7. legislação penal especial - magistratura.2014

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1 Curso: Regular Semestral 1 O Semestre 2013 Data: 28/06/2013 Disciplina: Legislação Penal Especial Professor: Marcelo Lebre Paraná Monitora: Camilla Torres Aula nº 07, Turno: Manhã. Estatuto da Criança e do Adolescente 1. Noções Gerais Criança x Adolescente Criança é quem tem até 12 anos incompletos ou seja, 11 anos, 11 meses, 29 dias. Adolescente é quem tem de 12 a 18 anos incompletos porque quando tiver 18 se tornará imputável penalmente e capaz civilmente. No entanto é possível a aplicação do ECA para os maiores de 18 anos até 21 anos, tal com se extrai da leitura do art. 2 o , parágrafo único. (tanto é assim que a internação tem como marco os 18 anos ou 21 anos). Doutrina que rege o tema Antes do advento do ECA o tema era regulamentado pelo Código de Menores, no qual não se distinguia a criança do adolescente, apenas e tão somente os menores dos maiores os menores só interessavam para o legislador quando se encontravam em situação de irregularidade perante a lei penal ou lei civil, motivo pelo qual falava-se em situação irregular. Com o advento do ECA a doutrina que passou a balizar o tema foi a da “Proteção Integral” a qual preconiza como dever de todos dispender uma especial atenção para aqueles que estão numa fase de construção de sua personalidade, em especial na fase da criança. Para tanto temos alguns princípios sobre o tema. Princípio da Prioridade Absoluta

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lEGISLAÇÃO PENAL

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    Curso: Regular Semestral 1O Semestre 2013 N Data: 28/06/2013 Disciplina: Legislao Penal Especial Professor: Marcelo Lebre Paran Monitora: Camilla Torres Aula n 07, Turno: Manh. Estatuto da Criana e do Adolescente

    1. Noes Gerais Criana x Adolescente Criana quem tem at 12 anos incompletos ou seja, 11 anos, 11 meses, 29 dias. Adolescente quem tem de 12 a 18 anos incompletos porque quando tiver 18 se tornar imputvel penalmente e capaz civilmente. No entanto possvel a aplicao do ECA para os maiores de 18 anos at 21 anos, tal com se extrai da leitura do art. 2o, pargrafo nico. (tanto assim que a internao tem como marco os 18 anos ou 21 anos). Doutrina que rege o tema Antes do advento do ECA o tema era regulamentado pelo Cdigo de Menores, no qual no se distinguia a criana do adolescente, apenas e to somente os menores dos maiores os menores s interessavam para o legislador quando se encontravam em situao de irregularidade perante a lei penal ou lei civil, motivo pelo qual falava-se em situao irregular. Com o advento do ECA a doutrina que passou a balizar o tema foi a da Proteo Integral a qual preconiza como dever de todos dispender uma especial ateno para aqueles que esto numa fase de construo de sua personalidade, em especial na fase da criana. Para tanto temos alguns princpios sobre o tema. Princpio da Prioridade Absoluta

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    Qualquer tipo da situao que trate da criana e do adolescente tero prioridade. Principio do Melhor Interesse Sempre que se estiver diante de uma discusso que diga respeito a criana e o adolescente deve ser assegurado ao menor o que melhor para estes. Esse principio baliza principalmente todos os ditames da parte civil disposta no ECA. Dica: Sempre que estivermos diante de uma questo sobre ECA lembre-se da doutrina da Proteo Integral, ela certamente vai lhe ajudar. Direitos Fundamentais de Criana e Adolescente art. 7o ao 69 do ECA. Sistema Preventivo art. 70 a 85 do ECA. Evitar qualquer ocorrncia de ameaa ou violao as direitos da criana e do adolescente. Politica de Atendimento arts. 86 a 88 Essa politica pressupe algumas aes conjuntas entre Unio, Estados, Municipios, todas voltadas a propugnar uma ateno para criana e adolescente. Note que alguns dispositivos foram alterados pela Lei 12.594 de 2012. Programa de proteo socioeducativa, colocao familiar, acolhimento institucional. Fiscalizao das Entidades e o Sistema de Proteo arts. 95 a 97 Tratam se de regras eminentemente de cunho administrativo e tambm de politica. Medidas de Proteo Incluso em programas de tratamento, colocao em famlia substituta. Quando um adolescente comete ato infracional poder receber medida socioeducativa, o que no se aplica s crianas para as quais ser aplicada apenas medida de proteo. Portanto, as medidas de proteo so aplicveis s crianas e aos adolescentes, enquanto as medidas socioeducativas so aplicadas apenas aos adolescentes.

    2. Ato Infracional art. 103 em diante.

    Trata-se o referido artigo de uma norma explicativa a respeito do que considerado ato infracional. No que tange ao conceito analtico de crime no qual temos que crime a conduta tpica, antijurdica e culpvel podemos dizer que o menor no temos a presena da culpabilidade j que o menor de 18 anos no dotado de imputabilidade tal como se infere dos arts. 27 do CP, 104 do ECA, art. 228 da CR/88. Lembrando que existe uma divergncia sobre o conceito de crime bipartido, tripartido. Para aqueles que adotam o conceito bipartido a culpabilidade mero pressuposto se assim o fosse o menor tambm cometeria crime. Consequncia do ato infracional: Se praticados por criana, estas estaro sujeitas s medidas protetivas ao passo que quando praticados por adolescentes so medidas socioeducativas. Medidas de Proteo Medidas Socioeducativas

    Previso legal Art.101, rol exemplificativo (locuo dentre Art. 112, o rol taxativo no que tange

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    outras), pode o juiz ou conselho tutelar criar outras medidas.

    a previso dessas medidas, o juiz no pode inventar outras.

    Destinatrios O objetivo destas proteger e o ECA protege tanto a criana quanto o adolescente por isso podem ser aplicadas aos dois.

    Esto sujeitos a essas apenas e to somente os adolescentes, art. 112.

    Cabimento quando sero aplicadas?

    Existem 03 hipteses de cabimento: Art.98, situaes de risco; Art.105, ato infracional da criana; Art.112, VII, ato infracional de adolescente.

    Aplica-se to somente prtica de ato infracional por adolescente, art. 112.

    Autoridade que tem atribuio ou competncia para aplicar essas medidas?

    O art. 136 trata das atribuies do Conselho Tutelar, o qual poder intervir nas hipteses do art. 101, I a VI e no a VII porque a partir do VII ao IX s a justia da infncia e da juventude.

