4 5 - naturterra · zona de merendas p estacionamento símbolos cafetaria miradouro circuito de...

13

Upload: lynhi

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado
Page 2: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

4 5

Índice Guia do Parque Florestal de MONSANTO

Índice

Prefácio ......................................................................................................................... 6Introdução .................................................................................................................... 8Mapa Geral de Monsanto ........................................................................................... 10

Breve História – Do Sílex à Reflorestação ................................................................... 12 Geomorfologia – A Herança Vulcânica de Monsanto .................................................. 20 Clima e hidrologia – Uma Ilha Mais Fresca no Verão .................................................. 26 Evolução da Vegetação em Monsanto – O Renascimento de Uma Floresta ................ 30

FloraA Flora de Monsanto .................................................................................................... 42A Vegetação Mediterrânica ........................................................................................... 58O Género Quercus ........................................................................................................ 60As Orquídeas ................................................................................................................ 62

FaunaAs Aves de Monsanto ................................................................................................... 64Mamíferos, Répteis e Anfíbios de Monsanto ................................................................. 76

Fungos – Os Cogumelos de Monsanto ..................................................................... 78

EquipamentosEspaço Monsanto ......................................................................................................... 90Espaço Biodiversidade .................................................................................................. 92LxCRAS – Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa .............................. 94Parques Recreativos ...................................................................................................... 95Equipamentos Desportivos Municipais ........................................................................ 96

Jardim do Palácio Fronteira – Uma Referência Histórica ............................................ 98

Percursos PedestresIntrodução aos Percursos Pedestres ............................................................................. 100Mapa Geral dos Percursos Pedestres ............................................................................ 102Percurso 1 – Pelo Corredor Verde “Parque Eduardo VII-Monsanto” ........................... 104Percurso 2 – A Volta do Planalto ................................................................................ 112Percurso 3 – A Rota da Água ...................................................................................... 120Percurso 4 – A Caminho das “Seis Pedreiras” .............................................................. 128Percurso 5 – Pelo “Montado” de Monsanto ................................................................ 134Percurso 6 – Percurso dos Moinhos do Mocho ........................................................... 140Percurso 7 – Da Alameda Keil do Amaral aos Montes Claros ..................................... 148

Percursos de BicicletaPedalar em Monsanto ................................................................................................. 158Mapa da Rede Ciclável ............................................................................................... 166

Bibliografia ............................................................................................................... 168

Page 3: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

8 9

Introdução

A herAnçA de MonsAnto

Na década de 1930, e após séculos de intensa ocupação agrícola, a serra de Monsanto era uma paisa-

gem praticamente despida de árvores. Hoje, é uma floresta madura com mais de meio século de idade, fruto da criação do Parque Florestal de Monsanto em 1934 e da grande campanha de arborização iniciada em 1938. Desde então, e apesar das “dentadas” sofri-das, sobretudo com a implantação de alguns bairros habitacionais, a gestão do parque flo-restal tem permitido que a floresta perma-neça íntegra 70 anos depois, sem que, por exemplo, um grande incêndio tenha deitado por terra o património verde de Monsanto ou que plantas exóticas invasoras tenham imposto largamente os seus domínios.

Esta floresta de Lisboa é mais do que uma

simples mancha arborizada com cerca de 900 hectares, pois ao invés, por exemplo, de uma monocultura florestal, é um mosaico de bos-ques contínuos com uma grande diversidade de espécies: bosques de sobreiros e azinheiras, pinhais de pinheiro-manso e de pinheiro--de-Alepo, matas de ciprestes-do-Buçaco, zambujais e pequenos carvalhais, para além de dezenas de espécies diferentes de árvores que surgem dispersas pela serra, criando, no conjunto, uma diversidade de ambiências e de habitats florestais. Mesmo os eucaliptais exis-tentes reúnem diversas espécies de eucaliptos e mantêm um coberto arbustivo importante para a biodiversidade.

Se no início a campanha de arborização uti-lizou algumas árvores exóticas como espécies pioneiras, o recurso também a espécies nativas

INTrOduçãO

da flora portuguesa, nomeadamente sobrei-ros, azinheiras e pinheiros-mansos, permitiu a constituição de bosques mediterrânicos de va-lor indiscutível. Para isso contribuiu, tal como refere neste livro o engenheiro Carlos Souto Cruz, a colonização natural de Monsanto por novas árvores e arbustos, sobretudo com a ajuda preciosa de aves e pequenos roedores que foram, ao longo dos anos, dispersando sementes pela serra. Dezenas de espécies de plantas fazem actualmente parte de Mon-santo sem terem sido plantadas inicialmen-te, como são os casos de adernos, folhados e pilriteiros que abundam no parque florestal. A natureza tem desempenhado o seu papel no enriquecimento da floresta, o que torna Monsanto um interessante “caso de estudo” de sucessão ecológica.

O parque florestal é também, por exemplo, um dos poucos locais do país onde podemos percorrer bosques de sobreiros com a cortiça intacta, envolvidos por um coberto arbustivo bem desenvolvido. A todo este cenário vegetal corresponde uma vida animal diversificada, apesar de Monsanto ser uma ilha verde cer-cada por uma enorme mancha urbana e de estar “cortado” por uma auto-estrada. Mais de 60 espécies de aves podem aqui ser observadas durante o ano, incluindo águias-de-asa-re-donda, perdizes, pica-paus-malhados, pom-bos-torcazes e gaios, para além de mamíferos como coelhos-bravos e esquilos-vermelhos, e de diversos répteis e anfíbios.

