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POLICIA MILITAR DA BAHIA ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS (CFO) Profª. Ivana Schnitman - 2011 - Módulo de Metodologia do Trabalho Científico

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POLICIA MILITAR DA BAHIA

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS (CFO)

Profª. Ivana Schnitman

- 2011 -

Módulo de Metodologia do Trabalho Científico

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APRESENTAÇÃO

Prezado (a) estudante

Vivemos em um mundo de mudanças constantes. Face às exigências sociais atreladas ao

advento da globalização surgiram novas tecnologias da informação e, com efeito, um novo perfil

de homem que se pretende formar. Tais mudanças originaram novos paradigmas culturais e

educativos. Desta forma, o conhecimento apresenta-se como um dos instrumentos mais valiosos

para o progresso da ciência e da humanidade.

A disciplina Metodologia do Trabalho Científico I busca contribuir para a compreensão das

ferramentas teórico-metodológicas da investigação científica, em função da apropriação da

realidade e da construção do conhecimento científico. Ela tem como abordagens centrais a

classificação do conhecimento, a concepção de ciência, as metodologias de pesquisa científica, os

conhecimentos e as técnicas referentes à produção dos diferentes trabalhos acadêmicos, assim

como seus critérios, em uma perspectiva dialógica e crítica.

As informações presentes neste material didático servirão de subsídio para a sistematização e

registro dos conhecimentos apreendidos ao longo da disciplina, instrumentalizado-os sobre as

normas e procedimentos importantes na concepção, desenvolvimento e organização de seus

trabalhos acadêmicos.

Bons Estudos!

Profa. Ivana Schnitman

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

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SUMÁRIO

1 CONHECIMENTO E CIÊNCIA .............................................................................................. 5

1.1 Conhecimento Humano ............................................................................................. 5

1.1.1 Teoria do conhecimento .............................................................................. 7

1.1.2 Conhecimento: conceitos e fundamentos .................................................. 8

1.2 Tipos de Conhecimento........................................................................................... 10

1.2.1 Conhecimento popular ............................................................................... 11

1.2.2 Conhecimento religioso ............................................................................. 12

1.2.3 Conhecimento filosófico ............................................................................. 12

1.2.4 Conhecimento científico ............................................................................ 13

1.3 A Ciência e Suas Características ........................................................................... 15

1.3.1 A ciência e o fazer científico ...................................................................... 15

1.3.2 Concepções de ciência .............................................................................. 17

1.4 Pesquisa Científica .................................................................................................. 21

1.4.1 Positivismo.................................................................................................. 22

1.4.2 Funcionalismo ............................................................................................ 23

1.4.3 Estruturalismo............................................................................................. 24

1.4.4 Dialética ...................................................................................................... 25

1.4.5 Fenomenologia ........................................................................................... 26

1.4.6 Modelo holístico ......................................................................................... 26

2 PESQUISA E TRABALHOS ACADÊMICOS ..................................................................... 29

2.1 As Metodologias da Pesquisa ................................................................................. 29

2.1.1 Conceitos sobre pesquisa ......................................................................... 29

2.1.2 Classificação da pesquisa ......................................................................... 29

2.1.3 Tipos de pesquisa: Objetivo, procedimento e aborgagem ...................... 30

2.2 Sistematização, Registro e Trabalhos Acadêmico ................................................ 34

2.2.1 Análise e interpretação de texto ................................................................ 34

2.2.2 Tipos de análise de textos ......................................................................... 35

2.2.3 Resumo de texto ........................................................................................ 36

2.2.4 Fichamento de texto .................................................................................. 37

2.2.5 Resenha...................................................................................................... 38

2.2.6 Artigo científico ........................................................................................... 40

2.3 Normas Para Apresentação de Trabalho Acadêmico ........................................... 43

2.3.1 Regras de apresentação ........................................................................... 43

2.3.2 Numeração progressiva ............................................................................. 44

2.3.3 Alíneas ........................................................................................................ 45

2.3.4 Paginação ................................................................................................... 45

2.3.5 Ilustrações e tabelas .................................................................................. 45

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

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2.4 Normas Para Elaboração de Citações e Referências ........................................... 47

2.4.1 Citação ........................................................................................................ 47

2.4.2 Sistema de chamada ................................................................................. 50

2.4.3 Formas de citação ...................................................................................... 51

2.4.4 Sistema numérico ...................................................................................... 52

2.4.5 Referências ................................................................................................ 53

2.4.6 Observações gerais: .................................................................................. 54

2.5 As etapas da pesquisa científica..........................................................................57

2.5.1 Análise de conteúdo ................................................................................... 63

2.5.2 Projeto de pesquisa científica .................................................................... 65

GLOSSÁRIO.................................................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 71

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

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1 CONHECIMENTO E CIÊNCIA

O tema apresenta concepções sobre o conhecimento humano e suas classificações, além de

referendar a ciência, seus princípios e características. Por fim, apresenta o que é pesquisa científica

e seus meios de produção.

1.1 CONHECIMENTO HUMANO

Este encontro aborda as concepções sobre conhecimento humano, enfatizando a maneira

pela qual ele é produzido. Desta forma, serão debatidas as dimensões que o conhecimento assume

para suprir as diferentes necessidades humanas.

O conhecimento humano se processa à medida que nos defrontamos com os fatos,

fenômenos e objetos no mundo, de maneira direta ou indireta. Segundo Luckesi e Passos (2002) o

sujeito cognitivo se apropria diretamente do

conhecimento a partir do enfrentamento entre ele mesmo

e o mundo exterior mediatizado pela experiência, isto é, o

sujeito é desafiado por uma nova circunstância que se

apresenta e ele empreende esforços e métodos para

desvelar o seu sentido e atribuir significado. Já a

apropriação indireta da realidade parte da compreensão

inteligível que fazemos sobre esta via entendimento já

produzido por outro, isto é, existe um mediador que

experimentou e comunicou o conhecimento, revelando a

sua interpretação sobre a realidade. Ambas as

modalidades de conhecimento são imprescindíveis para a

compreensão do mundo pelo homem, são retro-

alimentadas mutuamente e estão profundamente

relacionadas.

A educação é um recurso potencial capaz de proporcionar conhecimento ao sujeito.

Entretanto ressalvo algumas experiências educativas inovadoras, o sujeito tem recebido

passivamente o conhecimento que, na maioria das vezes, é imposto pela ideologia dominante,

através das instituições de ensino. Neste sentido, a prática educativa não deve se restringir apenas

à transmissão e manutenção do legado de conhecimentos, sobretudo, incitar o debate sobre as suas

construções, relações e implicações, querem de natureza epistemológica, filosófica, histórica,

cultural, éticas, morais ou sociais. O levantamento de problemas e a construção de hipóteses, a

partir de conhecimentos prévios, para além da investigação de teorias, reforçam o diálogo entre os

atores sociais e contribuem para a discussão e reflexão dos fatos.

Neste sentido se insere a discussão sobre a educação matemática como campo de formação

do sujeito e neste debate importa diferenciar o matemático do educador matemático. O primeiro,

por exemplo, tende a conceber a matemática como um fim em si mesmo e, quando requerido a

atuar na formação de professores de matemática, tende a promover uma educação para a

matemática priorizando os conteúdos formais dela e uma prática voltada à formação de novos

pesquisadores em matemática, explicam Fiorentini e Lorenzato (2006).

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

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O segundo - o educador matemático – concebe a matemática como um meio ou instrumento

importante à formação intelectual e social de crianças, jovens e adultos e também do professor de

matemática do ensino fundamental e médio e, por isso, tenta promover uma educação pela

matemática. Ou seja, o educador matemático, na relação entre educação e matemática, tende a

colocar a matemática a serviço da educação, priorizando esta última, mas sem estabelecer

dissociação entre ambas (FIORENTINI; LORENZATO, 2006).

O educador, de maneira geral, deve problematizar o conhecimento junto aos estudantes, e

também as disciplinas, os conteúdos, os significados e os significantes. Isso implica

desenvolvimento de um esforço político, autodisciplina e consciência crítica que lhe permita:

a)Questionar toda forma de pensamento único, o que significa introduzir a suspeita sobre

as representações da realidade baseadas em verdades estáveis e objetivas.

b)Reconhecer, diante de qualquer fenômeno, [...] as versões da realidade que representam

e as representações que tratam de influir.

c)Incorporar uma visão crítica que leve a perguntar-se a quem beneficia essa visão dos

fatos e a quem marginaliza...

d)Introduzir, diante do estudo de qualquer fenômeno, opiniões diferenciadas, de maneira

que o aluno comprove que a realidade se constrói desde pontos de vista diferentes, e que

alguns se impõem frente a outros não pela força dos argumentos, mas sim pelo poder de

quem os estabelece [...]. (HERNÀNDEZ, 1998, p. 33).

Se o educador perseguir este pensamento e atitude, não se restringiria, apenas, à transmissão

e manutenção do legado de conhecimentos materializados “pela cultura e pela existência do

homem branco, ocidental, heterossexual e de classe média” (LOURO et al, 2003, p. 42), mas levaria

a efeito a contestação de uma cultura hegemônica e monolítica que silencia, portanto, nega a

sociedade plural, protagonizada por grupos organizados coletivamente em torno de identidades

culturais. Assim, as demandas culturais e os novos paradigmas da educação levam a efeito uma

nova concepção de conhecimento humano.

Muitas são as concepções que demarcam um novo olhar sobre o conhecimento e a educação

na atualidade: não mais a transmissão de conteúdos, e sim a formação de sujeitos cognitivos com

competências e habilidades para enfrentar situações inesperadas, solucionar problemas,

acompanhar o desenvolvimento do conhecimento em suas áreas de interesse e respeitar a

pluralidade cultural planetária. Isso possibilitou uma revisão sobre a função social da educação, já

que a educação, na perspectiva de Brandão (2003), é uma fração da experiência endoculturativa.

Ela aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar-aprender.

Sendo assim, devemos considerar que a educação abrange os processos formativos que se

desenvolvem em várias esferas: na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas

instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais, conforme expressa o artigo 1º da LDB (1996). Já Morin (2001) afirma que a

educação é, ao mesmo tempo, transmissão do antigo e abertura da mente para receber o novo. Mas

o que é o novo? Como se dá o conhecimento, afinal? Vejamos na próxima seção.

PARA SABER MAIS!

Sobre informação, conhecimento e sociedade em rede acessem o site:

http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Formacao_do_Educado

r/Sociedade_rede_2004.pdf

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1.1.1 TEORIA DO CONHECIMENTO

O encantamento e curiosidade do ser humano ao contemplar a Natureza, o Universo, enfim,

as coisas que o cercam, dá início ao processo do conhecimento, que termina por produzir o saber

de forma metódica e organizada. Isto só é possível porque existe o sujeito e o objeto. O sujeito é

aquele que conhece ou está disponível a conhecer e refere-se ao sujeito cognoscente, inteligível,

que possui uma consciência que lhe permite a apropriação e compreensão dos fatos, fenômenos e

objetos ao seu entorno. O objeto, por sua vez, se refere àquele que está disponível a ser conhecido,

ou seja, o cognoscível, caracterizado pelos artefatos da natureza em geral.

Assim, a relação entre o sujeito e o objeto produz o conhecimento humano

e o saber. Portanto, o termo conhecimento vem do latim e significa cognoscere,

conhecer pelos sentidos. O conhecimento passa a existir quando o indivíduo

traduz, pelo pensamento e linguagem, a experiência vivenciada. Portanto, o

conhecimento e/ou o ato de conhecer se origina na busca de resolução dos

diversos problemas humanos, bem como às inquietações inerentes ao viver.

A teoria do conhecimento é como seu nome indica uma teoria, isto é, uma explicação ou

interpretação filosófica do conhecimento humano. Mas, antes de filosofar sobre um objeto, é

necessário examina-lo minuciosamente e decompô-lo.

Uma exata observação e descrição do objeto devem preceder qualquer explicação e

interpretação. É necessário, pois em nosso caso, observar com rigor e descrever com exatidão

aquilo a que chamamos conhecimento, esse peculiar fenômeno de consciência. Ao conhecer, o

homem procura apreender os traços gerais essenciais de um dado fenômeno, por meio da

experiência e auto-reflexão.

O fenômeno do conhecimento apresenta-se em seus aspectos fundamentais da seguinte

maneira: no conhecimento encontram-se frente a frente o sujeito (consciência) e o objeto (mundo);

o conhecimento apresenta-se como uma relação entre estes dois elementos; o dualismo sujeito e

objeto pertencem à essência do conhecimento.

Vejamos o esquema a seguir:

A relação entre sujeito e objeto apresenta-se como uma correlação. A função do sujeito

consiste em apreender o objeto e a do objeto em ser apreendido pelo sujeito. Daí se origina o

conhecimento, como fruto da razão humana e das experiências vivenciadas e acumuladas pelo

sujeito cognoscente. A crítica é uma ferramenta fundamental para avaliação do conhecimento

existente, consequentemente, para a produção de novos conhecimentos.

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Veja, a seguir, um breve esquema sobre a noção de conhecimento nas correntes filosóficas do

racionalismo, empirismos e interacionismo:

1. Racionalismo (RAZÃO) – O conhecimento é inato ao homem. Este já nasce com a razão

pura, com o conhecimento, isto é, com certas noções prévias sobre as coisas que existem no

mundo. O sujeito influencia o objeto.

Pensador: René Descartes.

S O

2. Empirismo (EXPERIÊNCIA) – O homem é semelhante a uma “tabula rasa” e, através da

experiência com as coisas do mundo ele adquire e acumula conhecimentos. O objeto influencia o

sujeito.

Pensador: John Locke.

S O

3. Interacionismo (INTERAÇÃO) – O homem modifica o meio em que vive e, ao mesmo

tempo, é modificado por ele, ou seja, o homem é produto e produtor do meio no qual se insere. Há

uma relação recíproca entre sujeito e objeto, eles se influenciam mutuamente.

Pensador: Immanuel Kant

S O

Analise a charge da Mafalda...

E reflita: De onde vem o conhecimento humano?

ENRIQUEÇA SEUS CONHECIMENTOS!

Conheça um esquema de idéias interessante sobre teoria do conhecimento acessando o

site: http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm

1.1.2 CONHECIMENTO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS

O conhecimento pode ser visto como a apreensão da

realidade por meio do pensamento e a capacidade de tornar lúcido

ao pensamento o que se apreendeu. Para Luckesi e Passos (2002,

p.15), o conhecimento pode ser definido como “elucidação da

realidade”, isto é, o esforço de enfrentar o desafio da realidade,

buscando o seu sentido, a sua verdade. Já Aranha e Martins (1993,

p.21) definem o conhecimento como “*...+ o pensamento que

resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o

objeto a ser conhecido”.

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Enfim, conhecimento refere-se ainda a uma qualidade humana de interagir ativamente sobre

o mundo a fim de garantir a sobrevivência humana. O homem, utilizando de suas capacidades,

procura conhecer o mundo que o rodeia, produzindo, assim, conhecimentos. A dimensão do

conhecimento abrange o ato de conhecer, representado pela relação que se estabelece entre a

consciência que conhece e o mundo conhecido e o produto, resultado do conteúdo desse ato, ou

seja, o saber adquirido e acumulado pelo homem ao longo da história da humanidade.

Se buscarmos a palavra francesa connaissance, podemos observar que o termo conhecimento é

originário da palavra nascer (naissance). Os homens são diferentes dos outros seres exatamente

pela capacidade de conhecer, sua consciência. O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e

o processo do conhecimento mostra aos homens que eles jamais são seres prontos ou possuem

formulações absolutas na medida em que estão sempre nascendo de novo, descortinar a realidade.

Conhecer é atividade especificamente humana. Ultrapassa o mero “dar-se conta de”, e

significa a apreensão, a interpretação. Conhecer supõe a presença de sujeitos; um objeto que

suscita sua atenção compreensiva; o uso de instrumentos de apreensão; um trabalho de debruçar-

se sobre. Como fruto desse trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação do conhecido – que já

não é mais o objeto, mas uma construção do sujeito. O conhecimento produz, assim, modelos de

apreensão – que por sua vez vão instruir conhecimentos futuros (FRANÇA, 1994, p. 140).

O célebre educador brasileiro Paulo Freire (1979) explica que o conhecimento não pode ser

visto como um ato, através do qual, um sujeito, transformado em objeto, recebe, passivamente, os

conteúdos que o outro lhe oferece ou lhe impõe. O conhecimento exige uma posição de

enfrentamento e de transformação sobre a realidade, em um percurso constante de busca,

portanto, de invenção e reinvenção. Ele impõe uma reflexão crítica do sujeito sobre o ato de

conhecer a fim de que identifique os condicionamentos a que seu ato está submetido. Já, para o

sociólogo e pensador francês Edgar Morin (1986, p. 16),

O conhecimento é um fenômeno complexo e multidimensional, simultaneamente elétrico,

químico, fisiológico, celular, cerebral, mental, psicológico, existencial, espiritual, cultural,

lingüístico, lógico, social, histórico. Oriundo necessariamente de uma atividade cognitiva,

determina uma competência de ação, constituindo-se no saber que intermédia ambos os

processos.

Na filosofia, conforme as palavras de Abbagnano (1970, p. 45), o conhecimento, encontra-se

definido como:

[...] um procedimento operacional, uma técnica de verificação de um objeto qualquer, isto

é, qualquer procedimento que torne possível a descrição, o cálculo ou a previsão

controlável de um objeto; e por objeto de entender-se qualquer entidade, fato, coisa,

realidade ou propriedade, que possa ser submetido a tal procedimento.

Ao materializar-se, o conhecimento assume diferentes formas: a do senso comum, da ciência,

da filosofia, da religião. Isto corresponde aos quatro tipos de conhecimentos existentes: o senso

comum ou conhecimento empírico; o conhecimento religioso; o filosófico; e o científico. Estes são

os tipos mais comuns de conhecimento, muito embora alguns autores delimitem outros tipos,

como o intuitivo e o mítico. Entretanto na próxima seção iremos nos ater aos quatro principais.

PARA REFLETIR

Afinal, o que é conhecimento? Para obter respostas a este questionamento, acesse o site:

http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm

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SÍNTESE

Nesta seção, vimos que o sujeito é aquele que quer conhecer; e o objeto é aquele a ser conhecido; e que

a relação entre ambos resulta no conhecimento humano. Curioso é que o homem (sujeito cognoscente) é o

único elemento que pode ser sujeito e objeto do conhecimento. Isto porque ele é dotado de uma consciência

que lhe permite investigar e ser investigado, embora em circunstâncias distintas.

Ex.: O cientista (homem) pode estudar outro homem em várias perspectivas: da sociologia, investigar

o homem na interação com os grupos sociais; na medicina, analisar a fisiologia do homem e as reações

químicas do organismo; na biologia, avaliar os impactos do ecossistema no homem etc.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete silva. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. 4. ed.

