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5. Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS)
Este capítulo apresenta a estrutura desenvolvida para o Modelo de
Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS), elaborada a partir
das investigações ocorridas nos capítulos anteriores, dentro dos objetivos
propostos para este trabalho.
Num primeiro momento são descritos os procedimentos para a elaboração
do modelo, a apresentação de sua estrutura, diretrizes e conceitos. Posteriormente
é apresentada a elaboração dos critérios de avaliação, suas dimensões e
conhecimentos necessários para adequada aplicação.
5.1 Objetivo do modelo de diagnóstico
El Marghani 119
apresenta em sua tese algumas definições de “modelo”,
representadas no Quadro 14 a seguir:
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO/ CARACTERÍSTICA
Lima (apud Romano 2003) Modelo é uma representação na forma de pensar, abordar e articular os problemas organizacionais. Um modelo desempenha um papel de referência, ou seja, opera como prescrição para os agentes que tomam a decisão a respeito das práticas a serem empregadas nas operações e processos.
Montmollin (1990) Modelo é uma simplificação da realidade, que serve para guiar as observações, para colocar as perguntas apropriadas e interpretar as respostas. Trata-se de um “esqueleto” que permite evitar erros. É oriundo da psicologia cognitiva e permite a formulação de hipóteses sobre os procedimentos ou sobre a aquisição de conhecimentos.
Naert & Leeflang (apud Machado, 1999)
Modelo é uma representação dos elementos mais importantes de um sistema real percebido. Ou seja, modelos são representações condensadas e simplificadas da realidade.
Quadro 14 – Definições do conceito de modelo segundo diversos autores. Baseado em El Marghani, 2010.
119
EL MARGHANI, V. G. R. Modelo de Processo de Design no Nível Operacional. 2010. 238
folhas. Tese de doutorado - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 150
O conceito de modelo a ser abordado nesta tese é o baseado em Lima, que o
descreve como uma representação da forma de pensar e articular os problemas
organizacionais, desempenhando um papel de referência para os agentes na
tomada de decisões.
A definição de diagnóstico refere-se à coleta e análise de dados para avaliar
problemas de diversas naturezas, é ter o conhecimento de uma determinada
situação por meio de sinais ou investigações realizadas. Uma definição de
diagnóstico empresarial defendido por uma empresa de consultoria é o “processo
pelo qual se busca obter uma avaliação do estágio em que se encontram as
práticas de gestão empresarial, sob o ponto de vista da interação dos indivíduos
com a organização, visando obter a melhor condição para maximização do
potencial humano da empresa” (PRADO, 2011, web) 120
.
Desta forma, o modelo de diagnóstico proposto visa definir um
procedimento de análise que permita às empresas da indústria da mobilidade
urbana avaliar seu potencial em relação à sua capacidade na gestão do design,
focando a implantação da abordagem da sustentabilidade no desenvolvimento de
produtos e serviços de baixo impacto ambiental.
Este modelo possibilitará que estas organizações identifiquem suas
condições em relação a estes temas, apontando seus pontos fracos e fortes, como
também visando ações de melhorias.
Desta forma, os aspectos a serem considerados no MDGS são:
- Permitir uma auto-avaliação das empresas, de maneira que possam
identificar seu desempenho, considerando a gestão do design e a sustentabilidade
nos processos de desenvolvimento de produtos e serviços;
- Possuir conteúdo e terminologias conhecidas e usadas pelas empresas para
facilitar seu uso e permitir a consolidação do modelo;
- Ter caráter flexível que possibilite a análise de desempenho sob os dois
critérios (gestão do design e sustentabilidade), em apenas um dos critérios,
considerando uma gestão estratégica e/ou operacional, conforme as necessidades e
situação da empresa;
120
PRADO, L. J. Diagnóstico Organizacional. Disponível em:
<http://www.slideshare.net/lauroprado/diagnostico-organizacional>. Acesso em: 11 de jan. 2011.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 151
- Utilizar uma representação gráfica de resultados que permita à empresa
observar seu desempenho em diferentes situações, possibilitando identificar seus
pontos fracos para que sejam tomadas as devidas ações de melhoria.
A partir destes objetivos, na próxima seção são analisados alguns modelos
existentes para a elaboração do modelo de diagnóstico proposto.
5.2 Elaboração do modelo de diagnóstico
Para a elaboração deste modelo de diagnóstico foi necessário considerar
modelos existentes, tanto para gestão do design como para sustentabilidade, e
identificar os parâmetros a serem considerados para a elaboração dos
questionários de avaliação.
Nesta seção são apresentados alguns modelos já consolidados usados para a
avaliação em gestão de design; com relação à sustentabilidade não foram
identificados modelos, sendo então considerados alguns indicadores aplicados.
Após essa avaliação foram definidos e apresentados os parâmetros para a
elaboração dos questionários e por fim é apresentada a estrutura do modelo
proposto.
5.2.1 Modelos existentes
Para a elaboração do modelo proposto foi necessária uma pesquisa sobre
modelos de diagnóstico existentes, tanto para avaliação da gestão do design como
para a abordagem da sustentabilidade. Foram considerados para a pesquisa alguns
modelos de auditoria.
Segundo Cooper e Press (1994), o termo “auditoria” é um termo popular na
linguagem dos negócios e pode ser aplicado a qualquer tipo de avaliação, sendo
usado em conexão com outras questões da gestão como qualidade, habilidade ou
até mesmo estresse. Uma auditoria procura levantar a posição de uma empresa em
relação a um determinado tópico quer seja econômico, ergonômico ou social.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 152
Bruce e Bessant (2002) 121
destacam que independente da área, o processo
de auditoria segue um modelo similar, como apontado na Figura 29. O processo
inicia com a definição da área de análise; identificação dos stakeholders que
participarão da auditoria; aplicação da auditoria; análise e discussão dos
resultados com a emissão de recomendações que poderão ser implementadas a
curto ou longo prazo. O processo deve ser revisado periodicamente.
Figura 29 – Modelo genérico de auditoria. Adaptado de Bruce & Bessant, 2002.
A seguir são analisados alguns modelos referentes às duas diretrizes.
a) Gestão de Design
Foram identificados alguns modelos de auditoria do uso do design. Uma
auditoria de design revela sua consistência dentro de uma organização, apontando
o nível de conhecimento e compreensão da organização sobre o valor do design,
bem como a coerência entre o design e as estratégias empresariais (BEST, 2009;
MOZOTA, 2003; BRUCE & BESSANT, 2002; COOPER & PRESS, 1994). A
partir desta avaliação é possível verificar a eficácia das decisões de design da
empresa e oferecer recomendações de melhorias, caso necessário.
Bruce e Bessant (2002) destacam algumas estruturas que podem ser usadas
como um checklist nas auditorias de design. Estas estruturas seguem os princípios
121 BRUCE, M.; BESSANT, J. Design in Business: Strategic Innovation Through Design.
Published by Pearson Education, 2002.
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da definição de auditoria do European Foundation for Quality Management
(EFQM), porém têm focos diferentes entre si:
- BS 7000 Design Management Dydtems: não fornece um conjunto de
questões de auditoria, porém estabelece um quadro de questões que uma
organização deve considerar em relação ao design e inovação. O guia examina as
melhores práticas em nível corporativo, do projeto e em termos de ferramentas e
técnicas.
- DTI Successful Product Development Audit: este guia de auto-avaliação
permite a uma empresa auditar sua atividade de desenvolvimento de produtos a
partir da perspectiva da estratégia de desenvolvimento de produto, processo de
desenvolvimento de produto, trabalho em equipe, ferramentas e gerenciamento de
projetos. Dentro de cada uma dessas áreas uma série de perguntas são feitas, de
forma que a empresa marca no guia a sua capacidade em uma escala de 0-4.
- DTI Innovation Audit: auditoria de auto-avaliação desenvolvida pelo
London Business School, examina a inovação tecnológica dentro do negócio. O
modelo identifica quatro modelos centrais: geração de conceito, desenvolvimento
de produto, processo de inovação e aquisição tecnológica.
- The New Guide to Identity: detalha o processo de desenvolvimento de
identidade do negócio. Dentro desse processo uma série de auditorias é descrita
por comunicações, comportamento e auditoria visual.
Não foram encontradas informações mais precisas sobre estes modelos:
como são feitas as avaliações, como são os instrumentos de avaliação. Desta
forma foram identificados outros dois modelos de auditorias em design existentes,
que foram analisados com maior profundidade, devido à sua consolidação em
empresas européias: o Design Atlas e o Self Assessment Tool.
- Design Atlas
O Design Atlas é uma estrutura de avaliação desenvolvida em 1999 pelo
Design Council122
do Reino Unido e foi uma das primeiras abordagens
metodológicas estruturadas que foram implementadas (COOPER & PRESS,
1994). Esta estrutura avalia como as empresas desenvolvem o design e segue uma
122 O Design Council é a agência de governo do Reino Unido que promove o design, financiado
pelo Department of Business of Innovation and Skills. DESIGN COUNCIL. Design Atlas: A tool
for auditing design capability. s/d. Disponível em: < http://www.designinbusiness.org.uk/>.
Acesso em: 12 de out. 2010.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 154
revisão sistemática de fatores de sucesso do design nos negócios, auxiliando as
organizações a ampliarem suas capacidades e obterem o máximo da atividade do
design.
São cinco as áreas compreendidas pelo Design Atlas: planejamento de
design, que avalia a existência de estratégias para a empresa e o nível de
comunicação destes planos; processo de design, que procura identificar o
conhecimento do processo de design e como este é estruturado e gerenciado;
recursos para o design investigando alocações gerais de recursos e os específicos
ao design; pessoas para o design avalia as habilidades de design às quais a
empresa tem acesso; e posteriormente, cultura de design, que observa os valores
de design trabalhados pela empresa (BRUCE & BESSANT, 2002). O objetivo é
permitir que as organizações avaliem a sua capacidade e identifiquem
oportunidades de desenvolvimento.
O Design Atlas utiliza a estrutura do modelo genérico de auditoria visto na
Figura 29. A área de análise pode ser a organização toda ou apenas uma unidade
de negócios. Por este modelo pode-se auditar todos os envolvidos nas atividades
de design ou apenas o executivos responsáveis pela gestão do design. Após o
preenchimento do questionário, a análise dos resultados deve avaliar em que
aspectos houve um desempenho fraco e são feitas sugestões de recomendações.
Estas recomendações poderão ser feitas de forma rápida e integrada às atividades
já existentes ou então ser implementadas no longo prazo. Esse tempo de evolução
dependerá dos recursos disponíveis e da velocidade com a qual a organização
poderá absorver as mudanças. A sugestão é de que sejam feitas análises de custo
benefício para priorizar cada item (DESIGN COUNCIL, 2010).
A parte final do guia do Design Atlas apresenta uma tabela que descreve as
recomendações para o desenvolvimento das capacidades de design que podem ser
feitas em resposta ao resultado da auditoria, porém são recomendações genéricas e
que podem ser interpretadas de formas diferentes. O guia indica a existência de
diversas ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas para aumentar as
capacidades de design, mas se a organização já tem esta capacidade mal
elaborada, ficará difícil correr atrás das recomendações. É apontado que estas
ferramentas e técnicas estão disponíveis em outro material disponibilizado pelo
Design Council ou que então a empresa pode optar por trabalhar com consultores
externos que irão oferecer seus conhecimentos e serviços sobre o tema.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 155
- Self Assessment Tool
Outra ferramenta avaliada foi o Self Assessment Tool123
, elaborada pelo
Design Management Europe (DME) como parte do programa ADMIRE (Award
for Design Management Innovating and Reinforcing Enterprises) 124
. Esta é uma
ferramenta de auto-avaliação que permite ampliar os conhecimentos sobre gestão
de design em geral e identificar como ela ocorre dentro de uma organização.
