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242 8.9.10. História das Civilizações Nativas da América do Sul A DESCONHECIDA MARAVILHA INDÍGENA A cada dia novas descobertas históricas e arqueológicas vêm comprovar o respeitável grau de conhecimento dos povos nativos do Brasil e da América do Sul. Ajudando a desmoronar a versão dos invasores brancos de então, e dos ideólogos imperialistas de hoje, de que a civilização, a ciência e o bem-estar chegaram às terras americanas com os europeus, e que os indígenas desta parte do chamado Novo Mundo — à exceção dos incas e outras poucas tribos — eram selvagens, pouco mais que macacos. Um desses grandes feitos indígenas pré-colombianos, infelizmente pouco conhecido dos brasileiros, é o Caminho de Peabiru. Com mais de três mil quilômetros, o Peabiru foi a estrada transcontinental mais importante da América do Sul antes da chegada dos europeus. Ele ligava, segundo estudos, os Andes ao oceano Atlântico, servindo como ligação entre os nossos guaranis e os demais povos sul-americanos. Fascinante, misterioso, polêmico, tido como sagrado, o Caminho unia o litoral de Santa Catarina e São Paulo ao grande império inca no Peru. Além de ser uma obra viária de grande competência, a existência do Peabiru revela, entre outras coisas, que os índios do sul do Brasil — ao contrário do que comumente se pensa — dominavam um conjunto de informações astronômicas sofisticadas, bem mais além do que as fases da lua ou a noção de dias e noites. Buscando recuperar a memória de tão importante realização indígena e levá-la ao conhecimento de nosso povo, a reportagem de AND conversou com a jornalista e escritora paranaense Rosana Bond, correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) em Florianópolis, e autora dos livros O CAMINHO DE PEABIRU e A SAGA DE ALEIXO GARCIA, O DESCOBRIDOR DO IMPÉRIO INCA, além de pesquisadora do assunto há oito anos. Nesta entrevista exclusiva, ela afirma, citando o professor Samuel Guimarães que “se o Egito foi um presente do rio Nilo, a América do Sul foi um presente do Peabiru”. AND: O CAMINHO DE PEABIRU FOI DESCOBERTO RECENTEMENTE? Rosana Bond: Digamos que ele foi redescoberto recentemente. Depois de vários séculos quase esquecidos, o Caminho começou a ser motivo de novas investigações na década de 90, quando surgiram os primeiros livros específicos sobre o tema. Em 1996 saiu o meu, O Caminho de Peabiru, quando, com a ajuda preciosa do povo de Campo Mourão (PR), levantei o trajeto paranaense, paraguaio, boliviano e peruano da “estrada”. Foi também nessa época que identifiquei o seu primeiro vestígio concreto, no município de Pitanga (PR), graças ao trabalho apaixonado de um funcionário local do IBGE, o Sr. Clemente Gaioski. Esse livrinho, escrito para as crianças de Campo Mourão, teve distribuição gratuita em várias cidades do Paraná e esgotou-se rapidamente. Em 1997 Hernâni Donato, do IHGSP, lançou o seu excelente Sumé e Peabiru. E em 2002, Luiz Galdino publicou Peabiru — Os incas no Brasil.

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8.9.10. História das Civilizações Nativas da América do Sul

A DESCONHECIDA MARAVILHA INDÍGENA A cada dia novas descobertas históricas e arqueológicas vêm comprovar o respeitável grau deconhecimento dos povos nativos do Brasil e da América do Sul. Ajudando a desmoronar a versão dos invasores brancos de então, e dos ideólogos imperialistas de hoje, de que a civilização, aciência e o bem-estar chegaram às terras americanas com os europeus, e que os indígenas destaparte do chamado Novo Mundo — à exceção dos incas e outras poucas tribos — eram selvagens, pouco mais que macacos. Um desses grandes feitos indígenas pré-colombianos, infelizmente pouco conhecido dosbrasileiros, é o Caminho de Peabiru. Com mais de três mil quilômetros, o Peabiru foi a estradatranscontinental mais importante da América do Sul antes da chegada dos europeus. Ele ligava,segundo estudos, os Andes ao oceano Atlântico, servindo como ligação entre os nossos guaranis eos demais povos sul-americanos. Fascinante, misterioso, polêmico, tido como sagrado, o Caminho unia o litoral de Santa Catarina e São Paulo ao grande império inca no Peru. Além de ser uma obra viária de grande competência, a existência do Peabiru revela, entre outrascoisas, que os índios do sul do Brasil — ao contrário do que comumente se pensa — dominavam um conjunto de informações astronômicas sofisticadas, bem mais além do que as fases da lua ou anoção de dias e noites. Buscando recuperar a memória de tão importante realização indígena e levá-la ao conhecimento de nosso povo, a reportagem de AND conversou com a jornalista e escritora paranaense RosanaBond, correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) emFlorianópolis, e autora dos livros O CAMINHO DE PEABIRU e A SAGA DE ALEIXOGARCIA, O DESCOBRIDOR DO IMPÉRIO INCA, além de pesquisadora do assunto há oitoanos. Nesta entrevista exclusiva, ela afirma, citando o professor Samuel Guimarães que “se oEgito foi um presente do rio Nilo, a América do Sul foi um presente do Peabiru”.

AND: O CAMINHO DE PEABIRU FOI DESCOBERTO RECENTEMENTE?

Rosana Bond: Digamos que ele foi redescoberto recentemente. Depois de vários séculos quase esquecidos, o Caminho começou a ser motivo de novas investigações na década de 90, quando surgiram os primeiros livros específicos sobre o tema.

Em 1996 saiu o meu, O Caminho de Peabiru, quando, com a ajuda preciosa do povo de Campo Mourão (PR), levantei o trajeto paranaense, paraguaio, boliviano e peruano da “estrada”. Foi também nessa época que identifiquei o seu primeiro vestígio concreto, no município de Pitanga (PR), graças ao trabalho apaixonado de um funcionário local do IBGE, o Sr. Clemente Gaioski.

Esse livrinho, escrito para as crianças de Campo Mourão, teve distribuição gratuita em várias cidades do Paraná e esgotou-se rapidamente. Em 1997 Hernâni Donato, do IHGSP, lançou o seu excelente Sumé e Peabiru. E em 2002, Luiz Galdino publicou Peabiru — Os incas no Brasil.

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A partir daí alguns outros pesquisadores têm igualmente se dedicado ao assunto. Mesmo assim, o Peabiru ainda continua fora dos nossos livros escolares. A louvável exceção foi a editora Ática, que no ano passado o incluiu num de seus paradidáticos de História, e também numa obra de literatura infanto-juvenil, da coleção Vaga-Lume, chamada Crescer é uma aventura, escrita por mim. Achei que seria bom para a gurizada conhecer uma história verdadeira narrada através das peripécias de um adolescente e uma tia meio maluca.

AND: O QUE ERA O PEABIRU?

