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Docentes:

Teresa Morais ( Regente da disciplina ) Miriam Afonso ( aulas tericas ) Manuel Freitas ( aulas prticas )

Histria do Direito Portugus

Ano Lectivo: 2004/2005

Apontamentos Histria do Direito Portugus(Histria das Instituies)Bibliografia: DIREITO ROMANO INTRODUO, FONTESProf. Sebastio Cruz Coimbra Editora HISTRIA DO DIREITO PORTUGUS ( 3 Volumes ) Ruy e Martim de Albuquerque Faculdade de Direito(utilizar a partir de Janeiro de 2005 para estudo do Direito Visigtico e do Direito Muulmano)

HISTRIA DO DIREITO PORTUGUS Mrio Jlio de Almeida Costa Almedina Editora

A Perodificao da Histria do Direito PortugusExistem vrios critrios para perodificar a Histria do Direito Portugus, sendo que: Alguns desses critrios esto elencados no manual de Histria do Direito Portugus do prof. Mrio Jlio de Almeida Costa, designadamente da pg. 31 36. Outros critrios esto descritos e so defendidos no manual de Histria do Direito Portugus dos professores Ruy e Martin de Albuquerque, pelo que se dever consultar o ndice e ver as pginas correspondentes a essa matria de estudo. Outros ainda encontram-se descritos no manual de Histria do Direito Portugus do professor Duarte Nogueira, sendo estes os critrios mais utilizados e tidos em conta na periodificao da histria do direito portugus. Os critrios de periodificao de Histria do Direito Portugus podem ser de natureza poltica, de natureza tnico-poltica, jurdicos ou mistos. 1) O critrio poltico atende aos elementos polticos da histria, como por exemplo as formas de Estado.Elaborado por:

Ivone Costa

Licenciatura em Direito ( 1 Ano)

Pg. 1 de 91

Docentes:

Teresa Morais ( Regente da disciplina ) Miriam Afonso ( aulas tericas ) Manuel Freitas ( aulas prticas )

Histria do Direito Portugus

Ano Lectivo: 2004/2005

2) O critrio tnico-politico conjuga elementos polticos com tnicos, isto , as formas de Estado com os elementos caractersticos e especficos dos povos constituintes dessas formas de Estado. 3) Os critrios jurdicos, por sua vez, subdividem-se em internos e externos: O critrio jurdico interno est relacionado com as instituies, sendo estas as figuras que detm um regime especfico composto por direitos e deveres que perduram no tempo. O critrio jurdico externo est relacionado com as fontes de direito, traduzindo-se estas num meio de revelao ou exteriorizao do Direito. 4) O critrio misto atende a factores que no tm exclusivamente importncia jurdica. Sendo o critrio mais defendido e utilizado pelos autores, porque alm dos aspectos jurdicos, atende tambm a aspectos polticos, econmicos, religiosos, culturais, etc. No caso do Direito Portugus, at fundao da nacionalidade utilizam-se critrios tnicopolticos. Porm, aps a fundao da nacionalidade (data discutvel dado que para alguns esta ocorreu em 1143 com a assinatura do tratado de Zamora, e, para outros a mesma s ocorreu em 1179 com a publicao do Manifestus Probatum (reconhecimento de Portugal pela Santa S)), utilizam-se critrios jurdicos e mistos, divididos em dois perodos ou pocas: A poca pluralista, que ocorre entre 1140 e 1415 (conquista de Ceuta) e se caracteriza por assentar numa pluralidade de fontes, tais como o costume, a lei, o direito outorgado e pactuado, normas de direito local (foros e forais), direito cannico, direito romano, direito prudencial, direito divino, direito germnico, direito muulmano, etc. Esta poca caracteriza-se assim pela inexistncia de um domnio do Direito emanado do poder central e por uma variedade de instituies, no se podendo assim falar de Estado, mas sim de um regime feudal ou senhorial. Os juristas, na poca pluralista, eram possuidores de margem de manobra e eram criadores de Direito. A poca monista, que decorre de 1415 at aos nossos dias, caracteriza-se pelo predomnio da lei. O que est relacionado com a vontade inicial dos monarcas em centralizar o poder. A poca monista, por decorrer num perodo de tempo to longo, subdivide-se em dois perodos:

Elaborado por:

Ivone Costa

Licenciatura em Direito ( 1 Ano)

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Teresa Morais ( Regente da disciplina ) Miriam Afonso ( aulas tericas ) Manuel Freitas ( aulas prticas )

Histria do Direito Portugus

Ano Lectivo: 2004/2005

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Perodo monista formal, situado entre 1415 e 1820, que se caracteriza pela estabilidade do direito pblico e um desenvolvimento progressivo das doutrinas polticas, bem como pela permanncia das linhas mestras do direito privado (Ordenaes e Lei da Boa razo-1769) e pelo carcter translatcio dos juristas. Perodo monista material ou substancial, que decorre de 1822 at aos nossos dias e se caracteriza pela nova fora que as ideias de Estado e indivduo adquirem. A ordem jurdica passa a ser concebida como sistema, no sendo a ordem que prevalece a lei, situao que resulta da constatao de que as ordenaes apresentam um conjunto de lacunas e que, por isso, necessitam de ser substitudas, o que d lugar ao aparecimento dos cdigos e do carcter sistemtico destes.

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Periodificao da Histria do DireitoSec XX ac Sec VIII ac Sec V Sec VII Sec VII / IX Sec XII

Primitivo ou Pr-Romano

Perodo Romano 476

Perodo Germnico ou Visigtico

Perodo Muulmano

Perodo da Reconquista crist

Histria do Direito Portugus

753 ac ( Fundao de Roma)

1143

Periodificao da Histria do Direito PortugusSec XII Sec XV Sec XIX

Perodo Pluralista1143 1415

Perodo Monista Formal1820

Perodo Monista Matrial

Elaborado por:

Ivone Costa

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O Direito Primitivo ou Pr-romanoO Direito Primitivo ou Pr-romano corresponde a uma fase embrionria do Direito e caracterizando-se pela indefinio, na medida em que existiam variados povos com identidades prprias o que impedia uma unidade tnica, lingustica, cultural, religiosa, politica, econmica ou jurdica. As principais fontes de conhecimento eram por isso escassas, destacando-se os restos epigrficos (inscries antigas) e os arqueolgicos. Nesta poca, a Pennsula Ibrica foi ocupada por vrios povos, nomeadamente Tartssios (Andaluzia), Turdetanos, Iberos, Celtas, Celtiberos, Galaicos e FrancoPirinaicos, caracterizando-se todos por uma organizao tribal, com regras de convivncia comuns estabelecidas atravs de pactos de hospitalidade, de clientela, militares ou religiosos, onde imperava uma ordem patriarcal, sem leis e assente num ordenamento consuetudinrio, isto , baseado no costume, sendo este a fonte do conhecimento. O Direito primitivo ou Pr-Romano teve assim uma natureza consuetudinria, onde imperava o costume, que se revelava atravs de algumas instituies, nomedamente: Esponsais, que correspondiam a promessas de casamento em que os futuros cnjuges se comprometiam a casar num determinado perodo de tempo e que, dependendo da ordem jurdica existente, eram mais ou menos vinculativos. Os esponsais no Direito Romano no vieram a ser vinculativos, mas j o vieram a ser no Direito Germnico. Lei do sculo, regra segundo a qual depois da cerimnia do beijo dado em pblico perante testemunhas, estava selado o compromisso dos esponsais. Comunho geral de bens, tratava-se de um regime de bens do casamento, em que so comuns quer os bens que cada um tinha data da celebrao do casamento, quer os adquiridos posteriormente. Tardicio, tratava-se da segunda fase do casamento, dando-se depois a transferncia da mulher da esfera paternal para a esfera do marido. Entrar s varas, sano que consistia em dar ao acusado da prtica dum crime, uma srie de varadas em pblico (alguns aoites) como castigo do crime cometido. Outras penas. Outras penas a nvel penal. Colocar o criminoso numa gaiola ou num pelorinho. Levar o criminoso a passear pelas ruas e com uma corda ao pescoo. Cortar as barbas ao criminoso.Elaborado por:

Ivone Costa

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Lanar o criminoso de um rochedo, com vista sua morte. Em suma, o Direito Primitivo ou Pr-Romano caracteriza-se por organismos populares e pela inexistncia de organismos polticos elaboradores de leis. Por outras palavras, com orientaes politicas destinadas exclusivamente elaborao de leis.

Elaborado por:

Ivone Costa

Licenciatura em Direito ( 1 Ano)

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O Direito RomanoO Direito romano obedece a duas periodificaes, uma perodificao politica que divide a evoluo do Direito Romano de acordo com o que foi a evoluo politica de Roma, e, uma perodificao jurdica que atende aos aspectos caractersticos da evoluo do prprio Direito Romano.

Perodificao Poltica do Direito RomanoQueda do Imprio Romano do Oriente

Fundao de Roma 753 ac

510 ac

27 ac

284

Invaso Germnica 476

MonarquiaInstituiesRei Cortes Comcios Senado Curiais Centuriais Tribais

RepblicaInstituiesCnsules (2) Censores Urbano (367 ac) Pretor Senado Comcios

PrincipadoInstituiesPrncipe Senado Comicios

ImprioInstituiesImperador Cortes Senado Comcios

Questores Peregrino (242 ac) Edis curis

Curiais Centuriais Tribais O Pretor que aplicava o Direito, sendo o urbano para os cidados habitantes de Roma e o Peregrino para os restantes cidados.

Perodificao Jurdica do Direito RomanoFundao de Roma 753 ac 130 ac 230 530 565

poca ArcaicaCaracterizaoImpreciso Lei das 12 tbuas (450ac) Leicizao

poca ClssicaCaracterizaoCriao Preciso Exactido (Direito dos Juristas) Esta a grande poca do Direito Romano

poca Ps-clssicaCaracterizaoConfuso Vulgarizao do D. R. Denegao

poca JustinianeiaCaracterizaoGeneralizao Sistematizao Compilao (Corpus Iuris Civilis)Esta a poca do Imperador Justiniano, aquela em que se fez o Cdigo Justiniano, que mais tarde, no sec. XVI, deu origem ao primeiro Cdigo portugus o Corpus Iuris Civilis

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Na abordagem ao Direito Romano, alm das Perodificaes h que ter em conta as fontes de direito romano, que se podem dividir em duas categorias: Uma constituda pelas leis romanas, o costume romano (designado por MORES MAIORUM), as constituies imperiais e os senatos consulta (pareceres). Outra constituda pelo direito pretrio, tambm designado por direito honorrio, que um tipo de direito romano autnomo.

