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ELABORAÇÃO Grupo de Pesquisa Estado, Direito e Sociedade: Direito e Desenvolvimento Econômico Coordenador: Prof. Dr. Willame Parente Mazza (UESPI) Ana Caroline de Sousa Sampaio Carlos Patrício Maracajá de Carvalho Fernando Afonso Marques de Melo Jaina Karine Morais Chaves Maria Elvina Lages Veras Barbosa Rodrigo Lustosa Veras Wesllen Souza Wilson Seraine da Silva Neto Fotos: Aleck Foxheimmer - @ aleckfoxheimmer_official

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  • IMPACTOSDA PANDEMIA DOCORONA VÍRUSNAS ATIVIDADESECONÔMICAS NOPIAUÍ

    ELABORAÇÃOGrupo de Pesquisa

    Estado, Direito eSociedade: Direitoe Desenvolvimento

    Econômico

    01

    Coordenador: Prof. Dr. Willame Parente Mazza (UESPI)

    Ana Caroline de Sousa SampaioCarlos Patrício Maracajá de CarvalhoFernando Afonso Marques de Melo

    Jaina Karine Morais ChavesMaria Elvina Lages Veras BarbosaRodrigo Lustosa VerasWesllen SouzaWilson Seraine da Silva Neto

    Fotos: Aleck Foxheimmer - @ aleckfoxheimmer_official

  • A crise sanitária do coronavírus é considerada o maior desafioglobal da atualidade, visto que, além de apontar desafios na áreade saúde aos governantes mundiais, tem um enorme impactofinanceiro em função das medidas necessárias para o controle dapandemia, entre as quais o isolamento social. Nesta feita, o papeldo Estado vem se tornando essencial no combate às crises -sanitária e econômica - neste ano de 2020.  Com efeito, os impactos econômicos passam a ser umaconsequência visível e concreta da pandemia, de modo a elevar aatual crise ao patamar da maior em todos os tempos,ultrapassando os efeitos da Grande Depressão de 1929 e docolapso imobiliário de 2008. No Brasil, houve a maior variaçãonegativa acumulada do PIB (Produto Interno Bruto) desde apandemia da gripe espanhola de 1918. Conforme previsão daOCDE (Organização para a Cooperação e DesenvolvimentoEconômico), a economia global sofrerá contração de 6%, e abrasileira em torno de 7,4%, podendo chegar a 10% deencolhimento em um cenário mais pessimista. A região Nordestetem uma previsão de retração no PIB 4,8% menor do que a médiado país, embora apresente uma grande heterogeneidade entre osnove estados. Nesse contexto, o Piauí apresenta-se como o sétimo menorPIB do Brasil, somando um total de R$ 45.359 milhões (IBGE,2017).Segundo estudo econômico do Santander[1], projeta-se para oestado uma queda de 1% em 2020 neste indicativo, uma vez queestá entre as unidades federativas que depende dos recursosoriundos da Administração Pública e da agropecuária, o queprovavelmente leva a uma contração menor em 2020, casotambém verificado em Alagoas e na Paraíba.

    [1] AUGUSTO, Lucas Nobrega; NOÉLLY, Fátima. Brasil: análise econômica regional.Disponível em:https://cms.santander.com.br/sites/WPS/documentos/acordeao-boletins-regionais-setoriais-download-6-PDF/20-06-24_205215_200618+brasil+-+an%C3%A1lise+econ%C3%B4mica+regional.pdf. Acesso em 15 jul. 2020.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí 02