São Paulo: Cortez, 2002. INDICAÇÕES DE SITES

http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei22.htm

http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Formacao_do_Educador/Sociedade_re

de_2004.pdf

1.2 TIPOS DE CONHECIMENTO

Este encontro versa sobre os tipos de conhecimento humano, seus

conceitos, suas características, e a importância das várias tradições e

maneiras de desvendar a realidade, enfatizando o conhecimento científico.

Compreender os níveis de conhecimento é um importante

instrumento para maior orientação prática no dia-a-dia, superação da

ignorância e da obscuridade face à realidade, libertação individual e social,

além do uso dos diferentes níveis como suportes para a ação humana.

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Com o propósito de explicitar os processos de produção e os modos de apropriação do

conhecimento, se insere o tema em debate. Como já evidenciado, o conhecimento pode assim ser

categorizado: popular, religioso, filosófico e científico. Apesar desta separação didática no

processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias, já

que se encontra em contato permanente com tradições distintas de produção do conhecimento ao

longo da história.

1.2.1 CONHECIMENTO POPULAR

O conhecimento popular, também denominado de vulgar, empírico ou senso comum, resulta

do modo espontâneo e corrente de conhecer. É o conhecimento que deu embasamento a todos os

outros. Surgiu no início da caminhada empreendida pelo ser humano através de sua relação com o

mundo na expectativa de sobrevivência e seguirá enquanto o ser humano existir. Para Ander-Egg

(1978), as características do conhecimento popular são: "superficial, sensitivo, subjetivo,

assistemático e acrítico".

É superficial porque não se aprofunda nas observações, acredita no que viu e na maneira

como foi contado o fato. É sensitivo porque se contenta com as aparências e emoções do cotidiano.

É subjetivo porque é o próprio sujeito que organiza o saber e as experiências, tanto aqueles que as

obtêm por vivência, quanto os que as aprenderam por "ouvir dizer". É assistemático porque não

sistematiza as experiências e as idéias, nem tampouco a forma como as adquiriu e nem as

tentativas de validá-Ias. Esta característica fundamenta-se na "organização" particular das

experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura

de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a

transmissão de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. Finalmente, é acrítico porque sendo

verdadeiro ou não, sempre recebe críticas.

O conhecimento empírico não explica o "porquê" da ocorrência dos fatos ou fenômenos. Ele

se basta por si só, porque se refere à sobrevivência do homem e é passado de geração a geração.

O conhecimento popular, academicamente é tido ainda como, valorativo, por excelência,

pois se fundamenta em uma seleção operada com base em estados de ânimo e emoções; é também

verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode

perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que

se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses

sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.

Barros e Lehfeld (1986), classificam de conhecimento sensível o senso comum e relacionam

com características as mesmas já indicadas. Apenas usam as terminologias, destituído de método,

para assistemático e impregnado de projeções psicológicas para acrítico. Vejamos as classificações:

a)Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar

simplesmente estando junto das coisas, expressando-se por frases como "por que o vi", "por

que o senti", "por que o disseram", "por que todo mundo o diz".

b)Sensitivo, ou seja, referente às vivências, aos estados de ânimo e às emoções da vida

diária.

c)Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto

os que adquirem por vivências próprias quanto os "por ouvi dizer".

d)Assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa à sistematização das

idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las.

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e)Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se

manifesta sempre de forma crítica.

1.2.2 CONHECIMENTO RELIGIOSO

O conhecimento religioso ou teológico sempre foi direcionado no sentido de se compreender

a realidade do homem e do Universo. Não demonstra e nem experimenta. Explica tudo pela fé e

revelação divina. Conforme Lakatos e Marconi (2003), este conhecimento se apóia em doutrinas

que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural

(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, e indiscutíveis

(exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino)

como obra de um criador divino; suas evidências não são verificáveis: estão sempre implícitas

uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso parte do

princípio de que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em

"revelações" da divindade.

O conhecimento teológico supõe e exige a autoridade divina; nele se fundamenta e só a ele

atende; a ciência ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só admite o

que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente os fatos.

Santos (2002), explica que depois do senso comum este tipo de conhecimento é o mais antigo.

Derivou do conhecimento mítico e se confunde com ele na explicação do princípio de tudo. Nesta

fase mítica dois ramos de interpretação se estabelecem. Um admitia a existência de vários deuses

para explicar, o bem, o mal, os fenômenos e as coisas. O outro admitia um só Deus soberano,

criador e sustentador de tudo e de todos; e tudo, escrito, falado e registrado, era transmitido por

revelação de Deus. Os livros sagrados representam este tipo de conhecimento.

1.2.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico como o próprio termo indica é originário da Filosofia. Esta palavra

foi utilizada pela primeira vez por Pitágoras no século VI a.C. Em sentido etimológico, Filosofia

significa devotamento à sabedoria, isto é, amigo da sabedoria, o que significa interesse em acertar

nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e o mal.

A Filosofia tem como propósito questionar os problemas reais, usando princípios racionais.

Ela procede de acordo com as leis formais do pensamento, tem método próprio,

predominantemente dedutivo em suas colocações críticas. A filosofia pode ser definida ainda

como o conjunto de estudos ou considerações que se caracterizam pela intenção de ampliar a

compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la em sua inteireza, quer pela busca da

realidade capaz de abranger todas as outras, quer pela definição do instrumento capaz de

apreender a realidade. Assim, podemos considerar que a filosofia indaga, traça rumos, assume

posições, estruturas correntes que inspiram ou dominam mentalidades em determinados períodos,

mas que, em seguida, perdem vigor diante de novas concepções, que geralmente hostilizam as

anteriores, à maneira das correntes literárias, das artes em geral ou das religiões.

Para Santos (2002), o conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste

em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipótese filosóficas baseiam-se na

experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação"; por

este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses

filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem

refutados.

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É racional, em virtude de consistir em um conjunto de enunciados logicamente

correlacionados; é sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam à representação coerente da

realidade estudada, em uma tentativa de apreendê-la em sua totalidade; é infalível e exato, quer na

busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de

apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao

decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado

pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e

o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana.

1.2.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico é representado pela Ciência e pode ser definido como o conjunto

organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, obtidos mediante a observação, a

experiência dos fatos e um método próprio. Neste sentido, são requisitos básicos do conhecimento

científico: a) que o campo do conhecimento seja delimitado, bem caracterizado e formulado o

assunto que se deseja investigar; b) que existam métodos adequados de pesquisa para o estudo em

questão.

Diferentemente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científico não

atinge simplesmente os fenômenos em sua manifestação global, mas os atinge em suas causas, na

sua constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, de explicar,

de justificar, de induzir ou aplicar leis, isto é, de predizer com segurança eventos futuros.

O conhecimento científico visa conhecer pelas causas, isto é, saber cientificamente, é também

ser capaz de demonstrar. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar porque explica

os fenômenos e não só os apreende. O conhecimento científico é crítico, rigoroso, objetivo, nasce da

dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas.

PARA SABER MAIS...

Sobre espírito científico e descubra como se origina uma investigação científica.

http://br.geocities.com/perseuscm/espiritocientifico.html

Lakatos e Marconi (2003) caracterizam o conhecimento científico da seguinte forma: é real

(factual) porque lida com ocorrência ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se

manifesta de algum modo". Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou

hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela

razão, como ocorre com o conhecimento filosófico.

É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de

idéias (teorias) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da

verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não

pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser

definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o

desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Esse tipo de conhecimento se distingue dos demais tipos apresentados, visto que oferece a

verificação do fato pesquisado, é falível e sistemático. A ciência se preocupa em estabelecer as

propriedades e os padrões interdependentes entre as propriedades, para construir as

generalizações ou as leis.

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14

Não se duvida, entretanto, que muitas das disciplinas científicas existentes têm surgido das

preocupações práticas da vida cotidiana, como a geometria dos problemas de medição e

levantamento topográfico nos campos; a mecânica de problemas apresentados pelas artes

arquitetônicas; a biologia dos problemas humanos [...] (TRUJILLO, 1982, p. 6). Assim, podemos

considerar que a pesquisa científica deve ser orientada para buscar resolver ou apresentar soluções

para os problemas sociais, econômicos, políticos e científicos existentes.

Conforme o exposto, o conhecimento científico é estruturado, limitado e utilizam-se

modelos, verificáveis, falíveis, aproximadamente exatos. Assim, concluímos que as verdades

científicas são provisórias e nunca absolutas e acabadas.

Barros e Lehfeld (2000, p. 38) destacaram os seguintes princípios sobre o conhecimento

científico:

O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas e esse

procedimento é conseqüente do bom senso organizado e sistemático. O conhecimento

científico transcende o imediatamente vivido e observado, buscando a formulação de

paradigmas. O conhecimento científico, considerado como um conhecimento superior

exige a utilização de métodos, processos, técnicas especiais para a análise, compreensão e

intervenção na realidade. A abstração e a prática hão de ser dominadas por quem

pretende trabalhar cientificamente.

Conforme apresentação e descrição dos tipos de conhecimento e suas características

principais, vejamos, de forma breve e resumida, as características apresentadas por Santos (2002).

APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS.

Pesquisando sobre os tipos de conhecimento humano, conhecimento relacionado à

educação, na perspectiva de Jean Piaget; e ainda, buscar respostas para as perguntas: “o que é o

conhecimento”? ou “como os diversos tipos de conhecimento são possíveis”? Na abordagem de

autores diversos, acesse os sites:

http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/tiposdeconhecimento.rtf

http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01136/piaget-epistemo.htm

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15

SÍNTESE

Para finalizar este encontro, apresentamos, brevemente, a concepção e a classificação de Jean Piaget

sobre o conhecimento e apropriação da realidade. Ele acreditava que o conhecimento só poderia ser

construído através da atuação do indivíduo com o meio ou da interação do indivíduo; e, assim, definiu três

tipos de conhecimento:

Conhecimento físico: conhecimento das propriedades físicas dos objetos e eventos. É um

conhecimento inerente ao objeto (descoberta, através da experiência, da natureza dos objetos), resultante a

ação sobre o ambiente.

Conhecimento lógico-matemático: conhecimento construído pelo sujeito, mediante as experiências

com os objetos. Refere-se aos conceitos elaborados sobre um grupo de objetos; e também é resultante da ação

sobre o ambiente.

Conhecimento social: conhecimento construído a partir de convenções estabelecidas por grupos

sociais ou culturais, é um conhecimento desenvolvido através das interações entre sujeitos.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científica. 3.

ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.

INDICAÇÃO DE SITES

http://br.geocities.com/perseuscm/espiritocientifico.html

http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/tiposdeconhecimento.rtf

http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01136/piaget-epistemo.htm

1.3 A CIÊNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

Esta seção de encontros aborda as concepções existentes sobre ciência, considerando seu

contexto histórico e cultural, os elementos que a caracterizam e as suas limitações no cenário

contemporâneo. Analisaremos a importância da estruturação do conhecimento científico na

evolução da sociedade.

1.3.1 A CIÊNCIA E O FAZER CIENTÍFICO

Não podemos abordar o fazer científico sem antes considerar o que é ciência, qual o seu

objetivo e o seu papel na sociedade. Estas questões são fundamentais para compreensão dos

processos científicos que o estudante deve lançar mão para organizar os conhecimentos adquiridos

ao longo de sua vida acadêmica.

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16

Vamos, então, iniciar o nosso debate com o conceito de Ciência. Ele pode ser concebido como

um conjunto de conhecimentos, que se dá através da utilização adequada de métodos rigorosos,

capazes de controlar os objetos, fatos e fenômenos investigados. Relaciona-se esse conhecimento

aos objetos empíricos, passíveis de observação e experimentação.

A etimologia da palavra ciência:

Ciência (scire) é saber, conhecer.

Barros e Lehfeld (2000, p. 41) explicam: “a ciência é também definida como sendo o estudo

de problemas formulados adequadamente em relação a um objeto, procurando para ele soluções

plausíveis, através da utilização de métodos científicos”.

Para Ander-Egg (1978), em sua obra “Introdución a las técnicas de investigación social”, a

ciência é um conjunto de conhecimentos racionais e prováveis, que é obtido de forma metódica,

sistematizada e verificável.

Já Trujillo (1974), a define da seguinte maneira: “a Ciência é todo um conjunto de atitudes e

atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser

submetido à verificação”.

Assim, em todas as áreas do conhecimento humano a ciência através da pesquisa científica

visa descrever, explicar e prever os fenômenos que integram a realidade em questão, tornando o

mundo inteligível mediante interpretações racionais e sistemáticas em que se assegura o

conhecimento científico. Entre os objetivos da ciência estão a busca do controle prático da

natureza, a descrição e compreensão do mundo e a possibilidade de predição. Estes são

determinados pela necessidade que o sujeito possui em compreender e controlar os fenômenos que

o cercam. Portanto, é a necessidade do homem por uma compreensão mais aprofundada do

mundo, bem como a necessidade de precisão para a troca de informações, que acabam levando-o à

elaboração de sistemas mais estruturados de organização do conhecimento.

Conforme Trujillo (1974), a ciência manifesta-se através de métodos e construções

intelectuais que:

Possibilitam a interpretação e a explicação adequada dos objetos, fatos e fenômenos da

realidade; visam à verificação dos fenômenos, através da observação e experimentação;

possibilitam a observação racional e o controle dos fatos; fundamentam os princípios da

generalização ou o estabelecimento dos princípios e das leis.

Segundo Ferrari (1982, p. 3), o papel da ciência na visão contemporânea é o de proporcionar:

“aumento e melhoria do conhecimento; descoberta de novos fatos e fenômenos; aproveitamento

espiritual, aproveitamento material do conhecimento; estabelecimento de certo tipo de controle

sobre a natureza”.

Assim, é do conhecimento científico e/ou da pesquisa científica que a Ciência se constitui,

por isso buscamos estabelecer relação entre ambas. A pesquisa científica é um processo que

começa quando se coloca um problema que precisa de solução, e para encontrá-la o sujeito, ou

melhor, o especialista social, deve elaborar um projeto de pesquisa que lhe permita descobrir,

explicar e, se possível, prever determinadas situações, bem como repercussões que a solução

proposta há de ter no social, afirma Soriano (2004).

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17

PARA SABER MAIS

Pesquise sobre as principais concepções de ciência na dissertação de mestrado

intitulada “Evolução das concepções de alunos de ciências biológicas da UFBA sobre a natureza

da ciência: influências da iniciação científica, das disciplinas de conteúdo específico e de uma

disciplina de história e filosofia das ciências”. Acesse o site:

http://www.ppgefhc.ufba.br/dissertacoes/eraldo2003.pdf

1.3.2 CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA

Muitos são os conceitos de ciência, pois cada autor imprime sua visão sobre o conteúdo. No

que diz respeito à sua contextualização histórica, podemos dividir a ciência em três períodos,

representado por suas características e paradigmas teóricos, que alteram a visão de homem,

mundo, bem como ciência e método. As fases históricas são: a ciência grega, representada pelo

período que vai do século VIII a.C. até o final do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até

o início do século XX e a ciência contemporânea que surge no início deste século e perdura até os

dias.

Ciência Grega

Na Grécia antiga, a partir do século VIII a.C. e alcançando o século IV a.C. A ciência tinha

como princípios fundamentais a compreensão da natureza e a busca pela verdade e pelo saber e

era conhecida como “filosofia da natureza”. Nesta época, o conhecimento científico era vinculado

ao campo da filosofia, tendo os grandes filósofos como cientistas. Nesta fase, não havia a distinção

entre ciência e filosofia.

A filosofia também conhecida como “mãe de todas as ciências”, foi responsável pela origem

dos diversos ramos do conhecimento, por exemplo, a biologia, a física, a ética, a aritmética, a

metafísica, a antropologia, a medicina e tantas outras ciências. O conhecimento científico

produzido era demonstrado como correto e justificável através de argumentos lógicos. Nesta fase,

não havia um tratamento sistemático do problema, mas sim a preocupação com a demonstração da

tese, tendo como recurso usual o discurso e a lógica.

Anaximandro, Heráclito, Empédocles, Tales de Mileto, Parmênides, Pitágoras, Anaxágoras,

Demócrito – conhecidos como os pré-socráticos; e Sócrates, Platão e Aristóteles são alguns dos

principais filósofos deste período.

Ciência Moderna

A ciência moderna, resultante da revolução científica do Renascimento, é caracterizada,

basicamente, pela experimentação científica, o que acarretou mudança na visão de mundo,

especialmente, de ciência, de verdade, de conhecimento e de método. Nesta fase, as tradições de

natureza religiosa, filosófica, ou cultural, foram abandonadas, pois distorciam a verdadeira visão

do mundo.

A verdade passa a ter como critério, na ciência moderna, o da relação entre a assertiva dos

enunciados e a evidência dos fenômenos, direcionada pelo experimento científico e seus métodos

rigorosos. Dente os principais nomes da ciência moderna, estão: Bacon, Galileu, Newton,

Copérnico e Kepler.

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18

Conheça o esquema de método de Galileu Galilei, basilar da ciência contemporânea e,

consagrado neste período, segundo Santos (2002, p. 94):

Ciência Contemporânea

Com os teóricos contemporâneos, a exemplo de Einstein, Bohr e Heisenberg, dentre outros, o

mito da pesquisa isenta de influências subjetivas foi desencorajado. A ciência moderna foi

caracterizada, sobretudo, pela proposta de uma interpretação humana sobre a experiência, mais do

que uma simples descrição da realidade. O cientista examina, julga e critica suas formulações, em

um movimento de revisão constante, com o auxílio das novas tecnologias da informação e

comunicação.

No final do século XIX e início do XX, ocorre uma tomada de consciência de que a ciência

necessita de reavaliação, por parte de alguns pensadores, que passaram a colocar em dúvida a

validade dos métodos científicos utilizados naquela época. Desta forma, o próprio conceito de

ciência é questionado, seus critérios, a noção de certeza, da relação entre ciência e realidade e a

veracidade dos modelos científicos na compreensão da realidade.

Além dos pensadores citados, um grande expoente da epistemologia contemporânea é Karl

Popper. Este teórico defendeu a tese de que o cientista deve ocupar-se muito mais com o possível

levantamento de teorias que refutem sua tese, do que com explicações e justificações que

asseguram sua validade.

Depois de Popper, a história da ciência é agraciada com a contribuição de Kuhn. Este teórico

negou a teoria anterior e sustentou que a idéia de que a ciência progride pela ideal de refutação,

que possibilitam a construção de novas teorias. Estas produzem novos paradigmas, que servem

como referência para a produção de outros conhecimentos.

Feyerabend chegou a uma síntese a partir das duas teses anteriores. Ele defendeu o

pluralismo metodológico, desacreditando as posições positivistas, idéia de um método único,

capaz de responder às indagações da pesquisa. Acredita que as normas de pesquisa são violadas,

pois o cientista desenvolve aquilo que mais lhe agrada. Assim, estes três pensadores modificaram

profundamente a noção de ciência como absoluta, previsível, controlável e destituída de

subjetividade por quem a produz.

