8 tratamento de lamas

40
ERNA | 4º ano @2012 8 .Tratamento das Lamas

Upload: gilson-adao

Post on 05-Jun-2015

1.707 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

tratamento de lamas

TRANSCRIPT

  • 1. ERNA | 4 ano @2012 8 .Tratamento das Lamas

2. Tratamento das lamas 1. Introduo As lamas so um produto inevitvel do tratamento de guas residuais, provenientes essencialmente da acumulao dos produtos em suspenso na gua residual afluente, geralmente transformados pela aco de microrganismos em aco durante o tratamento. Em termos genricos, pode dizer-se que as lamas antes da sua aplicao final devem ser preferencialmente estabilizadas com o objectivo de se reduzir o seu poder de fermentao, responsvel pela produo de gases e odores; reduzidas em volume para facilitar o seu manuseamento, transporte e armazenamento e, purificadas para eliminar o mximo de microrganismos patognicos e elementos txicos. 2 3. Tratamento das lamas Gesto e Tratamento das Lamas Os processos de tratamento de guas residuais domsticas e industriais, por via biolgica ou recorrendo a processos fsico-qumicos, em particular nas guas residuais industriais, implicam a separao e concentrao de poluentes num resduo final, designado por Lama. Os problemas ambientais, fundamentalmente para as lamas provenientes de guas residuais industriais, que podem advir desta situao so muitos, desde a contaminao de solos e recursos hdricos, produo de odores desagradveis e dum impacte visual negativo. pois necessrio efectuar o tratamento adequado das lamas nas ETARs e definir solues correctas para a sua eliminao 3 O volume da lama inicial (1) reduzido num equipamento apropriado (2), sendo depois misturado com casca de pinheiro (3), antes de ser compostado. 4. Tratamento das lamas 2. Origem das lamas As lamas caracterizam-se por apresentarem um elevado teor de humidade, de matria orgnica e nutrientes (azoto, fsforo e potssio) e potencialmente metais pesados (micropoluentes inorgnicos), numa concentrao importante de microrganismos patognicos. Face a estas caractersticas, as lamas tm que ser convenientemente tratadas antes de serem enviadas para destino final. Nas estaes de tratamento convencionais, as lamas tm origem na operao de decantao primria e nos processos secundrio e tercirio. 4 5. Tratamento das lamas 2. Origem das lamas Em muitos casos, as lamas so obtidas na forma de lama mista (lamas primrias misturadas com lamas secundrias) no decantador primrio. Noutras situaes, as lamas so separadas em decantadores distintos e s posteriormente processadas em comum. As lamas geradas no tratamento tercirio so geralmente em pequena quantidade, exceptuando quando est envolvida a precipitao qumica para remoo de fsforo. As lamas so geralmente enviadas para espessamento de modo a ficarem espessas, tal como o nome indica, seguindo para desidratao, onde se reduz o volume de gua presente nas lamas. A montante da desidratao as lamas podem ser estabilizadas, consoante o seu destino final. 5 6. Tratamento das lamas 3. Impactes no Ambiente e na Sade Pblica Devido ao seu elevado teor em matria orgnica, as lamas tm tendncia a desenvolver condies anaerbias, fermentando, entrando em putrefaco e, por conseguinte, gerando efeitos prejudiciais, quer para o Ambiente quer para a Sade Pblica. Quando depositadas no solo sem qualquer tratamento, as lamas libertam gases txicos, resultado da decomposio anaerbia, o que origina poluio atmosfrica e riscos para o Homem, alm dos bvios odores intensos que causam incmodo. 6 7. Tratamento das lamas 3. Impactes no Ambiente e na Sade Pblica Os metais pesados que potencialmente se encontram na constituio das lamas (devido potencial descarga de guas residuais industriais na rede de drenagem pblica de guas residuais) iro infiltrar-se no solo, com consequente contaminao deste e das guas subterrneas. Os metais pesados tm um efeito cumulativo e txico, pelo que, a ingesto de alimentos produzidos no solo contaminado e a utilizao destas guas de m qualidade pode ser letal para o Homem. Relativamente aos microrganismos patognicos, estes iro proliferar quer no solo, superficialmente ou por infiltrao, quer nas guas subterrneas, pelo que, alm das evidentes contaminaes ambientais, sero causa de proliferao de doenas. 