4.2- direito empresarial i

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  • 8/10/2019 4.2- Direito Empresarial I

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    EMERJ CP I Direito Empresarial I

    Tema I

    Objeto, fontes e autonomia do Direito Empresarial. Teoria dos Atos de Comrcio. Teoria da Empresa. Direitode Empresa no Novo Cdigo Civil. As figuras do comerciante e do empresrio. Conceito e caracteri!a"#o.Critrios de distin"#o entre empresrios e n#o$empresrios. Distin"#o entre empresa, empresrio eestabelecimento.

    Notas de Aula

    1. Intrito Comparativo entre o Regime Anterior e o Atual

    Em primeiro plano, necessrio traar um estudo comparativo entre o tratamentodado matria na vigncia do regime do C!digo Civil de "#"$, e no regime do novelcode%, sendo %oco natural as altera&es promovidas 'uanto ao pr!prio regime civilista e'uanto ao C!digo Comercial(

    )nteriormente, a dicotomia e*istente era entre a %igura do comerciantee a do n#o$comerciante( + conceito clssico de comerciante era a'uele 'ue praticava atos de

    comrcio-( .osse o comerciante pessoa %/sica, singular, era c0amado de comercianteindividual1 %osse uma pessoa 2ur/dica, o nome dado era desociedade mercantil( )ssim, eracomerciante, lato sensu, 'ual'uer pessoa %/sica ou 2ur/dica 'ue praticava atos de comrcio(

    3endo pessoa %/sica comerciante, comerciante individual, a sua regularidade eraad'uirida com a aver4a5o dafirma individualna Junta Comercial1 sendo pessoa 2ur/dica,ad'uiria6se a regularidade com a aver4a5o dos seus atos constitutivos7contrato social ouestatuto8 na Junta Comercial(

    + comerciante, individual ou pessoa 2ur/dica, na vigncia do CC de "#"$, doC!digo Comercial, e do Decreto 9($$":;< 7%alimentar8 podia incidir em %alncia, 4em comore'uerer a concordata(

    +s n5o6comerciantes pessoas %/sicas eram os profissionais aut&nomos, os

    profissionais liberais, e os prestadores de servi"os( )s pessoas 2ur/dicas 'ue eramconsideradas n5o6comerciantes, por sua ve=, eram associedades civis(Da'ui e*surge uma das di%erenas mais %undamentais no tratamento s %iguras de

    direito empresarial> apresta"#o de servi"os, no antigo regime, era uma atividade civil, n5o6mercantil, %osse desempen0ada por pessoa %/sica ou 2ur/dica( )ssim sendo, n5o poderiam osn5o6comerciantes, prestadores de servio individuais ou sociedades civis, incidir em%alncia ou o4ter concordata, mas apenas em insolv'ncia civil( Esta distin5o entrecomerciante e n5o6comerciante, para e%eitos de %alncia, concordata ou insolvncia, aindapersiste para a identi%ica5o dos empresrios e n5o6empresrios(

    ) classi%ica5o das sociedades, antes do advento do novo CC, assim se desen0ava>sociedade era o gnero, dividido nas espcies sociedades com fim lucrativo e sociedades

    sem fim lucrativo( )s sociedades com %im lucrativo se su4dividiam em sociedadesmercantis, a'uelas em 'ue o lucro o escopo da atividade, e se destina a ser rateado entreos s!cios1 esociedades civis, em 'ue o lucro tam4m 4uscado, mas o seu destino serreinvestido na pr!pria sociedade 7aos s!cios ca4endo apenas a contrapresta5o pelotra4al0o denominada pr!6la4ore, 'ue n5o rateio de lucros8(

    )s sociedades sem %inalidade lucrativa, poca do antigo CC, eram as associa"(ese as funda"(es( ?estas, o lucro n5o era o42etivado, mas n5o era vedado> 0avendo lucroeventual, este deveria ser tam4m reinvestido na pr!pria associa5o ou %unda5o(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 1

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    @ale traar o es'uema gr%ico>

    + atual CC alterou esta classi%ica5o, em ra=5o da ado5o da teoria da empresa( Deacordo com os parAmetros desta teoria, o conceito de comerciante %oi su4stitu/do peloconceito de empresrio( Isto por'ue a caracteri=a5o do comerciante era restrita constata5o da prtica ou n5o de atos de comrcio o 'ue era deveras restrito( Por isso, oconceito de empresrio 4em mais amplo, pois englo4a em si tam4m as atividades depresta5o de servios(

    Empresrio, ent5o, n5o apenas a'uele 'ue e*erce atos de comrcio( Bo2e,

    empresrio a)uele )ue desenvolve atividade econ&mica organi!ada , nos termos do artigo#$$ do novo CC>

    )rt( #$$( Considera6se empresrio 'uem e*erce pro%issionalmente atividadeeconmica organi=ada para a produ5o ou a circula5o de 4ens ou de servios(Pargra%o nico( ?5o se considera empresrio 'uem e*erce pro%iss5o intelectual,de nature=a cient/%ica, literria ou art/stica, ainda com o concurso de au*iliares oucola4oradores, salvo se o e*erc/cio da pro%iss5o constituir elemento de empresa(-

    @e2a 'ue o o42eto do conceito produ5o ou circula5o de 4ens e servios tremendamente mais amplo do 'ue o antigo critrio, a prtica de atos de comrcio-( Bo2e,est5o so4 a caegoria de empresrios as pessoas 'ue desenvolvam toda e 'ual'uer atividade

    'ue se su4suma a este o42eto legal, sendo especial amplia5o a inclus5o dos prestadores deservio( + n5o6empresrio, ent5o, somente a'uele 'ue desenvolve atividade 'ue se al0eiaa este o42eto(

    Passemos, ent5o, ao estudo do empresrio como 0o2e se delineia(

    "("( Empresrio Individual

    Este conceito veio em su4stitui5o do antigo conceito de comerciante individual,como se viu( empresrio individual a pessoa f*sica )ue e%erce atividade econ&micaorgani!ada em nome prprio( Por !4vio, n5o 0 'ual'uer rela5o entre o conceito deempresrio individual e a sociedade empresria(

    ) regularidade do empresrio individual o4tida com o registro da %irma individualna Junta Comercial, 'ue 0o2e denominada Registro P4lico de Empresas Mercantis7RPEM8 pelo CC, no artigo #$9>

    )rt( #$9( o4rigat!ria a inscri5o do empresrio no Registro P4lico deEmpresas Mercantis da respectiva sede, antes do in/cio de sua atividade(-

    Em outro aspecto,o empresrio individual ad)uire a personalidade com o seuprprio nascimento com vida> a regularidadeda atividade empresria depende do registro

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 2

    Sociedades no CC de 1916

    Com %im lucrativo 3em %im lucrativo

    .unda&es )ssocia&es3oc( mercantis3ociedades civis

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    no RPEM, mas a personalidade do empresrio ad'uirida no nascimento", pois umapessoa f*sica, apenas e*ercendo a empresa em nome pr!prio sua personalidade depessoa %/sica, natural( ) regularidade do e*erc/cio, no entanto, depende do dito registro(

    )pessoa f*sica n#o$empresria, de seu lado, conceituada no artigo #$$, pargra%onico, 2 transcrito( )'ueles 'ue e*ercem seus o%/cios mdicos, engen0eiros, etc n5o

    s5o, em regra, empresrios, sendo apenas pro%issionais li4erais("(F( 3ociedades

    + conceito de sociedades, gnero, tra=ido no artigo #G" do CC>

    )rt( #G"( Cele4ram contrato de sociedade as pessoas 'ue reciprocamente seo4rigam a contri4uir, com 4ens ou servios, para o e*erc/cio de atividadeeconmica e a partil0a, entre si, dos resultados(Pargra%o nico( ) atividade pode restringir6se reali=a5o de um ou maisneg!cios determinados(-

    )ssim, no gnero, as sociedades, todas elas, e*ercem atividade econmica, 'ueimplica em o42etivar lucro( )ssim, de acordo com o novo CC, todas as sociedadesobjetivam o lucro(

    B duas espcies de sociedades reguladas no novo regime privado> a sociedadeempresria e a sociedade simples( )m4as tm %inalidade lucrativa 7pois esta %inalidade um pressuposto do conceito de atividade econmica8, e podem destinar o lucro para o 'ue4em entenderem, admitindo6se o rateio dos lucros pelos s!cios, em 'ual'uer das espcies7n5o imposto o reinvestimento dos lucros na pr!pria sociedade8(

    Isto signi%ica 'ue as associa&es e as %unda&es n5o mais se con%iguram comoespcies de sociedades sem %ins lucrativos, por'ue, simplesmente, n5o se en'uadram so4 oconceito desociedades( @e2a> o artigo #G" do CC, ao conceituar sociedades, esta4elece 'ue

    um pressuposto do conceito o e*erc/cio de atividade econmica, e este tipo de atividade naturalmente dedicado a perseguir lucro( 3endo assim, se a pessoa n5o 4usca o lucro, n5o sociedade, por simples silogismo(

    Como %ica classi%icada a associa5o e a %unda5o, ent5o, no novo regimeH ual oponto de interse5o entre as sociedades e estas entidadesH Mais uma ve=, o conceito dalei> segundo o artigo ;; do CC, en'uadram6se, sociedades, associa&es e %unda&es, so4 umgnero mais amplo, superior s5o todas espcies depessoas jur*dicas de direito privado(

    )rt( ;;( 35o pessoas 2ur/dicas de direito privado>I 6 as associa&es1II 6 as sociedades1III 6 as %unda&es(

    I@ 6 as organi=a&es religiosas1@ 6 os partidos pol/ticos(7(((8-

    "@ale mencionar 'ue o surgimento da personalidade disputado por trs correntes, a concepcionista, anatalista e a condicionalista, mas esmiuar esta 'uest5o incum4ncia do Direito Civil( )'ui, ent5o,menciona6se apenas a tese ma2oritria, natalista(

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    )ssim, vale sinteti=ar a e*plana5o> se a pessoa 2ur/dica de direito privado o42etivalucro, reali=ando atividade econmica, sociedade1 se n5o tem %inalidade lucrativa, umadas espcies ali arroladas( ?5o permanece a classi%ica5o de "#"$( @e2a como 0o2e>

    ) sociedade, se2a ela simples ou empresria, ad'uire regularidade'uando leva seusatos constitutivos ao registro( E no registro 'ue surge tam4m a personalidade>

    di%erentemente do empresrio individual, pessoa natural, a sociedade s!i surge como pessoa2ur/dica, s! ad'uirindo personalidade, 'uando devidamente registradaF(

    "( ( Responsa4ilidades

    ) responsa4ilidade do empresrio individual ilimitada, respondendo pelaso4riga&es com todo o seu patrimnio pessoal1 a responsa4ilidade das sociedades igualmente ilimitada, nos limites dopatrim&nio da sociedade( @e2a> n5o se est cogitandoda responsa4ilidade dos scios, e sim da sociedade, en'uanto pessoa 2ur/dica autnoma(Como pessoa 'ue e*iste por si s!, tam4m responde com todo o seu patrimnio pelaso4riga&es contra/das(

    Esta regra contida no artigo a responsa4ilidade da sociedade, 'ual'uer 'ue se2a o tipo, sempre ilimitada, tal 'ual a do empresrio individual 7pois s5o eles 'ue desempen0am a

    atividade empresria, contraindo as o4riga&es 'ue suscitam responsa4ilidade8(

    "(;( Empresa, Empresrio e Esta4elecimento

    F+ registro Cadastro ?acional de Pessoas Jur/dicas 7C?PJ8 necessrio a 'ual'uer um 'ue e*era atividadeempresria, e, mesmo 'ue o nome do cadastro se2a de pessoas 2ur/dicas-, para e%eitos de tri4uta5o se imp&eo registro ali, tam4m, dos empresrios individuais, por %ic5o 2ur/dica(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron

    Sociedades no CC de 2!!2

    Kodas com %im lucrativo

    3em %im lucrativo

    .unda&es )ssocia&es Partidos pol/ticos +rg( Religiosas

    Pessoas 2ur/dicas de direito privado

    3imples Empresria

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    + conceito de empresa um conceito econmico> empresa a atividade econ&micaorgani!ada( econmica por'ue 4usca o lucro1 e organi=ada, n5o sendo eventual oualeat!ria(

