41 dianete m. r. hoffmann
TRANSCRIPT
PAPEL DO PEDAGOGO FRENTE AO CONSELHO DE CLASSE
Dianete Maria Ragazzan Hoffmann1.Maria Lídia Sica Zsymanski2.
INTRODUÇÃO
A finalidade deste artigo é apresentar o relato de experiência nos encaminhamentos
realizados do projeto “Ação do PDE no Programa de Superação” o qual compreende um
conjunto de ações em desenvolvimento, numa das escolas da Rede Pública Estadual, situada
num bairro de periferia do município de Toledo – Paraná. Este projeto tem como pressuposto
metodológico a pesquisa participante com ênfase na intervenção, ou seja, definição da
problemática indicada pelo diagnóstico preliminar realizado na escola e decisão em conjunto
com pesquisador e pesquisados das questões a ser trabalhadas.
A partir do acordo firmado com a equipe diretiva e pedagógica decidiu-se numa
proposta de ações voltadas à reflexão das práticas avaliativas do processo de ensino-
aprendizagem e a função do pedagogo. Estas reflexões visam especificamente fortalecer o
trabalho do pedagogo no cotidiano da escola, as quais estão estreitamente ligadas à
organização do Conselho de Classe. Para atender tais especificidades delimitou-se como
objeto específico realizar algumas reflexões sobre a função e atribuições do Conselho de
Classe e sua implementação, considerando o que e a escola vem realizando e ações já
contempladas no PPP e plano de ação da equipe pedagógica.
A seguir descrevem-se as ações, análises e discussões desenvolvidas sobre o papel do
pedagogo frente ao Conselho de Classe, com destaque acerca de sua função, respectivas
atribuições e forma de organização deste órgão colegiado que faz parte da gestão de uma
escola democrática. Destacam-se também as reflexões realizadas até o momento, deste
projeto, cujas atividades desenvolvidas envolveram o coletivo de profissionais da escola tendo
como pressuposto a análise das práticas avaliativas do processo de ensino-aprendizagem e o
pedagogo frente aos encaminhamentos deste processo.
1 Pedagogo e o Conselho de Classe: das intenções às ações
1Pedagoga da Rede Pública Estadual-NRE/Toledo/Paraná. Professora Titulada do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED/SETI/IES – PR; Professora Mestre em Educação Brasileira – UFU/MG. Membro do Grupo de Pesquisa: Educação, Cultura e Cidadania – UNIOESTE/Toledo- PR. [email protected].
2 Professora Orientadora do PDE/UNIOESTE-Cascavel/PR; Doutora em Psicologia - USP e Pós- Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano-UNICAMP/SP. Docente na UNIOESTE/Cascavel – PR. [email protected].
Antes de relatar a experiência em desenvolvimento desta etapa do projeto destaca-se
o papel do pedagogo no encaminhamento das ações frente ao Conselho de Classe. É
pertinente enfatizar a ampliação deste profissional na escola e sobre o objeto de seu trabalho.
A ampliação e inserção do pedagogo com formação é recente nas escolas da rede
pública estadual e nesta escola, em especial, sua presença há a três anos. A equipe desta
escola é composta por duas pessoas em cada turno de funcionamento e somente uma faz parte
do quadro efetivo do magistério, as demais não têm estabilidade e a cada ano trocam de
escola. Esta mobilidade dificulta a consolidação de um trabalho mais efetivo da prática
pedagógica sob a responsabilidade do pedagogo, porém mesmo com esta deficiência há uma
preocupação do trabalho neste sentido.
Atualmente defende-se o pedagogo, aquele profissional responsável na organização
da prática pedagógica. Uma das especificidades, entre tantas, é o encaminhamento do
Conselho de Classe, o qual visa: assessorar o professor na identificação e no planejamento de
ações teórico-metodológicas no atendimento às dificuldades de aprendizagem; planejar com o
coletivo da escola, sob sua coordenação, à intervenção aos problemas levantados em
Conselho de Classe; levantar e informar ao coletivo de profissionais da escola e à
comunidade, os dados do aproveitamento escolar, sobre os aspectos qualitativos bem como os
quantitativos do processo de ensino-aprendizagem (P.P.P. 2007).
Assim dentre o conjunto destas especificidades o objeto de trabalho do pedagogo é o
acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem através da prática do Conselho de
Classe. O Conselho de Classe numa perspectiva da gestão democrática integra como uma das
instâncias colegiadas. Esta instância também é denominada como órgão colegiado, a qual é
constituída pela comunidade escolar envolvida (equipe diretiva, pedagógica, professores,
alunos e pais). A especificidade deste órgão colegiado é a mobilização dos princípios de
ordem consultiva e deliberativa no desenvolvimento das atividades do processo de ensino-
aprendizagem de qualidade em detrimento das práticas avaliativas de exclusão e de
reprovação.