RB: Ele foi a mais importante via transcontinental da América do Sul pré-colombiana, segundo definiu Reinhard Maack, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1959. Era uma “estrada” indígena com um tronco e uma série de ramais, formando uma rede. O professor Samuel Guimarães da Costa escreveu nos anos 70, no jornal O Estado do Paraná, que “se o Egito é um presente do Nilo, a terra hoje paranaense é o legado de um caminho pré-histórico que se apagou na geografia da colônia”. Vou um pouco além, acho que a América do Sul é que é o legado do Peabiru, não apenas o Paraná, ou Santa Catarina, ou São Paulo.

AND: ESSA “ESTRADA” REALMENTE EXISTIU?

RB: Há autores, entre eles Júlio Estrela Moreira (Caminhos das comarcas de Curitiba e Paranaguá) que negam a existência do Peabiru. Mas há outros que não opõem a menor dúvida. Partem de relatos feitos desde 1500.

Em 1555 o ex-adelantado (governador) do Paraguai, Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, contava sua caminhada desde a Ilha de Santa Catarina, hoje Florianópolis, até Assunção usando “o caminho milenar feito por estes índios, o Peabiru...”. Em 1612 o cronista Ruy Díaz de Guzmán falava também do Peabeyú, um caminho bem marcado.

O padre Antonio Ruiz de Montoya, criador das reduções jesuíticas da região do Guairá (Paraná) escrevia em 1639 que viu “... um caminho que tem oito palmos de largura...” Para Hernâni Donato, que considero o maior especialista brasileiro no assunto, não há o que discutir. “Dezenas de personalidades viram, testemunharam”, assegura ele no seu Sumé e Peabiru.

AND: POR ONDE PASSAVA O CAMINHO E QUAL A SUA EXTENSÃO?

RB: A linha tronco tinha cerca de 3 mil quilômetros, ligando o Atlântico ao Pacífico, ou seja, ia do Brasil ao Peru ou vice-versa. Unia o litoral de Santa Catarina e São Paulo ao litoral peruano. No trajeto, o Brasil (Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul), Paraguai, Bolívia e Peru.

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AND: E COMO SE SABE QUE CHEGAVA ATÉ O PERU?

RB: Diversos pesquisadores, entre eles o arqueólogo Igor Chmyz, da UFPR, verificaram que curiosamente o Peabiru “entrelaçava-se” com as estradas construídas pelos incas. Além disso, as evidências sobre os contatos entre tribos brasileiras e os índios peruanos levaram à conclusão de que efetivamente havia um caminho terrestre fácil e conhecido. Sobre isso, há inúmeras histórias. Uma delas, interessantíssima, foi narrada em livro por Marcus Acquaviva, do South American Explorers Club: “Nossa galinha doméstica, introduzida no Brasil em 1502, pouco tempo depois cocoricava perante um assombrado rei peruano, que jamais tinha visto ave tão estranha!” Sem falar do anzol metálico, que tão logo chegou ao nosso país, foi levado rapidamente aos incas de Cuzco. E mais, levado com o mesmo nome tupi-guarani que recebeu aqui: pindá.

AND: É POSSÍVEL SABER A ROTA EXATA DO CAMINHO?

RB: Exata, não. Mas pesquisei diversas fontes, analisei semelhanças e diferenças e creio que, mesmo sem precisão, é possível traçar um roteiro entre o Brasil e o Peru. O trecho paulista, que começava em São Vicente e Cananéia, era muito importante. Histórico também foi o ramal paranaense de Campo Mourão, perto de onde há até um município denominado Peabiru.

Mas, como estou um pouco mais familiarizada com o ramal sul, aquele que começava em Santa Catarina, falarei apenas dele. Partindo talvez do atual município de Palhoça (Massiambu) e Florianópolis, a trilha ia até Barra Velha, penetrando continente adentro no rumo do rio Itapocu. Cruzava o nordeste catarinense, passando possivelmente por Guaramirim e São Bento do Sul, e chegava ao Paraná.

Já dentro daquele estado, passava em Castro e seguia pelas cabeceiras dos rios Ivaí e Cantu. Chegava ao médio Piquiri, indo pela margem esquerda deste até cruzar o rio Paraná, acima de Guaíra. Havia outra passagem por Foz do Iguaçu, mas esta não era a original da linha tronco, segundo afirmaram Reinhard Maack e Jaime Cortesão. Atravessando o rio Paraná, estava-se no Paraguai.

A entrada do Peabiru na terra paraguaia se fazia por dois ramais. O primeiro era rio Mondaí-Assunção/rio Paraguai-Chaco. O segundo era rio Iguatemi-Alto Chaco-Porto Casado. Os dois ramais se juntavam no Chaco. O Peabiru, então, seguia o rio Paraguai ao norte até a serra de Santa Luzia.

Em Corumbá e Puerto Suarez, guinando a oeste, penetrava na Bolívia, passando por Cochabamba-Sucre-Potosí. Nesses locais existiam caminhos incas e era provavelmente ali que o Peabiru já se confundia com eles. A partir de Potosí, a estrada inca seguia pelo rio Desaguadero, ou por uma linha paralela mais ao norte. Alcançava depois o lago Titicaca, entrando no Peru. Contornava o lago pelo norte e sul. A bifurcação se unia em Cacha, voltando a ser uma via única.

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Essa via rumava para Cuzco, a capital incaica. A partir dali havia várias opções para alcançar o Pacífico. As mais próximas eram as trilhas para o litoral de Tacna, Moquegua e Arequipa.

AND: COMO SE SABE QUE O PEABIRU PASSAVA POR SANTA CATARINA?

RB: Porque desde o século XVI já se falava disso. Primeiro foi a expedição do português - catarinense Aleixo Garcia, que aproximadamente em 1523 saiu da Ilha de Santa Catarina, trilhou o Peabiru e descobriu os incas antes dos espanhóis. Aleixo foi o primeiro homem branco que andou sobre o Peabiru, pouca gente sabe disso. E também são poucos os que sabem que o império incaico não foi descoberto pelo espanhol Francisco Pizarro, como dizem os livros de História. E sim por esse desconhecido “brasileiro”, náufrago, morador de Santa Catarina, chamado Aleixo Garcia.

Mas essa é uma outra fascinante história, que deixaremos para outra ocasião. Mais tarde, houve o relato de Cabeza de Vaca no seu Naufrágios e Comentários.

AND: E POR ONDE CRUZAVA ESSA TRILHA DENTRO DO TERRITÓRIO CATARINENSE?

RB: No momento é difícil dizer porque as informações são contraditórias. Em breve, se conseguir alguns recursos, devo fazer um levantamento histórico para tentar identificar corretamente o roteiro.

AND: O PEABIRU NÃO PASSAVA POR FLORIANÓPOLIS?

RB: Ao contrário do que sempre se diz, ou seja, que o Caminho iniciava-se no rio Itapocu, em Barra Velha, acredito que a atual Florianópolis, a área do Massiambu e talvez até Laguna tenha sido atendida pelo Peabiru.

É só uma hipótese. Mas há uma certa lógica em pensar o seguinte: se a história diz que eram os guaranis da Ilha de Santa Catarina e do Massiambu (município de Palhoça) que praticavam o Peabiru, guiando homens brancos ao Paraguai e ao Peru, por que esse Caminho começaria apenas no Itapocu e não na área da capital catarinense?

