74-74-1-pb

Utilizao de ERP livre no controle gerencial: um estudo de caso noSistema Integrado de Gesto ERP ADempiere

Franciane de Oliveira Alvarenga (UERJ/IPTAN) - [email protected]

Jaqueline Watanabe Oliveira (UERJ) - [email protected]

Francisco Jos Santos Alves (UERJ) - [email protected]

Jorge de Abreu Soares (UERJ/CEFET-RJ) - [email protected]

Resumo:

A evoluo tecnolgica, juntamente com as presses de negcio as quais as organizaes estosubmetidas, obrigam as empresas a atualizar sua infraestrutura de negcios, bem como suamaneira de trabalhar para que possam atender s necessidades de seus clientes e alcanarseus objetivos organizacionais. Assim, os sistemas de gesto integrada ERPs revelaram-secomo importantes ferramentas de software para as empresas que buscam alcanar o sucesso eum diferencial competitivo no cenrio econmico. Devido ao seu alto custo, surgiram opesno mbito de softwares livres, que, alm da no exigncia do gasto com licenas, trazemvrios benefcios para a empresa, tais como a facilidade com a sua customizao. Diante disso,este trabalho tem por objetivo identificar quais as ferramentas de controle gerencial que umdos principais sistemas ERP livres disponveis, o ADempiere, disponibiliza s organizaes,confrontando-o com o que a literatura prope como ferramentas importantes do controlegerencial. Para isso, foi realizado uma pesquisa do tipo exploratria-descritiva de carterqualitativo, no intuito de atingir o objetivo proposto. Aps as anlises realizadas, pde-seobservar que o ADempiere atende parcialmente este objetivo, necessitando algumascustomizaes para atender ao controle gerencial, demandando customizao paraatingimento pleno de tal controle.

Palavras-chave: ERP, ADempiere, Controle Gerencial

rea temtica: Custos como ferramenta para o planejamento, controle e apoio a decises

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

XX Congresso Brasileiro de Custos Uberlndia, MG, Brasil, 18 a 20 de novembro de 2013

1

Utilizao de ERP livre no controle gerencial: um estudo de caso no

Sistema Integrado de Gesto ERP ADempiere

RESUMO

A evoluo tecnolgica, juntamente com as presses de negcio as quais as organizaes esto

submetidas, obrigam as empresas a atualizar sua infraestrutura de negcios, bem como sua

maneira de trabalhar para que possam atender s necessidades de seus clientes e alcanar seus

objetivos organizacionais. Assim, os sistemas de gesto integrada ERPs revelaram-se como

importantes ferramentas de software para as empresas que buscam alcanar o sucesso e um

diferencial competitivo no cenrio econmico. Devido ao seu alto custo, surgiram opes no

mbito de softwares livres, que, alm da no exigncia do gasto com licenas, trazem vrios

benefcios para a empresa, tais como a facilidade com a sua customizao. Diante disso, este

trabalho tem por objetivo identificar quais as ferramentas de controle gerencial que um dos

principais sistemas ERP livres disponveis, o ADempiere, disponibiliza s organizaes,

confrontando-o com o que a literatura prope como ferramentas importantes do controle

gerencial. Para isso, foi realizado uma pesquisa do tipo exploratria-descritiva de carter

qualitativo, no intuito de atingir o objetivo proposto. Aps as anlises realizadas, pde-se

observar que o ADempiere atende parcialmente este objetivo, necessitando algumas

customizaes para atender ao controle gerencial, demandando customizao para atingimento

pleno de tal controle.

Palavras-chave: ERP, ADempiere, Controle gerencial.

rea temtica: Custos como ferramenta para o planejamento, controle e apoio a decises

1 INTRODUO

Os gestores necessitam a todo o momento de informaes que os auxiliem nas tomadas

de decises, buscando informaes adequadas e seguras que sejam aptas a subsidiar esse

processo decisrio. Para isso, importante que os dados sejam relevantes, consistentes e

ntegros, disponibilizados em tempo real aos gestores, mas para isso se faz necessrio uma boa

infraestrutura tecnolgica que d suporte nas tomadas de decises. Assim, torna-se essencial

que as empresas preocupem-se com a adequada escolha e utilizao de Sistemas Integrados de

Gesto Empresarial SIGE, onde um de seus importantes respresentantes so os Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning).

Em vista da necessidade de se investir num ERP que atinja seus objetivos de integrao

das informaes que auxiliem efetivamente no processo decisrio, muitas empresas tm

envidado esforos para encontrar uma opo que maximize o alcance de seus objetivos,

principalmente pelo elevado custo que sistemas desta natureza apresentam. Diante disso,

softwares livres mostram-se h vrios anos como uma alternativa vivel aos softwares

proprietrios. Assim, temos opes disponveis tambm nessa modalidade.

Todavia, importante avaliar se o software atende aos objetivos da empresa, e se este

possuem aderncia aos seus processos de negcio e consequentemente sua gesto estratgica. Somente assim ele poder efetivamente apoiar tanto o controle gerencial em suas

melhores prticas como o processo de tomada de decises.


2

Neste sentido, o presente estudo objetiva identificar quais as ferramentas de controle

gerencial que o ERP livre ADempiere disponibiliza aos usurios, comparado com o que a

literatura prope em relao s ferramentas de controle gerencial.

Para isso, o trabalho divide-se em cinco sees, iniciando com esta introduo. Na

sequncia, apresenta a fundamentao terica do estudo, com nfase na gesto empresarial com

o Enterprise Resource Planning (ERP), passando pelo controle gerencial e por fim,

apresentando o software livre ADempiere. Assim, ser apresentada a metodologia utilizada,

posteriormente a anlise dos dados e finalizando com as consideraes finais.

2 REFERENCIAL TERICO

2.1 A gesto empresarial com o Enterprise Resource Planning (ERP)

Os gestores precisam, em tempo real, ter acesso a informaes que sejam confiveis e

auxiliem a tomada de deciso, buscando maior eficincia na execuo dos processos

organizacionais. Diante disso, uma ferramenta de TI que se prope a atender esta necessidade

das organizaes o sistema ERP.