    ) empresa uma atividade, e n5o uma entidade( Por isso, n5o su2eito, mas apenas

    o42eto de direito> n5o pode e*ercer direitos ou contrair o4riga&es( Mas esta con%us5o 'uese %a=, corri'ueiramente, entre os conceitos de empresae sociedade t5o arraigada 'ue opr!prio legislador se engana, por ve=es> o artigo FL da CK, no caput, ao de%inir oempregador, assim disp&e>

    )rt( FN 6 Considera6se empregador a empresa, individual ou coletiva, 'ue,assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a presta5o

    pessoal de servio(7(((8-

    + artigo FO da ei se se valer docritrio %ormal, ningum teria interesse no registro( + critrio %ormal serve apenas paraa%erir a regularidade do empresrio individual, e criar personalidade e regularidade sociedade(

    Destarte, o empresrio, ele sim, su2eito de direito> ele 'uem detm direitos econtrai o4riga&es, 'uer se2a o empresrio individual e*ercendo a atividade em nomepr!prio, 'uer se2a a sociedade empresria e*ercendo a atividade em seu pr!prio nome

    empresarial sendo 'ue a sociedade empresria, por n5o ser ente corp!reo, representadapelo administrador no e*erc/cio da atividade de empresa( )ssim, ao representar asociedade, o administrador mani%esta a vontade da pr!pria sociedade, e esta 'uem seo4riga perante os credores, e titulari=a direitos perante seus devedores(

    +sscios, nem mesmo se administradores, n5o s5o considerados empresrios> 'ueme*erce a empresa a pr!pria sociedade, em nome pr!prio( assim 'ue os credores devempedir a %alncia, por e*emplo, da sociedade7representada pelo administrador8, e n5o dos

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron "

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    s!cios, assim como a sociedade, pelas m5os do administrador, 'ue re'uer a suarecupera5o 2udicial(

    + conceito de estabelecimento, por sua ve=, remete ao antigo %undo de comrcio> oempresrio, pessoa %/sica ou 2ur/dica, ao e*ercer a empresa, precisa ter 4ens 'ue 0a4ilitem6no a desempen0ar tal atividade( E este con2unto de 4ens, corp!reos ou incorp!reos,

    dedicados atividade de empresa o esta4elecimento( + artigo "(";F do CC traa conceitodi%erencial entre empresa, empresrio e esta4elecimento>

    )rt( "(";F( Considera6se esta4elecimento todo comple*o de 4ens organi=ado, parae*erc/cio da empresa, por empresrio, ou por sociedade empresria(-

    3empre 0ouve, e persiste, controvrsia acerca da nature=a 2ur/dica doesta4elecimento( Dentre as inmeras correntes, pode6se apontar um ponto central dadiscuss5o, 'ue de%ine duas grandes correntes> seria o esta4elecimento uma universalidadede direitoou uma universalidade de fatoH

    ) universalidade de direito a'uela 'ue tem sua cria5o determinada por lei( s5oe*emplos o esp!lio, a massa %alida e a 0erana 2acente( J a universalidade de %ato a'uela

    criada pela vontade de seu instituidor( ?o esta4elecimento, 'uem esta4elece a sua reuni5oem uma universalidade o pr!prio empresrio, a pr!pria pessoa %/sica ou 2ur/dica 'uedesempen0a atividade de empresa, e por isso a tese ma2oritria a 'ue de%ende 'ue oestabelecimento uma universalidade de fato ( De uma %orma ou de outra, os conceitos deuniversalidade, de direito ou de %ato, s5o apresentados nos artigos #O e #" do CC>

    )rt( #O( Constitui universalidade de %ato a pluralidade de 4ens singulares 'ue,pertinentes mesma pessoa, ten0am destina5o unitria(Pargra%o nico( +s 4ens 'ue %ormam essa universalidade podem ser o42eto derela&es 2ur/dicas pr!prias(-

    )rt( #"( Constitui universalidade de direito o comple*o de rela&es 2ur/dicas, de

    uma pessoa, dotadas de valor econmico(-

    "(

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    de sociedade empresria, pode, com as %ormalidades do art( #$G, re'uerer inscri5ono Registro P4lico de Empresas Mercantis da sua sede, caso em 'ue, depois deinscrita, %icar e'uiparada, para todos os e%eitos, sociedade empresria(Pargra%o nico( Em4ora 2 constitu/da a sociedade segundo um da'ueles tipos, o

    pedido de inscri5o se su4ordinar, no 'ue %or aplicvel, s normas 'ue regem atrans%orma5o(-

    + registro, como 2 se disse, serv/vel outorga de regularidade ao empresrioindividual, e cria5o da personalidade 2ur/dica 7e conse'ente regularidade8 sociedade()ssim disp&e o artigo #G< do CC>

    )rt( #G

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    Casos Concretos

    uest5o "

    Os usos e costumes, com o advento do novo Cdigo Civil, ainda s#o considerados

    fontes do Direito Empresarial-esposta fundamentada.

    Resposta uest5o "

    3im, especialmente em casos em 'ue a pra*e local determinante para aconsolida5o de situa&es 2ur/dicas espec/%icas( ) %onte imediata do direito empresarial alei, mas os costumes, %ontes mediatas, s5o regras de conduta de uso geral e permanente,cu2a presena necessria esta4ilidade social(

    Por este conceito se perce4e 'ue os costumes tm elementos o42etivos e su42etivos>su42etivo o uso geral e permanente1 o42etivo a sua necessidade( +s costumes podem se

    %a=er valer por trs %ormas>6 /ecundum legem> Kem lugar 'uando a pr!pria lei indica 'ue a %onte a sanar lacuna o costume( Como e*emplo, o artigo "(F#9, Q "N, CC(

    60raeter legem> 3e a lei n5o supre e n5o 0 outra %onte anal!gica, se encamin0a asolu5o naturalmente aos costumes, pela pr!pria ordem de suprimento de lacunas doartigo ;N da ICC1 o costume puro, en'uanto interpreta5o legal(

    6 Contra legem> + costume 2amais ter aplica5o 'uando dispuser de %ormacontrria a 'ual'uer dispositivo legal(

    ?a verdade, n5o 0ouve 'ual'uer altera5o no valor dos costumes desde aderroga5o do C!digo Comercial e revoga5o do CC de "#"$(

    Para alm disso, a ei G(#;:#; disp&e, no artigo GL, @I>

    )rt( GN s Juntas Comerciais incum4e>I 6 e*ecutar os servios previstos no art( F desta lei1II 6 ela4orar a ta4ela de preos de seus servios, o4servadas as normas legais

    pertinentes1III 6 processar a 0a4ilita5o e a nomea5o dos tradutores p4licos e intrpretescomerciais1I@ 6 ela4orar os respectivos Regimentos Internos e suas altera&es, 4em como asresolu&es de carter administrativo necessrias ao %iel cumprimento das normas

    legais, regulamentares e regimentais1@ 6 e*pedir carteiras de e*erc/cio pro%issional de pessoas legalmente inscritas noRegistro P4lico de Empresas Mercantis e )tividades )%ins1@I 6 o assentamento dos usos e prticas mercantis(-

    + Decreto "(GOO:#$ esta4elece, nos artigos G9 e GG, regulamentando a ei G(#;:#;>

    )rt( G9( + assentamento de usos ou prticas mercantis e%etuado pela JuntaComercial(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron %

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    Q "N +s usos ou prticas mercantis devem ser devidamente coligidos e assentadosem livro pr!prio, pela Junta Comercial, e* o%%icio, por provoca5o da Procuradoriaou de entidade de classe interessada(Q FN @eri%icada, pela Procuradoria, a ine*istncia de disposi5o legal contrria aouso ou prtica mercantil a ser assentada, o Presidente da Junta Comercial solicitaro pronunciamento escrito das entidades diretamente interessadas, 'ue dever5omani%estar6se dentro do pra=o de noventa dias, e %ar pu4licar convite a todos osinteressados para 'ue se mani%estem no mesmo pra=o(Q N E*ecutadas as diligncias previstas no pargra%o anterior, a Junta Comercialdecidir se verdadeiro e registrvel o uso ou prtica mercantil, em sess5o a 'uecompaream, no m/nimo, dois teros dos respectivos vogais, dependendo arespectiva aprova5o do voto de, pelo menos, metade mais um dos @ogais

    presentes(Q ;N Pro%erida a decis5o, anotar6se6 o uso ou prtica mercantil em livro especial,com a devida 2usti%ica5o, e%etuando6se a respectiva pu4lica5o no !rg5o o%icial daSni5o, do Estado ou do Distrito .ederal, con%orme a sede da Junta Comercial(-

    )rt( GG( uin'enalmente, as Juntas Comerciais processar5o a revis5o epu4lica5o da cole5o dos usos ou prticas mercantis assentados na %orma doartigo anterior(-

    @e2a 'ue os costumes s5o t5o importantes no Direito Empresarial 'ue podem serlevados ao registro, a assentamento na Junta Comercial, passando a servir como meio deprova, inclusive(

    Como adendo> costumes n5o podem ser revogados por lei, mas somente por outroscostumes( Isto por'ue a pr!pria nature=a dos costumes os torna al0eios ao dom/nio da lei, apr!pria dialtica de %orma5o dos costumes responde reitera5o de condutas emdeterminado sentido, e n5o imposi5o legal(

    +utra consigna5o a ser %eita 'uanto aos c1e)ues ps$datados 7oupr$datados8,'ue s5o cria&es do costume comercial, mas na verdade s5o uma prtica contra legem, epor isso desconsiderada para o Direito Empresarial> a ei 9(

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    Empresa a atividade econmica organi=ada- ou se2a, conceito 4em maisamplo(

    Estabelecimento o con2unto de 4ens 'ue o empresrio rene e destina ao e*erc/cioda atividade de empresa( )ntigamente, era denominado de fundo de comrcio, mas 0o2e,pela teoria da empresa, s! correto se %alar em esta4elecimento de empresa( sinnimo de

    a!ienda( ual'uer 4em comp&e o esta4elecimento, se2a corp!reo ou incorp!reo( + pontoea marcas5o e*emplos de 4ens incorp!reos do esta4elecimento, en'uanto o computador e oprdio s5o 4ens corp!reos da atividade empresria(

    uest5o

    3O/04TA5 /6 /A7DE 5TDA. registrou os seus atos constitutivos no egistro Civilde 0essoas 8ur*dicas, como sociedade civil, em 9:::. Em ra!#o de inadimplemento deobriga"#o assumida, teve a sua fal'ncia re)uerida de!embro de 9::;, sob o fundamento daimpontualidade +art. al'ncias e ecupera"#o. O devedor, em contesta"#o,alegou sua ilegitimidade passiva. O processo foi sem e%tinto sem resolu"#o do mrito.

    Correta a decis#o-esposta fundamentada.

    Reposta uest5o

    Em FOOO, a atividade do 0ospital, presta5o de servios, n5o era atividadeempresria( + 0ospital era sociedade civil, regular, pois registrados seus atos no !rg5ocompetente 7RCPJ8( Em FOO sem alterar a sua atividade, teve alterada sua nature=a desociedade civil para sociedade empresria( Destarte, deve ser atendido o previsto no artigoF(O" do CC>

    )rt( F(O"( )s associa&es, sociedades e %unda&es, constitu/das na %orma das leisanteriores, 4em como os empresrios, dever5o se adaptar s disposi&es desteC!digo at "" de 2aneiro de FOO9(Pargra%o nico( + disposto neste artigo n5o se aplica s organi=a&es religiosasnem aos partidos pol/ticos(-

    4n casu, este artigo di= respeito ao registro da sociedade> se o 0ospital era registradono RCPJ, 0o2e deve ser registrado no RPEM, pois este o !rg5o competente para seucadastro, atualmente(

    Contrrio a esta tese, a4solutamente isolado, 3rgio Campin0o de%ende 'ue n5o 0necessidade da migra5o dos registros, pois entende 'ue o registro da poca ato 2ur/dicoper%eito, e 'ue a sociedade tem direito ad'uirido a mant6lo l, s! migrando se o 'uiser anova regra, em rela5o ao registro, n5o retroage, mesmo sendo a nova nature=a a desociedade empresria( 3eria caso e*cepcional/ssimo de sociedade empresria com registro

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 1!

