6 infeccoes do tracto urinario
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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIOTRANSCRIPT
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� Comuns, especialmente nas mulheres � Normalmente agudas e de curta duração; Infecções severas podem resultar em perda de
função renal e sequelas permanentes
Aquisição
Via ascendente (Geralmente) (Uretra-Bexiga-Ureter-Rim-Sangue) Via descendente (Sangue-rim-ureter...)
Agentes infecciosos � E.coli é o causador mais comum de infecções urinárias ascendentes (apenas determinados serotipos: 01, 02, 04, 06, 07 e 075) � Outros bacilos gram negativos
o Proteus mirabilis – associado a cálculos renais pelo facto de possuir uma potente urease, que transforma a ureia em amónia, tornando a urina alcalina.
o Enterobacter , Klebsiella , Serratia , Pseudomona aeruginosa – mais frequentemente encontrados em ITU adquiridas em meio hospitalar devido à sua resistência a antibióticos.
� Cocus gram positivos
o Staphylococcus saprophyticus – Propensão para infecções em mulheres jovens sexualmente activas.
o Staphylococcus epidermidis , Enterococcus – associados a ITU em pacientes hospitalizados, onde a sua resistência a múltiplos antibióticos pode causar dificuldades de tratamento.
� Possivelmente espécies captnofílicas, incluindo Corynebacterium e Lactobacillius . � Em caso de disseminação hematogénica, poderão ser identificadas outras espécies como
Salmonella typhi , Staphylococcus aureus e Mycobacterium tuberculosis . � ITU por vírus e por parasitas são raras. Factores predisponentes � Qualquer factor que interfira no normal fluxo urinário ou no esvaziamento completo da
bexiga o Gravidez, hipertrofia prostática, cáculos renais, tumores e constrições da uretra o Perda de controlo neurológico da bexiga e esfincteres (p.ex, na espinha bifida, paraplegia e
escleresose múltipla) o Refluxo vesicouretral (comum em crianças com anomalias anatómicas do tracto urinário)
� Qualquer factor que facilite o acesso dos organismos à bexiga o Cateterização – durante a inserção do catéter, o organismo pode ser levado
directamente para o interior da bexiga. Enquanto in situ, o cateter facilita o acesso da bactéria à bexiga quer pelo seu lúmen como pelo exterior do catéter e parede da uretra.
� A uretra feminina , por ser mais curta, é um impedimento de infecção menos eficaz do que a
uretra masculina
� Actividade sexual facilita o movimento dos organismos pela uretra, particularmente nas mulheres – incidência aumentada de ITU em mulheres sexualmente activas.
� Possivelmente a colonização pré-existente da zona periuretral. � Crianças não circuncisadas – colonização do interior do prepúcio e uretra com organismos
das fezes. Factores de Virulência � Capacidade de colonizar as áreas periuretrais � Fímbrias (pili) – tipos particulares que permitem a adesão ao epitélio uretral e vesical [ver
E.coli: AAF/I,AAF/II, pili P, fimbrias Dr] � Adesinas para as células uroepiteliais (identificadas também para outras espécies que não E.coli) � Antigénio capsular (K) – associados à capacidade de causar pielonefrites e permitindo à
bactéria evitar a fagocitose [ver E.coli] � Hemolisinas – associado à capacidade de causar danos ao rim. Muitas hemolisinas actuam
de uma forma mais generalizada, como toxinas agressoras de membrana. [ver E.coli: HlyA] � Urease – associado à capacidade de causar pielonefrites e cálculos renais [ver Proteus mirabilis] Defesas do hospedeiro � pH – muito influenciado pelo nível de estrogénios. � Composição química da urina – osmolaridade, presença de ácidos orgânicos. � Actividade inibidora da urina para algumas bactérias. � IgG e IgA secretória nas pielonefrites � Efeito mecânico da micção Manifestações clínicas As ITU podem ser divididas em:
� Altas Quando envolvem o parênquima renal (pielonefrite ) ou ureteres (ureterite ) � Baixas Quando envolvem a bexiga (cistite ) e a uretra (uretrite ) e nos homens, a próstata (prostatite ) e o epidídimo (epidídimite ).