No contexto atual, marcado pela velocidade de informações, o método científico vem

sofrendo um acentuado processo de mudança. Segundo Santos (2002), o cientista moderno busca

chegar à verdade perpassando as fases a seguir: a) descobrimento do problema; b) delineamento

do problema; c) uso de instrumentos relevantes; d) tentativa de solução com meios identificados; e)

invenção de novas idéias; f) obtenção de uma resposta aproximada; g) pesquisa das conseqüências

em relação à solução obtida; h) confronto das respostas; i) correção das hipóteses; e caso a solução

for incorreta começa-se um novo ciclo.

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19

Características da Ciência

Barros e Lehfeld (2000) abordam as seguintes características como constituintes da ciência: a)

racionalidade; b) coerência; c) representação do real; d) questionamento sistemático; e) analítica; f)

exige investigação e utilização de métodos; g) agrupa objetos da mesma espécie para a

investigação; h) é comunicável. Vejamos suas definições:

Racionalidade: utilização do raciocínio analítico, lógico e sintético, desconsiderando as

impressões subjetivas e a emoção. Trata-se da racionalização do conhecimento, caracterizada pela

sistematização e coordenação metódica do raciocínio, observação, conclusão e aplicações frente aos

fatos, fenômenos e objetos da natureza.

Coerência: investigação sistemática entre a idéia e o fato, isto é, visa estabelecer concordância

entre o objeto e o conhecimento, procurando aferir a verdade a uma determinada realidade. Em

uma perspectiva crítica visam atingir a objetividade e à mensuração na pesquisa.

Representação do Real: representa um quadro abstrato e codificado do real, isto é, o

conteúdo concreto apreendido pelos sentidos, pelo pensamento sobre a realidade circundante.

Questionamento Sistemático: a ciência, através de seus estudos, busca sempre sua

superação. Para tanto, lança mão do questionamento contínuo, debate, justificativas,

demonstrações e críticas pondo em dúvida a legitimidade dos argumentos e das razões

fundamentais.

Analítica: delimitação e decomposição do objetivo do estudo. Analisar significa examinar

cada fragmento e/ou parte de um todo. Trata-se de um estudo pormenorizado que se empreende

no exame de cada parte de um todo, tendo em vista conhecer sua natureza, suas proporções, suas

funções, suas relações.

Exige investigação e utilização de métodos: utilização rigorosa de estratégias para

pesquisar, indagar, inquirir o fenômeno estudado. Trata-se de um caminho pelo qual se atinge

determinado objetivo, lançando mão de métodos seguros e confiáveis de se validar o

conhecimento.

Agrupa objetos da mesma espécie para a investigação: trata-se da extensão de um princípio

ou de um conceito a todos os casos a que se pode aplicar. Esta característica pode ser entendida

como processo pelo qual se reconhecem caracteres comuns a vários objetos singulares, daí resulta

quer na formação de um novo conceito ou idéia quer no aumento da extensão de um conceito já

determinado que passe a cobrir uma nova classe de exemplos, a fim de facilitar a investigação

científica.

Comunicável: uma vez validadas, as descobertas científicas, são comunicadas à sociedade,

pois servem de estímulo à resolução dos demais problemas individuais e sociais.

Limitações da Ciência: o homem sempre empreendeu esforços para validar como verdade

as descobertas sobre o mundo e, para tanto, utilizou os princípios de objetividade, universalidade

e neutralidade científica para seus experimentos, visando à interpretação e explicação dos objetos,

fatos e fenômenos. Entretanto como produto eminentemente humano, a ciência não se caracteriza

pela perfeição. Por este fato, ela está em constante processo de renovação. Novos aparatos

tecnológicos e procedimentos científicos são desvendados e promovem a descoberta de novas leis

e teorias científicas.

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20

Na visão de Demo (2000, p. 46),

A ciência é edifício bastante frágil: o melhor que pode alcançar é a oferta de apreciação

continuamente cambiantes de como as coisas funcionam. Nosso conhecimento é sempre

atacável e provisório. Cada nova teoria científica está condenada a ser objetada sempre

pela seguinte.

Sendo assim, a ciência é tão mutável como quem a produz: o homem. Toda resposta a

questionamentos científicos levanta uma gama de outras discussões. O que significa dizer que é do

conhecimento novo que se originam tanto outros, uma espécie de lapidação da verdade, basta

fazer uma analogia com o processo de lapidação do diamante. Assim também ocorre com o

conhecimento humano. Tosco no princípio, mas aos poucos, torna-se capaz de resolver uma

diversidade de problemas, especialmente, a cura para doenças e revoluções tecnológicas.

A ciência e a tecnologia são os pilares fundamentais para atender aos objetivos de aumento e

melhoria do conhecimento humano, mas elas não poderão ser bem sucedidas senão por uma

integração da ciência e da cultura e, por uma aproximação integrada, que vise sobrepujar a

fragmentação que se encontra o pensamento humano, encabeçado pela concepção mecanicista do

conhecimento. Na visão de Weill (1993), acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem

sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo no qual habitamos.

O autor acredita que o homem quebrou a unidade do conhecimento e distribuiu os pedaços

entre os especialistas. Para os cientistas, entregamos a natureza; aos filósofos, à mente; aos artistas,

ao belo; aos teólogos e à alma. Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando-a pelos

domínios da matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e de tantas outras

disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a religião, cada um desses ramos se

subdividindo ao infinito.

Entretanto a proposta da ciência contemporânea é de síntese e de integração entre as

tradições construídas pela humanidade ao longo da história, pois devemos ter como princípio, a

reorientação da ciência e da tecnologia em direção das necessidades fundamentais do homem,

considerando não apenas os progressos da informática, da biotecnologia, de engenharia genética,

mas a integração do pensamento e da ação humana, bem como a incorporação de uma nova

consciência para a produção ética de novos conhecimentos.

PARA SABER MAIS!

Há progressos impensáveis na ciência. Os cientistas norte-americanos criaram um teste

de HIV que dá o diagnóstico do paciente em apenas 20 minutos. O teste rápido para detecção de

anticorpos contra o vírus HIV requer apenas uma gota de sangue e pode fornecer resultados

precisos em tempo exíguo. O aparelho que realiza o teste já se encontra à venda nos Estados

Unidos e, certamente, chegará em breve ao Brasil.

http://www.medcompare.com/showcase.asp?showcaseid=91

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21

TEXTO COMPLEMENTAR

O que é, afinal, metodologia científica? Para obter resposta a este questionamento, acesse:

http://www.leffa.pro.br/textos/Metodologia_pesquisa.pdf. Este texto discute como o conhecimento científico

foi construído na história, a sua natureza e relações. Pesquise a sua referência completa e discuta com seus

colegas. SINTESE

Sendo assim, busque outras referências (livros, internet) e comente o exemplo acima, referendando os

efeitos positivos e negativos da ciência no que se refere à vida individual e coletiva, isto é, à evolução da

sociedade.

Acesse a Wikipédia – a enciclopédia livre da internet - e leia temas interessantes como ciência, método

científico, filosofia da ciência e campos da ciência.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia

Científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2000

CARVALHO, Alex et al. Aprendendo Metodologia Científica. São Paulo: O Nome da Rosa, 2000, p.

11-69

CHAUÍ, Marilena. A preocupação com o conhecimento. In:______. Convite à filosofia. 12. ed. São

Paulo: Ática, 2001, p. 109-119.

INDICAÇÃO DE SITES

http://www.unicamp.br/~chibeni/texdid/ciencia.doc

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia

http://saude.bol.com.br/medicina/folha/2002/11/12/02.jhtm

1.4 PESQUISA CIENTÍFICA

Apresentamos, neste encontro, as concepções epistemológicas da pesquisa científica que

tomaram fôlego ao longo da história e seus princípios teóricos, bem como os pensadores que as

representaram.

As concepções de ciência são marcadas pelo seu contexto histórico e cultural, portanto, a

ciência, em sua evolução, adquiriu concepções diferenciadas e estes paradigmas influenciaram os

processos que envolvem a pesquisa científica. As diversas correntes passaram a agregar a

epistemologia das ciências. Como estamos nos referindo à concepção epistemológica da ciência,

cabe elucidar o conceito de epistemologia; já que o conceito de ciência foi abordado em seções

anteriores.

A epistemologia é um ramo da filosofia que tem por objetivo principal estudar os

pressupostos ou fundamentos do conhecimento científico em geral e de cada ciência em particular.

A "filosofia da ciência" (o mesmo que epistemologia) é um ramo extremamente amplo cujos

principais temas nem sempre há acordo entre os seus teóricos. A falta de consenso não deve ser

motivo de grande preocupação ou tampouco de desistência por parte daqueles que se iniciam nas

sendas do conhecimento científico. Basta observar que, apesar dos inúmeros problemas colocados

pelos estudiosos da epistemologia, a ciência ocupa um lugar de especial relevância no mundo

contemporâneo.

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

22

Além do mais, não podemos esquecer que as ciências estão continuamente em formação.

Certos setores ou limites de uma determinada ciência dão lugar, com o passar do tempo, a ciências

novas e a novas correntes científicas. Os teóricos da ciência (epistemólogos) estudam diversas

questões, tais como os diferentes tipos e evolução das teorias científicas, a lógica da linguagem

científica e seus aspectos metodológicos. Sem dúvida, o primeiro grande tema da epistemologia é

definir que tipo de saber é o científico e quais os paradigmas que o circundam. Várias respostas

têm sido dadas a essa questão e, de uma maneira geral, nenhuma delas é plenamente absoluta.

Vejamos, então, as correntes existentes e uma breve explicação de seus fundamentos.

1.4.1 POSITIVISMO

Encabeçado pelo filósofo francês Auguste Comte, também considerado o pai da Sociologia, o

positivismo representa uma corrente científica que tem como fundamento principal a

experimentação, sob influência das ciências experimentais no início do século XIX. A Ciência é

representada pela maturidade do espírito humano e a imaginação está subordinada à observação,

sendo eminentemente previsível e controlável.

Comte foi o grande expoente do positivismo. Ele defendeu a tese de que o homem, em seu

processo de conhecimento, assume três estágios de explicação: teológico; metafísico; positivo ou

científico. O primeiro é caracterizado pelas explicações mitológicas; o segundo, pelas explicações

místicas; e o terceiro, pelas fundamentações científicas. Este último tem como foco central a

observação; os estudos descritivos; a existência dos fenômenos; utilização de modelos

matemáticos, por isso, o uso de técnicas estatísticas; as relações entre variáveis e fatos.

Nessa abordagem, o pesquisador necessita observar os fenômenos com cuidado especial, a

fim de quantificar suas variáveis e atingir os resultados, por meio da isenção da subjetividade.

Para tanto, deverá lançar mão de alguns métodos das ciências exatas, transpondo-as às ciências

sociais e humanas, o que certamente reduz a amplitude da análise.

A Ciência, nesse caso, tem como propósito essencial estabelecer relações entre os fatos e

descreve-los com detalhamento. Apesar de o positivismo ter ganhado grande aderência e

representatividade na segunda metade do século XIX, atualmente, perdeu parte de sua influência,

por causa dos contra-argumentos de outros grupos ou organizações, no século XX. Apesar de

algumas críticas, esta teoria é bastante utilizada nos centros de pesquisas, por se tratar de uma

elaboração sistemática e metódica acerca da realidade, especialmente, pelas pesquisas de caráter

experimental e quantitativo.

Auguste Comte (1798-1857) é apontado como o iniciador da

"ciência", especialmente a Sociológica. Ele foi professor de matemática da

Escola Politécnica (Paris) e em 1842 publicou, em seis volumes, o seu

principal livro, Curso de Filosofia Positiva. Sua doutrina seguiu

posteriormente um curso sensivelmente distinto após ter conhecido

Clotilde de Vaux. Os fundamentos dessa nova fase do seu pensamento

encontram-se no livro “Sistema de Política Positiva”, publicado, em quatro volumes, no ano de

1851. Além de se preocupar com questões práticas e morais, Comte instituiu nessa obra a "religião

positivista da humanidade" que, governada por sociólogos-sacerdotes, deveria oferecer finalmente

uma unidade e harmonia de pensamento, sentimentos e ações entre os homens. Muitos seguidores

de Comte romperam com ele devido a essa proposta. Este pensador exerceu uma profunda

influência em outros teóricos, principalmente em Herbert Spencer e Emile Durkheim. Desenvolveu

uma teoria ou doutrina conhecida como positivismo ou filosofia positiva.

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

23

1.4.2 FUNCIONALISMO

Entre as décadas de 1930 e 1960, o funcionalismo foi a teoria dominante nas ciências sociais.

Nos fins do século XX, perdeu grande parte de sua representatividade, mas não ficou

desaparecida. Segundo essa corrente, a Ciência incorpora uma visão de sistema, portanto, ela trata

de proceder a investigações sobre formas duráveis da vida sociocultural de uma dada realidade. A

ciência social por excelência analisa o desempenho e posições de papéis, normas, organizações,

funções etc.

O sociólogo francês Émile Durkheim é o expoente do funcionalismo. Nesta corrente, à

medida que há ordem, ocorre o progresso. Para ele, cada indivíduo exerce uma função específica

na sociedade e sua má execução compromete o funcionamento desta. Por sociedade, entende um

todo em funcionamento, como um sistema de operação.

Para interpretar a sociedade, realizou estudos sobre o fato social. Este define como elemento

exterior à medida que existe antes do próprio indivíduo; e coercitivo na medida em que a própria

sociedade posiciona suas normas, sem a opinião dos sujeitos dela partícipes.

O método funcionalista toma a sociedade como uma estrutura complexa de grupos ou

indivíduos reunidos em uma trama de ações e reações sociais, isto é, como sistema de instituições

sociais correlacionadas entre si, em uma relação de ação e reação. Assim, a teoria funcionalista

enfatiza a existência de regras e valores comuns essenciais à manutenção (ordem) de uma

sociedade.

Auguste Comte, Herbert Spencer e Émile Durkheim foram os sociólogos que mais

influenciaram o funcionalismo. Todos eles partem do pressuposto de que a sociedade pode ser

vista como um "organismo biológico", constituído de uma estrutura orgânica ou sistêmica. Desta

maneira, a sociedade é concebida como um conjunto composto de elementos que interagem entre

si para a manutenção e harmonia de um todo. Os componentes do sistema contribuem

significativamente para o pleno funcionamento da sociedade.

O filósofo e sociólogo francês Émile Durkheim é um clássico

para as ciências sociais. Suas obras são até hoje lidas e servem como

referência para muitos teóricos das ciências sociais. Foi professor da

Sorbonne e o primeiro professor da cadeira de sociologia nessa

instituição. Através da revista por ele coordenada, L'Année Sociologique,

influenciou muitas áreas do conhecimento social, como a antropologia, a

história e a lingüística. Em 1893 publicou sua tese de doutoramento, A Divisão Social do

Trabalho; em 1895, seu principal trabalho, As Regras do Método Sociológico. Logo em seguida,

em 1897, aplicou a sua metodologia no seu livro O Suicídio, um das pesquisas mais importante

na história da sociologia. A sua obra mais famosa é As Formas Elementares da Vida Religiosa

(1912).

Durkheim é considerado fundador da "Escola Objetiva Francesa", a qual congregava um

conjunto de cientistas sociais que participavam da revista Année Sociologique, por ele fundada.

O seu pensamento é usualmente classificado como "realismo sociológico", devido a sua

concepção de tratar os fenômenos humanos como dotados de uma realidade específica.

Durkheim também é um dos principais representantes da sociologia sistêmica, na qual há uma

grande ênfase na análise dos desempenhos de sujeitos individuais ou coletivos que interagem

mediante comportamentos específicos (morais, econômicos, políticos, religiosos etc.) previstos

por normas reguladoras. A idéia de sistema social é norteadora nesse tipo de análise sociológica.

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1.4.3 ESTRUTURALISMO

A corrente estruturalista toma a realidade social como um conjunto formal de relações. A

Ciência é entendida como um procedimento teleológico da historicidade e da finalidade a se

atingir, por isso, é construído através de inquisições. Por teleológico entende-se argumento,

conhecimento ou explicação que relaciona um fato à sua causa final.

O método funcionalista foi um dos mais utilizados para analisar a língua, a cultura e a

sociedade. O Estruturalismo é melhor visto como uma abordagem geral com muitas variações

diferentes, entretanto, de modo geral, ele visa explorar as inter-relações, isto é, as estruturas,

através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. Existem marcadas diferenças

entre os autores que compõem essa "escola", mas todos eles manifestam uma preocupação em

analisar as estruturas sociais. Em termos gerais, o estruturalismo procura as leis universais e

invariantes da humanidade que operam em todos os níveis da vida humana.

Para as ciências sociais, a obra mais importante no estruturalismo foi realizada pelo

antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, nascido no ano de 1908. Ele iniciou sua carreira

ensinando na Universidade de São Paulo. Lévi-Strauss analisou várias sociedades tribais. A

conclusão de Lévi-Strauss é a de que as verdadeiras estruturas fundamentais da sociedade são as

estruturas da mente humana. Em todo o mundo, os produtos humanos têm uma fonte básica

idêntica: o sistema mental. Mas esse sistema não é produto de um processo consciente.

Mais recentemente, os estudos estruturalistas adquiriram novas dimensões com os trabalhos

dos "pós-estruturalistas", também conhecidos como "neo-estruturalistas". O filósofo e cientista

social francês Michel Foucault é a figura mais representativa dessa corrente. A sua produção é

imensa e tem despertado cada vez mais interesse pelos historiadores. Seus principais livros:

História da Loucura, As Palavras e as Coisas, Arqueologia do Saber e História da Sexualidade.

Suas obras têm sido amplamente divulgadas nas pesquisas em educação e sua contribuição

perpassa o entendimento da cultura via as relações de poder.

O filósofo Claude Lévi-Strauss foi um grande teórico do

Estruturalismo. Nasceu em Bruxelas, mas chegou ao Brasil em 1930

para realizar estudos de campo com índios, o que o consagrou

antropólogo. Em 1955 ganha reconhecimento nos círculos acadêmicos,

tornando-se um dos intelectuais franceses mais conhecidos,

especialmente por publicar a obra Tristes Trópicos, livro

autobiográfico sobre seu exílio em 1930. Após muitas publicações,

Lévi-Strauss passou a segunda metade da década de 1960 se dedicando a sua obra

Mythologiques, distribuída em quatro volumes e merecedora de prêmios no âmbito acadêmico.

É doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo e continua a publicar

ocasionalmente volumes temáticos sobre artes, poesia, bem como experiências pretéritas.

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1.4.4 DIALÉTICA

O termo dialética, no mundo antigo, representava a arte do diálogo, do contraste, e ao

memso tempo, origem de idéias. A Ciência é definida como sendo o ato de se conhecer a análise

do processo do fenômeno como uma parte do processo de conhecimento, realizada a partir de

uma consciência crítica. A dialética não explica, não dá esquema de interpretação, ela apenas

prepara os quadros da explicação. Assim sendo, a concepção dialética de Ciência reproduz um

sistema de conhecimento em desenvolvimento que permite a elaboração de conceitos relativos às

atividades do indivíduo e, portanto, estabelece previsões a respeito da transformação da realidade

e da sociedade.

