VIDA E BELEZA ENTRE IRMÃOS: O SALMO 133 Estamos diante de um Salmo muito conhecido que muitas pessoas gostam de usar quando estão abrindo um Culto ou se referindo a comunhão na igreja. O Salmo está dividido da seguinte maneira: uma afirmação (vs. 1); duas comparações, óleo e orvalho (vs. 2-3); bênção e vida (vs. 3). Quando olhamos esse Salmo logo pensamos em “irmãos” (da igreja), cristianizamos o Salmo e colocamos ele dentro do Culto, logo agradável é estar com os irmãos no Culto em comunhão. Não se trata disso! Até porquê é compreensível, gostamos de tirar o sentido das coisas para ficar melhor com algumas situações. Então digo que o Salmo se trata dos irmãos no Culto e fora dele não há uma necessidade de ser agradável. O Salmo trata do convívio familiar (irmãos de sangue). Parece ser esse o primeiro sentido do Salmo e alguns comentaristas o colocam assim. Trata do “morar juntos”, como irmãos. Viver comunitariamente uns com os outros em família. O Salmo seria um “protesto” para que isso se preservasse em um tempo que isso estava perdendo sentido. De uma maneira geral, o Salmo trata de cantar a amizade. Que pode ser entre irmãos (família), amigos, comunidade. Ele apenas quer deixar claro que onde se vive como irmãos que a vida tem sentido e pode ser celebrada. Mas ele nasce no convívio familiar e depois foi usado para as celebrações em Israel. Um Salmo de subida para Jerusalém. Pretendo fazer uma exposição do Salmo chamando atenção para alguns aspectos. Como é bom Em hebraico é tôb. Pode ser bom como pode ser belo. Aqui bondade e beleza são sinônimos. O que é bom? Bom e belo é estar no lugar que gostaria de estar, no convívio da família! Bom e belo é sentir a amizade e concórdia no lugar onde se estar (seja na casa, seja na comunidade de fé). Experiência do André recebendo o amiguinho em casa pela primeira vez. E agradável Ser agradável é o mesmo que respirar um ar puro. É quando o lugar e as pessoas com quem se está, torna aquele momento singelo, livre, prazeroso, amigável. Isso me lembra o filme “A vida é bela”. Um filme italiano de 1997 que conta a história de um pai judeu e seu filho Josué. Ambos vivem no campo de concentração nazista. Para amenizar o sofrimento do filho faz com que ele acredite que aquilo tudo não passa de uma grande

brincadeira no qual se acumulam pontos e quem conseguisse mais pontos ganharia o tanque de guerra. Foi uma maneira de tornar aquele pesadelo agradável, não para ele, mas para o filho. Os irmãos Os irmãos aqui ampliam a relação familiar. Na Bíblia Hebraica a irmandade vai além do familiar. Irmãos são aqueles que se doam uns aos outros. Que deixam tocar nas suas questões, conflitos, alegrias e frustrações. Para dizer o quanto isso é bom, o Salmo faz uso de duas metáforas. - O óleo na barda de Arão (sacerdote): não se trata do sacerdote, mas do óleo que era perfumado. É algo perfumado o estar juntos como irmãos. - O orvalho: prestemos atenção na metáfora. O monte Hermon está no norte de Israel à 2.760 metros de altura. Quase todo o tempo com neve por conta da sua altura. Pela manhã há muito orvalho que produz umidade para uma terra marcada pela seca. Vida longa como resultado das relações humanas O Salmo traz uma realidade que estamos perdendo. A primazia do encontro, do convívio, do estar juntos. As nossas relações estão tumultuadas e estamos tendo dificuldades em enxergar o outro. O convívio familiar é marcado por disputas entre os filhos. A relação como casal não há perfume e muito menos orvalho. Não há uma relação de amigos, mas sim de rivais. Há pessoas que acordam de manhã e não sentem mais o orvalho, não há mais umidade, mas sim sequidão. A resposta é seca! A maneira de ver as coisas é seca! A relação com os filhos se dá com secura. E assim não adianta pedir para Deus abençoar o casamento, os filhos. Se não há mudança, se não há leveza nas relações que se têm. O Salmo está dizendo que a vida em família e na comunidade de fé só pode ter longevidade se os irmãos viverem juntos. Para viver juntos é preciso ser agradável... (na casa; na comunidade; no trabalho; na vizinhança). Conclusão Somos seres de relações. Algumas imprescindíveis, outras necessárias e outras ainda descartáveis.

Estamos em relações e vivemos com os outros. Por que tornamos a vida tão complicada e difícil para o irmão? Por que alimentamos brigas quando sabemos que podemos promover a paz? Será tão difícil sentir o cheiro da vida e se encantar com orvalho nas nossas relações?