Sintomas ITU baixa
� Disúria � Urgência � Polaquiúria � Piúria (A urina fica turva pela presença de pus) � Hematúria (a urina fica escura pela presença de sangue)
ITU alta � Sintomas de ITU baixa � Febre � Dor lombar � Dor perineal (prostatite)
Notas: � Pacientes com infecções do tracto genital (como uretrite por Chlamydia) podem ter sintomas
semelhantes aqueles de uma ITU baixa. � Hematuria é característica não só de infecção do rim, como também de endocardite e doença
de complexos imunes – a sua presença requer investigação. � Piuria sem cultura de urina positiva:
o Infecção do rim por M. Tuberculosis: o organismo não cresce pelos métodos normais de cultura de urina pelo que o paciente parece ter piuria esteril
o Pacientes a receber antibioterapia para UTI: bacterias inibidas ou eliminadas mas a resposta inflamatória ainda permanecer
� Recém-nascidos e crianças até aos 2 anos de idade com ITU, podem ser totalmente assintomáticos ou apresentarem sintomas inespecíficos como: irritabilidade, diminuição da amamentação, febre, vómitos, apatia, etc.
� ITU em idosos, algaliados e grávidas pode ser assintomática. Diagnóstico laboratorial Exame bacteriológico da urina – quando se faz?
o Quando os sinais e sintomas apontam para: � ITU � Insuficiência renal � Hipertensão
o Suspeita de infecção sistémica o Febre de causa desconhecida o Mulheres no primeiro trimeste de gravidez
1. COLHEITA
o Nunca colher urina de arrastadeira, urinol ou saco de algália. o Não processar pontas de algália.
A colheita apropriada da amostra é o passo mais importante numa cultura de urina. Amostras satisatórias podem ser colhidas pelos seguintes métodos:
� Jacto médio � Punção de catéter urinário � Punção supra-púbica � Saco colector em crianças � Drenagem de nefrostomia /ureterostomia
1.1. Colheita do jacto médio (O primeiro jacto serve para limpar possíveis agentes contaminantes existentes na uretra)
Mulher Homem 1. Antes de iniciar a colheita efectuar a lavagem higiénica das
mãos. 2. Afastar os grandes lábios com dois dedos e mantê-los
assim durante toda a colheita. 3. Com compressas embebidas em água e sabão (não utilizar
anti-sépticos, pois podem inibir o crescimento dos microrganismos), proceder à lavagem dos órgãos genitais da frente para trás, com uma compressa de cada vez. Repetir a operação três vezes.
