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4º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais
De 22 a 26 de julho de 2013.
CONSENSO DE BRASÍLIA prática ou discurso latino americano?
Economia Política Internacional
Trabalho Avulso
Lucas Ribeiro Mesquita UFMG
Pedro Braga PUC Minas
Belo Horizonte
2 Esse artigo é uma versão inicial apresentada para discussão.
Favor não citar sem expressa autorização dos autores.
2013 Lucas Ribeiro Mesquita
Pedro Braga
Consenso de Brasília prática ou discurso latino americano?
Trabalho submetido e apresentado no 4º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais – ABRI.
3 Esse artigo é uma versão inicial apresentada para discussão.
Favor não citar sem expressa autorização dos autores.
Belo Horizonte 2013
RESUMO
Hoje se observa na América Latina uma nova discussão sobre o papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico, principalmente em decorrência da crise neoliberal no início do século. Um dos modelos que se destacam é o “Novo Desenvolvimentismo” brasileiro, que busca através da conjugação de estabilidade econômica e investimentos em política social um novo padrão desenvolvimentista, o qual, de acordo com alguns líderes, está sendo adotado em outros países da região, sob o signo de um possível “Consenso de Brasília”. Nesse sentido o artigo busca iniciar uma linha de pesquisa acerca de indícios de uma possível adoção do modelo brasileiro de desenvolvimento pelos países da América Latina. A análise será feita a partir da avaliação de indicadores econômicos e sociais que permitam averiguar a existência de um consenso regional no modelo de desenvolvimento. Palavras – Chave: América Latina. Novo Desenvolvimentismo. Consenso de Brasília.
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Introdução
Divagar que ocorreu uma mudança de paradigma político e econômico na virada dos
anos dois mil na América Latina, principalmente em contraposição a um modelo
homogeneizante de cunho liberal é no mínimo um exercício de prolixidade. O que pretendemos
aqui em certa medida é polemizar essa mudança paradigmática.
Conforme apontam as reflexões de Boschi (2007) após cerca de 70 anos, em média, em
que os países da região se pautaram, em graus diferenciados, por um modelo de
desenvolvimento por substituição de importações dirigido pelo Estado, a efetivação das
reformas orientadas ao mercado teria inaugurado um novo ciclo caracterizado pela adesão à
globalização financeira com a crescente hegemonia do receituário neoclássico. A América
Latina se converteu num verdadeiro laboratório de aplicação dos preceitos neoliberais, com
variações de país a país quanto à intensidade, a amplitude e o próprio tempo das reformas.
Em um segundo momento a instauração de regimes democráticos como parte desse
processo, favoreceu, pela via de eleições populares, a ascensão de lideranças de esquerda e o
retorno de uma perspectiva favorável ao intervencionismo estatal, em grande medida como uma
resposta às promessas não cumpridas pelo conjunto das políticas de mercado quanto à retomada
do crescimento e que tiveram como conseqüência o agravamento da crise social endêmica na
região. Nesta onda, deflagram-se ações em diferentes países, que vão desde a implementação de
políticas industriais até as renacionalizações de recursos estratégicos, em alguns casos – como
na Bolívia – inaugurando um terceiro ciclo nesta direção.
Gilberto Dupas (2005) termina um de seus balanços estruturais sobre a econômica latina
americana afirmando que a América Latina encontra-se hoje em uma situação de impasse: ou
aprofundar e radicalizar o padrão neoliberal em busca da miragem que ainda se acena por parte
dos mais ortodoxos, ou buscar caminhos outros que propiciem um desenvolvimento sustentado,
a exemplo dos que estão sendo percorridos por vários países asiáticos bem sucedidos.
Boschi (2011) defende que, da perspectiva do capitalismo e do desenvolvimento, a
América Latina apresenta distintos modelos de Estado e consequentemente de capitalismo.
Entretanto, surgiu na mídia local e internacional, respaldado por centro de pesquisa
internacionalmente reconhecido, com ressonância em publicações de meio acadêmico, a
existência de um padrão desenvolvimentista na América Latina, o chamado Consenso de
Brasília.
