD NP SLE NP NP NP NP NP

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26 Somadas as ocorrências nos vinte municípios da RMG, sobressaem 82 lacunas

nas obrigações legais. Esse vácuo institucional revela, sobretudo o desaparelhamento

técnico das estruturas administrativas municipais para a implementação de políticas

voltadas à função social da propriedade urbana e ao direito de todos à cidade, com

adequado ordenamento territorial, conforme os preceitos da CF (Arts. 30º e 182º) e do

Estatuto das Cidades (Art. 4º). Observe-se ainda que quatro municípios chegam a 2015

sem haver elaborado um plano diretor, principal instrumento de política urbana

obrigatório em municípios integrantes de regiões metropolitanas. Desses quatro, três

não dispõem de legislação sobre parcelamento do solo (Brazabrantes, Caturaí e

Terezópolis de Goiás). Abadia de Goiás completa a relação.

A Regularização Fundiária inexiste no arcabouço jurídico e técnico de 12

municípios, seguida da falta de normas sobre Outorga Onerosa do Direito de Construir,

de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e de Zoneamento Ecológico-Econômico. Onze

municípios não contam com esses três mecanismos de ordenação urbana, sendo que o

último deles falta inclusive na capital.

Na leitura inversa, Caldazinha e Nerópolis são os líderes da RMG no

provimento das legislações de planejamento urbano, com resposta positiva para todas as

leis colocadas à pesquisa. Seguem-se Aragoiânia, Bonfinópolis, Goianápolis e Goianira,

também com capacidade legislativa completa, exceto em um setor cada um.

Certamente que a leitura rigorosa de todos esses registros demanda a checagem

dos estranhamentos aflorados no quadro, junto aos municípios. Por exemplo, a ausência

de legislação para Estudo Prévio de Impacto Ambiental em Goiânia. Além disso, cabe

também o exercício de avaliar a efetividade da implementação das leis. Desde já,

entretanto, é possível estender a interpretação aproximando os dados do MUNIC a

outros planos de descrição da realidade administrativa do planejamento.

Neste caso, a caracterização da qualificação de pessoal das prefeituras vista no

QUADRO 4 mostra seis municípios em que um a cada quatro servidores municipais são

de nível superior. Noutro dado, em seis municípios praticamente um terço da categoria

cursou somente até o Ensino Fundamental, sendo que, em alguns, esta é a situação de

metade do conjunto de servidores.

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QUADRO 4 - Composição da Administração Direta Municipal, por Grau de Instrução: Municípios da Região Metropolitana de Goiânia*

Municípios Sem

Instrução (2)

Ensino Fundamental

(3)

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós-Graduação

Abadia de Goiás 1.0 28.1 32.1 28.1 10.8

Aparecida de Goiânia 1.4 23.3 36.7 33.8 4.7

Aragoiânia 0.0 17.6 56.1 26.3 0.0

Bela Vista de Goiás 0.0 33.5 39.8 26.7 0.0

Bonfinópolis - - - - -

Brazabrantes 0.0 20.5 39.0 34.6 5.9

Caldazinha - - - - -

Caturaí 1.2 42.6 33.3 13.6 9.3

Goianápolis 14.2 37.0 12.7 22.5 13.6

Goiânia - - - - -

Goianira 0.0 23.4 35.4 19.6 21.7

Guapó 0.0 11.3 62.1 22.7 3.9

Hidrolândia 0.0 5.0 44.7 43.4 6.9

Inhumas 1.2 20.5 48.7 17.6 12.0

Nerópolis 1.0 32.2 20.0 20.7 26.2

Nova Veneza 0.7 13.1 54.2 20.3 11.8

S. Antônio de goiás 0.0 24.2 45.3 13.5 17.0

Senador Canedo - - - - -

Terezópolis de Goiás 1.2 28.8 42.0 8.4 19.6

Trindade 15.1 32.2 33.1 16.4 3.2

Região Metropolitana 1.1 8.7 13.6 9.7 2.7

* O MUNIC não disponibiliza informações para os municípios de Bonfinópolis, Caldazinha, Goiânia e Senador Canedo. FONTES: Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Munic – IBGE (2015)

Os dados sobre escolaridade desautorizam inferências que remetam diretamente

à esfera do planejamento, por estes não estarem decompostos em funções e órgãos de

lotação, a um modo que pudesse informar o potencial da capacitação técnica em cada

administração municipal para executar, com autonomia, o planejamento. Ainda assim,

esta carência na compreensão pode ser parcialmente suprida pelas informações do

QUADRO 5, a respeito do local do planejamento nos organogramas das prefeituras e da

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última safra dos Planos Plurianuais (PPAs) nas vinte unidades da RMG. A primeira

coluna detecta oito municípios em que as funções de planejamento encontram-se

subsumidas a pastas de outras áreas, mesmo que de atribuições afins. Nessa situação,

nos organogramas as funções de planejar e gerir a política urbana aparecem nomeadas

de departamentos ou assessorias. Em outras seis administrações, o planejamento

compartilha a titularidade das pastas com outras atividades permanentes do Executivo.

Situações que indicam que emancipação funcional e técnica do planejamento ocorrem

nos demais seis municípios. Neste grupo encontram-se as quatro maiores estruturas

administrativas da RMG: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo.

QUADRO 5 - O PLANEJAMENTO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA (Referências metropolitanas nos Planos Plurianuais / Local do planejamento nos organogramas)

MUNICÍPIO

LOCAL DO PLANEJAMENTO

NO ORGANOGRAMA

DA PM

LEI DO PPA 2014-

2017

REFERÊNCIAS METROPOLITANAS NO PPA 2014-

2017

1. ABADIA DE GOIÁS

Secretaria de Administração

Lei 495 / 06.12.2013*

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA

2. APARECIDA DE GOIÂNIA

Secretaria de Planejamento de Aparecida de Goiânia

Lei 3.149, de 20/12/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA. Remete a diretrizes nos anexos

3. ARAGOIÂNIA Secretaria Municipal de Administração e Planejamento

Lei 959, de 20/12/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA. Remete a diretrizes nos anexos

4. BELA VISTA Assessoria de Planejamento (Gabinete do Prefeito)

Lei 1678, de 8/7/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA

5. BONFINÓPOLIS

Secretaria Municipal de Governo e Planejamento

Lei 605, de 19/11/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA

6. BRAZABRANTES

Secretaria de Administração

Lei 630, de 2/1/2014

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA. Remete a diretrizes nos anexos

7. CALDAZINHA Secretaria de Administração

Não consta no site. Grupo Local só envia anexos e alterações.

