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1 1 1 º º a a n n o o , , 2 2 º º s s e e m m e e s s t t r r e e F FACULDADE DE FARMÁCIA DA U UNIVERSIDADE DO P PORTO F.F.U.P. 04/05

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1

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FFAACCUULLDDAADDEE DDEE FFAARRMMÁÁCCIIAA DDAA UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE DDOO PPOORRTTOO

F.F.U.P. – 04/05

Page 2: 76958141 Farmacognosia I

2

ÍNDICE

1. AÇUCARES SIMPLES .............................................................................................................. 5

2. POLIMERIZAÇÃO .................................................................................................................. 19

3. POLISSACARÍDEOS............................................................................................................... 22

1. AMIDO.................................................................................................................................... 22

2. CELULOSE .............................................................................................................................. 25 1) derivados de semi-síntese de celulose............................................................................... 25 2) algodão.............................................................................................................................. 25

3. GOMAS ................................................................................................................................... 26 3.1. Goma adraganta.............................................................................................................. 26 3.2. Goma arábica.................................................................................................................. 27 3.2. Goma caraia.................................................................................................................... 28

4. MUCILAGEM DE ALGAS .......................................................................................................... 29 4.1. Ácido algínico ................................................................................................................ 29 4.2. Carageninas .................................................................................................................... 31 4.3. Ágar-ágar ou celose........................................................................................................ 32

5. MUCILAGENS OBTIDAS POR PLANTAS SUPERIORES ................................................................. 32 5.1 “goma” de alfarroba ........................................................................................................ 32 5.2 “goma” guar .................................................................................................................... 33

6. POLISSACARÍDEOS PRODUZIDOS POR MICROORGANISMOS ...................................................... 34 6.1 “goma” xantana ............................................................................................................... 34 6.2 dextranos: ........................................................................................................................ 34

4. PLANTAS SUPERIORES PRODUTORAS DE MUCILAGENS........................................... 34

1. TANCHAGEM .......................................................................................................................... 35

2. LINHO..................................................................................................................................... 35

3. MALVAS ................................................................................................................................. 35

4. ALTEIA ................................................................................................................................... 35

5. RESUMO DOS AÇÚCARES................................................................................................... 36

6.COMPOSTOS SINTETIZADOS VIA ACETATO................................................................... 37

QUINONAS.................................................................................................................................. 39 2.1 classes existentes:............................................................................................................ 39 Dimerização .......................................................................................................................... 43 Hidrólise ................................................................................................................................ 44 Extracção selectiva................................................................................................................ 45 Caracterização dos compostos .............................................................................................. 45 Acções farmacológicas.......................................................................................................... 47

6.1 Plantas contendo antraquinonas laxativas (4 plantas) ......................................................... 48 1. Amieiro negro ................................................................................................................... 49 2. Cáscara sagrada ................................................................................................................. 49 3. Sene. .................................................................................................................................. 50 4. Aloés.................................................................................................................................. 50

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3

6.2 Plantas caract. Pela presença de quinonas não laxativas..................................................... 51 Hipericão ............................................................................................................................... 51

6.3 Plantas caract. Pela presença de naftoquinonas e orcinóis.................................................. 54 Orvalhinha............................................................................................................................. 54

6.4 Plantas com orcinóis (Cânhamo)......................................................................................... 54

7. GLICÓLISE .............................................................................................................................. 56

8. BIOSSÍNTESE DOS AÇÚCARES NO CICLO DE CALVIN ................................................ 57

9. SHIKIMATOS- BIOSSÍNTESE............................................................................................... 57

10. REDE BIOSSINTÉTICA DOS ÁCIDOS CINÂMICOS E BENZÓICOS ............................ 59

11. COMPOSTOS SINTETIZADOS VIA CHIQUIMATO......................................................... 60

1. FLAVONÓIDES ........................................................................................................................ 60 1.1. Classes dos flavonóides.................................................................................................. 61

1.1.1 flavonas .................................................................................................................... 62 1.1.2 flavonóis ................................................................................................................... 62 1.1.3 flavanonas................................................................................................................. 62 1.1.4 dihidroflavonóis ....................................................................................................... 63 1.1.5 flavanóis ................................................................................................................... 63 1.1.6 flavanodióis .............................................................................................................. 63 1.1.7 chalconas .................................................................................................................. 64 1.1.8 auronas ..................................................................................................................... 64 1.1.9 antocianidinas........................................................................................................... 64

Em relação à quercetina e cianidina...................................................................................... 65 Funções dos flavonóides nas plantas..................................................................................... 68 Utilização terapêutica............................................................................................................ 68 Propriedades biológicas......................................................................................................... 69 Especialidades farmacêuticas com flavonóides .................................................................... 70 Flavonóides nos alimentos .................................................................................................... 70 Plantas caracterizadas pela presença de flavonóides............................................................. 71

1) cardo mariano................................................................................................................ 71 2) ginko ............................................................................................................................. 71 3) maracujá........................................................................................................................ 73

Espécies caracterizadas pela presença de flavonóides .......................................................... 73

2. TANINOS................................................................................................................................. 74 Tanagem................................................................................................................................ 75 Massa molecular.................................................................................................................... 75 Definição clássica.................................................................................................................. 75 Classificação e estrutura dos taninos..................................................................................... 75

Taninos hidrolisáveis......................................................................................................... 75 Via biogenética dos taninos hidrolisáveis......................................................................76 Exemplos de taninos hidrolisáveis ................................................................................ 77

Taninos condensados (proantocianidinas) ........................................................................ 78 Via biogenética dos taninos condensados ..................................................................... 78 Exemplos de taninos condensados: ............................................................................... 79

Propriedades físico-químicas ................................................................................................ 80 Degradação das proantocianinas em meio ácido................................................................... 80

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4

Adstringência ........................................................................................................................ 80 Extracção dos taninos............................................................................................................ 81 Reacções de identificação ..................................................................................................... 81 Doseamento........................................................................................................................... 82 Propriedades biológicas dos taninos ..................................................................................... 82 Principais fármacos com taninos........................................................................................... 83

3. FENÓIS E ÁCIDOS FENÓLICOS .................................................................................................. 84 1. Plantas com fenóis simples ............................................................................................... 84 2. Plantas com ác fenólicos ................................................................................................... 85

1. Alcachofra ..................................................................................................................... 85 2. Alecrim.......................................................................................................................... 86 3. Chá-de-java ................................................................................................................... 87

Ácidos fenólicos nos alimentos............................................................................................. 87

4. LENHINA E LENHANAS ............................................................................................................ 88 Função da lenhina.................................................................................................................. 88 Importância da fibra alimentar .............................................................................................. 89 Principais tipos de lenhanas .................................................................................................. 89 Plantas com lenhanas ............................................................................................................ 90 Podophylum peltatum ...................................................................................................... 90

Derivados da pofilotoxina ............................................................................................. 92

5. CUMARINAS ........................................................................................................................... 93 Biossíntese............................................................................................................................. 93 Esqueleto base e numeração.................................................................................................. 93 Plantas caracterizadas pela presença de cumarinas............................................................... 95

1) pilosela .......................................................................................................................... 95 2) aspérola- odorífera ........................................................................................................ 95 3) meliloto ......................................................................................................................... 96 4) angélica ......................................................................................................................... 96 5) castanheiro-da-índia...................................................................................................... 97

Furanocumarinas e toxicidade............................................................................................... 98 Aplicações em medicina........................................................................................................ 99 Cumarinas e coagulação sanguínea....................................................................................... 99

6. SALICILATOS ........................................................................................................................ 101 Plantas com derivados do ácido salicílico........................................................................... 103

1. Rainha dos prados ....................................................................................................... 103 2. Salgueiro...................................................................................................................... 103 3. Choupo ........................................................................................................................ 104 Vanilla planifolia............................................................................................................. 105

7. XANTONAS ........................................................................................................................... 107

12. RESUMO DOS COMPOSTOS SINTETIZADOS VIA....................................................... 107

CHIQUIMATO ........................................................................................................................ 107 ACETATO ............................................................................................................................. 107

13. ERROS MAIS COMUNS DO EXAME LABORATORIAL............................................... 107

EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO DOS FLAVONÓIDES................................................................. 108 EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO DOS COMPOSTOS ANTACÉNICOS .......................................................108

Page 5: 76958141 Farmacognosia I

5

11.. AAÇÇUUCCAARREESS SSIIMMPPLLEESS

As plantas dependem:

enteprincipalmCO

Água;

Luz;

2

A partir do CO2, as plantas obtêm o carbono (C).

A partir da H2O, as plantas obtêm o hidrogénio (H) e o oxigénio (O).

↓ ↓

Redução do para obter

NADP à NaDPH moléculas

O CO2 é fixado no Ciclo de Calvin, por uma molécula (açúcar): ribulose 1-5 diP

Tem 5 átomos de carbono e fixa um CO2,ou seja, um C

Porém, sendo altamente instável, ela parte-se imediatamente em duas moléculas de

ácido com três carbonos cada: 3-fosfoglicérico.

A maior parte das enzimas são de natureza proteica, sendo a (proteína) mais abundante

a: CARBOXIMUTASE (é o sistema enzimático que cataboliza esta reacção em causa).

⇓ porquê?

1) A biomassa vegetal é muito mais abundante que a biomassa animal, a face do planeta;

2) Todas as plantas fotossintéticas têm que ter a carboximutase.

Então, pelo esquema:

O ácido tri-fosfosglicérico dá origem a 3-fosfogliceraldeído ou aldeído-3-fosfoglicérico.

Este último junta-se a uma molécula de hidroxocetona fosfato que também é uma molécula

com três átomos de carbono.

A frutose 1,6 difosfato passa a uma molécula com quatro carbonos, posteriormente esta

passa a uma molécula de sete carbonos. Esta última passa para dez átomos de carbono e a

ribulose-5-fosfato passa a ribulose 1,5 difosfato.

Page 6: 76958141 Farmacognosia I

6

NOTA:

Quando um ácido se transforma num aldeído, ocorre a seguinte reacção:

OHCH

|

OHCH

|

COOH

OHCH

|

OHCH

|

CH

22

2

−−→−−

glicerina; ácido glicérico

glicerol;

aldeído gliceríco;

iupac: 1,2,3-propanotriol

A ribose vem do DNA e é um aldeído;

A ribulose é uma cetona.

CICLO DE CALVIN OU CHANG DAS PENTOSES

↓ ↓ Sintetiza açúcar, sendo embora haja açucares com 4,5,6 e 7 C. a mais importante: frutose

↓ Onde é que ela se encontra no esquema?

Não se encontra no esquema porque:

Ao fim de 6 voltas, há fixação de 6 C (, uma vez que há fixação de 1CO2, logo 1C em

cada volta).

Há formação de uma frutose 6-fosfato que sai do ciclo e vai ajudar na formação de

outros açúcares.

AÇUCARES: obrigatoriamente são cetonas ou aldeídos polihidroxiladas (porque tem vários

hidroxilos) em que a proporção de H,O e C é a mesma que a dos

hidrocarbonetos: 1C para cada H2O, ou simplesmente, C(H2O).

Os açúcares podem ser:

� Pentoses;

� Hexoses;

� Cetoses;

� Aldoses.

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COMPOSTO OU AÇÚCAR L OU D: segundo o último OH que se encontra antes do CH2OH (para

a esquerda: L e para a direita: D), e não segundo a

rotação da luz1 (isto são os açucares Levógenos e

Detrógenos)

REPRESENTAÇÃO DE FISHER

⇓ D – glucose L - glucose ATENÇÃO: em química em relação aos

açúcares, os H não se representam para não sobrecarregar as estruturas. Nas outras moléculas que não são açúcares, um traço significa que é um grupo metilo.

QUADRO DE ROSANOFF

1 Ver quadro de ROSANOFF

Page 8: 76958141 Farmacognosia I

8

No meio (ou núcleo)1: L-glicerose e D-glicerose

Se se acrescentar um C (mais um H e OH, para respeitar a estrutura C(H2O), há duas

possibilidades:

uacrescentosequeOHdoorientaçãoaserádiferençaatriose)2

eritrose)1

2

↓ segundo o poder rotatório específico:

A L desvia a luz -13º e a D desvia a luz +13º

ISÓMEROS: moléculas que têm a mesma forma molecular bruta

Todos os compostos que se podem encontrar em C20H27O3, todos eles são isómeros.

Mas neste caso, são chamados de ENANTIÓMEROS3: isómeros que estão virados um para o

outro, como um objecto está para a sua

imagem, no espelho plano.

Ex4.: Se a L-glucose desvia a luz –Xº

para a esquerda, a D-glucose

desvia +Xº para a direita.

CICLICAÇÃO DOS AÇUCARES5

Ligações simples: sigma (+ estáveis)

Ligações adicionais: pi (+ fracas)

Á um aldeído, adiciona-se obrigatoriamente uma molécula de água a uma ligação dupla

(ou pi), e posteriormente, à nova molécula retira-se outra molécula de água, afim de não alterar

a estrutura.

1 Tem 3 átomos de carbono e não há mais açúcar que se possam fazer com 3 átomos de carbono. 2 A triose e a eritrose não têm nada a ver uma com a outra. 3 No exame se aparecer “escreva o enantiómero de um composto” ter em atenção em fazer uma simetria em relação ao Oy, ou seja, inverter tudo. 4 Ver exemplos no quadro de Rosanoff 5 Na natureza os açúcares não existem abertos, a prof. fala deles para entender certos aspectos através da teoria.

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9

Ex.: no caso da glucose têm apenas uma ligação dupla, logo é aí que se adiciona a H2O.

Como na Natureza não há ligações grandes e outras pequenas, mas sim todas com o mesmo tamanho, então representa-se assim:

A representação de

açucares em polígonos: 1repres. de HAWORTH

Não é possível haver ciclicação de um açúcar de 2 carbonos (, porque a fig. geométrica

que se obteria era um triângulo, sendo na Natureza altamente instáveis).

O polígono de maior estabilidade é o hexágono e posteriormente aceitável o pentágono

(ligação do O com o carb. 4).

Porquê?

O hexágono é o que respeita mais o ângulo (± 108º) da formação tetraédrica do

carbono, daí a água é posta com o carb.1 e o último.

REGRA quando se passa da repres. de Fisher para a de Haworth:

Os OH da direita representam-se para baixo, e os da esquerda para cima.

1 Ver pagina seguinte sobre o amido e a celulose

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Os desvios da luz devem-se ao facto de haver carbonos assimétricos (carbonos

esteriogénicos ou carbonos quirais)

� Um carbono é quiral se tiver os 4 radicais todos diferentes.

� Se o colocarmos num polarímetro, dá para saber se é quiral ou não, consoante o desvio

da luz.

Ex.:

1) Um aldeído NÃO é quiral porque tem 2 radicais iguais ( tem duas ligações para o

mesmo O)

2) CH2OH NÃO é quiral porque tem 2 radicais iguais.

3) Se um composto tiver dois radicais mas com números de carbonos diferentes, É

quiral.

A glucose tem 4 carbonos quirais (carbono 2,3,4 e 5), pelo que tem 161 (2nr de carbonos

quirais) isómeros para pentoses, na representação de Fisher.

⇓ nas outras:

O carbono 1 passa a ser quiral (devido a existência das formas βα e ), pelo que se tem

32 (25) possibilidades de isómeros.

Muito importante em termos

práticos

Ex.:

O amido é um polímero ecosgluD −−α

A celulose é um polímero ecosgluD −−β

1 Pode-se confirmar no quadro de Rosanoff na última coroa circular, existem 16 possibilidades diferentes de esteriogénicos, embora nem todos existem na natureza (alguns são teóricos).

C3comR

|

OHCC5comR

|

H

−−′′

OH

|

HC

|

H

−−K

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A celulose e o amido são isómeros, mas são diferentes, uma é β e outra é α

respectivamente, mas nós podemos ingerir amido e não podemos ingerir celulose.

O açúcar mais abundante do mundo é a glucose que é uma aldohexose, ou seja, uma

aldose. As aldoses têm 6 carbonos.

As representações lineares com tracinhos ao alto: na ponta de cima aldeído; na ponta de

baixo álcool primário, e depois os traços significam OH/álcoois. São as chamadas

representações de Fisher que obviamente não servem para as cetoses. Apenas servem para as

aldoses porque na ponta está um aldeído.

As séries L e D que têm a ver com a orientação do último OH.

Enantiómeros são isómeros muito especiais.

Fazem parte do grande número de isómeros mas estão

um para o outro, como um objecto para a sua imagem

num espelho plano.

A ciclização dos açúcares introduz uma

molécula de água na dupla ligação, a partir de um

aldeído, ficando com um hidrato de aldeído (aldeído

com água). E depois por perda de água ele ciclizava.

SÉRIES Α E Β.

A introdução de água, cria-se um carbono com dois OH e um H, e com a perda de água,

a ciclização.

Enquanto que no outro açúcar tinha-se 4 carbonos espirais, agora existem 5. Existe

mais um par possível, que é o correspondente ao carbono 1.

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Na imagem há um traço para o lado porque pode ser α ou β conforme o traço estiver

para cima ou para baixo. O da esquerda é α-D-glucose e o da direita é a β-D-glucose.

Os carbonos são tetraédricos, têm 4 ligações quando são ligações simples e derivações

SP3.

Hibridações SP3. As S têm forma esférica e as P têm forma globular, o que significaria

que os ângulos das ligações teriam 90º. Não têm 90º, por isso na Natureza as ligações não se

fazem por orbitais P mas sim por híbridos de S e P. Daí terem ângulos de aproximadamente

108º.

Num hexágono regular temos 120º como ângulo interno. Significa que há uma certa

diferença entre 120 e 108, ou seja, as moléculas reais não são planas. A molécula de glucose

não é plana porque os ângulos não são de 120º. Significa que as moléculas reais não são planas

mas vistas de lado podem ter conformações diferentes.