Esta abordagem é uma das mais utilizadas em pesquisas nas áreas de ciências humanas e

sociais, incluindo a educação, possuindo maior aplicação nestas ciências, do que em pesquisas

naturais, já que estas últimas são destituídas do fenômeno histórico subjetivo que a caracteriza.

Ela é aplicável nas investigações que utilizam técnicas bibliográficas e históricas com

pesquisas textuais, documentais, de registros e dados empíricos, priorizando a análise do discurso.

O esquema básico desta corrente é a trilogia tese, antítese e síntese. Na perspectiva da dialética

Hegeliana, a combinação de uma tese com uma antítese produz uma síntese, isto é, uma nova tese.

Desta maneira, o ciclo se inicia permanentemente e com ele a produção de novas idéias e teorias.

Karl Marx se doutorou em filosofia (1841) pela Universidade

de Berlim e estudou profundamente a teoria de Friedrich Hegel (1770-

1831) e os escritos dos socialistas franceses. Saindo da Alemanha, foi

viver na França, onde conheceu Friedrich Engels (1820-1895), que se

tornou seu amigo, sendo benfeitor e colaborador pelo resto de sua

vida.

Expulso de Paris, Marx muda-se para Londres (1849), onde

permaneceu até sua morte e onde escreveu as obras marcantes para as ciências sociais e

humanas. Seus principais trabalhos são: Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844) Manifesto do

Partido Comunista (em parceria com Engels, 1848), e O Capital (cujo primeiro volume foi

publicado em 1867).

Antes de resumirmos os fundamentos do marxismo, é necessário chamar atenção para

dois aspectos importantes. O primeiro é que Marx não foi exatamente um sociólogo, embora

muito do seu pensamento se enquadre nos limites da sociologia. A teoria marxista extrapola

esses limites.

Marx foi um pensador complexo - foi também filósofo, cientista político, revolucionário,

panfletista, economista - e sua obra teve uma influência marcante em diversas disciplinas. Um

outro aspecto é o de que não existe uma teoria marxista, mas várias interpretações e

desdobramentos da obra de Marx. Nesse sentido, o termo "marxismo" ora se refere ao

pensamento de Marx ora a um grupo variado de doutrinas filosóficas, sociais, econômicas e

políticas fundadas em uma interpretação do pensamento de Marx.

Uma questão amplamente debatida é a de saber se houve ou não "dois Marx". Os que

defendem a tese de "dois Marx" dividem seu pensamento em dois períodos: o primeiro de

orientação mais filosófica, seguindo a tradição hegeliana (o chamado "jovem Marx", em que

expõe seu pensamento principalmente pelos "Manuscritos Econômico-Filosóficos”, de 1844); o

segundo, o Marx de "O Capital", quando se afasta da filosofia e dedica-se a edificar uma ciência

da economia política.

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1.4.5 FENOMENOLOGIA

Na segunda metade do século XX nasce a fenomenologia, como oposição a separação

entre sujeito e objeto do conhecimento. Nesta corrente, a ciência é definida como a proposta

da compreensão representada pela intersubjetividade. A fenomenologia constitui-se em uma

pré-ciência positiva em suas origens, sendo que, após Husserl, outras vertentes fenomenológicas

surgiram, tais como a fenomenologia existencial, a fenomenologia transcendental e a

fenomenologia dialética, que nesta seção, não se inserem como pontos centrais do nosso debate.

Esta corrente tem como objetivo descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se

apresentam à percepção. Seu método compreende a percepção imediata dos fenômenos que

constituem a consciência humana, em uma direção intencional e produto dos atos humanos.

Alguns dos seus princípois epistemológicos são: observação e descrição do fenômeno,

daquilo que se manifesta, aparece ou se oferece aos sentidos ou à consciência; ciência voltada para

as coisas como elas são; possui como elemento central a intencionalidade; estabelece uma nova

relação entre sujeito e objeto, sendo estes visualizados como pólos inseparáveis na construção do

conhecimento e da realidade; desmistifica a visão objetiva do mundo, centrada em uma ciência

neutra despojada de subjetividade, em oposição ao positivismo.

Husserl foi aluno do filósofo alemão Frans Brentano, o

qual influenciou fortemente suas idéias sobre a fenomenologia.

Mais tarde, veio a influenciar o pensamento e as obras de

Heidegger, Sartre, Derrida, entre outros.

Por volta de 1887, converte-se ao cristianismo e passa a

ensinar filosofia até que, ao aposentar-se, continuando ativo nas

instituições de Friburgo, é surpreendido com sua demissão por

causa de sua ascendência judia.

1.4.6 MODELO HOLÍSTICO

Esta abordagem, segundo Barros e Lehfeld (2000), toma a natureza como reflexo da

composição de energia, que, por sua vez, se expressa como mediadora e como unidade da

matéria fundante de informações próprias do ser humano. Nesse sentido, o ser humano é

emoção, mente e corpo, garantido por um processo progressivo de formação e de

programações que se transformam em objetos vitais entre o plano real e o ideal.

Nos aspectos sociais, mais amplos, essa dinâmica energética é traduzida pela expressão

sociopolítica (vida), pela economia (matéria), por leis, valores e ideologias. Por conseguinte, a

ciência é uma construção do conhecimento sem fragmentação, concebendo toda e qualquer

realidade ligada à perspectiva de totalidade.

PARA SABER MAIS, ACESSE:

http://www.cuidardoser.com.br/normose-ou-anomalias-da-normalidade.htm

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TEXTO COMPLEMENTAR

Leia o texto abaixo de Pierre Weill e relacione-o à abordagem holística da pesquisa apresentada por

Barros e Lehfeld (2000). Para tanto, realize pesquisa em livros ou internet para consubstanciar seus

argumentos, bem como evidencie sua opinião favorável ou não a este novo tipo de abordagem do

conhecimento.

Nunca estivemos tão perto da paz. Mas, ao mesmo tempo, jamais ela nos pareceu tão distante. Já

podemos curar doenças que até bem pouco tempo atrás eram terrivelmente mortais. Das pranchetas dos

cientistas brotam animais e plantas que a natureza não criou.

Em laboratórios que fariam inveja a filmes de ficção científica, surgem robôs capazes de executar todo

tipo de serviço, da faxina doméstica à pesquisa espacial. São olhos eletrônicos que espionam os confins do

universo em busca de nossos eventuais parceiros distantes na aventura da vida. Médicos ousam substituir

coração, rins e membros avariados, por órgãos biônicos criados em oficinas. Maravilhas. Ao olharmos em

volta, porém damos de cara com os terríveis subprodutos desse desenvolvimento: miséria, violência e medo.

A humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma espécie de dor do crescimento.

Deixamos de ser crianças, mas ainda não sabemos nos portar como gente grande. Acumulamos

conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo no qual

habitamos. Felizmente, uma nova consciência está se estabelecendo no espírito de grande parte das pessoas.

Ela inspira outra maneira de ver as coisas em ciência, filosofia, arte e religião.

Somos os espectadores privilegiados e os atores principais de mais este ato da “comédia humana”.

Trata-se de um momento de síntese, integração e globalização. Nesta fase, a humanidade é chamada a colar

as partes que ela mesma separou nos cinco séculos em que se submeteu a ditadura da razão.

Esse esforço começa a se fazer necessário porque a crise de fragmentação chegou a limites extremos e

ameaça a sobrevivência de todas as formas de vida sobre a Terra. Dividimos arbitrariamente o mundo em

territórios, pelos quais matamos e morremos. Já se produziu armas nucleares que poderiam destruir várias

vezes o nosso planeta.

A loucura e a competição são tão ferozes que ignoram o óbvio: não haverá uma segunda Terra para

ser destruída, nem ninguém ou coisa alguma para acionar o gatilho atômico depois da primeira vez.

Quebramos a unidade do conhecimento e distribuímos os pedaços entre os especialistas. Para os cientistas,

demos a natureza; aos filósofos, a mente; aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma.

Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando-a pelos domínios da matemática, da

física, da química, da biologia, da medicina e de tantas outras disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia,

à arte e a religião, cada um desses ramos se subdividindo ao infinito.

Como conseqüência, o mundo do saber tornou-se uma verdadeira “torre de babel”, na qual os

especialistas falam cada qual a sua língua e ninguém se entende.

A mais ameaçadora de todas as fragmentações, no entanto foi a que dividiu os homens em corpo,

emoção, razão e intuição, porque ela nos impede de raciocinar com o coração e de sentir com o cérebro.

Autor da Teoria da Relatividade, o físico Albert Einstein demonstrou no início deste século que tudo

no universo é formado pela mesma energia, do mesmo modo que, embora vistos como diferentes, o gelo e o

vapor são em último caso apenas água.

Desse modo, a fragmentação só existe no pensamento humano, cuja propriedade essencial é

justamente a de classificar, dividir e fracionar, para, em seguida, estabelecer relações entre esses fragmentos.

Recuperar a unidade perdida significa reconquistar a paz. Mas, desta vez, o inimigo a derrotar não é o

estrangeiro. Ele mora dentro de nós. É a força que isola o homem racional de suas emoções e intuições.

Foi à própria ciência moderna que começou a exigir o surgimento de uma nova consciência. Incapazes

de responder às questões que eles formulavam, muitos físicos saíram em busca da psicologia, da religião e

das mais importantes tradições da humanidade. Este encontro entre ciência moderna, os estudos

transpessoais e as tradições espirituais constitui o que chamamos de visão holística. É importante que

tenhamos uma clara noção dessa mudança de visão e das conseqüências que ela traz para a educação.

WEILL, Pierre. Uma nova concepção de vida. In: A arte de viver em paz: por uma nova consciência,

por uma nova educação. São Paulo: Gente, 1993. p. 17-18.

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1995. INDICAÇÃO DE SITES

http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm

http://www.culturabrasil.org/durkheim.htm

http://tiosam.com/?q=Estruturalismo

www.ufrgs.br/museupsi/aula28%20maickel.ppthttp://www.culturabrasil.org/marx.htm

http://www.conteudoglobal.com/personalidades/karl_marx/index.asp?action=filosofia_marx&nome=

A+Filosofia+de+Marx

http://www.achegas.net/numero/33/ubiracy_33.pdf

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2 PESQUISA E TRABALHOS ACADÊMICOS

Este tópico apresenta as diversas metodologias da pesquisa científica, os mecanismos

necessários à elaboração de trabalhos acadêmicos e as normatizações da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) sobre apresentação de trabalhos, citações e referências.

2.1 AS METODOLOGIAS DA PESQUISA

Focamos o estudo sobre a pesquisa científica e seus tipos, sua validade e importância para a

descoberta de novos conhecimentos. Abordaremos também os elementos necessários à elaboração

de um projeto de pesquisa, buscando instrumentalizá-los para a construção de um trabalho de

pesquisa acadêmica.

2.1.1 CONCEITOS SOBRE PESQUISA

Inicialmente, podemos considerar que pesquisar significa buscar respostas para as mais

diversas indagações e problemas humanos, sejam eles individuais ou coletivos. A pesquisa pode

ser vista também como uma atividade eminentemente cotidiana, sendo considerada como uma

atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na

realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático” (DEMO,

1996, p. 34).

Gil (1999, p.42) acredita que a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo formal e

sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é

descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.

PESQUISA É...

Um conjunto de ações proposto para resolução de um problema, que tem por base

procedimentos racionais, sistemáticos e metódicos. A pesquisa é realizada quando se tem um

problema de investigação, isto é, algo ou alguma coisa que se pretende investigar. Não se

esqueça desse princípio!

2.1.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Para realizar uma pesquisa científica é fundamental saber usar os instrumentos adequados

para encontrar respostas, ou seja, formular as hipóteses ao problema levantado.

Na visão de Salomon (1999), podemos graduar as pesquisas científicas em:

Pesquisas Puras – têm como intenção ir além da simples definição e descrição do

problema. A partir da formulação de hipóteses claras e definidas, aplicação do método

científico de coleta de dados, controle e análise, procuram inferir a interpretação, a

explicação e a predição.

Pesquisas Aplicadas – se destinam a aplicar leis, teorias e modelos, na solução de

problemas que exigem ação e/ou diagnóstico de uma realidade.

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Pesquisas Exploratórias e Descritivas – têm por objetivo definir melhor o problema,

gerar propostas de solução, descrever comportamentos de fenômenos, definir e classificar

fatos e variáveis. Não atingem o nível da explicação nem o da predição, encontrados nas

pesquisas “puras” ou “teóricas”, nem do diagnóstico e/ou solução adequada dos

problemas deparados nas pesquisas “aplicadas”.

Na definição de Gil (2001) e Demo (1996, 2000), encontramos a classificação das pesquisas

com base em seus objetivos e nos procedimentos técnicos adotados (para analisar os fatos do ponto

de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os dados da realidade, é necessário traçar o

modelo conceitual e operatório). Torna-se importante determinar a metodologia e os

procedimentos adotados que podem auxiliar o pesquisador no bom andamento da investigação:

Classificação que tem como base os objetivos - três grandes grupos: exploratória, descritiva

e explicativa.

Classificação com base nos procedimentos: Bibliográfico, Documental, Experimental,

Operacional, Estudo de caso, Pesquisa-Ação, Pesquisa Participante, Expost-Facto.

Paradigma metodológico de abordagem da pesquisa – duas grandes modalidades:

Quantitativa e Qualitativa.

Santos (1999) acrescenta à classificação apresentada por Gil, destacando a caracterização das

pesquisas segundo as fontes de informações: pesquisa de campo, de laboratório e bibliográfica.

APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS

A classificação da pesquisa com base nos objetivos e nos procedimentos técnicos

adotados, acessando o site: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met02a.htm

2.1.3 TIPOS DE PESQUISA: Objetivo, procedimento e abordagem

Objetivos:

Exploratória: Tem por finalidade a descoberta de práticas ou diretrizes que precisam ser

modificadas e obtenção de alternativas ao conhecimento científico existente. Tem por objetivo

principal a descoberta de novos princípios para substituírem as atuais teorias e leis científicas. É a

coleta de dados e informações sobre um fenômeno de interesse sem grande teorização sobre o

assunto, inspirando ou sugerindo uma hipótese explicativa; É a coleta de dados e informações

sobre um fenômeno de interesse sem grande teorização sobre o assunto, inspirando ou sugerindo

uma hipótese explicativa.

Descritiva: Tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto,

entrar no mérito do seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do pesquisador, que

apenas procura descobrir, a freqüência com que o fenômeno acontece. Visa descrever

determinadas características de populações ou fenômenos ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. Basicamente consiste na coleta de dados através de um levantamento.

Explicativa ou Hipotético-Dedutiva: Tem por objetivo ampliar generalizações, definir leis

mais amplas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacionar hipóteses numa visão mais unitária

do universo e gerar novas hipóteses por força de dedução lógica. Exige síntese e reflexão, visa

identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Explica o “porque das

coisas”. Nas ciências naturais exige a utilização de métodos experimentais e, nas ciências sociais o

método observacional.

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Procedimentos:

Bibliográfica: É desenvolvida a partir de material já publicado, principalmente de livros,

artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Embora em quase

todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas

exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Segundo Lakatos e Marconi (2003), sua finalidade

é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre

determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por

alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. A bibliografia pertinente oferece meios para

definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas nas

quais os problemas não se fixaram suficientemente. Tem como objetivo permitir ao pesquisador o

reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. Assim, a

pesquisa bibliográfica não é apenas repetição do que foi publicado sobre determinado conteúdo,

mas propicia o exame de um tema sob nova abordagem, chegando a conclusões inusitadas.

Documental: Tem por finalidade conhecer os diversos tipos de documentos e provas

existentes sobre conhecimentos científicos. Estes documentos normalmente não receberam

tratamento prévio analítico, encontram-se muitas vezes nos seus locais de origem. É efetuada

essencialmente em centros de pesquisa, museus, acervos particulares e centros de documentação e

registro.

Experimental: Destina-se a obtenção por experimentação de novos sistemas, produtos ou

processo. Quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam

capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e observação dos efeitos que a variável

produz nos objetos em estudo.

Operacional: A finalidade é o desenvolvimento de métodos e técnicas para a solução de

problemas complexos e para a tomada de decisões. Utiliza o conhecimento matemático, através da

programação linear e não linear para a solução de problemas. A pesquisa operacional consiste na

construção de modelos do sistema físico real para serem aplicadas técnicas de simulação e

otimização.

Estudo de caso: Quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de

maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Este tipo de pesquisa,

normalmente, é realizada a partir de um caso em particular e, posteriormente é realizada uma

análise comparativa com outros casos, fenômenos ou padrões existentes. É amplamente utilizada

no levantamento das características e parâmetros de funcionamento ou operação de sistemas e

processos.

Pesquisa-Ação: Investigação realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os participantes representativos da

situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Ela tende a ser

vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos

científicos. A pesquisa-ação não é constituída apenas pela ação ou pela participação, e sim, de

discussão, fazendo avançar o debate das questões abordadas em uma dada pesquisa através dos

seus atores. Caso você se interesse em um artigo da autora Selma Garrido Pimenta, cujo título é

“Pesquisa-ação crítico-colaborativa”: construindo seu significado a partir de experiências com a

formação docente.

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Pesquisa Participante: Segundo Demo (2000, p.21), a pesquisa prática “é ligada à práxis, ou

seja, á prática histórica em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de

intervenção; nesse sentido, não esconde sua ideologia, sem com isso necessariamente perder de

vista o rigor metodológico”. Confere-se a este tipo de pesquisa um componente político e social

que permite debater o processo de investigação a partir da concepção de intervenção na realidade

social. Esta pesquisa se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das

situações investigadas. Conheça o histórico, a definição e a metodologia da pesquisa participante.

Expost-Facto: Quando o “experimento” se realiza após os fatos.

PARA SABER MAIS

Sobre pesquisa, acesse os sites:

http://giselacastr.vilabol.uol.com.br/pesquisapart.htm

http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a13v31n3.pdf

http://www.focca.com.br/cac/textocac/Estudo_Caso.htm

Abordagem:

Quantitativa: Parte do pressuposto de que tudo pode ser quantificável, o que significa

traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de

recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente

de correlação, análise de regressão etc.). É aplicada quando se deseja conhecer a extensão do objeto

de estudo e aplicam-se nos casos em que se buscam identificar o grau de conhecimento, as

opiniões, impressões, seus hábitos, comportamentos, seja em relação a um produto, sua

comunicação, serviço ou instituição. Ou seja, o método quantitativo oferece informações de

natureza mais objetiva e aparente.

Seus resultados podem refletir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus

segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha. O questionário, por exemplo, é o

instrumento de coleta de dados mais utilizado. Ele pode conter questões fechadas (alternativas

pré-definidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre). Na pesquisa quantitativa, a fim

de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística nos dirão se os resultados obtidos são

significativos ou descartáveis. Este tipo de pesquisa baseia-se em rígidos critérios estatísticos, que

servem de parâmetro para definição do universo a ser abordado pela pesquisa.

Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de mercados,

levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões sobre

temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos. O desenvolvimento e aplicação do

método quantitativo têm início com a definição dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em

seguida faz-se o levantamento amostral do universo, ou seja, o número de entrevistas a ser

realizado; elaboração aplicação de pré-teste para validação do questionário e, posteriormente, a

pesquisa em campo; apuração, cruzamento e tabulação dos dados; e, por fim, elaboração de

relatórios para análise estratégica.

Qualitativa: Toma como princípio a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real

e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que

não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados

são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas

estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o

instrumento-chave. É descritiva.

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Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado

são os focos principais de abordagem. Este tipo de pesquisa se caracteriza por reunir ou abrigar

diferentes correntes de pesquisa. Essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos

contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisas diferentes dos

estudos experimentais. Os especialistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se

opõem, em geral, ao pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para

todas as ciências, calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas se

recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma das

ciências da natureza e devam legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que

venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais. A pesquisa

qualitativa se diferencia dos estudos experimentais também pela forma como apreende e legítima

os conhecimentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica

entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo

indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. A produção do conhecimento

não se reduz aos dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é

parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um

significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que

sujeitos concretos criam em suas ações. O que não significa dizer que as pesquisas qualitativas não

descartam a coleta de dados quantitativos, principalmente na etapa exploratória de campo ou nas

etapas em que estes dados podem mostrar uma relação mais extensa entre fenômenos particulares.

PARA SABER MAIS!

Aprofundar mais o conhecimento sobre as possibilidades e limitações da pesquisa

qualitativa e as relações entre a pesquisa qualitativa e quantitativa acesse.

http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C03-art06.pdf

http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf

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34

2.2 SISTEMATIZAÇÃO, REGISTRO E TRABALHOS ACADÊMICO

A metodologia da pesquisa científica orienta procedimentos necessários à elaboração

adequada de trabalhos acadêmicos, especialmente a resenha e o artigo científico. De posse destes

conhecimentos, apresentados ao longo desta seção, você garantirá maior organização e êxito em

suas atividades.

Antes de abordarmos os trabalhos acadêmicos - resenha e artigo científico - apresentaremos,

de forma breve e sucinta algumas dicas de como realizar sistematização e registro das idéias

centrais do texto ou obra que você se dispôs a analisar.

2.2.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

O que devo identificar em um texto?

Tema: Idéia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer do

texto. Em primeiro lugar, busca-se saber do que fala o texto. A resposta a esta questão revela o

tema ou assunto da unidade.

Problema: A apreensão da problemática, que por assim dizer “provocou” o autor, isto é,

pode ser visto como o questionamento de motivação do autor.

Tese: A idéia de afirmação do autor a respeito do assunto. Captada a problemática, a terceira

questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja, como responde à

dificuldade, ao problema levantado? Que posição assume, que idéia defende o que quer

demonstrar? A resposta a esta questão revela a proposição fundamental ou tese: trata-se da idéia

principal defendida pelo autor.

Objetivo: A finalidade que o autor busca atingir. Que mensagem ele espera transmitir com o

texto? O objetivo pode estar explícito ou implícito no texto.

Idéia Central: Idéia principal do texto. A cada parágrafo podemos selecionar a idéia central e

as secundárias.

Após a leitura sistemática de um texto ou obra e identificação dos itens acima propostos,

sugerimos a elaboração de um esquema, a fim de que o estudante estruture as informações

essenciais através de um esquema textual, que, por sua vez, favorece a estruturação de um

esquema mental sobre o conteúdo, facilitando a assimilação deste. Para tanto, precisamos saber

como se elaborar um esquema.

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

35

2.2.2 TIPOS DE ANÁLISE DE TEXTOS

Segundo Andrade (1995) os diferentes enfoques aplicáveis à análise de textos são:

Análise textual - leitura que tem por objetivo uma visão global, assinalando: estilo,

vocabulário, fatos, doutrinas, época, autor, ou seja, um levantamento dos elementos

importantes do texto.

Análise temática - apreensão do conteúdo ou tema, isto é, identificação da idéia central e

das secundárias, processos de raciocínio, tipos de argumentação, problemas, enfim, um

esquema do pensamento do autor.

Análise interpretativa - demonstração dos tipos de relações entre as idéias do autor em

razão do contexto científico e filosófico de diferentes épocas; análise crítica ou avaliação;

discussão e julgamento do conteúdo do texto.

Esquema de Texto

Dicas de elaboração de esquema.

Refere-se ao “esqueleto” do texto.

Pode ser construído em linha vertical ou horizontal.

Utilização de símbolos diversos (chaves, colchetes, listagem por item, setas etc.).

Subordine idéias e fatos, não os reúna apenas (observar a hierarquia de palavras, frases e

parágrafos-chave).

Características do Esquema

Fidelidade ao original.

Estrutura lógica.

Funcionalidade de conteúdo.

Normas.

Aponte o tema do autor, destaque títulos e subtítulos.

O esquema deve possuir uma interpretação pessoal de quem o produz e não a exposição

literal das palavras do autor.

É necessário lembrar que cada parágrafo do texto possui: idéia central e idéias secundárias.

De posse do esquema do texto, você deve organizar seu resumo. O interessante é que

você não precisará voltar ao texto original, pois deve construir o seu resumo a partir de seu

esquema. Lembre-se, o resumo refere-se à interpretação e apresentação das idéias principais de

um texto ou obra, de forma breve, clara, lógica e sucinta.

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36

2.2.3 RESUMO DE TEXTO

Conceito

É a apresentação concisa e seletiva do texto, destacando-se os elementos-chave.

Como Resumir?

Responder a duas questões principais: o que trata este texto? O que pretende demonstrar?

Identificar a idéia central e o propósito do autor.

Identificar as partes em que se estrutura o texto.

Compreender as idéias, exemplos, associar idéias etc.

Distinguir a correlação das partes do texto.

Identificar a articulação entre as idéias (parágrafos).

Segundo Andrade (1995), há vários tipos de resumo e cada um apresenta características

específicas, de acordo com suas finalidades:

Resumo descritivo ou indicativo: nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos do

texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos. Portanto, não dispensa a leitura

do texto original para a compreensão do assunto. Quanto à extensão, não deve ultrapassar

quinze ou vinte linhas: utilizam-se frases curtas que, geralmente, correspondem a cada ele-

mento fundamental do texto, porém o resumo descritivo não deve limitar-se à enumeração

pura e simples das partes do trabalho.

Resumo informativo ou analítico: é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do

original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém

as idéias principais. Não são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O

resumo informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação, deve dispensar a

leitura do texto original para o conhecimento do assunto.

Resumo crítico: consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão,

mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do

resumo. Tal como o resumo informativo, dispensa a leitura do original para a

compreensão do assunto.

Resenha: é um tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente. Além de reduzir o texto,

permiti opiniões e comentários que incluem julgamentos de valor, tais como comparações

com outras obras da mesma área do conhecimento, a relevância da obra em relação às

outras do mesmo gênero etc.

Sinopse (em inglês, synopsis ou summary; em francês,'résumé d'auteur): neste tipo de resumo

indicam-se o tema ou assunto da obra e suas partes principais. Trata-se de um resumo

bem curto, elaborado apenas pelo autor da obra ou por seus editores.

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37

2.2.4 FICHAMENTO DE TEXTO

Conceito

Fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou pesquisa. Os dados

registrados devem ser transcritos com o máximo de exatidão e cuidado. As fichas permitem:

identificar a obra, conhecer o conteúdo, fazer citações, analisar o material e elaborar críticas.

Composição das Fichas

Cabeçalho: título genérico, título específico, número de classificação da ficha, letra

indicativa da seqüência.

Referência Bibliográfica: deve seguir as normas da ABNT. É necessário fazer consulta à

ficha catalográfica do livro.

Texto ou Corpo: o conteúdo que constitui o corpo ou texto das fichas. Varia de acordo com

o tipo da ficha.

Indicação da obra: onde poderá ser utilizada (Indicação do público alvo/ área de

conhecimento - estudos ou pesquisas).

Local: lugar onde se encontra a obra, caso seja necessário voltar a consultá-la.

Tipos de Ficha

Ficha Bibliográfica: serve para indicações bibliográficas; algumas frases sucintas são

suficientes; utilizar verbos ativos para se referir ao autor (analisa, critica, compara).

Ficha de Citação: serve para transcrever trechos do texto. A citação deve vir entre aspas,

indicando o nº. da página do livro entre parênteses ao final dela.

Ficha de Resumo: apresenta a síntese das idéias do autor, de forma clara e objetiva. Não é

longa; não é transcrição, é uma elaboração pessoal.

Ficha de Comentário: interpretação crítica pessoal das idéias expressas pelo autor.

Exemplo de Ficha

FONTE: MEDEIROS (2000)

PARA SABER MAIS!

Conheça as principais diferenças entre resenha, resumo e fichamento, em:

http://www.caminhosdalingua.com/Resenha.html

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ME TO DO L O GI A D O T R AB AL H O CI EN TÍ F I CO I

38

2.2.5 RESENHA

Conceito

É considerada um tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente, pois permite

comentários e opiniões, inclui julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área

e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero (ANDRADE, 1995).

Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 264),

Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha

crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na

crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelos resenhista.

A sua finalidade é apresentar ao leitor, de maneira fiel e objetiva, uma síntese das idéias

fundamentais da obra; estimular o senso crítico, o bom senso e o espírito científico do resenhista; e,

exercitar a pesquisa e a investigação científica, a partir da prática da leitura, compreensão, análise e

interpretação do texto.

É um trabalho acadêmico de grande valor para o pesquisador, pois permite desenvolver uma

percepção mais ampla da realidade empírica através da literatura técnica e científica, bem como a

iniciação na pesquisa científica. Ela pode basear-se em elementos reais, caracterizados por

reuniões, eventos e acontecimentos em geral; ou, em elementos textuais, que se baseiam em livros,

peças teatrais, texto, filme etc.

Para sua elaboração são necessários alguns requisitos básicos, a saber: conhecimento

completo da obra; competência no tema ou área do conhecimento; capacidade de emitir juízo de

valor; independência de juízo; correção e urbanidade e fidelidade ao pensamento do autor,

recomendam Lakatos e Marconi (2003).

Aspectos gerais de construção

Utilizar a linguagem na terceira pessoa

Conduzir o leitor para informações puras

Assegurar boa síntese e uma análise coerente acerca da obra

Demonstrar claramente que resenha é diferente do resumo

Estrutura da Resenha

Lakatos e Marconi (2003) apresentam a seguinte estrutura de resenha:

Referência:

Autor(es)

Título (subtítulo)

Imprensa (local da edição, editora, data)

Número de páginas

Ilustração (tabelas, gráficos, fotos etc.)

Credenciais do Autor:

Informações gerais sobre o autor Autoridade no campo científico. Quem fez o estudo?

Quando? Por quê? Onde?

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Conhecimento:

Resumo detalhado das idéias principais. Do que trata a obra? O que diz? Possui alguma

característica especial?

Como foi abordado o assunto? Exige conhecimentos prévios para entendê-lo?

Conclusão do Autor:

O autor faz conclusões? (ou não?)

Onde foram colocadas? (final do livro ou dos capítulos?) Quais foram?

Quadro de Referências do Autor

Modelo teórico:

Que teoria serviu de embasamento? Qual o método utilizado?

Apreciação

Julgamento da obra:

Como se situa o autor em relação:

o Às escolas ou correntes científicas, filosóficas e culturais?

o Às circunstâncias culturais, sociais, econômicas, históricas etc.?

Mérito da obra:

o Qual a contribuição dada?

o Idéias verdadeiras, originais, criativas? Conhecimentos novos, amplos, abordagem

diferente?

Estilo:

o Conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente? Linguagem correta?

o Ou o contrário?

Forma:

o Lógica, sistematizada?

o Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes?

Indicação da Obra:

A quem é dirigida: grande público, especialistas, estudantes?

AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS

Confira a resenha sobre a obra “O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa

quantitativa e qualitativa”, de ALVES-MAZZOTTI e GEWANDSZNAJDER (1999) e veja os

elementos que a constitui.

http://www.centrorefeducacional.com.br/resmazzo.htm

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40

De forma geral, ao elaborar uma resenha de um texto ou obra, você deve buscar contemplar ou

responder questões chaves, a saber:

o Qual o assunto, a características e as abordagens desenvolvidas?

o Quais os conhecimentos anteriores, direcionamento e alcance do texto?

o Qual o grau de acessibilidade, originalidade do texto?

o Qual a utilidade, validade e relevância?

o Que contribuições apresentam?

o O autor atinge os objetivos propostos?

o O texto supera o tema abordado em outros autores?

o Há profundidade na exposição das idéias?

o A conclusão está apoiada em fatos?

2.2.6 ARTIGO CIENTÍFICO

Artigo, na ABNT (2003), é definido como um “texto com autoria declarada, que apresenta e

discute idéias, métodos, processos, técnicas e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Ele

é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou

estudos realizados a respeito de uma questão.

O seu objetivo essencial é ser um meio eficiente e sucinto de divulgar e tornar conhecidos os

resultados de estudos ou pesquisas. Geralmente, aborda questões que são historicamente

polemizadas, quer sejam teóricas, quer sejam práticas.

Artigo científico é uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute idéias,

métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento e se divide em:

Artigo original: apresenta temas ou abordagens próprias. Geralmente relata resultados de

pesquisa e é chamado em alguns periódicos de artigo científico.

Artigo de revisão: resume, analisa e discute informações já publicadas. Geralmente é

resultado de pesquisa bibliográfica.

São vários os motivos que justificam um pesquisador redigir um artigo científico,

especialmente quando se é aluno dos cursos de graduação e pós-graduação, pois os estudos e

pesquisas desenvolvidos ao longo da vida acadêmica podem se converter em uma publicação de

qualidade, sob forma de artigo. Ademais, os pesquisadores redigem artigos quando:

Não foram estudados certos aspectos de um assunto ou o foram insuficientemente; ou

ainda, se já tratados amplamente por outros, novos estudos e pesquisas permitem

encontrar uma solução diferente.

Uma questão antiga, conhecida, pode ser exposta de maneira nova.

Os resultados de uma pesquisa ainda não se constituem em material suficiente para a

elaboração de um livro.

Ao se realizar um trabalho, surgem questões secundárias que não serão aproveitadas na

obra.

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41

Elementos que compõem o artigo científico:

Elementos pré-textuais

o Cabeçalho: título (e subtítulo) do trabalho; autor(es); credenciais do(s) autor(es) e local de

atividades.

o Resumo: parágrafo na língua do texto que sintetiza os objetivos do autor ao escrever o

texto, a metodologia e as conclusões alcançadas. Composto de frases concisas e objetivas,

não ultrapassando 250 palavras.

o Palavras-chave: termos na língua do texto escolhidos para indicar o conteúdo do artigo,

abaixo do resumo, separadas entre si por um ponto e finalizadas também por ponto.

Elementos textuais

Texto composto basicamente por: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Se for divido

em Seções, deverá seguir o Sistema de Numeração Progressiva (consultar a ABNT).

o Introdução: parte inicial, na qual devem constar a delimitação do assunto, os objetivos da

pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do artigo.

o Desenvolvimento: parte principal, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do

assunto. Divide-se em seções e subseções.

o Conclusão: parte final, na qual se apresentam as conclusões correspondentes aos objetivos

e hipóteses.

Elementos pós-textuais

o Título (e subtítulo) do trabalho em língua estrangeira.

o Resumo em língua estrangeira apresentação do resumo, precedido do título, em língua

diferente daquela na qual foi escrito o artigo.

o Palavras-chave em língua estrangeira.

o Nota (s) explicativa (s).

o Referências: lista de documentos citados nos artigos de acordo com norma da ABNT.

o Glossário.

o Apêndice: documento que complementa o artigo.

o Anexo: documento que serve de ilustração, comprovação ou fundamentação.

o Agradecimentos.

o Data de entrega.

PARA SABER MAIS!

Confira um modelo de artigo de periódico baseado na Norma Brasileira - NBR 6022, do

ano de 2003. Acesse o site: http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf

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42

SÍNTESE

Detalharmos, nesta seção, que os elementos textuais de um artigo científico são: introdução,

desenvolvimento e conclusão. A nossa dica abrange o desenvolvimento do artigo também conhecido como

corpo. Desta maneira, o corpo do artigo pode sofrer alterações, de acordo com o texto, e ser subdividido em

mais itens, ainda que, não convém que os artigos sejam muito subdivididos, para que o leitor não perca a

seqüência, quando necessário, a divisão deve obedecer a uma ordem lógica, na qual cada parte forme um

todo e tenha um título adequado. Por exemplo:

Introdução

Material e Método

Resultados

Discussão

Conclusões

PARA RE-LEMBRAR!

Para produzir um trabalho acadêmico é necessário antes realizar a sua análise textual, o esquema, o

resumo analítico e o fichamento do texto ou da obra.

QUAIS OS TRABALHOS ACADÊMICOS ESTUDADOS?

1. RESENHA:

É um tipo de resumo que apresenta as idéias centrais do texto e julgamento de valor sobre este.

Elementos da resenha:

Referência Bibliográfica

Credenciais do Autor

Conhecimento

Conclusão do Autor

Quadro de Referências do Autor

Apreciação

2. ARTIGO

Exposição breve e concisa sobre o resultado atingido em uma determinada pesquisa científica, sendo

um trabalho de valor para a comunidade científica.

a) Elementos pré-textuais:

Cabeçalho

Resumo

Palavras-chave

b) Elementos textuais:

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

c) Elementos pós-textuais:

Título (e subtítulo) do trabalho em língua estrangeira

Resumo em língua estrangeira

Palavras-chave

Nota (s) explicativa (s)

Referências

Glossário

Apêndice

Anexo

Agradecimentos

Data de entrega BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 4. ed. São

Paulo: Atlas, 2000.

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43

2.3 NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ACADÊMICO

Confira os procedimentos necessários à estruturação de seus trabalhos acadêmicos na pós-

graduação, considerando as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT). Quando se trata de normas, a melhor opção é conhecê-las e usá-las, a fim de que nosso

trabalho acadêmico esteja dentro dos parâmetros indicados.

Nesta seção, buscamos apresentar as normas necessárias à estruturação adequada de seus

trabalhos acadêmicos, a fim de orientá-lo quanto à normalização de trabalhos de conclusão de

cursos no que diz respeito à sua estrutura e organização, a partir da definição de seus itens,

elaboração de referências, citações e demais regras de apresentação do trabalho. O objetivo desta

seção é responder as dúvidas mais comuns e emergentes em normalização de trabalhos

acadêmicos, cabendo, posteriormente, maior aprofundamento e análise através de consulta às

próprias normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), bem como a outras obras

que abordam a redação técnico-científica. Bons estudos!

2.3.1 REGRAS DE APRESENTAÇÃO

Formato

Os textos devem ser apresentados em papel A4, na cor branca, sendo que apenas um dos

lados do papel pode ser utilizado para impressão. Eles devem estar digitados ou datilografados na

cor da fonte preta, excetuando as ilustrações. Somente a folha de rosto tem impressão no verso, no

caso de ter a ficha catalográfica.

