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Programa de Capacitação Agro florestral Certificado em Agroflorestra www.plant-trees.org Estenda a mão Tomando Atitude

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Programa de Capacitação Agro florestralCertificado em Agroflorestra

www.plant-trees.org

Estenda a mão

Tomando Atitude

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Programa de Capacitação Agro florestal Segunda Edição

Tomando atitudeEstenda a mão

Publicado por

P. O. Box 7027Silver Spring, Maryland 20907 USA

Phone (301) 565-0630Fax: (301) 565-5012

[email protected]

Imprimido em maio de 2008

Atenção: É permitido a cópia de todo ou partes desta publicação em qualquer ocasião.Trees for the Future, INC Silver Spring, Maryland, USA

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IntroduçãoQuando nossos técnicos visitam nossos projetos em muitos países do mundo, ficamos surpresoscomo a falta de material de treinamento em capacitação sobre reflorestamento e projetos agros flo-restais. Técnicos de campo, líderes comunitários necessitam de ferramentas apropriadas de capaci-tação para ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas, causada pela extração ilegal de madeira, usoexcessivo da terra para pastagens, queimadas e outras atividades que acabam por destruírem aterra.

No mundo da comunicação instantânea, talvez sem querer, temos deixado, pessoas em ter-ras remotas, de fora de todo esse processo de novas descobertas, negando a eles a possibilidadede trazer de volta árvores para suas terras, simplesmente, pois não possuem acesso a tecnologianecessária. Devemos recordar que nós somos os maiores afetados pela destruição do meio ambi-ente e necessariamente serão eles que semearão as novas florestas. Estamos sempre elaborandonovos e melhores materiais para poder dar capacitação ao maior número de comunidades pos-síveis, mas nunca poderemos deixar de lado as pessoas sem acesso a internet, ou luz elétrica.

No momento, somente 10% das terras desflorestadas do mundo serão reflorestadas e dess-es projetos são poucos que demonstram uma sustentabilidade a longo prazo. Se a informação e asidéias estiverem acessíveis a essas comunidades, acreditamos que resultariam em muitos maisprojetos sustentáveis.

Em resposta a esta necessidade, publicamos este manual. Oferecemos nossa experiência edas comunidades que temos servido a mais de 30 anos. Experiência no trabalho de 9.500 comu-nidades da Ásia, África e América Central, onde nós e centenas de organizações que temos parce-ria e das milhares de pessoas envolvidas, ajudamos a plantar mais de 53 milhões de árvores. Aolongo do tempo, nosso programa evoluiu para melhor assistir indivíduos e grupos que reconhecema necessidade de tomar atitude para salvar suas terras, suas casas e seus estilos de vida.

Esta publicação esta sujeita a mudanças. É nossa esperança que esta primeira edição logoserá substituída por uma segunda e possivelmente uma terceira. Para que haja edições futuras,pedimos aos leitores ajuda em idéias e dicas. Quais dúvidas estamos deixando sem resposta?Encontrou algum erro? Quais idéias têm?

Durante os anos temos aprendido que a plantação de árvores pode parecer uma coisasolitária, porém muito importante. Agora que nossos recursos naturais estão desaparecendo, o tra-balho de restabelecimento de árvores e florestas é um trabalho indispensável e que merece muitoreconhecimento.

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Este programa de capacitação contém:- Pacote com manual “Tomando Atitude, Estenda a Mão”& o CD da biblioteca agro florestal

Usando este manual de capacitação:Cada aula desse manual possui objetivos específicos. Ao término de cada aula, você deverá estarcapaz de entender esses objetivos. A avaliação final dessa capacitação consiste em duas partes: 1)A entrega de suas respostas do Exame Agro florestal. As instruções para entrega estão no final domanual. 2) Ao receber o exame completo, lhe enviaremos um caso de estudo a ser analisado, vocêterá que fazer recomendações que melhor solucionem os problemas econômicos e ambientais dacomunidade descrita.

Tabela de Conteúdo

Programa de Capacitação Agro FlorestralCertificado em Agroflorestra

Aula 1: Uso Não Sustentável de Terras p. 3-6

Aula 2: Árvores & Mudança Climática Global p. 7-8

Aula 3: Técnicas Agroflorestais

Introdução p. 9-10

Quebra-ventos p. 11-12

Cercas Vivas p. 13

Caso de Estudo no Senegal p. 14

Cultivo em Corredores p. 15-16

Terraços & Curva de Nível p. 17-19

Barreira Contra o Fogo p. 20

Diversidade & Horta Floresta p. 21-23

Sistema Integrado de Produção p. 24

Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragem p. 25-30

Aula 5: Técnicas de Conservação

Fogões Eficientes p. 31

Manejo Integrado de Parasitas (MIP) p. 32

Compostagem p. 33

Aula 6: Necessidades Percebidas Pelas Comunidades p. 34

Aula 7: Actividades que Generan Ingresos Economicos p. 35-36

Aula 08: Espécies de Árvores Agro Florestais - Introdução p. 37

Aula 09: Coleta, Armazenamento e Pré Tratamento de Sementes p. 38-39

Aula 10: Berçários de Raízes Livres e Mudas de Talos Livres p. 40-43

Aula 11: Propagação Vegetal p. 44-45

Aula 12: Proteção das Mudas & Manutenção Períodos de Seca p. 46-47

Bibliografia p. 48-49

Glossario p. 50-51

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Aula 1 : Uso Não Sustentável de Terras

O desmatamento é um assunto muito grave, porém pouco sefaz para responder ao impacto ambiental que ocorre no plan-eta. A extração desordenada de madeira, as queimadas etécnicas agrícolas ultrapassadas deixaram nosso meio ambi-ente em condições precárias. Agravando o problema, a cadaano, esforços na área de reflorestamento para ajudar comu-nidades, em sua maioria, estão plantando árvores erradas,resultando uma degradação a longo prazo. Isso preocupa atodos nós, especialmente em relação às famílias que real-mente necessitam das árvores para suas necessidades bási-cas: combustível, água, comida e ar puro.

Cortar árvores NÃO é uma coisa ruim. Árvores sãorecursos importantes para todo o mundo. O problema surgequando as pessoas cortam e NÃO as replantam. Árvores sãocortadas por diversos fatores. Indústrias de construção emóveis estão dependendo de árvores de espécies tropicais,de madeira dura; Madeira (muitas vezes em forma de carvão- carbono) é a fonte principal de combustível para cozinharpara mais da metade do mundo (foto 1A). Devido ao cresci-mento populacional e industrial em todos os países, ha sem-pre uma pressão crescente por recursos florestais. A agricul-tura seguida de queimada, caracterizada pela queima per-iódica da terra para limpeza e fertilização do solo pela cinza,está também contribuindo ao rápido crescimento do des-matamento global.

Os incêndios florestais (foto 1B) e a queimada dacana, por exemplo, proíbem a regeneração de plantas(somente algumas plantas desenvolveram a capacidade degerminação após incêndios) e destrói a pouca matériaorgânica existente no solo. Incêndios são causados por lixo,cigarro, técnicas inadequadas de apicultura e pela queimadescontrolada de terras para o cultivo e pastagens.

Outro problema grave é o uso excessivo da terra parapastagens. Quase todas as comunidades do mundo depen-dem de animais como fonte de alimento e trabalho (foto 1C).Soltar animais em pastagens, se feito corretamente, é amaneira mais viável para produção de gado, pois poucos produtores fazem isso corretamente (vejaaula 4). Sempre há animais em excesso em um espaço reduzido; pisoteando e agredindo o solo ecomendo toda a vegetação, incluindo as árvores e mudas. Mesmo que os animais produzam ester-co, num todo, o acúmulo de animais em um pequeno espaço de terra possui efeitos negativos ao solo.Os hábitos alimentares das cabras são especialmente destrutivos, pois seus lábios pequenos retiramaté mesmo as raízes das plantas, impossibilitando para sempre a germinação das plantas.

Objetivos da aula: Ao final da aula 1 você deverá estar apto a: 1) Dar três razões para o des-matamento global; 2) Enumerar as 3 maiores causas de incêndios florestais; 3) Explicar por queocorre o esgotamento do solo com o pastoreio; 4) Enumerar as três principais preocupações em seplantar muito eucalipto e pinho; 5) Explicar como os fertilizantes e pesticidas causam danos aosolo.

1B

1A

1C

1A: Criancas na Etiopia carregando lenha

1B: Arbustos queimados durante a noite

1C: Criancas cuidando de um rebanho emterras degradadas na África

Pagina 3

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Aula 1 : Uso Não Sustentável de TerrasAlgumas árvores podem causar danos a longoprazo?Nos programas ao redor do mundo, nós do “Árvorespara o Futuro”, trabalhamos provendo sementes deárvores de múltiplos usos que apresentam crescimentoacelerado. Com o propósito de estender nossos progra-mas em diversas zonas climáticas e trazer mais benefí-cios aos participantes, estamos constantementepesquisando no campo novas espécies promissoras -porém somos muitos cuidadosos e extremamente pre-ocupados em oferecer as melhores recomendações deespécies.

Muitas espécies de eucalipto crescem rapida-mente em diversas condições climáticas, de altitudes ede solo. Produzem lenha e madeira adequada às neces-sidades locais, são utilizadas na construção, como ervamedicinal e outros produtos - porém o eucalipto não éapropriado para a implantação de um sistema de mane-jo sustentável da terra.

Cada semana recebemos solicitações de comu-nidades na América Central, no Caribe, África e Ásia queestão sofrendo diretamente os danos causados (emlongo prazo) pelo cultivo massivo de eucalipto. As terrasque cultivavam eucaliptos estão agora devastadas. Noprincípio as comunidades estavam felizes em produziruma árvore que quando cortada, cresciam duas mudas.Isso se torna quatro e por aí vai. A cada rebrota, o sis-tema das raízes, que não e profundo, ficava apenasdebaixo da superfície e se espalhava aos campos decultivo.

Os agricultores logo descobriram que essasárvores de eucalipto estavam causando danos tantocom suas folhas, como com suas raízes: Elas não sócobrem o solo, proibindo o cultivo de outras espécies(foto 1D), como seu sistema bilateral de raízes, sugatoda a água e os nutrientes do solo, inibindo o cresci-mento de outra vegetação (foto 1E), deixando o solo ero-sivo. Além disso árvores de eucalipto causam o desa-parecimento de lagos e água subterrânea. Os pinhos (foto 1F), que se planta por todo o mundo, porsua valiosa madeira, apresentam um problema similar. Abaixo dos pinhos, quase nunca se encontraráuma vegetação produtiva: encontramos porém uma camada coberta por pinhos ácidos que inibem odesenvolvimento de outras plantas. Os pinhos são grandes propagadores de incêndio florestal.Pinheiros, assim como o eucalipto, possuem benefícios, porém eles não contribuem para um proces-so de manejo sustentável. Essas árvores deixam o solo em condições piores do que quando foramplantadas.

Em nosso programa no Árvores para o Futuro, trabalhamos encorajando comunidades a plan-tar árvores com benefícios múltiplos e com crescimento acelerado (BMCA), árvores que não só pro-duzem produtos, renda e alimento em pouco tempo, como também encorajam e auxiliam o cultivo devegetações ao seu redor.

1D

1E

1F

1D: Folhas e eucalipto são um abrigo ao norte daNigéria, cobrindo totalmente o solo

1E: A falta de vegetação em baixo de árvores deeucalipto causa a erosão do solo

1F: A maioria das plantas não conseguem crescerem baixo dos pinheiros devido à cobertura ácida

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Aula 1 : Uso Não Sustentável de TerrasÁgua e Solo A água e o solo são os dois recursos mais impor-tantes para comunidades agrícolas em todomundo. O solo e a água de qualquer local devemser conservados para que futuras gerações pos-sam sobreviver. E quanto ao uso do solo, nóstemos observado a sucessão de verdadeirastragédias, mas nós vemos algumas soluçõespara tratar esses problemas.

Devemos começar entendendo que o solotende a formar camadas, chamadas "horizons".Se cavarmos um buraco naterra podemos observar facil-mente as camadas O, A epossivelmente B (foto G1). Acamada O constitui emmatéria orgânica em cima dosolo. A camada A é uma capaescura, viva do solo onde amatéria orgânica e microor-ganismos se misturam à com-postos não orgânicos. Acamada B fica abaixo dacamada A e geralmente pos-sui uma cor mais clara. NoBrasil, frequentemente, acamada A possui alguns met-ros de espessura, enquantoem partes do mundo ela pos-sui somente alguns centímet-ros. Muitos nutrientes levadosdessa camada superficial acentaram-se, mas aofundo da terra, processo esse conhecido por "elu-ciação". Para estes nutrientes perdidos, pre-cisamos de árvores com fortes e profundos sis-temas de raízes, para extração e retorno de nutri-entes para a superfície do solo, através da quedade novas folhas. Nós devemos tomar muitocuidado com a camada superficial do solo porqueé ali que nosso alimento é produzido.Infelizmente, estamos permitindo que erosões,inseticidas, fertilizantes e queimadas causemséria degradação à nossa camada superficial deterra.

Quando solos estão desprotegidos, sofremerosão pelo vento e pela chuva. Devido ao mel-hor solo estar na superfície, só o que resta sãocampos livres com muito poucos nutrientes.Devido à erosão do solo, vemos rios embarrados,

oceanos turvos, deslizamentos e tempestades devento. Projetos agros florestais, que examinare-mos mais profundamente na aula 3, buscam aproteção do solo contra chuvas fortes e a ação deventos fortes.

Além desse processo físico que arrasa osolo, ainda existe a presença de processosquímicos auxiliando a degradação do solo;primeiramente a ação dos fertilizantes e pestici-das. Queremos esclarecer que fertilizantes e pes-ticidas químicos são soluções temporárias não

sustentáveis que quase nuncamelhoram a qualidade do solo.Os pesticidas geralmentematam muitos dos insetos emicroorganismos necessáriosao solo. Existem muitos inse-tos benéficos que se alimen-tam de insetos predadores asplantas, porém os inseticidasmatam todos indiscriminada-mente. Além de venenosos efrequentemente usado impro-priamente, muitos pesticidasencontrados em países sub-desenvolvidos são proibidosem países como EstadosUnidos e na Europa. Alémdisso passa dos animaismenores e maiores que oscomem, envenenando toda a

cadeia alimentar! Alternativas ao uso de pestici-das requerem: 1) dar a lavoura força para queresista a infestações através de compostosorgânicos e nutrientes oferecido ao solo 2) Usartécnicas de manejo integrado de insetos querepelem e matam insetos (pagina 31).

Fertilizantes também causam problemasem longo prazo e geralmente são inadequadosna sua composição nutricional. A terra precisa derica matéria orgânica em forma de húmus, com-posto, esterco, etc. Fertilizantes comerciais, fre-quentemente na forma de pastilhas de NPK, con-tém somente nitrogênio, potássio e fósforo.Esses são os três principais nutrientes, mas ainúmeros outros nutrientes como o magnésio,ferro, boro, zinco e cobre - que os fertilizantesquímicos não contém.

1G: Camadas de solo

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Aula 1 : Uso Não Sustentável de TerrasAlém disso as chuvas lavam imediata-

mente os fertilizantes químicos do solo, obrigan-do os agricultores aplicar mais fertilizantes a cadaano.

Sabemos que fertilizantes não são bons, mascomo fertilizar terras empobrecidas? Com bastante freqüência vemos comunidadesutilizando fertilizantes N-P-K nas seguintes pro-porções 10-10-20, 15-15-15 e 20-20-20.Esses números signifi-cam somente a pro-porção de Nitrogênio,fósforo e potássio nof e r t i l i z a n t e .Fertilizantes químicoscausam pelo menos 4problemas ao solo e avegetação.

O primeiro prob-lema é que matammicroorganismos ben-eficiários ao solo. Eisso inclui pequenos egrandes microorganis-mos, como a minhocapor exemplo.Minhocas, bactériasbeneficiadoras e fun-gos são essenciais asaúde do solo.Fertilizantes químicossão frequentementeácidos. Causando odesequilíbrio de ph dosolo, eliminando aexistência de organis-mos sem tolerância àacidez.

O segundo prob-lema é que fertilizantes químicos criam "hard-pans" no solo, que são camadas duras que seformam naturalmente ou não na parte mais pro-funda do solo. Enquanto microorganismos e com-postos orgânicos conservam o solo saudável eagregado, a química promove um esfarelamentodo solo, deixando o solo quase que como um

cimento. Isso promove danos grandiosos ao solo,uma vez que impossibilita o solo de segurar água.