  • O Estado brasileiro se estrutura por meio de um federalismocooperativo, no qual as ações devem ser coordenadas de modo apermitir um certo de grau de coesão no enfrentamento da crise.Entretanto, por diversos aspectos, sobretudo o político, ogerenciamento da crise passou a ser objeto de ações políticas dosgestores que estão mais próximos da problemática. Nessecontexto, ganha relevo o papel desempenhado por prefeitos egovernadores. O presente trabalho, longe de querer esgotar as possíveisabordagens acerca dos reflexos econômicos advindos dapandemia do COVID-19, busca oferecer à gestão pública doEstado do Piauí um panorama do quadro econômico atual, no quepertine a indicadores como a empregabilidade (admissões edemissões), identificação dos setores econômicos mais afetados,algumas dificuldades e circunstâncias das empresas e indicadoresrelativos à própria arrecadação. Ao longo do relatório são estruturados dados obtidos junto aoMinistério da Economia/Secretaria de Trabalho (CAGED), cominformações acerca dos impactos da pandemia do coronavírus nonúmero de empregados nas principais cidades piauienses e tendoem conta os principais setores. Ainda, dados disponibilizados peloSEBRAE, com identificação dos setores mais afetados,informações relativas ao faturamento das empresas, arrecadaçãoestadual e alguns índices relativos aos gastos do governo com apandemia, apresentados pelo Tribunal de Contas do Estado doPiauí. De posse dos referidos dados, observa-se que é possível umaotimização das ações governamentais, na medida em queidentificados os setores mais afetados pela pandemia torna-sepossível o direcionamento de políticas “interventivas” como ainstituição de incentivos, fomento a linhas de crédito, criação eaperfeiçoamento de protocolos sanitários específicos, dentreoutras ações. Assim, colocar o Estado em uma posição que hámuito deve ser priorizada, qual seja, a de dispor dos instrumentaisnecessários em períodos de crise para corrigir distorções e falhasoriundas dos mais diversos contextos de um modo estratégico.

    03Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 1. DADOS DO PIB NO PIAUÍ E BRASIL (Fonte:Análise Econômica regional – Santander[2])

    [2]AUGUSTO; NOÉLLY, Ibid.

    04Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • Segundo informações do painel do Novo Caged[3], ao analisar astaxas de admissões e desligamentos de emprego formal entre janeiroa maio do corrente ano, observa-se que os impactos/efeitos dapandemia começaram a ocorrer a partir do mês de março, tendoabril como o mês com maior número de desligamentos/perdas nospostos de trabalho formal. Já o mês de maio, embora com umexpressivo saldo negativo, a princípio, apresenta um quadro derelativa contenção de tais efeitos.

    2. IMPACTOS NOEMPREGO/TRABALHO

    05

    [3]Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiM2ZiNzk5YzUtODU5OS00YjFmLTk1NjItNDY1M2IwMTJhOTgzIiwidCI6ImNmODdjOTA4LTRhNjUtNGRlZS05MmM3LTExZWE2MTVjNjMyZSIsImMiOjR9. Acesso em 09de jun. de 2020.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 06

    Como resultado ao longo de tal período, a diferença entre a taxa de admissão edesligamento apresentou saldo negativo, ou seja, a pandemia do COVID-19 provocou ademissão de aproximadamente 1.144.875. Os setores econômicos mais afetados foram,respectivamente, o comércio (-446.584), serviços (-442.580) e a indústria (-236.410).

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • No que diz respeito especificamente ao estado do Piauí, verifica-se que háuma tendência semelhante ao que ocorreu em nível nacional. Os meses dejaneiro e fevereiro registraram saldo positivo nas contratações de trabalhoformal, a partir de março o saldo passa a ser negativo, tendo como abril como omês com os piores resultados e maio sinaliza um possível quadro dereversão/contenção dos impactos da pandemia. Ao final do mês de maio, foiregistrado um total de 37.740 desligamentos e um saldo negativo acumulado de8.554 postos de trabalho formais perdidos.

    07

    Ainda segundo o painel do Novo Caged, é possível constatar que dentrodesse contingente de demissões (1.144.875), a pandemia afetou mais aoshomens, que representam 53,87% do total dos desligamentos (616.815).

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 08

    Quanto aos setores econômicos mais atingidos no estado do Piauí,apresentando ligeiras alterações comparativamente ao ocorrido no âmbitonacional, estão o setor de serviços (-2.900), comércio (-2.356) e construção(-2.189), respectivamente. Também se observa que, em nível de desligamento dotrabalho formal, os homens foram mais atingidos pela pandemia,correspondendo a 65,58% do total das demissões no período.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • Dentre as 10 cidades no ranking dos maiores PIBs no Piauí, percebe-se queTeresina foi a cidade mais afetada, seguida por Parnaíba (-404), Floriano (-359),Picos (-157), Campo Maior (-69) e Piripiri (-59). A capital piauiense concentrousozinha 92,30% (-7.896) de todo o saldo negativo dos desligamentos ocorridosdurante o período de janeiro a maio, sendo que, tal saldo passou a ocorrersomente a partir do mês de março, coincidindo com o início dos impactoseconômicos decorrentes da pandemia tanto em âmbito nacional comoestadual.