Embora haja indícios de que se fazia o trecho Florianópolis-Itapocu por mar, não se pode descartar a presença de uma via terrestre (Peabiru) por ali. A antropóloga e mestre em arqueologia Deise Montardo, da Univeridade Federal de Santa Catarina (UFSC), considera possível a ocorrência de uma trilha indígena entre Florianópolis e o Itapocu. E o geógrafo Augusto Zeferino, também da UFSC, fala claramente dos peabirus existentes na capital em sua obra Caminhos e trilhas de Florianópolis.

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AND: O PEABIRU ERA UMA SIMPLES TRILHA ABERTA NA MATA OU POSSUÍA CALÇAMENTO?

RB: Tudo indica que dependendo do terreno — selva, pântano, zonas pedregosas, etc. — o Caminho tinha características diferentes. O padre Lozano o descreveu de forma interessante: oito palmos de largura e forrado com uma grama miúda. Moysés Bertoni, grande estudioso da cultura guarani, disse que esses índios semeavam suas trilhas com gramináceas de sementes glutinosas que grudavam nos pés e pernas dos viajantes. Assim, ao caminhar, ia-se multiplicando o plantio.

Há relatos de que certos trechos eram pavimentados com pedras, do mesmo modo que as vias incaicas. Donato menciona dois prováveis achados: um perto da aldeia de Meruri (MT); o outro a 50 km do rio Miranda (MS).

No norte de Santa Catarina há um trecho de escadaria de pedra, com mais de três mil degraus, em Garuva, antigamente chamada Estrada das Três Barras, mas sobre o qual não há confirmação de pertencer ao Peabiru. O padre Tarcísio Marchiori, antigo investigador de temas indígenas catarinenses, acredita que várias trilhas empedradas naquela região foram feitas por homens brancos a partir do século XIX, conforme cópias de ordens de serviço que tem em mãos.

AND: QUE OUTRAS CARACTERÍSTICAS TINHA O CAMINHO?

RB: O astrônomo Germano Bruno Afonso, do Departamento de Física da UFPR, notou que coincidentemente ou não, existiam diversas marcações astronômicas, a maioria feita em pedra, ao longo do percurso do Peabiru.Eram gravações rupestres e monólitos com orientação astronômica (indicando solstícios, equinócios, pontos cardeais e até constelações) que demonstravam um conhecimento bastante aprimorado.

Tais pedras, verdadeiras obras científicas, foram trabalhadas por índios brasileiros. Talvez pelos itararés, talvez pelos guaranis, não se sabe. Uma dessas peças de pedra, uma espécie de calendário solar, foi localizado pelo professor Germano em Mangueirinha (PR), numa zona que foi afetada pela usina de Segredo.

Outro conjunto enorme e interessante de pedras orientadas está em Florianópolis, na ponta catarinense do Caminho.

AND: O QUE SIGNIFICA O NOME PEABIRU?

RB: A palavra é de origem tupi-guarani e para ela há uma grande variedade de traduções. Há uma pequena lista: “Caminho forrado, entulhado”; “Por aqui passa o caminho antigo de ida e de volta”; “Caminho pisado, pegada do caminho, marca do caminho”; “Caminho ralo, caminho sem ervas”; “Caminho brando, suave”; “Caminho cujo percurso se iniciou”; “Caminho tortuoso, cheio de

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voltas”; “Caminho que leva ao céu, ou às alturas”.

AND: E QUEM TERIA CONSTRUÍDO ESSA ESTRADA?

RB: Os estudos não são conclusivos, há diversas teses. Citarei apenas três, que considero as mais notáveis:

(1) Caminho da Terra Sem Mal: Os guaranis, saídos do Paraguai, teriam se deslocado para o litoral catarinense entre os anos 1000 e 1300. O Peabiru teria sido aberto nessa migração, cujo objetivo seria a procura de um paraíso, a chamada Terra Sem Mal, Yvy marã ey.

“Crêem que (a Terra Sem Mal) está situada na direção leste, onde nasce o sol, e as migrações dos povos guaranis os levavam à sua busca naquele lado. Muitos chegaram à costa atlântica...”, afirma o estudioso paraguaio Dionísio Gonzalez. A motivação religiosa teria transformado o Peabiru em algo sagrado para os guaranis.

(2) Caminho dos incas: A rede viária incaica no Peru, Equador, Argentina e Bolívia, com 16 mil quilômetros, era impressionante. Victor von Hagen, da Sociedade Geográfica dos EUA, que fez um levantamento completo daquele sistema estradal nos anos 50, chegou a compará-lo com a dos romanos: “(...) Conquanto não se possa negar a Roma seu lugar ao sol da civilização, os incas, que viviam num horizonte cultural neolítico, presos a instrumentos de pedra, conceberam um sistema de comunicação que se situa num ponto elevadíssimo em confronto com o romano”.

Vários autores levantam a hipótese de que os incas teriam aberto o Peabiru. Romário Martins, Augusto Pinto, o Barão de Capanema e Caldas Tibiriçá supunham que os andinos desejassem ligar Cuzco ao Atlântico, dentro de uma concepção expansionista do império.

Luiz Galdino, autor de Itacoatiaras, uma pré-história da arte no Brasil e Peabiru — Os incas no Brasil e Hernâni Donato dizem que os incas podem ter estado em praias sul-brasileiras. Florianópolis (SC), Guaratuba (PR) e litoral santista incluídos. Sugerem que através do Peabiru, funcionários do soberano inca podem ter visitado S. Catarina, Paraná e S. Paulo, até com uma certa assiduidade, para avaliar a possibilidade de contatos comerciais. “Mera prospecção”, diz Donato.

Galdino acredita que as viagens dos batedores incas ocorreram em época recente, pouco antes da vinda dos europeus, e eram realmente uma tentativa daquele império de colocar um pé no Atlântico. “Só que aqui a imensa confederação Carió (Guarani), no sul, e Tupinambá, de Cananéia para cima, botaram-nos para correr” — afirma ele, bem-humorado. Mesmo sem relações duradouras, as idas e vindas de guaranis e incas pelo Peabiru deixaram vestígios de uma certa

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influência cultural. Tenho pesquisado algumas coisas. Por exemplo:

Na astronomia: os meses do ano são relacionados à lua (jassy, em tupi-guarani e killa, no idioma quíchua praticado pelos incas).

Na estatística: o ainhé (cordão de cipó guarani) é semelhante ao quipu (cordão com nós, dos incas, usado para contagem).

Na música: grupos guaranis adotaram a flauta de pã dos Andes

Nas armas: a macaná guarani (clava, borduna) é muito parecida com a maqana dos incas. Na denominação de fauna, flora: sara (espiga, em guarani; milho em quíchua); cui (animal roedor, nos dois idiomas); jaguar, jaguara (felino, nos dois idiomas); mandioca (guarani) e ioca ou iuca (quíchua), suri (ema, nos dois idiomas).