Monsanto oferece mais do que as suas pai-sagens, plantas e animais. A oferta de equipa-mentos públicos que foi sendo instalada, so-bretudo a partir da década de 1990 – o início de um novo capítulo na história do parque florestal –, proporciona um leque diversifica-do de actividades ao ar livre e excelentes opor-tunidades para momentos de lazer e evasão do espaço urbano: dois parques recreativos infantis que se destacam no contexto nacional – os Parques Recreativos do Alvito e do Alto

da Serafina –, dezenas de quilómetros de vias pedonais e cicláveis, cinco circuitos de manu-tenção, mais de 10 parques de merendas, duas paredes de escalada, entre outros.

Sobram ainda duas infra-estruturas de real-ce: o Espaço Monsanto e o Espaço Biodiver-sidade. O primeiro é um edifício construído para funcionar como um centro de interpre-tação de Monsanto, de educação ambiental e de actividades na natureza; o segundo, de-nominado de Parque Ecológico de Monsanto quando foi criado, é uma área de acesso con-dicionado dedicada à conservação da natureza e da biodiversidade.

Em suma, Monsanto é um exemplo que deveria ser replicado pelo país fora em muitas paisagens ecologicamente degradadas. Para além de prestar um tributo a todas as pessoas que contribuíram para a criação e manuten-ção desta floresta de Lisboa, e dos respectivos equipamentos de uso público, este guia con-vida os leitores a usufruírem de Monsanto e a conhecerem a sua história, a geomorfologia, as plantas, os animais, os cogumelos. Cerca de 200 fotografias, ilustrações e mapas comple-mentam a informação disponibilizada.

Depois, com base nos sete percursos pedes-tres e dois de bicicleta propostos, só faltará partir à descoberta dos lugares mais aprazíveis e singulares do Parque Florestal de Monsanto como o “montado” do Parque do Calhau, o Parque da Pedra, a Alameda Keil do Amaral, o Moinho do Penedo, o Jardim de Montes Claros, as Seis Pedreiras, os Moinhos do Mo-cho, o Miradouro Keil do Amaral, a Pedreira dos Cactos, para além, claro, da grande diver-sidade de recantos na intimidade dos bosques, muitos dos quais classificados com o estatuto de “interesse público”. Após a publicação, em 2009, do “Guia dos Parques, Jardins e Geo-monumentos de Lisboa”, Monsanto merecia que uma obra lhe fosse dedicada.

* Coordenador editorial

Texto DaviD Travassos*

Page 4: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

10 11

Mapa Gera l de Monsanto

227m

1

4

2

3

65

0 500mN

ComplexoDesportivo

de Monsanto

(estabelecimento prisional)Forte de Monsanto

Alameda Keil do Amaral

Respiradourosdo Aquedutodas Águas Livres

P

Parquede Campismode Monsanto

Tapada da Ajuda

[Ponte 25 de Abril]Almada

Alcântara

EstádioPina Manique Clube Português de

Tiro a Chumbo Espaço Biodiversidade

Espaço Monsanto [ ]

[ ]

[ ]

Quinta da Fonte

Viveiros

Mata de São Domingos de Benfica

[2ª Circular][IC17]Buraca

Amadora

[IC19]Sintra

Amadora

Área Militar

Área Militar

Cruz das Oliveiras

Luneta dosQuartéis

Bairro daBoavista

ParqueRecreativo do

Alto da Serafina Bairroda Serafina

Aqueduto dasÁguas Livres

Parqueda Pedra

Parquedo Calhau

Bairrodo Alvito

Parque Recreativodo Alvito

Viveiros da Qtª. Pimenteira [Viaduto Duarte Pacheco]

Lisboa

Associaçãode Ténisde Lisboa

Pólo Universitárioda Ajuda

Jardimde Montes

Claros

HospitalSão Francisco Xavier

Bairrode Caselas Clube

Internacionalde Futebol

[A5]Cascais

Fortedo Alto

do Duque

Algés

Palácio Fronteira

Bairro do Calhau

Igreja de São Domingosde Benfica

[Eixo N-S]

Campolide

Benfica

P[ ]

[ ]

P

[ ]P

P

P

P

P

P

P

P

P

P

P

[ ]

P[ ]

[IC19]Sintra

Amadora

227m

1

4

2

3

65

0 500mN

ComplexoDesportivo

de Monsanto

(estabelecimento prisional)Forte de Monsanto

Alameda Keil do Amaral

Respiradourosdo Aquedutodas Águas Livres

P

Parquede Campismode Monsanto

Tapada da Ajuda

[Ponte 25 de Abril]Almada

Alcântara

EstádioPina Manique Clube Português de

Tiro a Chumbo Espaço Biodiversidade

Espaço Monsanto [ ]

[ ]

[ ]