    09Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 10Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 11Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 12

    Dessa forma, como pode ser visto pelos gráficos acima, o impacto dapandemia por setor produtivo varia de acordo com a potencialidade de cadamunicípio, devendo os gestores, estaduais e municipais, atentarem para talperspectiva a fim de orientar e pautar a implementação de políticas públicasvisando o arrefecimento dos efeitos nos setores mais importanteseconomicamente para o município e estado.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • O Rendimento médio real efetivamente recebido de todos os trabalhos das pessoasocupadas reduz de R$ 2.320 para R$ 1.899. Observa-se que durante a pandemia, mesmo aspessoas que mantiveram seus empregos (muitas vezes invisíveis às pesquisas que analisamnúmero de desempregados), sofreram redução na renda mensal, o que pode ser explicadopor uma queda na demanda por diversos serviços. Implicação direta na diminuição dopoder de consumo, motor principal da economia brasileira. Os indicadores de Taxa de Desocupação e de Rendimento médio real efetivamenterecebido mostram que os maiores afetados são os Estados do Norte e do Nordeste.Exsurge a necessidade de políticas públicas especificamente voltadas para as regiões emparceria com os Estados.

    3. IMPACTOS NO EMPREGO/TRABALHO[4]

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    Os dados acima apresentados revelam que em maio de 2020 a taxa de desocupaçãomédia seria de 8,70% e o que o rendimento médio girava na cifra de R$ 1.416,00. A pesquisatambém mostra que nessas regiões se encontram a maior parte dos domicílios quereceberam auxílio emergencial (cerca de 56% no Piauí). Para o Piauí o valor médio doauxílio emergencial é R$ 955,00, tendo em conta o total de recursos direcionados aoEstado e a quantidade de pessoas que se beneficiaram. O percentual de pessoas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou porfalta de trabalho na localidade é maior em pessoas da cor Preto ou Parda (13,3%) emcomparação às pessoas da cor Branca (7,9%). A pandemia escancarou as desigualdadesentre pessoas brancas e pretos e pardas no Brasil, a falha estatal em promover a inserçãode pessoas negras no mercado de trabalho e um diagnóstico das posições que estasfrequentemente ocupam, que as tornam mais vulneráveis à situação do desemprego.

    [4] A análise desse tópico foi baseada nos índices divulgados pelo PNAD IBGE (IBGE. Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística. Disponível em: https://covid19.ibge.gov.br/.  Acesso em 15 de jul. 2020.)

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • R E S P O N D E R A M Q U E P O D E R I A M T E R E V I T A D O O F E C H A M E N T OS E T I V E S S E M A P O I O F I N A N C E I R O D O G O V E R N O .43%

    14

    O PNAD-COVID também mostrou que a maior proporção de pessoas afastadas dotrabalho devido ao distanciamento social é o de Trabalhadores domésticos sem carteiraassinada, diaristas, em sua grande maioria mulheres pretas, que por conta do isolamentonão podem frequentar a residência dos empregadores e muitas vezes são dispensadassem remuneração. Insta salientar que 11,5% da população foi afastada sem receber remuneração (9,7milhões de pessoas) o que ocasiona um impacto social e econômico imenso. AArrecadação brasileira, baseada predominantemente no consumo, é diretamente atingidacomo veremos no item 5.

    4. IMPACTOS NAS EMPRESAS NO PIAUÍ Conforme pesquisa SEBRAE (FGV PROJETOS – 20.05 a 02.06)[5] com empresários noBrasil, verificou-se que:

    R E S P O N D E R A M Q U E E V I T A R I A M O F E C H A M E N T O C O ME M P R É S T I M O S B A N C Á R I O S .18%

    D O S N E G Ó C I O S S E G U E M C O M F A T U R A M E N T O A B A I X O D O P R É -C R I S E . P A R A M A I O R P A R T E D O S S E G M E N T O S , O G R U P O C O MD Í V I D A S E M A T R A S O É M A I O R Q U E D Í V I D A S E M D I A .

