By Jean Zanin

Prefácio

Caríssimo leitor, que neste momento abre estas páginas e as portas de sua alma a este livro, “Os 61 dias para a calma absoluta”, só me resta te agradecer, pela confiança e carinho dispensado a minha pessoa.

Se neste momento você está lendo este livro, depois de tê-lo escolhido entre tantos outros títulos existentes pelo mundo afora, vou me arriscar a dar um palpite sobre a sua personalidade:

Você talvez se considere uma pessoa que tem possibilidade de ter todas as qualidades humanas, menos uma, a mais decisiva e importante para os atuais tempos em que vivemos, a Calma. Se talvez eu lhe pedisse uma descrição sobre sua personalidade, acredito ser provável que você se descreva como uma pessoa do tipo A, classificando-se como uma pessoa tensa, impaciente, intranqüila, deveras preocupada com muitos assuntos ao mesmo tempo.

Agora te peço que feches os olhos por alguns minutos e imagine-nos, eu e você, juntos, presos num engarrafamento de trânsito. Eu estou do seu lado direito, com a expressão tranqüila, as mãos por sobre as pernas, e você percebe então que não consegue controlar suas mãos, tampouco seus pés, que não param quietos devido a toda sua impaciência. Basta uma pequena frustração, só uma fagulha sob o palheiro, para você explodir e arruinar todo o seu dia, que vinha sendo vivido, até aqui, com toda atenção dedicada ao controle, à tentativa de paciência, pelo motivo de sua própria experiência diante desses momentos dizer que não é nada salutar perder a calma e o controle nessas ocasiões. Você me olha, mais uma vez, e percebe que meu autocontrole continua inabalável. Agora abra os olhos e me responda: qual das duas atitudes é mais aproveitável?

Quantas vezes você se imaginou e se perguntou como seria bom ser como estas pessoas do tipo B – calmas, simpáticas, tranqüilas, joviais, sociáveis, tolerantes, e até, porque não, mais centradas. Que maravilha seria viver seu dia-a-dia!

Existem diversas teorias, algumas bastante válidas, para explicar porque você é assim, uma pessoa que perde a calma com facilidade. Talvez seus antepassados reagissem na base do desespero, agitando-se de um lado para o outro, gesticulando muito e invocando deuses e santos diante de qualquer problema, para que, somente depois de vencido o obstáculo, notar que o que fazia era uma tempestade num copo d’água. Ou quem sabe, desde a infância você foi rotulado de ranzinza, ou irritadiço, o que desenvolveu uma certa ansiedade, que aumentou a medida que você foi crescendo e se esforçando para se adaptar ao seu papel designado. Talvez você se considere especialmente sensível ao mundo caótico à sua volta, vendo-se como uma vítima deste fim de século infiltrado pelo temor do próximo milênio.

Provavelmente, você acredita que sua intranqüilidade seja constante e que nada pode atenuá-la, pois é forte como uma rocha. Mas Michelangelo, que sabia mais sobre a natureza das rochas do que qualquer outro ser humano, acreditava que cada bloco de mármore contém dentro de si uma escultura gloriosa, bastando para chegar até ela, desbastá-la, tirar seus excessos.

E é exatamente isso que “Os 61 dias para a calma absoluta” pretende realizar: remover seus excessos, seus obstáculos, que o impede de atingir sua verdadeira natureza interior, que é feita de um indestrutível e infinito núcleo de Calma, devendo ser eternamente abastecido de serenidade, permanecendo assim vivo, e sempre pronto e à sua disposição.

A grande verdade que procuro desenvolver com “Os 61 dias para a calma absoluta” é que, não existem pessoas do tipo A, e sim comportamentos e perspectivas deste tipo de pessoas. Não importa sua origem familiar, sua composição genética ou química, a educação que recebeu, o nível social ou econômico e até profissional. Entenda que isso tudo não interfere em nada na sua tranqüilidade. Você sempre será capaz de retornar à sua casa, ao seu refúgio de tranqüilidade e calma, mesmo nos momentos de adversidade ou de grande frustração.

Intranqüilidade e Calma coexistem. Como toda dualidade – alto / baixo, cheio / vazio, claro / escuro -, um termo não existe sem o outro. Até hoje você só conhecia seu lado intranqüilo. Eu disse “até hoje” porque a partir de agora você irá conhecer seu lado calmo e paciente, porque todos nós temos o poder de escolher a Calma. “Os 61 dias para a calma absoluta” consiste em informações teóricas e técnicas práticas para ajudá-lo a cada dia mais escolher pela calma no seu dia-a-dia.

Deixe-me resumir o que você encontrará neste livro, capítulo por capítulo, enquanto se transforma numa pessoa calma e tranqüila:

Os primeiros dez dias eu dedico inteiramente ao conhecimento e percepção de onde é mais forte sua ansiedade. São também os dez dias dedicados à atenção para a sua respiração, o primeiro passo concreto para ser uma pessoa calma.

O segundo conjunto de dias (do 11º ao 20º dia) é o conjunto da Misericórdia. A Misericórdia te provocará a ter Calma e tranqüilidade com todas as pessoas ao seu redor. É também o conjunto de dias para o contato com a água, para estabelecer tranqüilidade.

O terceiro conjunto de dias (do 21º ao 30º dia) é o conjunto de dias dedicado ao estudo dos Problemas. Aprender a ter calma e paciência durante os mais difíceis e complexos problemas a serem enfrentados é o desafio deste capítulo. Aqui também o aluno aprende a importância do caminhar para se estabelecer Calma interior.