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Segundo Mello (2011) avança na América Latina o que vem sendo chamado de
“Consenso de Brasília”, o qual se caracteriza como os regimes de esquerda moderada, que
combinam inclusão social com nacionalismo na exploração de recursos naturais e estabilidade
macroeconômica, os quais possuem como maiores símbolos deste novo consenso Brasil,
Uruguai, Peru e El Salvador, os quais estariam consolidando o modelo na América Latina.
Para Michael Shifter, o autor da expressão e presidente do Diálogo Interamericano, o
Consenso de Brasília se contrapõe se ao Consenso de Washington e acrescenta seguidores
latino-americanos entre governos de esquerda e de direita, se firmando na região, com traços
que continuam intactos e vigentes, mesmo com o fim do mandato de Lula e com a piora do
contexto internacional e, em consequência, do regional. (SHIFTER apud GUTIÉRREZ, 2012)
Ainda para Shifter o modelo é representado pela ênfase em três eixos: crescimento
econômico, equidade social e governabilidade democrática e sua vigência confirmaria sua
propagação como guia de governança para numerosos países da região (SHIFTER apud
GUTIÉRREZ, 2012).
Como lidar então com essa diferença de percepção dos modelos desenvolvimentistas na
América Latina? Nesse sentido o artigo busca iniciar uma linha de pesquisa acerca de indícios
de uma possível adoção do modelo brasileiro de desenvolvimento pelos países da América
Latina, no intuito de observar a existência ou não de um consenso desenvolvimentista. A
análise será feita a partir da avaliação de indicadores econômicos e sociais que permitam
averiguar a existência de um consenso regional no modelo de desenvolvimento.
Com intenção de comparação dos países buscares através dos indicadores propostos por
Oliva (2011) como base do novo desenvolvimentismo brasileiro, observar se existe, no mínimo,
um comportamento similar desses indicadores, o que pode significar um acompanhamento das
práticas latino-americanas. Serão analisados os seguinte indicadores: taxa crescimento do PIB,
taxa de emprego, taxa de desemprego, formação bruta de capital fixo, rena percapita, GINI,
gasto em saúde, porcentagem da população com acesso ao saneamento, porcentagem do PIB
gasto em educação. Utilizaremos como controle a comparação com outros países latino-
americanos com supostamente outras diretrizes de desenvolvimento.
Mudanças Sistêmicas na América Latina – do neoliberalismo aos “ismos” esquerdistas
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A CEPAL foi um dos primeiros formatos de pensamento desenvolvimentista
direcionado para a América Latina. Em sua pauta, o modelo de Substituição de
Importações é uma saída estratégica para dar início ao crescimento econômico, em
princípio ainda incipiente, na região. Não gostaríamos de referenciar aqui o estudo de
caso da aplicação da CEPAL, tampouco seus acertos e erros para as economias da
região, mas com este início lembramos através da história a suscetibilidade dos países
latino-americanos em adotar políticas de desenvolvimento. Os motivos para esta adoção
podem ser de diferentes aspectos, que não serão abordados neste artigo, mas que podem
dar origem a pesquisas futuras na área.
A temática da adesão recente de um possível ‘Consenso de Brasília’ opõe-se a
prática de outras políticas que pautaram a economia da região sul do continente
americano por uma década. O Consenso de Washington, nomeado pelo economista
John Williamson (1990) é, assim como o modelo de Substituição de Importações, uma
cartilha de medidas para a construção de um novo período econômico da América
Latina. Embora alguns teóricos como Bresser Pereira (1991) e Feinberg (1990)
concordem que o termo consenso é um muito profundo para denominar estas medidas1,
o termo foi empregado no ano de 1990. As ideias de Williamson delinearam um artigo,
um livro e seminário internacional que definiu as linhas de um fenômeno que seria um
marco das políticas macroeconômicas do período na região.
Muitas análises percebem o Consenso como uma maneira de inaugurar o
neoliberalismo na contemporaneidade, mas o que levou a construção deste conceito? O
que podemos perceber de início, em relação à aplicação do Consenso de Washington é
que este ocorreu após o período de crise que agrediu a economia no inicio dos anos
1990, na região. Segundo Pereira (1991) houve dois motivos que sustentassem o
período de caos econômico: a) um visível crescimento da atuação do Estado – devido a
uma remanescente presença da perspectiva keynesiana – o que gerava, segundo o autor,
protecionismo, regulações excessivas e ineficiência do Estado e de empresas estatais; e
b) e o populismo econômico, governos ineficientes que não possuíam a capacidade de
controlar dividas externas e internas – desde empréstimos até melhorias salariais. Estas
1Feinberg (1990) como participante do seminário de lançamento do livro que empregava o temo “Consenso de Washinton” não tinha a certeza de acerca ...
