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    CARTILHA DA MANIPUEIRA

    USO DO COMPOSTO COMO INSUMOAGRCOLA

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    JOS JLIO DA PONTELivre-Docente de Fitopatologia

    Professor-Emrito da Universidade Federal do Cear

    Presidente da Academia Cearense de CinciasMedalha de Ouro do Mrito FitopatolgicoMedalha de Ouro do Mrito da Educao Agrcola Superior

    Bolsista da Fundao Cearense de Apoio aoDesenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (FUNCAP)

    Membro da Academia de Cincias de New York

    CARTILHA DA MANIPUEIRA

    USO DO COMPOSTO COMO INSUMO

    AGRCOLA

    3a Edio

    Banco do Nordeste do Brasil

    Fortaleza2006

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    Ponte, Jos Jlio da.

    P811c Cartilha da manipueira: uso do composto como insumoagrcola/Jos Jlio da Ponte. 3. ed. Fortaleza: Banco doNordeste do Brasil, 2006.

    66 p.

    ISBN 85-87062-67-0

    1. Agricultura. 2. Insumos agrcolas. 3. Manipueira. I. Ttulo.

    CDD 581.69

    Presidente:Roberto Smith

    Diretores:Augusto Bezerra Cavalcanti Neto

    Francisco de Assis Germano ArrudaJoo Emlio Gazzana

    Luiz Ethewaldo de Albuquerque GuimaresVictor Samuel Cavalcante da Ponte

    Superintendncia de Comunicao e Cultura

    Jos Maurcio de Lima da SilvaEscritrio Tcnico de Estudos Econmicos do Nordeste ETENE

    Superintendente: Jos Sydrio de Alencar Jnior

    Coordenadoria de Estudos Rurais e Agroindustriais COERGMaria Odete Alves

    Editor:Jornalista Ademir CostaNormalizao Bibliogrfica: Rodrigo Leite Rebouas

    Diagramao: Franciana Pequeno

    Cliente Consulta:0800.783030Tiragem: 2.000 exemplares

    Depsito Legal junto Biblioteca Nacional, conforme Lei 10.994 de 14/12/2004

    Copyright by Banco do Nordeste do Brasil

    Impresso no Brasil/Printed in Brazil

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    TRIBUTOS DO AUTOR

    de Gratido:Ao Doutor Francisco Ariosto Holanda, a quem a genteexcluda dos processos produtivos do novo Cear deve, coma idealizao e implantao dos Centros VocacionaisTecnolgicos (CVTs), o mais competente instrumento deresgate da cidadania; e a quem devo, em particular, o estmulopara produzir esta Cartilha;

    de Agradecimento:Aos que, ungidos com a essncia do mesmo ideal, fizeram-seromeiros da mesma f, dedicados colaboradores de minhastantas pesquisas sobre manipueira.s instituies que me deram apoio logstico UniversidadeFederal do Cear (UFC), Conselho Nacional deDesenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) e FundaoCearense de Amparo Pesquisa (FUNCAP), estas emimportantes etapas do Projeto Manipueira; aquela, minhaoficina de trabalho, o tempo todo;

    de Reconhecimento: pesquisadora Maria Erbene Ges Menezes, dileta einfatigvel companheira das mais recentes (e ousadas)experincias com manipueira incluindo a formulao damanipueira em p e grande incentivadora desta nova edioda Cartilha e, mxime, de sua verso para o ingls, dandouma dimenso internacional a este livro.

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    SUMRIO

    APRESENTAO ................................................................................91 INTRODUO .......................................................................... 11

    2 MANIPUEIRA: UM NO AOS AGROTXICOS ....... 15

    3 MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA ............................... 193.1 Recomendaes Prticas e Posologia.................................. 223.2 Informaes Adicionais ......................................................... 23

    4 MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA .... 254.1 Recomendaes Prticas e Posologia.................................. 284.1.1 Manipueira como formicida .............................................. 29

    5 MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA . 315.1 Recomendaes Prticas e Posologia.................................. 33

    6 MANIPUEIRA COMO HERBICIDA .................................... 35

    7 MANIPUEIRA COMO ADUBO ............................................ 397.1 Recomendaes Prticas e Posologia.................................. 407.2 Informaes Adicionais ......................................................... 41

    8 OUTRAS SERVENTIAS ........................................................... 43

    9 COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO ...................... 45

    10 MANIPUEIRA EM P ............................................................ 47

    REFERNCIAS ................................................................................... 49ANEXOS .............................................................................................. 55

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    APRESENTAO

    A Cartilha da Manipueira versa sobre o uso do composto

    como insumo agrcola, sendo destinada aos que desejam conhecerou trabalhar com agricultura livre de agrotxicos.

    No decurso de dez anos (1976/85), cresceu em mais de 500%o consumo de agrotxicos no Brasil, enquanto, no mesmo perodo,a rentabilidade da produo agrcola brasileira crescia em apenas5%. A discrepncia entre estes dados atesta, em linhas gerais, omalogro econmico de to elevado investimento.

    O emprego abusivo de agrotxicos, que tem demonstrado serum empreendimento de elevado custo, at mesmo antieconmicoem muitos casos, constitui, em funo da alta toxicidade da maioriadesses compostos, um permanente risco ecologia e, sobretudo, sade humana. Consciente desses graves inconvenientes, o Setorde Fitopatologia da Universidade Federal do Cear criou, h maisde dez anos, uma linha de pesquisa direcionada para a descobertade defensivos agrcolas no-convencionais, a partir de extratos ou

    derivados vegetais. Nesse particular, sobressaiu-se a manipueira(nome indgena brasileiro designativo do extrato lquido das razesde cassava, Manihot esculenta Crantz), um subproduto dafabricao da farinha de mandioca que, at ento, era praticamentedesprezado, sem qualquer aproveitamento econmico. Estecomposto, uma vez testado como nematicida e, posteriormente,como inseticida, revelou extraordinria eficincia e notveleconomicidade, sem os riscos de toxidez dos produtos comerciais.

    Iniciada em 1979, esta linha de pesquisa, intituladaUtilizao da Manipueira como Defensivo Agrcola, j produziudoze trabalhos cientficos, dez dos quais relativos primeira etapado projeto (utilizao como nematicida), reunindo um acervo deresultados positivos. Os dois outros trabalhos correspondem segunda etapa (utilizao como inseticida) e relatam pesquisasrecentes que atestam a eficcia do composto no combate, tambm,a insetos fitoparasitos.

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    Na Cartilha da Manipueira, o prof. Jos Jlio relata, de formasumariada, todas as experincias cientficas desenvolvidas por ele,usando a manipueira como adubo foliar e defensivo agrcola emsuas mais variadas especificaes. Apresenta a Manipueira como

    Nematicida, Inseticida, Acaricida, Fungicida, Bactericida eHerbicida, mostrando, inclusive, suas fases experimentais e asrecomendaes prticas para uso e posologia.

    Pela importncia do contedo e linguajar utilizado, de fcilentendimento mesmo por leigos no assunto, o documento tem tidoexcelente circulao entre tcnicos extensionistas, produtoresorgnicos e agricultores familiares, fato que justifica o investimentodo BNB em sua 3 edio.

    Jos Sydrio de Alencar JniorSuperintendente do Escritrio Tcnico de Estudos

    Econmicos do Nordeste - ETENE

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    1 INTRODUO

    A manipueira vocbulo indgena incorporado lngua

    portuguesa o lquido de aspecto leitoso e cor amarelo-clara queescorre das razes carnosas da mandioca (Manihot esculentaCrantz),por ocasio da prensagem das mesmas para obteno da fcula oufarinha de mandioca. Portanto, um subproduto ou resduo daindustrializao da mandioca, que, fisicamente, se apresenta naforma de suspenso aquosa e, quimicamente, como uma miscelneade compostos: goma (5 a 7%), glicose e outros acares, protenas,clulas descamadas, linamarina e derivados cianognicos (cido

    ciandrico, cianetos e aldedos), substncias diversas e diferentessais minerais, muitos dos quais fontes de macro e micronutrientespara as plantas (MAGALHES, 1993).

    No Nordeste do Brasil, principal centro produtor de mandiocado pas, grande parte dessa produo destina-se alimentaohumana, em consonncia com o fato de ser a farinha de mandiocaum dos alimentos bsicos de subsistncia das populaes regionaisde baixa renda, justo a maioria dos habitantes. O restante destinado

    alimentao de animais domsticos, especialmente bovinos.Na citada regio, a fabricao da farinha de mandioca

    competncia, na maioria dos casos, de pequenos produtores ruraisque, a este fim, utilizam processos rudimentares, cujos fundamentosremontam poca colonial. Eis as etapas desse processo industrial(ver ilustraes em ANEXOS):

    a) as razes de mandioca so, primeiramente, lavadas e

    descascadas em operao manual;b) as razes descascadas so trituradas em caititu moinho

    movido manualmente ou por energia eltrica;

    c) a massa pastosa obtida a partir dessa triturao , emseguida, fortemente prensada, utilizando-se, no geral,prensa de madeira, acionada manualmente;

    d) a massa que fica retida na prensa , de imediato, esfarelada

    em peneira de malha grossa, e

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    e) por fim, levada ao forno para secagem, aps o que se tema farinha um p branco, granuloso, de varivel finura esabor peculiar. (Convencionalmente, o forno uma grandeestrutura circular, construda de tijolo e cimento, cuja

    plataforma mede de 3 a 5 metros de dimetro).Durante a prensagem da massa pastosa etapa relatada no

    item c , flui uma suspenso aquosa de tonalidade bege ouamarelada e odor ativo, mas agradvel a manipueira. Estesubproduto jorra com abundncia, haja vista que o mesmo contido na proporo de 3:1; ou seja, 1 litro de manipueira paracada 3 kg de razes de mandioca prensadas. A par de abundanteem todas as regies de cultivo e industrializao de mandioca, amanipueira , no geral, cedida graciosamente, pois ainda se tratade um resduo descartvel em sua quase totalidade, com espordicose restritos aproveitamentos em molhos de pimenta e de tucupi (esteno Estado do Par) e no fabrico da tiquira, bebida alcolica deconsumo praticamente limitado ao Estado do Maranho. Mas essedesprestgio da manipueira tende a desaparecer, a fazer parte dopassado, quando se atentar para a excelncia dos seus prstimoscomo insumo agrcola, seja como pesticida ou adubo, consoante osresultados de numerosas e pacientes pesquisas conduzidas peloautor e objetos de relato nesta cartilha.