Conforme o DME (2010), possibilita à empresa descobrir o valor do design,
compreender o seu papel na inovação e avaliar seu próprio modelo de gestão de
design.
Segundo Kootstra (2009) havia uma lacuna em relação à existência de
modelos de validação para este fim, apesar de iniciativas para elaborar um modelo
como este (sendo apontados Hayes 1990; Olson et al., 2000; Mozota 2002;
Danish Design Centre, 2003 apud KOOTSTRA, 2009) e das contribuições feitas
pelo Design Council e Moultrie e Frazer com as respectivas descrições das
ferramentas de auditoria.
O modelo elaborado foi o Design Management Staircase125
, com uma
abordagem bastante similar ao Design Ladder desenvolvido pelo Centro de
Design Dinamarquês (DDC), conforme já visto no Capítulo 2 desta tese. O DM
Staircase também possui um modelo em quatro níveis, mas a principal diferença
está no fato de que estes quatro níveis são definidos com base em cinco
dimensões: conhecimento, planejamento, recursos, especialidade e processo, o
que torna este modelo mais específico e detalhado do design (KOOTSTRA,
2009). Outra diferença reside no fato do DM Staircase ser focado em gestão do
design em vez de simplesmente avaliar o uso do design nas organizações.
Sua estrutura possui 18 questões centrais que permitem avaliar a capacidade
de gestão do design de uma empresa. É uma ferramenta online que permite à
organização uma auto-avaliação, sem a necessidade de um consultor. A
123 DESIGN MANAGEMENT EUROPE. Self Assessment Tool. Disponível em:
< http://database.designmanagementeurope.com/>. Acesso em: 12 de nov. 2010. 124
ADMIRE é uma iniciativa conjunta entre dezenove parceiros anos e dez agentes de doze países,
que juntos compõem DME (Design Management Europe). O objetivo principal desta colaboração
foi a criação de um Prêmio Europeu em Gestão de Design (European Design Management
Award). Além disso o ADMIRE também visa aumentar a sensibilização para a gestão de design e
compartilhar conhecimentos nesta área, especialmente entre as pequenas e médias empresas em
toda a Europa. 125 O Self Assessment Tool é a ferramenta auto-avaliação online do DM Staircase. DESIGN
MANAGEMENT EUROPE, op. cit.
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ferramenta também fornece dicas de melhorias e destaca estudos de caso
relevantes de empresas européias.
No ano de 2009 foram divulgados no Brasil os resultados de uma pesquisa
idealizada pela Associação dos Designers de Produto (ADP) e pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para avaliar o impacto
do design nas empresas brasileiras. Esta pesquisa foi realizada pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV) através do Programa Brasileiro de Design (PBD). A
motivação da pesquisa foi a falta de dados concretos no país que defendessem a
afirmação de que o design é um fator importante para o desenvolvimento de uma
empresa dentro de um processo de inovação. A pesquisa foi realizada por setores,
envolvendo empresas de dez setores industriais: Automotivo/ Transportes,
Construção, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos, Equipamentos Esportivos,
Máquinas e Equipamentos, Equipamentos Médico-odonto-hospitalares, Moda e
Acessórios, Moveleiro e Utilidades Domésticas (REDE DESIGN BRASIL,
2010)126
.
A metodologia usada teve como referência os questionários de pesquisas
realizadas na Dinamarca e Reino Unido, os mesmos abordados anteriormente,
porém o material não é disponibilizado para avaliação. O questionamento foi feito
diretamente com os empresários de empresas de destaque em seus segmentos, que
puderam apontar sua percepção sobre os resultados obtidos por suas empresas
(REDE DESIGN BRASIL, 2010).
No Quadro 15 é apresentada a síntese dos modelos de auditoria em gestão
do design avaliados, considerando o autor do modelo, as dimensões avaliadas e
suas características principais.
126
REDE DESIGN BRASIL. Indicadores. 2010. Disponível em: <http://www.designbrasil.org.br/
observatorio/indicadores.php>. Acesso em: 26 de mai. 2011.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 157
MODELO DE ESTRUTURA
AUTOR DIMENSÕES AVALIADAS
CARACTERÍSTICAS DO MODELO
DTI Successful Product Development Audit
DTI, 1995 (apud Bruce e Bessant, 2002)
- Estratégia - Processo - Trabalho em equipe - Ferramentas - Gerenciamento de projetos
Guia de auto-avaliação permite a uma empresa auditar sua capacidade de desenvolvimento de produtos a partir das áreas consideradas. Dentro de cada uma dessas áreas uma série de perguntas são feitas e a empresa assinala a sua capacidade em uma escala de 0-4.
The New Guide to Identity
Olins, 1995 (apud Bruce e Bessant, 2002)
- Comunicações - Comportamento - Visual
Detalha o processo de desenvolvimento de identidade do negócio. Dentro este processo uma série de auditorias são descritas por comunicações, comportamento e “auditoria visual”.
DTI Innovation Audit
DTI, 1996 (apud Bruce e Bessant, 2002)
- Geração de conceito - Desenvolvimento de produto - Processo de inovação - Aquisição tecnológica
Auditoria de auto-avaliação que examina a inovação tecnológica dentro do negócio. O modelo identifica quatro modelos centrais: geração de conceito, desenvolvimento de produto, processo de inovação e aquisição tecnológica.
BS 7000 Design Management Dydtems
BSI, 1999 (apud Bruce e Bessant, 2002)
- Corporação - Projeto - Ferramentas e técnicas
Não apresenta o conjunto de questões de auditoria, mas estabelece um quadro de questões que uma organização deve considerar em relação ao design e inovação. O guia examina as melhores práticas realizadas nas empresas, conforme as dimensões consideradas.
Design Atlas Design Council (1999)
- Planejamento - Processo - Recursos - Pessoas - Cultura
O objetivo é permitir que as organizações avaliem suas capacidades e identifiquem oportunidades de desenvolvimento.
Self Assessment Tool
DME (2009)
- Conhecimento - Planejamento - Recursos - Experiência - Processo
Permite uma análise sistemática que possibilita a auditoria de auto-avaliação das capacidades de design e gestão nas empresas.
Quadro 15 – Modelos de estruturas para auditorias de gestão do design
Considerando os modelos avaliados, verificou-se que o modelo de avaliação
da gestão do design em empresas desenvolvido pelo DME possui uma estrutura
consolidada, de forma que se optou por usar este material como base para o
modelo proposto neste trabalho.
b) Sustentabilidade
No que se refere à sustentabilidade, foram analisados alguns modelos de
avaliação ambiental, que têm em seu escopo diversos indicadores de
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 158
sustentabilidade. Segundo Rabelo e Lima (2007) 127
os indicadores de
sustentabilidade são usados pelas empresas para que possam avaliar o progresso
realizado em relação a metas definidas de maneira simples e objetiva, com a
capacidade de abordar os diferentes segmentos social, ambiental e econômico
conjuntamente. As autoras ainda destacam que os indicadores surgem de valores e
geram valores e que, segundo Siena (2002 apud RABELO & LIMA, 2007), os
indicadores de sustentabilidade têm o papel adicional de orientar as empresas,
indivíduos ou grupos de pessoas sobre a importância do comportamento e
escolhas de cada um sobre a sustentabilidade que se busca.
Bortolin et al. (s/d) 128
apontam que os indicadores auxiliam as empresas
internamente na tomada de decisão e avaliam seu desempenho ao longo do tempo,
destacando áreas potenciais para melhorias. Além disso, comunicam de forma
eficaz as metas ambientais designadas e servem como instrumento de feedback
para informação e motivação. Os indicadores também possibilitam avaliações
externas à organização, verificando a adequação dos processos a normas e leis,
permitem a comparação frente a outras empresas por meio de benchmarking,
elaboração de relatórios ambientais que comunicam seu desempenho, além de
contribuir também com a identificação de oportunidades de mercado.
Rabelo e Lima (2007) destacam que há ao redor do mundo cerca de 560
iniciativas de indicadores de sustentabilidade, mas que os mesmos são dinâmicos
e variam conforme a natureza do objeto de estudo. Segundo as autoras, não há
indicadores de sustentabilidade definitivos, pois mesmo que contemplem as
dimensões da sustentabilidade (social, econômica, ambiental e institucional), não
se pode adotá-las sem que estejam contextualizadas. Isso seria uma justificativa
para os diversos sistemas existentes.
Foram analisados três modelos que contemplam indicadores de
sustentabilidade: Resultado Tríplice, Ecoeficiência e os Relatórios de
Sustentabilidade. O primeiro foi proposto por Elkington, o segundo foi elaborado
127 RABELO, L. S.; LIMA, P. V. Indicadores de sustentabilidade: a possibilidade da mensuração
do desenvolvimento sustentável. REDE - Revista Eletrônica do Prodema , v.1. n.1, p. 55-76.
ISSN 1982-5528. Disponível em: <http://www.prodema.ufc.br/revista/index.php/
rede/article/view/4>. Acesso em: 03 de mar. 2011. 128 BORTOLIN, A. R. et al. Instrumentos de avaliação de desempenho ambiental nas
empresas: contribuições e limitações. p. 184-198. Disponível em: <http://www.fsp.usp.br/siades/
documentos/Publicacoes/Artigo_15f.pdf>. Acesso em: 03 de mar. 2011.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 159
pelo WBCSD e o último pela Global Reporting Initiative (GRI)129
e, no Brasil,
pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS).
- Modelo do Resultado Tríplice
Conhecido como Triple Bottom-Line, este modelo permite às organizações
avaliarem a sustentabilidade pela integração de suas três dimensões: econômica,
ambiental e social. Petrini (2006) 130
destaca que este modelo foi proposto em
1998 por Elkington, sendo usado como referencial para „capturar todo conjunto de
valores, questões e processos que as organizações devem endereçar com o objetivo de
minimizar qualquer dano resultante de suas atividades e criar valor econômico, social
e ambiental‟. Para isso é preciso clareza nos objetivos da empresa, sendo necessário o
envolvimento de todos os seus stakeholders.
Como o gerenciamento destas três dimensões é muito complexa, Elkington
(1998 apud PETRINI, 2006) sugere integrações parciais que permitem três estratégias
de negócios que visam a sustentabilidade:
Caso de negócio: permite que as organizações sigam as estratégias de seus acionistas
por meio da sustentabilidade ambiental ou social. Esta estratégia tem por objetivo a
“ecoeficiência” ou “produtividade social”.
Caso verde: nesta estratégia são privilegiados tópicos como a “eco-efetividade” ao
invés da ecoeficiência, e a “suficiência” das necessidades a serem discutidas.
Caso humano: possibilita identificar como a sustentabilidade econômica e ambiental
podem contribuir para mais justiça social.
- Ecoeficiência
Alguns conceitos e características de ecoeficiência já foram apontados no
Capítulo 2, mas aqui seguem mais algumas considerações.
