7089085 direito das obrigacoes resumao

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    DIREITO DAS OBRIGAES

    I - NOES GERAIS

    1) Conceito de Direito Obrigacional: consiste num complexo de normas que

    regem relaes jurdicas de ordem patrimonial, que tm por objeto prestaes de umsujeito em proveito de outro; trata dos vnculos entre credor e devedor, excluindo de

    sua rbita relaes de uma pessoa para com uma coisa; contemplas as relaes

    jurdicas de natureza pessoal.

    2) Direitos reais: so os que atribuem a uma pessoa prerrogativas sobre um bem,como o direito de propriedade (direito sobre uma coisa).

    3) Obrigaes propter rem:so as que recaem sobre uma pessoa por fora de umdeterminado direito real, permitindo sua liberao pelo abandono do bem; passa a

    existir quando o titular do direito real obrigado, devido sua condio, a satisfazercerta prestao; seus caracteres so: a) vinculao a um direito real, ou seja, a

    determinada coisa de que o devedor proprietrio ou possuidor; b) possibilidade de

    exonerao do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a

    coisa; c) transmissibilidade por meio de negcios jurdicos, caso em que a obrigao

    recair sobre o adquirente.

    4) nus reais: so obrigaes que limitam a fruio e a disposio da propriedade;representam direitos reais sobre coisa alheia e prevalecem erga omnes.

    5) Obrigaes com eficcia real: a obrigao ter eficcia real quando, sem perderseu carter de direito a uma prestao, se transmite e oponvel a terceiro queadquira direito sobre determinado bem.

    6) Conceito de obrigao: o vnculo pessoal de direito existente entre devedores ecredores, tendo por objeto uma prestao ou contraprestao de contedo

    econmico; a prestrao ou contraprestao deve ser possvel, lcita, determinada ou

    determinvel, e traduzvel em dinheiro.

    8) Classificao das obrigaes: classificam-se em:1) Consideradas em si mesmo:

    a) em relao ao seu vnculo (obrigao moral, civil e natural);

    b) quanto natureza de seu objeto (obrigao de dar, de fazer e de no fazer;

    positiva ou negativa);

    c) relativamente liquidez do objeto (obrigao lquida e ilquida);d) quanto ao modo de execuo (obrigaes simples e cumulativas, alternativas e

    facultativas);

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    e) em relao ao tempo de adimplemento (obrigao momentnea ou instantnea; de

    execuo continuada ou peridica);

    f) quanto aos elementos acidentais (obrigao pura, condicional, modal ou a termo);

    g) em relao pluralidade dos sujeitos (obrigao divisvel e indivisvel; obrigaosolidria);

    h) quanto ao fim (obrigao de meio, de resultado e de garantia).2) Reciprocamente consideradas: obrigao principal e acessria.

    II - MODALIDADES DAS OBRIGAES

    Obrigaes em Relao ao seu Vnculo

    9) Obrigao civil: nela h um vnculo que sujeita o devedor realizao de umaprestao positiva ou negativa no interesse do credor, estabelecendo um liame entre

    os 2 sujeitos, abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) e sua

    responsabilidade em caso inadimplemento (obligatio), o que possibilita ao credorrecorrer interveno estatal para obter a prestao, tendo como garantia o

    patrimnio do devedor.

    10) Obrigao moral: constitui mero dever de conscincia, cumprido apenas porquesto de princpios; logo, sua execuo , sob o prisma jurdico, mera liberalidade.

    11) Obrigao natural: aquela em que o credor no pode exigir do devedor umacerta prestao, embora, em caso de seu adimplemento espontneo ou voluntrio,

    possa ret-la a ttulo de pagamento e no de liberalidade.

    Obrigaes quanto ao seu objeto

    12) Espcies de prestao de coisa: a obrigao de prestao de coisa vem a seraquela que tem pos objeto mediato uma coisa que, por sua vez,pode ser certa ou

    determinada (CC, arts. 863 a 873) ou incerta (874 a 877); ser especfica se tiver por

    objeto coisa certa e determinada; ser genrica se seu objeto for indeterminado;

    incluem-se a obrigao de dar, de restituir, de contribuir e de solver dvida em

    dinheiro.

