39. a condição da igreja i

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1 | A p o s t i l a – A C o n d i ç ã o d a I g r e j a I

A CONDIÇÃO DA IGREJA

O MUNDANISMO NA IGREJA

Dos santos homens do passado está escrito que Deus não Se envergonhava de ser chamado de seu Deus (Heb. 11:16). A razão apresenta é que em vez de cobiçar posses terrenas ou de buscar a felicidade em planos ou aspirações mundanos, eles depuseram tudo no altar de Deus e abriram mão disso para a edificação do Seu reino. Viveram apenas para glória de Deus e declararam claramente que eram estrangeiros e peregrinos na Terra, procurando uma pátria melhor, a celestial! Sua conduta proclamava-lhes a fé. Deus podia confiar neles e deixar que o mundo recebesse deles o conhecimento de Sua vontade.

Como, porém está o professo povo de Deus hoje mantendo a honra do Seu nome? Como pode o mundo perceber que eles são um povo peculiar? Que prova dão de sua cidadania no Céu? Sua condescendência própria e amor á comodidade falsifica o caráter de Cristo. Ele não poderia distingui-los de nenhuma forma assinalada diante do mundo sem endossar a falsa representação de Seu caráter.

Pergunto á igreja de Batel Creek: que testemunho estão vocês dando ao mundo? A medida que sua conduta me foi apresentada, chamou-me atenção as habitações recentemente erigidas por nosso povo nessa cidade. Essas edificações são monumentos de sua incredulidade nas doutrinas que professam defender. Estão elas pregando sermões mais eficazes do que muitos proferido do púlpito. Vi os mundanos apontando para elas com motejos e zombaria, como uma negação de nossa fé. Essas construções proclamam que seus proprietários têm dito em seu coração: “Meu Senhor tarde vira” Luc. 12:45.

Contemplei seu vestuário e ouvi a conversação de muitos que professam a verdade. Ambos eram opostos aos princípios da verdade. Vestes e conversa revelam o que é mais prezado por aqueles que dizem ser peregrinos e estrangeiros na Terra” Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve.” I João 4:5.

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Simplicidade e singeleza devem assinalar as habitações e vestuário de todos os que crêem nas solenes verdades para este tempo. Todos os recursos desnecessariamente gastos em vestuário ou no adorno de nossa casa são um desperdício do dinheiro do Senhor. É defraudar a causa de Deus para satisfazer ao orgulho. Nossas instituições estão carregadas de débitos, e como podemos esperar que o Senhor responda nossas orações por sua prosperidade, quando não estamos fazendo o que podemos para aliviá-las das complicações?

Gostaria de dirigir-me a vocês como Cristo fez com Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo.” João 3: 7. Aqueles que têm a Cristo não sentem qualquer desejo de imitar o exibicionismo do mundo. Eles levarão a todos os lugares o estandarte da cruz, testemunhando acerca dos elevados alvos e nobres temas, diversamente daqueles que estão absorvidos em interesses mundanos. Nosso vestuário, nossas casas, nossa conversação, devem testificar de nossa consagração a Deus. Que poder assistiria a todos que assim demonstrassem que deixaram tudo por Cristo. Deus não Se envergonharia de reconhecê-los como Seus filhos. Ele abençoaria seu consagrado povo e o mundo descrente haveria de temê-lo.

Cristo anseia atuar poderosamente através de Seu Espírito para a convicção e conversão de pecadores. Porém, de acordo com Seu divino plano, a obra precisa ser realizada através dos instrumentos de Sua igreja. Os membros da igreja tanto se afastaram dEle, que ele não pode cumprir Sua vontade através deles. Ele preferiu trabalhar com recursos, todavia, os recursos empregados precisam estar em harmonia com Seu caráter.

Quem de Battle Creek é fiel e verdadeiro? Que venha para o lado do Senhor. Para estarmos em posição que Deus nos possa usar, teremos de possuir fé e experiência individuais. Somente os que confiam totalmente em Deus estão seguros agora. Não devemos seguir qualquer exemplo humano ou nos firmamos em apoio humano. Muitos estão constantemente tomando posições erradas e fazendo mudanças equivocadas. Se confiarmos em sua guia, seremos desencaminhados.