Segundo o CEBDS (2011)131
a ecoeficiência trata do “uso mais eficiente de
materiais e energia, a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos
ambientais”. É considerada como um estilo gerencial que encoraja
129
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização baseada em rede de contatos que foi pioneira no desenvolvimento de uma estrutura de relatório de sustentabilidade amplamente
utilizado. Seus objetivos centrais incluem a divulgação de dados empresariais em relação a
questões ambientais, sociais eo desempenho administrativo. 130 PETRINI, M. Incorporando a gestão da sustentabilidade aos sistemas de Inteligência de
negócio. Tese de doutorado (Programa de Administração de Empresas). Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2006. 131 CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL. Ecoeficiência. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/eco-rbe-
ecoeficiencia.asp>. Acesso em: 05 de mar. 2011.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 160
as empresas a se tornarem mais competitivas, inovadoras e ambientalmente
responsáveis, produzindo mais e melhor com menos. O conceito de ecoeficiência
elaborado pelo WBCSD em 1992 destaca que:
[...] (a ecoeficiência) é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços
competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao
mesmo tempo em que reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de
recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de
sustentação estimada da Terra (WBCSD, 1992 apud CEBDS, 2011).
Os elementos que caracterizam a ecoeficiência, segundo o CEBDS (2011)
são: reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; reduzir o consumo de
energia com bens e serviços; reduzir a dispersão de substâncias tóxicas;
intensificar a reciclagem de materiais; maximizar o uso sustentável de recursos
renováveis; prolongar a durabilidade dos produtos; e agregar valor aos bens e
serviços.
Bortolin et al. (s/d) destacam que o WBCSD desenvolveu um modelo para
auxiliar as empresas a avaliarem sua sustentabilidade econômica e ambiental, de
forma flexível o suficiente para poder ser aplicada e facilmente interpretada pelas
organizações. Esse modelo contempla dois tipos de indicadores, um com
indicadores válidos a praticamente todos os tipos de negócios e outro com
indicadores específicos a algumas modalidades de negócio.
Os autores destacam que a avaliação da ecoeficiência é realizada a partir de
três categorias de indicadores, que são áreas principais de influência no ambiente
ou de valor do negócio: valor do produto ou serviço (volume/ massa, unidades
monetárias, função); influência ambiental durante a produção do produto/
serviço (consumos de energia, materiais, recursos naturais, saídas não produtivas,
eventos inesperados); influência ambiental no uso do produto/ serviço
(características do produto/ serviço, desperdício na embalagem, consumo de
energia, emissões durante o uso/ disposição) (BORTOLIN et al., s/d).
O modelo desenvolvido pelo WBCSD dialoga com o modelo GRI para
relatórios de sustentabilidade. Bortolin et al. (s/d) apontam que os dois modelos
foram gerados sobre bases semelhantes e que, de maneira geral, os indicadores
usados na avaliação da ecoeficiência podem ser aplicados em relatórios de
sustentabilidade.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 161
- Relatórios de Sustentabilidade
A GRI desenvolveu um documento designado Sustainability Reporting
Guidelines (SRG), que é um guia com diretrizes para o desenvolvimento de
relatórios de sustentabilidade, publicado pela primeira vez em 2006 e que está na
versão 3.1 (GRI, 2011) 132
.
Segundo Savitz e Weber (2007)133
, as diretrizes de divulgação emitidas pela
GRI são nos dias de hoje o principal padrão mundial para medir, monitorar e
divulgar os programas de sustentabilidade das empresas, sendo consideradas
também a „língua franca‟ da sustentabilidade no mundo.
Esses Relatórios de Sustentabilidade gerados divulgam os resultados
produzidos no período de reporte, dentro do contexto dos compromissos da
organização, estratégia e abordagem de gestão. Segundo Amaral (2003 apud
Bortolin et al., s/d), o objetivo principal dos Relatórios de Sustentabilidade
consiste no monitoramento dos seus indicadores com medições transparentes,
verificáveis e relevantes, tanto para os gestores como para as demais partes
interessadas, estimulando assim melhorias no desempenho da empresa (atividades
ou processos).
A GRI seguiu o modelo dos prinícipios contábeis americanos da GAAP
(Generally Accepted Accounting Principles) e procura colocar os relatórios
ambientais, sociais e econômicos sob o mesmo nível de rigor, clareza, exatidão,
utilidade e influência sobre investidores dos relatórios finaceiros (SAVITZ &
WEBER, 2007).
De acordo com a GRI (2011), estes relatórios podem ser usados para
benchmarking e avaliação do desempenho de sustentabilidade com relação às leis,
normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; apontam como
a organização influencia e é influenciada por expectativas sobre o
desenvolvimento sustentável; e compara o desempenho dentro de uma
organização e entre diferentes organizações ao longo do tempo.
132 G3.1 Guideline é uma atualização e conclusão da terceira geração das Diretrizes GRI para
Relatórios de Sustentabilidade. O GRI Reporting fornece orientações sobre como as organizações
podem divulgar seu desempenho de sustentabilidade. GLOBAL REPORTING INITIATIVE.
Sustainability Reporting Guidelines: The G3.1 Guidelines. Amsterdam, 2011. Disponível em:
< http://www.globalreporting.org/ReportingFramework/G31Guidelines/> Acesso em: 27 de mar.
2011. 133
SAVITZ, A. W.; WEBER, K. A empresa sustentável: o verdadeiro sucesso é o lucro com
responsabilidade social e ambiental. Rio de Janeiro: Campus; 2007. 288 p.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 162
O relatório estabelece seis categorias de indicadores de performance em
sustentabilidade: Ambiental, Direitos Humanos, Sociedade, Práticas Trabalhistas,
Responsabilidade pelo Produto e Econômica. No total são aproximadamente 100
indicadores, com relevâncias diferentes para cada empresa. Por isso, Savitz e
Weber (2007) destacam que é importante que as organizações orientem suas
escolhas conforme as condições específicas do negócio, identificando os dados
mais relevantes para tornar a empresa mais eficiente, lucrativa e sustentável.
Devido à complexidade e informações exigidas para a formulação dos
relatórios de sustentabilidade, verifica-se que a empresa deve disponibilizar
recursos específicos para sua elaboração, necessitando empenho e compromisso
por parte destas empresas.
O CEBDS (2010) desenvolveu um questionário com base nas diretrizes da
GRI para elaborar uma base mínima de indicadores que possibilitasse uma visão
geral da atuação de seus associados. São 33 questões que abordam os temas água,
biodiversidade, comunicação e educação, gestão sustentável, construção
sustentável, energia e mudança do clima e finanças. A seguir o conteúdo dos
indicadores abordados pelo CEBDS:
Água: questões que abordam verificações sobre o consumo de água e
contabilização de quantidade de água reciclada e reutiliza nas unidades da
empresa.
Biodiversidade: questões que abrangem a contabilização dos impactos
significativos gerados na biodiversidade e ações de gestão de riscos à
biodiversidade.
Comunicação e Educação: questões relacionadas aos indicadores de satisfação do
cliente e casos de não conformidade em relação ao marketing.
Gestão sustentável: abrangem questões relacionadas a indicadores de contratação
local, diversidade de público interno e conselheiros, treinamentos, risco de
trabalho infantil ou forçado, mitigação de impactos ambientais de produtos e
serviços e investimentos realizados em educação para a sustentabilidade.
Construção sustentável: questões relacionadas aos indicadores de consumo de
materiais e materiais reciclados, iniciativas que visem o baixo consumo energético
ou que utilizem energia renovável nos produtos e serviços desenvolvidos, como
também questões que abrangem o controle de lesões, doenças ocupacionais, dias
perdidos, absenteísmo e óbitos.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 163
Energia e mudança do clima: questões que consideram o consumo de energia
direta, energia economizada, emissões de gases de efeito estufa e iniciativas para
reduzir emissões destes gases.
Finanças: questões que abordam riscos e oportunidades com as mudanças
climáticas e impactos indiretos.
Segundo o relatório do CEBDS (2010) esses dados se referem a questões
qualitativas, avaliando se estes itens são ou não aplicados pelas empresas
consultadas. A divisão das questões por estes temas possui apenas fins didáticos,
uma vez que muitas perguntas são transversais e pertinentes a mais de um tema.
Nos casos em que as empresas associadas fazem seus relatos periodicamente, os
indicadores numéricos e quantitativos podem ser consultados diretamente nestes
documentos, em forma de sistemas de indicadores e métricas variadas (material
não disponível no site da CEBDS).
O Quadro 16 apresenta a síntese dos indicadores de sustentabilidade
analisados, evidenciando seu autor, temas ou dimensões avaliadas e principais
características.
MODELOS DE ESTRUTURA
AUTOR DIMENSÕES / TEMAS
AVALIADOS CARACTERÍSTICAS
Triple Bottom-Line
Elkington, 1996 (apud Petrini, 2006)
- Econômica - Ambiental - Social
Permite às organizações avaliarem a sustentabilidade pela integração de suas
três dimensões, mas sugere integrações parciais que facilitem identificar valores, questões e processos que minimizem os
danos resultantes de suas atividades e criem valor econômico, ambiental e social.
Ecoeficiência WBCSD, 1992
- Valor do produto ou serviço - Influência ambiental durante a produção - Influência ambiental durante o uso
Estilo gerencial que encoraja as empresas a se tornarem mais
competitivas, inovadoras e ambientalmente responsáveis, produzindo mais e melhor com menos.
Relatórios de sustentabilidade
GRI, 2006
- Ambiental - Direitos Humanos - Sociedade - Práticas Trabalhistas - Responsabilidade pelo produto - Econômica
Principal padrão mundial para medir,
monitorar e divulgar os programas de sustentabilidade das empresas, sendo considerados também a „língua franca‟
da sustentabilidade no mundo. Divulgam os resultados produzidos no período de reporte, dentro do contexto dos
compromissos da organização, estratégia e abordagem de gestão.
Indicadores de Desempenho de Sustentabilidade
CEBDS, 2008
- Água - Biodiversidade - Comunicação e educação - Gestão sustentável - Construção sustentável - Energia e mudança do clima - Finanças
Questionário elaborado com base nas diretrizes da GRI para formar uma base
mínima de indicadores que possibilitem uma visão geral da atuação de seus associados. São 33 questões que
abordam os temas apontados.
Quadro 16 – Modelos de indicadores de sustentabilidade
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 164
Os modelos avaliados para a sustentabilidade possibilitaram um
entendimento sobre o conteúdo das questões que poderiam ser abordadas na etapa
referente à sustentabilidade para o modelo proposto, porém não foi observada a
possibilidade de usar algum destes modelos como base, sendo necessário o
desenvolvimento de um novo modelo.
Na próxima seção são apresentados os parâmetros propostos para a
elaboração do MDGS.
5.2.2 Parâmetros do modelo proposto
Conforme apontado na seção anterior, para a elaboração do instrumento de
diagnóstico referente à avaliação da gestão do design foi definido como modelo
de referência o material desenvolvido pelo DME. Como este modelo já possui
uma estrutura consolidada, foram feitas adaptações de conteúdo e adequação ao
formato da pesquisa, de modo que algumas questões foram direcionadas ao nível
de gestão de design sugerido (estratégico ou operacional).
O modelo do DME compreende cinco dimensões, também trabalhadas por
outros modelos como o Design Atlas, que foram mantidas para o modelo MDGS e
podem ser verificadas no Quadro 17:
GESTÃO DE DESIGN
Dim
en
sõ
es
Conhecimento (dos benefícios)
Planejamento Recursos Especialidade Processo
Sig
nif
icad
o
Faz referência a quanto uma
organização (e especificamente a sua gestão) está
ciente dos benefícios e do valor potencial
que o design e a gestão do design podem oferecer.
A organização tem uma
estratégia para o design, articulada nos
planos de negócios e pode ser caracterizada
como inovação em design (primeiro do
mercado) ou imitação de design
(seguidor).
