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_______________________________________________________________________________________ Mini curriculum AdvogadomilitanteespecializadoemDireito Civil e Processo Civil, Professor Universitário, de PósGraduação e de CursosPreparatórios para o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil. Contatos: E‐mail: [email protected]: fb.com/custodio.nogueiraSite: custodionogueira.com.br 2ª Fase OAB - 100% GRATUITOdigite no you tube: custodionogueira 2ª fasegrátis 3ª AULA (COMPENTÊNCIA 1/2) 6.3. Competência da Justiça do Trabalho. 6.3.2. Material. Análise do art. 114 da Constituição Federal. COMPETÊNCIA Competência é o limite da jurisdição. A competência é a medida da jurisdição que, é una. A competência é pressuposto de validade do processo. Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA A competência é normalmente classificada em Absoluta e Relativa. A COMPETÊNCIA ABSOLUTAé aquela fundada em fatores cogentes, norma ordem pública, de modo que pode e deve ser objeto de verificação de ofício pelo juiz. Norma de ordempública é a norma inafastável pela vontade das partes. Ex.:As regras de incapacidade. A competência absoluta é IMPRORROGÁVEL e deve ser declarada em qualquer grau ou instância de jurisdição. Art. 64, § 1 o do CPC - A incompetênciaabsolutapodeseralegadaemqualquer tempo e grau de jurisdição e deveserdeclarada de ofício. A COMPETÊNCIA RELATIVAse baseia no de interesse exclusivo das partes, devendo ser arguidas para ser conhecida pelo juízo.

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_______________________________________________________________________________________

Mini curriculum

AdvogadomilitanteespecializadoemDireito Civil e Processo Civil, Professor Universitário, de PósGraduação e de CursosPreparatórios para o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil.

Contatos: E‐mail: [email protected]: fb.com/custodio.nogueiraSite: custodionogueira.com.br 2ª Fase OAB - 100% GRATUITOdigite no you tube: custodionogueira 2ª fasegrátis

3ª AULA (COMPENTÊNCIA 1/2) 6.3. Competência da Justiça do Trabalho.

6.3.2. Material. Análise do art. 114 da Constituição Federal.

COMPETÊNCIA

• Competência é o limite da jurisdição. A competência é a medida da jurisdição que, é una. A competência é pressuposto de validade do processo.

Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.

CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

A competência é normalmente classificada em Absoluta e Relativa. A COMPETÊNCIA ABSOLUTAé aquela fundada em fatores cogentes, norma ordem pública, de modo que pode e deve ser objeto de verificação de ofício pelo juiz. Norma de ordempública é a norma inafastável pela vontade das partes. Ex.:As regras de incapacidade. A competência absoluta é IMPRORROGÁVEL e deve ser declarada em qualquer grau ou instância de jurisdição.

Art. 64, § 1o do CPC - A incompetênciaabsolutapodeseralegadaemqualquer tempo e grau de jurisdição e deveserdeclarada de ofício.

A COMPETÊNCIA RELATIVAse baseia no de interesse exclusivo das partes, devendo ser arguidas para ser conhecida pelo juízo.

A competência relativa é PRORROGÁVEL.

Art. 65 do CPC - Prorrogar-se-á a competênciarelativa se o réunão alegar a incompetênciaempreliminar de contestação.

Quando o réu não opõe exceção de incompetência relativa (arts. 799 e 800 da CLT), esta seprorroga de forma tácita, tornando competente o juízo que era relativamente incompetente.

Art. 64 do CPC - A incompetência, absolutaourelativa, seráalegadacomoquestãopreliminar de contestação.

E o “foro de eleição”? Não é admitido nos contratos de trabalho, tendo em vista a hipossuficiência do trabalhador.

• Para a fixação da Competência o Direito Processual utiliza-se de cinco critérios.

1. Material; 2. Funcional ou hierárquico; 3. Territorial; 4. Em razão da pessoa; 5. Em razão do valor da causa.

Vamos ao estudo de um a um.