(3) Caminho de São Tomé: Segundo essa versão, o caminho teria sido aberto por São Tomé, apóstolo de Cristo. A passagem de Tomé pela América foi bastante mencionada a partir do século XVI. Entre os depoimentos estão os dos padres Montoya, Lozano, Manoel da Nóbrega e da Newe Zeitung Ausz Persill landt (Nova Gazeta da Terra do Brasil, 1508).

A versão corrente é a que um homem branco, barbudo, trajando um camisolão — identificado como o apóstolo — teria chegado ao Brasil “andando sobre as águas”. Chamado de Zumé, Sumé ou Pay Sumé pelos índios, esse personagem teria falado de um deus único e transmitido aos nativos uma série de conhecimentos.

Em sua peregrinação, teria percorrido trechos do Brasil e ido rumo ao Paraguai e ao Peru, abrindo então o Caminho de S. Tomé (Peabiru). Em terras paraguaias foi chamado de Sumé. Saindo dali, a figura teria continuado a abertura do Caminho até os Andes, onde foi chamado de Kon Illa Tijsi Viracocha — também conhecido por Kon Tiki e Viracocha.

Donato frisa que o fascínio por Tomé-Sumé-Viracocha fez com que Villa-Lobos compusesse a sinfonia Sumé-Pater Patrium. Para Donato, é possível que esse homem branco, identificado como o apóstolo Tomé, na verdade fossem várias pessoas e pertencessem ao grupo do monge Brandão, que saiu da Islândia no século XII e retornou para lá narrando sua passagem por um distante paraíso terrestre, talvez a América.

Segundo Sérgio Buarque de Holanda em seu Visão do Paraíso, adevoção suscitada pela descoberta do Caminho de São Tomé na América no século XVI foi tamanha que quase desbancou o de Santiago de Compostela: “Pouco faltaria, em verdade, para que não apenas na Índia, mas em todo o mundo colonial português... essa devoção tomasse um pouco o lugar que tivera o culto bélico de

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outro companheiro e discípulo de Jesus, cujo corpo se julgava sepultado em Compostela.”

AND: AINDA EXISTEM TRECHOS DO PEABIRU?

RB: No Brasil, praticamente não sobrou nada. A ocupação do território pelas lavouras e cidades fez a trilha desaparecer. Há apenas uns poucos vestígios em Pitanga (PR). Nos anos 70, o professor Igor Schmyz localizou um pequeno trecho de um ramal em Campina da Lagoa (PR), mas este, segundo ele, foi destruído pela atividade agrícola pouco tempo depois.

Os governos e as classes dominantes, nestes 500 anos, têm se lixado para o patrimônio arqueológico do país. Ainda mais se esse patrimônio envolve a memória indígena. Nos demais países da América Latina ocorre o mesmo.

A maior parte do acervo pré-colombiano da nossa América foi rapinado pelos imperialistas europeus e dos USA. Primeiro eles destruíram tudo o que puderam; depois, o que sobrou levaram para os seus ricos museus.

A parte física — ruínas de cidades indígenas, templos, estradas, etc. — só recebe (alguma) conservação quando gera dinheiro. Caso de Machu Picchu no Peru, Teotihuacán no México, ou a Ilha de Páscoa no Chile. O resto está caindo aos pedaços. As importantíssimas e ainda não decifradas inscrições (itaquatiaras) nas pedras de Ingá, na Paraíba, estão indo para o beleléu.

As centenas de sítios rupestres de Florianópolis, ligados ao Peabiru, nunca foram tombados — o primeiro tombamento foi feito há apenas três anos e beneficiou somente a Ilha do Campeche. Essas pedras sofreram uma destruição bárbara e só agora devem ter uma pequena parte protegida num parque.

8.9.11. Calendário de Festas e Eventos

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Araquari Itapoá Balneário Barra do Sul Joinville Barra-Velha São Francisco do Sul Garuva São João do Itaperiú

Tabela 79: Calendário de Eventos - ARAQUARI Data: Título da Festa 13 a 16 Festa em Honra a São Sebastião/Local: Corveta / Fone: Móvel/Jan Festa da Sagrada Família /Local:Barra do Itapocú /Fone: (47)452-3014

01 à 05/04 Aniversário do Município/Local: em todo o municpio/ Fone:(47) 447-1200

Móvel/Abr do Maracujá 16/04 Festa da Polenta/Local:Comunidade São Paulo/Fone:(47)447-1396 Maio/Móvel Romaria da Terra/ Local:Na sede do Município/Fone:(47) 447-1149

Maio/Móvel Festa de São Francisco de Assis/ Local:Comunidade São Francisco de Assis - Guamiranga/ Fone: (47) 9993-1259

Maio Espírito Santo Junho São Luiz Gonzaga Junho/Móvel Sagrado Coração de Jesus/ Local:Distrito de Itapocú/ Fone:(47)452-0043 Junho Nossa Senhora do Rosário

3/Julho Festa Padroeiro São Paulo Apóstolo/ Local:Comunidade São Paulo / Fone:(47)447-1396

Agosto/Móvel Festa do Senhor Bom Jesus de Araquari/ Local:Na sede do Município/ Fone:(47)447-1149

Setembro/Móvel Festa de Nossa Senhora das Dores/ Local:Comunidade Morro do Jacu/ Fone:(47) 492-2780

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Setembro Nossa Senhora das Graças

Setembro Festa de São Miguel/ Local:Comunidade de São Miguel de Guamirnga/ Fone:(47)492-2725

8 a 16/Outubro Festa de Nossa Senhora Aparecida/ Local:Ponto Alto/ Fone:(47)447-1511Outubro/Móvel Festa do Rosário/ Local: Na sede do Município/ Fone:(47) 447-1149

Novembro/Móvel V Encontro Musical de Gerações/Local:Centro do Município de Araquari/

Dezembro Sagrada Família Dezembro Nosa Senhora do Rosário Catumbi

Tabela 80: Calendário de Eventos - BALNEÁRIO BARRA DO SUL

Data: Título da Festa 01/jan Missa da Paz 01 à 09/jan Semana do Município 09/jan Aniversário do Município 02/fev Festa Dia de Nossa Senhora dos Navegantes

2 quinzena/Junho Festa da Tainha/ Local:Balneário Barra do Sul/ Fone: (47)448-1043

28 e 29/jun Festa de São Pedro Setembro Festa de Nossa Senhora da Graça

Setembro/Móvel Festa do Camarão/Local:Balneário Barra do Sul/Fone:(47)448-2406

Tabela 81: Calendário de Eventos - BARRA VELHA

Data: Título da Festa 02/fev Festa Dia de Nossa Senhora dos Navegantes Mai Festa do Divino Espírito Santo Julho Festa de São Cristóvão Setembro FENAPIR - Festa Nacional do Pirão 07/dez Aniversário da Cidade

Tabela 82: Calendário de Eventos - GARUVA

Data: Título da Festa Junho Festa do Padroeiro julho Festa do Colono Outubro Festa da Banana

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Tabela 83: Calendário de Eventos - ITAPOÁ

Data: Título da Festa Móvel/Abril Aniversário do Muncípio Junho Festa do Pescador