Os açúcares eram aldoses na maioria e alguns cetoses (que são menos frequentes na

Natureza), mas há uma muito frequente que é a frutose (imagem à esquerda). É uma

cetohexose (6C). A estereoquímica é idêntica à da glucose, ou seja, o terceiro carbono tem o

OH para a esquerda, o quarto carbono e o quinto têm o OH para a direita. A diferença está em

que a glucose tem a função aldeídica, a função CO está no extremo, na frutose a função CO

está no segundo carbono. Significa que já não é um aldeído, é uma cetona. A diferença é que

uns têm CO no extremo, outros têm-no no meio da cadeia.

1

1 Um exercício para fazer em casa: fazer com uma frutose o mesmo que à glucose, introduzir uma molécula de água na dupla ligação, fica CO. Introduzir uma molécula de água na dupla ligação que fica COH e do outro lado OH. Um OH para cada lado e retira-se uma molécula de água como se faz com a glucose. Para retirar a molécula de água pode-se fazer de duas maneiras: 1) Uma é retirar a molécula de água está entre o segundo carbono e o quinto. O polígono vai ter quatro lados, e o oxigénio vai ficar a fazer a ponte, cinco lados. O carbono dois é o que está do lado direito porque é o carbono que ficou com o OH pendurado. O dois é o que por um lado fez a ponte e por outro lado ficou com o OH daquele lado. A ponte está feita entre o 2 e o 5. Temos um pentágono. 2) Outra, é retirar da água entre o OH do carbono 2. A retirada da água faz-se obrigatoriamente com o carbono que tinha a dupla.

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A ciclização faz-se sempre com o OH que tinha a dupla ligação, neste caso, sempre

obrigatoriamente no carbono dois.

Pode-se também retirar a água entre o OH do carbono dois e do seis, ficando com seis

lados. O carbono 6 fez a ponte. A ponte feita entre o 2 ligado com o 6.

Obtem-se um hexágono, isto tem implicações. Podem coexistir, mas os pentágonos

estão mais longe dos ângulos de 108º, logo é mais instável.

Os açúcares podem ser de dois tipos: abertos ou fechados. Estes últimos podem existir

em duas formas:

1. Furanos1: A estas formas pentagonais que têm um oxigénio num ângulo (no vértice).

2. Pirano: é uma forma hexagonal com um oxigénio no vértice.

PROJECÇÕES DE HAWORTH: HÁ FORMAS FURÂNICAS E PIRÂNICAS.

Ciclo de Calvin, ciclo onde são fabricados

os açúcares a partir da entrada de dióxido de

carbono. Estas moléculas que aqui estão são todas

açúcares com 3, 4, 5, 6, 7 átomos de carbono. Uns

aldoses, outros cetoses. A ribulose é uma cetose,

ribose é uma aldose, a frutose é uma cetose, etc.

Todos eles estão em movimento mas, como se

sabe isso? Como se sabe que estão activadas e

comos e sabe qual é o activador?

(Atenção: neste quadro só estão as hexoses mas as plantas também têm pentoses).

2 Ou hidrofurano, consoante o caso.

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14

O activador destas moléculas é o fosfato. Estão todas ligadas ao ácido fosfórico que é

também um activador de outras moléculas. As plantas começam por fabricar frutose e não

glucose. Depois, têm de fazer todos os outros açúcares a partir da frutose. Há enzimas, e nem

todas as plantas têm todas as enzimas. Nem todas produzem todos estes açúcares mas agora, a

partir da frutose, pode ser transformado em glucose, manose xilose, etc.

Há uma série de enzimas que as plantas têm, que servem para transformar o primeiro

açúcar em vários outros açúcares conforme a necessidade da planta.

Dos açúcares mais abundantes, um é sem dúvida a galactose que é um dos açúcares

que vai constituir a lactose que é o açúcar do leite.

Nas pontas do esquema, já não há fosfato, estas pontas já são moléculas arrumadas,

armazenadas para usar quando necessários às plantas como fonte de energia, já não estão em

movimento.

Temos dois tipos de activadores: fosfato e UDP.

Os açúcares existem preferencialmente na forma fechada o que não quer dizer que não

possam abrir de vez em quando. E como se sabe isto?

Uma frutose, um pirano e um furano; frutopiranose e frutofuranose.

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Duas conformações diferentes de glucopiranoses, dois confórmeros: duas formas da β-

D-glucopiranose, que significa que também há α-D-glucopiranose e α-L-glucofuranose. A

partir da glucose pode-se hipóteses de criar várias formas de açúcares. Isto, teoricamente

porque na Natureza não há assim tantos.

Isto é uma D-glucose. Tem-se de reconhecer que

é logo um açúcar, um açúcar é um pirano ou um furano

com OH’s pendurados em todos os carbonos. Já não há

função aldeídica porque está ciclizada, recebeu água e perdeu água. Era um aldeído hidratado,

que recebeu água e depois perdeu água, e agora já não é aldeído, é semi-aldeído.

Não é um álcool porque este OH (do aldeído semi-hidratado) é completamente

diferente de todos os outros OH’s. Este OH continua a ter grande parte das propriedades dos

aldeídos, não todas, mas uma grande parte. É um OH super especial e diferente dos outros. É

igual mas tem propriedades completamente diferentes.

Na frutose, o OH especial é o do carbono 2. É o OH pendurado no carbono que tinha a

função cetónica.

Sabe-se que é uma glucose e não outro açúcar porque sei distinguir devido à orientação

dos OH’s. Neste anel de fora, tudo isto são hexoses, aldohexoses, a única diferença está na

orientação dos OH’s.

Conforme esta orientação é uma glucose, ou manoses ou galactose. Só é necessário

saber as orientações da glucose. O 2 é para baixo, 3 para cima, 4 para baixo.

L ou D-glucose?

Com as formas de Fisher, sabe-se que é uma D-frutose porque o último OH está para a

direita.

Uma D-frutose por convenção, porque o “último”carbono, CH2OH está para fora do

anel, senão era um L-açúcar.

α ou β açúcar? É β açúcar porque o OH da direita, está para cima. O de

cima é α porque está virado para baixo.

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16

No esquema está

representado uma

piranose. OH para

baixo, para cima e para

baixo. É uma D-glucose

porque tem CH2OH

para fora do anel. É um

α porque o OH do carbono um está virado para baixo. Isto é α-D-glucopiranose (imagem da

esquerda). Até tem um + no meio, o que significa que vira a luz para a direita.

Se se comprar ao fornecedor α-D-glucopiranose, meter em água (faço uma solução), e

meter num polarímetro, descubre-se que ela tem um ângulo de rotação de +112º. Se se comprar

β-D-glucopiranose, e a meter num polarímetro, descubre-se que tem uma rotação de +18,7º.

Trinta minutos depois, cada uma (α e β) estão ambas a desviar a luz a 52º (o acetato

cortou). Isto aconteceu porque quer no tubo, quer nas soluções, o açúcar (α ou β), abriu, passou

à forma aldeídica intermediária e tornou a fechar em forma β. Existe no fim um equilíbrio de

34% de um para 66% de β. Se fizermos as contas: (34% x 112º) + (66% x 18º) dá-nos 52º

finais.

Ou seja, quando se compra um açúcar no estado sólido ele vem α ou β, mas se o meter

em solução ele abre e torna a fechar atingindo um equilíbrio em que tem as duas formas

misturadas.

Em solução, tem-se sempre α e β açúcar. A este fenómeno chama-se o fenómeno da

mutarrotação ( a forma aberta é uma quantidade ínfima).

Nota:

Este equilíbrio de 66 para 33 é típico da glucose. Outro açúcar qualquer também faz

equilíbrio mas com outras percentagens. Se se tiver um açúcar, não souber qual é, e o meter no

polarímetro, através do desvio eu posso saber que açúcar lá tenho, porque cada açúcar tem o

seu desvio típico, portanto é um método de identificação dos açúcares e de controlo de

qualidade.

Ex.: Se se comprar açúcar e o meter no polarímetro, se ao fim de meia hora eu não

obtiver um desvio de 52º, ou não é glucose ou é glucose misturada com outra coisa qualquer.

Daí ter interesse no controlo de qualidade das substâncias.

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17

No secundário, para testarem

vários açúcares, usava-se licor de

Fehling.

Ex.: Sabe-se que se tem em

solução é uma mistura de α e β açúcar.

Mas não interessa se é de α ou β porque

qualquer um deles abre e reage com o

licor de Fehling.

O Fehling é uma coisa muito

complicada mas pode-se dizer que é hidróxido de sódio 2+ (valência 2). Apenas as formas

abertas reagem com Fehling (porém as formas fechadas abrem). Então a forma aberta reage

com o Fehling e dá-se uma reacção de oxidação-redução. O cobre que é valência 2 vai passar

a valência 1. O aldeído é oxidado a ácido. Este hidróxido cuproso (hidróxido de cobre 1) é

instável e por aquecimento perde água e dá óxido cuproso que contém cor de tijolo. É assim

que se sabe se se está perante um açúcar redutor ou não.

Só a parte aberta reagiu, ou seja, será que só uma pequena parte reagiu?

Quando a forma aberta se gasta, as fechadas abrem-se e assim gasta-se todo o açúcar.

Isto dava muito bem com os monossacarídeos, alguns dissacarídeos mas não dava com

polissacarídeos.

A arabinose é dos mais abundantes. Há outro que também é muito abundante que é a

ramnose que termina não em CH2OH mas em CH3.

Ácidos urónicos: São produtos de oxidação dos açúcares ao nível do álcool primário

que está no carbono 6, se for uma hexose. É o que ficar de fora (ou dentro do anel) mas a maior

parte é de fora. Em vez de termos CH2OH, temos COOH, isto é, a função álcool está oxidada a

ácido. Este é o ácido galactorónico e o ácido glucorónico.

A diferença é a orientação do grupo OH, no carbono quatro, neste caso em vez de estar

para baixo está para cima.

Page 18: 76958141 Farmacognosia I

18

Este açúcar é o α-D-glucopiranóico. Estes açúcares são muito abundantes na Natureza, ácidos

urónicos que é o nome das classes, mas depois cada um tem o seu nome próprio.

Itóis (tb abundantes): que são os produtos da redução ao nível da função

carbonílica.Esta é a glucose (direita, esquerda, direita, direita).

Ex.: a função aldeídica da glucose foi reduzida a álcool, passando a ser glucitol. Se

fosse galactose seria galactitol. É só tirar o “ose” e acrescentar “itol”. Este açúcar é mais

conhecido por sorbitol, é o nome vulgar porque foi isolado das sorbas, frutos muito doces que

se descobriu serem constituídos por estes açúcares.

Obviamente o sorbitol já não reduz o Fehling porque já não tem função aldeídica.

Utilização em farmácia de alguns açúcares e seus derivados

A glucose- é o mais abundante e mais simples. Chama-se também dextrose porque vira

a luz polarizada para a direita. Apesar de ser um nome antigo, ainda se encontra, sobretudo em

rótulos.

A frutose também chamada levulose por virar a luz para a esquerda, é também usada

na alimentação parenteral e é muito usada como edulcorante. (Edulcorante é o nome

farmacêutico para os adoçantes)

O sorbitol é um excelente edulcorante e é também um bom humectante (manter

determinadas preparações húmidas porque retém humidade). É aquilo que vemos nos rótulos

como E-420 (“E” significa aditivo, e se começar por 4 significa que pertence à classe dos

açúcares).

Manitol é o primo da manose, o álcool correspondente ao açúcar da manose

(aldohexose). Manitol é o E-421, também é um edulcorante.

Page 19: 76958141 Farmacognosia I

19

Outros “primos” de açúcar também usados em farmácia:

A vitamina C (ác.ascórbico e é feita a partir

da glucose no organismo das plantas) é o E-300

(pertence à classe dos acidificantes) embora não

seja só acidificante. Nos sumos, quase todos levam

vitamina C, não para prevenir o escorbuto ou por

falta de vitamina C, mas sim porque é um excelente

anti-oxidante e também é acidificante.

É usada para combater o escorbuto que é uma avitaminose. Então porque é que metade

dos medicamentos que tomamos tem vitamina C? Porque além de ser anti-oxidante e

acidificante, o médico quando encontra um doente que precisa de receitar qualquer coisa,

receita vitamina C porque não lhe faz mal nenhum,

As maiores fontes de vitamina C são as batatas e as couves.

A indústria farmacêutica e sobretudo a indústria alimentar precisa de muita vitamina C. Como

será que a vão buscar? Obviamente que ir buscar à Natureza fica cara.

Actualmente são as bactérias que fazem vitamina C a partir de sacarose. Não é qualquer

tipo de bactérias, são algumas que a produzem a partir de sacarose.

22.. PPOOLLIIMMEERRIIZZAAÇÇÃÃOO

Para que um açúcar esteja activo para se transformar noutro açúcar), tem que estar

ligado a uma activador: fosfato e em alguns casos o UDP.

Neste caso, para que o açúcar se ligue a qualquer coisa também tem que estar ligado ao

UDP.

Estas polimerizações são complexas e catalizadas por enzimas.

Exemplo 1:

A glucose: β -D-glucopiranose e a β -D-gulopiranose

Um açúcar está ligado ao UDP. Este último leva um açúcar a outro casando, neste caso,

com o carbono 4, ficando na mesma a gulopiranose com um radical qualquer

β -D-glucopiranose β -D-gulopiranose 4-β - D - glucopiranosil – D – gulopiranose

CH2OH

O O-UDP

CH2OH

O OH

CH2OHCH

2OH

OOO OH

+

Page 20: 76958141 Farmacognosia I

20

N.P.F1.: glucose: 4-β - D - glucopiranosil – D – gulopiranose

↓ ↓

radical produto base

- A glucopiranose está ligada a gulose, mas esta está livre, porque não deixa de

ser um açúcar.

- Tem capacidade de mutarrotação, porque um deles pode abrir (tem duas

formas α e β )

NOTA: a ligação faz-se sempre através de um OH proveniente da função carbonílica (na

glucose, o carbono 1 redutor do grupo aldeído).

Exemplo 2:

Lactose2: β - D- galactopiranose e β -D-glucopiranose

A ligação é feita através do carbono 4 (e por isso se chama lactose, se o carbono fosse

outro, o nome seria diferente).

β - D- galactopiranose β -D-glucopiranose 4-β - D - galactopiranosil – D – glucopiranose

OU

OU

1 Nome do produto final 2 Açúcar do leite

+

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21

N.P.F: lactose: 4-β - D - galactopiranosil – D – glucopiranose

Significa que a lactose continua a ter propriedades de açúcar.

NOTA: Há exemplos que não diz de é β ou α , isto acontece devido ao fenómeno da

mutarrotação. Quando já está numa das duas formas, não há como voltar atrás.

NOTA 2: no papel coloca-se traços para baixos ou para cima, a fim de facilitar a compreensão

dos açúcares. Na natureza não há problema se um traço está para baixo ou para cima, uma vez

que as moléculas encarregam-se de se colocar em boa posição (podem se inverter) para se

ligarem.

Exemplo 3:

Sacarose1: β - D- glucopiranose e β -D-frutofuranose

A ligação entre a frutose e a glucose é feita através do OH do carbono 2 redutor da

frutose e o OH do carbono 1 redutor da glucose.

⇓Daí que:

A sacarose não tem mutarrotação;

Não reduz o Felhing

β - D- glucopiranose β -D-frutofuranose β -D-frutofuranosil-α -D-

glucopiranósido

N.P.F: O nome seria β -D-frutofuranosil-α -D-glucopiranósido, desta vez aparece duas letras

gregas, porque não há mutarrotação. Logo neste caso não se pode dizer que um seja radical da

outra. Porém quem lhe deu o nome, escolheu uma como uma molécula base e outra como

radical, ficando o nome: β - D- fructofuranosil – piranósido2.

1 Obtida industrialmente da cana do açúcar ou da beterrava (Europa). No laborat´rio é obita pelos dois açúcares acima referidos. 2 Piranósido: está ligado a qualquer coisa.

+

OOH

CH2OH

CH2OH O

CH2OH

O

HO2HC

O

CH2OH

Page 22: 76958141 Farmacognosia I

22

Nota:

Nos acetatos existe outra representação para:

A glucose: A frutose:

Concluindo, na Natureza vegetal não há muito dissacarídeos (sacarose) nem

glissacarídeos, há sim muitos polissacarídeos.

33.. PPOOLLIISSSSAACCAARRÍÍDDEEOOSS

1.Amido (derivado de celulose)

2.Celulose

3.Gomas

4.Mucilagens de Algas

5.Mucilagens obtidas por plantas superior

6.Polissacarídeos obtidos por microorganismos

Nota:

Os humanos usam os seguintes polímeros de açúcar:

• Todos os monoaçúcares;

• Sacarose em se transforma em calorias;

• Amido;

• Lactose1 (em certas circunstâncias: a quem diga que se usa até os 6 anos);

1. AMIDO

� Polímero de α -D- glucopiranose (glicose) com ligação 1-4;

� Organiza-se em grãos de características diferentes conforme a espécie botânica;

� Não tem capacidade redutora;

� Planta com amido: canela, salsaparrilha;

� Amido (cereais): batata, trigo…→ têm amido branco; é pelo tamanho e pelo feitio que

se distinguem os diferentes tipos de amido. Ou seja, cada espécie vegetal organiza o

amido de forma diferente e permite distinguir as espécies vegetais.

� Mistura de dois polissacarídeos: amilose e amilopeptina

1 as vezes nos medicamentos há referência da existência de lactose,porque algumas pessoas são alégiras.

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23

DIFERENÇAS ENTRE A AMILOSE E A AMILOPEPTINA

AMILOSE:

• Polissacarídeo linear (250/300 unidades de α -D- glucopiranose)

• Ligação sempre 1-4;

• É sempre α ;

• Constitui 20% do amido;

• Mais solúvel em água que a amilopeptina

• Tendência de enrolamento helicoidal (não tem forma linear) que é responsável

pela coloração azul com iodo.

↓ porquê?

O iodo é uma molécula grande (peso molecular 254) que se introduz na hélice, dando a

coloração azul à solução.

↓ como se sabe se a solução tem iodo através de testes da farmacopeia.

O amido, assim como os outros polímeros, não é solúvel em água, porque é demasiado

grande. Quanto muito, faz-se uma suspensão de amido em água. De seguida, junta-se iodo e

fica azul.