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duas prerrogativas foram duas potentes alavancas para que novas mudanças pudessem
ocorrer na região para melhorias do setor econômico. Por sua vez, a solução de tais
problemas só poderia surgir, de acordo com adoção de reformas, as quais PEREIRA
(1991) cita:
[...] as reformas no curto prazo deveriam combater o populismo econômico e lograr o equilíbrio fiscal e a estabilização. A médio prazo ou estruturalmente a receita é adotar uma estratégia de crescimento marketoriented ou seja, uma estratégia baseada na redução do tamanho do Estado, na liberalização do comércio internacional e na promoção das exportações. (PEREIRA, 1991, p.6).
Em concordância e ressonância a estas respostas, encontra-se a definição do
neoliberalismo para a economia dos países em desenvolvimento. Este pode ser definido
por:
[...] estratégias econômicas e os objetivos políticos que privilegiam o mercado sobre o Estado, o diminuição da influência econômica do Estado através da privatização de ativos estatais e através do estado tornando-se um regulador de não-intervenção das relações econômicas entre o capital e o trabalho, a redução do apoio social para os pobres e desempregados [...] e finalmente, a erosão do conceito de "bem público" como 'responsabilidade individual' para pagamento de bens sociais, como saúde e educação.2(NIEREK apud BOND, 2003, p.333)
Olhando esta definição pode-se inferir dois posicionamentos. Inicialmente há
uma ligação, uma relação explicativa, entre a solução dos problemas da crise dos países
latino-americanos – Consenso de Washington – e a significação do que é o
neoliberalismo. Em segundo lugar tem-se a justificativa de que o este novo modelo
liberal exclui certas agendas, como citado por Bond (2003), a saber “redução de apoio
2those economic strategies and political objectives which privilege the market over the state; the diminishing of the economic influence of the state through privatization of state assets and through the state becoming a non-intervening regulator of economic relationships between capital and labor; the reduction in social support for the poor and unemployed... and finally, the erosion of the concept of 'public good' [emphasizing] 'individual responsibility' for payment of social goods, such as health and education," and even water.
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social para os pobres”. Esta segunda colocação põe em xeque o modelo do Consenso de
Washington e abre espaço para discussão de novos conceitos a serem empregados em
novos paradigmas.
Bases Conceituais do Consenso de Brasília – O Novo Desenvolvimentismo
Brasileiro
Para entender o que seriam as bases conceituais do Consenso é preciso inicialmente
entender o modelo de desenvolvimento brasileiro, uma vez que ele parece ser a suposta base
ideacionária do consenso. Atualmente a literatura especializada em economia política e
economia política internacional se debruça sob a perspectiva do novo desenvolvimentismo
brasileiro com grandes esforços, procurando entre alguns objetivos, discutir as concepções de
desenvolvimento que se encontram no Brasil contemporâneo (ERBER, 2011), compará-lo com
as outras versões de desenvolvimento (BRESSER, 2006), buscar similitudes e contrastes com
relação aos modelos existentes (PINHO, 2011), bem como entender o papel das instituições no
desenvolvimento (BALESTRO, 2012).
Embora em função da função da crise internacional e do esgotamento do modelo de
estado implantado, fato que beneficiou o Partido dos Trabalhadores, algumas mudanças
comportamentais do PT sinalizaram sua mudança ideológica, principalmente no que se refere ao
posicionamento em relação ao capital internacional e aos empresários.
Segundo Singer (2012) em julho de 2002, no programa da Coligação Lula Presidente já
é perceptível uma mudança de tom em relação ao capital, passando de um lugar de confronto
com o capital financeiro globalizado, para um afirmação de que o país não deveria se prescindir
das empresas e do capital estrangeiro, além de propor medidas como preservação de superávits
primários, de responsabilidade fiscal e macroeconômicas como forma de garantia aos
empresários brasileiros.