Muitos que professam ser porta-voz de Deus estão, por sua vida diária, negando a fé. Apresentam ao povo verdades importantes, mas quem se impressiona com elas? Quem é convencido de pecado? Os ouvintes sabem que aqueles que estão pregando hoje serão amanhã os

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primeiros a buscar o prazer, a algazarra e a frivolidade. Sua influencia fora dos púlpitos acalma a consciência do impenitente e faz com que o ministério seja desprezado. Eles estão cochilando no limiar do mundo eterno. O sangue das almas está em suas vestes.

Como devem os fieis servos de Deus se ocupar? “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito”, orando individualmente, em família, na congregação, em todo lugar, “e vigiando nisso com toda perseverança”. Efés. 6:18. Eles sentem que as pessoas estão em perigo e, com fervente e humilde fé, suplicam as promessas de Deus em seu favor. O resgate pago por Cristo – a expiação sobre a cruz – está sempre diante deles. Esses terão as conversões como selos de seu ministério.

A reprovação do Senhor recai sobre Seu povo por seu orgulho e incredulidade. Ele não lhes dará as alegrias da salvação enquanto estiverem se afastando das instruções de Sua Palavra e Seu Espírito. Dará graça aqueles que O temem e andam na verdade, e subtrairá Suas bênçãos de todos aqueles que assimilaram o mundo. Misericórdia e verdade são prometidas aos humildes e penitentes, e juízos são pronunciados contra os rebeldes.

A igreja de Battle Creek poderia ter permanecido livre da idolatria, e sua fidelidade teria sido um exemplo para outras igrejas. Mas ela está mais disposta renunciar aos mandamentos de Deus do que á sua amizade com mundo. Está ligada aos ídolos que escolheu, e porque a prosperidade temporal e o favor do mundo ímpio são seus, ela crê ser rica para com Deus. Isso provará ser para muitos um engano letal. Seu caráter divino e poder espiritual apartaram-se dela.

Aconselho que a igreja dê ouvidos á admoestação do Salvador: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Apoc.2:5.( 5 TI, pág. 188-191).

UM APELO

Encho-me de tristeza quando penso em nossa condição como um povo. O Senhor não nos cerrou o Céu, mas nosso próprio procedimento de constante apostasia nos separou de Deus. O orgulho, a cobiça e o amor do mundo têm habitado no coração, sem temor de ser banidos ou

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condenados. Pecados graves e presunçosos têm habitado entre nós. E no entanto, a opinião geral é que a igreja está florescendo, e que paz e prosperidade espiritual se encontram em todas as suas fronteiras. A igreja deixou de seguir a Cristo, seu Guia, e está constantemente retrocedendo rumo do Egito. Todavia, poucos ficam alarmados ou atônitos com sua falta de poder espiritual. Dúvidas e mesmo descrença dos testemunhos do Espírito de Deus estão levedando nossas igrejas por toda parte. Satanás assim o deseja. Pastores que pregam o eu em lugar de Cristo, desejam que seja assim. Os testemunhos não são lidos e apreciados. Deus tem falado a vocês. Luz tem sido derramada de sua Palavra e dos testemunhos, ambos têm sido desprezados e desobedecidos. O resultado aparece na falta de pureza, consagração e fervente fé entre nós.

Que cada um proponha estas questões em seu coração: “Como pude cair neste estado de fraqueza espiritual? Tenho atraído sobre mim o desagrado divino por causa de minhas ações que não correspondem á fé que professo? Não estarei, por ventura, buscando amizade e aplausos do mundo, antes que a presença de Cristo e um profundo conhecimento de Sua vontade? (5TI, pág. 217-218).