Não encontrado**

8. CATURAÍ Secretaria de Administração

Lei n. 273, de 10/12/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA. Remete a diretrizes nos anexos

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9. GOIANÁPOLIS

Secretaria de Administração

10. GOIÂNIA Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação

Lei nº 9.393, de 13/1/2014***

Arts. 15 e 16 preveem que sejam firmados compromissos e parcerias com outros entes da federação, inclusive municípios. Não especifica.

11. GOIANIRA Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano

Lei 1.540, de 30/12/2013

Art. 13º: “o Poder Executivo poderá firmar instrumentos de cooperação com Municípios, agrupados ou não por Regiões Geoadministrativas”.

12. GUAPÓ Secretaria de Governo e Administração

Lei 566, de 2/10/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA.

13. HIDROLÂNDIA

Secretaria Municipal de Planejamento

Lei 480, de 18/11/2013

Não há referência metropolitana nas Diretrizes e Objetivos do PPA.

14. INHUMAS Departamento de Planejamento, da Secretaria de Gestão e Planejamento

Lei 2.924, de 16/12/2013

Não há referência metropolitana

15. NERÓPOLIS Secretaria de Governo e Administração e Planejamento

Lei 1.716, de 6/1/2014

Não há referência metropolitana. Art. 21º a 24º da Lei PPA: "autoriza e detalha procedimentos para contratação de pessoal sem concurso público (“Jabuti”?)

16. NOVA VENEZA

Superintendência de Meio Ambiente

Lei 964, de 1/11/2013

Não há referência metropolitana

17. SANTO ANTÔNIO DE GOIÁS

Secretaria Municipal de Gestão e Planejamento: não propõe objetivos de política urbana, ordenamento e uso do solo

Lei 505 , de 30/12/2013

Não há referência metropolitana

18. SENADOR CANEDO

Secretaria Municipal de Planejamento Urbano

Lei 1.767, de 23/12/2013

DIRETRIZES (Art. 3º - II): Referência genérica a atividades ligadas ao “desenvolvimento urbano regional... [mas submetidas aos fins de] ...ordenar o desenvolvimento municipal”. METAS (Art. 4º - VIII): prevê realização de parcerias entre setores público e privado... (Art. 15º): prevê aplicação conjunta de recursos do município e de outros entes, incluindo outros municípios.

19. TEREZÓPOLIS Secretaria do Planejamento e Projetos Especiais

Lei 3.251, de 3/12/2013

Não há referência metropolitana

20. TRINDADE Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, Habitação e Regularização Fundiária

Lei 15.241, de 11/12/2013

Não há referência metropolitana nas diretrizes e objetivos do PPA. Remete aos anexos. Nas competências da Secretaria: “Art. 27º. / XVII - a promoção de intercâmbios, convênios, parcerias e contratos com entidades federais, estaduais, municipais e da iniciativa privada, visando atingir os objetivos da política habitacional do Município”

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* Alteração ao PPA de Abadia de Goiás: Lei 630, de 22/11/2016; ** Encontrada somente Lei de alteração ao PPA de Caldazinha: a alteração contém 3 artigos que não fazem referência à Lei do PPA (original), bem como não indica os artigos da lei a serem alterados;*** Na justificativa do PL encaminhado à Câmara de Vereadores não consta referência de teor metropolitano. Houve alteração no PPA de Goiânia: Lei 9.439 , de 14/7/2014.

Quanto aos PPAs para o período 2014-2017, a sinalização da leitura quantitativa

dos textos4 encaminha para reforçar a percepção sobre o desapreço ao planejamento: em

somente quatro planos plurianuais as diretrizes e objetivos explicitam referências a que

o município promova intercâmbios, parcerias, convênios e contratos de cooperação com

outros entes da federação, agrupados ou não a regiões geoadministrativas. Os demais 14

não mencionam perspectiva de cunho metropolitano. Porém, cabe ressaltar que alguns

PPAs remetem as suas definições para os anexos da lei, onde podem aparecer projeções

de ações cooperativas. De outro ângulo, registre-se o aspecto formal e protocolar nos

textos da maioria dos planos plurianuais dos municípios da RMG. Há trechos de

redação praticamente repetidos – em forma, conteúdo e sequenciamento de assuntos e

artigos – em vários PPAs. Além disso, em alguns a redação reduz-se a descrever os

elementos de um plano, deixando de expor o mérito das diretrizes e objetivos

estratégicos da gestão.5

8.2.1.3 SUBREPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA RMG

O diagnóstico das condições refratárias ao planejamento vê-se acrescido de novo

componente com os dados do plano propriamente político. Essa abordagem tem

ocupado com relevância a análise de políticas públicas para os grandes municípios. A

hipótese de trabalho que a apoia prediz um quadro de “orfandade política e institucional

das RMs”, com base na constatação de que as engrenagens do sistema político forçam a

4 Foi feita a leitura de 18 leis que instituíram “PPAs 2014-2017” da RMG. Faltaram as leis do PPA de Caldazinha e Goianápolis, dada a dificuldades de localização nas prefeituras e na internet. 5 Estas semelhanças entre os PPAs fazem lembrar o tratamento de grande parte das administrações municipais no Brasil à elaboração dos seus planos diretores: na prática, o plano existe para meramente atender exigência da lei. O costume nestes casos é o de contratar empresas ou consultorias técnicas que sem pudores replicam os documentos, em partes que definem a estrutura completa ou parcial dos diagnósticos e recomendações de política urbana. Resulta um processo indiscriminado de “corta-e-cola” que faz coincidir os planos diretores de cidades de diferentes regiões do país e que mostram grandes diferenças de tamanho, problemas sociais e realidades ambientais.

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mitigação do peso proporcional da representação política das regiões metropolitanas em

relação ao protagonismo econômico, cultural e político-eleitoral de seus agentes no

contexto estadual. Os conceitos de conexão eleitoral e paroquialismo metropolitano

orientam essa vertente de compreensão. Tomamos por base empírica de sua verificação

os resultados eleitorais dos três últimos pleitos à Assembleia Legislativa (2006, 2010 e

2014) e uma leitura de painel do desempenho parlamentar das bancadas dos deputados

metropolitanos nas três legislaturas correspondentes (16ª, 17ª e a 18ª legislaturas). Desta

forma, procuramos atualizar para este diagnóstico as inferências de recente estudo sobre

a representação política da RMG baseado nas técnicas da geografia eleitoral com objeto

nas bancadas eleitas em 2006 e 2010 (BORGES et al., 2015).

A exposição dos dados macroeconômicos regionais da passagem do século até

os registros do Censo de 2010 foi um esforço de outras seções desse diagnóstico para

formulação do plano metropolitano para indicar a posição hegemônica da RMG em

relação às demais regiões de planejamento estadual, adotadas pela SeGPlan-GO. Aqui

vale a pena somente nomear os indicadores básicos dessa supremacia, dispensando-nos

de repetir os dados, inclusive porque a tendência a este perfil da RMG confirma as

características preponderantes das demais regiões metropolitanas do país em seus

estados.

