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20-05-2009 Psicologia Social Licenciatura em Ciências da Comunicação 1 5. Grupos e dinâmica de grupos 5.1. Tipos de grupos 5.2. Dinâmica de grupo 5.3. Cooperação e liderança

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Licenciatura em Ciências da Comunicação 1

5. Grupos e dinâmica de grupos

5.1. Tipos de grupos

5.2. Dinâmica de grupo

5.3. Cooperação e liderança

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Grupo: interacção, interdependência e consciência mútua (Deutsch, 1968)

Um agregado é tanto mais um grupo quanto:

a) Menor for o seu número de membros

b) Maior for a interacção entre os membros

c) Mais longa for a sua história

d) Menos o seu futuro se reduz ao horizonte próximo

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Critérios:

1. Tamanho ou dimensão do grupo

1.1. Grupos pequenos ou restritos – até 30 membros, duas grandes vantagens: são de

mais fácil pesquisa e permitem um relacionamento mais pessoal entre os membros.

1.2. Grupos grandes ou extensos – mais de 30 elementos, tendem a criar maiores

problemas ao nível da comunicação interna e do grau de envolvimento e participação

individual dos seus membros

2. Grau de intimidade

2.1. Grupos Primários (C.H.Cooley) – interacções face a face (grupo de trabalho ou

amigos): íntimas, pessoais, espontâneas, informais, profundamente sentidas nas

simpatias e antipatias individuais

2.2. Grupos Secundários – interacções indirectas (clubes desportivos e grandes

organizações). As relações tendem a ser artificiais, formais, contratuais e impessoais.

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3. Função dos grupos

3.1. Grupo orientado para a execução de tarefas – tarefa é o objectivo a atingir. O líder

não se preocupa com as relações entre os membros. (ex: equipa de futebol profissional)

3.2. Grupo sócio-emocional – visa satisfazer as necessidades sociais e emocionais dos

membros. O líder preocupa-se com as suas relações (ex: clube social)

4. Requisitos para a condição de membros do grupo

4.1. Grupo prescrito – pertence-se ao grupo pelas características pessoais ou herdadas

(ex: ser-se português)

4.2. Grupo adquirido – a adesão é voluntária (ex: sindicatos)

5. Grau de pertença:

5.1. Grupos de pertença

5.2. Grupos de Referência – os elementos não pertencem ao grupo, mas identificam-se

com ele (ex: adeptos de clubes de futebol).

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2 eixos de diferenciação dos Grupos primários:

Naturais

Momentâneos Duradouros

Artificiais

Grupos naturais: enraizados numa existência natural ou de facto (família, aldeia, vizinhança)

Grupos artificiais: o grupo reune-s razões exteriores à vontade directa dos seus membros

(grupos experimentais ou de laboratório)

Grupos momentâneos: com uma existência colectiva de curta duração (reunião, debate)

Grupos duradouros: com uma existência colectiva de longa duração

Ex: grupos naturais podem ser duradouros (família) ou momentâneos (campo de férias).

grupos artificiais podem ser duradouros (empresa com relações formais) ou

momentâneos (manifestação de estudantes).

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ESTRUTURA GRUPAL

A – Estrutura Informal

Relações afectivas entre os vários membros do grupo: tem mais a ver com os indivíduos do

que com as posições sociais.

Sociometria (Moreno, 1934):

técnica de representação das escolhas, preferências ou padrões de atracção interpessoal num

grupo.

Parte do princípio que é preciso medir o grau de sociabilidade, composto por atracções,

repulsões e indiferenças.

Constrói-se uma matriz de dupla entrada com base nas preferências interpessoais dos

membros do grupo.

Seguidamente, constrói-se um sociograma.

É possível identificar os indivíduos com mais popularidade (estrelas) e os mais rejeitados

(bodes expiatórios) mas também os Cliques (relações de reciprocidade) e as coligações.

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B – Estrutura Formal

Carácter oficial e obrigatório das relações funcionais entre os seus membros

Articulação de papéis e estatutos visíveis no organograma do grupo.