O ERP surgiu na dcada de 70 com a evoluo do sistema de planejamento das

requisies de arterial (MRP Material Requirements Planning) e do sistema de planejamento dos recursos de manufatura (MRP II Manufacturing Resource Planning). S, sistemas estes voltados para o controle da produo, sendo de grande importncia na era industrial. Porm, somente na dcada de 90 que houve um surgimento expressivo desta categoria

de sistemas, devido alta competitividade do mercado, que buscavam alternativas para reduzir

seus custos, alm de diferenciar seus produtos e servios. A ideologia dos sistemas ERP,

centrada no conceito de processos de negcio (horizontal), e no funcional (vertical),

permitiram o desenvolvimento de um sistema que, mesmo modular, tratava a empresa como

um todo, gerando compatibilidade sistmica. MEDEIROS e FERREIRA (2003) corroboram

com esta ideia, mencionando que a maioria das empresas nos anos 70 e 80 utilizavam sistemas

limitados e isolados, que atendiam apenas s suas necessidades setoriais, sem ter o

comprometimento com a integridade das informaes em nvel corporativo.

Para BUCKOUT, FREY e NEMEC (1999) e CUNHA (1998), um ERP um software

que auxilia no planejamento dos recursos organizacionais, integrando os processos de negcios

da empresa e suas as diversas funes em um nico banco de dados lgico, criando operaes

eficientes no intuito de apoiar decises estratgicas, mediante informaes em tempo real.

SOUZA e SACCOL (2009, p. 21) mencionam que: Os sistemas ERP trouxeram benefcios no que se refere integrao das operaes

internas da empresa, permitindo reduo em estoques de matrias-primas, reduo em

prazos de atendimento a pedidos, produo e recebimento, alm de ganhos de

eficincia pela eliminao de operaes realizadas manualmente. Alm disso, os

sistemas ERP, ao disponibilizarem informaes on line em uma base de dados nica,

trouxeram melhoria na qualidade das informaes disponveis, o que pode, em tese,

contribuir para a melhoria nos processos de tomada de deciso nas empresas usurias.

Diante disso, percebe-se que o ERP tem como funo integrar sistematicamente todas

as informaes das reas da organizao, que fluem pela empresa oferecendo maior controle da

qualidade de seus dados e produo de informaes, permitindo a consulta e visualizao de

todas as componentes organizacionais e processos realizados, assegurando-lhes confiabilidade,

integridade e segurana e com o intuito de otimizar os processos empresariais, a fim de torn-

los mais geis.

Quanto integrao trazida pelo ERP e estgio de informatizao das empresas, Hehn

(1999, p. 66) faz a seguinte observao:


3

Organizaes orientadas para processos, com forte rede de relacionamentos,

integradas por um ERP, conseguem ser significativamente mais eficientes e eficazes

que organizaes departamentais tradicionais. [...] O motivo de dizer

significativamente mais eficientes, sem mencionar nmeros, decorre do fato de o impacto depender do estgio de integrao e informatizao em que cada organizao

se encontra.

PADOVEZE (2005) corrobora que, para atingir os objetivos que um sistema de

informao, necessrio que o mesmo integre, consolide e aglutine todas as informaes que

auxiliem na gesto da empresa. Os ERPs unem e integram todos os subsistemas empresariais

componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio gesto por meio dos recursos

da tecnologia da informao, de forma tal que todos os processos de negcios da empresa

possam ser visualizados em termos de fluxo de dinmico de informaes que perpassam todos

os departamentos e funes. Neste sentido, permitem uma viso horizontal e de processo, em

oposio viso tradicional verticalizada da hierarquia funcional das empresas.

Vale ressaltar que o ERP no uma soluo totalmente pronta diante das necessidades

das empresas; frequentemente mas no necessariamente eles precisam ser adaptados a elas atravs de parametrizaes e customizaes. O ERP deve ser considerado com um sistema

framework, construdo baseado nas melhores prticas de gesto de cada um dos setores que se

prope a gerenciar, que dever ser trabalho e flexibilizado a fim de se chegar a uma soluo

final, ou seja, auxiliar os gestores nas tomadas de decises.

NORRIS et al. (2001) complementa com outra viso quanto ao que um ERP se prope,

dizendo que o sistema ERP um eixo do grupo empresarial, com a funo de suportar as

estratgias de negcios da organizao e possibilitar que ela trabalhe em uma cadeia de valor

estendida, utilizando recursos como gerenciamento de relacionamento com clientes (CRM),

gesto da cadeia de suprimentos (SCM), entre outros, e tambm atuar em negcios na internet

(e-business).

MARKUS e TANIS (2000) dizem que h razes tcnicas e estratgicas para adoo de

sistemas integrados de gesto, pois o sistema ERP atende s operaes da organizao e

estratgica empresarial. Porm tambm h razes que as empresas acabem decidindo por no

adotar ou no, total ou parcialmente, um sistema integrado de gesto: ele no se adaptar

realidade da organizao; ou o mesmo no vislumbrar o que empresa pretende ser futuramente;

existir outras opes ao sistema; a no compensao do seu custo-benefcio frente perspectiva

de seu uso; a cultura organizacional apresentando resistncia ao mesmo.

Diante disso, importante que o ERP se adapte funcionalmente aos processos de

negcio da empresa com um mnimo de modificaes, permitindo que os custos de

customizao e o tempo de implantao sejam reduzidos. SACCOL (2003) adverte que

necessrio fazer uma anlise incremental e avaliar o custo-benefcio de se adotar um sistema

integrado de gesto, e comparar com os atuais sistemas e infraestrutura que a organizao j

possui. Como duas empresas nunca so idnticas, faz-se necessrio que busquem sistemas

flexveis e que aceitem customizaes, alm de interfaces consistentes que comportem mdulos

complementares, a fim de otimizar a sua integrao global.