Quando se aquece, a cor desaparece, pois a hélice desenrola-se. Quando se deixa

arrefecer, a hélice enrola-se e a cor azul reaparece.

AMILOPEPTINA:

• Polímero ramificado;

• Nas porções lineares, as ligações são do tipo 1-4;

• Nos pontos de ramificação, as ligações são do tipo 1-6;

• Constitui 80% do amido;

• Menos solúvel, mas também retém mais a água.

Explicação do mecanismo do acetato.

Cada pontinho é uma glucose. A figura representa então um polímero de açúcar.

Quando se coloca amido ou outro polímero de açúcar em água, ocorre certas alterações ou

junções, até haver cruzamentos.

Estando próximas, formam-se pontes de hidrogénio, formando assim uma rede. daí a

molécula não ser solúvel e inchar (importante na industria farmacêutica: fabrico de

espessantes)

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24

Exemplo:

Gelatina1→ as moléculas andam se uma lado para o outro enquanto mexemos. Quando

deixamos em repouso, elas formas pontes de hidrogénio em vários pontos, formando uma rede.

NOTA:

Os açúcares ligam-se ao UDP para se poderem ligar a outros açúcares e formar

dissacarídeos, tetra… polissacarídeos.

Todas as plantas fazem amido em maior ou menor quantidade. O amido funciona como

substância de reserva e quando precisa, hidrolisa-o através de enzimas.

Acetal: produto de uma ligação de um aldeído e dois álcoois.

1

Esta ligação não é tão frágil como a éster.

Nos laboratórios quebra-se essa ligação com ácido e aquecimento: hidrólise

lise por acção da água, porque ao introduzir uma

molécula de água, regenera-se os dois açúcares.

Isto faz-se com a ajuda do ácido, porque se o amido hidrolisa com água, há que reparar que

quando se cozia batatas teríamos no final uma solução de glucose.

1 Ter em atenção que a gelatina são proteínas

→ hidróliseda´depois

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25

O AMIDO É USADO EM FÁRMACIA COMO:

Diluente: dilui princípios activos (dá volume);

Adjuvante em algumas formulações

DERIVADOS SINTÉTICOS DO AMIDO

� Amido modificados;

� Ciclodextrinas: dextrinas ciclizadas usadas em ciências farmacêuticas

� Dextrinas1: são amidos mais curtos; são feitos no laboratório por quebra do amido (não

existe na natureza).

2. CELULOSE (este açúcar são β , enquanto que o amido é α )

� β -D- glucopiranose com ligação 1-4;

� Os humanos não são capazes de ingerir celulose, ao contrário do amido.

� A celulose é usada pelos ruminantes devido às bactérias que existem no intestino que a

decompõem em açúcares utilizáveis.

1) DERIVADOS DE SEMI-SÍNTESE DE CELULOSE

Álcool ligado ao radical. Este pode ser: CH2CH3; CH3;CH2COOH;

Estes radicais são introduzidos no laboratório (não são

naturais)

Se o radical não tiver nada (CH2OH): celulose *Se o radical for CH3: metilcelulose *Se o radical for CH2 CH3: etilcelulose *Se o radical for CH2COOH: carboximetilcelulose

Função ácida, logo está sob a forma de sal sódico ou cálcico.

2) ALGODÃO

As flores murcham e dão frutos secos. Estes abrem e dão sementes. Estas possuem

pêlos gigantescos (que podem ter vários centímetros) que correspondem aos fios do algodão.

1 Ex: a maltose não existe pratcamente na Natureza, existe como produto de degradação do amido.

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26

3. GOMAS (3 tipos)

� Polissacarídeos heterogéneos (vários tipos de açúcares no mesmo polissacarídeos, ao

contrário do amido e da celulose);

� Polissacarídeos ramificados (quase todos);

� Contém à mistura ác. iurónico (açúcares que no C6, em vez de ter CH2OH, têm COOH)

� Num modo geral não existem nas plantas;

� São produtos pastosos1 (nas primeiras horas é mole, com o passar do tempo vão

endurecendo)

� São gerados normalmente por traumatismo (3 tipos):

1. Produtos patológicos: agressão de um vírus, bactérias;

2. Diferença de calor muito bruscas;

3. Traumatismo físicos (incisões): os trabalhadores dão golpes nas plantas e

estas fazem gomas para cicatrizar os golpes.

� Resultam de vários polissacarídeos (peptinas) das paredes celulares

↓ nelas existem:

Celulose;

Emicelulose (celulose modificada, acepilada)

Peptinas2 (nem todas as plantas têm (umas têm mais do que outras)

Enquanto que, os amidos são produtos puros, porque resultam de um processamento

industrial (100% glucose, praticamente), a gomas são tal e qual como saem das planas, por isso

não são 100% puras.

3.1. GOMA ADRAGANTA3

produzida por espécies (leguminosa) do género Astragalus, principalmente A

gummifer

Tem forma de fragmentos achatados e estriados (porque o ferimento da planta

não é perfeito), translúcido, córneos e claros.

Tem: água, minerais, um pouco de amido4 e dois polissacarídeos;

� 30% de tragacantina com galactose (principalmente) e arabinosa;

1 Pastosos: porque vêm misturados com água (e outras coisas) 2 Existem em abundâncias nas cascas dos marmelos. Quando se faz geleia, deixa-se ferver as cascas até obter uma certa consistência. É aí que

as peptinas passam das cascas para a água. São também polissacarídeos com ácido uirónico. *exfoliantes espessantes 3 No exame: “Se se tiver uma solução de gomas, como se pode saber se é a aráia ou a adaganta?”; R: efectua-se o teste de iodo (detecta amido) 4 Este facto permite distinguir esta goma da goma arábia através da microscopia

Page 27: 76958141 Farmacognosia I

27

� 70% de bassorina (ou ác tragacântico): ác galacturónico, xilose,

galactose e fucose

Em água tem pH ácido devido à presença de ác. galacturónico.

Emprego:

ligante→ em pílula e comprimidos

espessante

3.2. GOMA ARÁBICA (principal produtor: Arábia)

Produzida por incisões no tronco de uma leguminosa: acácia (sendo a principal, a acácia

Senegal);

Tem forma de lágrima;

Têm: água, sais minerais, taninos, oxidases e um polissacarídeo (antes era o ác. arábico)

� É heterogéneo;

� Contém:

• 35% de galactose,

• 30% L-arabinose

• 10% L-ramnose (hexose que em vez de ter um CH2OH no C6, tem

CH3);

• 15% ác. Glucorónico (≠ da glucose; em vez de te um CH2OH no C6,

tem um COOH; este ác. pode estar na forma salificada ou metilada);

⇓ resumindo o polissacarídeo:

Possui uma coluna dorsal deβ -D-galactose com ligações β 1-3, com ramificações de

ramnose, laminose e ácido glucorónico

⇒Quando se dissolve esta goma em água, ela vai ter um pH ácido, porque tem acido

glucurónico (daí o nome precedente: ác. Arábico).

⇒Este polissacarídeo não é digerido por nós.

Emprego: emoliente→ amolecedor (retém água): tosse, garganta, diareia (por vezes)

Indústria alimentar: E414

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Indústria farmacêutica:

� é usado como excipiente, espessante e estabilizante em tecnologia;

� excipiente: espessante e estabilizante em tecnologia farmacêutica e alimentar.

Precaução:

tem oxidases→ enzimas que catalizam oxidação, daí que não se ode misturar goma

arábia com produtos facilmente oxidavéis.

3.2. GOMA CARAIA

Produzida por espécies (leguminosa) do género Sterculia principalmente S.

urens e S. tomentosa;

Contém um polissacarídeo

Possui uma coluna vertebral com α -L-ramnose e ácido β -D-galacturónico, com

ramificações de galactose e ácido glucorónico e algumas das unidades (8%) estão acetiladas.

Este é um açúcar que está no meio de outros açúcares e de vez em

quando, alguns OH estão ligados a um ác. Acético (parte verde)

↓ isto para explicar o seguinte:

Se a goma fica muito tempo (anos) num frasco:

Apanha humidade e a goma é hidrolisada (há quebra da ligação éster que é a mais fácil

de quebrar) pelas próprias enzimas do microorganismo. Daí que se reconhece essa goma pelo

seu cheiro a vinagre (ác.acético), quando está velha, senão não haveria cheiro.

Emprego:

. Laxativo mecânico1 (não digestível, não fermentáveis2)

Laxativo: são polissacarídeos. Este tipo de polissacarídeos não são solúveis, mas incham na

presença de água, e ao inchar vão aumentar o volume do conteúdo intestinal, forçando e

pressionando as paredes, re-estimulando os movimentos peristálticos.

1 Os laxativos meanicos são os mais apropriados. 2Há polissacarídeos não digeríveis que chegam ao intestino grosso e são degradados por bactérias e há nutrientes que podem ser absorvidos aí ou senão pode haver libertação de gases. Ex.: os feijões têm penta e hexassacarídeos que são fermentáveis, há portando libertação de gases (pessoal, cuidado com a feijoada (“.).

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29

Fermentação: desenvolvimento de microorganismo na ausência de O2.

. Usadas como agente adesivo (funciona como ligante; moldes odontologia)

. Adjuvante em regime de emagrecimento

↓ sua importância em regime emag.

1. não são absorvidos (logo os polissacarídeos não são transformados em ATP, isto

porque: se eles não se transformam em açúcares, não são absorvidas pelo sangue, logo, não

alimentam)

2. impedem que outras coisas sejam absorvidas

3.incham no intestino e no estômago, dando uma sensação de saciedade.

Os polissacarídeos não são todos iguais:

O tamanho da cadeia;

O grau e tamanho de ramificação;

Peso molecular

Indústria farmacêutica e cosmética:

usada como espessante

4. MUCILAGEM DE ALGAS (3 tipos)

Acido algínico: principais produtos de espécie laminares

Fucus serratus & fucus vesiculosus

↓ ↓ ↓ ↓

género espécie género espécie

Estes polissacarídeos são mais escuros, porque são obtidos industrialmente (há purificações)

4.1. ÁCIDO ALGÍNICO

1principais espécies produtoras: Laminaria sp, Macrocystis

pyrifera, Fucus serratus·e F. vesiculosus

2Polímeros lineares de unidades de ácido manrónico (manose),

e de ácido gulurónico (gulose). Em ambos os casos em vez de

terem CH2OH no carbono 6, têm um COOH.

1 Focus serratus L e Focus vesiculosus L. 2 Laminaires: laminaria saccharina Lam e laminaria digitata Lam

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30

composição: polímeros lineares de unidades de ác manurónico

(M) e ác gulurónico (G), unidas por ligações b-(1 4); a

proporção entre eles varia com a espécies produtora.

exemplo: G-G-G-M-M-M-G-G-M-G-G-M-M-G-G-G-G-M-G

Utilização em farmácia

Em patologia digestiva: protector; funciona como revestimento das paredes do

estômago; têm forma de escovilhões, evitando que a parede

corroía (evita úlceras);

Adjuvante no tratamento de obesidade (fornece uma sensação de saciedade);

São usados em pensos anti- hemorrágicos: o dentista usa algodão compactado com

ácido algínico (retém água).

Utilização em tecnologia

Espessante;

Ligante e ao mesmo tempo desintegrante: quando se faz um comprimido, as partículas

do pó do princípio activo são muito difíceis de se ligarem entre elas (a não ser que seja

provocada uma combustão muito grande). Logo, o que se faz é adicionar um ligante. Porém, é

necessário que os comprimidos se desfaçam quando chegam ao intestino ou ao estômago ou

outro órgão qualquer. Para tal, quando o comprimido tiver em contacto com a água, incha, e

rebenta para libertar o princípio activo (papel desintegrante).

Utilização em cosmética

Amaciador;

Filmogénico (ajuda a espalhar);

Hidratante;

Utilização em indústria alimentar

E400, E401, E402, E403, E404 e E405;

O ácido algínico e alginas como têm ácidos, podem dar sais de cálcio, nitro, sódio e

potássio.

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31

4.2. CARAGENINAS

Principais espécies produtoras:

Euchema sp, Gigartina sp , Chondrus crispus (Rhodophyceae)

Composição:

1.Contém galactanas (polímeros de galactoses) lineares de elevado peso

molecular;

2.Todas as unidades são sulfatadas, ou seja, os OH em vez

de estarem ligados ao ác. acético, estão ligados ao ác.

sulfúrico.

3.Algumas das galactoses estão substituídas por 3,6 anideagalactose. Entre o

OH do carbono 3 e o OH do carbono 6, faz-se uma ponte por perda de

H2O.

Utilização em indústria alimentar

E407;

Espessante;

Estabilizante;

Muito usado em produtos lácteos (faz parte de cerca de metade da composição dos

iogurtes, dá consistência)

Utilização em tecnológica, farmacêutica e cosmética

Espessante;

Gelificante;

Produtos de higiene;

Amaciador;

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32

Utilização em terapêutica

Adjuvante em tratamento de obesidade;

Protector;

4.3. ÁGAR-ÁGAR OU CELOSE (não é usado por bactérias)

Principais espécies produtoras: Gelidium sp, Gigartina

sp (Rhodophyceae)

Composição: é uma galactona complexa (três

polissacarídeos) com:

� unidades metiladas (algumas unidades em vez do OH têm CH3)

� unidades sulfatadas

� unidades pirosiladas (ác. pirúvico)

� algumas unidades 3,6 anideagalactose.

Utilização terapêutica:

Excelente laxativo mecânico;

Formulas de protecção gastro-intestinal

Utilização tecnológica

Espessante E406;

Serve para solidificar o meio de preparação de culturas sólidas.

5. MUCILAGENS OBTIDAS POR PLANTAS SUPERIORES (2 tipos)

� Constituintes celulares de certas espécies

� Localizam-se em formações histológicas especializadas

Existem dois tipos de mucilagens: goma de alfarroba e goma guar.

5.1 “GOMA”1 DE ALFARROBA

Produção: produto obtido pela pulverização do albúmen (endosperma) das

sementes da alfarrobeira (ceratonia siliqua L.)

1 goma “entre aspas” porque não são obtidas pelos processos habituais embora sejam também polissacarídeos

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33

Composição: Galactomana (galactose + manose) ramificada

Ex: β-D-manose (1-4) β-D-manose (1-4)… (em cadeia linear e também pode

haver algumas galactoses ligadas a manose no C6)

Utilização terapêutica

Espessante de leites (evita o regurgitamento dos bebés) e dietas hipocalóricas (porque

não conseguimos digerir, o nosso organismo não as transforma em calorias)

Utilização tecnológica

Espessante

Utilização em indústria alimentar

Produtos lácteos

NOTA.

A farinha do mesocarpo é usada na diarreia dos lactentes; engrossa as fezes dos

lactentes.

5.2 “GOMA” GUAR

Produção: obtido pela pulverização do albúmen das sementes de Cyamopsis

tetragonolobus.

Composição: galactomana ramificada (estrutura muito semelhante à goma de

alfarroba)

Utilização dietética

Interferência no metabolismo dos lípidos e glícidos, “moderador” do apetite porque

incha em presença de água.

(interfere no metabolismo porque intervém na absorção de outros produtos. Por exemplo, se se

comer um bife com hortaliça, dá menos calorias do que comido sem hortaliça, porque a

hortaliça impede que algumas gorduras sejam absorvidas, porque têm fibra solúvel (fibra que

não são absorvidas pelo nosso organismo).

Utilização em indústria alimentar

espessante e gelificante (E412)

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34

Utilização terapêutica

Lubrificação intestinal em colopatias e obstipação (solidifica e amacia as fezes, sendo

menos agressivo para o intestino)

6. POLISSACARÍDEOS PRODUZIDOS POR MICROORGANISMOS

6.1 “GOMA” XANTANA (basta saber o nome):

Polissacarídeo aniónico de peso molecular elevado. Produzido pela fermentação de

glúcidos por xanthomonas campestris.

6.2 DEXTRANOS:

São polímeros homogéneos, só com glucose, mas não são de origem vegetal. São

produtos de microorganismos, nomeadamente do Leuconostoc mesenterioides. Este

microorganismo parte a sacarose em glucose e frutose. Despreza a frutose, mas aproveita as

moléculas de glucose e une-as segundo ligações α (1-6) originando polímeros até ter um peso

molecular aceitável. A enzima responsável por este processo é a transglucosidase. Estes

polímeros têm alto peso molecular.

Composição: glucana (homgéneo) obtido pela fermentação da sacarose por

Leuconostoc mesenterioides.

Ex.:Glu(1-6)-α -D-glu(1-6)-α -D-glu (1-6)-α -D-glu (1-6) (c/ ramificações em

C3)

Utilização: sucedâneo do plasma (solução isotónica a 6%), ou seja, quando se

tem perda de sangue, é preciso repor o sangue, ou senão basta repor o volume de

plasma sanguíneo. Isto faz-se administrando plasma que é em boa parte sintético

(solução de polissacarídeos: dextranos).

44.. PPLLAANNTTAASS SSUUPPEERRIIOORREESS PPRROODDUUTTOORRAASS DDEE MMUUCCIILLAAGGEENNSS

� 1. tanchagens,

� 2. linho,

� 3. malvas, (a prof só dá importância às duas primeiras).

� 4. alteia,

� 5. tília.

Page 35: 76958141 Farmacognosia I

35

1. TANCHAGEM

Definição: Sementes de Plantago ovata (P. ispaghula), mais conhecidas como

corojóis para os coelhos.

2. LINHO (não se refere ao linho de fazer toalhas, é o linho de farmácia)

Definição: sementes de linum usitalissinum (não é fibra, são sementes);

Utilização:

� antigamente usavam-se para cataplasmas (hoje em dia são emplastros).

(sementes do linho moídas aquecida em água e posteriormente postas em

panos e posteriormente nas costas contra as bronquites, constipações.

Facilita a eliminação e congestionamento dos líquidos. Hoje em dia já não

se faz isso)

� Emolientes.

� Laxativo mecânico: usadas para combater a obstipação, porque o linho tem

as mucilagens nas células exteriores.