Tabela 84: Calendário de Eventos - JOINVILLE

Data: Título da Festa 09/mar Aniversário do Muncípio Mai Festa do Pão Mai Festa do Arroz

6 a 10/Junho Expogestão/ Local:Expocentro Edmundo Doubrawa(Centreventos Cau Hansen)/ Fone: (47)451-3000

25 a 27/Junho Feira Catarinense de Beleza/ Local: Expocentro Edmundo Doubrawa/ Telefone: (47) 3028-0002

20 à 27/julho 23 Festival de Dança de Joinville/ Local:Centreventos Cau Hansen/ Fone: (47)423-1010

24 a 28/Agosto INTERCON / Local:Expoville/ Fone:(47)451-3000

2 a 11/Setembro Home-Art Feira de Móveis e Decorações/ Local:Expocentro Edmundo Doubrawa/ Fone:(47) 2641728

13 a 17/Setembro INTERMACH/ Local:Pavilhão de Exposições da Expoville/ Fone:(47)431-3000

Setembro/Móvel II COMPHAN /Local:Centreventos Cau Hansen /Fone:(71)342-3870

Outubro/Móvel Farmápolis - 13 Edição / Local:Centreventos Cau Hansen/ Fone:(47) 224-0232

2 quinzena/Novembro 67 Festa das Flores/ Local:Expocentro Edmundo Doubrawa/ Fone:(47) 453-2663

Tabela 85: Calendário de Eventos - SÃO FRANCISCO DO SUL

Data: Título da Festa Jan SOJOPA - Campeonato de Pesca Jan FECAM - Festa do Camarão 4/01 a 28/02 Estação Verão 15/01 a 13/03 Campeonato de Beach Soccer/ Local:Enseada/ Fone:(47)444-5257 28 a 30/01 Rodeio Summer Country/ Local:Ubtuba/ Fone:(47)444-5257

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29 30/01 28 SOJOPA/ Local:Praia Grande/ Fone:(47)444-5257

4/fev Baile Municipal de Carnaval/ Local:Clune Náutico Cruzeiro do Sul/ Telefone:(47)444-5257

19 a 21/02 5 Taça Oceano de Surf/ Local:Prainha / Telefone:(47)444-5257

Móvel/Março Escolha da Rainha da Festilha/ Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/ Fone: 444-5257

Móvel/Março Lancamento 17 Festilha/ Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul

Móvel/Abril FESTILHA - Festa das Tradições da Ilha/ Local:Centro Histórico/ Telefone:(47)444-5257

Móvel/Junho Arraia da Vila- Festa Junina/ Local:Vila da Glória/ Fone: (47)444-5257

Móvel/Junho Festival da Música Sacra/ Local: Cine Teatro X de Novembro/ Fone:(47) 444-5257

Móvel/Julho Festa da Tainha/ Local: Forte / Fone:(47)444-5257 Móvel/Julho 4 Balfest/ Local:Enseada/ Fone:(47)444-5357 Móvel/Julho 4 Festa do Pescador/ Local: Paulas/ Fone:(47)444-5257

Setembro/Móvel Festa da Padroeira Nossa Senhora da Graça/ Local:Centro/ Fone:(47)444-5257

Setembro/Móvel Balcão de Negócios/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/ Fone:(47)444-5257

Setembro/Móvel Festa de Nossa Senhora da Graça/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/ Fone:(47)444-5257

Setembro/Móvel Tour de Santa Catarina de Ciclismo/Local:Centro e Bairros/ Fone:(47)444-5257

Setembro/Móvel Festa de Nossa Senhora da Graça/Local:Clube Náutico Cruzeiro do Sul/ Fone:(47)444-5257

Tabela 86: Calendário de Eventos - SÃO JOÃO DO ITAPERIÚ

Data: Título da Festa 29/mar Aniversário do Município 24/jun Festa de São João

8.9.12. Centros de Eventos / Negócios

Centreventos Cau Hansen Tem capacidade para receber 600 pessoas no Teatro Juarez

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Machado, 3000 na área de convenções e 12000 na grande área Av. José Vieira , 315 Bairro: América Fone: (047) 3025-2729 Joinville-SC

8.9.13. A Riqueza da Diversidade Cultural

Toda a região da Costa do Encanto é marcada pela diversidade cultural. A dança, o folclore, a

música, o sotaque, o artesanato, as festas tradicionais, as lendas, enfim, todos estes importantes

componentes são peças fundamentais na construção da identidade cultural de um povo.

Para os visitantes, as características locais terão forte influência e marcarão esta passagem,

juntamente com os atrativos naturais.

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Um passeio pelas festas e tradições

Festival de Dança Joinville/SC Em qualquer época do ano é possível conhecer as tradições locais, representadas pelas várias festas

e eventos regionais. Um dos grandes destaques é, sem dúvida, o Festival de Dança de Joinville,

realizado em julho, e considerado, atualmente, o maior evento do gênero no mundo

(Guinness/2005). O Festival reúne mais de quatro mil bailarinos, promove diversos eventos

paralelos e movimenta toda a cidade durante 11 dias. Ainda em julho acontece o Joinville Jazz

Festival e no mês anterior, em junho, é realizado o Festival Gastronômico Arte e Sabor, que

apresenta um banquete de cultura, aromas e saboras.

Festa das Flores Joinville/SC Em outubro é a vez da cidade entrar no circuito das festas de Santa Catarina com a realização da

Festa das Tradições de Joinville e em novembro, apresentar um bonito cenário de cores e perfumes

com a tradicional Festa das Flores.

Para quem gosta de uma boa pescaria, uma dica é curtir a Garupesc, uma gincana embarcada

para pesca ao robalo que acontece em maio, na Baía do Palmital, o nosso “Pantanal”, em Garuva. A

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cidade oferece ainda a tradicional Festa de São João Batista, em junho, e a Festa do Colono, em

julho, uma homenagem à população rural. Bem pertinho dali, em Itapoá, o destaque fica por conta

da Festa do Pescador, em junho, e do Projeto de Verão que engloba atividades esportivas, culturais

e recreativas para o grande público que lota o balneário na temporada.

O verão também é um dos destaques de São Francisco do Sul, mas a diversidade do município

vai além dos agitos da estação. São famosos os grupos folclóricos que representam as diversas

etnias formadoras da cultura local e que resgatam tradições com a do Boi-de-Mamão, da Dança do

Vilão, do Pão-por-Deus, das Pastorinhas e da Dança do Pau-de-Fita. Estas manifestações ganham

espaço privilegiado na Festilha – Festa das Tradições da Ilha, realizada em abril e que reúne alguns

dos costumes deixados pelos portugueses. O Carnaval é outra marca registrada da cidade e um dos

mais tradicionais de toda a região Norte de Santa Catarina.

Festa do Maracujá

Araquari/SC

Passando por Araquari, o turista tem a chance de renovar sua fé com a Festa do Santuário

Senhor Bom Jesus de Araquari, realizada em julho e que culmina no dia seis de agosto (Dia do

Padroeiro). Mas o grande destaque da cidade é mesmo a Festa do Maracujá, realizada no mês de

abril, junto aos festejos de aniversário da cidade, capital da fruta. Em dezembro devoção religiosa e

tradição cultural afro-descendente marcam a festa do Catumbi, na comunidade de Itapocu, de

Araquari.