Um outro aspecto a ter em conta na abordagem do Direito Romano tem a ver com o chamado fenmeno da sua contaminao e aduletrao por parte dos povos brbaros, passando assim o Direito Romano a perder progressivamente a sua genuinidade

Periodificao Politica do Direito RomanoComo j referimos anteriormente, a perodificao politica do Direito Romano atende a aspectos da evoluo politica de Roma. A perodificao politica do Direito Romano divide-se em (4) quatro pocas, a da Monarquia que abrange o perodo compreendido entre os anos de 753 a.c. e 510 a.c., a da Repblica compreendida entre os anos 510 a.c. e 27 a.c., a do Principado que decorreu entre os anos 27 a.c. e 284, e a do Imprio , tambm designdada pela poca do Dominado ou Absolutismo, que abrange o perodo compreendido entre os anos 284 e 476.

Monarquia ( 753 ac 510 ac )Esta poca corresponde iniciao de Roma, que obviamente nasceu com uma indistino de funes. Foi na poca da Monarquia que Roma nasceu politicamente como um Estado-cidade, constitudo e ocupado por um conjunto de indivduos preocupados em evitar influncias exteriores, criando-se assim uma lgica de autonomia e soberania. Na poca da Monarquia existiam vrios centros de poder, j que a diviso territorial e o poder de Roma assentava na existncia de pequenas comunidades domsticas lideradas por chefes polticos de estrutura famliar, denominados por Pater Famlia. No perodo da Monarquia, o poder de Roma passou a assentar nas figuras do Rei, do Senado e do Povo. Roma era liderada por um Rei vitalcio mas no hereditrio, o qual, antes de morrer, escolhia o seu sucessor, porm este s passava a ser rei, depois de aprovado e ratificado pelo povo em comico curial Comissium Curial, de acordo com a Lex Curiata de Imprio O Rei centralizava em s simultaneamente as funes de sumo sacerdote, chefe militar e juiz supremo, assistindo-se assim, neste perodo, a uma divinao do Direito. O Rei era assistido pelo senado, o qual tinha uma estrutura aristocrata, j que era formado pelos Pater Famlia fundadores da cidade de Roma, aqueles que eramElaborado por:

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reconhecidos como tendo uma grande experincia de vida e dignos de serem considerados como fazendo parte da elite de Roma, dotados de prestgio social. O senado tinha uma funo consultiva e tambm a funo de nomear o Inter Rex, que assegurava o exerccio do poder politico no perodo compreendido entre a morte de um rei e a investidura do rei sucessor. O Povo era constitudo pela classe Patrcia e a classe dos Plebeia. Os Patrcios constituam o Senado, enquanto que os Plebeus constituam comcios, onde elaboravam leis, em obedincia a regras muitssimo rigorosas. Havia trs tipos de comcios: os curiais, os centuriais e os tribais. Os curiais, compostos por 30 membros (um representante de cada uma das 30 crias em que estava dividida a cidade de Roma) e tinha como funo principal a Lex Curiata de Imperium (a votao e aprovao do rei). Os centuriais, que, nesta poca da monarquia, incidiam essencialmente sobre questes militares e blicas. Os tribais, que eram compostos pelos elementos das famlias ou tribos, habitantes de outras cidades, os quais, nesta poca da monarquia, se limitavam a ser locais onde os membros da classe mais inferior do Povo revindicavam os seus direitos.

Repblica ( 510 ac 27 ac )

Nesta poca do Direito Romano hierarquiza-se, dada a forma como o poder politico se vai dividir. A partir do ano 510 ac o poder poltico deixou de estar concentrado na figura do rei e passou a estar nas mos de (2) dois Cnsules eleitos pelo povo para governar por um perodo de (1) um ano. O poder poltico da repblica passa a assentar nas figuras da magistratura, do senado e do povo. Segundo o prof. Sebastio Cruz, a magistratura romana correspondia ao cargo de governar, sendo os magistrados todos aqueles que detinham cargos polticos de consulado para baixo. Os magistrados eram portanto os sucessores dos reis, na medida em que eram os verdadeiros detentores do imperium (isto , poder absoluto, que, no entanto, estava limitado por temporalidade - cargos exercidos durante um perodo limitado, um ano no caso dos cnsules; colegialidade - cargos colegiais, ou seja, mais do que um; e responsabilidade - os detentores dos cargos eram responsveis pelos actos que praticavam). A magistratura era hierarquizada, possuindo no topo os Cnsules, depois os Censores, os Pretores, os Questores e finalmente os Edis Curis.Elaborado por:

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Estes magistrados pertenciam denominada carreira das honras, ou magistratura ordinria, e eram detentores de grande prestgio social. Os magistrados tinham trs poderes, nomeadamente: A potestas, que tinha um significado politico, j que se traduzia no poder de representar o povo romano, permitindo a criao de obrigaes a serem cumpridas pelo povo representado. O imperium, que se traduzia no poder de soberania, numa lgica militar, que englobava a capacidade de comandar exrcitos, convocar o senado e as assembleias populares (comcios) e tambm a de administrar a justia. Este poder era apenas possudo pelos Cnsules e pelo Pretores. A iurisdictio, que se traduzia no poder ou faculdade especfica de administrar a justia de forma habitual e corrente.

Segundo esta diviso de poderes, constata-se que o Pretor possua a totalidade dos poderes, sendo ele quem, num primeiro momento, decidia se dava ou no provimento aco de um determinado caso, isto , se o caso tinha ou no importncia jurdica, e, em caso afirmativo, qual o Direito que o Juiz ( que no era magistrado) teria de se basear e de aplicar na deciso. A partir de 242 ac a administrao da justia passou a estar distribuda por dois pretores: o praetor urbanus (pretor urbano) que havia surgido em 367 ac e que organizava as normas de ius civile, as quais s englobavam processos em que intervinham cidados romanos, excluindo mulheres e escravos, e o praetor peregrinus (pretor peregrino) que passou a organizar as normas do ius gentium, que englobavam os processos em que intervinham cidados romanos e estrangeiros ou estrangeiros entre si que vivessem em territrio romano ou sob a tutela de Roma. O pretor era o interprete da lex, mas sobretudo era o defensor do ius. Na repblica o senado continuou a ter uma importncia excelente, tendo comeado mesmo a ser um rgo de prestgio na esfera externa e interna, passando as suas decises, denominadas por senatos consulta (pareceres), a ser muito consideradas. At 339 ac o senado apenas ratificava as deliberaes dos comcios, porm, a partir dessa data, passou a intervir no posteriori mas anteriori, aprovando previamente as propostas a votar nos comcios. O Povo passou tambm a ter um papel importantssimo ao nvel da elaborao das leis, atravs da realizao dos comcios, sendo que (e ainda na monarquia): Os curiais, passaram a discutir essencialmente questes politicas. Os centuriais, que incidiam essencialmente sobre questes militares, passaram tambm, a ter outras funes, designadamente, entre outras, a funo de eleger alguns magistrados, como exemplo os cnsules, os censores, o pretores e o ditador (magistrado extraordinrio que dita ordens ou regras em caso se vazio politico).Elaborado por:

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Os tribais, que eram compostos pelos elementos das famlias ou tribos, habitantes de outras cidades, passaram a poder eleger os magistrados inferiores, designadamente os questores e os edis curis. Segundo o prof. Sebastio Cruz existia ainda outro tipo de assembleia popular ou comcio, o conclio da plebe, que elegia os tribunos e os edis da plebe e tinha competncia legislativa para aprovar os plebiscitos, os quais se constituem mesmo como fonte de direito, designada por plebiscita. At 286 ac os plebiscitos s vinculavam os plebeus, mas a partir dessa data, com a aprovao da lex hortnsia, tambm os patrcios passaram a ficar sujeitos aos plebiscitos.

Prncipado ( 27 ac 284 )

Neste perodo o territrio romano alargou-se substancialmente e comearam a haver trocas comerciais, o que naturalmente comeou a gerar conflitos entre a classe poltica e o povo. O Prncipe, como figura principal do Estado passou a concentrar progressivamente o poder na sua pessoa, retirando poder ao senado ao elaborar primeiramente os pareceres que posteriormente apresentava no senado para serem aclamados e obviamente aprovados, j que os senadores passaram tambm a ser escolhidos por ele. O Principado, no fundo, era um sistema similar a uma monarquia de tendncia absolutista, que se baseava na ideia do peloto imperador. O Prncipe tambm atacou os comcios, retirando-lhes poderes especficos em favor do senado, o qual passou a controlar. Esta politica tinha a ver com a vontade de criar uma estrutura militar forte, capaz de influenciar os centros de poder.

Imprio, Dominado ou Absolutista ( 284 - 476 )

Este perodo, que se iniciou com a nomeao do imperador Dioclesiano I, corresponde a um perodo de venerao do chefe, que passou a ser uma figura politica rodeada de funcionrios burocrticos que o veneram e trabalham para a defesa dos objectivos dele. O senado passou a obedecer s directrizes do imperador e o povo perde totalmente o poder, inclusiv o de eleger o imperador. Os problemas que resultaram da grande expanso territorial, os problemas relacionados com a administrao do imprio, levaram o imperador Teodsio, em 395, a dividir o imprio em duas partes: uma correspondente aos territrios do ocidente eElaborado por:

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outra corresponde aos territrios do oriente, distribuindo cada uma dessas partes pelos seus dois filhos.