NOTA:

A farmacopeia obriga, como teste, a colocar o linho em água, medindo o volume e deixar

durante quatro horas, voltando a medir o volume. O linho tem de crescer uma certa

percentagem.

� Serve para obter óleo de linhaça (usado para pinturas)

� Semente muito gorda.

3. MALVAS

Definição: Flor seca, inteira ou fragmentada, de Malva sylvestris L.

ou das suas variedades cultivadas

Utilização (via oral):

- T. U. tratamento sintomático de digestões dolorosas e da tosse

- tratamento sintomático da obstipação via local

- T. U.amaciador e antipruriginoso

- T. U. antálgico na afecções da cavidade bucal e da faringe

4. ALTEIA

Definição: raiz seca ou folhas e flores de Althæa officinalis

Utilização: as mesmas das malvas

Page 36: 76958141 Farmacognosia I

36

5. TÍLIA

Definição: Inflorescência inteira e seca de Tilia cordata Miller, de T.

platyphyllos Scop, de Tilia x vulgaris ou de uma mistura destas

espécies

Utilização: amaciador e problemas menores do sono

NOTA: O Salepo, o Plantago e o Satirião-macho são também plantas produtoras de mucilagens.

55.. RREESSUUMMOO DDOOSS AAÇÇÚÚCCAARREESS

• Os açúcares simples são fontes de energia.

• Celulose, hemi-celulose, peptina: substâncias estruturais.

• Amido: substância de reserva.

• Este último tipo de mucilagens também serve de substância de reserva de água e

protecção para a planta.

• Diferença entre glicogénio (ligação 1,6) e amido (ligação 1,4).

• As plantas utilizam/precisam de açúcares, água e azoto (utilizam-no sob a forma de

amónia ou nitrato, e nós sob a forma de proteínas).

COMO É QUE AS PLANTAS UTILIZAM OS AÇÚCARES?

As plantas fazem energia no ciclo de Krebs nas mitocôndrias e acumulam-na na

fotossíntese sob forma de ATP.

Porém, o que entra no ciclo de Krebs é o ácido pirúvico e o ácido acético � acetil

CoA, produzida na glicólise.

Então:

O açúcar tem de ser quebrado até se transformar em ác.acético: activador CoA e este

entra no ciclo de Krebs.

� produto da polimerização de 8 unidades de ácido

acético.

Estando distribuídos de forma especial, obtém-se antraquinonas.

Page 37: 76958141 Farmacognosia I

37

NOTA:

• Benzeno: um anel aromático.

• Naftaleno: dois anéis aromáticos (vitamina K).

• Antaceno: três anéis aromáticos, se for em linha recta.

um seu derivado

Daí o nome de antraquinona, embora seja feito por via acetato, (através da CoA),

embora haja quinonas sintetizadas de outra forma (que não vamos falar).

São 1,8 diidróxido, logo têm um OH no C1 e no C8, devido à redução dos respectivos

grupos. Em C3 tem obrigatoriamente um substituinte carbonato.

66..CCOOMMPPOOSSTTOOSS SSIINNTTEETTIIZZAADDOOSS VVIIAA AACCEETTAATTOO

Nota: as oxigenações não são obrigatoriamente OH, podem ser OCH3, O-açúcar.

Existem várias coisas que são sintetizadas por via acetato.

1. Ácidos gordos1

2. Quinonas 1 A prof não falou muito sobre eles. Disse que não ia dar essa matéria este ano.

Page 38: 76958141 Farmacognosia I

38

Esquema:

−3CH

CO CoA−

+

−3CH

O

||

C CoA−

+

−3CH

O

||

C CoA−

NOTA: O CoA não é o único transportador do acetil. Quando o organismo faz ácidos gordos, o

CoA não é o transportador, é sim o ACP (acyl carrier protein)

−3CH

CO ACP−

+

−3CH

O

||

C ACP−

+

−3CH

O

||

C ACP−

Todos os organismos dos seres vivos unem as moléculas de acetatos, uma vez que o

CoA não é mais do que um transportador:

−3CH

O

||

C −− 2CH

O

||

C −− 2CH

O

||

C...

Posteriormente, os s.v. reduzem os CO:

−3CH −2CH −2CH −2CH −2CH

O

||

C OH−

⇒ acido capróico (6 carbonos)

A última não é reduzida. Logo, é um acido gordo que constitui as nossas gorduras.

Os ácidos gordos, nos seres vivos são feitos por esta via. Dai que todos os ácidos têm o

número de carbonos par e são normais1, porque são múltiplos do acido (ou seja, é feito a partir

da união de unidades do acetato).

Esta cadeia não fica aberta, mas sim vai ciclizar, ficando um anel com 3 unidades de

acido acético:

Composto aromático: trifenol (flouglucinol)

1 Carbonos não ramificados (este ano a prof não dá os ácidos gordos)

Page 39: 76958141 Farmacognosia I

39

Resumo de compostos:

(pirogalhol vem da palavra bugalhos = galhas)

QUINONAS (há várias, dependendo dos radicais que se colocam)

As quinonas derivam do ácido acético (compostos com ligações alternadas, são sintetizados via acetato, ou seja, via acetil CoA), sendo normalmente constituídas por 2 grupos cetónicos inseridos nos anéis benzénicos.

2.1 CLASSES EXISTENTES:

• Antraquinonas (ácido carmínico: corante e muito usado em cosmética (baton). É

um produto natural extraído de uma solução de álcool com insecto. As solução

fica vermelha).

• Naftoquinonas (chiconinas: corante vermelho, obtido através de células vegetais

em cultura).

• Naftodiantronas

• Floroglucinóis

• Orcinóis

• Ubiquinonas

Outros exemplos:

UBIQUINONAS

O

O

CH3

CH3O

CH3O (CH

2-CH=C-CH

2)nH

CH3

Page 40: 76958141 Farmacognosia I

40

VITAMINAS K

SHIKINONA/ALCALINAS

ÁC. CARMÍNICO

NOTA:

Com excepção do ácido carmínico e das chiconinas que são corantes vermelhos, os

outros compostos são amarelados porque são solúveis em compostos orgâncicos.

Benzoquinona, porque é uma quinona num anel benzeno. Existem várias benzoquinonas, tais

como: p-benzoquinona e as o-benzoquinonas.

2.1.1 CLASSE ANTRAQUINONAS

Formas possíveis dos compostos antraquinónicos:

Os compostos antraquinónicos (3 anéis benzénicos) aparecem nos vegetais sob a

forma livre (não glicosilada) ou sob a forma heterosídica; podem aparecer na forma oxidada

(antraquinonas) ou reduzida (antronas e antranóis).

1. Formas reduzidas:

As geninas derivam do antraceno que por oxidação pode originar antronas, antranóis e

antraquinonas. Os geninas são compostos corados de vermelho. O antranol é produzido pela

redução de uma antraquinona.

O

O

(CH2-CH=C-CH

2)n H

CH3

CH3

O

OOH

OH

CH-CH2_CH=C

OH

CH3

CH3

O

O CH3

OH

OH

OH

glucose

OH

COOH

Page 41: 76958141 Farmacognosia I

41

Qualquer que seja a natureza da antraquinona como genina, caracteriza-se por:

� Tem 2 OH fenólicos em C1 e C8;

� Tem um substituinte carbonado em C3;

� Tem eventualmente 1 OH ou 1 OCH3 em C6.

Podemos então definir antraquinona como dicetonas aromáticas em que os 2 grupos

cetónicos estão incorporados no mesmo anel aromático.

NUMERAÇÃO DOS COMPOSTOS ANTRAQUINÓNICOS (OU POLÍMEROS POLICÍCLICOS)

1º numera-se o anel mais à direita no sentido dos ponteiros do relógio.

Duplas ligações conjugadas

Ligação dupla, ligação simples, ligação dupla, ligação simples….

Ex:

Em cada carbono que fazem parte do sistema conjugado há um electrão que vai fazer

parte de uma ligação pi, formando uma nuvem electrónica.

NOTA:

os compostos conjugados são compostos que possuem electrões que fazem parte de

uma ligação pi. Ex: benzeno, antraceno, etc.

⇓Ou seja

Este tipo de electrão dá origem aos compostos corados.

Ex.: os carotenóides (pigmentos das cenouras, salmões, flamingos, diospiros,

camarões…),a clorofila, a hemoglobina são coradas porque são sistemas de duplas conjugadas.

Page 42: 76958141 Farmacognosia I

42

As duas últimas são extremamente parecidas. Enquanto que a clorofila é verde e possui

como metal Mg+, a hemoglobina é vermelha e possui como metal o ferro (as cores devem-se a

uma pequena diferença de nanómetros)

Em relação ao ácido carmínico, este não é sintetizado via acetato porque não é: 1,8

diidróxido.

Se compararmos uma antrona com uma antraquinona, a mais corada será esta última

são conjugado total (em todos os carbonos há um electrão que faz parte da nuvem electrónica).

Em relação à antrona, há uma descombinação do sistema (o carbono 10, n tem electrão solto).

Em relação ao antranol, também será menos corado devido à falta dos grupos cetónicos.

No C3 existe obrigatoriamente um composto carbonato: CH3, COOH, CH2…

No C6 podemos ter: H, OH ou H3CO.

Estes compostos têm tds formas reduzidas equivalentes (são os mesmos mas

reduzidos).

Ex. O crisofanol em vez de ter duas funções cetónicas, tem um electrão no C10 tem

2H, passando a chamar-se: 3-crisofanolantrona.

Olosídos: compostos que tinham unicamente açúcar (é o que temos vindo a falar desde o início

do semestre)

Heterósido: compostos que têm uma parte açúcar e outra parte não açúcar. (vamos falar disto

até ao fim do ano).

O nosso organismo torna os compostos mais solúveis em água, graças ao fígado que

introduziu ác.glucorónico, para que saiam através da crina.

2. Formas heterosídicas

Os compostos antraquinónicos sob a forma heterosídica sofrem glicosilação, que

corresponde à introdução de oses de modo a tornar a molécula mais hidrossolúvel.

Habitualmente, a ose mais adicionada, é a glucose, mas também aparecem outros açúcares. A

ligação entre a parte osídica e a parte aglicónica estabelece-se, na maioria dos casos, entre o C1

Page 43: 76958141 Farmacognosia I

43

de uma ose e átomos de oxigénio ou carbono de uma genina.

Em função desta possibilidade de ligação, assim se podem

estabelecer 2 grupos heterosídicos: O-heterósidos e C-

heterósidos.

NOTA:

As plantas tanto precisam de compostos hidrossolúveis (partes aquosas das células:

vacúolos) como compostos lipossolúveis (para membranas…).

Genina ou Aglícona: parte não açúcar do heterósido.

O ácido carmínico é um heterósido porque tem uma parte

açúcar e tem uma genina.

A chiconina não é um heterósido porque só se fala de genina por contraposição do açúcar.

isto não é uma genina

O-Heterósido (90% dos heterósidos: lig.semelhante à dos amidos- ponte de oxigénio*)

C-Heterósido (lig.directa entre o C1 e o carbono da genina)

Nota: podem existir moléculas simultaneamente C-heterósido e O-heterósido.

DIMERIZAÇÃO

As antronas possuem grande tendência para dimerizar, pois o seu C10 é muito reactivo,

originando diantronas.

O

O CH3

OH

OH

OH

glucose

OH

COOH

Page 44: 76958141 Farmacognosia I

44

Os dímeros podem ser simétricos, se as 2 antronas forem iguais, ou assímetricos se

forem diferentes.

Exemplos de diantronas:

Senidinas A e B � reina + reina;

Senidinas C e D � reina + aloé-emodina;

Plamidina A � emodina + aloé-emodina;

Palmidina B � erisofanol + aloé-emodina;

Reidina B � erisofanol + reina

A diferença entre a Seidina A e a B deve-se à estéreoquímica da ligação C-C, como o

facto dos hidrogénios estarem na posição cis ou trans1 (no carbono 10). A e B são simétricas e

C e D assimétricas.

A diantrona tem uma ligação entre os carbonos 10 de cada antrona.

NOTA: Faltam representar dois H na diantrona.

HIDRÓLISE (serve para estudar os produtos de degradção)

O-Heterósidos Meio ácido; A quente;

C-Heterósidos Meio ácido; A quente; Com FeCl3- catalisador;

Dímeros Meio neutro; A quente; Com FeCl3- catalisador.

O FeCl3 catalisa a hidrólise e oxida os compostos, obtendo-se sempre uma antraquinona.

Ex.:

1. Se se colocar um composto em meio ácido e água, corta o açúcar que está ligado no C1.

2. Mas se se juntar FeCl3, corta o açúcar ligado ao carbono 10.

3. Se se sujeitar senidinas a um meio neutro quente com FeCl3, obtém-se 2 reínas e não

reinantrona, porque o Fe3+ oxida.

1 Também se pode dizer posição e ou z, respectivamente (porém a prof não liga muito a essa)

Page 45: 76958141 Farmacognosia I

45

EXTRACÇÃO SELECTIVA

A extracção destes compostos tem que ter em atenção à sua forma pois apresentam

solubilidades diferentes:

� Os compostos não ligados a açúcares são insolúveis em água e solúveis em

compostos orgânicos;

� Os compostos ligados a açúcares são solúveis em água;

Nas plantas existem compostos ligados a açúcares (os que têm para nós mais interesse)

e compostos não ligados a açúcares (livres ou aglicónicos), com agitação e, água (de

preferência à ebulição), enquanto que os segundos são extraídos através de agitação da planta

reduzida a pó, com solvente orgânico (ex.:éter).

CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS

Reacção de Borntrager:

1. Um composto está solubilizado em éter. Se se juntar uma solução aquosa de amónia

(NH4OH: gás borbulhado em H2O, logo não existe NH4 a 100%, mas no máximo a

27%).

2. Como os solventes orgânicos são mais leves (devido ao seu baixo peso molecular:

C=12) que os solventes em água (O=16, com excepção daqueles que têm Cl= 35,5), o

éter fica em cima e a solução de amónia em baixo.

3. Se agitarmos, o composto (fenóis que são ácidos) entram em contacto com o meio

alcalino, os fenóis ionizam, perdem os protões, ficando o oxigénio com carga negativa.

Nota:

A reacção de borntrager tem de dar vermelha quando positiva; não é obrgatório usar

como base a soda, pode-se usar outra.

Em termos visíveis, nota-se uma intensificação de cores: de amarelo passa a vermelho

porque há um maior número de electrões livres.

→ OH

Meio alcalino provoca uma salificação, uma ionização, um aumento da intensidade

electrónica com um desvio bactocrómico na absorção dos compostos (intensificação da cor-

absorção da luz em maior comprimento de onda).

O

OOH OH

R R'O

O

R R'

O O

Page 46: 76958141 Farmacognosia I

46

ãoconcentraç:c

cuvetedaespessura:l

substânciacadadetetancons:

aabsorvânci:A

εclA ××ε=

Esta reacção de Borntrager só é positiva quando se atinge a coloração de vermelho, ou

seja, quando os hidroxilos 1 e 8 estão livres e quando o composto está na forma antraquinónica

(forma oxidada, com duas funções cetónicas) � estas características são obrigatórias.

Importante: os únicos compostos que reagem positivamente à reacção de Borntrager são: 1,8-

diidroxiantraquinonas livres (geninas e quinonas).

NOTA: Pode haver uma intensificação de cor, embora esta não chegue ao vermelho, daí a

reacção é negativa.

1. No laboratório, ao ferver a planta com água e ácido, extrai-se os compostos da planta

para a solução e hidrolisar os O-heterósidos respectivamente.

2. Filtra-se o líquido e junta-se éter. Daí as geninas que provêm dos O-heterósidos passam

para o éter, pega-se no éter e faz-se a reacção de Borntrager.

3. Na água ficam os C-heterósidos da planta. Esta água é aquecida, quebram-se os C-

heterósidos.

4. Filtra-se e junta-se éter. Daí as geninas que provêm dos C-heterósidos passam para o

éter e faz-se a reacção de Borntrager.

DOSEAMENTO: é feito rigorosamente; é demorado

1) Extrair compostos das plantas;

2) Quebrar os compostos selectivamente (pode-se fazer doseamento de compostos

livres, C-heterósidos, O-heterósidos, dímeros…)

3) Reacção Borntrager1

Tipos: titulação ácido-base; oxidação-redução; precipitação; colorimétricos 2

↓ Permite medir uma cor através do espectofotómetro.

Lei Lanber-Beer

Conclusão: A é directamente proporcional a c, l e ε , daí que se pode medir c em função de A.

1 Nas aulas usamos como base amónia, mas a farmacopeia recomenda sulfato de magnésio. 2 ex: quinonas, porque o comprimento de onda é da zona do visível

Page 47: 76958141 Farmacognosia I

47

ACÇÕES FARMACOLÓGICAS

Os compostos 1,8 dihidroxiantraquinonas são compostos:

Laxativos ou purgativos (são mais violentos): dependendo da natureza do composto e quantidade administrada

Mecanismo totalmente dierente dos polissacarídeos: as quinonas não incham na presença de

água (não são polímeros).

� Os compostos aglicónicos são isentos de actividade. Isto é, os compostos que não têm

açúcares ligados, não fazem nada, sendo ingeridos apenas por via oral (efusões, feitas

principalmente pela indústria), entram no tubo digestivo, passam no sangue, no intestino

delgado são absorvidos e quando chegam ao fígado são eliminados. Estes compostos para

ser activos têm que chegar ao intestino grosso.

� Os heterósidos não são absorvidos no intestino delgado, chegando assim ao intestino

grosso, onde:

1) são hidrolisados (os heterósidos) pelas b-glicosidases da flora intestinal

(hidrólise enzimática)

2) são reduzidos também por enzimas (processo oposto ao do Cl2Fe). Logo, as

quinonas passam a antronas, sendo estas activas no organismo.

↓ actuam sobre:

a motilidade intestinal: aumentam os moviemtos da parede intestinal, ajudando

os movimentos da água e dos electrólitos nas células do intestino (liquefazem as feses)

PRÓ-FÁRMACOS: ainda não são fármacos. São administrados por qualquer b«via (normalente

oral), sendo posteriormente transformados em fármacos.