Quinta da Fonte

Viveiros

Mata de São Domingos de Benfica

[2ª Circular][IC17]Buraca

Amadora

[IC19]Sintra

Amadora

Área Militar

Área Militar

Cruz das Oliveiras

Luneta dosQuartéis

Bairro daBoavista

ParqueRecreativo do

Alto da Serafina Bairroda Serafina

Aqueduto dasÁguas Livres

Parqueda Pedra

Parquedo Calhau

Bairrodo Alvito

Parque Recreativodo Alvito

Viveiros da Qtª. Pimenteira [Viaduto Duarte Pacheco]

Lisboa

Associaçãode Ténisde Lisboa

Pólo Universitárioda Ajuda

Jardimde Montes

Claros

HospitalSão Francisco Xavier

Bairrode Caselas Clube

Internacionalde Futebol

[A5]Cascais

Fortedo Alto

do Duque

Algés

Palácio Fronteira

Bairro do Calhau

Igreja de São Domingosde Benfica

[Eixo N-S]

Campolide

Benfica

P[ ]

[ ]

P

[ ]P

P

P

P

P

P

P

P

P

P

P

[ ]

P[ ]

[IC19]Sintra

Amadora

3 Moinhos do Mocho

2 Seis Pedreiras

5 Moinho do Penedo

4

Anfiteatro Keil do Amaral6

Pedreira dos Cactos

1 Moinho das Três Cruzes

Outros locais de referência

Estrada alcatroada

Caminho de terra

Vias

Estrada com acesso restrito

Ciclovia

Zona de merendas

P Estacionamento

Símbolos

Cafetaria

Miradouro

Circuito de manutenção

Restaurante

Parque infantil

Page 5: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

12 13

Breve His tór ia

Do sílex à reflorestação

Monsanto forneceu sílex em abundância para os povos pré-históricos que nele habitaram. Depois, durante séculos, foi uma paisagem de campos de cereais polvilhada de moinhos de vento. E até aos tempos modernos, do seu ventre foram extraídos calcário

e basalto que calcetaram passeios e ruas de Lisboa. Mas voltou às suas raízes, à sua condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado.

Texto Álvaro Tição Fotograf ia arquivo municipal de lisboa – núcleo foTogrÁfico

A serra de Monsanto, local onde se en-contra implantado o Parque Florestal da cidade desde os anos 40 do século

XX, é habitada desde o período Pré-histó-rico. A arqueologia tem atestado este facto, identificando e localizando cerca de 20 esta-ções arqueológicas, de que se destacam, entre outras, as de Montes Claros e de Vila Pouca. A zona de Monsanto reunia então condições ideais para o estabelecimento de comunida-des – a proximidade de cursos de água doce (como as ribeiras de Alcântara e do Jamor) e as águas salobras do estuário do Tejo ofere-ciam peixe em abundância; a fertilidade das terras favorecia a agricultura; a floresta forne-cia protecção e lenha; e a riqueza de sílex no subsolo constituía na altura a matéria-prima para o fabrico de utensílios.

Os vestígios do período Paleolítico (600 mil anos a 10.000 a.C.) – o mais recuado e de

maior duração da história humana –, encon-tram-se nas imediações do vale de Alcântara, nomeadamente na zona de Vila Pouca. Vergí-lio Correia, o arqueólogo que identificou esta estação arqueológica, refere a existência de fundos de cabana (vestígios de pavimentos e de postes em madeira que constituíam a estru-tura das cabanas, atestando a existência de zo-nas habitacionais), assim como a abundância de peças em sílex. A elevada quantidade deste tipo de objectos que surgem na maioria das estações arqueológicas da serra de Monsanto, comprovam a abundância daquela matéria--prima, razão pela qual se considera a hipótese de muitas dessas estações constituírem ofici-nas de talhe onde se procedia à preparação do sílex, libertando-o dos vestígios de calcário ou de outras impurezas, para posteriormente ser trocado por outros bens.

As populações aqui estabelecidas no pe-

O sílex é uma rocha sedimentar que sur-ge no seio das rochas calcárias. De gran-de dureza e densidade, foi amplamente utilizada pelo homem pré-histórico para a confecção dos seus utensílios, nomeada-mente armas (pontas de seta) e objectos de corte (lâminas, machados). Mais tarde, foi utilizado para produzir faíscas nas armas de fogo, tomando o nome de “pederneira”.

o Sílex

Em 1938, o Presidente da República, marechal Óscar Carmona, planta a primeira árvore.

Dav

id T

rava

ssos

Page 6: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

34 35

Evolução da Vege tação em Monsanto

funcionários, o arvoredo conseguiu finalmen-te instalar-se, embora mantendo um desen-volvimento lento ao ponto de, na década de 1950, se ter optado pela instalação de espécies de crescimento rápido, em especial eucaliptos (Eucaliptus spp.) e choupos (Populus spp.) nas áreas de maior impacto visual.

Entretanto, o restante arvoredo desenvol-via-se mais ou menos lentamente dominando os pinhais de pinheiro-manso ou de pinhei-ro-de-Alepo – ocorrendo ainda alguns po-voamentos de pinheiro-das-Canárias (Pinus canariensis) –, os ciprestes, com ciprestes-do--Buçaco, ciprestes-comuns (Cupressus sem-

pervirens) e ciprestes-de-Monterey (Cupressus macrocarpa), e ainda eucaliptais, acaciais, sobreirais e azinhais, frequentemente em povoamentos mistos. Foi plantada mais de uma centena de espécies de árvores, quer em povoamentos estremes (puros), quer em pe-quenas manchas para fins de ensaios, embora muitas tenham desaparecido ou dificilmente subsistido face à competição com espécies melhor adaptadas.