    Com efeito, a manipueira contm um glucosdeo cianognico a linamarina , de cuja hidrlise (por ao da linamarase) provma acetona-cianohidrina, da qual resultam, por ao enzimtica (a-hidroxinitrila-liase) ou por quebra espontnea, o cido ciandrico(bastante voltil) e os cianetos, alm de aldedos (Tabela 1). So

    estes cianetos que respondem pelas aes inseticida, acaricida enematicida do composto, enquanto o enxofre, presente em largaquantidade (cerca de 200 ppm), garante-lhe a destacada eficinciacomo fungicida, sem embargo da presena, em menor escala, deoutras substncias que exercem, tambm, ao antifngica, taiscomo cetonas, aldedos, cianalaninas, lectinas e outras protenastxicas, inibidoras de amilases e proteinases, que atuam comoingredientes ativos complementares. Ademais, o enxofre tem,tambm, ao inseticida-acaricida. Na atualidade, a manipueira,quando investida nas funes de pesticida, vem sendo empregada

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    em sua forma natural, tal como recolhida da prensa, na casa-de-farinha. No sofre qualquer beneficiamento, quer fsico ou qumico,salvo eventuais diluies em gua, quando necessrias ouaconselhveis, a fim de se obter maior rendimento ou para prevenir

    efeitos fitotxicos em plantas de compleio mais delicada. Isto noinvalida, obviamente, a possibilidade de a manipueira vir, em futuroprximo, a ser industrializada para uso como pesticida. E, nestesentido, o primeiro passo j foi dado pelo Autor deste livro, emparceria com Erbene Ges, pesquisadora-assistente da Clnica dePlanta Dr. Jlio da Ponte, os quais formularam a manipueira emp ainda em fase de reconhecimento de patente , produto queoferece algumas vantagens em relao manipueira natural

    (lquida), conforme comentrios inseridos no captulo 10.Tabela 1 Composio qumica da manipueira (mdia de 20

    amostras analisadas)Quantidade

    (ppm)

    Nitrognio (N) 425,5Fsforo (P) 259,5

    Potssio (K) 1853,5Clcio (Ca) 227,5Magnsio (Mg) 405,0Enxofre (S) 195,0Ferro (Fe) 15,3Zinco (Zn) 4,2Cobre (Cu) 11,5Mangans (Mn) 3,7Boro (B) 5,0Cianeto livre (CN-) 42,5

    Cianeto total (CN) 604,0*

    Fonte: Ponte (1992).Nota:*55,0 mg/litro, em mdia.

    Por outro lado, considerando que a manipueira, em suacomplexa composio qumica, encerra todos os macro emicronutrientes (salvo o molibdnio) necessrios nutrio dasplantas superiores, e que os possui em teores geralmente expressivos,ela poder ser utilizada, pura ou diluda, como fertilizante, seja

    Componente

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    em adubao convencional (aplicao no solo), seja por via foliar,esta com maiores proveitos, tanto pelo menor desperdcio demanipueira como pelo provimento de respostas mais rpidas porparte da planta, pois a sntese deste processo nutricional passar a

    demandar menos energia e tempo.

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    2 MANIPUEIRA: UM NO AOS AGROTXICOS

    Relatrio da Organizao das Naes Unidas para a

    Agricultura e Alimentao (FAO) classifica o Brasil como o terceiromaior consumidor de agrotxicos do mundo e o primeiro,disparadamente, da Amrica Latina, com o emprego anual de 1,5kg de ingrediente ativo por hectare cultivado. Isto em mdia global,considerando todo o universo agrcola nacional, pois, emdeterminados tipos de lavoura, a aplicao bem maior. Nahorticultura, por excelncia, onde o consumo mdio anual excedea 10 kg/ha; particularmente, na cultura do tomate, o exagero

    extremamente alarmante, eis que, para cada safra, aplicam-se, emmdia, 40 kg/ha. Coincidentemente ou no, em matria demortalidade por cncer, o Brasil o terceiro no ranking mundial eo primeiro no contexto latino-americano.

    Mas o cncer no a nica doena grave causada porpesticida, conquanto seja a mais aterrorizante. Na longa esteira desuas terrveis conseqncias, incluem-se a cirrose heptica, o abortoou deformaes fetais, a impotncia e esterilidade sexuais, fibrose

    pulmonar (rigidez dos tecidos dos pulmes), braquicardia (lentidodo ritmo cardaco) e distrbios do sistema nervoso central,implicando em depresso, loucura e/ou paralisias parciais. Aextensa lista prossegue com arritmia, arteriosclerose, pancreatite,tireoidite, hepatite, diabetes, gastrite, lcera, leucopenia, atrofiamedular, atrofia testicular, acne, alergia e variados tipos dedistrbios audiovisuais, implicando em surdez parcial e, at mesmo,em cegueira.

    A esses tormentos maiores, somam-se as intoxicaes demenor monta, induzindo irritaes cutneas, cefalias, tonturas,salivao e transpirao excessivas, alm de outras indisposiespassageiras. A estas pequenas mazelas, geradas por intoxicaesinstantneas, esto mais sujeitos aqueles que lidam diretamentecom agrotxicos no campo os operadores ou dedetizadores ,ao passo que os consumidores de agroprodutos envenenados,mxime os vegetarianos, esto mais expostos aos efeitos cumulativosque geram os grandes males enumerados acima. No obstante, as

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    intoxicaes instantneas podem ser graves ou, at mesmo, letais,sobretudo quando ocorre a soma de dois fatores: a alta toxicidadedo veneno e a falta de equipamentos bsicos de proteo,recomendados para o ato de aplicao.

    Por mais paradoxal que possa parecer, esse exageradoinvestimento em agrotxicos, crescente a cada ano, nocorrespondeu, em nosso pas, a uma reduo significativa dasperdas agrcolas devidas a pragas e doenas. Em muitos casos, osresultados foram, at mesmo, contraproducentes, em funo daintensidade dos desequilbrios biolgicos causados pelo coquetelde pesticidas utilizados, culminando com o extermnio dos inimigosnaturais dos agentes de pragas e fitomolstias.

    Em correspondncia com a assertiva acima exposta, talinvestimento foi, em linhas gerais, economicamente frustrante.Com efeito, no perodo de dez anos (1976/85), cresceu em 500% oconsumo de agrotxicos no Brasil, enquanto, no mesmo perodo,registrava-se um aumento de produtividade de apenas 5%, ganhoque, alm de irrisrio, no pode ser creditado, exclusivamente, aospesticidas. A enorme discrepncia entre tais nmeros sinaliza omalogro de to pesado investimento em agrotxicos. No obstante,por fora de uma campanha tenaz e massificante, indo dapersistente propaganda na mdia corrupo de pesquisadores etcnicos, o faturamento das multinacionais dos agroqumicoscontinua em alta. Assim, de 1993 a 1997, as vendas cresceram em104%, passando de U$ 1,050 bilho para U$ 2,161 bilhes (GALLI,1998, p. 3-8). Em oposto, os ganhos de produtividade continuaramirrelevantes, enquanto relevantes foram os impactos ambientais, acontaminao de alimentos e as intoxicaes causadas emagricultores e consumidores. Com efeito, no mesmo perodo, os casosde intoxicaes instantneas sem considerar, portanto, asconseqncias a mdio e longo prazos cresceram em 65%. Mas,seguramente, no doce embalo dos polpudos faturamentos, istopouco importou aos fabricantes de pesticidas. Mesmo que seusprodutos sejam comprovadamente cancergenos. guisa deexemplo, cite-se o captafol (produto comercial Orthodifolatan), oqual, durante duas dcadas, prevaleceu como o fungicida maisconsumido no pas, at ser proscrito do mercado, quando da

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    comprovao de tal periculosidade. O mais preocupante que ocitado produto no constitui um exemplo isolado, pois tambmso cancergenos vrios derivados do carbofuram, ditiocarbamatoe captan, sem esquecer a forte suspeio que pesa sobre outros

    grupos qumicos usados na mesma indstria.Os fatos e dados, ora relatados, so irrefutveis. No obstante,

    o atual presidente da Associao Nacional de Defesa Vegetal, fielescudeiro desses fabricantes, declarou, cinicamente, que ocrescimento das vendas de produtos fitossanitrios vem resultandoem aumento da produtividade agrcola (GALLI, 1998, p. 3-8).Seria cmico, se no fosse trgico. Os pesticidas biolgicos, exaltadospelo citado presidente no mesmo pronunciamento, so ainda

    restritos e tm faixa de atuao bastante limitada, posto queespecficos para determinadas pragas. A verdade bem outra,porquanto os agrotxicos de ltima gerao, em sua maioria, somais caros e mais txicos, acrscimos estes que resultam,respectivamente, em aumento do custo da produo e em crescenteameaa para a sade humana e para a ecologia, dizimando faunae flora, envenenando lenis freticos e desertificando solos.