4. Usando o mesmo processo, lavar só com água esterilizada e secar.
5.5.5.5. Iniciar a micção, desprezando o primeiro jacto e colher 10-20 cm3 para recipiente esterilizado de boca larga.
1. Antes de iniciar a colheita efectuar a lavagem higiénica das mãos.
2. Afastar o prepúcio e manter essa posição durante toda a colheita.
3. Limpar a glande com compressas embebidas em água e sabão.
4. Usando o mesmo processo, lavar agora só com água esterilizada e secar.
5. Iniciar a micção, desprezando o primeiro jacto e colher 10-20 cm3 para recipiente esterilizado de boca larga.
� A urina produzida pelo rim e contida na bexiga é normalmente estéril
� Na uretra existe uma flora
normal, pelo que a urina eliminada contém um pequeno número de bactérias
Para distinguir contaminação de infecção é necessário realizar exames de urina quantitativos
1.2. Punção de catéter urinário (Foley) 1. Clampar a algália durante 10-15 minutos, acima da derivação, na zona de borracha. 2. Desinfectar com álcool a 70º o local a puncionar. 3. Com agulha e seringa esterilizada aspirar a urina (5 a 20 ml). 4. Transferir a urina para recipiente esterilizado, ou usar seringa própria para transporte de
urina. Nota: Aplica-se em doentes algaliados. 1.3. Punção supra-púbica 1. O doente deve ter a bexiga cheia. 2. Desinfectar a pele da região supra-púbica com a solução anti-séptica segundo a política de
anti-sépticos do hospital. 3. Com agulha e seringa esterilizada, puncionar a pele e bexiga ao nível do 1/3 inferior da
linha que une o umbigo à sínfise púbica. 4. Aspirar a urina e colocá-la em recipiente esterilizado ou enviar na própria seringa após
remoção da agulha. Nota: Particularmente indicado em doentes algaliados nos quais a interpretação de resultados de exames anteriores foi impossível e em crianças nas quais foi impossível colher urina pelos outros métodos. 1.4. Saco colector 1. Lavar com água e sabão a área genital, limpar com água esterilizada e secar com
compressa esterilizada. 2. Aplicar um saco autocolante estéril. 3. Se, ao fim de 30 minutos não tiver urinado, retirar o saco e repetir todo o procedimento
anterior; 4. Transferir a urina para recipiente esterilizado / Envio da urina no próprio saco. Nota: Indicado em crianças sem controlo dos esfíncteres. 1.5. Urina colhida por drenagem de nefrostomia / ur eterostomia 1. Um cateter é inserido através do flanco do paciente directamente na pélvis renal ou no
ureter 2. A colheita é feita directamente do cateter para recipiente esterilizado.
2. TRANSPORTE � Após a colheita, a urina deve ser transportada ao laboratório o mais rapidamente possível,
uma vez que deverá ser semeada até uma hora após a colheita. Se não for possível, deverá ser refrigerada a 4º C e processada até às 24 horas após a colheita.
� Quando a refrigeração imediata não é possível, a urina deverá ser colhida para recipiente com
preservante (ex: ácido bórico) e colocada à temperatura ambiente. Poderá ser processada até 24 horas após a colheita. Neste caso deve ter-se particular atenção ao volume da urina/preservante devido à possibilidade de ocorrerem falsos negativos quando o volume de urina é muito pequeno).
3. PROCESSAMENTO LABORATORIAL 3.1. Exame directo
� Coloração de Gram (Esfregaço de urina) 1. Colocar 10 ml de urina não centrifugada e bem homogeneizada, numa lâmina de vidro. 2. Secar ao ar, fixar e corar pelo GRAM. 3. Determinar o número de microrganismos por campo, com objectiva de imersão (100 x).
A presença de 1 ou mais bactérias por campo pode ser correlacionada com uma contagem de colónias de ≥ 105 U.F.C./ ml
� Exame directo a fresco do sedimento urinário Observação de elementos celulares como células epiteliais, leucócitos, eritrócitos, fungos ou parasitas no sedimento da urina centrifugada.
3.2. Exame cultural
Meios de cultura � Gelose sangue (meio não selectivo) � Agar MacConkey Meio selectivo e diferencial para isolamento de bacilos Gram negativo
(Enterobacteriaceae, Pseudomonas spp. etc.) Os sais biliares inibem o crescimento da maioria das bactérias Gram positivo. A presença
de lactose permite diferenciar as bactérias fermentadoras das não fermentadoras. � Meio de CLED (Cysteine lactose electrolyte deficient agar) A deficiência de electrólitos inibe o “swarming” dos Proteus spp. e a lactose permite
diferenciar os fermentadores dos não fermentadores.
1. Homogeneizar a urina 2. Emergir verticalmente na urina não centrifugada uma ansa calibrada de 1ml 3. Semear nos meios apropriados 4. Incubar em atmosfera de aerobiose a 35º C, 18 a 24 horas. 5. Após a incubação, leitura do n.º de colónias:
4. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 4.1. Urina colhida por micção “ jacto intermédio” o u por punção de catéter urinário � A valorização dos resultados deverá ter em conta uma série de parâmetros tais como: método
de colheita da urina, tipo de doente (por ex.: urológico, geriátrico, etc.), sintomatologia, observação microscópica do sedimento urinário e resultados de exames bacteriológicos anteriores.
