52º congresso brasileiro de educaÇÃo mÉdica · dione tavares maciel (upe – recife/pe)...

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Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas A riqueza de um evento que congrega participantes em atividades distintas e complementares requer um registro completo e conciso que permita uma visão, ainda que parcial, de todo o processo. Com o fim de executar essa tarefa, foi desenvolvida em 2011, por ocasião do 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica COBEM, uma metodologia que pela segunda vez, no 52º COBEM, permitiu a construção desse panorama. A metodologia criada pela equipe coordenada pela Profa. Dra. Adriana Maria de Figueiredo da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, partiu do pressuposto de que a relatoria de um evento como o COBEM seria beneficiada pela própria lógica do Congresso que é a de instigar a crítica e a participação dos envolvidos. Dessa forma, estabeleceu que fosse formada uma equipe de relatores composta pelos estudantes de medicina, preparados para realizar o trabalho de resumir as sessões como ouvintes atentos e especializados que são. O modelo resulta em consecução dos resumos padronizados das apresentações orais, com o fim de trazer visibilidade aos simpósios e mesas redondas, de forma concisa e organizada. A garantia da máxima confiabilidade foi a principal premissa que orientou o processo de trabalho da relatoria. Para sua realização foram estabelecidos critérios baseados nas instruções para a produção de resumos, de acordo com os parâmetros da metodologia científica. Embora todos tenham sido orientados e treinados para a confecção de paráfrases, o aspecto representacional está sempre presente, sendo, portanto, a limitação comum a qualquer exercício de reprodução de discursos. Esperamos ter contribuído novamente para o registro das informações e a apresentação dos elementos e ideias expostos no 52º COBEM. Adriana Maria de Figueiredo (Professor Associado da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Coordenadora docente da Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM). Suely Keiko Kohara (Professor Adjunto do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville UNIVILLE, Coordenadora docente da Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM). Paulo Henrique Condeixa de França (Professor titular do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE, Coordenador docente da Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM). Danilo Jorge da Silva (Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, Coordenador discente da Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM).

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Page 1: 52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA · Dione Tavares Maciel (UPE – Recife/PE) Simposista 2 Profa. Eliana Goldfarb Cyrino ... Médica. O futuro do Internato Médico prevê

Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas

A riqueza de um evento que congrega participantes em atividades distintas e

complementares requer um registro completo e conciso que permita uma visão, ainda

que parcial, de todo o processo. Com o fim de executar essa tarefa, foi desenvolvida em

2011, por ocasião do 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica – COBEM, uma

metodologia que pela segunda vez, no 52º COBEM, permitiu a construção desse

panorama.

A metodologia criada pela equipe coordenada pela Profa. Dra. Adriana Maria de

Figueiredo da Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, partiu do

pressuposto de que a relatoria de um evento como o COBEM seria beneficiada pela

própria lógica do Congresso que é a de instigar a crítica e a participação dos envolvidos.

Dessa forma, estabeleceu que fosse formada uma equipe de relatores composta pelos

estudantes de medicina, preparados para realizar o trabalho de resumir as sessões como

ouvintes atentos e especializados que são.

O modelo resulta em consecução dos resumos padronizados das apresentações orais,

com o fim de trazer visibilidade aos simpósios e mesas redondas, de forma concisa e

organizada. A garantia da máxima confiabilidade foi a principal premissa que orientou o

processo de trabalho da relatoria. Para sua realização foram estabelecidos critérios

baseados nas instruções para a produção de resumos, de acordo com os parâmetros da

metodologia científica. Embora todos tenham sido orientados e treinados para a

confecção de paráfrases, o aspecto representacional está sempre presente, sendo,

portanto, a limitação comum a qualquer exercício de reprodução de discursos.

Esperamos ter contribuído novamente para o registro das informações e a apresentação

dos elementos e ideias expostos no 52º COBEM.

Adriana Maria de Figueiredo (Professor Associado da Escola de Medicina da

Universidade Federal de Ouro Preto, Coordenadora docente da Relatoria de Simpósios e

Mesas Redondas do 52º COBEM).

Suely Keiko Kohara (Professor Adjunto do curso de Medicina da Universidade da

Região de Joinville – UNIVILLE, Coordenadora docente da Relatoria de Simpósios e

Mesas Redondas do 52º COBEM).

Paulo Henrique Condeixa de França (Professor titular do curso de Medicina da

Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE, Coordenador docente da Relatoria de

Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM).

Danilo Jorge da Silva (Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto,

Coordenador discente da Relatoria de Simpósios e Mesas Redondas do 52º COBEM).

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA

SIMPÓSIO O estudante utiliza a avaliação como ferramenta de avaliação? COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Acadêmico Bernardo de Lima (UNIOESTE)

Simposista 1 Acadêmica Suélen Geisemara Bacelar Nunes (FEPAR)

Síntese dos relatores: Relator 1: Guilherme Rodden Schlickmann Relator 2: Rafael Amorim Lopes Relator 3: Helena Bedatti Zeh

O simpósio se iniciou com metodologia diferenciada: os docentes, discentes e outros participantes foram

dispostos em um grande círculo e cada um pôde contribuir com sua fala seguindo a ordem de solicitação. O fato

denotou a proposta singular de horizontalidade do evento. A discussão abordou como o estudante utiliza o

processo avaliativo em sua formação. Dentre os objetivos pessoais dos participantes foram citados a troca de

experiências, o traçar de ações efetivas para modificar realidades, conhecimento acerca de argumentos de

outrem sobre os trâmites avaliativos para fundamentação de opinião e a problematização da postura ativa do

estudante como centro do processo avaliativo, não apenas coadjuvante. As discussões foram norteadas por dois

pilares, o papel que a avaliação deve ter e quais as dificuldades encontradas para tal. O início do debate

levantou a premissa de que não existe receita para elaborar uma avaliação e de que nenhum processo avaliativo

é perfeito. Um dos equívocos deste é, segundo os estudantes, o caráter punitivo exercido pelos docentes no

contexto. Em outras palavras, a avaliação não é neutra e há forte dicotomia entre a visão do professor e do

aluno sobre isso. Na perspectiva de docentes e discentes há a necessidade de se dar devolutiva ao aluno quanto

aos exames elaborados. Em uma das universidades contempladas por participante da palestra, o sistema

encontrou solução ao impasse ao se realizar aulas práticas na qual o aluno tem oportunidade de refazer a

avaliação e tirar dúvidas. Outras importantes reclamações dos discentes consistiram no medo de não serem

avaliados de maneira contemplativa às suas aptidões. A escala quantitativa dos testes provoca receio e

dificuldades. Os alunos consideram injusto que diferenças numéricas insignificantes pronunciarem o abismo

existente entre aprovado e reprovado. Sendo assim, o modelo qualitativo (suficiente/insuficiente) parece exercer

mais o princípio da justiça. Há que se citarem ainda, na visão dos acadêmicos, as dúvidas sobre a relevância do

conteúdo que é cobrado em provas. O de biologia celular, por exemplo, poderia ser mais relacionado à prática

médica, não se desvencilhar em total do cotidiano vivenciado na prática médica futura dos acadêmicos. Na

perspectiva docente, a contra-argumentação foi de que nada do que é ministrado em aula, mesmo nos ciclos

básicos, é supérfluo. Ou seja, tudo que é exposto ao aluno será utilizado em seu profissionalismo de alguma

maneira. O simpósio prosseguiu ainda com a discussão sobre a velocidade do aluno e do professor. Conforme

docentes, os estudantes caminham com maior rapidez por estarem mais inseridos nos meios tecnológicos. Isso

contrasta com a realidade dos professores pautada em papel e caneta, destituída de artifícios facilitadores de

aprendizagem como os da era digital. Para concluir, as explanações trouxeram à tona algumas indagações.

Entre estas, a dificuldade de se estabelecer o que uma avaliação, de fato, avalia – discente, docente, processo

ensino-aprendizagem ou instituição? O professor sabe ensinar? Que perfil de médico se busca formar –

generalista, especialista ou científico? Ao se considerar a pluralidade de métodos de ensino das universidades

brasileiras, as respostas para estes questionamentos convidam a uma discussão interna que possa evoluir para

aperfeiçoamento e estruturação do processo avaliativo. Momento este em que as provas devam ser calcadas,

sobretudo, no conhecimento, nas habilidades e nas atitudes do acadêmico de medicina.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Internato Médico e Atenção Primária: Como Estamos?

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof. Maurício Braz Zanolli (FAMEMA – Marília/SP)

Simposista 1 Profa. Dione Tavares Maciel (UPE – Recife/PE)

Simposista 2 Profa. Eliana Goldfarb Cyrino (DEGES/UNESP)

Estudante Acadêmico André vieira Lanza (FCMMG)

Síntese dos relatores: Relator 1: Maria Helena da Costa Naumann Gaertner Relator 2: Isabella P. Lando Dacroce

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina se constituem num projeto iniciado em 2006

pela ABEM. Envolve organização, carga horária, coordenação, criação de comissão, questionários e matrizes,

construídos conjuntamente pelas escolas médicas do país ao longo dos últimos 10 anos. Segundo dados da

ABEM, 28% das escolas utilizam hospitais como centros de aprendizagem e se considera adequada para a

aprendizagem; algumas cumprem menos horas que o mínimo; de forma geral, fazem um único rodízio em cada

grande área; não possuem rodízio no PSF e possuem baixa carga horária em urgência e emergência;

aproximadamente metade não possui docentes com formação pedagógica; as avaliações são feitas somente

pelos estudantes; a maioria dos professores não sofre o processo de auto-avaliação; a maioria não avalia seus

preceptores e ainda, não fazem devolutivas aos alunos. Segundo o cenário político atual, alunos ingressantes até

março de 2014 ainda são regidos pelas DCN 2001; já os ingressantes após jun/jul de 2014, são regidos pelas

novas DCN, de 20/06/2014. A diretriz envolve tanto o curso de Medicina quanto a Residência Médica e seus

programas e é composta por 3 eixos norteadores: Atenção à Saúde, Educação na Saúde e Gestão em Saúde, que

devem permear todo o processo educativo da formação médica. Sua proposta afetou: a preceptoria, que terá

supervisão docente; o Internato, que terá de ter no mínimo 35% da carga horária do curso (que atualmente é de

no mínimo 7200 horas e, portanto os 35% significam 2500 horas); respeitar um mínimo de 2 anos de internato,

o qual também deverá ter um mínimo de 30% de suas horas dedicadas à atenção básica e urgência e emergência

e os 70% restantes devem ser divididos entre as demais áreas; a avaliação do estudante ao fim do internato

possui caráter obrigatório, processual, contextual e formativo, sendo necessária para que seja dado o

fechamento do curso de Medicina, e ainda, parte do processo classificatório para os programas de Residência

Médica. O futuro do Internato Médico prevê avaliação, educação permanente, cenários de ensino-

aprendizagem. Quanto a Residência Médica, há uma perspectiva de redução de jornada de trabalho de 60 para

40 horas semanais; melhoria de unidades do SUS (inclusive SAMU’s); assinatura de contratos organizativos

entre a IES e a rede SUS que lhe serve de escola (que não fique restrita ao papel e que estejam vinculados ao

MS); universalizar a Residência Médica, instituindo 1 ano de Atenção Básica previamente ao campo escolhido,

ou seja, a perspectiva é de que a Residência com foco em Medicina da Família seja pré-requisito para algumas

outras Residências. A razão disso é de que há alguns conhecimentos que somente são oportunizados na Atenção

Primária, que deve ser central na formação do estudante, fazendo com que sua formação seja articulada (e não

estratificada). A Residência nesse formato deve envolver uma rede de atenção. Pensa-se em mudar o paradigma

de cuidar de doenças para focar em ações preventivas. Sair do foco terciário e do modelo flexeneriano para

instituir um foco prioritário num modelo real do mundo, o qual não é perfeito, e atende as demandas reais do

dia a dia.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Processo de avaliação institucional (CAES) – Panorama atual

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Nilce Maria Campos Costa (UFG)

Simposista 1 Profa. Jadete Barbosa Lampert (ABEM)

Estudante Acadêmico Ronney Pinto (UFCG)

Síntese dos relatores: Relator 1:Suely Keiko Kohara (Univille)

O simpósio foi dividido em 3 momentos: uma apresentação sobre o processo de avaliação institucional,

separação da plateia em grupos de 3 ou 4 pessoas para sugerir indicadores que possam ser criados e sua

implementação no cenário de cada instituição, seguido da apresentação do resultado da discussão de alguns

grupos e a visão do estudante sobre o sistema de avaliação. A Prof.ª Jadete Barbosa iniciou a fala apresentando

um histórico do papel do médico na sociedade, os avanços da medicina, mudança no perfil das doenças,

evolução do mercado de trabalho e corporação médica, os paradigmas da educação médica, para situar a criação

das diretrizes curriculares e o aumento de cursos de medicina. Ressaltou a importância da integralidade da

saúde, e a diferença da avaliação somativa (produto) da formativa (pedagógica). Apresentou os instrumentos de

avaliação do SINAES e o programa CAES/ABEM, criado para promover e avaliar as mudanças nos cursos de

graduação da área da saúde, tendo como benefício o aprimoramento das escolas avaliadas e a qualificação na

formação do discente. O programa tem 3 etapas: auto-conhecimento da escola (capacitação de equipes e

aplicação do instrumento), construção e descrição de indicadores quali-quantitativos e visita às escolas para

análise de resultados e reflexão crítica. Numa análise do conjunto de trinta escolas, foi visto que há um forte

movimento de mudança das escolas relativo aos projetos pedagógicos e construção de parcerias com a rede de

serviços, porém há carência de políticas públicas que mantenham as parcerias, independente de troca de

governos, e que sejam efetivas para a preparação adequada de docentes e profissionais preceptores. Após a

discussão dos grupos, foram apresentados alguns indicadores para serem criados e que reflitam a qualidade do

cenário de aprendizagem na atenção básica (AB): relação docente de AB com formação/docente de AB, em que

o número ideal seja 1,0; avaliação do controle de qualidade pelos pacientes/ comunidade; satisfação dos alunos

na AB; avaliar se o estudante considera o preceptor da AB como um modelo (ético, profissional, etc); relação

com o gestor; relação de atendimentos por profissional (muito paciente/pouco tempo).