Desta maneira a especificidade do trabalho do pedagogo enquanto objeto de trabalho
pressupõe: organizar e coordenar os Conselhos de Classe de forma a garantir um processo
coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico no decorrer do ano letivo; avaliar o
trabalho pedagógico desenvolvido pelos profissionais da escola e da comunidade;
acompanhar e assessorar o professor na seleção de procedimentos de avaliação do
aproveitamento da aprendizagem adequando-os aos objetivos educacionais previstos em sua
Proposta Curricular.
A organização da prática pode se subdividir em momentos distintos: Pré-Conselhos,
Conselhos de Classe e Pós-Conselhos de Classe com ações especificas de cada momento, de
forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico
desenvolvido no estabelecimento de ensino. Estas ações, portanto, constituem-se em desafios
que a escola busca avançar e consolidar com um trabalho do pedagogo das intenções às ações.
A seguir apresenta-se o que é um Conselho de Classe e respectivas atribuições
visando superar a visão fragmentada deste órgão colegiado que ainda predomina em sua
prática em apontar a responsabilidade ao aluno das causas do não domínio do conhecimento.
É necessário, portanto, concebê-lo como uma possibilidade de tornar-se um instrumento a
favor da aprendizagem.
1.1 Conselho de Classe: função e atribuições
Para conceituar o Conselho de Classe verificou-se no levantamento preliminar da
realidade escolar mediante a observação e análise do PPP(2007) que a escola tem em seu
marco conceitual uma visão deste órgão colegiado. Então cabe considerar que referente ao
Conselho de Classe este se constitui num órgão colegiado e integra as ações do sistema de
avaliação escolar o qual é regulamentado a partir de uma concepção de avaliação definida
com apoio na legislação educacional e da opção teórica contemplada.
Pode-se afirmar, portanto que o Conselho de Classe constitui-se numa perspectiva
transformadora em um “recurso de ação pedagógica que busca a melhoria da escola como
um todo, do desempenho do professor, devendo contribuir para o desenvolvimento do aluno
nos aspectos pessoal, social, e educacional” (PPP, 2007, p. 57). Significa concebê-lo como
instrumento determinante para o diagnóstico, reflexão e intervenções diante das problemáticas
constatadas no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, haja vista o espaço considerado
como uma “instância de reflexão coletiva na organização do trabalho escolar” (PPP, 2007,
p, 57).
O Caderno de apoio para elaboração do regimento escolar (PARANÁ, 2007)
elaborado pela equipe da SEED aponta a finalidade e atribuições ao Conselho de Classe. A
finalidade da reunião do Conselho de Classe é “após analisar as informações e dados
apresentados, é a de intervir em tempo hábil no processo ensino e aprendizagem,
oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se dos conteúdos curriculares
estabelecidos (PARANÁ, 2007, p. 28)”. Sobre a organização desta reunião o referido
documento destaca que: “é da responsabilidade da equipe pedagógica organizar as
informações e dados coletados a serem analisados no Conselho de Classe (PARANÁ, 2007,
p. 28)”.
Entre as atribuições do Conselho de Classe contempladas no Caderno de apoio para
elaboração do regimento escolar propõe as seguintes:
Analisar as informações sobre os conteúdos curriculares, encaminhamentos metodológicos e práticas avaliativas que se referem ao processo ensino e aprendizagem; propor procedimentos e formas diferenciadas de ensino e de estudos para a melhoria do processo ensino e aprendizagem; estabelecer mecanismos de recuperação de estudos, concomitantes ao processo de aprendizagem, que atendam às reais necessidades dos alunos, em consonância com a Proposta Pedagógica Curricular da escola; acompanhar o processo de avaliação de cada turma, devendo debater e analisar os dados qualitativos e quantitativos do processo ensino e aprendizagem; atuar com co-responsabilidade na decisão sobre a possibilidade de avanço do aluno para série/etapa subseqüente ou retenção, após a apuração dos resultados finais, levando-se em consideração o desenvolvimento integral do aluno (PARANÁ, 2007, p. 29).