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    no RCPJ, e n5o no RPEM( Como dito, tese isolada, pela perple*idade 'ue gera diante dal!gica sistemtica das sociedades> se o artigo 7(((8@ certid5o de regularidade do devedor no Registro P4lico de Empresas, o atoconstitutivo atuali=ado e as atas de nomea5o dos atuais administradores17(((8-

    Por isso, a decis5o 'ue entende 'ue o 0ospital n5o uma sociedade empresria, n5oadmitindo sua legitimidade no p!lo passivo, e, por isso, e*tinguindo o processo semresolu5o do mrito, consoante com a maior corrente> se o registro ainda est no RCPJ, asociedade irregular( Entretanto, ainda )ue esteja irregular pois carente do registro no!rg5o competente , asociedade ainda pode falir7n5o podendo valer6se da recupera5o,todavia, 'ue uma 4enesse do empresrio regular, nem podendo participar de licita&es8( )

    condi5o de empresrio n5o e*ige a comprova5o do registro dos atos no !rg5ocompetente, pois situa5o de %ato> 4asta 'ue se caracteri=e a prtica da atividadeeconmica organi=ada( Do contrrio, o legislador estaria premiando e incentivando airregularidade, pois se a %alncia s! %osse imposta a sociedades regulares, n5o 0averia 'uem%osse regulari=ar6se( Destarte, a decis5o %oi e'uivocada(

    Como adendo, %osse um consult!rio mdico, e n5o um 0ospital, seria sociedadesimples, e n5o seria necessrio o registro no RPEM, e sim no RCPJ a atividade %ocadana pessoa dos s!cios( ?o 0ospital, n5o est a atividade %ocada na pessoa dos s!cios 7mordas ve=es, se'uer se sa4e 'uem s5o8(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 11

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    Tema II

    Empresrio 4ndividual. Caracteri!a"#o. esponsabilidade. Capacidade. 4mpedimentos ao e%erc*cio daempresa. 0rosseguimento da empresa pelo incapa!. Empresrio individual casado. Aliena"#o de bens peloempresrio individual casado. 0e)ueno empresrio.

    Notas de Aula

    1. &mpres'rio Individual

    Muito do assunto 2 se a4ordou no tema anterior( ) caracteri=a5o do empresrioindividual, por e*emplo, de pessoa %/sica 'ue e*erce a atividade empresarial em nomepr!prio, gan0ando personalidade no nascimento com vida, e regularidade com o registro da%irma individual(

    ) responsa4ilidade do empresrio individual, tam4m como 2 se disse, ilimitada,pois todos os 4ens de seu patrimnio respondem pelas o4riga&es contra/das, em ra=5o dodisposto no artigo

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    so%rer e*ecu5o individual, incidir em %alncia 7a partir da ei ""("O":O segundo oEstatuto da Criana e do )dolescente, rece4endo medidas teraputicas(+utra di%erena reside na sua impossi4ilidade de re'uerer recupera5o> para

    re'uer6la, precisa estar regular, e esta regularidade vem com o registro da %irma individual(+corre 'ue o artigo ;G da ei ""("O":O

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    casado, 0 'ue se considerar acerca da mea5o do patrimnio com seu cn2uge( Como seresolve a comunica5o patrimonialH

    ) invas5o ou n5o da mea5o ca4/vel ao do cn2uge n5o6empresrio controvertida() solu5o empresarial entende aplicvel o artigo L da ei ;("F":$F, 'ue disp&e>

    )rt( L Pelos t/tulos de d/vida de 'ual'uer nature=a, %irmados por um s! doscn2uges, ainda 'ue casados pelo regime de comun05o universal, somenteresponder5o os 4ens particulares do signatrio e os comuns at o limite de suamea5o(-

    Isto signi%ica 'ue a responsa4ilidade do empresrio ser limitada mea5o 'ue aeste incum4a, n5o podendo comprometer a mea5o do cn2uge n5o6empresrio,independentemente do regime de casamento() e*ce5o, em 'ue a mea5o ser invadida, oumel0or, em 'ue todo o patrimnio con2ugal 7 claro 'ue n5o incidindo 2amais so4re opatrimnio pessoal do n5o6empresrio8 ser imputvel pela divida empresarial, ocorre'uando o proveito do d4ito contra/do pelo empresrio reverte em 4ene%/cio do casal( ?estecaso, o nus de comprovar 'ue o casal se 4ene%iciou com o d4ito assumido do credor(

    ) solu5o civilista, ao contrrio, entende 'ue o CC de FOOF revogou a ei ;("F":$F,pois trata e*austivamente do tema ali versado( ) regra, para esta corrente, 'ue aresponsa4ilidade da mea5o do cn2uge n5o6empresrio vai depender do regime> se %orsepara5o total, n5o responde1 se comun05o universal, responde, e neste regime s! n5o vairesponder se restar comprovado 'ue o d4ito n5o reverteu em 4ene%/cio do casal, sendonus do cn2uge n5o6empresrio a prova da n5o revers5o em seu 4ene%/cio7processualmente, por meio de em4argos de terceiros, se ausente do p!lo passivo, ouem4argos e*ecu5o, se presente no p!lo passivo, ou mesmo e*ce5o de pr6e*ecutividade, segundo a De%ensoria8(

    uanto aliena5o dos 4ens, o empresrio individual casado poder alienar os 4ens'ue integrem o patrimnio do esta4elecimento, sem a vnia con2ugal, como disp&e o artigo

    #9G do CC>

    )rt( #9G( + empresrio casado pode, sem necessidade de outorga con2ugal,'ual'uer 'ue se2a o regime de 4ens, alienar os im!veis 'ue integrem o patrimnioda empresa ou grav6los de nus real(-

    @e2a 'ue esta possi4ilidade uma e*ce5o legal() regra, so4re a outorga u*!ria70o2e c0amadaconjugal8 a presente no artigo "($;9, I, do CC>

    )rt( "($;9( Ressalvado o disposto no art( "($;G, nen0um dos cn2uges pode, semautori=a5o do outro, e*ceto no regime da separa5o a4soluta>I 6 alienar ou gravar de nus real os 4ens im!veis1

    7(((8-

    ?ote 'ue o empresrio individual tem um s! patrimnio, mas per%eitamentede%in/vel 'uais s5o os 4ens 'ue tm rela5o com o desempen0o da atividade empresria e'uais n5o guardam rela5o direta, e para os 'ue s5o pertinentes ao esta4elecimento, 0 estae*ce5o do artigo #9G do CC( Mas ve2a 'ue se a %inalidade do im!vel n5o %ore%clusivamentea atividade de empresa, n5o pode 0aver esta aliena5o sem vnia 7comouma pousada, em 'ue se reali=a a empresa e ao mesmo tempo residem os cn2uges8(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 1

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    2. Continua()o da &mpresa por Incapa*

    Disp&e o artigo #9; do CC>

    )rt( #9;( Poder o incapa=, por meio de representante ou devidamente assistido,continuar a empresa antes e*ercida por ele en'uanto capa=, por seus pais ou peloautor de 0erana(Q "o ?os casos deste artigo, preceder autori=a5o 2udicial, ap!s e*ame dascircunstAncias e dos riscos da empresa, 4em como da convenincia em continu6la,

    podendo a autori=a5o ser revogada pelo 2ui=, ouvidos os pais, tutores ourepresentantes legais do menor ou do interdito, sem pre2u/=o dos direitosad'uiridos por terceiros(Q Fo?5o %icam su2eitos ao resultado da empresa os 4ens 'ue o incapa= 2 possu/a,ao tempo da sucess5o ou da interdi5o, desde 'ue estran0os ao acervo da'uela,devendo tais %atos constar do alvar 'ue conceder a autori=a5o(-

    + incapa= de 'ue trata o caputdeste artigo de%inido no Q "L, como o menor ou ointerdito( + interdito o empresrio individual capa=, 'ue por algum motivo teve decretada

    sua incapacidade superveniente, sendo interditado( Em regra, a atividade 'ue e*ercia n5opoderia ser continuada por ele, depois de interditado, ve= 'ue a empresa somente pode sere*ercida por 'uem estiver em pleno go=o da capacidade civil( Este artigo tra= esta e*ce5o,desde 'ue autori=ada 2udicialmente, tendo por mens legisa o princ/pio dapreserva"#o, 4emcomo dafun"#o social da empresa(

    ?ote 'ue n5o o interdito 'uem praticar a atividade de empresa, e sim orepresentante, em nome do incapa!( uem e*erce direitos e contrai o4riga&es orepresentante, mas o %a= em nome do interdito( Por isso, 'uem tem a responsa4ilidadeilimitada o interdito, e n5o o representante( + patrimnio do representante n5o a%etadopelas o4riga&es da atividade empresria, e*ceto se 0ouver uma das 0ip!teses 'ue o tornamimputvel, como 'uando e*cede seus poderes, ou age de m6%( )ssim, em regra, o credor

    deve acionar o incapa=, na %igura de seu representante() lei salvaguarda parte do patrimnio do interdito, como se v no Q FL deste artigo#9;( + dispositivo e*presso, atri4uindo uma 4lindagem- patrimonial aos 4enspreviamente e*istentes interdi5o 7ou sucess5o, no caso dos menores8, 'ue nada tin0am aver com a atividade de empresa( Esta 4lindagem precisa ser consignada no alvar decontinua5o da empresa(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 1"

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    Casos Concretos

    uest5o "

    Dr. >rederi@, veterinrio, titular de vrios imveis, tem uma cl*nica veterinria,

    onde clinica e reali!a pe)uenas cirurgias. Tambm titular de um pet s1op, >EDE4CBE/ E ATO/, em )ue vende produtos ligados 2 sua atividade. 0ergunta$se-a Dr. >rederi@ pode ser considerado empresrio individual-b uantos patrim&nios possui-

    Resposta uest5o "

    a8 Pela cl/nica, pro%issional li4eral, estando a atividade 'ue e*erce centrada emsua pr!pria %igura, e nos termos do artigo #$$, pargra%o nico, do CC>

    )rt( #$$( Considera6se empresrio 'uem e*erce pro%issionalmente atividadeeconmica organi=ada para a produ5o ou a circula5o de 4ens ou de servios(

    Pargra%o nico( ?5o se considera empresrio 'uem e*erce pro%iss5o intelectual,de nature=a cient/%ica, literria ou art/stica, ainda com o concurso de au*iliares oucola4oradores, salvo se o e*erc/cio da pro%iss5o constituir elemento de empresa(-

    Pelapet s1op, ao contrrio, sim considerado empresrio individual, poisclaramente reali=a atividade de empresa, sem integrar sociedade 7como indica onome do enunciado8( E*ercendo6a so=in0o, empresrio individual(

    48 Kem um nico patrimnio, pois em uma atividade pessoa natural n5o6empresria 'ue responde com todo o patrimnio pela regra c/vel6processual doartigo

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    interdi5o, poder tam4m ser autori=ado a continuar a empresa iniciada por si mesmo,en'uanto ainda era capa=( Esta continua5o e*cepcional autori=ada aos a4solutamenteincapa=es de 'ual'uer espcie se %unda na prote5o ao princ/pio da preserva5o da %un5osocial da empresa, en'uanto geradora de esta4ilidade social(

    Estando representado, a responsa4ilidade recai so4re o incapa=, e n5o so4re o

    representante( ?5o 0 legitimidade( )certou o 2ui=(uest5o

    OGETO DO/ /ANTO/, empresrio individual falecido, dei%a, como 1erdeiro,seu fil1o ATE7/, com HI anos de idade. O incapa! obteve por meio de sua representantelegal autori!a"#o judicial para continua"#o da atividade 1erdada. Aos de!esseis anosATE7/, em ra!#o de emancipa"#o, re)uereu e obteve o deferimento da revoga"#o daautori!a"#o anteriormente concedida. Aps H +um ano do registro de sua firma individualno rg#o competente re)uereu a concess#o de recupera"#o judicial em ra!#o de criseecon&mico$financeira. Deve o pedido ser deferido- Analise a )uest#o sob todos os

    aspectos.Resposta uest5o

    ) recente ei ""("O":O< trou*e ao ordenamento a nova regulamenta5o darecupera5o de empresas e do processo de %alncia( ) prioridade, no novel diploma, arecupera5o, pelo 'ue esta , de %ato, instituto prvio instaura5o do procedimento%alimentar( )ssim agiu o legislador por atentar %un5o social da empresa, pois esta, emregra, mais valiosa sociedade 'uando em %uncionamento do 'ue %alida(

    ) recupera5o sempre, ent5o, preventiva 'ue4ra da empresa> se puder serca4/vel, sempre priori=ada contra a %alncia(

    ) recupera5o pode serjudicial ou e%trajudicial( ) recupera5o 2udicial assemel0a6se, em alguns aspectos, concordata preventiva, da antiga ei de .alncias, Decreto6ei9($$":;

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    Tema III

    /ociedades. Conceito. Elementos caracteri!adores. /ociedades unipessoais. Classifica"#o $ sociedades depessoas e de capital. /ociedades cooperativas. A participa"#o de pessoas casadas e impedidas.

