4. infâncias e suas linguagens

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INFÂNCIAS E SUAS LINGUAGENS: FORMAÇÃO DE PROFESSORES, IMAGINAÇÃO E FANTASIA Márcia Gobbi Monica Apezzatto Pinazza Professor Ulisses Vakirtzis

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Page 1: 4. infâncias e suas linguagens

INFÂNCIAS E SUAS LINGUAGENS:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES,

IMAGINAÇÃO E FANTASIA

Márcia Gobbi Monica Apezzatto Pinazza

Professor Ulisses Vakirtzis

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(...) o propósito fundamental da

educação é a promoção de

situações que privilegiem as

experiências da criança, visando

ao seu desenvolvimento pleno.

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Em se tratando da educação de crianças

pequenas, talvez as primeiras referências a

esse respeito possam ser encontradas na

pedagogia da infância de Froebel, que

pressupõe a criança como ser criativo e a

educação pela auto atividade, pautada na

espontaneidade. O educador alemão

defende que, pela ação, a criança expressa

suas intenções em contato com o mundo

externo e considera que o conhecimento é um

processo de conexão que engloba

sentimentos, percepção e pensamento.

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Froebel contrapõe-se ao conceito

de educação como preparação para

um estado futuro. A vida em que a

criança deve ser inserida não é a

vida do adulto, mas a vida que a

rodeia no presente, ou seja, a

educação ocorre no processo,

não no passado ou no futuro.

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Na filosofia da experiência de John Dewey, a experiência não é simples sensação, fruto do mero contato com os objetos, com seus atributos isoladamente. Na verdade, as experiências efetivam-se pelas relações que as pessoas estabelecem com os objetos e seus atributos em um processo de discriminações e identificações por meio da experimentação.

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Se a criança não for verdadeiramente engajada numa situação em que o ato de desenhar esteja integrado com experiências que o antecederam e não se fizer num fluxo contínuo com outros atos, num esforço de consumação da experiência, então, o que se tem não é ‘uma experiência’ com o desenho, mas mera atividade de desenhar. (...) É pouco provável que o produto seja reconhecido pela criança (a artista) como ‘uma experiência’ ou um acontecimento integral.

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“Essa estética a serviço da pedagogia sempre cumpre encargos alheios e, segundo a ideia de alguns pedagogos, deve servir como meio para a educação do conhecimento, do pensamento e da vontade moral.”

O convite feito por Vygotsky aos profissionais da educação da infância é no sentido de valorização da obra de arte naquilo que ela pode suscitar verdadeiramente nas crianças, a despeito dos propósitos impostos a priori pelos adultos.

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Deve-se atentar para o fato de que como meio de aquisição de ‘herança cultural’, de acesso à ‘memória social’, a educação não pode prescindir do desenvolvimento dos processos de inteligência que permitam aos indivíduos avançarem para além das formas culturais de seu mundo social, inovando e criando uma cultura própria, para que “qualquer que seja a arte, ciência, literatura, história e geografia da cultura, cada indivíduo tenha de ser seu próprio artista, cientista, historiador e navegador”. (Jerome Bruner)

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Provocam (os autores) a pensar que

meninas e meninos são sujeitos culturais,

sociais e históricos e tomam para si a vida

como grande problema a ser descoberto,

vivido, experimentado. Com isso, vivendo e

criando distintas experiências, nas mais

diversas linguagens, podem passar das

investigações às criações artísticas sem

constrangimentos, mostrando-nos formas

singulares e específicas de relações

estabelecidas entre as crianças e com o

mundo.

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O ir e vir no “tudo ao mesmo tempo

agora” – passado, presente, futuro –

evidenciam lógicas próprias e

coexistentes das crianças, rompendo

até mesmo, com uma concepção

linear do tempo. Encontram-se

presentes nas linguagens artísticas na

infância e entre os adultos, tais como

na poesia, na pintura, escultura, teatro

rompendo e nos ensinando a romper

com a dicotomia racional irracional.

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Sem razão

1 + 1 = 2

Longe está o sentimento

do cálculo

Amarelo + azul = centenas de verdes

Longe esta a razão

da arte

Bruno Munari

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O exercício humano de criação é encarado

cotidianamente entre pares ou

individualmente. Por trás das ações vistas

pelo universo adulto como aparentemente

inúteis, encontram-se elementos da cultura

vivida e elaborada pelas crianças a partir

do sexo, idade, etnia, classe social,

religião. Seus segredos existenciais,

desejos, hipóteses e teorias, o ato de

conhecer e de criar encontram-se de modo

concomitante sendo manifestados em

formas e conteúdos diversos.

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Desenhar, pintar, dançar é para

as crianças, como para os

artistas, a possibilidade de

descobrir, conhecer e

aproximar-se, são exercícios de

vida nos quais estão contidas a

arte e a ciência, podendo ser

compreendidas quase numa

única palavra: arteciência.

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O que essa tríade arte-ciência-

infância pode nos oferecer é a

produção de novos mundos em que

imaginação, intuição, cognição, fantasia

e emoção caminhem conjuntamente.

Inegável desafio. Inegável desafio

ainda para nossos dias em que a

fragmentação e a diluição de

sentimentos e percepções encontram-

se cada vez mais presentes.

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“(...)oferecemos às nossas crianças

situações de experiências conjuntas e

sozinhas escutando com paciência

suas histórias e, sobretudo, acolhendo

com interesse seu repertório?”

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CONSIDERAÇÕES FINAIS...

Mostrou-se aqui a preocupação em atuar

favoravelmente em direção à formação

daqueles/as que se encontram com as

crianças. (...) Tratando de linguagens e da

infância é urgente refletir sobre seu teor e

isso pressupõe disposição para se

perceber o tipo de comunicação que está

presente ou ausente entre as crianças em

seus choros, suas falas, seus gestos,

desenhos, pinturas, esculturas.