O Conselho de Classe concebido como um espaço instituído e instituinte, no coletivo
da instituição pressupõem assegurar um espaço para a reflexão dos problemas referentes ao
ensino e aprendizagem e os devidos encaminhamentos. Isso implica em articular uma
concepção de avaliação para análise das práticas avaliativas. Aí é adequado utilizar-se da
perspectiva da avaliação que considera como “... uma estratégia que assegure seu caráter
diagnóstico e prognóstico” (MARTINS, p.54) tendo, pois, como objeto o desenvolvimento
cognitivo dos alunos. No encaminhamento das práticas da avaliação pressupõe em atender os
elementos da dimensão histórica, que se revelam numa perspectiva cotidiana e cumulativa.
Neste sentido, na seqüência das discussões e reflexões, destacam-se alguns aspectos
desenvolvidos neste projeto visando atender a perspectiva de um Conselho de Classe como
espaço de reflexão tendo como pressuposto de análise das práticas avaliativas.
1.2 Conselho de Classe: criação de espaço de reflexão acerca das práticas avaliativas
A importância do pedagogo frente ao Conselho de Classe já ressaltado tem como
responsabilidade essencial de seu objeto de trabalho na organização escolar qualificar as
práticas avaliativas do processo de ensino-aprendizagem.
A partir das ações definidas, nesta etapa do projeto, mediante o acordo e aprovação
da equipe diretiva e pedagógica em fortalecer as ações pertinentes a este órgão colegiado, do
Conselho de Classe, em realizar a análise das práticas avaliativas descreve-se entre outras
ações desenvolvidas. Neste momento organizou-se um espaço de discussões e reflexões com
os professores da instituição para (re)pensar sobre a avaliação escolar: da concepção às
práticas avaliativas.
Para este momento iniciou-se a análise com o grupo de profissionais da escola
(equipe diretiva, pedagógica e os professores) propondo a reflexão a respeito de sua
concepção de avaliação e como articulam tal concepção às práticas avaliativas. Esta reflexão
inicial foi proposta para os Professores realizarem em duplas3. Em algumas das falas
selecionadas apresentadas a seguir são assim representas, pelas duplas, quando indagadas
sobre qual a concepção de avaliação e como articulam às práticas avaliativas em suas
disciplinas:
Concepção de avaliação: Articulação às Práticas avaliativas:
Pd1 - A avaliação é um processo em que o professor deve diagnosticar o conhecimento que o aluno traz e seu desempenho, apropriação do conhecimento adquirido na escola, para posterior intervenção.
Pd2 –[...] é uma via de mão dupla onde a nota do meu aluno tem que servir para que no mínimo eu repense a minha prática.
Pd3 - A avaliação é a verificação daquilo que eu ensinei, se o aluno aprendeu e que conteúdo que deverei retomar novamente.
Pd4 - Para medir o nível de aproveitamento da disciplina, pelos alunos.
Pd5 - É o processo de compreensão e aprendizagem do aluno diante do conhecimento proposto e de novos conhecimentos adquiridos e desenvolvidos.
Pd8 – Verificação da aprendizagem realizada pelo educando.
Pd9 - Avaliar se o aluno aprendeu num todo valorizando o conhecimento de mundo do aluno.
Pd1 – Através de um texto, vocabulário, leitura, capacidade de interpretar, argumentação, interação, produção, jogos, prova, trabalho em grupos, etc.
Pd2 – Todo o trabalho produzido pelo meu aluno tem que ser o resultado da minha ação na transmissão do conhecimento elaborado cientificamente, retomando sempre a recuperação dos conteúdos e não da nota do aluno. Já que se pode sonhar com uma escola sem nota, mas nunca sem avaliação, uma vez que esta é que subsidia nossas ações.
Pd3 – [...] aplicar algumas perguntas para saber se o aluno aprendeu ou não, para posteriormente poder dar continuidade nos próximos conteúdos; trabalho em grupos, seminários.
Pd4 – através da participação do aluno, durante as aulas, trabalhos em grupos. Seminários, discussão em grupo e as provas.
Pd5 – Através dos trabalhos realizados diariamente, valorizando experiências de vida do aluno e valorizando tudo que o aluno traz em sala de aula.
Pd8 – Observando a participação do aluno em sala de aula das atividades propostas (escrita, oralidade). Observando a produção textual escrita, provas(leituras, inferências).
Pd9 – Participação, individual e coletiva; avaliações diversificadas como: trabalhos orais e
3 Para identificar as falas das Duplas de Professores optou-se pela sigla Pd (nº) seguida de numeração: Ex.: Pd1, Pd2, Pd3 e assim sucessivamente.
Pd10 – É um processo contínuo para verificação do processo de ensino-aprendizagem, considerando professor, aluno e estágio de desenvolvimento. A partir daí poder atuar no processo na busca da superação das dificuldades encontradas.