    Notas de Aula

    1. Conceito de Sociedades

    Como 2 se viu, sociedades de dividem em simples e empresrias, podendo adotardiversos tipos societrios( + artigo #G" do CC esta4elece conceito legislativo de sociedade,pelo 'u vale sua transcri5o>

    )rt( #G"( Cele4ram contrato de sociedade as pessoas 'ue reciprocamente seo4rigam a contri4uir, com 4ens ou servios, para o e*erc/cio de atividadeeconmica e a partil0a, entre si, dos resultados(Pargra%o nico( ) atividade pode restringir6se reali=a5o de um ou maisneg!cios determinados(-

    Dali se depreende 'ue sociedades s5o contratos cele4rados entre pessoas, naturaisou 2ur/dicas, 'ue se o4rigam a contri4uir com a sociedade para o e%etivo e*erc/cio deatividade econmica(

    uanto s pessoas, a sua pluralidade um elemento regra, 0avendo poucase*ce&es,'ue ser5o vistas, em 'ue a unipessoalidade admitida( )s pessoas podem sernaturais ou 2ur/dicas, mas 0 alguns tipos societrios 'ue restringem esta li4erdade> nasociedade em nome coletivo, s! s5o admiss/veis como s!cios pessoas naturais, 2amais2ur/dicas1 e na sociedade em comandita simples, o s!cio comanditados! pode ser pessoanatural( ?as demais %ormas societrias, n5o 0 limita5o nature=a das pessoas(

    +s atos constitutivos das sociedades regidas no CC comandita simples, em nome

    coletivo, simples pura e limitada tm nature=a de contrato plurilateral, como visto( ?associedades al0eias ao CC, c0amadas institucionais, o ato um estatuto(

    2. Sociedades +nipessoais cedio, como se viu no conceito legislativo de sociedades, 'ue a pluralidade de

    s!cios elemento necessrio, em regra( +corre 'ue a lei admite, de %orma temporria ouperene, a unipessoalidade, a t/tulo e*cepcional(

    @e2a 'ue em regra a e*istncia de um s! s!cio contraria a regra geral da %orma5ode uma sociedade, e por isso seria causa de dissolu5o da sociedade( Contudo, o legisladorpre%eriu esta4elecer situa&es e*cepcionais em 'ue se tolera o %uncionamento da sociedade

    com um s! s!cio, em ordem a promover a preserva5o da atividade empresria esalvaguardar a %un5o social da empresa(

    Durante o pra=o de recomposi5o, a responsa4ilidade do s!cio remanescente limitada a suas 'uotas, ou do contrrio n5o 0averia vontade em continuar a empresa poreste s!cio, dado o risco(

    Kais s5o as e*ce&es>

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 1%

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    6 ) ei $(;O;:9$, no artigo FO$, I, d-, garante o %uncionamento da sociedade comum s! acionista pelo per/odo compreendido entre a constata"#o da unipessoalidadee a assemblia geral ordinria do pr%imo ano( o primeiro caso deunipessoalidade temporria, em 'ue se admite um per/odo para recomposi5o do'uadro social plural, ao invs de se dissolver a sociedade de plano( @e2a>

    )rt( FO$( Dissolve6se a compan0ia>I 6 de pleno direito>7(((8d8 pela e*istncia de " 7um8 nico acionista, veri%icada em assem4lia6geralordinria, se o m/nimo de F 7dois8 n5o %or reconstitu/do at do ano seguinte,ressalvado o disposto no artigo F

    )rt( "(O( Dissolve6se a sociedade 'uando ocorrer>7(((8I@ 6 a %alta de pluralidade de s!cios, n5o reconstitu/da no pra=o de cento e oitentadias17(((8-

    ) di%erena, de %ato, entre esta situa5o e a do artigo FO$ da lei $(;O;:9$, opra=o> a'ui, a recomposi5o deve ser %eita em at cento e oitenta dias, so4 pena dedissolu5o de pleno direito, a 'ual, se n5o procedida, torna o s!cio remanescenteilimitadamente responsvel, com %ulcro no artigo "(OGO do CC(

    6 + artigo F

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    )rt( F se esta uma KD), suaresponsa4ilidade limitada1 se a sociedade s!cia e*clusiva da su4sidiria integral%or uma sociedade em nome coletivo, por e*emplo, todos os s!cios ter5oresponsa4ilidade ilimitada(

    6 )s empresas p?blicass5o outro e*emplo de sociedades 'ue podem assumir a%orma unipessoal perenemente( Em essncia, n5o s5o unipessoais> s5o empresas em'ue a totalidade do capital social detido pelo Poder P4lico, mas n5onecessariamente a um s! ente( 3e cal0ar de um s! ente p4lico deter cem por centode seu capital, caso de unipessoalidade, e esta pode ser permanente( ?o Trasil, 0um e*emplo> a Cai*a Econmica .ederal da Sni5o, sem mais s!cios(

    6 Kavares Tor4a de%ende 'ue a sociedade em 'ue 0a2a composi5o dos 'uadros pormais de um s!cio, mas not!ria a atividade de um s! s!cio, sendo 'ue a divis5o docapital l0e contempla a a4soluta maioria, dei*ando parte /n%ima ao outro s!cio, sociedade aparente, oufict*cia, 'ue s! se comp&e com o %ito de 4urlar as regras daresponsa4ilidade ilimitada, caso este s!cio reali=asse a empresa so=in0o 7'uando

    seria empresrio individual8( ?este caso, 0 unipessoalidade de %ato, mesmo 'ue%ormalmente 0a2a pluralidade(

    )ssim sendo, caso em 'ue o credor poder pleitear a desconsidera5o dapersonalidade 2ur/dica, por v/cio de constitui5o, %raude originria, invadindo opatrimnio pessoal de am4os os s!cios(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 2!

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    3. Re,uisitos &ssenciais das Sociedades

    +primeiro re'uisito 2ustamente a pluralidade de s!cios> ressalvadas as e*ce&ese*i4idas, a sociedade deve ser composta por ao menos dois s!cios(

    + segundore'uisito a necessria contri4ui5o dos s!cios com 4ens ou servios(

    Como 2 se viu, a sociedade de capital e indstria n5o mais e*iste, mas os s!cios aindapodem contri4uir e*clusivamente com servios nas sociedades simples puras e nassociedades cooperativas( @e2a>

    Enunciado FO$ do CJ. 6 )rts( #G", #G, ##9, "(OO$, "(OO9 e "(O#;> ) contri4ui5odo s!cio e*clusivamente em presta5o de servios permitida nas sociedadescooperativas 7art( "(O#;, I8 e nas sociedades simples propriamente ditas 7art( #G,FU parte8(-

    +utro re'uisito a necessria partil0a entre os s!cios dos resultados da atividadeempresria, ou se2a, 2amais poder o contrato e*cluir o s!cio da percep5o de lucros, so4pena de nulidade da clusula 'ue assim dispuser( B 'uem sustente 'ue pode 0aver a

    suspens5o temporria de direitos essenciais dos s!cios como o a percep5o dos lucros ,calcando este entendimento no artigo "FO da ei $(;O;:9$, em interpreta5o sistemticacom o artigo "(OOG do CC>

    )rt( "FO( ) assem4lia6geral poder suspender o e*erc/cio dos direitos doacionista 'ue dei*ar de cumprir o4riga5o imposta pela lei ou pelo estatuto,cessando a suspens5o logo 'ue cumprida a o4riga5o(-

    )rt( "(OOG( nula a estipula5o contratual 'ue e*clua 'ual'uer s!cio de participardos lucros e das perdas(-

    ("(Affectio /ocietatis

    Vltimo re'uisito 'ue demanda e*plana5o a affectio societatis( ) de%ini5o desteelemento su42etivo, volitivo, a inten5o dos s!cios em constituir a sociedade, ou darcontinuidade atividade( )ssim, a affectio veri%icada originariamente, ou se2a, medidada vontade do s!cio em se associar1 e no curso da e*istncia da sociedade, medida davontade do s!cio em permanecer condu=indo6se associado, ou se2a, dar continuidade sociedade(

    Muito se con%unde a presena da affectiocom a nature=a da sociedade, separando6asem sociedade de pessoasou de capital( @e2a 'ue se valer desta separa5o para di=er 'ue asociedade de pessoas tem affectioe a sociedade de capital n5o tem critrio atcnico, poisna sociedade de capital pode 0aver affectio, decerto, pondo por terra este critrio( + 'uedi%erencia a sociedade de pessoas da de capital n5o a presena ou n5o da affectio, 'ue re'uisito indispensvel em am4as1 a di%erena est na preponderAncia, na sociedade depessoas, na %igura dos s!cios 7o 'ue a pr!pria pessoalidade8, ou se2a, os s!cios seassociam de acordo com a con%iana rec/proca 'ue depositam entre si( E por estacon%iana, esta pessoalidade, 'ue os s!cios devem admitir a entrada de terceiros no 'uadrosocial(

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    J na sociedade de capital, o elemento 'ue prepondera o capital, e n5o a pessoa dos!cio( a contri4ui5o pecuniria 'ue tem relevAncia, e n5o a %igura do s!cio, motivo pelo'ual a entrada ou sa/da do 'uadro social livre(

    necessrio, ent5o, se analisar a 'uest5o da presena ou n5o da a%%ectio nas

    sociedades annimas( )ntes de tudo, necessrio se traar a di%erena entre as compan0iasa4ertas e %ec0adas> segundo o artigo ;L da ei $(;O;:9$, a 3:) a4erta 'uando tem seusvalores mobiliriosadmitidos negocia5o no mercado>

    )rt( ;oPara os e%eitos desta ei, a compan0ia a4erta ou %ec0ada con%orme osvalores mo4ilirios de sua emiss5o este2am ou n5o admitidos negocia5o nomercado de valores mo4ilirios(7(((8-

    @e2a 'ue n5o apenas a admiss5o das a&es no mercado 'ue torna a 3:) a4erta, esim 'ual'uer valor mo4ilirio, como deb'ntures e b&nus de subscri"#o, alm das a&es7lem4rando 'ue partes beneficirias, espcies de valores mo4ilirios, n5o podem ser

    emitidas por compan0ias a4ertas, e portanto n5o s5o negociveis no mercado8( )ssim, se a3:) n5o em a&es no mercado, mas tem de4ntures, por e*emplo, admitidas a neg!cios nomercado, considerada a4erta(

    ) 3:) %ec0ada 'uando seus valores mo4ilirios s! s5o admitidos a negocia5ocom terceiros, diretamente, sem e*posi5o livre ao mercado( Por !4vio, os valoresmo4ilirios tm maior li'uide= na 3:) a4erta1 por isso, suas a&es s5o de livre compra evenda, ou se2a, o s!cio pode entrar ou sair da sociedade livremente, 4astando colocar suasa&es venda no mercado(