Para Meneguello e Amaral (2008) a aliança com os empresários nacionais fundava-se
na busca pela rearticulação da economia com o resgate da estabilidade, o fortalecimento do
mercado nacional e o combate ao desemprego.
De fato, a super ampliação pragmática do leque de forças de oposição foi formalizada
em março de 2002, quando o Diretório Nacional autorizou a aproximação do PT a setores do
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PMDB oponentes ao governo federal, e ao PL, que viria a compor com Lula a chapa para a
presidência da República na eleição de outubro daquele ano.
Anteriormente identificado como um partido da classe média brasileira, o realinhamento
eleitoral vivenciado pelo partido, impactou no “espírito do PT” (SINGER, 2010). Nascido sob o
signo da nova sociabilidade a proposta de fundação do partido almejava a criação de um partido
sem patrões, que não fosse “eleitoreiro” e que organizasse e mobilizasse os trabalhadores na luta
por suas reivindicações e pela construção de uma sociedade justa, sem explorados e
exploradores, com um discurso voltado a organização de classe obteve êxito entre os
trabalhadores industriais, entre as categorias em expansão do setor de serviços, com propostas
de fazer um partido aberto a participação. (SINGER, 2010).
Tal mudança ideológica foi sentida inclusive nas bases partidárias do PT, que como
demonstrado por Samuels (2008), gerou mudanças nas bases do petismo, sendo que uma
distinção entre ideologia esquerda/direita não prediz mais para o petismo. Segundo o autor “a
ideologia de esquerda não prediz mais a identificação com o PT, indicando que a moderação
petista ao nível de sua elite ao longo da última década teve reflexo sobre sua base de apoio de
massa.” (SAMUELS, 2008, p.311).
O grande marco da inflexão do espírito petista ocorreu em meados dos anos 2002, com
a divulgação de uma carta ao “povo” brasileiro. Em função de uma desconfiança ao
cumprimento dos compromissos com o mercado financeiro internacional, a vitória de Lula teve
que sinalizar seu compromisso com o capital, compromisso expresso pelo seu Diretório, reunido
no Anhembi3, enfatizando, como pontuam Meneguello e Amaral (2008), a integração nacional
como pilar da mudança, articulando uma vasta coalizão que aglutinava de lideranças populares a
setores do empresariado para a confecção de um novo contrato social.
Acompanhando Singer (2012), como se observa, a alma do Anhembi assume um
compromisso com a estabilidade, o qual condiz com o sentimento do subproletariado que
começava a se aproximar do partido, e acalmava a burguesia, ao mesmo tempo em que a alma
do Sion4, poucos meses antes, insistia na necessidade de operar uma efetiva ruptura global com
o modelo existente, a do Anhembi toma como suas as “conquistas” do período neoliberal: “a
estabilidade e o controle das contas publicas e da inflação são, como sempre foram, aspiração de
todos os brasileiros”.
3 Centro de Convenções em São Paulo 4 A expressão “alma do Sion” é de Singer (2012) e faz referencia ao local de criação do Partido dos Trabalhadores, o qual foi fundado em fevereiro de 1980 no Colégio Sion em São Paulo. A expressão em seu aspecto político faz referência as propostas de cunho mais radical que o partido apresentava.
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Sallum Jr (2008) defende que apesar de o período de governo de Luiz Inácio da Silva
ter características específicas, elas só podem ser entendidas no interior do processo de
construção de uma nova forma de Estado, iniciada em 1995 no Brasil. Segundo o autor.
a nova forma de Estado tem sido ao mesmo tempo democrática, do ângulo de suas relações com a sociedade, e moderadamente liberal, da perspectiva de suas relações com a economia. Ela tem dois alicerces centrais: de um lado, a Constituição democrática de 1988 – com suas garantias políticas e sociais; e, de outro, o Plano Real de estabilização monetária, lançado em 1994, e o conjunto de reformas liberais que se seguiram à posse de FHC e ocuparam principalmente o seu primeiro governo. (SALLUM JR, 2008, p. 217)
O argumento central do autor (SALLUM JR, 2008) perpassa pela defesa de que o
período Lula vem consolidando a hegemonia liberal cuja estruturação política ocorreu no
período FHC, a qual aprofundou se socialmente e se tornou mais flexível no que diz respeito às
articulações entre o poder público e capitais privados, acentuando sua orientação
desenvolvimentista. Para Vianna (2007) a composição pluriclassista do governo se traduziu em
uma forma de Estado de compromisso, abrigando forças sociais contraditórias entre si — em
boa parte estranhas ou independentes dos partidos políticos —, cujas pretensões são arbitradas
no seu interior, e decididas, em última instância, pelo chefe do poder executivo.