O terceiro problema é que os fertilizantesdanificam as plantas saudáveis. Isso ocorreporque a habilidade das plantas em se defendercontra bactérias está diretamente ligada a quanti-dade de nutrientes no solo. Grandes aumentosna quantidade de nitrogênio e fósforo podemcausar a morte de alguns microorganismos ben-

eficiários encontradosnas raízes das plantas.Isso acaba por deixaras plantas maissuscetíveis à infecçõese doenças, comoinfecções por vírus.Também já é compro-vado que o aumentorepentino de nitrogênio,combinado com umafalta de outros elemen-tos, causa doenças nasplantas.

O quarto problemaproblema este observa-do com bastante fre-qüência é que as plan-tas podem experimen-tar uma deficiência emminerais, mesmo queestes minerais estejampresentes no solo.Fertilizantes químicosem grandes quanti-dades inibem asreações químicas e físi-cas que transferem osnutrientes menores àsplantas através doscabelos das raízes.Esse é um processo

bastante complexo que vai além das explicaçõesdessa apostila, mas sabemos de fato que asraízes das plantas podem ser cobertas por tantaspartículas carregadas, como íons de sódio, queperdem a capacidade de absorção de outros min-erais de que necessitam.

1H: Solos saudáveis devem ter a coloração escura. Mesmoque invisível a olho nu, esse composto contém milhões de

microorganismos beneficiários. Pesticidas e fertilizantesdestróem a vida microbiótica.

1H

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Aula 2: Árvores & Mudança Climática Global

O planeta está se aquecendo. A Terra sempre apresentouciclos de aquecimento e resfriamento. Cada ciclo ocorreuao longo de centenas, frequentemente milhares de anos.Porém nos primeiros anos do século XIX até o presente, oaquecimento está aumentando velozmente. A mudançateve sua aceleração no início da Revolução Industrial;período durante o século XVIII em que novas técnologiaspossibilitaram as indústrias em substituir animais e o trabal-ho humano por máquinas operadas por combustíveis fós-seis. Estas novas máquinas revolucionaram a produção e otransporte, porém teve um custo significativo para o meioambiente.

Como a madeira e outros combustíveis orgânicos,os combustíveis fósseis - como a gasolina, o gás e o hélio- são compostos basicamente de carbono. Quandoqueimados, o carbono se une ao oxigênio formando o monóxido de carbono (CO2). À medida que asindústrias crescem, o uso de combustível fóssil acelera, assim como os níveis de CO2 na atmosfera.

O uso de combustíveis fósseis tem aumentado continuamente há quase 200 anos. Agora, maisdo que nunca, a atmosfera está com um nível altamente perigoso de dióxido de carbono. Eles nãopossuem cor e tão pouco cheiro, porém espalham-se com facilidade de maneira homogênea por todoo mundo: a contaminação do ar não respeita fronteiras internacionais!

O Efeito EstufaRadiação solar a qual vemos através de luz e sentimos através do calor, chega constantemente aterra. Parte do calor é absorvida pela terra e o restante érepelido. O dióxido de carbono (CO2) age como uma pro-teção invisível que envolve a terra, aprisionando o calor ládentro (figura 2B).

Uma estufa é a estrutura usada em países frios paracultivo de plantas, flores e vegetais. Até mesmo quando astemperaturas chegam abaixo de zero, dentro das estufas atemperatura é mantida para o desenvolvimento das plan-tas. As estufas funcionam assim: o telhado e as paredessão feitas de vidro para que a luz solar (radiação solar)entre no espaço. O calor fica preso na estufa, permitindoque as plantas cresçam durante todo o ano com o calorseqüestrado.

Devido a altas concentrações de carbono na atmos-fera da Terra, estamos produzindo o que chamamos deefeito estufa. O dióxido de carbono é o gás principal noefeito estufa, mas existem também outros gases, incluindoo gás metano e o óxido nitroso.

Objetivos da aula: Ao término da aula 2 você será capaz de: 1) Explicar porque os níveis de car-bono estão aumentando; 2) Explicar brevemente o efeito estufa; 3) Listar ao menos 4 problemasambientais causados pelas mudanças climáticas; 4) Listar 3 coisas que árvores e florestas fazempara combater os efeitos do aquecimento global.

2A: A taxa da emissão de monóxido de carbonovem aumentando rapidamente desde a

Revolução Industrial ao final do século XVIII.

2B: O CO2 apanha o calor em armadilha naatmosfera da terra diária, contribuindo para o

Efeito de Estufa.

O Efeito Estufa

Concentração de Dióxido deCarbono

Ciclo annual

Pagina 7

Co

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Radiação solar

Radiação refletida

Atmosfera

Radiação bloqueada

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Aula 2: Árvores & Mudança Climática GlobalAumento da TemperaturaDurante os últimos 120 anos, no início do aumento do uso de combustíveis fósseis, a temperaturaglobal aumentou em cerca de 1.3 graus. (veja figura 2C).

Sabe-se que a taxa de aumento da temperaturaestá acelerando e que a temperatura média irá subircerca 2º centígrados ao final deste século.

Em anos recentes, vimos temperaturas recordespor todos os continentes. Animais e insetos estão mudan-do seus hábitos migratórios. Espécies invasoras, como omosquito transmissor da malária estão se espalhando pornovos territórios. As geleiras estão derretendo nas regiõesárticas, nos Montes Kilimanjaro no Kênia, Monte Fugi noJapão e por toda a Europa, Ásia e Américas. Isto estácausando o aumento do nível do mar; comunidades empequenas ilhas no oceano pacífico já foram obrigadas aabandonar suas casas.

Com isso, as temperaturas dos oceanos estãosubindo, manchando e matando os recifes de corais. Afreqüência e a força dos furacões estão aumentando. Otempo está mudando e os agricultores se confundem pelas flutuações dos períodos de chuva. Secase inundações estão cada vez mais comuns. As mudanças climáticas estão afetando à todos os seresvivos.

Taxa de Carbono na Atmosfera Pode Ser Reduzida Através de um processo natural chamado fotossíntese (Figura 2D) plantas removem dióxido de car-bono da atmosfera para o seu crescimento. Plantas absorvem o carbono e devolvem o oxigênio. Elasarmazenam esse carbono em suas folhas, galhos, troncos e raízes. As taxas de fotossínteses sãomaiores em regiões de calor o ano todo, como nas regiões tropicais. Devido ao crescimento mais rápi-do das árvores nos trópicos, elas absorvem maior quantidade de carbono que árvores em regiõestemperadas. Uma árvore dentro do nosso programa consome em média 23 kilos de monóxido de car-bono da atmosfera. Em projetos agro florestais, onde as árvores encorajam o crescimento de outrasvegetações, o aumento do seqüestro de carbono cresce ainda mais.

A importância das florestas do mundo Florestas são importantes depósitos de carbono, que fil-tram uma enorme quantidade de carbono da atmosfera e o aprisionam em sua biomassa. A organi-zação de Alimento e Agricultura das Nações Unidas estimam que as florestas do mundo armazenam283 x 106 toneladas de carbono em seus troncos e raízes. Além disso existe mais carbono armazena-do em madeiras mortas, folhas e solo de florestas do que em toda a atmosfera terrestre!

O aumento de combustíveis fósseis é somente uma parte da ameaça da mudança climáticaglobal. Com isso o mundo esta perdendo suas florestas numa velocidade média de 13 milhões dehectares todos os anos! Neste processo, a terra é queimada, deixando escapar ainda mais carbonopara a atmosfera - mais carbono e menos árvores para remover esse excesso de carbono! Introduzirtodo esse carbono, anteriormente armazenado, na atmosfera sem nenhum mecanismo para recol-hendo novamente, também tem contribuído para o aumento da taxa de CO2 na atmosfera. O des-matamento tem também causado a morte de milhares de pessoas. Deslizamentos e inundaçõesresultantes da perda de árvores estão acontecendo com mais e mais freqüência. Apesar da crençacomum que a limpeza de uma área previna a proliferação da malária, agora esta sendo provado ocontrário, pois florestas contêm morcegos, pássaros e outros inimigos do mosquito.

2C: As temperaturas globais médias estãoaumentando tão rápido que a flora e a fauna emtodo o mundo não podem adaptar-se bastante

rapidamente. www.wikipedia.org

Temperaturas GlobaisMédia Anual

Média de 5 anos

Pagina 8

Anom

alía

de T

em

pera

tura

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Introdução

Agro reflorestamento não é somente uma ciência, mas também uma prática antiga amplamente uti-lizada por agricultores em todo o mundo. Agro reflorestamento só foi reconhecido como uma ciêncianos últimos 20 anos. Agro reflorestamento é um sistema de uso da terra que integra a plantação deárvores (de madeira perene resistente), cultivos, pessoas e animais no mesmo espaço de terra paragarantir maior produtividade, melhor rendimento econômico ebenefícios sociais diretamente sustentáveis.

Pesquisadores do Centro Mundial Agro florestal descobri-ram que cada hectare trabalhado no sistema agro florestal, cincoa dez hectares estariam sendo poupados. Pelo fato de se utilizara plantação de árvores corretas em suas terras, fazendeiros con-seguem melhorar a qualidade de suas terras, desenvolver opor-tunidades geradoras de renda, além de estabelecer um sistemasustentável para a alimentação dos animais rico em proteína, delenha, madeira, comida, plantações, fertilizantes e pesticidasorgânicos.. As árvores usadas nestes sistemas nos propor-cionam serviços e produtos bastante valiosos, incluindo alimen-tação humana, alimentação para a produção animal, fertilizantesnaturais, equipamento para produção agrícola, dinheiro parainvestimento no desenvolvimento da produção agrícola emescala comercial, lenha, material para construção, proteção físicapara os campos agricultáveis e conservação do solo.

O agro reflorestamento é importante para todas as zonasclimáticas desde regiões baixas e áridas como locais altos e úmi-dos. O agro reflorestamento não só possibilita a geração de produtos úteis e produtos para a com-ercialização, mas também diversifica o tempo da produção - para que os agricultores não recebamtoda sua renda em um único período. Em poucas palavras o plantio de árvores agro florestaispodem garantir sustento alimentício, a conservação da água e uma produção agrícola sustentável.

Quais são as 5 chaves para o sucesso de um programa agro florestal? 1. Recolher informações sobre as práticas

agrícolas da região e depois adequar seu trabalho para as necessidades locais.

2. Comunidades locais devem estar dispostas e ajudar e participar.

3. O programa deve levar em consideração as práticas culturais, sistemas tradicionais de cuidado com a terra, uso da terra e vegetação a ser usada

4. O projeto deve ser técnicamente adequado e apropriado climaticamente.

5. Deve prover produtos úteis e ser economicamente viável, construindo autosustentabilidade ao invés da dependência por materiais caros.

Objetivos da aula: Ao terminar essa aula você será capaz de 1) Definir Agro Reflorestamento; 2)Listar 4 pontos chaves para o sucesso em um programa agro florestal; 3) após estudar páginas 10– 23 identificar e explicar as técnicas agro florestais mais apropriadas para sua região e a comunidade em que vive.

Pagina 9

A cerca viva no Senegal

A horta florestas no Mali

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Pagina 10

Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Introdução

3A1. Classificação de sistemas agro florestais baseado nos tiposde componentes

Agrisilvocultura - plantações (incl. arbustos/videiras) e árvores Silvopascicultura - pastos/animais e arvores

Agrosilvopascicultura - plantações, pasto/animais e arvoresFonte: Nair (1993)

Distribuição espacial de árvores em sistemas agro florestais

Sistema rotacional Plantação em barreiras Quebra ventos

Plantação em corredores Árvores em plantações(em grande escala)

Árvores em plantações(em pequena escala)

O tempo e o espaço são componentes demanejo importantes na prática do sistemaagro florestal. Figura 3 A1 nos apresentamaneiras de classificar esses sistemasbaseados nos seguintes componentes(plantações, animais e árvores), enquanto afigura 3 A2 apresenta modos diferentes emque as árvores são utilizadas em sistemasagro florestais.

Nestes sistemas, a densidade deplantação varia de densa (como em hortasflorestas, quebra ventos e cercas vivas) aespaçadas (como quando as árvores sãoplantadas em pastos). Essa organizaçãoespacial pode estar variando e mudandocom o tempo.

Agro florestas se baseiam na sus-tentabilidade de duas maneiras. Primeiro,sistemas agro florestais são desenvolvidospara atender as necessidades de cada pro-dutor e, segundo eles, servem para protegere manter a produção dos sistemas atravésda redução de ventos e erosões, melhoran-do a qualidade do solo e aumentando a infil-tração de água.

3A2. Distribuição espacial de árvores em sistemas agro florestais

otras sistemas

agrisilvo

cultu

ra

agrosilvopascicultura

silv

opa

scic

ultu

ra

várias

form

as vá

rias fo

rmas

várias formas

exemplos específicos

árvores

cultivosanamais

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Aula 3: Técnicas Agrofloretais - Quebra-ventos

Propósito e design: Quebra-ventos diminuem a velocidade dos ventos naplantação e alteram a força do vento para maiores alti-tudes. Os agricultores se utilizam de quebra-ventos pormuitas razões: 1. Minimizar os danos a vegetação e plantações. 2. Proteger os vegetais e árvores frutíferas para que

floresçam (pois as frutas e os vegetais se desenvolvem por meio das flores).

3. Minimizar a erosão do solo. 4. Minimizar a quantidade de umidade que os ventos

retiram do solo.

A composição das espécies de árvores e arbustos dosquebra-ventos variam ao redor do mundo, pois o desen-ho básico de um quebra-vento permanece o mesmo.Tende a haver um período do ano, geralmente nosperíodos de inverno (seca), quando os ventos causamas maiorias dos danos. São esses ventos que devemosnos preocupar primeiramente.

Os quebra-ventos devem ser plantados perpen-diculares ao vento. Talvez seja necessário plantar que-bra-ventos em múltiplos lados da plantação, pois ventosfrequentemente mudam de direção ao longo do ano. As comunidades podem trabalhar juntas, anal-isando suas terras de cultivo e identificando as áreas onde maiores quebra-ventos possam ser esta-belecidos para a beneficio de toda a comunidade, os agricultores individualmente podem criarpequenos quebra-ventos em seus próprios terrenos (foto 3A e 3B). Grandes quebra-ventos podem seestender por vários kilômetros e podem beneficiar muitas comunidades, enquanto pequenos quebra-ventos podem ser plantados em terrenos para o benefício familiar. Todos os projetos são diferentes

um do outro, dependendo da necessi-dade e participação da comunidade. A figura C mostram porquê os que-

braventos não precisam ser muito den-sos; o objetivo é diminuir a velocidade dovento, não pará-lo. Se criarmos um que-bravento muito denso, os ventos irão"bater" nos quebra-ventos trazendo pre-juízos ao campo. Os quebra-ventospodem proteger a uma distância dezvezes maior que as árvores mais altas.Portanto árvores de 5 metros de altura,protegem campos por 50 metros de dis-tância - desde que o quebra-vento sejauniforme em altura e distância dasárvores. Para melhor entender o design de um

Objetivo facilitador: Ao final desta página, você deverá ser capaz de orientar o design e a elabo-ração de um quebra-vento.

3A: As árvores Prosopis derrubam grandes quan-tidades de pequenas folhas que se decompõem

rapidamente ao solo.

3B: Os agricultores visitam um campo rodeado por um quebra-vento de 2 anos de idade de árvores de leucaena e

própopis.

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quebra-vento, teremos que examinar porcima e pelos lados (figura 3D e 3E). Pelolado, os quebra-ventos devem ter um forma-to de "A". Se olharmos na figura 3D, asárvores mais altas ficam no meio de arbustosmais baixos. Pela integração de árvores maisaltas, com árvores mais baixas, arbustos eervas aos quebra-ventos, você protegeráventos de todas as alturas, podendo diversi-ficar a produção. Saiba que não é muitorecomendado o plantio de árvores frutíferasem quebra-ventos, para minimizar o estresseda árvore à garantir boa produtividade. Aindaassim, árvores de tamarindo tem se mostra-do bastante resistentes, assim como árvoresdo gênero Averrhoa e outras árvores que dãoseus frutos ao longo dos troncos.

Quebra-ventos podem ser compostospor uma única fileira de árvores, masrecomenda-se ter duas ou mais filas. As filasde árvores devem ser intercaladas (figura3E). É difícil de ver na foto 3J, mas as mudasforam plantadas intercaladas como é mostra-do na figura 3E. Quando os quebra-ventospossuem brechas, o vento penetra na plan-tação em forma de túneis com fortes ventos,causando bastantes danos.

3D: Visto de lado, os quebra-ventos devem ter o formato de umA. Árvores mais baixas e arbustos devem ser plantados em

frente e atrás e as árvores mais altas ao centro. Eles protegemos campos a uma distância 10 vezes maiores que as árvores

mais altas. Agroforestry in Dryland Africa, ICRAF

3F: Brechas nos quebra-ventos podem causar túneis de vento. Essas aberturascausam danos à plantação.

