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PAPEL DO PEDAGOGO FRENTE AO CONSELHO DE CLASSE Dianete Maria Ragazzan Hoffmann 1 . Maria Lídia Sica Zsymanski 2 . INTRODUÇÃO A finalidade deste artigo é apresentar o relato de experiência nos encaminhamentos realizados do projeto “Ação do PDE no Programa de Superação” o qual compreende um conjunto de ações em desenvolvimento, numa das escolas da Rede Pública Estadual, situada num bairro de periferia do município de Toledo – Paraná. Este projeto tem como pressuposto metodológico a pesquisa participante com ênfase na intervenção, ou seja, definição da problemática indicada pelo diagnóstico preliminar realizado na escola e decisão em conjunto com pesquisador e pesquisados das questões a ser trabalhadas. A partir do acordo firmado com a equipe diretiva e pedagógica decidiu-se numa proposta de ações voltadas à reflexão das práticas avaliativas do processo de ensino- aprendizagem e a função do pedagogo. Estas reflexões visam especificamente fortalecer o trabalho do pedagogo no cotidiano da escola, as quais estão estreitamente ligadas à organização do Conselho de Classe. Para atender tais especificidades delimitou-se como objeto específico realizar algumas reflexões sobre a função e atribuições do Conselho de Classe e sua implementação, considerando o que e a escola vem realizando e ações já contempladas no PPP e plano de ação da equipe pedagógica. A seguir descrevem-se as ações, análises e discussões desenvolvidas sobre o papel do pedagogo frente ao Conselho de Classe, com destaque acerca de sua função, respectivas atribuições e forma de organização deste órgão colegiado que faz parte da gestão de uma escola democrática. Destacam-se também as reflexões realizadas até o momento, deste projeto, cujas atividades desenvolvidas envolveram o coletivo de profissionais da escola tendo como pressuposto a análise das práticas avaliativas do processo de ensino-aprendizagem e o pedagogo frente aos encaminhamentos deste processo. 1 Pedagogo e o Conselho de Classe: das intenções às ações 1 Pedagoga da Rede Pública Estadual-NRE/Toledo/Paraná. Professora Titulada do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED/SETI/IES – PR; Professora Mestre em Educação Brasileira – UFU/MG. Membro do Grupo de Pesquisa: Educação, Cultura e Cidadania – UNIOESTE/Toledo- PR. [email protected] . 2 Professora Orientadora do PDE/UNIOESTE-Cascavel/PR; Doutora em Psicologia - USP e Pós- Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano-UNICAMP/SP. Docente na UNIOESTE/Cascavel – PR. [email protected] .

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Page 1: 41 dianete m. r. hoffmann

PAPEL DO PEDAGOGO FRENTE AO CONSELHO DE CLASSE

Dianete Maria Ragazzan Hoffmann1.Maria Lídia Sica Zsymanski2.

INTRODUÇÃO

A finalidade deste artigo é apresentar o relato de experiência nos encaminhamentos

realizados do projeto “Ação do PDE no Programa de Superação” o qual compreende um

conjunto de ações em desenvolvimento, numa das escolas da Rede Pública Estadual, situada

num bairro de periferia do município de Toledo – Paraná. Este projeto tem como pressuposto

metodológico a pesquisa participante com ênfase na intervenção, ou seja, definição da

problemática indicada pelo diagnóstico preliminar realizado na escola e decisão em conjunto

com pesquisador e pesquisados das questões a ser trabalhadas.

A partir do acordo firmado com a equipe diretiva e pedagógica decidiu-se numa

proposta de ações voltadas à reflexão das práticas avaliativas do processo de ensino-

aprendizagem e a função do pedagogo. Estas reflexões visam especificamente fortalecer o

trabalho do pedagogo no cotidiano da escola, as quais estão estreitamente ligadas à

organização do Conselho de Classe. Para atender tais especificidades delimitou-se como

objeto específico realizar algumas reflexões sobre a função e atribuições do Conselho de

Classe e sua implementação, considerando o que e a escola vem realizando e ações já

contempladas no PPP e plano de ação da equipe pedagógica.