    Consciente da gravidade do problema, o Autor do presentetrabalho instituiu, junto Universidade Federal do Cear, desde1979, uma linha de pesquisa que objetiva a descoberta de defensivosnaturais, a partir de extratos e derivados vegetais. No decurso desseprograma, dezenas de compostos j foram testados, com algunsresultados bem gratificantes. A infuso das razes do tipi (PetiveriaalliaceaL.) destacou-se como nematicida, no tratamento de solosinfestados de nematides fitoparasitas (PONTE; FRANCO;SILVEIRA-FILHO, 1996). Todavia, os melhores resultados foramobtidos com a manipueira (extrato lquido ou sumo das razes demandioca), um resduo industrial abundante e gratuito em todasas regies onde se cultiva essa planta.

    A manipueira foi, sucessivamente, testada como nematicida,inseticida, fungicida e acaricida, mostrando excelentes resultadospara todas essas finalidades, a ponto de superar, nos ensaiosexperimentais, os melhores pesticidas comerciais dos respectivosgneros. Mais recentemente, a partir do pleno conhecimento dacomposio qumica da manipueira (rica em todos os macro e

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    micronutrientes requeridos pelas plantas, com exceo domolibdnio), resolveu-se test-la como adubo foliar (tese demestrado orientada pelo Autor), com respostas sumamentepositivas. Assim, nessa oportunidade, plantas de tomate, quiabo e

    gergelim, ento adubadas (via foliar) com manipueira, crescerame produziram bem mais do que aquelas adubadas com umfertilizante sinttico dos mais conceituados e que fora escolhidocomo testemunha ou referencial.

    Os resultado dessas pesquisas envolvendo manipueira forame vm sendo difundidos em peridicos cientficos, revistas dedivulgao tcnica e reportagens em jornal e televiso. Em funodisto, muitos agricultores j a usam regularmente, sobretudo como

    inseticida, e o mesmo j se faz em muitos pases do terceiro mundo,consoante centenas de cartas que o autor tem recebido. A maiscuriosa delas procede de Bahia Blanca, Argentina, escrita peloSecretrio de Sade daquele municpio platino. A carta suplicavainformaes mais detalhadas sobre o uso da manipueira comodefensivo, a fim de minimizar, ali, o consumo de agrotxicos que,de to exagerado, vinha sobrecarregando a sade pblica comnumerosos casos de envenenamento, inclusive em berrios,

    vitimando criancinhas que se alimentavam do leite maternocontaminado por resduos de pesticidas.

    Eis, portanto, o surgimento de um pesticida natural incuo sade humana e do mais baixo custo, pois se trata de um resduoindustrial abundante em todas as regies de cultivo de mandioca;abundante e gratuito, pois ainda se trata de um produto descartvelem sua quase totalidade. A notoriedade dessas pesquisas vemmerecendo repercusso em diversos pases, particularmente nospases essencialmente agrcolas do terceiro mundo, para o que muitocontriburam os trabalhos publicados pelo Autor em lnguaestrangeira (PONTE, 1988, 1989, 1993).

    Os tpicos que se seguem abordam, por ordem seqencialdas pesquisas desenvolvidas pelo Autor, as diversas utilidades damanipueira como insumo agrcola, enfocando os seus fundamentoscientficos e modo de uso.

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    3 MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA

    O projeto Investigao sobre o Aproveitamento da

    Manipueira como Defensivo Agrcola, idealizado e coordenadopelo Autor, junto ao Centro de Cincias Agrrias da UniversidadeFederal do Cear, Brasil, teve incio em 1979, com a etapa Uso daManipueira como Nematicida.

    quele ano, a manipueira foi originalmente testada comonematicida (PONTE; TORRES, FRANCO, 1979), justamente notratamento de solos infestados de nematides das galhas(Meloidogynespp.), vermes que se situam entre os mais tolerantesaos nematicidas comerciais (PONTE, 1992).

    Esclarea-se que a opo por tais nematides, como objetodas primeiras pesquisas, no se fez apenas em razo dessa aludidatolerncia, mas, sobretudo, em nome de sua destacada expressoeconmica, visto que se sobrelevam como integrantes do maisimportante gnero de nematides fitoparasitas. Com efeito, emborase reconhea a importncia de outros grupos, tais como Heterodera,Pratylenchus, Radopholus e Ditylenchus, os nematides das galhasprevalecem em patamar de maior destaque, com respaldo em trsargumentos: 1) larga disperso geogrfica; 2) elevado polifagismo,e 3) habitual gravidade de seu parasitismo. Relativamente aoprimeiro ponto, compete afirmar que esses nematides, embora maispresentes na faixa tropical do globo, porquanto mais afeitos aclimas quentes, acham-se difundidos pelas mais diversas regies,mesmo naquelas de clima frio, onde se notabilizam pelos prejuzosque impem s culturas de estufa (LORDELLO, 1968). Em relaoao segundo item, basta afirmar que o nmero de hospedeiros deMeloidogyne, entre plantas cultivadas e silvestres, inigualvel,excedendo a dois milhares (PONTE, 1977; PONTE; HOLANDA;ARAGO, 1996). E, no tocante ao terceiro argumento, pertinentes conseqncias de sua patogenicidade, a literaturafitonematolgica prdiga em notificaes que se estendem s maisvariadas culturas e que se difundem por todos os recantos doplaneta. A estes fortes argumentos, somam-se, ainda, as eventuaisintromisses de outros fitoparasitas que interagem com a associao

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    planta/nematide das galhas, a exemplo do conhecido sinergismoFusarium+Meloidogyne(LORDELLO, 1968), que se h notabilizadopor graves implicaes econmicas a determinadas culturas, mximes do algodo (Gossypium spp.) e tomate (Lycopersicon esculentum

    Mill.). Acrescentando-se, ademais, as grandes dificuldades que,habitualmente, se opem ao controle desses vermes, ter-se-, porfim, uma clara idia da dimenso de sua extraordinria importnciaeconmica. Mui justificvel, por conseguinte, que as investigaessobre uma possvel ao nematicida da manipueira comeassem pelosnematides das galhas.

    Logo na primeira investigao, Ponte; Torres e Franco (1979),a manipueira j revelava uma enrgica potencialidade nematxica.

    Este teste preliminar envolveu o cultivo de plantas de quiabo(Hibiscus esculentus L.) em solos envasados que haviam sidopreviamente infestados com ovos e larvas de nematides das galhase, dez dias depois, tratados com manipueira. Na ocasio, a partirde crescentes dosagens de manipueira 0, 500, 750 e 1000 ml porvaso, com 6 litros de solo , os autores obtiveram decrescentespercentagens de plantas atacadas por Meloidogyne: 100, 60, 50 e30%, respectivamente.

    Dois anos depois, Ponte e Franco (1981) comprovaram essapotencialidade nematxica atravs de resultados ainda maispositivos do que os obtidos no comentado experimento pioneiro.Com efeito, para a dosagem de 1000 ml/vaso, a percentagem deplantas atacadas, que fora de 30% no primeiro ensaio, caiu para0% (Tabela 2). Segundo os citados autores, este melhor desempenhodeveu-se ao uso exclusivo de manipueira extrada a partir,exclusivamente, de cultivares de mandioca brava e no de umamistura de mandiocas brava e mansa (macaxeira), como houveraacontecido no primeiro experimento. Com efeito, a mandioca bravagarante um teor bem maior de cianetos, justo os ingredientes ativosda manipueira. Neste segundo ensaio, o tomateiro cv. Santa Cruzfoi admitido como planta-teste, haja vista a sua condio dehospedeiro da mais alta suscetibilidade ao parasitismo denematides do gnero Meloidogyne.

    J no ano seguinte, Sena e Ponte (1982), confirmando osresultados obtidos em casa-de-vegetao, constataram um excelente

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    controle de meloidoginose em canteiros de cenoura (Daucus carotaL.):nos canteiros tratados com manipueira (1 litro/m2), a par da leveinfestao de nematide das galhas constatada poca da colheita,a produo de cenoura foi 100% superior obtida nos canteiros

    no tratados, onde a incidncia da meloidoginose se fez severa egeneralizada.

    Tabela 2 Infestao de nematides das galhas (meloidogyne spp.)em razes de tomateiros (lycopersicon esculentum mill.),cultivados em vasos contendo solo previamente infestadoe, posteriormente, tratado com diferentes dosagens demanipueira, extrada apenas de mandioca brava

    InfestaoGrau Mdio(2) Classe

    0 4,0 forte500 1,3 muito fraca

    1000 0,0 nula1500 0,0 nula

    Fonte: Ponte; Torres; Franco (1979).Notas: (1)ml de manipueira por vaso, contendo 6 litros de solo infestado com cerca

    de 10.000 espcimes de nematides das galhas.(2) Mdia de 16 plantas por tratamento, distribudas em quatro vasos.Notasatribudas conforme o seguinte critrio: 0 - ausncia de galhas; 1 - 1 a 3galhas por sistema radicular; 2 - 4 a 6 galhas; 3 - 7 a 12 galhas; 4 - 13 a 20galhas; 5 - mais de vinte galhas, correspondendo, respectivamente, sinfestaes nula, muito fraca, fraca, moderada, forte e muito forte.