1. Material; A competência em razão da matéria é aquela que se funda na natureza das causas ou conflitos. Ex.: acompetência para matérias criminais, de família, de relações de trabalho, de benefícios previdenciários etc.

2. Funcional ou hierárquico;

A competência funcionaldecorre das funções exercidas pelo juiz em determinado processo, de acordo com as suas fases, ouseja, no decorrer do procedimento, inclusive quanto ao grau de jurisdição. Nesse sentido, a competência hierárquica é uma espéciede competência funcional por se referir à competência originária para conhecer e decidir a causa, bem como à competênciarecursal, ou seja, para o julgamento de eventual recurso.

Art. 62. A competênciadeterminadaemrazão da matéria, da pessoaou da função é inderrogávelporconvenção das partes.

Os conflitos coletivos de trabalho que excedam à área alcançada pelos Tribunais Regionais do Trabalho são de competênciaoriginária do Tribunal Superior do Trabalho (art. 702, inciso I, b, da CLT), conforme Lei 7.701/1988, art. 2º, inciso I, a. Nessecaso, a competência funcional é da Seção de Dissídios Coletivos do TST.

3. Territorial;

A competência em razão do lugar(competência territorial ou de foro) leva em conta à localização, ou seja, o local em que o fato ou o dano ocorreu. No processo do trabalho aplica-se o art. 651 da CLT.

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinadapela localidadeonde o empregado, reclamanteoureclamado, prestarserviçosaoempregador, ainda que tenhasidocontratadonoutro local ou no estrangeiro.

4. Em razão da pessoa; A competência em razão da pessoaé estabelecida em decorrência da presença de certos entes no processo.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalhoprocessar e julgar: III as açõessobrerepresentaçãosindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

Jurisprudência:

CONFLITO INTRA-SINDICAL - SINDICATO REPRESENTANTE DE CATEGORIA PROFISSIONAL COMPOSTA DE SERVIDORES PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - ARTIGO 114, III, DA CF/88 - Mesmo nas hipóteses em que a Constituição Federal continua mencionando competência em razão das pessoas (v.g. art. 114, inciso III), primeiramente, o conflito deve ser oriundo ou decorrente de uma relação jurídica básica que é a relação de trabalho. Logo, as demandas inter e intra-sindicais envolvendo sindicatos representantes de categorias que não se vinculam a relações de trabalho devem ser endereçadas à Justiça Comum, e não a esta Especializada. É o que ocorre com relação a sindicato representante de categoria profissional composta por servidores públicos estatutários. Incompetência absoluta que se declara de ofício. TRT-9 - 317820078909 PR 3178-2007-8-9-0-9 (TRT-9) Data de publicação: 23/05/2008

Jurisprudência:

CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA. Demonstrado que a relação comercial se dava entre pessoas jurídicas, ainda que o reclamante exercesse pessoalmente a atividade de representação comercial, tendo em vista sua condição de sócio majoritário da pessoa jurídica. Conflito que envolve relação de representação comercial entre pessoas jurídicas não inserido na competência material desta Justiça do Trabalho. TRT-4 - RecursoOrdinário RO 00002599220115040027 RS 0000259-92.2011.5.04.0027 (TRT-4) Data de publicação: 05/09/2013

Aindaemrelação a pessoa.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

5. Em razão do valor da causa.

A competência em razão do valor da causarefere-se, como o próprio nome indica, ao ajuizamento e processamento das ações perante distintos juízos levando em conta o valor do pedido, como, por exemplo, nos Juizados Especiais Federais Cíveis, com competência para demandas cujo valor da causa seja de até 60 salários mínimos (Lei 10.259/2001, art. 3º).

Nãoconfundir com determinação de Rito Processual.