A seguir descrevem-se as ações, análises e discussões desenvolvidas sobre o papel do

pedagogo frente ao Conselho de Classe, com destaque acerca de sua função, respectivas

atribuições e forma de organização deste órgão colegiado que faz parte da gestão de uma

escola democrática. Destacam-se também as reflexões realizadas até o momento, deste

projeto, cujas atividades desenvolvidas envolveram o coletivo de profissionais da escola tendo

como pressuposto a análise das práticas avaliativas do processo de ensino-aprendizagem e o

pedagogo frente aos encaminhamentos deste processo.

1 Pedagogo e o Conselho de Classe: das intenções às ações

1Pedagoga da Rede Pública Estadual-NRE/Toledo/Paraná. Professora Titulada do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED/SETI/IES – PR; Professora Mestre em Educação Brasileira – UFU/MG. Membro do Grupo de Pesquisa: Educação, Cultura e Cidadania – UNIOESTE/Toledo- PR. [email protected].

2 Professora Orientadora do PDE/UNIOESTE-Cascavel/PR; Doutora em Psicologia - USP e Pós- Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano-UNICAMP/SP. Docente na UNIOESTE/Cascavel – PR. [email protected].

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Antes de relatar a experiência em desenvolvimento desta etapa do projeto destaca-se

o papel do pedagogo no encaminhamento das ações frente ao Conselho de Classe. É

pertinente enfatizar a ampliação deste profissional na escola e sobre o objeto de seu trabalho.

A ampliação e inserção do pedagogo com formação é recente nas escolas da rede

pública estadual e nesta escola, em especial, sua presença há a três anos. A equipe desta

escola é composta por duas pessoas em cada turno de funcionamento e somente uma faz parte

do quadro efetivo do magistério, as demais não têm estabilidade e a cada ano trocam de

escola. Esta mobilidade dificulta a consolidação de um trabalho mais efetivo da prática

pedagógica sob a responsabilidade do pedagogo, porém mesmo com esta deficiência há uma

preocupação do trabalho neste sentido.

Atualmente defende-se o pedagogo, aquele profissional responsável na organização

da prática pedagógica. Uma das especificidades, entre tantas, é o encaminhamento do

Conselho de Classe, o qual visa: assessorar o professor na identificação e no planejamento de

ações teórico-metodológicas no atendimento às dificuldades de aprendizagem; planejar com o

coletivo da escola, sob sua coordenação, à intervenção aos problemas levantados em

Conselho de Classe; levantar e informar ao coletivo de profissionais da escola e à

comunidade, os dados do aproveitamento escolar, sobre os aspectos qualitativos bem como os

quantitativos do processo de ensino-aprendizagem (P.P.P. 2007).

Assim dentre o conjunto destas especificidades o objeto de trabalho do pedagogo é o

acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem através da prática do Conselho de

Classe. O Conselho de Classe numa perspectiva da gestão democrática integra como uma das

instâncias colegiadas. Esta instância também é denominada como órgão colegiado, a qual é

constituída pela comunidade escolar envolvida (equipe diretiva, pedagógica, professores,

alunos e pais). A especificidade deste órgão colegiado é a mobilização dos princípios de

ordem consultiva e deliberativa no desenvolvimento das atividades do processo de ensino-

aprendizagem de qualidade em detrimento das práticas avaliativas de exclusão e de

reprovação.

Desta maneira a especificidade do trabalho do pedagogo enquanto objeto de trabalho

pressupõe: organizar e coordenar os Conselhos de Classe de forma a garantir um processo

coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico no decorrer do ano letivo; avaliar o

trabalho pedagógico desenvolvido pelos profissionais da escola e da comunidade;

acompanhar e assessorar o professor na seleção de procedimentos de avaliação do

aproveitamento da aprendizagem adequando-os aos objetivos educacionais previstos em sua

Proposta Curricular.

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A organização da prática pode se subdividir em momentos distintos: Pré-Conselhos,

Conselhos de Classe e Pós-Conselhos de Classe com ações especificas de cada momento, de

forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico

desenvolvido no estabelecimento de ensino. Estas ações, portanto, constituem-se em desafios

que a escola busca avançar e consolidar com um trabalho do pedagogo das intenções às ações.

A seguir apresenta-se o que é um Conselho de Classe e respectivas atribuições

visando superar a visão fragmentada deste órgão colegiado que ainda predomina em sua

prática em apontar a responsabilidade ao aluno das causas do não domínio do conhecimento.