Pd11 – Diagnóstica
Pd13 - É utilizada como critério para saber se nossos objetivos foram alcançados e quando é o momento de fazer a retomada do conteúdo não assimilado (verificação da aprendizagem).
Pd14 – Diagnosticar o processo de ensino e de aprendizagem; avaliar a ação do professor e dos alunos.
escritos...
Pd10 – Por meio de observações diárias, registros, oportunizando variadas maneiras para que o aluno possa apropriar-se do conhecimento e demonstrá-lo nas atividades diárias, exercícios, pesquisas, trabalhos coletivos, avaliações teóricas orais.
Pd11 – Verificação da metodologia quais serão as formas de abordagem do conteúdo; prever formas de trabalho que valorize o que o aluno traz como bagagem; trabalhos individuais, coletivos, etc.
Pd13 – Textos escritos, orais, trabalhos individuais e grupos, auto-avaliação, pesquisas.
Pd14 – Através de diferentes meios para verificar a apropriação de novos conhecimentos: participação, argumentações, dúvidas, presença, avaliações.
Mediante estas idéias representadas buscou-se para a análise a concepção de
avaliação contemplada na proposta do PPP da escola e assim comparar com suas idéias. Não é
objeto aprofundar esta análise, mas a concepção de avaliação que o professor concebe e como
articulam em suas práticas avaliativas. Desta reflexão verificou-se que os professores, na sua
maioria, concebem uma avaliação diagnóstica, contínua e cumulativa, mas ainda se verifica a
ausência de práticas consistentes frente ao número significativo de alunos reprovados e
questionados sobre esta problemática. É evidente que outros determinantes sócio-histórico-
econômico-cultural influenciam a não-aprendizagem, entretanto a avaliação numa perspectiva
de uma avaliação que considere o percurso dos sujeitos e sua realidade ainda não é elemento
central e os professores reconhecem a necessidade de retomar tal perspectiva.
Com estas reflexões sobre a concepção, práticas avaliativas e da concepção
assegurada no PPP propôs-se ao grupo envolvido a análise da realidade escolar para a
problematização frente às demandas a respeito da evasão e da repetência da instituição. Para
esta reflexão apresentaram-se as representações gráficas sobre os indicadores educacionais do
aproveitamento escolar demonstrados numa série histórica de 2000 a 2006.
GRÁFICO 1 - INDICADORES EDUCACIONAIS – SÉRIE HISTÓRICA: 2000 – 2006.
ENSINO FUNDAMENTAL - SÉRIES FINAIS
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
AP REP AB
Fonte: Secretaria do Colégio, 2007.
Neste gráfico - 1 do Ensino Fundamental – Séries Finais apresentam-se os
indicadores de aprovação, reprovação e do abandono escolar. O número de alunos aprovados
vem significativamente diminuindo na medida em que os anos avançam e no ano de 2006 os
dados apresentam um índice menor em comparação aos demais. Apresenta um número
percentual menor que 60%.Verifica-se que a reprovação aumenta na medida em que os anos
passam a partir do ano de 2000. Os dados mostram um aumento do número de alunos que
abandonam a escola.
No gráfico a seguir demonstram-se os indicadores do Ensino Médio numa série
histórica dos anos de 2000 a 2006, com as informações referentes à aprovação, reprovação e
do abandono dos estudantes matriculados nesta instituição.
GRÁFICO 2 - INDICADORES EDUCACIONAIS – SÉRIE HISTÓRICA: 2000 – 2006.
Fonte: Secretaria do Colégio, 2007.
Na demonstração do gráfico 2 verifica-se que o aproveitamento escolar de 2000 a
2006 sobre a aprovação permanece num índice em torno de 60% com exceção de 2002 e de
2004, cujos números estão um pouco acima dos 70%, muito próximos destes,
respectivamente. A reprovação também é significativa neste nível de ensino, haja vista que os
índices prevalecem próximos de 20% ou um pouco menos deste número. Os números do
abandono no Ensino Médio são maiores que a reprovação e segundo os argumentos,
justificam-se por que o Ensino Médio funciona no período noturno e a maioria dos estudantes
são trabalhadores. Constitui-se, portanto numa problemática que necessita de uma atenção
para além da função da escola.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
ENSINO MÉDIO
AP REP AB
Considerando que o coletivo da escola tem consciência das problemáticas
educacionais e no PPP desta instituição já contempla como uma das metas de trabalho a qual
reflete tais preocupações. A seguir transcreve-se a meta em questão:
Diante de tantas reprovações e desistências há uma urgente necessidade de oferecer melhores condições de aprendizagem para que as crianças e os jovens que freqüentam a escola pública possam exercer sua cidadania. Isso exige da escola a compreensão de que o ponto de partida para o processo de ensino-aprendizagem é a realidade do educando. A partir desse diagnóstico, por meio da relação que os professores estabelecem com o conhecimento e com os alunos, nas múltiplas situações de aprendizagem, devem-se criar condições para o educando vencer obstáculos e ampliar sua leitura de mundo. Nela, os educandos irão descobrir a paixão pelo conhecimento, pelo aprender, bem como entender que o conhecimento é uma produção humana que resulta do trabalho da coletividade que é historicamente construído (PPP, 2007, p. 33).