Destarte, os sistemas ERP vm com a promessa de trazer significativo ganho para a

organizao. Contudo, DAVENPORT (1998) atenta para o fato deste ser apenas um discurso

de fornecedores de sistemas desta natureza. Assim, a empresa pode correr o risco de no atender

s suas reais necessidades. Quanto maior as diferenas entre as solues oferecidas pelo sistema

e suas necessidades a serem atendidas pelo sistema, maiores sero os ajustes necessrios para

sua utilizao, os quais podero ser feitos atravs da reengenharia dos processos da organizao

e/ou pela customizao da soluo ERP adotada; ou ainda pode-se optar pela sua no


4

customizao ou reengenharia de processos. Assim, a empresa passar a conviver com as

diferenas entre os sistemas e seus processos (ZWICKER; SOUZA, 2003).

Com relao aos custos com licenas, existem opes livres ou proprietrias de sistemas

ERP. CARVALHO (2006) designa o ERP Livre e o ERP Proprietrio respectivamente como

FOS-ERP e P-ERP. Alm de vrios autores utilizarem outras nomenclaturas, tambm so

designadas, como Cdigo Aberto, Software Livre e Cdigo Fechado e Software Proprietrio,

respectivamente. O uso do Software livre tem crescido bastante nos ltimos anos, devido ao

apoio da comunidade e um ainda tmido apoio das autoridades. Contudo, encontramos

interessantes solues em software livre disponveis, em vrios segmentos.

MONSORES (2009) define algumas caractersticas e diferenas entre um ERP Livre e

um ERP Proprietrio, conforme quadro 1.

ERP Livre ERP Proprietrio

Esforo compartilhado entre um nmero ilimitado de desenvolvedores

Resultado genrico, apesar de abrangente e livre

Obrigao de disponibilizao do cdigo-fonte quando o desenvolvedor no um usurio final e

sua distribuio em formato binrio

Necessidades tendem a ser rapidamente identificadas e corrigidas devido a inmeros

desenvolvedores

Inexistncia de um vnculo obrigatrio entre a continuidade do sistema e o direcionamento de

mercado dos desenvolvedores

Independncia de fornecedor

Diversas formas de licenciamento

Reduo de Custos

Foco genrico para diversas empresas

Nmero limitado de desenvolvedores

Resultado genrico, apesar de abrangente e livre

Cdigo-fonte fechado

Dificuldade de identificao de problema devido especificidade da empresa

Deciso sobre a sua continuidade esta vinculada a uma nica empresa

Dependncia de fornecedor

Licenciamento especfico

Altos custos e conjuntos rgidos de regras as empresas que desejam represent-los

Foco na atividade principal da empresa

Fonte: Adaptado de Monsores (2009)

Quadro 1 Diferenas entre ERPs Livres e Proprietrios

MONSORES (2009) destaca ainda que um ERP livre no se trata de uma obra de

caridade ou apenas um trabalho de tempo livre de algum desenvolvedor; e sim uma mudana

na forma de comercializao de uma soluo. Mesmo em um ERP proprietrio o valor das

licenas de software apenas parte do custo total de implantao, formado principalmente pelos

servios envolvidos. No ERP Software Livre os servios continuam existindo e sendo cobrados;

porm a flexibilidade na escolha do prestador muito maior. Isso possibilita a troca deste a

qualquer momento caso no se esteja satisfeito com o andamento da implantao, e a liberdade

na concorrncia aliada a no existncia de custos de licenciamento permite a reduo do custo

final de implantao e utilizao do ERP.

Apesar de uma das maiores consequncias ao se adotar um software livre ser a reduo

(ou em alguns casos a eliminao) de custos, vale salientar que o termo livre no deve ser resumido a sem custos. Assim, percebe-se que o software livre uma questo de liberdade e no de preo. De acordo com a Free Software Foundation (FSF), para que um programa seja

considerado Software Livre, ele deve obrigatoriamente apresentar quatro liberdades que no

podero ser revogadas posteriormente: ser executado para qualquer propsito (pessoal ou no);

ser estudado para entendimento e adaptado s necessidades existentes; ser redistribudo

(gratuitamente ou no) sem nenhum tipo de restrio; e, ser aperfeioado e redisponibilizado.


5

De acordo com a Open Source Definition (OSI, 2009) os critrios que um Software Livre deve atender so: redistribuio gratuita; cdigo-fonte aberto; trabalhos derivados;

integridade do cdigo-fonte do autor; no discriminao de pessoas, grupos ou reas de

atividade; distribuio da licena; no especificidade de uma licena para um produto; uma

licena no deve restringir outros softwares; neutralidade quanto tecnologia. Diante disso,

atendendo s essas caractersticas e exigncias, o software pode ser considerado livre, porm

ainda precisa atender aos objetivos propostos por um ERP e auxiliar no processo decisrio

atravs das ferramentas disponibilizadas.

2.2 Ferramentas de Controle Gerencial

Segundo HANSEN e MOWEN (1997), a Contabilidade Gerencial constitui-se na parte

do sistema contbil que se dedica s informaes para os usurios internos da entidade. Ela

tenta, ao mesmo tempo, ser abrangente e concisa, ajustando-se constantemente para se adaptar

s mudanas tecnolgicas, das necessidades dos gestores e novas abordagens das outras reas

funcionais dos negcios. Tanto a Contabilidade Gerencial como a Contabilidade Financeira tm

em comum o fato de tratarem eventos econmicos, necessidade de quantificao de atividades

econmicas e as dificuldades de obter tais informaes (LOUDERBACK et al., 2000).

Porm, ambas possuem marcantes diferenas. A Contabilidade Financeira trata do

processo de elaborao de demonstrativos financeiros para fins externos a organizao, tais

como credores, acionistas, investidores e governo, sendo regulada por meio de processos-

padro estabelecidos por autoridades, rgos regulamentadores e fiscais, e disciplinada

princpios de contabilidade geralmente aceitos (ANTHONY e GOVINDARAJAN, 2002). J a

Contabilidade Gerencial tem como propsito reportar o desempenho alta administrao e

demais interessados, por intermdio de relatrios contendo informaes que possam ser teis

tomada de deciso frente s metas pr-estabelecidas. Assim, ao contrrio da contabilidade

financeira, a Contabilidade Gerencial no parte de princpios impostos por rgos

regulamentadores (CHENHALL; MORRIS, 1985).