Art. 2º, § 3º da Lei 5.884/70 - Quando o valor fixado para a causa, na forma dêsteartigo, nãoexceder de 2 (duas) vêzes o salário-mínimovigentenasede do Juízo, serádispensável o resumo dos depoimentos, devendoconstar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato. Art. 852-A da CLT -Osdissídiosindividuaiscujo valor nãoexceda a quarentavezes o saláriomínimovigentena data do ajuizamento da reclamaçãoficamsubmetidosaoprocedimentosumaríssimo.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA

• A competência em razão da matéria é fixada pelo art. 114 da CF, que sofreu profundas alterações pela EC 45/2004 e merece análise mais aprofundada.

• Redação anterior E.C. nº45/2004:

• Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

• Redação atual E.C. nº45/2004:

• Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

• I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

A relação de trabalho abrange todas as formas de trabalho humano, independentemente, do ramo do Direito que a regule. Precedente jurisprudencial de 1.991 de suma relevância (STF – Pleno – Conflito de Jusridição n. 6.959-6, Rel. (Designado) Ministro Sepúlveda Pertence. DJU 22.02.1991.

Jurisprudência:

“JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPETÊNCIA. CF, art. 114. Ação de empregado contra o empregador visando à observação das condições negociais de promessa de contratar formulada pela empresa em decorrência da relação de trabalho: 1 – Compete à Justiça do Trabalho julgar demanda de servidores do Banco do Brasil para compelir a empresa ao cumprimento da promessa de vender-lhes, em dadas condições de preço e modo de pagamento, apartamentos que, assentindo em transferir-se para Brasília, aqui viessem a ocupar, por mais de cinco anos, permanecendo a seu serviço exclusivo e direto. 2- À determinação da competência da Justiça do Trabalho não importa que dependa a solução da lide de questões de direito civil, mas sim, no caso, que a promessa de contratar cujo alegado conteúdo é o fundamento do pedido, tenha sito feita em razão da relação de emprego, inserindo-se no contrato de trabalho”.

Ações Possessórias decorrentes da relação de trabalho. Ex.:pedido de devolução do instrumento de trabalho ou desocupação da moradia fornecida para o trabalho.

Os trabalhadores de Cartórios Extrajudiciais, são considerados empregados.

Art. 236. Osserviçosnotariais e de registrosãoexercidosemcaráterprivado, pordelegação do PoderPúblico. Art. 20 8.935/1994 - Osnotários e osoficiais de registropoderão, para o desempenho de suasfunções, contratarescreventes, dentreelesescolhendoossubstitutos, e auxiliarescomoempregados, com remuneraçãolivrementeajustada e sob o regime da legislação do trabalho.

TrabalhoTemporáriona nova Lei 13.429/2017. Referida lei nãorevou o art. 19 da Lei 6.09/74:

Art. 19 - Competirá à Justiça do Trabalhodirimiroslitígios entre as empresas de serviçotemporário e seustrabalhadores.

Por outro lado, a lide entre empresa de trabalhotemporário e a tomadorasão de competência da Justiça Comum. RELAÇÕES DE TRABALHO de competência da Justiça Trabalhista:

O trabalhador doméstico eventual (como o “diarista”); O trabalhador rural eventual; O trabalhador urbano eventual; O trabalhador autônomo; O trabalhador avulso; O trabalhador voluntário; O estagiário; O trabalhador considerado pequeno empreiteiro; O Profissional Liberal etc.

A atual previsão constitucional não mais restringe a competência da Justiça do Trabalho para a solução dos conflitospertinentes às relações de emprego propriamente. COMPETÊNCIA MATERIAL – RELAÇÃO DE CONSUMO Na RELAÇÃO DE CONSUMO os sujeitos são o fornecedor e o consumidor. A prestação de serviço do fornecedor ao consumidor NÃO é relação de emprego. O art. 2º do CDC (Lei 8.078/90): “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Por sua vez, o art. 3º: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. Hipótese distinta é da relação de trabalho autônomo ou eventual (prestado por pessoa natural e compessoalidade), que não se identifique com relação de consumo, tem-se a competência da Justiça do Trabalho. Profissional Liberal X Cliente (HONORÁRIOS)

• Súmula 363 do STJ - Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.