    3upon0a6se a seguinte situa5o> acionista de 3:) %ec0ada prop&e a5o de dissolu5ototal por %undamento na 'ue4ra da affectio, restando comprovado o %ato 'ue identi%icou esta'ue4ra( 3eria procedente esta a5oH

    @e2a 'ue na sociedade annima %ec0ada 0 entendimento de 'ue, se 'ue4rada aaffectio, ser causa 4astante dissolu5o, mas n5o total> ser poss/vel a dissolu5o parcial,ou se2a, a retirada do s!cio 0avendo sua parcela de capital( ?5o 0aver dissolu5o total porrespeito aos princ/pios da preserva5o da atividade, e %un5o social da empresa( Este oposicionamento reiterado do 3KJ, e o acompan0a o CJ.(@e2a>

    Enunciado #O do CJ.6 Em regra, livre a retirada de s!cio nas sociedadeslimitadas e annimas %ec0adas, por pra=o indeterminado, desde 'ue ten0amintegrali=ado a respectiva parcela do capital, operando6se a denncia 7arts( ;9 e"(OF#8(-

    Mesmo tendo sido re'uerida a dissolu5o total, poderia o 2ulgador dar procedncia

    parcial, a %im de conceder a dissolu5o parcial, sem con%igurar 2ulgamento e%tra petita, pois'uem pode o mais, pode o menos( E ressalte6se> s! 0 procedncia por'ue a 3:) %ec0ada,pois a li'uide= de suas a&es menor 7uma ve= 'ue n5o as pode e*por ao mercado81 %ossea4erta, n5o 0averia interesse processual em dissolu5o da sociedade, se'uer em dissolu5oparcial;, pois poderia o s!cio simplesmente colocar as suas a&es venda, no mercado,retirando6se muito mais %acilmente da sociedade(

    ;) e*press5o dissolu5o parcial constru5o doutrinria, pois o CC trata a 0ip!tese sempre como resolu"#oda sociedade em rela"#o a um scio(

    Mic0ell ?unes Midle2 Maron 22

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    . Casados e Impedidos

    + artigo #99 do CC tra= a seguinte previs5o>

    )rt( #99( .aculta6se aos cn2uges contratar sociedade, entre si ou com terceiros,desde 'ue n5o ten0am casado no regime da comun05o universal de 4ens, ou no dasepara5o o4rigat!ria(-

    Este artigo inaugurou, 'uando o CC de FOOF entrou em vigor uma polmica so4reos empresrios casados( Isto por'ue o antigo regime n5o previa 'ual'uer impedimento aoscasados, na composi5o de sociedades( Bo2e, como se v, se imp&e a limita5o re%erente aoregime> se casados em regime de separa5o legal, ou comun05o universal, n5o poder5ocontratar sociedade entre si

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    Casos Concretos

    uest5o "

    Cotejar a regra do art.

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    uest5o

    CA5O/, casado em comun1#o universal de bens com 4/ADOA, constituiusociedade simples com mais tr's scios. A sociedade teve indeferido seu registro noegistro Civil de 0essoas 8ur*dicas com base no art.

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    Tema I-

    /ociedades. Espcies $ sociedades simples e empresrias. Conceito. No"(es gerais. Caracteri!a"#o.Elementos de distin"#o. Cooperativas. Atividade ural.

    Notas de Aula

    1. Atividade Rural

    +s artigos #9" e #G; do CC tratam desta situa5o> o artigo #9" trata do empresrioindividual rural1 o #G;, da sociedade rural( 35o e*emplos de atividade rural a agricultura, apecuria, dentre outros(

    )rt( #9"( + empresrio, cu2a atividade rural constitua sua principal pro%iss5o,pode, o4servadas as %ormalidades de 'ue tratam o art( #$G e seus pargra%os,re'uerer inscri5o no Registro P4lico de Empresas Mercantis da respectiva sede,caso em 'ue, depois de inscrito, %icar e'uiparado, para todos os e%eitos, aoempresrio su2eito a registro(-

    )rt( #G;( ) sociedade 'ue ten0a por o42eto o e*erc/cio de atividade pr!pria deempresrio rural e se2a constitu/da, ou trans%ormada, de acordo com um dos tiposde sociedade empresria, pode, com as %ormalidades do art( #$G, re'uerer inscri5ono Registro P4lico de Empresas Mercantis da sua sede, caso em 'ue, depois deinscrita, %icar e'uiparada, para todos os e%eitos, sociedade empresria(Pargra%o nico( Em4ora 2 constitu/da a sociedade segundo um da'ueles tipos, o

    pedido de inscri5o se su4ordinar, no 'ue %or aplicvel, s normas 'ue regem atrans%orma5o(-

    ) sociedade ou o empresrio rural a'uele cu2a principal atividade se2a rural(uando assim %or, poder optar por registrar6se na Junta Comercial ou no RCPJ(

    Registrando6se no RCPJ, n5o ser considerada, a atividade, como empresria1 se inscrever6se na Junta, no RPEM, ser empresria(@e2as 'ue a atividade de empresa e depreendida de um critrio real, e n5o %ormal,

    em regra( ) sociedade ou a pessoa %/sica ser considerada empresria a partir de um critrioreal, ou se2a, da veri%ica5o %tica da nature=a da atividade, e n5o da constata5o do !rg5oem 'ue %oi registrada( 3er empresrio a'uele 'ue e*erce a atividade econmicaorgani=ada, e por isso o registro, para a atividade de empresa, tem mera nature=adeclarat!ria> n5o o registro 'ue constitui a nature=a de empresrio, apenas se restando adeclarar sua e*istncia %tica( +corre 'ue a atividade rural su4verte esta regra> se oindiv/duo e*erce atividade rural economicamente organi=ada, ainda assim poder serconsiderado n5o empresrio, 4astando, para isso, 'ue opte por registrar6se no RCPJ, e n5o

    no RPEM( Portanto, a condi5o de empresrio rural ad'uirida com o registro, com aop5o pelo RPEM, ou se2a, meramente %ormal> o registro constitutivo da 'ualidade deempresa(

    Esta a posi5o da doutrina ma2oritria, de 'ue o registro do empresrio rural noRPEM uma e*ce5o regra, pois constitutivo da nature=a de empresria atividade(B, porm, tese contrria, minoritria por todos, Cludio Calo 'ue sustenta 'ue, ainda'ue se2a atividade rural, o registro s! pode ter nature=a declarat!ria> vai apenas e*trair darealidade a nature=a empresria da atividade( )ssim, se a atividade rural n5o %or

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    economicamente organi=ada, n5o poder 0aver op5o, n5o poder o indiv/duo ou sociedadese registrar no RPEM, sendo o4rigat!ria a inscri5o no RCPJ(

    ?a verdade, a controvrsia so4re a atividade rural grande( Para 3rgio Campin0o,assim se apresenta a situa5o> se a atividade %or rural, se2a ela organi=ada ou n5o, o4astante para 'ue a pessoa, indiv/duo ou sociedade, possa optar pelo registro no RCPJ ou

    RPEM( 3endo assim, se a atividade %or organi=ada, ser empresria de %ato, mas serempresria apenas se levada ao registro no RPEM, o 'ual uma op5o do su2eito( 3e n5o%or organi=ada, ou se2a, se %or atividade rural econmica simples, n5o empresria de %ato,ainda assim poder ser levada ao registro no RPEM, se %or da vontade do su2eito, 'uandoent5o ser empresria> 0 a op5o de, mesmo sendo materialmente atividade de sociedadesimples, ou de pessoa natural n5o empresria, registrar seus atos na Junta Comercial,'uando ent5o ser recon0ecida como empresria( Em suma, para Campin0o, o nicore'uisito para 'ue 0a2a a op5o entre registro no RPEM ou no RCPJ 'ue 0a2a atividaderural( Registrada no RPEM, mesmo 'ue ten0a nature=a material de atividade simples, serempresria, com todos os consectrios para e%eitos %alimentares, inclusive(

    Para Mnica Wusm5o, o critrio para 0aver a possi4ilidade de op5o mais

    intrincado( 3egundo e*egese do artigo #9" do CC, necessrio, para 'ue 0a2a op5o, 'ue oempresrioten0a comoprincipal atividadea rural( Dali surgem, ent5o, dois re'uisitos> necessria a presena de atividade rural economicamente organi!ada, dando o carter deempresrio 'ue est te*tualmente apontado no artigo e n5o 'ual'uer atividade rural , e aprincipal atividade do empresrio deve ser rural( 3omente com a cumula5o destes doisre'uisitos cria para a pessoa, para o indiv/duo ou sociedade, a %aculdade de registrar6se naJunta Comercial ou no RCPJ( Para esta segunda corrente, ent5o, se n5o 0 esta cumula5ode re'uisitos, e a sociedade se registra no RPEM, irregular, e por isso ser tratada comosociedade em comum(

    Corro4orando a segunda corrente, 0 os enunciados FO" e FOF do CJ.>

    Enunciado FO" do CJ. 6 )rts( #9" e #G;> + empresrio rural e a sociedadeempresria rural, inscritos no registro p4lico de empresas mercantis, est5o su2eitos %alncia e podem re'uerer concordata(-

    Enunciado FOF do CJ. 6 )rts( #9" e #G;> + registro do empresrio ou sociedaderural na Junta Comercial %acultativo e de nature=a constitutiva, su2eitando6o aoregime 2ur/dico empresarial( inaplicvel esse regime ao empresrio ou sociedaderural 'ue n5o e*ercer tal op5o(-

    @e2a 'ue, em am4os os enunciados, se usa o termo empresrio-, entendendo 'ue aatividade deve ser materialmente empresria para 0aver a op5o pelo registro no RPEM(

    3egundo ponto controvertido so4re a atividade rural 'uanto cumula"#o destaatividade com outra de nature!a industrial( 3rgio Campin0o entende 'ue, 0avendo

    atividade industrial concomitante atividade rural, esta ser considerada empresria, sendoimposto o registro no RPEM, n5o sendo necessrio cogitar6se 'ual ser a preponderante(3endo ou n5o preponderante a atividade rural, se 0 cumula5o de atividade industrial, n5o0 op5o no registro> ser necessariamente na Junta Comercial(

    ) corrente ma2oritria, porm, %a=endo uma leitura mais literal dos artigos #9" e#G; do CC, entende 'ue mesmo se 0ouver cumula5o com atividade industrial, se aatividade rural %or preponderante, se %or a principal atividade, vai 0aver o direito de op5ono registro( ?este diapas5o, s! ser materialmente empresria a atividade da pessoa 'ue,

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    cumulando atividade rural e industrial, tiver a indstria preponderando so4re a atividaderural( 3e a atividade rural preponderar, poder 0aver escol0a do registro, no RPEM ou noRCPJ$(

    Casos Concretos

    $ + critrio para veri%icar 'ual a atividade principal pela elimina5o 0ipottica> se suprimida uma dasatividades, a outra %or su%iciente para manter a atividade da pessoa, por'ue a suprimida n5o era

    preponderante(

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    uest5o "

    esponda se s#o simples ou empresriasLa uma sociedade limitada )ue ten1a por objeto a cria"#o de gado e crie ;.:::

    cabe"as em uma rea de H:.::: 1ectares no Estado de ato rosso do /ulb uma sociedade an&nima )ue ten1a por objeto a presta"#o de servi"os mdicosc uma sociedade limitada )ue ten1a por objeto a presta"#o de servi"os deauditoria.

    Resposta uest5o "

    a8 simples, pois atividade rural, 'ue s! se torna empresria pela e%etiva5o,%acultativa, do registro no RPEM( Como n5o 0, no enunciado, in%orma5o de'ue 0a2a registro na Junta Comercial, a sociedade simples(

    48 empresria, ve= 'ue a sociedade annima sempre empresria, mesmo 'uesua atividade se2a materialmente de sociedade simples> prepondera a %ormaso4re o o42eto, ou se2a, se adotada a %orma 3:), ser empresria, de4alde anature=a da atividade(

    c8 Sma ve= 'ue a atividade de auditoria eminentemente intelectual, e como oartigo #$$ do CC, no pargra%o nico, disp&e 'ue as atividades desta nature=an5o s5o, em regra, organi=adas, n5o 0 e*erc/cio de empresa, o caso desociedade simples( Contudo, se a sociedade de auditoria, no caso concreto,apresentar o elemento de empresa, ser considerada como empresria(

    uest5o F

    Tr's mdicos $ um cirurgi#o, um cl*nico e um ortopedista $ constitu*ram umasociedade limitada para e%plorar uma casa de sa?de, na )ual os scios passaram ae%ercer suas especialidades mdicas, com concurso de colaboradores e au%iliares.