    No decurso desta primeira fase do projeto, a qual se estendeupor 13 anos (1979 a 1992), o Autor e seus colaboradores

    desenvolveram mais de dez trabalhos de pesquisa resenhadosem Ponte (1992) a cerca do aproveitamento da manipueira comonematicida. Na esteira dessas pesquisas, no s provaram ecomprovaram a grande utilidade do composto para tal finalidade,calcado em um vigor nematxico que excede ao dos nematicidascomerciais, mas abordaram, tambm, vrios pontos correlatos(dosagem, tempo de estocagem, interferncia com bactriasfixadoras de N, efeitos residuais e influncia na fertilidade do solo),

    todos guisa de subsdios para o uso prtico da manipueira emcondies de campo.

    Dosagens (1)

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    Alguns dos aspectos ento esclarecidos constituram tema deuma tese de mestrado (FRANCO, 1986) orientada pelo Autor.Louve-se, no tocante a esses esclarecimentos complementares, adeterminao da dosagem mnima de manipueira para tratamento

    de solos infestados, quer para um tratamento extensivo a toda area de cultivo (PONTE; FRANCO; PONTES, 1987; FRANCO;PONTE, 1988; FRANCO et al., 1990), quer para uma aplicaorestrita, direcionada exclusivamente aos sulcos de plantio (PONTEet al., 1995). Importante, tambm, foi a mensurao do tempo deestocagem do composto, temperatura ambiente (25-32C), semperda de sua ao nematicida; esse tempo de apenas trs dias(PONTE; FRANCO, 1983b). A partir do quarto dia, o processo de

    fermentao da manipueira vai abatendo os teores de compostoscianognicos (MELO, 1999) e, por conseguinte, vai minando,gradativamente, a nematoxicidade. Releve-se, ademais, aabordagem feita a cerca das implicaes da manipueira sobre apopulao rizobiana (Rhizobiumspp.) do solo (PONTE; FRANCO,1983a), fato que assume importncia quando o solo a tratar destina-se ao plantio de leguminosas. A propsito, os mencionados autoresconcluram que, mesmo induzindo uma reduo populacional

    dessas bactrias, em escala inversamente proporcional quantidadede manipueira aplicada, o tratamento, ainda assim, vantajoso,pois o aumento do grau de fertilidade do solo, proporcionado pelocomposto, compensa a perda numrica de rizbios.

    3.1 Recomendaes Prticas e Posologia

    Com base nos resultados dessas pesquisas, eis, abaixo, adosagem e outras recomendaes pertinentes ao emprego damanipueira como nematicida, no tratamento de solos infestados.

    a) Tratamento Total da rea de Cultivo- Usar a manipueira em diluio aquosa, na proporo

    de 1:1;- Com auxlio de um regador ou vasilhame similar, aplicar

    de 4 a 6 litros dessa diluio por m2de terreno;

    - Deixar o solo tratado em repouso, durante, no mnimo,oito dias, e

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    - Revolver o solo antes de voltar a cultiv-lo.

    b) Tratamento Restrito s Linhas de Cultivo- Usar a manipueira em diluio aquosa, na proporo

    de 1:1;- Aplicar, no mnimo, 2 litros dessa diluio por metrode sulco;

    - Observar um perodo de repouso semelhante aoprescrito para a modalidade de tratamento anterior, e

    - Revolver o solo, operao que, no caso, restringir-se- terra inerente e adjacente linha de cultivo.

    3.2 Informaes AdicionaisA manipueira pode ser estocada, temperatura ambiente,

    por um perodo de trs dias, sem prejuzo de sua potencialidadenematicida ou pesticida em geral (PONTE; FRANCO, 1983b).Todavia, em refrigerador (8 a 10C), o perodo de estocagem podeestender-se por 60 ou mais dias, sem que haja fermentao docomposto e, por conseqncia, sem perda dessa potencialidade

    (MAGALHES, 1993).O revolvimento do solo, decorridos oito dias da data deaplicao, importante no sentido de prevenir efeitos residuaisfitotxicos, conforme Franco (1986).

    A diluio em gua, na proporo indicada (1:1), recomendvel, a fim de tornar o composto menos viscoso e, assim,prover uma maior penetrao da manipueira no solo, ampliando-se, destarte, o seu raio de difuso no substrato. O tratamento com

    manipueira pura tem, na prtica, um rendimento inferior, pois adensidade do composto, consoante comprovao experimental(PONTE, 1992), impede uma maior disperso, restringindo-lhe, porconseguinte, a abrangncia da ao nematicida.

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    4 MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA

    Esta segunda etapa do projeto teve incio em 1988, mediante

    um teste preliminar conduzido por Ponte, Franco e Santos (1988) eenvolvendo cochonilhas de carapaa-marrom (Coccus hesperidumL.). Na oportunidade, uma nica pulverizao com manipueirapura (no diluda em gua), sobre copas de limoeiro-galego (CitrusaurantifoliaSwingle) praguejadas por tais cochonilhas, foi suficientepara eliminar toda a populao desses coccdeos ali presente.

    Seguiram-se vrios outros testes, todos igualmente bemsucedidos, envolvendo, inclusive, insetos-pragas de maior porte, a

    exemplo da lagarta-peluda (Agraulisspp.) das passiflorceas, a parde outras pragas que se notabilizaram por marcante tolerncia aosinseticidas tpicos em geral.

    Em trabalhos recentes, um deles publicado em Cuba, Ponte eSantos (1997; 1998) controlaram duas importantes pragas dacitricultura, ambas bastante assduas em todo o pas: o pulgo-negro (Toxoptera citricidusKirk) e a cochonilha escama-farinha(Pinnaspis aspidistraeSign.), usando manipueira pura e manipueira

    diluda em igual volume de gua (1:1). Mesmo nesta diluio, ocomposto revelou-se to eficaz quanto o inseticida base deparathion-metlico que fora usado, nos ensaios, como referencialde controle qumico, e muito mais econmico do que este, sobreser uma opo isenta das agresses que os agrotxicoscostumeiramente cometem ecologia e sade humana. mesmapoca, uma cultura de tomate, severamente atacada pela traaScrobipalpula absoluta (Meirink), foi recuperada mediante trs

    pulverizaes, a intervalos semanais, com manipueira em diluioaquosa ainda menos concentrada, na proporo de uma parte docomposto para quatro partes de gua, atendendo sensibilidadedo tomateiro manipueira. Os resultados deste teste foramrelatados por Ponte e Miranda (1997).

    Com a difuso dos resultados dessas tantas pesquisas, o uso damanipueira como inseticida vem se tornando prtica rotineira em vriosrecantos do territrio brasileiro, bem assim em determinados pases

    do terceiro mundo, a exemplo de Madagascar, frica, onde, segundo

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    Razafindrakoto (1997), a manipueira assiduamente empregada nocontrole de cochonilhas, sobretudo em culturas de subsistncia. Apropsito, ensaios desenvolvidos, simultaneamente, em Madagascare no Brasil (RAZAFINDRAKOTO, 1999), demonstraram a excelncia

    da manipueira no tratamento de estacas (manivas) de mandiocadensamente atacadas por duas espcies de cochonilhas. Com efeito, aimerso desses propgulos vegetativos em manipueira pura, durante1 h, foi to eficiente quanto termoterapia (imerso em gua quente,47C/30 min), seguida de quimioterapia (imerso em soluo debenomyl a 20%/30 min), alm de ser um ato operacional bem maissimples, menos dispendioso e sem qualquer afetao ao podergerminativo das estacas. Os resultados ento obtidos podem ser

    extrapolados, em nvel de recomendao de prvio tratamento, paraoutros propgulos vegetativos usuais: tubrculos, bulbos, rizomas etc.Duas outras comprovaes da extraordinria eficcia da

    manipueira como inseticida ocorreram j neste sculo, quandoPonte (2001) a testou no controle de Stenodiplosis sp. agente dececdias em folhas de cajueiro (Anacardium occidentale L.) e,principalmente, quando Ponte (2002) a avaliou contra a cochonilhapiolho-branco (Orthezia insignisBrowe), praga que se destaca

    por sua elevada agressividade (assduo fator limitante dalongevidade e produtividade da cultura da acerola,Malpighia glabraL.) e, tambm, por sua notvel resistncia aos inseticidas sintticos,s sendo controlada por compostos sistmicos da maior toxicidade,daqueles que exigem seis meses de carncia. No caso do inseto dascecdias, a manipueira, nas concentraes 1:0 e 1:1 (pura e emdiluio aquosa a 50%) e em quatro pulverizaes a intervalossemanais, determinou 95 e 86% de mortandade, respectivamente

    (Tabela 3); no caso da Orthezia, as mesmas concentraesinduziram, aps igual nmero de aplicaes, 100 e 95% demortandade, resultado da maior relevncia, dadas as razes acimaexpostas. Em ambos os experimentos, acrescentou-se 1% de farinhade trigo manipueira para efeito de melhor aderncia.

    Independentemente de recomendaes calcadas em novostestes e ensaios cientficos, os agricultores j identificados com ouso da manipueira a vm usando no controle de uma extensa gamade insetos-pragas. De outra parte, a Clnica de Planta Dr. Jlio da

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    Ponte, em sua dinmica operacional, h recomendado o mesmocomposto no controle alternativo de pragas, sem o antecipado apoiode resultados experimentais, mas sempre com timas refernciasde seus clientes.

    Tabela 3 Comportamento de agentes causais de algumas doenase pragas do cajueiro ao tratamento com manipueira puraou em diluio aquosa 1:1.

    Folhas ndice deSadias Atacadas Controle

    Antracnose Manipueira 1:0 117 1 99,16%Manipueira 1:1 302 0 100%

    Odio Manipueira 1:0 44 0 100%Manipueira 1:1 111 0 100%Cecdia Manipueira 1:0 41 2 95,35%

    Manipueira 1:1 94 15 86,24%caro-amarelo Manipueira 1:0 59 1 98,34%

    Manipueira 1:1 118 2 98,34%

    Fonte: Ponte (2001).