    13) Obrigao de dar: a prestao do obrigado essencial constituio outransferncia do direito real sobre a coisa; a entrega da coisa tem por escopo a

    transferncia de domnio e de outros direitos reais; tal obrigao surge, por exemplo,

    por ocasio de um contrato de compra e venda, em que o devedor se compromete a

    transferir o domnio para o credor do objeto da prestao, tendo este, ento, direito coisa, embora a aquisio do direito fique na dependncia da tradio do devedor.

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    14) Obrigao de restituir: no tem por escopo transferncia de propriedade,destinando-se apenas a proporcionar o uso, fruio ou posse direta da coisa,

    temporariamente; se caracteriza por envolver uma devoluo, como,por exemplo, a

    que incide sobre o locatrio, o depositrio, etc., uma vez findo o contrato, dado queo devedor dever devolver a coisa a que o credor j tem direito de propriedade por

    ttulo anterior relao obrigacional.

    15) Obrigao de contribuir: rege-se pelas normas da obrigao de dar, de queconstitui uma modalidade, e pelas disposies legais alusivas s obrigaes

    pecunirias.

    16) Obrigao de dar coisa certa: tem-se quando seu objeto constitudo por umcorpo certo e determinado, estabelecendo entre as partes da relao obrigacional um

    vnculo em que o devedor dever entregar ao credor uma coisa individuada; se a

    coisa, sem culpa do devedor, se deteriorar, caber ao credor escolher se considera

    extinta a relao obrigacional ou se aceita o bem no estado em que se encontra,abatido no seu preo o valor do estrago (art. 866); perecendo a coisa, por culpa do

    devedor; ele dever responder pelo equivalente, isto, pelo valor que coisa tinha no

    momento em que pereceu, mais as perdas e danos (art. 865), que compreendem a

    perda efetivamente sofrida pelo credor (dano emergente) e o lucro que deixou de

    auferir (lucro cessante); deteriorando-se o objeto poder o credor exigir o

    equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se achar, com direito de reclamar,em um ou em outro caso, indenizao de perdas e danos (art. 867).

    17) Obrigao de dar coisa incerta: consiste na relao obrigacional em que o

    objeto, indicado de forma genrica no incio da relao, vem a ser determinadomediante um ato de escolha, por ocasio do seu adimplemento; sua prestao

    indeterminada, porm suscetvel de determinao, pois seu pagamento precedidode um ato preparatrio de escolha que a individualizar , momento em que se

    transmuda numa obrigao de dar coisa certa; a escolha no pode ser absoluta;

    dever ser levado em conta as condies estabelecidas no contrato, bem como as

    limitaes legais, uma vez que a lei, na falta de disposio contratual, estabelece um

    critrio, segundo o qual o devedor no poder dar a coisa pior, nem ser obrigado a

    prestar melhor (art. 875).

    18) Obrigao de solver dvida em dinheiro: abrange prestao, consistente emdinheiro, reparao de danos e pagamento de juros, isto , dvida pecuniria, dvida

    de valor e dvida remuneratria; as obrigaes que tm por objeto uma prestao de

    dinheiro, so denominadas obrigaes pecunirias, por visarem proporcionar ao

    credor o valor que as respectivas espcies possuam como tais.

    19) Obrigao de fazer: a que vncula o devedor prestao de um servio ou atopositivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em benefcio do credor ou de

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    terceira pessoa; tem por objeto qualquer comportamento humano, lcito e possvel,

    do devedor ou de outra pessoa s custas daquele, seja a prestao de trabalho fsico

    ou material, seja a realizao de servio intelectual, artstico ou cientfico, seja ele,

    ainda, a prtica de certo ato que no configura execuo de qualquer trabalho; se aprestao do fato se impossibilitar sem culpa do devedor, resolver-se- a obrigao,

    e as partes sero reconduzidas ao estado em que se encontravam antes do negcio;se foi impossibilitada por culpa do devedor, responder este pelas perdas e danos.