As espécies aplicadas de forma sistemática em povoamentos puros ou mistos foram se-leccionadas de acordo com a experiência dos Serviços Florestais – sobreiros, azinheiras,

Os pinheiros-mansos (Pinus pinea) formam hoje bosques com um meio arbustivo dominado por adernos (Phillyrea latifolia), folhados (Viburnum tinus) e medronheiros (Arbutus unedo).

Clube Português deTiro a Chumbo

Espaço Monsanto

Bairro daBoavista

Bairroda Serafina

Caselas

Parque do Calhau

0 500m

Zambujeiros – 9, 10, 11Sobreiros e azinheiras – 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8

Pinheiros-das-Canárias – 12Carvalhos-cerquinhos – 13Sobreiros – 14

14

Parque de Campismode Monsanto

Tapada da Ajuda

Espaço Biodiversidade

Espaço Monsanto

Forte deMonsanto

Parque Recreativodo Alvito

[ViadutoDuarte Pacheco]LisboaAlameda

Keil do AmaralMontesClaros

[A5]Cascais

3

21

4

5 6 7

8

9 10

11

1213

N

227m

pinheiros-mansos e pinheiros-de-Alepo, tal como diferentes espécies exóticas de ciprestes, de acácias e de eucaliptos –, tendo sido ainda realizados ensaios de plantação com espécies de que se tinha pouca ou nenhuma experiên-cia, como o carvalho-cerquinho ou português (Quercus faginea), o carvalho-alvarinho ou ro-ble (Quercus robur) e o pinheiro-das-Canárias.

A recolonização naturalDiversos povoamentos começaram depois

a apresentar alterações profundas na sua com-posição, em especial ao nível de subcoberto, devido ao aparecimento de espécies que não haviam sido introduzidas durante as acções de florestação, mas provinham basicamente de rebentos de toiças da vegetação existente jun-to aos muros e de outras divisórias de campos agrícolas, e que passavam praticamente des-percebidas pelo seu frequente corte.

Entre as espécies assim surgidas são de refe-rir as silvas (Rubus ulmifolius), as madressilvas (Lonicera periclymenum), os ulmeiros (Ulmus minor), os pilriteiros (Crataegus monogyna) e os abrunheiros-bravos (Prunus spinosa), que actualmente cobrem extensas áreas do par-que florestal, geralmente associadas a zonas de maiores disponibilidades hídricas, como linhas de água e zonas de ressurgências hídri-cas. Em zonas mais secas surgiram esporadica-mente manchas de carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) e de carrascos (Quercus coccifera).

A arborização e consequentes alterações no tipo de coberto vegetal reflectiram-se na fauna, passando um número cada vez maior de espécies a povoar Monsanto. As aves con-tribuíram de modo significativo para o de-senvolvimento da vegetação. O transporte de sementes levado a cabo pela avifauna terá sido responsável pela existência de adernos

povoAmentos clAssificAdos

Fonte: Câmara Municipal de Lisboa.

Page 7: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

38 39

Evolução da Vege tação em Monsanto

0 500 mN

Qf

Oe

Jt

Ta

Qp

U/F

Quercus faginea (Carvalho-cerquinho)Qf

Quercus pyrenaica (Carvalho-negral)Qp

Ulmus / Fraxinus (Ulmeiro / Freixo)U/F

Olea europaea (Zambujeiro)Oe

Juniperus turbinata (Sabina-das-praias)Jt

Tamarix africana (Tamariz)Ta

[Viaduto Duarte Pacheco]

Lisboa[A5]Cascais

1. Uma morfologia de transição entre as árvores de folhagem persistente e de folhagem caduca; a árvore nunca fica totalmente “despida”; antes de caírem todas as folhas secas, já rebentaram novas folhas. 2. Encontrando-se neste caso Monsanto quase no limite sul de ocorrência desta espécie em Portugal; em Espanha e Marrocos a espécie ocorre a latitudes mais meridionais mas em habitats de altitude.

outras) e, por fim, dos presumíveis elementos arbóreos dominantes nas florestas primitivas da zona de Monsanto – carvalhos-cerquinhos e negrais, freixos e ulmeiros.

A vegetação natural potencialA Vegetação Natural Potencial é um con-

ceito que procura prever o coberto vegetal que por sucessivas etapas se desenvolverá num determinado lugar, excluindo qualquer forma de perturbação externa ao meio (como o impacte de espécies exóticas, por exemplo), atingindo o equilíbrio num estádio de maior complexidade, com a presença de todos os estratos (herbáceo, arbustivo e arbóreo) bem desenvolvidos. Com base nos elementos ves-

tigiais ainda sobrantes (não obstante uma actividade agro-pastoril de vários milénios), e de acordo com as actuais condições ecológi-cas, como seria a vegetação natural potencial de hoje na serra de Monsanto?