7 8. Tratamento das lamas Em termos legais, surgem trs cenrios possveis para a gesto das lamas: Tratando-se de lamas susceptveis de valorizao agrcola, da responsabilidade dos seus produtores proceder valorizao das mesmas Tratando-se de lamas resultantes de processos produtivos ou do tratamento prvio de efluentes industriais (desde que no enquadrveis no conceito de lamas de depurao susceptveis de valorizao agrcola) devero ser consideradas resduos industriais e proceder-se sua eliminao (ex.: deposio em aterro ou incinerao) obedecendo a licenciamento industrial ou atravs de acordo com empresas autorizadas/autarquias. 8 9. Tratamento das lamas Apresentando caractersticas de resduo perigoso a sua eliminao dever obedecer e ser efectuada em unidades devidamente licenciadas para esse efeito. Na prtica so de salientar as dificuldades inerentes gesto de lamas classificadas como resduos perigosos, tanto a nvel da eliminao por incinerao ou da deposio em aterro. As solues passam pelo armazenamento temporrio (pelo produtor ou por entidades licenciadas para esse efeito) ou pela exportao para pases com capacidade para as eliminar. Em relao grande parte das lamas produzidas em ETARs, classificadas como no perigosas, as alternativas existentes passam pela sua valorizao ou pela sua deposio em aterros para Resduos Slidos Urbanos 9 10. Tratamento das lamas Mtodos de tratamento e gesto (solues finais) a) Valorizao Agrcola A aplicao de lamas residuais digeridas, resultantes das ETARs, nos solos agrcolas um mtodo especialmente atractivo, quer do ponto de vista da conservao do ambiente, quer do ponto de vista econmico. Promove a reciclagem de nutrientes como o azoto, o fsforo e o potssio, necessrios ao crescimento das plantas, e renova a matria orgnica, o que importante para a estrutura do solo. Porm, h que ter em ateno que substncias txicas (em particular os metais pesados e o boro) se poderem acumular no solo at nveis que podem ser nocivos directamente para as sementes ou que, uma vez assimilados pelas plantas, podem tornar-se perigosos para o homem ou para os animais que as comem. Os elementos txicos mais significativas so o zinco (Zn), o cobre (Cu), o nquel (Ni), o cdmio (Cd) e, em menor extenso o boro (B). Com excepo do Cd estes elementos so sobretudo nocivos devido aos seus efeitos fitotxicos. O Cd pode acumular-se na vegetao e atingir nveis txicos para os animais antes de produzir efeitos fitotxicos. 10 11. Tratamento das lamas A generalizao das doses de aplicao das lamas em solos agrcolas difcil pois depende das caractersticas das lamas residuais e dos solos receptores, das necessidades das culturas, das prticas culturais, da frequncia e do mtodo de aplicao e das condies climticas. Deve evitar-se a aplicao excessiva ou mltipla e monitorizar a transferncia dos constituintes ao longo da cadeia lama-solo-gua-planta-animal-homem, de modo a minimizar os impactes ambientais. Em termos de caracterizao deve-se efectuar a determinao do valor de pH, do teor em matria orgnica (M.O.), azoto (N), fsforo (P), potssio (K), clcio (Ca), magnsio (Mg), sdio (Na), ferro (Fe), mangans (Mn) e do teor em metais pesados: cdmio (Cd), crmio (Cr), cobre (Cu), mercrio (Hg), nquel (Ni), chumbo (Pb) e zinco (Zn). 11 12. Tratamento das lamas Consideram-se compatveis com esse fim (a utilizao das lamas tratadas na agricultura ) os tratamentos biolgico, qumico, trmico ou qualquer outro processo que tenha como objectivo eliminar todos os microrganismos patognicos que ponham em risco a sade pblica e reduzam significativamente o seu poder de fermentao, de modo a evitar a formao de odores desagradveis. Nesse sentido recorre-se, normalmente, a processos de compostagem, digesto anaerbia ou calagem (mistura com CaO) das lamas. 12 13. Tratamento das lamas b) Incinerao/Co-incinerao O processo de incinerao permite a valorizao energtica das lamas e aplicvel tanto a resduos perigosos como no perigosos. A co-incinerao refere-se, por sua vez, incinerao efectuada nos fornos das cimenteiras, sendo a valorizao dos resduos obtida atravs da reduo no consumo de combustveis fsseis e/ou matrias-primas primrias. 