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6 INTRODUÇÃO Do Topo: Antigo letreiro de loja Kenner George Lucas e Bernie Loomis, por volta de 1978 Direita: Early Bird Certificate Package, da Kenner, em 1978, e figuras para envio É um mundo de 3¾ polegadas, e seus habitantes desempenharam papel fundamental para tornar Star Wars parte da cultura popular mundial. Foi necessária uma combinação de sorte, coragem e decisões de negócios inteligentes para fazer com que pequenos heróis e vilões do filme se tornassem tão icônicos, mas os ingredientes secretos são algo que nem o gênio do marketing mais experiente pode produzir: diversão e paixão. Star Wars foi o filme certo na hora certa por muitas razões, pois ajudou a popularizar e expandir uma pequena, porém crescente, tendência de colecionar brinquedos modernos nos anos 1970. Até então, brinquedos colecionáveis em geral significavam velhas bonecas, trens, grandes miniaturas de carros de ferro e, talvez, alguns itens da Disney dos anos 1930. Colecionadores eram em sua maioria adultos prósperos que dispunham de tempo e inclinação a procurar por negociantes especializados e eventos ao redor do mundo. Isso começou a mudar com crianças colecionando quadrinhos e cards de baseball bastante acessíveis e que não eram caros. Mas foi Star Wars que impulsionou a ideia de colecionar brinquedos modernos. Uma parte essencial disso foram ondas de lançamentos de figuras de Star Wars que levavam crianças e seus pais a voltarem às lojas procurando pelo próximo personagem — e talvez levando um veículo ou playset para usar com as figuras. Com os vídeos domésticos ainda a meia década de distância, os brinquedos Star Wars se tornaram uma maneira de as crianças levarem para casa um pouco da fantasia e experimentá-la várias vezes em sua imaginação. Ainda assim, a coisa toda quase não aconteceu. Com algumas poucas exceções, como o Mickey Mouse, o negócio de licenciamento ainda estava em sua infância. Quase nunca havia ocorrido um verdadeiro sucesso no programa de licenciamento para um filme. Executivos da Lucasfilm Ltd. e da Twentieth Century Fox seguiram batendo de porta em porta e tiveram certo sucesso com um romance em sequência do filme pela Ballantine Books e com uma adaptação para os quadrinhos pela Marvel. Porém, o objetivo não era fazer dinheiro, mas sim divulgar o filme. As grandes companhias de brinquedo não se interessaram. Em Cincinnati, Ohio, um olhar mais profundo sobre alguns materiais de Star Wars fisgou um grupo de designers amantes de ficção científica e fantasia que trabalhavam para a média concorrente Kenner Products, então parte do Fun Group da gigante dos cereais, General Mills. Tempos depois, Bernie Loomis, presidente da Kenner na época, me contou em uma entrevista que ficou intrigado pelo título do filme depois de ler uma sinopse em um jornal de negócios de entretenimento e queria saber mais. “A Fox retornou com o script e algumas fotos, e vi naquilo um interessante grupo de personagens e veículos com os quais poderíamos fazer alguma coisa.” Para Loomis, Star Wars tinha uma vocação “brinquedística”. Mesmo assim, “ninguém poderia ter previsto quão grandioso o filme se tornaria”, disse ele. “Na verdade, presumi que o filme surgiria e sumiria rápido — filmes nunca duravam mais que alguns meses — e que teríamos que fazer os brinquedos no ano seguinte, sem qualquer filme lá para nos ajudar. Sinceramente, Star Wars não parecia isso tudo para nós.” A decisão-chave veio a ser o incomum tamanho reduzido das figuras. A Hasbro havia cunhado a expressão “action figure” nos anos 1960, para seus “bonecos” G.I. Joe de 12 polegadas, e seu concorrente MEGO depois definiu o padrão em 8 polegadas para super-heróis e figuras de Star Trek com roupas de pano. Mas a Kenner percebeu que, se queria levar vantagem do rico sortimento de veículos e ambientes que povoavam o espaço fantasioso de George Lucas, as figuras deveriam ser pequenas o bastante para serem usadas com acessórios compactos e acessíveis. Então a Kenner optou pelo formato pouco usado de 3¾ polegadas. Uma vez que Star Wars estreou em 25 de maio de 1977, não havia nada para conter a demanda do público. As crianças queriam levar Star Wars para casa e reencenar as aventuras da telona ou criar as suas próprias. Havia um problema, contudo. O ciclo de produção normal na indústria de brinquedos era de doze a dezoito meses, e a Kenner assinara seu contrato com Star Wars apenas um mês antes de o filme ser lançado. Sabendo que as primeiras figuras não estariam prontas até o começo de 1978, Loomis ignorou os conselhos e enviou 600.000 “caixas vazias” para a temporada de compras de fim de ano — catálogos cartonados que incluíam formulário de envio pelo correio, garantindo que você estaria entre os primeiros a receber a embalagem com quatro figuras de Star Wars. O Early Bird Certificate Package (Pacote Certificado Madrugador) foi duramente criticado na mídia, e um alto percentual não foi vendido, mas Loomis ficou feliz, pois manteve as tais figuras sob os holofotes. 4a prova - SWAF_[Int1-11]_Brazil.indd 6 21/10/14 11:11