Em condições mesófilas (condições hi-drologicamente equilibradas em solos evo-luídos com boa drenagem), a estrutura pre-dominante seria o carvalhal marcescente1 dominado pelo carvalho-cerquinho. Nos habitats ligeiramente mais hidrófilos (com maiores disponibilidades hídricas), designa-damente orlas das zonas húmidas e encostas orientadas a norte, o domínio corresponde-ria aos carvalhais caducifólios (de folhagem caduca) dominados por carvalho-negral2.

fisiológicos, eventualmente provocados por condi-ções ambientais especificas (períodos de estiagem prolongados e/ou competição intra-específica).

Pragas, doenças e não sóNo caso dos povoamentos de sobreiros e azinheiras, as pragas não têm sido relevantes, apesar da presença de numerosos insectos desfolhadores que geralmente afec-tam partes pouco significativas da copa. Na detecção de pragas e doenças, tem havido, desde 1979, uma colaboração com o Instituto de Fitopato-logia Veríssimo de Almeida, o Instituto Nacional de Investigação Agrária (Estação Florestal Nacional) e a Faculdade de Ciências. A monitorização e acções de controle de pragas e doenças têm sido um dos objectivos principais na gestão do Parque Florestal de Monsanto.Por outro lado, e à parte das pragas e doenças, uma situação crítica ocorreu com os pinheiros-de-Alepo

que foram instalados em solos de origem basáltica. Sendo uma espécie característica de solos calcários ou arenosos, nos solos argilosos as suas raízes não se aprofundam, desenvolvendo-se quase sempre ho-rizontalmente. Este facto determinou a queda de numerosos indivíduos durante as tempestades da década de 1980 e, a partir da década de 1990, povoamentos de apreciável dimensão, incluindo ár-vores de grande porte, começaram a inclinar-se com o peso das copas e, não raramente, caem as árvores periféricas (mais desprotegidas).Condições climáticas adversas, como a secura estival prolongada, terão sido a causa provável da morte de alguns pequenos povoamentos de pinheiros-mansos e da eliminação, por diversas vezes, da parte aérea (à superfície) das acácias-da-Austrália (Acacia me-lanoxylon), uma espécie exótica infestante, cujos po-voamentos sofreram danos significativos.

Pragas, doenças e outras enfermidades (continuação)

Outrora, os zambujeiros (Olea europaea var. sylvestris) teriam formado bosques nalgumas áreas de Monsanto, em particular junto ao litoral onde ainda hoje existem exemplares notáveis.

vegetAção nAturAl potenciAl de monsAnto

Fonte: Câmara Municipal de Lisboa.

0 500 mN

Qf

Oe

Jt

Ta

Qp

U/F

Quercus faginea (Carvalho-cerquinho)Qf

Quercus pyrenaica (Carvalho-negral)Qp

Ulmus / Fraxinus (Ulmeiro / Freixo)U/F

Olea europaea (Zambujeiro)Oe

Juniperus turbinata (Sabina-das-praias)Jt

Tamarix africana (Tamariz)Ta

[Viaduto Duarte Pacheco]

Lisboa[A5]Cascais

Page 8: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

42 43

Flora

A FlorA de MonsAntoPela sua importância ou representatividade no Parque Florestal de Monsanto, destacamos 25 espécies de árvores e arbustos, sobretudo

nativas mas também algumas exóticas. Um convite para se partir à descoberta da rica flora de Monsanto.

Textos joão paulo gomes*

* com par t ic ipação de david Travassos ( textos das espécies, da Vegetação mediterrânica e do género Quercus ) e de andré Fonseca ( texto da Vegetação mediterrânica)

Page 9: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

44 45

Flora

árvores

Pinheiro-das-CanáriasPinus canariensis Sweet ex Spreng.

Foi plantado em Monsanto pela primeira vez em Portugal, formando na zona da Alameda Keil do Amaral o maior povoa-mento do país (2,6 hectares).Endémica (com origem restrita a uma re-gião) das ilhas Canárias, esta espécie tem sofrido uma forte redução das suas po-pulações, formando apenas florestas de dimensão significativa nas ilhas de Tene-rife e de La Palma. Está muito bem adap-tada à falta de água, podendo sobreviver com precipitações anuais de 200 mm. É uma árvore de grande porte, podendo chegar aos 45 metros de altura. O tronco assemelha-se ao do pinheiro-manso e as folhas (em forma de agulhas) dispõem--se em grupos de três (o pinheiro-manso e a maioria dos pinheiros apresentam--nas aos pares) e são flexíveis e penden-tes. Nas árvores mais maduras surgem frequentemente raminhos a rebentar directamente do tronco principal. Com-parativamente a outros pinheiros, a sua madeira apresenta das melhores carac-terísticas para construção e trabalhos de marcenaria.