Em Balneário Barra do Sul é a Festa da Tainha que movimenta o município, em junho.

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Surfest Balneário Barra do Sul/SC

No verão, o balneário também é palco do Surfest, campeonato de surf que reúne atletas de

vários estados brasileiros.

Em São João do Itaperiú acontece a Festa de São João Batista, em junho, uma importante

manifestação da comunidade rural. No município ao lado, o balneário de Barra Velha promove,

entre os meses de maio e junho, a Festa do Divino Espírito Santo, evento de tradição açoriana que

concentra grande número de apreciadores. Mas Barra Velha também reúne os visitante em volta da

mesa para conhecer um dos pratos típicos da região durante a Fenapir – Festa Nacional do Pirão,

realizada em setembro.

8.9.14. Gastronomia com Muitas Opções

Quando de fala em pratos típicos, nada melhor que experimentar novos sabores.

A costa litorânea oferece pescados e frutos do mar, bem aproveitada na elaboração de pratos

típicos. Em Balneário Barra do Sul, o destaque é a Tainha, O camarão é outra maravilha bastante

apreciada.

Em São Francisco o cultivo de mariscos vem fortalecendo o desenvolvimento de pratos à base

do mexilhão. A cambira (tainha defumada) recheada e servida com pirão d´água com lingüiça é

outra delícia tradicional. Tem ainda a Vila da Glória, um centro gastronômico de frente para a

Babitonga.

Em Barra Velha, o delicioso pirão é prato que já ganhou uma festa em data especial. E na região

Norte da Costa do Encanto não se pode deixar de provar as trutas de Garuva em suas diversas

receitas, como a famosa truta com amêndoas, prato típico local.

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Como não poderia deixar de ser, no rico cenário rural que faz parte da Costa do Encanto, os

produtos coloniais são de dar água na boca . Queijos, cucas, geléias, licores, conservas, doces

caseiros, marreco defumado e todas as outras delícias do campo são um forte convite para uma

visita a Garuva e São João do Itaperiú, que tem ainda a fabricação de derivados de farinha de

mandioca (biju, cuscuz, tapioca e rosca) como atrativo.

Joinville não fica de fora e oferece quitutes caseiros da Estrada Bonita, região voltada ao

turismo rural, além de um gostoso café colonial com suas tortas de requeijão e apfelstrudel (torta de

maçã). A cidade é marcada pela combinação de receitas trazidas pelos imigrantes de várias

nacionalidades. Conta comdiversas opções de restaurantes de comidas típicas alemãs, como o

marreco recheado e o Eisbein (joelho de porco), italianas (massas) orientais, além dos rodízios de

carnes e frutos do mar.

Eisbein INGREDIENTES: 1 joelho de porco 1 colher de chá de sal 1 colher de sopa de colorau 1 folha de louro 1/4 de colher de chá de pimenta-do-reino 2 colheres de sopa de salsinha picada 1 colher de sopa de cebolinha verde picada 1 cebola média cortada em 4 2 dentes de alho cortado em 2 pedaços MODO DE PREPARO: Coloque todos os ingredientes numa panela e cubra com água. Tampe a panela e leve ao fogo forte até ferver. Abaixe o fogo e cozinhe até que a carne esteja macia. A carne deve ser mantida no caldo até a hora de servir, quando deve ser requentado. Sirva com chucrute e batatas pequenas cozidas com casca. Marreco Recheado INGREDIENTES: 1 marreco limpo com os miúdos Sal Limão Pimenta-do-reino a gosto 3 pãezinhos franceses

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1/3 de xícara de chá de água 1 colher de sopa de salsinha picada 1 colher de sopa de cebolinha picada 1/3 de xícara de chá de banha MODO DE PREPARO: Tempere o marreco com sal, limão e pimenta-do-reino a gosto. Moa os miúdos do marreco juntamente com os pãezinhos amolecidos na água. Tempere com sal, salsinha e cebola. Misture bem e recheie o marreco. Cubra-o com a banha e leve para assar em forno moderado preaquecido (180º) por umas 2 horas. Dica : Sirva acompanhado com repolho roxo e purê de maçã Marisco ao Vinagrete INGREDIENTES: 400g de Marisco Pioneira; 02 tomates picados; 01 pimentão verde picado; 01 cebola média picada; 03 dentes de alho picados; Suco de 01 limão; Azeite de oliva; 01 colher (chá) de orégano; Sal; Cebolinha picada; Salsinha picada. MODO DE PREPARO: Tempere os Mariscos Pioneira já cozidos com sal e limão. Misture bem com os outros ingredientes. Sirva como entrada ou com acompanhamento de sua preferência. Tainha Recheada INGREDIENTES: 1 tainha inteira, aberta pelo dorso (é só pedir na peixaria) 1 limão 1/2 kg de camarão sete-barbas limpo 1/2 pimentão vermelho cortado em pedacinhos 1 cebola picadinha 2 colheres (sopa) bem cheias de manteiga 1 xícara (chá) de farinha de mandioca branca fina 2 ovos cozidos

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50 g de azeitonas pretas sem caroço sal a gosto agulha e linha para costurar a tainha MODO DE PREPARO: Esfregue toda a tainha com limão, passe sal e reserve. Coloque o camarão só com um pouco de sal em uma panela de pressão, tampe quando começar a apitar, abaixe o fogo e conte 10 minutos. Em uma panela, derreta a manteiga, coloque o camarão, o pimentão e a cebola. Deixe refogarem fogo baixo. Quando estiver bem refogado, corrija o sal e coloque a farinha de mandioca. Deixe dourar a farinha a ponto de obter uma farofa bem molhada. Apague o fogo e misture os ovos cozidos amassados e as azeitonas picadas. Encha toda a tainha e reserve a farofa que sobrar. Costure o dorso da tainha de modo que a farofa não transborde para fora. Embrulhe a tainha em papel alumínio e ponha em uma assadeira. Coloque no forno alto pré aquecido, por 30 minutos com o papel alumínio. Retire o papel alumínio, reduza para forno médio, e deixe na assadeira por mais 20 minutos ou até ver que a tainha está dourada. Corte a tainha em fatias de 2 a 3 cm da cabeça até a calda e espalhe o restante da farofa ao redor. Sirva quente.

8.9.15. A magia das lendas e a religiosidade

Você sabia? Já ouviu falar? Pois é, por aqui também tem muita história para contar. E

histórias das mais variadas, desde as que já mereceram registros pelos antepassados, até aquelas

que correm de boca-em-boca, de geração em geração, mas que nem por isso têm menos

importância. Elas são coadjuvantes da cultura local e atraem pessoas que se identificam com o

tema.