Ex.: os heterósidos são pró-fármacos, porque não têm acção no organismo sendo por isso

transformados em antronas.

TEMPO DE LATÊNCIA: intervalo desde a ingestão até a acção (daí a recomendação de tomar

este tipo de medicamentos á noite para o organismo funcionar bem de manhã.

RISCO DOS COMPOSTOS REDUZIDOS (antronas): podem provocar efeitos secundários e têm

uma acção mais violenta que os laxativos polissacarídicos (sendo por isso estes último

normalmente recomendados pelos farmacêuticos).

Page 48: 76958141 Farmacognosia I

48

UTILIZAÇÃO

� Usam-se extractos de plantas1

� Por períodos não superiores a 10 dias

� Doses de 25 mg/dia

� Contra-indicados em crianças

� Situações em que devem ser aconselhados:

� intervenção cirúgica,

� stress,

� radiografia,

� desrugulação a vários dias no organismo

� Efeitos secundários

� Dependência: depois dum uso exagerado, pode deixar de fazer efeito.

� colite,

� diarreia

� dores abdominais,

� náuseas e vómitos: depende da dose utilizada e sensibilidade da pessoa

� hipocalémia: baixa de potássio no sangue

6.1 PLANTAS CONTENDO ANTRAQUINONAS LAXATIVAS2 (4 plantas)

(F. P. VI, I.N.T 1999)

Na Natureza, existem qinonas, antronas e antranóis.

Às plantas que têm antronas (por exemplo, a cascara sagrada que nunca se usa de

imediato após de ter sido colhida) pode ser feito:

1) Deixar secar durante 1 ano em casa a oxidar (amedurece)

2) Colocá-la num forno a 100º durante duas horas.

↓ (para 1 e2) isto para :

Transformar as antronas em antraquinonas

↓ porquê, uma vez que as antronas é que são activas?

Se se ingerir antronas todas de uma ve, dá-se uma violenta reacção no organismo,

podendo provocar dores. Daí que as antraquinonas, no organismo, vão-se lentamente

transformar em antronas através da flora.

1 Quando se toma uma efusão de chã, bebe-se com todos os compostos que passaram para a água, e não apenas um. Isto para dizer que nunca se deve tomar o composto puro (salvo excepções) 2 O Aloé não é muito usado como laxativo em Portugal. O mais usado é o Sene, embora o amieiro e a cascara também o sejam.

Page 49: 76958141 Farmacognosia I

49

1. AMIEIRO NEGRO (NORMACOL)1

2. CÁSCARA SAGRADA (LAXOLEN, MUCINUM)

3. SENE2

4. ALOÉS3

1. AMIEIRO NEGRO

Definição: casca seca, inteira ou fragmentada dos caules e dos ramos de Rhamnus frangula

L.(= Frangula alnus Miller)

Constituintes activos:

3 a 8% de derivados hidroxiantracénicos

DROGA SECA (casca)*:

� frangulósido A (6-O-a-L-ramnosilemodina)

� frangulósido B (6-O-a-L-apiosilemodina)

� lucofrangulósido A (8-O-glucosil- 6-O-a-L-ramnosilemodina)

� glucofrangulósido B (8-O-glucosil- 6-O-a-L-apiosilemodina)

NOTA: ≠ entre o frangulósido A e o frangulósido B ⇒ é o açúcar (A: ramnose; B: apiose)

≠ entre os frangulósidos e os glucofrangulósidos⇒ este último tem dois açúcares.

2. CÁSCARA SAGRADA

Na cascara sagrada predominam como heterosidos

antracénicos os C-heterósidos (aloína e crisaloína), havendo também

do grupo dos O-heterósidos (frangulósidos)

Definição: cascas secas, inteiras ou fragmentadas de Rhamnus

purshianus DC (= Frangula purshiana)

Constituintes activos:

6 a 9 % de derivados antracénicos

� cascarósido A e B (8-O-glucosil-10-C-glucosilaloe-emodina-antrona)

� cascarósidos C e D (8-O-glucosil-10-C-glucosilcrisofanol-antrona)

� aloína (10-C-glucosilaloe-emodina-antrona)

� crisaloína (10-C-glucosilcrisofanol-antrona)

1 Nome de medicamentos 2 As 4 espécie são fontes de estudo monográfico de algumas espécies com compostos deste tipo 3 Não é ,uito usado como laxativo

Page 50: 76958141 Farmacognosia I

50

NOTA: O amieiro negro e a cascara sagrada são compostos pares, isto é, enquanto o primeiro

tem emodina (quinona), o segundo tem emodina antrona (antrona). Daí que este últimos já não

é um frangulósido (ou glucofrangulósido), mas sim um frangularósido (ou

glucofrangularósido).

3. SENE

Existem vários tipos na farmacopeia (2 que provem de folhas e 1 de frutos)

Definição:

FOLHAS DE CASSIA SENNA L (=C ACUTIFOLIA DEL.)

TIPO: Sene de Alexandria ou de Cartum

FOLHAS DE CASSIA ANGUSTIFOLIA VAHL -

TIPO: Sene da Índia ou de Tinnevelly

FRUTOS (cápsulas achatadas e acastanhadas) das mesmas espécies.

Constituintes activos:

2 a 5% de derivados hidroxiantracénicos

DROGA SECA*:

� senosidos A e B (8,8’-diglucósidos das senidinas A e B)

� senosidos C e D (8,8’-diglucósidos das senidinas C e D)

� heterósidos1 de antronas

� heterósidos de antraquinonas

4. ALOÉS

� O constituinte principal é um C-heterósido designado por aloína ou barbaloína

� aloés usados em farmácia, são sucos ricos em quinonas;

� Tem flohas carnudas e espinhosas

EXEMPLOS2:

ALOÉ DE BARBADOS

Definição: Suco concentrado e seco proveniente das folhas de Aloe barbadensis Miller.

Contém, no mínimo, 18,0 por cento de derivados hidroxiantracénicos, expressos em

barbaloína (C21H22O9; Mr 418,4) calculado em relação ao fármaco seco

1 Os heterósidos não são específicos 2 O aloé vera não é nenhum destes, porém é rico nestes componentes. Não é muito usado como laxativo em Portugal.

Page 51: 76958141 Farmacognosia I

51

ALOÉ DO CABO

Definição: Suco concentrado e seco proveniente das folhas de Aloe, principalmente Aloe ferox

Miller e dos seus híbridos.Contém, no mínimo, 18,0 por cento de derivados

hidroxiantracénicos, expressos em barbaloína (C21H22O9; Mr 418,4) calculado em relação ao

fármaco seco

Para obter compostos quinónicos:

1) Cortam-se as folhas e deixá-las escorrer;

2) O suco que se obtem deixa-se secar ao sol;

3) Origina um pó acastanhado: o aloé.

A partir dos aloes que não as quinonas e por outros processos pode se obter polissacarídeos

que são muito usados em cosméticos (excelentes amaciadores de peles), em queimaduras, …

Nota: nem todas as quinonas são laxativas, as que são, são as das 4 plantas acima descritas.

São os 1,8 dihidroxiantraquinonas. Estes são sitetizados por via acetato (derivados do aceti

CoA)

6.2 PLANTAS CARACT. PELA PRESENÇA DE QUINONAS NÃO LAXATIVAS

HIPERICÃO1 (hypericum perforatum)

� Muito abundante;

� Difícil de eliminar (na Austrália, importaram insectos para tal);

� Florescente no mês de Junho;

� Conhecida como erva de S. João em vários países. Porém, em França

chama-se “mil perfurada”, porque as folhas têm muitos buraquinhos. Estes

buraquinhos têm bolsas de essência (mas não são plantas aromáticas) que se

vêm a vista desarmada;

� No bordo das folhas, pétalas e estames existem colorações de

vermelho devido há presença de naftoquinonas (uma das característica que

permite distinguir esta espécie de hipericão da do Gerês. Esta também

possui folha largas ao contrário desta espécie);

� Em Portugal existem 14 espécies; Na Europa, 64; E, no mundo, 600;

1 Há quem diga que é o Prozac Natural

Page 52: 76958141 Farmacognosia I

52

História: era usado para afugentar os espíritos, …

Actividade:

� Anti-depressivo1 (depressões leves e médias) testado em ensaios clínicos,

ou seja, em pessoas. Os doentes com Sida começaram a tomar doses

elevadas)→ ver Hiperforonas.

� Anti-retrovícos, testado em termos de tubos de ensaio.

Composição:

Naftodiantronas, hiperforinas, entre outras

Naftaleno + duas antronas

Não são solúveis em água, porque não têm açúcar;

São moléculas planas, logo têm hibridações sp2 em todos os carbonos;

A segunda molécula é uma Proto –, porque falta-lhe uma ligação em relação à primeira

molécula (ligação com o ponto azul)

↓ logo,

A primeira fica corada de vermelha com mais intensidade pois o sistema conjugado é

mais complexo.

Outros exemplos sobre esse assunto:

Ex.1:

1 Provavelmente, a depressão será um das doenças predominantes daqui a uns anos

Page 53: 76958141 Farmacognosia I

53

Sistema totalmente conjugado, porque tem todos os vértices com um e – solto.

Ex. 2 (no Sene): Não cora de vermelho, porque não é um sistema conjugado

Defeitos:

1. São fotosensibilizantes: depois de se tomar hipericão e se se for ao sol, pode-se ter

problemas de pele (chegando por vezes serem graves)

Os humanos tomam chã de hipericão neste caso, daí não se verificam problemas, ao

contrário do gado albino que come o directamente, podendo ter irritações de pele, febre

e vermelhão, podendo mesmo morrer1.

2. Pode haver interacções medicamentosas entre o hipericão e outros medicamentos.

Ex.: os doentes com Sida começaram a tomar hipericão, porém este pode reagir com os

medicamentos que os doentes tomam.

Curiosidade:

As moléculas puras e isoladas da planta são completamente insolúveis em água. Porém

se se fizer um chã 40% das hipersinas são solúveis em água (não se sabe porquê)

Sinergismo: a actividade de dois compostos é maior que a actividade deles em separados.

Antagonismo: a actividade de um composto é anulada pela actividade de outro.

HIPERFORINAS (compostos retro-víricas)

↓ ↓

Hypericum perforatum

1 Quando se faz um ensaio em animais, tem-se que referir a sua espécie, condições em que está, como por exemplo condição alimentar, que normalmente é quantum satis (significa que o animal come tudo que lhe apetece).

O

O

OH

O

R

R'

1 R=H, R'=

2 R=CH3, R'=

Page 54: 76958141 Farmacognosia I

54

� Molécula tridimensional

� Molécula tripérnica

� Toda ela é um isopreno a excepção da parte

central que não sendo aromático é considerado um

floroglucinol, porque é um anel hexagonal com 3

oxigenações em posições alternadas.

Antes pensava-se que os compostos responsáveis pela actividade de anti-depressivos eram

as hipericinas puras;

Não, após vários ensaios activos, descobre-se que existem compostos mais activos

Porém, hoje sabe-se que todos os compostos participam (até os flavonóides) nesta

actividade, logo é preferível usar o extracto todo.

6.3 PLANTAS CARACT. PELA PRESENÇA DE NAFTOQUINONAS E ORCINÓIS

ORVALHINHA

Caros coleguinhas, lamento imenso mas a professora mandou ler uma

página de uma revista: OFFARM, nº 53 de Junho de 1994. Mas o número

não é esse, por isso não a pudemos colocar aí. Desculpem-nos.

6.4 PLANTAS COM ORCINÓIS

CÂNHAMO (Cannabis sativa1)

Género: Cannabis

Espécie: Cannabis sativa

Plantas com vários tipos de pelos.

1 Sativa de satisfação

Page 55: 76958141 Farmacognosia I

55

Há cânhamo rico em estimulantes e outros não. São da mesma espécie, porém há

influências genéticas, geográficas, etc. O cânhamo cultivado no Paquistão e naquelas zonas é

rico em estimulantes. O das zonas temperadas frias já não.

A planta fornece:

• resina

• óleo: usado na alimentação

• fibra1 (cânhamo têxtil)

• interesse terapêutico

• papel, porém não é muito produzido para esse fim, porque não se consegue distinguir

muito bem qual é que tem alucinogénios e qual é que não tem.

Compostos:

canabinol

e

Tetra-hidrocanabinol (composto mais importante; molécula

estimulante)

orcinol

duas unidades isoprénicas

1 Em França, compra-se sementes ao governo s seprova que há comprador e que são para fim de texéis.

O

OH

Page 56: 76958141 Farmacognosia I

56

Há diferentes maneiras de preparar a droga, logo há vários graus de alucinogénios, ex.:

A erva e a Maria Joana são preparadas de um modo semelhante ao tabaco, usam-se as

folhas e a resina segredada pelos pêlos secretores e é fumada com o tabaco (acho que é esse o

procedimento).

O haxixe líquido é muito concentrado em canabinóis.

Perguntas de pesquisa a ser feita pela net:

1) Tipos de preparações (ex.: haxixe, Maria Joana, erva,…) e respectivas composições.

2) Propriedades farmacológicas.

3) Possível interesse terapêutico.

77.. GGLLIICCÓÓLLIISSEE

Na glicólise, a glucose 1-fosfato é

transformada em glucose 6-fosfato que,

por sua vez, origina glucose 1,6-difosfato.

Estes compostos, posteriormente irão dar

origem ao acetyl-coenzima A. É através

do enxofre da cisteína que o ácido se vai

ligar ao acetil.

(O ácido pirúvico, é para saber de cor, é

um cetoácido)

Page 57: 76958141 Farmacognosia I

57

� enol, a função álcool está num carbono

inactivado. Não tem todas as propriedades de

um álcool.

� O activador disto é o fósforo (ácido fosfórico-

é um triácido)

88.. BBIIOOSSSSÍÍNNTTEESSEE DDOOSS AAÇÇÚÚCCAARREESS NNOO CCIICCLLOO DDEE CCAALLVVIINN

O ciclo de Calvin é o ponto fulcral

do ciclo da vida. Começa com o CO2, nas

plantas. Um dos açúcares sintetizados

mais importante é a Eritrose 4-Fosfato (4-

P), vem da frutose que também dá origem

à glucose, aos açúcares.

99.. SSHHIIKKIIMMAATTOOSS-- BBIIOOSSSSÍÍNNTTEESSEE

Do ciclo de Calvin obtemos a eritrose 4-

P, e da glicólise, um dos produtos possíveis é o

ácido 2-P-enolpirúvico. Estes dois produtos

juntam-se e ciclizam, obtendo-se um composto

com 7 átomos de carbono que denominamos de

ácido shikímico.

Este ácido recebe outra molécula de

ácido 2-P-enolpirúvico originando o ácido

prefénico. Este, por sua vez, por várias transformações origina compostos aromáticos.

Page 58: 76958141 Farmacognosia I

58

Chamamos de fenilpropanóides os compostos sintetizados via ácido

shikímico/prefénico.

4-P-Eritrose + ác.P-enolpirúvico = ác.shikímico (não é fenol, tem 7 carbonos). O ác.shikímico

recebe mais uma molécula de PEP e dá origem ao ác.prefénico. (também é aromático, ainda)

A partir do ácido prefénico (há perdas de OH’s, COOH’s):

1. Tirosina/fenilalanina.

2. Parahidroxifenilpirúvico/fenilpirúvico.

3. Ác.p-cumárico/ác.cinâmicos (cinâmicos).

1- α-aminoácidos (provém dos α-cetoácidos, os únicos que conseguem fixar o azoto)-

podem desaminar oxidando e ficamos com compostos chan(…).

2- Compostos fenilpropanóicos

2- α- cetoácidos (fixam azoto, trocam cetona por amónia)

3- ácidos cinâmicos.

Page 59: 76958141 Farmacognosia I

59

1100.. RREEDDEE BBIIOOSSSSIINNTTÉÉTTIICCAA DDOOSS ÁÁCCIIDDOOSS CCIINNÂÂMMIICCOOSS EE BBEENNZZÓÓIICCOOSS

Linha animal (azul): não interessa para a cadeira de Farmacognosia mas interessa para outras.

(as plantas não fabricam isto!)

Via vegetal (vermelha); Também chamados compostos C6-C3 para simplificar. C6 porque é

fenil, C3 devido à cadeia. (as plantas fabricam isto!)

Os shikimatos podem ser hidroxilados pela ordem seguinte:

As hidroxilações dão-se primeiro no carbono oposto ao da cadeia carbonada (-para-) e

depois nos carbonos adjacentes a este primeiro carbono (-meta-).

Estes ácidos da coluna da direita (siríngico, vanílico, protocatéquico,

parahidroxibenzóico), por perda de 2 carbonos ficam com 1 carbono só e fazem assim os

ácidos benzóicos.

Page 60: 76958141 Farmacognosia I

60

A síntese fácil é a que está mais próxima da origem. Quanto mais afastado da origem

estiver um composto, mais difícil é a sua síntese.

Um ác. que em termos de biogénese aproxima-se do ácido chiquímico é o ác. quínico.

Este ácido esterifica-se com ácidos fenilpropanoides como o ácido cafeíco (a função d

ácido cafeíco pode esterificar os OH do ácido quínico). Ácidos obtidos por este tipo de

esterificação chamamos de acido domogénicos. Estes ácidos com pequenas transformações

servem de compostos de defesa às plantas

1111.. CCOOMMPPOOSSTTOOSS SSIINNTTEETTIIZZAADDOOSS VVIIAA CCHHIIQQUUIIMMAATTOO

1) Flavonóis

2) Taninos

3) Fenóis e ácidos fenólicos

4) Lenhanas

5) Cumarinas

6) Salicilatos

.

1. FLAVONÓIDES

� São sintetizados por via mista: o anel A por via acetato e o anel B por via chiquimato.