É relativa aos objectivos do grupo e define funções. Uma função implica:

um sistema global no qual se insere

uma posição ou um lugar nesse sistema

um papel a desempenhar

valores como a eficiência e a competência

O indivíduo é investido de uma posição social, de um papel e de um estatuto oficial: está num

sistema de expectativas em relação aos outros e dos outros em relação a ele.

Lei empírica das organizações: “quanto mais formalizada for a estrutura, isto é, quanto maiores

forem os constrangimentos sobre as comunicações e comportamentos, mais se desenvolvem

estruturas informais do tipo face to face.”

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Dinâmica de Grupos (Kurt Lewin): o grupo é um determinante do espaço psicológico do

indivíduo e portanto do comportamento individual.

T-Group (Lewin): visava a reformulação do comportamento com vista a uma maior eficácia das

actividades grupais e a um maior empenhamento nessas actividades.

Dinâmica de Grupos:

fenómenos psicossociais que se desenvolvem nos pequenos grupos

conjunto de métodos que permitem agir sobre o indivíduo e sobre a organização a

partir dos grupos:

observação directa em laboratório,

reveste-se de aspectos ideológicos: defende uma concepção humanista do trabalho

e da organização, onde se destaca o autodesenvolvimento do indivíduo e a liderança

participada.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPOS

1. BRAINSTORMING

criada por Osborn

destinada a resolver problemas da dinâmica empresarial das empresas modernas

O brainstorming só se poderá realizar perante um problema simples, claro, preciso e conciso

(um problema complexo deverá ser dividido em várias sessões).

Fases do Brainstorming:

1ª – exposição de abertura: apresentação do problema por um animador – 10 a 20 minutos.

No fim da exposição, o animador reduz o problema a uma questão concisa, clara e precisa.

2ª – exposição das ideias ou fase produtiva – 60 a 90 minutos. Cada membro expõe as suas

ideias sobre a questão em foco. (fase mais importante para Osborn)

3ª– escrutínio , selecção das ideias ou fase selectiva –120 a 180 minutos. São escolhidas as

melhores ideias.

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Três condições para um brainstorming:

1. organização do grupo:

8 a 12 pessoas, óptimo de 10 e mínimo de 6 pessoas.

os participantes devem ter um status social comum, embora sejam desejáveis algumas

diferenças em termos de idade, sexo e especialização de cada um.

em cada sessão devem ser escolhidos cerca de 5 membros com uma imaginação fértil.

2. organização material do grupo:

o grupo deverá instalar-se em lugares confortáveis, isentos de perturbação

de preferência, reuniões matinais.

mesa oval ou redonda, cada participante com uma placa com o nome.

animador ocupará um lugar estratégico para presidir à reunião.

3. existência de observadores:

para cada dois participantes um observador que anota as ideias dos participantes sem

mencionar o nome do emissor.

Quando as ideias são confusas, o observador aguarda que o animador as reformule

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Regras a respeitar na sessão de Brainstorming:

a imaginação é sempre bem vinda

a quantidade de ideias deve prevalecer sobre a qualidade

a crítica e auto-crítica não são toleráveis

é permitido associar uma ideia subsequente a uma ideia original: associação mental de ideias

quando um participante quer emitir uma ideia, levanta o braço perante o animador;

quando pretende associar uma ideia a outra já emitida, estala os dedos.

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2. ANÁLISE INTERACCIONAL

Forma como cada indivíduo age e reage em relação aos outros (nível funcional).

Processo experimental para investigar grupos em laboratório: Robert Bales (sociólogo e

psicólogo de Harvard):

sala com paredes de vidro especial que funcionavam como espelho para os que

estavam no interior e como vidro transparente para os que estavam de fora.

formou 30 grupos de estudantes universitários com 5 elementos cada e apresentou-

lhes um problema de relações humanas que deveriam solucionar.

objectivo era desencadear acções e reacções individuais.

utilização de técnicas de gravação de som e imagem.

Classificou as diversas unidades de interacção consubstanciadas em gestos,

abstenções, omissões, risos, etc.