13 14. Tratamento das lamas c) Deposio em aterro Para depositar lamas em aterros essencial que estas sejam submetidas a um processo de desidratao adequado, que reduza o seu volume e, consequentemente, o espao que iro ocupar. Na maioria dos casos as lamas desidratadas so sujeitas a processos de tratamento que visam a imobilizao dos poluentes indesejveis numa estrutura slida. Pretende-se com isto evitar a lixiviao de substncias perigosas (ex.: metais pesados). 14 15. Tratamento das lamas Tratamento (desidratao das lamas) As lamas removidas dos rgos de sedimentao das ETARs apresentam normalmente um teor em slidos inferior a 4%, o que obriga realizao de um conjunto de etapas de modo a diminuir o teor em gua. Para alm das etapas de desidratao, que so essenciais para permitir o manuseamento, tratamento, transporte e eliminao final das lamas pelos processos acima descritos, efectuam-se tratamentos para estabilizar as lamas, qumica e microbiologicamente, ou adequ-las ao fim pretendido. 15 16. Tratamento das lamas Condicionamento qumico e fsico O tratamento prvio das lamas, com o objectivo de aumentar a eficcia da desidratao posterior, pode ser feito por vrios processos, nomeadamente por floculao qumica, com a adio de electrlitos minerais ou de polmeros orgnicos, por tratamento trmico, por congelao, por electro-osmose ou com a adio de materiais inertes desagregados. Condicionamento qumico o mtodo mais utilizado e envolve a adio de qumicos minerais tais como cloreto frrico, sulfato frrico ou ferroso, cloreto de alumnio e cal, polielectrlitos ou polmeros orgnicos sintticos; 16 17. Tratamento das lamas Condicionamento trmico feito em autoclaves, aplicando temperaturas da ordem dos 200C s lamas sob presso fixa, durante perodos de tempo variveis de 30 a 90 minutos, conseguindo-se com este tratamento a destruio da estrutura coloidal das lamas e a solubilizao de algumas matrias em suspenso; Congelao Embora a congelao tenha uma grande eficcia em termos de desidratao de lamas, uma soluo muito cara, sendo por isso pouco aplicada. Adio de materiais inertes desagregados Esta tcnica permite aumentar a coeso da lama, tornando mais fcil a sua desidratao. Por outro lado, tem como inconveniente o facto de aumentar significativamente o volume de matria slida. 17 18. Tratamento das lamas Desidratao O primeiro passo no tratamento definitivo das lamas a desidratao, normalmente efectuada por processos mecnicos, com a qual se obtm um teor em matria seca nas lamas entre 15 e 30%. A desidratao em leitos de secagem realizada por aco de drenagem e evaporao. um processo moroso e tem uma eficincia reduzida, tendo as lamas retiradas dos Leitos um elevado teor de humidade. Alm disso, exige grandes reas. Todavia e apesar dos inconvenientes referidos, esta soluo poder-se- revelar vantajosa para ETARs de pequenas dimenses, com baixa produo de lamas, uma vez que o investimento associado mnimo, no tem custos energticos e no exige a presena de operadores com formao especfica. Por estes motivos, esta a tcnica utilizada em pequenas estaes de tratamento de guas residuais urbanas. 18 19. Tratamento das lamas Os leitos de secagem so constitudos por um conjunto de tanques de forma rectangular, normalmente construdos em beto, que contm um meio poroso assente sobre um sistema de drenagem. O meio poroso constitudo por duas ou trs camadas sobrepostas de materiais de diferentes granulometrias. Quando as lamas em excesso so lanadas num leito de secagem, grande parte da gua que as lamas contem, escoa-se atravs do meio poroso, sendo seguidamente drenada para o exterior do leito, para ento ser lanada no meio receptor da gua residual tratada. A parte restante dessa gua separa-se das lamas por evaporao 19 20. Tratamento das lamas Pelo que se disse, conclui-se que a secagem das lamas devida principalmente ao escoamento atravs do meio poroso da gua das lamas. Para que a operao de secagem das lamas decorra em boas condies, fundamental que o meio poroso no esteja colmatado, para permitir o fcil escoamento da gua. Caso contrrio, isto , se o meio poroso estiver colmatado, a gua ter que ser toda libertada por evaporao o que implica uma operao muito mais lenta, e dependente das condies atmosfricas. 