60anos de arte construtiva no brasil

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    max bill

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    max bill mavignier wollner

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    juan manuel bonet

    1 edioSo PauloDan Galeria2010

    60 anos dearte construtiva

    no brasil

    max bill mavignier wollner

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    7

    apresentao

    peter cohn

    bill-brasil: uma histria transatlntica

    juan manuel bonet

    da construo desconstruo

    erreira gullar

    max bill

    biografa de max bill

    almir mavignier

    biografa de almir mavignier

    wollner

    galxia gestalt

    andr stolarski

    entrevista com wollner

    andr stolarski

    biografa de alexandre wollner

    9

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    104

    sumrio

    max billvariation 4

    detalhe

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    9

    a dan galeria, j h alguns anos, tem direcionado suas

    exposies e eventos para artistas do movimento

    construtivista brasileiro. publicou o livro lothar charoux,

    a potica da linha, com uma exposio simultnea ao

    mam, ambas premiadas pela apca. exps lygia clark,

    faminghi, sacilotto, mavignier e a coletiva arte concreta

    e neoconcreta, da construo desconstruo.

    neste ano de 2010, em que se comemora os

    60 anos de arte construtiva no brasil, a dan galeria

    props-se a realizar uma mostra que remete gnese

    deste movimento, reunindo obras de max bill e de

    dois de seus alunos brasileiros da escola de ulm:

    mavignier e wollner.

    so dois mestres do design e da pintura concreta,

    artistas exclusivos da dan galeria e integrantes do grupo

    de artistas hoje objeto de estudo e reconhecimento

    pela crtica e colecionismo internacionais.

    assim como a escola de paris oi undamental

    para a histria do modernismo brasileiro, a chegada das

    obras de max bill em 1950, sua exposio retrospectiva

    do masp em 1951 e o 1 prmio da bienal de so paulo,

    no mesmo ano, confguram o momento histrico do

    recm iniciado movimento construtivo, como muito

    bem se l no abrangente estudo de aracy amaral, em

    seu livro projeto construtivo brasileiro.

    um dos aspectos mais sedutores da arte

    construtiva est na explicitao do belo, atravs da

    harmonia das relaes matemticas, subjacente a toda

    realidade visvel. o construtivismo substitui a mimese

    naturalista, indo ao mago das estruturas.

    ponto, linha, plano, construes geomtricas,

    estruturas subjacentes a tudo que nos rodeia, so

    tomados e nos remetem ao belo, em sua gnese.

    esta exposio simultnea 29 bienal de

    so paulo d sequncia s mostras construtivas

    na dan galeria apresentando pinturas, serigrafas e

    plottergrafas histricas e atuais, num total de 52

    trabalhos e vrias mdias.

    h que destacar nossos agradecimentos pela

    colaborao especial da editora cosac naiy, de

    andr stolarski, de augusto de campos, de alexandre

    wollner e de erreira gullar que, com seus trabalhos,

    cooperao e autorizaes, ajudaram a viabilizar a

    mostra e esta publicao.

    peter cohn

    60 anos de arte construtiva

    maviginerbrasil rotao

    detalhe

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    pas onde as vanguardas conheceram um importante

    desenvolvimento a partir de 1922 ano da semana

    de arte moderna de so paulo o brasil no esteve,

    no entanto, na linha de rente no que se reere

    abstrao. na realidade, sua entrada aqui se deu muito

    lentamente. a primeira obra abstrata e construtivista

    brasileira, tambm em 1922, no oi um quadro, mas

    um trabalho tipogrfco: a capa annima e de orte

    sabor russo da revista modernista paulista klaxon,

    rgo de um grupo capitaneado por mrio de andrade,

    connoisseurdas vanguardas europias, incluindo o

    uturismo e o lesprit nouveau.

    e, recontando as relaes do brasil com o

    construtivismo, o que segue acontece no campo

    da arquitetura, na expresso dos pioneiros gregori

    warchavchik, o tambm pintor vio de carvalho, lcio

    costa, oscar niemeyer...

    sempre em sintonia com o lesprit nouveau, temos

    que recordar, em 1937, o ministrio de educao

    e sade no rio, uma obra na qual colaboraram

    lcio costa, oscar niemeyer e le corbusier muito

    vinculado ao brasil como supervisor do projeto que

    complementado por azulejos de candido portinari e

    pelos jardins de roberto burle max.

    o terceiro salo de maio paulista oi em 1939,

    um marco no conhecimento da abstrao pelo pblico

    brasilei ro. vio de carvalho, personalidade marcante e

    multiacetada do modernismo brasileiro, conseguiu trazer

    entre outras, obras de jose albers, alexander calder, hans

    erni, jean hlion, carl holty e alberto magnelli.

    um grande impulso para a confgurao defnitiva

    da modernidade brasileira acontece no ps-guerra.

    a criao do museu de arte de so paulo (masp),

    encabeada pelo recm chegado italiano pietro

    maria bardi, e o museu de arte moderna (mam),

    iniciativa de rancisco matarazzo, no qual teve lugar

    a primeira bienal de 1951, modifcam o cenrio

    brasileiro das artes. leon degand, o critico belga

    e primeiro diretor do mam, inaugurou o museu em

    1949, com a extraordinria coletiva do fgurativismo

    ao abstracionismo, na qual participaram, entre outros,

    arp, jean-michel atlan, calder, waldemar cordeiro,

    robert delaunay, jean dewasne, ccero dias,csar

    domela, samson exor, hans hartung,auguste

    herbin, kandinsky, kupka, ernand lger, alberto

    magnelli, mir, rancis picabia, serge poliako, alred

    roth, sophie taeuber-arp, georges vantongerloo, victor

    vasarely, jacques villon...

    uma das exposies mais arrojadas do masp,

    em sua primeira ase, oi a dedicada ao suo max

    bill em 1951. o artista, que no pde comparecer

    inaugurao, deixou instrues precisas para a sua

    montagem que inclua pinturas, esculturas, obra grfca,

    cartazes, objetos, maquetes e otografas de edicios.

    bardi conheceu max bill na milo de 1945. geraldo

    erraz, um dos poucos crticos brasileiros receptivos

    mostra, escreveu uma resenha no peridico carioca

    o jornale a revista habitat, de lina bo bardi, em cujo

    segundo exemplar aparecia o artigo de max bill

    beleza provinda de uno e beleza como uno,

    naturalmente tambm apoiou a mesma.

    quanto bienal, reencontramos, nas glrias de sua

    primeira edio, o nome de max bill que obteve o grande

    prmio de escultura com a unidade tripartida(1948-

    1949), uma pea de ao inoxidvel baseada na cinta de

    moebius, que hoje az parte da coleo do mac/usp.

    em 1952, niomar moniz sodr, diretora do mam

    rio, visitou max bill em seu atelier de zrich e adquiriu

    duas esculturas para a coleo do museu.

    quando triunou na bienal de so paulo, max bill

    (winterthur, 1908 - berlim, 1994) tinha quarenta e trs

    anos e uma j importante carreira. ormado como

    ourives na kunstgeverbeschule (escola de artes e

    ocios) de zrich (1924-1927), conheceu le corbusier em

    1926 numa de suas conerncias e passou rapidamente

    ao bauhaus (1927-1929) ento em dessau, onde oi

    bill-brasil: uma histria transatlnticajuan manuel bonet

    wollnersem ttulo

    detalhe

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    visin de toms maldonado. um pouco mais tarde,

    seria um dos entrevistados por kosice em seu livro

    geocultura de la europa de hoy(buenos aires, losange,

    1958). outra publicao relevante daqueles anos,

    qual esteve vinculado, oi a espetacularspirale(1953-

    1964), de berna. dirigida por marcel wyss, contou

    com a participao de eugen gomringer (nascido na

    bolvia) e secretrio de max bill por um tempo) e dieter

    roth. e, na rea das artes plsticas, com colaboraes

    originais de albers, arp, max bill, lanranco bombelli

    (que, com o tempo, muito ez para a diuso da obra

    billiana na espanha), camille graeser, leo leuppi, verena

    loewensberg, richard paul lohse, vantongerloo, mary

    vieira e riedrich vordemberge-gildewart. um grupo

    sem dvida suo em sua maioria, mas que tambm

    incluiu alguns alemes, um belga e uma brasileira, a

    escultora mary vieira, membro do grupo allianz, esposa

    de carlo belloli, que desenvolveu na cena sua a principal

    parte de sua carreira.

    tudo que oi dito at agora nos permite apreciar

    a hiperatividade de max bill (que o autor destas linhas

    entrevistou em 1980 para o jornal madrilenho el pas,

    por ocasio de sua retrospectiva no museo espaol

    de arte contemporneo), seu proundo conhecimento

    da tradio qual associava seu projeto (nessa

    entrevista alou com admirao sobre torres-garca),

    e seu carter batalhador. este teria a oportunidade

    de maniestar-se em seu trabalho entre 1953 e 1956,

    na conduo da hochschule r gestaltung (escola

    superior da orma) de ulm, escola conhecida pela sigla

    hg, e que seria considerada como a continuadora

    mais direta do bauhaus. escola, cujo austero e

    conortvel edicio, oi obra sua e na qual conuram

    talentos muito diversos. em alguns casos como

    proessores integrados ao seu claustro (otl aicher,

    inge aiger-scholl, jose albers, max bense, karl gerstner,

    johannes itten, toms maldonado, abraham moles,

    walter peterhans, riedrich vordemberge-gildewart),

    e em outros como conerencistas (reyner banham,

    herbert bayer, os eames, r. buckminster uller,

    walter gropius, mies van der rohe, joseph rickwert,

    karlheinz stockhausen, norbert wiener). uma lista

    enorme de nomes, embora s enumere aqui alguns

    exemplos que alam da continuidade relativa bauhaus

    e tambm da capacidade de conexo com uma nova

    sara, especialmente pelo lado cientfco. entre os

    alunos, cinco brasileiros: rauke e elke koch-weser, almir

    mavignier, alexandre wollner e mary vieira que em seu

    pas natal havia sido aluna de guignard e que permaneceu

    por muito pouco tempo em ulm.

    toms maldonado, um dos pintores mais

    signifcativos da cena geomtrica argentina, undador

    em 1945 da asociacin de arte concreto-invencin,

    conheceu max bill na zrich de 1948. da mesma orma

    aluno de kandinsky, paul klee, moholy nagy e oskar

    schlemmer, entre outros. em 1930 se estabeleceu

    como arquiteto em zrich. durante os anos seguintes

    participou como pintor um pintor interessadssimo

    em matemtica nas principais iniciativas destinadas

    a consolidar uma rente construtivista na europa, entre

    elas a abstraction-crationde pars, na qual se tornou

    grande amigo de um de seus criadores e executores,

    georges vantongerloo, que muito inuenciou algumas

    de suas obras concretas durante os anos 40.

