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A importância da paisagem na Geografia Elizandra Ferreira Dias 1 Francisco Mazetto 2 Resumo Este artigo tem por objetivo dissertar sobre o conceito de paisagem sob os princípios da geografia humanista, a corrente de pensamento geográfico que mais se aprofundou nessa temática. Na primeira parte alguns dos autores mais importantes desta linha de abordagem são consultados e analisados. A seguir procura-se verificar como a paisagem no meio urbano e rural vem sendo transformada ao longo do tempo pela ação humana, principalmente pelas atividades econômicas. Finalmente, o fenômeno do neo-ruralismo é o foco de discussões que tentam entender a paisagem como o meio pelo o qual o homem concebe o espaço geográfico e se relaciona com o mesmo. Palavras-chave: Paisagem; Geografia Humanista; Neo-ruralismo. Abstract This article aims to elaborate on the concept of landscape under the principles of humanistic geography, the current geographic thought that deepened over this issue. In the first part some of the most important authors of this line of approach are consulted and analyzed. The following seeks to determine how the landscape in urban and rural areas has been transformed over time by human action, mainly by economic activities. Finally, the phenomenon of neo-rurality is the focus of discussions trying to understand the landscape as the means by which man conceives the geographic space and relates to the same. Key words: Landscape; Geography Humanist; Neo-rurality. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora. 2 Professor associado do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora. Sociedade e Território, Natal, v. 26, nº 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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  • A importncia da paisagem na Geografia

    Elizandra Ferreira Dias1

    Francisco Mazetto2

    Resumo

    Este artigo tem por objetivo dissertar sobre o conceito de paisagem sob os princpios da geografia humanista, a corrente de pensamento geogrfico que mais se aprofundou nessa temtica. Na primeira parte alguns dos autores mais importantes desta linha de abordagem so consultados e analisados. A seguir procura-se verificar como a paisagem no meio urbano e rural vem sendo transformada ao longo do tempo pela ao humana, principalmente pelas atividades econmicas. Finalmente, o fenmeno do neo-ruralismo o foco de discusses que tentam entender a paisagem como o meio pelo o qual o homem concebe o espao geogrfico e se relaciona com o mesmo.

    Palavras-chave: Paisagem; Geografia Humanista; Neo-ruralismo.

    Abstract

    This article aims to elaborate on the concept of landscape under the principles of humanistic geography, the current geographic thought that deepened over this issue. In the first part some of the most important authors of this line of approach are consulted and analyzed. The following seeks to determine how the landscape in urban and rural areas has been transformed over time by human action, mainly by economic activities. Finally, the phenomenon of neo-rurality is the focus of discussions trying to understand the landscape as the means by which man conceives the geographic space and relates to the same.

    Key words: Landscape; Geography Humanist; Neo-rurality.

    1 Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora.

    2 Professor associado do Departamento de Geocincias da Universidade Federal de Juiz de Fora.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    Da paisagem do visvel paisagem como dimenso de percepo

    No foi na Europa, onde a Geografia foi estrutura como cincia, mas sim do outro

    lado do Atlntico que surge uma nova forma de conceber a paisagem dentro da

    Geografia. um gegrafo norte-americano que lana as bases de uma Geografia que se

    pretendia Cultural. Carl Ortwin Sauer (1889 1975), principal expoente da Escola de

    Berkeley, considerava que toda cincia s adquire uma identidade atravs da escolha de

    um objeto prprio e de um mtodo de anlise. Para ele, a paisagem deveria ser o objeto

    fundamental da cincia geogrfica. Sauer acreditava que o estudo da paisagem resolveria

    a oposio entre a Geografia Fsico/Humana, Geral/Regional, Idiogrfica/Nomottica e,

    alm disso, resolveria a inexistncia de um mtodo prprio. Suas principais obras

    Morfologia da Paisagem (1925), Recent Developments in Cultural Geography (1927),

    Foreword to Historical Geography (1941) deixam claro sua tentativa de associar a

    paisagem a um constructo histrico que seria, simultaneamente, natural e cultural.