COMPETÊNCIA MATERIAL – FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

• Art. 114, I, CF: as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, exceto os servidores ocupantes de cargos criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas as autarquias e fundações públicas dos referidos entes da federação;

A parte sublinhada foi excluída do texto final. Liminar do Ministro Nelson Jobim, então presidente do STF, nos autos da ADIN nº 3.395:

“... Concedo a liminar ... Dou interpretação conforme ao inciso I do art. 114 da CF, na redação da EC n. 45/2004. Suspendo, “ad referendum”, toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua na competência da Justiça do Trabalho, a “... Apreciação ... de causas que ... Sejam instauradas entre o Poder Publico e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico administrativo...” (27/01/2005).

Jurisprudência: “INCONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DIRETA. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA RECONHECIDA. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC 45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação: O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídicoestatutária” (ADI 3.395-6-MC/DF, Plenário do STF, Relator Ministro César Peluso, DJ 10.11.2006)

Jurisprudência:

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL. Diante do entendimento exarado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no RE 573202-AM, Relator Ricardo Lewandowski, DJ 05/12/2008 e na ADI 3.395-MC/DF, Relator Ministro César Peluso, DJ 10/11/2006, esta Corte cancelou a Orientação Jurisprudencial nº 205 da SBDI-1, por meio da decisão Plenária de 23.04.2009. Adotou-se, então, o entendimento de que a contratação temporária de servidor público, por ente público, por meio de regime especial estabelecido em Lei Municipal ou Estadual, com fulcro nos artigos 114 e 37, IX, da CF/1988, é da competência da Justiça Comum, ainda que quaestio envolva a interpretação de contrato de Trabalho regido pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho. Isso porque, o que importa é que esteja caracterizada a natureza jurídica estatutária da relação de emprego de cunho temporário, e estabelecida entre as partes, por meio de regime especial previsto em lei especial, para que esteja caracterizada a incompetência da Justiça do Trabalho. Repercussão Geral de matéria constitucional reconhecida pelo Eg. STF. Observância do RE 573202-AM, Relator Ricardo Lewandowski, (DJ 05/12/2008). Declarada a incompetência da Justiça do Trabalho, merece conhecimento e provimento o recurso de revista para determinar a remessa dos autos à Justiça Estadual Comum. Recurso de revista conhecido e provido. Processo: RR - 127100-75.2008.5.11.0017 Data de Julgamento:

28/04/2010, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/05/2010.

Lembrar que a Lei 8.112/90 já havia tentado esclarecer a redação do art. 114 da CF:

Art.240.Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: d) de negociação coletiva; (Mantido pelo Congresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. (Mantido pelo Congresso Nacional) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Portanto, de acordo com o entendimento jurisprudencial que vem prevalecendo, quanto aos entes da administração pública, acompetência da Justiça do Trabalho permanece

restrita às ações relativas aos servidores públicos que são regidos pela CLT,tal como já se entendia antes da Emenda Constitucional 45/2004.

• II as ações que envolvam exercício do direito de greve;

Pode-se pensar que este inciso apenas explicitaria uma competência que sempre foi da Justiça do Trabalho que, através dos chamados dissídios coletivos, sempre julgou se as greves eram abusivas ou não abusivas. Entretanto, amplia a competência da Justiça do Trabalho no que se refereàsaçõescorrelatas à greve, como, porexemplo, as açõespossessórias (interditoproibitório, reintegração de posse, reparação de danos, etc). É competente a da Justiça do Trabalho na ação de responsabilidade civil, ajuizada por terceiro prejudicado em razão de ato ilícito ou abuso de direitopraticado pelos grevistas (ou pelas organizações sindicais), como envolve o exercício do direito de greve,

Súmula Vinculante 23 do STF: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada”