    com o tempo, max bill compatibilizou a arte dos

    pincis com a escultura (as baseadas na cinta de

    moebius, como a premiada em so paulo), com o

    desenho industrial (incluindo o relgio junghans), com

    uma excepcional obra tipogrfca (so seus os desenhos

    dos primeiros volumes da obra completa de le corbusier,

    assim como o do muito conhecido livro de alred roth

    sobre a nova arquitetura), com a pedagogia, o ensaio, a

    cenografa e com uma produo arquitetnica reduzida,

    mas de grande qualidade, sempre com base numa

    percepo modestae claraj maniestada em sua

    prpria casa em zrich (1932-1933).

    artista completo, transitou em cdigos

    internacionais sem nunca deixar de lado a poltica

    sua. entre 1967 e 1971 chegou a ser membro

    do parlamento, azendo parte do grupo dos

    independentes. em 1936 obteve, com seu desenho

    do pavilho suo, o prmio de honra na trienal de

    milo. belssima a sua srie quinze variations sur

    un mme thme(pars, cahiers libres, 1938), de ttulo

    e atmosera to musicais: se um tema estrutural

    nasce cumprindo uma lei de desenvolvimento e no

    arbitrariamente, admite uma multiplicidade infnita de

    possibilidades. em 1944 organizou, desenhando

    tambm seu cartaz, a coletiva konkrete kunstna

    kunsthalle de basilia, para a qual retomou, como vinha

    azendo h alguns anos, o conceito de arte concreta

    criado por theo van doesburg.

    no ano seguinte editou as 11 confgurationsde

    arp, um de seus inspiradores, muito embora no

    demonstrasse as mesmas inclinaes ou o seu sentido

    de humor. em 1947 exps com anton pevsner e

    com vantongerloo na kunsthaus de zrich, tendo sido

    novamente o autor do cartaz da mostra. na paris

    de 1951, aim maeght editou sua monograa sobre

    kandinsk y. coincidentemen te, naquele mesmo ano e

    naquela mesma cidade, recebeu o prmio que levava

    o nome do artista russo. no mbito latino-americano,

    cabe mencionar a presena, distncia, deste suo,

    na buenos aires concreta dos anos 40. seu nome e

    sua obra aparecem sucessivamente em importantes

    revistas como arte madi universalde gyula kosice,

    ciclode aldo pellegrini, ver y estimarde jorge romero

    brest, contemporneade juan jacobo bajarla, e nueva

    morar no conjunto do pedregulho. em conerncia

    aos estudantes de arquitetura paulistas, o suo seguiu

    em sua linha de ataque contra o que considerava

    o academicismo moderno brasileiro: demasiada

    orma orgnica e gratuita imitada de arp e le corbusier,

    demasiadas curvas utilizadas de maneira puramente

    decorativa, demasiado pan de verre, demasiado

    brise-soleil, demasiados pilotis...

    nessa ocasio, seu principal motivo de irritao

    oi outra obra de niemeyer, a galeria calirnia, que

    considerou terrvel, o fm da arquitetura moderna.

    a causa, o uso antasioso dos pilotis que comparou

    a uma oresta virgem da construo, perguntando-

    se como podem existir no brasil construes to

    selvagens. tudo isso, incluindo sua antes aludida

    deesa de uma arquitetura modesta e clara, oi

    registrado no n 14 de habitat, j em1954, ano em que

    bill retornou a so paulo.

    o escndalo se tornou internacional, quando esse

    registro oi includo no report on brasil do nmero

    de outubro da londrina architectural review, na qual

    tambm se encontravam outras opinies de walter

    gropius, do japons hiroshi ohye e de ernesto rogers.

    em madrid, o texto oi reproduzido naquele

    mesmo ano no n 163 da revista nacional de

    arquitectura, que o recuperou da revista de arquitectura

    de buenos aires. alm de niemeyer, max bill estava,

    na realidade, atacando seu admirado antecessor

    le corbusier, o nico nome prprio citado naquela

    conerncia.

    o debate resume tudo muito bem, includa a cida

    resposta do prprio niemeyer em sua revista mdulo

    e o captulo a afrmao de uma escola do livro de

    hugo segawa arquiteturas no brasil: 1900-1990(so

    paulo, 1998, edusp). ainda sobre o tema, tambm

    devem ser vistos o ensaio de mara amalia garca max

    bill on the map o argentine-brazilian concrete art, em

    building on a construct: the adolpho leirner collection

    o brazilian constructive art at the mah , houston, the

    museum o fne arts, 2009, e o artigo da mesma

    autora: tenses entre tradio e inovao: as crticas

    de max bill a arquitetura moderna brasileira, em

    concinnitas, n 16, rio de janeiro, junho de 2010.

    max bill sempre ascinante, mesmo quando

    equivocado, como maniestamente o caso rente

    arquitetura brasileira. releio uma vez mais minha

    entrevista de 1980 com ele e, enquanto seu ataque

    contra os cinticos, aos quais qualifca de circenses me

    parece previsvel, a admirao que maniesta por giorgio

    morandi me surpreende positivamente. lembro-me

    ento que, no ateli deste ltimo em bolonha, girava no

    teto uma leve escultura do suio, de quem tambm, na

    biblioteca, certamente havia algum livro com dedicatria.

    alexandre wollner (so paulo, 1928), a partir

    que para alredo hlito, o citado kosice, juan mel, lidy

    prati e outros artistas da vanguarda portenha, o suo

    era, para ele, naquele momento, um claro de luz.

    em 1955, maldonado oi autor de uma monografa

    sobre max bill, publicada em seu editorial nueva visin.

    rapidamente a relao entre os dois se deteriorou e o

    argentino terminou sendo um dos causadores de sua

    sada da escola, na qual permaneceu inicialmente como

    membro de um grupo reitor e mais tarde como seu

    responsvel mximo at seu echamento em 1968.

    desnecessrio dizer que max bill no perdoaria

    o que considerou uma traio e assim, na entrevista

    madrilenha disse o que queria: em maldonado

    tambm havia muito orgulho, uma vontade incrvel

    de desempenhar sempre um grande papel, um

    blee, convenhamos, com toda a sua terminologia

    pretensamente criadora.

    no mbito brasileiro, os contatos de maldonado

    com seus pares oram adiantados, o que na nueva

    visin se traduziu na presena de bardi ou de geraldo

    de barros, com suas buscas otogrfcas, assim como

    na participao do argentino, em 1951, no curso de arte

    moderna, organizado em terespolis, pelo compositor

    hans joachim koellreutter, j presente nas pginas de

    arte madi universal.

    em 1953, o mam do rio apresentou uma mostra

    dos concretistas argentinos, precisamente em maio de

    1953. graas a um convite de niomar moniz sodr,

    max bill fnalmente visitou o brasil, pronunciando

    conerncias no rio de janeiro e em so paulo.

    no rio, onde topou com maldonado, sabemos

    que conheceu manuel bandeira, roberto burle marx,

    lcio costa, oscar niemeyer, abraham palatnik, lygia

    pape, aonso eduardo reidy e os irmos roberto. em

    so paulo encontrou os bardi, geraldo de barros, sergio

    milliet, mrio pedrosa, alexandre wollner...

    entrevistado por vio de aquino na popular

    revista manchete, maniestou-se contra o emblemtico

    e corbusiano ministrio de educao e sade, incluindo

    seus pilotis e os azulejos de portinari, e contra o

    conjunto da pampulha de niemeyer, que considerou

    de um barroquismo excessivo com suas curvas

    caprichosas e gratuitas. do ponto de vista social,

    criticou como demasiadamente luxuoso o bloco de

    apartamentos de lcio costa no parque guinle do rio.

    o nico edicio que encheu seus olhos oi uma

    obra de reidy, o conjunto residencial de pedregulho,

    tambm no rio.

    crtica do b arroquismo, lcio costa respondeu

    com ironia prpria manchete: no descendemos de

    relojoeiros, mas de abricantes de igrejas barrocas.

    os elogios a pedregulho oram repetidos por max bill no

    jornal tribuna da imprensa, numa entrevista intitulada

    pelo romeno stean baciu de max bill gostaria de

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    14 15

    lo na extensa entrevista concedida a andr stolarski

    (alexandre wollner e a ormao do design moderno

    no brasil: depoimentos sobre o design visual brasileiro,

    so paulo, cosac naiy, 2005), emprega palavras pouco

    amenas (ele era terrvel; as pessoas soriam porque

    ele bronqueava, chutava, xingava), e at mesmo

    reconhece que herdou essa legendria dureza billiana.

    desse perodo o cartaz verde-amarelo de wollner

    para a coletiva brasilianischer knstler, celebrada em

    1958, na haus der kunst de mnich.

    no ano seguinte, j no brasil, mencionemos outro

    magnfco cartaz seu, anunciador do congresso da

    aica, que se celebrou em braslia, rio e so paulo, sob o

    signifcativo lema a cidade nova, sntese das artes.

    para conhecer em proundidade a obra de wollner

    como designer, dispomos de dierentes monografas,

    a mais importante das quais a publicada em 200 3

    pela cosac naiy, sob o ttulo design 50 anosque, entre

    outros textos contm um vasto e autobiogrfco escrito

    do prprio artista e um texto breve, mas pereito de um

    de seus pares, o poeta concreto dcio pignatari, que

    emoldura seu caso no contexto dos brilhantes fties

    brasileiros: anos 50, a mais extraordinria dcada

    construtiva do brasil internacionalista: bienal, masp,

    vera cruz, braslia, arte e poesia concreta, indstria

    automotiva, utebol. e a liberdade, que tudo envolvia,

    criando aura e clima para grandes surtos abdutivos,

    depois da mortera barbrie hitlerista. em seu texto

    autobiogrfco, wollner recorda que conheceu pignatari

    em ulm, de onde havia chegado procedente de paris,

    e onde lhe apresentou gomringer. tambm recorda

    que, quando retornou ao brasil, undou com geraldo

    de barros, rubens martins e outros, a orminorm.

    nos textos, teve a colaborao de pignatari, com

    quem voltaria a contar em mltiplas ocasies. da

    mesma maneira, o poeta o convida para dar orma

    ao ormidvel suplemento semanal inveno, que

    publicava no correio paulistanocom os irmos augusto

    e haroldo de campos e com mrio chamie.