Por último, o acadêmico Ronney opinou sobre os modelos de currículos de graduação, com necessidade de

mudança do modelo flexneriano e maior integração entre as disciplinas. Criticou o exame de Ordem de

Medicina, pois não seria ranqueando ou classificando os formandos que se melhoraria a qualidade dos

discentes, e explanou sobre os pontos que considera importantes para uma melhoria no ensino médico: a escola

deve se inserir no modelo de serviço e priorizar a necessidade de saúde daquela população, para que a atenção

primária consiga atender 85% das demandas dessa população; em como o estudante é inserido na AB; na

necessidade de docentes com carga horária integral e na importância de mobilizar os atores (alunos,

professores, técnicos administrativos) para um real processo de transformação.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Ensino de habilidades de comunicação COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof Suely Grosseman (UFSC)

Simposista 1 Prof Eloisa Grosseman (UERJ)

Simposista 2 Thiago Cherem Morelli (Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis)

Estudante Acadêmica Juliana Bastos Moura(UFAM)

Síntese dos relatores: Relator 1:Danilo Jorge da Silva (Universidade Federal de Ouro Preto) Relator 2: Luan Lourenço Gomes Melo (UNIVILLE)

O simpósio de ensino de habilidades de comunicação foi dividido em 3 momentos. No primeiro momento,

discutiram-se os aspectos teóricos e históricos das habilidades de comunicação (HC), seguido por uma

apresentação da teoria das narrativas e seu papel na rotina dos profissionais de saúde e, por fim, uma dinâmica

para discussão das HC. Foram dados destaques ao papel das HC ao exercício da prática profissional em saúde

além de apresentadas as principais diretrizes, consensos e princípios que norteiam o tema. Problematizou-se o

mapeamento do ensino de HC nos cursos da área da saúde; o confronto na transmissão de culturas, crenças,

normas e valores pessoais no processo de ensino dessa competência. A apresentação das teorias da narrativa

caracterizou esse tópico como uma forma de conhecimento indireto, indiciário e conjetural que faz parte do

cotidiano da prática dos profissionais em saúde. Estratificou-se a aplicação das narrativas no campo de estudo

da saúde nos grupos: anamnese registrada em prontuários, produção de materiais informativos e relatos de casos

clínicos. Dentre esses grupos, atribui-se à anamnese uma posição de destaque, como representante de 80 a 85%

do poder de diagnóstico para a maioria das situações clínicas em rotina. A dinâmica de HC realizada ao final do

evento teve como formato a divisão dos aproximados 150 ouvintes em grupos com cerca de 10 componentes,

contendo professores e alunos de forma homogênea. Nesses grupos, solicitou-se que fossem nomeados um

relator, um coordenador e um responsável pelo controle do tempo. Metade dos grupos foi desafiada a discutirem

ideias para oficinas futuras de HC, enquanto a outra metade foi instruída a pensarem quais outras habilidades de

comunicação o profissional de saúde deveria possuir além das já listadas nos simpósios anteriores. Como

resultado dessa dinâmica, sintetizou pontos de consenso relativo entre os palestrantes, que incluem a visão

discente e docente sobre o tema do simpósio, no qual se destacaram: necessidade de se definirem referenciais

teóricos formais para se conceituar comunicação e a necessidade de se sistematizar o ensino das HC seja através

da instrumentação com a construção de laboratórios de comunicação, seja através da formação específica dos

docentes para abordagem do tema ou mesmo da instauração de disciplinas específicas voltadas para HC. Além

desses tópicos, muitos dos grupos levantaram a necessidade de ampliação das discussões acerca da diversidade

cultural, de dialetos e linguagens na comunicação em saúde e o papel positivo das visitas domiciliares e a outros

cenários de prática como formas de aprimoramento das HC. Sugeriu-se, também, desenvolvimento de outras

oficinas pelos ouvintes em suas próprias instituições de ensino sobre experiência acumulada no simpósio. Ao

final, os ouvintes foram convidados a preencherem um relatório de pesquisa que, dentre outros tópicos, avaliava

o grau de envolvimento da instituição de ensino dos ouvintes no ensino das práticas de HC.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Teste progresso – Panorama atual COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa Angélica Bicudo (UNICAMP)

Estudante Acadêmica Patrícia Massanaro (ESCS-DF)

Síntese dos relatores: Relator 1: Caroline Marconatto Flores(UNIVILLE) Relator 2: Cristiano Ganguilhet Lucero (UNIVILLE)

Durante o simpósio foi elaborada uma síntese das funções e características do teste, abordando a estrutura da

prova, função e núcleos que aplicam o mesmo teste de acordo com regiões. Foram elucidadas as questões de

vantagens e desvantagens do teste, o papel dos núcleos regionais, o que fazer com os resultados e como

incentivar os alunos a participação no mesmo. Foram apuradas algumas vantagens como validade e comparação

das faculdades através do resultado obtido com o teste em relação à média regional, além de ser um instrumento

de avaliação (externa) do estudante e do curso. As desvantagens averiguadas foram o fato de o teste ser avaliar

apenas a parte cognitiva tangenciando as habilidades e atitudes. Verificou que os núcleos regionais visam

objetivos, como a recepção, elaboração e avaliação das questões e que resultados obtidos devem servir para

gerar melhorias a instituição de ensino, ao curso e principalmente ao acadêmico, glorificando os acertos e

fazendo com que eles aprendam com os erros, por isso a disponibilização de um gabarito comentado e foi

considerada correta e essencial para o desenvolvimento do discente. As metas apresentadas pela Profa. Angélica

Bicudo constituíram em uma aplicação do teste de progresso a nível nacional (possivelmente em períodos

trienais), a manutenção e ampliação dos núcleos regionais, o aperfeiçoamento da matriz de elaboração do teste e

a aproximação a órgãos como ABEM e INEP. A academia Patricia Massonaro trouxe questões de como a prova

deve ser elaborada tendo níveis de questões fáceis, médias e difíceis, estimulando assim o aluno a tentar

progredir em todos os níveis, a fim de quando estiver no final do curso ter um bom desempenho independente

da dificuldade da questão. Além disso, foi mencionada a necessidade de um feedback que acrescente mais ao

aluno, incluindo comentários dos professores da própria instituição de ensino e uma disponibilização mais

eficiente do gabarito comentado. Igualmente, foram levantadas pelos congressistas presentes abordagens como

levar os resultados do teste aos centros acadêmicos para que sejam estudados e revertidos em melhorias ao

corpo discente e docente, como incentivar os alunos a realizar o teste do progresso . Nas discussões ganhou

bastante enfoque a proposta de maior divulgação dentro da instituição de ensino. Como uma alternativa surgiu

a hipótese de ser auxiliada por estudantes de anos mais avançados e do centro acadêmico em despertar o

interesse dos acadêmicos ingressantes em ter uma maior adesão ao teste. Ademais, a organização da semana em

que ocorre o teste deve ser prévia, afim de que sejam respeitadas as áreas verdes dos discentes e não sejam

realizadas atividades avaliativas na semana da prova. Também foram sugeridas ideias já implantadas por

algumas instituições de ensino como a bonificação em algumas disciplinas, pontuação para monitorias e para

bolsas de auxílio.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Ensino de urgência e emergência COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Gustavo Pereira Fraga (UNICAMP)

Simposista 1 ProF. Gerson Alves Pereira Junior (UNAERP)

Estudante Acadêmica Mayara Secco (UFF)

Síntese dos relatores: Relator 1: Luiz Carlos Silveira Filho (UNIVILLE) Relator 2: Isabela Carolina Borba (UNIVILLE)

Este simpósio teve como principal objetivo abordar os pontos críticos no ensino de emergência e urgência e a

influência deles na formação médica. Para isso, foram apresentados os principais problemas nessa linha de

ensino e, em seguida, foram propostas algumas medidas que os solucionariam. A primeira dificuldade apontada

foi a existência de médicos inexperientes e despreparados nessa área, prejudicando, assim, o ensino para os

acadêmicos. Além disso, foi abordado que ensino de emergência e urgência no internato não é suficiente. Este

deveria ser aprendido desde o 1o ano, por meio de simulações e suporte básico. Outra dificuldade citada foi a

preceptoria, esta se mostra pouco atrativa, pois possui baixa remuneração e pode comprometer a agenda do

médico, o que dificulta a contratação. E, sem preceptores adequados, não se pode ter um ensino de qualidade.

Depois de expostos esses problemas, foram feitas algumas discussões com a plateia e foram sugeridas algumas

mudanças na educação médica. Foi proposto que, no mínimo, 30% da matriz curricular seja realmente dedicada

à urgência e emergência e à atenção básica, como já prevê a lei dos mais médicos. Uma vez que essa é uma área

de extrema importância para a formação do profissional da saúde, ela já deveria ser trabalhada desde o início da

faculdade. Além disso, foi sugerido que se faça uma capacitação e uma educação permanente dos preceptores.

Foi levantada a hipótese de criação de um mestrado educacional e da distribuição de bolsas para estimular essas

preceptorias, uma vez que isto atrairia os profissionais para esta área.Por fim, foi sugerida a inserção de

simulações para prática clínica, pois estas ajudariam os estudantes a se preparar para situações reais de

emergência. Caso a faculdade não tenha condições de investir nessa área, propôs-se que ela faça um acordo com

as grandes universidades e que faça uso de seus centros de simulação.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA SIMPÓSIO Desenvolvimento de competências pedagógicas (docente/preceptor) COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Denise Herdy Afonso (UERJ)

Simposista 1 Profa. Lia Márcia da Cruz da Silveira (UERJ)

Simposista 2 Aída Regina (UERJ)

Síntese dos relatores: Relator 1: Bruna Schwaab (UNIVILLE) Relator 2: Luiza Piva (UNIVILLE)

O simpósio - Desenvolvimento de Competências Pedagógicas - esteve pautado na continuação do Projeto

Preceptoria Fase II (Desenvolvimento de Competências Pedagógicas para a Preceptoria na Residência Médica),

criado pela ABEM (Associação Brasileira de Educação Médica), com objetivo de melhorias da educação

médica para assistência básica no Brasil. Surge na UERJ, a partir de um projeto local, cuja extensão levou à

adesão de universidades públicas, representando um conjunto de 12 Centros Colaboradores, para a realização de

tutorias e preceptorias à docência das instituições de graduação. A visão do projeto tem como sentença:

“Educação para Formação Profissional”, este sendo capaz de atender às necessidades da população. Após

considerações inicias, a coordenadora Denise Hardy Afonso (UERJ), apresentou o Projeto de Preceptoria da

ABEM, dando ênfase no histórico e perspectivas futuras. Assim, ao expor o histórico, esclareceu a causa, o

objetivo do projeto, e suas fases. Em 2013, portanto, houve a conclusão da fase I, gerando formação de 12

centros regionais responsáveis pela formação de tutores, após, pela educação de preceptores. Já, em 2014, foi

assinada a carta para a ampliação, até 2015, do projeto preceptor, a partir da inserção de mais centros

preceptores, característica da fase II. Novos integrantes consistem na formação de mais seis centros, totalizando

18 centros regionais de preceptoria, responsáveis para atender a docência das instituições. Além da ampliação,

a fase II do projeto planeja a sustentabilidade, a relação dele com as políticas públicas, como, por exemplo, o

projeto Mais Médicos, e as renovações das Diretrizes Curriculares Nacionais da Medicina. Foi exposta,

também, a possível criação de linhas de pesquisa para a busca de respostas e para a melhoria do projeto. Assim,

no decorrer do simpósio, foram divididos grupos com as respectivas regionais: SP, RJ-ES, MG, NE, NORTE,

CENTRO OESTE, Sul I e Sul II, com membros colaboradores e gestores, participando profissionais de varias

áreas, associados da Abem ou não. Os gestores discutiram a capacitação docente, tendo como pauta os métodos

de ensino. O coordenador instiga o grupo de regiões para um questionamento quanto ao Projeto Preceptoria

Fase II. Neste momento, foram analisadas duas regiões SUL II (SC e PR) e SUL I(RS), para avaliação da

resposta dos gestores em relação à pergunta: Como você, gestor, pode implicar de forma pessoal e/ou

institucional na Fase II do Projeto de Preceptoria em sua região? Os grupos tiveram período de 20 minutos de

discussão, e, posteriormente, mais 5 minutos para a elaboração de propostas, que foram discriminadas em

cartazes, respondendo à pergunta em forma de tópicos. Entre as respostas das regiões destacaram-se a formação

de uma metodologia aprimorada voltada para a preceptoria , a possível criação de métodos de aprendizado, tal

qual uma cadeira de graduação voltada para a docência nos cursos de graduação, e o fortalecimento da ABEM

nas regiões. Tratando-se da impressão geral do simpósio a coordenação explicitou e discriminou

minuciosamente a extensão do Projeto Preceptoria Fase II, com adesão de mais regiões, para manter o

planejamento estratégico, a direção das diretrizes pela organização, visando interagir regionais pelas suas

instituições. O total de pessoas presentes foi aproximadamente 180.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Discutindo as políticas avaliativas do MEC e MS para a formação médica

COMPOSIÇÃO CONVIDADO INSTITUIÇÃO Coordenador Professor Milton de Arruda Martins (USP)

Debatedor 1 Vinícius da Rocha (Representante Ministério da Educação)

Debatedor 2 Heider Araújo Pinto (Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde)

Debatedor 3 Jadete Barbosa Lampert (ABEM – UFSM)

Debatedor 4 Lúcio Flávio Gonzaga (CFM)

Estudante Monique Franca (UERJ/DENEM)

Síntese dos relatores: Relator 1 : Adriana Figueiredo (Universidade Federal de Ouro Preto) Relator 1:Danilo Jorge da Silva (Universidade Federal de Ouro Preto) Relator 2: Luan Lourenço Gomes Melo (UNIVILLE)

Política de educação para o ensino médico, referenciais para mudanças na avaliação – Vinícius da Rocha. Abre

a palestra ao falar sobre a necessidade de debates acerca das determinantes sociais do processo saúde doença,

com foco nas desigualdades na distribuição do dinheiro, poder e demais recursos. Segundo o palestrante, o

número de médicos/mil habitantes no país está situado entre 1,83 e 1,92, sendo 1,72 se excluídos os

profissionais com mais de 70 anos o que caracterizaria Brasil como país deficiente no número de profissionais

atuantes no sistema de saúde. São apresentados dados da OECD que sugeririam deficiências nacionais no

número de concluintes do curso de medicina em relação a outros países como Reino Unido, Argentina e