3C: Quebra-ventos não devem ser muito densos. Quando vocêolhar através de um quebra-vento você deve ver 60 – 80% fol-

hagem. Agroforestry in Dryland Africa, ICRAF

Aula 3: Técnicas Agrofloretais - Quebra-ventos

3E: Intercale as filas plantandoárvores e cobrindo os espaçosentre as árvores de outras filas.

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Cercas Vivas

Propósito:Uma cerca viva é quando se usa árvores e plantas com espinhos para criar uma barreira contra ani-mais. As cercas vivas não só produzem madeira para a construção de cercas comuns, mas asárvores à arbustos usados na cerca podem produzir alimento, lenha e outras matérias primas, dimin-uindo a pressão por recursos florestais. Famílias que terceirizam a construção de suas cercas pre-cisam a cada dois anos investir em reparos, a possibilidade de economia é enorme - isso não querdizer que não da trabalho conservar uma cerca viva. Agricultores enfrentam maiores dificuldades nosdois primeiros anos do desenvolvimento de suas cercas vivas. Existe sempre a necessidade em seplantar mais árvores para tampar os buracos onde mudas anteriores não se desenvolveram.Agricultores também devem sempre podar as mudas eesse é um trabalho contínuo. Porém uma vez que as cer-cas sejam estabelecidas, agricultores podem estarseguros de que suas plantações estejam protegidas.

Design:Espécie espinhoso (Acacia, Parkinsonia, Propopis,Zizyphus, etc) Tendem a funcionar melhor em cercasvivas, mas pode-se utilizar também espécie não espin-hosas. O espaço entre cada árvore para uma cerca vivavaria de 25 a 75 cm, dependendo da quantidade de chuvae crescimento das espécies plantadas. Cortes de arbus-tos de euphoria e outros não-espinhosos devem ser plan-tados bem próximos (10-20 cm). A maioria das cercasvivas dos projetos do “Árvores para o Futuro” são plan-tadas a uma distância média de 40 a 50 cm de distância.Agricultores que possam disponibilizar recursos para acompra de arame geralmente plantam árvores como"postes vivos' e quando as árvores atingem a alturanecessária, os arames são agregados para confecção dacerca. Caso as árvores estejam sendo plantadas dentroda cerca comum, certifique - que de que a distância entreelas e a cerca seja de 1 metro (mesmo que pareça quevocê perderá terreno). Plantio muito próximo é a maiorcausa pela morte de cercas vivas no seu primeiro ano. Émelhor se plantar duas fileiras de árvores para qualquercerca viva ao invés de ter uma fileira única de árvores.Uma grande variedade de espécies deve ser plantada emuma cerca viva. Os galhos devem ser forçados para baixo para garantir e potencializar a proteção.

Podando e conservando: A chave é encorajar a ramificação; isso é necessário, pois os animais podem penetrar a cerca casoela não possua bastantes galhos na sua parte inferior. Caso você espere muito e deixe as árvorescrescerem "magras e altas", será difícil conseguir que ela se baixe mais tarde. A solução é começara podar os brotos terminais desde pequenos e depois de serem plantados quando alcançarem aaltura de 75 cm. Quando adultas podem ser podadas a uma altura de 1.5 - 2 metros anualmente. Apoda mais importante deve ser feita durante os períodos de seca (inverno), enquanto as árvoresainda estão em dormência.

Objetivo facilitador: Ao final desta aula você será capaz de desenhar e manter cercas vivas.

3G

3H

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3G: Plantar mudas a uma distância de 40 cm,para preencher as brechas de sua cerca viva.

3H: Representante de campo do Árvores para oFuturo, Omar Ndao, explica uma cerca viva feitade Acacia nilotica plantadas com uma distância

de 50 cm.

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais - Caso de Estudo no Senegal

Confrontando o deserto do Sahara, a 150 milhasao norte e movendo-se diretamente ao sul, osagricultores do Kaffrine no centro do Senegal,enfrentam um desastre natural. O povo conheci-do como Wolof sem saber vem castigando suasterras com o cultivo consecutivo de amendoim. Acolheita anual, que consiste em arrancar osamendoins do solo, deixa a terra exposta à inten-sa radiação solar e aos ventos abundantesdurante todo o período de seca. Anecessidade por lenha e materiaispara construção tem destruído opouco que resta dos recursos nat-urais, praticamente escassos. Opovo Wolof está desesperado pornovas idéias para lidar com ainconstância das chuvas, infes-tações de insetos e a expansãodo deserto. A segurança pelo ali-mento, nesta região, não passade um sonho. O baobab, otamarindo e mangas de arbustosque pontuam o horizonte foi tudoque lhes restou de uma florestaprodutiva.

A procura inicial dessesagricultores desesperados temfrequentemente sido à procurapor organizações internacionaisno desenvolvimento e construçãode poços (bombas de água). De fato, o acesso aágua cria rapidamente um crescimento da vege-tação e da produção animal. Porém, somente ospoços sozinhos não são soluções sustentáveis. Oque de início parecia ser a solução do desenvolvi-mento sustentável, veio a provar ser o cavalo deTróia Africano.

Este é um cenário trágico, porém comum.As manadas de animais se concentram nasfontes de água, pisoteando o solo e comendotoda a vegetação local. Novas indústrias jar-dineiras esgotam os recursos florestais para aconstrução de cercas para a produção de suaspreciosas hortas.

Durante nossas análises, obtivemosmuitas informações das comunidades locais.

Aprendemos que eles estão cansados de trabal-har - literalmente - por amendoim. A produção caia cada colheita e o solo é brutamente agredidopelos fortes ventos. Fertilizantes são caros e osagricultores recebem somente um pagamentoanual, em novembro, após o amendoim serprocessado. O restante do ano é um dolorosojogo de espera. Animais não possuem o quecomer nas épocas de seca, após toda a

pastagem ser cortada equeimada. Mulheres se tor-nam enfraquecidas, poisnecessitam andar kilômetrose kilômetros para coletarlenha. Nossa resposta foi trabalhar

com as comunidades locaisestabelecendo múltiplos que-bra-ventos e cercas vivas.Essa intervenção agro flore-stal diretamente resolveu osmaiores problemas encontra-dos. Nós plantamos árvoresespinhosas do lado de forapara manter os animais fora eplantamos árvores de cresci-mento acelerado na parte dedentro (foto 3J) para proverum quebra-vento bem alto. Devido à miscigenação de

espécies de árvores nessa técnica agro florestal:1) A uma grande quantidade de alimento animalrico em proteína (árvores de leucaena); 2)famílias estão produzindo 100% de sua lenha; 3)o Cajanus cajan e a Mauritiana zizyphus pro-duzem pigeon peas e frutas jujube; 4) A árvoreAcácia nilótica produz uma variedade de medica-mentos; 5) As árvores fixadoras de nitrogênioagem adicionando compostos orgânicos enitrogênio ao solo; 6) diversidade de produção; 7)estamos estabelecendo pomar de árvoresfrutíferas.

As famílias mudaram a maneira de cultivarem suas terras, de coletar lenha, melhorar o solo,alimentar seus animais e proteger suas plan-tações.

A introdução de técnicas agro florestais com o propósito de aumentar os benefícios aos participantes

3J

3J: Iniciando a cerca com duas fileiras deárvores. Árvores Thorny Acácia são plan-

tadas do lado de fora para proteção,enquanto árvores leucaena de cresci-mento acelerado são plantadas nas

fileiras de dentro. Mais espécies serãointegradas nos próximos anos.

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Cultivo em Corredores

A maior parte de agricultores em países emdesenvolvimento não possui acesso à fertil-izantes. Mesmo que tivessem, não possuiriamdinheiro suficiente para comprá-los. De certamaneira isso é uma coisa boa: fertilizantes quími-cos possuem uma maneira de destruir a estrutu-ra do solo em áreas desmatadas. Para essesagricultores temos boas notícias. Você pode cul-tivar seu próprio fertilizante através das árvores.

O sistemachamado plantação emcorredores planta filasparalelas de árvores,que devem ser plan-tadas na direçãolesteoeste do terrenonão norte-sul. A colheitaé plantada entre essasfilas de árvores.Plantando as árvores deleste-oeste, o sol podeentrar em todo oespaço, porém se asfileiras forem plantadasperpendicularmente aotrajeto do sol, a plan-tação não receberia solsuficiente. As espéciesde árvores plantadasdevem possuir a habili-dade de rebrotar crescerrapidamente após poda.Durante a estação de crescimento, dentro de umsistema rotacional de 3 a 4 semanas, galhos e fol-has dessas árvores são cortadas e jogadas aosolo para acelerar o cultivo da vegetaçãocrescendo entre as árvores (figura 3P). Elas rap-idamente irão se biodegradar adicionandograndes quantidades de materiais orgânicos enutrientes ao solo.

Em terras devastadas, essa técnica podetrazer o aumento da sustentabilidade e da produ-tividade. Testes realizados nas Filipinas com omilho apontou que, em somente um ano de culti-vo a produção aumentou em três vezes mais que

os anos anteriores. Assim como testes feitos comcafé, que vieram a apresentar resultados simi-lares, desta vez não só um aumento da produtivi-dade, mas também de sabor e qualidade da plan-ta. Além de tudo de uma maneira sustentável quecontinuará funcionando ano após ano.

Em muitos casos, quando a estação decrescimento termina e o período de seca estiverpara começar, permita que as árvores cresçam

altas, uma vez queagora não há problemaem fazer sombra àplantação (Figura 3L).No começo da próximaestação chuvosapodem estar com 3 à 4metros de altura edevem ser podadasnovamente. A madeirapode ser usada paralenha ou para a con-strução e as folhasdevem retornar ao soloem forma de "compos-tos verdes".

Essa técnica não fun-ciona bem com todasas espécies de árvores.As características dese-jadas para as espéciesincluem árvores nãomuito densas (para evi-

tar o sombreamento excessivo na plantação) eum sistema de raízes profundas que trará dasprofundidades do solo nutrientes e águanecessários para o desenvolvimento da vege-tação. Nunca use eucalipto!

Dentro de cada fileira as árvores são plan-tadas próximas umas as outras (Figura 3K). Emnossas experiências achamos necessáriasfileiras duplas de árvores, com mais ou menos 20cm de distância. As árvores de cada fila devemser intercaladas a uma distância máxima de 28cm entre cada árvore. Isso reduz generosamentea chance do sistema de raízes se enrolarem as

Objetivo facilitador: Ao final dessa aula você será capaz de 1) Enumerar as duas maiores vantagensdo cultivo em corredor 2) Listar as quatro mais importantes coisas que deve-se condiderar no design &espécies usadas na plantação de corredor.

3J: As caraterísticas de ávores boas para cultivo em corre-dores, Agroforestry in Dryland Africa, ICRAF

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Cultivo em Corredoresárvores. Você pode ter até 25 fileiras duplas de árvores por hectare e uma população de 1.000árvores por cada fila de 100 metros, ou 25.000 árvores por hectares (10 000 árvores por acre).

É trabalhoso convencer muitos agricultores, pois esses já acreditam que suas terras sejamextremamente pobres. Agora estamos pedindo que eles plantem filas de árvores em suas terras paraaumentar sua produtividade? Dá para imaginar o que muitos irão pensar: "Eu sei que minha famíliase alimenta de milho, mas eu duvido que eles comerão árvores!". Mas assim que apresentamos osdiagramas e as demonstrações, encontramos muitas pessoas convencidas e prontas a adotar novasidéias.

Propósito:O cultivo em corredores nadamais é que a plantação de "com-postos verdes" entre a plantação(foto 3L). Esses compostos verdesdas árvores possuem papéis vitaisna produção de nitrogênio ematéria orgânica (especialmentefolhas pequenas, de fácil compostagem), aumentando a fertili-dade do solo. Apesar do fato de que as árvores diminuem o espaço para o plantio, o aumento da fer-tilidade do solo, em vários países aumentou a produtividade do milho em até 150%! Plantação emcorredores é também utilizada para diversificar as lavouras. Por exemplo, um campo de milho inter-calado com árvores de Leucaena irá produzir maciça produção de milho, madeira, fertilizante e ali-mento rico em proteína para o gado, e tudo isso em diferentes épocas do ano.

Design:O espaçamento entre as fileiras das árvores e até mesmo entre as árvores podem variar. Uma dasmaiores preocupações é que as fileiras corram sentido leste-oeste -seguindo o trajeto feito pelo sol.Espaços entre a filas de árvores variam entre 4 e 20 metros, dependendo da preferência do fazen-deiro. Espaçamentos de 4 á 5 metros (Foto 3M) é um sistema que exerce bastante trabalho, porémproduzirá grandes quantidades de madeira e uma rápida revitalização do solo.

Colheita:As fileiras de árvores são frequentemente podadas a uma altura de 50 cm à 1 metro (foto 3N). Galhossão usados para construção e, lenha e folhas são misturadas ao solo como fertilizante orgânico, algu-mas espécies de folhas, como as de leucaena, são também bastante usadas para a alimentação dogado, pois possuem valor nutritivo rico em proteína.

3L

3M & 3N: Corte aslinhas quando

semeia as suascultivos

3P: Misture as folhas no solo

3K: Espaçamento entre as mudas

28 cm

20 cm

A distância entre linhas pode variar de4 para 20 metros.

3L: Deixe que as árvores cresçamdurante o período de seca

3M 3P

3N

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Terraços & Curva de Nível

Descrição:Com o aumento de erosão e devastação dosolo, seguido pelo aumento da demanda poralimentos em nosso planeta, agricultores sãoforçados a trabalhar em terras cada vez mar-ginalizadas, incluindo altas ladeiras. Écomum encontrarmos muitos agricultorespelo mundo, plantando seus cultivos de cimapara baixo de ladeiras, mesmo que seja óbvioa todos nós que o solo pelado dessas mon-tanhas está sofrendo erosão, causando pro-fundos barrancos.

Agricultores que querem trabalharnessas terras de maneira sustentável, tentan-do resolver o problema, constróem terraços,geralmente utilizando-se de pedras do terreno. O solo da erosão se acumula atrás dessas pedras,com o passar do tempo, esses terraços se tornam planos, parecendo uma série de degraus gigantesdescendo a montanha (foto 3Q).

O problema é para manter esses terraços em épocas de chuva. Nos trópicos, aonde a chuvachega a 250 cm em uma única noite, e com o aumento na freqüência de furacões e ciclones, o poten-cial de destruição é enorme. Chuvas fortes podem causar um grande deslize de terra, varrendo aspedras e eventualmente devastando até o último degrau do terraço.

Por isso foi desenvolvido os terraços vivos. Neste caso, uma fileira dupla de árvores, como asutilizadas nas plantações em corredores, são plantadas no contorno das ladeiras. Enquanto o solo étrabalhado, pedras, pragas e outros detritos são continuamente depositadas atrás das fileiras deárvores, formando uma parede que auxilia a segurar o solo. Muitos desses terraços possuem gramaalta, como vetiver e napier, que são plantados em combinação com as árvores. As árvores tambémajudarão a melhorar a qualidade do solo, podendo ser utilizadas como lenha, alimento para o gado,matéria orgânica entre outras coisas.

Desta maneira, pode-se existir terraços com pedras, porém acompanhado gramas altas e mil-hares de raízes de árvores. Em locais com chuva em abundância, o volume de terra acumulado atrásdas paredes chega a 30 cm - solo rico que teria ido embora com a enxurrada. Os terraços tambémestão proporcionando uma fonte constante de fertilizante orgânico e húmus das folhas das árvores,assim como alimento para o gado e uma fonte sustentável de lenha que pode até mesmo ser comer-cializada. O grande beneficio frequentemente é a criação de uma fonte sustentável de água, que sedirige para o fundo da terra e é capturada nos períodos de chuva, para mais tarde ser acessíveldurante os períodos de seca.

Propósito: Curva de nível é uma técnica agro florestal que pode minimizar a erosão do solo de montanhas emate 50%. As linhas contornam a montanha em um sistema de pontos que estão sempre na mesmaaltitude. As plantações em contorno são tiras vegetativas que seguem as linhas dos contornos.Minimizam a erosão em regiões montanhosas, criando terraços vivos que encorajam a infiltração daágua para dentro do solo, enquanto diminui a velocidade da água. Aqui estão os cinco passos maisimportantes na implantação de curvas de nível:

Objetivo facilitador: Ao final dessa aula você devera ser capaz de, listar os cinco principais passospara a implantação de curvas de nível.