Periodificao Jurdica do Direito RomanoComo j referido anteriormente a perodificao jurdica do Direito Romano atende a aspectos da evoluo do Direito Romano. A perodificao jurdica do Direito Romano divide-se em (4) quatro pocas, a poca arcaica que ocorreu entre os anos de 753 a.c. e 130 a.c., a poca clssica compreendida entre os anos 130 a.c. e 230, a poca ps-clssica que decorreu entre os anos 230 e 530, e a poca justinianeia compreendida entre os anos 530 e 565.

poca Arcaica ( 753 ac 130 ac ) Nesta poca as instituies so pouco evoludas do ponto de vista do Direito, j que esto numa fase rudimentar, no havendo ainda muitos conhecimentos. A poca arcaica caracteriza-se tambm pela impreciso no existe uma clara separao do mundo jurdico do mundo da moral e da religio. No nos podemos esquecer que at ao Sec. V a.c., a aplicao do Direito era tarefa do Clero. - O primeiro grande aspecto do Direito Romano nesta da poca arcaica o facto de ser um Direito fechado e privativo dos cives (cidados habitantes de Roma), isto , o Direito Romano no era um Direito partilhado, tendo mesmo, em 367 ac, sido criada a figura do

Pretor Urbano, o que aplicava as normas de ius civile, que s englobavam processos em que intervinham cidados romanos, excluindo mulheres e escravos.

- Outro grande aspecto que caracteriza a poca arcaica tem a ver com o surgimento da Lei das doze tbuas, criada muito provavelmente em 450 a.c., havendo at quem diga que se trata da primeira Lei, com esta lei romana, o direito romano passou a ter uma base legal e jurdica, dando-se assim a laicizao do Direito Romano. Esta lei possua mesmo 12 tbuas de bronze ou madeira e resultou da necessidade de equilibrar os direitos e deveres de duas classes romanas, os Patrcios e ou Plebeus. Cr-se que esta lei desapareceu num incndio em Roma, no ano de 360 a.c. - Um terceiro aspecto caracteriza a poca arcaica tema a ver com o facto de em 242 a.C., com a figura do Pretor peregrino que passou a definir se em cada caso concreto se justificava a aplicao do Direito e, em caso afirmativo, qual era o Direito que iria ser aplicado. Como contraponto ao primeiro aspecto desta poca, isto , um Direito romano fechado, o Pretor peregrino criou um Direito designado por IUS GENTIUM, destinado a abranger no s os habitantes de Roma, mas todos os povos que estavam sob a tutela de Roma, adaptando assim o Direito Romano a esses povos.Elaborado por:

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Em sntese, na poca arcaica haviam dois Direitos: o IUS CIVILE, aplicado, desde 367 ac, pelo Pretor Urbano e o IUS GENTIUM - aplicado desde 242 a.C. pelo Pretor Peregrino e destinado resoluo dos conflitos existentes entre os estrangeiros e entre estes e os cidados de Roma. Tanto o IUS CIVILE como o IUS GENTIUM baseavam-se no costume romano, designado por MORES MAIORUM.

poca Clssica ( 130 ac - 230 ) Esta a poca fundamental do Direito Romano, pois aquela em que as instituies jurdicas romanas mais se desenvolveram. Esta poca caracteriza-se pela criao, o rigor, a exactido e a preciso. Foi tambm nesta poca que apareceram os grandes juristas romanos, tais como LABEO, JULIANO, GAIO, PAULO e ULPIANO, sendo este ltimo considerado o melhor jurista da poca clssica. Nesta poca deixou-se de aplicar o direito a um nvel causal e pontual e criaram-se princpios de aplicao, com carcter mais ou menos genrico, abstraidos de qualquer caso concreto. A poca clssica pode-se subdividir em trs perodos: o perodo da poca prclssica que decorreu entre os anos 130 ac e 30 a.C.. O perodo da clssica central que decorreu entre os anos 30 a.C. e 130. O perodo da clssica tardia que decorreu entre os anos 130 e 230. Nesta poca, o Pretor torna-se numa figura ainda mais importante, pois passa a ser ele quem decide se existe legitimidade para uma determinada aco e, em caso afirmativo, qual o Direito que deve ser aplicado. Os juristas passam a ter essecialmente trs funes: CAVERE, que se traduzia no acompanhamento e aconselhamento aos particulares, sobre a forma como deveriam realizar os seus negcios jurdicos. AGERE, que se traduzia em a orientaes dadas aos particulares, no mbito de aces judiciais. RESPONDERE, que se traduziam em respostas ou pareceres que elaboravam sobre problemas jurdicos que lhes fossem apresentados.

Esta ltima funo era a mais importante porque quando os pareceres eram levados ao conhecimento dos Pretores ou dos Juzes, acabavam por fixar jurisprudncia.

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poca Ps-clssica ( 230 - 530 ) Esta poca corresponde ao incio da decadncia do Direito Romano, comeando este a perder a qualidade tcnica e a sua pureza, fruto da influncia directa de outros direitos. O Direito Romano passa a estar tendencialmente concentrado nas mos do imperador e, como tal, a jurisprudncia perde uma significativa importncia, que os juristas passam a fazer uma interpretao de acordo com o que o imperador pretende, surgindo assim a jurisprudncia burocrtica. Nesta poca d-se a denominada vulgarizao do Direito Romano, a qual resulta da denegao dos valores jurdicos da poca clssica, da alterao dos padres clssicos de rigor, preciso, perfeio e exactido, e da permeabilidade a instituies exteriores.

poca Justinianeia ( 530 - 565 ) Esta a poca do imperador Justiniano e caracteriza-se por ser uma poca em que se procurou recuperar os altos padres normativos do Direito da poca clssica. Foi nesta poca que se elaborou o Cdigo Justiniano, compilao de leis que mais tarde, no sc. XII, indo dar origem formao do Direito Europeu e posteriormente, (no sec. XVI), vai servir de base criao do CORPUS IURIS CIVILIS, que corresponde nada mais, nada menos ao prprio cdigo justiniano. Esta poca caracteriza-se por uma grande influncia helenista, em que se generalizou, compilou e sistematizou o Direito Romano. Todo o trabalho de sistematizao e compilao dos ordenamentos foi elaborado por juristas, formados fundamentalmente em trs grandes escolas, a escola de Constatinopla, a escola de Beirute e a escola de Damasco. Esta poca, apesar de tentar recuperar o Direito Romano da poca clssica, no deixou de ser uma poca de decadncia, na medida em que apenas se fizeram compilaes de leis e cdigos.

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Fontes do Direito RomanoH dois tipos de fontes do Direito Romano, as juscivile e as jushonorarium. As fontes juscivile so constitudas pela lei, pelo costume, pelas constituies imperiais, pela jurisprudncia e pelos senatos consulta. As fontes jushonorarium correspondem a um tipo de Direito especfico, produto da actividade do Pretor romano e tambm da actividade de outros funcionrios romanos e dos demais magistrados pertencentes s escalas da hierarquia das magistraturas romanas. Porm h que ter em ateno que apesar de alguns autores defenderem que o juspraetorium uma fonte jushonorarium, tal no correcto, j que o juspraetorium diz respeito apenas ao Direito resultante exclusivamente da actividade do pretor.

Fontes JuscivileA lei das doze tbuas foi a primeira lei romana, que contribuiu decisivamente para a evoluo do Direito Romano, direito esse privado. O texto original da lei das doze tbuas no tem qualquer denominao, havendo quem diga que a mesma foi escrita em doze tbuas de madeira de carvalho. O conhecimento que se tem da lei das doze tbuas deriva da tradio oral e escrita. Segundo o prof. Espinhosa Gomes da Silva, esta lei foi uma codificao parcial dos costumes romanos, na medida em que apareceu no ano de 450 a.C. na poca arcaica do Direito Romano, em que a funo dos juristas era a de revelar os costumes. Outros autores defendem que esta lei deve ser encarada como uma afirmao do poder poltico. Esta lei resultou da tentativa de igualar a classe patrcia classe plebeia e tambm da preocupao que a classe patrcia tinha de restringir a aplicao da justia civil e penal. Do que se conhece, a lei das doze tbuas foi elaborada por uma comisso constituda por 10 homens (composta maioritariamente por patrcios e alguns plebeus), os quais foram enviados para a Grcia para copiar a lei de solon e tomar conhecimento das instituies gregas.Elaborado por:

Lei das doze tbuas

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A comisso era composta por magistrados e foi criada pelo prazo de um ano, findo o qual a lei teria de estar pronta. Durante o ano da elaborao da lei eram os magistrados que compunham a comisso que substituam as magistraturas ordinrias. Findo o prazo de um ano, a comisso s conseguiu elaborar dez tbuas, pelo que foi criada uma nova comisso, com um aumento significativo de elementos da classe plebeia, a qual tinha como tarefa a concluso do trabalho no prazo de mais um ano. Porm, apesar de nesta nova comisso ter havido um aumento significativo de plebeus, foi proibido o casamento entre estes e a classe patrcia, passando essa proibio a constar numa das duas tbuas em falta elaboradas. Segundo o prof. Boaventura, um grande aspecto positivo da lei das doze tbuas, o facto de durante a sua elaborao se ter criado uma magistratura extraordinria. A lei das doze tbuas desapareceu em 360 a.c., em resultado dum grande incndio que fustigou Roma; esta lei trouxe a laicizao trazendo a diviso entre natureza cannica do civil distinguindo a direito aplicado pela igreja daquele que vinha do poder poltico. A lei das doze tbuas tinha a seguinte composio:

TbuaI, II e III IV V VI VII VIII e IX X XI e XII

MatriaNormas de Direito processual ou adjectivo, nomeadamente relativas tutela de Direitos familiares e patrimoniais Direito da Famlia Matria da tutela da curatela e da sucesso hereditria Matria relativa aos negcios jurdicos Propriedade e seus limites Matria relativa aos delitos e procedimentos criminais que se caracteriza pela lei de taleo (olho por olho, dente por dente) Direito sagrado Normas gerais e normas de proibio de casamento entre patrcios e plebeus.

Para os romanos o conceito de lei uma das fontes de criar Direito. Lex=Lei, Leges=Leis, Ius=Direito A lei anlise segundo a evoluo poltica de Roma. Ao nvel do direito romano, ser a 1 lei que contribuir para a evoluo do direito romano. Esta a lei de referncia do direito romano: a lei das 12 tbuas.