    87%

    D O S N E G Ó C I O S D E C A D A S E G M E N T O E C O N Ô M I C O E S T Á E MD Í V I D A , A T R A S A D A O U E M D I A .

    MAIS DE50%

    D O S N E G Ó C I O S D E C A D A S E G M E N T O E C O N Ô M I C O N Ã OC O N S E G U I U E M P R É S T I M O S O U E S T Á A G U A R D A N D O R E S P O S T A .

    DE 70%A 90%

    [5] SEBRAE NACIONAL. Serviço brasileiro de apoio às Micro e Pequenas empresas. O impacto da pandemia decorona vírus nos pequenos negócios – 4. Edição – SEBRAE – FGV PROJETOS, p.2 a 59.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • E M P R E S A S E N C E R R A R A M A S A T I V I D A D E S A T É A P R I M E I R AQ U I N Z E N A D E J U N H O ;

    32,6%

    15

    Em pesquisa realizada pelo IBGE[6] até a primeira quinzena de junho de 2020verificaram-se os seguintes indicadores referentes às empresa no Brasil:

    D A S E M P R E S A S E M F U N C I O N A M E N T O R E P O R T A R A M Q U E AP A N D E M I A T E V E U M E F E I T O N E G A T I V O S O B R E A E M P R E S A ;70%

    D A S E M P R E S A S E M F U N C I O N A M E N T O R E D U Z I R A M ON Ú M E R O D E F U N C I O N Á R I O S N A P R I M E I R A Q U I N Z E N A D EJ U N H O E M R E L A Ç Ã O A O I N Í C I O D A P A N D E M I A ;

    34,6%

    D A S E M P R E S A S Q U E R E D U Z I R A M R E P O R T A R A M R E D U Ç Ã OD E M A I S D E 5 0 % D O P E S S O A L

    29,7%

    I N D I C A R A M D I M I N U I Ç Ã O S O B R E A S V E N D A S O U S E R V I Ç O SC O M E R C I A L I Z A D O S N A P R I M E I R A Q U I N Z E N A D E J U N H O ;

    70,7%

    [6] IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de empresas. Disponível em:www.covid19.ibge.gov.br. Acesso em 15 jul. 2020.

    I N D I C A R A M D I F I C U L D A D E P A R A A C E S S A R F O R N E C E D O R E SD E I N S U M O S , M A T É R I A S - P R I M A S O U M E R C A D O R I A S N AP R I M E I R A Q U I N Z E N A D E J U N H O ;

    63%

    I N D I C A R A M D I F I C U L D A D E P A R A R E A L I Z A R P A G A M E N T O SD E R O T I N A N A P R I M E I R A Q U I N Z E N A D E J U N H O ;

    63,7%

    D A S E M P R E S A S E M F U N C I O N A M E N T O A N T E C I P A R A M A SF É R I A S D O S F U N C I O N Á R I O S D E S D E O I N Í C I O D AP A N D E M I A

    35,6%

    D A S E M P R E S A S A D I A R A M O P A G A M E N T O D E I M P O S T O S ;51,9%

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • D A S E M P R E S A S C O N S E G U I R A M U M A L I N H A D E C R É D I T OE M E R G E N C I A L P A R A P A G A M E N T O D A F O L H A S A L A R I A L ;

    67,7%

    Conforme os indicadores do SEBRAE[7], especificamente no Piauí, em março de 2020,uma semana após o início oficial do isolamento no Estado do Piauí, foi observada umaqueda nas vendas de 74% e uma queda no faturamento de de 86%. Já havia uma queda no faturamento, antes mesmo da pandemia. Ademais, na maioriadas empresas no Piauí, a queda de faturamento foi em até R$ 6.000,00 por mês. Fica em torno de 10 a 20 mil reais o valor médio dos empréstimos contraídos poraquelas empresas que responderam ser indispensável este tipo de financiamento emvirtude da pandemia. Os referidos valores são maiores do que faturam, em média, essasempresas.