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6

INTRODUÇÃODo Topo:Antigo letreiro de loja KennerGeorge Lucas e Bernie Loomis, por volta de 1978Direita:Early Bird Certificate Package, da Kenner, em 1978, e fi guras para envio

É um mundo de 3¾ polegadas, e seus habitantes desempenharam papel fundamental para tornar Star Wars parte da cultura popular mundial. Foi necessária uma combinação de sorte, coragem e decisões de negócios inteligentes para fazer com que pequenos heróis e vilões do filme se tornassem tão icônicos, mas os ingredientes secretos são algo que nem o gênio do marketing mais experiente pode produzir: diversão e paixão.

Star Wars foi o filme certo na hora certa por muitas razões, pois

ajudou a popularizar e expandir uma pequena, porém crescente,

tendência de colecionar brinquedos modernos nos anos 1970.

Até então, brinquedos colecionáveis em geral significavam velhas

bonecas, trens, grandes miniaturas de carros de ferro e, talvez,

alguns itens da Disney dos anos 1930. Colecionadores eram

em sua maioria adultos prósperos que dispunham de tempo e

inclinação a procurar por negociantes especializados e eventos ao

redor do mundo.

Isso começou a mudar com crianças colecionando quadrinhos e

cards de baseball bastante acessíveis e que não eram caros. Mas

foi Star Wars que impulsionou a ideia de colecionar brinquedos

modernos. Uma parte essencial disso foram ondas de lançamentos

de figuras de Star Wars que levavam crianças e seus pais a

voltarem às lojas procurando pelo próximo personagem — e

talvez levando um veículo ou playset para usar com as figuras.

Com os vídeos domésticos ainda a meia década de distância, os

brinquedos Star Wars se tornaram uma maneira de as crianças

levarem para casa um pouco da fantasia e experimentá-la várias

vezes em sua imaginação.

Ainda assim, a coisa toda quase não aconteceu. Com algumas

poucas exceções, como o Mickey Mouse, o negócio de

licenciamento ainda estava em sua infância. Quase nunca havia

ocorrido um verdadeiro sucesso no programa de licenciamento

para um filme. Executivos da Lucasfilm Ltd. e da Twentieth Century

Fox seguiram batendo de porta em porta e tiveram certo sucesso

com um romance em sequência do filme pela Ballantine Books

e com uma adaptação para os quadrinhos pela Marvel. Porém,

o objetivo não era fazer dinheiro, mas sim divulgar o filme. As

grandes companhias de brinquedo não se interessaram.

Em Cincinnati, Ohio, um olhar mais profundo sobre alguns

materiais de Star Wars fisgou um grupo de designers amantes

de ficção científica e fantasia que trabalhavam para a média

concorrente Kenner Products, então parte do Fun Group da

gigante dos cereais, General Mills. Tempos depois, Bernie Loomis,

presidente da Kenner na época, me contou em uma entrevista

que ficou intrigado pelo título do filme depois de ler uma sinopse

em um jornal de negócios de entretenimento e queria saber

mais. “A Fox retornou com o script e algumas fotos, e vi naquilo

um interessante grupo de personagens e veículos com os quais

poderíamos fazer alguma coisa.”