Por outro lado, análises de política econômica denominada como novo-
desenvolvimentismo5 observam, e de alguma forma guiam a ação do governo Lula que passou a
adotar novas iniciativas e políticas que se mesclaram às políticas macroeconômicas neoliberais,
estabelecendo-se uma política econômica híbrida que teria caracterizado seu governo (ERBER,
2011).
Reconhecendo o novo desenvolvimentismo como uma política ainda em construção,
Oliva (2010) defende que o Brasil, ao longo do governo Lula, começou a construir um Novo
Desenvolvimentismo, um novo padrão de desenvolvimento substancialmente distinto tanto do
neoliberalismo quanto do antigo nacional-desenvolvimentismo predominante no passado.
Segundo Morais e Saad-Filho (2011) o novo-desenvolvimentismo tem duas fontes
teóricas distintas, a primeira vem de Keynes e se inspira no conceito de complementaridade
entre Estado e mercado, a segunda fonte é o neoestruturalismo cepalino, com a ênfase na
competitividade internacional através da incorporação de progresso técnico, e a necessidade da
equidade social para o desenvolvimento bem-sucedido.
5 Segundo Erber (2011) o termo “novo-desenvolvimentismo”, denominando um conjunto de políticas
econômicas alternativas às políticas neoliberais (especialmente pós-Consenso de Washington), foi introduzido por Bresser---Pereira.
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Bresser-Pereira (2006) apresenta outra definição ao termo, que seria uma estratégia
nacional de desenvolvimento alternativa ao populismo latino-americano e à ortodoxia
convencional6, representada pelas análises, diagnósticos, reformas e políticas do Consenso de
Washington, com a retomada da ideia de nação no Brasil e nos demais países da América
Latina, fato que reafirma a importância da dimensão política do Estado-nação para o novo-
desenvolvimentismo, ao mesmo tempo em que se delineia a América Latina como área
geopolítica de sua aplicação.
A leitura realizada pelo novo desenvolvimentismo da postura do Governo Lula ao início
do seu mandato pode ser interpretado de acordo com Erber (2011) como o reconhecimento da
necessidade de uma nova “convenção de desenvolvimento”, ratificada pelo recuo da convenção
neoliberal, tanto no plano internacional como no Brasil. O apelo a um “pacto social amplo”
também era consistente com o “presidencialismo de coalizão” que caracteriza o sistema político
brasileiro e que obriga o Presidente a realizar coalizões com forcas que não sustentaram a sua
candidatura e que tem objetivos programáticos (quando os tem) distintos.
Para Oliva (2010) a “Carta ao Povo Brasileiro”, concebida em um momento em que a
economia brasileira sofria forte ataque especulativo, e representou um compromisso de
responsabilidade política com uma transição gradual dos programas neoliberais fracassados para
as novas diretrizes políticas, compromisso tinha um caráter fundamentalmente tático, que fora
superado no primeiro governo Lula acompanhado por medidas destinadas a resolver os
problemas estruturais e sociais que não poderiam ser resolvidos simplesmente pelos
mecanismos do “mercado” e pelo crescimento econômico.
Dessa forma o social passaria a constituir um dos eixos estruturantes do Novo
Desenvolvimentismo brasileiro, representando tanto uma profunda ruptura com as políticas do
período em que predominava a hegemonia do paradigma neoliberal no Brasil e na América
Latina, bem quanto a ruptura com o padrão de acumulação histórico do país, caracterizado pela
concentração e pela exclusão. (Oliva, 2010)
A discussão sobre o modelo de Estado impacta inclusive nas reflexões sobre a política
externa. Em uma linha de pensamento que questiona uma mudança brusca do modelo de
política externa Albuquerque (2005) destaca que o governo Lula representa um paradoxo, no
sentido de que não houve a esperada mudança no plano econômico, aliás, houve o que se pode
6 Antigo Desenvolvimentismo: Estado tem papel central em poupança forçada e investimento em
empresas; Protecionista e pessimista; Certa frouxidão fiscal; Certa complacência com inflação. Novo Desenvolvimentismo: Estado tem papel subsidiário, mas importante em ambas as atividades; Exportador e realista; Disciplina fiscal; Nenhuma complacência com inflação (BRESSER-PEREIRA, 2006, p.16).