    Segundo ele:

    No podemos formar uma ideia de paisagem a no ser em termos de suas relaes associadas ao tempo, bem como suas relaes vinculadas com o espao. Ela est em um processo constante de desenvolvimento ou dissoluo e substituio. Assim no sentido corolgico, a alterao da rea modificada pelo homem e sua apropriao para o uso so de importncia fundamental. A rea anterior atividade humana representada por um conjunto de fatos morfolgicos. As formas que o homem introduziu so um outro conjunto. (SAUER, 1998, p.42).3

    A Geografia Cultural clssica passa a elucidar melhor o complexo campo da

    cultura e a responder com maior competncia aos quesitos que dizem respeito s

    transformaes ocorridas na paisagem, embora tenha sofrido muitas crticas por parte de

    outras escolas, a ela posteriores. Mesmo assim, o conceito de paisagem adquire, luz da

    Geografia Cultural, uma conotao diferenciada daquela que possua dentro da Geografia

    tradicional e positivista, embora dela se aproxime. Nela, a paisagem dividia-se em

    paisagem cultural e paisagem natural. Nas palavras do prprio Sauer:

    A paisagem geogrfica vista como um conjunto de formas naturais e culturais associadas em uma dada rea analisada morfologicamente, vendo-se a integrao das formas entre si e o carter orgnico ou quase orgnico delas. O tempo uma varivel fundamental. A paisagem cultural

    3 SAUER, O. A morfologia da paisagem. In: CORRA; ROZENDAHL (Orgs.). Paisagem tempo e cultura. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1998.

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    ou geogrfica resulta da ao, ao longo do tempo, da cultura sobre a paisagem natural. (SAUER, Apud: CORRA & ZENY, 1998, p. 09).

    O gegrafo David Lowenthal, um discpulo de Sauer, tambm em muito contribuiu

    para a anlise e estudo da paisagem. Por meio de seus escritos e reflexes comea a

    ganhar forma o conceito de espao vivido, que outros gegrafos advindos inclusive da

    escola de Chicago vo desenvolver, com notvel destaque para Buttimer e Tuan. Agora, o

    imaterial toma conta das conceituaes da paisagem e do prprio espao geogrfico.

    Novas expresses e conceitos so utilizados: percepo do ambiente, espao

    experiencial, cognio espacial, etc.

    Nessa Escola da Percepo Ambiental, como ficou conhecida, se destaca

    tambm Edward Relph, que faz interessantes associaes entre os conceitos de

    paisagem, espao e lugar:

    Na experincia, o significado de espao frequentemente se funde com o de lugar. O que comea como espao indiferenciado transforma-se em lugar medida em que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. As ideias de espao e lugar no podem ser definidas uma sem a outra, embora no haja limites precisos entre espao, paisagem e lugar como fenmenos experienciados: lugares contm paisagens, paisagens e espao contm lugares (RELPH apud MACHADO, 1996, p. 98) .

    O surgimento da Ecologia da Paisagem, fundamentada um pouco mais tarde por

    Carl Troll, traz novamente novas perspectivas sobre a paisagem, reagrupando seus

    elementos do ponto de vista da ecologia e da biologia, A paisagem adquire uma interface

    entre o cultural e o biolgico, assumindo, assim, um carter mais abrangente.

    O perodo entre-guerras, a diviso poltica do mundo entre dois diferentes

    sistemas polticos, tenses sociais de toda ordem trabalhistas, militares, raciais... , o

    avano da tcnica em diferentes campos transporte, comunicao, comercializao...

    configuram um novo mundo, e com ele novas paisagens, pois: "as modificaes na

    estrutura social criam sempre novas necessidades, sugerem novas formas e redefinem os

    valores da paisagem visvel." (LEITE, 1994, p. 51).

    O mundo mudara, o breve sculo XX trazia consigo a urgncia de se pensar o

    saber geogrfico, uma nova Geografia passar a existir: a Geografia Crtica. Esta nasce

    em contraposio s bases tericas da Geografia Tradicional e da Geografia Cultural

    Clssica, trazendo especialmente, uma leitura marxista da realidade. Esta, talvez, tenha

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    sido a primeira escola que se tenha proposto e alcanado modificar o saber geogrfico

    escolar e, com ele, a noo de paisagem.

    Milton Santos e Yves Lacoste so seus maiores expoentes. Neles, o conceito de

    paisagem adquire uma significncia maior do que at ento se defendia. Para Santos, a

    paisagem "tudo aquilo que ns vemos, o que a nossa viso alcana." (SANTOS 1991,

    p. 61), ao mesmo tempo em que ela figura na "dimenso da percepo" (Ibidem, p. 62).

    Nesse ponto a paisagem se constitui uma conveno humana, como o homem percebe e

    concebe os elementos que o envolve.

    A Geografia Crtica imprimiu intensas marcas no processo de ensino da

    paisagem, um forte movimento de renovao da escola e, consequentemente, de seu

    contedo sobre o territrio nacional ocorreu a partir de suas reinterpretaes acerca da

    realidade social analisada. Para Moraes, os autores da Geografia Crtica:

    So os que se posicionam por uma transformao da realidade social, pensando seu saber como arma desse processo. So assim, os que assumem o contedo poltico de conhecimento cientfico, propondo uma Geografia militante, que lute por uma sociedade mais justa. So os que pensam a anlise geogrfica como um instrumento de libertao do homem. (MORAES, 1987, p. 112).