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

A competência estabelecida no dispositivo transcrito é de ordem absoluta: a primeira parte adota o critério em razão da matéria, ou seja, engloba as ações sobre representação sindical; a segunda parte, por sua vez, segue o critério de competência em razão da pessoa, quer dizer, abrange as ações entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores Entre Sindicatos: Seja qual for a matériaa competência é da Justiça do Trabalho. Importantedestacar que a ação pode ser entre um sindicato profissional e outro da categoria econômica, pois a norma constitucional não faz qualquer restrição a respeito. Ex.: Dois entes sindicaisdiscurtindoa respeito do direito de receber certa contribuição sindicalou multa por descumprimento de norma coletiva negociada. Entre Sindicatos e Trabalhadores:

Ação ajuizada por trabalhador, postulando a prestação de determinado serviço assistencial pelo ente sindical;

Ação de cobrança de mensalidade sindical em atraso (prevista no estatuto), ajuizadas pelo sindicato, em face de trabalhador filiado (art. 548, b, da CLT);

Ação ajuizada por trabalhadores de chapa da oposição, contra o sindicato (representado pela diretoria), a respeito de alguma questão envolvendo as eleições sindicais, como o direito de livre propaganda; ação proposta por

trabalhadores, com pedido de anulação de assembleia sindical realizada irregularmente;

Ação ajuizada pelo trabalhador, para anular seu desligamento do quadro de filiados ao sindicato.

Exceção: Os conselhos de fiscalização do exercício profissional (como OAB, CREA, CRM) não se confundem com entes sindicais,tendo natureza e função distintas. A Justiça do Trabalho não é competente para julgar ações em que os referidosórgãos postulem a cobrança de contribuições (mensalidades ou anuidades) dos profissionais abrangidos, ou mesmo em que sediscuta eventual penalidade administrativa aplicada. Nesse caso, não se trata de relação entre trabalhador e sindicato, nem devínculo de trabalho, mas sim de relação de natureza administrativa, entre o profissional e o órgão que fiscaliza o exercício da suaprofissão. Entre Sindicatos e Empregadores:

ajuizadas por empregador, relacionadas com alguma conduta do ente sindical; ação de cobrança de mensalidade sindical em atraso, entre sindicato patronal e empregador associado;

ação ajuizada por grupo de empregadores de chapa da oposição, contra o respectivo sindicato (diretoria), sobre as eleições sindicais;

ação anulatória de assembleia sindical;

ação anulatória de desligamento do empregador do quadro de associados do respectivo sindicato.

• IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.

Quanto ao Mandado de Segurança, auto-explicativo. Jurisprudência:

MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO - A determinação judicial de bloqueio de crédito, via sistema BACENJUD, em execução provisória, não se encontra eivada de ilegalidade, pois demonstrado que o juiz adotou medida necessária visando implementar a satisfação do crédito (de natureza alimentar) da reclamante, ora litisconsorte passiva. Ademais, a impetrante já era conhecedora do prazo concedido no mandado de citação para pagar o valor da execução, porém não efetuou tal pagamento, razão pela qual, decorrido o prazo, o juízo de primeiro grau determinou a consulta ao sistema BACENJUD. É certo que o procedimento adotado pela autoridade dita coatora, ao rejeitar a penhora incidente sobre bem móvel, teve por fim garantir a celeridade processual (CLT, art. 765) que rege o processo trabalhista, princípio este consagrado constitucionalmente (CF/88, art. 5º, LXXVIII). Segurança denegada. TRT-6 – Mandado de Segurança - MS 00003065420155060000 (TRT-6)

Data de publicação: 24/11/2015

Penhora on line Bacen Jud, Arisp e Renajud. Súmula nº 417 do TST MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA EM DINHEIRO (alterado o item I, atualizado o item II e cancelado o item III, modulando-se os efeitos da presente redação de forma a atingir unicamente as penhoras em dinheiro em execução provisória efetivadas a partir de 18.03.2016, data de vigência do CPC de 2015) - Res. 212/2016, DEJT divulgado em 20, 21 e 22.09.2016. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973). II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 840, I, do CPC de 2015 (art. 666, I, do CPC de 1973). (ex-OJ nº 61 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000). ITEM III – CANCELADO - 22.09.2016 III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC.