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chamar de guinada à direita quanto ao plano político historicamente defendido pelo Partido dos
Trabalhadores. Pelo outro lado, segundo o professor, na política externa, em que o Brasil tem
uma tradição de continuidade, não se esperavam muitas mudanças, mas houve uma guinada à
esquerda. Tanto a guinada à esquerda quanto o sucesso da política externa eram inesperados
pelos observadores políticos da época. Esta guinada acontece visto a mudança de rumo em
setores fundamentais como o comércio e a segurança.
Para os defensores do novo desenvolvimento brasileiro, esse ressoa na política externa e
na atuação brasileira no cenário internacional. Para Oliva (2010) embora uma das características
principais do Novo Desenvolvimentismo no Brasil seja a transformação do social em um dos
eixos estruturantes do processo de crescimento e desenvolvimento, com a consequente
dinamização do mercado interno de massa, o setor externo foi também de fundamental
importância na criação das condições necessárias para a constituição de um novo modelo de
desenvolvimento no Brasil.
De acordo com o ministro
a política externa e de comércio exterior diversificou enormemente nossas parcerias econômicas e comerciais, o que foi de fundamental importância para a superação da vulnerabilidade externa de nossa economia, principal fator de fragilização do país frente ao cenário internacional. (...) a baixa consistência estratégica da política externa praticada no período anterior ao governo Lula e as políticas internas de ajuste econômico se retroalimentavam em um círculo vicioso que enfraquecia a capacidade do Estado Nacional de formular e implementar diretrizes e ações destinadas à conformação de um novo ciclo de desenvolvimento e de um maior protagonismo internacional do Brasil. (OLIVA, 2010, p. 413).
Bernal-Meza (2010) credita ao governo Lula, e consequentemente à política externa, um
processo de renovação governamental, baseada em um modelo que caracterizou a transição da
maioria dos países latino-americanos entre o final do século XX e início do século XXI como
respostas das respostas sociedades nacionais à crise provocada pelo modelo neoliberal e da
implementação de políticas públicas de acordo com a visão ideológica da globalização. Para o
autor essa visão superada pelo novo modelo incluiu a transferência de ativos nacionais (públicos
e privados) para o capital transnacional, a abertura unilateral das economias, a
desregulamentação dos mercados (financeiro, comercial e do trabalho), em geral, e uma política
de submissão aos Estados Unidos e ao capitalismo central.
Mas será que esse modelo brevemente apresentado serviu de modelo para os outros
países? É possível observar um “mimetismo desenvolvimentista” na América Latina, ou pelos
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menos nos países citados pelos defensores do Consenso de Brasília? O que isso reflete na
liderança brasileira na região?
A Discussão Acerca da Liderança Brasileira
A grande temática internacional em voga durante quase todo o mandato do governo
Lula foi a consideração e a percepção da mudança na ordem internacional. A ordem
internacional presencia o desgaste da proposta estadunidense, a qual no recente pós-guerra-fria
sustentava-se no predomínio dos Estados Unidos e da tríade capitalismo-democracia-liberalismo
e objetivava a construção de uma ordem internacional baseada em normas e regimes
internacionais os quais seriam fortalecidos e reproduzidos pela participação e aceitação dos
outros Estados nacionais.
Segundo Fiori (2007) no início do século XXI, a crise expansiva do império americano
reacendeu a competição entre as nações, e, em todos os lados, o que se observa é uma
diminuição da capacidade de intervenção unilateral dos Estados Unidos, com o aumento dos
graus de incerteza e de liberdade de ação das velhas e novas potências, em cada um dos
“tabuleiros regionais” do sistema mundial. Nações que antes eram colocadas em segundo plano
no jogo político-econômico internacional passam a ter cada vez mais importância.