    A ideia acerca da paisagem, o que ela representava e como era elaborada

    modifica-se substancialmente a partir da Geografia Crtica. Uma renovao no modo

    como a Geografia deveria ser ensinada, quais os contedos que deveriam ser abordados

    em sala de aula e, mesmo, o vis analtico que deveria embasar e nortear esse ensino

    elementos esses que formam uma Geografia renovada que alcana na dcada de 1970

    seu auge:

    [...] a geografia crtica no Brasil (e tambm na Frana, segundo Yves Lacoste) no se iniciou nem se desenvolveu inicialmente nos estudos ou teses universitrios. Tampouco no IBGE e muito menos nas anlises ambientais ou nas de planejamento. Ela se desenvolveu, a partir em especial dos anos 1970, nas escolas de nvel fundamental (5 a 8 sries) e principalmente no ensino mdio, o antigo colegial ou 2 grau. (VESENTINI, 2004, p. 229).

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    A partir da, polticas pblicas, livros didticos e metodologias didticas

    diferenciadas so gestadas. Obviamente, como todo movimento de mudana, a Geografia

    Crtica no se imps como totalidade e a mudana paradigmtica por ela proposta

    alcanou diferentemente setores da academia e da educao. Sobre isso Macrio coloca:

    Mesmo aps o Movimento de Renovao denominado Geografia Crtica, na dcada de 70-80, nota-se que pouco foi modificado no tratamento didtico-pedaggico da Geografia na sala de aula o qual poderia contribuir para que os sujeitos envolvidos se reconhecessem como sujeitos do mundo em que vivem, indivduos sociais, capazes de construir a sua histria, a sua sociedade, o seu espao e que conseguissem ter os mecanismos para tanto. (OLIVEIRA, 2006, p. 12).

    Mesmo assim, a Importncia dos ventos da Geografia Crtica, relativos ao seu

    ensino no podem ser ignorados e, embora sua intensidade tenha se dado

    diferentemente em um territrio to extenso como o brasileiro, isso no a minimiza e

    constitui-se em um marco de mudana. Ainda, como salientado por Antunes:

    Essa renovao , ao mesmo tempo, epistemolgica e poltica. Diferentemente de outras cincias no Brasil, a Geografia teve no nos acadmicos os principais atores da transformao cientfica. A Geografia talvez a nica cincia que, no Brasil, em sua histria recente, passou por um processo to radical de transformao do pensar/produzir sem a direo exclusiva, ou mesmo principal, da Academia. Para a Geografia, o processo de renovao teve incio e meio na interveno daqueles que estavam fora da Academia os professores de 1. e 2. graus , e naqueles que estavam nas Universidades e que eram tratados como espectadores os estudantes. Foi a unio desses dois segmentos que garantiu o processo de renovao. (ANTUNES, 2001, p. 42-43).

    O que aqui nos interessa, com toda essa retrospectiva a respeito do conceito de

    paisagem na historiografia da Geografia, tentar fazer uma ponte entre seu sentido e a

    percepo do ambiente que nos cerca, compreend-lo em sua evoluo histrica.

    O modo com a paisagem foi apreendida e ensinada dentro da Geografia

    principalmente no cenrio nacional exerce uma forte influncia no modo como lidamos

    com nosso meio ambiente e como enfrentamos nossos desafios ambientais. A construo

    de uma conscincia ecolgica est diretamente ligada a maneira como a paisagem foi e

    ensinada.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    A ao humana na transformao da paisagem e ambiente no meio rural e urbano

    A Revoluo Industrial iniciada em meados do sculo XVIII na Inglaterra trouxe

    em seu bojo no apenas o progresso material e tecnolgico proporcionado pelo processo

    de acumulao capitalista, mas, tambm, a enorme agresso ao ambiente natural, em

    sua inesgotvel demanda por recursos naturais para serem transformados em

    mercadorias. Nesse processo, tambm se observa o fenmeno da urbanizao acelerada

    com as cidades se transformando numa grande interveno humana na paisagem e no

    meio ambiente. Tambm no campo, as transformaes foram grandes, a medida em que

    o modo de vida tradicional de uma agricultura familiar e de subsistncia foi substitudo por

    uma cultura intensiva que atendesse as necessidades da produo industrial.