� São moléculas mistas (tem 2 partes) e são o produto da junção de duas moléculas:

Fluoroglucinol ác. Shinámico flavonóide

OHOH

OH

O

CoA

O

OOH

OH + Junta através de 1a enzima especiífia

Page 61: 76958141 Farmacognosia I

61

Esqueleto básico de um flavonóide:

Sintetizados por dois taninos diferentes

A legenda segue esta ordem, porque os primeiros anéis a serem feitos são o A e o B e o

último a ser feito é o C e em recurso. Logo há um passo intermédio em que não existe o anel C.

O anel vai ter 99% de OH no C5, C7, C4’, podendo também haver no C3’ (estes são os

mais abundantes, porém pode haver OH noutros carbonos).

1.1. CLASSES DOS FLAVONÓIDES

As várias classes distinguem-se pela Natureza do anel C.

Todos têm OH em 4’ e em 3’.

Page 62: 76958141 Farmacognosia I

62

1.1.1 FLAVONAS1

� Os dois compostos são os mais abundantes;

� Não têm grupo OH no C3;

� Tem função cetónica;

1.1.2 FLAVONÓIS

� Geralmente são amarelos porém podem não ter cor (flavo = amarelo)

Ex: a for branca não tem cor, mas tem muitos favonóis

1.1.3 FLAVANONAS

� São mais rara que as favonas, porque é necessário eliminar uma ligação covalente dupla

que é de nascença (é dos ác. Chinámicos);

� Também se poderiam chamar: dihidroflavonas, em relação às flavonas, porque têm 2 H.

1 as flavonas, flavonois , flavanonas, dihidroflavonois, flavanois e flavanodiois são compostos não corados, mas absorvem UV.

Se o radical for: O nome do composto é:

H Aspigenina

OH Luteolina

Se o radical for: O nome do composto é:

H Canferol

OH Quercetina

� parente da luteolina � um dos + abundantes na Natureza

Se o radical for: O nome do composto é:

H Naringetina

OH Eridictiol

Page 63: 76958141 Farmacognosia I

63

1.1.4 DIHIDROFLAVONÓIS

� Próximos das flavanonas, mas têm mais 1 OH.

1.1.5 FLAVANÓIS

� Falta uma função cetónica em relação ao flavOnóis no C4, daí o nome flavAnóis.

� No acetato tem flava 3-ol, devido ao OH no C3.

1.1.6 FLAVANODIÓIS

� FlavAnodióis, porque não tem função cetónica;

� Relativamente aos anteriores, têm mais um OH, um no C3 e no C4 (pelo acetato);

� São raros, aparecem principalmente no laboratório, por alterações dos outros;

1 Os nomes estão em francês, uma vez que a prof não os traduziu.

Se o radical for: O nome do composto é:

H Dihidrocanferol

OH Dihidroquercetina

Se o radical for: O nome do composto é:

H Alzélecol

OH Catequina

� muito abundante

Se o radical for: O nome do composto é:

H “Leucipélargonidol”1

OH “Leucicyanidol”

Page 64: 76958141 Farmacognosia I

64

1.1.7 CHALCONAS

� Aparentemente são simples, porque não

têm o anel C (não houve fecho no anel C por falta de um OH);

� Não há muitas plantas a acumular chalconas;

� Têm uma numeração diferente (não é preciso sabê-la)

1.1.8 AURONAS

“Hispidol”

� Não são tão abundantes na Natureza;

� São amarelas;

� O anel A é sintetizado via acetato;

� A diferença é que ao ciclizar para o C3, cicliza para outro carbono. Daí o anel ficar

pentagonal e não hexagonal.

1.1.9 ANTOCIANIDINAS (anto: flor; ciano: azul)

� Composto iónico;

� O anel C é + (anel catiónico), por isso o composto tem de estar ligado a um anião;

� São abundantes na Natureza;

� Têm oxigénio trivalente, por isso é +;

� Dão cor azul, vermelhas ou cores intermédias como rosa púrpura às flores;

Se o radical for: O nome do composto é:

H “Isoliquiritigénine”

OH “Butéine”

Se o radical for: O nome do composto é:

H “pélargonidol”

OH “cyanidol”

Page 65: 76958141 Farmacognosia I

65

EM RELAÇÃO À QUERCETINA E CIANIDINA

� Pode-se dizer que a diferença das cianidinas e das quercetina está na falta da função

cetónica e no reearrajo dos e-.

� A cianidina provem então da redução da quercetina

� Desaparece o O e os e- são rearranjados

� É o que se faz no laboratório: reacção da cianidinas (ou reacção xibato):

1) Pega-se no extrato;

2) Os flavonóis e as flavonas são reduzidas com H2 que é feito à custa do HCl e

Mg metálico. Este reage com o HCl, formando o MgCl2, libertando H2 que

reduz os compostos dando origem à cianidina.

� A natureza faz algumas antrocianidinas;

NOTA:

São os carotenóides que dão a cor amarelo na Natureza.

Os flavonóis e as flavonas podem corar se tiverem muitos OH pendurados;

A quercetina só cora em grande concentrações.

� carotenoides⇒ amarelos

� antrocianicos⇒dão muitas cores as natureza

� algumas quinonas juntamente com carotenóides (casos mais raros)⇒ dão cores escuras

às folhas no Outono, a clorofila desaparece, aparecendo as outras cores.

Sempre que as plantas precisa de compostos mais polares, os flavonóis poderão estar

livres quando estão dissolvidos nas ceras das plantas.

De um modo geral elas existem ligados a açúcares e existem armazenados em vacúolos.

Os sítios preferenciais para ligar açúcar: carbono3⇒origina os C-heterósido e os O-

hetrósidos.

Page 66: 76958141 Farmacognosia I

66

EXEMPLOS:

Açúcar base: quercetina

Se a OSE for: Nome do flavonóide

Ramnose quercitrócido ou

quercitrina

Galactose hiperósido

Glucose isoquercitrósido

Açúcar base: apigenina

Tem glucose (glc) pendurado no C6’’

Nome: ác. paratomárico

Açúcar base: luteolina (flavona)

Nome: orientina (é um C-heterósido)

Açúcar base: apigenina

Nome: “shaftoside”

Açúcar base: apigenina

Nome: saponarina (“7-0-glucosyl-isovitexine”).

É um C-heterósido e um O-heterósido ao mesmo tempo

.

A Natureza há centenas de flavonóides devido:

� ao número de OH;

� à sua posição;

� aos açúcares que se ligam;

Quando a Natureza precisa de um composto menos polar, implementa CH3COOH

(solúvel em lípidos), caso contrário implementa um açúcar (solúvel em água).

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67

EXTRAS: DIMEROS

HINOKIFLAVONA com lig. no C6 e no C4’’ da outra flavona

DÍMERO com ligação no C3’ e no C8’’ da outra flavona.

CAJAFLAVANONA

Outro grupo que as plantas usa para compostos menos polares: unidades isoprénica

(unidades de 5 atómos de carbono em que o 3 ramifica)

Extras:

Reacções usadas para saber se tem ou não flavonóides:

� ensaios cromáticos:

� reacções atribuídas ao núcleo fundamental:

� reacção de cianidina

� reacção oxalo-bórica

� reacções atribuídas aos hidroxilos fenólicos:

� reacção com hidróxidos alcalinos

� reacção sais de metais

� ensaio cromatográfico (revelação em placas e diagnóstico em espectofotmetria)

Page 68: 76958141 Farmacognosia I

68

Qual dos compostos absorve maior comprimento de onda?

Este porque o sistema conjugado é maior (tem mais um grupo)

Este é ainda maoir, porque o sisyema conjugado também o é.

FUNÇÕES DOS FLAVONÓIDES NAS PLANTAS

� agentes de defesa

radiações UV

microrganismos

insectos

animais herbívoros

� agentes de coloração

antocianinas

quelatação de metais

co-pigmentação

� São ainda importantes para:

Interacção com radicais livres.

� Responsáveis pela coloração das plantas (flavo= amarelo, antocianinas)

UTILIZAÇÃO TERAPÊUTICA

• Tratamento de sintomas relacionados com a insuficiência venolinfática

• Tratamento de problemas da fragilidade capilar ao nível da pele e das mucosas

• Tratamento dos sinais funcionais da crise hemorroidária (usada em problemas de

varizes)

• Metrorragias (a nível do útero - dilatações)

Page 69: 76958141 Farmacognosia I

69

PROPRIEDADES BIOLÓGICAS

• Vitamínicos P→ propriedade mais importante

• Actividade antioxidante→ todos os fenóis são antioxidantes (uns mais do que outros)

relação estrutura/actividade

toxidade das ROS

• Inibidores enzimáticos

1. hialuronidase

2. catecol-O-metiltransferase

3. 5-lipoxigenase

4. cicloxigenase

• Outras propriedades

- anticancerígenos

- anti-inflamatórios

- anti-alérgicos

- hepatoprotectores

- hipocolesterolemiantes

- diuréticos

- anti bacterianos

- antivíricos

- os flavonóides conseguem diminuir a permeabilidade dos capilares e reforçar a

sua resistência (daí haver medicamentos com flavonóides).

A propriedade vitamínica é a mais importante dada aos flavonóides – a natureza

vitamínica destes compostos é duvidosa (daí a nominação de vitamínicoP ou por factorP).

São vários os clínicos que admitem o seu efeito benéfico em diversas patologias

circulatórias.

Historicamente, a noção de factor P deve-se às seguintes observações: certas

manifestações hemorrágicas do escorbuto, curadas administrando-se sumo de limão, não

cedem por administração unicamente de ácido ascórbico. Este não pode actuar sem ser na

presença de um factor P ou C2 (a citrina). Se bem que na experiência inicial, não foi possível

repetir, as propriedades do factor P tem sido atribuídas a diversos polifenóis: flavonóides,

antocianósidos, oligómeros flavánicos.

Page 70: 76958141 Farmacognosia I

70

ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS COM FLAVONÓIDES

� Diosmina (5,3’-OH-4’-OMe-7-rutinosilflavona)

Veno-V; Venex; Daflon

� Hidrosmina (diosmina hidroxietilada)

Fleboton

� Hesperidina (5,3’-OH-4’-OMe-7-rutinosilflavanona)

Daflon; Actilan

� Rutina (5,7,3’,4’-OH-3-rutinosilflavonol)

Rutinicê

� Hidroxietilrutosido (rutina hidroxietilada)

Venoruton

� Antocianósidos do Mirtilo

Difrarel; Varison

FLAVONÓIDES NOS ALIMENTOS

� quercetina-3-gluc, miricetina-3-gluc,

� kampferol-3-gluc, isoramnetina-3-gluc

� derivado da delfinidina (R1= OH, R2 = OH)

� da cianidina (R1= OH, R2 = H)

� da petunidina (R1= OH, R2 = OCH3)

� da peonidina (R1= OCH3, R2 = H)

� da malvidina (R1= OCH3, R2 = OCH3)

EXEMPLOS:

1) uvas /vinho

2) maçãs

� quercetina-3-ram, quercetina-3-xil,

� quercetina-3-rutinosido, floretina-2’-glucósido, floretina-2’-xilgluc

O

OH

OH

OH

R1

R2

OH

OHOH

OH

OH

O

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71

O

O

O

O

OH

OH

OH OH

CH2OH

OMe

PLANTAS CARACTERIZADAS PELA PRESENÇA DE FLAVONÓIDES

1) CARDO MARIANO

• fruto de Silybum marianum

actividade1:

� anti-hepatóxica: prevenção dos efeitos tóxicos do tetracloro de carbono, da

galactosamina, e outros tóxicos a nível de hepático. ;

� Protecção;

� Inbidor da peroxidação dos lípidos membranares;

� Inbidor da formação da “leucotriène B4”;

� Aumanta a taxa de sobrvivência dos doente com cirrose etílica.

Nota: pouco absorvido à nível intestinal, a sua biodisponibilidade pode ser aumentada por

complexação com a silipe.

constituintes:

� silimarina 1,5 a 3% (silibina + silicristina + .... ) → LEGALON

silibina silicristina

� “flavolenhanas” (vamos falar mais à frente)

2) GINKO

Ginkgo biloba, folhas

Uma espécie pré-histórica,

porque é um fóssil vivo. tem uma

circulação de seiva da pré-história;

não sabia fazer sementes.

Constituintes activos:

� flavonóides (0,5 - 1%): derivados da quercetina e kaempferol; biflavonas (C-3’→ C-8’’)

� terpenos (1%)

1 Pharmacognosie, J. Bruneton

O

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

OMeHOH

2C

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72

Acção farmacológica

� Inibidor do PAF1 (terpenos): fig. de cima à direita.

mediador fosfolipídico implicados na agregação plaquetária, na formação de

trombos, reacção inflamatória, alergia, broncoconstrição, etc

� Antioxidante (flavonóides)

Acções fisiológicas2:

� O ginkgolide é um inibidor do PAF.

� Mediador fosfolípidico intercelular secretado pelas plaquetas, leucócitos, macrófagos e

células endotiliais vasculares;

� Diminui a permeabilidade capilar.

Utilização

Usa-se um extracto estandardizado (24% flavonóides e 6% terpenos) no tratamento

cerebral.

ABOLIBE FORTE; BILOBAN; GINCOBEN; VASACTIFE FORTE (venotrópicos,

vasodilatadores)

Situações em que pode ser usado3:

� Tratamentos:

Tratamento da “claudication” intermitente das artereopatias crónicas dos

membros inferiores.

� Melhoramento da doença de Raynaud;

� Em sintomas do défice intelectual patológico

1 PAF: plated agregating factor 2 Pharmacognosie, J. Bruneton 3 Pharmacognosie, J. Bruneton

Page 73: 76958141 Farmacognosia I

73

3) MARACUJÁ

Passiflora incarnata1, partes aéreas

Acção farmacológica:

sedativo

Constituição

ESPÉCIES CARACTERIZADAS PELA PRESENÇA DE FLAVONÓIDES (F. P.)

� Anthemis nobilis,

� Vaccinium myrtillus, baguinha vermelha que serve para fazer compota

� Vitis vinifera (videira)

� Crataegus spp

� Calendula spp, muito usada em cosmética

� Betula spp

� Sambucus nigra, (sabogueiro)

Informação extra sobre benzenos

1 “primo” do maracujá; tem ligação histórica com a Paixão de Cristo (5 chagas, espinhos, …)

R1 R2 R3 R4 Vitexine H H glc H

Isovitexine glc H H H Orientine H H glc OH

Iso- Orientine glc H H OH Saponarine glc glc H H Schaftoside glc H ara H

isoschaftoside ara H glc H Vicénine-2 glc H glc H

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74

2. TANINOS

� Abundantes na Natureza;

� Substâncias adstringentes (sensação de travo; ex.: quando se come um diospiro verde);

� São produtos vegetais polifenóicos;

� Historicamente, são importantes devido às propriedades tanantes;

� Transformação da pele fresca em material imputrescível, o couro.

↓ Processo lento (tanagem)

Os taninos são capazes de se fixar nas proteínas da pele (são substâncias fenólicas) por

ligações covalentes através de radicais livres, fazendo uma molécula muito grande, tornando a

pele resistente aos microorganismos, humidade, etc.

NOTA:

A formação dos radicais livres é feita por acção da luz e do ar (importante para a

oxidação).

As radiações UV de menor comprimento de onda são as mais energéticas, capazes de

detectar radicais livres.

Logo tem tendência a ligar-se.

Ex.: Quando se põe uma folha de jornal ao sol, ela fica amarrada ao fim de algum tempo

porque ela tem lenhinas ricas em fenóis que são sensíveis à formação de radicais livres. Pelo

contrário, quando se pões uma folha corada ao sol, ela perde a cor, pois o sol rebenta com as

ligações pi (que são fracas) deixando a folha descorada.

Actualmente, a maior parte dos couros já não são feitos usando taninos, mas sim metais

de cobre.

Recursos vegetais em Portugal:

o Castanheiros;

o Carvalho

o Anacardiáceas: sumagre

o Leguminosas: acácia, sobretudo as mimosas

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75

TANAGEM

Estabelecimento de ligações entre as fibras de colagénio (proteínas da pele) e os

polifenóis resistente à água e ao calor.

Combinação entre taninos e macromoléculas explica:

� Precipitação da celulose, pectinas e proteínas

� Adstringência: precipitação das glicoproteínas da saliva, daí a perda do poder

lubrificante desta.

MASSA MOLECULAR

Os taninos não podem ter:

� Elevada massa molecular porque não se interligam entre os interfibrilares da

macromolécula (colagénio), não se formando ligações (MM =>300)

� Baixa massa molecular porque integram-se nos espaços interfibrilares, mas não formam

ligações suficientes (MM =< 500)

DEFINIÇÃO CLÁSSICA

• Compostos fenólicos hidrossolúveis com uma massa molecular entre 500 e 3000

• Apresentam todas as reacções características dos fenóis (ex.: todos os fenóis dão cor

azuis/verde, com o FeCl2, e com a soda dão cor amarelada)

• Precipitam alcalóides (ligação entre o OH dos fenóis e o NH das proteínas ou

alcalóides)

• Precipitam gelatina e outras proteínas

CLASSIFICAÇÃO E ESTRUTURA DOS TANINOS

Distingue-se, classicamente, dos grupos de taninos:

1. Condensados

2. Hidrolisáveis, que diferem pela sua estrutura e origem biogenética.

2.1)TANINOS HIDROLISÁVEIS

� Ésteres de um açúcar e de um nº variável de ácidos fenólicos

� Açúcar: geralmente a glucose

� Ácido fenólico: ácido gálhico ou ácido hexa-hidroxidifénico

Ác.gálhico- Taninos Gálhicos

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Ácido gálhico:

3 funções fenólicas

1 função ácida

para passar a éster junta-se a uma glucose.

� Taninos Elágicos (denominação imprópria)

Ácido hexahidroxidifénico ác. elágico (ainda é um primário de tanino, pois a sua MM não chega aos 500)

Mono e digalhoilglucósidos não apresentam propriedades tanantes: MM baixa.