    do discurso mais terico de wollner nesse

    interessantssimo livro, destaco o que az reerncia

    mencionada capa construtivista de klaxon,

    considerando-a como a pedra undamental do

    desenho grfco brasileiro e reproduzindo a de seu

    primeiro nmero.

    em 1963 era inaugurada no rio, a escola superior

    de desenho industrial (esdi) dirigida por maurcio

    roberto, grande fgura da arquitetura modernista

    brasileira como seus irmos marcelo e milton que

    representava, no sem difculdades, a adaptao das

    propostas ulmianas ao meio brasileiro. ali presentes

    estavam wollner e pignatari, dois outros ulmianos, karl

    heinz bergmiller e paul edgard decurtins e, durante um

    tempo, a bibliotecria da escola alem, andrea schmidt.

    de 1950, havia se ormado no instituto de arte

    contempornea do masp. o excepcional corpo docente

    daquele centro inclua, alm de bardi, seu undador e

    diretor, criadores e intelectuais to interessantes como

    roger bastide, lina bo bardi, leopoldo haar, aldemir

    martins, vio motta, jacob ruchti e roberto sambonet.

    o primeiro contato de wollner com a obra de max

    bill, que ele recorda como algo de to excepcional

    importncia, que sua primeira sensao oi de absoluta

    paralisia, aconteceu precisamente em 1951, quando

    bardi lhe pediu para colaborar na instalao da j

    mencionada retrospect iva do suo. da mesma orma

    oi impactado, naquele mesmo ano, por outra mostra

    no masp dedicada ao cartaz suo. as primeiras

    realizaes tipogrfcas do caula, algumas delas

    para a flmoteca do mam, revelam a nase que ele

    deu inuncia de tudo aquilo, especialmente s

    consideraes de max bill. geraldo barros - pintor e

    otgrao - oi colaborador ocasional em algumas dessas

    realizaes, nas quais tambm dava seus primeiros

    passos. graas a ele, wollner tornou-se um pintor

    concretista e passou a integrar-se no pioneiro grupo

    ruptura, undado em 1952, e do qual tambm aziam

    parte o citado, lothar charoux, waldemar cordeiro,

    kasmer jer, leopoldo haar, judith lauand, mauricio

    nogueira lima, luiz sacilotto e anatol wladyslaw.

    com o rupturainicia-se a aventura do concretismo

    brasileiro. dos extraordinrios quadros, com os quais

    wollner contribuiu, eitos com esmalte sobre duratex,

    mencionemos o de 1953 que oi propriedade de

    adolpho leirner e que hoje est, como o restante dessa

    coleo, no museum o fne arts, de houston.

    outra grande experincia para o aprendiz de

    pintor oi sua colaborao, em 1953, nas tareas de

    montagem da segunda bienal. ali, teve a oportunidade

    de contemplar obras primas d a vanguarda internacional,

    muitas pertencentes a artistas inscritos no horizonte

    da geometria, com destaque para as obras dos neo-

    plasticistas holandeses. presente nessa edio da

    bienal, com trs de seus quadros, recebeu o prmio de

    pintura jovem revelao vio de carvalho. e seriam

    seus os cartazes da terceira (1955) e quarta (1957)

    bienais, realizados desde ulm.

    durante seus anos de ulm (1954-1958), wollner

    realizou seu sonho de aprender com o mestre suo

    e grande herdeiro da bauhaus, inicialmente reticente

    em aceit-lo como aluno. o brasileiro, que em ulm

    abandonou a pintura, optando pelo design, tirou

    muitas e boas otografas da hg, de seus proessores

    sempre se sentiu em dvida com aicher, em cuja

    aula ez um bonito esboo de cartaz para a panair do

    brasil e de seus condiscpulos. relembra de muitos

    ocorridos ulmianos e dos conitos que desembocaram

    na j mencionada sada do criador max bill. para evoc-

    entre os conerencistas, alguns nomes j mencionados

    da escola alem: aicher, max bense, maldonado,

    moles...

    indiscutivelmente, wollner, um d os grandes

    nomes do design brasileiro,que ez contribuies

    extensamente diundidas na vida cotidiana do pas,

    que se destacam por sua simplicidade e efccia

    grfca, depois de ulm, como j mencionei, nunca

    retornou prtica da pintura - qual ez to brilhantes

    contribuies antes de sua estadia alem.

    o outro discpulo brasileiro de max bill e de

    ulm, almir mavignier (rio de janeiro, 1925), residente

    desde 1965 em hamburgo, de cuja hochschule

    r bildente kunst oi proessor, compatibilizou, no

    entanto, o trabalho no mbito da pintura com notveis

    contribuies no campo do design, especialmente

    do cartaz. seu primeiro proessor de pintura oi o

    hngaro arpad szenes, reugiado no rio durante os anos

    da segunda guerra mundial, junto com sua mulher, a

    portuguesa maria helena vieira da silva, dois nomes

    muito queridos para o autor destas linhas, que os

    conheceu ainda menino e que com eles conviveu

    com requncia por muitos anos. naquele tempo,

    mavignier dirigiu um atelier de artes plsticas para

    internos no hospital do engenho de dentro. suas

    primeiras tentativas abstratas, entre o geomtrico e o

    orgnico, datam de 1947 e, seus contatos com milton

    dacosta, abraham palatnik, o crtico mrio pedrosa,

    ivan serpa, e mary vieira se intensifcaram. em 1949,

    passando pelo rio, conheceu maldonado. em 1951,

    tambm se impressionou com a retrospectiva max

    bill do masp. naquele mesmo ano participou tal

    qual serpa, que recebeu um prmio de aquisio da

    bienal de so paulo e oi para paris, onde conheceu

    vantongerloo e estudou na grande chaumire com

    jean dewasne. sua abstrao evoluiu do orgnico ao

    sistemtico, sem renunciar de todo ao intuitivo. no

    ano seguinte, seu encontro com max bill aconteceu

    em zurich, por intermdio de mrio pedrosa e mary

    vieira. o pintor no s lhe mostrou seu ateli como

    tambm o introduziu aos atelis de camille graeser,

    verena loewensberg e richard paul lohse. tambm em

    companhia de pedrosa o brasileiro visitou morandi em

    bolonha. inicialmente, max bill no aceitou mavignier

    como aluno - est claro que era um proessor que

    comeava dizendo que no- o que o levou a optar

    por estudar em stuttgart com willi baumeister.

    fnalmente, mary vieira intercedeu por seu

    compatriota, que pde incorporar-se a ulm, onde

    esteve entre 1953 ano em que enviou obra ao

    salon des ralits nouvelles de paris, um dos

    principais encontros para aqueles que, naqueles anos

    de esmagador predomnio inormalista, seguiam

    empenhados em empunhar a bandeira da geometria

    e 1958; e onde oi especialmente sensvel aos

    ensinamentos de albers, com quem aprendeu a amar o

    quadrado. sua primeira individual europia aconteceu

    em 1955, na galerie 33 de berna. construo e

    intuio dialogam em nove quadrados(1956). em

    1957, um one man show no museum ulm, e outro

    na galerie gnsheide 26 de stuttgart, este com um

    catalogo preaciado por max bense, responsvel pela

    sala. na dsseldor de 1958, exps com o grupo zero.

    1964 o viu participar na documentade kassel, e

    dentro do pavilho brasileiro na bienal de veneza, uma

    dobradinha que se repetiria quatro anos depois. em

    1965, oi includo na coletiva do moma nova-iorquino

    the responsive eye, que marcou o apogeu do op

    art, uma tendncia com a qual mavignier maniestou

    como pintor, naquele momento, certa afnidade. em

    1968, apresentou sua obra na kestner-gesselschat

    de hannover, com catlogo novamente preaciado por

    bense. gomringer, assessor artstico da empresa

    de porcelana rosenthal, incorporou naqueles anos o

    brasileiro ao seu programa, da mesma orma que a

    max bill e a muitos outros artistas de vanguarda. em

    1973, exps em dsseldor, na sala conjunta de denise

    ren, a grande galerista da geometria do ps-guerra, e

    hans mayer. em 1985, ano em que recebeu o prmio

    anton stankowski, sua obra pode ser contemplada,

    sucessivamente, em dois espaos alemes chave para

    os artistas da tradio construtiva, o bauhaus-archiv de

    berln, e o jose albers museum, de bottrop.

    espetacular o trabalho de cartazes de

    mavignier. seu cartaz horizontal de 1955 para a

    retrospectiva de vordemberge-gildewart no museum-

    kunstverein de ulm pode ser qualifcado de obra

    prima pr-minimalista: um undo vermelho e duas

    linhas de tipografa, ambas em caixa baixa; a primeira

    camada em branco e a segunda, em um tipo menor,

    combinando novamente essa camada em branco

    e umas quantas palavras em preto. destaca-se

    sua colaborao, nos fnais daquela dcada, com

    o museum ulm, para o qual cria um tipo de cartaz

    que ele mesmo qualifca de modular, no qual certos

    elementos compositivos e cromticos se repetem

    como constantes, dando lugar a uma arte da variao.

    da mesma orma, destaco seu belssimo cartaz de

    1958, para uma dupla exposio em munique sobre

    braslia, utopia ento em construo, e sobre burle

    marx. gosto muitssimo de outro cartaz seu, de

    1960, novamente horizontal, que ez para divulgar uma

    exposio de antonio calderara no studio , tambm

    de ulm, o maravilhoso pintor italiano antonio calderara.

    temos que recordar a monografa (miln, allinsegna del

    pesce doro, 1965), a ele dedicada pelo grande poeta

    e conhecedor de arte murilo mendes, tambm amigo

    de mavignier, a quem em 1963, ez expor em roma e

    alexandre wollnercartaz para a coletiva

    brasilianischer knstler,

    haus der kunst de

    mnich, 1958

    alexandre wollnercartaz premiado,

    terceira bienal de

    so paulo, 1954

    alexandre wollnercartaz premiado em

    concurso internacional,

    quarta bienal de

    so paulo, 1957

    alexandre wollnercartaz cidade nova,

    sntese das artes,

    anunciando o congresso

    da aica, braslia, rio de

    janeiro e so paulo, 1959

    almir mavignier

    cartaz para a retrospectivade vordemberge-gildewart

    no museum-kunstverein

    de ulm, 1955

    almir mavigniercartaz para dupla

    exposio sobre braslia e

    burle marx em munique,

    alemanha, 1959

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

    9/55

    16 17

    livro breve e eliz, alimentado por quatro viagens

    sucessivas entre 1961 e 1964.