É necessário, portanto, concebê-lo como uma possibilidade de tornar-se um instrumento a

favor da aprendizagem.

1.1 Conselho de Classe: função e atribuições

Para conceituar o Conselho de Classe verificou-se no levantamento preliminar da

realidade escolar mediante a observação e análise do PPP(2007) que a escola tem em seu

marco conceitual uma visão deste órgão colegiado. Então cabe considerar que referente ao

Conselho de Classe este se constitui num órgão colegiado e integra as ações do sistema de

avaliação escolar o qual é regulamentado a partir de uma concepção de avaliação definida

com apoio na legislação educacional e da opção teórica contemplada.

Pode-se afirmar, portanto que o Conselho de Classe constitui-se numa perspectiva

transformadora em um “recurso de ação pedagógica que busca a melhoria da escola como

um todo, do desempenho do professor, devendo contribuir para o desenvolvimento do aluno

nos aspectos pessoal, social, e educacional” (PPP, 2007, p. 57). Significa concebê-lo como

instrumento determinante para o diagnóstico, reflexão e intervenções diante das problemáticas

constatadas no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, haja vista o espaço considerado

como uma “instância de reflexão coletiva na organização do trabalho escolar” (PPP, 2007,

p, 57).

O Caderno de apoio para elaboração do regimento escolar (PARANÁ, 2007)

elaborado pela equipe da SEED aponta a finalidade e atribuições ao Conselho de Classe. A

finalidade da reunião do Conselho de Classe é “após analisar as informações e dados

apresentados, é a de intervir em tempo hábil no processo ensino e aprendizagem,

oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se dos conteúdos curriculares

estabelecidos (PARANÁ, 2007, p. 28)”. Sobre a organização desta reunião o referido

documento destaca que: “é da responsabilidade da equipe pedagógica organizar as

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informações e dados coletados a serem analisados no Conselho de Classe (PARANÁ, 2007,

p. 28)”.

Entre as atribuições do Conselho de Classe contempladas no Caderno de apoio para

elaboração do regimento escolar propõe as seguintes:

Analisar as informações sobre os conteúdos curriculares, encaminhamentos metodológicos e práticas avaliativas que se referem ao processo ensino e aprendizagem; propor procedimentos e formas diferenciadas de ensino e de estudos para a melhoria do processo ensino e aprendizagem; estabelecer mecanismos de recuperação de estudos, concomitantes ao processo de aprendizagem, que atendam às reais necessidades dos alunos, em consonância com a Proposta Pedagógica Curricular da escola; acompanhar o processo de avaliação de cada turma, devendo debater e analisar os dados qualitativos e quantitativos do processo ensino e aprendizagem; atuar com co-responsabilidade na decisão sobre a possibilidade de avanço do aluno para série/etapa subseqüente ou retenção, após a apuração dos resultados finais, levando-se em consideração o desenvolvimento integral do aluno (PARANÁ, 2007, p. 29).

O Conselho de Classe concebido como um espaço instituído e instituinte, no coletivo

da instituição pressupõem assegurar um espaço para a reflexão dos problemas referentes ao

ensino e aprendizagem e os devidos encaminhamentos. Isso implica em articular uma

concepção de avaliação para análise das práticas avaliativas. Aí é adequado utilizar-se da

perspectiva da avaliação que considera como “... uma estratégia que assegure seu caráter

diagnóstico e prognóstico” (MARTINS, p.54) tendo, pois, como objeto o desenvolvimento

cognitivo dos alunos. No encaminhamento das práticas da avaliação pressupõe em atender os

elementos da dimensão histórica, que se revelam numa perspectiva cotidiana e cumulativa.

Neste sentido, na seqüência das discussões e reflexões, destacam-se alguns aspectos

desenvolvidos neste projeto visando atender a perspectiva de um Conselho de Classe como

espaço de reflexão tendo como pressuposto de análise das práticas avaliativas.

1.2 Conselho de Classe: criação de espaço de reflexão acerca das práticas avaliativas

A importância do pedagogo frente ao Conselho de Classe já ressaltado tem como

responsabilidade essencial de seu objeto de trabalho na organização escolar qualificar as

práticas avaliativas do processo de ensino-aprendizagem.