20 21. Tratamento das lamas Tratamentos finais A seguir desidratao deve-se efectuar um tratamento que adeque as caractersticas das lamas ao fim pretendido. Refiram-se, como exemplo, os seguintes: Calagem Compostagem Eliminao por incinerao Imobilizao Secagem Trmica 21 22. Tratamento das lamas Calagem: Estabilizao qumica com cal Com o intuito de evitar os impactes negativos ambientais e na sade pblica, torna-se necessrio efectuar um tratamento s lamas tendo em vista a sua adequada aplicao, garantindo a sua inocuidade, ou seja, a sua higienizao. O tratamento com cal viva provoca uma secagem das lamas devido extino da cal (reaco exotrmica em que fixada uma molcula de gua por cada molcula de CaO). A este efeito juntam-se a destruio dos germes patognicos, elevao do pH, insolubilizao dos metais, aco sobre as estruturas dos coloides e reaco pozolnica (formao duma estrutura slida por adio de gua ou gua e cal). 22 A reaco pozolnica representa uma reaco cido-base simples entre o hidrxido de clcio, Ca (OH)2, e cido silcico (H4SiO4, ou Si OH)4 23. Tratamento das lamas Compostagem: este processo visa a decomposio de materiais orgnicos por aco microbiana, sob condies ambientais controladas. Permite a reduo de matria voltil, a perda de gua por evaporao e ventilao aceleradas e a higienizao das lamas (eliminao de patognicos), convertendo as lamas num composto orgnico. Pode definir-se como um mtodo de tratamento de resduos slidos provenientes do tratamento de guas residuais, no qual os compostos orgnicos decompem-se biologicamente, em condies aerbias controladas, at alcanar um estado que permita a sua manipulao, o seu armazenamento e a respectiva aplicao, sem impactes ambientais negativos, fazendo de todo o composto um excelente fertilizante e um adjuvante capaz de melhorar e de enriquecer as propriedades fsico- qumicas e biolgicas dos solos. 23 24. Tratamento das lamas Imobilizao: este tratamento dever ser obrigatrio para lamas contaminadas com substncias perigosas e que tenham como destino final a deposio em aterro. Existem no mercado vrios produtos que podem ser utilizados para reduzir a mobilidade dos contaminantes nas lamas. Refira-se, por exemplo, a cal viva (CaO), os produtos Rhenipal (mistura de materiais com base de cinzas de carvo pulverizadas e com corrector de pH) e Sanisolo (produto constitudo essencialmente por cortia e complementado com um elemento corrector do pH - cal, e aglutinantes - cimento e/ou gesso). 24 25. Tratamento das lamas Eliminao por incinerao O objectivo principal deste processo a queima dos componentes orgnicos combustveis das lamas, de forma a que os produtos resultantes (gases e cinzas) sejam relativamente inertes. Complementarmente, conseguem-se obter redues de cerca de 95 % em volume e peso slido das lamas e a destruio de compostos txicos e patognicos. A incinerao das lamas poder ser efectuada aproveitando o poder calorfico das mesmas, em equipamentos especficos para o efeito, com ou sem prvia secagem trmica. Existem tambm a nvel europeu experincias de co-incinerao, em incineradoras de resduos slidos urbanos (RSU), com capacidade excedentria ou a queima em fornos de cimenteiras ou em centrais termoelctricas a carvo. 25 26. Tratamento das lamas Secagem Trmica: pode ser uma opo vlida para o tratamento final das lamas, principalmente quando o granulado resultante deste tratamento tem aplicao na agricultura ou como combustvel. Este processo consiste em reduzir o teor de humidade das lamas por adio de calor (atravs da evaporao da gua), at um teor desejado que pode chegar aos 90 %. Consegue-se desta forma um produto quase slido com cerca de 75 a 95 % de matria seca, de textura geralmente granular, adequado a vrios destinos finais. Permite ainda estabilizar e higienizar as lamas, facilitar a sua valorizao orgnica ou a sua incinerao, bem como reduzir os custos associados ao tratamento das lamas. Tem tambm interesse em locais onde o custo de deposio das lamas elevado. Este processo implica obrigatoriamente um elevado consumo de energia, pelo que poder ter custos de operao muito significativos. Todavia, este inconveniente pode ser ultrapassado obtendo-se a energia necessria a partir do biogs produzido durante a digesto das lamas. 