    Esta sociedade caracteri!a$se, ou n#o, como empresa-esposta fundamentada.

    Resposta uest5o F

    Depende( 3e a atividade %or economicamente organi=ada, ser empresa1 se n5o 0 aorgani=a5o, sociedade simples( 3e a atividade estiver centrali=ada na atua5o pessoal doss!cios, o caso e*ato da previs5o legal para a atividade de sociedade simples, em 'ue o%oco na pessoa dos s!cios, e n5o na pessoa 2ur/dica, carecendo da organi=a5o de diversosescopos para %ormar a atividade> o escopo um s!, o atendimento mdico pelos s!cios( 3e,de outro lado, a atividade contar com um aparato tal, em 'ue os au*iliares e cola4oradorese*ercem, eles pr!prios, a atividade6%im, ou dela participam com papel %undamental, estarpresente o elemento de empresa, e ser a atividade considerada empresria(

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    @e2a 'ue, in casu, a presena de um cirurgi5o d a entender 'ue necessria aorgani=a5o econmica em torno da atividade, ou se2a, necessrio o acompan0amentop!s6operat!rio por e'uipe de cola4oradores, dedicados consecu5o da atividade %im( Porisso, o caso concreto pende caracteri=a5o da sociedade como empresria(

    uest5o /ociedade limitada tem por objeto declarado no seu contrato social a e%plora"#o

    de atividades agropecurias. No curso de sua e%ist'ncia a sociedade passou a desenvolvera industriali!a"#o de produtos agr*colas e pecurios produ!idos por ela prpria e porterceiros. 0ergunta$seL

    a uais as conse)'ncias do e%erc*cio concomitante das atividades industrial eagropecuria-b Essa sociedade pode incidir em fal'ncia-espostas fundamentadas.

    Resposta uest5o a8 ) conse'ncia 'ue, para a corrente doutrinria ma2oritria, o registro na 2unta

    Comercial ser optativo se a atividade rural %or predominante, principal( 3e aatividade industrial %or predominante, o registro no RPEM o4rigat!rio( Para3rgio Campin0o, contudo, se 0 'ual'uer indstria sendo e*ercidaconcomitantemente com a atividade rural, esta irrelevante> a atividade empresria, e deve ser registrada no RPEM(

    48 Depende da corrente adotada> para 3rgio Campin0o, incidir em %alncia, pois empresria apenas por 0aver indstria1 para a corrente ma2oritria, contudo,ser empresria se prepondera a indstria, ou se, mesmo preponderando aatividade rural, optar pelo registro no RPEM e ent5o ser su2eita a %alir, sendoum ou outro o caso 7por op5o ou por o42eto8(

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    Tema -

    Tipos societriosL /ociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada,sociedade an&nima, sociedade em comandita por a"(es. Ado"#o dos tipos societrios pelas sociedadesempresrias e simples. Efeitos.

    Notas de Aula

    1. Tipos Societ'rios

    )s sociedades, simples ou empresrias, podem assumir diversas %ormas, cada 'ualcom suas particularidades( ?5o se pode con%undir as categorias espciesde sociedade, 'ues5o apenas duas simples ou empresrias , com as formas, os tipossocietrios 'ue estasespcies podem assumir( @eremos a'ui os tipos societrios presentes no ordenamento4rasileiro(

    Rememorando, as sociedades empresrias s5o a'uelas 'ue e*ercem atividadeeconmica organi=ada, contando com o elemento de empresa, 4uscando o lucro( )s

    sociedades simples, por sua ve=, tam4m desempen0am atividade econmica, mas n5ocontam com o elemento de empresa, carecendo do elemento organi!a"#o( )m4as podemassumir os tipos societrios presentes no CC, nos artigos "(O# a "(O#F, como prev oartigo #G do CC>

    )rt( #G( ) sociedade empresria deve constituir6se segundo um dos tiposregulados nos arts( "(O# a "(O#F1 a sociedade simples pode constituir6se decon%ormidade com um desses tipos, e, n5o o %a=endo, su4ordina6se s normas 'uel0e s5o pr!prias(Pargra%o nico( Ressalvam6se as disposi&es concernentes sociedade em contade participa5o e cooperativa, 4em como as constantes de leis especiais 'ue, parao e*erc/cio de certas atividades, impon0am a constitui5o da sociedade segundodeterminado tipo(-

    @e2a um es'uema gr%ico>

    )4ordaremos os tipos em nome coletivo, em comandita simplese emcomandita pora"(es, pois as %ormas limitadaesociedade an&nimaser5o tema espec/%ico no %uturo(

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    3ociedades

    3imples

    Empresria

    Em nome coletivo1 Em comandita simples1 imitada1 3ociedade annima1 Em comandita por a&es(

    Pura(

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    "("( 3ociedade em ?ome Coletivo

    Este tipo societrio vem previsto no artigo "(O# do CC>

    )rt( "(O#( 3omente pessoas %/sicas podem tomar parte na sociedade em nomecoletivo, respondendo todos os s!cios, solidria e ilimitadamente, pelas o4riga&essociais(Pargra%o nico( 3em pre2u/=o da responsa4ilidade perante terceiros, podem oss!cios, no ato constitutivo, ou por unAnime conven5o posterior, limitar entre si aresponsa4ilidade de cada um(-

    Esta sociedade apresenta algumas caracter/sticas 4em espec/%icas> os s!cios somentepodem ser pessoas %/sicas, naturais, n5o sendo admitida pessoa 2ur/dica como s!cia nasociedade 'ue adota esta %orma( Mas a caracter/stica mais distintiva desta %orma societria a responsa4ilidade social> solidriae ilimitada(

    ) solidariedade di= respeito rela5o entre os scios, e n5o entre scios e a prpriasociedade, pessoa 2ur/dica em nome coletivo por eles composta( Entenda> se a sociedade

    contrai uma o4riga5o no mercado, e desta inadimplente, o credor n5o poder interpretara solidariedade prevista neste artigo como se o p!lo devedor %osse %ormado pelos s!cios,solidariamente> seu crdito perante a sociedade, pessoa 2ur/dica, e n5o perante o s!cio(Destarte, o crdito e*ig/vel da sociedade, e a responsa4ilidade dos s!cios ser su4sidiria da sociedade( ?o e*emplo dado, o credor deve e*igir seu crdito da sociedade e, somenteap!s e*aurido o patrimnio da pessoa 2ur/dica, invadir o patrimnio de cada s!cio a/, sim,solidariamente entre eles(

    Imp&e6se, portanto, o benef*cio de ordem, tra=ido nos artigos "(OF e "(OF; do CC>

    )rt( "(OF( 3e os 4ens da sociedade n5o l0e co4rirem as d/vidas, respondem oss!cios pelo saldo, na propor5o em 'ue participem das perdas sociais, salvoclusula de responsa4ilidade solidria(-

    )rt( "(OF;( +s 4ens particulares dos s!cios n5o podem ser e*ecutados por d/vidasda sociedade, sen5o depois de e*ecutados os 4ens sociais(-

    )ssim, em s/ntese, a sociedade e os s!cios relacionam6se em su4sidiariedade1 oss!cios, entre si, relacionam6se em solidariedade( E*tenuado o patrimnio da pessoa2ur/dica, somente ent5o os s!cios se tornam solidariamente responsveis pelo 'ueremanescer(

    )lcanando, a d/vida, o patrimnio de cada s!cio, este responde ilimitadamentecom seu patrimnio pessoal, como disp&e o artigo( Contudo, se apenas um dos s!cios tiverseu patrimnio invadido, este guarda direito de regresso contra os demais,

    proporcionalmente a cada 'uota( ?ote6se 'ue o contrato social pode prever parcelas deresponsa4ilidade- diversas entre os s!cios7como disp&e o pargra%o nico do artigo "(O#do CC8, mas este rateio de responsa4ilidade n5o opon/vel aos credores> ser sempresolidria e ilimitada a responsa4ilidade de cada s!cio, perante o credor, podendo co4rar deapenas um deles a integralidade da d/vida remanescente1 todavia, em rela5o ao direito deregresso entre os s!cios, a'uele 'ue arcar com parcela maior do 'ue o contrato social l0eatri4ui poder regressar pelo e*cesso contra os demais, na propor5o das 'uotas ou namedida em 'ue o contrato social previr(

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    H.H.H. Glindagem das uotas em ela"#o 2s Obriga"(es 0articulares dos /cios

    + artigo "(O; do CC esta4elece uma previs5o peculiar>

    )rt( "(O;( + credor particular de s!cio n5o pode, antes de dissolver6se asociedade, pretender a li'uida5o da 'uota do devedor(Pargra%o nico( Poder %a=6lo 'uando>I 6 a sociedade 0ouver sido prorrogada tacitamente1II 6 tendo ocorrido prorroga5o contratual, %or acol0ida 2udicialmente oposi5o docredor, levantada no pra=o de noventa dias, contado da pu4lica5o do atodilat!rio(-

    Este artigo disp&e 'ue, 0avendo uma sociedade em nome coletivo, as obriga"(espessoaisde um determinado s!cio n5o poder5o ser satis%eitas pela li'uida5o das suas'uotas nesta sociedade, como regra( + credor s! poder pedir a li'uida5o das 'uotas, a %imde satis%a=er d/vida particular de um dos s!cios perante si, 'uando da dissolu5o dasociedade(

    @e2a 'ue a'ui se opera uma verdadeira 4lindagem patrimonial- do s!cio, devedorparticular, detentor de 'uotas da sociedade em nome coletivo( ) regra, segundo o caputdeste artigo, 'ue n5o se podem li'uidar 'uotas do s!cio, devedor particular, para com estali'uida5o adimplir suas o4riga&es pessoais(

    Esta 4lindagem patrimonial conta com limites, a %im de evitar a %raude( Sm deles doutrinrio> a sociedade s! ter as 'uotas intang/veis 'uando %or sociedade de pra=odeterminado( 3e a sociedade tiver pra=o de dura5o indeterminado, n5o 0 aplica4ilidadedesta regra da 4lindagem das 'uotas( E, ainda 'uando a sociedade tiver pra=o de dura5odeterminado, a casu/stica pode %a=er com 'ue a regra se2a inaplicvel( @e2a> se a sociedadetem pra=o de dura5o de um ano, pro e*emplo, a regra aplicvel> durante este ano, as'uotas s5o intang/veis, ili'uidveis1 por dois anos, idem1 mas e se a sociedade tiver pra=ode dura5o de trinta anos, por e*emploH ra=ovel manter a 4lindagem por todo estetempoH

    @e2a 'ue, 0avendo um pra=o t5o e*tenso, como se, na verdade, o pra=o se2aindeterminado( )ssim, a doutrina entende 'ue n5o ser aplicvel a 4lindagem, em aten5oao princ/pio da ra=oa4ilidade, 'uando o pra=o %or por demais e*tenso( ?estes casos, ocredor poder pedir a li'uida5o das 'uotas do s!cio devedor particular(

    + pargra%o nico do artigo "(O; do CC apresenta as outras e*ce&es 4lindagempatrimonial( ?o inciso I, esta4elece 'ue, se a sociedade por pra=o determinado %orprorrogada tacitamente, ser poss/vel a li'uida5o das 'uotas do s!cio devedor, pois acontinua5o tcita da atividade pelos s!cios 'ue a prorroga5o tcita trans%orma asociedade em sociedade por pra=o indeterminado, e nesta n5o se aplica a 4lindagem( )trans%orma5o da sociedade em por pra=o indeterminado prevista no artigo "(O, I, do

    CC>

    )rt( "(O( Dissolve6se a sociedade 'uando ocorrer>I 6 o vencimento do pra=o de dura5o, salvo se, vencido este e sem oposi5o des!cio, n5o entrar a sociedade em li'uida5o, caso em 'ue se prorrogar por tempoindeterminado17(((8-