    Art. 148. S pode ser aplicada ao adolescente pela Justia da Infncia e da Juventude, pois o ato praticado levar uma punio, devendo ser observado o devido processo legal, Smula 108 do STJ.

    Execuo dessas medidas

    Sero acompanhadas pelo Conselho Tutelar (art.101, I a VI) ou pela Justia da Infncia e da Juventude quando se tratarem das hipteses do art. 101, VII a IX do ECA.

    Nunca teve regra mas atualmente a execucao dessas medidas ser executada pelo SINASE que foi introduzido pela Lei 12.594/12, a qual determinou que a execuo dessas medidas ficar a cargo exclusivamente da Justia da Infncia e Juventude.

    Hipteses de cabimento das medidas protetivas

    Art. 98 situaes de risco. O que so situaes de risco da criana ou do adolescente? Sempre que os direitos assegurados pelo ECA, pela CR ou outras Leis estiverem sendo violados por aes ou omisses da sociedade ou do Estado que atinjam direito da criana e do adolescente; ou situaes de falta, de omisso ou de abuso dos pais ou responsvel legal falta quando os pais faleceram, omisso dos pais: pai que no leva ao medico, no matricula na escola, abuso dos pais: aquele que abusa do seu poder familiar, espanca os filhos, estupra a filha; ou quando a criana ou adolescente se autocoloca em risco atravs de sua prpria conduta: cheira cola, mata aula, foge de casa, fica no sinal pedindo $ no sinal. Art. 105 a criana que pratica ato infracional fica sujeita a medida de proteo, por exemplo, vou obriga-la a ir para a escola, coloca-la num acompanhamento. Art. 112,VII o adolescente tambm se sujeita a medida de proteo pelo ato infracional. Desse modo, tanto para criana quanto para o adolescente podem ser aplicadas medidas protetivas em situaes de risco ou pela prtica de ato infracional.

    Autoridade com atribuio ou competncia para aplicar as medidas protetivas O art. 136 trata das atribuies do Conselho Tutelar, o qual, de acordo com a redao do inciso I do referido artigo poder intervir nas hipteses do art. 101, I a VII. ATENO os incisos VII, VIII e IX do art. 101 (alterados em 2009 pela Lei 12.010) no podem ser aplicados pelo Conselho Tutelar, pois todos tratam de hipteses que retiram a criana ou adolescente da famlia natural e para essa retirada o 2o do art. 101 taxativo ao afirmar que o afastamento da criana ou adolescente do convvio familiar de competncia exclusiva da autoridade judiciria e importar na deflagrao, a pedido do MP ou de quem tenha legitimo interesse, de procedimento JUDICIAL CONTENCIOSO, o qual se dar na Justia da Infncia e da Juventude (art.148). Desse modo, no art. 136, I, onde se l dos incisos I a VII, deve ser lido, I a VI. Todavia, deve ser lido aqui dos incisos I a VI, ou seja: Art. 101, I a VI Conselho Tutelar Art. 101, VII a IX Apenas a Justia da Infncia e da Juventude.

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    S que o examinador pode querer me prejudicar e dizer: Cabe ao Conselho Tutelar, exclusivamente aplicar as medidas de I a VI ou dizer que ao Judicirio cabe os arts. VII, VIII e IX e ao Conselho Tutelar exclusivamente os incisos I a VI. Afirmativa incorreta. Se o Juiz pode tirar a criana e o adolescente e colocar num abrigo, famlia temporria, famlia substituta ele no pode mandar matricular na escola, determinar acompanhamento? Claro que pode. Quem pode o mais pode o menos. Por isso, dos incisos I a VI a legitimidade concorrente, pois podem se aplicados pelo judicirio e pelo conselho tutelar, j os incisos VII, VIII e IX s podem ser aplicados pelo Judicirio. Da Prtica do Ato Infracional Observaes importantes:

    i. Art. 104, p.u. Deve ser levada em conta a idade do adolescente na data do fato. Lembrando aqui que para o direito penal devemos pensar que o tempo rege o ato, interessando o momento da conduta.

    Questo de prova: Imaginemos um adolescente sequestrou algum hoje e essa pessoa ficou em crcere por duas semanas e quando a policia estourou o cativeiro o menor j havia atingido os 18 anos. Aplica-se nesse caso a Lei em vigor ao termino da permanncia, motivo pelo qual aplica-se o Cdigo Penal.

    ii. Causas de extino da punibilidade: aplica-se ou no?? Se o objetivo do ECA educar e

    no punir podemos dizer que so cabveis ou no? Para a maioria da doutrina cabvel sim. Daqui surge a polemica sobre a prescrio j que a prescrio regula a pena e adolescente no recebe pena. Instado a se manifestar sobre o tema a smula 338 do STJ afirmou que a prescrio sim aplicvel ao ECA com base no critrio dos 03 anos previstos para a medida de internao.

    iii. Causa de excluso do crime (erro de tipo, estado de necessidade, estrito cumprimento do

    dever lega, principio da insignificncia). Estas tambm so aplicveis para a excluso do ato infracional dentro do que for cabvel. Sobre esse tema por muito tempo no se aplicou o princpio da insignificncia para crianas e adolescentes. Atualmente, dependendo das particularidades do caso concreto tal principio aplicvel em apreo, notadamente, ao principio da igualdade.

    iv. Competncia do juzo da Vara Da Infncia e da Juventude do local onde foi praticado o

    ato seguindo o mesmo raciocnio que o CPP. Ateno para os arts. 147, 1o, 148 e 152.

    v. Investigao Preliminar: em caso de prtica de ato infracional o adolescente responder por um inqurito em trmite na Delegacia da Infncia e Juventude. Em termos gerais, seguir o inqurito do menor a mesma sorte do inqurito policial. Dentro dessa tema o mais importante acerca da apreenso e internao. Ressalte-se que a palavra priso no se aplica criana e ao adolescente. A apreenso faz as vezes da priso no caso dos menores, arts. 106 e seguintes do ECA. Uma vez havendo a apreenso do adolescente infrator ele ser imediatamente encaminhado Delegacia competente se houver e chegando a autoridade policial esta obrigada a providenciar algumas diligncias: (i) comunicar imediatamente o juiz da Vara da Infncia e da Juventude; (ii) comunicar os pais ou responsveis. Em casos de flagrante de ato infracional cometido mediante violncia ou grave ameaa dever o Delegado observar o disposto no art. 173. Se no houve violncia ou grave ameaa basta fazer um boletim circunstanciado daquele fato e suas circunstncias (art.173, p.u) Merece especial ateno os arts. 230 e 231. Note que se a regra para os maiores responder ao processo solto, com mais razo ainda para os menores. Os pais so chamados para assinarem um termo de responsabilidade para colocar o adolescente em liberdade. O juiz, por sua vez, chamado para averiguar a legalidade art. 185 do ECA. O prazo mximo para a internao cautelar de 45 dias (art.183).