3Q: Árvores de sobrepavimento com trigo na Uganda SW

3Q

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Terraços & Curva de Nível1. Encontrar e marcar as curvas: Primeiro você deveencontrar as curvas usando uma forma de A (foto 3R e figu-ra 3U), um tubo de água ou um marcador. Comece mar-cando curvas do alto do morro e vá descendo (veja figura3U). Comece de um lado da montanha, use o marcador emA, encontre o contorno do outro lado da montanha, mar-cando com pedaços de madeira ou pedras. Para propor-cionar proteção máxima as linhas devem ser corretamenteespaçadas. A queda vertical entre uma linha e outra deveser entre 1 a 2 metros. Isso não quer dizer que as linhasserão espaçadas de 1 a 2 metros, mas sim a queda verti-cal (também conhecido como intervalo vertical).Montanhas com pouca inclinação terão grandes distânciaentre as linhas (sendo aconselhado trabalhar com uma dis-tância limite de até 5 metros), enquanto ladeiras mais incli-nadas serão mais próximas umas a outras.

2. Prepare as linhas: Usando suas marcas como guia,perfure dois canais ao longo de cada curva de nível,deixando cerca de 50 cm entre os canais. Um arado animalajudaria bastante. Esses canais serão usados para o plan-tio das árvores. Observe: Alguns técnicos sugerem cavarum canal principal ao longo da curva de nível e plantar asmudas de árvores no monte de terra formado pelo canal(foto 3S).

3. Plante as Mudas/Sementes: Cementes pré-tratadas deárvores de multiuso, fixadoras de nitrogênio e de cresci-mento acelerado, podem ser plantadas em abundância aolongo dos canais. Cubra as sementes ligeiramente, porémtome cuidado para que estejam firmemente fixadas aosolo. Espécies sugeridas incluem Gliricídia. Sepium, C.Calothyrsus and L. Leucocephala. Você tambémpode optar por plantar mudas ou brotos ao longodos canais.

4. Proteja as mudas: O primeiro ano é críticopara o sucesso. Chuvas muito fortes, animais eaté mesmo os agricultores podem por tudo aperder. Se possível, os campos de curva de nívelcontendo novas mudas, deverão não ser utilisa-dos por um ano ou deverão ter seu cultivo mini-mizado. Não se esqueça de retirar as pragas aoredor das novas mudas.

5. Diversidade: Ao início do segundo ano, diver-sifique os contornos com cultivos de curto, médioe longo prazo.

3T: Na Ilha Flores na Indonésia, uma área de 8, 000hectares foi plantada curvas de nível com leucaena. O rio

das Flores por anos sempre secou semanas antes doperíodo de chuva. Dois anos após a implantação das cur-

vas de nível o rio nunca mais secou.

3R

3S

3T

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Terraços & Curva de NívelFigura 3U: Construção e uso de uma fôrma em A

Para determinar a linha central: Coloque a fôrma em um local com leve inclinação. Faça uma linhaonde a linha encontra a barra cruzada. Então inverta as pernas da fôrma e marque novamente ondea linha cruza a barra. A linha central é exatamente entre essas duas linhas. Marque exatamente.

Fixar com arame,parafuso ou pregoem três locais damadeira

três pedaços demadeira, postes, oumetal (não têm queser reto)

Fio

Pedra ououtro peso

Usar um sistema comfio para determinar omarco central ouUsar um objeto paranivelar (de construtor)

Barra transverssal

Linha Central(eata)

Para determinar as curvas horizontalmente ao redor da montanha, comece no topo da montan-ha. Marque uma perna do A com um pedaço de pedra ou madeira. Devagar ajuste a outra perna atéque ambas as pernas fiquem niveladas e que a linha esteja centralizada. Então marque o local dasegunda perna. A partir daí gire o marcador ao redor da montanha, sempre marcando pernada a per-nada, até chegar novamente o ponto inicial.

1 a 2metros

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Barreira Contra o FogoObjetivo facilitador: Ao final dessa página você será capaz de descrever duas das muitas formasde se criar uma barreira contra o fogo.

Caso de estudo de uma barreira contra fogo 1:Sólidas paredes verdes para deter os incên-dios de pastagens nas Filipinas. O período de seca na região montanhosa do sud-este asiático é longo e quente. Isso se faz valerespecialmente em locais desmatados -quase todoo território Filipino, onde somente 2% das flo-restas permaneceram. A natureza protege essasterras com uma grama espessa, conhecida comoImperata Cylindrica, localmente conhecida comoTalahid, encontrada em todo o mundo. Essagrama é espessa e resistente, podendo se desen-volver em solos pobres e degradados, chegandoa uma altura de mais de 3 metros.

Quando os planaltos ficam secos equentes é como se fosse uma explosão, tudo queprecisa é uma única faísca. Isso ocorreu duranteo "El-Nino" em 1998. Porsemanas, fumaça dasqueimadas cobriram o céu deJacarta até Singapura,matando milhares de pes-soas e animais. A cada anoos incêndios desabrigamcentenas de pessoas e tam-bém são responsáveis pelodesastre em muitos projetosde reflorestamento. Pomaresde manga e outras frutas sãoextremamente suscetíveis, eatravés da experiência,agricultores aprenderam a construir barreiras con-tra o fogo para salvar suas frutas. Estas são bar-reiras vivas, de 12 metros de largura, contendoaproximadamente 7 fileiras de árvores que per-manecem verde e frescas durante os períodos deseca. A terra protegida pela sombra é revestidapor vegetação mais baixa, formando uma bar-reira, verde, fresca e sólida de aproximadamente6 metros de altura.

Quando essas barreiras são plantadas emquadrícula, elas são capazes de inibir quase qual-quer fogo de pastagem. Elas funcionam, pois rap-

O fogo é um problema difícil de tratar. A melhor maneira para começar é educando a população,alertando-as, impedido-as de que comecem fogos. Estamos também trabalhando para combater

fogos através de técnicas agros florestais que estão sempre sendo atualizadas.idamente agem como uma parede verde sólida.Uma razão para isso, é para a popularidade dasbarreiras entre a comunidade e a possibilidade decultivo de outro tipo de vegetação abaixo dasárvores. Debaixo da proteção dessas árvores,pode-se cultivar mamão, banana, abacaxi, e out-ras leguminosas. A queda continua de folhas fer-tilizam e protegem a vegetação dos raios solares.Esse projeto foi iniciado por um de nossos técni-cos, Gabby Mondragon ao nordeste das Filipinasque desde então vem ensinando essas técnicasàs comunidades dos planaltos.

Estudo sobre as queimadas 2: Contendoqueimadas com ajuda das árvores de caju nasfronteiras de Senegal e Gâmbia. As queimadas em arbustos são causadas com

freqüência no Sahel por ciga-rros, apicultores sem exper-iência, e pelas manadas deanimais que usam os arbus-tos como cama, causandoestragos nas terras áridas daÁfrica, especialmentedurante os meses de março ejunho. A reserva florestalDankou, localiza-se na fron-teiras de Senegal e Gâmbianão é uma exceção. Asolução: corredores decajueiros, Anacardium oci-

dental (foto 3 v), distanciados por um vão de 10metros. Por que Cajueiros? Os Cajueiros desen-volvem uma copa cheia de folhas que bloqueiama maioria dos raios solares, gerando uma área desombra. Isso inibe muitas ervas daninha e matode crescer embaixo dessas árvores.

Além disso os Cajueiros são árvores deporte médio, com folhagem sedosa, quando asqueimadas avançam, a folhagem sedosa resisteao fogo e como não sobra mais nada paraqueimar debaixo dessas árvores, a queimadapara.

3V: Fila de cajueiros como esta podem impedira queimada de se espalhar

http://commons.wikimedia.org

3V

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais - Diversidade & Horta FlorestaObjetivo facilitador: No fim desta página, você será capaz de listar quatro características principaisde uma horta floresta e pelo menos 8 dos 10 setores. Hortas florestas são sistemas agro florestais sustentáveis que suprem necessidades econômicas,sociais e culturais aos agricultores além da conservação biológica, seqüestro de carbono e outrosbenefícios valiosos para a sociedade (Kumar and Nair, 2004; Hairiah, 1997; Torquebiau, 1992). Agroflorestas requerem que produtores pensem horizontal e verticalmente, e a horta floresta é um per-feito exemplo disto. Uma horta floresta se engloba em diferentes nomenclaturas incluindo permacul-tura, policultura e ‘acre perfeito‘. Finalmente, é um sistema de produção que permite a colheita deprodutos em doze níveis (Asfaw and Nigatu, 1995; Abebe, 2005). Não existe um design oumetodologia específica para uma horta floresta, somente o desejo e a necessidade de característi-cas e zonas específicas.

Características Principais de uma Horta Floresta: • Permitir que pessoas supram suas necessidade e produção de produtos de maneira sustentável,

maximizando o uso e a produtividade de suas terras. • Incorporar a relação simbiôntica entre plantas, animais e micróbios. • Evitar o risco na dependência econômica em um ou em poucos produtos. • Promover continuidade ao longo do ano de alimentação e produção agrícola • Permitir que a natureza produza fertilizantes e controle de pestes e parasitas de forma orgânica. • Quando manejada propriamente, produz frutas e vegetais de muito mais qualidade que os

produzidos em monoculturas.

Principais Setores (Veja figura 3W)Setor 1: Inicialmente a plantação do "Pioneiro" ou "árvores fertilizantes" para proteger e apoiar ahorta - floresta. Porque a maior parte das espécies usadas para este propósito são espécies decrescimento rápido e também porque essas espécies rebrotam depois de serem cortadas. Elasaparecem em diferentes alturas por todo campo, pois são constantemente cortadas. Estas árvoressão normalmente plantadas em uma distância de 2 X 3 m. Assim proporcionam um toldo quase queperfeito, apesar do período de corte de árvores individuais. Setor 2: As hortas crescem bem em temperaturas amenas junto com a grande umidade local e porfim com sombra parcial. Exemplos incluem abacaxi, pimentas e especiarias, vários tipos de feijão eoutros. Setor 3: O cultivo de raízes que se aproveitam das raízes das árvores pioneiras. (obtemos bonsresultados com a mandioca). Gengibre, batata doce entre outros também crescem bem nestascondições. Setor 4: Videira/Parreira ou Trepadeiras. Os galhos das árvores pioneiras oferecem uma soluçãoideal para vegetais e frutas, como por exemplo, melão amargo, abobrinhas do tipo paulistinha,maracujá, buchas e alguns tipos de batatas. Setor 5: Várias árvores frutíferas e Castanheiras: Café cultivado na sombra, bananas, mamãopapaia, goiabas, frutas cítricas e cacau. Setor 6: Madeiras maciças para investimento a longo termo. Setor 7: "Mini-viveiros" de aves domésticas e animais. Os ares de sombra fresca são ideais paraconstruir viveiros. A criação de animas e aves em sua maioria, pois há uma abundância de alimen-tos. Setor 8: Flores comerciais (orquídeas), plantas medicinais e outros produtos horticulturais. Setor 9: A produção de biocombustíveis, como jatropha (planta de sombra), coqueiros, ou qualqueroutra planta que produz quantidade razoável de óleo. Setor 10: Nós estamos vendo uma emergência do mercado para a compra do carbono armazena-do em nossas florestas.

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais - Diversidade & Horta Floresta3W: Principais Setores

Setor 1:Espécie deBMCA (Leucaena,

Calliandra, Sesbania,Cassia, Acácia)

Setor 2: Cultivo de terra(berinjela, pimenta,tomate, abacaxi )

Setor 3: Cultivo deraízes (mandioca,kamote, gengibre,inhames de feijão)

Setor 4: Trepadeiras evideiras (calabasa, alufa, os melões, seesmaga, cabaços)

Setor 7: Gado, aves eanimais de curral (porco,

cabra, vaca, carneiro,galinha, pato)

Setor 6: Árvores demadeira dura (loureiro,

mogno, Albizia falcataria)

Setor 5: Árvoresfrutíferas e castanhas(abacate, café, coco,

cacau, caimito)

Setor 10: Carbono isolado da atmosfera

Setor 9: Biocombustivel(jatropha, coco, jojoba,

palma, mamona)

Setor 8: Comerciais(orquídeas, plantas med-

icinais, óleos paraessências)

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Devido a sua similaridade com ecossistemas naturais florestais, as hortas florestas agemcomo seguradoras no controle de pestes e doenças. Elas desaceleram o processo de desmatamen-to de florestas naturais, uma vez que oferecem uma alternativa para produtos seriam retirados deflorestas naturais. A estrutura de copas múltiplas são umas das maiores distinções das hortas flo-restas, especialmente nas planícies dos trópicos úmidos (Kumar and Nair, 2004). Mais ou menosdez zonas são distintas em uma típica horta floresta.

Uma horta floresta produz frutas comestíveis, castanhas, grãos, tubérculos, folhas e flores,além de alimentação para os animais, lenha, remédios e material para construção. São tambémuma fonte significante de mineral e nutrientes contribuindo para a segurança de alimento do produ-tor (Wiersum,1997). Talvez a parte mais importante seja garantir recursos alimentícios durante osperíodos de seca do ano (Tesfaye, 2005). Como resultado existe um interesse crescente em secombinar uma horta florestas com educação nutricional, como uma estratégia prática de aumentar anutrição familiar de populações em risco, especialmente mulheres e crianças em paises subdesen-volvidos. Em estudos experimentais, as famílias aumentaram significantemente sua produção acada ano, assim como o consumo de frutas ricas em vitaminas e vegetais. Reduziu a deficiência deiodo, vitamina A e ferro (Kumar and Nair, 2004).Produtos vindos das hortas florestas geralmentenão são contaminados por químicas e toxinas e podem ser mais rentáveis do que a agricultura con-vencional devido ao baixo custo da produção.

Experimentos com a produção de café orgânico na América Central mostraram que produtosvindos de hortas florestas atingiram o preço máximo. No oeste de Java, dois terços da produção foitotalmente vendido (Nair, 1993). No sul da África hortas florestas, supriam a necessidade alimentí-cia da população e ainda sobrava cerca de 28% da produção para a comercialização (High andShackleton, 2000, cited in Abebe, 2005). Em adição a geração de recursos e a produção de produ-tos de subsistência para agricultores, hortas florestas possuem um potencial incrível para a geraçãode empregos no campo. Estudos mostram que e necessário 32.6 horas de trabalho por família porsemana (Abebe, 2005).

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais - Diversidade & Horta Floresta

Mangueira (ávore)

Abacateiro (ávore)

Abóbora tropical (uma trepadeira anual)

Canna edulis (cultivo de raiz perene)

Banana

3X: Uma horta floresta em Calamajue, Cuba, pro-priedade da família Balboa, representando a imensa var-

iedade de produtos dentro de uma horta floresta.

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Aula 3: Técnicas Agroflorestais – Sistema Integrado de Produção Objetivo facilitador: No final desta página sobre o estudo do café, você será capaz de explicarpelo menos um exemplo do porque devemos integrar melhor os sistemas de produção de alimento.

Depois do óleo, o café é o produto mais comercial-izado nas bolsas de valores do mundo. Cacau, oqual é usado para produzir chocolate, também émuito valioso nos mercados mundiais. Ambos sãoproduzidos por árvores naturalmente encontradasdentro das florestas tropicais, e vem sendo culti-vadas naturalmente há centenas de anos.

Ao final dos anos 60 ficou claro que as flo-restas tropicais estavam sendo desmatadas rapi-damente e junto com ela a reserva natural dessasduas importantes fontes econômicas globais. OBanco Mundial e outras organizações buscaramidéias para a continuidade da produção dessescultivos sem dependência das árvores ao redor.

Híbridos das duas plantas foram desen-volvidos (foto 3W). Essa nova variedade de café(geneticamente modificado), assim como o cacau com certas limitações, pode ser agora cultivada emplantações. As plantas foram significadamente alteradas e agora usam suas copas como sombra.Essas plantas são mais baixas, amadurecem mais cedo e tem o potencial de bem jovem produziremsafras bastante generosas.

O sistema de manejo dessas novas plantas exige que todas outras plantas sejam retiradas,Agredindo principalmente as árvores. Herbicidas mantém as plantas fora do cultivo, enquanto pesti-cidas reduzem a quantidade de insetos. Químicos, mais que orgânicos, são os fertilizantes que man-tém a produtividade.

Nem mesmo o café como o cacau responderam bem a esse novo sistema. Em um ambientereflorestado, árvores de café tendem a produzir por mais de 100 anos, porém quando cultivado emplantações, sua expectativa de produção fica entre 25-30 anos. Aos primeiros anos a produtividadeanual dentro deste novo sistema era alta, porém dentro dessas condições o nível de nutrientes dosolo rapidamente foi reduzido, assim como compostos orgânicos e a capacidade da terra de segurara água. Fertilizantes químicos restauram os níveis de "macronutrientes" - nitrogênio, fósforo e potás-sio, mas não dos "micronutrientes" como o zinco, ferro e o cobre. O resultado foi que solos enrique-cidos se degradam, assim como a produtividade e o sabor. Ao mesmo tempo em que isso estavaacontecendo (provavelmente porque estava acontecendo) o mercado europeu e norte Americanocomeçou a exigir produtos orgânicos, uma versão avessa do "café da sombra".