Além do especial peso e centralidade da capital no território da RMG encontra-

se na região o segundo município mais populoso do estado, Aparecida de Goiânia.

Considerando a heterogeneidade das dinâmicas desenvolvidas em seu interior, constata-

se que o poder de atração no espaço metropolitano decorre das possibilidades de

trabalho e de uma vasta rede de serviços e entretenimento nele ofertados. Forma-se a

partir de Goiânia e transborda para os municípios contíguos um contexto de vantagens

competitivas e de potencialidades que tornam a RMG o centro de influência regional.

São diversos os fatores para isso: localização geográfica estratégica; base econômica

diversificada; capacidade de geração de emprego; amplo polo universitário;

descentralização industrial nos municípios; e infraestrutura para transportes de cargas.

Completa esse rol de atrativos o pertencimento da RMG ao mesmo eixo geográfico de

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Brasília, com Anápolis na passagem, em integração que forma um complexo de espaços

urbanos com notável capacidade de consumo (BORGES et al., 2015).

Por intermédio do parâmetro “vinculação do mandato” (CARVALHO, 2009), a

noção de conexão eleitoral articula uma linha de entendimento sobre a qualidade da

representação política, no que concerne à correspondências e discrepâncias entre

distribuição do eleitorado e composição das bancadas eleitas. Assim, adotamos no

QUADRO 6 a figura do “Deputado-RMG”, para nomear o parlamentar cujo berço da

carreira política localiza-se em um ou mais municípios da RMG. Essa condição se

consuma quando o deputado aufere o mínimo de 50% da sua votação nos colégios

eleitorais da RMG. Na Assembleia Legislativa computamos 15 Deputados-RMG eleitos

em 2006, 18 em 2010 e 13 em 2014.6 Se a interpretação estivesse referida somente no

componente quantitativo, já se poderia acusar a sub-representação da RMG, agravada

com expressiva diminuição na atual 18ª. Legislatura: 13 deputados RMG no total de 41

faz cair para 31% a expressão política da RMG.

QUADRO 6 - PARLAMENTARES ELEITOS À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE GOIÁS – (Eleições de 2006, 2010 e 2014)

2006 (16ª. legislatura) 2010 (16ª. legislatura) 2014 (16ª. legislatura) Nº DE

ELEITOS DEPUTADOS

RMG Nº DE

ELEITOS DEPUTADOS

RMG Nº DE

ELEITOS DEPUTADOS

RMG 41 15 41 18 41 13

Fonte: BRASIL / TSE – Eleições 2006, 2010 e 2014

Percebe-se, no QUADRO 7, reforço da tendência de vinculação do mandato, de

2006 a 2014: os Deputados RMG aumentaram a concentração de suas votações nos

municípios da região (72,4% para 78,3%), enquanto as proporções de votos obtidos na

RMG na soma total dos eleitos diminuem de 37,7% para 32.6%. Certamente que esses

deslocamentos, ainda que não configurem um padrão, poderão incidir para aumento do

“paroquialismo metropolitano”. 6 Repita-se, esse contingente pode ser ampliado se entrar na análise a combinação dos dois fatores de vinculação, a origem da trajetória política e a votação geradora do mandato, como consta no mencionado estudo, mas aqui dela não nos ocupamos. Para efeito prático, não foram contabilizados os dados dos suplentes que em algum período da legislatura assumiram mandatos na AL.

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33

A atuação parlamentar dos Deputados-RMG eleitos em 2006 e 2010 (esta última

foi parcialmente aferida, nos anos de 2011 e 212) constitui um indicador da desatenção

de suas agendas para o progressivo agravamento dos problemas urbanos, quando as suas

causas assumem dimensões metropolitanas. A pesquisa já citada registrou que não mais

do que onze projetos, de um total de 989 apresentados por estes parlamenteares nas duas

legislaturas, visaram intervir sobre funções públicas de interesse comum na RMG.

Nesse montante de onze constam cinco inciativas voltadas a situações gerais do estado

de Goiás, com efeitos abrangendo os municípios de Goiânia e vizinhança. De maneira

quase exclusiva, então, os 33 mandatos (15 de 2006 e 18 de 2010) se ocuparam de ações

tipificadas pelo efeito decorativo que provocam na realidade socioeconômica e política

do estado: foram 222 projetos propondo concessão de título honorífico de cidadão

goiano; denominação ou alteração nome de rua, rodovia, escola ou edifício público;

declaração entidade de utilidade pública; e instituição de comenda de mérito. No outro

conjunto dos representantes de Goiânia e região os pesquisadores reuniram 756

proposituras definidos, em sua maioria, pelo teor essencialmente paroquial, isto é que

objetivaram destinação de recursos e benefícios a clientelas espacialmente localizadas –

do ponto de vista territorial, corporativo e/ou creditado outra modalidade de conexão

eleitoral. Uma parcela menor refere-se à criação de datas cívicas e a autorizações de

viagens dos próprios parlamentares (BORGES et al., 2015).

QUADRO 7 - FORÇA ELEITORAL DA RMG NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

DE GOIÁS – (Eleições de 2006, 2010 e 2014)

Ano da eleição

1. Soma das votações dos dep. Estaduais eleitos

2. Proporção dos votos obtidos na RMG pelos dep. Estaduais eleitos

3. Deputados RMG (soma das votações em GO)

4. Deputados RMG (soma das votações na RMG)

2006 1.050.815 votos

395.912 (37,70%)

351.908 votos 254.852 (72,40%)

2010 1.170.535 votos

453.166 (38,70%)

536.883 votos 351.792 (65,50%)

2014 1.304.752 votos

425.212 (32,60%)

363.055 votos 284.477 (78,35%)

Fonte: BRASIL / TSE – Eleições 2006, 2010 e 2014

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QUADRO 8. REPRESENTANTES-RMG ELEITOS À ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA – GO (Conexão eleitoral: Peso da RGM como base dos mandatos na 18ª. Legislatura – 2014-2018)

Fontes: Fonte: BRASIL / TSE –2014

DEPUTADOS “REPRESENTANTES” DA RMG NA A.L.-GO

VOTAÇÃO TOTAL -GO

VOTAÇÃO NA RMG (Peso % no mandato)

Manoel de Oliveira 62.655 59.037

94,23%

Sérgio Bravo 8.607 7.878

91,52% Adriana Accorsi

43.424

38.888 89,56%

Marlúcio Pereira 30.957 26.405

85,30%

Simeyzon Silveira 20.472 16.662

81,38%

Charles Bento 19.429 15.567

80,14%

Isaura Lemos 17.701 13.298

75,14%

Humberto Aidar 28.375 19.842

69,91%

Dr. Antonio 21.155 14.556

68,80%

Virmondes Cruvinel 37.655 23.463

62,32%

Lucas Calil 18.128 11.047

60,95%

Francisco Jr 18.128 17.213

57,92%

Jeferson Rodrigues Lemos 36.369 20.621

56,71%

MÉDIA – DEPUTADOS RMG 363.055 284.477 78,35%

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35

8.2.1.4 O PAROQUIALISMO METROPOLITANO

Como prática política, o paroquialismo metropolitano expressa uma forma de

adaptação dos políticos tradicionais às cidades que crescem e se modernizam mantendo

antigos problemas de carência social e crescimento desordenado. Os interesses

dominantes nos espectros partidários e eleitorais beneficiam-se com a manutenção dos

quadros de penúria e dependência de seus favores por parte das populações-eleitorados

e das administrações municipais. A percepção territorial deste fenômeno é um

substantivo ponto de chegada nos exercícios de geografia eleitoral.