O controle gerencial definido por ANTHONY e GOVINDARAJAN (2006, p.06)

como sendo o processo pelo qual os gerentes asseguram que os recursos necessrios organizao so obtidos e utilizados eficiente e eficazmente no cumprimento dos objetivos da

mesma organizao, sendo procedimentos preestabelecidos para executar uma ou vrios tipos de atividades de planejamento e controle que ocorrem numa organizao. SIMONS (2000, p.32) corrobora dizendo que o controle gerencial definido como as rotinas e procedimentos formais, baseadas em informao, utilizadas pela gerncia para manter ou

alterar padres de atividade organizacional. Para HORNGREN, SUDEM e STRATTON (2004, p. 300), o sistema de controle gerencial uma integrao lgica das tcnicas para reunir e usar as informaes a fim de tomar decises de planejamento e controle, motivar o

comportamento de empregados e avaliar o desempenho. A Contabilidade Gerencial possui ferramentas que compem a estrutura do Sistema de

Controle Gerencial (SCG), determinada pelas ferramentas gerenciais utilizadas e por fatores

organizacionais presentes na empresa. Um sistema uma maneira estabelecida de desempenhar

uma atividade ou um conjunto de atividades. O Sistema de Controle Gerencial o sistema usado

pela administrao para controlar as atividades da organizao (ANTHONY;

GOVINDARAJAN, 2008).

Estudos anteriores encontraram relao entre o SCG e algumas variveis

organizacionais, e evidenciaram que as ferramentas de Contabilidade Gerencial utilizadas pelas

empresas impactam a estrutura e contedo informacional oferecido aos gestores (CHENHALL,

2003; FERREIRA; OTLEY, 2007). As ferramentas de Contabilidade Gerencial foram


6

segregadas por CHENHALL e LANGFIELD-SHIMITH (1998), SULAIMAN et al (2004),

FERREIRA e OTLEY (2007), SOUTES e GUERREIRO (2007) em ferramentas tradicionais e

modernas de Contabilidade Gerencial, conforme demonstrado no quadro 2.

Autores Ferramentas Tradicionais Ferramentas Modernas

Chenhall e

Langfield-

Smith (1998)

Sistemas oramentrios para planejamento e controle,

medidas de desempenho, relatrios de resultados por

departamento e anlise de custo/volume/lucro

Benchmarking, ABC, medidas de

desempenho balanceadas, baseadas em

equipe e empregados e planejamento

estratgico

Sulaiman et

al. (2004)

Custeio-padro, anlise de custo/volume/lucro,

retorno sobre os investimentos e oramentos

Gesto da qualidade total, ABC, custeio

meta e balanced scorecard

Ferreira e

Otley (2007)

Planejamento estratgico, oramento, anlise de

variaes oramentrias, tcnicas tradicionais de

custeio, anlise de lucratividade por produto, lucro

residual, retorno sobre o investimento, anlise de

custo/volume/lucro e tcnicas de pesquisa operacional

Balanced scorecard, oramento baseado

em atividades, custeio alvo, anlise de

lucratividade por cliente, EVA, anlise do

ciclo de vida do produto e benchmarking

Soutes e

Guerreiro

(2007)

Custeio por absoro, custeio varivel, custeio padro,

preo de transferncia, retorno sobre investimentos,

oramento e descentralizao

ABC, custeio meta, benchmarking,

custeio kaizen, just in time, teoria das restries, planejamento estratgico,

EVA, balanced scorecard e gesto

baseada em valor.

Fonte: Adaptado de Aguiar e Frezatti (2007)

Quadro 2 Ferramentas tradicionais e modernas da contabilidade gerencial

As organizaes podem ter SCG mais robustos com qualquer nmero de ferramentas

gerenciais; isto , existem diferentes combinaes dos componentes do SCG que variam de

acordo com as necessidades organizacionais e auxiliam os gestores no alcance das metas e

objetivos traados (FREZATTI, 2005; WIDENER, 2004). Assim, em busca de melhor

desempenho organizacional, a utilizao das ferramentas de Contabilidade Gerencial devem ser

observadas conforme as necessidades das empresas.

3 METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo exploratria-descritiva. A

natureza exploratria tem por objetivo descobrir quais os principais enfoques do software livre

ADempiere no controle gerencial, comparado s ferramentas de controle gerencial citadas por

AGUIAR e FREZATTI (2007) (quadro 1). J a classificao como descritiva refere-se

exposio do ADempiere, que pode ser caracterizado com software livre auxiliando aos gestores

nas tomadas de decises mais eficazes.

Segundo ROCHA (2013), a pesquisa exploratria permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado, visto que este ainda pouco conhecido, pouco

explorado. A autora ainda define que a pesquisa descritiva tem por objetivo descrever as caractersticas de uma populao, de um fenmeno ou de uma experincia. Esse tipo de

pesquisa estabelece relao entre as variveis no objeto de estudo analisado. Quanto natureza da pesquisa, ela se enquadra como pesquisa qualitativa. Essa

categorizao deve-se ao fato de os dados coletados serem predominantemente descritivos,

baseados na percepo e anotaes do funcionamento do software livre ADempiere.

A respeito da escolha do objeto de estudo, segue a sugesto de trabalhos futuros de

MONSORES (2009) a qual sugere que se realize pesquisas relacionadas aos softwares livres,

sendo que o autor menciona o ADempiere como um dos principais representantes da categoria

de sistemas ERP livres. Diante disso, a pesquisa caracteriza-se como estudo de caso. Essa

classificao refere-se ao fato de o objetivo da pesquisa buscar verificar se o ADempiere pode


7

ser utilizado como ferramenta estratgica na busca de competitividade. BRUNEY, HERMAN

e SCHOUTHEETE (in DUARTE e BARROS, 2006, p. 216) definem estudo de caso como

anlise intensiva, empreendida numa nica ou em algumas organizaes reais. Para eles, o estudo de caso rene, tanto quanto possvel, informaes numerosas e detalhadas para

apreender a totalidade de uma situao.