É uma das espécies com maior ocupação em Monsanto, onde forma bosques contí-nuos. O pinheiro-manso é uma árvore que pode chegar aos 30 metros de altura, cuja característica copa larga e arredondada lhe deu o nome comum inglês de “umbrella--pine” (pinheiro-chapéu-de-chuva). Esta espécie encontra-se disseminada por toda a Bacia do Mediterrâneo desde tem-pos pré-históricos, sendo difícil precisar a sua real origem, apontando-se no entanto que seja autóctone em Portugal. As folhas apresentam-se reduzidas a agulhas que se dispõem aos pares, minimizando perdas de água por evapotranspiração. A casca, fissurada em placas largas, tem uma colo-ração castanha-avermelhada.O pinheiro-manso tem sido plantado por todo o território português, em especial nas zonas litorais do Centro e Sul, dada a sua preferência por solos arenosos e re-giões pouco sujeitas a geadas. Esta carac-

terística confere-lhe apetência para a sua utilização na contenção das areias e do vento nas regiões costeiras. De referir que o Pinhal de Leiria, hoje dominado pelo pinheiro-bravo (Pinus pinaster) era, até à Revolução Industrial, constituído maiori-tariamente por pinheiro-manso. Hoje em dia, o concelho de Alcácer do Sal alberga a maior mancha mundial contínua desta espécie. A copa singular deste pinheiro confere--lhe um grande valor paisagístico, sendo também um bom refúgio para aves, des-tacando-se, por exemplo, o pombo-torcaz (Columba palumbus), que visita estes pinhais para a sua estadia invernal em Portugal. O pinhão, comestível, razão principal da sua plantação, deu-lhe a designação comum de “manso”. A árvore precisa de cerca de 15 anos para frutificar e a maturação das se-mentes leva três anos. A sua longevidade pode ultrapassar os 250 anos.

Pinheiro-de-Alepo Pinus halepensis Miller

É uma das árvores mais plantadas em Monsanto, sobretudo em solos calcá-rios. Apesar de ser uma espécie oriun-da de quase toda a orla do Mar Medi-terrâneo não é nativa em Portugal. Foi identificada pela primeira vez na região de Alepo, no Norte da Síria, de onde lhe vem o epíteto. Com uma copa ir-regular, que chega aos 20 metros, pode viver 200 anos. O tronco é acinzenta-do, apresentando pequenas fissuras. Uma das características que o distingue de outros pinheiros é o facto de man-ter as pinhas de vários anos nos ramos, ao contrário das outras espécies que as deixam cair após a libertação das se-mentes. As suas sementes são muito procuradas pelos esquilos.O seu rápido crescimento, a grande tole-rância ao calcário e a resistência à secura, tem levado à sua utilização como pro-tecção contra a erosão de solos e como quebra-vento nas zonas costeiras (sobre-tudo na região de Lisboa). É também útil no reflorestamento de solos esqueléticos onde poucas espécies conseguem vingar.

Pinheiro-manso Pinus pinea L.

Page 10: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

56 57

Flora

Arbustos/subArbustos

Medronheiro Arbutus unedo L.

É um arbusto de porte arbóreo, com um tronco bastante retorcido de cor levemente avermelhada. É espontâneo em Portugal, principalmente a sul do Tejo, embora cli-maticamente se encontre tanto em regiões mediterrânicas como atlânticas. As folhas, persistentes, apresentam a margem serrada com um pecíolo (“pé” da folha) averme-lhado. As flores surgem em Outubro-No-vembro, em simultâneo com os frutos que levaram um ano a amadurecer. Estes são comestíveis e bastante ornamentais, colo-rindo as copas de amarelos e vermelhos nas várias fases de amadurecimento. O fruto é comido cru ou cozinhado, mas o seu uso mais conhecido é na confecção de licores e aguardentes depois de fer-mentado, com importância económica nas serras algarvias.

Folhado Viburnum tinus L

Autóctone em Portugal, o folhado é nativo no Mediterrâneo e na Macaronésia (região biogeográfica que em Portugal abrange os Açores e a Madeira). É uma das espécies relíquias das antigas florestas do Terciário (cerca de 66 Ma a 1,8 Ma), como o medro-nheiro (Arbutus unedo) e o azereiro (Prunus lusitanica), partilhando com eles característi-cas como as folhas verde-escuras, perenes, e pecíolos (“pés” da folha) avermelhados. O habitat do folhado está associado a bosques e galerias ribeirinhas. De utili-zação ornamental, apresenta bonitas e perfumadas flores brancas no Inverno, revestindo-se depois de frutos (bagas) azuis-metálicos que aumentam o seu va-lor ornamental e servem de alimento a aves. O folhado suporta tanto a exposi-ção solar como o ensombramento.

Aderno Phillyrea latifolia L.

Da mesma família que as oliveiras (Ole-aceae), o aderno é um arbusto de folha persistente com porte arbóreo, poden-do alcançar os 15 metros de altura. En-contra-se em Portugal em regiões pou-co expostas a geadas, sendo indiferente à natureza do solo. Ocorre em zonas de floresta e matos altos, desde que exista alguma humidade. As folhas são opos-tas (saindo aos pares para lados con-trários em cada nó dos raminhos). Os frutos são muito procurados por aves.A madeira é rija, originando um bom carvão, utilizado antigamente pelos fer-reiros. As folhas e frutos são usados na medicina tradicional no tratamento de úlceras e inflamações da boca. Tal como o sanguinho-das-sebes (Rhamnus alater-nus), é usado em sebes de jardins.

Sanguinho-das-sebes Rhamnus alaternus L.