Lojas começaram a oferecer café com vários sabores adicionados e creme, tentando disfarçaro fato de que o café sozinho já não possuía o mesmo sabor. Ao mesmo tempo, tostadores de caféque vendiam seus produtos no mercado como "café da sombra" ou "amigo de passarinho" já nãocomandam os melhores preços.

Essa situação continua e oferece a agricultores dos planaltos uma ótima oportunidade paraque consigam bons preços pelo seu café, enquanto melhoram a produtividade e garantem a capaci-dade de retenção de água pelo solo, assim como permitem que outras espécies sejam cultivadas. Porexemplo, nos planaltos, muitas das terras improdutivas para a lavoura é usada como pastagem. Asfolhas das árvores que produzem sombra, oferecem alimento para o gado rico em proteína. Árvores,café e gado podem viver em um sistema que aumenta a produtividade, melhora a habilidade deretenção de água e a qualidade do solo.

3Y: Cafezal que foi produzido para crescer em plena luzdo sol, a falta de sombras e o uso de produtos químicosminimiza a biodiversidade nestes campos e expõe o solo

a erosão.

3Y

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Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragem

IntroduçãoEm muitos paises em desenvolvi-mento, a produção dos rebanhos éuma dos grandes contribuidoraspara o Produto Interno Bruto (PIB).Por exemplo, os rebanhos repre-sentam 30-40% do PIB no Sudano-Sahelian paises no oeste da Africa(Nair, 1993). Praticas agro flo-restais com o manejo de árvores,produção de alimentos para ani-mais e criação rebanhos é conheci-da pelo termo silvo cultura. Otermo é traduzido como pasto flo-resta, o prefixo silvo vem do latim esignifica floresta. Em sistemas silvopastoral, a produção de alimentopara animais é deliberadamenteacompanhada da produção demadeira, assim como arvores sãointroduzidas na produção de alimentos ricos em proteína. A interação entre madeira, alimentos paraanimais e rebanhos são manejados intensamente para simultaneamente produzir e aumentar aqualidade e a quantidade de produção. Praticas silvo pastoral promovem retorno econômicoenquanto criam um sistema sustentável com muitos benefícios ecológicos (Pagiola, et al., 2004).Esses sistemas variam de sistemas tradicionais silvo pastoral à sistemas bastante intensificados deconfinamento. Abaixo um pequeno exemplo do sistema tradicional com o sistema de corte e confi-namento são discutidos.

Sistema de Pastagem TradicionalOs voluntários do corpo da paz dosplanaltos degradados da AméricaCentral há muito tempo já disseram:"Essas montanhas poderiam serestaurar sozinhas se o gado fossemantido fora delas por alguns anos."

Isso não pode e não irá aconte-cer. O gado é um componente essen-cial para a agricultura através domundo. Muitas comunidades nãopossuem trator e são os animais quefazem o trabalho pesado. Animaistambém produzem muito fertilizantepara o cultivo, assim como é umafonte de alimento, sendo um grandeinvestimento para milhares de

Objetivo da aula: Ao final desta leitura você será capaz de 1) Citar três problemas do sistema depasto; 2) Listar cinco benefícios do sistema de pasto zero; 3) Identificar três tipos de forragem apro-priados para sua região.

4A

4B

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4A: Pastagem na Etiópia em terras montanhosas e grande quantidade deanimais, poucas árvores e muita erosão.

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Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragemfamílias. Partindo do ponto de que o manejo dogado deva continuar, devemos examinar comofazer para incluí-los em programas que possuemcomo o objetivo o reflorestamento e a melhora daqualidade do solo.

O ponto mais importante que você devecompreender é que: não são os animais que estãocausando o problema, mas sim o sistema demanejo utilizado. Muitas comunidades pelo mundopermitem que o gado vague pelo campo, geral-mente guiados por um jovem. Esses rastros deixa-dos pelos animais fazem um impacto significativoao meio ambiente. Eles comem tudo, inclusiveárvores, mudas e suas patas compactam o solo,impedindo a regeneração das florestas edegradam o solo. Para piorar, criar animais debaixo do sol é uma maneira ineficiente de criar ogado. Eles se estressam pela alta temperatura,assim como as pessoas, e as pastagens sãogeralmente baixas em nutrientes.

Considerações: Antes de se estabelecer um sistema silvo pastoralem uma área, devemos considerar o valor da inte-gração de florestas e agricultura para o sucessoeconômico e sustentabilidade ambiental compara-do com o uso local das terras. Necessidades ambi-entais (ex. plantação de arvores, proteção denascentes e preservação da vida selvagem)podem variar de região para região. Árvores cuida-dosamente selecionadas e plantadas de forma queauxiliaram e facilitaram o uso da área, praticas deum plano silvo pastoril adequado assim como esta-belecimento dos retornos econômicos e ambientaisnecessários para cada produtor.

Design e implantação:Sistemas silvo pastoral podem ser estabelecidosem qualquer solo capaz de suportar simultanea-mente o crescimento de arvores e alimento para osanimais. O design da distribuição das árvores é umimportante fator para o sucesso desses sistemas.As árvores podem ser distribuídas igualmente portoda a área para otimizar a entrada de luz e oespaço. Ou então de maneira alternada, agrupan-do as arvores em fileiras ou conjuntos, concentran-do suas raízes e sombreamento, deixando umespaço livre para as pastagens. As arvores são

4C

4D

4E

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Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragemfrequentemente podadas para aumentar aluminosidade e desenvolver uma madeirade melhor qualidade.

Manejo:O manejo de sistemas silvo pastoralrequer um bom conhecimento a respeitodo crescimento e desenvolvimento da ali-mentação dos rebanhos, assim como car-acterísticas do período e duração daspastagens para evitar danos às mudasdas árvores muito jovens. Os rebanhosdevem ser excluídos dos terrenos deplantação das árvores durante o primeiroano do estabelecimento das mesmas. Ummanejo silvo pastoril impróprio podereduzir a quantidade de vegetação local, causando tremendo estresse ao solo.

As técnicas mais importantes para o manejo silvo pastoral são: • A colheita e a podas das árvores • Fertilização para melhorar tanto a produção de árvores como a de alimento para o rebanho • Plantação de leguminosas para fixação de nitrogênio no solo • Multi-pastagens, pastagens rotativas • Suplemento alimentar • Desenvolvimento de fontes de água (ex. tanques, poços...) • Uso de cercas, repelentes e pragas naturais para o controle e redução de danos nas mudas

jovens

Uma técnica muito efetiva e rentável no manejo dos rebanhos é o confinamento dos animais. Nestesistema, a comida é trazida aos animais. Essa técnica é também conhecida como sistema zero depastagem. Neste sistema, um acre de plantação pode suportar cerca de 20 vacas com bezerro.

Confinamento/Sistema de pastagemzero:Nestes sistemas os animais são confi-nados em um local específico (foto 4B).Famílias utilizam cercas, galhos torci-dos, cercas vivas para manter seusrebanhos confinados. Mantendo-osseguros em relação à seres humanos,pestes e doenças. Devido ao fato dosanimais não poderem pastar em campoaberto, a alimentação é trazida a eles.Dando ao proprietário a oportunidadeem selecionar a melhor alimentaçãopara seus animais (foto 4C).

Tree Lucerne

Tephrosia

4F

4G

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Page 32: 57197327 Manual de Agrofloresta

Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de ForragemSelecionando alimento e árvores: Existe uma grande variedade de bons alimentospara o gado por comunidades de todo o mundo.Assim como pessoas, animais precisam de umadieta bem balanceada. O objetivo é oferecer aosanimais condições que irão mantê-los saudáveise uma alta produtividade em um curto períodode tempo. Somente pastagem não é o sufi-ciente. Animais precisam de proteína, macro emicronutrientes, minerais e água em abundan-cia.

A questão é: quaisas espécies de árvoressão boas para a alimen-tação do gado? Quasetodos os países tropicaisdo mundo possuemárvores em que as folhassão utilizadas como ali-mento para os animais.Nossa experiência temsido grande parte com asespécies de Leucaena leu-cocephata (foto 4D), poissão facilmente cultivadasnas mais diversascondições, quando cor-tadas rebrotam (Foto 4E) eproduzem uma grandequantidade de folhas, atémesmo em longos perío-dos de seca. As folhas sãosaborosas, contendo cercade 26% de proteína brutae altos níveis de vitaminaA e D. Também estamostendo bastante sucessousando gramas e arbustoscomo: napier/capim ele-fante, tephrosia vetch (foto 4F) e alfafa Ana (foto4G).

Durante os últimos 32 anos, Trees for theFuture vem ajudando produtores de gado aplantar milhares de árvores. No nosso primeiroprojeto, nas Filipinas, auxiliamos 90 famílias aplantarem 60.000 árvores e usarem suas folhascomo alimento para o gado. Alguns anos maistarde trabalhando em parceria com a Associação

de Criadores de Madura, na Indonésia, demosassistência no plantio de mais de 22 milhões deárvores, aumentando a disponibilidade de ali-mento para o gado em 15% - principalmente nosperíodos de seca, em que a comida para o gadotorna-se escassa.

Nutricionistas apontaram que a Leucaenaé da família da Mimosa e suas folhas contémum irregular aminoácido (alcalino) chamado"mimozine", que reduzem as tarifas calving em

certas circunstâncias. Nossa experiência é

que essas folhas devemser oferecidas a animais deestômago único em quanti-dades limitadas (25% paracabras e carneiro; nadapara cavalos ou mulas),porém pode ser utilizadapara grandes ruminantesem ate 30% da ração total.

Mesmo tendo assisti-do muitos projetos ealcançado bons resultados,enxergamos a necessidadede mais pesquisas com ointuito de aumentar, tanto aqualidade como a quanti-dade de proteína animalpara os seres humanos, aomesmo tempo tentandorestaurar árvores, que tam-bém oferecem retornofinanceiro, de volta a terrasdesmatadas.

A Economia do Sistemade Confinamento: A aritmética torna esse sis-

tema a melhor opção. Em áreas de planalto,geralmente leva de 3 a 7 acres de terra, depen-dendo do tipo de "alimento" para manter umacabeça de gado. Com o sistema de confinamen-to um acre de "alimento" pode sustentar até 20animais.

Sistema de pastagens são extremamentedifíceis de manter, especialmente em regiõestropicais, onde existem distintos períodos de

4H: Esta cabra não esta destruindo aterra e está recebendo uma alimentação

saudável e balanceada

4H

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chuva e seca. Trabalhando com o Banteng (familiar do gado na Ásia), pesquisadores descobriramque o aumento do peso dos touros no período de chuva do ano era de 75 kg, o que significa queem durante todo o ano eles deveriam engordar cerca de 150 kg. Porém no período de seca, aoinvés de ganhar, na realidade o gado perdia cerca de 25 kg, cerca de 33% de seu potencial genético.

Colocados em um sistema de confinamento, com um custo bem mais baixo do que amanutenção e instalação de cercas, especialmente em terras devastadas, onde existem muitospequenos produtores de gado. Alguns produtores se perguntam o que podem fazer com suas terrasásperas, uma sugestão é o plantio de árvores, incluindo árvores frutíferas e madeireiras, combinan-do-as com árvores de forragem, proporcionando alimento com valor nutritivo, especialmente paraos períodos de seca.

Experiências com esse sistema no sudoeste asiático, onde o preço das terras torna inviávelo sistema de pastagem livre, tem demonstrado que o sistema de confinamento melhora a produção,gerando mais leite, ganho de peso mais rápido e um aumento no número de partos, pois os ani-mais estão na sombra, com água limpa e suplementos minerais e alimentação de melhor qualidade,não há colinas à serem escaladas, não há insetos, nem cobras. A taxa de mortalidade de doençassão reduzidas drasticamente. Os animais estão ao alcance dos nossos olhos.

Devido ao fato dos animais estarem confinados, o manejo se torna mais fácil. Doenças e out-ros problemas são rapidamente diagnosticados e remediados. O gasto de energia desses animais éreduzido, proporcionando maior ganho de peso e mais leite, promovendo um desenvolvimento bas-tante saudável aos bezerros. Compostos orgânicos são facilmente coletados e servem mais tardecomo fertilizantes em hortas, jardins e plantações.

Novamente, esse sistema depende em grande parte no uso de árvores de forragem, que sãoárvores com sistema de raízes profundo, necessário para a restauração de qualquer solo. Assimuma alta porcentagem do alimento animal, cerca de 25%, está disponível em programas de reflo-restamento.

Pagina 29

Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragem

4J: Essa não é uma cana inco-mum em pastagens tropicais aofinal do período de seca. Com o

alimento escasso, essa vaca cam-inhou constantemente, de baixodo sol, por procura de comida.

Levará todo o período de chuvapara restabelecer as condiçõesdesse animal. O resultado sãomenos bezerros, pouco cresci-mento, baixa produtividade e

problemas sérios ao gado e aomeio ambiente.

4K: Carne de alta qualidade podeser produzido através do sistemade confinamento. Esse touro gan-

hou 900 gramas todos os diasdurante 240 dias! A ração usadafoi o topo da cana de açúcar comfolhas de leucaena. Nenhum tipo

de grão foi utilizado.

4J 4K

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Essas folhas possuem habilidade de aumentar as taxas de crescimento e produção do leite.A razão é que essas folhas, especialmente as folhas de Leucaena leucocephala, possuírem altosníveis de proteína. Um animal de dupla finalidade precisa em média de 12% de proteína em suadieta - pastagens em média em épocas de chuva possuem cerca de 6% e em épocas de secasomente 4% de proteína. Folhas de leucaena possuem cerca de 27.5% de proteína, assim comoaltos níveis de vitamina A e D. São também bastante saborosas, agradando os animais e aumen-tando o consumo e o ganho de peso.

Melhorando a alimentação e reduzindo o estresse e o gasto de energia, é possível aumentarem duas vezes ou mais o crescimento e a produção de leite. Nossos programas comprovaram issomuitas vezes (Foto 4H e 4J).

Tendo em foque esse sistema de uma perspectiva nacional, sem maiores intervenções, épossível aumentar rapidamente o número de gado com índices de natalidades maiores. A média da

produção de leite e carne podeaumentar cerca de 40% pois sebaixa a necessidade energética ea maioria da forragem se encon-tra dentro da própria produção.Assim como gera emprego emcomunidades rurais.

Benefícios sociais, econômi-cos e ambientais do sistemasilvo pastoralA integração de árvores, alimen-tação e rebanhos aumenta a pro-dução e a diversificação de pro-dutos além de garantir a produ-tividade por um longo tempo. Osistema produz múltiplos produ-tos, reduzindo o risco econômico.O sistema fornece renda con-

stante através da venda do rebanho e seus produtos, das venda de madeira e frutos. Pastagens podem inibir o crescimento das árvores, competindo pela umidade, nutrientes e

luminosidade. Sistemas de pastagens bem manejados oferecem um controle barato de ervas danin-has sem a necessidade de pesticidas, servem como proteção contra fogo e reduzem o habitat deroedores. Em adição, os rebanhos são fontes constantes de esterco para as árvores e as plan-tações.

Árvores de sombreamento e quebra-ventos têm um efeito de estabilizador de clima, reduzin-do o estresse do calor e ventos frios nos rebanhos. Árvores reduzem o frio direto em 50% e avelocidade dos ventos em 70%. Plantando árvores em pastagens. Melhoramos o desempenho dosrebanhos, reduzimos a mortalidade e diminuímos a necessidade de alimento. Além disso, sistemassilvo pastoral têm o potência de melhorar a qualidade da água e dos animais silvestres. As árvoresprotegem o solo da água e contra erosões, ao mesmo tempo em que oferece compostos orgânicosao solo (Rocheleau et al., 1988; Nair, 1993). Sistemas silvo pastoris são ambientalmente corretos, ediminuem problemas com a qualidade da água, odores, poeira, doenças e tratamento animal.

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Aula 4: Manejo de Gado e Árvores de Forragem

4L: Uma sistema de confinamento com porcos e árvores de Calliandra

4L

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Aula 5: Técnicas de Conservação - Fogões EficientesObjetivo da aula: Ao final desta aula você será capaz de: 1) explicar o principio básico de fogões alenha; 2) Listar os 4 ingredientes básicos e os 8 passos para a construção de um fogão de barro.

Fogões a Lenha Eficientes:Existem muitos tipos de fogões à lenha atualmente. Muitos são variações de fogões antigos. Elessão feitos de barro, argila, metal ou outros materiais. O principio básico de todos os fogões à lenhaé que eles são melhores isolantes térmicos do que os modelos tradicionais, pelo simples fato deque o fogo é rodeado por paredes. Visto que métodos tradicionais frequentemente usam só trêsrochas, novos modelos de fogão asseguram-se de que o calor seja forçado para cima, para o fundoda panela e não para os lados.