Devoção e mistérios contrastam com a realidade É o que acontece em Garuva, em uma localidade impregnada de misticismo: o Morro do

Monte Crista, uma montanha por onde passa o Caminho do Peabirú. O caminho é cheio de

mistérios, foi construído pelos incas em tempos imemoriais, servindo de passagem para os povos

pré-colombianos entre o oceano Pacífico e o Atlântico. No Monte Crista o visitante se depara com

uma região repleta de lendas, entre elas a da existência de tesouros soterrados, da presença de

fantasmas de padres guardiões, a de o local ser uma das entradas para o centro da Terra e a da

visita de discos voadores. Mas o que desafia a razão são os indícios de que o local era um palco

de cerimônias religiosas incas como o relógio de sol, o guardião de pedra e um mapa lítico, de

que o local era um palco de cerimônias religiosas incas.Independente de crença, todo visitante

experimenta a experiência única de estar imerso em um santuário ambiental.

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Praia das Pedras Brancas e Negras A praia das Pedras Brancas e Negras, em Barra Velha, também é muito visitada por se acreditar

que as pedras de coloração antagônica guardam algo místico. Nos finais de tarde é comum ver

pessoas caminhando descalças pelas pedras, numa espécie de rito de energização positiva. Mas

Barra Velha guarda outros lugares que merecem visitação pelas histórias que os rodeiam.

Costão dos Náufragos Barra Velha É o caso do Costão dos Náufragos, onde uma cruz fincada sobre a praça marca um naufrágio,

envolvendo alguns combatentes da Guerra do Paraguai, que teria acontecido no local em 1865.

Conta-se que os náufragos se salvaram graças à fogueira montada na areia da praia e, em

agradecimento, construíram a Igreja de Pedra para o povoado.

A Escultura da Sereia é outro monumento encravado nas pedras do costão e que, segundo a

lenda, representa a filha de Iemanjá, Janaína, que recebe flores e oferendas depositadas por

devotos que vão fazer seus.

Lenda e devoção também se misturam em São Francisco do Sul. O credo popular atribui

intervenções milagrosas a Nossa Senhora da Graça, cuja imagem chegou à cidade em 1.553. Sua

permanência na vila, aliás, está associada ao cumprimento de uma promessa feita pela tripulação

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e passageiros do La Concepcion durante ameaçadora tempestade. Os ardorosos devotos contam

ainda que nos idos do Brasil Colônia um temível pirata teve sua fragata à deriva, no oceano, por

intervenção de Nossa Senhora. A Igreja Matriz guarda segredos que povoam o imaginário local,

como a existência de um misterioso túnel, onde estariam enterrados os fidalgos e as autoridades

da igreja, e que estaria ligado a cavernas naturais, e destas para um monastério e um convento.

Ainda em São Francisco, mas já na localidade da Vila da Glória, abundas lendas e histórias

especialmente em torno da ocupação francesa no Falanstério do Saí.

Araquari é outra cidade que reserva muita religiosidade e misticismo. A Igreja Matriz do

Senhor Bom Jesus de Araquari é famosa pela "sala dos milagres" em seu interior, recebendo

milhares de romeiros e turistas, principalmente no período da festa ao Santo Padroeiro. Na

comunidade do Itapocu a igreja de Nossa Senhora do Rosário é testemunho de um tempo em que

brancos e negros não eram impedidos de freqüentar a mesma igreja. As tradições africanas, aliás,

ainda são mantidas com a presença do catumbi.

Museu Nacional do Mar

O Brasil tem um imenso litoral com quase 8.000 Km.

Some-se a isso as grandes bacias hidrográficas formadas

por rios, lagoas e lagos.

Por força da utilização pelo homem desses recursos

naturais como meio de sobrevivência, existem mais de 250

estilos de embarcações, mais de 100 tipos de canoas,

dezenas de espécies de jangadas.

O que faz do nosso país o mais rico do mundo em tipos de embarcações.

O Museu do Mar foi criado justamente para preservar um número significativo de

embarcações, instrumentos navais e apetrechos de bordo, valorizando a arte e o conhecimento dos

homens que vivem das águas.

Situado na Ilha de São Francisco do Sul, berço da mais antiga povoação de Santa Catarina, o

Museu do Mar ocupa amplos e centenários galpões com mais de 7.000 m2. A arquitetura eclética

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tem influência alemã, com impressionante estrutura de madeira, e está implantada à beira da Baía

da Babitonga.

Pelo acervo atual, pelo trabalho que vem sendo desenvolvido e pelo seu potencial, o Museu

do Mar já é o mais importante da América Latina e será o de maior variedade do mundo.

Orgulho de Santa Catarina e do Brasil, um lugar para visitantes de todas as idades.

Convite do Governo do Estado e da Associação dos Amigos do Museu Nacional do Mar -

Embarcações Brasileiras.

Ranchos dos Pescadores Diorama em tamanho natural reproduz, com todas as suas características e apetrechos, um rancho de pesca como os existentes no litoral catarinense. Coleção de modelos Destacam-se as coleções de embarcações do Maranhão e traineiras da região Sul e Sudeste. São modelos de construção artesanal que retratam as características das embarcações reais. O museu também tem oficina de modelismo. Trapiche O museu conta com um trapiche para atracação de Barcos de Recreio dotados de ponto de água e luz. Inúmeros barcos visitam o Museu notadamente durante o verão. Sala Amyr Klink Apresenta a embarcação I.A.T. com o qual o "navegador solitário"cruzou a remo o Oceano Atlântico. Roupas especiais usadas na expedição à Antártica e objetos de bordo complementam a sala que possui, ainda, a primeira canoa utilizada por Amyr, a "MAX". Jangadas Embarcações de pesca da região Nordeste. São apresentadas as jangadas de Piúba e de Tábuas. Pesca da baleia Diorama que produz cena do momento que os pescadores arpoam uma baleia. Estaleiro O Museu desenvolve pesquisa e procura restaurar suas embarcações dentro das características artesanais da carpintaria. As embarcações recebem tratamento especial que visam a manutenção de suas linhas originais de construção. Biblioteca Livros sobre construções de embarcações, aventuras marítimas, personagens famosos, tipos de embarcações.

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8.9.17. Notícias II

Campanha da Costa do Encanto é apresentada

A campanha de divulgação do potencial da Costa do Encanto - projeto que visa o

desenvolvimento integrado do turismo em oito municípios do Norte do Estado - foi apresentada

ontem pela manhã, no auditório do Museu do Mar, em São Francisco do Sul, para autoridades e

representantes do trade turístico das cidades abrangidas. O objetivo foi detalhar a campanha

publicitária, realizada em parceria pelo Convention Bureau e o jornal A notícia, e as ações que estão

sendo colocadas em prática para fazer da região uma referência em destino turístico.

O projeto envolve os municípios de Araquari, Barra Velha, Barra do Sul, São Francisco do Sul,

São João do Itaperiú, Garuva e Itapoá. A campanha de divulgação começou em outubro e

continuará até final de novembro. Além da divulgação, já começaram também os investimentos da

Secretaria de Desenvolvimento Regional(SDR) de Joinville na implantação de infra-estrutura, que

inclui obras como a construção e recuperação de rodovias, hidrovia Costa do Encanto, entre outros.