A extensão na qual uma organização
investe em design, organiza e gerencia seus recursos
adequadamente: orçamentos, meios de produção e as
pessoas (equipes internas e/ ou externas,
consultores, equipes multidisciplinares de design e diretoria).
Considera o nível de
experiência, competências e conhecimento
aplicados na gestão do design e a utilização de
ferramentas e métodos específicos.
Considera a extensão na qual
uma organização segue uma gestão e processo
profissional e eficaz, considerando
também o momento em que o design é
implantado.
Quadro 17 – Dimensões da Gestão do Design compreendidas no diagnóstico. Baseado em DME (2011, web).
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 165
Para o instrumento de avaliação da diretriz sustentabilidade, verificou-se a
necessidade de elaborar um novo modelo, considerando itens abordados pelos
indicadores analisados.
Desta forma, as questões que compreendem esta área foram desenvolvidas
pela autora, exclusivamente para o modelo MDGS. Para a elaboração destas
questões foram definidos parâmetros levantados com a pesquisa bibliográfica
sobre o tema e pela análise dos indicadores. Foram consideradas as diversas
fontes, artigos e relatórios que apontaram as principais questões para aprimorar a
capacidade de uma gestão de design voltada para a sustentabilidade.
Avaliou-se que poderiam ser adotadas as mesmas dimensões aplicadas
como parâmetros na parte referente à gestão do design, porém com significados
que avaliam o desempenho da aplicação de critérios sustentáveis (econômico,
social e ambiental) no desenvolvimento de produtos e serviços dentro das
empresas. Com base nas conclusões da revisão de literatura, e utilizando a mesma
estrutura da pesquisa do DME, foram definidas as questões para se obter as
informações necessárias para responder aos objetivos gerais da pesquisa.
As cinco dimensões compreendidas para a abordagem da sustentabilidade
podem ser observadas no Quadro 18:
SUSTENTABILIDADE
Dim
en
sõ
es
Conhecimento (dos benefícios)
Planejamento Recursos Especialidade Processo
Sig
nif
icad
o
Faz referência ao
conhecimento apresentado pela
organização quanto às contribuições da
abordagem da sustentabilidade e reconhecimento
de práticas aplicadas ou barreiras
existentes.
Considera se a
sustentabilidade é articulada dentro
da organização, fazendo parte dos planos e objetivos
e de que forma é inserida e coordenada na
empresa.
Aponta o nível de
investimento feito pela organização
em sustentabilidade e de que forma
seus recursos são organizados para esta abordagem:
orçamentos, pessoal, meios de produção.
Analisa a
capacidade aplicada nos
diferentes níveis de gestão, bem como a utilização
de métodos, práticas e ferramentas
voltadas à sustentabilidade nas atividades de
gestão.
Avalia a extensão
na qual a sustentabilidade é
aplicada na organização e no desenvolvimento
de seus produtos e serviços, se está inserida
dentro de seu processo e se há controle sobre
estes aspectos.
Quadro 18 – Dimensões da Sustentabilidade compreendidas no diagnóstico
Os parâmetros aplicados para as duas diretrizes devem permitir que as
empresas identifiquem suas competências em relação a elas, sendo possível
posteriormente posicioná-las em uma escala de maturidade.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 166
A partir destes parâmetros foi elaborada a estrutura do modelo, conforme se
observa na seção a seguir.
5.2.3 Estrutura do modelo proposto
Avaliando-se os modelos existentes, verificou-se que a estrutura destes
modelos apresenta-se em forma de questionário. Segundo a definição de Gil
(1999), o questionário é uma técnica de investigação que tem por objetivo
fornecer conhecimento sobre opiniões, interesses, expectativas, situações
vivenciadas, entre outros. As principais vantagens e limitações destacadas por Gil
(1999) e verificadas com a aplicação destes questionários são indicadas no Quadro
19:
VANTAGENS LIMITAÇÕES
- não exposição dos pesquisados à influência do entrevistador;
- permitir o preenchimento do material conforme a disponibilidade dos pesquisados.
- impedir o auxílio no momento de dúvidas sobre as questões;
- impede o conhecimento das circunstâncias em que o material foi respondido, comprometendo a qualidade das respostas;
- apresenta resultados críticos em relação à objetividade, uma vez que os itens podem apresentar entendimentos diferentes para cada sujeito pesquisado.
Quadro 19 – Vantagens e limitações da aplicação de questionários. Baseado em Gil (1999).
Em relação à forma, as questões elaboradas para o modelo MDGS são do
tipo questões fechadas, uma vez que apresentam um conjunto de alternativas de
respostas para serem escolhidas, devendo a resposta representar da melhor forma
a situação ou ponto de vista do pesquisado (GIL, 1999).
Para este modelo de diagnóstico foram desenvolvidos dois questionários,
um voltado para a gestão em nível estratégico e outro para a gestão em nível
operacional. Isso se deve ao fato de que em muitos casos a inserção do design se
dá apenas em níveis operacionais nas organizações. Além disso, como já
defendido anteriormente, para a eficácia do uso da sustentabilidade, é necessário
que esta abordagem seja compreendida e amparada pelos gestores estratégicos,
com isso verificou-se que é importante considerar o ponto de vista de
representantes destes dois grupos de gestores.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 167
Cada questionário possui três etapas de avaliação: Etapa 1 – Caracterização;
Etapa 2 – Gestão do Design; Etapa 3 – Sustentabilidade. A base dos questionários
é a mesma, porém algumas informações solicitadas aos respondentes e algumas
questões são pertinentes a cada nível de gestão. Essa diferenciação permite
identificar como é a visão nos diferentes níveis de informação e também
possibilita atuar de forma mais direta posteriormente.
Na etapa de Caracterização são consideradas informações referentes ao
entrevistado, à empresa e ao setor no qual o gestor atua. No questionário destinado
aos gestores estratégicos, o foco das informações é dado à empresa, com dados
que identificam a constituição da organização, tipo, área de atuação, forma de
administração, número de funcionários, se a empresa trabalha com design, entre
outros. Já no material voltado aos gestores operacionais, o foco está no setor e
compreende dados sobre número e formação dos integrantes das equipes e
subordinação do setor.
As questões que abordam a Gestão do Design procuram investigar o nível
de conhecimento e aplicação da gestão de design nas empresas, considerando-se
também a aplicação e importância do design para a organização. As questões
elaboradas pelo DME sofreram adaptações de conteúdo, de maneira que algumas
questões são diferentes de um questionário para outro: algumas focam mais a
gestão em nível estratégico, avaliando a empresa de maneira geral e outras
enfocam mais ações em nível operacional, dando maior ênfase à atividade de
desenvolvimento de produto. O questionário voltado à gestão em nível estratégico
procura avaliar a importância dada ao design para o desenvolvimento da empresa
dentro de um processo de inovação; o questionário voltado à gestão em nível
operacional considera o papel dado ao design na empresa e identifica os
procedimentos usados no processo de desenvolvimento de produtos e serviços.
Com relação à etapa sobre Sustentabilidade, as questões disponibilizadas
no questionário para o nível estratégico procuram identificar como a empresa
aborda e identifica esta abordagem em seus objetivos e estratégias; se há barreiras
encontradas pela organização para seu uso e quais são; se há pessoas com
competências específicas dentro da organização para alavancar os trabalhos; quais
atividades já são realizadas; se são usados procedimentos específicos que
consideram a sustentabilidade nas estratégias da empresa e como é monitorada. O
material voltado ao nível operacional abrange informações que investigam como a
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 168
sustentabilidade é aplicada nos setores para o desenvolvimento de novos produtos
e serviços, uso de ferramentas e práticas específicas, monitoramentos e barreiras
existentes.
No Apêndice 2 são apresentados os questionários referentes ao modelo
MDGS Estratégico e MDGS Operacional, com suas variações. A síntese da
estrutura das questões abordadas no modelo é apresentada na Figura 30, a seguir:
Figura 30 – Estrutura dos questionários do modelo MDGS
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 169
Na Etapa 3, na parte referente à dimensão Especialidade em
sustentabilidade, foram apontadas algumas ferramentas e métodos que podem ser
empregados no Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) para auxiliar no
desenvolvimento de estratégias e produtos/ serviços de baixo impacto ambiental.
Dessa forma, foi realizada a seleção e cadastro de alguns procedimentos
relacionados ao desenvolvimento de produtos/ serviços, bem como às questões
estratégicas.
A seleção partiu da pesquisa de Pigosso (2010) 134
e Gomes (2010)135
(pesquisas em desenvolvimento na época da elaboração desta etapa), como
também das análises realizadas no Capítulo 2. A partir da pré-seleção de 105
práticas gerada por Pigosso, foram avaliados seus conteúdos e selecionadas
aquelas que atendiam às diferentes fases do PDP, de maneira a trabalhar com uma
abordagem sustentável, alcançando todos os níveis de gestão. Foi considerada
também a seleção de ferramentas com abordagens voltadas à indústria da
mobilidade urbana.
Durante a análise verificou-se a necessidade de pesquisa de outras práticas
que pudessem ampliar as opções em todas as fases do PDP, sendo necessário, para
isso, uma pesquisa complementar. Das práticas e procedimentos analisados foram
consideradas 36 para esta pesquisa. Os critérios para seleção das práticas estão
relacionados a seguir, alguns baseados em Pigosso (2008)136
e Saavedra (2010) 137
(Apêndice 3):
- Método, ferramenta, técnica: campo destinado ao nome do método,
ferramenta ou técnica selecionada.
134 PIGOSSO, D. C. A. Modelo de Maturidade para a Melhoria do Desempenho Ambiental na
Gestão do Ciclo de Vida de Produtos. Tese (Doutorado em andamento) – Engenharia da
Produção, Universidade de São Paulo, São Paulo. Material disponibilizado em 2010. 135 GOMES, N. S. Proposta de Critérios para Seleção de Ferramentas da Dimensão
Ambiental do Design Sustentável. 2011. Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Design,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. 136 PIGOSSO, D. C. A. Integração de métodos e ferramentas do ecodesign ao processo de
desenvolvimento de produtos. 2008. Monografia (Graduação) Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo, 2008. 137 SAAVEDRA, Y. M. B. Práticas de estratégias de fim de vida focadas no processo de
desenvolvimento de produtos e suas aplicações em empresas que realizam a recuperação de
produtos pós-consumo. 2010. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, 2010. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/
18/18156/tde-25112010-102619/es.php>. Acesso em 26 de jan. 2011.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 170
- Nível de gestão do design: este campo aponta em que níveis da gestão de
design esta prática pode ser aplicada: Nível Estratégico, Nível Operacional.
- Procedimento técnico: neste campo são destacados os procedimentos
técnicos aplicados no uso da prática, descritos por Saavedra (2010:64):
Checklist: procedimento de natureza qualitativa ou semi-quantitativa empregado
para conferir o uso ou não de parâmetros/ critérios considerados;
Guideline: procedimento de natureza qualitativa ou semi-quantitativa usado para
definir diretrizes a serem aplicadas de maneira a melhorar o desenvolvimento de
produtos/ serviços, além de introduzir aspectos relacionados às dimensões
ambiental, econômica e social;
Matriz: usada para estabelecer uma série de escalas que permitem avaliar de
forma específica os parâmetros estabelecidos dentro da prática estudada;
Software: procedimento de aplicação computacional da prática; permite a
compilação de grande quantidade de dados, o que permite, em alguns casos,
funcionalidade e rapidez de uso.