Com as informações do QUADRO 9 é possível estender o exercício feito acima

para a 18ª. Legislatura da Assembleia Legislativa de Goiás, iniciada em 2015. Para isso

foram lidos os resumos dos projetos apresentados por Deputados-RMG no período de

dois anos e nove meses, até setembro de 2017, fornecidos pela Diretoria Legislativa da

AL-GO. Do total de 542 projetos, 3 tiveram motivações diretas à temática

metropolitana e 2, motivações indiretas. A qualidade da atuação parlamentar prossegue

amplamente marcada pelo paroquialismo metropolitano (397 do total, equivalente a

73%), enquanto outra expressiva característica da representação da RMG configura-se

na reunião dos projetos (161, ou quase 30%) “decorativos” e de autorização para

viagens.

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36 Quadro 9 - PAROQUIALISMO METROPOLITANO: ATUAÇÃO PARLAMENTAR DOS DEPUTADOS-RMG NA A. L.-GO – Iniciativas de Projetos de Lei de 2015 a 2017 (18ª. Legislatura)*

TOTAL DE PROJETOS PROJETOS RMG PROJETOS IP-RMG PROJETOS

CTHCG/DRREP/DEUT/ ICM**

Institui dia ou semana/Autorização

de viagem OUTROS

DEPUTADO-RMG 2015 2016 2017* 2015 2016 2017* 2015 2016 2017* 2015 2016 2017 2015-2017 2014-2017

MANOEL DE OLIVEIRA 10 20 0 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 26

SÉRGIO BRAVO 0 5 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 3

ADRIANA ACCORSI 37 31 19 0 0 0 0 0 0 3 4 4 5 74

MARLÚCIO PEREIRA 20 12 18 0 0 2 1 0 0 9 4 2 0 32

SIMEYZON SILVEIRA 11 4 6 0 0 0 0 0 0 4 0 2 5 10

CHARLES BENTO 7 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 8

ISAURA LEMOS 16 6 28 0 0 0 0 0 0 7 0 3 9 49

HUMBERTO AIDAR 18 8 9 0 0 0 0 0 0 2 1 0 4 28

DR. ANTÔNIO 16 11 7 0 0 0 0 0 0 6 4 1 2 21

VIRMONDES CRUVINEL 40 20 17 0 0 0 0 0 0 9 5 2 12 49

LUCAS CALIL 28 22 2 0 0 0 0 0 1 5 13 0 0 33

FRANCISCO JR 35 20 23 0 0 0 0 0 0 9 3 6 2 58

JEFERSON R. LEMOS 0 0 11 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 6

TOTAL 238 159 145 3 2 113 48 397

*Relação de projetos protocolados até 14 de setembro de 2017. PROJETOS RMG: referência direta à Região Metropolitana de Goiânia (administrativa ou institucional ou de intervenção social e econômica) PROJETOS IP-RMG: abrangente ao estado de Goiás, mas de incidência prioritária ou de maior ênfase sobre realidades da Região Metropolitana de Goiânia (administrativa ou institucional ou de intervenção social e econômica). PROJETOS CTHCG/DRREP/DEUT/ICM: Concede título honorífico de cidadão goiano/Denomina ou altera nome de rua, rodovia, escola, edifício público/Declara entidade de utilidade pública/Institui comenda de mérito. OUTROS: Neste conjunto, embora em registro não exaustivo e passíveis de serem somadas aos grupos das duas colunas vizinhas estão as iniciativas parlamentares próprias do denominado “paroquialismo metropolitano”. Fonte: Arquivos da Diretoria Legislativa da A.L.-GO.

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37 8.2.2 POTENCIALIDADES E PERSPECTIVAS PARA A GOVERNANÇA NA RMG

8.2.2.1 A PARTICIPAÇÃO NAS OFICINAS

Os encontros realizados pelas equipes técnicas da Secima e UFG com as

comunidades dos municípios da RMG foram propícios para o afloramento das formas

com que os moradores, as lideranças da sociedade política e da sociedade civil

percebem o conjunto dos desafios inerentes ao crescimento urbano e à integração

metropolitana. Esses momentos transcorreram como oficinas de trabalho, com caráter

de audiências públicas, em que as pautas propostas pelos organizadores direcionavam-

se para estimular a participação. Na primeira parte, após os cerimoniais de abertura, o

representante da Secima enfatizava a natureza política do PDI-RMG, com apelos para

se compreender a governança como processo mais de possibilidades e indeterminações

do que de fórmulas para se aprovar orientações administrativas previamente

entabuladas. Seguiam-se exposições de pesquisadores da UFG sobre dois temas

diretamente afetos ao município, amparadas em rico e atualizado arsenal de dados

empíricos organizados em escala regional para fundamentar as alternativas colocadas

pela metropolização e as percepções das singularidades da integração do município

abrangido no processo. Nas oficinas em Trindade, Terezópolis, Senador Canedo,

Aparecida de Goiânia e Goiânia este momento técnico foi suplementado por exposições

das diretrizes dos planos diretores locais feitas por equipes das respectivas prefeituras.

No terceiro momento, abria-se a palavra ao plenário e se encaminhava a distribuição do

“formulário de potencialidades, fragilidades e perspectivas” do município, para ser

preenchido e devolvido a tempo de se proceder à sistematização das respostas com

posterior divulgação ao final da reunião.

Os chefes do executivo compareceram a 16 das oficinas em suas cidades,

acompanhados dos auxiliares diretos incumbidos do planejamento municipal. Oito

prefeitos/as e/ou vices permaneceram até o encerramento das reuniões, intervindo

ativamente nos debates. As 19 oficinas realizadas contaram com participação de

vereadores e, exceto em duas, ao menos um vereador acompanhou todo o transcorrer da

atividade. Representantes do Ministério Público registraram presença oficialmente em

13 oficinas. Também se contou com lideranças da sociedade civil, líderes religiosos e da

juventude na maior parte dos municípios. Todas as oficinas acolheram participantes de

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municípios vizinhos, que se identificaram como representantes das suas gestões

municipais, ou de entidades civis. Técnicos da Prefeitura de Trindade foram os

visitantes mais frequentes e participativos, seguidos dos de Senador Canedo e

Hidrolândia. Da sociedade civil, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de

Goiás desempenhou este papel, estando representado em todas as oficinas.