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Teresa Morais ( Regente da disciplina ) Miriam Afonso ( aulas tericas ) Manuel Freitas ( aulas prticas )

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De onde vem o conhecimento desta lei? Designada de uma fonte cannica, tem tradio oral e escrita. Todo o conjunto de testemunhos que historicamente foram passando de gerao em gerao d-nos um conhecimento que no rigoroso. O que se conhece desta lei? Como tem sido interpretada? Resultou de uma codificao parcial do costume. Surge na poca arcaica onde havia uma grande confuso entre o mundo jurdico, religioso e moral. Os sacerdotes tinham como funo revelar interpretando o contedo dos costumes; pega-se nos costumes dispersos e inclui-se num corpo de normas jurdicas que vem trazer a lei das 12 tbuas. Outros autores diziam que havia necessidade de afirmao do poder poltico. Como surgem as 12 tbuas? Resulta da luta entre a classe patrcia e plebeia. No sc. XV surge ento a lei, resultado da luta da classe plebeia pela regulao de direitos. Com exemplo temos o casamento de 2 pessoas, cada uma de cada classe; este no era reconhecido, nem os seus filhos. Outra situao era a igualdade no acesso a cargos polticos. Havia uma presuno da classe patrcia em restringir ao mximo o arbitrim da justia civil e justia penal ou seja, a aplicabilidade das normas era diferente para patrcios e plebeus. Quem criou esta lei? Um grupo de trabalho, chamado comisso, composta por elementos patrcios e plebeus, ambos magistrados. Esta comisso, foi Grcia (os romanos eram demasiado prticos, pragmticos para sozinhos e sem orientao, criarem e analisarem leis. O estudo das leis no era uma actividade que os romanos fariam sem orientao.) para assim estudarem e compilarem as leis j existentes. Esta comisso veio substituir os magistrados da poca. Ao fim de um ano, esta comisso veio pedir mais um ano pois ainda faltavam duas tbuas. Na segunda comisso havia mais plebeus, os que vinham da 1 comisso, comportavam-se como tiranos com os novos plebeus. Com a revolta, esta comisso foi dissolvida. Continuase assim a proibir o casamento entre plebeus e patrcios, o reconhecimento dos filhos nascidos entre membros das duas classes sociais. Qual a importncia da lei da 12 tbuas ao nvel do direito romano? A lei teve importncia ao nvel do direito romano; os propsitos e intenes no tem a amplitude que se tem dado; as 2 comisses que foram criadas suspenderam todos os trabalhos de magistratura da poca. A lei era uma declarao com valor normativo, baseada num acordo entre quem emitia a declarao e os seus destinatrios, havendo uma distino entre lei pblica e lei privada. Lei pblica era aquela que provinha dum rgo especfico do poder poltico, defensor do mesmo. Uma das principais leis que aparecem na poca arcaica.Elaborado por:

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Lei privada era uma declarao normativa de uma vontade emitida por algumrelativamente a um objecto sobre o qual tem titularidade, propriedade Leges Regiae eram leis votadas nos comcios das crias e que incidiam sobre a proposta de um determinado rei. At ao perodo da Repblica, eram as Assembleias que tinham o poder legislativo, nomeadamente os comcios e as assembleias da plebe, porm, alm destas assembleias, os magistrados passaram tambm a poder desencadear o processo legislativo, dando origem s leis pblicas. Haviam trs tipos de leis pblicas, a Lex Rogata, a Lex Dicta e a Lex Data. 1.A

comcios do povo romano, nomeadamente nos comcios das centrias. Este tipo de lei era proposta pelo magistrado proponente (proposta essa que se denominava Rogatio) e tinha seis fases de tramitao, designadamente a Promulgatio, o Consiones, a Rogatio, a Votao, a Aprovao do senado e a Afixao.

Lex Rogata era uma lei rogada, uma lei pedida ou solicitada, que era votada nos

Promulgatio era a fase inicial, em que o magistrado elaborava um projecto de lei emandava afixar num local pblico durante trs semanas para que o povo tomasse conhecimento.

Consiones era a fase em que se possibilitava ao cidado a discusso da proposta em praapblica. Os dicursos favorveis designavam-se por suasiones e os desfavorvis por dissuasiones, podendo os cidados apresentar propostas de alterao.

Rogatio era a fase em que o magistrado em plena assembleia lia o projecto-lei e apelava orientao divina, solicitando imediatamente depois a aprovao da proposta. favorvel (Uti Rogas), desfavorvel (Antiquo quer dizer que preferiam a lei anterior, caso a houvesse), ou nem favorvel nem desfavorvel (Non Liquet) que na prtica significava uma absteno, ou antes, a possibilidade de no decidir. Caso os votos Non Liquet fossem maioritrios ou influenciassem as votaes, de modo a evitar uma aprovao, o magistrado proponente tinha a faculdade de pedir a repetio da votao.

Votao era a fase em que se votava a proposta do magistrado, podendo o voto ser

Aprovao pelo Senado era a fase em que o senado ratificava, posteriori, a aprovaoda lei nos comcios, porm como os senadores, que eram patrcios e os chefes polticos de estrutura familiar mais prestigiados (Pater Famlia), constataram que nesta fase no tinham qualquer influncia sobre a discusso da lei, dado que a mesma era discutida e aprovada em momentos anteriores, no ano 339 a.c. elaboraram, aprovaram e publicaram a Lex Publilia Philonis, a qual lhes conferiu o Autoritas Patrum, alterando significativamente a tramitao da Lex Rogata, passando a aprovao do senado a serElaborado por:

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efectuada anteriori, isto , antes da discusso e da votao da lei nos comcios (pg. 205 a 209 do manual de D.R. do prof. Sebastio Cruz ???). Afixao era a fase em que se afixava a lei no frum, em tbuas de madeira ou de bronze.

2

um magistrado no uso de uma autorizao legislativa concedida pelo povo. Esta lei no tem a importncia da lex rogata. 3 A

A Lex Publicae Datae era uma lei de natureza pblica que emanava de

magistrado, porm distingue-se da lex datae porque tem objectivos restritos, dado que se destina em regra a bens do domnio pblico por parte de particulares.

Lex Publicae Dictae

era uma lei que tambm emanava de um

O costumeO costume era uma fonte de direito muito importante. Temos que dar especial ateno aos mores maiorium que prevalecem at tarde, sendo estes costumes antigos, tica e moralmente aceites pelos romanos, desde que reconhecidos socialmente. No direito romano, no existe um conceito unvoco, tendo este, uma base consuetudinria, parte do costume. Esta situao acontecia no incio. Vamos analisar a

poca arcaica:

1 conceito de usus era a prtica reiterada com convico de obrigatoriedade pois havia a frequncia de uma conduta, a repetio da mesma. O costume exige interiorizao do mesmo, de uma maneira de deve ser, o uso apenas repetio. .O uso na poca arcaica seria uma maneira de agir, um hbito, este o conceito reportado poca arcaica. Ter sido usado poucas vezes pois no uma fonte de direito. Pontualmente, o usus passa por todas as pocas. O 2 conceito de costume o mores maiorum que se reporta ao costume ancestral, a uma tradio de uma comprovada moralidade. Aqui, a moralidade e a religio estavam apoiados um no outro pois os sacerdotes tinham como principal funo descodificar, revelar ou interpretar o que estava no costume (ou mores maiorum) visto que estes estavam codificados. O objectivo ser chegar a uma soluo concreta interpretando o direito contido no costume.

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Como 3 conceito temos a pratica reiterada do costume, o consuetodo e aqui temos o conceito prximo dos nossos dias. Qual a relao destes conceitos de costume com o aparecimento da lei das 12 tbuas? A lei das 12 tbuas regula o direito privado e at ao seu aparecimento, s reiterava o costume. Quando esta surgiu, verificou-se que o mores maiorum (conceito da poca arcaica), o costume passa para um segundo plano passando a ter uma esfera limitada de aco, apenas aplicado ao direito pblico.

Senatus consultaO significado histrico ou conceito ser uma consulta feita oa senado (para melhor conpreendermos, se fosse nos nossos dias seria a AR, naquele tempo estamos perante os senadores que eram a elite social da poca - os patrcios), senado este composto por senadores de famlias importantes, influnciadoras e a esta elite eram pedidos conselhos ou parceres, pelos magistrados. O magistrado no era obrigado a acatar o parcer do senado mas vindo dos senadores e ao serem vinculativos, seria difcil no o aplicar. Ao longo do tempo, no senado houve uma evoluo gradual, poltica. Na poca arcaica o senado tinha uma participao apagada em termos legislativos. Ainda na paca arcaica e com o avanar para a poca do principado, o principe, aos poucos, tirou ao senado a actividade poltica, fortalecendo-o com a competncia legislativa. Com isto, os tais parceres na poca arcaica que eram levados em conta pelos magistrados, passam de dar parceres para legislar, criando leis. Progressivamente, o senado passa a ter uma funo legislativa e no sc, I e II d.C., passam a ter definitivamente a criao de leis. No principado, o povo que votava e decidia nos comcios fica prejudicado pois o senado fica com o poder de intervir, de colocar propostas. O principe continuava com o poder poltico. Neste longo processo, o poder do senado cresce de tal maneira que o principe decide escolher os senadores para aprovarem uma lei mas seria o prprio principe a fazer o texto da mesma. O senado, de confiana do principe e escolhido por ele mesmo, limitava-se a aprovar. O senado fica assim com as funes nulas, presas s decises do prprio principe. Com esta nova maneira de legislar, entramos nas

Constituies imperiais

Entendemos como constituies imperiais as constituies do imperador, como uma lei fundamental (com princpios orientadores do Estado). So decises de carcter jurdico, proferidas directamente pelo imperador no existindo intermediao ou oposio. A partir do sc. IV, as constituies passam a ser leis traduzindo um periodo de absolutismo da lei, passando ainda pelo senado mas de forma formal, pois os senadores nada podiam fazer,Elaborado por:

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apenas concordar. No sc. IV, temos um grande desenvolvimento, maior legalidade. A esta leitura do princepe lei, da lei ao senado, tem o nome de oratio principis (orao do principe) pois como o texto feito pelo principe era lido no senado e aclamado pelos senadores, parecendo uma orao, o principe aclamava, iluminado. Existem 2 tipos importantes: edicta que so constituies imperiais que se caracterizam pela sua generalidade decreta decises dos imperadores de natureza judicial que resultam de questes concretas que so submetidas as monarca para deciso isto , perante um caso concreto tem que ter decises judiciais

A jurisprudncia romana considerada a nossa doutrina actual ou seja, o estudo, a opinio de quem estuda o direito, a sua cincia; ser a revelao do direito que est contido no costume ancestral, nos mores maiorum. Ser uma tcnica que vem descodificar o direito por parte de quem tinha competncia para tal sendo os sacerdotes os primeiros a faz-lo pois era considerado um direito divino. Quando se d a laicizao, quando o direito passa a ser uma cincia ( no sc. II comea a notarse a laicizao), deixando de estar to ligado religio. O papel da jurisprudncia tem que ser vista com o papel de jurisprudentes. Estes tinham 3 funes principais (isto, na poca clssica); 1. cavere tem a ver com a funo directamente relacionada com aconselhamento ou seja, a sua funo seria a de aconselhar o povo numa deciso 2. agere funo defensora do oficioso, apoio a ambas as partes envolvidas num processo judicial apoiando ambas as partes informando dos prazos, conceitos, formulas, etc. 3. respondere teria como misso das parceres sobre questes colocadas pelos particulares ou por Estados.