Uruguai. O palestrante defende que são necessários esforços na criação de vagas para o curso de medicina e

relata que investimentos massivos estão sendo empregados para se atingir uma proporção de 2,7 médicos/mil

habitantes o que representariam mais 600 mil médicos até o ano de 2026. Ilustra os temas discutidos à guisa do

sistema de saúde do Reino Unido e a importância que possuem os médicos generalistas nesse sistema - outras

experiências internacionais apresentadas incluíram os sistemas espanhol, português e australiano, canadense. É

defendida a inclusão das disciplinas relacionadas a medicina geral de família e comunidade na formação

acadêmica dos médicos, independente da escolha de especialidade destes no futuro. Como último ponto, o

palestrante apresenta tópicos sobre avaliação e qualidade no nível de graduação e residência médica, no qual se

destaca a necessidade de avaliação específica para curso de graduação em medicina a cada 2 anos. Políticas

Avaliativas do MEC e MS – Jadete Barbosa Lampert – Inicia com um histórico das práticas avaliativas e é

apresentada uma série temporal que mostrou a evolução no número de escolas médicas no país. A palestra

segue com discussão acerca do perfil profissional dos médicos que estão sendo formados e o papel das diretrizes

curriculares (2001/2014), SINAES (2004), Promed/PET-Saúde e o Programa Mais Médicos (2013) como

ferramentas na construção do modelo de profissional médico desejado. Os instrumentos de avaliação

institucional também foram citados, com destaque ao CAES, e chamou-se a atenção para as múltiplas

discussões e críticas a esses instrumentos. Monique França – Acadêmica UERJ – É apresentada uma crítica à

inação das escolas quanto ao diagnóstico negativo apresentado pelos sistemas classificatórios além de

questionar a perda de financiamento que sofrem as instituições de ensino que são mal qualificadas segundo

esses sistemas. A palestrante também critica a criação de rankings das escolas melhor e pior avaliadas como

forma de mercantilização do processo de ensino. Outro ponto apresentado é o crescimento no número de cursos

preparatórios para processos seletivos de residência e o impacto negativo que isso traz para a formação médica,

especialmente no que concerne à perda da importância atribuída ao internato. Foi discutida, também, a

ineficiência dos métodos de ensino na abordagem do contexto de determinação social do processo saúde-

doença. Política Avaliativa do MEC/Medicina – Lúcio Flávio Gonzaga – É apresentado o SINAES (Sistema

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Nacional de Avaliação da Educação Superior) e as alterações que o programa Mais Médicos trouxeram para

esse programa. Foi dado destaque à discussão do artigo terceiro da lei 12.871, que apresenta os critérios para a

pré-seleção dos municípios que desejam ofertar um novo curso de medicina. Esta mesma lei instaura a avaliação

periódica a partir de outubro de 2015 dos acadêmicos do curso de medicina, além de um programa de avaliação

do INEP para os programas de residência médica. Seguiu-se com um histórico das leis e diretrizes de base da

educação nacional (LDBEN). Foi criticado o pouco envolvimento concedido ao CFM no último LDBEN, para

construção das propostas para as novas diretrizes curriculares. Além disso, foi questionado que cerca de 70%

das propostas pré-aprovadas para abertura de novas escolas de medicina terem se direcionado para a região sul e

sudeste que já concentram a maioria dos cursos. Os exames de fim de curso, como CREMESP (com 60% de

reprovação geral), foram criticados e apontaram-se pontos positivos para o teste do progresso. Ao final dessas

discussões, foi aberto um espaço para questionamentos dos ouvintes que abordaram como principais tópicos:

Quais as necessidades reais de ampliação nos números de escolas e profissionais médicos, como conciliar os

conflitos de interesses entre instituições públicas e privadas por cenários de prática e aprendizado, a qualidade

da infraestrutura do sistema de saúde do país, a fixação e mérito acadêmico dos docentes envolvidos com os

cursos médicos e a valorização da residência médica em detrimento da graduação de qualidade.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Fórum dos Coordenadores/Diretores COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Antônio José Amorim (UFMT)

Debatedor 1 Prof. Francisco Eduardo Campos (ABEM)

Debatedor 2 Vinícius Ximenes (Ministério da Saúde)

Debatedor 3 Heider Aurélio Pinto (Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde)

Debatedor 4 Márcia Hiromi Sakai (UEL),

Debatedor 5 Julio Cesar Soares Aragão (UNIFOA)

Síntese dos relatores: Relator 1: Iara Wagner (UNIVILLE) Relator 2: Marcela Balsano (UNIVILLE)

A realização deste iniciou com uma intervenção teatral da Companhia de Teatro da UNIVILLE intitulada o

Paciente Trocado de Luis Fernando Veríssimo. Ocorreu então a explanação sobre a Educação Permanente dos

Profissionais de Saúde- Universidade Aberta do SUS (UMA-SUS) destacando o engajamento deste programa

na educação permanente em contra partida ao crescimento dos cursos à distância, a expansão da residência

médica e a modulação tradicional aliada com novas tecnologias educacionais. O UNA-SUS criado a partir do

decreto de lei número 7.385 de dezembro de 2010 é composto atualmente por mais de 30 IES dando ênfase a

oferta de especialização e aperfeiçoamento para atender a capacitação e educação permanente dos trabalhadores

no SUS. Foi dado realce a possibilidade na participação de alunos de graduação em Medicina nestes cursos.

Atualmente são ofertados cursos abertos online, programas de qualificação e de pós-graduação, com destaque

nesta última categoria ao surgimento em breve do programa de mestrado em Saúde da Família. São ofertados

cursos e aos próximos meses serão disponibilizados mais 21 cursos contemplando as áreas da medicina e

odontologia, com realce o curso de Saúde da População Negra e sobre a Vacinação contra HPV. Ao término da

palestra sobre o Provab iniciaram-se as atividades do fórum com perguntas dos coordenadores para serem

apreciadas pelos representantes do Ministério da Saúde presentes. Após rodada de perguntas realizadas pelos

participantes da mesa central estas foram abertas para os participantes da plateia, sendo salientados os assuntos

relevantes que participaram de todas as falas presenciadas. Solicitou-se que a ABEM possa disponibilizar em

seu site uma lista com contatos dos diretores/coordenadores atualizada, pois o compartilhamento de

informações das direções possibilita encontros com maior periodicidade destas lideranças fortalecendo as

discussões. Outro ponto levantado foi o credenciamento de uma escola de Medicina que oferta o curso em mais

de um campus ou campus avançado, as orientações dadas pela ABEM, nesta ocasião, deve ocorrer o

credenciamento de cada coordenação uma vez que cada campi possui sua identidade própria. Dentre os

questionamentos levantados ocorreu uma concordância entre os representantes das escolas públicas e privadas

sobre a falta crônica de docentes na área médica, considerando a possibilidade da realização de uma política

intensiva para atrair profissionais para docência, principalmente em regiões pouco privilegiadas. Destacou-se a

perspectiva do crescimento do número de preceptores visto o crescimento das vagas para residência e internado

em UBS e em emergência. Enfatizou-se a requalificação das UBS transformando-as em campos para prática

docente e lócus de ensino, melhorando a infraestrutura e o ambiente para o usuário, profissionais e acadêmicos.

O fórum finalizou suas discussões salientando a importância de reavaliações de políticas devido a expansão de

novas vagas nas escolas médicas, suprimento destas pela rede das UBS, infraestrutura e corpo docente além da

integração ensino-serviço-comunidade, dando uma nova perspectiva ao ensino médico no país.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Avaliação -Teste progresso COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Cláudia Maria Leite Maffei (FAMERP-SP)

Debatedor 1 Tema: Como calibrar os itens. Prof. Ricardo Primi (UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO)

Debatedor 2 Tema: Como equiparar provas Prof. Dalton Andrade (UFSC)

Debatedor 3 Prof. Olavo Franco Ferreira Filho (UEL)

Estudante Acadêmico Guilherme Marum Olmedo (FAMERP)

Síntese dos relatores: Relator 1: Profa. Adriana Maria de Figueiredo (Universidade Federal de Ouro Preto)

O prof. Ricardo Primi apresentou a calibração como um processo para a análise dos dados da Teoria de

Resposta ao Item (TRI). Em seguida ele destacou quais são as ideias centrais para a construção do modelo de

análise e os parâmetros matemáticos e estatísticos necessários para isso. Definiu os conceitos mais importantes

e os métodos existentes e utilizados para a calibração. Apresentou como se realiza e quais as vantagens da

calibração conjunta, que combina e analisa parâmetros dos itens e dos sujeitos, bem como as possibilidades e

meios para a identificação métrica que permite calibrar erros e acertos em relação às dificuldades dos itens. Por

fim, mostrou os métodos de estimação usados, a existência e necessidade de uso de softwares específicos para a

realização da calibração. O prof. Dalton Andrade abordou como que a dificuldade de interpretação e utilização

da TRI se relaciona com seu caráter complexo de modelagem estatística e matemática, mas que esse desafio

pode ser vencido e que há meios para isso. As provas podem ser equiparadas desde que sejam criadas medidas

comparáveis, sendo a TRI uma das teorias que responde a essa tarefa. O professor demonstrou com exemplos

como isso é possível e como pode auxiliar na realização e utilização de resultados pelo teste progresso. O prof.

Olavo Franco iniciou sua fala, realçando que as exposições anteriores foram provocações no sentido de

esclarecer a sofisticação e a potencialidade que avaliações como o teste progresso, encerram ao se basearem na

TRI. Relatou sua experiência em 15 anos de aplicação e utilização do teste progresso em sua instituição e

realçou a necessidade de uma análise criteriosa e parcimoniosa para a realização do teste, desde a elaboração de

questões, busca de adesão e participação dos estudantes, aprimoramento da confiabilidade do teste e utilização

de seus resultados. O acadêmico Guilherme Marum enfocou como o caráter punitivo, sem retorno de resultados

e com ausência de coerência e conteúdo geralmente presente nas avaliações em medicina marcam os estudantes

em relação a esse tema. Para ele, o teste progresso representa uma mudança que reflete uma outra lógica em

avaliação e que consegue, por isso, aos poucos, ganhar confiança maior dos estudantes de medicina. Ressalta

que é necessária uma conscientização dos docentes e dos discentes quanto a esse novo caráter desse modelo de

avaliação, principalmente com a devolutiva e reflexão sobres os resultados. Por fim, questiona o teste progresso

por ser ainda centrado no estudante e aponta que é preciso pensar e utilizar outros meios de avaliação que

incluam também a escola médica e seus docentes.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Urgência e emergência COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Franco Haritsch (UNIVILLE)

Debatedor 1 Prof. Augusto Scalabrini Neto (USP)

Debatedor 2 Prof. Gustavo Pereira Fraga (UNICAMP)

Debatedor 3 Prof. Gerson Alves Pereira Junior (UNAERP)

Estudante Acadêmico Gabriel Martins Cruz Campos (FCMMG)

Síntese dos relatores: Relator 1: Isabella P. L. Dacroce (UNIVILLE) Relator 2: Maria Helena Naumann (UNIVILLE)

Iniciando o simpósio, Augusto Scalabrini Neto fala sobre o “Papel dos centros de simulação realística e dos

laboratórios de habilidade e competências”. Ele assegura que podemos fazer simulação de alta qualidade com

muitos poucos instrumentos. Realça ainda que temos que mudar conceitos e paradigmas, principalmente em

escolas tradicionais, mudando o modelo pedagógico para o andragógico, e melhorar a capacitação dos docentes.

Scalabrini explica que com a simulação dentro do ensino de emergência, é onde o aluno mais se beneficia da

simulação clínica, pois toma decisões que são imediatas, e com o simulador ele pode exercer e corrigir

eventuais erros. Comenta ainda que todos os procedimentos que o acadêmico precisa usar para um desempenho

bom dentro da sala de emergência se pratica em um laboratório de manequins (de baixa e alta fidelidade) para

treinamento. Destaca que nada é mais realístico para o treinamento que os próprios indivíduos, ou seja,

acadêmicos treinando entre si. Confirma ainda que os individuos tem que saber como conversar, habilidade essa

que pode ser treinada em um cenário com atores, para que assim possam fazer a comunicação adequada e

efetiva, sendo corrigir possíveis erros. Ele ainda ressalta a importância do treinamento in situ: estratégia que não

leva o ambiente de emergência pra dentro do laboratório de simulação, e sim o simulador pra dentro do

ambiente de emergência! A ideia é treinar a equipe de como desempenhar o protocolo de sepses, e é uma das

poucas chances de se fazer treinamento entre multiprofissionais, além de ser também importante para detectar

deficiências no sistema.O professor da USP acredita que os alunos gostam de fazer simulação, já que é uma

forma segura de eles errarem sem consequências. Ele mostra estudos, onde comprovavam que os alunos que

utilizavam simulação tinham maior nível de satisfação de aprendizagem, maior grau de efetividade e segurança,

e melhor comunicação. No entanto, ele alerta que a simulação prepara o aluno para o paciente, mas não o

substitui. Em seguida, Gustavo Pereira Fraga traz “como avaliar o ensino de habilidades e competências na

urgência e emergência”, e comenta que com a nova DCN, 30% do internato têm que ser em atenção básica e

urgência e emergência, e isso sinaliza que temos que avançar no seu ensino. Fraga assegura que o ensino de

urgência e emergência deve ser longitudinal, começando no 1º ou 2º ano de medicina, e os cursos LS-like

devem ser ensinados até o 4º ano, além de as IES terem um laboratório de simulação para treinar também o

trabalho em equipe. Comenta a importância da capacitação do docente, a avaliação do processo de ensino e

aprendizagem entre aluno e professor, além da metodologia, e destaca que esse processo deve ser feito todo ano

para aperfeiçoar o curso.Concluindo, Fraga acredita que não é só com um teste que se mede o aluno, e cita então

o exame do Cremesp como um mau instrumento. Logo depois, Gerson Alves Pereira Junior debate “o papel das

redes de urgência e emergência”. Destaca que com uma crescente formação de médicos no Brasil, e aumento de

escolas médicas, houve também uma crescente oportunidade de trabalho médico em urgência e emergência. Ele

desabafa mostrando que, em uma avaliação recente, boa parte dos problemas das UPAs se devem ao despreparo

de médicos. Pereira Jr defende que nos 2 primeiros anos deve ter o curso de suporte básico de vida nas IES, e

até o final do 4º ano devem ter cursos de imersão em urgencia, tipo ATLS, ACLS e PALS. Acrescenta ainda

que a IES precisa auxiliar e cobrar dos gestores de saúde a implantação da politica nacional de atenção as

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urgências e emergências, já que o SUS tem que ser um campo de prática.O professor destaca a importância da

formação pedagógica de professores e preceptores, além do compromisso com a educação permamente. Cita

ainda projetos como pró-saude e pet-saude, que tentam definir o papel da educação pelo trabalho na saúde.