Fogões a lenha eficientes diminuem o consumo de lenha de 30% a 40%. Isso faz umaenorme diferença na vida das pessoas, poupando dinheiro e tempo que de outra maneira seriamgastos. Modelos como o fogão Lorena (foto 5D) conduz à fumaça para fora da cozinha, diminuindoproblemas respiratórios entre mulheres e crianças.

5C

5B

5A

Faça bolas de barro do tamanho de laranjas grandes

2 ½ baldes de solo argiloso

1 balde de palha

Misture os ingredientes secos,então adicione água, misturebem, cubra-o e deixedurante a noite

1 balde de compostosseco

Molhe e alise a terra onde pretende construí-lo

Coloque três pedras suportes e uma lata grandeusando um modelo de uma panela usada para

cozinhar

Agrupe as bolas de barro ao redor das pedras eda panela. Certifique de preencher com barro

todos os espaços livres Construa uma estante para a madeira

etsante

Corte ao redor e de forma ao forno com uma espátula

Deixe o fogão secarpor 2 semanas antes

de usá-lo.Certifiquece de

queele não ficaráex-posto

à chuva

Fogões de barro são eficientes na econo-mia de combustível porque canalizam todo

o calor e fumaça ao redor da panela. Apanela e o fogo são isolado pela mistura

de barro. Você estará economizando terrae árvores.

Como construir um fogão de barro eficiente sem dinheiro

5D

5A: Fogão Forno Jumbar 5B: Fogão da Etiópia "Mirte"5C: Fogão de barro 5D: Fogão Lorena

bambu gua. Você pode usar outro tipo de selante sepreferir.

Permeabilize o fogão com uma mistura de folhas de

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Aula 5: Técnicas de Conservação - Manejo Integrado de Parasitas (MIP)

Manejo Integrado de Parasitas (MIP) Em sistemas de agricultura onde pesticidas químicos não são usados, agricultores podem usar umavariedade ampla de medidas naturais para proteger os cultivos, vegetais plantas e mudas.Entendendo as características biológicas naturais dos parasitas - por exemplo, como eles viajam, oque comem e o que os atrai - agricultores e pesquisadores desenvolveram uma variedade de técni-cas que aprisionam, matam e repelem insetos.

Devemos esclarecer que uma maneira de combater pestes e doenças é mantendo sua vege-tação saudável. Quando vegetais carecem de nutrientes de água e nutriente, eles se tornam maissuscetíveis a infestações. Inimigos naturais, como morcegos, pássaros, e joaninhas, devem serencorajadas.

Mesmo existindo muitos livros explicando dúzias de técnicas de IPM, aqui nós iremosexplicar algumas técnicas que é efetivo no combate a maioria dos insetos e seus ingredientespodem ser encontrados no Brasil.

Objetivo da aula: Ao final dessa aula você será capaz de: 1) definir o sistema integrado de para-sita; 2) Identificar pelo menos 2 técnicas de IPM que você e sua comunidade podem utilizar.

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TabacoPegue dois punhados de folhas secas (200g) oude pontas de cigarros. Ferva de 15 a 20 minutosem 2 litros de água. Acrescente sabão, misture edeixe esfriar antes de filtrar. Dilua com 5 litros deágua.Aplique uma vez por semana. Eficaz con-tra a broca das hastes do milho, lagartas,afídeos, moscas e gorgulhos, assim como contracarrapatos nos animais.

Pimenta-malaguetePique uma xícara (chávena) de pimentamalagueta (cuidado para não esfregar os olhos!)Acrescente 2 litros de água. Deixe de molho naágua por 2 ou 3 dias ou ferva por 15 minutos.Acrescente sabão em pó ou lascas de sabão,misture e filtre. Durante a estação seca, apliqueuma vez por semana. Durante a estação daschuvas, aplique três vezes por semana. Eficazcontra as lagartas, os afídeos e as formigas.Piretro: Seque meio quilo de flores recém aber-tas. Esmigalhe as flores secas. Ferva de 15 a 20minutos em 2 litros de água. Acrescente sabão,misture e filtre antes de usar. Eficaz contra osafídeos, as moscas brancas e as cochonilhas.Você também pode fazer pó de piretro, trituran-do as flores secas. Polvilhe pela casa, paramatar pulgas e percevejos.

MamãoPegue 1kg de folhas de mamoeiro, 2 colheresde chá de querosene e deixe de molho em 10litros de água por 3 horas. Filtre e salpique asplantas. Eficaz contra várias pragas.

Cinzas de madeira e de debulho de arrozJunte as cinzas de debulho de arroz ou madeiraqueimada (eucalipto e cipreste são as mais efi-cazes). Salpique as cinza ao redor das plantasjovens. Continue a salpicar cinzas novas porduas ou três semanas até que as plantas este-jam bem estabelecidas. Uma outra alternativa éfazer uma vala com 8–10cm de largura ao redordo canteiro inteiro e enchê-la com cinzas. Eficazcontra roscas, caracóis, lesmas e mariposas-donabo.

Tratamento para mudas ou rebentões deplantasEsta é uma receita de fungicida (que previnecontra o apodrecimento causado por vários fun-gos) e nematicida (que previne contra os danoscausados pelos nematódeos – criaturas minús-culas, parecidas com vermes, que comem asraízes e os tubérculos). Ela tem sido usada commuito sucesso com rebentões de taioba antesde serem plantados. Qualquer outro tipo demuda também se beneficiaria. Triture juntos: 1 xícara (chávena) de cinzas de madeira 1 punhado de raízes de gengibre frescas 1 punhado de dentes de alho. Acrescente um punhado de folhas de mamoeiroe triture novamente com um litro de água. Diluaesta mistura em 5 litros de água e mexa.Mergulhe os rebentões e brotos na solução edeixe o líquido secar lentamente à sombra.Repita o processo pela segunda vez. Plante osrebentões como de costume.

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Aula 5: Técnicas de Conservação - CompostagemObjetivos da aula: Ao final desta página você será capaz de 1) Enumerar os ingredientes que suafamília/comunidade podem usar para compostagem; 2) Explicar como um composto cria húmus; 3)Explicar 5 aspectos da manutenção de esterco vegetal. IntroduçãoCompostagem é um processo que transforma materia orgânica emhúmus. Como vimos na aula 1, o solo é composto de materialorgânico e inorgânico. O húmus é o componente de matériaorgânica do solo que esta sendo destruído e vem sofrendo erosãopor quase todo o mundo. Muitos tipos de matéria orgânica podemser utilizados para a decomposição, realçando a qualidade dosolo.

Adicionando compostos a jardins, berçários e plantações é uma técnica de conservação,pois agrega força natural ao solo em forma de nutrientes orgânicos, juntamente com uma enormequantidade de microorganismos. Visto que o uso de fertilizantes químicos nada mais é do que umasolução à curto prazo, que futuramente causa danos ao solo, o uso de compostagem orgânica éuma solução à longo prazo sem nenhum tipo de risco.

O Que faz parte de um composto?Compostagem depende da decomposição aeróbica, da qual exige uma mistura de: 1) Matériaorgânica rica em carbono e nitrogênio, 2) Ar, 3) Água. Matéria rica em carbono são as vegetaçõesmarrons e amarelas, fibrosas, como folhas secas por exemplo. Matéria rica em nitrogênio seriam asvegetações verdes e compostos frescos.

Você pode acrescentar praticamente qualquer composto orgânico em seu adubo: somentetenha certesa de que não há nenhum tipo de pesticidas ou químicas neles. Tudo verde e marrompode entrar! Resíduos de lavouras, pragas (a alta temperatura e a decomposição matam a plantanão possibilitando sua proliferação), casca de amendoim folhas de árvores, composto animal, cas-cas de frutas, cascas de ovos e etc. Você também deve misturar um pouco de terra e cinza.

Fazendo a MisturaO composto irá começar e se decompor mais rápido se você colocar matérias pequenas. Misture ocomposto regularmente para manter arejado; o processo de decomposição precisará de bastanteoxigênio ou então irá começar a cheirar mal! Durante períodos de chuva, o composto pode sermantido em pilha. Durante o período de seca, é melhor mantê-lo em um buraco ou coberto paraprevenir que a umidade evapore.

O Processo InternoOcorre na presença de ar e água, muitos tipos de fungos e bactérias se alimentam de matériaorgânica e os convertem em húmus. Enquanto isso ocorre, o calor se acumula na pilha. Compostosbem preparados chegam a uma temperatura de 65-70 graus Celsius nos primeiros 2-4 dias doprocesso causado pelas bactérias; ai então a temperatura diminui. Esse calor matará patologias epragas. Misture após algumas semanas para que o interior esquente novamente. Continue esseprocesso. Você saberá que o composto esta pronto quando ele não mais esquentar após aerado.

Devemos Evitar

Não deixe que fique úmido Não adicione carne ou osso

Certifique de que o composto é misturado regular-mente garantindo oxigênio suficiente

Guarde seu composto da excessiva luz solar

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Aula 6: Necessidades Percebidas Pelas Comunidades

As pessoas que realmente estarão implementan-do seu projeto – pessoas que vivem nessas ter-ras degradadas - são em sua maior parteextremamente pobre. Não há maneira de queeles participem voluntariamente ao menos quesejam convencidos, primeiro; O projeto deveestar pensando no seu beneficio, segundo; Osbenefícios irão tratar suas necessidades e ter-ceiro; que os benefícios venham rápidos - comu-nidades carentes não podem esperar muitotempo.

Para que um projeto agro florestal ou dereflorestamento tenha sucesso, é absolutamenteessencial que ele seja iniciado satisfazendo asnecessidades das comunidades, que eles digamquais são seus problemas, buscando suaspróprias experiências e idéias para melhor solu-cionar as dificuldades. Para que o projeto tenhaqualquer chance de sucesso deve começar como envolvimento da comunidade - toda a comu-nidade! Respostas e índices obtidos por governa-mentais não são suficientes para convencerfamílias locais a participar.

Necessidades locais geralmente não coin-cidem com prioridades nacionais e globais. Umafamília que esteja assistindo suas terras montan-hosas serem lavadas provavelmente sabe, e sepreocupam, um pouco com a perda da diversi-dade ou as mudanças climáticas globais. Aindasim, uma das melhores coisas na reestruturaçãodas florestas é que, com pro-jetos bem elaborados, não sóprovemos benefícios a comu-nidades locais como con-tribuímos na solução dessas

preocupações nacionaise globais.

Conhecimentosdos antigos chinesesasseguram que asárvores nos trazem cercade 5.000 benefícios.Muitos desses benefíciospodem se resumir a umaúnica palavra: SUSTEN-ABILIDADE! O seu pro-jeto permite que as pes-soas permaneçam em suas terras não só poralguns anos, mas com sustenabilidade. Aumentaa produção de alimentos sustentavelmente.Proporcionam-lhes uma fonte de combustívelbarato. Promovem a melhora da qualidade devida.Caso seu projeto tenha convencido centenas defamílias a doarem parte do seu tempo e umpedaço de suas tão preciosas terras e mesmoassim em poucos anos as árvores estiveremdesaparecido, teria sido melhor nunca ter iniciadoo projeto. O projeto deve ser bem planejado eestruturado desde o início, pois pessoas carentesnão possuem recursos para fazer o mesmo tra-balho duas vezes.

Nanda Strestha, agora Ministroda agricultura do Nepal,

conversa com agricultoressobre a plantação de árvoresde forragem para a proteção

dos solos frágeis e a saúde dogado.

Dave Deppner

Pensamentos do fundador Dave Depper ( Trees for the Future)

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Aula 7: Actividades que Generan Ingresos Economicos

A pesquisa é para entrevistar 5 ou mais diferentes líderes comunitários para identificar produtos nãovindos da madeira que você pode produzir nos projetos agros florestais e vender. Um dos aspectosmais críticos de um projeto agro florestal é se ele trará benefícios imediatos aos participantes dacomunidade. Essa é parte da razão pela qual trabalhamos com árvores de crescimento rápido. Ascomunidades que servimos não podem esperar 30 anos até que tenham algo para utilizar ouvender.

Aqui estão alguns dos milhões de produtos possíveis:

Pesquisa especial: Entreviste ao menos 5 outros líderes comunitários para identificar 4 ou maisprodutos da floresta que não sejam vindos da madeira.

Produção de mel

Artesanato & bijuteria

Venda de folhas de Leucaena comoalimento aos animais

Cacau e café

Produção de vegetais

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Quais os produtos que sua comunidade produzirá no programa de reflorestamento?

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Aula 7: Actividades que Generan Ingresos Economicos

Como fazer creme para o corpo para comercialização

Popular entre as mulheres em períodos de seca

Materiais:1 litro de óleo de cozinha (vegetal ou de

amendoim)1 barra grande de sabonete com essência1 litro de águaPerfumada (a quantidade de aroma depende de

cada um)Qualquer coisa que queira acrescentar extra

como neem e etc.1 vasilha1 ralador ou lata grande1 prego1 martelo ou pedra1 algo para usar para misturarPotes ou vasilhas para armazenar o creme

Instruções: 1) Comece furando a tampa da lata com um

prego. O lado áspero será usado como ralador.

2) Ralar o sabão na vasilha, caso o sabonete esteja úmido, deixe algumas horas no sol para secar. Sabão seco é mais fácil de ser ralado

3) Misture com água4) Adicione o óleo lentamente. Misture bem 5) Depois de misturar, adicione o perfume como

preferir. Você também pode adicionar extrato de Neem para dar a sua loção propriedades antibacterianas e repelentes.

6) Quando tiver alcançado a consistência cremosa e perfume desejado, simplesmente coloque seu creme em potes ou vasilhames adquados e preserve sempre em local fresco.

7) Assim estarão prontos para a comercialização.

Esses exemplos são somente para as pessoas que estiverem interessadas, eles não fazemparte do exame agro florestal.

Maximização de sabão

Por quê?Você não só pode transformar uma barra desabão em quatro, como você pode torná-losantibacterianos se utilizar folhas de neem.

Materiais:1/2 kg de sabão de amendoim1 litro de águaSalBalde de folhas de neem (sementes amassadas

de preferência)Panela com tampaColher5 ou 6 garrafas plásticas de água, com os topos

cortadosRalador

Instruções: 1) Rale o sabão usando um ralador 2) Ferva as folhas de neem e esmague as

sementes. Deixe ferver até que a água se torne verde e então descarte as folhas e os caróços.

3) Adicione o sabão com um pouco de sal na água e misture bem.

4) Coloque a mistura nas garrafas de água e deixe secar.

5) Deixe por 3 dias 6) Retire as garrafas e seu sabão estará pronto

para o consumo e a comercialização.

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Aula 8: Espécies de Árvores Agroflorestais - Introdução

Árvores são plantadas como um passo inicial dentro de um programa agro florestal de longo prazo,de manejo sustentável e de recursos humanos. Recomendações para o plantio de árvores como ofinal de processo, não visam aos participantes bem algum e esses esforços não durarão muito.Estabelecer um programa agro florestal sustentável acontece ao longo de anos. O primeiro esegundo ano são os mais importantes: comunidades participantes precisam ter algum nível desucesso e devem colher alguns produtos ou ter benefícios significativos. Após as espécies pioneirasestarem estabelecidas, diversificar o sistema se torna muito mais fácil.

Nos primeiros anos você começará com poucas espécies, talvez somente uma espécie deárvore. Espécies não nativas que foram pesquisadas e usadas em projetos agro florestais pordécadas são frequentemente usadas nestes primeiros passos, e são passos fundamentais para acriação de condições que permitirão o retorno da biodiversidade. Independente de qual espécie asárvore que você plantar no primeiro ano DEVE apresentar crescimento rápido, serem árvores multi-uso que: resistem a 12 h de exposição ao sol; possuam raiz forte vertical (ao invés de um sistemaextenso lateral); produzam madeira usada para construção e como combustível; e possuir folhasque possam ser usadas como alimento para o gado, fertilizante orgânico, inseticida natural entreoutros usos. Essas árvores devem preferencialmente ser fechadura de nitrogênio.

A seleção de espécies especificas para a sua região é uma decisão importante. Caso neces-site tirar dúvidas, fale com os técnicos e funcionários do nosso departamento local. Para a recuper-ação de terras e estabelecimento de projetos agro florestais por todo o mundo, nos do Árvores parao Futuro estamos tendo muito sucesso usando Leucaena leucocephala. Aqui segue uma lista dealgumas de nossas espécies (sub) tropicais de crescimento rápido e de multiproposito. Caso vocêpossua alguma espécie que deva ser acrescentada, por favor, nos informe. Mais informação dosespecies é disponível em outro manual do Ávores para o Futuro.

Mantemos estoques de sementes de algumas dessas espécies nos nosso centro de dis-tribuição de sementes ao redor do mundo. Após a aprovação neste treinamento agro florestal, vocêestará apto a solicitar sementes. Para maiores informações em espécies de árvores, visite o materi-al técnico e educacional postado no www.treesftf.org.