É um arbusto de folha persistente que ocorre por toda a Bacia do Mediterrâneo. Em Portugal aparece sobretudo no Cen-tro e Sul, formando moitas compactas de grande importância como abrigo para aves. Muito parecido com o aderno (Phillyrea latifolia), distingue-se por apresentar folhas alternadas (saindo dos raminhos alterna-damente para um lado e para o outro) ao invés de opostas (aos pares, uma para cada lado). Os frutos são apreciados por diver-sas aves, que contribuem para a dissemina-ção e germinação das sementes.Esta espécie é usada como ornamental, principalmente para formar sebes. Com este mesmo fim foi introduzido na Aus-trália, onde se tornou uma espécie in-festante.

Madressilva-das-boticas Lonicera periclymenum L.

A madressilva é um arbusto trepador de folha caduca que ocorre por todo o país em áreas de bosque (especialmente de sobreiros). Com interesse ornamental, é pouco usada nos jar-dins em Portugal, sendo recorrente utilizar-se uma espécie asiática – Lonicera japonica. As suas

flores destacam-se pela forma – pequenas “trombas” rosadas que se abrem em péta-las brancas-amareladas, muito perfumadas. Apesar de visitadas por abelhas, são bor-boletas nocturnas que asseguram a polini-zação das madressilvas. Existem mais duas espécies autóctones: a madressilva-caprina (Lonicera etrusca) e a madressilva (Lonicera implexa). São ambas de folha perene, dis-tinguindo-se por as flores da madressilva-

-caprina apresentarem pedúnculo (raminho que sustenta a flor). O nome comum considera-a a “mãe da ve-getação selvagem” (madre – silva), enquanto “boticas” relembra a sua utilização medicinal (“botica” – antiga expressão para farmácia). Uma infusão elaborada com as suas bagas avermelhadas é usada contra a asma, e uma pomada feita pela maceração das bagas em aguardente alivia as dores musculares.

Page 11: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

64 65

Fauna – Ave s

As aves de MonsAnto

As aves são a classe de vertebrados mais facilmente observada em Monsanto e das que mais fascínio desperta nos observadores de vida selvagem. Foram por isso salientadas face a outros grupos de animais. Entre as

65 espécies residentes, estivais, invernantes e migradoras de passagem já identificadas no Parque Florestal de Monsanto, destacamos 20

pela sua representatividade na maior área verde de Lisboa.Textos David Travassos

I lustrações José Garção (JG) ; José Projecto (JP) ; marcos Ol iveira (mO)

Águia-de-asa-redonda ou búteo Buteo buteo

É a ave de rapina mais comum na Europa, residente em Portugal de norte a sul, incluindo Monsanto, onde nidifica. A águia-de-asa-redonda revela uma extraordinária capacidade de adaptação a ambientes diversificados. Vasculhando o céu com alguma atenção podemos observá-la a voar sobre o arvoredo de Monsanto, geralmente em círculos, soltando por vezes o seu piar característico. Com uma envergadura de cerca de 130 centímetros, pode ser identificada pela parte inferior das asas esbranquiçada e abdómen escuro. Durante as paradas nupciais os búteos voam em círculos bem no alto e descem em “quedas livres”. As suas presas abrangem pequenos roedores, lagartos, cobras, pequenas aves e insectos.

Perdiz-comum Alectoris rufa

É uma ave gregária, reunida sempre em bandos. Vive ao nível do solo, onde choca os seus ovos numa cova esgravatada, e é uma hábil corredora, sendo essa a sua primeira estratégia de fuga quando assustada antes de sentir

necessidade de levantar voo. E mesmo este é efectuado próximo do chão, com as asas arqueadas para baixo – é assim que na maior parte das vezes um bando de perdizes é avistado. As perdizes esgravatam o solo à procura de alimentos (rebentos de plantas, sementes e insectos). Os mais rijos são amolecidos no papo e triturados na moela que “funciona como uma mó”, com a

Pato-real Anas platyrhynchos

É a espécie de pato mais comum em toda a Europa, sendo uma das poucas residentes em Portugal onde se distribui de norte a sul. No Parque Florestal de Monsanto ocorre sobretudo no lago do Espaço Biodiversidade, podendo ser ainda observado em outros espaços verdes de Lisboa. A sua abundância e vasta distribuição geográfica, abrangendo diversos continentes, são reveladores do grande poder de adaptação desta ave aquática. Ao contrário dos seus parentes mergulhadores, apenas submergem a cabeça em busca de alimento, mantendo a parte posterior do corpo à superfície. Durante quase todo o ano os patos-reais vivem em casais, reunidos geralmente em grupos maiores. Nas paradas nupciais exibem diferentes comportamentos, tal como no período da cópula. A sua alimentação varia desde plantas aquáticas e raízes, a caracóis, vermes, girinos e até rãs.

ajuda dos grãos de terra engolidos com os alimentos. Quando saem dos ovos, os perdigotos conseguem logo abandonar o ninho mesmo antes de saberem voar. É uma das “estratégias” de sobrevivência das aves que nidificam no solo, já que ficam sujeitas a inúmeros predadores. Por isso as perdizes são consideradas aves nidífugas, tal como as abetardas (Otis tarda), os sisões (Tetrax tetrax) ou os alcaravões (Burhinus oedicnemus). A perdiz é uma ave sedentária comum em Portugal, podendo ser observada nas clareiras de Monsanto como, por exemplo, na zona do Anfiteatro Keil do Amaral. A sua distribuição mundial restringe-se à Península Ibérica, França, Itália e Reino Unido (onde foi introduzida).