    Porm, desde a Antiguidade, o impacto da civilizao j se fazia sentir sobre as

    paisagens e ecossistemas do globo. Muitas espcies animais e vegetais foram extintas

    pela ao predatria do homem que, segundo algumas teorias, revelam que o impacto da

    presena de comunidades humanas no meio, mesmo na pr-histria, era muito mais forte

    e efetiva do que a de qualquer outra espcie, causando fortes danos ambientais. O

    desaparecimento repentino de alguns predadores do topo da cadeia alimentar um

    indicador de desequilbrio ecolgico, e foi em grande parte causado pela presena

    humana. O ltimo leo europeu em seu ambiente natural foi abatido ainda no Imprio

    Romano; e muitas espcies endmicas das Amricas e da Oceania no resistiram

    chegada do colono europeu.

    A expanso colonial a partir do sculo XVI representou uma ruptura no modus

    vivendi dos amerndios, que durante mais de 10 mil anos conviveram com seu meio

    causando poucos impactos, apesar de apresentarem uma considervel populao,

    estimada entre 15 a 20 milhes de habitantes. Com a chegada dos europeus, esse

    continente quase intacto foi incorporado ao mercantilismo e, bastaram algumas dcadas,

    para seus ecossistemas sofrerem degradaes no alcanadas por milnios de ocupao

    pelos povos nativos. Nas reas de plantation como no Brasil, formaes vegetais inteiras

    foram extintas para darem lugar cana-de-acar. Isso para no citar a dizimao mais

    grave e dramtica causada pelo europeu s populaes indgenas que foram reduzidas a

    um percentual nfimo do original, sujeitas guerra bacteriolgica, escravizao e

    desterro de seu territrio.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    Em um captulo intitulado A sociedade industrial e o Ambiente Jurandir Ross

    sintetiza bem o ocorrido nos ltimos trs sculos de apropriao da natureza sob a gide

    do capitalismo:

    O acrscimo do conhecimento tcnico-cientfico dos sculos XVIII, XIX e XX possibilitado pelo capitalismo colocou definitivamente os interesses das sociedades humanas de um lado e a preservao da natureza de outro. At praticamente a dcada de 70 deste sculo, no havia no mundo a menor preocupao com as questes ambientais ou ecolgicas, a no ser nas universidades, onde o assunto era tratado cientificamente. (ROSS, 2001, p. 213).

    A complexidade da relao homem-natureza modifica-se continuamente. A

    relao dialtica - entendida aqui enquanto uma correspondncia mtua e permanente

    entre a sociedade e seu meio ambiente nem sempre percebida em sua totalidade. O

    homem moldado por seu espao, por sua sociedade, por sua poca histrica, pelos

    meios materiais e imateriais de que dispe para viver, ao mesmo tempo em que molda,

    cria e modifica tudo o que interage com ele. Enquanto indivduo, o homem guia-se nessa

    relao partindo de uma premissa prpria, enquanto parte da coletividade forado a

    guiar-se pela vontade comum ou pelo contrato social em questo.

    As questes ambientais colocam-se de modo mais contundente hoje, em uma

    sociedade tcnico-cientfica, do que na sociedade pr-industrial do sculo XVII. Na

    sociedade capitalista moderna, a crise civilizacional traveste-se, na maioria das vezes, de

    crise ambiental, como que para confundir os humanos destes novos tempos de

    globalizao econmica e cultural que se assumem - grande parte das vezes - apenas

    como indivduos, principalmente quando a temtica que os desafia ou, a necessria

    tomada de decises, envolve questes ambientais. Assim, as atitudes pessoais tornam-se

    respostas nicas e, muita das vezes, ineficientes, pois no abarcam a complexidade dos

    desafios com os quais o sujeito lida diariamente na construo contnua de suas relaes

    sociais. Da a importncia de se pensar o ser humano enquanto um ser relacional que

    precisa tornar-se ecologicamente consciente.

    O meio ambiente tudo que envolve o homem e sua interao com os elementos

    naturais ou mesmo o ambiente construdo pelo prprio homem. Segundo Magnoli:

    Da poder sintetizar-se a concepo de ambiente como a interao da sociedade com o suporte fsico, quer tenha aparncia comumente denominada natural quer construda. A interao se d no espao geogrfico pelas adaptaes, transformaes, readaptaes e novas transformaes das sucessivas formas

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    encontradas, elaboradas e reelaboradas. A essas conformaes, configuraes, carregadas da interao social como suporte temos denominado PAISAGENS. (MAGNOLI, 2006, p.241) .

    O Brasil, em especial, um pas que ilustra bem o processo de destruio ou

    transformao do ambiente natural ao longo dos ltimos sculos. Os ciclos econmicos

    da cana-de-acar e do caf reduziram a Mata Atlntica a apenas 7% de sua rea

    original. O ecossistema do cerrado vem enfrentando o mesmo destino com o avano da

    fronteira agrcola e do agronegcio. O ltimo grande ecossistema, o amaznico, vem

    reduzindo ano a ano sua rea em razo dos imperativos econmicos que movem o

    capitalismo brasileiro h cinco sculos. Aqui, como no restante do globo, as cidades

    emergem como um fenmeno intrinsecamente ligado a temtica ambiental, fazendo com

    que os problemas ambientais tornem-se problemas scio-ambientais de difcil resoluo.