Jurisprudncia

Dar uma aco tomar uma deciso de bom senso, equidade e justia, isto quando no havia resposta em lado algum. O pretor , acima de tudo, quem filtra uma soluo adequada (ou anterior) ou aplicar no direito contido no ius civilet (direito romano) Fases de evoluo do pretor:

O pretor

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1. do sc. IV a meados do sc. III A.C. Aqui o pretor tem a funo de interpretao do ius civilet. Estamos na poca arcaica onde os sacerdotes limitavam a tarefa do pretor (esta a poca de impreciso interpretativa). 2. Finais sc. III a 130 A.C. O pretor evolui deixando apenas de interpretar e passando a concordar ou no com a deciso da tutela do direito ius civilet. Passa a criar a soluo no encontrava a tutela. 3. 130 A.C. a sc. I A.C. O pretor avana tornando-se o criador do direito, passa a criar a norma, arranjando normas para resolver situaes tornando-se criador do direito nas situaes lacuniosas. Este tinha a faculdade de fazer comunicaes ao povo, atravez da edio de editus. O editus do pretor seria um programa eleitoral, aquilo que supostamente o pretor segundo as suas funes durante o periodo da sua actuao, dizia qual o direito que iria usar durante o seu mandato. Obrigava-se assim a criar o direito segundo um conjunto de bases /expedientes. O Editus tinha vrias formas: Editus perptua Feitos no incio do mandato do pretor e indicava quais as actuaes que iria aplicar durante o seu mandato. Editus repentina Surgiam para resolver questes que apareciam no decurso do mandato Editus translactia Aquilo que se vai mantendo, que vinham de um edutus anterior Editus novo O que criava, expedientes no previstos no anterior Exerccio para a prxima aula:

1. Quais as instituies jurdicas atribudas no perodo primitivo ou pr-romano?Esponsais que correspondiam a promessas de casamento em que os futuros cnjuges se comprometiam a casar num determinado perodo de tempo e que, dependendo da ordem jurdica existente, eram mais ou menos vinculativos. Os esponsais no Direito Romano no vieram a ser vinculativos, mas j o vieram a ser no Direito Germnico. Lei do sculo, regra segundo a qual depois da cerimnia do beijo dado em pblico perante testemunhas, estava selado o compromisso dos esponsais.Elaborado por:

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Comunho geral de bens, tratava-se de um regime de bens do casamento, em que so comuns quer os bens que cada um tinha data da celebrao do casamento, quer os adquiridos posteriormente. Tardcio, tratava-se da segunda fase do casamento, dando-se transferncia da mulher da esfera paternal para a esfera do marido. depois a

Entrar s varas, sano que consistia em dar ao acusado da prtica dum crime, uma srie de varadas em pblico (alguns aoites) como castigo do crime cometido.

2.O que significa periodificao? Vantagens e desvantagensO critrio poltico atende aos elementos polticos da histria, como por exemplo as formas de Estado. O critrio tnico-politico conjuga elementos polticos com tnicos, isto , as formas de Estado com os elementos caractersticos e especficos dos povos constituintes dessas formas de Estado. Os critrios jurdicos, por sua vez, subdividem-se em internos e externos: O critrio jurdico interno est relacionado com as instituies, sendo estas as figuras que detm um regime especfico composto por direitos e deveres que perduram no tempo. O critrio jurdico externo est relacionado com as fontes de direito, traduzindo-se estas num meio de revelao ou exteriorizao do Direito. O critrio misto atende a factores que no tm exclusivamente importncia jurdica., sendo o critrio mais defendido e utilizado pelos autores, porque alm dos aspectos jurdicos atende tambm a aspectos polticos, econmicos, religiosos, culturais, etc.

3.Laicizao na poca arcaica

Na poca arcaica havia uma grande confuso entre o mundo jurdico, religioso e moral. Os sacerdotes tinham como funo revelar interpretando o contedo dos costumes; pega-se nos costumes dispersos e inclui-se num corpo de normas jurdicas que vem trazer a lei das 12 tbuas. Outros autores diziam que havia necessidade de afirmao do poder poltico.

4.Quais as 3 principais funes dos juristas na poca clssica?

Os juristas passam a ter essecialmente trs funes: CAVERE, que se traduzia no acompanhamento e aconselhamento aos particulares, sobre a forma como deveriam realizar os seus negcios jurdicos. AGERE, que se traduzia em a orientaes dadas aos particulares, no mbito de aces judiciais.Ivone CostaLicenciatura em Direito ( 1 Ano)Pg. 22 de 91

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RESPONDERE, que se traduziam em respostas ou pareceres que elaboravam sobre problemas jurdicos que lhes fossem apresentados.

Esta ltima funo era a mais importante porque quando os pareceres eram levados ao conhecimento dos Pretores ou dos Juzes, acabavam por fixar jurisprudncia.

5.Quais as magistraturas na poca da repblica?O poder poltico da repblica passa a assentar nas figuras da magistratura, do senado e do povo. Segundo o prof. Sebastio Cruz, a magistratura romana correspondia ao cargo de governar, sendo os magistrados todos aqueles que detinham cargos polticos de consulado para baixo. Os magistrados eram portanto os sucessores dos reis, na medida em que eram os verdadeiros detentores do imperium, isto , poder absoluto, que, no entanto, estava limitado por temporalidade (cargos exercidos durante um perodo limitado, um ano no caso dos cnsules), colegialidade (cargos colegiais, ou seja, mais do que um) e responsabilidade (os detentores dos cargos eram responsveis pelos actos que praticavam). A magistratura era hierarquizada, possuindo no topo os Cnsules, depois os Censores, os Pretores, os Questores e finalmente os Edis Curis. Estes magistrados pertenciam denominada carreira das honras, ou magistratura ordinria, e eram detentores de grande prestgio social. Os magistrados tinham trs poderes, nomeadamente: A potestas, que tinha um significado politico, j que se traduzia no poder de representar o povo romano, permitindo a criao de obrigaes a serem cumpridas pelo povo representado. O imperium, que se traduzia no poder de soberania, numa lgica militar, que englobava a capacidade de comandar exrcitos, convocar o senado e as assembleias populares (comcios) e tambm a de administrar a justia. Este poder era apenas possudo pelos Cnsules e pelo Pretores. A iurisdictio, que se traduzia no poder ou faculdade especfica de administrar a justia de forma habitual e corrente.

6.Funo do pretor urbano e do peregrino?

O Pretor possua a totalidade dos poderes, sendo ele quem, num primeiro momento, decidia se dava ou no provimento aco de um determinado caso, isto , se o caso tinha ou no importncia jurdica, e, em caso afirmativo, qual o Direito que o Juiz (que no era magistrado) teria de se basear e de aplicar na deciso. A partir de 242 aC a administrao da justia passou a estar distribuda por dois pretores: o pretor urbanus (pretor urbano) que havia surgido em 367 aC e que organizavaElaborado por:

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as normas de ius civile, as quais s englobavam processos em que intervinham cidados romanos, excluindo mulheres e escravos, e o praetor peregrinus (pretor peregrino) que passou a organizar as normas do ius gentium, que englobavam os processos em que intervinham cidados romanos e estrangeiros ou estrangeiros entre si que vivessem em territrio romano ou sob a tutela de Roma. O pretor era o intrprete da lex, mas sobretudo era o defensor do ius.

7.Direito romano vulgar

Esta poca corresponde ao incio da decadncia do Direito Romano, em que este comea a perder a qualidade tcnica e a sua pureza, fruto da influncia directa de outros direitos. O Direito Romano passa a estar tendencialmente concentrado nas mos do imperador e, como tal, a jurisprudncia perde uma significativa importncia, na medida em que os juristas passam a fazer uma interpretao de acordo com o que o imperador pretende, surgindo assim a jurisprudncia burocrtica. Nesta poca d-se a denominada vulgarizao do Direito Romano, a qual resulta da denegao dos valores jurdicos da poca clssica, da alterao dos padres clssicos de rigor, preciso, perfeio e exactido, e da permeabilidade a instituies exteriores.

Direito visigticoO direito visigtico influenciou algumas instituies tendo com base idntica o direito portugus e o direito romano ou seja, o costume.

O direito visigtico era um direito criado para o povo godo, povo esse nmada. Este facto faz com que sentissem necessidade de criar um direito privado pois no havia Estado para o povo godo, ningum decretava ordens. No povo godo no existia burocracia nem Estado sendo que a sua falta provocou um atraso na criao das 1s leis visigticas.