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    ?o inciso II, a terceira e*ce5o> na sociedade por pra=o determinado, tendo estee*pirado, a sociedade reali=a prorroga5o e*pressa, por meio de aditamento contratual,devidamente aver4ado no !rg5o competente( Esta aver4a5o a4re pra=o para o credorparticular de um dos s!cios para, em at noventa dias, o%erecer 2udicialmente umaoposi"#o, a %im de 0aver a li'uida5o das 'uotas( @e2a 'ue este pra=o decadencial, pois

    direito potestativo do credor e*igir aten5o ao seu crdito pelo patrimnio do s!cio, seudevedor particular, consu4stanciado nas 'uotas9(Sm e*emplo de como esta 4lindagem pode ser utili=ada como %raude 'uando o

    s!cio trans%ere todo seu patrimnio para a sociedade em nome coletivo, trans%ormando6oem 'uotas> suas o4riga&es particulares 2amais ser5o satis%eitas por este patrimnio, umave= 'ue este ser 4lindado pela regra do artigo "(O; do CC, en'uanto aplicvel a4lindagem( Kodavia, nada o4sta 'ue se2a re'uerida, se presente e comprovada a %raude, adesconsidera"#o inversa da personalidade jur*dica, a %im de se invadir o patrimnio dasociedade para satis%a=er o d4ito particular de um dos s!cios 7desconsidera5o dapersonalidade 2ur/dica tema 'ue ser a4ordado mel0or adiante8(

    H.H.9. >al'ncia dos /cios?a vigncia do Decreto6ei 9($$":; s sociedades em nome coletivo por pra=o determinadose aplica a4lindagem das 'uotas, e 'uelas por pra=o indeterminadon5o se aplica( )s c0amadas e*ce&es, em verdade,s5o apenas 0ip!teses em 'ue a sociedade passa a ser, real ou %ictamente, de pra=o indeterminado, e as 'uotasn5o possuem, nesta condi5o, a 4lindagem( ) ltima e*ce5o, 'uando 0 prorroga5o e*pressa, consiste emum direito potestativo do credor em opor6se ao remane2o das 'uotas 7na prorroga5o8, 'ue s5o a%eta&es do

    patrimnio de seu devedor particular, sem atender, antes, a seu crdito(

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    Q "o + disposto no caputdeste artigo aplica6se ao s!cio 'ue ten0a se retiradovoluntariamente ou 'ue ten0a sido e*clu/do da sociedade, 0 menos de F 7dois8anos, 'uanto s d/vidas e*istentes na data do ar'uivamento da altera5o docontrato, no caso de n5o terem sido solvidas at a data da decreta5o da %alncia(Q Fo)s sociedades %alidas ser5o representadas na %alncia por seus administradoresou li'uidantes, os 'uais ter5o os mesmos direitos e, so4 as mesmas penas, %icar5osu2eitos s o4riga&es 'ue ca4em ao %alido(-

    @e2a 'ue, na literalidade, operou6se verdadeira invers5o na concep5o legal> oss!cios de responsa4ilidade ilimitada, 'uando sua respectiva sociedade vem a %alir, tam4mso%rem %alncia de direito, ou se2a, n5o so%rem apenas os e%eitos da %alncia> %alem 2unto(3upondo6se, ent5o, uma sociedade com cinco s!cios com responsa4ilidade ilimitada 7uma'ue se2a do tipo em nome coletivo, por e*emplo8, se esta sociedade vier a %alir, ser5odecretadas, em verdade, seis fal'ncias> %ale a sociedade, pessoa 2ur/dica, e cada um doss!cios, pessoas naturais(

    + sentido literal, contudo, n5o paci%icamente admitido na doutrina( Parte dadoutrina o admite, como .a4io Sl0oa, 'ue de%ende 'ue deve ser %eita interpreta5o literal, eo dito artigo G" demanda apenas um re'uisito para 'ue o s!cio possa %alir> a suaresponsa4ilidade ilimitada( )ssim, de4alde 'ual'uer varia5o na atividade do s!cio, se estetem responsa4ilidade ilimitada, vai incidir em %alncia, se a sociedade 'ue integra vier a%alir(

    3rgio Campin0o, por sua ve=, mitiga esta interpreta5o literal, propondointerpreta5o sistemtica do dispositivo> o artigo "L da pr!pria ei de .alncias s! admite'ue ven0a a %alir devedor 'ue se2a empresrio>

    )rt( "oEsta ei disciplina a recupera5o 2udicial, a recupera5o e*tra2udicial e a%alncia do empresrio e da sociedade empresria, doravante re%eridossimplesmente como devedor(-

    )ssim, se n5o %or empresrio, n5o pode incidir em %alncia( Con2ugando6se estedispositivo com a previs5o do artigo G", o scio com responsabilidade ilimitada somentepoder ter sua fal'ncia decretada se for tambm considerado empresrio, per si( Istosigni%ica 'ue, se o s!cio %or uma pessoa natural, com responsa4ilidade ilimitada, dever sertam4m caracteri=ado como empresrio individual, por 'ual'uer atividade paralela 'uedesempen0e( E se o s!cio %or uma pessoa 2ur/dica, dever igualmente ser sociedadeempresria com responsa4ilidade ilimitada, para poder %alir 'uando da %alncia dasociedade maior a 'ual integra(

    3egundo a tese de Campin0o, se a sociedade %or do tipo em nome coletivo, todos oss!cios s5o pessoas naturais, e se a sociedade vier a %alir, a'ueles 'ue se con%igurarem comoempresrios individuais tam4m %alir5o1 a'ueles 'ue n5o %orem, alm de s!cios

    ilimitadamente responsveis, empresrios individuais, n5o ter5o sua %alncia decretada, masse su2eitar5o aos e%eitos da %alncia da sua sociedade 7tal como era na vigncia do D9($$":; o devedor das o4riga&es inadimplidas asociedade, e n5o os s!cios, mesmo 'ue ilimitadamente responsveis1 a personalidade dasociedade n5o se con%unde com a dos s!cios, em ra=5o da autonomia da personalidade

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    2ur/dica1 e, por %im, pelo pr!prio escopo do novel diploma %alimentar> esta lei n5o primapela 'ue4ra, mas sim pela continuidade da atividade de empresa, %omentando a suasu4sistncia pela aten5o fun"#o social da empresa, sua preserva"#o, e pr!priara!oabilidade( ?este diapas5o, aos s!cios ilimitadamente responsveis ser5o impostos ose%eitos da %alncia, sendo eles empresriosper siou n5o, mas n5o a decreta5o da %alncia

    de direito()ssim, esta corrente simplesmente mantm o regime como era na vigncia doartigo

    )rt( "(O; os comanditados, pessoas %/sicas, responsveis solidria eilimitadamente pelas o4riga&es sociais1 e os comanditrios, o4rigados somente

    pelo valor de sua 'uota(Pargra%o nico( + contrato deve discriminar os comanditados e oscomanditrios(-

    ) principal caracter/stica desta sociedade 2 e*surge deste artigo> a e*istncia deduas categorias de s!cios, os comanditadose os comanditrios(

    + s!cio comanditado o 'ue mais se imiscui na atividade de empresa, e por isso 'uem mais se e*p&e aos nus desta atividade> tem a sua responsa4ilidade ilimitada1 'uempode nomear a sociedade com seu nome pr!prio, na ra=5o social1 e o administrador dasociedadeG( + s!cio comanditrio, por sua ve=, %igura sem grandes e%eitos na vidaempresria desta sociedade(

    3e o s!cio comanditrio assumir 'ual'uer das atri4ui&es 'ue s5o legalmente dadasao comanditado incluir seu nome na ra=5o social, ou atuar como administrador dasociedade , passar a ser tido por s!cio comanditado( uando isto ocorrer, sua %igura ser,para todos os e%eitos, a de s!cio comanditado, passando a ter responsa4ilidade ilimitada(Esta a e*egese do artigo "(O;9 do CC>

    )rt( "(O;9( 3em pre2u/=o da %aculdade de participar das deli4era&es da sociedadee de l0e %iscali=ar as opera&es, n5o pode o comanditrio praticar 'ual'uer ato degest5o, nem ter o nome na %irma social, so4 pena de %icar su2eito s

    responsa4ilidades de s!cio comanditado(Pargra%o nico( Pode o comanditrio ser constitu/do procurador da sociedade,para neg!cio determinado e com poderes especiais(-

    + credor da sociedade em comandita simples, 'uando e*igir seu crdito, dever,primeiro, e*aurir o patrimnio da pr!pria sociedade aplica6se a mesma su4sidiariedade, o

    GComo recurso mnemnico, por conta das grandes responsa4ilidades atri4u/das a este s!cio comanditado,pode6se associar seu nome palavra coitado-(

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    mesmo 4ene%/cio de ordem, tratado na sociedade em nome coletivo( Bavendo saldo, ouse2a, seu crdito sendo superior ao patrimnio da sociedade, poder invadir o patrimniodos s!cios 'ue se2am ilimitadamente responsveis, 'uais se2am, os scios comanditados()lcanando o patrimnio destes, a responsa4ilidade, apenas entre os comanditados, solidria(

    ) %alncia, como 2 se a4ordou no estudo da sociedade em nome coletivo, ser alvoda mesma controvrsia l tratada, ou se2a, se a sociedade em comandita simples %alir, oss!cios ilimitadamente responsveis s! os comanditados ou %alir5o tam4m 7%alncia dedireito8, ou estar5o su2eitos aos e%eitos da %alncia 7%alncia de %ato8, de acordo com acorrente doutrinria 'ue se adotar( ) di%erena 'ue os comanditrios 2amais %alir5o ouso%rer5o e%eitos pessoais da %alncia, pois s5o s!cios com responsa4ilidade limitada, e aregra do artigo G" da ei ""("O":O< se dedica unicamente aos s!cios com responsa4ilidadeilimitada(

    2. Sociedade Simples

    F("( )do5o de Kipos 3ocietrios pela 3ociedade 3imples+ artigo #G do CC, 2 transcrito, se reporta n5o s! s sociedades empresrias, mas

    tam4m s sociedades simples, mencionando 'ue estas poder5o adotar uma das %ormassocietrias previstas no CC( )ssim, a sociedade simples pode ser em nome coletivo, emcomandita simples, KD), 3:) ou em comandita por a&es, ou pode ser simplespura, sen5o adotar nen0um dos tipos societrios previstos(

    )dotando um dos tipos, padecer dos e%eitos 'ue a este tipo se2am atinentes( @e2a>se a sociedade simples adota o tipo em nome coletivo, seus s!cios s! poder5o ser pessoasnaturais1 a responsa4ilidade de cada s!cio ser ilimitada1 e ser, esta sociedade, regidaimediatamente pelas regras do tipo adotado, e somente em omiss5o, ou se2a, mediatamente,pelas regras da pr!pria sociedade simples, constantes dos artigos ##9 e seguintes do CC(

    3e a %orma adotada %or a comandita simples, ser5o aplicveis todas as regras 'ue aesta se aplicam, dos artigos "(O;< e seguintes do CC, imediatamente, e de %orma mediata, asregras da sociedade simples( )ssim, nesta 0ip!tese, 0aver a divis5o em s!cioscomanditados e comanditrios, com as mesmas caracter/sticas relativas responsa4ilidade,administra5o e ra=5o social(

    3e a sociedade simples adotar a %orma de sociedade limitada, %a=6se o mesmoracioc/nio> ser apenas uma sociedade simples com %orma de limitada, rece4endo otratamento 'ue limitada dispensado, com %ulcro complementar nos dispositivos legaisdedicados sociedade simples(

    Destarte, se a sociedade %or simples, a despeito de 'ual'uer %orma 'ue adote> o!rg5o de registro o RCPJ, en'uanto na empresria o RPEM1 n5o incide em %alncia,nem tem de%erida recupera5o, incidindo, outrossim, em insolvncia, pois n5o empresria7en'uanto 'ue se %osse empresria so%reria incidncia destes institutos %alimentares8(