A norma de santidade é hoje a mesma que nos dias dos apóstolos. Nem as promessas nem as reivindicações de Deus perderam coisa alguma de sua força. Mas qual é o estado do professo povo do Senhor, em comparação com a igreja primitiva? Onde está o Espírito e o poder de Deus que, naquele tempo, acompanhava a pregação do Evangelho? “Ai,” “como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro fino e bom!” Lam. 4:1. (5 TI, pág. 240)

A igreja está em estado de Laodiceana. A presença de Deus não está no meio dela. INL, 99 (1981) (E.F pág. 44).

Para os que são indiferentes neste tempo, a advertência de Cristo é: “porque és morno, e não és frio e nem quente, vomitar –te –ei da minha boca. Apoc. 3:16. A figura de vomitar da sua boca significa que não pode oferecer a Deus vossas orações ou expressões de amor. Não pode aprovar de forma alguma o vosso ensino de sua palavra ou o vosso trabalho espiritual. Não pode apresentar os vossos cultos religiosos com o pedido de que vos seja concedida graça. (III TS pág. 15).

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Cristo declara que existirá idêntica incredulidade no tocante á sua segunda vinda. Como os contemporâneos de Noé não o reconheceram, “Até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também”, nas palavras de nosso Salvador, “A vinda do Filho do Homem”. S. Mat. 24:39. Quando o professo povo de Deus se estiver unindo com o mundo, vivendo como vivem os do mundo, e com eles gozando de prazeres proibidos; quando o luxo do mundo se tornar o luxo da igreja; quando os sinos para casamentos estiverem a tocar, e todos olharem para o futuro esperando muitos anos de prosperidade temporal, subitamente então, como dos céus fulgura o relâmpago, virá o fim de suas resplendentes visões e esperanças ilusórias. (GC, pág. 338/339).

O mundo não pode ser introduzido na igreja e com ela casar-se, formando um laço de união. Por esse meio tornar-se-á a igreja verdadeiramente corrupta, e, como foi declarado em Apocalipse: coito de toda ave imunda e aborrecível (TM, pág. 265).

Muitos que se chamam cristãos são meros moralistas humanos. Recusaram a dádiva que, somente, podia habilitá-los para honrar a Cristo com representá-Lo ao mundo. A obra do Espírito Santo lhes é estranha. Não são praticantes da Palavra. Os princípios celestes que distinguem os que são um com Cristo dos que se unem ao mundo, tornaram-se quase indistintos. Os professos seguidores de Cristo não são mais um povo separado e peculiar. A linha de demarcação é imperceptível. O povo está-se subordinando ao mundo, às suas práticas, costumes e egoísmos. A igreja passou para o mundo, transgredindo a lei, quando o mundo devia passar para a igreja na obediência da mesma. Diariamente a igreja se está convertendo ao mundo. (PJ, 315-316)

Todos estes esperam ser salvos pela morte de Cristo, ao passo que recusam viver Sua vida de abnegação. Exaltam as riquezas da livre graça, e procuram cobrir-se com a aparência de justiça, esperando assim ocultar os defeitos de caráter, mas seus esforços serão vãos no dia de Deus. (PJ, 316)

A igreja de Battle Creek penetrou um espírito que não tem parte em Cristo. Não é o zelo pela verdade, nem o amor pela vontade de Deus como revelada em Sua Palavra. É um espírito de justiça própria. Ele vos leva a exaltar o eu acima de Jesus e a considerar vossas próprias opiniões e idéias como mais importantes do que a união com Cristo e de

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uns com os outros. Sois tristemente carentes em amor fraternal. Sois uma igreja apostatada. Conhecer a verdade, professar união com Cristo, e todavia não produzir fruto , não viver no exercício de constante fé - isto endurece o coração na desobediência e na confiança própria. Nosso crescimento na graça, nossa felicidade, nossa utilidade, tudo depende de nossa união com Cristo e o grau de fé que nEle exercemos. Aqui está a fonte de nosso poder no mundo. (CSE, 78)

Bom seria á igreja e ao mundo se os princípios que atuavam naquelas almas inabaláveis revivessem no coração do professo povo de Deus. Há alarmante indiferença em relação ás doutrinas que são as colunas da fé cristã. Ganha terreno a opinião de que, em última análise, não são de importância vital. Esta degenerescência está fortalecendo as mãos dos agentes de Satanás, de modo que falsas teorias e enganos fatais, que os fieis dos séculos passados expunham e combatiam com riscos da própria vida, são hoje considerados com favor por milhares que pretendem ser seguidores de Cristo. (GC, pág. 46).