Criao das primeiras leis visigticasA origem do direito visigtico a consuetudinria ou seja, levou que enquanto no houvesse uma fixao territorial, progressivamente aparecessem as 1s leis visigticas. Muito importante so as contedo, direito romano.Elaborado por:

obras de direito visigtico,Licenciatura em Direito ( 1 Ano)

estas tm no seu

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Cdigos visigticos conhecidos1. obra Cdigo de Eurico 476 D.C. 2. obra Brevirio de Alarico 506 D.C. 3. obra Cdigo de Leovigildo data incerta 572 a 586 D.C. 4. obra Cdigo Visigtico 654 D.C. A segunda obra tem um nome diferente pois um cdigo breve, pequeno. Com estas obras, comeamos no sc. V e acabamos no sc. VII. Vamos ento expor os cdigos: 1 obra Cdigo de Eurico 476 d.C. Este cdigo uma obra que, sem prejuzo de a relacionarmos a Eurico, uma obra da autoria de Teorico II. Este cdigo um nome de referncia pois considerado como direito romano vulgar (este vulgariza-se a partir do momento em que o direito romano toma contacto com outros direitos) com alteraes, deturpaes. As alteraes so de tal ordem que no cdigo podemos consider-lo como direito romano vulgar. Isto porque difcil distinguir no cdigo o direito visigtico do direito romano. Teve como finalidade o povo visigtico 2 obra Brevirio de Alarico 506 d.C. Ou lex romana visigotorum, tem o mesmo significado. Significa a lei romana dos visigodos. Aqui o cdigo breve um cdigo cujo contedo eminentemente romano pois feito de fontes romanas. As fontes jurdicas que encontramos so a lex ou constituies imperiais (direito romano puro) e a doutrina ou iura dos juristas romanos. Como exemplo temos Gaio, Paulo o direito romano puro! Teve como finalidade o povo espano-romano 3 obra Cdigo de Leovigildo data incerta 572 a 586 Este cdigo do sc. VI, tambm designado por codex revisus, previsto no cdigo de Eurico. 4 obra Cdigo Visigtico 654 d.C. Culminar da evoluo jurdica do direito visigtico. Publicado pelo monarca Recesvindo. Ser que a relao entre os espano-romanos e o povo visigtico ter sido sempre a mesma? Esta relao abrange um perodo vasto, onde os espano-romanos e o povo godo cohabitavam, conviviam. Depois de feita a revoluo, o imprio romano em decadncia, no ponto de vista prtico, veio sempre o direito romano foi sempre como superior. No incio,Elaborado por:

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quando falamos nos 2 primeiros cdigos, estamos a falar de cdigos iniciais. O ltimo dos 4 acima mencionados j se pode considerar mais desenvolvido, no sendo discutido como a sua aplicao pois no existe a separao dos visigticos e do povo espano-romano. Ser que nos 3 primeiros cdigos houve aceitao? Nos 2 primeiros houve mais estranheza, maior resistncia pois ainda no havia conhecimento.

Existem vrias opes de interpretao, 2 teses: Tese da territorialidade Tese da personalidade jurdica ou dualidade legislativa

Tese da territoraliedadeDefende que quando tentamos ver quais os cdigos a aplicar, interessa perceber se no territrio em causa existe uma dominao para os dois povos, ser o direito visigtico que se aplica quando so os godos a dominar, e ao contrrio, para o caso dos espanoromanos. Na tese da territorialidade, para esta fazer sentido, s poderamos ter um cdigo, neste domnio visigtico. Os seus defensores tm tendncia para generalizar

Tese da personalidadeDefendem que temos que ver quem est no territrio, tendo 2 etnias. Dentro deste direito visigtico, temos que ver se os contedos so diferentes e se forem, aplicar distintamente. Resumidamente, aplicamos segundo a personalidade do povo direccionando os direitos, olhando para o espao fsico. Estes, tm tendncia para especificar. Como que a tese da territorialidade v este facto? Como que a tese da personalidade v este facto?

Factos1 factoConsta que nem no 1 cdigo, nem no 2, dizem nada especfico sobre o seu mbito de aplicao Como que a tese da territorialidade v este facto? Se nenhum cdigo diz nada, porque teve o cuidado de precisar ambito de aplicao, no fazendo sentido aplicar a um ou a outro, aplicando-se assim aos dois, se nenhum disser nada, aplica-se o mesmo a todos.Elaborado por:

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Como que a tese da personalidade v este facto? Estes dizem que o silncio permite quaisquer interpretao.

2 factoO cdigo de Eurico est profundamente romanizado Como que a tese da territorialidade v este facto? Este facto deve-se ao facto de ter romanizado, admitindo que este cdigo tambm era aplicado aos romanos. Como que a tese da personalidade v este facto? Os defensores desta tese dizem que no possvel concluir pelo facto que est romanizado, porque todos os cdigos esto romanizados

3 factoO cdigo de Eurico tem leis territoriais (isto , temos leis que sabemos que foram aplicadas aos dois povos) Como que a tese da territorialidade v este facto? Se temos no cdigo de Eurico factos de carcter territorial, aplica-se a esta tese

Como que a tese da personalidade v este facto?No s por termos 5% de leis territoriais que todo o cdigo tenha de ser territorial

4 factoO brevirio de Alarico tem uma lei que a lei de teudis (lei sobre custos processuais, s est presente no previrio) Como que a tese da territorialidade v este facto? Este cdigo levou ao outro

Como que a tese da personalidade v este facto?L pelo facto de no haver uma norma expressa no cdigo de Eurico, no se pode tirar tal concluso.

Direito MuulmanoComo caracterstica principal, temos a religio. Este direito um direito de matriz confessional, no havendo separaes entre religio e direito e esta caracterstica que o separa dos outro direitos. Aqui existe a sano moral e religiosa, ao contrrio dos outros direitos.Elaborado por:

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O direito muulmano aplica-se ao crente, independentemente do stio onde se encontra. A prtica do islamismo dependeu da benevolncia rgia. As

fontes de direito muulmano dividem-se em dois grandes grupos:

Fontes bsicas - o Coro que era constituido pelas revelaes de Alah que os crentes repetiam oralmente e que s depois da morte de Maom foi escrito. Este ao mesmo tempo um cdigo de conduta jurdica moral e religiosa. Temos depois a Sunna que nos fala do cdigo de conduta pessoal do profeta Maom, especificando os seus actos Fontes complementares - Ijma, Fiqh, Costume, Amal, Qanun

Periodificao Jurdica

(diviso histrica do direito portugus)

Critrio de natureza jurdica e critrio de natureza polticaFalamos de diviso de histria, mas introduzir este critrio no real pois a histria no se divide, contnua. Mas estes critrios tm como objectivo ajudar-nos a entender e a estudar a periodificao e a diviso em perodos histricos. Esta diviso depende do historiador que a faz, daquilo que vai estudar. O Prof. Marcelo Caetano divide a histria do direito com base numa histria poltica, diferente da diviso do Prof. Albuquerque.

O critrio jurdico divide-se em: Interno Vai atender predominantemente os elementos das instituies jurdicas como o casamento. Este j existia na idade mdia. E porqu interno? Porque quando definimos instituio jurdica sabemos que vai mexer em muita coisa, percebendo a essncia do direito figurado; algo que produto da evoluo do direito, de uma construo, estando relacionado com muitos elementos relacionados com os princpios de direito. Interno porque tem a ver com a essncia do direito. Externo Ivone CostaLicenciatura em Direito ( 1 Ano)Pg. 28 de 91

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Teresa Morais ( Regente da disciplina ) Miriam Afonso ( aulas tericas ) Manuel Freitas ( aulas prticas )

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Vai atender, estudar as fontes de direito. Estuda a exteriorizao do direito, a manifestao ou revelao do direito. As fontes so os meios de revelao do direito, aquilo que manifestado. Ambos so jurdicos, dividindo a histria com elementos de natureza jurdica. Esto relacionados com 2 aspectos: 1. As fontes de direito (costume -este, como fonte de direito, teve muita importncia entre o sc. XII e o sc. SV sendo um perodo de estudo do direito consuetudinrio, tendo o costume como base), lei,..) 2. Instituies jurdicas Surge ainda um critrio diferente pois olha para a histria com a preocupao de entender a manifestao jurdica, relacionando-a com o social, etc.

Assim, dividem a histria em: - Fundao da nacionalizao (sc. XII at 1415) - 1415 at actualidadeBreve introduo. Em 1415 deu-se a conquista de Ceuta. Esta inaugura o incio da expanso Ultra martima (ou ocenica), visto que a expanso terrestre j estava feita desde o sc. XIII. Ao longo do sc. XV e a partir de ento, houve muitas dvidas se a expanso deveria ser feita em Ceuta, ou no. Esta deciso foi tomada com base na anlise feita na altura: Ceuta era o ponto de encontro das rotas caravaneiras, sendo, no ponto de vista econmico bem localizada, j era conhecido. Era necessrio criar uma estrutura poltica e jurdica, ambas capazes de garantir a manuteno da Repblica Portuguesa no local. Como consequncias da conquista de Ceuta, no ponto de vista jurdico, Ceuta foi uma pequena colnia - podemos at dizer tubo de ensaio - que Portugal estruturou para colocar uma organizao bem montada para receber os conquistadores visto que havia uma necessidade de criar meios de fixao, tendo que haver meios e modos para aplicar uma norma jurdica. No nos podemos esquecer que este critrio no pblico, no um facto apenas jurdico tendo como consequncia vrios factores (no apenas o factor jurdico). Que consequncias so essas? Foram designados funcionrios, para garantir o funcionamento bsico. Assim, como consequncia social (no havia a mobilidade social) e na poca que estamos (sc.:XIV), todos estes factores vieram despertar uma nova classe poltica que, anterior expanso era a classe burguesa. Esta vem desenvolver o negcio vendo na expanso uma oportunidade nica para caminhar e ascender socialmente. At 1415, encontramos o pluralismo jurdico

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Este baseia-se na pluralidade das fontes de direito, onde encontramos o costume, o direito natural, o direito divino, o direito castelhano, o direito pactuado e outorgado, o direito romano, o direito cannico, o direito muulmano. Algumas destas fontes iremos estudar posteriormente. De 1415 em diante temos o monsmo jurdico Relacionado com o predomnio de uma fonte de direito (o que no significa exclusividade). Essa fonte jurdica de direito que predomina a lei.