    20) Obrigao de no fazer: aquela em que o devedor assume o compromisso dese abster de algum ato, que poderia praticar livremente se no se tivesse obrigadopara atender interesse jurdico do credor ou de terceiro; caracteriza-se, portanto, por

    uma absteno de um ato; o descumprimento da obrigao dar-se- pela

    impossibilidade da absteno do fato, sem culpa do devedor, que se obrigou a no

    pratic-lo, ou pela inexecuo culposa do devedor, ao realizar, por negligncia ou

    por interesse, ato que no podia.

    Obrigaes quanto liquidez do objeto

    21) Obrigao lquida: aquela obrigao certa, quanto sua existncia, edeterminada quanto ao seu objeto (art. 1.533); seu objeto certo e individuado; logo,

    sua prestao relativa a coisa determinada quanto espcie, quantidade e

    qualidade.

    22) Obrigao ilquida: aquela incerta quanto sua quantidade e que se tornacerta pela liquidao, que o ato de fixar o valor da prestao momentaneamente

    indeterminada, para que esta se possa cumprir; logo, sem liquidao dessaobrigao, o credor no ter possibilidade de cobrar seu crdito; se o devedor no

    puder cumprir a prestao na espcie ajustada, pelo processo de liquidao fixa-se ovalor, em moeda corrente, a ser pago ao credor (art. 1534).

    Obrigaes relativas ao modo de execuo

    23) Obrigao simples e cumulativa: simples aquela cuja prestao recaisomente sobre uma coisa (certa ou incerta) ou sobre um ato (fazer ou no fazer);destina-se a produzir um nico efeito, liberando-se p devedor quando cumprir a

    prestao a que se obrigara; cumulativa uma relao obrigacional mltipla, por

    conter 2 ou mais prestaes de dar, de fazer ou de no fazer, decorrentes da mesma

    causa ou do mesmo ttulo, que devero realizar-se totalmente, pois o

    inadimplemento de uma envolve seu descumprimento total.

    24) Obrigao alternativa: a que contm duas ou mais prestaes com objetosdistintos, da qual o devedor se libera com o cumprimento de uma s delas, mediante

    escolha sua ou do credor; caracteriza-se por haver dualidade ou multiplicidade de

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    prestaes heterogneas, e operar a exonerao do devedor pela satisfao de uma

    nica prestao, escolhida para pagamento ao credor.

    Obrigao concernentes ao tempo de adimplemento

    25) Obrigao momentnea ou instantnea: a que se consuma num s ato emcerto momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela h uma

    completa exausto da prestao logo no primeiro momento de seu adimplemento.

    26) Obrigao de execuo continuada: a que se protrai no tempo,caracterizando-se pela prtica ou absteno de atos reiterados, solvendo-se num

    espao mais ou menos longo de tempo; por exemplo, a obrigao do locador de

    ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um bem infungvel, e a

    obrigao do locatrio de pagar o aluguel convencionado.

    Obrigaes quanto aos elementos acidentais

    27) Generalidades: os elementos estruturais ou constitutivos de negcio jurdicoabrangem:

    a) elementos essenciais: imprescindveis existncia do negcio jurdico, podem sergerais, se comuns generalidade dos atos negociais, e particulares, quando

    peculiares a certas espcies por atinarem sua formas;b) elementos naturais: so efeitos decorrentes do negcio jurdico, sem que seja

    necessrio qualquer meno expressa a seu respeito, visto que a prpria normajurdica j determina quais so essas conseqncia jurdicas;

    c) elementos acidentais: so estipulaes ou clusulas acessrias que as partes podem adicionar em seu negcio para modificar uma ou algumas de suas

    conseqncias naturais (condio, modo, encargo ou termo).