Este é o resultado certo de não apreciar nem aproveitar a luz e privilégios que Deus confere. A menos que a igreja siga o caminho que lhe abre a Providência, aceitando todo raio de luz, cumprindo todo dever que lhes seja revelado, a religião totalmente degenerará em formalismo, e desaparecerá o espírito da piedade vital. Estas verdades têm sido repetidas vezes ilustradas na história da igreja. Deus requer de Seu povo obras de fé e obediência correspondentes ás bênçãos e privilégios conferidos. A obediência exige sacrifício e implica uma cruz; e este é o motivo porque tantos dentre os professos seguidores de Cristo se recusam a receber a luz do Céu e, como aconteceu com os judeus de outrora, não conhecem o tempo de Sua visitação. (S. Lucas 19:44) por causa de seu orgulho e incredulidade, o Senhor os passa por alto, e revela Sua vontade aos que, á semelhança dos pastores de Belém e dos magos do Oriente, têm prestado atenção a toda luz que receberam. (GC pág. 316).

Cristo ordenara a Seu povo que atendessem aos sinais de Seu advento e se regozijassem ao contemplar os indícios de Seu vindouro Rei. “Quando estas coisas começarem a acontecer”, disse Ele, “Olhai para cima e levantai as vossas cabeças, por que a vossa redenção está próxima”. Ele indicou a seus seguidores as árvores a brotarem na primavera, e disse: “Quando já tem rebentado, vos sabeis por vós

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mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vos, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Reino de Deus está perto”. S. Lucas 21:28,30 e 31.

Mas como o espírito de humildade e devoção na igreja cedera lugar ao orgulho e formalismo, esfriaram o amor a Cristo é a fé em Sua vinda. Absorto nas coisas mundanas e na busca de prazeres, o povo professo de Deus estava cego ás instruções do Salvador relativas aos sinais de Seu aparecimento. A doutrina do segundo advento tinha sido negligenciada; os textos que ela se referem foram obscurecidos por interpretações errôneas, a ponto de ficarem em grande parte esquecidos e ignorados. Especialmente foi este o caso nas igrejas da América. A liberdade e conforto desfrutados por todas as classes da sociedade; o ambicioso desejo de haveres e luxo, de onde vem o absorvente empenho de adquirir dinheiro; ansiosa procura de popularidade e poderio, que pareciam estar ao alcance de todos, levavam os homens a centralizar seus interesses e esperanças nas coisas desta vida, afastando ao futuro longínquo dia solene em que passaria a presente ordem de coisas.

Quando o Salvador indicou a Seus seguidores os sinais de sua volta, predisse o estado de apostasia que havia de existir precisamente antes de Seu segundo advento. Haveria, como nos dias de Noé, a atividade e a agitação das ocupações mundanas e da procura de prazeres – comprar, vender, plantar, edificar, casar, dar-se em casamento – com ouvido de Deus e na vida futura. Para os que viverem nesse tempo, a advertência de Cristo é:”Olhai por voz, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonarias, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre voz de improviso aquele dia.” “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do homem.” S. Lucas 21:24 e 36.

A condição da igreja neste tempo é indicada nas palavras do Salvador, em Apocalipse: “Tens nome de que vives, e estás morto.” E aos que se recusam despertar de seu descuidos e sentimentos de segurança, é dirigido este aviso solene: “Se não vigiares, virei a ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.” Apoc. 3:1 e 3. (GC pág. 308/309/310).