Assinala alguns desafios como a integração das redes, o reforçamento do SAMU e a Força Nacional, e

especificamente do SAMU desafios como ampliar e financiar as estruturas formadoras públicas, a falta das IES

ligadas com a atividade, falta da abordagem multiprofissional, a expansão das funções de profissionais não

médicos (enfermeiros), entre outros.Pereira Jr. conclui com um vídeo com uma simulação de briga, na qual

participaram alunos de medicina, bombeiros, polícia, além do SAMU, na qual foram mapeadas várias coisas

que precisam ser melhoradas no sistema.Para finalizar, Gabriel Martins Cruz fala sobre “o papel das redes de

urgência e emergência”, assegurando que é urgente discutirmos o ensino de urgência e emergência nas escolas

medicas. A importância desse ensino é dar competências, habilidades e atitudes para tornar-nos aptos a atuar.

Defende a importância do feedback na avaliação, um convênio fixo nos espaços de prática, e as UPAS como

espaços primordiais para aprender emergências e urgências. Cruz lamenta a disputa entre as IES nos cenários de

prática, a fragilidade da capacitação docente, a falta de uma matriz curricular específica de urgência e

emergência nas escolas médicas, e as as subespecializações. O estudante conclui que temos que evitar a

fragmentação no internato, e ter um cuidado especial com a avaliação do estudante, pois é difícil fazer uma

avaliação de urgência e emergência unicamente teórica, como a prova do Cremesp. A platéia então, levantou

questões como o perigo da fragmentação do internato, a viabilidade da simulação mostrada em vídeo pelo

Pereira Jr., se há alguma escola médica com a matriz curricular já prevista, o SAMU como campo de prática, e

as dificuldades de agregar enfermeiros e médicos trabalhando juntos.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Internato Médico COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof° Evelin Ogatta Muragushi (UEL)

Debatedor 1 Acadêmico Vinicius de Jesus Rodrigues (UFOP)

Debatedor 2 Prof° Antonio Pithon Cyrino (UNESP)

Debatedor 3 Acadêmico Klaus Schumacher (UNIVILLE)

Síntese dos relatores: Relator 1: Silvana Cardoso Relator 2: Mariana F. Dias

Diante do tema, “Segurança do Paciente”, o acadêmico Vinicius expôs que deve haver um cuidado por parte dos

preceptores de não culpabilizar sempre o estudante. Trouxe, ainda, a questão da preceptoria como “papel

fundamental” na relação entre segurança e internato. Mas para que haja uma atuação adequada desses

preceptores, propõe que a avaliação e a atualização desse profissional são de grande importância. Além disso,

abordou-se a questão da condição de sobrecarga do interno. Alguns hospitais diminuem o corpo clínico e

utilizam o estudante para suprir a demanda de profissionais e priorizam a velocidade do atendimento em

detrimento da qualidade. Por fim, alertou que a transversalidade na saúde esta se perdendo no internato. A visão

integral do paciente não está sendo aplicada, pois o que acaba prevalecendo é o atendimento curativista – o

qual, nem sempre, atende todas as necessidades do paciente.O prof° Antonio trouxe a questão da “Medicina

Narrativa” e dentro disso foi falado que a medicina atual é assentada na prática e de caráter extremamente

tecnificado. Esse progresso, embora traga muitos benefícios, contrasta com a dificuldade que o médico tem de

empatizar com o paciente e entender seu sofrimento. Segundo ele, o profissional, na medicina narrativa, precisa

“incorporar” o outro (principalmente na questão emocional). O prof° relatou sobre uma experiência de medicina

narrativa entre os acadêmicos da UNESP, através de uma ferramenta chamada “Caderno do Aluno”, no qual os

estudantes relatam suas vivências clínicas. O caderno do aluno foi uma forma encontrada para entender o que o

aluno está vivenciando, como está lidando com as realidades expostas, e como ajuda-lo nesse percurso. Essa

necessidade de apoio que o interno demanda mostra o quanto a atenção psicológica dos estudantes está apartada

da avaliação do docente. A pauta é encerrada com o consenso de que a medicina narrativa é um potente

instrumento para formar médicos além do conhecimento técnico-científico. O tema “Competências no

Internato”, abordado pelo prof° Ruy, o qual ressaltou que o objetivo do internato é fazer com que o estudante

ganhe autonomia. Diante disso, a avaliação deve ser uma avaliação de performance. Diante dessa questão, o

simposista trouxe uma preocupação final acerca dos diversos cursinhos preparatórios para residência: deve-se

resgatar a importância do internato, de modo que o interno não deixe de ir ao internato para ir ao cursinho. Por

fim, o acadêmico Klaus, abordou o tema “Como os internos se preparam para as avaliações no curso e para a

residência”, ressaltando as dificuldades que o interno enfrenta durante seu percurso no internato rumo à prova

de residência. “Aprender por si só” foi uma dificuldade apontada e que permeia muitas das inseguranças do

interno. A repentinidade da transição “sala de aula – internato” assusta a maioria dos estudantes e os faz sentir

perdidos num imenso “labirinto”. A dificuldade de trazer as informações teóricas para a prática é uma causa

comum de incertezas e inseguranças. Ao abordar a questão dos cursinhos preparatórios para residência, o

acadêmico expôs a ideia de que esses cursos são tão influentes nos estudantes porque promovem a objetividade

e a concisão. Porém, ele alerta que para aprender de verdade, é fundamental que se compareça às aulas práticas.

As principais questões apresentadas pela plateia foram sobre os benefícios e desafios de se propor ferramentas

da medicina narrativa no cotidiano do interno, e qual seria o retorno desse instrumento para alunos e docentes

quando aplicada. Quais passos precisam ser reavaliados ou modificados para que os internos não deixem de

valorizar a importância das aulas práticas para as provas de residência, foram pontos de discussões comuns

entre a plateia.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Estratégia de desenvolvimento docente

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Sigisfredo Luis Brenelli (UNICAMP)

Debatedor 1 Prof. Nildo Alves Batista (UNIFESP)

Debatedor 2 Profa. Eliana Martonaro Amaral (UNICAMP)

Debatedor 3 Acadêmico Bernardo de Lima (UNIOSTE)

Síntese dos relatores: Relator 1: Caroline Marconatto Flores(UNIVILLE) Relator 2: Cristiano Ganguilhet Lucero (UNIVILLE)

No primeiro ato a Profa. Eliana Cyrino abordou a formação docente frente a expansão de vagas, destacou a

preocupação com a formação dos docentes em relação a área da saúde, onde há uma necessidade de reforma no

ensino, tendo como referência a humanização do cuidado, pensando em um ensino que trabalhará com os

princípios do SUS e diretrizes curriculares que trabalhem a formação de professores e preceptores ligados a

formação centrada na atenção básica, abrangendo inclusive a prática médica, havendo assim a necessidade de

formação de preceptores para a graduação. No segundo ato o Prof. Nildo Batista abrangeu a formação docente

frente as novas diretrizes curriculares, destacou que o currículo médico deve ser centrado em três grandes áreas

sendo elas a atenção, gestão e educação em saúde, oferecendo uma metodologia de aprendizagem que prepara o

aluno para o trabalho em equipe, incorporados através da política de desenvolvimento docente com programas

de formação e maior envolvimento dos professores. No terceiro ato a Profa. Eliana Amaral explanou a

qualidade dos programas de capacitação e desenvolvimento, fez uma reflexão sobre a prática de ser docente,

destacou que o docente além das teorias de aprendizagem deve buscar a prática deliberada, houve destaque para

os métodos de ensino como o PBL e o CbcL, visto que aprende-se muito mais com métodos que contenham

prática. Destacou a necessidade de criação de programas institucionais baseados na necessidade do dia a dia,

criando-se assim grupos para trocar experiências dando suporte e feedback para os docentes, e programas que

avaliem o desenvolvimento docente para poder assim implantar um reconhecimento de carreira para o

professor. No quarto ato o acadêmico Bernardo de Lima abordou como incentivar a docência durante a

formação médica, destacou que o estudante encontra-se desmotivado devido a falta de contato com o mundo da

medicina, devido a grande parte do ensino ser baseado em literaturas, havendo necessidade de reforma

curricular e inclusão do aluno desde o princípio nas práticas médicas com aulas menos expositivas e mais

horizontais, incentivando desta forma a pesquisa dentro de sala de aula, trabalhar o aprendizado do trabalho em

equipe e a necessidade de se construir ferramentas de docência dentro da carreira médica. O debate da mesa

redonda para com os congressistas levantou debates de como os alunos podem incentivar os professores a ter

uma docência mais atrativa e como os professores podem buscar práticas para mudar o processo de ensino.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Influência do Provab e do Programa Mais Médicos na Residência Médica COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Maria Goretti Frota Ribeiro (UFC)

Debatedor 1 Prof. Francisco Arsego de Oliveira (CNRM/UFRGS)

Debatedor 2 Prof. Thiago Trindade (Presidente da SBMFC)

Debatedor 3 Prof. Felipe Proenço de Oliveira (UFP)

Debatedor 4 Residente Pedro Tadao Hamamoto Filho (UNESP)

Debatedor 5 Sra. Maria Cristina Sette (CONASEMS)

Síntese dos relatores:

Relator 1: Aline Brancaleone Rochembach (UNIVILLE) Relator 2: Denis William Pereira (UNIVILLE)

O Professor Francisco Arsego de Oliveira (CNRM/UFRGS) – Os Desafios para a CNRM – baseou sua

explanação nas palavras-chave: Desafio, Qualidade e Integração. As principais questões levantadas foram a

formação médica e a especificidade do médico a ser formado nos próximos anos. Oliveira aponta a real

complexidade da atenção à saúde e, a cerca da residência médica, fala em integrar a residência, ampliando

vagas, preenchendo vagas ociosas, oferecendo qualidade e superando o desconhecimento da área de Medicina

da Família e Comunidade (MFC). Outro ponto foi a construção e a melhoria das Unidades de saúde, desde a

atenção básica até UPAS e hospitais. O Professor Thiago Gomes de Trindade (Presidente da SBMFC) trouxe

questões sobre qual o modelo assistencial de APS almejado e que médico desejamos como APS. Trindade

expõe a real necessidade de médicos de Saúde da Família, retratando o grande déficit na ocupação das vagas

para residência em MFC e a necessidade de “expandir, ocupar e qualificar” a residência em MFC. Para o

professor é preciso pensar na universalização das vagas (R1 obrigatório), na redefinição e regulamentação do

número de vagas de residência e na formação dos preceptores. O Residente Pedro Tadao Hamamoto Filho

(UNESP) – Visão do médico residente neste contexto – levantou as questões da valorização da atenção básica,

da fixação do profissional de saúde na atenção básica e as mudanças necessárias nas políticas em saúde.

Hamamoto Filho retrata a baixa ocupação das vagas de residência, principalmente MFC, e a dificuldade nas

contratações de certas especialidades (P.ex. MFC) em pequenos municípios. O residente, ainda coloca que o

PROVAB não valoriza a atenção básica (serve como moeda de troca) não fixando o médico no serviço. O

palestrante retrata o Mais médicos (importação de médicos, novas escolas) como “Medidas Tupiniquins” que

culminam na falta de investimento no ensino público. Para o residente uma estratégia para fixar o profissional

seria a interiorização das escolas de residência médica. A Srª Maria Cristina Sette (CONASEMS), sobre a

influência desses programas na gestão municipal de saúde, retratou a importância e a dificuldade da gestão

municipal do SUS, dizendo que a saúde envolve processos complexos e devem atender a realidade e demanda

local, adequando-se aos diferentes perfis de gestores e profissionais. Para Sette, é preciso dialogar formação,

contratação e escassez de profissionais; cargos e carreiras (ressalta o plano de cargos e carreiras não vai fazer a

atenção básica chegar aonde é preciso). O Professor Felipe Proenço de Oliveira (UFP) levantou como pontos

principais as vagas ociosas de alguns cursos de residência; a questão do mercado com o Mais Médicos,

retratando que não faltam postos de trabalho mesmo com a importação dos médicos; e “os grandes desertos

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médicos brasileiros”. Proenço apresentou estudos sobre o que levaria os médicos a permanecer nas pequenas

cidades (remuneração, moradia e residência médica), sobre a aprovação do Provab pelos médicos do Programa

(60% recomendariam o programa), e outro sobre a visão dos gestores sobre o programa (68% relataram melhora

da saúde). Sobre o Mais médicos, colocou que o mesmo está centrado em três eixos: investimento na atenção

básica, formação do SUS e provimento emergencial de médicos; que 75% desses médicos estão em áreas de

Vulnerabilidade Social e que o programa teve boa aceitação da população. As pricnipais questões da plateia

foram: a obrigatoriedade do R1 em MFC, a valorização do preceptor, a qualidade de o ensino médico, e o

Medcurso como incentivador da desvalorização da residência em MFC. A mesa-redonda teve muitas

divergências de opiniões, ampla participação da volumosa plateia, e extrapolou o tempo em 1h do previsto.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Temas emergente relevantes na formação médica COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Jadete Barbosa Lampert (ABEM/UFSM)

Debatedor 1 Prof. Marcelo Jáuregui (FEPAFEM)

Debatedor 2 Prof. Neílton Araújo de Oliveira (UFT),

Debatedor 3 Prof. Francisco Eduardo de Campos (UNASUS-UFMG)

Síntese dos relatores: Relator 1: Gabriela Duarte Neves (UNIVILLE/FURJ) Relator 2: Maria Vitoria Rosa (UNIVILLE/FURJ)

Marcelo Jáuregui (FEPAFEM): A acreditação foi apresentada pelo professor como instrumento de

transformação das escolas médicas e forma de assegurar a qualidade do ensino. Através das Universidades

ocorre a promoção da qualidade e dos órgãos regulatórios, a garantia da qualidade. Propõe um sistema dinâmico

e permanente para acreditação das instituições. critérios e padrões estabelecidos previamente como base para

uma avaliação externa e análise situada da escola. Também, um órgão supra-regional para a realização do

reconhecimento das escolas entre países foi proposto. Aborda o impacto positivo do processo: elevar os padrões

de qualidade do sistema de ensino. Aponta o impacto negativo: ausência de homogeinidade nos processos

avaliativos entre diferentes agências reguladoras e distinção entre instituições.