26 27. Tratamento das lamas Assim, este novo mtodo pelo qual as lamas podem ser secas, produzindo um granulado quase inodoro, oferece uma srie de vantagens, como sejam: Obteno de lamas com cerca de 95% de matria seca, com consequente reduo do volume; As lamas secas so mais fceis de manusear, e os subsequentes custos de transporte e armazenamento so reduzidos; Durante o processo de secagem as lamas so higienizadas, destruindo bactrias e vrus infecciosos; O granulado tem um elevado valor fertilizante (N e P) e durante o processo de secagem podem ser adicionados N, P e K para alcanar uma capacidade fertilizante total; O valor calorifico das lamas secas equivalente ao da palha e da madeira, sendo desta forma utilizvel como biocombustvel; Quando utilizadas como biocombustvel em substituio dos combustveis fsseis, as lamas secas contribuem para uma reduo das emisses de CO 2 . 27 28. Tratamento das lamas Equipamentos de Desidratao Mecnica de Lamas Estes equipamentos permitem reduzir em cerca de 90% o volume das lamas produzidas nas ETARs. Filtros prensa Filtros banda Filtros vcuo Equipamentos de centrifugao 28 29. Tratamento das lamas Filtros prensa Nestes a desidratao conseguida submetendo-se as lamas a uma presso elevada contra uma superfcie filtrante. As lamas so introduzidas em cmaras formadas entre placas ou pratos colocados verticalmente lado a lado, fortemente apertados entre si, por sistemas hidrulicos. Sobre as duas faces das placas so colocadas telas filtrantes, normalmente feitas com fibras sintticas, por onde agua sob presso, extrada das lamas, vai passar, sendo conduzida atravs de ranhuras existentes nas placas para uma conduta comum, que faz a colecta para o exterior do filtro. O regime de funcionamento deste equipamento descontnuo, feito por ciclos, cuja durao pode variar entre uma a seis horas, dependendo de diversos factores, como qualidade das lamas, presena ou no de leos e gorduras, tipo de pr-condicionamento das lamas, tipo de telas, estado de limpeza e conservao das telas, etc. 29 30. Tratamento das lamas Filtros prensa Este equipamento apresenta algumas vantagens em por permitirem a obteno de lamas desidratadas com uma percentagem elevada de matria seca, entre 35 e 50%, apresentando o lquido filtrado um aspecto claro, com poucos slidos em suspenso. Como principais inconvenientes refira-se o seu elevado custo e o no permitir uma operao contnua e necessitar de uma renovao frequente das telas filtrantes. Mais recentemente surgiu no mercado um filtro prensa do tipo parafuso sem-fim, de eixo tronco cnico, cujos resultados tm sido muito favorveis. A lama floculada transportada em contnuo, desde a entrada at ao funil de sada, ao longo de toda a rea de filtragem, submetida a uma presso crescente do sem-fim e libertando continuamente gua atravs das estrias filtrantes. Este sistema permite trabalhar em contnuo, apresentando valores de eficcia prximos dos filtros de prensa normal, menor libertao de cheiros e maior facilidade em termos de limpeza 30 31. Tratamento das lamas Filtros banda Normalmente estas mquinas dispem de trs zonas onde a desidratao se processa de forma diferenciada. Primeiro, a lama descarregada uniformemente sobre uma das telas, onde graviticamente parte da gua vai ser drenada atravs dessa mesma tela. Em seguida as lamas vo ser comprimidas entre as duas telas, com a ajuda de rolos, sendo no final, a 3 fase, comprimidas fortemente. O condicionamento das lamas feito de modo eficaz com polmeros orgnicos (doseamento 4-5 kg polielectrlito/ton. peso seco), conseguindo-se lamas desidratadas com concentraes em slidos da ordem dos 25%, podendo atingir 35% no caso das lamas primrias digeridas e volta dos 15 a 20% para lamas secundrias. 31 32. Tratamento das lamas Filtros banda As telas precisam de ser continuamente lavadas, pelo que os consumos de gua so importantes. comum utilizar-se, para o efeito, o efluente final da estao de tratamento previamente filtrado. As vantagens principais destes filtros tm a ver com o seu relativamente baixo custo, quando comparado com os filtros prensa ou filtros de vcuo; poderem trabalhar em contnuo e disporem da possibilidade de regulao das velocidades e presso em funo da qualidade das lamas e da eficcia da lavagem das telas. 32 33. Tratamento das lamas Filtros vcuo Este tipo de filtro essencialmente constitudo por um cilindro perfurado, em ao inoxidvel rodando em torno de um eixo horizontal parcialmente mergulhado (cerca de 1/4) numa cuba alimentada com um caudal de lamas constante e com nvel regulvel com um descarregador. Em volta do tambor colocada uma tela filtrante de banda contnua, fazendo-se vcuo no interior do cilindro, o que leva a que a gua v sendo filtrada para o interior do cilindro, atravs da tela, formando-se, medida que o cilindro roda, uma capa de lama hmida sobre a superfcie exterior da tela. Esta capa raspada imediatamente antes de voltar a entrar novamente na cuba, sendo a tela lavada com projeco da gua no sentido inverso da filtrao. 