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Há outra questão mais importante que deveria ocupar a atenção das igrejas de hoje. O apóstolo Paulo declara que “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”. II Tim 3:12. Por que é, pois, que a perseguição, em grande parte, parece adormentada? A única razão é que a igreja se conformou com a norma do mundo, e, portanto não suscita oposição. A religião que em nosso tempo prevalece não é do caráter puro e santo que assinalou a fé cristã nos dias de Cristo e Seus apóstolos. E unicamente por causa do espírito de transigência com o pecado, por serem as grandes verdades da Palavra de Deus tão indiferentemente consideradas, por haver tão poucas piedades vitais na igreja, que o cristianismo, é aparentemente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da igreja primitiva, e o espírito de opressão reviverá, reacendendo-se as fogueiras da perseguição. (GC pág. 48).

UNIÃO DA IGREJA COM O MUNDO

A igreja não é hoje o povo separado e peculiar que foi quando os fogos da perseguição estiveram acesos contra ela. Como o ouro se tornou fusco! Como se transformou o ouro finíssimo! Vi que se a igreja tivesse sempre conservado seu caráter peculiar e santo, o poder do Espírito Santo que fora comunicado aos discípulos ainda estaria com ela. Os doentes seriam curados, os demônios seriam repreendidos e expulsos e ela seria poderosa e um terror para seus inimigos.

Vi uma grande multidão professando o nome de Cristo, mas Deus não os reconhecia como Seus. Não tinha prazer neles. Satanás pareceu assumir um caráter religioso, e estava muito desejoso de que o povo julgasse serem eles cristãos. Estava mesmo ansioso para que acreditasse em Jesus, Sua crucificação e Sua ressurreição. Satanás e seus anjos criam perfeitamente em tudo isso, e tremiam. Se, porém, esta fé não instiga a boas obras, e não leva aos que a professam a imitar a vida abnegada de Cristo, Satanás não se inquieta; pois meramente tomam o nome de cristãos, enquanto seus corações ainda são carnais, e ele os pode empregar em seu serviço mesmo melhor do que se não fizessem profissão alguma. Escondendo sua deformidade sob o nome de cristãos, passam a vida com suas naturezas não santificadas e suas más paixões sem serem subjugadas. Isto dá ocasião para o incrédulo vituperar a Cristo pelas imperfeições deles, e faz com

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que os que possuem religião pura e incontaminada venham a incorrer em difamação.

Os ministros pregam coisas agradáveis para convirem a esses que professam a religião de um modo carnal. Não ousam pregar a Jesus e as verdades incisivas da Bíblia; pois, se assim fizessem, esses que carnalmente são professos da religião. Não permaneceriam na igreja. Mas, sendo que muitos deles são ricos, deverão ser conservados, embora não estejam mais em condições de ali se achar do que Satanás e seus anjos. Isto é exatamente como Satanás desejava. Faz-se com que a religião de Jesus pareça popular e honrada aos do mundo. Declara-se ao povo que aqueles que professam a religião serão mais honrados pelo mundo. Tais ensinos diferem mui grandemente dos de Cristo. Sua doutrina e o mundo não podiam estar em paz. Aqueles que O seguiam tinham de renunciar o mundo. Estas coisas agradáveis originaram-se com Satanás e seus anjos. Eles formularam plano, e cristãos de nome o levaram a efeito. Ensinavam-se fábulas aprazíveis e com facilidade eram recebidas; e hipócritas e declarados pecadores uniram-se com a igreja. Se a verdade tivesse sido pregada em sua pureza, logo teria excluído essa classe. Não havia porém, diferença entre os professos seguidores de Cristo e o mundo. Vi que se a falsa cobertura tivesse sido retirada dos membros da igreja, seriam reveladas tais iniqüidades, vilezas e corrupção, que o mais tímido filho de Deus não teria hesitado em chamar a esses professos cristãos pelo seu verdadeiro nome, filhos de seu pai, o diabo; pois suas obras o atestavam. (P.E pág. 227-228).

Cristo diz o seguinte daqueles que se ufanam de sua luz mas não andam nela: “Por isso Eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do Juízo, do que para vós outros. E tu, Cafarnaum [Adventista do sétimo dia que tiveste grande luz], que te ergues até aos Céus[ com referência a privilégios], serás abatidas até aos infernos; por que se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.” – RH, 1 de Agosto de 1893. (EF 43/44).