Para Loomis, Star Wars tinha uma vocação “brinquedística”. Mesmo

assim, “ninguém poderia ter previsto quão grandioso o filme se

tornaria”, disse ele. “Na verdade, presumi que o filme surgiria e

sumiria rápido — filmes nunca duravam mais que alguns meses

— e que teríamos que fazer os brinquedos no ano seguinte, sem

qualquer filme lá para nos ajudar. Sinceramente, Star Wars não

parecia isso tudo para nós.”

A decisão-chave veio a ser o incomum tamanho reduzido das

figuras. A Hasbro havia cunhado a expressão “action figure” nos

anos 1960, para seus “bonecos” G.I. Joe de 12 polegadas, e seu

concorrente MEGO depois definiu o padrão em 8 polegadas para

super-heróis e figuras de Star Trek com roupas de pano. Mas a

Kenner percebeu que, se queria levar vantagem do rico sortimento

de veículos e ambientes que povoavam o espaço fantasioso de

George Lucas, as figuras deveriam ser pequenas o bastante para

serem usadas com acessórios compactos e acessíveis. Então a

Kenner optou pelo formato pouco usado de 3¾ polegadas.

Uma vez que Star Wars estreou em 25 de maio de 1977, não havia

nada para conter a demanda do público. As crianças queriam levar

Star Wars para casa e reencenar as aventuras da telona ou criar as

suas próprias. Havia um problema, contudo. O ciclo de produção

normal na indústria de brinquedos era de doze a dezoito meses,

e a Kenner assinara seu contrato com Star Wars apenas um mês

antes de o filme ser lançado.

Sabendo que as primeiras figuras não estariam prontas até o

começo de 1978, Loomis ignorou os conselhos e enviou 600.000

“caixas vazias” para a temporada de compras de fim de ano

— catálogos cartonados que incluíam formulário de envio pelo

correio, garantindo que você estaria entre os primeiros a receber

a embalagem com quatro figuras de Star Wars. O Early Bird

Certificate Package (Pacote Certificado Madrugador) foi duramente

criticado na mídia, e um alto percentual não foi vendido, mas

Loomis ficou feliz, pois manteve as tais figuras sob os holofotes.

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NOTA AOS CONSUMIDORES:

do Boba Fett foi desenhada para

ter um foguete lançado por uma

mola. O lançador foi removido por

questões de segurança. Se você

está insatisfeito com esse produto,

por favor, nos devolva-o imedia-

tamente e iremos substituí-lo com

escolha.

Obrigado pela compreensão.

Do Topo:A primeira fi gura de Luke, com sabre de luz telescópicoCartão Star Wars 12-backEsquerda:Protótipos do Boba Fett atirador de mísseis e a triste notícia para os fãs

Enquanto isso, os designers trabalhavam com prazos impossíveis e,

geralmente, com recursos ou materiais de referência insuficientes.

Comprometimentos e erros eram inevitáveis. Na melhor das

hipóteses, as figuras tinham cinco juntas ou pontos de articulação:

cabeças viravam, braços se moviam a partir dos ombros, e pernas

se dobravam para a frente a partir dos quadris ou cinturas. Então,

como poderia um Stormtrooper montar em um dewback, o lagarto

verde do deserto, quando os joelhos da figura não se dobravam

e suas pernas eram inflexíveis? Uma saída: um alçapão no topo

da criatura de modo que o trooper só seria visto da cintura para

cima. “Era bizarro e artificial, mas a aparência era OK, então a

Lucasfilm disse sim”, relembra o então líder da equipe de design

Dave Okada.

Loomis se esforçou muito para que os sabres de luz carregados

por Luke Skywalker, Obi-Wan Kenobi e Darth Vader aparecessem

“como mágica” em suas mãos. A equipe tentou diversos conceitos,

incluindo uma manivela nas costas da figura que iria estender

e recolher um robusto monofilamento; isso estaria bom se as

lâminas dos sabres de luz fossem curvas. Como Luke foi o primeiro

dos três personagens a ser enviado como parte da promoção Early

Bird, a equipe desenvolveu um pedaço de plástico com uma aba

que escorregava de uma ranhura na parte de trás do braço direito

da figura, além de um pedaço ainda mais fino que poderia ser

removido. Mas houve várias questões de produção e montagem

com o sabre “telescópico duplo”, então ele logo foi substituído

por um deslizante de uma peça só com ponta curta e fina. (Existe

um punhado super-raro de amostras adiantadas embaladas das

versões telescópicas duplas das três figuras.)