O quarto conjunto de dias (do 31º ao 40º dia) é o das Mudanças. Ele lhe dará base para o conhecimento da interligação entre tudo e todos que há no Universo, além de fazer entender que todos fazemos parte de um estágio de mutação constante do nosso planeta. O entendimento primo deste capítulo é: não devemos lutar contra esta mutação, e sim através dela obtermos paciência e Calma. Os exercícios deste capítulo dizem respeito ao silêncio, interior e exterior.

O quinto conjunto de dias (do 41º ao 50º dia) é o que eu considero mais importante, e trata da consciência da Morte.

O sexto conjunto de dias (do 51º ao 60º dia) é o da Conexão. A Conexão aqui pode e deve ser entendida em dois aspectos: espiritual e física. Porém, como este livro tem como objetivo estabelecer em ti a mais profunda Calma da alma, o lado espiritual é o que será dado maior ênfase. A meditação será a base central dos exercícios aqui propostos.

O último dia de seu treinamento, o 61º dia, será de única e exclusivamente reverenciar o milagre da sua nova condição humana, de pessoa tranqüila, imperturbável na sua Calma interior. Iremos abordar, também, neste capítulo, as tentações da recaída para sua antiga condição de pessoa intranqüila.

Você deve estar imaginando com o que você estará lidando durante o programa “Os 61 dias para a calma absoluta”. Considero esta uma abordagem “psicoespiritual”. O termo pode parecer um pouco exagerado, mas na verdade não é. Cheguei à conclusão de que eu deveria dar alguma resposta todas as vezes em que me pediram para definir as técnicas aqui usadas, se psicológicas ou espirituais, como se uma excluísse a outra. Se era tão necessário um termo, decidi que um composto se encaixaria melhor. Afinal, quando termina a psicologia e começa a espiritualidade? É o mesmo que perguntar onde, exatamente, começa a linha que divide a mente da alma!

Agora, se você ficou levemente desconfiado ao ler a palavra “alma”, imaginando que, talvez, para ingressar no programa seja necessário ter uma fé inabalável, não se pré-ocupe. Não precisamos que você acredite firmemente em nada, até porque este tipo de crença só nos traz problemas. Ao contrário, tudo o que pedimos é que você abra sua mente, tenha disposição para conter a não-crença e para considerar algumas coisas sob uma nova ótica.

Este livro é fruto do meu trabalho como psicoterapeuta (no qual, constantemente, sou testemunha do impacto devastador da ansiedade e intranqüilidade na vida das pessoas) do Grupo de Análises Gestalt Brasil, do qual faço parte há mais de dez anos, e que me deu a honra de conhecer os “Sete Fabulosos” (Henri, Márcia, Marta, Maria de Jesus, Paulo, Fabiana e Jean).

Você aprenderá, ao longo deste livro, que o programa completo tem por fundamento o bom-senso e o humor que, no meu modo de pensar, são as duas principais ferramentas que temos à disposição para nos transformarmos.

Eu ainda lhe dou um aviso: cada um dos sete capítulos consiste em informar e sugerir ações. Se você somente ler e absorver as informações, sem estar atento à importância das ações e exercícios propostos, você estará reduzindo drasticamente os resultados possíveis a serem obtidos. Isto porque, por mais fortes que sejam as palavras, elas só podem chegar até um certo nível de resultados, enquanto que a prática destes incríveis exercícios propostos aqui, tem uma infinita gama de possibilidades de resultados, variando de pessoa para pessoa, de situação para situação.

Recomendo que, a cada sugestão de exercício você já comece a estabelecer seu nível razoável de prática, e os incorpore o mais breve possível ao seu dia-a-dia.

Recomendo também que você não pule ou ultrapasse etapas antes de vencê-la totalmente, seguindo o número de dias. Será uma maravilhosa oportunidade para você colocar sua ansiedade em “cheque-mate”. Você só passará para o próximo capítulo e ao próximo exercício depois de tê-lo ultrapassado e o aprendido em sua totalidade, depois do período de tempo estabelecido. Uma boa atitude a ser tomada, neste caso, é a adoção de um calendário exclusivo para esse seu treinamento, onde você irá anotar e verificar o período de tempo onde você se encontra e progrediu.

Não esqueça também que, ao incorporar as ações sugeridas, você vai, a princípio, se sentir um pouco mudado. Não no mau sentido, mas sim energizado, como se houvesse mudado para uma nova casa e ficasse descobrindo as novidades: a acolhida dos novos vizinhos, o local da mercearia e do jornaleiro. Mas não se preocupe, aos poucos as coisas se arranjam. Nosso intuito é que sua adesão ao programa se faça por meio de um movimento espontâneo, de ação catalisadora e não por meio de regulamentos e regras rígidas. “Os 61 dias para a calma absoluta” vão lhe ajudar a dar os saltos intuitivos necessários para atingir um novo nível de calma e tranqüilidade. E, por fim, pense que, ao dar esses passos, você não vai alterar o mundo, mas saiba que eles irão modificar profundamente a sua maneira de percebê-lo.

As mudanças acontecem de maneiras diferentes, que às vezes nem conseguimos perceber e quantificar. Às vezes, de fora para dentro, mas também pode acontecer de dentro para fora, como Michelangelo, desbastando a rocha para liberar a escultura.

Estarei te desejando toda a felicidade do mundo em seu treinamento. Que as bênçãos que vem dos céus caiam sobre você durante sua caminhada!

Jean Zanin

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Obrigado!