3.1 O Sistema Integrado de Gesto Livre ADempiere

O ADempiere um ERP livre de Gesto Empresarial. Por conseguinte, integra

informaes de diversos departamentos de uma mesma empresa, podendo ser implantado em

organizaes de qualquer porte. A palavra ADempiere vem do italiano que significa "cumprir"

ou "realizar. O projeto foi criado em Setembro de 2006, em uma dissidncia entre a comunidade de

desenvolvedores de cdigo aberto do projeto Compiere (na poca outro ERP livre) e o

patrocinador do projeto, o que levou na criao do ADempiere como um software derivado do

Compiere. Depois de algumas semanas de desenvolvimento, o ADempiere alcanou o a quinta

colocao no ranking top five do site SourceForge.net, e manteve-se como um dos mais bem

classificados projetos de cdigo aberto desde ento.

O ADempiere possui diversos recursos, conforme pode-se perceber na figura 1:

Fonte: http://adempierelbr.wikispaces.com/

Figura 1: Principais recursos do ERP ADempiere

O Mdulo de Anlise de Desempenho permite avaliar a eficincia das operaes

realizadas desde o SCM (Cadeia de Suprimentos) at a integrao com o MRP e comrcio

eletrnico B2B e B2C. O MRP-II (Manufacturing Resource Planning) usa o modelo de BOM

(Bill of Materials), o qual permite criar receitas de como as matrias-primas so transformadas em produtos para serem vendidos. Dessa forma, pode-se perceber quais os recursos (custos) esto envolvidos na produo.

O ADempiere atende principalmente os seguintes segmentos: imobilirio e de

incorporao, prestao de servios, comrcio de atacado/varejo, indstria de transformao e

farmacutica e gesto agrcola e animal.


8

Os maiores benefcios que se pode perceber atravs do uso do software que o mesmo

um modelo comercial diferenciado, apresentando informaes do negcio consolidadas em

tempo real, de fcil navegao no sistema. A ferramenta de CRM proporciona melhoria e

eficincia no relacionamento com os parceiros de negcios, fornecedores e clientes. Suas

ferramentas de anlises tm alto nvel de flexibilidade e retorno do investimento em curto prazo.

Todavia, existem algumas importantes desvantagens na sua implantao e uso. O

processo de instalao no simples. Caso o usurio no possua uma boa experincia ou

assistncia, o mesmo no funcionar corretamente. O carregamento dos mdulos mostra-se

lento, dificultando o processo de tomada das decises. H tambm pouco consultores

disposio no mercado com suficiente experincia para conduzir sua implantao,

customizao e utilizao do sistema.

4 ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS

O presente estudo identifica quais as ferramentas de controle gerencial que o ERP livre

ADempiere disponibiliza aos usurios, comparado com o que a literatura prope em relao s

ferramentas de controle gerencial.

Para observar a aderncia entre as ferramentas tradicionais de Controle Gerencial

(quadro 2) e o sistema ADempiere, realizou-se a anlise e discusso dos dados com a sua verso

3.6.0. No intuito de analisar a contribuio do ERP livre no controle gerencial, fez-se uma

comparao do software com a literatura pertinente citada no referencial terico, averiguando

quais ferramentas gerenciais so disponibilizadas pelo sistema, procurando observar se

necessria a customizao dos mdulos existentes.

A primeira anlise, diz respeito ao suporte de Sistemas Oramentrios. Segundo

FREZATTI (2007), o oramento o plano financeiro para implementar a estratgia da empresa para determinado exerccio mais que uma simples estimativa, pois deve estar

baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcanadas. Assim, considerado um dos pilares da gesto e uma das ferramentas fundamentais no controle

gerencial.

A figura 2 indica, no que tange ao oramento e a avaliao de desempenho, cobertura

do software com relao a essas duas ferramentas do controle gerencial. A prpria avaliao de

desempenho oferece a possibilidade de insero de indicadores, critrios, clculos, razo e

metas. A visualizao possvel atravs de grficos e relatrios.

Fonte: Trecho de interface do ADempiere (2013)

Figura 2 Sistema oramentrio e avaliao de desempenho


9

Em relao ao planejamento e controle empresariais, a anlise custo/volume/lucro

fornece importantes dados que facilitam a elaborao de oramentos, bem como a projeo do

lucro, dado que a anlise supe conhecido o comportamento dos custos e despesas, em relao

ao nvel de atividade, o qual constitui um requisito indispensvel para a elaborao de qualquer

oramento. (BORNIA, 2009)

Ao analisar se o ADempiere possui a ferramenta de anlise custo/volume/lucro,

percebeu-se que no h funcionalidade explcita na sua interface especfica para tal, sendo assim

necessrio realizar sua customizao, sob o risco reduo da qualidade da informao acessvel

ao usurio.

Outra ferramenta citada por FREZATTI (2007) o Custo-Padro, que segundo

HORNGREN e FOSTER, (1987, p.188) relacionam o seu uso ao planejamento de metas:

Custos-Padro so custos cuidadosamente pr-determinados, os quais so usualmente

expressos numa base unitria; so os custos que deveriam ser atingidos. Custos-

padro ajudam a elaborar oramentos, medir com preciso o desempenho, obter custos

de produtos e a economizar os custo de execuo de lanamentos contbeis. Os

Custos-Padro so os blocos para elaborao dos oramentos flexveis e para o

sistema de feedback.

Assim, observa-se na figura 3 que o software possui na sua interface uma pasta

especfica para tal, que abriga um conjunto de funcionalidades relacionadas, facilitando a

tomada de deciso e elaborao de relatrios.