    bense-brasil so os poetas concretos. o alemo

    colaborou em invenoe divulgou na europa o trabalho

    de seus amigos brasileiros. haroldo de campos

    preaciaria sua pequena esttica(so paulo, perspectiva,

    1971). bense-brasil so o aleijadinho, diante do qual

    conessa no sentir a admirao que sentia por mrio

    de andrade, os arquitetos (lcio costa, niemeyer, reidy,

    de quem admira seu modo de utilizar os pilotis),

    a engenheira carmen portinho, alredo volpi, sobre

    quem diz coisas especialmente sutis, bruno giorgi,

    waldemar cordeiro, lygia clark, erreira gullar e outros

    neo-co ncretos, mira schendel, os designers, mrio

    pedrosa, braslia (incontestvel proclamao brasileira

    da inteligncia cartesiana), visitada em companhia

    de joo cabral de melo (na contracapa desta edio

    brasileira se reproduz seu poema. acompanhando

    max bense em sua visita a braslia,1961), um

    memorvel almoo carioca com guimares rosa e

    clarice lispector, e os jardins de um burle marx que v

    como um raro herdeiro do cartesiano andr le ntre...

    precisamente o dilogo entre o cartesiano e o tropical,

    entre o orgnico e o geomtrico, oi o que seduziu max

    bense muito dierente nisso de max bill no brasil, pas

    para ele de singular clareza intelectual, onde o rio era

    a cidade como prolongamento da natureza habitvel,

    e braslia a cidade como prolongamento da inteligncia

    emancipada. no livro de max bense esto tambm,

    claro, o prprio max bill, alexandre wollner autor de

    um texto sobre o alemo, includo na orelha do volume

    e almir mavignier. juntos novamente nessas pginas, e

    agora nesta mostra da dan, como no ulm ftiesonde se

    haviam entrelaado, na hg, os destinos dos quatro.

    neste ano de 2010 se celebrou, no zentrum

    r kunt und medientechnologie de karlsruhe, outra

    mostra, intitulada bense und die knste bense

    e as artes. assim, no plural na qual estavam

    representados bill e mavignier, juntos a, entre outros

    (em sua maioria vinculados historia que se tratou

    de contar aqui) lygia clark, waldemar cordeiro,

    augusto e haroldo de campos, bruno giorgi, mathias

    goeritz, gomringer, alosio magalhes, ranois

    morellet, pignatari, dieter roth, mira schendel e anton

    stankowski; embora seja interessante sinalizar que

    compartilhavam cartazes com artistas inscritos em

    outras linhas de trabalho, como georges mathieu, henri

    michaux, ou wols, cujas presenas contribuam para

    azer entender a amplitude do olhar bensiano.

    sobre quem escreveu em 1964, no catlogo do citado

    envio brasileiro bienal de veneza.

    de 1960 , em preto sobre branco, orm, o

    primeiro dos additive plakate ou cartazes aditivos

    de mavignier, de poderosa visualidade, como coloca

    aracy amaral. h uma otografa daquele ano em que

    se pode comprovar quo bem uncionam na rua, vrios

    exemplares justapostos daquele cartaz, base de cuja

    acumulao se cria uma potente estrutura de repetio.

    max bill, alexandre wollner, almir mavignier: trs

    artistas totais, trs grandes fguras da segunda onda da

    abstrao geomtrica e trs grandes nomes tambm do

    desenho grfco e, no caso dos dois primeiros, industrial.

    as peas reunidas pela dan galeria para a mostra

    que o presente catlogo documenta, nos alam do

    interesse e da vigncia de suas respectivas obras.

    um exemplar do original quinze variations sur un mme

    thme, e um admirvel conjunto de seis quadros, de

    extrema pureza, exatido, beleza e pereio, realizados

    por max bill entre 1959 e 1975, dentro de uma potica

    em grande medida devedora do neo-plasticismo, e que,

    expostos no stand da galeria paulista na ltima arco

    madrilenha, constituram uma ilha de quietude e uma das

    melhores surpresas da eira.

    do perodo concreto de wollner, um quadro

    acompanhado pelas vinte plottergrafas que compem

    o ciclo ormulao, interao, articulao, (2005-2009),

    no qual retoma o motivo que lhe havia inspirado uma

    constelao de seis pinturas(1953), documentada em

    sua monografa de 2003; e um conjunto de quatro

    quadros quadrados os quatro de um metro por um

    metro de mavignier, escalonados entre 1973 e 2008,

    aos quais se acrescenta outro ciclo de cinco serigrafas

    vibrantes e de grande dinamismo,rotaobrasil(1992).

    composies que trazem nossa memria o

    que aracy amaral escreveu a propsito do quanto

    brasileiro o pintor, desde o ponto de vista cromtico:

    no pigmento puro, a luminosidade do pas tropical

    permanece, algo que t ambm est claro em seu

    cartaz de 1957 para uma exposio de cndido

    portinari em munique.

    se bill-brasil derivou eventualmente em um

    desencontro, no que se reere arquitetura, outro

    ulmiano, max bense (strasbourg, 1910 - stuttgart,

    1990) fcou absolutamente ascinado pelo pas, tal

    como se pode deduzir de alguns de seus poemas

    e sobretudo de seu livro em orma de dirio

    brasilianische intelligenz: eine cartesianische reexion

    (wiesbaden, limes, 1965 capa com o smbolo do

    quarto centenrio do rio por alosio magalhes).

    livro que agora fnalmente pude ler na traduo

    portuguesa de tercio redondo: inteligncia brasileira:

    uma reexo cartesiana(so paulo, cosac naiy, 2009,

    com um interessante poscio de ana luiza nobre).

    almir mavignieradditive plakate ou cartazes

    aditivos, 1960

    konkrete kunstcapa e quarta capa do

    catlogo com a relao dos

    artistas concretistas da

    exposio. junho/agosto

    de 1960 zurique, suia

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    konkrete kunstpginas, 27, 31, 39 e 43 do

    catlogo, com obras de

    max bill, alexandre wollner e

    almir mavignier, entre outros.

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    20 21

    revista habitat n 2max bill - beleza

    provinda de uno e

    beleza como uno-

    pp 61-65, so paulo,

    janeiro-maro, 1951

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    22 23

    noigandres n 1a campos, d pignatari,

    h campos

    capa: dcio pignatari

    1952

    antologia noigandres n 5a campos, d pignatari,

    h campos, jos lino

    grnewald, ronaldo azeredo.

    capa: homenagem do

    grupo noigandres a alredo

    volpi, primeiro e ltimo

    grande pintor brasileiro

    1962

    poetamenos, 1953-1973augusto de campos

    edies inveno

    so paulo, brasil -1973

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    24 25

    poetamenospoema do livro

    homnimo

    paraso pudendopoema do livro

    poetamenos

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    26 27

    nossos dias com cimentopoema do livro

    poetamenos

    lygia fngerspoema do livro

    poetamenos

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    28 29

    eis os amantespoema do livro

    poetamenos

    dias dias diaspoema do livro

    poetamenos

    da construo desconstruo

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    16/55

    30 31

    para a nova experincia artstica que, no rio, sob a

    inuncia de mrio pedrosa, mobiliza jovens artistas

    como ivan serpa, almir mavignier e abraho palatnik.

    j desde o incio, verifcam-se dierenas entre os

    grupos paulista e carioca, mostrando-se este mais

    ecltico, conorme se verifca na composio do grupo

    rente, que j ento rene, artistas tanto de linguagem

    geomtrica quanto fgurativa ou abstrato-expressionista

    e at mesmo pintores naives. j o grupo ruptura, de

    so paulo, mais coerente na sua opo concretista.

    talvez esteja a a explicao para o desenvolvimento

    dierente que tero as idias concretistas num e

    noutro grupo. mas isso s se explicitar, mais tarde,quando o nascimento da poesia concreta incute

    novo entusiasmo no movimento, de que resulta a I

    exposio nacional de arte concreta, inaugurada em

    so paulo, em dezembro de 1956 e transerida para o

    rio, em evereiro do ano seguinte. essa juno das

    obras dos dois grupos, numa mesma mostra, tornou

    evidentes as dierenas entre eles.

    ragmento do texto homnimo originalmente publicado

    no catlogo arte concreta e neoconcreta, da construo

    desconstruo- dan galeria - so paulo - 2006

    a arte concreta e neoconcreta pertencem hoje

    histria da arte brasileira e sobre elas j muito se

    reetiu e escreveu, em uno mesmo do papel que

    desempenharam no curso dessa histria.

    por determinadas razes a crtica e os amadores de

    arte costumam associar esses dois movimentos como

    se um osse uma variao do outro, quando na verdade

    so contraditrios e conitantes.

    a arte neoconcreta poderia, sob certos aspectos,

    ser vista como anticoncreta, se se leva em conta que

    surgiu da negao dialtica da arte concreta.

    no obstante, aquela no teria existido sem esta,

    mesmo porque a prpria expresso negaodialtica implica o envolvimento com o que

    negado. de ato, a arte concreta, ao surgir no brasil

    no comeo dos anos 50, provoca uma ruptura com

    a tradio modernista que se mantinha hegemnica

    desde 1922. essa ruptura consistiu em propor ao

    artista brasileiro novas questes relativas concepo

    artstica e linguagem da arte, pondo de lado como

    superados os valores que o modernismo impusera.

    em lugar da temtica nacional ou regional, em lugar

    da linguagem fgurativa, uma temtica universal,

    racional e uma linguagem geomtrica.

    oram essas novas propostas que, por azerem da

    questo ormal o prprio tema da obra, precipitariam

    um processo esttico radical, cujo desecho oi

    a negao delas. contribuiu para isso, de modo

    decisivo, o surgimento da poesia concreta que

    estendeu para o campo literrio propostas semelhantes

    s do concretismo plstico. tambm aqui a negao

    dialtica da viso concretista gerou a busca de

    solues estticas novas, que tiveram inuncia direta

    no curso da arte neoconcreta.a presena das idias concretistas no brasil se d

    como parte do reatamento do intercmbio cultural com

    a europa, interrompido em uno da segunda guerra

    mundial, de 1939 a 1945. o fm do conito provocou

    uma onda de otimismo e renovao que se reetiu

    no campo artstico. a exposio de max bill em so

    paulo, em 1950, gerou o primeiro vnculo com a arte do

    grupo de ulm, herdeiro de algumas idias da bauhaus

    e, mais particularmente, dos conceitos emitidos por

    van doesburg, em seu maniesto da arte concreta,

    publicado em 1936. esse vnculo novo punha fm a

    uma longa dependncia da arte brasileira com a escola

    de paris. em so paulo, vrios artistas, entre os quais

    geraldo de barros e waldemar cordeiro, voltavam-se

    ferreira gul lar

    maniesto ruptura,

    so paulo, 1952

    capa do suplemento

    dominical do jornal

    do brasil, rio de janeiro,

    maro de 1959

    poema manuscrito de

    erreira gullar

    1956

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    32

    max bill

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    34 35

    gelbe und weisse zone - 1974-75leo/ tela

    114 cm

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    36 37

    sem ttulo - 1972

    acrlica/ tela

    33 x 33 cm

    radiation du jaune - 1972-73leo/ tela

    33,5 x 33,5 cm

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    38 39

    strahlung in gruen - 1972-73leo/ tela

    40 x 40 cm

    weiss in grn - 1959-62acrlica/ tela

    48 x 48 cm

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    40 41

    rote basis - 1959

    acrlica/ tela

    34,7 x 34,7 cm

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    42 43

    quinze variations surun mme thme

    serigrafa

    ditions des chroniques

    du jour - paris - 1938

    32 x 30,8 cm

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    44 45

    variation 1thme

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    46 47

    variation 2 variation 3

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    48 49

    variation 4 variation 5

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    50 51

    variation 6 variation 7

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    52 53

    variation 8 variation 9

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    54 55

    variation 10 variation 11

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    56 57

    variation 12 variation 13

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    58 59

    variation 14 variation 15

    1951 grande prmio de escultura na I bienal de

    arte de so paulo.