Neílton Araújo de Oliveira (UFT): Apresenta o Programa Nacional de Segurança do Paciente para os serviços

de saúde no Brasil e aponta que a falta de segurança é uma deficiência global de saúde pública. Aborda a

implantação de Núcleos de Gestão de Riscos e da Segurança no sistema público, com a adoção de novas

tecnologias e práticas simples e eficientes no atendimento.Propõe uma nova abordagem sistêmica para o erro

em serviços de saúde ao invés da atual abordagem individualista. A plateia discutiu o espaço que o tema possui

durante a graduação. A segurança do paciente é abordada na prática durante o atendimento à comunidade e

existe a necessidade da auto-avaliação do profissional e do estudante, assim como levantamento dos eventos

adversos durante o serviço.

Francisco Eduardo de Campos (UNASUS/UFMG): Apresentação da plataforma Universidade Aberta do Sus

(UNA-SUS). Em parceria com instituições públicas de ensino, o sistema promove a capacitação permanente de

profissionais do Sistema Único de Saúde a distância. Módulos auto-instrucionais de maneira não-presencial

permitem maior adesão de profissionais da saúde e estudantes por todo território nacional e a atualização

constante e dinâmica.A plateia discutiu o papel do professor com a chegada de tecnologias como UNA-SUS e

semelhantes. Foi concluído pelo Professor Francisco que a escola médica deve incorporar a tecnologia no

ensino e buscar alternativas para que a orientação do professor ao aluno seja indispensável no novo cenário.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Avaliação institucional/Curso de Medicina COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Francisco Barbosa (ABEM)

Debatedor 1 Prof.ª Jadete Barbosa Lampert (ABEM/UFSM), e

Debatedor 2 Sr.ª Claudia Maffini Griboski (INEP)

Debatedor 3 Acadêmica Suelen Geisemara Bacelar Nunes (DENEM/FEPAR)

Síntese dos relatores:

Relator 1: Gabriela Duarte Neves (UNIVILLE/FURJ) Relator 2: Maria Vitoria Rosa (UNIVILLE/FURJ)

A Sr.ª Claudia Maffini Griboski inicia a palestra sinalizando os objetivos da avaliação SINAES para o curso de

medicina. Afirma que a finalidade do instrumento é regulamentar, supervisionar e avaliar a qualidade das

instituições de ensino. Para Claudia, a partir de bons resultados no SINAES, as escolas podem garantir

acréscimo no número de vagas ofertadas e qualificação do mérito do curso. A diretora de avaliação da educação

superior do INEP afirma que a prioridade é avaliar a organização pedagógica, o docente e as instalações físicas

das faculdades. Dessa forma, por meio dos resultados obtidos, haverá o engajamento dos coordenadores das

instituições, que visam aprimorar seus índices, para promover melhorias internas e mudanças providenciais. A

palestrante espera que a partir da avaliação seja possível melhorar a formação dos discentes. Existe a iniciativa

por parte do INEP de criar um Banco de Dados, que trará todas as informações obtidas no exame e as

instituições poderão usá-lo para melhorias interna. Outra proposta apresentada foi a integralização do curso

pelos discentes visando a maior adesão ao ENADE. Em suas considerações finais a Sr.ª Claudia evidencia que o

ENADE é feito e avaliado por docentes qualificados e o intuito da prova é avaliar o curso por meio do

desempenho do estudante. Assim, a partir dos resultados, a instituição poderá promover modificações no

currículo do curso. A Prof.ª Jadete Barbosa inicia o simpósio com uma introdução contextualizando os avanços

da medicina ao longo dos anos, perfil das doenças, crescimento populacional e o "boom" de escolas médicas ao

modelo de ensinar vigente nas instituições. A professora expõe que o programa ABEM/CAES visa avaliar as

mudanças promovidas, acompanha-las e incentivá-las. Além de promover a organização do curso a partir das

necessidades da saúde, formação profissional do docente, participação ativa dos estudantes e qualidade na

assistência dos coordenadores de curso. O programa ABEM/CAES é dividido em três momentos. No primeiro

momento consiste na capacitação da equipe e na introdução de novos instrumentos. No segundo há a exposição

de indicadores de expansão e mudanças e no terceiro a visita nas escolas para análise dos resultados obtidos. Os

resultados promovem mudanças, avanços e ajudam a melhorar a preparação das instituições avaliadas. Em suas

considerações finais a Prof.ª Jadete salienta que o programa tem como benefício o aprimoramento das escolas

avaliadas e a qualificação na formação do discente. A acadêmica Suelen G. B. Nunes inicia sua exposição

salientando os problemas na avaliação SINAES proposta pelo governo. A acadêmica acredita que o instrumento

tem caráter punitivo ao depreciar e reduzir o orçamento de escolas que não obtêm bons resultados, o que faz

com que a avaliação deixe de ser um instrumento formador. Discute como a estrutura "rankeadora" influencia

no posicionamento das faculdades que ao garantirem bons indicadores aumentam as mensalidades e premiam os

alunos com as melhores notas no ENADE. O exame não garante a integração com a comunidade, servidores e

docentes. O que evidencia as limitações do instrumento. Além disso o acompanhamento pós-avaliação é

deficitário. Em suas considerações finais a palestrante afirma que há necessidade da inclusão do ABEM e

DENEM no processo de elaboração do SINAES. Uma vez que ainda há dificuldade na prática e falta de debate

para realizar o diagnóstico dos resultados da avaliação.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Temas Transversais para a Formação Médica

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Ademir Rebert (UNIVILLE)

Debatedor 1 Sérgio Rego (Fiocruz)

Debatedor 2 Prof. Euler R. Westphal (UNIVILLE)

Debatedor 3 Dr. Henrique Batista e Silva (CFM) Síntese dos relatores:

Relator 1: Adriana Maria de Figueiredo (Universidade Federal de Ouro Preto) Relator 2: Danilo Jorge da Silva (Universidade Federal de Ouro Preto) Relator 3: Luan Lourenço Gomes Melo (UNIVILLE)

Bioética - Sérgio Rego - Inicia discutindo o desenvolvimento e pensamento crítico e ético sob o ponto de vista

das DCNs. Ressalta que embora pareça trivial, a formação em bioética requer objetivos bem definidos e

coerentes, métodos educacionais específicos, além de professores e tutores com formação orientada para esta

área. Em seguida, abordou as diferenças entre bioética e ética profissional, sendo a última focada em códigos e

normas na qual prevalecem o que não deve ser feito e que aborda principalmente a moralidade do agente, não

do ato, sendo reservado à bioética o papel de observar e criticar as consequências das ações. Levanta a

importância da integralidade na informação e os desafios para superar a naturalização de práticas e conceitos.

Um dos caminhos sugeridos seria o compromisso da própria escola com esses valores. Humanidades: Ponto de

vista docente- Euler Westphal - Traz um histórico sobre a evolução dos paradigmas científicos, no qual chama a

atenção para a remoção das humanidades do ensino médico dada a concepção de que estas prejudicavam a

construção da ciência. Critica o pensamento dicotômico utilizado na construção de modelos técnicos que limita

a capacidade do indivíduo em lidar com eventos metafísicos, como a dor da doença ou a morte. Aborda também

a redução da dimensão humana contemplativa e a transformação desse homem contemplativo em homem

fábrica. Assim, sintetiza que os dogmas mecânicos da medicina moderna ignoram o ser humano como uma

entidade conectada aos meios sociais e seu papel na desumanização da prática médica. Finaliza apontando para

a necessidade da recuperação da integralidade do paciente, em contrapartida à prática corrente em que se divide

o indivíduo em componentes anatômico, doenças ou dados estatísticos. Ainda chama a atenção para o desafio

necessário em promover no aluno uma postura permanente de reflexão sobre questões relacionadas à bioética.

Humanidades: ponto de vista do CFM – Henrique Batista e Silva – Apresenta a criação de uma comissão no

conselho para avaliação das humanidades na medicina e trata como tópico central de sua fala as ações do CFM

no tratamento dessa questão, que incluíram a apresentação de trabalhos e painéis do I, II e III congressos de

humanidades médicas. Contudo, discute a pequena adesão dos alunos nesses eventos e problematiza a

necessidade de se criarem medidas para alteração desse cenário. Realiza um convite para o IV congresso

brasileiro de humanidades médicas, além de apresentar sua programação e encerra sua apresentação ao defender

que tratar as humanidades na prática médica está ao alcance da realidade atual em curto prazo e a baixo custo.

Ao final, um grupo do projeto “palhaçoterapia” iniciou uma apresentação musical e com relatos de casos de

suas intervenções hospitalares e foi aberto um espaço para questões do ouvintes. Os principais questionamentos

foram os motivos pelos quais as disciplinas relacionadas à ética e às humanidades são relegadas ao segundo

plano nas estruturas curriculares, como preparar os docentes para o trabalho com a temática da ética a

incoerência entre a bioética acadêmica e a presenciada na prática de trabalho.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Relação entre as escolas médicas e a rede de atenção à saúde COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Sra. Maria Cristina Sette (CONASEMS)

Debatedor 1 Prof. Profa. Cristina Subtil (Secretaria de Saúde, Lajes – SC)

Debatedor 2 Prof. Profa. Mércia Alves da Silva Margotto (UESC)

Debatedor 3 Residente Thiago Cherem Morelli (UFSC)

Síntese dos relatores:

Relator 1: Isabela Carolina Borba (UNIVILLE) Relator 2: Luiz Carlos Silveira Filho (UNIVILLE)

O principal objetivo desta mesa redonda foi procurar uma maneira de estabelecer parceria entre as escolas

médicas e os serviços de saúde, a fim de melhorar o ensino e o sistema de saúde. Para isso, foram apontadas as

principais dificuldades que as instituições de ensino enfrentam quando tentam inserir os estudantes no SUS. O

primeiro obstáculo apresentado foi a grande demanda de estudantes para poucas vagas disponíveis. Segundo a

Sra. Maria Cristina Sette, não são apenas os acadêmicos de medicina que disputam por essas vagas, mas

também alunos dos cursos de enfermagem e odontologia, o que torna o estágio ainda mais concorrido.Além

disso, Sette apontou como problema o pequeno espaço físico dos consultórios, que não comportam a presença

de um ou dois internos. Um terceiro aspecto citado foi a indisposição dos preceptores em ajudar esses

estudantes, uma vez que comprometem sua agenda de atendimento e, consequentemente, seu faturamento.De

acordo com a professora Cristina Subtil, outra dificuldade é o fato dos gestores e secretários da saúde, muitas

vezes, não serem da área médica. Sendo assim, eles não compreendem a importância de inserir os estudantes

nas instituições de saúde. Ela criticou ainda a má distribuição das verbas pelos municípios. Segundo a

professora, apesar de receberem bons recursos financeiros do governo federal, os municípios os distribuem de

maneira inadequada e acabam não investindo nas áreas prioritárias. Segundo a professora Mércia Alves da

Silva, outro problema é a pouca flexibilidade em questões administrativas e financeiras dentro das Secretarias

de Saúde, o que dificulta a inserção do aluno nesse meio. Em seguida, foi sugerido que se criem alianças dentro

das secretarias para que essa interação seja facilitada. Por último, o Residente Thiago Cherem Morelli

problematizou o fato de que os estudantes preferem atender em hospitais e grandes centros de saúde do que nas

unidades de atenção básica. Entretanto, são essas as áreas que mais precisam de atendimento. Uma vez que os

alunos se disponibilizassem a trabalhar nessas unidades, a concorrência seria menor.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Abordagem Multiprofissional do Processo de Ensino e Aprendizagem COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Profa. Jaqueline Teixeira Caramori (UNESP) Debatedor 1 Profa. Cristiane Peres (USP-RP) Debatedor 2 Profa. Renata Romanholli (UNESP) Debatedor 3 Prof. Cassio Silveira (FCMSCSP)

Síntese dos relatores: Relator 1: Bruna Schwaab/UNIVILLE Relator 2: Luiza Piva/UNIVILLE.

A mesa redonda iniciou com a passagem de um trecho de um filme cômico que serviu para integração das

atividades. A primeira palestrante, Prof. Cristiane Martins Peres (USP-RP), abordou o tema : “O Papel do

Psicopedagogo’’. Ela analisa a barreira do diálogo e comunicação que a equipe multiprofissional enfrenta. Em

tal assunto, houve o destaque do diálogo multiaxial, sendo um meio necessário na educação médica.

Seguidamente, conceitos foram definidos, como, de acordo com o Conselho Nacional de Associação Brasileira

de Pedagogia, o psicopedagogo é o profissional que tem conhecimento oriundo de várias áreas, sendo

responsável por coordenar e relacionar o objeto de estudo docente/discente em meio à aprendizagem; pontuando

o estilo de aprendizagem, por considerar o estudante um biopsicossocial, pois este deve ser respeitado frente às

diversas abordagens de aprendizagem. Explica, ainda, os níveis de atuação do psicopedagogo, a partir de

prevenção, mediação, intervenção terapêutica, comunicação entre os docentes e a coordenação. Enfatiza ser

mediador do processo de aprendizagem do aluno para associá-lo ao ensino de seu docente, isso ocorre por

atendimento individual. Além disso, realiza acompanhamento de estudantes especiais, faz levantamento do

índice de reprovações, analisa o desenvolvimento do docente. A segunda palestrante, pedagoga, Renata

Romanholi (FMB/UNESP), destacou o papel do pedagogo na educação médica. Fala sobre contribuição

multiprofissional para o desenvolvimento pedagógico da educação médica, sendo esta realizada, a partir de

trabalho com o docente, e análise da estrutura curricular, quebrando paradigmas, como modelos fragmentados e

disciplinas independentes de conhecimento. Observou-se, então, que a formação pedagógica nas escolas

médicas não é uma prática comum, pois a docência no ensino superior não é uma questão valorizada. Por isso,

objetiva-se a adequação de perfis profissionais para formação em serviço, trabalho com multiprofissionalismo.