VIA BIOGENÉTICA DOS TANINOS HIDROLISÁVEIS (NOTA: a professora não falou deste acetato)

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EXEMPLOS DE TANINOS HIDROLISÁVEIS

o Tanino muito simples, constituída por uma glucose e em cada um dos deus OH

(excepto o do C5) está um ácido gálhico.

o Tanino porque a sua MM está acima dos 500 e abaixo dos 3000.

o Quando colocado em ácido a ferver, obtém-se:

� 2 glucose

� 5 ác. Gálhicos

� 1 dímero, o ác.hexahidrodifénico (quando os ác.gálhicos estão muito próximos,

podem formar uma ligação entre dois carbonos): Nunca se encontra este dímero

porque rapidamente se transforma no ác.elágico.

o Se se colocar o tanino em ácido a ferver, obtém-se:

� 1 molécula de glucose

� 5 ácidos gálhicos

o tanino complexo

� A 1ª molécula roda em torno do eixo castanho ficando os 3OH para cima e o COOH

para baixo

� Daí que ocorre 2 ligações ésteres: o COOH de um monómero com o OH do outro.

O ác.elágico não faz parte dos taninos, é sim um artefacto. (daí o “nome impróprio” no

acetato). O nome “ác.elágico” vem da hidrólise dos dímeros e posterior esterificação.)

� 1 trímero (que não é hidrolisável com ácido)

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2.2) TANINOS CONDENSADOS (PROANTOCIANIDINAS)

Polímeros flavânicos: unidads de 3-flavanóis ligados entre eles por ligações C-C, em 4

� 8; e 4 � 6.

Polímero tratado com ácido, a quente � Antocianidol.

VIA BIOGENÉTICA DOS TANINOS CONDENSADOS

Oriundos do metabolismo dos flavonóides (Via acetato + Via chiquimato)

� 3-hidroxilação de uma flavanona

� 2,3-dihidroflavonóis

redução

� 3,4 – flavanodióis

Os 3,4 – flavanodióis são muito reactivos, devido ao carácter benzílico do hidroxilo em 4.

Reacção com os carbonos nucleofílicos 6 ou 8 de um flavanol ou 3,4-flavanodiol.

Repetição do mecanismo

Polímeros←Adições sucessivas de unidades flavânicas.

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EXEMPLOS DE TANINOS CONDENSADOS:

1).

� dímero de dois flavonóis, especificamente, dímero de

duas catequinas (ligação entre o C4 e o C8’)- oito linha

porque é de outra catequina

� cada catequina tem actividade óptica porque tem 2

carbonos quirais (C2 e C3, logo existem 4

possibilidades diferentes. Daí os nomes catequina e

epicatequinas que se distinguem pelos S e R. Aliás, o mm tipo de molécula distingue-

se pelo desvio químico (uma é mais catequina [ou epicatequina] que a outra).

Porém, na Natureza não existem os 4 isómeros, existe apenas uma epicatequina e uma

catequina.

Simplificando, os taninos condensados são polímeros de catequinas.

São condensados porque não são hidrolisados devido à ligação C-C.

Em meio ácido, há quebra apenas de uma ligação, havendo precipitação do resto da

molécula. (Isto pode também acontecer quando há 15, 20… moléculas.)

Actualmente, o termo mais usado para taninos condensados é proantocianinas. Isto

porque, em meio ácido, dá origem a uma antocianina (molécula da ponta).

2).

� 4 unidades de catequina

� tem ligações C-C

� tem ligação entre o 4 e o 8’

� ligação éter

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PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

� Dissolvem-se em água sob a forma de soluções coloidais: não são soluções

perfeitas devido ao elevado peso molecular

� Solúveis em álcoois e acetona

� Reagem com o cloreto férrico

� São precipitados das suas soluções aquosas por sais de metais pesados, gelatina

e alcalóides

� Comportamento em meio ácido, a quente→ Distinção entre condensados e

hidrolisáveis

DEGRADAÇÃO DAS PROANTOCIANINAS EM MEIO ÁCIDO

ADSTRINGÊNCIA

Quando se ingere produtos com taninos, não se formam ligações covalentes porque não

há tempo suficiente.

Formam-se sim pontes de hidrogénio entre o OH do fenol e o azoto das proteínas:

Há animais que não gostam de taninos devido ao paladar. Porém há outros que mesmo

não tendo paladar, não gostam porque os taninos acabam por precipitar as proteínas.

Funcionam como

Antinutrientes; antidigestivos

À medida que os frutos amadurecem perdem taninos e um pouco de ácidos orgânicos,

mas aumentam os açúcares. Isto acontece à medida que a semente se desenvolve preparando-se

para a sua dispersão.

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EXTRACÇÃO DOS TANINOS

Tecidos frescos, ou conservados por congelação ou liofilização

Melhor rendimento,

(porque no fármaco seco, uma parte dos taninos combina-se irreversivelmente com outros polímeros)

1. Mistura de água e acetona

2. Eliminação de acetona por destilação

3. Eliminação de pigmentos e lípidos por um solvente

4. Extracção com acetato de etilo (Proantocianidinas diméricas e taninos hidrolisáveis). Na fase

aquosa, figam proantocianidinas poliméricas e taninos hidrolisáveis de MM elevada.)

Moléculas puras: Cromatografia de exclusão em gel e Cromatografia em fase inversa

REACÇÕES DE IDENTIFICAÇÃO

Actualmente, já não se chegam a estas conclusões, só bem mais complicadas.

Hidrolisáveis Condensados

1 Aquecimento com ácidos minerais

Decompõem-se em substâncias mais simples: ác.gálhico, derivados do ácido gálhico e açúcares (provavelmente a glucose).

Precipitados vermelhos Flobafenos Há quebra de uma ligação e o resto da molécula precipita

2 Solução acética de acetato de chumbo

Precipitados Não originam precipitados

3 Solução de sais férricos (faz-se nas práticas)

Produtos corados de azul escuro

Produtos corados de verde

4 Aquecimento com s. formol-clorídrico

Não originam precipitados Originam precipitados

5 Água de bromo Não originam precipitados Originam precipitados

6 Degradação térmica ou fusão alcalina

Originam pirogalhol Originam pirocatecol e ácido protocatéquico

1. ácidos minerais: ác.clorídrico, ác.sulfúrico, etc.

ácidos orgânicos: ác.acético, ác.metanóico, ác.benzóico, etc.

2. e 4. chamada reacção empírica (a professora não sabe o porquê dos resultados).

6. Os taninos hidrolisáveis originam pirogalhol, porque há uma descarboxilação “violenta”:

Pirogalhol (piro = calor; produto originado dos ácidos gálhicos por acção do calor)

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Se este composto for sujeito a uma fusão térmica, o que pode

sobrar é o anel B:

DOSEAMENTO

� Método da pele em pó (Farmacopeia Portuguesa)

1) Infuso do fármaco (extracção com água quente. Esta adquire não só os taninos como também outros

compostos.)

2) Numa alíquota, adicionar R. Fosfomolibdotúngstico + carbonato de sódio (reacção típica

de fenóis. A solução adquire a cor de todos os fenóis.)

2.1) Determinação da Absorvência a 760 nm: A1 – Polifenóis totais (absorve tds os fenóis).

3) Noutra alíquota, adicionar pele em pó (precipitam os taninos). Filtrar. No filtrado

adicionar R. Fosfomolibdotúngstico + carbonato de sódio.

3.1. Determinação da Absorvência a 760 nm - A2 (absorvência de todos os fenóis,

excepto os taninos pois estes precipitaram).

A1-A2 = teor em taninos, expresso depois em pirogalhol

PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DOS TANINOS

Via externa:

� Vasoconstrição dos pequenos vasos superficiais;

� Hemostático: precipitam as proteínas do soro sanguíneo;

� Antídotos dos alcalóides e sais de metais pesados: precipitam, impedindo a sua absorção;

� Diminuem a transpiração: fecham os poros da pele (logo usados em desodorizantes);

� Como precipitam proteínas (enzimas), são anticépticos (antibacterianos e antifúngicos)

São inibidores da actividade enzimática: Daí que os taninos conseguem ter as duas

características ao mesmo tempo: são adstringentes1 e inibem a actividade bacteriana e vírica.

Via interna: efeito antidiarreico2

NOTA: daí a geleia não ganhar bolor quando está ao ar (devido à presença de taninos). 1Adstringentes: porque precipitam as proteínas das células superficiais das mucosas e dos tecidos descobertos, formando revestimentos protectores. Diminuem por isso o volume das secreções e impedem a absorção de substâncias irritantes e tóxicas. 2 daí a recomendação de comer marmelada. Antes comia-se chá preto (devido aos taninos) e bebia-se água com gás devido à rehidratação.

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PRINCIPAIS FÁRMACOS COM TANINOS

1. Galhas dos Carvalhos

� Taninos hidrolisados;

� Adstringente por via externa (queimaduras e dermatoses)

� Hemostático

2. Hamamélia

� Folhas secas;

� Poligalhoilglucose, hamaméliatanino, flavanas (monómeros e esterificadas

(galhato de epicatecol), proantocianidinas.

� Propriedades adstringentes e vasoconstritoras

� Insuficiência venosa; Sintomatologia hemorroidal

� raramente usado em cosmética

� proantocianidinas (são as mais pequenas: 2 ou 3 moléculas)

3. Ratânia do Peru

� Raiz;

� Taninos condensados

� Via oral/via local

a. Tratamento sintomático de fragilidade capilar cutânea (equimoses)

b. Sintomatologia hemorroidal

c. Manifestações subjectivas de insuficiência venosa

� Via local

a. Higiene bucal

4. Salgueirinha

� Sumidades floridas;

� Taninos gálhicos;

� Via oral – antidiarreico;

� apresenta fluorescência roxa.

5. Pirliteiro

� Sumidades floridas;

� Taninos condensados;

� (-)-epicatecol em grandes quantidades

� Activa em disfunções do miocárdio (Sinergia de vários p.a.).

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3. FENÓIS E ÁCIDOS FENÓLICOS (2 tipos)

1. PLANTAS COM FENÓIS SIMPLES

UVA URSINA (nome vem do aspecto dos frutos: uvas)

• Planta rasteira, com bagas azuladas.

Definição: folhas secas de Arctostaphylus uva-ursi

Composição química:

� Árbutina (= arbutósido) 6-10%

� Metilarbutina

� Taninos

� Flavonóides

� Triterpenos

NOTAS:

Este fenol é complexo, é difícil de sintetizá-lo e falta a cadeia carbonada (daí a dúvida

se ele é ou não sintetizado via shikímica). Não é um shikímico, nem benzóico; não é muito

abundante.

Para distinguir os marmelos, as pêras e as maçãs, é precipitando a arbutina, uma vez

que a maçã e o marmelo não o têm e a pêra tem.

PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS E EMPREGO:

� diurético; anti-séptico das vias urinárias;

� Tradicionalmente utilizada como adjuvante das curas de diurese das infecções urinárias

benignas e para favorecer a eliminação renal da água.

Hidroquinona e mequinol (este é metilado):

� inibidores da síntese da melanina.

Também usado em alguns produtos cosméticos para inibir a síntese da planta.

OH

OH

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ÁCIDOS FENÓLICOS

R = R’ = H; Ácido p-cumárico R = R’ = H; Ácido p-hidroxibenzóico

R = OH, R’ = H; Ácido cafeico R = OH, R’ = H; Ácido protocatéquico

R = OCH3 ,R’ = H; Ácido ferúlico R = OCH3, R’ = H; Ácido vanílico

R = R’ = OCH3; Ácido sinápico R = R’ = OH; Ácido gálhico

R = R’ = OCH3; Ácido siríngico

2. PLANTAS COM ÁC FENÓLICOS (3 plantas)

1. ALCACHOFRA

Definição. folhas radicais, secas, inteiras ou fragmentadas, de Cynara scolymus

Composição química:

� Flavonóides

� Lactonas sesquiterpénicas

� Ésteres do ácido cafeíco (sobretudo o ácido clorogénico [5-cafeioilquínico]

que existe em quase tudo o que é vegetal.)

EXTRACÇÃO

Com metanol ou com álcool etílico.

ACÇÃO FARMACOLÓGICA

Colerético; facilita a expulsão da bílis

Diminui o colesterol e triglicerídeos

Favorece a eliminação renal e digestiva (diurético)

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2. ALECRIM

Definição: sumidades floridas secas de Rosamarinus officinalis (são usadas em

farmácia de oficina, daí o nome).

Nota: Rosmaninho é uma planta mais baixa; é a lavanda teca (prima das alfazemas)

Rosmarino é o alecrim, uma planta mais alta.

Composição química:

1- 2,5% de óleo essencial

2- derivado de ácidos fenólicos p. e ác.rosmarínico

3- flavonóides

4- diterpenos cíclicos

*1

O 3’,4’-dihidroxifenillácteo é sintetizado via shikimato; não é um C6C3, ou seja, não é

um cinâmico porque lhe falta a dupla (ver quadro da rede biossíntese dos ác.cinâmicos e

benzóicos).

Esta molécula quebra em 2 partes, pois a ligação éster quebra facilmente com uma base.

*1- como é o ác.lacteo, já possui os 3 e 4, logo na nomenclatura do composto é com 3’ e 4’.

ACÇÃO FARMACOLÓGICA, EMPREGO:

� Óleo essencial (porque é uma planta aromática): espasmolítico, antioxidante.

� Colagogo

� Colerético função dos compostos polares que se encontram num chá

� Diurético de alecrim

� Antioxidante

� Aromatizante

Nota: Se se fizer um chá de alecrim, os compostos que obtemos na água são:

1- fenóis (derivados: ác.rosmanico)

2- flavonóides

3- um pouco de óleo.

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3. CHÁ-DE-JAVA

Definição: folhas e extremidades dos caules de Orthosiphon stamineus

Composição química:

� sais de potássio

� di- e triterpenos

� óleo essencial

� flavonóides

� ésteres do ác cafeico (ác rosmarínico, ác cafeioiltartáricos, ác litospérmico etc)

Emprego: diurético e digestivo

Em meio básico, se se hidrolizasse este composto, obter-se-iam duas partes: 3’,4’-

dihidroxifenil-lacteo e a outra parte.

Teoricamente, obter-se-iam 3 partes:

1- 3’,4’ dihidroxifenillacteo

2- ác.cafeico

3- ác.cafeico s/dupla

ÁCIDOS FENÓLICOS NOS ALIMENTOS

� Vinho:

siríngico, ferúlico, p-cumárico, cafeico, cis-COUTA, trans-COUTA, trans-CAFTA,

gálhico, 3,4-diOH-benzóico.

� café (5%):

ác quínico, cafeico, ferúlico, clorogénico, feruloilquínico.

� chá:

clorogénico, cafeico.

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4. LENHINA E LENHANAS

Uma molécula muito abundante e que resulta da ligação de fenilpropanóide é a lenhina.

É uma molécula gigante, não corada, que aparece no xilema e no esclerênquima como tecido

de suporte. A sua abundância vem provar que a via chiquimato é utilizada em quase todas as

plantas.

� Sintetizando via shikimato

� Álcool cinâmico (tem a dupla a meio)

� Muito abundante na natureza

� Nome: álcool coniferílico (porque é tirado das coníferas- plantas

gimnospérmicas com frutos em forma de cones)

Hipotética molécula:

Álcool polifenílico e aparentados: lenhina (faz parte da fibra alimentar)

� Esta molécula não tem ligações

ésteres

� O composto é constituído de

C6C3, OMe;

� O que dá variabilidade à

molécula é: existência de uma

dupla ou não; tipo ligações que

se formam entre as unidades.

*1 função aldeído e não função álcool

*2 a ligação entre a molécula 1 e 2 (partes fenil) é feita através de uma ligação tripla (C-C e

duas de éter). Isto não é hidrolisável nem no laboratório nem no organismo.

FUNÇÃO DA LENHINA

Dá resistência e existe nas paredes vegetais de algumas células (esclerênquima e

xilema).

Nota: Uma planta com celulose é rasteira ao contrário de uma planta com lenhina.

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IMPORTÂNCIA DA FIBRA ALIMENTAR (LENHINA)

Prevenção do cancro do tubo digestivo (sabe-se através de estudos estatísticos: estuda-

se uma população, a sua alimentação e os seus tipos de doença).

Lenhina: polímero de peso molecular muito elevado (pode ser uma molécula que envolve a

célula toda).

Lenhana: produtos da condensação de dímeros fenilpropanóides (fenil + 3 carbonos), com

ligações B-B ou 8-8’ (são sinónimos).

Esqueleto base:

Nota: o C7 e 9, em alguns livros podem ser chamados de α e β respectivamente

.Explicando o que são Cα, Cβ, Cδ.

Os nossos aminoácidos das proteínas são aminoácido α, ou seja, têm a função

amina no carbono α. São aminoácidos que vêm dos alfacetoácidos.

PRINCIPAIS TIPOS DE LENHANAS

� 2a. Ligação 8-8’ (para além desta ligação obrigatória para ser uma lenhana, existe também uma ligação éter).

� 3. Ligação 8-8’; ligação éster

� 4a. Ligação 8-8’; ligação C-C entre 7’ e 2.

� 5. ligação 8-8’; ligação 2-2’; gerou um anel octogonal.

� 6. ligação 8-8’; duas ligações éter.

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Atenção: 1- a professora no exame costuma pedir que se façam estruturas de lenhanas,

flavonóides, taninos e justificar. Ex.: desenhamos uma lenhana e para justificar dizemos que

tem a ligação 8-8’ e são dímeros de fenilpropanóico. Agora cuidado com o número de

carbonos.

2- a professora também pode pedir em que classe se encaixa um composto

Ex.:

- não é uma lenhana porque não tem ligação 8-8’, embora tenha o número

certo de carbonos.

- não se encaixa em lado nenhum. A natureza não faz isto.

PLANTAS COM LENHANAS

Podophylum peltatum (planta americana, daí o nome em latim, pois a

planta não tem nome no nosso país, logo “aportuga-se” o nome latino).

� Tem duas folhas e na axila das folhas tem uma flor branca.

Parte utilizada – rizoma com 3 a 6% de resina (“podofilino”).

Forma de utilização: resina extraída pelo álcool e precipitada pela água (o que

precipita é um pó amarelo que se chama resina podofilina)

Utilização tradicional

• Laxativo estimulante: do tipo das antraquinonas.