    O anormal crescimento urbano vivenciado nas ltimas dcadas do sculo XX inchou os

    centros urbanos, acarretando problemas scio-ambientais de diversas ordens falta de

    infraestrutura, saneamento bsico, moradia, excesso de resduos, precarizao da sade,

    dentre muitos outros e levando o pas a uma crise socioeconmica, poltica e cultural de

    grandes propores que pedem solues urgentes de difceis encaminhamentos.

    O neo-ruralismo no Brasil: procura da paisagem rural Muitos autores, principalmente aqueles com tendncia marxista, analisam o

    fenmeno rural-urbano atravs, principalmente, quando no exclusivamente, pelo prisma

    do modo de produo capitalista, desprezando os fatores sociolgicos e culturais

    envolvidos nesse processo. No duvidamos que o fator econmico tivesse sido o principal

    motor das intensas mudanas ocorridas no campo e na cidade, principalmente aps a

    Revoluo Industrial. Entretanto, existe na modernidade outro movimento, cujo imperativo

    no essencialmente econmico, mas sim impulsionado tambm por outras causas de

    ordem social e cultural.

    Esse fenmeno no pode ser confundido com o Novo Rural, aquele originrio das

    prprias transformaes endgenas do campo como foi o da modernizao das

    atividades agrcolas e pastoris que ocasionaram um forte xodo rural. Tambm no se

    traduz como urbanizao do campo, este um fator caracterstico tambm do novo rural.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    Na verdade, esse fenmeno de busca do ambiente campestre, de um maior

    contato com a natureza pelos citadinos, relativamente antigo, pois a presso e o

    estresse que a vida urbana causa em seus habitantes so comuns desde o surgimento da

    civilizao. Evidente que isso tem se agravado ao longo do tempo e, no transcorrer dos

    ltimos 100 anos as cidades, principalmente as grandes cidades, tem se tornado um

    ambiente extremamente insalubre aos seus habitantes. Ento se procura um refgio no

    campo, primeiro com visitas ocasionais, depois mais regulares, at que famlias decidem

    ter uma residncia no campo para passar o final de semana.

    Um movimento populacional prximo ao neo-ruralismo foi aquele intensificado nos

    sculos XVIII e XIX na Europa, quando muitos citadinos procuravam a Estncias

    Hidrominerais para utilizar as propriedades teraputicas das guas para curar suas

    doenas ou mesmo pra recreao. Geralmente, essas eram localizadas em pequenas

    cidades do interior, e esse fluxo de pessoas para cidades que ficaram famosas como

    Vichy na Frana e Bath na Inglaterra, deram tambm incio ao turismo moderno. No

    Brasil, um pas rico em guas subterrneas, esse movimento comea no sculo XIX,

    quando o prprio imperador D. Pedro II e a imperatriz Thereza Cristina, eram assduos

    frequentadores das fontes termais, como a de Caxambu.

    J no incio do sculo XX, essas cidades das guas atraam visitantes no Brasil,

    muito antes dos banhos de mar ficaram populares no pas tropical. O circuito das guas

    se estabeleceu na Serra da Mantiqueira, entre os estados de So Paulo e Minas Gerais e

    na Serra dos rgos no Rio de Janeiro. Cidades ficaram famosas por suas guas com

    propriedades teraputicas como Serra Negra e guas de Lindia, em So Paulo, e

    Caxambu e So Loureno, em Minhas Gerais, alm de Petrpolis e Terespolis, no Rio de

    Janeiro. Outras localidades aparecem como estncias das guas no interior do Brasil,

    como Arax, no oeste de Minas, e Caldas Novas, no sul de Gois.

    O gegrafo Pierre Deffontaines, em artigo na Revista Brasileira de Geografia, em

    1939, chamava a ateno para esses veranistas que se dirigiam s montanhas a procura

    de ar puro e guas medicinais. Destacando que as montanhas de Minas so apropriadas

    ao cultivo de frutas e hortalias de clima temperado, o autor tambm salienta a atrao

    que essas reas exerciam sobre os homens da plancie, que l estabeleciam sua

    residncia de vero na montanha:

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    Esta curiosa especializao da montanha na produo de frutas e legumes estimulada por uma nova populao, que invade de pouco tempo para c as regies altas, os veranistas, que vem se abrigar do calor das plancies. As primeiras cidades de veraneio foram Petrpolis e Terespolis, na Serra dos rgos, sobre a baia do Rio de Janeiro. Mas hoje as estaes de veraneio se multiplicam associadas muitas vezes a fontes minerais. Graas a seu clima constantemente primaveril, elas atraem no s brasileiros, com tambm cada vez mais, estrangeiros: Poos de Caldas, Caxambu, Lambari, So Loureno, Cambuquira... Fora das cidades, certos recantos de montanhas comeam a ser invadidos por belssimas vivendas: Itaipava, Campos do Jordo, Miguel Pereira... (DEFFONTAINES, 1939, p. 286).