Figura 3 Custo-Padro

Ao averiguar a disponibilizao de ferramentas que possibilitam a anlise de retorno

sobre os investimentos, no conseguiu-se observar esta funcionalidade, mais uma vez

demandando customizao para atender este fim. Esta ferramenta permite calcular a taxa de

retorno em a relao entre o total de recursos financeiros ganho ou perdido atravs de

um investimento, e o montante investido, seja ele o retorno efetivo, previsto ou exigido.

Outra ferramenta importante no controle gerencial o Planejamento Estratgico.

BATEMAN e SNELL (1998) afirmam que o Planejamento Estratgico um processo gerencial que diz respeito formulao de objetivos para a seleo de programas de ao e

para sua execuo, levando em conta as condies internas e externas empresa e sua

evoluo esperada. Tambm considera premissas bsicas que a empresa deve respeitar para

que todo o processo tenha coerncia e sustentao. Importantes ferramentas do Planejamento Estratgico so o balanced scorecard, o benchmarking e o valor econmico agregado (EVA Economic Value Added). Analisaremos a seguir o propsito de cada uma delas, avaliando se o

sistema ADempiere as subsidia.

KAPLAN e NORTON (1997, p. 71) definem o balanced scorecard como:


10

Um conjunto de medidas que do alta gerncia uma rpida, mas abrangente viso

do negcio. O balanced scorecard inclui medidas financeiras que contam os

resultados de aes j tomadas. E ele complementa as medidas financeiras com

medidas operacionais sobre satisfao do cliente, processos internos, inovao da

organizao e melhoria de atividades medidas operacionais que so direcionadores de desempenho financeiro futuro.

ATKINSON et al. (2000, p. 694) conceituam Benchmarking como processo de cinco estgios para coletar informaes a respeito das melhores prticas dos outros. J o EVA, para MAHER (2001, p. 702) representa o aumento de valor na riqueza dos acionistas.

Nesse escopo, o sistema ADempiere no disponibiliza funcionalidades para sua

elaborao. Todavia, apresenta relatrios que tem como fonte dados externos ao sistema, apesar

da existncia de um conjunto de funes especficas para gerenciamento de planejamento para

a fabricao de produtos.

Outra destacada ferramenta do controle gerencial o Sistema de Custeio adotado pela

organizao que auxilia no planejamento das operaes de negcios. WERNKE (2004, p.17)

corrobora este conceito afirmando que ele , portanto, o caminho para chegar aos resultados pretendidos. O autor ainda relata que cada empresa atravs de estudos realizados, adapta-se ao melhor mtodo que vai auxiliar na atribuio de valores de custos aos seus servios prestados

ou produtos, sendo que cada mtodo possui caractersticas prprias, perfazendo a necessidade

de cada empresa. Em relao ao custeio baseado em atividades (ABC), ANDRADE et al (2010)

o consideram como uma evoluo dos outros mtodos de custeio, tendo como principal

caracterstica a identificao da atividade geradora do custo, podendo assim atribuir-lhe os

valores necessrios.

Ao analisar o suporte dado s tcnicas de custeio, pode-se observar na figura 4 que o

software suporta o cadastro do tipo, do elemento e do custo de cada produto, e

consequentemente a insero do tipo de custeio escolhido pela empresa. Ele inclusive

possibilita a utilizao do Custeio Baseado em Atividade (ABC).


Figura 4 Custeio

Com relao aos custeios gerenciais, tem-se o mtodo de Custeio Direto ou Varivel,

criado para auxiliar os administradores em aspectos tais como preos de vendas, quantidade a

ser produzida e vendida. Esse mtodo possui grande importncia na elaborao de oramento

flexvel (ou varivel), na criao dos grficos do ponto de equilbrio e na anlise do lucro

marginal (DUTRA, 2003). J o Custeio Kaizen, segundo SIQUEIRA (2005), tem seu

significado vindo de kaizen, que uma palavra de origem japonesa onde kai significa mudana

e zen significa melhor. Trata-se da busca contnua pela eficincia no processo produtivo,

pautando-se na velocidade e na eliminao de tarefas ou processos dispendiosos

economicamente.


11

O ADempiere no utiliza como suporte o Custeio Varivel, necessitando assim de

customizao para tal, uma vez que essa ferramenta muito importante no processo de tomada

de decises. Tambm no disponibiliza a ferramenta para execuo do Custeio Kaizen. Assim,

pode-se dizer que o sistema apoia somente o custeio real comparado com o custeio padro, no

se atentando aos mtodos de custeios gerenciais.

Em relao ao Custo-Alvo (ou Custo-Meta), definido por MARTINS (2003) como um

processo que externa uma grande preocupao quanto ao planejamento de preos, lucros e

custos. Por isso, diz-se que o custo de um produto definido de fora para dentro, ou seja, o

mercado dita o preo. Desta maneira, o custo-alvo mostra-se eficaz quanto ao alcance do retorno estipulado, desde que todo o planejamento do produto seja cumprido desde sua

concepo.

Observando se o ERP disponibiliza tal ferramenta, percebe-se que, apesar da

preocupao com o cliente da organizao, no se preocupa em analisar o mercado, ficando

assim sem suporte para tal.

A Anlise de Lucratividade , da mesma forma, uma outra ferramenta do controle

gerencial definida por FREZATTI (2007). Nesta anlise, o alvo de estudo (o lucro) serve para

planejar os investimentos da organizao, os quais iro impulsion-la a se tornar competitiva

frente aos seus concorrentes.

O ADempiere no disponibiliza a visualizao do lucro residual, nem realiza anlises de

lucratividade. Tambm foi percebido que o sistema, apesar de possuir o conjunto de

funcionalidades Regras Contbeis, no as atende totalmente pela ausncia de relatrios

contbeis.