Em paralelo a contestação da hegemonia estadunidense, ocorre a pluralização de polos
de poder, os quais segundo Moreira Jr (2012) tendem a construir equilíbrios de poder de
geometria variável, estabelecendo uma nova correlação de forças, refletindo reformas no
sistema internacional, sobretudo em regimes e organizações multilaterais.
Flemes (2010) o Brasil também fornece bens coletivos de relativa estabilidade e
segurança, bem como infraestrutura regional, considerando que a China, Rússia e Índia são
vistos como potenciais ameaças por parte de alguns dos seus vizinhos regionais. Por outro lado,
o Brasil não está disposto, ao contrário das potências europeias, a construir instituições
regionais democráticas e representativas, incluindo processos participativos de tomada de
decisão. Pode-se dizer, então, que o Brasil está numa encruzilhada e pode prosseguir ativamente
suas estratégias globais com ou sem a sua região, uma vez que a posição das potências do Sul,
como o Brasil, que está, por um lado, entre o centro e a periferia da atual ordem mundial e, por
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outro lado, na interface da política internacional com a regional, demanda estratégias de política
externa particularmente complexas.
Com a nova configuração internacional o Brasil, segundo Hakim (2010) teria
substituído, dentro do teatro sul-americano, os Estados Unidos como a presença dominante em
uma série de questões. Essa ascensão para o autor Brasil, em parte, tem origem em fatores
esperados, uma vez que o país é o quinto maior país em área territorial de todo o mundo, e
também em termos populacionais, com seus quase 200 milhões de habitantes, além de figurar
entre as dez maiores economias do mundo com reservas petrolíferas recentemente descobertas
que prometem converter o país num grande exportador de petróleo. Para o autor, o Brasil é a
nação dominante da América Latina e, de longe, o país mais importante da América do Sul.
(HAKIM, 2010,p.2)
Para Souto Maior (2003), a ordem internacional contemporânea, tal como se apresenta,
oferece um duplo desafio para os grandes países periféricos, tendo esses que superar os
obstáculos impostos por esse sistema, assim como ao mesmo tempo tendo que promover uma
ordem menos assimétrica. Paralelamente, para Soutto Maior (2004), à redistribuição do poder
econômico entre as grandes economias capitalistas, produziu-se, porém, um crescimento
altamente significativo de uns quantos países em desenvolvimento de renda média, entre os
quais o Brasil.
O Brasil nessa ordem se encontra em uma situação diplomática complexa, sendo
demasiado grande para aceitar passivamente uma ordem mundial flagrantemente injusta e
antidemocrática, mas não grande bastante para sobre ela influir direta e significativamente.
Nesse sentido, o país tem na cooperação com países afins a única forma de responder
efetivamente àqueles desafios, desenvolvendo um “bilateralismo forte” com países como China,
Índia e Rússia, assim como criando com estes países frentes de atuação conjuntas em
organismos multilaterais, bem como nas próprias estruturas multilaterais.
Breve Análise dos Dados
Nossa análise será realizada em duas etapas, inicialmente analisaremos o conjunto dos
indicadores econômicos (Crescimento do PIB, Emprego, Desemprego, Formação Bruta de
Capital Fixo e Renda Per capita) e posteriormente avaliaremos os grupos de indicadores
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relacionados as questões sociais ( Coeficiente de GINI, Gasto em Saúde (%PIB), Porcentagem
da População com Acesso a Saneamento e Gasto em Educação (%PIB).
A breve análise dos indicadores econômicos nos leva a averiguar uma tendência do
comportamento dos parâmetros analisados, principalmente quando consideramos todos os
países da nossa análise. Mesmo que exista uma variação absoluta no valor dos indicadores de
país para país, o comportamento de todos os países, principalmente no período do pós-crise
neoliberal confluem para um mesmo padrão. Cabe citar os casos da taxa de crescimento do PIB
e da taxa de emprego, indicadores que ilustram a questão.
Apesar das taxas de crescimento do PIB apresentarem valores diferentes, as taxas de dos
países – tanto do grupo “Consenso” quanto “América Latina” tende a um mesmo
comportamento durante o período analisado. No início da nossa linha histórica - ano de 1994 –
existe uma confluência maior dos países entre 0% e 5% de crescimento. È interessante notar
que, inclusive no ano de 2009, ponto no qual as taxas decaem em função do agravamento da
crise financeira internacional as taxas de todos países acompanham o padrão, portanto, o
parâmetro “taxa de crescimento” não parece variar em função do modelo de desenvolvimento,
mas sim em função de condições sistêmicas que tendem a influenciar toda a América Latina.