    O chamado neo-ruralismo ou novo ruralismo constitui um fenmeno que procura

    resgatar os valores quase perdidos da vida no campo, mas no necessariamente ligados

    ao trabalho com atividades rurais. Um deles seria o maior contato com a natureza, j que

    a vida nas cidades cercou o ser humano de um mundo artificial, desprovido de vegetao

    e da sujeio aos fatores climticos. Nesse bojo tambm se encontram, por vezes, mas

    nem sempre, as preocupaes com as questes ecolgicas. Outro valor procurado a

    simplicidade material, de diminuir da dependncia das comodidades da vida moderna, de

    uma srie interminvel de mercadorias que se impem como padro do conforto urbano.

    Recuperar o ritmo do campo, onde a vida menos agitada, onde h espao para dilogo

    entre as pessoas, onde os moradores se apoderam novamente de seu tempo.

    Para Giuliani (1990), o fenmeno do novo ruralismo comeou a se desenvolver na

    segunda metade do sculo XX, quando a opresso da vida nas cidades aumentou

    consideravelmente depois de dois sculos de vertiginoso crescimento urbano nos pases

    que se industrializaram:

    O que at o final da dcada de 60 parecia uma tendncia inelutvel, j na dcada seguinte revelou possibilidades de arrevesamento, produzindo o movimento em sentido contrrio, o que os franceses passaram a chamar de "neo-ruralismo". um conceito genrico para uma realidade no muito precisa, carregado de smbolos contraditrios e indicando fenmenos que permanecem margem das dinmicas predominantes da agricultura atual. Na prtica, o neo-ruralismo expressa a idia de que uma srie de valores tpicos do velho mundo rural, e que se pensava estarem em vias de extino, passam por um certo revigoramento e comeam a ganhar para si a adeso de pessoas da cidade. A volta s relaes diretas com a natureza, a ciclos produtivos e tempo de trabalho mais longos e menos rgidos, ao ar puro e tranqilidade, assim como o desejo de relaes sociais mais profundas e, sobretudo, da auto-determinao, so as dimenses que atraem pessoas da cidade ao campo; assim como outrora as luzes da cidade atraram a populao do campo. (GIULIANI, 1990, p. 60).

    Os neo-rurais procuram o campo no por uma necessidade econmica, de

    sobrevivncia, mas por uma opo de vida. Nem sempre passam a morar no campo em

    tempo integral. No incio, adquirem uma propriedade na zona rural para passar o final de

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    semana, nas proximidades da cidade onde moram. Mais tarde, quando as obrigaes

    trabalhistas que os prendem cidade cessam, com a aposentadoria, podem fixar

    residncia em definitivo nas reas rurais. Outro diferencial do neo-rural com o campons

    ou sitiante tradicional que nem sempre eles esto interessados em desenvolver uma

    atividade rural, seja ela na agricultura ou na pecuria e, por vezes, sua propriedade de

    tal modo reduzida, uma pequena chcara de menos de 1 ha, que essas atividades ficam

    inviabilizadas.

    Portanto, os movimentos histricos que povoaram o campo brasileiro, como as

    migraes foradas pelos ciclos econmicos ao longo de cinco sculos, pelos grandes

    projetos de desenvolvimento econmico e o movimento de ocupao das fronteiras

    agrcolas ou at mesmo as migraes de retorno devido ao desemprego nas cidades,

    nada disso, ressalta Giuliani (1990), tem haver com a procura do campo pelos neo-rurais.

    De certa forma, a ideia de continuum cidade-campo contestada nessa leitura do

    novo ruralismo, pois a viso dicotmica aquela que corresponde mais aos anseios

    daqueles que procuram o campo como um novo ideal de vida. So as diferenas entre

    cidade e campo e no sua integrao que atraem os neo-rurais. Ento esse movimento

    inovador em seu direcionamento e motivaes, mas tambm tradicional por que tem por

    objetivo o resgate de valores antigos da sociedade rural, de atributos que s a vida no

    campo pode oferecer.