Objetivo da aula: Após a leitura desta página, escreva um parágrafo descrevendo duas árvores apro-priadas para sua região, que poderiam ajudar a melhorar os sistemas agro florestais locais e por que.

Albizia lebbek albizia

Schinus terebinthifolius aroeira pimenteira

Cedrela odorata cedro mirim

Albizia hasslerii farinha seca

Cajanus indicus fejao gandu

Leucaena leucocephala leucena

Gliricidia sepium madre de cacao

Mimosa sepiaria marica

Acacia polyphylla monjeleiro

Moringa oleifera moringa

Erythrina crista mulungu

Citharexylum micranthum pau viola

Croton urucurana sangra d'agua

Mimosa caesalpiniaefolia sansao do campo

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Morfologiada das Sementes (Fig. 9A) Radícula: São dessas células que o sistema comple-to da raiz da planta se desenvolve. Todas assementes tem um tipo de ponto ou bojo que e aradícula.

Cotiledónes: Essas são as primeiras "folhas" quandouma planta germina. São geralmente sebosas e pare-cem diferentes das folhas que surgiram mais tarde.

Endosperma: A comida da semente

Capa da semente: Protege o embrião da semente, aparte viva da semente

Germinação/Pré TratamentoA maioria das espécies de árvores agro florestaisrequerem o pré tratamento para induzir a germinação(moringa e uma exceção). O pré tratamento é umprocesso que permite a entrada de água na cascadura da semente. Pagina 40 demonstra sementes em molho em água quente, o que e apropriadopara o pré tratamento da maioria das sementes.

Porque Se Requer o Pré Tratamento? a. Todas as sementes devem absorver água para germinar b. Algumas sementes possuem uma casca sebosa que não permitem a absorção de água c. Outras possuem uma casca dura e resistente que também dificulta a absorção de água d. O pré tratamento assegura que todas as sementes germinem ao mesmo tempo.

Métodos de Pré Tratamento a. Mergulhar em água quente: Ferva água e deixe as sementes mergulhadas de 4 a 48 h; geralmente

sementes com uma casca mais resistente (Acácia, Leucaena, Albizia e outras) b. Mergulhar em água fria: Deixe as sementes em lugar ventilado para secarem e depois as

mergulhe em água fria antes do plantio (neem e mamão) c. Utilize pontas de pregos, pedras ou outra superfície para

quebrar/cortar/arranhar a capa da semente. Raspe ou corte até que você veja a parte branca do interior. (Leucaena, Acacia, Delonix regia)

d. Banho acido: Mergulhe em acido sulfúrico. Essa técnica não é muito popular. Muitas comunidades alimentam seusanimais com sementes ou frutos e coleta as fezes, espalhando nos locais de plantio.

Aula 9: Coleta, Armazenamento e Pré Tratamento de Sementes

9A: Morfologia da Semente

Radícula

Cotiledónes

Endosperma

Casca dasemente

Vista lateral Vista dianteira

Ponto deconexão

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Objetivo da aula: Ao final dessa aula você será capaz de: 1) Listar sete pontos na coleta desementes; 2) Explicar brevemente passos importantes no processamento de sementes; 3) Listar eexplicar os cinco principais fatores no armazenamento de sementes; 4) Explicar por que e como prétratamos as sementes.

Não esqueça: 1) Sementes devem inchar quandomergulhadas em água - não plantenenhuma semente antes que elacomece absorver água; 2) Todas as sementes tem umaradícula, uma pequenaelevação,pontinha, visível no exte-rior da semente. As raízes nascemdas radículas, portanto todo cuidado é pouco com eles!

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Aula 9: Coleta, Armazenamento e Pré Tratamento de SementesPassos para Seleção e Coleta de Sementes a. Identifique à formação dos troncos, galhos, a resistência a doenças e a taxa de crescimento das

árvores "pais"b. Recolha sementes da mesma espécie em locais separados por cerca de 100 metros, para

garantir a diversidade genética c. Evite árvores que estejam isoladas das outras de sua espécie. Isso limita a diversidade genética. d. Colha somente sementes de frutos maduros (abertos). Frutas vendidas em mercados são

geralmente colhidas mais cedo, portanto não são boas fontes de sementes; e. Para assegurar a variação genética, colete frutas igualmente de todas as partes da copa, dos

lados e do fundo das árvores, pois cada parte da árvore pode ter sido polinizada em diferentes ocasiões e de várias maneiras.

f. Recolha espécies em seu habitat natural. Incluindo árvores que cubram extremos ambientais. g. Árvores usadas como cercas vivas, plantações de corredor e quebra ventos devem ser

examinadas com cuidado

Como Processamos as Sementes 1. Remova a casca. Isso e feito para remover insetos que fazem das cascas suas casas. Elas

também hospedam larvas, atraem pestes e fazem as sementes alvultadas para armazenagem 2. Preparação final e tratamento especial. Esse processo consiste na escolha manual das sementes

para a remoção de sementes ruins (ex. sementes irregulares, com má formação, doentes e etc.) 3. Secagem a sombra após lavagem e remoção de restos de frutas.

Principais Considerações para Armazenamento de Sementes a. Umidade; Causa o apodrecimento da semente. Certifique-se de que as sementes estejam secas.

Remova a tampa da vasilha com as sementes para permitir expelir a umidade acumulada e também verifique o aparecimento de larvas ou qualquer outra coisa que possa atrapalhar o desenvolvimento das sementes.

b. Temperatura: Mantenha-as em local escuro e fresco. Algumas espécies não resistem a temperaturas acima de 40C. Sementes de árvores frutíferas devem ser refrigeradas a podem serarmazenadas por um curto período de tempo. Outra semente, como a da acácia, pode ser armazenadas em locas frescos por vários anos.

c. Atmosfera: Containeres devem ser mantidos fora do chão e longe de paredes para prevenir o ataque de insetos e a umidade. Mantenha em local ventilado; isto ajuda a refrescar e secar.

d. Containeres: Plásticos, vasos ou containeres de metal, todos possuem prós e contras. Cuidado etente evitar: 1) Containeres frágeis; 2) Contêiner que permita muita radiação solar; 3) Containeresque possam ser roídos por ratos. Coloque um pouco de cinza e inseticida natural para proteger assementes de parasitas.

e. Conhecimento: Para todas as sementes que armazenar certifique-se de etiquetar com nome, data,origem e data em que semente devera ser plantada.

Sementes germinam de acordo com os seguintes fatores externos: - Alternância de aquecimento e resfriamento; - Alternância de umidade e secagem; - Sensitividade a longitude dos dias; - Passagem através da zona digestiva de animais; - Atividades de organismos do solo, fungos e insetos

Através do pré aquecimento da semente, imitamos os métodos da natureza de quebrar sua a dormência.

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Aula 10: Berçários de Raízes Livres e Mudas de Talos Livres

Ao princípio do ano de 1979 nós do Trees for The Futureparamos de usar saquinho plástico para o desenvolvimen-to de mudas de muitas espécies. Existem varias razõespara isso:

a. As sacolas custam dinheiro, não só para comprá-las, mas também a mão de obra para enchê-las;

b. Transportar cerca de 1 ou 2 kilos de terra do berçário para o local do plantio e cavar buracos mais profundos requer uma quantidade desnecessária de trabalho;

c. A sacola limita o crescimento das raízes, o que não podeocorrer, principalmente neste primeiro período de chuva;

d. O tamanho do berçário é bem maior, o que requer maiorirrigação diária.

Observamos que o manejo correto dos canteiros doberçário, devido o plantio de mudas maiores e fortes estãosendo transplantadas utilizando o método de raiz livre. Onúmero de mudas que sobrevivem subiram em média de91% quando comparamos os 85% do método que utilizasacolas de plástico.

O canteiro do berçário deve estar localizado perto dacasa da família que esta cuidando e também, perto de umafonte de água, porque aguar nos fins de tarde é muito importante. Nós recomendamos que este can-teiro de sementes deva ser "afofado" cerca de 30 cm de profundidade, para aumentar a qualidade docrescimento das raízes. Ao misturar a terra adicione adubo composto / animal, se o solo estiver ácido,algum tipo de controlador de acidez deve ser aplicado.

A maioria das sementes de árvores tropicais tem uma casca de proteção muito forte, que asprotegem das condições do tempo, epidemias e outras situações. Para alcançar maior sucesso namédia de brotos saldáveis, as cascas devem ser levemente lixadas antes de ser plantadas,Dependendo da espécie, isto é feito em: (a) arrastando as sementes em uma superfície dura, (tenhacuidado para NÃO machucar o interior da semente); (b) lavando as sementes com água quente e enx-aguando com água fria; ou (c) deixando as de molho em água morna até inchar. Então elas deveremser colocadas encima do solo cobrindo levemente com terra fofa.

Mudas novas não toleram raios de sol fortes e contínuos. Pelo menos pelas primeiras semanasde crescimento, elas devem estar em sombra parcial. Isso pode ser feito construindo um sombreirosob o canteiro utilizando folhas de bananeira ou palmeira. Quando as sementes forem crescendo osombreiro pode ser retirado.

Uma vez que a maioria das espécies de árvores desejadas são leguminosas, o solo deve terbactéria fixadora de nitrogênio. Se existe um cultivo de leguminosas, como soja ou feijão, essas bac-térias provavelmente já existem no solo do canteiro. Caso não haja, retire solo de alguma região ondeesses tipos de vegetação sejam cultivadas e misture no seu canteiro.

Objetivo da aula: Ao final dessa aula você deverá ser capaz de: 1) Citar quatro benefícios do sis-tema de talos livres; 2) Identificar as datas em que os berçários de raízes livres devem ser iniciadosem sua comunidade.

10A

10A: Dessa maneira, esperamos conseguir 200mudas viáveis dentro de um canteiro de 1 m2

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Aula 10: Berçários de Raízes Livres e Mudas de Talos LivresObjetivo facilitador: Ao final dessa pagina você será capaz de explicar cinco passos na con-strução de um canteiro (berçário).

Começando seuComeçando seu

Berçário de Raízes LivresBerçário de Raízes Livres

Plante a semente durante o período deseca - de 100 a 120 dias antes doperíodo de chuva começar

Passo1: Preparando a semente Coloque as sementes em uma vasilha de fundo reto.Adicione água fervendo até cobrir as sementes.

Passo 2 : O Canteiro Cave uma cama dupla, adicione compostosorgânicos e misture bem a terra. Caso o soloseja um pouco ácido, misture um pouco decal de cinza de madeira. Planeje um crescimento de cerca de 250 mudas pormetro quadrado.

Passo 3: Plante as sementes Faça canais de aproximadamente 20 cm dedistância e plante as sementes separadas porcerca de 2 cm. Certifique-se de usar somenteas sementes que tenham absorvido água.Cubra-as levemente com solo. Mantenha-asem sombra parcial durante as primeiras semanas.

Passo 4: Regue o Canteiro Dia sim dia não regue o canteiro aoentardecer (8 a 10 litros por metroquadrado de canteiro).

Passo 5: Proteja seu canteiro Proteja de galinhas, animais, exposiçãodireta solar e ventos fortes. Mantenha asmudas em sombra parcial pelas primeirassemanas. Construa uma cerca ao redor doberçário.

8-10 litrosdiaria-mente

20 cm entrelinhas

-----------------2 cm entre as

sementes

1 metro

1 metro

1 m

etro

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Espere 5 minutos e adicione água fria. Deixe-as de molho de24 a 72 horas. Após esse processo as sementes boas dev-erão ter triplicado de tamanho.

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Aula 10: Berçários de Raízes Livres e Mudas de Talos LivresMuitas espécies de árvores leguminosas podem

ser plantadas próximas umas a outras nos canteiros(para as leucaenas, recomendamos plantar com umadistancia de aproximadamente 2 a 3 cm) (foto 10A).

Durante os períodos de seca as folhas verdesescuras das mudas irão atrair animais e insetos. Asmudas devem estar bem protegidas. Pode-se utilizarmato com galhos, plantas com espinho ou qualquercoisa para proteção das mudas.

Na maioria das áreas tropicais, existem distintosperíodos de chuva, variando de 4 a 6 meses. É impor-tante conseguir o máximo crescimento possível noprimeiro período de chuva. Os berçários devem serestabelecidos de 100 a 120 dias antes do período dechuva. Deve ser aguado regularmente e adicionadocomposto uma vez por semana.

Transplantando Mudas de Raízes LivresPara que comunidades agrícolas protejam suas terras, muitas vezes ladeiras e o abastecimento deágua, é necessário o plantio de milhares de árvores e do empenho de famílias locais, que já trabal-ham longas horas para garantir o sustento da família. Por sorte o plantio das mudas se dá no perío-do de seca, período em que geralmente não há tanto trabalho como em outras estações. Usando ométodo de raízes livres podemos poupar tempo no momento do transplante (foto 10B).

Quando o período de chuva chega, não é necessário transplantar as mudas imediatamente.Mencionamos isso, pois esse é o período de maior trabalho em áreas rurais. Durante esse períodocrítico, se concentre na plantação de seus cultivos, as mudas podem ser deixadas de lado.

Trabalhando com mudas de crescimento acelerado, o objetivo é a obtenção de mudas comcerca de 90 a 120 cm de altura. Quando chegar o momento para o transplante, molhe bastante (prati-camente alague) até o ponto em que a árvore possa ser retirada por inteira do solo, sem que a raizseja machucada. Após a retirada elas devem ser podadas, retirando todas as folhas e galhos, exce-to as folhas to topo da planta.

Fazemos isso por duas razões importantes. Primeiro, acontece com bastante freqüência deque o período real da chuva não tenha chego; os ventos podem mudar de direção e não haver chuvapor alguns dias. Sem folhas sofrendo a ação dos quentes ventos, as mudas permanecem dormentesaté o período da próxima chuva. Segundo, as radicelas da raiz se quebram com facilidade, impossi-bilitando a alimentação eficiente para todas as folhas. Retirando as folhas, aliviamos o estresse sobrea raiz enquanto elas se readaptam. Enquanto as mudas são retiradas do solo e suas raízes ficamexpostas, é muito importante protegê-las para que elas não sequem. O ideal seria que elas fossemtransplantadas de 2 a 3 h após a retirada e ao entardecer. Caso isso não seja possível, as mudasdevem ser protegidas com uma toalha molhada ou barro.

10B: Usando o método de raízes livres, essas cri-anças podem transportar facilmente centenas de

plantas cultivadas de sementes ao topo desta mon-tanha. Isto é o que o sistema de raízes livres pode

realizar: mais árvores, melhores árvores, com muitomenos trabalho e menos dinheiro fora-de-bolso.

Em nossas experiências, grupos de três pessoas trabalhandojuntas podem transplantar até 100 mudas em uma hora. Umapessoa carrega a vasilha com aproximadamente 250 mudas.Uma pessoa corta a grama e retira o mato do local onde elasserão plantadas. A segunda pessoa usa uma ferramenta pesa-da e pontiaguda para perfurar um buraco no solo, grande osuficiente para acomodar as raízes. a terceira pessoa planta amuda e afofa a terra firmemente ao redor da planta.

10B

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Aula 10: Berçários de Raízes Livres e Mudas de Talos LivresObjetivo facilitador: Ao final desta página, você será capaz de listar 5 passos na plantação demudas de talo livres.

Plantando sua Plantando sua

muda de talo livremuda de talo livre

Durante a tarde, transplante as mudas no iniciodo período de chuvas, quando o solo estivermolhado. As mudas dever ter de 1 a 1,5 metrosde altura

Passo 1: Deixe o solo do berçário alaga-do para que durante a remoção dasmudas as raízes não sejam danificadas.

Passo 4: Faça um buraco na terra comcerca de 20 a 25 cm de profundidade. Deveter profundidade suficiente para acomodartoda a raiz sem que ela tenha que se curvarao fundo. a distância para a plantação decada muda depende da finalidade da árvore.

Passo 2: Retire as mudas do solo, tomandocuidado especial com as raízes. Talvez sejanecessário cavar um buraco ao redor dasmuda para facilitar a remoção.

Passo 3: Retire as folhas ao longo do talo,deixando somente as folhas do topo daplanta. Mergulhe as raízes no barro ouenrole-as em uma toalha molhada.

Passo 5: Cuidadosamente coloque todo o sis-tema de raiz dentro do buraco e preencha-ode terra, evitando deixar bolsas de ar que pos-sam facilitar a perda de umidade do solo.Certifique-se de que a raiz esteja reta dentrodo buraco.

20-25 cm

20-25 cm

Atenção: talvez seja necessário podar araiz, deixando-a com cerca de 25 cmpara que possam se alojar bem nosburacos.