Ressaltou referente à sistematização das metas do PPP para a reflexão do grupo que
a teorização das demandas representa o ponto de partida para as mudanças. Estas, por sua vez,
se concretizam na medida em que as ações a ser desencadeadas exigem uma articulação da
teoria e prática. E são fundamentais quando concebidas como ‘práxis’ e compreendida “como
atividade humana, (a qual) pressupõe a idealização consciente por parte do sujeito que se
propõe a interferir, a transformar a realidade. [...] necessita conhecer essa realidade e negá-
la, negar significa transformar em outra realidade” (AZZI, 1999, p.46).
Portanto, a reprovação e o abandono, presentes no cotidiano da escola, requer mais
do que uma prática consciente diante dos problemas com vistas à transformação da realidade,
requer a organização do trabalho docente, a contribuição do trabalho do pedagogo e as
possibilidades diante de um plano de ação consciente, o qual já vem demarcando uma direção,
ou seja, concretizar o pensado em ações como exemplo previsto em seus objetivos gerais da
escola, integrado ao PPP: “desenvolver ações coletivas no sentido de superação dos
problemas; acompanhar o processo de ensino-aprendizagem atuando junto ao corpo
docente, alunos e pais no sentido de analisar os resultados da aprendizagem com vistas à
melhoria” (PPP, 2007, p.16).
Outro ponto a considerar e ressaltado anteriormente é a necessidade da coerência do
processo avaliativo a partir de uma concepção de avaliação articulado as práticas que
expressam uma avaliação de forma contínua e cumulativa no cotidiano.
Nesta perspectiva exige mais do que ter o domínio de uma concepção de avaliação,
mas que se compreenda o processo de ensinar e do aprender dos estudantes. O essencial é a
necessidade da articulação da concepção de avaliação com a definição dos critérios de
avaliação, dos instrumentos de avaliação adequados aos objetivos propostos. Da necessidade
de assegurar as condições para efetivação do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, os
estudantes estar na escola e na sala de aula para de fato haver a apropriação dos
conhecimentos desenvolvidos pelos professores comprometidos com a função da escola.
Deste modo a ação do pedagogo está centrada em acompanhar todo o percurso do
processo de avaliação de cada turma, devendo debater e analisar os dados qualitativos e
quantitativos do processo ensino e aprendizagem. E ainda as possibilidades de atuação com
ações do Conselho de Classe, antes, durante e depois de cada período do ano escolar com
instrumentos apropriados para o registro das especificidades diagnosticadas e as demandas
para prognosticar as intervenções pedagógicas decididas pelo colegiado.
Considerações finais
Para finalizar este relato do projeto em desenvolvimento nesta instituição considera-
se fundamental para uma prática efetiva da avaliação escolar e o pedagogo frente a este
trabalho: a clareza da concepção de avaliação assegurada no Projeto Político-Pedagógico da
escola e as possibilidades de sua articulação, previstas em seu plano de ação;
redimensionamento do conteúdo da avaliação das práticas avaliativas do trabalho docente;
alteração da postura diante dos resultados da avaliação; e ainda indica-se o trabalho na
conscientização da comunidade educativa sobre o compromisso com o processo de ensino-
aprendizagem.
Afinal a função do pedagogo é estar à frente da organização e de sua implementação
do Conselho de Classe tendo a avaliação como objeto central de análise e de reflexão com o
coletivo da comunidade escolar diante das questões diagnosticadas no decorrer do processo,
do prognóstico com a indicação das intervenções para a melhoria e da qualidade do ensino.
Referências
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. Campinas, SP: Papirus, 2003. (Coleção: Entre nós professores).MARTINS, João Batista. Avaliação escolar: uma perspectiva sócio-histórica. Revista Psicologia, PUC – SP, n. 11, p. 37-61, nov. 2000.PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. Caderno de apoio para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. – Curitiba : SEED – Pr., 2007. - 124 p.Projeto Político-Pegagógico. 2007. (PPP da Escola do Projeto em desenvolvimento)