    O Piauí é o estado com o maior percentual de empresas que responderam que seumaior custo é com dívidas e empréstimos (59%). O dado é alarmante, pois é umpercentual muito maior do que nos demais estados. Ademais, quando perguntadas seterão que recorrer a empréstimos para manter-se abertas, 52% das empresasresponderam que sim. A situação remete a um cenário de vulnerabilidade, pois 100% dasempresas, no mês de abril, responderam que pediram empréstimo e/ou solicitaramcrédito, e a grande maioria não teve o pedido deferido por já se encontrar negativada (ematraso). Esses dados mostram que as empresas já vinham com esse problema antes mesmo dapandemia. Outro aspecto relevante observado é a grande maioria de empresas que tematendimento presencial, o que levou a parar o funcionamento totalmente por causa dapandemia.

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    [7] As análises foram baseadas nas pesquisas dos bancos de dados e painéis interativos SEBRAE (SEBRAE. Serviçobrasileiro de atendimento às Micro e Pequenas empresas. Monitoramento COVID-19. Disponível em:. Acessado em 30.06.2020.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • A queda no faturamento em virtude da pandemia também  pode ser observadaregistrando 74% de perda de faturamento no mês  de abril e 88,3% de perda defaturamento no mês  de maio. Ressalta-se ainda que o estado do Piauí,  no mês  de maio,foi único estado  que não registrou qualquer aumento no faturamento, fato que se repetiuno mês  de junho, porém acompanhado de outros estados. Poucas demissões foramregistradas, principalmente pela forma como as empresas piauiense se constituem(microempreendedor individual), logo as empresas, em sua maioria, possuem poucos ounenhum funcionário. Apesar dessa característica, no Estado do Piauí  se observa um altoíndice  de demissões justificadas pelo fechamento do comércio por conta da COVID 19.

    17

    Olhando para essa categoria podemos fazer algumas inferências com base nos gráficosa seguir:

    Como supramencionado, no Estado doPiauí a maior parte dos empreendimentosse enquadra como MicroempreendedoresIndividuais, com faturamento médio deR$ 6 mil reais com destaque para ossegmentos de Construção Civil e Varejoque aparecem como os mais vulneráveis.

    O impacto é significativo nos setoresde comércio e serviços (base da economiapiauiense), não havendo registros naindústria.

    Fonte: painel interativo SEBRAE

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • 18

    Quando observados os microempreendedores, há uma maior distribuição, mas diferemuito pouco dos MEI nos segmentos, tendo a construção civil e varejo também muitaparticipação nos resultados, bem como no agregado, os setores de comércio e serviço.

    Por fim, quanto aos EPPs a distribuição é basicamente a mesma. Comprovando que noEstado do Piauí, comércio e serviços movimentaram muito a economia e são setoresvulneráveis, que estão sendo fortemente atingidos pela crise, bem como pelo histórico dedívidas.

    Fonte: painel interativo SEBRAE

    Fonte: painel interativo SEBRAE

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

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    Conforme a nota técnica n. 43 da IFI (Instituição Fiscal Independente)[8], o total deajuda da União para os Estados para compensar as perdas nas arrecadações pela crise doSars-covid-19 chega a R$ 107,1 bilhão. Ao Piauí, foram destinados R$ 1.343,1 milhões. Osvalores envolvem auxílio financeiro, complemento FPE, suspensão de dívida da União,Créditos para saúde, suspensão PASEP e suspensão de outras dívidas.

    As receitas nos 27 entes federativos caíram 15% em abriu e 23,9% em maio de 2020.Conforme as projeções do IFI a pior fase da economia deverá ser o segundo trimestre comqueda de 11,2% de receita estadual em relação a 2019.

    Ainda conforme a nota técnica, a ajuda da União aos Estados tem uma certadiscrepância, pois parte dos estados receberá ajuda maior do que as perdas, enquantooutros não terão ajuda suficiente a depender da intensidade e duração dessas perdas.