Mesmo que raras, houve situações em contrário, em que autoridades do

executivo ou não compareceram ou se ausentaram logo após os ritos protocolares das

aberturas de reuniões. E vale a pena constar, para efeitos da concepção de governança

apresentado nos parágrafos iniciais, que em três oficinas a presença do público

restringiu-se a funcionários da prefeitura, com escassa presença de representantes civis

dos municípios e de outros cidadãos.

Mais do que o aspecto técnico, as controvérsias predominantes nos ambientes

das oficinas apresentaram-se revestidas de caráter político. A compreensão racional dos

riscos e incertezas para os moradores e suas cidades foi uma propensão permanente nos

pronunciamentos emitidos nas oficinas de março a agosto. No entanto, o saldo

qualitativo para a continuidade da construção do PDI-RMG adquiriu forma na riqueza

dos relatos de problemas, temores e conflitos por parte dos agentes municipais. Seus

temas deverão ocupar as próximas etapas de elaboração do plano, num nível em que os

documentos darão forma às polarizações de interesses e ao projeto de lei do Executivo a

ser enviado à Assembleia Legislativa.

8.2.2.2 DEMANDAS, TEMORES E CONFLITOS

Preliminarmente, não há discordância explícita quanto ao plano. Afinal, a

realidade metropolitana avança a olhos vistos, escapando do nível das escolhas dos

atores nela envolvidos. A crueza da vida nas cidades é aguçada pela conjuntura de crise

econômica e pela desconfiança na política, numa composição de cenários urbano-

metropolitanos que acossam as populações em suas residências, locais de trabalho e nos

espaços públicos, para ressoar nos gabinetes. As escolhas e decisões se abrem, de fato, a

respeito das formas de atuação para conter os efeitos, ordenar a ocupação do território e

diminuir as arenas do imponderável na gestão dos processos. Difícil conceber que um

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administrador ou autoridade política prefira a sensação de perda de controle sobre

previsão de recursos, de impotência para atender demandas populares e de

constrangimentos na convivência com aliados e eleitores. Enxergamos aqui a base

potencial do plano metropolitano. Propomos, então, a legibilidade das demandas e

expectativas que se projetaram nos debates das oficinas com aparência inicial de um

mosaico de reivindicações, intermináveis e de complexa negociação. Vejamos em

separado alguns agrupamentos dos pontos dominantes:

- AUTONOMIA MUNICIPAL: os incisos I a IV do Art. 6º do Estatuto da

Metrópole, juntos, resumem as tensões latentes no tema da governança interfederativa.

Essas inquietações quase sempre saltaram como as primeiras manifestações dos

representantes municipais nas oficinas da Secima/UFG. Os conteúdos da lei ao

declararem textualmente “I – prevalência do interesse comum sobre o local; (...) III –

autonomia dos entes federativos; (...) e IV – observância das peculiaridades regionais e

locais;” impelem cada contexto de experiências metropolitanas à negociação em busca

de definições próprias. Os resultados e soluções inexistem de antemão. Sequer a

participação de um ente na pactuação sobre as funções públicas de interesse comum

estará obrigatória aos olhos da lei. A sabedoria consistirá na descoberta de vantagens na

coexistência administrativa entre os entes e entre seus líderes e as respectivas

comunidades;

- COMPENSAÇÃO AMBIENTAL – o Parágrafo único do inciso VII, do Art. 7º

estabelece compensações aos municípios com a especificidade de prestar serviços

ambientais à unidade territorial como um todo. Este ponto ilustra com precisão o

conjunto de possibilidades emanadas do tópico anterior, ao jogar para o campo da

negociação política voluntária a compreensão de que mesmo as realidades de menor

expressão econômica ou populacional congregam algum capital político próprio, por

oferecerem serviços vitais aos vizinhos de maior poder. Na RMG, Brazabrantes,

Caldazinha, Goianápolis, Inhumas e Terezópolis são os exemplos, dadas as

características de sua localização e atribuições nas bacias do Meia Ponte e do João

Leite. Cabe lembrar, ainda, que “a ausência de regulamentação nacional não impede,

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todavia, a pactuação interfederativa por meio de acordos, consórcios ou convênios,

nesta seara” (MOURA; HOSHINO, 2012).

- PENÚRIA ECONÔMICA – a dependência dos municípios menores e de

menor capacidade de investimentos não será resolvida nem se encerrará com a gestão

metropolitana, ao modo propugnado em diferentes oficinas. A questão do PDI-RMG

não está aí residida. O que se advoga no Estatuto da Metrópole (Art. 7º) é que sejam

compartilhados de maneira permanente o planejamento e a tomada de decisão quanto ao

desenvolvimento urbano e às políticas afetas às funções públicas de interesse comum.

Essa previsão estende-se, entre outras, para se criar mecanismos administrativos, de

alocação de recursos e prestação de contas, para compatibilizar planos plurianuais e leis

orçamentárias dos entes agrupados na governança. Objetiva-se que a cooperação

pactuada se consolide nas rotinas administrativas e se encaminhe na direção de

descentralizar a geração de emprego e renda, valorizar vocações locais e, assim, se

superar os estigmas das centralidades que na RMG interagem como cidades-dormitório.

- DESASISTÊNCIA SOCIAL E DESCRENÇA POLÍTICA – junto às enormes

possibilidades e atrativos que centralizam, as metrópoles sediam também as chagas das

desigualdades estruturais na sociedade brasileira. Nelas se multiplicam a segregação, o

cerceamento aos direitos e as bases para a corrupção política. Os apelos nas oficinas

reiteraram a crença de que o aperfeiçoamento e a modernização da gestão pública

somente se sustentarão se vierem a contribuir com o bem-estar coletivo e garantir a

cidadania. Esse mote consta na justificativa da lei metropolitana de 2015. No seu Art.

12º, por exemplo, “a delimitação das áreas com restrições à urbanização visando à

proteção do patrimônio ambiental ou cultural, bem como das áreas sujeitas a controle

especial pelo risco de desastres naturais” traduz fortemente a opção por políticas

urbanas com finalidades sociais. Nesse sentido, a crise hídrica que rondou as discussões

nos municípios da RMG e levou à decretação do estado de emergência em seu território

sobe à cabeceira dos critérios de definição das funções de interesse comum.