O padrão também da taxa de emprego em cada país também mantém uma constância
em todo o período analisado, por exemplo, El Salvador e Brasil apresentam respectivamente um
taxa de emprego em 1994 de 57,6% e 64,9%, enquanto ao final esses mesmos apresentam taxa
de 57,4% e 64,8%, apresentando ao longo do período variação média de 2%. Esse mesmo
padrão também é percebido nos países de controle do modelo, como por exemplo no Paraguai
que em 1994 tinha 67,7% da sua população empregada, enquanto em 2010 68,5%. Os países
que durante o período alcançaram melhores taxas, são um de cada grupo da comparação, Peru
com uma variação de taxa (inicial-final) de 10,8% enquanto Venezuela apresentou crescimento
de 6,9% no período.
É interessante notar que as maiores variações do comportamento dos países são
encontradas quando são separados os países dentro do grupo “Consenso de Brasília”, como
podemos ver no indicador Formação Bruta de Capital Fixo, no qual a partir do ano de 2005
Peru, Uruguai e Brasil tendem ao crescimento enquanto a curva El Salvador é descendente
Conclusões
16 Esse artigo é uma versão inicial apresentada para discussão.
Favor não citar sem expressa autorização dos autores.
A proposta inicial era indagar a existência de um consenso desenvolvimentista
orientado pelos padrões de desenvolvimento brasileiro em quatro países latino-americanos,
nossos esforços sinalizam entretanto, de forma não extensiva, ao contrário.
Granja e Pinho (2011) propõe que do ponto de vista empírico, pode-se dizer que esta
década foi a mais exitosa para o Brasil em termos de concepção, formulação e execução de um
paradigma alternativo de desenvolvimento que conjugasse a inserção internacional soberana
aliada a uma política fortemente redistributiva, orientada para o mercado interna e redutora das
desigualdades históricas e estruturais, entretanto esse padrão, pelo menos do ponto de vista
analisado, não se estende para outros países latino-americano.
Ainda para o autor o novo desenvolvimentismo retomou a vinculação tradicional entre
política externa e a estratégia de desenvolvimento na esfera doméstica, na medida em que a
aproximação do Brasil com os pólos emergentes de poder foi uma construção política da
diplomacia brasileira. Todavia, a diplomacia no Terceiro Mundo não está restrita à solidariedade
Sul-Sul, pois tem sido difícil para o Brasil compatibilizar a diplomacia sulina com sua política
de interesses regionais. (PINHO, 2011).
Lima (2010) polemiza a questão, e de certa forma acompanha a linha de raciocínio das
dificuldades brasileiras em se firmar como um líder regional, em função da posição do Brasil
como líder regional não ser facilmente aceita por seus vizinhos sul-americanos, intensificada
pelos próprios em bates domésticos aliada a algumas divergências intra-burocráticas sobre as
prioridades de política externa também ficaram mais freqüentes no contexto da política externa
brasileira.
As conclusões de Coutinho (2007) nos encaminham para pensar o problema de outras
formas. O autor defende que apesar da emergência de novos governos de esquerda, centro-
esquerda e nacionalistas, baseado em um pragmatismo de esquerda, com as mais diversas
gradações e matizes, esses formaram uma onda com tendências mais à diferenciação do que a
homogeneidade política e econômica.
Outra direção para averiguar a questão é realizar o caminho inverso do que propusemos
aqui, algo como questionar o porquê de comportamentos parecidos nos indicadores resultarem
em padrões de desenvolvimento diferentes?
17 Esse artigo é uma versão inicial apresentada para discussão.
Favor não citar sem expressa autorização dos autores.
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18 Esse artigo é uma versão inicial apresentada para discussão.
Favor não citar sem expressa autorização dos autores.
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Tx Crescimento PIB – Consenso de Brasília
Tx Crescimento PIB – América Latina
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Tx Emprego – América Latina
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Tx Desemprego – América Latina
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Form. Bruta Capital Fixo – Consenso de Brasília
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Renda Per Capita – Consenso de Brasília
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Gasto em Saúde (%PIB) – América Latina
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