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    vi. Atuao do MP art. 181, 182, 126. Feito o relatrio pela autoridade policial os autos do

    inqurito iro para o MP. Lembre-se, nesse aspecto, que nos casos em que envolvem adolescentes e crianas a atuao do MP compulsria. Uma vez recebido o inqurito o MP pode seguir trs caminhos: (i) arquivamento dos autos e posteriormente encaminhamento ao Juiz da Infncia e Juventude; (ii) Se presentes a autoria e materialidade o MP ainda assim poder ofertar ao adolescente a remisso (perdo) prevista no art. 126 (beneficio processual que funciona como uma suspenso condicional do processo); (iii) Ofertar a representao contra o adolescente (art.182). Sobre a representao impende destacar que esta independe de prova pr-constituda da autoria e da materialidade (art.182, 2o).

    vii. Atuao do Juiz arts. 184 a 189. Com a instaurao de um processo para apurar a prtica

    de ato infracional, o primeiro ato receber a representao do MP. Parte-se para a realizao

    de uma primeira audincia, chamada de audincia de apresentao, onde as vtimas, o

    adolescente sero apresentados e ouvidos pelo juiz (art.186) para que este tenha uma ideia

    do que aconteceu. (como essa audincia ainda no instrutria no precisa de defesa

    tcnica). O juiz pode ofertar ao adolescente um beneficio que visa evitar o processo tal como pode o MP faze-lo, trata-se da remisso. Portanto, a remisso pode ser ministerial ou judicial. Recebida a representao o juiz designar a data da audincia e instruo e julgamento do adolescente infrator. A audincia tem grande semelhana com o processo penal oitiva das testemunhas de defesa, acusao, oitiva dos pais e responsveis, oitiva do psiclogo, oitiva do menor. Ao final da audincia, ser proferida a sentena. Se na comarca no existir Vara da Infncia e da Juventude no importa, por mais que no exista ser ele o responsvel. Em termos de ECA, o juiz acolhe ou rejeita a pretenso socioeducativa. A intimao da sentena ser feita de acordo com o art. 190 do ECA aplicada uma medida de internao ou semi liberdade obrigatria a intimao do adolescente infrator e do advogado, j na hiptese de outra medida socioeducativa prescinde-se a intimao do menor, sendo necessria apenas a do Defensor art. 190.

    viii. Garantias Processuais ao Adolescente Infrator art. 111. Alm das garantias gerais,

    dever ser assegurado o art. 111.

    ix. Recurso cabvel da sentena a apelao tendo para tanto o prazo de 10 dias, art. 190. Ressalte-se que a apelao permite o efeito regressivo (juzo de retratao) diferentemente do que ocorre no CPP. Em alguns Tribunais a A apelao do ECA julgado por Cmara Cvel e em outras por Cmara Criminal nesse ponto preciso verificar o regimento interno do Tribunal.

    x. Identificao Dactiloscpica: art.109, o qual guarda a mesma lgica que a Lei 12.037/09.

    xi. O transporte do adolescente no pode ser realizado em camburo art. 178 do ECA. Se

    assim o fizer ficar caracterizado o crime do art. xii. Uso de Algemas. Sabemos que a regra a no utilizao de algemas aplicando-se a

    smula vinculante n. 11 para os adolescentes. O descumprimento de tal smula configura o tipo do art. 232 do ECA.

    xiii. Confisso do adolescente. Durante muito tempo o Juiz, diante da confisso aplicava direto

    a medida socioeducativo (confisso como rainha das provas). Para evitar tal postura foi editada a smula 342 do STJ.

    Remisso art. 126 a 128 do ECA Trata-se de um perdo. O art. 126, caput prev as possibilidades de concesso da remisso:

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    1 Concesso pelo prprio MP antes de iniciar o processo e a consequncia disso a excluso do processo; 2 Iniciado o procedimento por parte do MP, tendo este feito a representao a concesso ser pela autoridade judiciria e a consequncia disso ser a suspenso do processo ou a extino do processo. O art. 127 do ECA diz que embora concedida a remisso o Juiz pode determinar a aplicao de medida socioeducativa com exceo das medidas de carter fechado, ou seja, semiliberdade e internao. Nesse ponto, merece destaque o informativo 492 do STJ. possvel a aplicao da medida socioeducativa mesmo quando a remisso for concedida pelo MP, ou seja, no momento da fase ministerial em que este rgo tem aquelas opes de arquivamento, remisso ou representao ao conceder a remisso o MP pode aplicar uma medida socioeducativa. Essa deciso importante porque a doutrina diverge disso argumentando que como a fase ministerial no um processo no poderia haver a aplicao de medida.

    ECA. REMISSO. CUMULAO. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA A Turma entendeu ser possvel cumular a remisso (art. 126 do ECA) com a aplicao

    de medida socioeducativa que no implique restrio liberdade do menor infrator, nos termos do art. 127 do ECA. In casu, no se mostra incompatvel a medida socioeducativa de liberdade assistida cumulada com a remisso concedida pelo Parquet, porquanto aquela no possui carter de penalidade. Ademais, a remisso pode ser aplicada em qualquer fase do procedimento menorista, uma vez que prescinde de comprovao da materialidade e da autoria do ato infracional, nem implica reconhecimento de antecedentes infracionais. Dessa forma, no ocorre

    violao dos princpios do contraditrio e da ampla defesa quando a proposta oferecida pelo Ministrio Pblico homologada antes da oitiva do adolescente, como na espcie. Precedentes citados do STF: RE 248.018-SP, DJe 20/6/2008; e RE 229.382-SP, DJ 31/10/2001; do STJ: HC 135.935-SP, DJe 28/9/2009; HC 112.621-MG, DJe 3/11/2008, e REsp 328.676-SP, DJ 22/4/2003.HC 177.611-SP, Rel. Min. Og

    Fernandes, julgado em 1/3/2012.