- Consolidação: aponta o grau de consolidação da prática, conforme os
níveis abaixo (SAAVEDRA, 2010:65):
Baixo: apresenta informações do desenvolvimento da prática, porém não indica
um estudo ilustrativo para validação;
Médio: a validação da prática foi realizada por meio de um estudo de caso real,
constatando-se as contribuições teóricas da prática;
Alto: a prática já possui uma aplicação em processos organizacionais.
- Fases do Ciclo de Vida: indica as fases do ciclo de vida em que a prática
pode ser aplicada: Pré-produção; Produção; Distribuição; Uso; Descarte.
- Área da Sustentabilidade: neste campo é indicada a dimensão da
sustentabilidade abordada pela prática (SAAVEDRA, 2010:65):
Ambiental: dimensão que destaca características e benefícios ambientais obtidos
pela aplicação da prática (ex. diminuição de resíduos ou no consumo de energia);
Econômico: destaca características e benefícios econômicos obtidos com a
aplicação da prática (ex. redução de custos ou materiais);
Social: destaca características e benefícios sociais obtidos com a aplicação da
prática (ex. geração de emprego).
Posteriormente as ferramentas selecionadas foram classificadas e
caracterizadas (Apêndice 4), conforme os seguintes itens:
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 171
- Método, ferramenta, técnica: campo destinado ao nome do método,
ferramenta ou técnica selecionada.
- Objetivo: campo usado para apontar o objetivo principal de sua aplicação.
- Pontos positivos: são apontados neste campo os pontos positivos que
beneficiam a aplicação destas práticas.
- Pontos negativos: são apontados os pontos negativos referentes às
práticas selecionadas.
- Referências: este campo indica as referências relacionadas a estas
práticas.
Após a seleção das práticas, estas foram classificadas conforme sua
aplicação nas diferentes fases do PDP para facilitar a seleção para os diferentes
questionários do modelo de diagnóstico (Apêndice 5). Essa seleção também
permitirá que na avaliação da empresa sejam identificadas as possíveis
ferramentas a serem usadas, como sugestão de implantação de melhorias. As fases
do PDP estão representadas conforme modelo apresentado por Rozenfeld et al.
(2006)138
:
- Planejamento Estratégico de Produtos: nesta fase tem-se por objetivo
obter um plano contendo o portfólio de produtos de uma empresa, descrevendo
sua linha de produtos e projetos que serão desenvolvidos, de forma a auxiliar a
empresa a atingir as metas estratégicas de negócio.
- Planejamento de Projeto: nesta fase é feito o planejamento macro do
projeto aprovado na fase anterior. São identificadas as atividades, recursos e a
melhor forma de integrá-los para que o projeto ocorra com o mínimo de erros.
- Projeto Informacional: desenvolver um conjunto de informações a partir
daquelas levantadas no planejamento e em outras fontes. Essas especificações irão
orientar a geração de soluções e fornecer a base sobre a qual serão definidos os
critérios de avaliação e tomada de decisão.
- Projeto Conceitual: nesta fase do projeto a equipe trata da busca, criação,
representação e seleção de soluções para o problema de projeto.
- Projeto Detalhado: dá prosseguimento à fase anterior, desenvolvendo e
finalizando todas as especificações do produto, que será posteriormente
encaminhado à manufatura.
138
ROZENFELD, Henrique et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para
a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 172
- Preparação da Produção do Produto: engloba a produção do lote piloto,
definição dos processos de produção e manutenção.
- Lançamento do Produto: envolve a definição dos processos de venda e
distribuição do produto/ serviço, atendimento ao cliente, assistência técnica e
campanhas de marketing.
Para o questionário voltado aos gestores estratégicos foram apontadas as
práticas se encaixam a todas as fases do PDP; já no questionário voltado aos
gestores operacionais, as práticas selecionadas foram aquelas concentradas nas
fases do Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto Detalhado e
Preparação da Produção do Produto.
A Figura 31 representa de forma esquemática o modelo de diagnóstico
proposto por este trabalho.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 173
Figura 31 – Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS)
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 174
Este modelo de diagnóstico é focado em gestores e procura considerar suas
aptidões, expectativas, possibilidades e intenções de melhoria. Para o
desenvolvimento desta tese, o modelo visa atender a empresas da indústria da
mobilidade urbana e não foi sistematizado, mas o conceito final poderá ser
aplicado a qualquer indústria que desenvolva produtos e/ou serviços interessada
em sua capacitação com relação à gestão do design e à sustentabilidade.
5.3 Elaboração dos critérios de avaliação
Para identificar os critérios de avaliação também houve a necessidade de
avaliar alguns modelos existentes. Foram consideradas as métricas do modelo de
referência (DME) na parte relativa à gestão de design, mas também foram
avaliados outros modelos e a literatura existente (DESIGN BRASIL, 2005;
KOOTSTRA, 2009; DESIGN COUNCIL, 2010; SEEPROJECT, 2010). Para
definir os níveis de maturidade em sustentabilidade foram considerados os
modelos apresentados por Manzini e Vezzoli (2005), Santos (2009), Fortes (2006)
e Savitz e Weber (2007).
Nas seções a seguir são apresentados os conteúdos que permitiram definir os
critérios de avaliação.
5.3.1 Dimensões consideradas
Conforme visto na seção 5.2, as questões relacionadas à investigação sobre
a aplicação da gestão do design foram adaptadas da ferramenta Self Assessment
Tool do DME. Já as questões voltadas ao tema da Sustentabilidade foram
formuladas pela pesquisadora, utilizando a mesma estrutura e lógica deste modelo
de referência.
Para as duas etapas (Gestão do Design e Sustentabilidade), as dimensões
avaliadas foram Conhecimento, Planejamento, Recursos, Especialidade e
Processo.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 175
Para cada dimensão do modelo de referência são considerados quatro níveis
de maturidade que indicam o envolvimento das empresas com a gestão do design.
Esses estágios são semelhantes aos do DDC usados no Ladder Design, modelo já
consolidado pela literatura (DESIGN COUNCIL, 2010; SEEPROJECT, 2010;
KOOTSTRA, 2009; DESIGN BRASIL, 2005). Baseada nesta literatura, a
categorização genérica dos níveis de maturidade usados no modelo MDGS é
assim apresentada:
Nível 1: no primeiro nível não há gestão do design formalizada. A empresa
não faz uso do design em nenhum estágio do processo ou outras disciplinas
acumulam a função de introduzir funcionalidade ou estética ao desenvolvimento
dos produtos ou serviços. O design não desempenha nenhum papel ou tem um
papel limitado nos esforços da empresa para trabalhar a diferenciação de mercado.
Há pouco ou nenhum conhecimento/ experiência para tratar das atividades de
design; o design ainda é visto por muitos dentro da organização como custo e não
como investimento.
Nível 2: no segundo nível há a gestão do design como projeto. A empresa
faz uso limitado do design, sendo normalmente visto apenas como elemento
estético, introduzido em um estágio já avançado do projeto, apenas como
acabamento ou detalhe gráfico. O design é usado primeiramente como ferramenta
de marketing, porém não é usado para criação de valor. Falta para a empresa o
foco na melhoria do processo e execução, de forma que os projetos são mal
integrados no processo de negócios. Nesta empresa a gestão dos projetos é
realizada apenas em nível operacional e de maneira mínima, com poucos registros
e ferramentas de controle.
Nível 3: neste nível a gestão do design é aplicada como função, de forma
que o design não é usado apenas como produto final, mas é integrado nos estágios
iniciais do processo, combinando-se com as várias disciplinas envolvidas. A
implantação do design na empresa é relacionada ao desenvolvimento de produtos
e serviços e à inovação, de maneira que os esforços de design passam a ter uma
abordagem mais ampla, incluindo o processo. A empresa possui um funcionário
ou departamento com a responsabilidade formal pela gestão do processo de
design, que irá atuar na interface entre diferentes tipos de especialistas em design,
departamentos e gestão da empresa.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 176
Nível 4: a gestão do design é trabalhada como cultura, todos na empresa
entendem que o investimento em design é essencial e trabalham como uma equipe
para que o design seja implantado em todas as atividades da empresa. Neste nível
o design é incorporado como um elemento-chave na estratégia da empresa e,
portanto, também no processo de desenvolvimento dos serviços e produtos. A
empresa que se encontra neste nível de maturidade está visando se estabelecer
como líder de mercado pela inovação de design (na forma de novos produtos ou
serviços, comunicação inovadora ou táticas inovadoras de marketing). Para se
sobressair, nestas organizações a alta administração e os demais departamentos
estão intimamente envolvidos com o design, que faz parte do processo de
negócios da empresa.
A Figura 32 a seguir apresenta a síntese dos níveis de maturidade do modelo
MDGS para a avaliação em gestão do design, evidenciando suas principais
características.
Figura 32 – Níveis de maturidade em Gestão do Design considerados no modelo MDGS. Baseado em Design Brasil (2005); Kootstra (2009); Design Council (2010); Seeproject (2010).
A partir do modelo de referência estudado, para o modelo MDGS a
categorização em níveis foi distribuída por dimensão. O Quadro 20 apresenta a
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 177
caracterização dos quatro níveis de maturidade para cada dimensão avaliada no
modelo proposto.
1ª Dimensão: CONHECIMENTO
SIGNIFICADO: Faz referência a quanto uma organização (e especificamente a sua gestão) está ciente dos
benefícios e do valor potencial que o design e a gestão do design podem oferecer.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A organização não reconhece o design
como meio de diferenciação dos negócios.
Há na empresa alguns especialistas que compreendem os
benefícios ou o valor potencial que o design e sua gestão podem
oferecer.
Muitas pessoas na organização
reconhecem que o design e sua gestão são importantes para que a
empresa se mantenha competitiva.
Todos dentro da organização estão
cientes de que o design e sua gestão são de fundamental importância
para ganhar posição de liderança.
2ª Dimensão: PLANEJAMENTO
SIGNIFICADO: A organização tem uma estratégia para o design, articulada nos planos de negócios e pode ser caracterizada como inovação em design (primeiro do mercado) ou imitação de design (seguidor).
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
O design não é
mencionado nos planos e objetivos da empresa. Não há entendimento sobre o papel que o
design pode desempenhar para contribuir com o
desenvolvimento estratégico.
O design possui planos e objetivos limitados em
um nível projetual; o design é considerado apenas em curto prazo.
Há objetivos e planos
direcionados para o design, sendo este integrado em diversas atividades da
organização.
O design é parte dos
planos estratégicos da empresa; o planejamento de design é um processo dinâmico
que direciona os negócios; planos e objetivos são
comunicados amplamente.
3ª Dimensão: RECURSOS
SIGNIFICADO: A extensão na qual uma organização investe em design, organiza e gerencia seus recursos adequadamente: orçamentos, meios de produção e as pessoas (equipes internas e/ ou externas, consultores,
equipes multidisciplinares de design e diretoria).
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A organização não
reconhece o potencial de retorno do investimento
em design e compromete pouco ou nenhum
recurso para as atividades de design.
Apenas recursos
limitados são alocados para projetos específicos; são raros os
investimentos em design sem revisão do potencial de retorno.
A organização aloca
recursos para atividades de design baseadas em potencial de retorno. Há,
no entanto, procedimentos para auxiliar na tomada de
decisões.
A organização atribui
grande quantidade de recursos para as atividades de design,
baseado em potencial de retorno, com procedimentos
financeiros para ajudar na avaliação de investimentos, de risco e
rastreamento de retornos.