Após um encolhimento maior que o esperado na pré-produção

da escultura, Han Solo emergiu das fábricas asiáticas com uma

cabeça muito pequena se comparada ao restante do corpo. Então,

enquanto as fábricas ainda estavam produzindo as figuras, Kenner

fez uma rápida “mudança de circulação” para um Han com a

cabeça maior — por isso a existência das duas versões.

Usando uma capa de vinil, o pequeno Jawa tinha metade do

tamanho das outras figuras e não se saiu muito bem, então outra

mudança de circulação colocou os Jawas em capas de pano mais

parecidas com as usadas no filme. Enquanto um Jawa 12-back,

em excelentes condições, lacrado, com a capa de pano pode ser

vendido hoje por até US$ 300, uma versão com capa de vinil

chega a valer até dez vezes mais.

Por causa do material de referência insuficiente, um alienígena

figurante na cantina, feito para um playset exclusivo da Sears no

inverno de 1978 — Snaggletooth —, foi produzido como uma figura

alta, de roupa azul, luvas bege e botas prateadas. Quando a versão

embalada correta foi lançada mais tarde, ele era baixo, vestido de

vermelho e com pés peludos.

Mas a mudança mais notável de um brinquedo original aconteceu

antes mesmo que fosse produzido. Boba Fett, o caçador de

recompensa com ares dramáticos de O Império Contra-Ataca, foi

apresentado no Star Wars Holiday Special, em novembro de 1978,

e usado para alavancar uma grande ação de marketing como

oferta promocional de envio. Fett foi muito alardeado por ter uma

mochila lançadora de míssil acionada por mola, mas por questões

de segurança de produto, pelas quais passou outra companhia

com brinquedos que disparavam projéteis, os pequenos mísseis

tiveram que ser soldados às mochilas. Alguns ainda alegam estar

entre os poucos que receberam a versão que atirava mísseis,

mas nenhum deles foi enviado. Existe, no entanto, um punhado

de protótipos pintados e não pintados que atiram míssil e que

“escaparam” da Kenner, virando o Santo Graal dos colecionadores.

Quando as doze primeiras figuras embaladas começaram a ser

enviadas na primavera de 1978, vendidas por apenas US$ 1,97

cada, era difícil atender à demanda. E quando as últimas figuras

da Kenner, que agora chamamos de “vintage”, chegaram às lojas

do mundo em 1985, cerca de 250 milhões delas haviam sido

vendidas. Então, sem qualquer filme Star Wars a caminho e com a

Lucasfilm decidindo descansar a marca por um tempo, as cortinas

desceram.

Levou uma década para que as figuras Star Wars voltassem.

Com o Episódio I no horizonte, a Kenner, que havia se tornado

parte da Hasbro em 1991, começou a lançar novidades dos

personagens originais, ainda com apenas cinco articulações, mas

agora com músculos do He-Man e corpo de super-herói. Executivos

foram convencidos de que as crianças pediam por esse aspecto

musculoso. Eles não perceberam a desaprovação de todo um novo

mercado: as crianças que cresceram com as figuras originais agora

se consideravam colecionadoras. Esses fãs mais velhos queriam

o estilo mais parecido possível com o do filme. Era o começo da

rápida difusão e fácil acesso à internet e um fenômeno novo em

folha: sites e opiniões instantâneas dos fãs. Levou alguns anos,

mas a Hasbro, enfim, prestou atenção e baniu os músculos.