O tamanho da fonte é 12 para o texto e tamanho menor para citações com mais de 3 linhas,

notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas.

O tipo de fonte é, de maneira geral, Arial ou Times New Roman; e o recuo de parágrafo (1ª

linha do parágrafo) é de 1,25cm ou sem o recuo na 1ª linha e com espaço entre um parágrafo e

outro. Ambas as formas estão corretas, porém a opção utilizada deve ser uniforme ao longo do

trabalho.

Os títulos dos capítulos (seções primárias), por serem as principais divisões de um texto,

devem sempre iniciar em uma nova folha, justificados na terceira linha (deve-se deixar 2 linhas em

branco de espaçamento antes) e digitados em letras maiúsculas negritadas, reproduzindo a

formatação gráfica adotada no sumário. Também entre os títulos dos capítulos e seus textos deve-

se deixar 2 linhas em branco de espaçamento.

Já os subtítulos (subseções) devem distanciar-se tanto do texto anterior quanto do posterior,

o equivalente a 2 linhas em branco (de tamanho 12 e entrelinhamento 1,5) de espaçamento (vide

modelo à página 17). Devem ser justificados e reproduzir a formatação gráfica adotada no

sumário.

Se, após sua digitação, não for possível acrescentar pelo menos as 2 linhas em branco de

espaçamento e mais três linhas de texto, eles deverão ser transportados para o início da página

seguinte. Nesse caso, na nova página, não serão antecedidos pelas 2 linhas em branco de

espaçamento, permanecendo, no entanto, as 2 linhas em branco de espaçamento posteriores.

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Margem

As margens esquerda e superior devem possuir 3 cm; e as margens direita e inferior 2 cm.

Veja a ilustração abaixo:

Espacejamento

Apresentação do texto em espaço 1,5

cm, entretanto deve-se utilizar o espaço

simples (1,0 cm) para: as citações que

possuem mais de três linhas, as referências,

as notas, as legendas das ilustrações e

tabelas, a ficha catalográfica, a natureza do

trabalho, o objetivo, o nome da instituição a

que é submetido e a área de concentração. Já

as referências listadas ao final do trabalho

devem também ser separadas entre si por

espaço duplo.

Utilizam-se dois espaços para separar

os títulos das subseções do texto que os

precede ou sucede. A natureza do trabalho, o

objetivo, o nome da instituição a que é

submetida e a área de concentração, tanto na

folha de rosto quanto na folha de aprovação,

devem ser alinhados à margem direita,

embora o texto esteja justificado.

2.3.2 NUMERAÇÃO PROGRESSIVA

O propósito é proporcionar a construção coerente de um determinado texto e favorecer a

localização de suas partes. As seções primárias são representadas pelos capítulos; as seções

secundárias são representadas pelas subdivisões desses, e assim sucessivamente, até a última

progressão numérica, que é a quinária, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(2003).

Os títulos que constituem as seções primárias são as principais divisões de um texto e devem

iniciar em uma folha distinta. Para o destaque das seções é utilizada a tipologia: o negrito, o itálico

ou grifo; e, redondo, caixa alta ou versal.

O estilo usado no texto deve ser o mesmo usado no sumário. Para a numeração indicativa

das seções são utilizados números arábicos sendo estes separados de seus títulos por um espaço,

não se utilizando nenhum tipo de sinal (ponto, hífen, travessão) nem mesmo após o título.

Exemplo:

1 SEÇÃO PRIMÁRIA

1.1 Seção secundária

1.1.1 Seção terciária

1.1.1.1 Seção quaternária

1.1.1.1.1 Seção quinária

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45

2.3.3 ALÍNEAS

Caracterizam-se por subdivisões das seções que não contêm títulos. Elas devem ser

apresentadas da seguinte maneira:

a) Indicadas com letras minúsculas do alfabeto seguidas de parênteses e reentradas em

relação à margem esquerda.

b) O texto da alínea deve começar com letra minúscula e terminar com ponto e vírgula com

exceção da última que deve terminar com ponto final.

c) As linhas seguintes da primeira linha da alínea devem começar sob a primeira letra da

própria alínea.

d) O texto anterior à alínea deve terminar com dois pontos.

e) Em caso de necessidade a alínea pode ser dividida em subalíneas assim apresentadas: 1.

iniciar por hífen, espaço e abaixo da primeira letra do texto da alínea; 2. as linhas

seguintes da subalínea devem começar debaixo da primeira letra da própria subalínea.

Indicativos de Seção

Deve ser alinhado à esquerda, separado de seu título por um espaço de caractere, sem

utilização de ponto ou qualquer outro sinal. O texto referente à seção deve iniciar-se na linha

posterior.

Títulos sem Indicativo Numérico

Referem-se aos elementos não enumerados, tais como: errata, agradecimentos, lista de

ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, referências,

glossário, apêndice(s), anexos(s) e índice(s) devem ser centralizados.

Elementos sem Título e sem Indicativo Numérico

Estes elementos são: a folha de aprovação, a dedicatória e a epígrafe.

2.3.4 PAGINAÇÃO

A numeração das folhas é feita em algarismos arábicos (localizado a 2 cm da borda superior

direita da folha), sendo que sua contagem inicia a partir da primeira folha da parte textual. As

páginas de elementos pré-textuais, como folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória,

agradecimentos, epígrafe, resumos, listas e sumário, exceto a capa, são contadas, entretanto não

recebem a numeração.

Geralmente, quando a obra possui conteúdo muito extenso é dividida em volumes, isto é,

unidades físicas; e devem ter a numeração contínua desde o primeiro até o último volume.

2.3.5 ILUSTRAÇÕES E TABELAS

A fonte original da qual foi extraída a ilustração e/ou tabela deve aparecer logo abaixo desta,

mesmo que não tenha sido publicada anteriormente. Já as ilustrações e/ou tabelas retiradas de

documentos já publicados necessitam ter sua fonte referenciada. Caso a fonte esteja sendo

contemplada, isto é, citada pela primeira vez no trabalho, deve ter a sua referência completa. A

partir da segunda citação faz-se necessário a referência abreviada (autor, título, ano e página).

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46

Ilustrações

Mapas, fórmulas, fotografias, desenhos, fluxogramas e quadros são consideradas ilustrações.

As ilustrações têm como propósito exemplificar informações sobre o tema que está sendo

abordado. Elas devem estar mais próximas possíveis da parte do texto que está sendo ilustrando.

A identificação correspondente aparece na parte inferior, iniciando-se com a palavra designativa,

seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto (algarismos arábicos) e do respectivo

título e/ou legenda explicativa.

Tabelas

São utilizadas exclusivamente para representar informações que possuem tratamento

estatístico. Neste caso, o título deve estar disposto na parte superior, precedido de Tabela e de seu

número de ordem, em algarismos arábicos (numeração independente e consecutiva), de acordo

como aparecem no texto.

PARA SABER MAIS...

Conforme já abordado em seções anteriores, para conferir os elementos pré-textuais,

textuais e pós-textuais de um trabalho acadêmico. Acesse o site:

http://www.fieo.br/v1/acervo/download/normas_trabalhos_academicos.pdf

TEXTO COMPLEMENTAR

Para cada tipo de trabalho acadêmico existe uma norma da ABNT específica. As normas indicadas a

seguir constituem algumas das prescrições atinentes aos itens de elaboração de um trabalho acadêmico. As

edições das normas mudam com freqüência, por isso, o estudante deve observar o ano de publicação de cada

uma delas e utilizar a versão mais atualizada. Portanto, como toda norma está sujeita à revisão, recomenda-

se aos usuários que verifiquem as edições mais recentes das normas citadas a seguir, por ordem de sua

numeração.

NBR 6022 - Informação e documentação - artigo em publicação periódica científica impressa

NBR 6023 - Informação e documentação - Referências - Elaboração

NBR 6024 - Numeração progressiva das seções de um documento - Procedimento

NBR 6027 - Sumário - Procedimento

NBR 6028 - Informação e documentação - resumo - apresentação

NBR 6034 - Preparação de índice de publicações - Procedimento

NBR 10520 - Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação

NBR 10521 - Numeração Internacional para livro - ISBN - Procedimento

NBR 12225 - Títulos de lombada - Procedimento

NBR 12899 - Catalogação-na-publicação de monografias – Procedimento

NBR 14724 - Informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação

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47

SÍNTESE

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

SILVA, José Maria da; SILVEIRA, Emerson Sena da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e

técnicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

2.4 NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE CITAÇÕES E REFERÊNCIAS

2.4.1 CITAÇÃO

Citação refere-se às informações retiradas de outras fontes, sejam indiretas ou diretas, que têm

como objetivo fundamentar e/ou esclarecer a idéia do autor do texto produzido.

Citação é: menção de uma informação extraída de outra fonte.

Citação direta: Transcrição textual que utiliza as palavras do autor da obra pesquisada,

indicando a(s) página(s) consultada(s). Exemplo: (MEDEIROS, 2001, p. 163).

Citação direta é: transcrição textual de parte da obra do autor consultado.

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Procedimentos:

Reproduzida entre aspas duplas, exatamente como consta no texto original.

Indicar, obrigatoriamente, após a data a página, o volume, conforme consta na obra

original.

Uma transcrição dentro de outra é indicada por aspas simples.

As citações diretas com até três linhas, devem aparecer entre aspas duplas.

Exemplos 1.

O currículo oculto, segundo McLaren (1997, p. 216), “refere-se às conseqüências não

intencionais do processo de escolarização”.

Exemplos 2.

“As relações sociais na sala de aula tradicional baseiam-se em relações de poder

inextricavelmente ligadas à atribuição e distribuição de notas pelo professor” (GIROUX, 1997, p.

71).

As citações diretas com mais de três linhas, devem ser destacadas do texto (como se fosse

um novo parágrafo) com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto (a

fonte 10 é a mais indicada), espaço entre linhas simples e sem aspas.

Exemplo:

Morin (2004, p. 31) diz:

assim como o oxigênio matava os seres primitivos até que a vida utilizasse esse corruptor

como desintoxicante, da mesma forma a incerteza, que mata o conhecimento simplista, é

o desintoxicante do conhecimento complexo. De qualquer forma, o conhecimento

permanece como uma aventura para a qual a educação deve fornecer o apoio

indispensável.

SÍMBOLOS E DESTAQUES USADOS NA CITAÇÃO:

Supressões: [...]

Interpolações, acréscimos ou comentários: [ ]

Ênfase ou destaque: grifo ou negrito ou itálico

a) Exemplo de citação direta com supressões:

Schienbinger (2001, p. 23) explica que as feministas adeptas do Feminismo Liberal

“tendem a ver uniformidade e assimilação como únicos terrenos para igualdade, e isto

freqüentemente requer que as mulheres sejam como os homens *...+”.

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b) Exemplo de citação direta com interpolações, acréscimos ou comentários:

Stuart Hall (2005, p. 11-12) afirma que:

a identidade [...] preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior”- entre o mundo

pessoal e o mundo público de que projetamos a “nós próprios” nessas identidades

culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significados e valores, tornado-os

“parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares

objetivos que ocupamos no mundo social e cultural.

c) Exemplo de citação direta com ênfase ou destaque:

O estudo de caso

reúne o maior número de informações detalhadas, por meio de diferentes técnicas de

coleta de dados [...] com objetivo de aprender a totalidade de uma situação, e

criativamente, descrever a complexidade de um caso concreto (MARTINS; LINTZ , 2000,

p. 6, grifo dos autores).

Citação Indireta: reprodução das idéias do autor sem transcrevê-las, podendo até resumi-las,

interpretando as idéias originais.

Citação indireta é: texto interpretativo baseado na obra do autor consultado.

Exemplo 1.

Quando a perspectiva multiculturalista do currículo não se encontra ignorada pela falta

de conhecimentos de educadores/as, advindos de uma má formação docente, como revela a

pesquisa de Paraíso (2001), percebe-se um esforço enorme em compreender seus meandros.

Exemplo 2.

Segundo Passos (1999), o modelo falocrático, inculca nos homens a idéia de uma

supremacia sobre o sexo feminino, sobre o mundo e o seu destino, e faz com que eles

estabeleçam com as pessoas uma relação de mando, de poder e de garantia e preservação da

masculinidade.

Citação de citação: é a menção a um texto ao qual o estudante acessou através da citação em

outro documento, podendo acontecer tanto em citação direta, quanto em indireta. Para indicar a

autoria original do texto utiliza-se a expressão latina apud.

Citação de citação ocorre quando: é feita uma citação direta ou indireta de um texto em

que não se teve acesso ao original. Utiliza-se a expressão latina apud para indicar a autoria

original.

No caso em que o autor faz parte da frase, deve-se obedecer a seguinte ordem:

Exemplo:

Para Larroyo (1964, p. 52 apud LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 31), a finalidade do

seminário é “pesquisar e ensinar a pesquisar”.

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No caso em que o autor não faz parte da frase deve-se obedecer a seguinte ordem:

Exemplos 1.

“Toda leitura cultural tem sempre um destino, não caminha a esmo” (GALIANO, 1979,

p. 85 apud LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 15).

Exemplos 2.

Para Galiano (1979 apud LAKATOS; MARCONI, 2001) quem estuda um texto tem

como propósito aprender algo, rever detalhes ou buscar respostas para suas inquietações.

Notas

Notas de rodapé: indicações e observações feitas pelo autor.

Notas explicativas: notas usadas para comentário ou explanações, que não possam ser

incluídas no texto.

Exemplo:

No texto:

Bourdieu (1995) explica que as hierarquias e desigualdades produzidas entre os sexos

não são naturais, são frutos da herança do patriarcado1, que dedicou à mulher uma posição

periférica e uma identidade que lhe foi imposta, cognitiva e socialmente.

Em nota:

____________________ 1 O patriarcado não designa apenas uma forma de família baseada no parentesco

masculino e no poder paterno. O termo designa também toda estrutura social que nasça de um

poder do pai.

2.4.2 SISTEMA DE CHAMADA

As citações podem ser apresentadas por meio de dois sistemas: autor-data e numérico. O

sistema adotado deverá ser respeitado até o fim do trabalho, visando sua uniformização e deverá

estar correlacionado com a listagem de referências e/ou notas de rodapé.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina o uso do sistema autor-data

para as citações no texto e do sistema numérico para as notas explicativas, sendo que no sistema

numérico as citações devem estar correlacionadas com a lista de referências e notas de rodapé, já

nos sistema autor-data, as citações devem estar correlacionadas somente com a lista de referências.

Pode-se usar o sistema numérico para citações no texto, desde que não haja notas explicativas.

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Sistema autor-data

O sobrenome do autor é mencionado todo em letras maiúsculas, quando aparece entre

parênteses e apenas com a letra inicial maiúscula quando aparece fora de parênteses. Quando o

autor não é parte da frase, a indicação vem toda entre parênteses.

Exemplo:

“Compreender a identidade é compreender a relação indivíduo-sociedade” (CIAMPA,

1994, p. 19).

Quando o autor é parte integrante da frase, somente o ano e a página (se for o caso)

aparecem entre parênteses.

Exemplo:

Segundo Nóvoa (1991), toda formação encerra um projeto de ação e de transformação e

não há projeto de ação e de transformação sem opções, sem tomada de decisão, sem reflexão e

sem revisão.

2.4.3 FORMAS DE CITAÇÃO

Variam de acordo com o documento em uso bem como de outras condições, tais como o

comparecimento ou não de autoria. Além do que algumas informações são obtidas através de

outros canais informais de comunicação:

a) Citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados no mesmo ano: são

diferenciadas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem

espacejamento. O mesmo procedimento é feito na lista de referência.

Exemplos no texto:

Conforme Freire (2002a)

Conforme Freire (2002b)

Exemplos na listagem de referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.

9. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002a. 245 p.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho

d'água, 2002b. 127 p.

b) Para citação de obra de até três autores:

No caso de citação de uma obra de dois autores incluídos na sentença, estes são

separados por “e” Exemplo: Lakatos e Marconi (2003).

Com três autores incluídos na sentença, separa-se o primeiro do segundo por vírgula e

o segundo do terceiro por “e” Exemplo: Patrício, Casagrande e Araújo (1999).

Quando citados entre parênteses, estes são separados por ponto e vírgula.

Exemplo: (PATRÍCIO; CASAGRANDE; ARAÚJO, 1999).

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c) Para citações de diversos documentos de mesma autoria, mencionados juntos e publicados

em anos diferentes: a autoria é citada uma vez só para todos os trabalhos, porém com as todas

datas em ordem crescente, separadas por vírgula;

Exemplo: (LAKATOS; MARCONI, 2000, 2002, 2003)

d) Para citação de uma obra de mais de três autores: utiliza-se o primeiro seguido da

expressão et al., tanto no caso de estes estarem inseridos na sentença ou não;

Exemplo: Rezende et al (2002), ou (REZENDE et al, 2002)

e) Para citação de obras sem indicação de autoria: utiliza-se a primeira palavra do título

seguida de reticências e o ano (e página se for o caso);

Exemplo: Manual... (1992) ou (A PESQUISA, 1999).

f) Para citação de entidades: utiliza-se o nome da entidade por extenso até o primeiro sinal de

pontuação:

Exemplo:

No texto:

Brasil (2000)

Nas referências:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural: orientação sexual.

Secretaria da Educação Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

2.4.4 SISTEMA NUMÉRICO

A fonte é indicada por uma numeração única e consecutiva, através de algarismos arábicos,

remetendo-se às notas de rodapé e lista de referências que são listadas, ao final do trabalho

acadêmico, capítulo ou seção, necessariamente na mesma ordem em que estão indicadas no texto.

A numeração indicada no texto pode ser realizada entre parênteses alinhada a ele, ou um

pouco acima da linha, após a pontuação que encerra a citação. Não se deve fazer uso do sistema

numérico para citações no texto quando às mesmas possuem notas de rodapé, conforme a

Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Exemplo:

no texto:

“a qualidade da leitura depende do conhecimento que se tem do vocabulário.” (1)

ou , “a qualidade da leitura depende do conhecimento que se tem do vocabulário.” ¹

“o processo de elaboração de hipótese é de natureza criativa.” ²

Na lista de referências:

1 MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,

resenhas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

2 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,

2002.

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Citação de documentos que se encontra em meio eletrônico

A NBR 10520 da ABNT não menciona os procedimentos para elaboração de citações de

documentos em meio eletrônico. Assim, adotam-se, por analogia, os mesmos padrões de

documentos impressos. Na web, cabe observar, que há uma grande incidência de documentos com

autoria entidade coletiva, obras sem indicação de autoria e sem indicação de data de publicação.

Exemplo:

a) No texto:

Moraes (2002) relata que no sistema capitalista, as empresas vivem e sobrevivem em

função do lucro, que é legítimo e legal.

b) Nas referências:

MORAES, Anna Maris Pereira de. Administração à brasileira. Disponível em:

http://www.educompany.com.br/texto/biblioteca/annamaris.asp. Acesso em: 20 fev 2002.