    1967-71 representante do parlamento ederal.

    1967 74 proessor de design ambiental na

    max bill

    1908 max bill nasce em 22 de dezembro em

    winterthur.

    1932-36 membro do grupo de paris abstraction-

    cration e participao em suas atividades.

    uso e ocupao do solo) liderado pelo

    arquiteto hans schmidt na eira nacional sua

    em zurique

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    31/55

    60 61

    1951-56 reitor da hochschule ur gestaltung em ulm.

    designer do pavilho suo na IX triennale

    di milano.

    1952-69 prmio anual e exposio da campanha

    die gute orm iniciada por bill em 1949,

    sob o patrocnio do werkbund suo.

    1953 viaja ao brasil como membro do jri da bienal

    de so paulo

    1955 novo lanamento do livro de wassily

    kandinsky, punkt und linie zu che.

    publicao dos ensaios essays ber

    kunst und knstlerde kandinsky.

    participao na documenta 1.

    1957 organizao da exposio die unbekannte

    gegenwartnas vitrines das lojas globus em

    zurique, basilia, st. galen, chur e aarau.

    1959 publicao do texto katalogue ur

    kunstausstellungen 1936-1958.

    membro da bsa (bund schweizer architekten).

    participao na documenta 2.

    1960 organizao da exposio konkrete kunst, 50

    jahre entwicklungno helmhaus de zurique.

    1961-64 concepo e construo da seo bildenund gestalten, na eira nacional sua expo 64,

    em lausanne.

    1961-68 membro do conselho municipal da cidade

    de zurique.

    1964 membro honorrio do american institute

    o architects.

    participao na documenta 3.

    1967/68 design e construo de sua segunda casa

    e atelier em zumikon.

    1967-74 proessor de design ambiental na

    hochschule ur bildende kunste, em hamburgo.

    1968 prmio de arte da cidade de zurique;

    discurso sobre o tema contentment in the

    provincial state.

    1972 membro da akademie der kunste, berlim.

    1979 groes verdienstkreuz grande cruz de

    mrito da repblica ederal da alemanha.

    recebe o ttulo de doutor honoris causa,

    da universidade de stuttgard.

    1979-83 pavilho-escultura no bahnhostrasse,

    em zurique.

    1985 presidente do bauhaus-archiv, em berlim.

    commandeur de lordre ds arts et letters,

    rana.

    1988 morte de binia bill.

    1990 recebe o helmut-krat-preis ur bildende

    kunste, stuttgard.

    1991 casa-se com angela thomas.

    1993 recebe o praemium imperiale, japo.

    1994 max bill morre no dia 9 de dezembro,

    em berlim.

    1924-27 ingressa no ocio da ourivesaria no

    kungstewerbeschule de zurique.

    1925 viagem de estudo a paris para a exposition

    internationale dart, na qual estava exposto o

    pavilho lesprit nouveaude le corbusier.

    1927/28 estuda na bauhaus em dessau.

    1929 retorna a zurique. comea a trabalhar como

    designer grfco, arquiteto, designer de

    exposies, pintor, escultor e, a partir de

    1944, como designer industrial. em 1934,

    desenvolve vrios trabalhos de designcomercial, a aade signage identidade

    visual e designs de exposio para os

    grandes projetos do circulo arquitetnico

    internacional avant-garde de zurique, como

    wohnbedar, a associao (werkbund)

    de urbanizao neubuhl, zett-haus,

    corso-theater, pestalozzi & co.

    1930 publicao do bill-zurich, seu primeiro texto

    sobre tipografa e design grfco comercial.

    1930-62 membro do werkbund suo swb.

    1931 casa-se com a violoncelista e otgraa

    binia spoerri.

    participa da exposio do crculo neue

    werbegestalterem amsterd.

    cria o cartaz da exposio de arte rupestre

    aricana negerkunst, prhistorische elsbilder

    sdarikaspara o kunstgewerbemuseum

    de zurique.

    1931/32 realiza a escultura well-relei; em chapa

    pintada de branco.

    1932/33 design e construo de sua casa-atelier em

    zrich-hngg com a colaborao do arquiteto

    robert winkler.

    1932-34 design da revista inormation.

    1933 publicao do texto uber

    gebudebeschritungen.

    max bill se une ao grupo de designers

    grfcos que inclui aloit carigiet, richard

    paul lohse, herbert matter, heinrich steiner,

    hans trommer e outros da sociedade de

    designers grfcos independentes, da qual,

    em 1938, surge o sindicato de designers

    grfcos suos.

    1934 publicao do texto ausstellungs-reklamebauten:

    halb prospekt, halb architektur.

    1935 primeira verso da escultura unendliche

    schleie.

    1936 design do pavilho suo para a iv triennale

    di milano; bill recebe vrios prmios

    internacionais e prestigiado pelo conceito

    do pavilho.

    participao na graa international,

    exposio de design grfco comercial na

    basilia, com seus trabalhos.

    participao na exposio histrica

    zeitprobleme in der schweizer malerei und

    plasticna kunsthaus de zurique; design do

    cartaz e catlogo; publicao do texto terico

    konkrete gestaltungtambm no catlogo da

    exposio.

    1937 bill junta-se ao sindicato de artistas

    suos modernos, allianz.

    publicao do texto die typografe ist

    der grafsche ausdruck unserer zeit (...).

    1938 publicao das litografas quinze variations

    sur un mme thmeem paris.

    membro do ciam (congrs internationaux

    darquitecture moderne), do qual sigried

    giedion oi secretrio.

    1939 design grfco do stdtebau und

    landesplanung(planejamento urbano e de

    em zurique.

    publicao do livro le corbusier & pierre

    jeanneret, oeuvre complete, band 3, 1934-1938.

    1941 criao da allianz publishing house.

    1942 nascimento de seu flho jacob.

    1944 criao da revista abstrakt/konkret.

    1944/45 leciona a disciplina ormlehre(teoria da

    orma), no kunstgewerbeschule de zurique.

    1946 publicao do ensaio ber typografe.

    1947 produo em larga escala da escultura

    kontinuittno zka; obra destruda em

    1948 pelo artista.

    criao do institut r progessive culture i.p.c.

    1948 palestra schonheit aus unktion und als

    unktion na conerncia do werkbund suo

    na basilia, onde a campanha die gut orm e,

    em 1952, o livro orm surgiram.

    1949 conceito, design e organizao da primeira

    apresentao especial de die gut orm na

    eira da basilia, tambm apresentada em

    colnia e outras cidades.

    publicao do ensaiodie mathematische

    denkweise in der kunst unserer zeit dentro

    da perspectiva da exposio pevsner,

    vantogerloo, billno kunsthaus de zurique.

    publicao do livro robert maillart.

    concluso da srie moderne schweizer

    architekture1925-1945, sistematicamente

    apresentada a partir de 1938.

    1950 primeira grande exposio da obra completa

    de bill em so paulo, brasil, seguida de vrias

    exposies do mesmo tipo.

    planejamento do programa e edicios para

    o hochschule ur gestaltungem ulm.

    mavignier

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    62

    g

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

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    64 65

    rotao na paralela branco - 1981leo/ tela

    100 x 100 cm

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    34/55

    66 67

    interpenetraes vermelho/verde/ azul/ lilas - 1975

    leo/ tela

    100 x 100 cm

    penetrao branco/ amarelo - 1973leo/ tela

    100 x 100 cm

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

    35/55

    68 69

    branco - 2008

    acrlica/ tela

    100 x 100 cm

  • 8/8/2019 60anos de Arte Construtiva No Brasil

    36/55

    70 71

    rotao brasil - 1992serigrafa/ papel

    84 x 59,5 cm

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    72 73

    azulverde sobre marrom - 1978leo / tela

    77 x 52 cm

    verde sobre violeta - 1978leo / tela

    80,5 x 49 cm

    1958-64 participou do grupo zerocom heinz mack,

    otto piene, gnther uecker, lucio ontana e

    piero dorazio, entre outros.

    1960-61 projetou organizou e deu o ttulo para a

    almir da silva mavignier

    1925 nasceu no rio de janeiro.

    1945 terminou o curso colegial cientfco.

    1947-48 estudos de pintura com arpad szenes

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    74 75

    1960 61 projetou, organizou e deu o ttulo para a

    exposionovas tendncias(nove

    tendencije) de zagreb.

    trabalhos

    1949 aquarela concreta.

    1952-53 paris, pinturas geomtricas.

    1954 ulm, quadro com pontos.

    1956 pinturas com retcula, apresentando cor e

    estrutura como enmenos de percepo visual.

    1957 pinturas monocromticas.

    1959-61 realizou as serigrafas permutaes-

    programa de multiplicao, que liberta a obra

    do controle do artista.

    1962 cncavo-convexo- quadros branco e preto.

    1963 cartazes aditivos, onde a estrutura

    programada pode adicionar-se

    indefnidamente.

    1974 sries de pinturas mono-policromticas.

    1975 estruturas monocromticas que reetem

    luz e sombra.

    1981 diviso e rotao, srie com dez pinturasmonocromticas.