    28) Obrigao condicional: a que contm clusula que subordina seu efeito aevento futuro e incerto; assim, uma obrigao ser condicional quando seu efeito,

    total ou parcial, depender de um acontecimento futuro e incerto. Pode serSuspensiva ou Resolutiva.

    Obrigaes quanto ao contedo

    40) Obrigao de meio: aquela em que o devedor se obriga to-somente a usar de prudncia e diligncia normais na prestao de certo servio para atingir um

    resultado, se, contudo, se vincular a obt-lo; sua prestao no consiste num

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    resultado certo e determinado a ser conseguido obrigado, mas to-somente numa

    atividade prudente e diligente deste em benefcio do credor.

    41) Obrigao de resultado: aquela em que o credor tem o direito de exigir dodevedor a produo de um resultado, sem o que se ter o inadimplemento da relao

    obrigacional; tem-se em vista o resultado em si mesmo, de tal sorte que a obrigaos se considerar adimplida com a efetiva produo do resultado colimado.

    42) Obrigao de garantia: a que tem por contedo a eliminao de um risco,que pesa sobre o credor; visa reparar as conseqncias de realizao do risco;embora este no se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representar o

    adimplemento da prestao.

    Obrigaes Reciprocamente Consideradas

    43) Obrigao principal: a obrigao existente por si, abstrata ou concretamente,sem qualquer sujeio a outras relaes jurdicas.

    44) Obrigao acessria: aquela cuja existncia supe a da principal.

    45) Efeitos jurdicos: as obrigaes principal e acessria regem-se pelos mesmosprincpios norteadores das relaes entre a coisa principal e a coisa acessria, daestarem subordinadas ao preceito geral accesorium sequitur naturam sui principalis,

    ou seja, o acessrio segue a condio jurdica do principal.; produz, alm de outros,

    os seguintes efeitos jurdicos: a extino da obrigao principal implica o

    desaparecimento da acessria; a ineficcia ou nulidade da principal reflete-se naacessria; a prescrio da principal afeta a acessria, etc.; preciso ressaltar que a

    sorte da obrigao acessria no atinge a principal.

    Extino da relao obrigacional sem pagamento

    23) Prescrio: um dos modos extintivos da obrigao sem que o devedor cumpraa prestao; tem por objeto a ao, por ser uma exceo oposta ao seu exerccio com

    a finalidade de extingui-la e tendo por fundamento um interesse jurdico-social;

    uma pena para o negligente. que deixa de exercer seu direito de ao dentro de certo

    prazo, diante de uma pretenso resistida.

    24) Caso fortuito e fora maior: a impossibilidade, sem culpa do devedor, decumprir a prestao devida equivaleria fora maior ou ao caso fortuito, que se

    caracterizam pela presena de 2 requisitos: a) o objetivo, que se configura na

    inevitabilidade do acontecimento, sendo impossvel evit-lo ou impedi-lo (CC, art.

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    1058, nico; RT 444:122); b) subjetivo, que a ausncia de culpa na produo do

    evento; na fora maior conhece-se o motivo ou a causa que d origem ao

    acontecimento, pois se trata de um fato da natureza; no caso fortuito o acidente que

    acarreta o dano advm de causa desconhecida; so acontecimentos inevitveis,estranhos vontade do devedor, que impedem a execuo da obrigao, acarretando

    em sua extino, sem que caiba ao credor qualquer ressarcimento, salvo se as partesconvencionaram o contrrio ou se se configurarem as hipteses dos arts. 955 a 957,

    1300, 1, e 877 do CC.

    25) Condio resolutiva ou de termo extintivo: um pacto inserido no negciojurdico para modificar o efeito da relao obrigacional, de forma que, enquanto a

    condio no se realizar, vigorar a obrigao, mas a sua verificao extinguir, para

    todos os efeitos, o liame obrigacional; o termo final ou resolutivo determina a data

    de cessao dos efeitos do negcio jurdico.