    Era presumvel a eficcia da manipueira como inseticida-acaricida, no apenas pelos cianetos (principais ingredientes ativos)presentes em sua composio, mas, tambm, em razo da presenade elevados teores de enxofre, elemento tradicionalmenteidentificado na luta contra insetos e caros.

    No tocante, particularmente, ao controle de carosfitoparasitas, a manipueira j vinha sendo usada, com muitosucesso, para tal finalidade, antes mesmo da comprovao cientfica,

    fato s ocorrido bem mais tarde, em experimento de campoenvolvendo um plantio de mamoeiro (Carica papayaL.) severamenteinfestado pelo caro-branco (Polyphagotarsonemus latusBanks). Naoportunidade, o ataque foi totalmente debelado mediante trsaplicaes de manipueira, em diluio aquosa da ordem de 1:3,ministradas a intervalos semanais (PONTE, 1996b).

    J neste sculo, ao ensejo da execuo do projeto Investigaosobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose do

    Cajueiro, estudo desenvolvido, sob encomenda, pela Clnica dePlanta Dr. Jlio da Ponte (em Fortaleza, Estado do Cear), Ponte

    Doena/Praga Tratamento

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    (2001), alm de testar a eficincia da manipueira em relao citada doena, estendeu suas observaes de controle a algumasoutras importantes fitomolstias e pragas que atacam a cultura docaju no Nordeste, incluindo o caro-amarelo (Tenuipalpus anarcadii

    De Leon, 1965). E, conforme os resultados exibidos na Tabela 3, amanipueira imps populao do referido caro uma taxa demortandade superior a 98%, seja na concentrao de 1:0 ou de1:1. A mesma tabela expe os ndices de controle pertinentes sdemais pragas e doenas avaliadas, sendo todos bem expressivos,variando de 86 a 100%. A eficincia da manipueira como acaricidaficou demonstrada, tambm, na rea da pecuria, conformeexperimento conduzido por Ponte (2000) e direcionado ao controle

    do carrapato Boophilus microplusCanestrini, 1887, persistente pragado gado bovino e de outros rebanhos domsticos. O ensaio envolveuvacas severamente infestadas de carrapatos, as quais receberamtrs aplicaes do composto a intervalos semanais. Acrescentou-seleo de rcino manipueira (1:1), como veculo aderente e repelente lambida da vaca e, assim, evitar eventuais reaes txicas. Amanipueira revelou-se to eficiente quanto o carrapaticidacomercial (cresolfenol) usado como referencial de controle. Ambos

    induziram 100% de mortandade aos carrapatos, s que amanipueira o fez a um custo baixssimo.Por oportuno, ressalta-se que, em quase todos esses testes e

    experimentos direcionados ao aproveitamento da manipueira comoinseticida ou acaricida, optou-se pela adio de um adesivo aocomposto, preferentemente a farinha de trigo, na proporo de1%, a fim de prover-lhe maior aderncia. Mas, no ensaio comocarrapaticida, usou-se leo de rcino.

    4.1 Recomendaes Prticas e Posologia

    luz dos resultados obtidos ao longo desta segunda etapado projeto Uso da Manipueira como Inseticida e Acaricida ,eis as recomendaes para o uso da manipueira, com vistas a taisfinalidades:

    - O tratamento deve constar, no mnimo, de trs ou quatro

    pulverizaes, ministradas a intervalos semanais;

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    - Acrescentar manipueira, pura ou diluda, ocorrespondente a 1% de farinha de trigo, a fim de garantir-lhe uma melhor aderncia;

    - Usar manipueira pura ou, por outra, diluda em gua, deconformidade com a praga e, sobretudo, com a cultura a sertratada. Assim, no tratamento de rvores (citros, abacateiro,jambeiro etc), usar manipueira pura ou em diluio 1:1; paraarbustos (murici, maracuj etc.), deve prevalecer a diluio1:1 ou, at mesmo, 1:2, esta para controlar caros ou insetosmais sensveis, tais como traas e pulges; para plantasherbceas de maior porte (pimento, berinjela etc),recomendam-se as diluies 1:2 e 1:3 e, para aquelas de menorporte, mais delicadas, usar a diluio 1:4. Todavia, para osdois ltimos casos, ou seja, para as herbceas em geral, sempre conveniente fazer, antes do tratamento definitivo,um teste preliminar, envolvendo um pequeno lote de plantas,a fim de ajustar a diluio sensibilidade da planta a sertratada e da praga a ser controlada, e

    - Para o caso especfico de tratamento de propgulos

    vegetativos (estacas, rizomas etc.) praguejados, imergi-losem manipueira pura durante 1h, sendo dispensvel oacrscimo de farinha de trigo. A fim de us-la comocarrapaticida, acrescentar 20 a 50% de leo de rcino, dadasas razes expostas anteriormente.

    4.1.1 Manipueira como formicida

    J em 2005, testou-se a manipueira no combate s savas

    (Atta sp.), atendendo a repetidos pedidos de agricultores.Realizaram-se dois ensaios, conduzidos simultaneamente (junho-julho/05), nos municpios de Acopiara e Russas, Estado do Cear,ambos encravados no Semi-rido nordestino.

    Na ocasio, aplicou-se cerca de 1 litro de manipueira pura(no diluda) em cada olho dos formigueiros. Nos dois ensaios,um nico resultado: a desativao dos sauveiros.

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    5 MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA

    Esta terceira fase do projeto teve incio em 1993, a partir de

    um trabalho de tese (mestrado) desenvolvido pela Professora. AdliaBenedito Coelho dos Santos, da Faculdade de Cincias Agrriasdo Par (FCAP), Belm, Estado do Par, sob orientao do autordeste livro. Na oportunidade, Santos (1993); Santos e Ponte (1993)estudaram a ao fungicida da manipueira no controle do Odiodo urucu (Bixa orellanaL.), doena causada pelo fungo Oidium bixaeVigas, um ectoparasita de marcante patogenicidade, haja vistaser a enfermidade por ele ocasionada a mais importante dentre as

    que afetam a citada planta em todo o Nordeste (PONTE, 1996a).O experimento pertinente ao estudo em referncia foiconduzido em condies de casa-de-vegetao e reuniu quatrotratamentos: testemunha (plantas no tratadas), manipueira pura(100%), manipueira em diluio aquosa (50%) e um fungicida base de pyrazophos que, por ser especfico contra os fungos dognero Oidium, foi includo como referencial de controle qumico.Ao final do experimento, constatou-se que a manipueira foi to

    eficiente quanto o fungicida sinttico, ento usado como parmetrode controle. Os autores admitiram que a ao oidicida damanipueira devida ao elevado teor de enxofre (cerca de 200 ppm)presente em sua composio, a exemplo do que ocorre com opyrazophos e com a maioria dos fungicidas recomendados para ocontrole curativo ou preventivo de odios, cujo ingrediente ativo o enxofre. evidente, com fundamento em tais resultados, que amanipueira poder muito bem substitu-los, com a vantagem

    adicional da economicidade devida sua condio de subprodutoquase sempre descartvel, sem esquecer, tambm, a inocuidade comrelao sade humana e a ausncia de riscos ao ambiente.

    Na tese em questo, a par do controle do Odio, observou-seque o tratamento com manipueira proporcionou, de um modoestatisticamente significativo, um maior crescimento das plantasde urucu, fato que deve ser atribudo menos ao controle da doenae mais adubao foliar proveniente dos macro e micronutrientes

    que integram a sua composio, incluindo o enxofre, o qual tem

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    efetiva participao na sntese e constituio de aminocidosessenciais, tais como cistena, cistina e metionina. Vale recordarque a deficincia de S nos vegetais superiores assemelha-se, emsuas conseqncias, carncia de N, uma vez que impede,

    igualmente, a formao de protenas.Dois outros odios Oidium anacardii Noack e Oidium sp.,

    fungos patognicos ao cajueiro a ciriguela (Spondias purpureaL.),respectivamente foram rigorosamente controlados pelamanipueira pura ou em diluio aquosa (1:1), conforme notificaram,pela ordem, Ponte (2001) e o fitopatologista Francisco das Chagasde Oliveira Freire, este em programa rural de TV. No primeiro caso,o Odio do cajueiro foi objeto de um controle curativo absoluto

    (100%), conforme dados expostos na Tabela 3. Acresa-se que esteestudo fez parte de um projeto (citado anteriormente) envolvendoa manipueira no controle de doenas e pragas do cajueiro edesenvolvido na Clnica de Planta Dr. Jlio da Ponte.

    Independentemente de outros testes de avaliao damanipueira como oidicida, claro que os resultados dessesexperimentos pioneiros podem ser extrapolados e prescritos paraos odios de um modo geral, os quais constituem um importantegrupo de fitomolstias para muitas culturas, a exemplo dasanacardiceas, rosceas e curcubitceas, alm do citado urucu. Etal prescrio equivaleria a um tratamento to eficaz quoeconmico, haja vista as razes acima enumeradas, mxime asupresso de riscos ao ambiente e sade humana, to prpriosdos agrotxicos em geral.