- USO DO SOLO/EXPANSÃO URBANA – trata-se do tema que mais abrange

as múltiplas dimensões estratégicas da questão urbana. Por meio dele são evocadas com

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clareza as contradições entre interesses econômicos e função social da cidade. Nos

plenários de março a agosto eles apareceram sob formas não contestadas: complacência

com especulação imobiliária, aprovação irregular de novos loteamentos, conluios entre

agentes públicos e privados para legalizar as irregularidades, expansão induzida de

perímetros etc. Ao mesmo tempo as exposições técnicas demonstraram suficientemente

uma tripla situação para se decidir a política urbana: o quantitativo de lotes estocados na

RMG supera em muito a demanda por unidades habitacionais, até 2030; a falta de

compatibilização entre planos diretores municipais pode induzir à mera transferência de

aprovações de um município para outro, que disponha de leis permissivas, menos

fiscalização e mais carente de recursos; e, em terceiro, os demonstrativos de que

possíveis novos loteamentos trazem aumento de custos para as prefeituras. O

enfrentamento desta questão exigirá disposição redobrada das lideranças do setor

público e da sociedade civil, em termos de transparência, interesse público e disposição

para negociar a construção de uma governança consistente e confiável.

8.2.3 A REFORMULAÇÃO DO CODEMETRO

Nesta seção do diagnóstico para o PDI-RMG, voltada a propor e fundamentar

bases para a governança, cumpre explicitar considerações sobre o Codemetro e os

termos do debate público antecedente de sua votação na Assembleia Legislativa. Em

primeiro lugar, lamenta-se o paralelismo da abertura do debate para reformulação do

Conselho com a ocorrência das atividades de reuniões e pesquisas visando ao plano

metropolitano por inteiro. Secundariamente, se alinhou reflexões para que esta

oportunidade de reformulação do Conselho redunde em avanços na natureza

democrática da governança metropolitana.

Nas imediatas controvérsias que marcaram a receptividade do Projeto de Lei do

Governo Estadual no debate público o conjunto das competências previstas para o

Codemetro não tem sido abordado, pois o centro da atenção foi ocupado principalmente

pelas diferenças sobre as proporções dos representantes na composição do Conselho.

Partiram de representantes do Executivo e do Legislativo de Goiânia, o município-polo

da região metropolitana, as mais contundentes reações, que de início levaram o

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Executivo Estadual a alterar o texto inicial e, mesmo, a retirar o pedido de urgência para

sua votação na Assembleia Legislativa. Os vereadores levantam o temor da perda ou

redução de poder e competências por parte das cidades maiores, como Goiânia e

Aparecida de Goiânia, o segundo município do estado. Outra insatisfação, associada à

anterior, acusou a “sobrerepresentação” dos níveis estaduais de poder na composição do

Codemetro. Juntos, na voz dos vereadores, Governo de Goiás e a Assembleia

Legislativa poderão previamente deter o controle político no interior do Conselho

quando se for decidir sobre assuntos importantes. Goiânia e a Câmara Municipal terão,

nesta interpretação da proposta encaminhada no PL, 14,59% de participação, uma

proporção menor do que a da Assembleia Legislativa. Neste caso, os vereadores deixam

de perceber o peso de voto dos membros de cada representante. Também em audiência

pública membros da Assembleia Legislativa levantaram preocupações quanto à

composição vir a agredir a autonomia constitucional dos municípios.

Os parlamentares das duas instâncias, no entanto, deixam de arguir sobre a

ausência de representação da sociedade civil na proposta para o Codemetro. Para suprir

a lacuna e reforçar de legitimidade participativa, a instância interfederativa, emerge a

sugestão simples e direta de se adotar representações setoriais similares às das bancadas

nas conferências das cidades. Por este critério, pode ser vantajoso admitir que

representantes de entidades de profissionais e instituições acadêmico-científicas, de

movimentos sociais e populares e de entidades sindicais de trabalhadores e empresariais

venham a ter assento no Codemetro. Estes setores devem obviamente ter suas atividades

relacionadas ao desenvolvimento urbano. Assim se estará aproximando mais o conselho

da diversificação metropolitana e, em consequência, buscando mais a governança do

que a governabilidade.

Há outras observações pontuais. Os incisos I e III do Art. 6º deixam impreciso o

critério de “características ambientais”. A participação imaginada aos cidadãos está

restrita a 4 nomes e pode ser ampliada a partir de uma tipologia de municípios, o que

levará a ampliar o espaço para presença dos cidadãos a 6 nomes, talvez 7. Além disso, o

Art. 10 (parágrafo 1º – Inciso II) adota uma nítida restrição ao direito de participação de

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profissionais que eventualmente demonstrarem condições de integrar uma Câmara

Técnica do Codemetro, ao exigir abstinência partidária e/ou sindical nos últimos 36

meses. O texto soa como agressão à cidadania política, de uma maneira que destoa do

restante do documento.

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8.3 CONCLUSÃO

A leitura dos dados informações sobre as condições para a gestão e o

planejamento nos municípios e sobre a trajetória da metropolização na Grande Goiânia

repõe a percepção da fragilidade da temática metropolitana no debate político de Goiás.

E isto não apenas em razão da cultura avessa à racionalização dos processos decisórios

e ao planejamento nas gestões ou da baixíssima frequência com que o tema foi levado

ao debate parlamentar nas três últimas legislaturas. Cabe também arrolar a tradição de

escassa representação política da RMG e de inefetividade dos mecanismos criados para

promover a cooperação intermunicipal, desde a lei de criação da RMG, ao final de

1999.

A proposição do PDI-RMG abre caminhos efetivos para a implementação e

consolidação de instâncias e atributos normativos, fiscais e de gestão das funções

públicas de interesse comum aos municípios integrantes. Na prática, impõe-se que

autoridades e lideranças das comunidades e da sociedade civil assumam compromissos

nesse sentido. Isso porque a integração territorial faz crescer as urgências por políticas

públicas compartilhadas, num mesmo contexto em que diminuem os recursos para os

municípios e aumentam as agruras para se viver, locomover, trabalhar e estudar em

nossas cidades. Contribuir para fortalecer os vínculos entre democracia e melhoria de

vida, pressupondo a redução das desigualdades sociais, está no horizonte das apostas

para estruturação da governança metropolitana.

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8.4 REFERÊNCIAS

AZEVEDO, S.; RIBEIRO, L.C.Q.; SANTOS JR., O.A. (Org.). Cultura politica, cidadania e voto: desafios para a governança metropolitana. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2012.

BORGES, P. C. A. et al. Subrepresentação política e paroquialismo político na Região Metropolitana de Goiânia. Apresentado no Grupo de Trabalho Governança e modos de vida urbanos, do XII CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – Lisboa, 2015.