Justia e direito Supra positivo (no perodo pluralista)JustiaEnquadramento no sc. XII ao sc. XV onde o clero e a nobreza esto em privilgio. No ponto de vista pessoal, econmico, jurdico e social, havia uma grande desigualdade. Vivia-se sob uma influncia feudal onde o poder poltico era institudo pelo monarca e onde a justia tinha vrios "olhares", vrios pareceres pois a justia servia os interesses de quem a aplicava ou seja, o rei. O principal objectivo do homem medieval era o divino, para governar era indispensvel que o rei deixasse passar o que era justo, a justia, influenciando assim a opinio do povo (representando a vontade de Deus). Assim, o monarca dizia que a justia era a libertao do pecado, se o poder poltico conseguisse passar a mensagem, ento o monarca "tinha" o povo com ele. Seguindo Ulpiano, a justia tinha outro conceito: era vista como Justia

particular

O conceito de Ulpiano contrapunha o conceito de justia universal ou seja, a justia universal um complexo de todas as virtudes englobando a bondade, a persistncia, a temperncia entre outras, sendo um conceito ideal de referncia, de modelo. A justia particular concreta, preocupa-se com a relao das pessoas, umas com as outras na comunidade, sendo assim mais praticvel sendo um conceito de justia a aplicar entre as pessoas. Ulpiano vem - e bem - defender o "Jus particula"-constante e perptua vontade de dar a cada um o que seu, isto ; cada pessoa ter direito aquilo que fundamental para ser um ser humano. luz do direito natural, o que que cada ser humano tem direito ou lhe devido. Por definio, o direito natural vai-nos saber dizer o que cada um de ns precisa. Seria ento um direito fundamental dentro de uma lgica social, de equilbrio de interesse, fazendo um juzo de relao, de gesto de uma vida em comunidade, havendo ponderao nos interesses de cada um. Resumindo Ulpiano dizia que a "justia a constante e a perpetua a vontade de dar a cada um o que seu" - cada pessoa tem o direito aquilo que fundamental para sobreviver. Assim, por justia particular entendemos que uma virtude especfica, que consiste em atribuir a cada um o que lhe devido. Assenta na ideia de para alm de uma necessidade que o Homem deve promover o relacionamento com os outros, dar e receber o que lhe devido. O direito existia para servir os interesses da justia.

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No perodo pluralista, o direito estava em funo da justia, existindo uma filiao (podemos at dizer que o direito era filho da justia!), sendo esta criada pelo monarca e quem criava, tambm aplicava.

Dentro da justia particular encontramos: Justia comutativa ou sinalagmticaTrata as relaes entre igual ou seja; onde as situaes so tratadas com igualdade absoluta, requerendo-se iseno. Deveria existir nas relaes entre privados e que tinha a base na igualdade ou seja, numa relao jurdica cada indivduo deveria receber o equivalente aquilo que dava.

Justia distributivaConceito de orientao entre as relaes da comunidade com os seus membros com base no princpio da proporcionalidade, no a ideia de igualdade - exigia que cada um recebesse em funo do seu mrito ou de qualquer outro critrio que fosse considerado justo.

Justia objectivaAquela que um modelo de conduta ou forma de rectido plena. Justia que no altervel. Como padro, pode ser atingido pelo homem, realizvel. O bnus pater famlia (homem mdio, razovel e sensato), que pauta pelo equilbrio, no havendo excessos. Comportamento padro do prprio sujeito. Este modelo era para o homem de famlia, que deveria ser seguido pelos seus semelhantes.

Justia subjectivaAltervel porque fruto directo da natureza humana. lvaro Pais apresentou 5 modalidades de justia subjectiva que foram aceites pela comunidade. Estas modalidades apresentam um grau de variedade em relao pessoa e so: 1. 2. 3. 4. 5. Latria - Justia com Deus Dulia . justia para pessoas de grande honra ou de elevado mrito Obedicia - Justia para com os nossos superiores Disciplina - justia para com os nossos inferiores Equidade - justia para com os nossos iguais

Antes de mais, importante referir que os positivistas dizem que o direito igual lei, que foi positivado. J os naturalistas dizem que o direito natural est acima do direito positivo

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Direito Supra positivo e Direito RomanoApelo directo ao direito positivado que est escrito, o Direito Supra positivo ou legislado (humano), vulgarmente costuma-se designar por direito positivo e direito criado pela mo humana, elaborado pelo legislador, este encontra-se acima do direito positivo. Resulta de algum que produz, acima do legislador e at do prprio Homem. Este patamar diz respeito ao direito divino e ao direito natural. Na fase da fundao da nacionalidade, em 1415, no existia grande separao entre os dois direitos pois nesta poca o direito natural est influenciado pelo direito divino. Nas fontes no sc. XII at ao sc. XIV, quando se faz referncia ao direito natural e ao direito divino, os conceitos esto misturados. Outros autores tentaram fazer a diviso dos conceitos mas vamos constatar que os prprios se confundem, no sendo rigorosos. No nos podemos esquecer que estamos no perodo pluralista. Vamos ver a concepo de dois autores: S. Toms de Aquino e Sto Agostinho

S. Toms de AquinoNo manual diz-se que ele um representante da Escolstica Medieval (espcie de escola de pensamento, estando relacionada com a forma de ensinar da poca. O seu mtodo de ensino era peculiar pois aprendia-se com base nos livros, decorando os vrios pensamentos, no havendo discusso, sendo o princpio do "magister dixit"). Este autor construiu 4 leis, uma lgica Lei ou direito eterno

Lei ou direito natural ( que existem, mas no esto escritas)

Lei ou direito divino

Lei ou direito humano (legislado, positivo)

Lei ou direito eternoA razo e a vontade de Deus que tem como funo principal a governao do mundo, ao nvel do transcendente, sendo uma lei que organiza o mundo sob pena de na sua ausncia surgir o caos e isso justificava tudo, lei superior que coloca ordem no mundo. Desta lei, o autor fez duas leis:

Lei ou direito naturalResultado da participao da lei eterna do Homem que lhe permite distinguir o bom do mal, a natureza humana ( que no pode andar sozinho), precisa de ajuda e que ilumina nas escolhas entre o bem e o mal. A Lei eterna que toca no Homem e que permite como consequncia, distinguir o bem do mal. Mas qual a sua essncia? Depende de onde partirmos. Tem como elemento base a razo sendo esta caracterstica dos seres racionais. O agente da reprovao social Deus; o que da natureza humana, ser a conscincia humana moldada pela mo de Deus.Elaborado por:

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Dispensa do direito ou lei natural Est relacionado com a ideia de que em algumas situaes pontuais era possvel isentar de terminadas pessoas do direito natural. Quem tinha competncia para o fazer, era o papa, aqui o pontfice tentava adequar a norma o mais possvel.

Lei ou direito divinoTambm deriva da lei eterna e tambm uma participao da lei eterna. O direito que foi revelado por Deus e que permite o Homem ver o bem e o mal. Tem um cdigo de conduta: o Antigo e o Novo Testamento. Influncia directa pois uma revelao da palavra de Deus ao Homem.

Lei ou direito humanoResulta da concluncia das 3 leis anteriores, produto da vontade do Homem sempre em harmonia com a lei natural e a lei divina. Se a lei humana for boa, tem influencia de Deus, estando em harmonia. Quando no est, deve ser contrariada. Discriminao positiva Acontecia em casos concretos, que justificavam o afastamento da norma em geral, pretendendo dessa maneira ser mais justa.

Direito de resistncia ou no s leis que no estejam em harmonia Quem fazia as leis era o monarca, no estando vinculado ao direito ou lei natural visto que o monarca era rei pela vontade de Deus - isto significa que era uma inspirao divina que lhe dava o poder para legislar. O direito criado pelo monarca estava ento vinculado lei divina. Imaginando que uma lei criada por si estava contra o direito natural, o que que acontecia? O povo entendia que como era o Rei que tinha poderes naturais, haveria uma grande mistura entre direito divino e direito Natural. Os princpios da imortalidade e da interrogabilidade aplicam-se nos direitos natural e divino. Estes mantm-se uniformes. A prpria evoluo histrico-jurdica exigia que o direito natural se actualizasse no perdendo a sua essncia. Os princpios bsicos no foram alterados mas alguns dos princpios de direito natural foram historicamente reconhecidos, ao longo da histria.

Direito NaturalS. Toms veio dizer o que pode ser alterado com: Preceitos primrios No comportam qualquer possibilidade de alterao. Falam do direito vida, por exemplo.Estes princpios eram evidentes, qualquer individuo percebia o seu significado. Secundrio Admitiam alguma possibilidade de alterao, usura, uso campeo Tercirio

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Admitia tambm susceptibilidade de alterao mas eram princpios apenas acessveis aos sbios, pois s os sbios tinham capacidade de raciocnio.

Normas de direito divinoTambm se veio a reconhecer alguma alterao, sendo os seus preceitos: Mveis Ou seja, alterveis, podendo ns comparar aos anteriores princpios secundrios e tercerios. Imveis Comparados aos tercerios.

Direito de AgentesEste evoluiu para o direito Internacional Pblico. Este regula as relaes entre vrias comunidades, relaes jurdicas em que um dos agentes tem soberania; ao nvel das relaes internacionais entre Estados. Tem a sua origem no direito natural, dos homens, da boa convivncia.

Direito Positivo Supra rgioOlha na perspectiva da autoria do direito, estando acima dos reis. Este inclui: O direito Romano e o Direito Cannico. Inclui porque nenhum deles feito por um portugus. O direito Romano foi a herana, contido no Cdigo (estamos no sc. VI), o legislador estava morto, era enaltecido e valorizado pelo monarca pois quem o fez no est c... Durante todo o perodo pluralista, o rei vai utilizar este factor em seu prprio benefcio, lgica essa que os monarcas portugueses queriam manter pois havia o fortalecimento do rei, usando o direito Romano (direito de chefe, quem mandava, com o objectivo de centralizar o poder) para ser venerado. Conclui-se assim que por este prisma, o direito Romano era bem "explorado" pelo monarca.