    1985 primeiro cartaz onde a inormao escrita se

    apresenta em cada lado, permitindo nas ruas

    quatro variaes

    1947 48 estudos de pintura com arpad szenes,

    axel v. Ieskoschek e henrique boese.

    1951 paris, atelier de la grande chaumire.

    1952 viagem com mario pedrosa, visitando em

    zurique os pintores concretos - max bill,

    richard paul lohse, camille graeser, verena

    loewensberg - e em bologna, giorgio morandi.

    1953-58 hochschule r gestaltung, ulm.

    estudos com jose albers, max bill,vordemberge-gildewart, otl aicher, toms

    maldonado, entre outros.

    1958 recebeu o diploma no departamento de

    comunicao visual.

    1965 casamento com sigrid quarch.

    nomeado como proessor de pintura na

    hochschule r bildende knste (escola de

    belas artes) de hamburgo.

    1968 nascimento do flho delmar.

    2008 vive em hamburgo.

    atividades artsticas

    1946-51 iniciou o atelier de pintura e modelagem

    no centro psiquitrico nacional do engenhode dentro, no rio de janeiro, descobrindo os

    artistas: arthur amora, emygdio de barros,

    ernando diniz, raphael domingues, adelina

    gomes, isaac liberato, carlos pertuis.

    1949 participou do primeiro grupo de arte concreta

    no rio de janeiro com ivan serpa, abrao

    palatnik e mario pedrosa.

    1950 organizou com leon dgand e lourival gomes

    machado a exposio 9 artistas do engenho

    de dentrono mam de so paulo. apresentou

    o cinecromticode palatnik na vernissage.

    wollner

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    76

    o que os seus pais aziam antes de chegar ao brasil?

    a amlia do meu pai sempre oi estranha para mim.

    i h di

    tudo mundo dizia que eu desenhava bem, ento me

    dediquei ao desenho. quando terminei o ginsio, quis

    aprender pintura. ui procurar um curso na escola de

    belas artes. a primeira pergunta que minha me ez ao

    diretor oi: a escola d diploma?. ele respondeu que

    no. ento nem pensar. minha me queria que eu

    fzesse arquitetura, mas eu s queria saber de desenho.

    cheguei a iniciar um curso de belas artes na

    l i i i i l

    mais de trezentas pessoas, entrei e ui imediatamente

    procurar o aldemir martins e o poty lazarotto. eles me

    acharam engraado, logo fcamos amigos. como eu

    no tinha com o que me ocupar, fcava l o dia todo

    trabalhando, tentando azer gravuras. comearam

    as aulas: tecnologia da madeira, das pedras, do erro,

    otografa, laboratrio. eu no sabia nada.

    i ?

    trechos da entrevista concedida a andr

    stolarski em seu livro alexandre wollner e a

    formao do design moderno no brasil -

    editora cosac naiy - 2005

    a expresso echar a gestalt signifca, grosso

    modo, completar a fgura, caracterizar o todo de uma

    d i f h d l

    poderamos chamar de uma complexidade regulada.

    orma, cor, tamanho, contraste, ritmo, tenso,

    l f d l

    galxia gestalt

    andr stolarski

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    78 79

    nunca consegui chegar perto. nunca entendi exatamente

    o que meu pai azia, mas sei que ele era comerciante e

    gostava de utebol - era juiz e treinador. ele era muito

    ligado colnia iugoslavo-italiana.

    quando veio da iugoslvia para o brasil, no defniu

    bem o que azer, mas se associou a algum do ramo e

    passou a coordenar a parte comercial de uma tipografa.

    nessa poca, eu vivia com ele no trabalho. oi uma

    ase muito importante para mim - o cheiro da mquina,

    os tipos que caiam no cho e que eu fcava olhando,

    interessado.

    ele montou uma tipografa em so paulo?

    montou uma tipografa e oi dono de vrias grfcas.

    voc passou a inncia trabalhando com ele?

    eu ajudava, levava originais para compor textos

    na linotipia.

    ele no tinha linotipos na grfca?

    no. era tudo eito ora, na rua da abolio, no bexiga.

    eu levava os originais para azer a digitao dos tipos

    e devolvia os blocos de chumbo prontos para ele. vivia

    na grfca o dia todo. eu gostava muito, fcava com o

    meu pai e a gente se divertia.

    como oram seus primeiros anos na escola?

    diceis. eu tinha difculdade de pensar

    abstratamente. no conseguia entender as aulas de

    aritmtica e gramtica. os proessores fcavam com

    pena de mim. minha me me vestia com camisa

    de jrsei, cala de veludo e eu ia todo chique para

    a escola. os proessores pensavam que eu era de

    classe mdia e me davam mais ateno. fcavam

    preocupados, perdiam o recreio me explicando a

    matria. tanto que, no quarto ano do primrio, uma

    das proessoras chamou meu pai e disse: seu flho

    no est acompanhando a classe. acho melhor ele

    repetir o ano. meu pai disse que no, que eu ia

    melhorar, e ela no me reprovou. mais tarde, pensei:

    ser que eu era autista naquele tempo?

    meu pai morreu quando eu estava na primeira

    srie do ginsio. eu no compreendia o que estava

    acontecendo. talvez seja pesado dizer isso, mas com

    a morte dele eu comecei a deslanchar e a perceber as

    coisas, pois fquei sem proteo.

    galeria prestes maia, mas no me interessei pelo

    mtodo. ento ui cursar o cientfco no colgio

    caetano de campos. minha me conseguiu bolsa de

    estudo para mim e para minha irm, mas eu repetia

    de ano, no reqentava a escola, jogava bilhar, estava

    totalmente ora do esquema.

    oi nessa poca que voc comeou a azer jornal?

    eu azia o jornal do caetano de campos. mas, quando

    meu pai vivia, j tinha eito um jornal no grupo escolar.

    voc conhecia o modo de impresso dos jornais?sim. na grfca, eu via como eram produzidos.

    eram eitos com linotipo, amarrados, e depois

    passavam por um processo de impresso plana.

    gostava muito do cheiro. sobrava jornal, eu pegava

    e ia vender na rua. eu desenhava jornaizinhos para

    a turma, desde o grupo escolar. como eu fcava

    vermelho com acilid ade, meu apelido era cebol o.

    por esse motivo, o jornal acabou batizado com

    esse nome. era uma coisa intuitiva, mas as pessoas

    gostavam muito, fcavam na expectativa.

    e o hbito de desenhar para os proessores na sala

    de aula, tambm surgiu nessa poca?

    isso oi no mackenzie. eu tinha catorze anos e,

    durante a aula, desenhava no caderno os diagramas

    de corpos humanos que a proessora de cincias mos-

    trava nos livros. ela viu e pediu que eu reproduzisse

    os desenhos no quadro-negro durante o recreio.

    voc perde o recreio mas garante uma nota seis, e

    eu vou pedir ao meu marido - que era o proessor de

    matemtica - que d uma ora para voc. tudo que

    ela dava na aula eu azia no quadro-negro. e aprendi

    a desenhar em p. desenhar no papel uma coisa,

    desenhar na vertical outra, as propores mudam

    totalmente. comecei a perceber essas coisas e a

    orientar melhor minhas propores, meu eixo.

    as coisas estavam normais, eu cursava o cientfco

    e me preparava para estudar arquitetura. mas eis

    que vejo um anncio no dirio de so paulo: o museu

    de arte de so paulo vai abrir o instituto de arte

    contempornea e est abrindo concurso para o ingresso

    de trinta alun os, eu pensei: arte contempo rnea?

    tudo que eu quero!. nunca havia pensado em

    design, nem sabia o que era isso. fz o concurso com

    voc esperava isso?

    no, s queria desenhar. comecei a perceber meu

    talento na grfca e ui contratado pela flmoteca do

    museu de arte moderna - que fcava ao lado - para

    azer os cartazes das sesses das teras e sextas-

    eiras. fz o cartaz de uma exposio do saul

    steinberg. utilizei letras vermelhas e uma seta preta.

    no sei por qu, ele ganhou a simpatia de algumas

    pessoas. uma delas oi o geraldo de barros.

    em 1952, ele ganhou o concurso d o IV centenrio

    de so paulo, e oi contratado para azer os cartazes

    do estival internacional de cinema e da revoadainternacional. como viu que eu sabia e tinha pacincia

    para cortar letras, me pediu ajuda.

    essas letras eram recortadas?

    todas recortadas, com papel colorido, no fcavam

    grafcamente bem eitas, mas no importava: naquele

    tempo, ningum reparava nessas coisas.

    e o que aconteceu depois?

    como o geraldo no podia pagar direito pelo servio,

    oereceu aulas de pintura. ns trabalhvamos no

    estdio dele, perto da rua 25 de maro - ele me

    ensinou a mexer com pincis, tintas, e eu comecei

    a azer pinturas concretas - a essa altura, os artistas

    concretos j comeavam a se reunir e constituir um

    movimento. oi nessa poca que ganhei algum nome

    como pintor.

    e esta oto, o que ?

    o meu primeiro escritrio, no poro da casa onde eu

    morava no tempo

    do museu, na rei caneca. eu j juntava otografas

    de revistas look, lie - de que gostava muito e comecei

    a aprender quem eram paul rand e alexei brodovitch.

    como eram as aulas?

    o bardi dava aulas tericas sobre o signifcado do

    design, sobre a bauhaus. eu no conhecia nada

    daquilo. muita gente no conhecia a bauhaus

    naquele tempo por causa da censura poltica imposta

    pelo nazismo, pelo ascismo e tambm em razo do

    marketing cultural rancs. o desenho comeava a

    tomar um outro aspecto, mas eu ainda no entendia

    isso completamente.

    percepo. no design grfco, o echamento da gestalt

    pode ocorrer em muitos nveis. echa-se a gestalt

    de um cartaz, de uma pgina, de uma marca, de um

    complexo programa de identidade.

    as gravuras desta exposio, so, nas palavras de

    alexandre wollner, uma busca pelo echamento de sua

    prpria gestalt. iniciadas como uma srie de pinturas

    no incio da dcada de 1950, serviram de mote para

    o cartaz da 3 bienal de so paulo. oram um dos

    ltimos pontos de contato entre a carreira de pintor e

    a pioneira atuao como designer uma das principais

    responsveis pelo amadurecimento da profsso no pas.como muitos trabalhos de matriz construtiva, essas

    gravuras so compostas de progresses. conjuntos

    de tringulos de dierentes dimenses, que deixam

    entrever os quadrados dos quais se originam, articulam-

    se pelo toque de seus vrtices. a estabilidade desses

    quadrados posta em marcha num vaivm dimensional

    pelas movimentadas diagonais dos tringulos.