Quanto ao Habeas Corpus: São os casos de prisão ou ameaça de prisão civil, determinada pelo juiz do trabalho, por exemplo, em caso de depositárioinfiel, o habeas corpus que for impetrado é da competência da Justiça do Trabalho, mais especificamente do Tribunal Regional doTrabalho que abrange o juiz do trabalho apontado como autoridade coatora.

Súmula Vinculante 25 do STF: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que sejaa modalidade do depósito”.

Habeas Corpus em razão de prisão criminal, determinada pelo juiz do trabalho, não se verifica a competência da Justiça do Trabalho, pois esta não possui competênciaem matéria penal. Quanto ao Habeas Data: Caso de empregador “entidade governamental”, e que possua “registro ou banco de dados”, o habeas dataimpetrado por servidor público (regido pela CLT), para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, ou para a retificação de dados. Jurisprudência: (STF)

“Habeas data. Ilegitimidade passiva do Banco do Brasil S.A. para a revelação, a ex-empregada, do conteúdo da ficha depessoal, por não se tratar, no caso, de registro de caráter público, nem atuar o impetrado na condição de entidadeGovernamental

(Constituição, art. 5º, LXXII, a e art. 173, § 1º, do texto original)” (STF, pleno, re 165.304-3/mg, rel.min. octaviogallotti, j. 19.10.2000, dj15.12.2000).

• V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

Conflito de competência que envolve apenas autoridades judiciárias trabalhistas, a competência para solução permanece interna corporis. Conflito de competência positivo ocorre quando dois ou mais juízes ou juízos se declaram competentes. Conflito de competência negativo ocorre quando dois ou mais juízes ou juízos se consideram incompetentes (art. 804 daCLT). Os conflitos de competência podem ser suscitados: pelos juízes e tribunais do trabalho; pelo Ministério Público do Trabalho; pela parte interessada, ou o seu representante (art. 805 da CLT). O relator pode, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o sobrestamentodo processo e, quando de conflito negativo, designar um dos juízes para resolver, em caráter provisório, asmedidas urgentes (art. 955 do CPC). Ao decidir o conflito, o tribunal deve declarar qual o juízo competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos dojuízo incompetente (art. 957 do CPC). Os autos do processo em que se manifestou o conflito devem ser remetidos ao juiz declarado competente.

Súmula 180 do STJ: “Na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito decompetência verificado, na respectiva região, entre Juiz Estadual e Junta de Conciliação e Julgamento”

A Lei 7.701/88, prevê a competência originária da SDC: Art. 2º - Compete à seção especializada em dissídios coletivos, ou seção normativa: I - originariamente: e) julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais do Trabalho em processos de dissídio coletivo.

Também prevê competência da SDI para julgar em única instância:

Art. 3º - Compete à Seção de Dissídios Individuais julgar:

II - em única instância: b) os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e aqueles que envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista e Juntas de Conciliação e Julgamento em processos de dissídio individual.

• VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

E antes da E.C. nº 45/2004 quem julgava?

Súmula 367 do STJ - “A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentenciados”.

Os processos que tramitavam na Justiça Comum antes da sentença foram remetidos ao juízo trabalhista.

Súmula 392 do TST –Dano moral e material. Relação de trabalho. Competência da Justiça do Trabalho. Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas,ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido. Súmula Vinculante 22 do STF - A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04 (DOU 11.12.2009). Art. 109 da CF - Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

As ações acidentárias ajuizadas em face do INSS, pleiteando benefício previdenciário (Auxílio doença por Acidente de Trabalho – B-91), a competência permanece da Justiça Comum Estadual. Jurisprudência:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ACIDENTE DO TRABALHO. Ação acidentária ajuizada contra o INSS.Competência da Justiça Comum estadual. Inciso I e § 3º do artigo 109 da Constituição Federal. Súmula 501 do STF. A teordo § 3º c/c inciso I do artigo 109 da Constituição Republicana, compete à Justiça comum dos Estados apreciar e julgar asações acidentárias, que são aquelas propostas pelo segurado contra o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, visandoao benefício e aos serviços previdenciários correspondentes ao acidente do trabalho. Incidência da Súmula 501 do STF.Agravo regimental desprovido”

(STF, 1.ª T., RE-AgR 478472/DF, Rel. Min. Carlos Britto, DJ 01.06.2007).