    Duas outras bem sucedidas avaliaes da manipueira como

    fungicida ocorreram em datas recentes, sendo relatadas por Ponte eGes (2000) e Ponte (2001), envolvendo, respectivamente, fungos deferrugeme antracnose: Uredo crotonis (P. Henn.) e Glomerellacingulata (Ston.) Spauld. & Schrenk., sobre plantaes de crton-de-jardim (Croton variegatusL.) e cajueiro (Anacardium occidentateL.). Noprimeiro caso, a manipueira foi usada em diluio aquosa 1:1, com1% de farinha de trigo guisa de adesivo. Uma nica aplicao docomposto foi suficiente para prevenir, durante trs semanas, osurgimento de novas pstulas de ferrugem. No segundo caso, amanipueira, sem ou com adio de gua (1:1), tambm acrescida de

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    farinha de trigo (1%), mediante seis aplicaes a intervalos semanais,suprimiu praticamente o aparecimento de novas leses foliares(mancha ou crestamento) de Antracnose nas plantas de cajusubmetidas ao tratamento. Os resultados desta segunda pesquisa esto

    sumariados na Tabela 3 e foram obtidos com o projeto Investigaosobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose do Cajueiro,elaborado e executado pela Clnica de Planta Dr. Jlio da Ponte.

    Mas a avaliao fungicida continua em aberto, ainda longede ser concluda. Com efeito, a manipueira ainda dever ser testadano controle de diversas outras doenas, de muitos outros gruposde fungos fitopatognicos, tais como os agentes de cercosporioses,cancros, carves, mldios, fusarioses e podrides de frutos, para

    citar alguns dos mais assduos em culturas tropicais (PONTE, 1980;1996c). Tais testes estariam cercados de expectativas otimistas, hajavista que, alm do enxofre e cianetos, a manipueira contm outrassubstncias antifngicas (MAGALHES, 1993), com destaque paracetonas, aldedos, tioninas, fitoalexinas, quitinases, lectinas e outrasprotenas de baixo peso molecular. Eis, portanto, um sugestivo filoque se oferece aos pesquisadores igualmente interessados emminimizar o uso de agrotxicos.

    At hoje, a nica experincia de controle de fitobacteriosecom manipueira a que se fez envolvendo a Galha de Coroa dourucu, doena causada por Agrobacterium tumefaciens (E.F.Sm. &Towsend) Conn., a qual foi preventivamente controlada comaplicaes semanais desse composto, na diluio de 1:1 (PONTE;HOLANDA, 1995). Todavia, neste caso, a ao de controle foi maisde natureza inseticida, pois exercida sobre o percevejo-grande(Leptoglossus gonagraFabr.) que, nas circunstncias experimentais,atuava como ativo agente disseminador da bactria. No obstante,os testes laboratoriais, envolvendo a mesma bactria, demonstraramum enrgico poder bactericida da manipueira, fato a ser reiteradoem experimentos vindouros.

    5.1 Recomendaes Prticas e Posologia

    Para o uso da manipueira como fungicida e bactericida devem

    ser observadas as mesmas recomendaes prescritas para o seuuso como inseticida.

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    Assim, o tratamento deve estender-se por, no mnimo, trsou quatro semanas, com uma pulverizao a cada sete dias.Prevalece, tambm, a recomendao no sentido de acrescentar-se1% de farinha de trigo ao composto, a fim de dar-lhe mais

    aderncia, uma condio particularmente importante no trato dedoenas, haja vista a prevalncia do controle preventivo sobre ocurativo. E, no tocante dosagem, as prescries pertinentes so,tambm, as mesmas. Desta forma, a opo pelo uso da manipueirapura ou diluda (diluies aquosas de 1:1, 1:2, 1:3 e 1:4) fica nadependncia, sobretudo, do porte e tolerncia da planta, reiterando-se a convenincia, no caso de tratamento de plantas delicadas, deproceder-se a um prvio teste de sensibilidade.

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    6 MANIPUEIRA COMO HERBICIDA

    Quem visita uma casa-de-farinha observa a total ausnciade vegetao rasteira, de plantas ruderais ou invasoras, na faixa

    de terreno que ladeia a vala externa por onde escorre a manipueira.Este fato, amplamente conhecido por quantos lidam com farinhada, um atestado eloqente da ao herbicida desse composto,independentemente de comprovao cientfica. Tal comprovaoseria prefaciada pelo trabalho de Fioretto (1994), especulando sobreo efeito da manipueira sobre diversas plantas daninhas, quando ausou em fertirrigao.

    Tais informaes eram alvissareiras, mas no suficientes para

    fins de uso prtico. Com efeito, o aproveitamento da manipueiracomo herbicida estava a exigir mais pesquisas, um aprofundamentodo estudo no propsito de dimensionar a sua exata potencialidadeem tal especialidade, de esclarecer o espectro de sua ao sobreplantas de folhas largas e estreitas, de aferir possveis efeitosresiduais etc. Enfim, o esclarecimento de muitos pontos quepudessem subsidiar e disciplinar o seu emprego em substituioaos herbicidas comerciais.

    E valeria a pena explorar esse veio de investigao cientfica,no apenas pelo apelo da economicidade, mas, sobretudo, no zeloda preservao do meio ambiente, haja vista os graves e constantesimpactos ambientais devidos aos herbicidas convencionais, cujatoxicidade , em regra, bem superior dos demais grupos deagrotxicos.

    Enfim, em 2001, fez-se a primeira avaliao, dentro do devidorigor cientfico, da manipueira como herbicida. Eis que a

    Companhia Energtica do Cear (COELCE), por determinao dosrgos oficiais de sade pblica e preservao ambiental, viu-seimpedida de prosseguir com o uso de herbicidas sintticos nas reasfsicas de suas subestaes eltricas, sob a alegativa, absolutamenteprocedente, de que tais compostos iriam envenenar os lenisfreticos subjacentes, pondo em risco a sade da populaocircunvizinha, a par de outros graves impactos ambientais. Diantedisto, a citada empresa passou a buscar um substitutivo para os

    herbicidas comerciais, j que deveria ter continuidade a eliminaode plantas invasoras em suas unidades, pois este mato abriga

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    passarinhos, rpteis, lacertlios, insetos e outros pequenos animaisque, com certa freqncia, danificam as instalaes eltricas porprovocarem curto-circuitos. Assim, a Coelce encomendou Clnicade Planta Dr. Jlio da Ponte um estudo sobre a viabilidade do

    uso da manipueira como herbicida. Ento, a Clnica elaborou oprojeto Investigao sobre a Utilizao da Manipueira comoHerbicida nas Subestaes da Coelce. Consoante este projeto, amanipueira pura (sem diluio em gua) foi, com auxlio deregadores, aplicada, por trs vezes, na rea experimental(quadriltero de terreno onde esto fincadas as torres doinstrumental eltrico da empresa), a intervalos de 24 horas e naproporo de 5 litros por m2 de solo. Ali, estavam presentes 17

    diferentes espcies de plantas invasoras. Conforme Ponte e Ges(2002b) que conduziram os trabalhos, 12 dentre as 17 espcies deervas (70,58%) comportaram-se como suscetveis, logo fenecendoao impacto do tratamento; trs outras espcies (17,64%)posicionaram-se como moderadamente suscetveis, apresentandograves sintomas de atrofia e crestamento foliar, emborasobrevivessem (mas, segundo os autores, as chances desobrevivncia seriam mnimas, caso o tratamento prosseguisse com

    mais uma ou duas aplicaes do composto); por fim, apenas duasespcies (11,76%) no caso, o cime ou flor-de-seda (Calotropisprocera R. Br.) e a salsa (Ipomoea asarifolia Roem. & Schult.) comportaram-se como resistentes, mostrando-se infensas aotratamento. Tais resultados, expostos no Quadro 1, revelam umaoutra qualificao da manipueira no mbito de sua utilizao comodefensivo agrcola: uma aprecivel ao herbicida. Alis, comodefensivo, a manipueira sobreleva-se em relao a qualquer outro

    composto, por sua abrangncia, pela amplitude de seu leque deopes, atuando como inseticida, acaricida, fungicida, nematicidae, tambm, como herbicida.

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    Planta

    Nome Cientfico Nome Vulgar

    Alternanthera tenellaMoq. Quebra-pedraAster chinensisL. Ranha Margarida

    Boerhaavia coccineaMill. Pega-pintoCenchrus echinatusL. Carrapicho-de-boiChamaesyce hyssopifolia(L.) Small Erva-de-leite SuscetveisChlorisgayana Kunth Capim RhodesCrotonsp. MarmeleiroCyperus rotundusL. Capim-juncoEvolvulus argenteusPursch Dinheiro-em-penca

    Malva silvestris L. MalvaPriva echinataJuss. Verbena-encarnadaSchrankia leptocarpaDC. Malcia-roxa

    Eragrostis ciliaris Link. Capim-fino ou grama-finaSolanum paniculatum L. Jurubeba

    Turnera subulata Sm. Chanana

    Calotropis proceraR. Br. Cime ou flor-de-sedaIpomoea asarifolia Roem. Resistentes

    & Schult. SalsaQuadro 1 Plantas invasoras presentes na rea experimental

    (Subestao Eltrica da Companhia Energtica do Cear Coelce) e seu comportamento em relao ao tratamentocom manipueira (extrato lquido das razes de mandioca)

    Fonte: Ponte e Ges (2002).

    Comportamento

    Moderadamenteresistentes

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    7 MANIPUEIRA COMO ADUBO

    Este captulo aborda um outro programa de pesquisa. Em

    verdade, paralelamente ao projeto Investigao sobre oAproveitamento da Manipueira como Defensivo Agrcola, o Autor,a partir dos anos oitenta, criava um novo e original projeto, intituladoInvestigao sobre o Aproveitamento da Manipueira comoFertilizante, estimulado pelos bons resultados obtidos com estecomposto para a mencionada finalidade, logo ao ensejo do primeiroteste, quando Franco e Ponte (1988) observaram que plantas de milho(Zea mays L.), cultivadas em solo adubado com manipueira,

    apresentavam, em confronto com o milho semeado em solo notratado (testemunha), crescimento, peso verde e produosignificativamente superiores: 20, 100 e 65% a mais, respectivamente.