4ª Dimensão: ESPECIALIDADE
SIGNIFICADO: Considera o nível de experiência, competências e conhecimento aplicados na gestão do
design e a utilização de ferramentas e métodos específicos.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A organização tem pouca ou nenhuma competência para lidar
internamente com a atividade de design; não são aplicadas
ferramentas de gestão do design.
A organização tem poucas competências para lidar com design
(interna ou externamente); ferramentas básicas de
gestão do design podem ser aplicadas de forma inconsistente.
Há competências suficientes na empresa para lidar com
todas as atividades internas relevantes de design; ferramentas
padrão de gestão do design são aplicadas de forma consistente,
mas ainda há algum espaço para melhorias.
Há especialistas que lidam com uma abordagem global,
podendo ser reforçada com consultores externos; há
o uso de diversas abordagens, métodos e ferramentas de gestão
do design; métricas adequadas também estão disponíveis.
Quadro 20 – Dimensões avaliadas em Gestão do Design no modelo MDGS e seus respectivos níveis de envolvimento. Baseado em Koostra (2009, web).
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 178
5ª Dimensão: PROCESSO
SIGNIFICADO: Considera a extensão na qual uma organização segue uma gestão e processo profissional e
eficaz, considerando também o momento em que o design é implantado.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A empresa não envolve o design em seus processos atuais; há
pouco ou nenhum conhecimento sobre o processo de gestão de
design.
O design é realizado de forma inconsistente ou no final do processo
de desenvolvimento; não há mecanismos ou experiência em
gestão do processo de design.
O processo de design é realizado consistentemente e no
início do processo de desenvolvimento; a organização tem um
processo formal de gestão do design que impulsiona seu
desempenho (documentado e com avaliações regulares).
O design é uma atividade contínua na organização; a empresa
está envolvida em continuamente otimizar e melhorar a gestão do
processo de design.
Quadro 20 – Dimensões avaliadas em Gestão do Design no modelo MDGS e seus respectivos níveis de envolvimento (continuação). Baseado em Koostra (2009, web).
Com relação aos níveis de maturidade da sustentabilidade de uma empresa,
Fortes (2006) 139
define alguns estágios de maturidade empresarial que podem
caracterizar uma empresa em relação à sua capacidade de ser sustentável.
- Selvagem: o acompanhamento realizado pela empresa é mínimo, limitado
ao indispensável, com vistas ao controle de custos e às especificações dos
produtos ou serviços. A estrutura é verticalizada e centralizadora, a gestão não é
sistematizada e os recursos humanos são mal capacitados. Foco apenas no lucro.
- Cumpridora: há um acompanhamento regular, mas limitado ao
necessário, visa cumprir o atendimento legal, o controle de custos e as
especificações dos produtos ou serviços. Tem uma estrutura departamentalizada, a
gestão é parcialmente sistematizada, setorizada, reativa, com controle da
qualidade e os recursos humanos são suficientemente capacitados. Foco no lucro
+ trabalhadores + controle de poluição.
- Voluntária: acompanhamento sistematizado, buscando a melhoria
contínua do desempenho, visa o controle de custos, o atendimento legal e as
expectativas de clientes e demais partes interessadas. Possui estrutura horizontal,
com poucos níveis hierárquicos. A gestão é sistematizada e integrada, pró-ativa,
com qualidade controlada. Os recursos humanos são capacitados e envolvidos.
Visa lucro + trabalhadores + prevenção da poluição + diálogo com a comunidade.
139 FORTES, M. M. Ação Global e o papel do investimento social privado na questão da
inclusão social. Disponível em: <http://www.mbc.org.br/mbc/mt/download.php?id_usuario=
0&area=iblioteca&tamanho=4052&file=1163167203.1765A.ppt&nome=Palestra%20de%20Marc
el%20Fortes. Acesso em: 01 abr. 2011. Microsoft Power Point.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 179
- Desenvolvimento sustentável: possui uma gestão sistêmica, visando a
excelência do desempenho, o atendimento legal, a maximização de resultados, o
encantamento dos clientes, as expectativas das demais partes interessadas e da
sociedade. Sua estrutura é virtual, centralizada em times de competência. Possui
uma gestão para a excelência, com base no ciclo de vida, inovação e “full cost
accounting”. Os recursos humanos são capacitados, comprometidos e auto-
motivados. Foco no lucro+trabalhadores+análise do ciclo de vida+cidadania.
Com o objetivo de sintetizar o papel do design como atividade em prol da
sustentabilidade, Manzini e Vezzoli (2005:20-23) definem quatro níveis de
interferência desta atividade no desenvolvimento de produtos e serviços:
- O redesign ambiental do existente: neste primeiro nível procura-se
melhorar a eficiência global do produto/ serviço em termos de consumo de
matéria e energia, facilitando a reciclagem dos materiais e reutilização de seus
componentes. Comporta apenas escolhas de caráter técnico.
- Projeto de novos produtos ou serviços: as novas propostas oferecem
inovações de caráter técnico-produtivo, de maneira que sejam validadas e
socialmente aceitas, oferecendo soluções ecologicamente favoráveis em relação
aos produtos existentes.
- Projeto de novos produtos e serviços intrinsecamente sustentáveis:
neste nível de interferência, a nova proposta deve oferecer soluções radicalmente
favoráveis ao meio ambiente e deve ser bem aceita pelo mercado. Essa escolha
projetual deverá ser posicionada no âmbito estratégico da empresa, pois se espera
que o novo produto ou serviço supere a „inércia cultural e comportamental dos
consumidores‟. Segundo os autores, a escolha por este nível de interferência é que
possibilitará soluções efetivamente coerentes com a perspectiva da
sustentabilidade.
- Proposta de novos cenários que correspondam a “estilos de vida
sustentáveis”: este nível de interferência vai bem mais além do desenvolvimento
de produtos e serviço, pois se propõem a definir novas perspectivas socioculturais
e estabelecer novos critérios de qualidade das soluções, que deverão ser
sustentáveis ao ambiente, aceitáveis socialmente e culturalmente atraentes.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 180
Sob esta perspectiva, Santos (2009:14-23) 140
propõe cinco níveis de
sustentabilidade que estejam associados ao consumo e produção sustentável,
variando de ações paliativas nos fluxos de processos a mudanças de
comportamento em direção a um „consumo suficiente‟:
- Melhoria ambiental dos fluxos de produção e consumo: os esforços da
organização referem-se à melhoria do desempenho ambiental dos fluxos de
processo e de operações, priorizando a seleção adequada de materiais e energia.
As ações são direcionadas ao redesenho de processos e operações, com reduzido
ou nulo resultado nos padrões de consumo.
- Redesign ambiental do produto: prioriza melhorias no produto que
busquem uma maior eficiência do consumo de matéria-prima e energia ao longo
de sua cadeia produtiva. Essas melhorias procuram incluir a reciclagem e reuso de
componentes, que também não interferem de forma radical em estilos de vida e
consumo. Conforme o autor, este nível busca apenas a sensibilização dos usuários
para a escolha de produtos ambientalmente responsáveis e sua efetividade está
sujeita ao comportamento do consumidor no momento da escolha pelo produto.
- Projeto de novo produto intrinsecamente mais sustentável: as soluções
são estabelecidas ainda na fase de projeto, de maneira a pensar um produto
sustentável desde o seu conceito e procurando melhorar o desempenho do produto
em todas as etapas do seu ciclo de vida. Com isso, a interferência de atuação do
designer é mais complexa, uma vez que se procura desenvolver soluções que
evitem ou eliminem os problemas que o redesign ambiental apenas alivia. São
aplicados princípios como a minimização de recursos, escolha de recursos de
baixo impacto, extensão e otimização da vida dos materiais e facilidade de
desmontagem. Este nível pode demandar mudanças importantes no estilo de vida
do usuário, como também na estrutura da própria empresa e na cadeia produtiva
envolvida. Por conta disso existe uma maior probabilidade de resistência em sua
implantação, apesar de apresentar vantagens ambientais em relação aos níveis
anteriores.
- Projeto de sistemas produto + serviço: neste nível há consideráveis
mudanças no estilo de vida dos usuários, pois busca desmaterializar o consumo
140 SANTOS, A. dos. Níveis de maturidade do design sustentável na dimensão ambiental. In:
Cadernos de Estudos Avançados em Design: Design e sustentabilidade I. Organização: Dijon
De Moraes; Lia Krucken. – Barbacena, MG : EdUEMG, 2009. 108 p.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 181
por meio da satisfação do usuário via serviços associados ao produto. Assim como
defendido por Manzini e Vezzoli (2005), implica em uma reestruturação técnico-
produtiva que procura atender uma determinada unidade de satisfação, podendo
gerar ganhos socioambientais mais significativos do que as estratégias anteriores.
Este nível também compreende o estímulo à ecoeficiência dos produtos, tornando-
se fator de lucro para o produtor quando da adoção de produtos mais duráveis e
que permitam serviços de reparo com menor demanda de recursos.
- Implementação de novos cenários de consumo “suficiente”: Santos
(2009) destaca que nos níveis anteriores existe um consumo eficiente, no qual o
comportamento do consumidor é orientado pela busca de determinado nível de
satisfação, utilizando-se um menor volume de recursos. Neste quinto nível os
recursos são em busca de um consumo “suficiente”, orientado a uma esfera
sociocultural, com soluções que efetivamente mudam os estilos de vida e os
hábitos de consumo e produção. Visa novos critérios de qualidade que são ao
mesmo tempo „sustentáveis para o ambiente, socialmente aceitáveis e
culturalmente atraentes‟, não exigindo a aplicação de novas possibilidades
tecnologias ou processos produtivos.
Partindo-se da análise dos modelos descritos anteriormente, na avaliação
sobre o entendimento da empresa e aplicação de abordagens sustentáveis, também
foram definidos quatro níveis de envolvimento. A categorização usada para esta
abordagem no modelo MDGS é assim apresentada:
- Nível 1: identifica-se pouco ou nenhum uso de abordagens para a
sustentabilidade na organização. Quando ocorre, o acompanhamento existente é
mínimo e limitado. Tem foco no controle de custos e os esforços empregados são
direcionados a melhorias no desempenho ambiental dos fluxos de processo e de
operações. Os recursos humanos são mal capacitados e mal aplicados;
praticamente não há disponibilidade para aplicação de recursos financeiros.
- Nível 2: neste nível aplica-se a sustentabilidade como projeto. Existe um
acompanhamento regular, porém é realizado de maneira informal, limitando-se a
cumprir exigências legais, controlar custos e especificações de produtos ou
serviços. Os produtos e serviços desenvolvidos priorizam a busca pela eficiência
do consumo de matéria-prima e energia ao longo da cadeia produtiva. Os recursos
humanos têm consciência da importância da aplicação desta abordagem, mas têm
pouca capacitação, conseguindo agir, quando permitido, apenas dentro de suas
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 182
áreas. O foco é dado apenas às dimensões econômica e ambiental da
sustentabilidade.
- Nível 3: no terceiro nível há a aplicação estruturada de abordagens para a
sustentabilidade, de forma que é aplicada como processo. Há a busca pela
melhoria contínua do processo, de maneira que é realizado um acompanhamento
sistematizado, são consideradas exigências legais e atendimento às expectativas
de clientes e demais partes interessadas (empresa e comunidade). A gestão voltada
para a sustentabilidade é pró-ativa, com qualidade controlada e há integração de
diferentes áreas, que possuem o mesmo objetivo comum. A dimensão social já é
inserida neste nível, porém de maneira não formalizada.