    os pontos de partida e chegada desse vaivm so

    intercambiveis. nas bordas, o conjunto oscila entre o

    predomnio dos tringulos grandes e a diluio sugerida

    pelos pequenos. no meio, a diluio ocorre na escala

    intermediria, mas produz como resto tringulos

    de dimenses idnticas aos menores das pontas

    indicao de que, apesar da aparente conuso, h um

    pleno domnio proporcional e modular em ao.

    em que pese a rigidez geomtrica sugerida

    pelos tringulos e a preciso da composio, o todo

    caracterizado sobretudo pela uidez. de incio, somos

    levados a pensar que ela ruto de sobreposies

    complexas, mas se deixarmos que nosso olhar se

    detenha um pouco mais, veremos que ela resulta

    antes das relaes proporcionais entre os conjuntos de

    tringulos, que no so mecnicas, mas orgnicas.

    intudas nos trabalhos de sessenta anos atrs,

    essas relaes passaram, nos ltimos anos, a se

    basear abertamente na proporo que governa a

    sequncia de fbonacci, uma ormulao matemtica

    baseada na observao emprica de padres de

    organizao e crescimento encontrados na natureza.

    nessas novas sries de gravuras, essa investigao

    desdobrou-se em pelo menos trs sentidos

    importantes: no uso das cores, na multiplicao das

    progresses e na sua sobreposio. o resultado

    o enrentamento contnuo e obstinado daquilo que

    escala, textura enfm, todos os elementos

    constitutivos da linguagem visual esto ali, no em

    estado de dicionrio, mas de laboratrio original, como

    num big bang do olhar. o conjunto dessas gravuras, de

    ato, mostra como wollner se debrua insistentemente

    sobre a mesma progresso, investigando os matizes de

    sua judiciosa reorganizao ormal e cromtica.

    como designer, alexandre wollner produziu uma

    obra extremamente sofsticada do ponto de vista

    ormal. quem teve o privilgio de acompanhar seu

    processo de trabalho, testemunhou a proundidade

    com que seu olhar perscruta aquilo a que chamamosgestalt, varrendo incessantemente o espao que

    vai do todo parte e da parte ao todo, e lentamente

    ajustando as relaes dessas eseras em si e entre si.

    estas gravuras podem ser vistas como uma

    ampliao existencial desse raciocnio. no retorno

    ao trabalho artstico e pura investigao ormal, o

    designer reafrma no apenas seus mtodos, mas trata

    o prprio trabalho como uma alegoria de sua vida.

    a coincidncia de datas entre esta exposio e a 29

    bienal de so paulo no , portanto, uma coincidncia,

    mas uma aluso signifcativa 3 bienal, s mudanas

    de rumo de sua carreira e s relaes que ento

    estabeleceu com fguras do porte de max bill e

    almir mavignier.

    os ciclos de uma vida no se echam com a morte,

    mas com o reconhecimento de suas totalidades.

    esse o pano de undo desses trabalhos: totalidades

    que se afrmam e logo se desazem para em seguida

    reafrmarem-se noutra escala, e assim por diante.

    de incio contidas, crescem e nos ultrapassam.

    primeiro aos poucos, depois inexoravelmente,

    tomam, por fm conta de tudo, deixando tempo e

    espao para trs e dando sentido ao nosso universo.

    com seus trabalhos, wollner nos mostra que esse

    sentido urdido por analogias e conhece o poder de

    seu alcance. da seu batismo csmico: constelaes.

    comunismo. quando a escola de ulm oi undada, as

    pessoas da cidade se perguntavam: ser que no

    so comunistas?. at mesmo a expresso visuelle

    kommunication, nova na lngua alem, soava como

    coisa de comunista.

    alm disso, havia o problema do dinheiro.

    o governo norte-americano, por meio do plano

    marshall, concedeu um aporte fnanceiro para a

    construo da escola mas em contrapartida exigiu

    quem eram os estudantes brasileiros?

    eram o almir mavignier, duas moas de origem alem

    que viviam no paran, rauke e iise koch-weser, e a

    mary vieira, que no terminou o curso. ela desistiu

    porque fcou claro para ela e para a turma de pintores

    e escultores que em ulm no se enocava a arte s

    como arte, nem se ormavam alunos para que depois

    montasse um ateli.

    de uma cultura latina e chegar a um pas como a

    alemanha. como sou judeu, minha me se preocupou

    com a possibilidade de perseguio poltica, o que criou

    em mim uma certa ansiedade. achava que iam azer

    pizza de mim. mas eu estava querendo ir mesmo,

    azer o que osse, cair no precipcio, ir, ver e me arriscar

    em todos os sentidos.

    eu no tinha certeza de ser algum sufcientemente

    desenvolvido para reqentar uma escola daquele tipo

    o roberto sambonet dava aula de desenho mo

    livre. tambm era muito interessante. um dia, vi uma

    vitrine cheia de potes egpcios, astecas, e, ao lado de

    diversas outras antiguidades, uma mquina olivetti.

    ui alar com o vio motta, que era assistente do

    bardi: acho que esqueceram uma mquina de escrever

    na vitrine .: , o bardi se interessou pelo sujeito que havia

    dito aquilo e veio me explicar que a mquina de escrever

    era a mesma coisa que o pote na poca do pote: um

    jantar, na happy hour, alm disso, tinha que explicar

    minhas idias para um grupo de pessoas. fcava com

    medo, achava que iam me malhar por eu no azer as

    coisas certas, mas nada disso acontecia; as pessoas

    me incentivavam.

    a comearam as matrias abstratas: sica,

    geometria, matemtica, aritmtica, semitica,

    signifcados, percepo. eu mergulhei totalmente

    naquilo; oi deslumbrante comecei a azer otografa

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    construo da escola, mas, em contrapartida, exigiu

    que o governo alemo fzesse o mesmo. um milho

    de dlares por um milho de dlares. os primeiros

    alunos que vieram pagavam a escola - e no era

    barato. essa primeira turma, ormada antes mesmo

    da inaugurao, era composta pelos artesos e

    arquitetos que construram a escola.

    o max bill oi convidado por essa undao para

    estruturar a escola?

    sim. o jose albers veio para ensinar cores, tema que

    tambm era abordado por johannes itten e por nonne

    schimdt, esposa de joost schmidt. walter peterhans

    deu aulas para a turma anterior minha. era um ncleo

    bauhausiano . em 1937, ele, o albers e o moholy-nagy

    tinham undado, em chicago, a new bauhaus, mas o

    projeto no deu certo.

    a bauhaus no tinha a inclinao cientfca de ulm?

    no. no havia curso de matemtica, nem de sica nem

    nada. o que extraordinrio para mim, que no pensava

    abstratamente, oi que comecei a perceber a relao

    que cada profsso estabelecia com o projeto. aprendi

    que o projeto no era simplesmente uma idia, que para

    azer a orma era preciso inormar-se. s quartas-eiras,

    amos ao instituto albert einstein, um instituto de sica

    na cidade, para aprender sica quntica. s teras-eiras,

    amos volkshochschule para aprender literatura e poesia

    com proessores importantes de toda a alemanha.

    oi uma experincia maravilhosa no apenas para mim,

    mas para muita gente.

    a estrutura da escola baseava-se no trabalho

    individual?

    de jeito nenhum. voc aprendia a trabalhar em equipe,

    respeitando a opinio de todo mundo. ulm era um

    convento: cento e cinqenta pessoas de manh,

    tarde e noite, tomando ca, almoando e jantando

    junto - inclusive os proessores. voc trabalhava 48

    horas por dia. o albers, por exemplo, continuava a dar

    aula at de noite.

    eram alunos do mundo inteiro?

    sim, mas principalmente da sua alem e rancesa.

    eram do japo, da itlia, dos estados unidos, da ustria...

    mas voc no era pintor?

    era, mas logo desisti. a comunicao visual que

    aprendamos substitua a pintura. para ns, pintar

    era azer algo que tivesse um conceito e uma uno

    para as pessoas, que mostrasse um progresso e

    uma relao entre cores e ormas. azendo projeto,

    azamos a mesma coisa. no havia necessidade de

    dividir o esoro entre duas profsses.

    o almir, como bom carioca, conseguiu amenizar.

    o aicher, o maldonado e vrios outros proessores

    queriam mand-io embora, porque ele passava o tempo

    todo s voltas com a pintura. mas ele, muito esperto,

    acabou fcando.

    quando voc ez as suas pinturas?

    eu participei da bienal de 1953, em que recebi o prmio

    vio de carvalho na categoria revelao. comecei a

    pintar em 1951.

    como oi o fm da escola?

    o echamento de ulm oi uma coisa tot almente mal

    orientada, resultado de uma atuao puramente

    tecnolgica, poltica, organizada pelos intelectuais

    de origem latina: ranceses, italianos, argentinos e

    brasileiros.

    voc inclui o toms maldonado nisso?

    de certa maneira, embora ele tenha sado da escola

    antes do echamento e tivesse um nvel intelectual

    muito elevado. ele era muito inteligente e azia as

    coisas com bastante clareza. isso visvel na carta

    em que sugeria uma nova orientao para o curso

    undamental da escola depois da sada de max bill, que

    os intelectuais consideravam um ditador, uma pessoa

    com a qual no era cil se relacionar.

    o prprio bill, que tinha um poder tremendo

    como designer e havia participado da bauhaus, no

    requentava muito a escola porque a mulher dele no

    queria ir para ulm. ele morava na sua, vinha uma

    vez por ms ou a cada quinze dias. oi a deixa para o

    pessoal da undao tir-lo da escola, o que provocou

    a ruptura defnitiva - e essencial - com a bauhaus.

    com toda a evoluo da cincia, da tecnologia e do

    conhecimento, no era possvel manter a mesma

    mentalidade de dezenas de anos antes.

    desenvolvido para reqentar uma escola daquele tipo,

    mas como o max bill tinha conversado com outras

    pessoas antes de me aceitar, adquiri confana.

    ele exigiu que eu chegasse l seis meses antes do

    incio do curso. sa daqui em julho de 1954.

    quando o navio chegou rana, aconteceu o suicdio

    do getlio. houve inmeros problemas diplomticos e ui

    obrigado a fcar um bom tempo em paris. depois, peguei

    o trem e ui para a alemanha. j era setembro e o curso

    ia comear em outubro, embora a inaugurao ofcial

    osse em evereiro de 1955.

    voc estava sozinho?

    no, estava com a minha primeira esposa.

    voc oi direto para ulm?