    26) Execuo forada por intermdio do Judicirio: so as medidas aplicadaspelo Estado quando o devedor no cumprir voluntariamente a obrigao assumida, ocredor poder obter seu adimplemento, havendo a exeqibilidade da prestao por

    meio de execuo forada; o crdito poder ser satisfeito por meio de execuo

    especfica, se o credor tiver por escopo obter exatamente a prestao prometida, ou

    porexecuo genrica se o credor executar bens do devedor, para obter o valor da

    prestao no cumprida, por ser fsica ou juridicamente impossvel.

    Consequncias da inexecuo das obrigaes por fato imputvel ao devedor

    27) Inadimplento voluntrio: ter-se- o inadimplemento da obrigao quandofaltar a prestao devida, isto , quando o devedor no a cumprir, voluntria ouinvoluntariamente; se o descumprimento resultar de fato imputvel ao devedor,haver inexecuo voluntria, que poder ser dolosa, ou resultar de negligncia,

    imprudncia ou impercia do devedor.

    28) Responsabilidade contratual do inadimplente: todo aquele quevoluntriamente infringir dever jurdico, estabelecido em lei ou em relao negocial,

    causando prejuzo a algum, ficar obrigado a ressarci-lo (CC, art. 159); havendoliame obrigacional, a responsabilidade do infrator, designar-se- responsabilidade

    contratual; no havendo vnculo obrigacional ser extracontratual ou aquiliana

    Dano no Art. 927 do Novo Cdigo CivilA responsabilidade civil, no novo Cdigo Civil brasileiro, regulada pelos artigos

    927 e seguintes, apesar de mais afetos responsabilidade aquiliana, isto ,extracontratual.

    Eis o artigo 927:

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    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    Note que o art. 186 definiu o ato ilcito que, por definio, inclui o dano. De

    certo, aquele que viola direito alheio, mas sem causar dano a ningum, nos termos doart. 186 no comete ato ilcito. O ato ilcito pressupe o dano, mas, do todo modo, oartigo 927 quis deixar claro que a responsabilidade civil, isto , a obrigao de repararo dano, emerge do dano provocado por ato ilcito.

    O pargrafo nico do artigo 927 abre as portas da teoria do risco nas relaescivis, determinando que seja abandonada a teoria da culpa, sempre que a lei mandarou quando o dano decorrer do risco provocado pela atividade desempenhada peloagente causador do dano. a adoo da responsabilidade objetiva, por determinaolegal. este o texto do pargrafo:

    Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por suanatureza, risco para os direitos de outrem.

    Note que a lei foi taxativa e no deixou dvidas quanto adoo daresponsabilidade objetiva, com base na teoria do risco. As expressesindependentemente de culpa e quando a atividade implicar risco, a meu ver, no do

    margem para o abrandamento interpretativo.Adicionalmente, observa-se que o texto no fala em risco decorrente de umproduto ou servio, mas em risco decorrente de uma atividade. Assim, essa regra temaplicao tanto na responsabilidade contratual quanto na responsabilidade aquiliana,extracontratual. Se uma atividade representa risco, no o representa apenas para aspessoas que fazem uso dessa atividade, ou que mantm alguma relao jurdica com oagente da atividade de risco. Mas a expresso atividade de risco tambm inclui afabricao, distribuio e venda de produtos, alm da prestao de servios dequalquer espcie, impondo-se, pois, a responsabilidade objetiva tambm em sede deresponsabilidade contratual.

    Dito isso, fica, ento, estabelecido que o dispositivo em comento estipula aresponsabilidade objetiva, de carter contratual e extracontratual, para todos aquelesque exercem qualquer atividade que represente risco para as pessoas em geral,usurias ou no dessa atividade.

    Como o dispositivo novo, porm, ainda devemos esperar alguns anos, at quea jurisprudncia ptria desenvolva a exata noo do que seja atividade de risco. A nss resta torcer para que essa construo jurisprudencial venha a adotar uma tendnciaampliativa e no restritiva, isto , que no seja demasiadamente moderada na inclusode atividades no rol das atividades de risco.