    No caso do Piauí, conforme a IFI, levando em consideração o valor destinado R$ 1.343,1milhões e a previsão de perdas acumuladas até dezembro de 2020, o valor da ajuda cobririaas perdas do Estado do Piauí. No entanto, o IFI faz uma outra previsão mais conservadora,na qual o valor da ajuda não cobre as perdas.

    [8]BRASI. IFI. Nota técnica n. 43 da Instituição Fiscal Independente. Disponível emhttps://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/573553/NT43.pdf. Acesso em 10 de jul. 2020.

    5. IMPACTOS NA ARRECADAÇÃO,FATURAMENTO DE EMPRESAS

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

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    5.1. ARRECADAÇÃO

    A arrecadação no Piauí, de janeiro a junho de 2020, teve uma variação negativa de 1,35%em relação a 2019, com queda de 39,97% em abril e 25,02% em maio. Especificamente em junho, o setor que mais contribuiu para a queda na arrecadação foio combustível que teve uma queda de 25% em junho, seguido por energia com 10%. Ovarejo, atacado e transporte, juntos, tiveram uma queda de 3%, sendo o terceiro emsetores a contribuírem na queda da arrecadação, seguido pelo combustível e energia.[9]

    Fonte: CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária

    [9] Dados colhidos pela SEFAZ-PI.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • Comparando 2019 e 2020, quanto ao faturamento, os piores meses foram abril e maio,que atingiram principalmente o varejo, depois combustível e a indústria. O varejo caiu32,1% em abril e 29,4% em maio. Já em junho melhorou com uma queda de 8%. A indústriateve uma queda alta em janeiro de 21,3% e terminou junho com uma queda de 4,9%. Oatacado teve a maior queda em abril (5,9%), se estabilizando em maio e resultou em umaumento no faturamento em junho (2,1%).

    MARÇO ABRIL MAIO JUNHO

    21

    5.2. FATURAMENTO[10]

    Em termos de setor econômico, especificamente em junho de 2020, verificamos asmaiores quedas em informática/equipamentos de comunicação (81,2%); couros ecalçados (79,3%); bares, hotéis e restaurantes (74,4%); e Têxteis e confecções (71,5%). Poroutro lado, cresceram os setores econômicos de Insumos, máquinas e equipamentosagropecuários (30,6%), Produtos alimentícios (26%), Supermercados/lojas departamentos(25,9%), Medicamentos/farmoquímicos (18,4%).

    Fonte: SEFAZ-PI

    [10] A análise nesse item foi baseada em dados informados pela SEFAZ-PI.

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • Utilizando critérios como dinamicidade do setor, número de empregos, quantidade deestabelecimentos, arrecadação e participação no valor adicionado bruto, as atividadescom MAIOR, MÉDIO e BAIXO impacto econômico são:

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    5.3. ATIVIDADES COM IMPACTO ECONÔMICO

    6. ALGUNS GASTOS NO PI E TERESINA (até22.07.2020)[11] Conforme dados do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI[12]), o governo doEstado abriu receita destinada ao combate à COVID-19 – incluindo EmendasParlamentares – no valor de R$ 104.767.229,37. Porém foram contratados ou gastos o valorde R$ 187.082.917,02, 78,6% acima da receita. Os maiores gastos do Estado foram em: aquisição de EPIs e/ou medicação no valor deR$ 42.347.322,30; aquisição de equipamentos médico-hospitalares na quantia de R$38.376.565,53; e o terceiro maior gasto foi na construção, reforma e/ou ampliação deunidade hospitalar na importância de R$ 30.662.313,17.

    [11] A presente análise levará em conta apenas os gastos realizados pelos entes a seguir expostos, conformedados do TCE-PI, de modo a observar a política fiscal expansionista adotada nesse momento de crise sanitária-econômica, mais especificamente relacionado a gastos direto pelo poder público.

    [12] BRASIL. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PIAUÍ. Painel COVID-19. Disponível em:https://www.tce.pi.gov.br/painel-covid/. Acesso em 22 de jul. 2020.