Romanholi, portanto, contextualizou sua situação na Unesp de Botucatu, a qual possui um Núcleo de Apoio

Pedagógico (CAPES), servidor de apoio para os estudantes, comunicação com o docente, e auxílio à

estruturação curricular. Definiram-se, ao final, desafios enfrentados para o ensino da graduação na saúde, como

priorizar necessidades de saúde populacional, inovar currículos tradicionais, aplicando a multiprofissionalidade

e a multidisciplinaridade. O terceiro palestrante, sociólogo Cassio Silveira (Unifesp), abordou questões de

ensino e aprendizado. Foi feita abordagem sobre a sociologia e saúde coletiva, ainda com integração de

definições de antropologia médica e seu papel relevante para a formação médica, a partir de como se constituem

as relações sociais. O sociólogo apresentou tal assunto através da apresentação de seu histórico como docente.

Para ele, é importante haver nas faculdades de medicina a elaboração de departamentos de saúde coletiva, a

partir de interdisciplinaridade. Além de aplicação de conteúdos como urbanização, industrialização, especulação

imobiliária, e relação das pessoas com o meio social. No fim, é fundamental a sensibilização dos discentes com

organizações sociais e a organização de políticas da sociedade civil.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Raciocínio clínico nos diversos cenários de aprendizagem COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Profa. Rosa Malena Delborne de Farias (Unifenas-BH/UFMG)

Debatedor 1 Prof. Alexandre Moura (Unifenas-BH)

Debatedor 2 Profa. Ana Maria de Farias Stamm (UFSC)

Debatedor 3 Acadêmica Uheyna Gancedo Ruzon (UEL)

Debatedor 4 Acadêmico Danilo Aquino Amorin (UnB);

Síntese dos relatores:

Relator 1: Eduardo Wollmann (Univille) Relator 2: Thales de Cavatá (Univille)

O Prof. Alexandre Moura iniciou a mesa redonda com o questionamento: “Como aprimorar o raciocínio

clinico?” Ele é a função essencial da atividade médica, gera diagnósticos e auxilia na tomada de decisões. O

ensino do raciocínio clínico constitui um desafio para a atividade docente. A competência diagnóstica se

desenvolve pela expansão e reestruturação do saber. Analisando as características clinicas do paciente, surgem

hipóteses e probabilidades diagnósticas. Este é o raciocínio clinico analítico. Citando Daniel Kahneman, prêmio

Nobel de economia, ele abordou o raciocínio clinico não analítico, onde características clínicas do paciente são

filtradas pelo médico através de suas experiências prévias, com a posterior probabilidade diagnóstica. Afirmou

ainda que o que diferencia um expert de um aluno iniciando seu raciocínio clínico são os scripts memorizados e

aprendidos ao longo do tempo, através de características discriminadoras e definidoras. Os scripts são atalhos,

que desenvolvidos irão facilitar o diagnóstico. Uma maneira de potencializar o ensino é a utilização de casos

clínicos e também estimular o contato precoce dos alunos com pacientes, permitindo a construção de conexões

entre o que aluno está aprendendo e a prática. Argumentou o fato de que a fisiopatologia deveria ser ministrada

de maneira sindrômica e não por sistemas, facilitando a compreensão do todo na prática, e reafirmou a

importância do estudo de casos clínicos na formação acadêmica médica. Externou que a auto explicação

(explicação em voz alta dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos em um caso clinico) potencializa o

aprendizado do aluno, e concluiu afirmando que a construção do raciocínio clínico se desenvolve por estágios,

que o aluno deve ter contato com muitos pacientes diferentes, refletindo sobre eles e recebendo feed-back. A

Profa. Ana Maria argumentou “como as IES estão desenvolvendo esta competência”? Segundo ela, o raciocínio

clínico deve ser focado no todo, e não nas sub-especialidades. Disse que para chegarmos a um diagnóstico

médico deve haver previamente um raciocínio clinico, e que não basta ter conhecimento, se este não estiver

organizado, de maneira que possa ser resgatado. Segundo ela, o raciocínio clínico deve ser estimulado no

segundo ano, quando o aluno tiver conhecimentos de base e acerca de fisiopatologia. A acadêmica Uheyna deu

o ponto de vista discente acerca do raciocínio clinico. Citando Aristóteles, disse que nada define melhor um

homem do que sua maneira de pensar. O acadêmico Danilo afirmou que a clínica não deve somente focar a

realização de diagnósticos, mas sim a estimulação do raciocínio clínico, e que a formação médica deve focar

generalistas, e não especialistas, que em sua formação devem ter papel fundamental de transformadores da

questão sócio-sanitária no meio onde estão inseridos.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Judicialização da Saúde COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO Coordenador Prof. Alcindo Cerci Neto – UEL Debatedor 1 Prof. . Dr. Paulo Cesar Vieira Tavares – Ponto de vista do Ministério Público Debatedor 2 Prof. . Prof. Sergio Pereira – UNIOESTE – Ponto de vista do médico Debatedor 3 Sr. Adriano Massuda – Ponto de vista do CONASEMS.

Síntese dos relatores: Relator 1: : Stephani Fontinelli Leonardi (UNIVILLE) Relator2: Vanessa Carvalho Lucas (UNIVILLE)

A mesa redonda teve como objetivo o debate destas três questões: Qual seria a abordagem da judicialização da

saúde na formação médica; até onde vai a função do médico social dentro dos cenários pós universitários; e

como os médicos devem se portar diante das questões judiciosas.O Sr.Paulo César Vieira Tavares apresentou os

fundamentos da Constituição Brasileira e explicou o proposto do Ministério Público em defender a saúde e o

SUS. Para isso, foram descritas algumas funções desse órgão como o recebimento de denúncias relacionadas a

irregularidades no atendimento prestado por algum serviço do SUS; as visitas aos locais de atendimento,

participação de reuniões, conferências. Além de promover medidas judiciais para que os usuários do sistema

tenham seu direito atendido e averiguar os erros médicos e a administração dos recursos.Tavares comentou que,

a partir de 1996, houve uma mudança história na judicialização da medicina a qual aceitou ações individuais e

coletivas antes negadas judicialmente. Com base nisso, comentou-se que muitos processos decorrem de

problemas na relação médico-paciente, condição que poderia ser evitadas se fosse desenvolvida uma melhor

interação entre o tecnológico e o humanístico.Seguiu-se com o Dr. Sergio Pereira sobre o ponto de vista do

médico no tema debatendo que a situação demonstra-se caótica, visto o sucateamento das estruturas e a

culpabilização do médico, o que é ainda mais grave no âmbito da urgência e emergência devido à alta

responsabilidade. Além disso, foram analisados o cumprimento ético durante a prática médica; a priorização dos

princípios fundamentais do médico em estar a serviço da coletividade, sem discriminação; aprimoramento, uso

das novas tecnologias em benefício do paciente e não utilização da medicina como comércio. Enfatizou que

cabe ao médico indicar o procedimento adequado. Dessa forma, todas essas orientações dadas podem contribuir

para redução do fenômeno de judicialização da medicina.Outro ponto debatido foi dos custos em saúde que

ocorrem devido ao aumento da demanda e das solicitações judiciais como: cirurgias não previstas, liberação de

leitos de unidades de terapia intensiva, medicamentos, órteses, próteses, tratamentos de alto custo não previstos,

e outros. Para o decréscimo dessa situação, o médico deve buscar soluções como a formação médica adequada,

a educação médica continuada, a visão macro da saúde, consciência de que os recursos são finitos, o

discernimento ao prescrever medicamentos entre outros.Adriano Massuda, último palestrante, focou a política

de Medicamentos e Inovação Tecnológica e o Panorama da Judicialização no contexto do SUS. Dessa forma

observou que o SUS foi construído com ampliação e diversificação dos serviços de saúde, nacionalizando suas

políticas, reformando suas diretrizes e melhorando os indicadores de saúde. Em contraponto, hoje, há um

esgotamento da capacidade de inovação na implantação de mudanças, visto que o sistema é subfinanciado e a

administração pública é burocratizada. Desse modo, a judicialização tomou dimensões crescentes e trouxe

impactos ao SUS e a seus usuários. Além disso o fato de que os novos processos não se extinguem pela

obrigação da máquina pública em fornecer medicamentos de uso continuo se faz um problema.Massuda

apresentou dados dos índices de judicialização e dos processos mais comuns que trazem sobrecarga de ações e

serviços não planejados e desvio da porta de entrada do SUS, pois existe uma dificuldade de recursos

disponíveis para cumprir as ordens judiciais e interesse de terceiros nesse âmbito.Ele concluiu que o movimento

de judicialização da saúde seria um problema menor para o SUS se os serviços públicos de saúde melhorassem

e houvesse um aperfeiçoamento da educação médica.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Sustentabilidade e institucionalização dos PRO e PET-Saúde

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Profa. Selma Cristina Franco – UNIVILLE

Debatedor 1 Profa. : Eliana Goldfarb Cyrino – UNESP

Debatedor 2 Profa. Evelin Massae Ogatta Muragushi – UEL

Debatedor 3 Acadêmica Giselle Carvalho – UERJ

Síntese dos relatores: Relator 1: Stephani Fontinelli Leonardi (UNIVILLE) Relator 2: Vanessa Carvalho Lucas(UNIVILLE)

A mesa redonda objetivou responder a duas questões: que mudanças os PRO/PET Saúde trouxeram para a

escola e os serviços de saúde? E O que devemos fazer para institucionalizar estas mudanças? Dessa forma as

docentes pautaram os avanços, desafios e fragilidades para os profissionais, sistema e usuários da rede. Dentre

esses tópicos citados, àqueles com mais ênfase foram a convivência multiprofissional, a visão geral do

funcionamento desse sistema, bem como a orientação profissional de forma a abordar de maneira integral o

processo saúde-doença. Além disso, as docentes abordaram cinco inovações pautadas na implementação desses

programas: intervenções para modelar a rede de atenção à saúde; qualificar o atendimento; inserção das

necessidades dos serviços no contexto das redes; articulação com as ações do próprio território; e educação

permanente. Esses serviços oferecidos são divididos em redes temáticas como doenças crônicas, deficiência,

entre outros. E tudo isso demanda uma grande verba mensal, mas contempla grande região brasileira. Essa

verba foi um dos aspectos definidos como barreira para a implementação nacional. As palestrantes, também,

demonstraram o impacto trazido pelas diretrizes Curriculares Nacionais (2001-2014) no PRO/PET Saúde, visto

que determinam o trabalho multidisciplinar e grande foco no internato de atenção básica, urgência e

emergência, representando cerca de 30% do total. E comentaram a presença de fragilidades na conciliação com

grade curricular e rotatividade de tutores, por exemplo. Além de que: esses projetos não trabalham isolados na

comunidade e do SUS; e o Coapes também deve apoiar a institucionalização implantando no nível local e/ou

regional. As professoras da área ainda discorreram o que será necessário para que esses projetos avancem como

a integração entre ensino, serviço e comunidade, definindo responsabilidades para cada setor. Dessa forma o

município capacitará os preceptores e aprimorará os cenários de prática; escolas farão a educação continuada e

valorizarão a atenção básica no currículo; e a comunidade melhorará e qualificará a saúde. As docentes

destacaram a importância dessas propostas no avanço da área de pesquisa, bem como da promoção da saúde e

discussões a fim de melhorar o sistema como um todo. A fim de institucionalizar essa iniciativa é preciso que

todos os estudantes, preceptores e usuários tenham a vivência, aprendizado e benefícios do pro/pet saúde. Estes

benefícios foram pautados pela estudante da UERJ, ao fazer o próprio relato de caso, definidos no convívio

multiprofissional, na integralidade, no conhecimento sobre o SUS, na colaboração da construção do sistema

levantando dados, produzindo material educativo, implementando cuidados e produzindo artigos científicos. No

relato discorrido pela estudante observou-se grande pacto entre a comunidade, os profissionais e os estudantes,

já que faziam reuniões com as equipes de ESF, capacitavam as equipes de ACS, participavam do Fórum de

Saúde Mental. Dessa forma os alunos reduziram essa formação predominantemente hospitalar, possibilitaram a

atuação da determinação social do processo saúde-doença, além de considerar o conceito ampliado de saúde e a

ampliação dos cenários de atuação para equipamentos sociais, do trabalho integrado com outras disciplinas e da

iniciação à pesquisa.Apesar de todos os benefícios trazidos e demonstrados na palestras, as barreiras enfrentadas

pelos projetos ainda são enormes, as sugestões trazidas tanto pela plateia quanto pelas palestrantes foram de

inserir o programa como disciplina obrigatória, além de fornecer bolsas de auxilio, principalmente, para o

preceptor. E para que entre em funcionamento é de grande importância o incentivo e subsídio governamental.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Adequação dos cursos às leis

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof. Sandro Schreiber de Oliveira (FURG/UCPEL)

Debatedor 1 Prof. Mauricio Braz Zanolli (FAMEMA)

Debatedor 2 Profa. Maria Helena Itaqui Lopes (PUC-RS)

Debatedor 3 Prof. Geraldo Cunha Cury (UFMG)

Síntese dos relatores: Relator 1: Iara Samanta Wagner (UNIVILLE) Relator 2: Marcela Balsano (UNIVILLE).