    Mais tarde, desde quando se passou a conhecer, comexatido, a composio qumica da manipueira potencialmenterica em macronutrientes (K, N, Mg, P, Ca e S, pela ordemquantitativa) e com suficientes teores de todos os micronutrientesrequeridos pelas plantas, salvo o molibdnio , o Autor iria priorizar

    as pesquisas sobre a utilizao deste subproduto como fertilizantefoliar, por ser uma modalidade de adubao mais apropriada aum substrato lquido, sem subestimar, naturalmente, as vantagensinerentes a esta forma de suprimento de adubo, tais como menordesperdcio do composto e, em relao planta tratada, economiade tempo e energia, visto que o nutriente entregue na porta dafbrica, isto , diretamente sobre a folha, local-sede da fotossntese.

    No tocante a esta linha de pesquisa, o teste preliminar, Ponte

    et al. (1997), logo mostrou a procedncia da hiptese, atravs darevelao de resultados bastante sugestivos, uma vez que plantasde gergelim (Sesamum orientale L.) adubadas foliarmente commanipueira, em diluio aquosa 1:6, mediante seis pulverizaes aintervalos semanais, responderam com uma produoestatisticamente superior das plantas-testemunhas, fosse emnmero ou peso totais de frutos, com 67,3 e 52,1% a mais,respectivamente.

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    Estimulado pelo sucesso desse teste inicial, o autor elegeria omesmo tema para a dissertao de mestrado (ARAGO, 1995) que,pouco depois, iria orientar e para a qual projetou, naturalmente,um experimento de maior amplitude, envolvendo duas culturas

    (tomate e quiabo) e quatro diluies de manipueira (1:4, 1:6, 1:8 e1:10), tambm aplicadas seis vezes, a intervalos semanais. Estetrabalho viria comprovar a eficincia da manipueira comofertilizante foliar, pois as plantas com ela tratadas, indiferentemente diluio testada, apresentaram produo significativamentesuperior quela obtida com a aplicao de um fertilizante sintticode grande aceitao comercial e que fora escolhido como referencialde nutrio via foliar (ARAGO; PONTE, 1995).

    Na esteira do mesmo filo, seguiu-se o trabalho de Ponte et al.(1998), envolvendo cultivo de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.)Moench.), sob condies de solo pauprrimo (com baixos teores deN, P e K). As plantas de sorgo forrageiro foram adubadas, via foliar,com manipueira (diluio 1:6), acrescida ou no de um coadjuvanteadesivo, no caso a farinha de trigo. Em ambas as situaes, isto ,com ou sem este adesivo, a adubao com manipueira, praticadaseis vezes, a intervalos semanais, induziu uma produo de massa

    verde estatisticamente superior da testemunha, com aumentos daordem de duas e trs vezes mais, respectivamente. Alis, a inclusoda farinha de trigo no melhorou o rendimento da manipueira comoadubo foliar; pelo contrrio, restringiu-lhe a eficincia, com retornoem ganho de peso verde estatisticamente inferior ao que se obtevesem esse adesivo. Provavelmente, o aumento da densidade docomposto, pela incorporao da farinha, dificultou, em parte, a suaabsoro pelas folhas.

    A mais nova experincia da manipueira como fertilizantefoliar fez-se em data recente, j envolvendo um significativo avanotecnolgico em torno deste composto sua formulao em p. Osresultados (excelentes) ento obtidos e as caractersticas do novoformato do produto sero comentados mais adiante, no captulo10, totalmente reservado manipueira em p.

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    7.1 Recomendaes Prticas e Posologia

    luz dos resultados ora relatados, conclui-se que amanipueira, para efeito de adubao, pode ser usada por vias foliar

    e edfica, o que implica em recomendaes distintas para taismodalidades de uso.

    a) Fertilizao do solo- Usar a manipueira na diluio 1:1;- Aplic-la ao solo, justo na linha de cultivo, com o auxlio

    de um regador ou vasilhame similar, na razo de 2 a 4litros da diluio por metro de sulco;

    - A aplicao deve preceder ao plantio adubao defundao , e o solo, aps o tratamento, deve ficar emrepouso por 8 ou mais dias, e

    - Revolver levemente o solo que compe e margeia a linhade cultivo, antes de proceder semeadura.

    b) Fertilizao foliar- As diluies mais apropriadas so 1:6 e 1:8, a menos

    que haja, simultaneamente, necessidade de controle depragas ou doenas, optando-se, em tais casos, pordiluies mais concentradas, de acordo com asrecomendaes apostas nos captulos correspondentesa tais controles;

    - Fazer o mnimo de seis e o mximo de dez pulverizaes,preferentemente a intervalos semanais, e

    - Quando do uso da manipueira com a finalidade

    exclusiva de fertilizao foliar, no adicionar farinhade trigo, ingrediente s recomendvel nos casos decontrole de pragas e doenas.

    7.2 Informaes Adicionais

    Com vistas adubao do solo, as recomendaes oraenumeradas so, exatamente, aquelas prescritas para a utilizaodo mesmo composto como nematicida, no tratamento de linhas decultivo, em solo infestado de fitonematides, conforme o exposto

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    no item b, do tpico 3.1. Portanto, ao fazermos uma adubao defundao com manipueira, estaremos, tambm, efetuando ocontrole dos nematides fitoparasitas porventura presentes nomesmo solo. So, por conseguinte, operaes simultneas, o que

    releva o aproveitamento da manipueira como fertilizante.Destacamos a convenincia da diluio do composto em gua (1:1),a fim de torn-lo mais fluido e, assim, garantir-lhe uma maiorpenetrao no solo. No zelo dessa finalidade, a adio da farinhade trigo ou de qualquer coadjuvante-adesivo seriacontraproducente, sobre ser desnecessria.

    Do mesmo modo, ao fazermos o controle de pragas e doenasfoliares mediante pulverizaes com manipueira, estaremos,

    qualquer que seja a diluio utilizada, fazendo, simultaneamente,uma fertilizao foliar, fato que torna ainda mais rentvel a opopelo uso desse composto como defensivo agrcola.

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    8 OUTRAS SERVENTIAS

    Os projetos sob responsabilidade do Autor objetivam,

    exclusivamente, o aproveitamento da manipueira como insumoagrcola. Mas no fica apenas nisto, o que j seria de grandeimportncia, o repertrio de prstimos deste composto. Amanipueira pode ter uma serventia bem mais ampla, conformeindicam os resultados de pesquisas recentes, coordenadas poroutros autores.

    Cabello e Leonel (1994) obtiveram, a partir da manipueira, ocido ctrico, composto utilizvel nas indstrias farmacutica e de

    alimentos, mxime na produo de refrigerantes. Da mesma fonte,Cereda (1994) obteve uma biomassa oleaginosa de boa qualificao,dados os elevados teores de protenas e lipdios ali presentes e bemafeitos a fins alimentares. O mesmo trabalho faz aluso, tambm,ao uso da manipueira como meio de cultura apropriado ao cultivode microrganismos benficos em fecularia.

    Outras serventias, embora no to divulgadas, so relatadasna literatura. Eis alguns exemplos: a) na produo de lcool, a partir

    da fermentao dos acares presentes na goma residual docomposto (CEREDA, 1994); b) na indstria da borracha, prestando-se como coagulante do ltex da seringueira (CEREDA, 1994); c)na fabricao de tijolos, substituindo a gua e ensejando um tijolomais resistente, que no precisa ser queimado (MAGALHES,1993); d) o tradicional emprego na culinria paraense, constituindoo afamado molho condimentar denominado tucupi, bem assim naculinria nordestina, substituindo o vinagre ou a cachaa na

    preparao do molho de pimenta, e e) na produo da bebidaalcolica tiquira, muito comum no Maranho.

    Este leque de utilidades bem um atestado da potencialidadeindustrial que a manipueira encerra e que no vem sendo, at hoje,convenientemente explorada.

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    9 COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO

    Nas regies de clima tropical, a principal limitao ao uso da

    manipueira como insumo agrcola diz respeito indisponibilidadedeste composto em determinada poca do ano. No nordestebrasileiro, por exemplo, via-de-regra no se faz farinhada durantea estao das chuvas (de fevereiro a maio ou junho, nos anosnormais), atividade s exercida ao longo do vero, poca em queas razes esto enxutas, provendo, por conseguinte, um maiorrendimento de farinha.

    Portanto, sendo a manipueira um subproduto da fabricao

    da farinha de mandioca, ela normalmente estar em falta durantea estao chuvosa, justo quando se faz mais requisitada paradesempenhar a sua principal finalidade, ou seja, o seu empregocomo pesticida. Com efeito, nessa poca que se intensifica aatividade agrcola, com a prtica do tradicional plantio das guase, correspondentemente, quando se faz mais assdua e severa aocorrncia dos agentes de pragas e doenas, para cujo controledestaca-se, com eficcia e economicidade, a manipueira.

    E como superar tal limitao, de sorte a ter-se manipueira,em disponibilidade, em qualquer poca do ano?