    A paisagem rural tem atributos que exercem atrao a um nmero crescente de

    habitantes do meio urbano. No Brasil a urbanizao um fenmeno relativamente recente

    em termos histricos. H apenas trs geraes o pas tinha maioria de populao vivendo

    no campo. Isso quer dizer que a maior parcela dos adultos hoje na faixa etria dos 30 a

    50 anos tinha seus pais e avs com razes profundas na ruralidade. Os valores dessas

    duas geraes anteriores eram eminentemente rurais, de uma sociedade quase pr-

    capitalista, onde o consumo era diminuto se comparado com o padro atual. Em nossa

    sociedade, do capitalismo do hiper-consumo, como preconiza Gilles Lipovetsky, no

    deixa de ser paradoxal um citadino que alcanou um status econmico e social, capaz de

    ter acesso a todos os bens e servios que as cidades oferecem, preferir comprar uma

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    pequena propriedade rural e almejar os valores que foram abandonados por seus

    antepassados.4

    Para Lefebvre, a sociedade humana apresenta trs etapas fundamentais em seu

    desenvolvimento histrico: a era agrria, a era industrial e a era urbana. Seria inexorvel

    uma urbanizao em escala planetria. As projees apresentadas pela Figura 3 vm

    comprovar a tese do filsofo, com o agravante de que no apenas as sociedades

    industrializadas se urbanizam, mas tambm vastas reas do chamado mundo

    subdesenvolvido, que mal conheceram o processo industrializante. Ento, cabe destacar,

    que o fenmeno do neo-ruralismo mais comum nas sociedades mais maduras, que j

    alcanaram o status citadino de consumo e posio social h algum tempo.

    Depois de passado o primeiro encantamento com a posio social conquistada,

    alguns anseios e apreenses comeam a surgir devido prpria ampliao intelectual

    dessas classes sociais. E os valores urbanos comeam a ser questionados, a memria

    coletiva dos antigos princpios e modo de vida do campo comeam a ser valorizados

    novamente.

    O rural o espao de produo e acumulao de excedentes, atividade que

    viabilizou a civilizao. Os valores morais foram forjados ao longo dos seis mil anos de

    sua existncia. Portanto, a vida no campo e seus valores ainda alimentam o imaginrio do

    homem urbano moderno.

    A vida rural associada, geralmente, com uma expressiva valorizao da comunidade, valores de vida da famlia e tambm ao papel importante da religio. A vida urbana tem como caracterstica agrupar mais as pessoas a partir de sua profisso, muito mais do que somente a partir da famlia ou da orientao religiosa. Obviamente, essa uma considerao geral. Outra considerao a ser lembrada a de que, quando pensamos em modo de vida rural, pensamos haver maior articulao entre o espao do trabalho e o espao de vida como, por exemplo, no caso de uma pequena propriedade. (BERNARDELLI, 2006, n.d.).

    Alm do valor representado pela famlia e pela religio, Bernardelli (2006) destaca

    que o uso do tempo que, no campo, est atrelado ao ritmo da natureza. No modo de vida

    urbano o tempo regido pelo trabalho, existe uma maior separao entre espao de vida

    privada e trabalho, onde a maior parte das relaes sociais acontece.

    4 Gilles Lipovetsky um filsofo francs e terico da Hipermodernidade, autor de obras como Felicidade Paradoxal: Ensaio sobre a Sociedade do Hiperconsumo.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    A paisagem rural, com todos os seus elementos buclicos que remete o cidado a

    origem de seus antepassados, agora se apresenta como um objetivo de vida. O modo de

    vida campestre, mesmo que um fetiche nos tempos modernos satisfaz uma demanda de

    citadinos oprimidos pela indiferena da paisagem urbana, pelo caos no qual esto

    mergulhadas as grandes metrpoles do mundo. Por ironia da histria, o campo que

    sempre foi sinnimo de atraso e ms condies de vida, agora se mostra atrativo para

    uma classe mdia que almeja uma vida menos estressante do que aquela que levam na

    cidade.

    A paisagem rural, no mundo contemporneo, est tambm ligada ao bem-estar, agora no somente pela proviso de alimentos para os citadinos, mas principalmente como forma de vivenciar situaes de lazer, ocupando o tempo livre com recreao. A paisagem rural, buclica, com seus encantos, despida das maldades das cidades, da violncia, do apinhamento, aponta para uma vida saudvel, mais prxima da natureza, enfim, propicia ao contato com o paraso perdido. (VIEIRA, 1998, p. 88).

    A viso da paisagem rural como a busca do paraso perdido parece mais um mito

    do que realidade, principalmente quando se procura um maior contato com a natureza. As

    reas rurais do Brasil, por exemplo, apresentam muito pouco de natural, tanto naquela

    onde predomina agricultura intensiva ou mesmo no campo dominado pela pecuria.