Para a ASSOCIAO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PRODUO (2013), a

ferramenta gerencial Pesquisa Operacional abrange a aplicao de mtodos cientficos a problemas complexos para auxiliar no processo de tomada de decises, tais como projetar,

planejar e operar sistemas em situaes que requerem alocaes eficientes de recursos

escassos. Em se tratando do suporte a tcnicas de pesquisa operacional, o sistema subsidia

informaes quanto gerenciamento de fabricao (na interface, visualizada na pasta Fluxo de

Trabalho de Fabricao conforme observado na figura 5, auxiliando assim o processo de elaborao externo de relatrios de pesquisa e permitindo analisar o ciclo de vida do produto.


Figura 5 Fluxo de Trabalho de Fabricao

Outra ferramenta gerencial, a Gesto pela Qualidade, definida por POUBEL (2007)

a certeza de que o projeto ser concludo com a qualidade desejada, ou seja, satisfazendo s necessidades do cliente e os requisitos do produto. Neste processo de gesto, o foco evitar


12

falhas. A gesto da qualidade envolve planejamento, garantia e controle da qualidade (ESCRIG-

TENA, 2004).

Ao analisar se o ERP d suporte gesto de qualidade, pode-se observar uma pasta

especfica para este fim, conforme destacado na figura 6.


Figura 6 Gerenciamento da Qualidade

As ltimas ferramentas gerenciais analisadas neste trabalho foram o Just-in-Time, a

Teoria das Restries e a Gesto Baseada em Valor. O Just-in-time, segundo NETO (1995),

busca a eliminao ou, ao menos, minimizao de estoques com a possibilidade de transferncia para as empresas fornecedoras, transferindo tambm o nus de estoques

elevados de peas e componentes, o que se traduz pela pouca exigncia de elevado nvel de

capital de giro. J a Teoria das Restries e a Gesto baseada em Valor esto voltadas aos meios de gesto ligados ao recursos humanos, no se tratando de aplicativos de um sistema de

informao gerencial. De acordo com a AUCTUS (2013), a chamada Teoria das Restries (no

ingls Theory of Constraints, ou TOC) uma filosofia de negcios que se baseia na existncia de restries ou gargalos. Um gargalo nada mais do que um recurso dentro do sistema de

produo cuja capacidade menor ou igual demanda alocada para esse recurso. J a Gesto baseada em valor uma abordagem que envolve a gesto da empresa como um todo, e que leva os gestores a repensar os processos de gerenciamento, o que vai desde o desenvolvimento

de estratgias at a definio de indicadores de desempenho. (CUNHA; ARAUJO; FILHO, 2013)

O sistema ERP ADempiere oferece suporte ao Just-in-time, uma vez que ele possui

amplo gerenciamento de estoque que subsidia as tomadas de decises baseadas no sistema de

administrao da produo, caso a empresa tenha interesse neste, uma vez que ele pode ser

aplicado em qualquer organizao, importante para auxiliar a reduzir estoques e os custos

decorrentes do processo. O quadro 3 consolida as anlises supra realizadas.

Ferramenta de Controle Gerencial

segundo literatura

Oferece

suporte

Necessita

customizao

Subsidia e/ou

no se aplica

Sistema oramentrio X

Anlise de Desempenho X

Anlise custo/volume/lucro X

Retorno sobre os investimentos X

Planejamento Estratgico X

Balanced Scorecard X

Benchmarking X

Economic Value Added (EVA) X

ABC X

Sistema de custeio real X


13

Ferramenta de Controle Gerencial

segundo literatura

Oferece

suporte

Necessita

customizao

Subsidia e/ou

no se aplica

Custo Padro X

Custeio Kaizen X

Custeio varivel X

Custo Alvo X

Anlise de Lucratividade X

Lucro residual X

Pesquisa operacional X

Gesto de qualidade X

Just-in-time X

Teoria das restries X

Gesto baseada em valor X

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

Quadro 3 Resumo da anlise

5 CONSIDERAES FINAIS

inegvel a importncia dos sistemas de informaes gerenciais na sustentao dos

principais objetivos empresariais, buscando a gerao de vantagem competitiva. Porm, com a

alta competitividade do mercado, as empresas buscam reduo de gastos, para que seus

produtos possam chegar aos consumidores com maior acessibilidade. Neste sentido, o uso de

softwares livres tm se tornado cada vez mais frequentes, pois se apresentam como uma

alternativa aos caros e complicados softwares proprietrios. Pode-se perceber que os softwares

livres vm se posicionando como opo para as organizaes, por conta do seu nvel de

maturidade e potencial para gerao de negcios, adquirindo assim mais adeptos, alm de

efetivos colaboradores ao seu desenvolvimento. Alm disso, os softwares livres trazem

flexibilidade com relao disponibilidade do cdigo-fonte e formas de licenciamento,

facilitando assim a realizao de customizaes, atendendo o objetivo desejado: a reduo dos

custos de implantao e manuteno do ERP.

Com a inteno de identificar quais as ferramentas de controle gerencial que o ERP livre

ADempiere disponibiliza aos usurios, comparando com o que a literatura prope em relao

s ferramentas de controle gerencial, pde-se verificar que o software os atende parcialmente,

necessitando customizaes para atend-las em sua plenitude.

No que tange gesto oramentria e avaliao de desempenho, o ADempiere atende

bem aos objetivos das organizaes, no sentido de dar suporte financeiro, produtivo, logstico,

imobilizado e a integrao com cliente e fornecedores. Entretanto, verificou-se a necessidade

de customizaes do software no controle interno, auxiliando a gesto e anlise de custos,

volume e lucro, e de lucratividade e investimentos, fatores esses essenciais para a

competitividade das organizaes.

Cabe ressaltar que as customizaes necessrias devem ser avaliadas para que o

ADempiere possa atender com mais eficincia as ferramentas gerenciais, uma vez que as

mesmas possuem custos, em algumas vezes elevados, sendo assim necessrio avaliar a relao

custo/benefcio para esta adaptao, frente necessidade da organizao.

REFERNCIAS

ADEMPIERE Brasil, blog com informaes sobre o ADempiere. ADempiere. Disponvel em:

. Acesso em: 15 mai. 2013.