Direito CannicoAo contrrio do direito Romano, o direito Cannico tinha o seu legislador vivo - o Papa. O monarca vai "us-lo" para seu prprio interesse visto que em muitos aspectos era dependente da Igreja. Mesmo assim, o monarca vai tentar "controlar" o direito cannico. Este regulava o direito da Igreja, regulando tambm a relao das cortes com Deus e o prprio funcionamento da Igreja. s leis do direito cannico, chamamos Canones. Os

canones eram:Decretos dos pontfices (normas jurdicas) Ivone CostaLicenciatura em Direito ( 1 Ano)Pg. 34 de 91

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Estatuies dos conslios (determinao das respectivas assembleias). Estes conslios so as reunies dos elementos da igreja Fontes do Direito Cannico So vrias: De acordo com o autor das mesmas: Sagrada escritura (que composta pelo Antigo e Novo testamento) Princpios consagrados nas Sagradas escrituras Tradio Conhecimento transltico, transmitido de gerao em gerao. Esta pode ser oral ou escrita. Constituio de um modelo de conduta Costume Pratica reiterada com convico de obrigatoriedade, convico de dever ser. Repetio de conduta j interiorizada. Este tem que ser antigo, racional e consencual, tem que ser prescrito.

Direito outorgado e direito pactuadoCartas de Privilgio e Cartas de povoaoTinham como objectivo atrair a populao a um certo ou determinado territrio, estabeleciam um regime mais vantajoso a quem quisesse fixar-se em zonas menos povoadas. Eram documentos simples pois apenas tratavam das condies de assentamento em determinadas terras.

ForaisDireitos de privilgio mas mais completas que as cartas de povoao, prev para alem das situaes anteriores, situaes de direito publico. Classificam-se em funo de 4 critrios: - Quanto entidade ou outorgante - Em funo do molde ou matriz (estes grupos chamam-se famlias de forais porque tm em comum um mesmo texto que serviu de modelo para todo o pais. Exemplo: do tipo Lisboa e Santarm, vora e Salamanca) - Atende ao grau de maior ou menor complexidade das instituies municipais, podendo ser rudimentares, imperfeitas e perfeitas - Grau de originalidade dos forais que podem ser de 3 tipos: originrios, ampliativos e confirmativos

ForosTambm chamados estatutos ou costumes municipais e soa em relao aos forais os mais desenvolvidos, mais tardios e contem normas de direito privado para alem dos anteriores,Elaborado por:

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soa de iniciativa dos habitantes do municpio, no resultam da outorga mas sim dos prprios habitantes que decidem alterar ou acrescentar s copias existentes segundo os seus prprios conhecimentos dos costumes e das leis. Estes escritos ou cadernos pertenciam a um pequeno volume a que chamamos caderno dos foros.

Costume e direito JudicialCostumeFonte importante do direito, o primeiro conceito de costume na poca pluralista diferente dos dias de hoje. O costume era poca o direito no escrito (sendo que o direito escrito da poca era o direito visigtico, o castelhano, os foros, o romano). O valor do costume pois uma fonte essencial do perodo pluralista Na idade media o costume abrangia todo o direito no escrito, era designado pelas expresses consuetudo e usos. Direito de criao espontnea que nasce no seio da prpria comunidade pela repetio de uma conduta, quando essa comunidade adquire a conscincia de que essa conduta vinculativa. Os bons costumes dessa poca foram reduzidos a escrita e passaram a integrar o contedo da lei. Quando assim acontecia, a norma passava a ter a fora da lei.

Requisitos da validade do Costume 1. Antiguidade do costume 2. Racionalidade, devendo este atender direita razo, luz do direito natural 3. Consenso na comunidade, do legislador. Como quem faz e a quem se aplica o costume a comunidade, torna-se um espelho do legislador. A aplicao e o legislador tm a mesma viso, diferente ser o costume visto enquanto membro da comunidade ou como o costume como direito 4. Conformidade divina 5. Conformidade com o direito natural onde se relaciona com um bem comum, a ideia de salvao da alma 6. Utilidade publica que est relacionada com o n 5 Resumindo: Tinha de ser plural, no sentido de ter acontecido varias vezes; Tinha de ser antigo devendo ter 10 ou 20 anos de idade, 10 anos se fosse invocado contra pessoas daquela terra, 20 anos sobre pessoas ausentes. Tinha que ser racional conforme a razo e ter o consenso da comunidadeElaborado por:

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Aplicao do costume nos tribunais Na poca existiam alguns tribunais, como os arbitrrios, os tribunais rgios ou at mesmo os tribunais locais. A aplicao do costume nestes tribunais era feita de forma repetida: Estilo espcie de direito no escrito, introduzido pelo uso de um juiz, definindo assim pela generalidade das pessoas ou pela sua maioria. pois um juiz que aplica na prtica do seu quotidiano, a pratica de um tribunal, uma norma consuetudinria do direito processual Faanha consideramos o estilo acrescido de um grau elevadssimo que devera ser aplicado futuramente, de natureza rgia, aplicado em casos duvidosos, omissos na legislao rgia ou seja, no era consagrado na legislao da altura visto esta ser escassa. Alvedrios ou juzes alvedrios que eram aqueles eleitos de acordo com as partes em litigio. Estes juzes tm uma base de direito para a aplicao resolvendo com base no costume. Era possvel, das decises destes juzes, serem aplicados por outros juzes. Tais situaes eram aplicadas em questes mercantis e de natureza martima (questes que exigiam uma resposta rpida) Aps a sua aplicao, ficava escrito e era com base nestes registos que os juzes iriam vincular para aplicar em casos semelhantes

Define-se como o sector jurdico-normativo que resulta da prtica dos tribunais na aplicao do direito. Identifica-se com a aco dos tribunais em virtude de naquela poca as suas decises muitas vezes terem carcter vinculativo para casos futuros, tendo assim essas decises uma funo criativa do direito.

Direito judicial

Diviso do direito judicialEstilo uma fonte de direito, no perodo pluralista era vulgar os tribunais criarem direito, na falta de normas legais muitas vezes surgiam da prtica dos juzes, decises que eram seguidas nos tribunais em casos futuros. Nascia assim o chamado costume judicirio e que foi designado na poca por estilo ou costume em casa del Rei, estilo era quando acontecia em tribunais inferiores, costume em casa del rei, era em tribunal superior (cria regia) Requisitos do estilo Tinha de ser plural, racional e conforme o direito supra positivo. Quando era formado em tribunais inferiores deveria ser meramente indicativo; se fosse do tribunal superior deveria ser vinculativo e obrigatrio.Elaborado por:

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Faanha

Na poca medieval, as faanhas em linguagem jurdica significavam uma deciso de um juiz proferida num caso de difcil resoluo e que ficaria de exemplo para casos futuros e semelhantes. A faanha funciona como caso anlogo regra do precedente, um exemplo de deciso que os tribunais futuramente deveriam seguir. Quando, ao serem vinculativos, a doutrina maioritria decidiu que deveriam ser obrigatrias, quando dadas pelo tribunal superior.

Alvidros

Criam os tribunais arbitrais assim como as suas prprias decises. Estes tribunais eram constitudos por acordo entre as partes e os poderes estavam limitados competncia que as partes lhe tinham conferido. Das decises destes tribunais cabiam recurso para os tribunais superiores.

Direito legislado ou ius regni= direito estatal1 O prof. Braga da Cruz defende que foi aplicado at ao sc. XII e s deixou de vigorar quando foi dada maior importncia ao direito romano justiniano cuja recepo em Portugal deu-se no reinado de D. Dinis. 2 Temos depois as leis de Coiana, Leo e Oviedo ou seja, so leis que foram aceitas na P. Ibria e que versaram sobre estes 3 conjuntos de normas, a 1 assembleia de Leo que se realizou no sc. X. 3 As leis gerais portuguesas, a partir de 1140, surgiram em numero razovel a partir do reinado de D. Afonso II da Cria de 1211, no entanto, s com D. Afonso III que legisla sobre uma quantidade de matrias e a partir daqui permite dizer que o rei passou a exercer plenamente o poder legislativo. As leis portuguesas no perodo pluralista estavam compiladas em 2 grandes obras: O livro das leis e posturas que rene leis de D. Afonso II a D. Afonso IV. Esta limita-se a agrupar as leis para que estas no se percam. Situa-se ente o sc.: XIV e XV. Ordenaes de D. Duarte, estas so mais tardias, mais perfeitas pois tm as leis organizadas por reinados e esto feitas de uma forma sistemtica para mais fcil utilizao. O rei acrescentou um ndice e um texto introdutrio sobre a virtude de um bom julgador.Ivone CostaLicenciatura em Direito ( 1 Ano)Pg. 38 de 91

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Estas 2 compilaes tiveram um carcter particular e existe quem as considere trabalhos preparatrios para a realizao das ordenaes afonsinas.

Direito dos sc.: XII a XV, criado pelos prudentes, sendo estes os criadores do direito. Os juristas medievais estudavam o direito. Chama-se direito prudencial ao resultado da criao jurdica dos prudentes que corresponde ordem normativa criada pelos juristas. Os prudentes eram aqueles juristas que na sociedade sabiam distinguir o justo do injusto e por isso em cada caso estavam mais perto de saber a soluo jurdica mais acertada, mais prxima da verdade. Conceito, significado? O prudente, o criador do direito prudencial, nos dias de hoje seria um jurista, s que o jurista nos nossos dias diferente, sendo apenas o veio de interpretao das normas jurdicas, limitado pelo poder poltico, condicionando-o. O jurista actual burocrata, age em conformidade com o poder poltico vigente. O Jurista medieval era prudente, o chamado prudente medieval, este o agente que exerce funes, interpreta normas jurdicas, algum que tem margem de interveno diferente, actua exercendo a actividade margem no estando condicionado como o jurista actual est; um jurista acadmico. Este tem liberdade de actuao, procurando a soluo mais justa no tendo limitao. O prudente um criativo do direito, desenvolvendo uma interpretao e integrao das normas jurdicas, integram solues mais adequadas. Podemos at considerar o prudente como um jurista autoritrio, respeitado pelo seu saber. Actualmente, o jurista est condicionado dentro do prprio poder poltico, do sistema. Existe a burocracia ou seja, a inteno de dividir descentralizando os poderes para tornar o direito mais eficaz. Este um serventurio do poder poltico consagrando-