BRASIL. IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros 2015 – MUNIC. Brasília: FIBGE, 2015. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95942.pdf>. Acesso em: 23 out. 2016.

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BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Congresso Nacional, 1988.

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CASTELLS, M. O espaço de fluxos. In: ______. Sociedade em rede (v. 1: A era da Informação). São Paulo: Paz e Terra, 1992. p. 467-521.

CHAVEIRO, E. F. Goiânia, paisagens sociais e paisagens cindidas. Goiânia: Ed. UCG, 2007.

CLEMENTINO, Maria do Livramento Miranda; ALMEIDA, Lindijane de Souza Bento. Construção técnico-política de governança metropolitana. Cad. Metrop., São Paulo, v.17, n.33, maio 2015.

GOUVEIA, R. A questão metropolitana no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.

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DINIZ, Eli. Governabilidade, governance e reforma do Estado: considerações sobre o novo paradigma. Revista do Serviço Público, ano 47, v. 120, n. 2, maio-ago. 1996.

DINIZ, E. Governabilidade, democracia e reforma do Estado: os desafios da construção de uma nova ordem no Brasil. In: DINIZ, E.; AZEVEDO, S. (Org.). Reforma do Estado e democracia no Brasil. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.

FERREIRA, A. F. Gestão estratégica de cidades e regiões. Lisboa: Fundação Calouste Goubenkian, 2007.

LIMA, José J. F.; MOYSÉS, Aristides. Como andam Belém e Goiânia. Rio de Janeiro; Letra Capital - Observatório das Metrópoles, 2009.

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ANEXO 1 - ENFOQUE METROPOLITANO NOS PLANOS DE GOVERNO DOS CANDIDATOS A PREFEITO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA – 2016

MUNICIPIO CANDIDATO PARTIDO

MOBILIDADE TRANSPORTE

PUBLICO / Ñ MOTOR.

MOBILIDADE TRANSPORTE INDIVIDUAL /

PRIVADO

GESTAO / COOPERAÇÃ

O METROPOLIT

ANA

GESTÃO DOS

RESÍDOS SÓLIDOS

ABADIA DE GOIÁS

André da Farmácia PTB Não Não Não Não

Cristiano PTC Não Não Não Não

Divino DEM Não Não Não Não

Dr. Celso PRB Sim Sim Sim Sim

Hélio Mendes PROS Não Não Não Não

Prof. Josué PR Não Não Não Não

Romes Gomes PSDB Não Não Não Não

Valdeci Mendonça PMDB Sim Não Não Não

APARECIDA DE GOIÂNIA

Gustavo Mendanha PMDB Não Não Não Não

Marlúcio Pereira PSB Não Não Sim Não

Prof. Alcides PSDB Não Não Sim Não

ARAGOIÂNIA

Alessandro do Amim PSDC Não Não Não Não

Andrade Junior SD Não Não Não Não

Danilo Rios PR Não Não Não Não

Eudes PT Não Não Não Não

Jair Porfírio PP Não Não Não Não

Luíz Antônio PSB Não Não Não Não

Nauginel PSDB Não Não Não Não

BELA VISTA DE GOIÁS

Leonardo Guimarães PSDB Sim Não Não Não

Luiz das Tintas PRB Sim Não Não Não

Nárcia Kelly PTB Não Não Não Não

BONFINÓPOLIS

Dienes da Farmácia PSD Não Não Não Não

Hermes Lemes PRB Não Não Não Não

Prof. Kelton PSB Não Não Não Não

CALDAZINHA Edmilson Borges PDT Não Não Não Não

Solange Gouveia PSDB Não Não Não Não

GUAPÓ

Colemar Cardoso PSDB Sim Não Não Não

Luiz Juvêncio PMDB Não Não Não Não

Marcelo Coelho PTC Não Não Sim Não

Nelson PSB Não Não Não Não

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HIDROLÂNDIA Bruno do Posto PSB Não Sim Não Não

Paulinho DEM Não Não Não Não

TRINDADE

Alexandre Compleite DEM Não Não Não Não

Dr. Antônio PR Sim Sim Sim Não

Jânio Darrot PSDB Sim Não Não Sim

Ricardo Fortunato PMDB Não Não Não Não

BRAZABRANTES

Marcio Tuca PSDB Sim Não Não Sim

Moacyr Ribeiro PMDB Não Não Não Não

CATURAÍ Divina Zago PDT Não Não Não Não

Ladico Manso PP Sim não Não Não

GOIANÁPOLIS

Chiquinho PTN Sim Não Não Não

Erasmo Arley PSL Não Não Não Não

Israel Mariano PP Não Não Não Não

Junior Pontes PSB Não Não Não Não

Marcos do Sinias PSD Não Não Não Não

GOIANIRA Carlão da Fox PSDB Não Não Não Não

Miller PSD Não Não Não Não

INHUMAS

Abelardo PP Não Não Não Não

Dioji Ikeda PDT Não Sim Não Não

Pacheco Junior REDE Não Não Não Não

NERÓPOLIS

Fabiano PSDB Não Não Não Não

Gil Tavares PRB Não Não Não Não

Miller Prado PR Não Não Não Não

NOVA VENEZA

Amadeu PP Não Não Não Não

Patrícia PSDB Não Não Não Não

Serginho do Souza PHS Não Não Não Não SANTO

ANTÔNIO DE GOIÁS

Edu Machado PR Não Não Não Não

Frederico PSDB Não Não Não Não

TEREZÓPOLIS Juninho PSDB Não Não Não Não

Uiltinho PP Não Não Não Não

SENADOR CANEDO

Divino lemos PSD Não Sim Não Não

Alsuério PR Não Não Sim Não

Zélio Cândido PSDB Não Não Não Não

Misael Oliveira PDT Não Não Não Não

Franco Martins DEM Não Não Não Não

GOIÂNIA

Iris Rezende PMDB Não Não Sim Não

Vanderlan PSB Sim Sim Sim Sim

Delegado Waldir PR Sim Sim Sim Sim

Francisco Jr. PSD Sim Sim Sim Não

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Adriana Acorci PT Não Sim Sim Não

Flávio Sofiati PSOL Sim Não Não Não

Djalma Araujo Rede Não Não Não Não TOTAIS = Enfoque Metropolitano

72 candidatos - - - 72 / 14 72 / 9 72 / 12 72 / 5

ELEITOS EM AZUL: Quadro montado sem conhecimento dos resultados finais em Goiânia e Senador Canedo FONTE: TRE-GO ANEXO 1 - ENFOQUE METROPOLITANO NOS PLANOS DE GOVERNO DOS CANDIDATOS A PREFEITO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA – 2016 (Continuação)

MUNICIPIO CANDIDATO PARTIDO

(eleito)