A partir das ações definidas, nesta etapa do projeto, mediante o acordo e aprovação

da equipe diretiva e pedagógica em fortalecer as ações pertinentes a este órgão colegiado, do

Conselho de Classe, em realizar a análise das práticas avaliativas descreve-se entre outras

ações desenvolvidas. Neste momento organizou-se um espaço de discussões e reflexões com

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os professores da instituição para (re)pensar sobre a avaliação escolar: da concepção às

práticas avaliativas.

Para este momento iniciou-se a análise com o grupo de profissionais da escola

(equipe diretiva, pedagógica e os professores) propondo a reflexão a respeito de sua

concepção de avaliação e como articulam tal concepção às práticas avaliativas. Esta reflexão

inicial foi proposta para os Professores realizarem em duplas3. Em algumas das falas

selecionadas apresentadas a seguir são assim representas, pelas duplas, quando indagadas

sobre qual a concepção de avaliação e como articulam às práticas avaliativas em suas

disciplinas:

Concepção de avaliação: Articulação às Práticas avaliativas:

Pd1 - A avaliação é um processo em que o professor deve diagnosticar o conhecimento que o aluno traz e seu desempenho, apropriação do conhecimento adquirido na escola, para posterior intervenção.

Pd2 –[...] é uma via de mão dupla onde a nota do meu aluno tem que servir para que no mínimo eu repense a minha prática.

Pd3 - A avaliação é a verificação daquilo que eu ensinei, se o aluno aprendeu e que conteúdo que deverei retomar novamente.

Pd4 - Para medir o nível de aproveitamento da disciplina, pelos alunos.

Pd5 - É o processo de compreensão e aprendizagem do aluno diante do conhecimento proposto e de novos conhecimentos adquiridos e desenvolvidos.

Pd8 – Verificação da aprendizagem realizada pelo educando.

Pd9 - Avaliar se o aluno aprendeu num todo valorizando o conhecimento de mundo do aluno.

Pd1 – Através de um texto, vocabulário, leitura, capacidade de interpretar, argumentação, interação, produção, jogos, prova, trabalho em grupos, etc.

Pd2 – Todo o trabalho produzido pelo meu aluno tem que ser o resultado da minha ação na transmissão do conhecimento elaborado cientificamente, retomando sempre a recuperação dos conteúdos e não da nota do aluno. Já que se pode sonhar com uma escola sem nota, mas nunca sem avaliação, uma vez que esta é que subsidia nossas ações.

Pd3 – [...] aplicar algumas perguntas para saber se o aluno aprendeu ou não, para posteriormente poder dar continuidade nos próximos conteúdos; trabalho em grupos, seminários.

Pd4 – através da participação do aluno, durante as aulas, trabalhos em grupos. Seminários, discussão em grupo e as provas.

Pd5 – Através dos trabalhos realizados diariamente, valorizando experiências de vida do aluno e valorizando tudo que o aluno traz em sala de aula.

Pd8 – Observando a participação do aluno em sala de aula das atividades propostas (escrita, oralidade). Observando a produção textual escrita, provas(leituras, inferências).

Pd9 – Participação, individual e coletiva; avaliações diversificadas como: trabalhos orais e

3 Para identificar as falas das Duplas de Professores optou-se pela sigla Pd (nº) seguida de numeração: Ex.: Pd1, Pd2, Pd3 e assim sucessivamente.

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Pd10 – É um processo contínuo para verificação do processo de ensino-aprendizagem, considerando professor, aluno e estágio de desenvolvimento. A partir daí poder atuar no processo na busca da superação das dificuldades encontradas.

Pd11 – Diagnóstica

Pd13 - É utilizada como critério para saber se nossos objetivos foram alcançados e quando é o momento de fazer a retomada do conteúdo não assimilado (verificação da aprendizagem).

Pd14 – Diagnosticar o processo de ensino e de aprendizagem; avaliar a ação do professor e dos alunos.

escritos...

Pd10 – Por meio de observações diárias, registros, oportunizando variadas maneiras para que o aluno possa apropriar-se do conhecimento e demonstrá-lo nas atividades diárias, exercícios, pesquisas, trabalhos coletivos, avaliações teóricas orais.

Pd11 – Verificação da metodologia quais serão as formas de abordagem do conteúdo; prever formas de trabalho que valorize o que o aluno traz como bagagem; trabalhos individuais, coletivos, etc.