• Colagogo: substância que estimula produção da bílis

• Emético e vermífugo: expulsa vermes

• Muito usado para a produção do vinho

• Tratamento de condilomas (excesso de pele. Ex.: cravo) externos: hoje é

substituída por uma solução a 0,5% de podofilotoxina, pois o pó

dissolvido em álcool queima mesmo, que destruía a pele.

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Principais constituintes da resina

podofilotoxina1 (20%): R1 = CH3; R2 = OH; R3 = H

a-peltatina (5%): R1 = H; R2 = H; R3 = OH

b-peltatina (15%): R1 = CH3; R2 = H; R3 = OH

desoxipodofilotoxina: R1 = CH3; R2 = H; R3 = H

A molécula é uma lenhina porque:

• Tem ligação 8-8’

• Ligação éster

• Ligação C-C entre o 7 e o 2’.

Actividades biológicas

Antimitóticos por acção ao nível da tubulina (impede a formação de

microtúbulos que é necessária para a formação do fuso acromático). Ou seja, estes

compostos impedem a divisão celular, daí serem usados no tratamento de certos tipos

de cancro.

Toxicidade: Por vezes usados no tratamento de determinados tipos de cancro.

Informação extra:

- 1,2-dihidroxibenzeno (pela IUPAC);

- 1-hidroxi-2-metoxibenzeno (pela IUPAC); tolueno (nome vulgar)

1 Ver pág. seguinte

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O reino vegetal tem milhares de anticancerígenos, porém muitos não são usados devido

à sua toxicidade.

Então os cientistas manipulararm estes compostos de modo a serem menos tóxicos.

Das centenas de compostos que fizeram, sobraram dois: etopósido e tenopósido.

DERIVADOS DA POFILOTOXINA

Os cientistas usaram a podofilotoxina, à qual acrescentaram um açúcar. Fizeram uma

ponte à qual se pode acrescentar um radical (CH3 ou tienil)

O etopósido e o tenipósido são dois anticancerígenos, porém não têm nada a ver com a

tubulina. Impedem o funcionamento das isotopomerase (impedem a replicação na fase S).

NOTA: Os compostos mais simples são os mais abundantes. Os que são menos abundantes vão

tendo funções específicas. Estes são muito mais activos farmacologicamente.

Revisão sobre benzenos e piranos

Nota: Usa-se “para, orto e meta” no caso dos compostos aromáticos.

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5. CUMARINAS

� Sintetizadas via ác.O-cumárico

� Pouco abundantes1 (menos ainda que os flavonóides e existem, por exemplo, na

alfazema)

� Foi revelada pela primeira vez na “fava conca” (semente usada em medicina africana)

Nota:

Se no exame a Prof. nos pedir para desenhar uma cumarina, temos que pôr

obrigatoriamente em C7, porque é o carbono que está oposto à cadeia carbonada.

BIOSSÍNTESE

ESQUELETO BASE E NUMERAÇÃO

Nota:

Não existem apenas estes dois heterósidos, existem muitos outros, basta acrescentar

moléculas no esqueleto base.

1 Não são tão abundantes, porque o OH (no resto dos chiquimatos está na posição oposta à cadeia) e perda de um carbono.

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EXEMPLOS DE CUMARINAS SIMPLES.:

� No osthol, seubenanse e peucédanol, o pernil está ligado directamente à estrutura base

� Na auraptène está ligado ao O do C7

� No peucèdanol, a dupla ligação do pernil recebeu um OH, deixando de existir a dupla

� Ligação pela cauda: osthol, subérosina, peucèdanol

� Ligação cabeça e cauda: auraptène.

EXEMPLOS DE CUMARINAS MAIS COMPLEXAS.:

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� Ligação pela cauda – impératorine, angélicine, xanthylétine, visnadine e obliquine;

� Ligação pela cabeça: chapelensine.

PLANTAS CARACTERIZADAS PELA PRESENÇA DE CUMARINAS (5 PLANTAS)

1) PILOSELA

Hieraciu pilosella (planta inteira)

Constituintes cumarínicos:

� umbeliferona (bacteriostático)

Utilização:

� digestivo e diurético.

2) ASPÉROLA- ODORÍFERA

Asperula odorante (parte aérea)

Constituintes cumarínicos: cumarina

Utilização:

Sonífero ligeiro

Problemas digestivos

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3) MELILOTO (leguminosa);

sumidade florida seca de Melilotus officinalis

Constituintes cumarínicos: melilotósido (este é fabricado pelo laboratório)

Utilização:

� Também semelhantes à utilização dos flavonóides de modo geral

� Anti-edematoso (anti-inchaço)

� problemas de circulação venosa ( > débito venoso e linfático)

� menor permeabilidade capilar

� tratamento sintomático da crise hemorroidária.

4) ANGÉLICA

Cepas radiantes (parte subterrânea) de Angelica archangelica

Constituintes cumarínicos: angelicina, ostol.

Utilização:

� Problemas digestivos

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� Colites espasmódicas

5) CASTANHEIRO-DA-ÍNDIA

Castanea sativa � significa satisfação;

Aesculus hipocastanum (castanhas da traça, dada aos cavalos, para os humanos são

tóxicas);

Cascas de Aesculus hipocastanum;

Constituintes cumarínicos:

� Esculósido →

� Muitos outros compostos

Utilização:

� É um exemplo de fitoterapia, ou seja, usam-se os extractos das plantas cuja

acção é leve (5 plantas pouco activas senão teria de ser feito um doseamento),

logo não são usadas em casa. (a indústria farmacêutica coloca o extracto [não

o esculósido] nas drageias);

� Problemas circulatórios menores;

� Fragilidade capilar cutânea

BIO-STRATH nº1 (produto farmacêutico com extracto de castanheiro da índia)

Nota:

Os extractos que tomamos e que a farmácia vende, são extractos aquosos e/ou

hidroalcoólicos de baixo título (álcool a 20/30%). Não se tomam extractos álcool, porque

aquilo que o álcool tira à planta é diferente daquilo que a água tira da planta. (isto pode ser

uma pergunta de exame)

EXERCÍCIO SOBRE CUMARINAS: “Qual ou quais dos seguintes compostos são cumarinas?”

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Resposta: A cumarina base tem um OH no C7 e a Natureza introduz um isopreno. Porém a

oxigenação (o oxigénio do pentano) tem que estar do lado oposto à cadeia carbonata, o que só

acontece na primeira estrutura,

FURANOCUMARINAS E TOXICIDADE

Fotoxicidade: as pessoas que lidam normalmente com as mãos em determinados tipos

de plantas (folhas de figueira, angélica, aipo, salsa, canabrás, arruda, citrus ssp) aparecem-lhes

peles vermelhas com bolinhas que crescem fazendo bolhas que, com o contacto com o sol,

aparecem manchas (pigmentação).

Ou seja: Contacto � exposição solar � dermatite � pigmentação

Curiosidade.: Antigamente, os egípcios usavam uma planta com estes fenómenos a fim

de disfarçar as manchas brancas provocadas pelo lupus.

A fotoxidade é devida à presença nas plantas de compostos deste tipo:

Ex.: (compostos muito parecidos)

R1= H ; R2= H→ psoraleno (aparece nas plantas do género suralheio, usadas em

problemas de pigmentação em medicina)

R1= OCH3 ; R2= H → bergateno (aparece nas folhas do citrus)

R1= H ; R2= OCH3 → xantotoxina (aparece na arruda)

As furanocumarinas lineares (têm os anéis todos em linha) apresentam fenómenos de

fotoxidade.

As furanocumarinas angulares (dois anéis apresentam um ângulo diferente em

relação ao terceiro anel) não apresentam fenómenos de fotoxicidade.

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As furanocumarinas interferem com o DNA:

1. fazem ligações às bases pirimidicas, podendo formar redes.

2. podem activar certas zonas do DNA, daí poderem ser cancerígenas.

APLICAÇÕES EM MEDICINA

Apsuríase vs Cancro

A apsuríase aparece mais sob a forma de manchas nos cotovelos e joelhos. Aparece

quando há uma fricção contínua sob a pele. Já o cancro, embora mais fatal, é também mais

facilmente curado.

O tratamento da apsuríase é feito por PUVAterapia:

1) administração oral de Psoraleno e depois 2/3 horas

2) sujeita-se o indivíduo a radiação UV (do tipo A: 320nm a 380 nm)

Ao fim de 20 sessões começa a haver sinais de pigmentação (induz uma síntese de

melanina mas ainda não se sabe como funciona).

Este tipo de tratamentos não é feito em crianças, grávidas e evita-se fazê-los em jovens

pois pode provocar cancros de pele. Daí este tratamento ser constantemente vigiado por

médicos.

CUMARINAS E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA

DESVANTAGENS DO DICUMAROL

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100

O pasto do gado tinha, por vezes, meliloto. Este é constituído em grande parte por

melilotósido que é transformado em dicumarol, provocando, devido a este composto,

hemorragias no gado.

VANTAGENS DO DICUMAROL

Certas pessoas têm o sangue espesso (sangue que coagula muito depressa), logo maior

risco de trombose (entupimento das artérias). Assim, o dicumarol é usado em certos tipos de

medicamentos para contrariar esse efeito.

Análogos do dicumarol:

A Varfine e o Sintron são medicamentos perigosos vendidos no mercado. Perigosos

porque têm imensas contra-indicações, daí os doentes terem que ter um acompanhamento do

farmacêutico e do médico. Este faz um ajuste perfeito dos medicamentos ao tipo de coagulação

do doente a fim de evitar a sua morte. Daí que se diga por vezes que se morre da cura e não da

doença.

Nota: A indústria introduz radicais por vários motivos:

1) ou para diminuir a sua toxicidade

2) ou para aumentar o controlo

3) ou para aumentar a facilidade de fazer o medicamento

4) ou para aumentar a facilidade de ser assimilado

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6. SALICILATOS

Compostos naturais

Composto não-natural:

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Curiosidade:

O ácido acetil-salicílico surgiu há 100 anos, em que já se usavam compostos puros

como anti-inflamatórios.

Hoffmann (funcionário da Bayer) salificou o ácido salicílico formando o salicilato de

sódio para o seu pai que precisava de grande quantidade de anti-inflamatório, mas ainda não

tinha os resultados desejados, pois ainda era agressivo às paredes do estômago.

Daí que tenha produzido/inventado o ácido acetil-salicílico (actual aspirina) que tinha

como principal função diminuir a agressividade da parede do estômago, mantendo as suas

outras funções de analgésico, anti-inflamatório…

Origem do nome “Aspirina”:

Acetil:

SPIRealumaria:

INA:

Acetil: porque foi introduzido

Spireaulmaria: porque provavelmente foi a parte dela que foi feito a aspirina

Ina: porque tudo acaba em “ina” (!) ex: cocaína, heroína, etc.

PRODUTOS COMERCIALIZADOS (INT 1999)

Salicilato de 2-hidroxietilo Salicilato de colina Salicilato de dietilamina Salicilato de fenilpropilo Salicilato de metilo Ác. acetilsalicílico Acetilsalicilato de lisina

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Uso interno: antipiréticos; analgésicos; anti-inflamatórios

Uso externo: analgésicos, anti-inflamatórios, anti-reumatismais, rubefacientes (provoca

vermelhão)

PLANTAS COM DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO (3 plantas)

1.RAINHA DOS PRADOS (OU FILIPENDULA)

Definição: sumidades floridas de Spirea ulmaria

(Filipendula ulmaria)

tem a ver com o aspecto dos frutos: espiral

Quando se faz uma extracção obtemos (composição):

� Flavonóides

� Taninos

� Monotropitósido �

� Heterósido do aldeído salicilico

Utilização:

� Febrífugos

� Analgésicos

� Anti-inflamatório

2.SALGUEIRO (existe junto dos rios)

Definição: cascas de Salix alba

Deu origem ao nome salicílico

Composição

� Flavonóides

� Taninos

O-Gluc-xil

COOMe

O-gluc

CH2OH

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� Salicortina

� Salilósido (salicina)�

Utilização:

� Febrífugos

� Analgésicos

� Anti-inflamatório

3. CHOUPO

Definição:

gemas foliares de Populus nigra

Gominhos que dão origem às folhas adultas

Composição:

Populósido

Salicilpopulósido

No fundo, o salicilpopulósido, é o populósido com uma esterificação do ác.salicílico na

função álcool

Utilização:

� Febrífugo

� Analgésico

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� Anti-inflamatório

PERGUNTA DE EXAME:

“Como é que a partir de choupo se chega a acetil salicílico?”

Resp:

1. Colher a planta

2. Secar a planta

3. Extrair o extracto c/água pura e metanol (álcool)

4. HCl e ferver, porem aí tenho muitos compostos: taninos, heterósidos, flavonóides

5. Extracção com éter

6. Isolar compostos (pode demorar muito tempo)

6.1- no fim temos o composto puro que tem álcool e ácido salicílico (é preciso oxidá-lo)

7. Esterificação do ácido com ácido acético a fim de obter ác.Acetil salicílico.

Nota:

Vai-se buscar às plantas (medicinais ou não) modelos para que a partir deles se fazem

novos medicamentos. Até se podem encontrar modelos interessantes para fazer medicamentos

em plantas tóxicas.

Os antibióticos são geralmente produtos naturais, produtos de microorganismos da terra

ou do lixo, de vários sítios.

VANILLA PLANIFOLIA: um caso paradigmático

Planta não portuguesa

Características:

Cápsulas (qualquer fruto deiscente), “vagens verdes”:

- Medem de 15 a 20 cm

- Isentos de aroma

- Completamente desenvolvidos, mas incompletamente maduro

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Fruto aromático de cor verde escura

Reacções envolvidas:

Fermentação das vagens que dá origem a:

-Formação de produtos corados

- Formação de compostos odoríferos (vários� ex.vanilina)

Formação da Vanilina:

Fontes de vanilina:

O que tem a ver vanilina com lenhina?

Introdução:

A lenhina existe nas plantas com fibras, principalmente nos caules e cascas.

A lenhina é também um dos vários sub-produtos da pasta de papel (constituída por

celulose).

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Os compostos de enxofre fazem a hidrólise das paredes, libertando pectinas, células,

celulose (que também é parcialmente quebrada) são estes compostos de enxofre que dão o

cheiro desagradável.

Logo é possível obter vanilina a partir de lenhina, porque os compostos de enxofre

rebentam com as ligações necessárias, incluindo a dupla que é fraca e posteriormente um dos C

é oxidado a aldeído (C�CHO), originando a vanilina.

7. XANTONAS

A prof só se referiu à estrutura, porque parte dela é sintetizada via chiquimato.

parte vermelha: sintetizada por via chiquimato

1122.. RREESSUUMMOO DDOOSS CCOOMMPPOOSSTTOOSS SSIINNTTEETTIIZZAADDOOSS VVIIAA::

CHIQUIMATO:

1. Flavonóides: C6 – C3 – C6

2. Taninos

� Gálhicos, elágicos e primos: C6 – açúcar

� Condensados (polímeros de flavanas, logo parentes dos flavonóides)

3. Ác. Fenólicos

� cinamatos: C6 – C3

� benzoatos: C6 – C1

4. Cumarinas: C6 – C3

ACETATO:

1. Ác. Gordos: têm número par de carbonos

2. Quinonas (há também quinonas sintetizadas via chiquimato)

1133.. EERRRROOSS MMAAIISS CCOOMMUUNNSS DDOO EEXXAAMMEE LLAABBOORRAATTOORRIIAALL

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108

A professora disse que a parte laboratorial poderá sair novamente no exame teórico, por

isso cuidadinho (“.). Porém os alunos dos outros anos não se lembram de sair parte laboratorial

no exame teórico, logo deve ser bluff da professora.

Mais, na aula ela citou vários erros, na sebenta são estarão aqueles cujo conteúdo não é

o mais explícito no manual laboratorial.

EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO DOS FLAVONÓIDES:

No exame usou-me como fármaco o Sene.

REACÇÃO DA CIANIDINA (PAG.23): HCl + fita de magnésio

A reacção da positiva (aparecimento de uma cor vermelha). Significa que no tubo de

ensaio existem flavonóides (excepto as classes chalconas e isoflavonas), mas também existe

outros compostos (a planta é uma mistura de compostos).

REACÇÃO COM HIDRÓXIDOS ALCALINOS: hidróxido de sódio (soda)

A reacção também dá positivo, pois os OH- da base vão “roubar” os H dos grupos

fenólicos livres, reduzindo-os.

EM RELAÇÃO AO PROTOCOLO DOS COMPOSTOS ANTACÉNICOS:

Ao aquecer o fármaco com água, todos os heterósidos (são polares) passam para ela.

Cloreto férrico: quebra dos dímeros.

Adicionando HCl: quebra dos C-heterósidos e dos O-heterósidos dos flavonóides,

taninos, cumarinas, …

Clorofórmio/etanol: passa tudo o que possuía açúcares (aparecimento de uma cor

vermelha): geninas antracénicas, geninas dos flavonóides, geninas das cumarinas,… Todas

estas moléculas provinham dos C-heterósidos, dos O-heterósidos ou dímeros.

Mais, não é o clorofórmio que cora de vermelho, mas sim a base. Os fenóis reagem com esta.

Nota: se não se o cloreto férrico, só funcionaria com os O-heterósidos.

Perguntas:

Este composto reage positivamente à reacção da soda?

Resp.: NÃO, não tem nenhum OH nu anel benzeno.

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Este composto reage positivamente à reacção da cianidina?

Resp.: NÃO.

E reage positivamente à reacção da soda?

Resp: NÃO, porque o OH não é nenhum fenol.

Este composto reage positivamente à reacção da soda?

Resp: SIM.

E reage positivamente à reacção da cianidina?

Resp.: NÃO.

Nota:

A primeira e a segunda reacção podem dar positivo, porém não é obrigatório serem os

mesmos compostos que fazem com que as reacções dêem positivos, podem ser compostos

diferentes quase encontram no mesmo fármaco.

Os fenóis são ácidos muito fracos que reagem com uma

base forte. Esta rouba um protão ao ácido, libertando assim

uma molécula de água.