    quando cheguei a ulm, entrei em contato com a escola

    e disse que estava preocupado, pois no alava alemo,

    apenas ingls. ui aconselhado a azer o curso do

    goethe institut e a trabalhar no escritrio do otl aicher.

    fcava l o dia todo, limpando as mesas, azendo

    desenhos. ulm comemorava mil e cem anos, era

    preciso azer um olheto e ele me deu essa tarea.

    seu auxiliar tcnico, ritz ouerenqsser, pegava as

    coisas, dava para mim e dizia: leve essa arte ao otolito

    e mande azer isso e aquilo. eu respondia que no

    sabia alar alemo. vire-se. oi assim que comecei

    a aprender. em seis meses, pude entender o que a

    turma alava. comecei a requentar disciplinas sobre as

    quais no tinha a menor ideia e a participar de tudo que

    podia. via os outros trabalhando com mais acilidade

    que eu, competia com eles, azia trabalhos abstratos

    totalmente idiotas. percebi ento que no se tratava

    s de azer o que se gosta, mas de procurar saber se

    aquilo de que se gosta realmente vai uncionar.

    quando voc comeou a perceber isso?

    nos primeiros seis meses. como no havia notas, os

    alunos eram avaliados pelo que aprendiam. eu estava

    sendo avaliado positivamente e aquilo aumentava

    minha confana, minha vontade de aprender.

    de manh, tnhamos aulas tericas. tarde, as

    aulas prticas, de ofcina e projetos. e noite havia

    palestras e outras atividades. os proessores moravam

    l, ns morvamos l. eu conversava constantemente

    com todo mundo: no ca da manh, no almoo, no

    era a mesma coisa que o pote na poca do pote: um

    objeto til, que azia parte da cultura de um grupo

    primitivo, assim como hoje a mquina az parte do nosso

    grupo. oi ento que comecei a perceber essas coisas.

    eis que um dia o bardi vem sala de aula e me

    pergunta se eu estava disposto a ajudar na montagem

    de uma exposio, claro que eu estava. ento venha.

    vamos azer a exposio de um designer suo

    amoso, ele disse. um designer?, perguntei. , um

    designer, um sujeito que az cartazes. vai ser o seu

    primeiro trabalh o profssional. voc vai ganhar por ele.

    oi a primeira exposio individual abrangente do max

    bill. na montagem, comecei a perceber que o desenho

    tinha unes que no estavam muito claras para mim,

    que podia adaptar-se para criar produtos, ormas novas.

    fquei paralisado. oi um choque. nesse momento,

    sa da idade das trevas.

    o max bill veio para a montagem?

    ele no pde vir porque j est envolvido na criao da

    escola de ulm.

    ele s veio ao brasil em 1953. nenhum crtico

    comentou a palestra que ele ez contra o niemeyer.

    escola de ulm

    a exposio do max bill tinha relao com a

    divulgao da escola de ulm?

    no, era para divulgar os trabalhos dele, mas o prprio

    bardi alou da escola no texto de apresentao.

    quando o max bill veio ao brasil, perguntou ao bardi

    se algum brasileiro poderia ir escola de ulm, ao que

    ele respondeu: tem o geraldo de barros ... - que

    trabalhava no laboratrio de otografa do museu, tinha

    mais envolvimento com projetos de design, tinha

    vencido o concurso de cartazes do IV centenrio - e

    tem o alexandre aqui. o geraldo oi escolhido mas no

    pde ir: era recm-casado, tinha acabado de voltar de

    uma temporada de estudos em paris, era uncionrio do

    banco do brasil e no queria perder a aposentadoria.

    ento o bardi e o geraldo me indicaram. fz uma

    pequena entrevista e - no sei por qu - ui aprovado.

    como oi chegar a ulm vindo do brasil?

    naturalmente, fquei muito impressionado ao sair

    naquilo; oi deslumbrante. comecei a azer otografa

    com o rol schroeter, um grande colega, otograo

    suo de quem eu fquei muito amigo. o mesmo

    aconteceu com o max gra, que era arquiteto em

    st. galten, na sua. conheci tambm o karl heinz

    bergmiller, com quem me divertia muito, alm de

    discutir os assuntos da escola.

    oi uma exploso, mudei totalmente a minha

    vida. virei outra pessoa. comecei a azer projetos

    otogrfcos. os proessores de otografa me

    incentivavam e diziam que meu talento era para a

    otografa, que eu deveria trabalhar com jornalismo ao

    voltar ao brasil. fquei tambm muito amigo do max

    bill, alm do otl aicher, com quem conversava sempre.

    ele tinha mais ou menos a minha idade e oi cil

    fcarmos amigos.

    os proessores tinham a mesma idade dos alunos?

    alguns sim. o toms maldonado era um deles.

    j proessores como max bill e walter zeischegg

    eram bem mais velhos. os proessores convidados

    tambm. um deles era o norbert wiener, o inventor

    da ciberntica, que trabalhou num projeto do qual

    tambm participamos no departamento de desenho

    industrial. ns nos dvamos muito bem. no havia

    aquele rano do proessor imaculado, que pega uma

    pastinha e fca na mesa, chamando, perguntando,

    srio. no havia isso em ulm. a interao entre alunos

    e proessor era total.

    de quem oi a iniciativa de undar ulm?

    oi de inge aicher-scholl e de otl aicher, que era marido

    dela. eles trabalhavam juntos na volkshochschule,

    uma escola particular patrocinada pela preeitura.

    era uma escola de alto nvel literrio e flosfco,

    que pretendia restaurar uma cultura muito aetada

    pela guerra. ele azia os cartazes e participava das

    discusses; ela era a diretora. seu pai havia sido

    preeito da cidade.

    seus irmos envolveram-se com o movimento

    antinazista weibe rose [rosa branca] e acabaram

    uzilados. em homenagem a eles, otl e inge tiveram

    a idia de, por meio da undao irmos scholl,

    azer ressurgir a bauhaus, que, por ser simptica ao

    comunismo, tambm havia sido echada pelo nazismo.

    a alemanha tem um problema srio com o

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    sem ttulo - 1953

    esmalte/ placa

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    constelao a1 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao a2 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao b1 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao b2 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao n b3 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao b4 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao- 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao c2 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao c3 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao c4 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao c5 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao c6 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao d1 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    constelao d2 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao n d3 - 2010srie ormulao.

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    constelao e1 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

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    constelao e2 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

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    constelao e3 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

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    constelao e4 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

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    constelao e5 - 2010srie ormulao.

    interao. articulao.

    50 x 50 cm

    plottergrafa

    alexandre wollner

    1928 nasce em so paulo sp br, 16 setembro.

    1950 inscreve-se e aceito na seleo de

    candidatos a requentar o instituto de arte

    contempornea, primeira escola de design no

    brasil, do museu de arte de so paulo, por

    pietro maria bardi, lina bo bardi e jacob ruchti.

    aluno de roberto sambonet, avio motta,

    recebe bolsa do itamaraty, do ministrio

    da educao e do capes para requentar a

    hochschule r gestaltung, ulm, alemanha.

    1954/58 inicia e completa seus estudos de

    comunicao visual e design grfco na

    hochschule r gestaltun em ulm, Alemanha.

    durante os quatro anos de curso tem

    educadores de escolas de arte, porm sem

    conhecimentos da uno e necessidades de

    uma escola de design. junto com seu colega

    de ulm, karl heinz bergmiller, defne o programa

    para a implantao de uma escola de design no

    brasil, cujo conceito aceito pelo ministrio da

    cultura.

    1960 a convite de max bill participa de uma

    1997 a convite do designer wolgang weingart,

    conduz workshop e palestras na basel

    kunstgewerbeschule, suia e, a convite de

    herbert kapitzki, em rotis, alemanha.

    2008 palestra em homenagem ao centenrio de

    max bill e sobre o signifcado de sua

    inuncia na arte concreta e design no brasil,

    no museum haus konstruktiv, zurich, suia.

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    leopoldo haar, salvador candia, aldemir martins,

    roger bastide, carlos nicolaiesky, gastone

    novelli, po ty lazazaroto, wolgang peier.

    colega de luiz sadaki hossaka, estella aronis,

    emilie chamie, antonio malu, mauricio nogueira

    lima, ludovico martino.

    paralelamente, desenvolve grandesamizades no campo de aprendizagem do

    desenho com aldemir martins, goebel weyne,

    geraldo de barros.

    1951 recebe convite de pietro maria bardi para

    auxili-lo na montagem da exposio de

    max bill no masp.

    1952 solicitado por geraldo de barros para,

    conjuntamente, desenvolver cartazes para a

    comemorao do quarto centenrio da cidade

    de so paulo e como pagamento recebe aulas

    de pintura e pelos trabalhos associa-se aos

    artistas concretos do grupo ruptura, com

    waldemar cordeiro, lothar charoux, luis

    sacilotto, kazmer ejer, judith lauand, maurcio

    nogueira lima, antonio malu, anatol wladyslaw

    e leopoldo haar.

    1953 participa de concurso e premiado pelo

    cartaz da terceira bienal de so paulo.

    inscreve quatro pinturas de arte concreta

    na terceira bienal e premiado como jovem

    pintor revelao por um juri internacional,

    que inclui mario pedrosa e max bill. max

    bill solicita de pietro maria bardi a indicao

    de um possvel jovem candidato brasileiro

    para participar de um grupo internacional de

    estudantes para a escola, baseada na bauhaus,

    em ulm na alemanhaocidental. indicado por

    bardi e entrevistado e aprovado por max bill.

    contato com programas da teoria e cincia

    das cores: joseph albers, johannes itten,

    helene nonn-schmidt, aemilius mller;

    geometria construtiva: hermann von

    baravalle; trabalhos visuais e projetos: max

    bill, otl aicher, toms maldonado, hans

    gugelot, vordemberg- gildewart; tipografa:

    anthony rshaug, ritz querengsser;

    otografa: ernest scheidegger, ernest hahn,thomas rago, wolgang siol, christian staub;

    integrao cultural, metodologia, teoria

    cientifca, semitica e sociodinmica da

    cultura: max bense, toms maldonado,

    abraham moles, jose richwert, hans-gnter

    sperlich, waltter zeischegg; metodologia

    aplicada, percepo visual: herbert vesely,

    merwin wiklliam perrine.

    1957 recebe o prmio internacional do cartaz da

    quarta bienal do museu de arte moderna de

    so paulo.

    1958 em outubro retorna ao brasil e abre o

    primeiro escritrio brasileiro de industrial e

    graphic design com geraldo de barros, ruben

    martins e walter macedo: a orminorm.

    participam desse escritrio, como

    colaboradores: dcio pignat