SANEAM. (AGUA E ESGOTO

SAÚDE PÚBLICA

SEGUR. PÚBLICA

EDUCAÇÃO /CULTURA /ESPORTE

DESENV. ECONÔM. (POLOS IND. / INVESTIMENTOS)

TOTAIS = ENFOQUE METROPOLITANO / ELEITO OU NÃO

ABADIA DE GOIÁS

André da Farmácia PTB Não Não Não Não Não 0

Cristiano PTC Não Não Não Não Não 0

Divino DEM Não Não Não Não Não 0

Dr. Celso PRB Não Sim Não Não Não 5 / Ñ Eleito

Hélio Mendes PROS Não Não Não Não Não 0

Prof. Josué PR Não Não Não Não Não 0

Romes Gomes PSDB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Valdeci Mendonça PMDB Não Não Não Não Não 1 / Ñ Eleito

APARECIDA DE GOIÂNIA

Gustavo Mendanha PMDB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Marlúcio Pereira PSB Sim Não Não Não Não 2 / Ñ Eleito

Prof. Alcides PSDB Não Não Não Não Sim 2 / Ñ Eleito

ARAGOIÂNIA

Alessandro do Amim PSDC Não Não Não Não Não 0

Andrade Junior SD Não Não Não Não Não 0

Danilo Rios PR Não Não Não Não Não 0

Eudes PT Não Não Não Não Não 0

Jair Porfírio PP Não Não Não Não Não 0

Luíz Antônio PSB Não Não Não Não Não 0

Nauginel PSDB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

BELA VISTA DE GOIÁS

Leonardo Guimarães PSDB Não Sim Não Não Não 2 / Ñ Eleito

Luiz das Tintas PRB Não Não Não Não Não 1 / Ñ Eleito

Nárcia Kelly PTB Não Não Não Não Não 0 / Eleita

BONFINÓPOLIS

Dienes da Farmácia PSD Não Não Não Não Não 0

Hermes Lemes PRB Não Não Não Não Não 0

Prof. Kelton PSB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

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CALDAZINHA Edmilson Borges PDT Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Solange Gouveia PSDB Não Não Não Não Não 0

GUAPÓ

Colemar Cardoso PSDB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Luiz Juvêncio PMDB Não Não Não Não Não 0

Marcelo Coelho PTC Não Não Sim Não Não 2 / Ñ Eleito

Nelson PSB Não Não Não Não Não 0

HIDROLÂNDIA Bruno do Posto PSB Não Não Não Não Não 1 / Ñ Eleito

Paulinho DEM Não Não Não Não Não 0 / Eleito

TRINDADE

Alexandre Compleite DEM Não Não Não Não Não 0

Dr. Antônio PR Não Não Não Não Não 3 / Ñ Eleito

Jânio Darrot PSDB Não Não Não Sim Não 4 / Eleito

Ricardo Fortunato PMDB Não Não Não Não Não 0

BRAZABRANTES

Marcio Tuca PSDB Não Sim Não Não Não 3 / Eleito

Moacyr Ribeiro PMDB Não Sim Não Não Não 1 / Ñ Eleito

CATURAÍ Divina Zago PDT Não Sim Não Não Não 1 / Eleito

Ladico Manso PP Não Não Sim Sim Não 3 / Ñ Eleito

GOIANÁPOLIS

Chiquinho PTN Não Sim Não Não Sim 3 / Eleito

Erasmo Arley PSL Não Não Não Não Não 0

Israel Mariano PP Não Sim Não Não Não 1 / Ñ Eleito

Junior Pontes PSB Não Não Sim Não Não 1 / Ñ Eleito

Marcos do Sinias PSD Não Não Não Não Sim 1 / Ñ Eleito

GOIANIRA Carlão da Fox PSDB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Miller PSD Não Sim Sim Não Não 2 / Ñ Eleito

INHUMAS

Abelardo PP Não Não Não Sim Não 1 / Eleito

Dioji Ikeda PDT Não Não Não Não Não 1 / Ñ Eleito

Pacheco Junior REDE Não Não Não Não Não 0

NERÓPOLIS

Fabiano PSDB Não Sim Não Não Não 1 / Ñ Eleito

Gil Tavares PRB Não Não Não Não Não 0 / Eleito

Miller Prado PR Não Não Não Não Sim 1 / Ñ Eleito

NOVA VENEZA

Amadeu PP Não Sim Sim Não Sim 3 / Ñ Eleito

Patrícia PSDB Não Não Não Não Não 0 / Eleita

Serginho do Souza PHS Não Não Não Não Não 0 SANTO

ANTÔNIO DE GOIÁS

Edu Machado PR Não Não Não Não Não 0

Frederico PSDB Não Não Não Sim Não 1 / Eleito

TEREZÓPOLIS Juninho PSDB Sim Não Não Sim Não 2 / Eleito

Uiltinho PP Não Não Não Não Não 0

SENADOR CANEDO

Divino lemos PSD Não Não Não Não Não 1 / Eleito

Alsuério PR Sim Não Não Não Não 2 / Ñ Eleito

Zélio Cândido PSDB Não Não Não Não Não 0

Page 51: 8.ANÁLISE DE ASPECTOS INSTITUCIONAIS DE GESTÃO ...pdi-rmg.secima.go.gov.br/wp-content/uploads/2017/10/8-Analise-da... · Estatuto da Metrópole: Aglomeração urbana, Função pública

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS

51

Misael Oliveira PDT Não Não Não Não Não 0

Franco Martins DEM Não Não Não Não Não 0

GOIÂNIA

Iris Rezende PMDB Sim Não Não Não Não 2 / Eleito

Vanderlan PSB Sim Não Não Não Não 5 / Ñ Eleito

Delegado Waldir PR Sim Sim Sim Não Sim 8 / Ñ Eleito

Francisco Jr. PSD Não Não Sim Não Sim 7 / Ñ Eleito

Adriana Acorci PT Não Não Sim Não Não 3 / Ñ Eleito

Flávio Sofiati PSOL Não Sim Sim Não Não 3 / Ñ Eleito

Djalma Araujo Rede Não Não Não Não Não 0 TOTAIS = Enfoque Metropolitano

72 candidatos - - - 72 / 6 65 / 13 65 / 9 65 / 5 65 / 7

81 Referências /15 Eleitos ELEITOS EM AZUL: Quadro montado sem conhecimento dos resultados finais em Goiânia e Senador Canedo FONTE: TRE-GO

ANEXO 2 - PARTIDOS COM REFERÊNCIAS METROPOLITANAS NOS PLANOS DE GOVERNO

(Nº. DE CANDIDATOS E ELEITOS AOS MUNICÍPIOS DA RMG) PSDB PSB PMDB PDT PP PRB DEM PSD PTB PTN 14 9 6 1 5 2 4 2 4 1 4 1 4 1 4 1 2 1 1 1