- Nível 4: no quarto nível de maturidade a sustentabilidade faz parte da
cultura da empresa. Desta forma, a aplicação de abordagens para a
sustentabilidade é gerenciada e otimizada, visando a excelência do desempenho,
com a participação e aprovação de todos os envolvidos: empresa, clientes e
sociedade. Os recursos humanos são capacitados, comprometidos e auto-
motivados. As três dimensões da sustentabilidade têm a mesma importância e são
abordadas nas ações da empresa. A gestão é voltada para a excelência e procura
trabalhar novos conceitos que promovam novas relações entre consumidores/
usuários e os produtos ou serviços desenvolvidos.
A Figura 33 indica a caracterização dos níveis de maturidade do modelo
MDGS para a avaliação em sustentabilidade.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 183
Figura 33 – Níveis de maturidade em Sustentabilidade considerados no modelo MDGS
Da mesma forma como apresentado na abordagem da gestão do design, para
o modelo proposto foram definidos níveis de maturidade para cada dimensão
avaliada em sustentabilidade. A caracterização dos quatro níveis de maturidade
definidos para cada dimensão avaliada é apresentada no Quadro 21 apresenta a no
modelo proposto.
1ª Dimensão: CONHECIMENTO
SIGNIFICADO: Faz referência ao conhecimento apresentado pela organização quanto às contribuições da
abordagem da sustentabilidade e reconhecimento de práticas aplicadas ou barreiras existentes.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
Pouco conhecimento
sobre o assunto é verificado na organização. As
barreiras ainda são muito grandes e dificultam sua inserção.
Há na empresa alguns especialistas que
compreendem os benefícios da aplicação de uma abordagem
para a sustentabilidade, porém o entendimento ainda é confuso e
inconsistente e sua aplicação depende de habilidades e dedicação
individuais.
Muitas pessoas na
organização reconhecem a importâncias deste tema,
mas as práticas são aplicadas de forma organizada dentro dos
processos de algumas áreas.
Todos estão conscientes de que é de fundamental
trabalhar a sustentabilidade dentro da empresa, de forma
que há procedimentos integrados em todas as áreas. Há ações
permanentes de melhorias e refinamento de métodos, orientadas
aos objetivos estratégicos da empresa.
Quadro 21 – Dimensões avaliadas em Sustentabilidade no modelo MDGS e seus respectivos níveis de envolvimento
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 184
2ª Dimensão: PLANEJAMENTO
SIGNIFICADO: Considera se a sustentabilidade é articulada dentro da organização, fazendo parte dos planos
e objetivos e de que forma é inserida e coordenada na empresa.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A sustentabilidade não é inserida nos planos
estratégicos e objetivos da empresa. Seu papel não é compreendido
para contribuir com o desenvolvimento estratégico.
Ações voltadas à sustentabilidade são consideradas apenas em
curto prazo e as orientações são limitadas dentro de
departamentos e funções.
Há objetivos e planos direcionados apenas
para o desenvolvimento de produtos/ serviços, sendo usada como
instrumento de marketing sustentável.
A sustentabilidade está inserida no planejamento
estratégico da empresa, com gestão e política ambiental que integram
todas as áreas da empresa; planos e objetivos são
comunicados amplamente.
3ª Dimensão: RECURSOS
SIGNIFICADO: Aponta o nível de investimento feito pela organização em sustentabilidade e de que forma seus recursos são organizados para esta abordagem: orçamentos, pessoal, meios de produção.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A empresa não
reconhece um potencial de retorno de investimento em
sustentabilidade, disponibilizando pouco ou nenhum recurso para esta
abordagem.
Recursos limitados são alocados para projetos
específicos.
A empresa aloca alguns recursos para aplicação
de abordagens sustentáveis, porém há procedimentos para
definição de prioridades.
Recursos significativos são alocados para a
abordagem da sustentabilidade, com procedimentos
financeiros para ajudar na avaliação de investimentos, de risco e rastreamento de
retornos.
4ª Dimensão: ESPECIALIDADE
SIGNIFICADO: Analisa a capacidade aplicada nos diferentes níveis de gestão, bem como a utilização de
métodos, práticas e ferramentas voltadas à sustentabilidade nas atividades de gestão.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A organização tem
pouca ou nenhuma habilidade para lidar internamente com
abordagens da sustentabilidade; nenhuma ferramenta de
gestão é aplicada com esta finalidade.
A organização tem
poucas habilidades para tratar de abordagens ambientais
(interna ou externamente); uso de práticas básicas em
nível de gestão operacional podem ser aplicadas de forma
inconsistente e não há espaço para melhorias.
Há habilidades
suficientes na empresa para lidar com diferentes abordagens
sustentáveis; ferramentas padrão são aplicadas de forma
consistente, com espaço para melhorias.
Há uma equipe
especializada que lida com uma abordagem global,
reforçada com consultores externos; diversas ferramentas e
métodos com esta finalidade são aplicadas nos diversos níveis de
gestão.
5ª Dimensão: PROCESSO
SIGNIFICADO: Avalia a extensão na qual a sustentabilidade é aplicada na organização, se está inserida
dentro de seu processo e se há controle sobre estes aspectos.
NÍVEL 1 NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4
A questão da sustentabilidade não está inserida nos
processos da empresa; não há mecanismos de controle e desempenho
sustentável dos produtos/ serviços produzidos.
A sustentabilidade é aplicada apenas na definição de materiais e
no fluxo de produção; avaliações mínimas são realizdas de forma
inconsistente; os requisitos de avaliação não são claros.
A sustentabilidade é prevista e integrada já no início do processo;
Técnicas de avaliação detalhadas e minuciosas são realizadas durante o
projeto; não há acompanhamento sobre uso e descarte; são
trabalhados projetos de sistema produto-serviço.
A sustentabilidade é trabalhada de forma a encorajar a inovação de
caráter ambiental, sendo inserida no processo de desenvolvimento;
avaliações e testes rigorosos são feitos durante o projeto; há
monitoramento posterior sobre uso e descarte de produtos/ serviços, além
do acompanhamento de seu desempenho social; a empresa trabalha com
a construção de novos cenários sustentáveis.
Quadro 21 – Dimensões avaliadas em Sustentabilidade no modelo MDGS e seus respectivos níveis de envolvimento (continuação)
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 185
A análise dos resultados considerou esta classificação em cada questionário.
Desta forma, é possível identificar para cada empresa a visão, nos diferentes
níveis de gestão, do uso e aplicação da gestão de design e da sustentabilidade, nas
diferentes dimensões.
5.3.2 Critérios de avaliação do modelo proposto
Conforme apresentado na seção 5.2.3, foram desenvolvidos dois
questionários de auto-avaliação: MDGDS Estratégico e MDGDS Operacional.
Estes questionários são divididos em três etapas: Caracterização, Gestão do
Design e Sustentabilidade. Estas etapas são avaliadas e computadas
separadamente, de maneira a formar posteriormente, um valor geral.
De modo a deixar o modelo flexível, as empresas poderão fazer a auto-
avaliação conforme suas características e necessidades: podem optar por ambos os
modelos ou apenas pelo modelo operacional ou estratégico; podem avaliar as duas
abordagens ou apenas a Gestão do Design ou a Sustentabilidade. Isto se deve às
seguintes possibilidades: (1) a empresa pode ainda não trabalhar com design e
querer avaliar seu potencial para definir novas estratégias; (2) a empresa pode já
trabalhar com design, porém não ter um gestor operacional interno; (3) a empresa
pode querer ampliar apenas seu potencial em sustentabilidade; (4) a empresa pode
querer ampliar a auto-avaliação a todas as áreas da empresa para identificar como
estas abordagens são vistas pelos demais gestores, etc.
A Etapa 1, Caracterização, serve para informar os dados da empresa e
direcionar as demais questões conforme o nível de gestão do respondente. Estes
dados não são computados, servindo apenas como base de dados estatísticos para
cruzamento de informações. O Quadro 22 apresenta as informações consideradas
nesta etapa.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 186
ETAPA 1: CARACTERIZAÇÃO
Questões comuns
Dados do entrevistado: nome, email, setor em que atua, cargo de ocupação, há quanto tempo no cargo, área de atuação, graduação profissional, titulação concluída.
MDGDS Estratégico MDGDS Operacional
Dados da empresa: nome comercial, localização, ano de fundação, principal produto/ serviço desenvolvido, tipo de empresa, constituição, tipo de administração, número de funcionários, certificações, tipos de projeto, se a empresa possui departamento ou equipe interna de design, se a empresa trabalha com design e a quanto tempo, subordinação da área de design.
Dados da empresa: nome comercial, localização, ano de fundação, principal produto/ serviço desenvolvido, tipo de administração, número de funcionários, certificações, se a empresa possui departamento ou equipe interna de design, se a empresa trabalha com design e a quanto tempo, subordinação da área de design.
Dados do setor: qual setor, subordinação do setor, número de profissionais da equipe, composição da equipe, titulação dos profissionais.
Quadro 22 – Informações consideradas na etapa de Caracterização do modelo MDGS Estratégico e Operacional
Tanto a Etapa 2, Gestão do Design, como a Etapa 3, Sustentabilidade, foram
divididas em cinco partes, conforme as dimensões pré-estabelecidas. Estas etapas
possuem três tipos de questões: (1) questões de pesquisa de opinião, com
diferentes categorias de respostas para as afirmações apresentadas; (2) questões de
múltipla escolha; e (3) questões com apenas uma opção de escolha, devendo ser
indicada a que a melhor descreve a situação. Estas questões estão distribuídas de
forma aleatória nas cinco partes que compõem as etapas e possuem formas de
avaliação diferenciadas:
- questões de pesquisa de opinião: para estas questões foi aplicada a escala
de Likert. Segundo Malhotra (2004) 141
, esta é uma escala de mensuração
comumente usada em pesquisas de opinião, que indicam o grau de concordância
ou discordância do participante com uma afirmação. Nesta escala normalmente
são usados cinco níveis de respostas que variam de “discordo totalmente” a
“concordo totalmente”. Para a análise destas questões foi atribuído um score para
cada afirmação, indo de 1 a 5, de modo que o escore alto (5) reflete uma resposta
favorável, ou seja, os valores abaixo de 3 são considerados discordantes e os
maiores do que 3, concordantes; o valor exatamente 3 foi considerado ponto
neutro, equivalente aos casos em que as respostas não foram preenchidas. No caso
em que as questões exigiam afirmações negativas, estas foram escalonadas em
141 MALHOTRA, N. K. Mensuração e Escalas: técnicas de escalas não-comparativas. In: ___
Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. p. 262-
286.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 187
ordem inversa. A análise foi feita pelo cálculo do ranking médio (RM)
apresentado por Malhotra (2004), relacionando-se a frequência das respostas dos
respondentes, conforme exemplo da Tabela 3 em uma questão com cinco
respondentes:
Tabela 3: Exemplo de cálculo do ranking médio
Questão Frequência
Design é uma atividade inovadora que conduz à implementação de inovações ou é voltada para isso.
1 2 3 4 5 RM
1 1 3 4
Média Ponderada = (1x2) + (1x3) + (3x5) = 20
Logo, RM = 20 / (1+1+3) = 4
Este cálculo foi realizado para cada item da questão e posteriormente foi
feita a média somatória da questão, de forma que os valores ficaram entre 1 e 4,
equivalentes ao nível de maturidade.
Para o caso de valores quebrados, foi adotado o seguinte critério de
pontuação:
De 0 a 1,9 pontos – nível 1
De 2 a 2,9 pontos – nível 2
De 3 a 3,9 pontos – nível 3
4 pontos – nível 4
Dependendo do tipo de resposta a pontuação foi feita de forma diferenciada.