O Prof. Sandro Schreiber de Oliveira iniciou o debate com explanação sobre a Lei dos Estágios, nº 11.788 –

Set. de 2008, a qual, inicialmente gerou discussões e fez com que o Ministério do Trabalho e Emprego criasse

uma cartilha para seu melhor entendimento. Ele mostrou que essa lei reconhece o estágio como vínculo

educativo e profissionalizante, e prevê os parâmetros para realização do mesmo. Também divide-o em

obrigatório (aquele incluído no curso de graduação em Medicina) e o não-obrigatório, não podendo existir

vínculo empregatício de nenhuma natureza nos dois casos. No caso do obrigatório, salientou-se os deveres tanto

da IES, quanto do aluno durante esse processo que faz parte do projeto pedagógico do curso, destacando

também os problemas enfrentados em relação à jornada de atividades e a qualidade das instituições, como da

supervisão ao estágio, no caso do internato. Dessa forma, a questão mais crítica foi a da jornada, gerando

posteriores questionamentos da plateia, uma vez que a lei permite até 40 horas semanais de atividades. Pois

foram apresentados dados do questionário aplicado em supervisão de estágio (Projeto 50 anos de ABEM), cujos

resultados, dentre outros, demonstraram o não cumprimento do limite máximo de jornada pelas IES e a falta de

preparação dos docentes. Dando sequência às apresentações, a Profa. Maria Helena Itaqui Lopes trouxe

informações sobre a Lei dos Mais Médicos. Iniciou a fala com o quadro de Manet – Le Liseur – 1861 para

destacar a importância da leitura. Assim, seguiram as informações sobre essa lei nº 12.871 criada em 22 de

Outubro de 2013, apoiada em três fundamentos: Abertura de cursos de Medicina, novas diretrizes curriculares, e

projeto Mais Médicos para o Brasil (intercambistas não podem ter atividades com os alunos). Assim, salientou-

se que até 2018 a previsão é de 11.400 novas vagas para o curso. Também teve destaque o fato de que o

crescimento da população nas últimas décadas foi muito grande (IBGE), enquanto que o número de médicos

não cresceu proporcionalmente. Posteriormente, após mostrar dados sobre a população e o atendimento médico,

a palestrante tratou da fórmula ‘número de médicos/população’ como sendo não-resolutiva, uma vez que

concomitante ao aumento do número de médicos existem inúmeras questões a serem resolvidas para que se

garanta a melhoria do serviço de saúde, a exemplo da melhoria dos locais de trabalho. Como também apontando

o surgimento de novos problemas, mostrando dessa forma, a necessidade de revisar a lei avaliando suas

consequências. Posteriormente, a fala do Prof. Geraldo Cunha Cury norteou as Novas Diretrizes Curriculares

(DCNs Medicina 2014), que surgiram a partir da lei dos Mais Médicos (Cap. III da formação médica) e

objetivam melhorar a formação pública dos alunos através de alterações na formação médica, tendo como base

três áreas: Atenção, Gestão e Educação à Saúde. Deu-se destaque às questões extrínsecas que também envolvem

a formação do médico, como a indústria de medicamentos, sendo importante que as diretrizes tragam essas

discussões para a sala de aula no ensino da Medicina. A sala finalizou suas atividades com os questionamentos

levantados pela plateia, os quais abordaram as dificuldades da organização nos estágios, a carga horária, a

fiscalização das novas escolas pelo INEP, a aprovação da lei dos Mais Médicos pelo conselho nacional de

saúde, a falta de profissionais para suprir a docência nas escolas e residências, a superpopulação de internos e a

regionalização da rede.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Medicina e arte – Cine debate

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Acadêmico: Felipe Arthur Faustino de Medeiros (FAMERP)

Síntese dos relatores: Relator 1: Aline Brancaleone Rochembach (UNIVILLE) Relator 2: Denis William Pereira (UNIVILLE)

As questões norteadoras da discussão apresentadas pelo acadêmico Felipe Arthur Faustino de Medeiros

(FAMERP) foram sobre a aplicação da arte na formação médica e de que modo essa aplicação ocorre. A arte foi

conceituada e considerou-se que não é arte apenas quando há benefício financeiro em função do trabalho

artístico. Na abordagem realizada demonstra-se que o próprio conceito de arte é relativo a cada povo. A arte foi

considerada relevante na transição da medicina biologicista para o modelo biopsicossocial. Considerou-se que

há muito a aprender e a ser trabalhado pelo acadêmico para aprimorar sua formação dentro do universo artístico

mesmo que haja, atualmente, uma desvalorização desse setor. Na prática, a chamada arteterapia é uma forma

de verbalizar e socializar os questionamentos do acadêmico, para que haja uma melhora na compreensão da sua

própria formação. Projetos como a Palhaçoterapia – que atuam em hospitais ou UBS - tem a função de

trabalhar a medicina e trabalhar a mente do acadêmico, contribuindo para as vias de diálogo com o paciente.

Mas, considerou-se necessário que o trabalho não seja limitado ao ambiente hospitalar. Portanto, seria

fundamental a inserção do palhaço na realidade social do indivíduo e na formação do modo de pensar e agir do

paciente/da criança. Outros métodos citados foram atividades lúdicas para extravasar o estresse do curso e a

interação entre pessoas com o mesmo interesse do acadêmico. Foi enfatizada a importância do estímulo dos

docentes, pois tem como consequência uma reflexão mais crítica da arte na construção do ser. Considerou-se

esse processo tão importante na formação quanto às notas do discente. Nota-se que e a inclusão da arte é um

estímulo para ampliar a própria produção de cultura e arte na função do médico. Como exemplo, a semana

cultural que ocorre dentro da universidade, na qual se amplia a vivência e a troca de experiências. No cine

debate foram apresentados dois vídeos: o primeiro um curta-metragem e o segundo um trecho de filme. O curta

metragem Abuela Grillo era sobre uma vovozinha que quando cantava fazia chover. A Abuela foi explorada

pelo seu dom, privatizada e no fim fez uma população inteira seguir o seu canto. No trecho de filme

apresentado, Bilu e João eram duas crianças catadoras de papel e latinhas que vivenciavam dificuldades de ser

pertencente à periferia. Após as apresentações, houve a interpretação das histórias trazidas, correlacionando-as

com o contexto médico e com a formação acadêmica. Entender o mundo em que vivemos e o que acontece fora

da universidade foi visto como contribuição para o entendimento da população que será atendida, sem

desprendê-la da sua realidade social. Essa compreensão foi considerada uma união da teoria das salas de aula e

da prática social. As principais questões levantadas pela plateia foram o estímulo do pensamento crítico, como

abranger o contexto social de uma criança que está em ambiente hospitalar, como se dá a integração dos cursos

e de outras áreas e como discutir a mudança do contexto da saúde nos centros comunitários. O papel do médico

foi visto como limitado, e notou-se uma tendência a fugir do pensamento meramente biológico através da arte e

de seus desdobramentos. Os Cine debates foram considerados um meio importante de ferramenta pela qual a

formação humanística é aprimorada. Notou-se uma dificuldade de renovação das aulas por parte do docente, por

comodismo ou pela dificuldade de quebrar paradigmas. A plateia foi crítica e participativa, e apresentou suas

próprias interpretações sobre os vídeos apresentados. O tempo para o debate foi insuficiente para que todas as

questões levantadas obtivessem resposta no momento do simpósio. Foi respeitado o horário reservado para a

palestra, tendo lotação da sala de 50%.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Ligas: um momento de aperfeiçoamento ou curso paralelo de medicina?

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Acadêmico Bernardo de lima (Unioeste)

Debatedor 1 Prof. Victor Evangelista de Faria Ferraz (USP)

Debatedor 2 Acadêmico Diego Inácio Goergen (Unisc)

Debatedor 3 Acadêmico Michel Alves Teixeira (UFPA)

Síntese dos relatores: Relator 1: Eduardo Wollmann (UNIVILLE) Relator 2: Thales de Cavatá (UNIVILLE)

O Professor Victor Ferraz externou a visão docente das ligas. Segundo ele, a liga acadêmica é uma das mais

importantes atividades extra curriculares dos cursos de medicina. Além de ser motivadora, é um espaço de

atuação do aluno junto a comunidade como agente de transformação da saúde e promoção social,

complementando a formação acadêmica em uma área especifica do campo médico. Lembrou que as ligas são

regidas de acordo com diretrizes da ABLAM (Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Medicina), e que

aproximam o ligante da prática médica, sendo este motivado por estar atuando em uma área em que se

identifica, sendo que as ligas também tem função de socialização. Afirmou que as ligas apresentam benefícios

(formação complementar e aproximação da prática, promoção da saúde e transformação social, integração

social, combate ao stress) e riscos (cobertura de falhas curriculares, técnicas e conceitos inadequados, exercício

inadequado ao nível de formação, repetição de modelo hierárquico e meritocrático institucional, lotação da

carga horária semanal). Disse ainda que a supervisão das ligas deve ser feita por docente ou médico orientador

capacitado, e não por alunos de anos adiante ou residentes da especialidade. Externou que as ligas

proporcionam ainda aprendizagem motivada, além de cuidado e atenção com a prática. O acadêmico Diego

Goergen levantou a questão: “Por que os alunos entram em ligas?” Segundo ele, devido a complementação do

currículo, integração e socialização, contato precoce com a prática e respostas à indagações profissionais. Frisou

alguns riscos: subversão da estrutura curricular formal – tapa buracos, reprodução de vícios acadêmicos,

especialização precoce, exercício da medicina sem orientação e supervisão, ênfase no ensino e pesquisa e

sobrecarga de atividades. Frisou também alguns benefícios: liderança, administração e gerenciamento, aprender

com entusiasmo, aumento da taxa de aprendizagem, novos espaços de aprendizagem e flexibilização curricular

– autonomia do estudante, e inserção precoce na prática. Finalizou afirmando que a cada benefício existe um

risco, ao se passar do ponto. O acadêmico Michel Alves lembrou um pouco do histórico das ligas, sendo que a

primeira a ser criada foi a liga de combate a sífilis, pela USP, em 1920, que priorizava os trabalhos com a

população, tendo papel importante no tratamento e prevenção desta doença. Afirmou que as ligas servem a

grupos de estudos, com diversidade de temas, não devendo ser negada a sua importância. Porém, deve-se

atentar para os equívocos potenciais, sendo que as ligas devem garantir a articulação do tripé universitário

(ensino/pesquisa/extensão). Por fim, houve um debate em pequenos grupos, onde os ouvintes discutiram sobre a

importância e o papel das ligas acadêmicas.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Experiências internacionais para estudantes

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof. Gustavo Pereira Fraga (UNICAMP)

Debatedor 1 Acadêmica Laura de Lima Xavier (PUCRS)

Debatedor 2 Acadêmica Pâmela Krelling (UNIVILLE/FURJ)

Debatedor 3 Acadêmica Tamara Ziliotto (UNIVILLE/FURJ)

Debatedor 4 Acadêmico Douglas Valdonado (UFMS)

Síntese dos relatores: Relator 1: Gabriela Duarte Neves (UNIVILLE/FURJ) Relator 2: Maria Vitória de Sousa da Rosa (UNIVILLE/FURJ)

Laura de Lima Xavier (PUCRS): A estudante compartilha experiência vivida como intercambista do curso de

Medicina pelo Ciências sem Fronteiras. A acadêmica na modalidade de Graduação Sanduíche participou de

pesquisas em sua universidade destino em Londres. Aborda, também, pesquisas realizadas com outros

acadêmicos participantes do programa e apresenta resultados positivos em relação à vivência no exterior.Um

aspecto negativo do Ciências sem Fronteiras é apresentado: a descontinuidade das atividades realizadas pelos

alunos, durante o intercâmbio, no seu país de origem. Propõem planejamento prévio do período letivo no

exterior e maior diálogo entre as instituições de ensino para um maior aproveitamento por parte do aluno e

universidades.

Pâmela Krelling (UNIVILLE/FURJ): Apresentação da International Federation of Medical Students

Associations (IFMSA), organização de cunho social na area da saúde, não governamental e sem fins lucrativos,

e que conta com programas de intercâmbio. Com duração de aproximadamente um mês, os programas oferecem

estágios clÍnico-cirúrgicos e científicos. A acadêmica descreve o processo seletivo como um sistema de

pontuação baseado na participação dos inscritos em atividades extra-curriculares durante a graduação. A

IFMSA Brasil oferece 500 vagas de intercâmbio por ano para diversos países. O programa permite que o aluno

escolha as áreas de atuação e os países de destino, além de ser bilateral e receber intercambistas no Brasil.

Tamara Ziliotto (UNIVILLE/FURJ): A acadêmica Tamara Ziliotto apresentou o relato de uma viajante. A

palestrante iniciou citando os diferentes países que estavam disponíveis para escolha e a dificuldade em decidir

o destino do intercâmbio. O país escolhido foi Ghana. A outra dificuldade é estudar e conhecer as diferenças

culturais, distância do país de origem e custo de vida local. Uma vez que é preciso colocar esses aspectos na

balança na hora de realizar o intercâmbio. A estudante recebeu a carta de confirmação, se preparou para a

viagem, procurou informações sobre Ghana e o intercâmbio foi um sucesso. A experiência pessoal agregou a

formação da aluna que pretende fazer o intercâmbio da IFSMA mais uma vez.

Douglas Valdonado (UFMS): Expõe a história da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina

desde as suas origens. Explicou os princípios supra-partidários defendidos pela instituição não-governamental,

como A Defesa do Sistema Único de Saúde enquanto um sistema público de saúde, gratuito e de qualidade.