    Fonte: PROPIAUÍ – Plano de Retomada das Atividades Econômicas

    Impactos da Pandemia do Corona Vírus nas Atividades Econômicas no Piauí

  • Dos 19 itens em que estão direcionados os gastos do governo estadual, apenas um estárelacionado a gastos sociais, sob a rubrica de “fornecimento de alimentação e/ou cestasbásicas” correspondente ao valor de R$ 1.758.303,25. Portanto, não se vislumbra pelosdados apresentados pelo TCE-PI gastos direcionados ao auxílio de trabalhadores ouempresas - em especial as Micro e Pequenas Empresas. Quanto à capital do Piauí, foi aberto receita para gastos relacionados à COVID-19 novalor de R$ 116.325.588,60. O município de Teresina gastou um montante de R$106.783.262,59, o que corresponde a 91,8% do que foi direcionado. Os principais gastos de Teresina são em: aquisição de testes para diagnóstico deCOVID-19 na importância de R$ 18.768.720,00; construção, reforma e/ou ampliação deunidade hospitalar no valor de R$ 17.783.902,80; e aquisição de equipamentos médico-hospitalares em R$ 17.509.713,35. O município de Teresina não registra, segundo o TCE-PI, auxílio aos trabalhadoresafetados ou qualquer intervenção econômica. Porém, a quarta maior despesa domunicípio é referente ao gasto em fornecimento de alimentação no valor de R$14.965.600,16. Vale frisar que este dispêndio está relacionado diretamente à instituição doprograma “Teresina Solidária”, que consiste na concessão de cestas básicas aostrabalhadores autônomos em situação de vulnerabilidade financeira.. Essa medida foiconcedida pelo Decreto nº 19.652 de 14/04/2020, na qual, além das sociedades civis, ascestas básicas serão fornecidas através do programa municipal Benefício Eventual(regulado pela Lei nº 4.916 de 30/06/2016), que institui concessão de benefíciossuplementares e temporários à famílias afetadas por alguma situação atípica, comocalamidade pública. Os programas lançados pelo governo estadual (Programa Fundo de Aval para Micro ePequenas Empresas – FAMPE) e pelo governo municipal de Teresina (Tecnologiacomercial e criativa) tem como escopo auxiliar as Micro e Pequenas Empresas nessemomento econômico delicado, tanto para a sobrevivência financeira e contábil daempresa, bem como dos empregos que são gerados. Contudo, vale ressaltar que essasiniciativas devem buscar a maior efetividade e eficiência em sua concretização aliado coma desburocratização e rapidez que o momento excepcional exige. A retomada gradual do comércio deve ser aliada às políticas públicas interventivas parasuprimir mais de 4 meses de estagnação e recessão econômica que acarretou ainstabilidade e insuficiência de muitas empresas em manter seu negócio saudável, além,primordialmente, de medidas de segurança para conter a crise sanitária.

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    O presente estudo buscou a partir da identificação de algumas variáveis, perquirir quaissegmentos da economia piauiense foram mais afetados pela crise oriunda do vírus SARS-COVID-19. A análise se assentou nos resultados do desemprego e no impacto da renda(visto que a queda no número de empregados, impõe uma queda na renda das famílias epor sua vez impacta no consumo em geral), nos indicadores relativos ao porte dasempresas e a dificuldade de enfrentamento da crise, assim como pautou-se em dadosrelativos ao faturamento médio das empresas no período do decreto de calamidadepública/regras de isolamento e distanciamento social.             Os dados assim permitem assentar as seguintes conclusões:

    7. CONCLUSÃO

    NO PERÍODO QUE SUCEDE O DECRETO DE CALAMIDADE PÚBLICA E AEDIÇÃO DE NORMAS DE DISTANCIAMENTO E ISOLAMENTO SOCIAL, OPERCENTUAL DE EMPREGADOS DIMINUI CONSIDERAVELMENTE, O QUEPODE INDICAR CRISE POR PARTE DOS SEUS EMPREGADORES.

    A

    AS INFORMAÇÕES APRESENTADAS INDICAM QUE EMPRESAS DE MENORPORTE (MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS E EMPRESAS DE PEQUENOPORTE) FORAM BASTANTE ATINGIDAS PELA CRISE.