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12 unidades de interacção:

Plano socio-emocional

1ª Solidariedade 12ª antagonismo

2ª Libertação da tensão 11ª tensão

3ª Concordância 10ª discordância

Plano de acção

4ª Dá sugestão 9ª pede sugestão

5ª Dá opinião 8ª pede opinião

6ª Dá informação 7ª pede informação

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Rea

cçõe

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gativ

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3 fases numa reunião grupal:

1. Fase inicial - actos de informação, que regridem, à medida que aumentam os de sugestão;

2. Fase intermédia - predominam actos de opinião que diminuem até se atingir a fase final

3. Fase final - após o ponto de maior tensão, predominam reacções positivas em que são frequentes os

risos, numa solidariedade que demonstra que o grupo atingiu o consenso.

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3. ANÁLISE TRANSACCIONAL/PAC

Analisa fenómenos emotivos e sentimentais que decorrem da interacção (nível afectivo)

PAC – diferentes estados do Eu:

Eu pais (Parent):

sermões, tomar conta dos outros, julgar, ordenar, punir, criticar, etc.

utiliza expressões como: deve, precisa, isto está certo ou errado, nunca, sempre.

fala de braços cruzados e de dedo em riste

Eu adulto (Adult):

objectivo, calmo, tranquilo.

Usa expressões para dar informações, resolver problemas, discutir racionalmente.

Eu criança (Child):

identificável por expressões infantis.

deixa transparecer toda a emotividade: Ri, chora, grita, tem explosões de temperamento

usa expressões como “eu quero”, “bestial”, “viva”, “fixe”, etc.

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4. PSICODRAMA E SOCIODRAMA

Psicodrama: acento tónico no indivíduo

Sociodrama: acento tónico no grupo

Desenvolvimento de condições favoráveis à libertação da espontaneidade (Moreno, 1928)

Role playing: objectivo é uma reconstituição dramática em que

o paciente revive o seu papel em certas circunstâncias da vida diária ou

tenta desempenhar o papel de outros

leva à consciencialização das origens das dificuldades próprias e das causas das

tensões com os outros.

Aplicações:

Tratamento de dificuldades de adaptação social em todas as idades

Área das relações humanas em indústrias

Exploração das capacidades intelectuais em direcções de empresas

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As estruturas de poder e influência emergem do processo de diferenciação vertical dos grupos

Os líderes emergentes nem sempre são os mais populares (Bales, 1950):

Líderes instrumentais

Líderes sócio-emocionais ou expressivos

O poder é uma consequência da liderança (French e Raven, 1959):

1. Poder posicional ou formal

associado a uma posição hierárquica,

capacidade de exercer influência com base na atribuição de recompensas ou punições

legalmente instituídas

É estrutural e anterior aos processos de interacção (grupos formais)

2. Poder pessoal

• influência que é exercida por características pessoais e não necessariamente hierárquicas

• Modalidades: competência, informação e atracção emocional (poder de referência)

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3. Poder legítimo – a autoridade (Weber, 1947):

o poder posicional é legitimado quanto mais for reconhecido pela sua competência técnica

ou carisma

em grupos não hierárquicos, a legitimação pode levar a uma hierarquia informal

As competências de um líder estão relacionadas com a tarefa específica mas também com a

sua capacidade de coordenar interacções – relaciona-se com a dinâmica de grupo.

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Estilos de liderança (Lewin, 1938):

1. autocrático: fixação de objectivos específicos, sem permitir interacção entre os membros,

com controlo estrito da disciplina

2. Democrático: permite trocas interpessoais – trabalho cooperativo e menor controlo da

disciplina

3. Laissez-faire (permissivo): o líder demite-se das funções de coordenador do grupo

A experiência foi realizada com grupos de rapazes de 10 anos submetidos a diferentes estilos

de liderança:

A liderança democrática não era menos eficaz em termos de produtividade que a

autocrática

As soluções dos grupos democráticos eram mais criativas e as crianças estavam mais

satisfeitas

No clima laissez-faire os resultados negativos acumulam-se