Pd13 – Textos escritos, orais, trabalhos individuais e grupos, auto-avaliação, pesquisas.

Pd14 – Através de diferentes meios para verificar a apropriação de novos conhecimentos: participação, argumentações, dúvidas, presença, avaliações.

Mediante estas idéias representadas buscou-se para a análise a concepção de

avaliação contemplada na proposta do PPP da escola e assim comparar com suas idéias. Não é

objeto aprofundar esta análise, mas a concepção de avaliação que o professor concebe e como

articulam em suas práticas avaliativas. Desta reflexão verificou-se que os professores, na sua

maioria, concebem uma avaliação diagnóstica, contínua e cumulativa, mas ainda se verifica a

ausência de práticas consistentes frente ao número significativo de alunos reprovados e

questionados sobre esta problemática. É evidente que outros determinantes sócio-histórico-

econômico-cultural influenciam a não-aprendizagem, entretanto a avaliação numa perspectiva

de uma avaliação que considere o percurso dos sujeitos e sua realidade ainda não é elemento

central e os professores reconhecem a necessidade de retomar tal perspectiva.

Com estas reflexões sobre a concepção, práticas avaliativas e da concepção

assegurada no PPP propôs-se ao grupo envolvido a análise da realidade escolar para a

problematização frente às demandas a respeito da evasão e da repetência da instituição. Para

esta reflexão apresentaram-se as representações gráficas sobre os indicadores educacionais do

aproveitamento escolar demonstrados numa série histórica de 2000 a 2006.

GRÁFICO 1 - INDICADORES EDUCACIONAIS – SÉRIE HISTÓRICA: 2000 – 2006.

ENSINO FUNDAMENTAL - SÉRIES FINAIS

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

AP REP AB

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Fonte: Secretaria do Colégio, 2007.

Neste gráfico - 1 do Ensino Fundamental – Séries Finais apresentam-se os

indicadores de aprovação, reprovação e do abandono escolar. O número de alunos aprovados

vem significativamente diminuindo na medida em que os anos avançam e no ano de 2006 os

dados apresentam um índice menor em comparação aos demais. Apresenta um número

percentual menor que 60%.Verifica-se que a reprovação aumenta na medida em que os anos

passam a partir do ano de 2000. Os dados mostram um aumento do número de alunos que

abandonam a escola.

No gráfico a seguir demonstram-se os indicadores do Ensino Médio numa série

histórica dos anos de 2000 a 2006, com as informações referentes à aprovação, reprovação e

do abandono dos estudantes matriculados nesta instituição.

GRÁFICO 2 - INDICADORES EDUCACIONAIS – SÉRIE HISTÓRICA: 2000 – 2006.

Fonte: Secretaria do Colégio, 2007.

Na demonstração do gráfico 2 verifica-se que o aproveitamento escolar de 2000 a

2006 sobre a aprovação permanece num índice em torno de 60% com exceção de 2002 e de

2004, cujos números estão um pouco acima dos 70%, muito próximos destes,

respectivamente. A reprovação também é significativa neste nível de ensino, haja vista que os

índices prevalecem próximos de 20% ou um pouco menos deste número. Os números do

abandono no Ensino Médio são maiores que a reprovação e segundo os argumentos,

justificam-se por que o Ensino Médio funciona no período noturno e a maioria dos estudantes

são trabalhadores. Constitui-se, portanto numa problemática que necessita de uma atenção

para além da função da escola.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

ENSINO MÉDIO

AP REP AB

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Considerando que o coletivo da escola tem consciência das problemáticas

educacionais e no PPP desta instituição já contempla como uma das metas de trabalho a qual

reflete tais preocupações. A seguir transcreve-se a meta em questão:

Diante de tantas reprovações e desistências há uma urgente necessidade de oferecer melhores condições de aprendizagem para que as crianças e os jovens que freqüentam a escola pública possam exercer sua cidadania. Isso exige da escola a compreensão de que o ponto de partida para o processo de ensino-aprendizagem é a realidade do educando. A partir desse diagnóstico, por meio da relação que os professores estabelecem com o conhecimento e com os alunos, nas múltiplas situações de aprendizagem, devem-se criar condições para o educando vencer obstáculos e ampliar sua leitura de mundo. Nela, os educandos irão descobrir a paixão pelo conhecimento, pelo aprender, bem como entender que o conhecimento é uma produção humana que resulta do trabalho da coletividade que é historicamente construído (PPP, 2007, p. 33).