    3. Medida Socioeducativa

    Carter pedaggico. Somente o juiz da Vara da Infncia e da Juventude pode aplicar medida socioeducativa. Smula 108 do STJ. Se ele menor pode receber medida socioeducativa. O menor e portador de doena mental, receber tratamento individual e especializado em local prprio para suas condies (art. 112, 3o) , em hiptese alguma receber medida de segurana. Repita-se que as medidas socioeducativas no so aplicveis para as crianas. Art. 101. Ao adolescente submetido a medida socioeducativa devem ser assegurados vrios direitos previstos na Lei do SINASE art. 49 da Lei 12.594/12. A extino da medida socioeducativa se dar nas hipteses previstas pelo art. 46 da Lei 12.594/12, morte, aplicao de PPL, condio de doena grave etc. O inciso III dispe acerca da aplicao de PPL isso se dar nos casos em que o ECA for aplicado para os maiores. Adolescente de 17 anos cometeu ato infracional, recebeu medida socioeducativa e foi colocado na Febem, onde, aos 18 anos cometeu homicdio. Nesse caso ser imposta a PPL e extinta a medida.

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    possvel a regresso de medida socioeducativa, devendo ser respeitada a smula 265 do STJ que dispe acerca da oitiva do menor. Espcies de Medidas Socioeducativas art. 112

    I. Advertncia II. Obrigao de reparar o dano

    III. Prestao de servios a comunidade IV. Liberdade assistida V. Insero em regime de semiliberdade VI. Internao em estabelecimento educacional

    A Lei do SINASE classificou as medias para dizer que as medidas se dividem em de meio aberto e de meio fechado. Meio aberto: incisos I a IV e meio fechado: V e VI. Alm disso, criou tambm um aspecto de rigor para dizer que a internao a mais rigorosa e a semiliberdade mais rigorosa que as demais, assim como, por obvio, a internao tambm mais rigorosa. I Advertncia (meio aberto); O art. 115, ECA diz que essa medida uma bronca, uma admoestao verbal que ser reduzida a termo e assinada. II Reparao do dano (meio aberto); Art. 116, ECA ato infracional com reflexos patrimoniais Restituir a coisa, por exemplo se tiver ocorrido um furto ou Reparao de dano material, caso seja um dano (art.163,CP), algo quebrado, por exemplo. No se reparam danos morais ou estticos. O prprio adolescente tem que reparar o dano, no confundir com o mbito cvel. III servio comunitrio (meio aberto); Art. 117, ECA A prestao de servio a comunidade consiste em tarefas gratuitas sendo que o prazo mximo de 06 meses e com 08h por semana. IV liberdade assistida (meio aberto); Art. 118, ECA Ser adotada sempre que se afigurar mais adequada. Prev a nomeao de um orientador que acompanhara o adolescente na pratica de todos os seus atos pelo prazo mnimo de 06 meses e a doutrina tem entendido que por analogia se utiliza o prazo mximo de 03 anos da internao. V Insero em regime de semiliberdade (meio fechado) restringe a liberdade; Art. 120, ECA causa uma restrio a liberdade. Admite a realizao de atividades externas (estudar, trabalhar fora da instituio), o 1o prev que obrigatrio a realizao de atividades educacionais com esse adolescente; 2o dispe que no comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposies relativas internao. O juiz pode aplicar essa medida desde o inicio, isto , como a primeira medida ou na hiptese de transio pro regime aberto quando o adolescente estiver internado. Comea na internao e vai para a semiliberdade. VI Internao (meio fechado); Muito Importante!!!! Art. 121, 122, 123, 124 e 125 do ECA.

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    Art. 121 Princpios que informam a internao brevidade/ excepcionalidade/ respeito s condies peculiares da pessoa em desenvolvimento o adolescente est em desenvolvimento e por isso deve ser priorizado o estudo. 1o As atividades externas: educacionais, trabalhistas, de aprendiz, de lazer, esportivas podem ser desenvolvidas fora da instituio. O juiz pode proibir essas atividades na sentena mas se o juiz nada disser a respeito a prpria equipe da instituio onde ele est internado vai determinar se o adolescente poder ou no sair. O Juiz no precisa autorizar essas atividades fora da instituio. 2o Se a prova disser que a medida no tem prazo determinado est correto. Isso quer dizer que o juiz ao determinar a internao no fixa o prazo de internao contudo, deve ser reavaliada a cada 06 meses no mximo, ou seja, pode ser reavaliada com menos de 06 meses. A Lei do SINASE tambm previu essa reavaliao. Quando o juiz fizer essa reavaliao ter trs possibilidades:

    a) manter a internao; b) migrar para a semiliberdade ou para a liberdade assistida , o que seria uma espcie de

    progresso; c) liberao do adolescente;

    Se o juiz entender por manter a internao dever ser feita a reavaliao sucessivamente. Contudo, o 3o diz que a internao tem prazo mximo de durao que de 03 anos e completos os 03 anos a liberao compulsria. Note que uma coisa dizer que o juiz no precisa fixar prazo determinado, o que no significa dizer que ela durara por um prazo indeterminado (ad eternum) pois, o prazo mximo de durao dessa medida de 03 anos. Todavia, o 4o diz que concludo esse prazo de 03 anos o adolescente poder ser transferido para semiliberdade, liberdade assistida ou ser liberado. J o 5o diz que a liberao ser obrigatria/compulsria quando o adolescente completar 21 anos. Dessa forma, o limite mximo de durao da internao de 03 anos OU quando ele atingir 21 anos aqui vale o que acontecer primeiro. Ex: Adolescente cometeu o ato infracional aos 17 anos, demorou a ser descoberto, julgado, aplicada a internao e quando a internao foi aplicada ele j estava com 18 anos, 19 anos ainda assim poder ser internado porque a internao poder ser aplicada at os 21 anos, completos 21 anos ter que sair pois aos 21 anos o ECA deixa de ser aplicado. Por isso o ECA pode ser aplicado excepcionalmente at os 21 anos. TEM QUE LIBERAR! A internao excepcional, no pode ser aplicada sempre. O art. 122 traz as hipteses que comportam a internao, rol esse taxativo. I ato infracional com violncia ou grave ameaa e aqui no interessa se o primeiro da vida dele, pode ir direto para a internao. II reiterao de atos infracionais GRAVES, bvio que aqui esses atos so sem violncia ou grave ameaa, por exemplo, trfico de drogas por reiteradas vezes. III descumprimento reiterado de outra medida socioeducativa por exemplo, recebeu servio comunitrio e no compareceu, tomou bronca do juiz e continuou sem comparecer. Dai o juiz poder intern-lo mas o prazo de internao nesse caso de 03 meses. Adolescente pego com cocana pela primeira vez no ser o caso de internao. Por outro lado, se cometer essa conduta reiteradas vezes caber a internao do inciso II Smula 492 do STJ.

    Smula 492 do STJ O ato infracional anlogo ao trfico de drogas, por si s, no conduz obrigatoriamente imposio de medida socioeducativa de internao do adolescente.