20-25 cm

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IntroduçãoA maioria das árvores se propagam através de sementes, mas algumas espécies podem se propa-gar facilmente e rapidamente através de cortes, podas, estratificação e divisão. Quando as plantascrescem a partir da semente, cada uma será diferente da outra. Porém, com a propagação vegetal,toda a prole será exatamente idêntica. Isso pode ser bastante útil, pois você poderá preservar car-acterísticas especificas das plantas mães, como por exemplo, alta produtividade, qualidade de fru-tos superior ou então uma alta tolerância ao estresse do solo e do clima e etc.

Corte e Estratificação Muitos arbustos, videiras e algumas árvores importantes como a Morina Olifeira, Jatropha, Gliricia,Spondias, Pomegranate e bambu tropical, podem enraizar-se através do corte de sua haste. Paraauxiliar o processo em plantas com dificuldades de enraizamento poderá ser utilizado hormôniospara raízes, já em plantas com facilidade para o enraizamento não será necessário. Geralmente amelhor madeira a ser usada para o corte e a crescida durante o próprio ano, pois e macia o sufi-ciente para o corte e dura o bastante para se danificar. Caso você consiga dobra-la por inteiro semdanificá-la significa que a madeira é muito mole.

Faca uma mistura de solo com areia e a umedeça bastante antes de começar a retirar oscortes. Corte cerca de 10-25 cm de um tronco (o tamanho pode ser bem maior caso se esteja tra-balhando com cercas vivas com espécies como gliricidia). Esse pedaço de tronco devera ter nomínimo dois nós (local do tronco a partir de onde um galho ou folhas nascem). Deixe as folhas decima e remova o restante ou então reduza significantemente o tamanho cortando-os ao meio. Issoajudar a proteger a planta contra seca gentilmente coloque o corte na mistura de solo, com pelomenos 1 nó abaixo da terra (de 5 a 15 cm). Como os novos cortes não possuem raízes eles pre-cisam ser mantidos na sombra, de preferência em uma área com bastante umidade, como em estu-fas ou em tendas. Pode levar cerca de 2 a 4 semanas para que eles desenvolvam raízes. Asmudas podem ser transplantadas de 2 a 4 s4manas após a formação das raízes, apesar de que àsvezes elas necessitem de um ano para desenvolver completamente suas raízes.

Para plantas com dificuldades de enraizamento, ou em casos que você só necessite propa-gar um número pequeno de plantas, a estratificação é uma boa opção. Deste modo faremos ostroncos desenvolverem raízes, sem cortar o tronco da árvore mãe. Isso pode ser feito de duasmaneiras. A primeira conhecida como estratificação no solo, dobra-se um galho, enterra-se parte dogalho, cerca de 15 a 20 cm no solo, deixando o nó de crescimento para fora (figura 11A). Senecessário coloque uma pedra em cima do galho enterrado para garantir que ele fique abaixo daterra. A outra maneira chamada de estratificação no ar, deve-se colocar o solo na árvore, para fazerisso coloque solo em uma meia calca, ou em fibra de coco e amarre ao redor do galho. Essa mistu-ra de solo deverá ficar umedecida por cerca de duas horas antes, depois deve-se retirar o excessode água, para prevenir infestações de fungos. Prenda bem com elásticos nas duas pontas ou comfita adesiva (figura 11B)

Antes de iniciar a estratificação é inter-essante fazer uma fissura com cerca de 2-4 cmverticalmente na haste do galho com uma faca.O processo de formação das raízes leva cercade dois meses. Quando uma boa quantidadese raiz se formar, você poderá cortar o galhodo restante da planta. Após o corte o galhoestratificado será macio e deverá ser

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Aula 11: Propagação VegetalObjetivos da aula: Ao final desta lição você será capaz de 1) Listar e explicar as razões para apropagação vegetal e citar exemplos de propagação que poderão obter sucesso em sua região e 2)Listar e descrever as técnicas mais comuns de propagação vegetal.

11A & B: Estratificação no solo (a) Estratificação no ar (b)

11B11A

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Aula 11: Propagação Vegetal

11C-F: Passos do método da ‘lambida’ 11C Mostra o tecido de uma árvore que se unirá no processo do cavalo. Dados da University of Missouri Extension

11C 11D 11E 11F

manuseado com cuidado e deverá permanecer úmido. Depois de 2 a 4 semanas de replantadopoderá ser exposto ao sol total.

Clonagem ou Alporquia Clonagem ou Alporquia é uma técnica muito importante para a produção de frutos de qualidade. Amaioria das árvores frutíferas que crescem a partir de sementes produzem frutos bastante difer-entes e em muitos casos de menos qualidade quando comparados com as árvores mães. A clon-agem produzira árvores com frutos exatamente iguais ao das árvores mães, sendo uma técnicamuito usada para essa finalidade. É necessário habilidade, mas com prática, criatividade e umafaca afiada, será possível para qualquer pessoa obter sucesso sem que haja a necessidade deequipamentos sofisticados.

O método conhecido como cavalo (ou cera de abelha) é uma técnica em que se une umgalho de uma árvore com boa qualidade frutífera com uma planta da mesma espécie (manga commanga, abacate com abacate), ou, as vezes, um parente próximo. Duas partes da planta sãousadas na união: a parte de baixo que contém a raiz, e a parte de cima que produz o fruto. é oprocesso de união dessas duas partes para que a planta cresça como uma só.

Para a união dessas duas partes é necessário que os xilemas dos dois pedaços estejambem alinhados (figura 11C). O xilema é o circulo de tecido vivo verde que você verá quando se cor-tar um galho ao meio. Tente encontrar em qualquer galho, geralmente é bem fácil de identificar.Esse tecido transporta água e nutrientes pela planta, e quando o xilema da parte superior se uneperfeitamente com o da parte inferior da planta, os dois crescerão perfeitamente como um.

Existem muitas diferentes maneiras de utilizar o método conhecido popularmente como técni-ca do cavalo, mas todas essas diferentes técnicas são todas diferentes maneiras de alinhamentodo xilema. A chave para o sucesso é um alinhamento preciso e manter a umidade do local. Nestecaso é muito importante que o local da união seja bem protegido, enrolado com um pedaço de plás-tico bem preso (faixas de 10cm x 1cm de borracha podem ser presas ao redor do plástico paragarantir o bom contato desta união.)

Passo a passo: 1) Prepare a parte inferior da planta; 2) Prepare a parte superior da planta; 3)Una a parte superior na parte superior; 4) Alinhe perfeitamente; 5) Sele muito bem o local da união;6) Cuide da planta; 7) Sucesso! A árvore deve ser cuidada, para que ela não seque até que estejabem firme e sólida. Devem ser mantidas na sombra, com preferência em um local úmido. Levarácerca de 3 a 6 semanas para que o processo ocorra. Assim que a planta começar a crescer, remo-va o plástico e exponha a planta ao sol gradativamente.

No Senegal mangueiras são acopladas com a técnica do cavalo através do método da ‘lam-bida’ (fig 11C-F). Em áreas com árvores silvestres, árvores mais velhas podem ser melhoradasunindo-as a árvores com frutificação superior.

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Aula 12: Proteção das Mudas & Manutenção Períodos de Seca

Todos os anos recebemos inúmeros relatosde líderes de projetos dizendo que animais,cabras (foto 11A), gado, cavalos, assimcomo o fogo haviam destruído muito dasmudas que eles haviam plantado com tantosacrifício. Isso ocorre principalmente nosperíodos de seca, época em que a comidapara os animais está bastante escassa. Issose estende até a primeira temporada doperíodo de chuva, momento em que aspastagens se tornam suficientes para a ali-mentação dos animais. Durante toda essatemporada os animais famintos fazem detudo para conseguirem um pouco mais denutrientes em sua dieta.

Podemos compreender facilmente:muito trabalho duro e toda uma estação deplantio perdido. A não ser que plantadas emáreas cercadas as mudas ficarão muitoexpostas aos animais durante o primeiroperíodo de seca. A proteção das mudas sedá através da remoção de ervas daninhas,assim como cercas ou barreiras de baixocusto. Aqui estão algumas idéias em comoaumentar a taxa de sobrevivência dasmudas enquanto mantemos os custosbaixos.

Proteção no Estágio do BerçárioReconhecemos que cercas de metal sãobastante caras, portanto sugerimos a utiliza-ção de galhos tortos e espinhosos ou cercasvivas para a proteção das mudas. Pode-seplantar uma cerca viva ao redor do berçário,mas caso você esteja começando agora,recolha um monte de galhos e construa umacerca morta. Coloque-os ao redor dosperímetros do berçário, isso será bastanteeficaz contra os animais.

Recomendamos iniciar as árvoresdentro dos berçários (Veja aula 10). Em umespaço de 1 metro quadrado de berçárioconseguimos plantar cerca de 200 mudas(sementes são plantadas com uma distânciamédia de 2 a 3 cm). Os tamanhos com-pactos dos berçários minimizam o gastocom água e reduz o tamanho das cercas.

Objetivo da aula: Ao final desta aula você será capaz de explicar as quatro melhores maneiras deproteger as mudas durante sua primeira estação de seca.

Cabras ! ! !

12B: Essa proteção contra o fogo ao redor é muito pequena!Barreiras contra o fogo devem ter 20 metros de largura para

garantir a proteção do cultivo.

12A

12B

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Devemos também considerar pragas e queimadas (foto 11B). Mesmo que pragas e mato pos-sam servir como camuflagem para as mudas durante os períodos de seca, elas também podem prej-udicar, propagando o fogo por todos os campos de plantações. Recomendamos a eliminação deervas daninhas fortes ao redor de cada muda, deixando somente arbustos para a proteção contra osanimais e RECOMENDAMOS a construção de uma barreira contra fogo ao redor de qualquer campode cultivo. As melhores barreiras contra fogo são feitas limpando cerca de 4 metros de terra, deixan-do 12 metros e limpando novamente mais 4 metros. A banda de 12 metros é controlada em peque-nas queimadas. Formando uma barreira contra fogo de 20 metros de largura!

Proteção com Materiais LocaisExistem milhares de materiais resistentes e baratos, a coisa mais importante é utilizar o material localcom criatividade. Já vimos pessoas usarem esteiras velhas de palha, tijolos e até pneus velhos paraproteger as mudas. Alguns dos métodos com mais sucessos estão explicados abaixo.

Para a plantação de árvores frutíferas (árvores individuais), são plantadas geralmente de 6 a12 metros de distância, podem ser cobertas por sacos de arroz, ou qualquer outro saco que permitaa passagem de sol e a circulação de ar. Esses sacos podem ser encontrados em muitos lugares, sãode plásticos acoplados e podem proteger as mudas, apesar de que devemos sempre checar acondição dos sacos, verificando possíveis danificações causadas pelo sol ou pelos animais. Vocêpode colocar três estacas de madeira ao redor da muda e vestir o saco como uma luva. Certifique-sede que as estacas estejam bem presas, evitando que animais derrubem ou danifiquem a proteção.Somente um pequeno pedaço de arame para fixar os sacos nas estacas irá garantir uma proteçãoaté a próxima estação chuvosa. Sacos também promovem sombra para o período de sol forte e ven-tos secos, assim como a proteção de grandes insetos.

Estacas espinhosas ou não também podem ser usadas para a proteção individual de árvores(foto 11C). Caso não haja possibilidade de utilizar arame ou plástico, galhos espinhosos podem serusados para preencher os espaços entre as estacas. Agricultores também estão tendo sucesso aoespalhar pimenta, leite azedo e urina nas mudas para enviar uma mensagem química aos animais -ainda não experimentados esses métodos.

Existem também muitos produtos no mercado como repelentes e coberturas de plástico paramudas, porém a maioria é bastante caro. Recomendamos que você experimente algum dos métodosapresentados acima; o mais importante é tentar usar os recursos locais de maneira criativa. O passomais importante é ajudar a muda a sobreviver sua primeira estação seca. Ao final da segunda estaçãode chuva, as árvores já estão altas e fortes o suficiente para suportar o estrago feito pelos animais.

Aula 12: Proteção das Mudas & Manutenção Períodos de Seca

12C

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Aluvial: Solo alagado Arvores de Multiuso: Refere-se a árvores de crescimento rápido que oferecem inúmeros

benefícios (Madeira, alimento, alimento para animais, medicinais...) também chamadas de árvores agro florestais. Barreira contra Vento: Geralmente uma longa linha de árvores ou arbustos que protegem o solo da superfície da ação do vento.

BMCA: Benefícios múltiplos e com crescimento aceleradoCerca Viva: Uma maneira de se estabelecer através do plantio de árvores ou arbustos, bem

próximos uns aos outros, uma barreira de proteção para animais, humanos e etc. Composto Verde: Uma cobertura primária do solo para adicionar nutrientes e compostos orgânicos

ao solo. Mistura-se esse composto com o solo para o melhoramento e proteção do mesmo. Composto: A decomposição de compostos orgânicos ocorre quando bactérias no solo decompõem

folhas e outras sobras orgânicas, criando um fertilizante orgânico. Confinamento: Maneira de se criar animais confinados em um espaço. Neste método o alimento é

trazido aos animais ao invés deles saírem em busca de alimento. Conservação: A preservação e proteção de arvores e florestas para o beneficio do meio ambiente

e saúde da população local.Copa: Parte superior da planta, onde encontramos as folhas, frutos e galhos. Corte: Método para encorajar o rebrote de árvores através do corte do tronco próximo ao solo.Desmatamento: Perca de florestas devivo ao corte acelerado de arvores. Erosão: Perca da camada superior do solo, devido a ação do vento, chuva e do desmatamento.Escarificação: Método usado no pré-tratamento de algumas sementes para acelerar o processo de

germinação.Espécies exóticas: Nome usado para descrever espécies trazidas de outras regiões ou paises. Estaquia: Forma popular e fácil de propagação de árvores em que os galhos da árvore ou arbusto

é plantado diretamente no solo. Fixação de Nitrogênio: Processo em que árvores convértem o nitrogênio da atmosfera em

composto nitrogenado ao solo.Forma A: Três estacas unidas em formando um A, usado para marcar as curves em uma montanha

para a formação de curves de níveis. Germinação: O primeiro estaágio de crescimento da semente, quando a camada de proteção da

semente se parte e a água penetra a semente. Invasiva: Espécie exótica que invade afetando o ambiente economicamente, ambientalmente e

ecologicamente. Napier (Pennisetum purpureum): elemento comum em sistema de confinamento. Pode-se

alternar com o plantio de árvores como Leucena para aumentar a eficácia do sistema. Também possui função silvo pastoril.

Plantação em corredores: Uma técnica agro florestal em que árvores são plantadas em fileiras ou corredores. As arvores trarão inúmeros benefícios, conservação do solo, fertilização orgânicae conservação da água para o sistema.

Plantação em curvas de nível: Plantação de aárvores em curvas de nível e costas de montanhas para diminuir e erosão do solo e aumentar a infiltração de água assim como o volume de água subterrâneo.

Proteção contra fogo (Acero): barreira já existente ou construída, onde se remove todo tipo de material inflamável, para prevenir que o fogo se espalhe.

Reflorestamento: Plantio de árvores em áreas que foram devastadas a pouco tempo. Sequestro de carbono: Remoção de carbono e armazenamento através de processos físicos ou

biológicos, como a fotossíntese.

Glossário – Aplicado ao Sistema Agro Florestal

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Sistema agro florestal: É a combinação da agricultura com técnologias de reflorestamento e/ou criação de animais, criando um sistema de uso da terra mais integrado, diversificado, produtivo, rentável, sustentável e saudável.

Sistema diversificado: Um sistema agro florestal, como um jardim, que possui muitas espécies de plantas de diferentes tamanhos, formando varias camadas, uma agricultura vertical.

Sistema silvopastoral: Qualquer sistema agro florestal que misture árvores ou arbustos com pastagens e animais.

Sustentabilidade: Uso da terra de maneira em que se alcance uma produção desejada no presente e garanta à futuras gerações a possibilidade do uso da terra através da conservação e melhoramento dos recursos naturais.

Técnica do cavalo: Metodo bastante comum de propagação de árvores, onde o caule de uma àrvore se une com a raiz de outra.

Terraços: Superfície plana de solo localizada entre as curves de nível, que serve como proteção a erosão e conservação da umidade.

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Plantada em 2004 O mesmo quebra ventos em 2005

Árvores para o Futuro - www.treesftf.org - [email protected]

Quase todo o Vale Dang no Nepal foi desmatado, assimcomo esse local de 65 acres, causando seria erosão ao

solo Hoje os mesmo 65 acres no Vale do Dang no Nepal. At-ualmente a comunidade local divide a renda trazida pelo

programa.

A terra devastada O mesmo local hoje

Oferecendo suporte técnico e material para comunidades ao redor do mundo

Programa de Treinamento Agro FlorestalCertificado em Agro Floresta

Antes

Antes

Depois

Depois