Os principais heróis e vilões sempre precisam ser parte da linha,

mas como a Hasbro os mantém atuais e ainda adiciona novos

personagens? Para ajudar na atualização, as equipes de design e

marketing continuam reassistindo aos filmes. Existe uma cena em

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Do Topo:O raro e agora caro Jawa com capa de vinilO rosto elusivo Cara de Yak em uma embalagem europeia com três logos

O Império Contra-Ataca, por exemplo, onde Han Solo está com sua

familiar parka, mas ela está aberta, e o capuz, abaixado — hora

de uma nova figura. Depois, existem os personagens secundários

nos quais os fãs votam. Uma publicação na internet insistia que

um humanoide ao fundo na Cidade das Nuvens estava carregando

alguma coisa que parecia uma máquina de sorvete. Isso viralizou e

deu, enfim, vida ao Willrow Hood, também conhecido como Homem

do Sorvete. Existem até homenagens a erros do passado. Na linha

vintage, a Hasbro trocou o nome de dois caçadores de recompensa,

o droide 4-LOM e o alienígena Zuckuss, em seu primeiro

lançamento. Isso foi corrigido nos anos 1990, mas depois, em

uma homenagem ao trigésimo aniversário do Império, a companhia

lançou uma embalagem dupla especial com as figuras com os

nomes errados de novo, dessa vez, no entanto, de modo deliberado.

Avanços na tecnologia também levaram a novas versões das figuras

e do que elas poderiam fazer. Foi produzido um Han Solo que

podia cruzar as pernas e esticar o braço para trás até a parede, tal

qual sua pose na cantina antes de atirar em Greedo. O Almirante

Motti ganhou um cotovelo articulado para que pudesse levar sua

mão até a própria garganta, reproduzindo o momento em que ele

recebe um estrangulamento da Força do Lord Vader. E, trocando o

tipo de plástico utilizado, a Hasbro foi capaz de criar figuras como

um incrível C-3PO com uma fina placa removível que expunha seu

interior “eletrônico”.

A Kenner propôs pela primeira vez personagens que não eram

do filme, em meados dos anos 1980, mas foi apenas com

o renascimento da linha, na década de 1990, que a Hasbro

começou a fazer figuras baseadas em personagens de video game,

ficção e, sobretudo, quadrinhos. Embalagens duplas com figuras

inspiradas no clássico da Marvel e no moderno da Dark Horse se

tornaram populares e permitiram que a Hasbro fizesse personagens

inesperados, como um Vader todo de branco e um Luke convertido

ao lado negro.

Então quantas figuras diferentes existem? Resposta: um monte!

Mas isso realmente depende da sua orientação, o que entende por

variação e quão disposto você está a abrir exceções. A linha vintage

original é um pouco mais fácil. Afinal de contas, o último cartão

da Kenner nos Estados Unidos diz: “Colecione todos os 92!” Mas

havia uma nonagésima terceira figura, o Cara de Yak, que nunca

foi lançada nos Estados Unidos. E aí existem as doze figuras de

Droids, série de animação para a TV, e seis da série Ewoks. Adicione

a caixa da banda Max Rebo (três figuras) e, talvez, Jabba, o Hutt,

como fizemos, já que ele é um dos personagens principais e... ops,

e Salacious Crumb, os Jawas com capa de vinil ou de tecido, Han

Solos de cabeça pequena ou grande, a Leia de Bespin com gola

cor de pele ou gola alta... e você pode ver o tamanho do problema.

Este livro foca nos personagens e figuras em si. Ordenamos os

personagens por ordem alfabética, pela primeira letra de seu

nome, e organizamos as figuras do mesmo personagem em ordem

cronológica. Assim, você pode ver como a arte da modelagem e

a produção de figuras mudou dramaticamente ao longo da vida da

linha Star Wars — e quantas versões diferentes do Luke de Tatooine

puderam ser lançadas. As figuras foram de cinco ou menos pontos

de articulação até catorze ou mais. Um droide médico, FX-7, tem

dezoito braços separados, cada um com duas juntas! Não é mais

necessário adivinhar quem são alguns dos personagens, porque as

esculturas em miniatura se tornaram cada vez mais exatas.

O desenvolvimento e disseminação do uso de “tampografia”, que

pode transferir uma imagem 2D para uma superfície 3D, adicionou

um novo espectro de cor e detalhe às action figures.