33 34. Tratamento das lamas Filtros vcuo O condicionamento das lamas pode ser feito quimicamente com cloreto frrico ou cal ou ento com polielectrlitos, obtendo-se rendimentos ligeiramente superiores com os reagentes minerais. A presena de leos e gorduras nas lamas poder dificultar ou mesmo impedir o funcionamento dos filtros. O custo dos filtros de vcuo e equipamento acessrio elevado, no sendo fcil a sua explorao, pelo que cada vez so menos utilizados em ETARs. 34 35. Tratamento das lamas Equipamentos de centrifugao Estes equipamentos so constitudos por mquinas giratrias que, por aco da fora centrfuga, conseguem separar os slidos da fase lquida. Embora possam ser utilizados com lamas que no sofreram acondicionamento prvio, o acondicionamento qumico com polielectrlitos, cloreto frrico e cal permite obter rendimentos superiores e uma maior reteno dos slidos de pequenas dimenses. 35 36. Tratamento das lamas Equipamentos de centrifugao Como inconvenientes, alm da talvez menor eficincia na reteno de slidos, referem-se os maiores encargos de energia, um nvel de rudo alto produzido pelas mquinas em funcionamento e o desgaste que se verifica nos materiais, provocado pelo efeito abrasivo das lamas em movimento rotativo. Apresenta vantagens significativas quando existem grandes quantidades de leos e gorduras nas lamas e um equipamento que permite o trabalho com uma maior limpeza de instalao e menor libertao de cheiros. 36 37. Tratamento das lamas Aproveitamento de sub-produtos As lamas podem ser usadas como material fertilizante em agricultura. Quando removidas dos leitos de secagem contm ainda cerca de 30% de gua, mas so perfeitamente manuseveis p e transportveis em viatura. A sua cr escura, quase negra, e de cheiro a hmus. O seu valor como fertilizante reside precisamente no seu contedo em hmus (cerca de 50%) e na presena dos elementos nobres (azoto, fsforo e potssio). As lamas no devem ser usadas directamente na cultura de alimentos que sejam consumidos crus, tais como alface, agrio, tomate, morango, cebola, salsa, etc.. 37 38. Tratamento das lamas Aproveitamento de sub-produtos A sua melhor maneira de aplicao consiste em mistur-la com a terra e espalhar o conjunto no terreno destinado a ser lavrado ou cavado No que se refere ao efluente final, sado da ETAR, trata-se de um lquido (gua) que, embora lmpido e incolor, contm ainda certa quantidade de matria orgnica e, eventualmente, germes vivos que podem ser patognicos ou no. Recomenda-se, por isso, que se esta gua for utilizada na irrigao de terrenos o seja, como se referiu, para alimentos no consumidos crus (por exemplo campos de milho, pomares, etc.). Esta gua, alm da sua utilizao nas regas, pode ainda ser reciclada e tratada (se economicamente se justificar) e utilizada como gua comum. 38 39. Tratamento das lamas Aproveitamento de sub-produtos Outro sub-produto susceptvel de aproveitamento o bio-gs, que gerado naturalmente sempre que a decomposio da matria orgnica se processar em meio anaerbio. A sua composio naturalmente varivel com as caractersticas do substrato que lhe d origem e com as caractersticas do meio onde se processa a fermentao. Em geral, ele composto por metano (40% a 75%), gs carbnico (25% a 40%), cido sulfdrico (0,1% a 5%) e ainda pequenas quantidades de hidrognio, azoto, gua, amonaco, etc.. 39 40. Tratamento das lamas Aproveitamento de sub-produtos A existncia de significativas quantidades de metano na sua composio tornam o bio-gs um sub-produto de elevado interesse energtico. O seu poder calorfico inferior (PCI) prximo das 5.000 Kcal/m3 (para 60% CH 4 ), inferior ao do propano (PCI = 22.000Kcal/m3), mas superior ao do gs da cidade (PCI = 4.000 Kcal/m3). A equivalncia geralmente considerada em relao electricidade de 5 Kwh para 1 m3 de bio-gs. Deve contudo referir-se que, no domnio das pequenas estaes depuradoras, no se torna geralmente rentvel o aproveitamento deste sub-produto. 40