    Ambos tm um grau elevado de devastao dos ecossistemas naturais originais da

    regio. O campo cultivado s no mais artificial do que a cidade, nele tambm h pouco

    espao para a vegetao natural florescer e sustentar uma fauna h muito tempo j foi

    extinta.

    Enfim, o movimento neo-ruralista tem sido muito pouco estudado no Brasil, talvez

    porque o avassalador processo de urbanizao e desruralizao de nossas paisagens

    terem sido to intensos e violentos que constituem o foco principal de atrao para os

    trabalhos acadmicos. Mas agora, muitas regies urbanas passam por um processo de

    amadurecimento, como ocorreu na Europa e Estados Unidos, e quando surge a

    necessidade da procura do elo perdido, das razes de nossa formao social.

    O neo-ruralismo no pode ser considerado um movimento antagnico s cidades

    ou por topofobia ao meio urbano. Antes de tudo, ele rejeita a cidade massificada da

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    modernidade, o placelessness de Edward Relph5. Quando a cidade perde sua identidade

    e sua histria com a adoo dos lugares comuns, ou dos no lugares, uniformizados

    pelos interesses capitalistas monoplicos, o citadino afrouxa os laos que o ligava a ela.

    Antigamente, as cidades exerciam grande fascnio sobre seus habitantes e os habitantes

    do meio rural. Ela representava oportunidades de vida, de emprego, de acesso aos bens

    e servios que s a cidade podia oferecer. O campo, paisagem distante e abandonada,

    era sinnimo de atraso, de isolamento, de carncia de todos os gneros que tornam a

    vida melhor. Com a modernidade, essa realidade e concepo antiga da cidade e do

    campo vo se modificando, e o citadino que no est mais satisfeito com o ambiente

    urbano procura no campo a paisagem pretrita, ancestral que, por vezes no est mais l,

    mas esta procura preenche suas aspiraes fazer parte de um lugar.

    Referncias

    ANTUNES, Charlles da F. Os estudantes e a transformao da Geografia Brasileira. Geografares. Vitria, n. 2, p.35-50, jun/2001.

    BERNARDELLI, Maria Lcia F. da H. Contribuio ao debate sobre o urbano e o rural IN: SPOSITO, Maria E B. Cidade e Campo, relaes e contradies entre o urbano e o rural. So Paulo: Expresso Popular, 2006.

    DEFFONTAINES, Pierre. Geografia Humana do Brasil, Revista Brasileira de Geografia, n.1, ano I, janeiro/maro de 1939, republicado no Nmero Especial, ano 50, tomo I, 1988.

    GIULIANI, Gian Mrio. Neo-ruralismo: o novo estilo dos velhos modelos, Revista Brasileira de Cincias Sociais, v.5, n.14, p. 59-67, 1990.

    MACHADO, Lucy M. C. P. Paisagem Valorizada: A Serra do Mar como Espao e como Lugar In: DEL RIO, Vicente e OLIVEIRA, Lvia. Percepo Ambiental: A Experincia Brasileira. So Paulo: Studio Nobel, 1996.

    MAGNOLI, Miranda M. Ambiente, Espao, Paisagem, Paisagem e Ambiente, Ensaios, n.21, So Paulo FAU-USP, p. 237 244, 2006.

    OLIVEIRA, Marlene Macrio. A Geografia Escolar: reflexes sobre o processo didtico-pedaggico do ensino. Revista discente Expresses Geogrficas. Florianpolis, SC, n02 p 10-14, jun/2006

    5 Edward Relph um gegrafo canadense, autor de Place and Placelessness e de A paisagem urbana moderna.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.

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    RELPH, Edward. A Paisagem Urbana Moderna (trad.). Coimbra: Edies 70, 2002.

    ROSS, Jurandyr L .S. Geografia do Brasil.(4 Ed.) So Paulo: EDUSP, 2011.

    SAUER, O. A morfologia da paisagem. In: CORRA; ROZENDAHL (Orgs.). Paisagem tempo e cultura. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1998.

    VESENTINI, Jos William (Org.) O ensino da Geografia no sculo XXI. Campinas: Papirus, 2004.

    VIEIRA, Mirna. L. Paisagem Urbana e Rural, 3 Encontro Interdisciplinar sobre o Estudo da Paisagem, Rio Claro: UNESP, 1998, Cadernos Paisagem Paisagens 1.

    Recebido em Novembro de 2013.

    Publicado em Janeiro de 2014.

    Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.Sociedade e Territrio, Natal, v. 26, n 1, p. 92 - 106, jan./jun. 2014.