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    A medida socioeducativa de internao no comporta prazo determinado, o juiz no precisa fixar um prazo para o adolescente ficar internado. Entretanto, tal medida no poder superar 03 anos. Alm disso, de 06 em 06 meses o juiz deve revalidar a internao, isto , analisar a necessidade da manuteno da internao. A liberao ser compulsria em duas hipteses: (i) se atingir 03 anos; (ii) se completar 21 anos. Note que o ECA determina que a internao dever ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente.

    SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo O SINASE foi criado especialmente para fiscalizar a aplicao e execuo das medidas socioeducativas.

    Art. 35. A execuo das medidas socioeducativas reger-se- pelos seguintes princpios:

    I - legalidade, no podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto;

    II - excepcionalidade da interveno judicial e da imposio de medidas, favorecendo-se meios de autocomposio de conflitos;

    III - prioridade a prticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possvel, atendam s necessidades das vtimas;

    IV - proporcionalidade em relao ofensa cometida;

    V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispe o art. 122 da Lei n

    o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente);

    VI - individualizao, considerando-se a idade, capacidades e circunstncias pessoais do adolescente;

    VII - mnima interveno, restrita ao necessrio para a realizao dos objetivos da medida;

    VIII - no discriminao do adolescente, notadamente em razo de etnia, gnero, nacionalidade, classe social, orientao religiosa, poltica ou sexual, ou associao ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e

    IX - fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios no processo socioeducativo.

    O art. 35 traz os princpios que devem ser observados na execuo, vejamos: I princpio da legalidade e proporcionalidade j que a sano aplicada a um adolescente no pode ser mais grave do que se fosse a prtica de um crime por um adulto. II Se for possvel realizar um acordo, indenizao, autocomposio essas modalidades devem prevalecer. A medida socioeducativa excepcional; III o ideal que o adolescente seja submetido a medidas que tenham carter educativo, restaurativo, as quais tem prioridade sobre as demais medidas. Se possvel fixar a reparao do dano, ela deve prevalecer sobre as demais; IV proporcionalidade em relao a ofensa sofrida, quanto mais grave o ato maior a severidade da medida aplicada;

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    V a medida deve guardar na sua durao uma proporcionalidade em relao ao ato cometido. Quanto menos grave o ato, menor a intensidade e a durao. VI princpio da individualizao das medidas, adequacao da medida a cada um dos adolescentes que seja submetido a ele se um servio comunitrio, este deve ser fixado de acordo com a idade, capacidade, circunstancias pessoais do adolescente; VII interveno mnima do ECA; VIII Respeito as diferenas; IX importante que a famlia participe. O art. 36 dispe sobre a competncia para execucao da medida e a competncia da Justia da Infncia e da Juventude (art146 do ECA).

    Art. 36. A competncia para jurisdicionar a execuo das medidas socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 da Lei n

    o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e

    do Adolescente).

    O art. 37 diz que essa execucao ter necessariamente a interveno do MP e da defesa, ambos devem acompanhar essa execucao, sob pena de nulidade. Isso significa que ambos os rgos devem ser ouvidos antes de qualquer deciso do juiz.

    Art. 37. A defesa e o Ministrio Pblico interviro, sob pena de nulidade, no procedimento judicial de execuo de medida socioeducativa, asseguradas aos seus membros as prerrogativas previstas na Lei n

    o8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do

    Adolescente), podendo requerer as providncias necessrias para adequar a execuo aos ditames legais e regulamentares.

    Art. 38 DECOREBA. Lembrar que por fora do art. 112, VII, ECA possvel aplicar medida de proteo ao adolescente por ato infracional. No haver um processo em separado para as medidas de advertncia ou reparao do dano ser feito nos mesmos autos onde a medida foi aplicada, no precisa de um processo de execuo.

    Art. 38. As medidas de proteo, de advertncia e de reparao do dano, quando aplicadas de forma isolada, sero executadas nos prprios autos do processo de conhecimento, respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei n

    o 8.069, de 13 de julho de

    1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente).

    O art. 39 prev que as demais medidas sero executadas em autos apartados, em processo de execuo especifico servio comunitrio, liberdade assistida, semiliberdade, internao. Alm disso, esse artigo traz um rol de documentos que deve ser juntado nesses autos. Ateno para o p.u desse art. 39 pois processo idntico ser observado na hiptese de medida aplicada em razo da remisso

    Art. 39. Para aplicao das medidas socioeducativas de prestao de servios comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internao, ser constitudo processo de execuo para cada adolescente, respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criana e do Adolescente), e com autuao das seguintes peas:

    I - documentos de carter pessoal do adolescente existentes no processo de conhecimento, especialmente os que comprovem sua idade; e

    II - as indicadas pela autoridade judiciria, sempre que houver necessidade e, obrigatoriamente:

    a) cpia da representao;

    b) cpia da certido de antecedentes;

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    c) cpia da sentena ou acrdo; e

    d) cpia de estudos tcnicos realizados durante a fase de conhecimento.

    Pargrafo nico. Procedimento idntico ser observado na hiptese de medida aplicada em sede de remisso, como forma de suspenso do processo.

    Art. 40. Autuadas as peas, a autoridade judiciria encaminhar, imediatamente, cpia integral do expediente ao rgo gestor do atendimento socioeducativo, solicitando designao do programa ou da unidade de cumprimento da medida.

    Art. 41, O juiz monta os autos de execuo e envia para o rgo gestor, o rgo gestor vai criar o PIA plano individual de atendimento (instrumento de previso, registro e gesto das atividades do adolescente) onde vai dizer quais so as formalidades, tarefas a que o adolescente estar submetido no caso de servio comunitrio, liberdade assistida, semiliberdade, internao. Esse PIA est previsto nos arts 52 e seguintes.

    Art. 41. A autoridade judiciria dar vistas da proposta de plano individual de que trata o art. 53 desta Lei ao defensor e ao Ministrio Pblico pelo prazo sucessivo de 3 (trs) dias, contados do recebimento da proposta encaminhada pela direo do programa de atendimento. MP e Defesa para manifestar em 03 dias a respeito do PIA.

    1o O defensor e o Ministrio Pblico podero requerer, e o Juiz da Execuo poder

    determinar, de ofcio, a realizao de qualquer avaliao ou percia que entenderem necessrias para complementao do plano individual.