    Por outro lado, se a sociedade simples adotar a %orma de 3:) 7compan0ia8 oucomandita por a&es, 0 uma peculiaridade> independentemente de n#o e%ercer atividadede empresa, de %ato,ser, por for"a de lei, considerada sociedade empresria( Esta ae*egese do artigo #GF, pargra%o nico, do CC, e do artigo FL, Q "L, da ei $(;O;:9$>

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    )rt( #GF( 3alvo as e*ce&es e*pressas, considera6se empresria a sociedade 'uetem por o42eto o e*erc/cio de atividade pr!pria de empresrio su2eito a registro7art( #$981 e, simples, as demais(Pargra%o nico( Independentemente de seu o42eto, considera6se empresria asociedade por a&es1 e, simples, a cooperativa(-

    )rt( FN Pode ser o42eto da compan0ia 'ual'uer empresa de %im lucrativo, n5ocontrrio lei, ordem p4lica e aos 4ons costumes(Q "N ual'uer 'ue se2a o o42eto, a compan0ia mercantil e se rege pelas leis e usosdo comrcio(7(((8-

    Desta %orma, n5o e*iste sociedade annima ou em comandita por a&es 'ue se2asimples> mesmo se o %or, adotada uma destas %ormas, dei*a de s6lo, passando a serempresriapor for"a de lei mesmo contra a realidade de sua atividade( caso em 'ueprepondera a %orma societria so4re o o42eto material da atividade( 3endo consideradaempresria, todas as regras a esta espcie atinentes s5o aplicveis> seu registro no RPEM,e pode incidir em %alncia e recupera5o(

    F(F( 3ociedade 3imples Pura

    Como se viu, o artigo #G do CC %aculta a ado5o de um tipo societrio 'ual'uer,mas tam4m dei*a claro 'ue, a critrio dos s!cios, podem n5o adotar tipo algum> ser,ent5o constitu/da a sociedade simplespura, oupropriamente dita, ou em sentido estrito(

    @e2a 'ue esta sociedade pode tam4m ser c0amadasimples simples> simples naespcie, pois n5o empresria1 e simples naforma, pois n5o de nen0um dos outros tipossocietrios e*istentes no CC 7apesar de n5o e*istir, na lei, men5o a um tipo societriosimples simples-8(

    ?esta sociedade, a regncia legal toda a'uela tra=ida nos artigos ##9 e seguintes

    do CC()rt( ##9( ) sociedade constitui6se mediante contrato escrito, particular ou p4lico,'ue, alm de clusulas estipuladas pelas partes, mencionar>I 6 nome, nacionalidade, estado civil, pro%iss5o e residncia dos s!cios, se pessoasnaturais, e a %irma ou a denomina5o, nacionalidade e sede dos s!cios, se 2ur/dicas1II 6 denomina5o, o42eto, sede e pra=o da sociedade1III 6 capital da sociedade, e*presso em moeda corrente, podendo compreender'ual'uer espcie de 4ens, suscet/veis de avalia5o pecuniria1I@ 6 a 'uota de cada s!cio no capital social, e o modo de reali=6la1@ 6 as presta&es a 'ue se o4riga o s!cio, cu2a contri4ui5o consista em servios1@I 6 as pessoas naturais incum4idas da administra5o da sociedade, e seus poderese atri4ui&es1

    @II 6 a participa5o de cada s!cio nos lucros e nas perdas1@III 6 se os s!cios respondem, ou n5o, su4sidiariamente, pelas o4riga&es sociais(Pargra%o nico( ine%ica= em rela5o a terceiros 'ual'uer pacto separado,contrrio ao disposto no instrumento do contrato(-

    uanto responsa4ilidade dos s!cios, na sociedade simples pura, 0 controvrsia( )primeira corrente entende 'ue ser ilimitada, 4uscando %undamento no artigo ##9, @II1 asegunda corrente entende 'ue a responsa4ilidade deve ser decidida pelos s!cios, com%undamento pragmtico> se a responsa4ilidade %or ilimitada, se estar praticamente

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    impedindo 'ue esta %orma societria se2a adotada, na prtica, pois se estar e'uiparando6a sociedade em nome coletivo( )ssim, seria dado ao contrato social decidir se aresponsa4ilidade limitada ou n5o, e se o %or, a 'ual parcela de responsa4ilidade estara%eito cada s!cio( E mais> pode o contrato social esta4elecer a responsa4ilidade solidriaentre os s!cios e a sociedade em si(

    Para esta corrente, 0avendo omiss5o do contrato social 'uanto responsa4ilidade,esta n5o ser solidria 7pois a solidariedade n5o se presume8, sendo su4sidiria entre oss!cios e a sociedade, e ser ilimitada, por interpreta5o dos artigos "(OF e "(OF; do CC, 2transcritos(

    Casos Concretos

    uest5o "

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    s!cios, ilimitada e su4sidiria dos s!cios em rela5o pessoa 2ur/dica1 o nome empresarial o4rigatoriamente uma %irma, uma ra=5o social, no modelo Jos, Jo5o e Cia(-1 oadministrador o4rigatoriamente um dos s!cios1 e os s!cios tm 'ue ser pessoas %/sicas,n5o se admitindo pessoas 2ur/dicas na sociedade(

    Dito isso, a pretens5o condena5o solidria n5o procede> da nature=a desta

    sociedade permitir a imputa5o solidria dos s!cios pela o4riga5o aps e%tenuar opatrim&nio da prpria sociedade, ou se2a, deve primeiro co4rar da sociedade, e somente oremanescente poder ser e*igido dos s!cios a/, sim, solidariamente ente eles(

    uest5o

    Cia de dicos Associados, sociedade simples formada por cinco scios teve a suafal'ncia re)uerida por determinado credor em ra!#o de obriga"#o inadimplida. Oprocesso foi e%tinto sem resolu"#o do mrito com base em ilegitimidade passiva dadevedora por tratar$se de sociedade simples. Correta a decis#o- Analise a )uest#o sobtodos os aspectos.

    Resposta uest5o

    ) decis5o %oi incorreta, pois e*pressa a admissi4ilidade da %alncia a sociedadesempresrias, pela leitura do artigo "L da ei ""("O":O

    )rt( "oEsta ei disciplina a recupera5o 2udicial, a recupera5o e*tra2udicial e a%alncia do empresrio e da sociedade empresria, doravante re%eridossimplesmente como devedor(- 7gri%o nosso8

    E, pela leitura do artigo #GF, pargra%o nico, do CC, e do Q "L, artigo FL, da ei$(;O;:9$, se a sociedade adota a %orma de 3:), como %oi o caso 7 Cia de Mdicos

    )ssociados8, considerada empresria por %ora de lei, podendo, por isso, %alir(

    Tema -I

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    Contrato social. Nature!a dos atos constitutivos. Clusulas obrigatrias. Ar)uivamento. 6rg#os competentes.0ra!o para ar)uivamento. Clusulas ocultas. Direitos e obriga"(es dos /cios. Roto. Administra"#o dasociedade.

    Notas de Aula

    1. Atos Constitutivos

    "("( ?ature=a Jur/dica

    + artigo #G" do CC apresenta a nature=a dos atos constitutivos das sociedadesregidas pelo C!digo Civil>

    )rt( #G"( Cele4ram contrato de sociedade as pessoas 'ue reciprocamente seo4rigam a contri4uir, com 4ens ou servios, para o e*erc/cio de atividadeeconmica e a partil0a, entre si, dos resultados(Pargra%o nico( ) atividade pode restringir6se reali=a5o de um ou maisneg!cios determinados(- 7gri%o nosso8

    )ssim, para as sociedades em nome coletivo, em comanditas simples, e limitadas, oato constitutivo um contrato de sociedade( Este contrato n5o um contrato 4ilateral, em'ue ocupa um p!lo a sociedade, e o outro os s!cios1 n5o 0 divergncia nas vontades, massim uma con%luncia, uma con2uga5o de vontades para alcanar um s! o42etivo( ?5o0avendo antagonismo, o contrato classi%icado como contrato plurilateral, classi%ica5o deKlio )scarelli, a 'ual indica 'ue 0, de um lado, a sociedade, e de outro cada um doss!cios( 35o, de %ato, vrios contratos individuais su4sumidos em um nico instrumento(

    Por ser um contrato, pode6se di=er 'ue a ele se aplicam os princ/pios 'ue regem oscontratos civis, nas rela&es entre os s!ciosH Como e*emplo, pode ser invocada aautonomia de vontade, ou o pacta sunt servandaH + entendimento mais moderno 'ue, se

    atri4uiu6se a nature=a contratual ao ato constitutivo das sociedades interna code%, por'ueo legislador 'ueria 'ue a este neg!cio %osse aplicada toda a normatividade atinente aoscontratos em geral( Portanto, a resposta seria positiva> aplicam6se, com pertinncia, todosos princ/pios contratuais em geral aos contratos sociais(

    Como e*emplo, aplica6se o princ/pio da relatividade, tam4m, ao contrato social,mas com uma ressalva> em virtude da %un5o social dos contratos, ocorreu umarelativi=a5o do princ/pio da relatividade, ou se2a, os contratos podem, tam4m, repercutirpara pessoas al0eias ao contrato, ultrapassando as partes do contrato( o e%eitopancontratual, a %un5o social e%gena do contrato, 'ue %a= com 'ue este atin2a acoletividade como um todo, ense2ando at mesmo a revis5o do contrato se aviltante aes%eras al0eias de direito( E como ao violar es%era al0eia, esta pode ser di%usa, pode merecer

    at mesmo a tutela coletiva lato sensu, a e*emplo da a5o civil p4lica, em 'ue oMinistrio P4lico e a De%ensoria P4lica podem pleitear, em nome da coletividade, arevis5o dos contratos, 2ustamente por esta relativi=a5o da relatividade-(

    ?as sociedades annimas e nas sociedades em comandita por a&es, regidas pordiplomas al0eios ao CC, os atos constitutivos n5o tm esta nature=a contratual> s5oestatutos, e por isso a nature=a destas sociedades institucional("(F( Contrato 3ocial

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    H.9.H. Clusulas Obrigatrias

    + artigo ##9 do CC tra= nos seus incisos as clusulas 'ue devem constar doscontratos sociais, as clusulas obrigatrias>

    )rt( ##9( ) sociedade constitui6se mediante contrato escrito, particular oup4lico, 'ue, alm de clusulas estipuladas pelas partes, mencionar>I 6 nome, nacionalidade, estado civil, pro%iss5o e residncia dos s!cios, se pessoasnaturais, e a %irma ou a denomina5o, nacionalidade e sede dos s!cios, se 2ur/dicas1II 6 denomina5o, o42eto, sede e pra=o da sociedade1III 6 capital da sociedade, e*presso em moeda corrente, podendo compreender'ual'uer espcie de 4ens, suscet/veis de avalia5o pecuniria1I@ 6 a 'uota de cada s!cio no capital social, e o modo de reali=6la1@ 6 as presta&es a 'ue se o4riga o s!cio, cu2a contri4ui5o consista em servios1@I 6 as pessoas naturais incum4idas da administra5o da sociedade, e seus poderese atri4ui&es1@II 6 a participa5o de cada s!cio nos lucros e nas perdas1@III 6 se os s!cios respondem, ou n5o, su4sidiariamente, pelas o4riga&es sociais(Pargra%o nico( ine%ica= em rela5o a terceiros 'ual'uer pacto separado,

    contrrio ao disposto no instrumento do contrato(-

    ) ausncia de clusulas o4rigat!rias tem e%eitos diversos, a depender da clusulaomitida( Por e*emplo, se n5o 0ouver pra=o de dura5o consignado, presume6se 'ue se2aindeterminado(

    @e2a 'ue o inciso II deste artigo %ala em denomina5o, mas para a sociedade simplespode 0aver denomina5o, %irma, ou ra=5o social 7espcies de nomenclaturas 'ue ser5ooportunamente estudadas8, como disp&e o enunciado F" do CJ.>

    Enunciado F" do CJ. 6 )rt( ##9> + art( ##9, inc( II, n5o e*clui a possi4ilidade desociedade simples utili=ar %irma ou ra=5o social(-

    + inciso III deste artigo esta4elece 'ue a sociedade tem 'ue declarar o valor do seucapital social( 3e o valor declar