Quando houver coincidência de sobrenomes de autores, acrescentam-se as iniciais de seus

prenomes; se mesmo assim existir coincidências, colocam-se os prenomes por extenso:

Exemplo:

(BARBOSA, C., 1958)

(BARBOSA, O. 1959)

(BARBOSA, Cássio, 1965)

(BARBOSA, Celso, 1965)

As citações de diversos documentos de uma mesma autoria, publicados em anos diferentes e

mencionados simultaneamente, têm suas datas separadas por vírgula:

Exemplo:

(DREYFUSS, 1989, 1991, 1995)

(CRUZ; CORREA; COSTA, 1998, 1999, 2000)

PARA SABER MAIS, ACESSE O SITE:

http://www.ufrgs.br/geociencias/bibgeo/CITACOESEMDOCUMENTOS2006.doc

2.4.5 REFERÊNCIAS

Referência é conjunto padronizado de elementos descritivos que permite a identificação, no

todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados nos diversos suportes existentes.

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2.4.6 OBSERVAÇÕES GERAIS:

Deverão seguir a NBR-6023 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e possuir

todos os dados necessários à identificação da publicação original.

Todos os dados necessários à identificação da referência poderão ser encontrados na ficha

catalográfica da obra utilizada.

São alinhadas somente à esquerda, de modo justificado, de forma a se identificar

individualmente cada documento, separadas entre si por espaço duplo.

Devem ser organizadas em ordem alfabética pelo sobrenome do autor.

O título da obra deve sempre estar destacado e o recurso tipográfico para tal destaque é:

itálico ou negrito ou sublinhado. O padrão adotado deverá ser uniforme.

Podem aparecer em: rodapé, fim do texto ou capítulo, lista de referências ou ainda

antecedendo resumos, resenhas ou recensões.

Autoria:

1) Norma geral SOBRENOME, Nome.

2) Sobrenomes compostos SOBRENOME COMPOSTO, Nome.

3) Sobrenomes de parentesco SOBRENOME (NETO, FILHO), Nome.

4) Sobrenome com partículas SOBRENOME, Nome (de, da).

5) Até três autores SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome.

6) Mais de três autores SOBRENOME, Nome et al.

7) Sem autor A entrada deve ser feita pelo título. Não utilizar o termo anônimo.

8) Entidades coletivas NOME de associações, institutos e entidades.

EXEMPLOS:

A) Livro:

GOMES, Antônio Marcos. Novela e sociedade no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

B) Capítulo de livro:

1) Quando o autor do capítulo não for o autor do livro:

ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHIMIDT,

J. (Org.). História dos jovens 2: a época contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

p. 7-16.

2) Quando o autor do capítulo for o autor do livro:

SANTOS, F.R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: ______. História do Amapá. 2. ed.

Macapá: Valcan, 1994. cap.3, p. 15-24.

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C) Periódico como um todo (referência de toda a coleção):

BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943-1978.

D) Partes de revista, boletim etc.:

DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Três, n. 148, 28 jun. 2000.

E) Artigo ou matéria de revista, boletim etc.:

GURGEL, C. Reforma do estado e segurança pública. Política e administração, Rio de

Janeiro, v.3, n. 2, p. 15-21, set. 1997.

F) Artigo e/ou matéria de jornal:

NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 jun.

1999. Folha Turismo, caderno 8, p. 13.

G) Material Eletrônico:

ALVES, Castro. Navio negreiro. Disponível em:

http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebok/port/Lport2/navionegreiro.htm. Acesso em: 10

nov. 2002.

H) Imagem em Movimento:

OS PERIGOS do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade. São Paulo:

CEVARI, 1983. 1 videocassete.

I) Legislação:

BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional nº 9, de 9 de novembro de 1995.

Lex: constituição federal e marginália, São Paulo, v. 59, p. 1966, out./dez. 1995.

Observação: verifique que, em caso de Constituição e suas emendas, entre o nome

jurisdição e o título acrescenta-se a palavra Constituição, seguida do ano de promulgação, entre

parênteses.

Após explicitação das principais referências utilizadas pelo estudante na pós-graduação,

chamamos atenção para o assunto que deve ser motivo de preocupação ética de toda uma geração

que se dedica à formação pessoal, intelectual, profissional e social dos sujeitos: o fato dos

estudantes, atualmente, realizarem plágios constantes de informações e documentos em seus

trabalhos escolares e/ou acadêmicos, especialmente com o advento da comunicação em rede -

internet.

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PARA SABER MAIS!

Obtenha maiores informações sobre: 1 Recomendações para evitar plágio; 2. Plágio,

direito autoral e registro legal de obras; e depois construa um parágrafo demonstrando suas

idéias sobre este tema tão polêmico nas Universidades nos dias atuais. Consulte os sites:

http://www.uneb.br/luizcarlos/Como_evitar_o_plagio.pdf

http://www.microbiologia.vet.br/Plagio.htm

http://www.geocities.com/pcrsilva_99/normastcc.pdf

TEXTO COMPLEMENTAR

São muitas as normas para estruturação de trabalhos acadêmico-científicos, da Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), portanto, elas não devem ser memorizadas, especialmente, as mais usuais,

como a de apresentação de trabalhos acadêmicos (NBR 14724), Citação (NBR 10520) e Referência (NBR 6023).

Estas normas, assim como as demais necessitam ser compreendidas pelo estudante, a fim de que pesquisem,

consultem e lancem mão durante a elaboração de seu trabalho acadêmico. Entretanto normas gerais de

elaboração de citação direta e indireta; referências de livro ou partes do livro e de material eletrônico, devem

fazer parte do esquema mental do aluno-pesquisador para que tornem seus estudos mais otimizados.

SÍNTESE

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2.5 AS ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA

O planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado

que compreende etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:

Escolha do tema

Revisão de literatura

Justificativa

Formulação do problema

Determinação de objetivos

Metodologia

Coleta de dados

Análise e discussão dos resultados

Redação e apresentação do trabalho científico

Escolha do Tema: para selecionar o tema de investigação se faz necessário saber: o que

pretendo estudar? Qual o tema na área de estudo que me interessa, me motiva? Definir um tema

significa eleger uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo limites para o

desenvolvimento da pesquisa. De forma geral, o tema é o assunto que se deseja estudar e

pesquisar. Uma vez definido, o tema deverá ser freqüentemente revisto. O pesquisador deverá

levar em conta no momento de decisão do tema de estudo, a sua atualidade e relevância social, seu

conhecimento a respeito. Após definição consciente do tema, o pesquisador deverá levantar e

analisar a literatura já publicada sobre o tema.

Revisão de literatura: nesta fase, o pesquisador deverá se perguntar: o que já foi escrito sobre

este tema? Quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto? Que aspectos já foram

abordados? Quais as lacunas existentes na literatura. Assim, pode realizar uma pesquisa mais

consistente. Para tanto, precisa evidenciar o quadro de referência (teorias e/ou autores) no qual se

situam ou os problemas que se deseja pesquisar, através de uma sumária revisão de literatura.

A revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para você evitar a

duplicação de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecerá a definição de contornos

mais precisos do problema a ser estudado. Justifique cientificamente a sua pesquisa e a referende

através de autores e/ou teorias, salientando a contribuição destes para sua proposta, utilizando-se,

inclusive, de citações, conforme prevê os procedimentos para uso de citação, da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 10520.

Justificativa: o pesquisador deverá refletir sobre “o porquê” da realização da pesquisa

procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação

a outros temas. A justificativa deverá convencer o leitor de seu projeto sobre sua validade e

importância da proposta apresentada. Para tanto, deve expor as razões (pessoais, profissionais e

sociais) para a elaboração da pesquisa. Esse item contribui para a aceitação da pesquisa por parte

do orientador ou da entidade interessada. É necessário lembrar que a justificativa do tema envolve

motivos de ordem teórica e prática.

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Formulação do Problema: o problema pode ser caracterizado como uma questão ou um

questionamento, de natureza teórica ou prática, sobre o conhecimento de alguma coisa de real

importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Definir um problema significa especificá-

lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema, a pergunta deve ser clareza,

concisa e objetiva, além de ser passível de investigação. Geralmente, o problema é elaborado em

forma de pergunta, sendo possível uma investigação sistemática, crítica e operacional.

Determinação de objetivos: os objetivos da pesquisa podem ser classificados como geral e

específico. Objetivo geral é aquilo que se pretende alcançar, em longo prazo, com o

desenvolvimento da pesquisa. Já os específicos representam a decomposição do objetivo geral, na

graduação de suas etapas. Logo, os objetivos específicos estão contidos implicitamente no objetivo

geral, e são alcançáveis em médio e curto prazo. Ao elaborar os objetivos, não esqueça de utilizar o

verbo no infinitivo (ex.: verificar, identificar, demonstrar, investigar etc.) para denotar ação. Os

objetivos devem ser claros, compreensivos e adequados ao tema proposto.

Metodologia: após delimitação do objeto de estudo e seus objetivos, o pesquisador deve

selecionar os métodos e as técnicas mais adequadas ao seu trabalho, levando em consideração sua

proposta. Os procedimentos a serem empregados na pesquisa podem ser selecionados desde a

proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra.

A metodologia é um elemento importante e decisivo para o êxito da investigação, porque ela

define o fazer científico e deve estar em consonância com suas intenções. Nesta etapa, o

pesquisador deverá definir onde e como será realizada a pesquisa. Para tanto, precisará explicitar o

tipo de pesquisa, a população (universo da pesquisa), a amostragem, os instrumentos de coleta de

dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados. Para maior esclarecimento destes

itens, vejamos:

o População

Também conhecida como universo da pesquisa, a população é “*...+ a segregação de

elementos da qual é de fato extraída a amostra *...+”, afirma Babbie (1999, p. 122). É a totalidade de

indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo e que

representa seu público.

o Amostra

Para Lakatos e Marconi (2003, p. 163), “a amostra é uma parcela convenientemente

selecionada do universo (população); é o subconjunto do universo”. Já Babbie (1999) considera que

unidade de amostra é o elemento ou o conjunto de elementos considerados para seleção em

alguma etapa da amostragem. Ela é parte da população ou do universo, selecionada de acordo

com uma regra ou plano.

A amostra pode ser probabilística e não-probabilística. Acompanhe seus tipos e definições:

o Amostras não-probabilísticas podem ser:

Amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que vão aparecendo;

Amostras por quotas: diversos elementos constantes da população/universo, na mesma

proporção;

Amostras intencionais: escolhidos casos para a amostra que representem o “bom

julgamento” da população/universo.

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o Amostras probabilísticas são compostas por sorteio e podem ser:

Amostras casuais simples: cada elemento da população tem oportunidade igual de ser

incluído na amostra.

Amostras casuais estratificadas: cada estrato, definido previamente, estará

representado na amostra.

Amostras por agrupamento: reunião de amostras representativas de uma população.

Após identificação da população e da amostra, o pesquisador deve definir os instrumentos

de coleta de dados que utilizará e estes devem corresponder aos objetivos que se pretende alcançar

com a pesquisa.

Instrumentos de coleta de dados

Os instrumentos de coleta de dados são artefatos essenciais à realização empírica da

pesquisa, e são pensados no momento em que o pesquisador idealiza um projeto, especialmente, a

forma como irá coletar os seus dados para referendar suas hipóteses de estudo. Dentre os

instrumentos mais utilizados na pesquisa científica, estão: a observação, a entrevista, o

questionário, o formulário e a análise de conteúdo. Vejamos seus desdobramentos.

o Observação

Segundo Laville e Dionne (1999. p.176), quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados

de determinados aspectos da realidade. A observação pode ser:

Observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente elaborados.

Observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições controladas para

responder aos propósitos preestabelecidos.

Observação participante: técnica pela qual o pesquisador integra-se e participa na vida de

um grupo para compreender-lhe o sentido atribuído às coisas pelo grupo.

Observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa.

Segundo Lakatos e Marconi (2003), a observação oferece uma série de vantagens e limitações,

assim como as demais técnicas de pesquisa. Vejamos:

Vantagens:

Possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla variedade de fenômenos.

Exige menos do observador do que as outras técnicas.

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes comportamentais típicas.

Depende menos da introspecção ou da reflexão.

Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários.

Desvantagens:

O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no observador.

A ocorrência espontânea não pode ser prevista o que pode impedir de presenciar o fato.

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador.

A duração dos acontecimentos é variável: pode ser rápida ou demorada e 05 fatos podem

ocorrer simultaneamente; nos dois casos, torna-se difícil a coleta dos dados.

Vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao pesquisador.

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o Entrevista

A entrevista oferece maior amplitude do que o questionário, quanto à sua organização: esta

não estando presa a um documento entregue a cada um dos interrogados, os entrevistadores,

permitem, muitas vezes, explicar algumas questões no curso da entrevista, reformulá-las para

atender às necessidades do entrevistado, afirmam Laville e Dionne (1999). A entrevista pode ser

visualizada como a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou

problema.

Segundo Santos (2002, p. 223),

Ótimo para entrevistar satisfatoriamente, um indivíduo precisa de preparo antecipado,

como qualquer outro profissional. Esta preparação se refere ao ambiente, horário,

conhecimento e informações sobre o entrevistado, além de estar certo dos objetivos da

entrevista, do que deseja e como vai efetivar o encontro.

A entrevista pode ser:

Padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido.

Despadronizada ou não-estruturada: não existe rigidez de roteiro. Podem-se explorar mais

amplamente algumas questões. O entrevistador apóia-se em um ou vários temas.

Segundo Lakatos e Marconi (2003), a entrevista, como técnica de coleta de dados, oferece

várias vantagens e limitações. Vejamos:

Vantagens:

Pode ser utilizada com todos os segmentos da população: analfabetos ou alfabetizados.

Fornece uma amostragem muito melhor da população geral: o entrevistado: não precisa

saber ler ou escrever.

Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecer perguntas, formular

de maneira diferente; especificar algum significado, para assegurar a compreensão.

Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes, condutas, podendo o entrevistado ser

observado naquilo que diz e como diz: registro de reações gestos etc.

Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais

e que sejam relevantes e significativos.

Há possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser comprovadas, de

imediato, as discordâncias.

Permite que os dados sejam quantificados e submetidos a tratamento estatístico.

Limitações:

A entrevista apresenta algumas limitações ou desvantagens, que podem ser superadas ou

minimizadas se o pesquisador for uma pessoa com bastante experiência ou tiver muito

bom-senso. As limitações são:

Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes.

Incompreensão, por parte do informante, do significado das perguntas, da pesquisa, que

pode levar a uma falsa interpretação.

Possibilidade de o entrevistado ser influenciado, consciente ou inconscientemente, pelo

questionador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões etc.

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Disposição do entrevistado em dar as informações necessárias.

Retenção de alguns dados importantes, receando que sua identidade seja revelada.

Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.

Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.

o Questionário

Para interrogar indivíduos que compõem determinada amostra, uma das abordagens mais

usuais consiste em preparar uma série de perguntas sobre o tema visado, perguntas escolhidas em

função da(s) hipóteses(s) da pesquisa. Para cada uma das perguntas, oferece-se uma opção de

respostas, definidas por indicadores, marcando a assertiva de sua opinião (LAVILLE; DIONNE,

1999). O questionário se converte em um instrumento privilegiado de sondagem, embora seu uso

não se limite apenas a este propósito.

O questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito

pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de

instruções As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da

colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

As perguntas do questionário podem ser:

Abertas: “Qual é a sua opinião?”

Fechadas: duas escolhas: sim ou não.

De múltiplas escolhas: fechadas com uma série de respostas possíveis.

Segundo Lakatos e Marconi (2003), o questionário, como toda técnica de coleta de dados,

também apresenta uma série de vantagens e desvantagens. Vejamos:

Vantagens:

Economizam tempo, viagens e obtém grande número de dados.

Atinge maior número de pessoas simultaneamente.

Abrange uma área geográfica mais ampla.

Economiza pessoal, tanto em adestramento quanto em trabalho de campo.

Obtém respostas rápidas e precisas.

Há maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato.

Há mais segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas.

Há menos risco de distorção, pela não influência do pesquisador.

Há mais tempo para responder e em hora mais favorável.

Há mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento.

Obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis.

Desvantagens:

Percentagem pequena dos questionários que voltam.

Grande número de perguntas sem respostas.

Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas.

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Impossibilidade de ajudar o informante em questões mal compreendidas.

A dificuldade de compreensão, por parte dos informantes, leva a uma uniformidade

aparente.

Na leitura de todas as perguntas, antes de respondê-las, pode uma questão influenciar a

outra.

A devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização.

O desconhecimento das circunstâncias em que foram preenchidos torna difícil o controle e

a verificação.

Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário, invalidando, portanto, as

questões.

Exige um universo mais homogêneo.

PARA SABER MAIS!

Sobre recomendações para construção de um questionário, acesse:

http://dme.uma.pt/edu/ihm/labs/questionarios.pdf

o Formulário

O formulário refere-se a uma coleção de questões e anotadas por um entrevistador em uma

situação face a face com o informante. Ele é usado quando o pesquisador pretende do informante

respostas mais amplas e com maiores detalhes. Para Santos (2002), ele pode ser visto também como

um roteiro para as entrevistas e se aproxima muito do questionário aberto. Para este e os demais

instrumentos da pesquisa, deve preceder a elaboração, a organização de um plano para ordenar as

perguntas e dar seqüência lógica ao conjunto de elementos a serem coletados. O formulário, como

os demais instrumentos, deve ter um início, um meio e um fim, interligados.

O formulário pode ser aplicado a qualquer tipo de informante, o qual não escreve, apenas

responde. É flexível, permite ao entrevistador reformular a indagação, caso seja necessário, e

permite coletar dados mais numerosos e complexos que no questionário. Nele o pesquisador

exerce um papel decisivo como diretor da conversa.

Para Lakatos e Marconi (2003, p. 212), “o formulário é um dos instrumentos essenciais para a

investigação social, cujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do

entrevistado”. As autoras pontuam ainda algumas vantagens e desvantagens referentes ao uso do

formulário, a saber:

Vantagens:

Utilizado em quase todo o segmento da população: alfabetizados, analfabetos, populações

heterogêneas etc., porque seu preenchimento é feito pele entrevistador.

Oportunidade de estabelecer rapport, devido ao contato pessoal.

Presença do pesquisador, que pode explicar os objetivos da pesquisa, orientar o

preenchimento do formulário e elucidar significados de perguntas que não estejam muito

claras.

Flexibilidade, para adaptar-se às necessidades de cada situação, podendo o entrevistador

reformular itens ou ajustar o formulário à compreensão de cada informante.

Obtenção de dados mais complexos e úteis.

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Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes, em determinado

grupo.

Uniformidade dos símbolos utilizados, pois é preenchido pelo próprio pesquisador.

Desvantagens:

Menos liberdade nas respostas, em virtude da presença do entrevistador.

Risco de distorções, pela influência do aplicador.