    2o A impugnao ou complementao do plano individual, requerida pelo defensor ou

    pelo Ministrio Pblico, dever ser fundamentada, podendo a autoridade judiciria indeferi-la, se entender insuficiente a motivao. Por exemplo dizendo que a atividade incompatvel com a capacidade do adolescente.

    3o Admitida a impugnao, ou se entender que o plano inadequado, a autoridade

    judiciria designar, se necessrio, audincia da qual cientificar o defensor, o Ministrio Pblico, a direo do programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou responsvel.

    4o A impugnao no suspender a execuo do plano individual, salvo determinao

    judicial em contrrio.

    5o Findo o prazo sem impugnao, considerar-se- o plano individual homologado.

    Art. 123 a internao deve ser cumprida em local especifico para adolescentes e dentro desse estabelecimento deve ser estabelecido um critrio por idade. Art. 124 Direitos do Adolescente Privado de Liberdade 1o em nenhum caso haver incomunicabilidade Todos esses direitos so absolutos a nica exceo o direito de visita. Ele tem direito de receber visitas semanalmente e este pode ser limitado, inclusive no que diz respeito a visita dos pais desde que exista uma certeza de que essas visitas so ruins para o adolescente assim prev o 2o. 4. Dos Crimes contra Menores Art. 227, 4o da CR/88

    Art. 227. dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso. (Redao dada Pela Emenda Constitucional n 65, de 2010)

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    4 - A lei punir severamente o abuso, a violncia e a explorao sexual da criana e do adolescente.

    Destes crimes podem ser sujeitos ativos os adultos e tambm os adolescentes

    Art. 225 - O ECA prevalece pelo princpio da especialidade

    Art. 226 O ECA no tem um tratamento processual especifico, sero regidos de acordo com as normas gerais de processo seja pelo procedimento sumario, sumarssimo, ordinrio.

    Art. 227 Os crimes definidos nessa lei so de ao penal pblica incondicionada

    Os crimes esto divididos em cinco grupos distintos:

    Relacionados a hospitais e centros de sade: art. 228 e 229.

    Relacionados s pessoas responsveis pelos atos infracionais: art. 230 a 235

    Atuao das autoridades: art. 236

    Colocao Irregular em Famlia Substituta: art. 237 a 239

    Pornografia, Sexo Explcito, Explorao, Corrupo de Menores: art. 240 a 244

    Art. 230 esse artigo prevalece sobre o crime de abuso de autoridade previsto no art. 4o, a da Lei 4.898/65. So duas situaes: apreenso sem estar em flagrante de ato infracional ou sem a ordem o que seria uma apreenso ilegal. No pargrafo nico a inobservncia das formalidades legais - por exemplo se colocar o adolescente em cela com adultos. A pena de ambos de deteno de 06 meses a 02 anos de deteno sendo, portanto, de competncia do juizado especial criminal.

    Art. 231 prevalece sobre o art. 4o, c da Lei 4.898/65, neste a conduta deixar de fazer a comunicao da apreenso ao juiz, aos pais, ao responsvel. A competncia tambm do Jecrim.

    Art. 232 Submeter vexame ou constrangimento constrangimento no sentido de atingir a criana psicologicamente. Se isso ocorrer por parte de uma autoridade policial prevalecer sobre o art. 4, b da Lei 4.898/65 mas aqui existem outras autoridades que exeram a guarda, poder ou autoridade como por exemplo os prprios pais, o diretor da escola. Delegado de polcia que expe a criana ou adolescente a imprensa por exemplo est sujeito a essa lei. Ex: Professor que pe orelhas de burro no aluno e o coloca no meio da quadra do colgio, isso uma situao vexatria.

    Esses trs crimes so formais, bastando a prtica da conduta, no precisa que a criana efetivamente tenha a sua honra lesada.

    Art. 233 Revogado. Tratava do crime de tortura contra a criana ou adolescente, o qual foi revogado pela lei 9.455/97 que ao tratar da tortura previu um aumento de pena no 4o quando for criana e adolescente.

    Art. 234 Nesse caso a autoridade judiciria que foi comunicada da apreenso e percebendo que era ilegal, deixou de ordenar a liberao. um crime omissivo com pena de 06m a 02 anos de deteno de competncia do Jecrim. Esse crime prevalece sobre o art. 4o d da Lei 4.898/65.

    Art. 235 Deixar de observar os prazos fixados pelo ECA em benefcio de criana ou adolescente privado de sua liberdade crime de menor potencial ofensivo de competncia do Jecrim. Aqui a

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    apreenso legal mas os prazos de cumprimento no so observados. Por exemplo o prazo de reavaliao de 06 meses, prazo de cessao da internao de 03 anos.

    Art. 239 envio de criana ou adolescente para o exterior inobservando as formalidades para isso autorizao de ambos os pais, sem a companhia dos pais preciso de autorizao judicial. Ou ento enviar com o fim de lucro, trfico internacional de crianas. A pena de 04 a 06 anos. Prevalece sobre o sequestro de criana/adolescente.

    Crimes de Pedofilia: art. 240, art. 241, art. 241-A, art. 241-B, art. 241-C art.241D

    Antes de estudar cada crime importante estudar o art. 241-E que define o que todos os artigos anteriores preveem define o que cena de sexo explcito ou pornogrfica para fins de definio desses crimes.

    Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expresso cena de sexo explcito ou pornogrfica compreende qualquer situao que envolva criana ou adolescente em atividades sexuais explcitas, reais ou simuladas, ou exibio dos rgos genitais de uma criana ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (Includo pela Lei n 11.829, de 2008)

    Sexo explcito atividades sexuais explcitas - reais ou simuladas. O reais ou simuladas no no sentido de montagem. Aqui o seguinte: aquela cena real, o sexo que pode ser real ou simulado, por exemplo, penetrao do pnis na vagina seria real ou simulado a cena existe, mas eles simulam a insero do pnis na vagina. Cena pornogrfica exibio dos rgos genitais da criana ou do adolescente rgos genitais so a vagina e o pnis, rgos responsveis pela reproduo humana. necessria uma interpretao ampliativa dessa norma pra dizer que ainda que no ocorra a exposio do rgo genital o crime se configura desde que a imagem tenha conotao sexual envolvendo o adolescente ou criana. Por exemplo seios, nus, bunda. Onde o legislador disse rgo genital deve ser entendido rgo sexual. Isso s se configura quando o fim primordialmente, precipuamente sexual por exemplo um anncio de pomada contra assaduras, obviamente no seria crime. A finalidade sexual parte de quem fez a imagem, de quem criou, produziu a imagem. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explcito ou pornogrfica, envolvendo criana ou adolescente - PRODUZIR.