    De certo, atividades h que, a meu ver, no deixam dvidas sobre suapericulosidade, como a produo, transmisso e distribuio de energia eltrica enuclear, petrleo e gs, atividades que lidam com explosivos, indstrias qumicas quelidam com cidos e inflamveis etc. Essas e muitas outras atividades, alis, at jreceberam o enquadramento de periculosidade, para efeito de adicionais salariais, pelatica do direito do trabalho, o que, de incio, poderia pautar as primeiras decises

    judiciais a respeito..

    Mora

    29) Conceito: considera-se em mora o devedor que no efetuar o pagamento, e ocredor que o no quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados; a mora

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    vem a ser no s a inexecuo culposa da obrigao, mas tambm a injusta recusa de

    receb-la no tempo, no lugar e na forma devidos.

    30)Mora solvendiou mora do devedor: configura-se quando este no cumprir, porculpa sua, a prestao devida na forma, tempo e lugar estipulados (RT, 478:149);

    seu elemento objetivo a no realizao do pagamento no tempo, local e modoconvencionados; osubjetivo a inexecuo culposa de sua parte; manifesta-se sob 2

    aspectos: a) mora ex re, se decorrer de lei, resultando do prprio fato do

    descumprimento da obrigao, independendo, portanto, de provocao do credor; se

    houver vencimento determinado para p adimplemento, o prprio termo interpela emlugar do credor, assumindo o papel da intimao; b) mora ex persona, se no

    houver estipulao de termo certo para a execuo da relao obrigacional; nesse

    caso, ser imprescindvel que o credor tome certas providncias necessrias para

    constituir o devedor em mora (notificao, interpelao, etc.);

    - pressupes os seguintes requisitos: a) exigibilidade imediata da obrigao; b)

    inexecuo total ou parcial da obrigao; c) interpelao judicial ou extrajudicial dodevedor;

    - produz os seguintes efeitos jurdicos: a) responsabilidade do devedor dos prejuzos

    causados pela mora ao credor (art. 956), mediante pagamento de juros moratrios

    legais ou convencionais, indenizao do lucro cessante, reembolso das despesas e

    satisfao da clusula penal, resultante do no-pagamento; b) possibilidade do

    credor exigir a satisfao das perdas e danos, rejeitando a prestao, se por causa damora ela se tornou intil ( nico) ou perdeu seu valor; c) responsabilidade do

    devedor moroso pela impossibilidade da prestao, mesmo decorrendo de caso

    fortuito ou fora maior (957 e 1058).

    31) Mora accipiendi ou mora do credor: a injusta recusa de aceitar oadimplemento da obrigao no tempo, lugar e forma devidos (RT, 150:243,484:214);

    - sopressupostos: a) a existncia de dvida positiva, lquida e vencida; b) estado de

    solvncia do devedor; c) oferta real e regular da prestao devida pelo devedor; d)

    recusa injustificada, em receber o pagamento; e) constituio do credor em mora;

    tem como conseqncias jurdicas a liberao do devedor, isento de dolo, da

    responsabilidade pela conservao da coisa, a obrigao de ressarcir ao devedor asdespesas efetuadas, a obrigao de receber a coisa pela sua mais alta estimao, se o

    valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento, e a possibilidade da

    consignao judicial da res debita pelo devedor.

    32) Mora de ambos: verificando-se mora simultnea, isto , de ambos oscontratantes, d-se a sua compensao aniquilando-se reciprocamente ambas asmoras, com a conseqente liberao recproca da pena pecuniria convencionada;

    imprescindvel ser a simultaneidade da mora, pois se for sucessiva, apenas a ltima

    acarretar efeitos jurdicos.

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    33) Juros: so o rendimento do capital, os frutos civis produzidos pelo dinheiro,sendo, portanto, considerados como bem acessrio (CC, art. 60), visto que

    constituem o preo do uso do capital alheio em razo da privao deste pelo dono,voluntria ou involuntariamente.