JG

JG

JP

Page 12: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

140 141

Moinhos do Mocho – Percur so 6

Percurso dos Moinhosdo Mocho

É um percurso recheado de motivos de interesse que parte à descoberta das áreas ocidental e central de Monsanto.

Pelo caminho visitamos miradouros, os Moinhos do Mocho, “crateras” de antigas pedreiras reconquistadas pela vegetação, um povoamento classificado de zambujeiros, bosques mediterrânicos.

Uma oportunidade também para encontros com esquilos, pica-paus, gaios e águias-de-asa-redonda.

Page 13: 4 5 - Naturterra · Zona de merendas P Estacionamento Símbolos Cafetaria Miradouro Circuito de manutenção ... condição de floresta, pela mão do homem que a extinguiu no passado

Guia do Parque Florestal de MONSANTO

146 147

Moinhos do Mocho – Percur so 6

tomado por antenas e vegetação herbácea, voltamos à direita por um caminho que con-torna o recinto pelo lado esquerdo. Conti-nuamos em frente pelo caminho principal, passando por um povoamento de eucaliptos (Eucalyptus sp.) e depois por um pinhal (ig-norando um primeiro desvio à esquerda). A qualquer momento podemos ser surpreendi-

dos pelo piar estridente de um pica-pau-ma-lhado (Dendrocopus major) ou mesmo pelo seu som tamborilado numa árvore. Pouco tempo depois, junto a dois equipamentos do circuito de manutenção do lado direito (onde já passáramos), viramos num caminho à esquerda, regressando assim ao ponto de partida, o restaurante Monte Verde.

contexto nacional, com um coberto arbustivo bem desenvolvido onde medram folhados, adernos, medronheiros e aroeiras (Pistacia lentiscus). O caminho vai subindo gradual-mente até chegar a um pequeno largo, num dos locais mais particulares de Monsanto, co-nhecido como “Seis Pedreiras”. As pequenas “crateras” que originaram foram recuperadas pela natureza e estão hoje totalmente envol-vidas pela vegetação, num cenário de grande singularidade.

Ignorando os trilhos que partem um para cada lado antes das ruínas dos fornos de pedra, seguimos em frente. Quando o ca-minho curva à direita conseguimos aceder, em frente, à base da maior “cratera” da zona

(através de uma pequena passagem aberta na vegetação), e espreitar a particularidade deste cenário conquistado pelas plantas. Logo a seguir à curva, o caminho estreita e sobe dentro da floresta pela orla da antiga pedreira.

Já no cimo, voltamos à direita no cami-nho principal (no lado esquerdo vê-se uma casa dos antigos Serviços Florestais) que entronca depois num caminho alcatroado onde continuamos novamente pela direita. Quando chegarmos à estrada principal vi-ramos à esquerda e subimos. Aproximamo--nos do Estabelecimento Prisional de Mon-santo, e quando surgir um campo de jogos do lado direito, em pleno planalto da serra,

mapa do percurso Extensão: cerca de 4 km

227m

1

2

0 300mN

Parquede Campismode Monsanto

Área Militar

Cruz das Oliveiras

Campode jogos

Planaltode Monsanto

Luneta dosQuartéis

Moinhosdo Mocho

Bairro daBoavista

[ViadutoDuarte

Pacheco]Lisboa[A5]

Cascais

(estabelecimento prisional)Forte de Monsanto

Percurso

Início e fim do percurso

Zona de merendas

Restaurante

Vias Símbolos

Cafetaria

Miradouro

Circuito de manutenção

2 Seis Pedreiras

P Estacionamento

Restaurante Monte Verde1

Estrada alcatroada

Caminho de terraEstrada c/ acesso restrito

Ciclovia

P[ ]

227m

1

2

0 300mN

Parquede Campismode Monsanto

Área Militar

Cruz das Oliveiras

Campode jogos

Planaltode Monsanto

Luneta dosQuartéis

Moinhosdo Mocho

Bairro daBoavista

[ViadutoDuarte

Pacheco]Lisboa[A5]

Cascais

(estabelecimento prisional)Forte de Monsanto

Percurso

Início e fim do percurso

Zona de merendas

Restaurante

Vias Símbolos

Cafetaria

Miradouro

Circuito de manutenção

2 Seis Pedreiras

P Estacionamento

Restaurante Monte Verde1

Estrada alcatroada

Caminho de terraEstrada c/ acesso restrito

Ciclovia

P[ ]

As “alminhas” também estão presentes na serra de Monsanto.

Pinheiros-mansos (Pinus pinea), zambujeiros (Olea europea var. sylvestris), adernos (Phillyrea latifolia), medronheiros (Arbutos unedo) e folhados (Viburnum tinus) formam densos bosques mediterrânicos.

As alfarrobeiras (Ceratonia siliqua), uma espécie nativa, surgem pontualmente em Monsanto sem formarem alfarrobais. As suas folhas são compostas por folíolos aos pares.