Ressaltou referente à sistematização das metas do PPP para a reflexão do grupo que

a teorização das demandas representa o ponto de partida para as mudanças. Estas, por sua vez,

se concretizam na medida em que as ações a ser desencadeadas exigem uma articulação da

teoria e prática. E são fundamentais quando concebidas como ‘práxis’ e compreendida “como

atividade humana, (a qual) pressupõe a idealização consciente por parte do sujeito que se

propõe a interferir, a transformar a realidade. [...] necessita conhecer essa realidade e negá-

la, negar significa transformar em outra realidade” (AZZI, 1999, p.46).

Portanto, a reprovação e o abandono, presentes no cotidiano da escola, requer mais

do que uma prática consciente diante dos problemas com vistas à transformação da realidade,

requer a organização do trabalho docente, a contribuição do trabalho do pedagogo e as

possibilidades diante de um plano de ação consciente, o qual já vem demarcando uma direção,

ou seja, concretizar o pensado em ações como exemplo previsto em seus objetivos gerais da

escola, integrado ao PPP: “desenvolver ações coletivas no sentido de superação dos

problemas; acompanhar o processo de ensino-aprendizagem atuando junto ao corpo

docente, alunos e pais no sentido de analisar os resultados da aprendizagem com vistas à

melhoria” (PPP, 2007, p.16).

Outro ponto a considerar e ressaltado anteriormente é a necessidade da coerência do

processo avaliativo a partir de uma concepção de avaliação articulado as práticas que

expressam uma avaliação de forma contínua e cumulativa no cotidiano.

Nesta perspectiva exige mais do que ter o domínio de uma concepção de avaliação,

mas que se compreenda o processo de ensinar e do aprender dos estudantes. O essencial é a

necessidade da articulação da concepção de avaliação com a definição dos critérios de

avaliação, dos instrumentos de avaliação adequados aos objetivos propostos. Da necessidade

de assegurar as condições para efetivação do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, os

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estudantes estar na escola e na sala de aula para de fato haver a apropriação dos

conhecimentos desenvolvidos pelos professores comprometidos com a função da escola.

Deste modo a ação do pedagogo está centrada em acompanhar todo o percurso do

processo de avaliação de cada turma, devendo debater e analisar os dados qualitativos e

quantitativos do processo ensino e aprendizagem. E ainda as possibilidades de atuação com

ações do Conselho de Classe, antes, durante e depois de cada período do ano escolar com

instrumentos apropriados para o registro das especificidades diagnosticadas e as demandas

para prognosticar as intervenções pedagógicas decididas pelo colegiado.

Considerações finais

Para finalizar este relato do projeto em desenvolvimento nesta instituição considera-

se fundamental para uma prática efetiva da avaliação escolar e o pedagogo frente a este

trabalho: a clareza da concepção de avaliação assegurada no Projeto Político-Pedagógico da

escola e as possibilidades de sua articulação, previstas em seu plano de ação;

redimensionamento do conteúdo da avaliação das práticas avaliativas do trabalho docente;

alteração da postura diante dos resultados da avaliação; e ainda indica-se o trabalho na

conscientização da comunidade educativa sobre o compromisso com o processo de ensino-

aprendizagem.

Afinal a função do pedagogo é estar à frente da organização e de sua implementação

do Conselho de Classe tendo a avaliação como objeto central de análise e de reflexão com o

coletivo da comunidade escolar diante das questões diagnosticadas no decorrer do processo,

do prognóstico com a indicação das intervenções para a melhoria e da qualidade do ensino.

Referências

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. Campinas, SP: Papirus, 2003. (Coleção: Entre nós professores).MARTINS, João Batista. Avaliação escolar: uma perspectiva sócio-histórica. Revista Psicologia, PUC – SP, n. 11, p. 37-61, nov. 2000.PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. Caderno de apoio para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. – Curitiba : SEED – Pr., 2007. - 124 p.Projeto Político-Pegagógico. 2007. (PPP da Escola do Projeto em desenvolvimento)