    Note que esse artigo pune quem produz o produto de cena de sexo explicito ou pornogrfica, quem cria esse produto.

    O 1o pune quem agencia, facilita, recruta, coage quem pratica qualquer tipo de facilitao dessa conduta ou intermedeia essa participao, assim como quem contracena.

    2o uma causa de aumento de pena de 1/3 ler os incisos

    II por exemplo, a sobrinha hospedada na casa do tio filmada por este tomando banho com fins sexuais.

    Art. 241. Vender ou expor venda fotografia, vdeo ou outro registro que contenha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo criana ou adolescente - comrcio dessas imagens. VENDER. Esse artigo pune quem vende um crime formal. Se ele que fotografa, responder apenas pelo 240 que o crime principal.

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    Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informtica ou telemtico, fotografia, vdeo ou outro registro que contenha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo criana ou adolescente DIVULGAR

    Esse artigo pune aquele que divulga o material, por meios gratuitos faz circular o material, divulgou no site, perfil de rede social faz com que o material circule. A pena um pouco menor porque no tem finalidade de lucro.

    1o se armazena isso por exemplo no facebook, os responsveis legais pelo facebook podem responder. Alm disso, pune tambm o provedor que d o acesso digito no google expresso chave e o google fornece.

    2o os responsveis legais por essas redes, sites, etc s sero responsabilizados desde que notificado oficialmente no retirarem do ar as imagens, no desabilitarem o servio

    Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vdeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo criana ou adolescente - TER

    Esse o crime que mais gera discusses. Pune o TER material da pedofilia. Crime de discutvel constitucionalidade porque tutela a imagem do adolescente e da criana que ser exposta seja atravs da divulgao, comercializao. Por exemplo, o cara que assiste um vdeo e armazena esse vdeo no computador dele. Isso crime.

    1o O legislador sabe que fez bobagem e trouxe uma diminuio de pena mas como saber se pequena ou grande quantidade.

    Art. 241-C. Simular a participao de criana ou adolescente em cena de sexo explcito ou pornogrfica por meio de adulterao, montagem ou modificao de fotografia, vdeo ou qualquer outra forma de representao visual Simulao feita atravs de montagem ou modificao para por exemplo incluir uma criana adolescente que no estava originariamente na cena. A foto era de uma adulta e altero o rosto da foto para o rosto de uma criana por exemplo. O pargrafo nico pune quem vende, divulga, armazena, possui .

    Esse artigo pune todas as condutas que foram elencadas nos artigos anteriores, um por um. Mas aqui as imagens so montagens, adulteraes, no so reais.

    Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicao, criana, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: Cad o adolescente? Esse artigo reconheceu em 2008 capacidade, liberdade sexual ao adolescente. Protegeu a imagem mas reconheceu a liberdade. Mas um ano depois o legislador inclui o art. 217-A no CP, incluindo o estupro de vulnervel. S que o legislador colocou 14 anos ao invs de 12 anos. preciso muito cuidado para analisar as condutas por exemplo, conversar com uma menina de 13 anos na sala de bate-papo no crime mas pedir que ela se masturbe crime do 217-A,CP. Art. 242 A lei 10.826/03 fala especificamente de arma de fogo. Dessa forma esse artigo deve ser interpretado da seguinte forma: Se for explosivo ou munio ou arma de fogo o estatuto do desarmamento posterior e revogou o ECA mas se for arma branca (faca, espada, punhal) ser punido por esse artigo do ECA. Esse artigo foi derrogado pela 10.826/03 para afastar arma de fogo, munio e explosivo.

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    Art. 243 fornecimento de substncias que causem dependncia fsica ou psquica a criana ou adolescente. Porem a Lei de Drogas quando trata das drogas prev o crime de trfico no art. 33 e no art. 41 prev aumento de pena quando for criana ou adolescente. Se a substncia fornecida estiver no rol da portaria da Anvisa ensejar a aplicao da lei de drogas mas se no estiver na portaria ser aplicado o ECA (cola de sapateiro). CUIDADO!!!! Bebida alcolica no se insere aqui. Fornecer bebida alcolica contraveno penal. O ECA diferencia o lcool dessas substncias e por isso no podemos falar que o ECA revogou a lei de contraveno penal. Art. 244 - A foi revogado pelo art. 218 B do Cdigo Penal. Art. 244 - B Corromper ou facilitar a corrupo de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infrao penal ou induzindo-o a pratic-la Crime de corrupo de menores para prtica de crimes - praticar a infrao penal ou induzir a prtica.

    Aumento de pena se o crime para o qual o maior induziu for crime hediondo isso atinge a moralidade do adolescente ou da criana. Alm de responder pelo roubo praticado com o menor, responder o agente por esse crime de corrupo. Obvio que se o adolescente ou criana j estiver corrompido no configura esse crime crime impossvel corromper algum que j est corrompido.

    No podemos confundir os crimes contra menores com as infraes administrativas contra menores previstas nos arts. 245 a 258 do ECA. Lei Maria da Penha Lei 11.340/06

    1. Noes Gerais O art. 1o da Lei dispe acerca da finalidade da Lei que a criao de mecanismos para proibir a violncia domestica e familiar contra a mulher. Caracterizao da violncia domstica: O conceito do que violncia domstica definido pelo art. 5o da Lei. O art. 7o, por sua vez, traz as formas de violncia: fsica, psicolgica, sexual, patrimonial, moral (calnia, difamao e injria).

    2. Temas Importantes A ADIn 4.424 discutiu a constitucionalidade da Lei Maria da Penha. Argumentava-se que tal lei seria inconstitucional por ferir o principio da igualdade no que diz respeito s mulheres e aos homens. Instado a se manifestar sobre o tema, o STF entendeu pela constitucionalidade da mesma haja vista o contexto sociolgico, inclusive. Todas as medidas de proteo so aplicveis apenas para as mulheres. possvel aplicar a Lei Maria da Penha para as relaes de namoro? Sim, desde que tenha uma situao anloga a marital. Assim como para as relaes homossexuais desde que a vtima seja mulher. O 9o do art. 129 foi includo pela Lei 11.340/06 configurando uma qualificadora para o crime de leso corporal. A diferena que essa qualificadora pode ser aplicada para os homens. Tudo que est no corpo da Lei Maria da Penha s se aplica para as mulheres e as alteraes inseridas pela Lei Maria da Penha ao Cdigo Penal podero ser aplicadas para os homens. Art. 41 da Lei 11.340/06 veda a aplicao dos benefcios institudos pela Lei 9.099/95, se assim o fosse banalizaria a Lei 11.340/06.