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Uma das metas do projeto é a busca da integração entre o poder

público e a iniciativa privada. De acordo com o presidente do Convention, Ely Diniz, uma das

medidas principais é a realização de um plano de marketing conjunto de divulgação dos atrativos

turísticos da região. "Uma cidade isolada nunca vai conseguir ser um destino turístico forte, mas

com a união dos oito municípios isso se tornará uma realidade", destacou.

As ações também incluem a qualificação da mão-de-obra e o envolvimento da comunidade para

o bom atendimento ao turista. Para o vice-prefeito de São Francisco do Sul, Valmor Berreta Júnior,

a iniciativa será fundamental para o desenvolvimento das cidades. A Santur, segundo o presidente

da entidade, Jorge Nicolau Meira, também é parceiro do empreendimento. "É uma iniciativa de

visão e de futuro", afirmou.

O presidente da SDR/Joinville, José Manoel Mendonça-que representou o governador Luiz

Henrique da Silveira-, destacou a importância da participação de todos os envolvidos para alavancar

o projeto. "Temos que pegar juntos e puxar a corda para o mesmo lado", disse.

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8.9.18. Potenciais Turísticos da Mesorregião de Joinville 8.9.18.1. Atrativos Naturais

. Dunas

São Francisco do Sul

267

ri

. Lagoas e Rios

Araqua

São Francisco do Sul

. Paisagens

Joinville

São Francisco do Sul

São João do Itaperiú

268

ul

. Praias

Barra do S

Barra Velha

Itapoá

São Francisco do Sul

Atrativos Não Naturais

. Festas e Eventos

269

ri Araqua

São Francisco do Sul

. Igrejas

Araquari

São Francisco do Sul

São João do Itaperiú

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8.10. Diagnóstico AMBIENTE INTERNO

POTENCIALIDADES PROBLEMAS . Centreventos Cau Hansen . Identidade cultural enfraquecida . Escola do Teatro Bolshoi . Atuações individualistas, isoladas, e sem integração

dos agentes culturais . Cidadela Cultural Antarctica . . Descontinuidade na gestão da cultura . Museu do Mar . Ausência de massa crítica . Museu de Sambaqui e sítios arqueológicos . Carência de fontes referenciais nas diversas áreas . Museu Nacional da imigração e Colonização . Universidades enfatizam a formação mais de mão-de-

obra que a geração de conhecimento . Centro Histórico de São Francisco do Sul, Araquari e Joinville . Ausência de circuitos para circulação de eventos e

produtos culturais . Multiplicidade étnica . Insuficiência de espaços para atividades culturais . Festivais de Dança e de Jazz . Conservação precária de equipamentos e acervos

culturais . Carnaval de São Francisco do Sul . Evasão de talentos . Programas de cidades irmãs de Joinville e São Francisco do Sul . Corporativismo e ausência de senso crítico . Acervo Luiz Henrique Schwanke . Oportunidades insuficientes para o desenvolvimento de

talentos . Produção cultural intensa com destaque para artes plásticas, literatura e dança

. Carência de equipamentos e instalações em diversas modalidades

. Associações culturais comunitárias . Escassez de recursos públicos

. Sociedades culturais de tradição européia . Falta de integração entre promotores e praticantes do setor

. Manifestações culturais populares (terno de reis, boi-de-mamão, dança do vilão, catumbi, pau-de-fita etc.)

. Amadorismo dos empreendedores

. Tradição, saberes e ofícios ligados à pesca e navegação . Desarticulação setorial

. Programa Monumenta de São Francisco do Sul . Sazonalidade

. Conselhos municipais de patrimônio e cultura . Atrativos concentrados em sol e praia

. Lei e Edital de incentivo à cultura . Vias de acesso com congestionamento sazonais

. Importante patrimônio imaterial . Infra-estrutura de acesso insuficientes

. Trajetória histórica rica . Deficiência do sistema de informações turísticas

. Patrimônio paisagístico natural . Ausência de um, conceito regional suficientemente forte

. Comitê temático setorial, articulado e atuante, integrado por todos os municípios

. Gestão inadequada

. Arena Joinville

. Mini Centreventos

. Ambientes propícios para esportes aquáticos

. Programa de iniciação esportiva (Jovem Cidadão)

. Centro Preparatório de Ginástica Rítmica

. Cursos superior em educação física, fisioterapia, terapia ocupacional

. Oferta de espaços para práticas esportivas

. Aeroclube

. Clubes esportivos: Golfe, Tênis, aeroclube, iate clube

. Sociedades de tiro ao alvo

. Sociedades de bolão

. centro de ensino e prática de artes marciais

. Centro de atletismo

. Práxis de patrocínio empresarial ao esporte

. Programa Costa do Encanto

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. Instalação do Terminal Turístico Naval

. Multiplicidade de atrativos naturais, culturais, gastronômico e sociais

. Acessibilidade por rodovias, aeroportos, portos e ferrovias

. Descentralização gerando a integração através do comitê temático

. Convention & Visitors Bureau regionalizado

. Hidrovia Costa do Encanto

. Centro turístico de eventos e negócios

. Equipamentos para realização de eventos do turismo de negócios (Megacentro, Cau Hansen)

. Estrutura hoteleira de padrão internacional

. Artesanato

. Diversidade étnica

. Elevado grau de preservação ambiental AMBIENTE EXTERNO

OPORTUNIDADES AMEAÇAS . Proximidade com centros culturais pujantes (Curitiba, São Paulo, Buenos Aires)

. LDB não enfatiza a arte e a cultura

. Descentralização administrativa com regionalização do poder de decisão gerando massa crítica local

. Baixa adesão do empresariado às leis de incentivo

. Novas mídias . Custos elevados de produção de eventos e produtos culturais

. Leis e programas de incentivo . Uniformização de um padrão cultural imposto pela massa média

. Locações cinematográficas . Migração (gaúchos)

. Programas Monumenta ( e outros) do patrimônio material e imaterial

. Enfraquecimento das culturas regionais/locais

. Interesse externo no artesanato e arte do Brasil . Evasão de atletas

. Jogos Abertos Catarinenses . Amadorismo da gestão

. Cobertura midiática . Dificuldades de obter recursos federais

. Fundesporte . Atletas de renome internacional nas áreas de tênis, surf, jet ski

. Descentralização que promove integração dos agentes através do comitê temático setorial e a descentralização de recursos.

. Excesso de chuvas

. Prodetur-Sul . Rigor da legislação ambiental

. Integração com o litoral do Paraná formando um único destino turístico

. Consolidação da imagem de um país inseguro

. Aumento do fluxo de cruzeiros pela costa brasileira . Ausência de política de financiamento e capacitação do setor

. Internacionalização do aeroporto . Recrudescimento do terrorismo internacional

. Proximidade de mercados emissores nacionais e internacionais . Diminuição da oferta de vôos e opção de transporte rodoviário

. Valorização internacional do artesanato . Instabilidade econômica no Mercosul

. Novas mídias

. Aumento da população em terceira idade

. Ampliação do tempo ocioso e a valorização das atividades de lazer Quadro 18: Diagnóstico do Comitê de Turismo, Cultura e Esporte