    B

    OS INDICADORES RELATIVOS AO PERCENTUAL DE FATURAMENTO (PORSEGMENTO OU ATIVIDADE ECONÔMICA) REVELAM QUE HÁ UMDECRÉSCIMO NA RECEITA DAS EMPRESAS, E ISSO CONDUZ A DUASPERCEPÇÕES. DE UM LADO AS EMPRESAS DEIXARAM DE VENDER E DEOUTRO O ESTADO DEIXOU DE ARRECADAR.

    C

    Os pontos acima identificados revelam que o setor do comércio/serviços é o maisafetado no Estado do Piauí pela crise SARS-COVID-19. Destaca-se o caso dos postos decombustíveis, cuja queda no faturamento ocorre por diversos fatores, desde a diminuiçãodo número de pessoas circulando em veículos particulares à diminuição do número depassageiros nos transportes públicos. Os setores que tiveram maiores demissões foram serviços, comercio e construção.Insta salientar que o comércio e construção são setores qualificados como de alto impactoeconômico. Considerando o varejo dentro do segmento comércio verificamos uma altaqueda de faturamento nesse setor, principalmente em abril. Assim, no Estado do Piauí,comércio e serviços movimentaram muito a economia e são setores vulneráveis que estãosendo fortemente atingidos pela crise, bem como pelo histórico de dívidas.

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    O Piauí precisará de políticas públicas voltadas para o Micro e Pequenosempreendedores, principalmente atividades que englobam comércio, que representaaproximadamente 57% dos negócios vulnerais e serviço, que representa aproximadamente25% dos negócios vulneráveis do Piauí. Insta salientar que no Piauí a maioria dos empresários já se encontra endividado antesmesmo da pandemia do COVID-19. Assim, o apoio maior nessa área é justificado pelosdados do sistema Caged e Sebrae que apontam os dois setores como mais vulneráveis e,ao mesmo tempo, geram maior empregabilidade sendo responsáveis respectivamente pelosaldo mensal (janeiro a maio) negativos de admissões e desligamentos de - 2.900 emserviços e -2.356 no comércio. Ademais, ressalta-se a necessidade de realizar políticas com transferência direta derenda, conforme os dados do IBGE que apresentam alta taxa de população afastada semreceber qualquer remuneração, que no Piauí é observado pelo grande número deempresas que não conseguiram adaptar o funcionamento (91,80% no mês de junho) comas mudanças provocadas pela pandemia e medidas de saúde adotadas pelo governo doestado. É certo que a pandemia vai exigir uma reformulação das práticas comerciais, seja naforma de comercialização ou no modo como os serviços são prestados. Passado o períodode rigidez do isolamento social, empresas de menor porte terão que ser objeto de maioratuação do Estado. Como os dados do SEBRAE revelaram a necessidade de empréstimos éuma realidade das mesmas. Desse modo, a criação de linhas de crédito subsidiadas (jurosmais baixos e atrativos) pode servir como ferramenta de diminuição dos efeitos da crisesobre essas empresas.

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  • Ainda, a concessão de isenções ou incentivos (mesmo que essas empresas já gozem decertos benefícios) pode ser uma alternativa, visto que abrir mão de uma parcela da receitaoriunda de impostos, pode trazer novas contratações (gerar mais empregos). Soluções criativas podem ser tomadas no enfrentamento da pandemia. Existemdiversos meios de dinamização da atividade econômica que também podem ser objeto depolíticas estatais (seja em nível estadual ou municipal). O fato é que a crise vindoura é uma realidade e não coloca o Estado do Piauí ou o Brasilem posição de exclusividade, na medida em que o mundo teve que refletir sobre os meiosde enfrentamento da crise. Os países viram a necessidade de uma presença do Estado na economia com o objetivode diminuir as repercussões negativas em segmentos estratégicos, como o caso dogoverno alemão e as políticas de auxílio às suas companhias aéreas. Logo, é inegável que, assim como na tomada de decisões em matérias sanitárias,também deve agora o Estado tomar posições firmes em matéria econômica para, dentrodas especificidades e identificados os setores mais afetados pela crise, investir emsoluções que minimizem o seu impacto e permitam a recuperação da economia em menortempo.

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  • Fotos: Aleck Foxheimmer@ aleckfoxheimmer_official