    34) Juros compensatrios: decorrem de uma utilizao consentida do capitalalheio, pois esto, em regra, preestabelecidos no ttulo constitutivo da obrigao,

    onde os contraentes fixam os limites de seu proveito, enquanto durar o negcio

    jurdico, ficando, portanto, fora do mbito da inexecuo

    35) Juros moratrios: constituem pena imposta ao devedor pelo atraso nocumprimento da obrigao, atuando como se fosse uma indenizao pelo

    retardamento no adimplemento da obrigao (RT, 435:100 e 217, 440:71, 610:137;

    RF, 269:188; Smula 54 do STJ);

    - podero ser: a) convencionais, caso em que as partes estipularo a taxa de jurosmoratrios at 12% anuais e 1% ao ms; b) legais, se as partes no os

    convencionarem, pois, mesmo que no se estipulem, os juros moratrios sero

    sempre devidos, na taxa estabelecida por lei, ou seja, de 6% ao ano ou 0.5% ao ms

    (CC, art. 1062).

    * Os juros moratrios so devidos a partir da constituio da mora (RT, 435:119),independente da alegao de prejuzo (art. 1064); nas obrigaes a termo, so

    devidos a partir do vencimento; nas obrigaes sem fixao de prazo certo, com a

    interpelao, notificao e protesto; se a obrigao em dinheiro for lquida, contar-

    se-o a partir do vencimento; nas ilquidas, desde a citao inicial para a causa(1536, 2).

    36) Purgao da mora: um ato espontneo do contraente moroso, que visaremediar a situao a que se deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes,

    reconduzindo a obrigao normalidade; purga-se, assim, o inadimplente de suas

    faltas; sempre admitida, exceto se lei especial regulamentar diferente, indicando as

    condies de emedar a mora (959).

    37) Cessao da mora: ocorrer por um fato extintivo de efeitos pretritos efuturos, como sucede quando a obrigao se extingue com a novao, remisso de

    dvidas ou renncia do credor.

    Perdas e Danos

    38) Noes: O dano vem ser a efetiva diminuio do patrimnio do credor ao tempoem que ocorreu o inadimplemento da obrigao, consistindo na diferena entre o

    valor atual desse patrimnio e aquele que teria se a relao fosse exatamente

  • 8/3/2019 7089085 Direito Das ObrigaCOes Resumao

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    cumprida; o dano corresponderia perda de um valor patrimonial, pecuniariamente

    determinado; serias as perdas e danos o equivalente do prejuzo suportado pelo

    credor, em virtude do devedor no ter cumprido a obrigao, expressando-se numa

    soma de dinheiro correspondente ao desiquilbrio sofrido pelo lesado.

    39) Fixao da indenizao de pernas e danos: segundo o CC, art. 1059, as perdase danos devidos ao credor abrangero, alm do que ele efetivamente perdeu, o que

    razoavelmente deixou de lucrar; para conceder indenizao o magistrado dever

    considerar de houve:

    1) dano positivo ou emergente, que consiste num deficitreal e efetivo no patrimniodo credor, isto , uma concreta diminuio em sua fortuna, seja porque se depreciou

    o ativo, seja porque aumentou o passivo, sendo, pois, imprescindvel que o credor

    tenha, efetivamente, experiementado um real prejuzo, visto que no passveis de

    indenizao danos eventuais ou potenciais;

    2) Dano negativo ou lucro cessante, alusivo privao de ganho pelo credor, ou

    seja, ao lucro que ele deixoi de auferir, em razo do descumprimento da obrigaopelo devedor;

    3) nexo de causalidade entre o prejuzo e a inexecuo culposa ou dolosa da

    obrigao por parte do devedor, pois a dano, alm de efetivo, dever ser um efeito

    direto e imediato do ato ilcito do devedor.

    40) Liquidao do dano: tem por fim tornar possvel a efetiva reparao do danosofrido pelo lesado, fixando o montante da indenizao de perdas e danos; a

    liquidao se far por determinao legal, por conveno das partes e por sentena

    judicial.