Menos prazo para responder às perguntas; não havendo tempo para pensar, elas podem

ser invalidadas.

Mais demorado, por ser aplicado a uma pessoa de cada vez.

Insegurança das respostas, por falta do anonimato.

Pessoas possuidoras de informações necessárias podem estar em localidades muito

distantes, tornando a resposta difícil, demorada e dispendiosa.

2.5.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO

“O ponto de partida da análise de conteúdo é a mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita),

gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada” expressa Franco (2005, p. 13,

grifo da autora). Recentemente, a análise de conteúdo passou a ser cada vez mais utilizada para

produzir inferências acerca de dados verbais e/ou simbólicos, mas, obtidos a partir de perguntas e

observações do interesse de um pesquisador.

As fontes de pesquisa, caracterizadas como documentos, podem ser primárias ou secundárias:

Fontes primárias são os documentos que dão origem a análises para posterior produção de

informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias e artigos.

Fontes secundárias são as obras nas quais as informações já se encontram previamente

elaboradas (livros, teses e monografias).

PARA SABER MAIS

E obter informações sobre análise de conteúdo!

http://www.scielo.br/pdf/alea/v7n2/a10v7n2.pdf

História de Vida

Muito utilizada nos campos da Antropologia, Sociologia, Ciência Política e Educação, a

história de vida constitui um meio de investigação no qual os dados são levantados via entrevista

que exploram aspectos relacionados à vida dos entrevistados, procurando dar significado às

experiências. Também é utilizada quando a pesquisa tem como tema uma pessoa, sendo

necessárias as historias de sua vivência. Geralmente é utilizada nas pesquisas participantes e em

pesquisas que se utilizam do método dialético, na área de estudos sociais.

Segundo Macedo (2004, p. 175), a história de vida.

[...] não representa nem dados convencionais da ciência social, nem autobiografia,

também não representa um exercício de ficção. Embora o trabalho seja apresentado a

partir do enfoque do pesquisador, ele enfatiza o valor da perspectiva do ator social.

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PARA SABER MAIS

Sobre os instrumentos de coleta de dados em projetos educacionais, clique:

http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/banco_objetos/%7B363E5BFD-17F5-433A-91A0-

2F91727168E3%7D_instrumentos%20de%20coleta.pdf

Coleta de Dados

Conforme Lakatos e Marconi (2003), esta etapa da pesquisa se inicia quando o pesquisador

aplica os instrumentos de coleta de dados e suas técnicas, a fim de efetuar a coleta prevista. Refere-

se, portanto, à operacionalização da pesquisa, sendo fundamental a paciência e a persistência para

obter êxito neste processo. Após coleta, o pesquisador necessita selecionar os dados, de acordo

com seus objetivos; codificar, utilizando categorias de análise; e, tabular os dados, a fim de

comunicá-los. Para tanto, poderá lançar mão de recursos tecnológicos para organizar os dados

obtidos na pesquisa de campo. Atualmente, é comum que o pesquisador opte pelo uso de recursos

computacionais para dar suporte à elaboração de índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e

gráficos, a fim de obter melhor visualização, análise e interpretação dos achados empíricos.

Análise e Discussão dos Resultados

A análise dos resultados constitui o ponto central da pesquisa. Nesta etapa você interpretará

e analisará os dados que tabulou e organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para

atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados com o objetivo de confirmar

ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa. Os dados isolados não possuem

representação alguma na pesquisa, porém se forem colocados de maneira que forneçam respostas

às investigações, eles atingem seu propósito essencial e ganham legitimidade.

Redação e Apresentação do Trabalho Científico

Última etapa da pesquisa na qual o pesquisador possui condições de sintetizar os resultados

obtidos com a pesquisa, uma vez realizadas as etapas anteriores. Deve-se chegar à conclusão e

explicitar para o leitor se os objetivos foram atingidos, se a(s) hipótese(s) ou os pressupostos foram

confirmados ou refutados, bem como ressaltar a validade e contribuição de sua pesquisa para o

meio acadêmico ou para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nos dias atuais.

Segundo Lakatos e Marconi (2003) esta etapa se refere a uma exposição geral da pesquisa,

desde o planejamento às conclusões, incluindo os procedimentos metodológicos adotados. Deve

ter pilar basilar a lógica, a imaginação e a precisão e ser expresso em linguagem simples, clara,

objetiva, concisa e coerente.

Para redigir seu trabalho acadêmico, faça uso adequado das normas de documentação da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Elas devem ser consultadas visando à

padronização das referências bibliográficas, das citações e da apresentação gráfica do texto.

APROFUNDE SEUS CONHECIMENTOS

Para visualizar slides interessantes sobre pesquisa científica e ver o que se aplica a seu

propósito.

www.dcc.ufam.edu.br/~elaine/MCCC05_2004.ppt

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2.5.2 PROJETO DE PESQUISA CIENTÍFICA

O projeto de pesquisa é um momento de sistematização do planejamento, tendo em vista o

objeto, os objetivos e procedimentos delineados pelo pesquisador. Trata-se do registro do que foi

concebido no plano mental. O projeto, se organizado, deverá responder questões básicas de

estruturação da pesquisa científica, a saber: o quê? Por quê? Para quê e para quem? Onde? Como,

com quê, quanto e quando? Quem? Com quanto? Para melhor explicitar estes questionamentos,

descreveremos, a seguir, a estrutura de um projeto de pesquisa.

Santos (2002) recomenda que antes da elaboração do projeto que antecipa a pesquisa, outros

passos são necessários, e entre eles estão os estudos preliminares ou estudos exploratórios, que

visam dar ao pesquisador a idéia exata do estágio em que se encontra a questão a ser

desenvolvida. São, portanto, o ponto de vista teórico de outros estudos de pesquisas já elaborados

no âmbito do tema em questão. A seguir, ainda precedendo o projeto de pesquisa, a revisão

bibliográfica, que consiste na seleção e análise do material colhido em ordem de importância para

a pesquisa. Em seguida, pode ser elaborado um anteprojeto que contenha dados que integram as

diversas partes que se referem aos aspectos teóricos e metodológicos, bem como a definição de

termos. Por último, prepara-se o projeto de pesquisa de forma detalhada e completa, dentro do

rigor científico. Veja, na seção seguinte, a estrutura apresentada.

Estrutura do Projeto de Pesquisa

O projeto de pesquisa pode ser estruturado de diversas maneiras, entretanto existem alguns

elementos que são indispensáveis e que devem fazer parte da sua construção, a fim de que o

pesquisador adquira clareza quanto ao que deseja pesquisar. Conforme já visto na seção “as etapas

da pesquisa científica”, segue, sucintamente, um roteiro com os itens relevantes a seu projeto de

pesquisa:

Capa

Folha de rosto

Sumário

Introdução

Justificativa

Problema e questões orientadoras

Objetivos (Geral e Específico)

Revisão de literatura

Metodologia

Cronograma

Recursos

Referência

Anexos

Apêndices

Algumas obras que versam sobre a estruturação de um projeto de pesquisa, acrescentam,

ainda, a estes elementos uma seção destinada a custos ou orçamentos, na qual o pesquisador

descreve os materiais gastos, a quantidade e o valor unitário e total dos recursos gastos na

pesquisa. Cabe considerar que a inclusão deste item dependerá do objetivo de seu projeto.

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66

PARA SABER MAIS!

Acesse conheça mais sobre o assunto e modelo de projeto de pesquisa com a explicação

de cada item e comece a construir o seu!

http://www.unemat.br/prppg/docs/r3.doc

Estrutura do Relatório de Pesquisa

Monografia

Refere-se a um estudo pormenorizado sobre um tema específico, com valor representativo e

que adota rigorosa metodologia para investigação. Investiga determinado assunto não só em

profundidade, mas também em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se

destina. Tem como base a escolha de uma unidade ou elemento social, sob duas circunstâncias:

Geralmente, a monografia, que significa abordagem de um tema único (mónos = um só e

graphein = escrever), é desenvolvida pelo estudante ao final do curso de graduação ou de pós-

graduação. Seu objetivo principal é reunir informações sobre determinado tema/objeto de estudo,

portanto, representa o resultado de um trabalho ou exposição de um estudo científico

recapitulativo, de tema único e bem delimitado em sua extensão.

1) Ser suficientemente representativo de um todo cujas características de análise.

2) Ser capaz de reunir os elementos constitutivos de um sistema social ou de refletir as

incidências e fenômenos de caráter autenticamente coletivo.

São características da monografia:

Abordar tema delimitado, específico de determinado ramo do saber.

Uso da análise na compreensão do fenômeno investigado.

Trata-se de um trabalho escrito de maneira sistemática e metódica.

Estudo minucioso e exaustivo, incluindo diversos aspectos do objeto investigado.

Uso da metodologia científica em seu conteúdo e forma.

Contribui para aumento e melhoria do conhecimento individual e coletivo e para a

evolução científica.

Estrutura de Monografia

Elementos da Monografia

A monografia é apresentada, de forma geral, com os seguintes elementos:

Elementos Pré-textuais:

Capa, na qual deverá conter apenas os dados indispensáveis à identificação do trabalho:

título em destaque na parte superior; o nome do autor em destaque; especificação do

trabalho (dissertação, monografia etc.); dados referentes ao curso; dados referente à

instituição acadêmica com as respectivas localização e data.

Dorso com o título e nome do autor.

Folha de rosto, geralmente sem gravação ou impressão, às vezes utilizada para apresentar

um resumo da obra.

Após a capa, uma a duas folhas em branco.

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67

Uma página que repete a capa.

A página de rosto que contém: na parte superior, o nome completo do autor, sem

abreviaturas, com seus títulos ou cargos logo abaixo; o título real do trabalho com

subtítulos, se houver; indicação de prefácio ou prólogo ou apresentação com o nome do

apresentador (quando não houver apresentador, esse item não deve aparecer), nome da

instituição, cidade e ano.

Página de dedicatória, se houver.

Epígrafe, ou página destinada a um pensamento, frase, dístico, se o autor achar

conveniente.

Sumário completo (de todos os capítulos e suas seções) ou sumário (enumeração das

partes principais) com a indicação das páginas iniciais dos capítulos ou partes destacadas.

Listas de tabelas e/ou quadros, ilustrações, abreviaturas, siglas, símbolos etc.

Prefácio, caso haja.

Apresentação, caso haja.

MODELO DE CAPA MODELO DE FOLHA DE ROSTO

Elementos Textuais:

Introdução.

Desenvolvimento com a seqüência dos capítulos destinados ao corpo do trabalho.

Capítulo(s) das conclusões.

Elementos Pós-textuais:

Anexos, elementos que se acrescentam para demonstração, exemplificação ou

comprovação do texto, ordenados de acordo com o desenvolvimento.

Adendos, dados que se acrescentam para complementação do trabalho.

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68

Notas, fruto de observações ou aditamentos do texto.

Apêndices, elementos que se anexam para complementação do trabalho.

Bibliografia ou referência bibliográfica em ordem alfabética dos sobrenomes dos autores.

Índice de assuntos, nomes de pessoas, nomes geográficos, acontecimentos etc., em ordem

alfabética, com indicação de sua localização no texto.

Glossário, caso se julgue importante.

Uma ou duas páginas em branco antes da folha de rosto.

PARA SABER MAIS, ACESSE O SITE:

http://www.monografia.net/abnt/index.htm

TEXTO COMPLEMENTAR

Reflita sobre os riscos do comprometimento sociocultural que estão presentes nas investigações dos

pesquisadores dos fenômenos humanos. Como desenvolver um conhecimento rigoroso e eficaz nas ciências

humanas e sociais?

É importante salientar que os cientistas destes ramos do conhecimento estão sempre investindo no

desenvolvimento de métodos e técnicas de pesquisa que sejam mais adequados para os seus estudos. Os

diversos instrumentos de coleta de dados, a exemplo de entrevistas, questionários, história de vida, análise

de documentos e observação foram desenvolvidos com propósito de preencher a lacuna sobre a validade das

pesquisas em ciências humanas e sociais.

De uma maneira geral, há dois grandes procedimentos metodológicos nas pesquisas socioculturais: a

quantitativa e a qualitativa. A primeira caracteriza-se por mensurar de modo preciso o real. Preocupa-se,

portanto, em estabelecer medidas, inclusive de caráter estatístico, que possam "quantificar" as observações.

As chamadas "pesquisas de opinião", como as pesquisas eleitorais, utilizam-se de procedimentos

quantitativos. As pesquisas qualitativas estão voltadas para apreender e explicitar o sentido da atividade

social, isto é, as significações internas dos comportamentos, tais como motivações, representações e valores,

que são dificilmente quantificáveis.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e

aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994. (Coleção Ciências da Educação).

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5.

ed. São Paulo: Atlas, 2003.

TACHIZAWA, Takeshi; MENDES, Gildásio. Como fazer monografia na prática. 8. ed. Rio de Janeiro:

FGV, 2003.

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SÍNTESE

Conceito de Pesquisa: conjunto de ações, propostas para resolução de um problema, que tem por base

procedimentos racionais, sistemáticos e metódicos.

Classificação das Pesquisas: a) Pesquisas exploratórias e descritivas – define melhor o problema, gera

propostas de solução, descreve fenômenos, define e classifica fatos e variáveis; b) Pesquisas aplicadas –

aplica leis, teorias e modelos, na solução de problemas que exigem diagnóstico de uma realidade; c)

pesquisas puras ou teóricas – vai além da simples definição e descrição do problema; e sim, formula

hipóteses, aplica método científico de coleta de dados, controla e analisa, inferindo a interpretação da

realidade.

Níveis de Pesquisa: a) Pesquisa Bibliográfica: é desenvolvida a partir de material já publicado (livros,

artigos, material disponível na internet; b) Pesquisa Documental: elaborada a partir de materiais que não

receberam tratamento analítico. c) Pesquisa Experimental: determinação de um objeto de estudo,

selecionando as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo; d) Estudo de caso: caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo conhecimento; e)

Pesquisa-Ação: investigação realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um

problema coletivo; f) Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores

e membros das situações investigadas.

Tipos de Pesquisa: a) Pesquisa Quantitativa: parte do pressuposto de que tudo pode ser quantificável,

o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, requerendo uso

de técnicas estatísticas; b) Pesquisa Qualitativa: considera a existência de uma relação dinâmica entre o

mundo real e o sujeito, no qual a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no

processo de pesquisa qualitativa.

As Etapas da Pesquisa Científica: a) escolha do tema; b) revisão de literatura; c) justificativa; d)

formulação do problema; e) determinação de objetivos; f) metodologia; g) coleta de dados; h) análise e

discussão dos resultados; i) redação e apresentação do trabalho científico.

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70

GLOSSÁRIO

COGNITIVO: refere-se à cognição, isto é, percepção ou aquisição de um conhecimento.

EMPÍRICO: destituído de caráter científico, por fundamentar-se na experiência.

EMPIRISMO: constitui uma corrente filosófica, que tem como representante o filósofo john locke. atribui a

experiência à base do conhecimento humano, ou seja, é a partir das experiências que o sujeito constrói idéias

sobre o mundo. esta corrente é opositora ao racionalismo.

EPISTEMOLOGIA: é proveniente de dias, palavra grega: episteme (ciência) e logos (teoria). parte da filosofia

que se ocupa com a teoria do conhecimento científico, isto é, a natureza dos fundamentos do saber científico,

de sua validade, limites e condições de produção. os filósofos anglo-saxônicos tendem a usar a expressão

“gnosiologia” como sinônimo de “epistemologia”. em nossa língua, o termo gnosiologia é usualmente

empregado com mais freqüência para designar “teoria do conhecimento em geral” e epistemologia para se

referir à “teoria do conhecimento científico”.

ETIMOLOGIA: parte da gramática que trata da origem e formação das palavras.

HEGEMÔNICA: significa preponderância, supremacia, superioridade. a tradução mais comum refere-se à

supremacia de um povo entre outros, pelas suas tradições ou condições de raça, por costumes.

HOLÍSTICO: relativo ao holismo (do grego holos, que significa todo). parte da noção de que as propiedades

de um sistema não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes, e sim pela

interdependência dinâmica.

IDENTIDADE CULTURAL: conjunto de elementos ou características pelas quais um indivíduo, grupo ou

cultura é definitivamente reconhecível, sentimento de pertençimento de uma cultura. os estudos culturais

entendem que a identidade preenche o espaço entre o mundo pessoal e o mundo público que projetamos

cada um de nós, à medida que internalizamos seus significados e valores, tornado-os “parte de nós”,

contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo

social e cultural.

INTERACIONISMO: constitui uma corrente filosófica, que tem como representante o filósofo immanuel

kant. baseia-se na interação entre o sujetito e o objeto do conhecimento, em uma relação dialética e mútua na

construção do conhecimento.

INTERDISCIPLINARIDADE: refere-se à integração entre duas ou mais áreas do conhecimento para

construção de novas proposições. ela surge como uma das respostas à necessidade de uma reconciliação

epistemológica, processo necessário devido à fragmentação dos conhecimentos ocorrido na sociedade

moderna.

MONOLÍTICO: diz-se do caráter, do sentimento, da crença etc., que não apresenta rupturas, que é íntegro.

MULTIDISCIPLINARIDADE: refere-se ao uso de conhecimentos, informações provenientes de diferenciados

ramos do saber para pesquisar determinado elemento, sem a preocupação de interligar estes ramos entre si.

PLURALIDADE CULTURAL: refere-se ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais

dos diferentes grupos sociais que convivem em um mesmo território, às desigualdades socioeconômicas e à

crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade, colocando a ética como

elemento definidor das relações sociais e interpessoais.

RACIONALISMO: constitui uma corrente filosófica, que tem como representante o filósofo rené descartes.

destaca que o conhecimento é baseado nas idéias inatas, atribuindo primazia ao uso do raciocínio, que é a

operação mental, discursiva e lógica do ser humano.

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71

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Ed. Mestre Jou, 1970.

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2002.

ANDER-EGG, Ezequiel. Introdución a las investigación social: para trabajadores socieles. 7. ed. Bueno

Aires: Humanitas, 1978.

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas.

São Paulo: Atlas, 1995.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São

Paulo: Moderna, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação –

apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro.

______. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos - apresentação. Rio de Janeiro.

______. NBR 6023: informação e documentação – referências - elaboração. Rio de Janeiro.

______. NBR 6022: informação e documentação – artigo em publicação periódica científica impressa. Rio de

Janeiro, 2003.

BABBIE, Earl. Métodos de pesquisas de Survey. Tradução Guilherme Cezarino. Belo Horizonte: UFMG,

1999.

BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia. São

Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1986.

______. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2. ed. amp. São Paulo:

Makron Books, 2000.

BOAVENTURA, Edivaldo M. Metodologia da Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2004

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos

métodos. Porto: Porto Editora, 1994. (Coleção Ciências da Educação).

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 42. reimp. São Paulo: Brasiliense, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Superintendência do Desenvolvimento Educacional. Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC/SUD, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2001.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1995.

______. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

______. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

FIORENTINI, Dário; LORENZATO, Sergio. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e

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