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    Art. 33 dispe que a competncia para julgar os casos de violncia domstica sero julgados por varas especializadas. Se na comarca no existir essa Vara, dever o processo ser encaminhado para juzo criminal comum que acumular as funes. Art. 16 pode ocorrer a retratao da representao em audincia especial A leso corporal leve e culposa tero como ao penal a pblica incondicionada nos casos de violncia domstica por conseguinte, no h que se falar em retratao. Crimes Contra a Ordem Tributria Lei 8.137/90 Esta Lei no prev apenas crimes contra ordem tributria mas tambm crimes contra a ordem econmica e contra a relao de consumo.

    crimes contra ordem tributria : arts. 1o a 3o

    crimes contra a ordem econmica: arts. 4o, 5o e 6o

    crimes contra a relao de consumo: No CDC esto previstos os crimes do art. 61 ao art. 76. No que diz respeito aos crimes contra a ordem tributria, vamos a algumas observaes importantes. Art. 1o Suprimir ou reduzir tributo mediante as situaes previstas nos incisos.

    Art. 1 Constitui crime contra a ordem tributria suprimir ou reduzir tributo, ou contribuio social e qualquer acessrio, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei n 9.964, de 10.4.2000)

    I - omitir informao, ou prestar declarao falsa s autoridades fazendrias;

    II - fraudar a fiscalizao tributria, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operao de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

    III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo operao tributvel;

    IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

    V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatrio, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestao de servio, efetivamente realizada, ou fornec-la em desacordo com a legislao.

    Pena - recluso de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

    Pargrafo nico. A falta de atendimento da exigncia da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poder ser convertido em horas em razo da maior ou menor complexidade da matria ou da

    dificuldade quanto ao atendimento da exigncia, caracteriza a infrao prevista no inciso V. Art. 2 Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei n 9.964, de 10.4.2000)

    I - fazer declarao falsa ou omitir declarao sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

    II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuio social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigao e que deveria recolher aos cofres pblicos;

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    III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficirio, qualquer percentagem sobre a parcela dedutvel ou deduzida de imposto ou de contribuio como incentivo fiscal;

    IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatudo, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por rgo ou entidade de desenvolvimento;

    V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigao tributria possuir informao contbil diversa daquela que , por lei, fornecida Fazenda Pblica.

    Pena - deteno, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

    Art. 3 Constitui crime funcional contra a ordem tributria, alm dos previstos no Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cdigo Penal (Ttulo XI, Captulo I):

    I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razo da funo; soneg-lo, ou inutiliz-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuio social;

    II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de iniciar seu exerccio, mas em razo dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lanar ou cobrar tributo ou contribuio social, ou cobr-los parcialmente. Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa.

    III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao fazendria, valendo-se da qualidade de funcionrio pblico. Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

    Os arts. 2o e 3o so uma espcie de complementao ao art. 1o. Os trs tipos penais so dolosos que podem ser comissivos ou omissivos. Por outro lado, atente-se ao fato de que algumas condutas configuram crimes materiais e outras crimes formais. O art. 3o, II um exemplo de crime formal. Sujeitos do Crime Note que os crimes do art. 1o e 2o trazem crimes comuns enquanto o art. 3o traz um exemplo de crime prprio. Com base no art. 11 a doutrina entende que no s a pessoa fsica pode responder pelos crimes previstos nesta Lei mas tambm a pessoa jurdica. Lembre-se aqui da teoria da dupla imputao. Obs: O STF decidiu que o pargrafo nico do art. 11 inconstitucional.

    Dicas de Prova. Responsabilidade dos Scios: No direito penal a responsabilidade sempre subjetiva, pois demanda comprovao de dolo ou culpa. Via de regra os crimes contra a ordem tributria so tambm crimes societrios, crimes usualmente praticados por sociedades comerciais, denominados pela doutrina como crimes de gabinetes. Questiona-se: A mera condio de scio faz com que a estes possa ser imputada a responsabilidade criminal?? No. preciso que o scio tenha responsabilidade para tanto, necessrio que ele tenha poder de ingerncia sobre aquela atividade. O fato de um scio saber e se omitir tambm faz o scio responsvel. Note que na prtica o MP denuncia todos os scios.

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    Denncia Genrica: Sabemos que a denncia deve ser individualizada com exceo dos crimes societrios j que no momento da denncia muito difcil individualizar o papel de cada scio. Princpio da Insignificncia: cabvel sua aplicao a depender do tributo devido. Note que o interesse de realizar a arrecadao do tributo do Fisco, do Estado. Ocorre que o art. 20 da Lei 10.522 dispe que necessria a instaurao de um procedimento administrativo para verificar se o tributo devido mesmo afirmando que o piso para o abertura de processo fiscal de R$10.000,00. Com base nisso o STF entende que se o Fisco, maior interessado em arrecadar, no o faz at R$10.000,00 no h que ser o agente penalizado quando se tratar de valores at R$10.000,00.

    Art. 20. Sero arquivados, sem baixa na distribuio, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execues fiscais de dbitos inscritos como Dvida Ativa da Unio pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redao dada pela Lei n 11.033, de 2004)

    Sobre esse tema a doutrina entende que esse piso foi ampliado para R$20.000,00 com base na Portaria 75/12 do Ministrio da Fazenda. Sobre isso o STF ainda no se manifestou. Acordo de Lenincia ou Acordo de Brandura: Art. 35 da Lei 8.884/94 Trata-se de uma hiptese de colaborao premiada. Neste caso, o agente auxilia o Fisco na identificao dos valores sonegados. Ao e Competncia A ao publica incondicionada e a competncia em regra da Justia Federal j que os crimes so contra a ordem tributria. Esgotamento da Via Administrativa. O crime material contra a orem tributria se perfaz quando o Fisco diz que o valor devido e sobre isso foi editada a smula vinculante 24. A denncia no pode sequer ser oferecida e se assim o for ser rejeitada por ausncia de justa causa.

    Smula Vinculante 24: No se tipifica crime material contra a ordem tributria, previsto no art. 1, incisos I a IV, da Lei n 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo.

    Parcelamento do Dbito Tributrio. Cite-se aqui o art. 34 da Lei 9.249/95. O objetivo do Fisco receber o produto da arrecadao. O referido artigo permite o pagamento do tributo e para o agente que paga ser extinta a punibilidade. Portanto, o pagamento do tributo gera a extino da punibilidade j que no subsiste a maior inteno que de receber o valor. Alm disso a Lei permite o parcelamento. Durante o parcelamento o processo fica suspenso assim como o prazo prescricional.