� A bacteriúria é considerada significativa quando a amostra contém mais de 105 organismos/ml � Amostras contaminadas usualmente têm menos de 104 organismos/ml e contêm mais do que
uma espécie bacteriana.
1 colónia 103 UFC / ml 10 colónias 104 UFC / ml 100 colónias 105 UFC / ml
� Se colheita por micção, geralmente quando há crescimento de duas ou mais estirpes bacterianas, considerar que houve uma má técnica de colheita da urina ou um atraso no transporte e/ou no processamento laboratorial da mesma. - requisitar nova colheita de urina.
4.2. Urina colhida por saco colector em crianças O exame bacteriológico da urina colhida por este método pode dar resultados falso positivos, por provável contaminação com a flora do períneo. Se necessário, estes resultados podem ser confirmados, repetindo a colheita de urina por outro método ( ex: punção supra-púbica). 4.3. Urina colhida por punção supra-púbica Excluindo a contaminação por bactérias comensais da pele, deverão ser valorizadas quaisquer espécies de bactérias isoladas, independentemente da sua quantificação. Nota: A infecção do tracto urinário abaixo da bexiga ou por organismos que não pertencem à flora fecal normal, pode não levar à presença de quantidades significativas de organismos na urina. Tratamento Cistite
� Antibiótico por via oral em dose única e em três dias. � A escolha do agente deve ser baseada nos resultados dos testes de susceptibilidade.
Porém, muitas vezes a terapia é por intuição, pelo menos até os resultados laboratorias estarem disponíveis – Importante o conhecimento dos patogéneos, a sua localização e os padrões de susceptibilidade.
� Após o tratamento (pelo menos dois dias depois), deve ser realizado nova cultura para confirmar a erradicação do agente infeccioso.
� Beber grandes volumes de líquido.
Pielonefrite
� Antibiótico sistémico ao qual se saiba que o microogranismo é susceptível. � Tratamento sistémico deve prosseguir até ao desaparecimento dos sinais e sintomas,
podendo depois ser substituídos por terapia oral. (tratamento dura normalmente 10 dias, mas pode ser necessário mais tempo)
Nota: Em doentes algaliados, a remoção do cateter urinário é uma medida importante para a irradicação da infecção.
Classe de antibiótico Observações Beta-lactâmicos (ex:Ampicilina, amoxicilina)
Muitos bacilos gram negativos causadores de ITU produzem beta-lactamase e por isso são resistentes.
Beta-lactâmicos + Inibidores da Beta-lactamase (ex: Augumentim)
Activo contra a maioria dos bacilos gram negativos.
Inibidores da síntese de ácidos nucléicos (ex: Trimetoprim)
A incidência de estirpes resistentes tem vindo a aumentar.
Trimetoprim + sulfametoxazole (ex: Cotrimexazole)
Pode ser útil para tratamento “às cegas” mas é mais tóxico do que o trimetropim isolado.
Antiséptico urinário (ex: Nitrofurantoína)
Apenas para cistites; Não activo em meio alcalino – não é útil para infecções por P.mirabilis.
Ácido nalidíxico Para cististes; Apenas eficaz contra gram-negativos. Quinolonas Ciprofloxacina
Largo espectro de acção; Único eficaz contra P.aeruginosa; Não eficaz contra enterococcus.
Infecções adquiridas por via descendente (hematogénica) requerem terapia antimicrobiana específica. P.ex:
Prevenção
� Esvaziamento regular da bexiga. � Uso profilático de antibióticos em infecções recorrentes (problema da selecção de
estirpes resistentes). � Procedimentos adequados de cateterização. � Cateterização deve ser evitada quando possível e mantida o menos tempo possível.
Agente Antibiótico S.aureus Oxacilina; Vancomicina
S. typhy Fluroquinolonas, clorandenicol,Trimetoprim/sulfametoxazole, cefalosporina de largo espectro
M. tuberculosis Cocktail de antibióticos (…)