Apresenta os programas de intercâmbio da Direção realizados pela Coordenação de Estágios e Vivências:

Estágios Nacionais, Núcleo Brasil-Cuba e SCORE pela IFMSA. Todos na condição de bilateralidade e prática.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Estratégia de fixação do médico/professor

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Profa. Neila Falcone (UFAM)

Debatedor 1 Prof. George Dantas de Azevedo (UFAM)

Debatedor 2 Prof. Felipe Proença de Oliveira (UFP)

Debatedor 3 Prof. Henry de Holanda Campos (UFC)

Síntese dos relatores: Relator 1: Helena Bedatti Zeh (UNIVILLE) Relator 2: Rafael Amorim Lopes(UNIVILLE) Relator 3: Guilherme Rohden Schlickmann(UNIVILLE)

O professor George Dantas de Azevedo iniciou a mesa redonda e colocou como objetivo de sua explanação

discutir aspectos relevantes na seleção e fixação de professores, especialmente, no contexto do processo de

expansão do ensino médico para áreas remotas e distantes dos grandes centros. Na sequência, contextualizou o

Brasil e colocou aos presentes dados de densidade demográfica confrontada com a alocação dos profissionais

médicos. Dessa forma, demonstrou em quais áreas se concentram os profissionais e quais delas carecem de um

maior número de médicos. Tal situação foi ilustrada com exemplos de territórios continentais semelhantes ao

brasileiro. A partir dessas informações, surgiu o questionamento de que fatores fixam os médicos em locais

distantes dos grandes centros. A resposta a esta indagação ocorreu com a proposta, feita pelo debatedor, de que

se deve considerar: quais são e de onde vem os estudantes de medicina. Geralmente, segundo dados expostos,

estes provém de grandes cidades, como o exemplo do Canadá em que somente 6% são provenientes de cidades

menores e da Austrália onde estes representam um quarto dos estudantes. Por isso, relatou-se a grande

importância da interiorização da educação médica. Conforme exposto, o fato de as universidades inserirem seus

acadêmicos em novas realidades, como as da zona rural, pode ser fator determinante na fixação deste em tal

local após sua formação. Procedendo ao discurso, o docente Felipe Proença – UFPB - abordou o desafio de se

ter um Sistema de Saúde Público devido ao tamanho e ao número de habitantes que possui o território nacional.

Elencou os desafios que são enfrentados para a fixação do profissional médico. Como a LEI 8080/90 e a

8142/90 que colocam o Estado como provedor e assim, o faz regulador da graduação e formação de

especialistas médicos. Segundo os dados apresentados, o Brasil caminha para regulação limitada de oferta de

graduação. Nos últimos 10 anos, de acordo com o exposto, o déficit de médicos no Brasil ultrapassou o número

de 53 mil. A OMS, em 2010, propôs que ocorram intervenções educativas, regulatórias e financeiras assim

como também, gestão de ambiente e apoio social no sentido de diminuição desse déficit e de fixação dos

profissionais nas áreas em questão. O professor Henry De Holanda Campos concluiu as falas e contextualizou o

movimento de interiorização colocando que este não está fixado somente no Brasil. Comentou que o processo

feito em nosso país está baseado em experiências bem sucedidas nas quais se priorizam os estudantes de escolas

afastadas dos grandes centros, colocando-os como centro do ensino.A preocupação relatada, entretanto, é de que

se esse tipo de formação nas comunidades, de fato, gerará profissionais de qualidade. Em outros países, essa

experiência foi positiva. Para que se possam implementar essas ações será necessária uma melhora significativa

na atenção das Unidades Básicas de Saúde. Conforme Henry, além da construção de unidades em locais

isolados, a universidade deverá atuar com ênfase no processo de formação e de qualificação.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Integração Graduação e Residência – “Regulação da residência médica no Brasil”

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof° Francisco Arsego de Oliveira (CNRM/UFRGS)

Debatedor 1 Prof. Felipe Proença de Oliveira (UFP)

Debatedor 2 Residente Marcelo Barbisan (ANRM)

Debatedor 3 Acadêmico Luiz Carlos Carneiro Bastos Filho (FAMEB/UFBA)

Síntese dos relatores: Relator 1: Silvana Cardoso (UNIVILLE) Relator 2: Mariana F. Dias(UNIVILLE)

A mesa redonda teve início com a fala de Felipe Proença, sobre “processo de seleção dos médicos residentes

nos programas: visão atual e perspectivas futuras”. Ele abordou as perspectivas da residência por parte do

Ministério da Saúde e salientou que a manutenção de médicos generalista também deve ser uma preocupação,

visto a expansão da medicina de família e comunidade. Tendo isso em vista, a regulação da graduação e

formação de médicos especialistas é importante para impedir a abertura espontânea de cursos de acordo com o

mercado. Segundo o simposista, o Brasil ainda se encontra numa situação de regulação limitada de oferta da

graduação. Ainda há necessidade de maior número de médicos no País, por isso a continuação do programa

“Mais Médicos”. No sentido de melhorar a distribuição dos médicos no país, o debatedor comenta que ter um

olhar conjunto da graduação e residência seria o melhor caminho para a universalização da residência médica. E

de modo a se adequar às necessidades do país, é necessário ter um olhar mais atento para as especialidades

prioritárias. Por fim, trouxe o tema da residência em Medicina Geral de Família e Comunidade como pré-

requisito para outras residências médicas.O segundo tema, “convivência entre ensino de graduação e residência

médica nos diversos cenários de prática”, foi abordado pelo residente Marcelo Barbisan, o qual iniciou c

omentando que hoje, no Brasil, temos diversos cenários relacionados à prática – principalmente com a

ampliação do número de vagas do curso de medicina e de faculdades particulares. A abertura de novas vagas de

medicina deve, então, ser em conjunto com a abertura do número de vagas para residência por parte do hospital

universitário da instituição. Segundo o residente, o problema que se vem enfrentando é a falta de teoria na

residência. Os residentes são colocados para praticar sem, muitas vezes, saberem o que estão fazendo. Isso

decorre, de acordo com ele, devido a um despreparo do preceptor – o qual não foi capacitado para a docência. O

problema é que, hoje, não se ensina ninguém a ser preceptor. O grande desafio, portanto, é difundir mais o

conhecimento sobre as “bases acadêmicas da residência médica”, de modo que os estudantes não aprendam

apenas em horas exaustivas. O acadêmico Luiz Carlos, falou sobre o tema “convivência entre ensino de

graduação e residência médica nos diversos cenários de prática”, abordando a questão da necessidade de

formação de médicos generalistas, imposta pelo estado, versus a residência médica. Com que residências a

graduação deve estar envolvida de modo que não prejudique a formação generalista? Essa é uma questão muito

importante e que deve ser discutida com base na integração entre graduação e residência. Outro ponto relevante

é a necessidade de compreensão da prática ainda na vida acadêmica, e não apenas quando se chega à residência.

Porém, deve-se haver o cuidado para que essa articulação não seja feita de qualquer forma, porque se for bem

concretizada, pode trazer muita qualidade na formação. O desafio continua sendo a regulamentação. Precisa

haver tanto um aperfeiçoamento das bases legais já existentes, quanto à existência de novas regras para a

residência, para que ela não possa mais ser pautada na necessidade de mercado. Por fim, o simposista defende

que a formação de especialista deve estar mais articulada com o SUS, a fim de atender mais as necessidades da

população. Posteriormente, as grandes questões postas em debate pela plateia foram acerca do acesso às

especialidades médicas após a residência obrigatória em medicina geral de família e comunidade e sobre a

universalização da residência. A discussão girou em torno das questões de vagas e dos prós e contras de se ter 1

ano a mais na maioria das especialidades.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA Hospitais de Ensino e EBSERH – Estado de Arte

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof. Francisco Barbosa (ABEM)

Debatedor 1 Dra Jeanne Michel (Presidente da EBSERH)

Debatedor 2 Prof. Heraldo Sampaio de Carvalho (HU – UNB)

Debatedor 3 Profa. Isabel Cristina de Oliveira Neto (FURG)

Síntese dos relatores: Relator 1: Iara Samanta Wagner (UNIVILLE) Relator 2: Marcela Balsano (UNIVILLE)

A partir da pergunta norteadora, repercussão nos hospitais de ensino e EBSERH nos cursos de Medicina,

disposta pelo coordenador iniciaram-se as apresentações dos simposistas. A primeira explanação, da Dra Jeanne

Michel contemplou o motivo da criação da EBSERH, que se deu a partir do programa de reestruturação dos

hospitais universitários federais em 2010, cujos desafios encontrados na recuperação de recursos humanos em

hospitais e melhora do processo de gestão tornaram esse antigo programa insuficiente. A nova entidade se

caracteriza como uma empresa pública, unipessoal, com personalidade jurídica de direito privado, totalmente

dependente de recursos do governo, de capital integralmente público de acordo com a lei 12.550 (Lei de criação

da empresa). Ressaltou-se a finalidade desta como sendo capaz de ofertar uma assistência de excelência no

SUS, provendo condições para geração de conhecimento de qualidade, contribuindo para a formação dos

profissionais de saúde. No segundo momento, o Prof. Heveraldo Sampaio fez um relato sobre a adesão da

EBSERH pelo Hospital Universitário de Brasília. Neste, iniciou sua fala com algumas informações históricas

sobre o hospital e características da gestão e assistência antes da adesão, realçando o fato de que o hospital

nesse período era considerado um dos mais deteriorizados do Brasil. A partir da adesão em janeiro de 2013,

foram destacados os investimentos em infra-estrutura, com reformas e criação de novas unidades e diversas

novas áreas; modernização tecnológica, com destaque aos equipamentos; investimentos em ensino e pesquisa,

em gestão clínica e em recurso humanos. Ao finalizar, o palestrante destacou o aumento do financiamento por

parte do Ministério da Saúde após a adesão. A última apresentação consistiu na perspectiva do hospital não

aderente, a qual foi realizada pela Prof. Isabel Cristina de Oliveira Neto. Nisso, foram apresentadas algumas

informações históricas sobre o Hospital Universitário da FURG que iniciou suas atividades na Santa Casa,

tornando-se universitário a partir de 1991, vinculado à reitoria da instituição, prestando serviços no litoral

lagunar do Rio Grande do Sul e mais algumas cidades. Também foram apresentadas informações sobre a

modernização e ampliação feita no hospital pelo REUHF. Deu-se destaque aos problemas como a falta de

profissionais, aumento de custo e redução de repasse, e tentativa sem sucesso de financiamento. Apontou a

existência da UTI pediátrica nova e moderna no hospital, porém sem profissionais qualificados para trabalhar.

Salientou a repercussão destes na formação acadêmica e que os recursos só começaram a ser repassados

mediante sinalização de possível adesão da instituição à EBSERH. Por fim, os principais apontamentos da

plateia foram a repercussão da adesão pelos acadêmicos e a falta de democratização destas escolhas por parte

das universidades.

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52º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA MESA REDONDA VII Fórum dos Serviços de Apoio e Suporte ao Estudante de Medicina e ao Médico Residente

COMPOSIÇÃO CONVIDADO/INSTITUIÇÃO

Coordenador Prof. Sergio Pedro Baldassin (FMABC)

Debatedor 1 Profª Maria de Fátima Aveiro Colares (FMRP)

Debatedor 2 Profª Patrícia Lacerda Bellodi (USP/CEDEM)

Debatedor 3 Profª Sandra Torres Serra (PAPE – FCM/UERJ)

Debatedor 4 Profª Angelica Mendes (NAPP/EBMSP)

Síntese dos relatores: Relator 1: Aline Brancaleone Rochembach (UNIVILLE) Relator 2: Denis William Pereira (UNIVILLE)

A Profª Maria de Fátima Aveiro Colares (FMRP) iniciou o fórum com a fala sobre o Atendimento psicológico

dos estudantes e tutoria mentoring entre pares. Conceituou mentoring (“relação entre alunos e um professor

tutor como facilitador dos percursos do aluno”) e, após, levantou o principal problema relativo ao assunto: a

dificuldade de adesão de alunos. Relatou a melhora da adesão que teve com a parceria entre CAEP e o grupo

PET e como se dá este trabalho (grupos compostos por um tutor (professor) e um peer (aluno)). Contou que é

feito capacitação docente e de peers com abordagem de temas voltados para a auto-regulação e aprendizadem, e

que o tutor teve uma avaliação positiva pelos peers, havendo uma desmistificação da visão do professor como

inacessível. Foram ressaltadas também a importância da neutralidade e do estímulo do peer, retratando a tutoria

como positiva e como um espaço de acolhimento para os estudantes. Sobre Mentoring ampliado, proferido pela

Profª Patrícia Lacerda Bellodi (USP/CEDEM), foi relatado a notoriedade da presença do veterano como

facilitador da adesão de participantes. Bellodi coloca que é necessária a recuperação pelo mentor da coragem e

do potencial que o jovem já tinha, e que uma das funções do mentor é identificar problemas no curso e na

formação. Ressalta, contudo, que o mentor deve servir como exemplo concreto (não um modelo ideal). A

professora relata que a adesão por parte dos alunos ainda é um desafio. A terceira fala retrata a Subjetividade do

aluno na prática clínica, apresentada pela Profª Sandra Torres Serra (PAPE – FCM/ UERJ). Inicialmente foi

abordado o contexto do atendimento clínico individual dos alunos e a participação em projetos de extensão.

Após isso, abordou-se o modelo biomédico (o pesquisador completamente separado do seu objeto de estudo)

como um modelo insuficiente e reducionista para doenças crônicas, psicossomáticas, e outras doenças,

retratando que, na medicina, a subjetividade é necessária e se manifesta em várias situações (interpretação de

exames, formação de um diagnóstico, acolhimento familiar, notificação de más notícias). A inclusão da

subjetividade para a prática clínica foi tida como necessária para abranger a diversidade humana e as suas

singularidades, para o desenvolvimento da empatia, da melhora da comunicação, da sensibilidade e do interesse,

de forma a resgatar o sujeito e a visão processual do adoecer (aspectos sociais, culturais e familiares). A Profª

Angelica Mendes (NAPP/EBMSP) abordou o tema Atenção psicopedagógica ampliada no curso de medicina,

do estudante à instituição, com eixos clínicos e pedagógicos. A ação psicopedagógica relaciona-se com a

possibilidade de o indivíduo tornar-se sujeito da experiência, capaz de sustentar a tensão entre saber e não saber.

Houve um destaque para a importância do espaço de diálogo. A educação médica foi abordada como complexa

e desafiadora. Entre os desafios: a matriz curricular densa, a relação entre os atores do processo ensino e

aprendizagem, a construção do conhecimento, a subjetividade gerando sofrimento durante a experiência da

formação. Foi citado como exemplo de ação psicopedagógica o PROSETIN, em que se faz um

acompanhamento e um trabalho com os alunos vindos de transferência. As principais discussões levantadas pela

plateia foram a adesão dos professores ao mentoring, a seleção e o perfil dos mentores, a falta de tempo para a

subjetividade nos atendimentos, medidas para manter a subjetividade do calouro desde o início da universidade,

grupos de apoio aos primeiro-anistas e a subjetividade como interesse inclusive na medicina de urgência e

emergência.