A Ação Regressiva, prevista no art. 120 da Lei 8.213/91, ajuizada pela Previdência Social em face do Empregador pelo acidente do trabalho ou doença ocupacional, nos casos de “negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene dotrabalho indicados para a proteção individual e coletiva”. A competência é da Justiça Federal Comum (art. 109, inciso I, daCF), por não se tratar de ação que decorra da relação de trabalho propriamente, mas sim da relação que se forma entre aPrevidência Social e o responsável pelo infortúnio (Empregador), por ter o INSS que arcar com o pagamento do benefício previdenciário.

• VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

Muitas violações de direitos trabalhistas ensejam também multas administrativas a serem aplicadas pela fiscalização do trabalho (DRT). Estas multas sempre foram discutidas na esfera da Justiça Federal Comum. Possibilidade de Mandado de Segurança no 1º Grau. Jurisprudência:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. FISCALIZAÇÃO PROMOVIDA PELA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO. E IMPOSIÇÃO DE MULTA ADMINISTRATIVA. LEGALIDADE. A celebração posterior de Termo de Ajustamento de Conduta - TAC - com o Ministério Público do Trabalho - MPT -, ainda que com a cominação de multa inibitória, não possui o condão de elidir as penalidades anteriormente aplicadas. Denegação da segurança que se mantém. Apelo patronal improvido. TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00113702820135010014 RJ (TRT-1) Data de publicação: 12/08/2015

• VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

Este dispositivo é o antigo § 3º do art. 114, inserido pela EC 20/98. As contribuições do INSS, da parte do empregado e do empregador, que decorrem da sentença judicial trabalhista, devem ser cobradas na própria ação e exofficio pelo Juízo. REFORMA TRABALHISTA: COMO É:

Art. 876, Parágrafo único da CLT – Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre

os salários pagos durante o período contratual reconhecido.

COMO FICARÁ:

Art. 876, Parágrafoúnico da CLT - A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

(SAT) – Seguro Acidente de Trabalho

Súmula 454 do TST - Competência da Justiça do Trabalho. Execução de ofício. Contribuição social referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT). Arts. 114, VIII, e 195, I, a, da Constituição da República. Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, a, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991). Art. 7º, XXVIII, CF - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

• IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

Há incompatibilidade com o inciso I do mesmo art. 114 da CF:

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Se são todas as controvérsias decorrentes da relação de trabalho porque o inciso IX?

A existência dos dois incisos causa espanto na doutrina. É preciso encontrar uma solução no sentido de harmonizar. Oriundo (inciso I = originário) x decorrentes (inciso IX = derivado). As originárias são da JT. As derivadas podem ser da JT se houver Lei. DIREITO COLETIVO – ART. 114 DA CF.

• §1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

A autocomposição (negociação coletiva) dos conflitos trabalhistas é o indicativo preferencial segundo este dispositivo. Sendo impossível a autocomposição, o dispositivo indica que a solução seguinte é a heterocomposição privada (arbitragem).

• § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

A heterocomposição pública (jurisdição = dissídio coletivo) pode ser instaurada apenas se as partes estiverem de comum acordo. Antes da EC 45/2004 qualquer das partes poderia instaurar dissídio coletivo e provocar a solução do conflito através do poder normativos da Justiça do Trabalho. O poder normativo continua mas o dissídio coletivo que ensejará a sua aplicação não pode mais ser instaurado unilateralmente. Assim o dissídio coletivo passou a ser uma espécie de “arbitragem pública”. Discutir Constitucionalidade. Art. 5º, XXXV da CF.