Isso não significa que alguns colecionadores, membros da geração

Star Wars original, não prefiram a nostalgia e simplicidade das

figuras originais, mas é difícil ignorar o fato de que muitas action

figures de hoje são uma assombrosa mistura de arte e tecnologia.

Para o colecionador ocasional ou iniciante e para o amante da

nostalgia, ou para o colecionador experiente que quer investigar

cada figura, este livro é uma excelente maneira de fazer um tour

pelo universo ainda em expansão de mais de 2.300 figuras avulsas.

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Topo:Uma fi gura musculosa de Luke de 1995Esquerda:Figuras não produzidas de Ewoks e Droids

Se você é o tipo de colecionador que valoriza

cada variação de embalagem que conteve

as figuras, se é importante encontrar um

clone trooper em cuja placa peitoral falta, por

acidente, um dos quatro pontos de cor, ou se

você quer saber quais figuras tinham sabres

de luz curtos em embalagens com lugar para

os longos (uma obsessão temporária no meio

dos anos 1990), então aqui há bastante

recurso para ajudá-lo.

Tentamos ser o mais inclusivos possível em

nossas seleções, ao menos mencionando

variações maiores quando não representando

cada uma delas. Enquanto deixamos de

fora algumas figuras que foram apenas

reembaladas sem mudanças — e nos últimos

anos houve centenas delas —, incluímos

outras que têm pequenas, porém notáveis,

variações. Se uma delas apareceu primeiro

sem um determinado item de vestimenta,

como um manto, contabilizamos a versão

mais nova com o manto como uma figura

separada — mas não se a versão com

manto veio primeiro e foi seguida por uma

que apenas eliminou a cobertura. Incluímos

figuras distintas que foram embaladas com

veículos, criaturas, playsets e estojos para

portar action figures. Eliminamos criaturas

não sencientes, mas incluímos o ubíquo

exército mecânico. Consideramos até

algumas poucas que não tinham qualquer

parte móvel. Você pode questionar nossas

escolhas — mas essa é a parte divertida de

colecionar. Você é quem faz as suas próprias

regras.

—Stephen J. Sansweet

Como Usar Este Livro

As figuras neste livro estão identificadas de diversas formas:

Nome do Personagem (Embalado com ou Agrupado)

ANO DE LANÇAMENTO, MATERIAL-FONTE, LINHA DE PRODUTO

Detalhes sobre a figura e/ou personagem.

Os personagens estão organizados alfabeticamente pela primeira letra

de seu nome, patente ou título original em inglês, e então por ordem

cronológica de lançamento. Assim, por exemplo, o Grande Moff Tarkin

estará no G, e não no W de Wilhuff (você sabia que era assim que

seus amigos o chamavam, certo?). O General Grievous e muitos outros

oficiais Imperiais e Rebeldes estão, da mesma maneira, orientados

pela ordem alfabética da patente. Muitos alienígenas começaram suas

carreiras em Star Wars sem nome, apenas com apelidos de set — como

o Cabeça de Martelo, um alienígena da cantina de Mos Eisley, lançado

originalmente em 1979. Mais tarde, ele recebeu o nome de Momaw

Nadon, mas neste livro continuamos com o nome de Cabeça de Mar-

telo, pela simplicidade (e talvez um pouco de nostalgia também).

Assim como em qualquer regra, existem algumas exceções. Enquanto

a Princesa Leia está na letra P, em referência ao seu título e ao nome

original da figura, Palpatine tem tantos títulos diferentes (e às vezes

simultâneos) ao longo de sua história — Imperador, Senador, Chanceler,

Darth Sidious — que classificamos todas essas figuras como Palpatine.

O mesmo vale para a Rainha e depois Senadora Padmé Amidala, que

também está na letra P. Separamos Anakin Skywalker e Darth Vader,

no entanto, pois há uma ruptura clara entre os dois personagens e o

design das action figures.

Os clones têm a sua própria seção, tanto para não deixá-los dominar

o livro como também para mostrar as infindáveis variações em suas

armaduras. Dentro dela, eles estão em ordem alfabética pelo nome do

personagem e, dentro de cada personagem, por ordem de lançamento.

“Aquilo que você busca, dentro você encontrará.”

— Yoda (The Force Unleashed II)

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