ADEMPIERELBR. O que ADempiere. Disponvel em: . Acesso em: 15 mai. 2013.


14

ANDRADE, N. de A.; BATISTA, D. G.; SOUSA, CLEBER B. de. Vantagens e desvantagens

da utilizao do sistema de custeio ABC. In: I seminrio de gesto e negcio. Publicao da

FAE business school. Curitiba, 2004.

ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. 12. ed. So Paulo:

McGraw-Hill, 2008.

ASSOCIAO Brasileira de Engenharia de Produo. Pesquisa Operacional. Disponvel em:

. Acesso em: 03 jul. 2013.

ATKINSON, A. T. et al. Contabilidade Gerencial. 1. ed. So Paulo: Atlas, 2000.

AUCTUS Qualidade e Gesto. A Teoria das Restries: O que ? Disponvel em:


BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administrao: construindo vantagem competitiva. So

Paulo: Atlas, 1998.

BORNIA, A.C. Anlise Gerencial de Custos - Aplicao em Empresas Modernas. 2. ed.

So Paulo. Atlas, 2009.

BUCKHOUT, S.; FREY, E.; NEMEC JR. Por um ERP eficaz. HSM Management. Set/Out

1999.

CUNHA, D. R.; ARAJO, A. O.; LIMA, G. A. S. F. de. Value drivers e estratgias para o

setor hoteleiro. Disponvel em: . Acesso em: 03 jul. 2013. CUNHA, M. A. L. Gesto integrada de processos de negcio. Simpsio de administrao da

produo, logstica e operaes industriais. So Paulo: FGV, 1998.

DUARTE, M. Y. M. Estudo de Caso. In: BARROS, A.; DUARTE, J. Mtodos e Tcnicas

de Pesquisa em Comunicao. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2006.

DUARTE, V. M. do N. Pesquisas: Exploratria, Descritiva e Explicativa. Disponvel em:


DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prtica. 5. ed. So Paulo: Atlas, 2003.

ESCRIG-TENA, A. TQM as a competitive factor: a theoretical and empirical analysis.

International Journal of Quality & Reliability Management, 2004. v. 21, n. 6/7, p. 612-637.

FREE Software Foundation. What is free software and why is it so important for society?

Disponvel em: . Acesso em: Nov. 2008.

FREZATTI, F.; GUERREIRO, R.; AGUIAR, A. B. de. Diferenciaes entre a contabilidade

financeira e a contabilidade gerencial: uma pesquisa emprica a partir de pesquisadores

de vrios pases. R. Cont. Fin. USP, So Paulo. Mai./Ago. 2007. v. 44, p. 9 22. HEHN, H. F. Peopleware: como trabalhar o fator humano nas implementaes de sistemas

integrados de informao. So Paulo: Gente, 1999.

HORNGREN, C. T.; SUNDEM, G. L.; STRATTON, W. O. Contabilidade Gerencial. So

Paulo: Prentice Hall, 2004.

HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Cost Accounting a Managerial Emphasis.

NJ, USA: Prentice Hall Inc. Englewood Cliffs, 6th Edition, 1987. p. 188.

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratgia em ao - balanced scorecard. 13. ed.

Traduo de Luiz Euclides Trindade Frazo Filho. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administrao. 5. ed. So

Paulo: Atlas, 2001.

MARKUS, M. L.; TANIS, C. The enterprise system experience from adoption to success. Framing the Domains of IT Management, 2000. v. 10, p. 173-208.

MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9. ed. So Paulo: Atlas, 2003.


15

MEDEIROS JR., A. C. M.; FERREIRA, S. B. L. Administrao de Projetos Complexos:

ERP na Petrobras. In: SOUZA, C. A. de; SACCOL, A. Z. (Organizadores). Sistemas ERP no

Brasil (Enterprise Resource Planning): teoria e casos. So Paulo: Atlas, 2006. p. 130-145.

MONSORES, M. Software Livre e Sistemas ERP: Levantamento Analtico e Proposta de

Metodologia de Pr-Implantao. UNIRIO, 2009. 154 pginas. Dissertao de Mestrado.

Departamento de Informtica Aplicada, UNIRIO.

NETO, J. A. Reestruturao industrial, terceirizao e redes de subcontratao.

Disponvel em: . Acesso em: 03 jul. 2013.

NORRIS, G.; HURLEY, J. R.; HARTLEY, K. M.; DUNLEAVY, J. R.; BALLS, J. D. E-

Business e ERP Transformando as Organizaes. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

OPEN Source Iniciative. The Open Source Definition. Disponvel em:

. Acesso em: jan. 2009.

PADOVEZE, C. L. Sistemas de Informaes Contbeis: Fundamentos e anlise. So Paulo:

Atlas, 2005.

POUBEL, C. A gesto da qualidade e sua importncia em projetos. Revista Techoje, Belo

Horizonte, fev. 2007.

SACCOL, A. Z. et al. Sistemas ERP e seu impacto sobre variveis estratgicas de grandes

empresas no Brasil. In: SOUZA, C. A.; SACCOL, A. Z. (Orgs.). Sistemas ERP no Brasil:

teoria e casos. So Paulo: Atlas, 2003.

SIMONS, R. Performance measurement and control systems for implementing strategy.

Upper Saddle River: Prentice Hall, Inc., 2000.

SIQUEIRA, J. O sistema de custos como instrumento de apoio ao processo decisrio: Um

estudo multicaso em indstrias do setor metal-mecnico da Regio Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul. Dissertao de Mestrado apresentada Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJU. Iju, 2005. TECNOLOGIA da Informao. Gesto profissional usando ADempiere (ERP). Disponvel

em: . Acesso em: 15 mai. 2013.

ZWICKER, R.; SOUZA, C. A. Sistemas ERP: conceituao, ciclo de vida e estudos de casos

comparados. In: SOUZA, C. A.; SACCOL, A. Z. (Orgs.). Sistemas ERP no Brasil: teoria e

casos. So Paulo: Atlas, 2003.

74-74-1-pb

Documents