    Uma das alternativas seria conserv-la em refrigerador,evitando-se a fermentao do composto. Mas seria uma soluopouco prtica, seja porque o grande volume de manipueira aconservar iria ocupar muito espao no refrigerador, seja porque amaioria dos agricultores de baixa renda no dispe desseeletrodomstico. Mas seria uma soluo vivel para o tratamento

    de pequenos cultivos de jardim e quintal.Outra alternativa, bem mais simples e prtica, seria manter,

    na propriedade agrcola, um cultivo permanente de mandioca, spara a extrao de manipueira, sempre que se fizesse necessrio oseu emprego como pesticida ou adubo foliar. Seria uma espcie defarmcia viva para a lavoura. Para tal fim, bastaria uma rearelativamente pequena (no mais de 5% da gleba) e de menorfertilidade, pois a mandioca uma cultura rstica, pouco exigente.

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    A terceira alternativa, de fundamentao industrial e,portanto, de maior validade prtica, a manipueira em p,matria enfocada no captulo seguinte.

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    10 MANIPUEIRA EM P

    A formulao da manipueira em p , sem dvida, a

    alternativa mais prtica para se ter a manipueira o ano todo e pormais tempo ainda. A esta formulao chegaram Ponte e Ges(2002a) mediante liofilizao, isto sem prejuzo das qualificaesdo composto natural (manipueira lquida), porquanto mantendo,em semelhantes propores, todos os seus componentes qumicos,sejam os macro e micronutrientes que lhe garantem a excelnciacomo adubo, sejam os cionetos que, como principais ingredientesativos, garantem sua vigorosa ao pesticida (Tabela 4).

    A manipueira em p veio para anular a principal limitaoda manipueira lquida, justamente a sazonalidade comentada nocaptulo anterior. Em forma de p, ela estar disponvel a qualquerpoca, pois independe do imediatismo da fabricao da farinha demandioca. Outras limitaes sero, tambm contornadas: aperecibilidade, pois a manipueira lquida vai perdendo suapotencialidade pesticida a partir do quarto dia ps-extrao,conforme Ponte e Franco (1983b); a dificuldade de transporte, fato

    inerente ao deslocamento de grande massa lquida para otratamento de extensos cultivos, e a dificuldade de comercializao,em decorrncia da sazonalidade e da pouca durabilidade docomposto lquido. Em oposto, a manipueira em p, alm de suadisponibilidade a qualquer tempo, ter uma longevidade bemexpressiva, enquanto sua transportao e comercializao tornar-se-o bem mais geis, por fora do menor volume (cada 100 litrosdo composto lquido gera de 6 a 8 kg de manipueira em p).

    Este novo produto, embora ainda esteja em via dereconhecimento de patente, j foi submetido ao primeiro teste decampo. Ges e Ponte (2002) o testaram como fungicida e fertilizantefoliar e os resultados confirmaram a hiptese lgica, aquela ditadapela composio qumica da formulao em p, semelhante damanipueira lquida.

    No aludido experimento pioneiro, Ges e Ponte (2002), amanipueira em p foi testada, em amendoim (Arachis hypogaeaL.),

    como adubo foliar e fungicida, no controle de Mycosphaerella

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    arachidicolaW. A. Jenkins, agente da Mancha Castanha. Usaram-seduas dosagens de manipueira em p: 1 e 2 colheres de sopa por litrode gua (cada colher contendo cerca de 20g do composto),comparando-as com a manipueira lquida em diluio aquosa 1:1 e

    a testemunha (gua + 1% de farinha de trigo, componente adesivotambm incluso nos demais tratamentos). Todos os tratamentos foramministrados quatro vezes, mediante pulverizaes a intervalossemanais. A incidncia da Mancha Castanha foi praticamente nulanas plantas tratadas com manipueira em p e os efeitos destecomposto como fertilizante foliar, especialmente na dosagem de 2colheres/litro, foram excelentes, aumentando, de um modoestatisticamente significativo, tanto a produo (peso total de vagens)

    como o porte vegetativo (peso fresco) das plantas de amendoim.Novos experimentos com manipueira em p investigando-

    a como inseticida, acaricida etc. esto sendo programados, masj cercados de uma expectativa otimista, haja vista o sucesso desteensaio pioneiro.

    Tabela 4 Composio qumica da manipueira em p comparada da manipueira lquida

    Manipueiraem p lquida

    Macronutrientes % ppmPotssio (K) 6,72 1.183,5Nitrognio (N) 1,00 425,5Magnsio (Mg) 0,37 405,0Fsforo (P) 0,29 259,5Clcio (Ca) 0,28 227,5Enxofre (S) 0,10 195,0

    Micronutrientes mg/kg ppmFerro (Fe) 5.355,00 15,3Mangans (Mn) 109,00 3,7Zinco (Zn) 22,00 4,2Cobre (Cu) 4,50 11,5Boro (B) 2,00 5,0

    Cianetos % ppmLivre 9,30 42,5Total 86,40 604,0

    Fonte:Anlises procedidas na UNESP, Campus de Botucatu, So Paulo.

    Componente

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    CEREDA, M. P. Caracterizao dos resduos da industrializaoda mandioca. In: CEREDA, M. P. (Ed.). Resduos daindustrializao da mandioca no Brasil. So Paulo: Paulicia,1994. p. 11-50.

    FIORETO, R. A. Uso direto da manipueira em fertirrigao. In:CEREDA, M. P. (Ed.). Resduos da industrializao damandioca no Brasil. So Paulo: Paulicia, 1994. p. 51-80.

    FRANCO, A. Subsdios utilizao da manipueira comonematicida.1986. 53 f. Dissertao (Mestrado em CinciasAgrrias) - Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 1986.

    FRANCO, A.; PONTE, J. J. Subsdios utilizao da manipueira

    como nematicida: dosagem e interferncia na fertilidade do solo.Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 12, n. 1, p. 35-45, 1988.

    FRANCO, A. et al. Dosagem de manipueira para tratamento desolo infestado por Meloidogyne: II) segundo experimento.Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 14, n. 1, p. 25-32, 1990.

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    MAGALHES, C. P. Estudos sobre as bases bioqumicas datoxicidade da manipueira a insetos, nematides e fungos.1993. 117 f. Dissertao (Mestrado em Cincias) - UniversidadeFederal do Cear, Fortaleza, 1993.

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    PONTE, J. J. da. Cassareep. Spore, Wageningen, v. 21, p. 10,1989.

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    ANEXOS

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    Foto 1 Descascamento manual de razes de mandiocaFonte: Sebastio da Ponte.

    Foto 2 Triturao de razes de mandioca em moinho eltrico

    (caititu).Fonte: Sebastio da Ponte.

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    Foto 3 Massa pastosa de mandioca, aps a triturao.Fonte: Sebastio da Ponte.

    Foto 4 Aposio de massa de mandioca em prensa de madeira de

    acionamento manualFonte: Sebastio da Ponte.

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    Foto 5 Prensagem da massa de mandioca em prensa de madeirade acionamento manual

    Fonte: Sebastio da Ponte.

    Foto 6 Secagem da massa em forno de alvenaria: ltima etapa da

    farinhadaFonte: Sebastio da Ponte.

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    Foto 7 Manipueira: extrato lquido das razes de mandioca, umsubproduto da farinhada

    Fonte: Sebastio da Ponte.

    Foto 8 Odio (oidium bixae) em folha de urucuFonte: Sebastio da Ponte.

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    Foto 9 Haste de urucu infectada pela bactriaAgrobacteriumtumefaciens, agente causal da Galha de Coroa

    Fonte: Sebastio da Ponte.

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    1Apresentao parcialmente extrada do texto escrito por Osvaldo de Oliveira

    Riedel mdico e membro da ACECI, prefaciando um dos livros de Jos Jlio daPonte.

    O AUTOR1

    JOS JLIO DA PONTE, com 46 anos

    de trfego pelas sendas da Fitopatologia, um dos mais experientes e competentesfitossanitaristas da atualidade. Experinciamaterializada em mais de 500 trabalhospublicados (livros, captulos de livro, teses,artigos e comunicaes cientficas,monografias e conferncias) no Brasil e noexterior; competncia reconhecida e laureada

    nos muitos ttulos e comendas que ilustram oseu esplndido curriculum: presidente da Academia Cearense deCincias (ACECI) e ex-presidente da Sociedade Brasileira deFitopatologia (SBF) e da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN);bolsista-pesquisador nvel I-A do CNPq; Medalha de Ouro do MritoFitopatolgico (SBF), Medalha de Ouro do Mrito da EducaoAgrcola Superior (1 lugar em concurso de ttulos promovido pelaABEAS e envolvendo representantes de todas agrofaculdades do

    pas) e Medalha Boticrio Ferreira (Cmara Municipal deFortaleza); diploma do Mrito Cientfico Professor Prisco Bezerra ecomendas de Honra ao Mrito outorgadas pela SBF, SBN e PrefeituraMunicipal de Fortaleza (Destaque da Cincia/1992); eleito Man ofthe Year/1997 (Homem do Ano/1997) peloAmerican BibliographicalInstitute (USA); reconhecimento internacional da Organizao dosEstados Americanos (OEA) e da New York Academy of Sciences; Livre-Docncia em Fitopatologia, e o ttulo que mais contempla o seu

    corao o de Professor-Emrito, a maior honraria universitria, aqual, com sobras, ele fez por merecer.

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    Desde os primeiros passos de sua longa e infatigvelperegrinao cientfica, ele fez da luta contra os agrotxicos apreocupao maior de suas investigaes, fosse atravs da criaode variedades resistentes, fosse mediante a busca de defensivos

    agrcolas naturais, insistncia esta premiada com a descobertada manipueira. Este trabalho, a Cartilha da Manipueira, umapaciente e minuciosa dissecao de tudo quanto j fez em prol doaproveitamento da manipueira como insumo agrcola, emsubstituio aos famigerados agroqumicos.

    Vale a pena conhec-lo.

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