Art. 5º, XXXV, CF - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito

Jurisprudência:

PRELIMINAR DE EXTINÇÃO DO FEITO POR AUSÊNCIA DE ‘COMUM ACORDO’ PARA A INSTAURAÇÃO DO DISSÍDIO - REJEIÇÃO - COMPREENSÃO DO TEMA À LUZ DO PRINCÍPIO DE INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. Em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição (Constituição, art. 5º, XXXV), não segue, do texto do art. 114, §2º, da Constituição da República, que o dissídio coletivo só possa resultar, já para a sua instauração, de mútuo acordo entre partes contravindas. É que a

jurisdição, a principal garantia dos direitos subjetivos, não se afasta, nem cessa de poder ser invocada, em caso de lesão ou ameaça, a significar também que não a condiciona uma qualquer restrição, menos ainda o veto que uma parte queira apor à pretensão da outra que já não pode prescindir da tutela jurídica. Não obtida a conciliação, abre-se a via judicial, inclusive, por comum acordo. Esta cláusula, como decorre do art. 114, § 2º, concerne a uma faculdade das partes ("é facultado", diz a norma) e, portanto, não exclui o exercício da jurisdição para assegurar a tutela coletiva, que é direito fundamental, como fundamentais são os direitos sociais dos trabalhadores, aos quais se negaria, em última análise, proteção e, em certa medida, expansão sempre que se lhes recusasse, enquanto categoria, o acesso à via judicial. Neste caso, o veto em que o comum acordo se transformara passaria a expressar uma recusa peremptória à prestação de justiça, função ontológica e indeclinável do Estado. TRT-3 – DISSIDIO COLETIVO DC 00569200800003004 0056900-19.2008.5.03.0000 (TRT-3) Data de publicação: 06/11/2009

Para onde devemos direcionar o Conflito Coletivo? A competência originária para conhecer e julgar os dissídios coletivos é dos Tribunais (art. 856 da CLT), e não das Varas do Trabalho. Conflito coletivo que estende-se no limite territorial da competência de determinado Tribunal Regional do Trabalho, este será o competente (arts. 677, 678, inciso I, da CLT e art. 6º da Lei 7.701/1988). No caso do Estado de São Paulo, se o conflito coletivo se estende à área relativa tanto ao TRT da 2.ª Região (com sede em SãoPaulo) como ao TRT da 15.ª Região (com sede em Campinas), a competência é originária do TRT da 2.ªRegião, conforme art. 12 da Lei 7.520/1986, com redação determinada pela Lei 9.254/1996. Por outro lado os conflitos coletivos de trabalho que excedam à área alcançada pelos Tribunais Regionais do Trabalho são de competênciaoriginária do Tribunal Superior do Trabalho (art. 702, inciso I, b, da CLT), conforme Lei 7.701/1988, art. 2º, inciso I, a. Nessecaso, a competência funcional é da Seção de Dissídios Coletivos do TST. Da decisão do TRT em dissídio coletivo é cabível recurso ordinário (art. 895, inciso II, da CLT) para a Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (art. 2º, inciso II, a, da Lei 7.701/1988).

§ 3º -Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Sem acordo de vontade restará apenas a greve como recurso para forçar a parte patronal a negociar. A greve, entretanto, pode trazer malefícios a toda sociedade (atividade essencial). Neste caso, o dispositivo faculta (não obriga) o MPT a instaurar o dissídio coletivo para

solução do conflito.

Súmula– 189 do TST - GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE. A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ounão, da greve.

Art. 10 da Lei 7783/89- São consideradosserviçosouatividadesessenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energiaelétrica, gás e combustíveis; II - assistênciamédica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transportecoletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substânciasradioativas, equipamentos e materiaisnucleares; IX - processamento de dados ligados a serviçosessenciais; X - controle de tráfegoaéreo; XI compensaçãobancária.