No quadro 23 são apresentados os pontos referentes a cada questão preenchida.
Nunca Raramente Pouco usado Usado com frequência
Procedimento padrão
1 1 2 3 4
Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre
1 1 2 3 4
Discordo totalmente
Discordo parcialmente
Não concordo nem discordo
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
1 1 2 3 4
Grau de dificuldade 1
Grau de dificuldade 2
Grau de dificuldade 3
Grau de dificuldade 4
Grau de dificuldade 5
4 3 2 1 1
Quadro 23: Pontuação questões de pesquisa de opinião
- questões de múltipla escolha: estas questões foram compiladas
utilizando-se a frequência acumulada. As afirmações disponibilizadas foram
classificadas por escala de importância, de acordo com sua inserção nos quatro
níveis de maturidade definidos. Por meio da escala de importância, para cada
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 188
questão foi definido um score e também foram definidos grupos de pontos que
correspondem aos níveis de maturidade, conforme exemplo da Tabela 4:
Tabela 4: Exemplo de cálculo de frequência acumulada
Item Escala de
import. Score Freq. Status
c 5 5 1 5
e 5 10 0 5
f 5 15 0 5
a 3 18 1 8
b 3 21 0 8
d 3 24 0 8
g 1 25 0 8
Dependendo do score máximo possível para cada questão, a definição dos
níveis de maturidade difere. Desta forma foram feitas simulações de respostas e
definidas escalas de pontos para os diferentes níveis, conforme Tabela 5 a seguir:
Tabela 5: Pontuação para questões de frequência acumulada
Score 25 e 26 pontos Score 28 e 30 pontos Score 38 pontos Score 64 pontos
Nº pontos Nível Nº pontos Nível Nº pontos Nível Nº pontos Nível
0 a 9 N1 0 a 15 N1 0 a 10 N1 0 a 29 N1
10 a 15 N2 16 a 20 N2 11 a 20 N2 30 a 39 N2
16 a 20 N3 21 a 25 N3 21 a 29 N3 40 a 55 N3
acima de 21 N4 acima de 26 N4 acima de 30 N4 acima de 56 N4
- questões com uma opção de escolha: cada afirmação apresentada já
representa um nível de maturidade, conforme exemplo da Tabela 6:
Tabela 6: Exemplo de cálculo para questão com uma opção de escolha
Questão Item assinalado
Até que ponto as pessoas na empresa estão cientes dos benefícios de uma gestão de design eficaz?
1 2 3 4
X
No exemplo dado acima, foi assinalada a segunda afirmação,
correspondendo automaticamente ao nível 2.
A síntese dos tipos de questões aplicadas no modelo MDGS é apresentada
no Quadro 24 a seguir:
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 189
PARTE 1: CONHECIMENTO
Tipo de questão
GESTÃO DO DESIGN SUSTENTABILIDADE
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
Pesquisa de opinião 2 2 3 3
Múltipla escolha 1 1 0 0
Uma opção de escolha 1 1 2 2
Total de questões 4 4 5 5
PARTE 2: PLANEJAMENTO
Tipo de questão
GESTÃO DO DESIGN SUSTENTABILIDADE
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
Pesquisa de opinião 1 1 0 0
Múltipla escolha 0 0 0 0
Uma opção de escolha 3 3 2 2
Total de questões 4 4 2 2
PARTE 3: RECURSOS
Tipo de questão
GESTÃO DO DESIGN SUSTENTABILIDADE
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
Pesquisa de opinião 0 0 0 0
Múltipla escolha 1 1 3 3
Uma opção de escolha 3 3 1 1
Total de questões 4 4 4 4
PARTE 4: ESPECIALIDADE
Tipo de questão
GESTÃO DO DESIGN SUSTENTABILIDADE
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
Pesquisa de opinião 1 1 1 1
Múltipla escolha 1 1 1 1
Uma opção de escolha 1 1 0 0
Total de questões 3 3 2 2
PARTE 5: PROCESSO
Tipo de questão
GESTÃO DO DESIGN SUSTENTABILIDADE
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
MDGDS Estratégico
MDGDS Operacional
Pesquisa de opinião 0 1 1 1
Múltipla escolha 0 0 0 0
Uma opção de escolha 2 2 2 2
Total de questões 2 3 3 3
Quadro 24 – Tipos de questões aplicadas no modelo MDGS
Para a análise geral dos dados, cada dimensão é avaliada separadamente
(ex.: ND1), por meio da média de pontos recebidos em cada questão (ex.:
(n1+n2+n3)/3). Essa média é equivalente ao nível de maturidade da dimensão.
Desta forma, é possível que cada empresa constate em que dimensões têm uma
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 190
colocação melhor (conhecimento, planejamento, recursos, especialidade,
processo) ou quais precisam ser aprimoradas, focalizando as ações de melhorias.
A Figura 34 aponta o esquema visual dos níveis de cada dimensão.
Figura 34 – Esquema visual dos níveis das dimensões no modelo MDGS
Foi definido um sistema de pesos para apontar o grau de importância de
cada fator avaliado nos modelos MDGS e seu impacto sobre a classificação geral
dos modelos, tanto para a gestão do design como para a sustentabilidade. Essa
definição foi baseada na literatura (MARGHANI, 2010; DESIGN BRASIL, 2009;
KOOTSTRA, 2009; SILVA, 2009; MANZINI & VEZZOLI, 2005), e na análise
setorial realizada e descrita no Capítulo 5.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 191
Verificou-se que o fator “Especialidade” dentro de uma empresa tem o
impacto maior no resultado geral da pesquisa, uma vez que apresenta o nível de
experiência, as competências e o conhecimento disponibilizado pela empresa em
relação à gestão do design e à sustentabilidade. Na pesquisa desenvolvida por
Kootstra (2009), as empresas com um forte nível de especialização tiveram a
tendência de se destacar também nas demais dimensões. A dimensão observada
como a segunda com maior influência sobre o resultado geral é o
“Conhecimento”, pois indica o quanto a empresa está ciente dos benefícios destas
abordagens dentro da organização. As dimensões “Planejamento” e “Recursos”
foram definidas com o mesmo grau de importância, pois avaliam de que forma as
abordagens são envolvidas nos planos e estratégias das organizações e que
recursos são disponibilizados para sua aplicação. O fator “Processo” foi
considerado dentre todos os fatores como o que tem menor influência sobre o
resultado geral, pois para que haja um processo definido e consistente, os demais
fatores devem estar correlacionados. O Quadro 25 apresenta as dimensões, seu
grau de importância e respectivos pesos.
DIMENSÃO IMPORTÂNCIA PESO
(Índice de referência - IR)
Especialidade 1 0,35
Conhecimento 2 0,25
Planejamento 3 0,15
Recursos 3 0,15
Processo 4 0,10
Quadro 25: Grau de importância e pesos das dimensões do modelo MDGS para as abordagens Gestão do Design e Sustentabilidade
Para a constatação do nível final em que a empresa se encontra na
abordagem avaliada, é utilizada a seguinte fórmula:
Onde,
NA= nível final da Empresa A;
nD1A= nível obtido na Dimensão 1 pela Empresa A;
IR1 = índice de referência da Dimensão 1;
nD2A= nível obtido na Dimensão 2 pela Empresa A;
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 192
IR2 = índice de referência da Dimensão 2;
nD3A= nível obtido na Dimensão 3 pela Empresa A;
IR3 = índice de referência da Dimensão 3;
nD4A= nível obtido na Dimensão 4 pela Empresa A;
IR4 = índice de referência da Dimensão 4;
nD5A= nível obtido na Dimensão 5 pela Empresa A; e
IR5 = índice de referência da Dimensão 5.
Esta fórmula foi aplicada nos estudos de caso para validação do material,
porém, o objetivo é que este modelo seja transformado em um sistema online, que
apontará os resultados automaticamente.
Da mesma forma como apresentado anteriormente com relação ao ranking
médio, caso os valores alcançados para o nível de maturidade sejam quebrados
serão adotados os seguintes critérios de pontuação:
De 0 a 1,9 pontos – nível 1
De 2 a 2,9 pontos – nível 2
De 3 a 3,9 pontos – nível 3
4 pontos – nível 4
Por meio destes critérios é possível calcular o nível de maturidade das
empresas a partir do modelo MDGS, conforme é exemplificado no Capítulo 6.
5.4 Discussão
O capítulo apresenta o desenvolvimento da estrutura do modelo MDGS.
Foram avaliados alguns modelos existentes, tanto referentes a auditorias de design
como modelos de avaliação da sustentabilidade. A partir da análise destes
modelos foram elaborados os parâmetros, estrutura e critérios de avaliação do
modelo proposto.
O modelo de diagnóstico proposto é uma ferramenta de auto-avaliação que
se apóia em fundamentos teóricos e procura possibilitar aos gestores de empresas
identificarem seu nível de maturidade em relação à gestão do design e
sustentabilidade. Os dados obtidos podem auxiliar na elaboração de estratégias
para alavancar estas abordagens dentro das organizações.
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 193
O modelo é direcionado a gestores que atuam em nível operacional e
estratégico e é um modelo flexível: a empresa pode avaliar apenas a gestão do
design, apenas a sustentabilidade ou os dois critérios. A ferramenta também
possibilita avaliar se os gestores estão numa mesma conexão, se estas abordagens
são aplicadas na organização e como, ou seja, permite identificar a existência de
processos formalizados ou se quando ocorrem são apenas resultado da intuição
destes gestores.
Cabe salientar que como se trata de um modelo de auto-avaliação, a
tendência é que o material seja respondido com veracidade, para que se obtenha
um diagnóstico preciso, porém, não há como se garantir isso. É importante
também que ocorram revisões periódicas nas empresas para que se avalie a
evolução ocorrida.
Os resultados também poderão ser usados como base de dados para análises
que apontem como determinada empresa se encontra em relação ao design e à
sustentabilidade e que possibilidades existem para desenvolvimento de sua
capacidade de gestão abrangendo os dois itens.
Com o objetivo de garantir qualidade das respostas, assim como no modelo
de referência, para o modelo MDGS foram elaboradas algumas questões de
controle, conforme segue:
- há quantos anos o respondente está na função;
- há quantos anos a empresa já trabalha com design;
- o tipo de atividades de design em vigor na empresa nos últimos três anos;
- o tipo de atividades voltadas à sustentabilidade em vigor na empresa nos
últimos três anos;
Estas questões servirão para uma melhor orientação sobre como a empresa
poderá melhorar sua capacidade de gestão e implantação de ações voltadas à
sustentabilidade. Posteriormente, com a sistematização do modelo, as informações
obtidas poderão ser armazenadas em uma base de dados que permita, por
exemplo, estabelecer um posicionamento médio das empresas participantes,
identificar a segmentação das empresas conforme diversas modalidades (tipo,
setor, tamanho da empresa, etc.), identificar empresas top performers para que a
empresa em auto-avaliação possa se comparar em relação às demais (assim como
já ocorre no modelo de referência). Estes dados também poderão servir para a
Modelo de Diagnóstico em Gestão do Design e Sustentabilidade (MDGS) 194
formulação de políticas de design nacional que visem o desenvolvimento das
indústrias e fortaleçam a produção nacional.
No próximo capítulo é apresentado o estudo de casos múltiplos realizado
com as duas empresas que se propuseram a participar desta etapa da pesquisa. Por
meio deste procedimento foi possível avaliar e validar o modelo proposto.