O professor celeste indagou: “Que engano maior poderá seduzir o espírito do que a pretensão de que estais construindo sobre o fundamento reto e de que Deus aceita vossas obras, quando na realidade estais efetuando muitas coisas de acordo com princípios mundanos, e estais pecando contra Jeová? Oh! É um grande engano,

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uma fascinante ilusão, a que toma posse do espírito dos homens, quando, tendo uma vez conhecido a verdade, confundem a forma da piedade com o espírito e a eficiência da mesma; quando supõem ser ricos, e estar enriquecidos, e de nada terem falta, enquanto na realidade estão faltos de tudo! (III TS, pág. 253).

Deus não mudou em relação a Seus servos fiéis que guardam imaculadas as suas vestes. Mas muitos estão a clamar: “Paz e segurança!”, enquanto está prestes a sobrevir-lhes repentina destruição. A menos que haja arrependimento completo, a menos que os homens se humilhem o coração, confessando os pecados e recebendo a verdade tal qual é em Jesus, jamais entrarão no Céu. Quando a purificação se realizar em nossas fileiras, não ficaremos por mais tempo ociosos, jactando-nos de ser ricos e enriquecidos e de nada ter falta. (III TS pág. 253/254).

Quem pode sinceramente dizer: “Nosso ouro é provado no fogo: nossas vestes estão incontaminada do mundo”? Eu vi nosso Instrutor apontando para as vestes da chamada justiça. Tirando-as, pôs a descoberta a corrupção que estava por debaixo. Disse-me Ele, então: “Não vê como eles pretensiosamente encobriam seu depravamento e corrupção do caráter? ‘Como se fez prostituta a cidade fiel!’ A casa de Meu Pai é feita casa de venda, um lugar de onde partiram a presença e glória divinas! Por este motivo é que há fraqueza, e falta de força.”

A menos que se arrependa e converta a igreja que agora está a levedar-se com sua apostasia, comerá do fruto de seus próprios atos, até que se aborreça a si mesma. Quando resistir ao mal e escolher o bem, quando buscar a Deus com toda a humildade e alcançar sua alta vocação em Cristo, permanecendo na plataforma da verdade eterna, e pela fé lançar mão dos dons que para ela se acham preparados, então será curada. Aparecerá então na simplicidade e pureza que Deus lhe deu, separada de embaraços terrenos, mostrando que a verdade com efeito a libertou. Então seus membros serão na verdade os escolhidos de Deus, os Seus representantes. (III TS, pág. 254).

Os olhos do Senhor se dirigiam para o povo com um misto de tristeza e desprazer, e eram pronunciadas as palavras: “Tenho porém contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te e pratica as primeiras obras; quando não,

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brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, senão se arrependereis (TM pág. 461).

Então haverá a mais severa crítica de toda posição assumida em defesa da verdade. Na manifestação desse poder que ilumina a Terra com a glória de Deus, eles só verão alguma coisa que, em sua cegueira consideram perigosa, alguma coisa que despertará os seus receios, e se disporão a resistir-lhe. A mensagem do terceiro anjo não será compreendida, e a luz que iluminará a Terra com sua glória será chamada de falsa luz pelos que se recusam andar em sua glória progressiva. – RH 27 de maio de 1890. (EF, pág. 180/181).

O espírito predominante em nosso tempo é de infidelidade e apostasia – espírito de professada iluminação por causa do conhecimento da verdade, mas na realidade da mais cega presunção. Teorias humanos são exaltadas, e postas onde deviam estar Deus e Sua Lei. Satanás tenta homens e mulheres a desobedecerem, com a promessa de que na desobediência encontrarão liberdade e independência que os tornarão deuses. Há um visível espírito de oposição á clara Palavra de Deus, de idolátrica exaltação da sabedoria humana sobre a revelação divina. Os homens tem permitido que suas mentes se tornem tão entenebrecidas e confusas pela conformidade aos costumes e influencias mundanos, que parecem haver perdido todo o poder de discriminação entre a luz e as trevas, a verdade e o erro. Tão longe têm-se afastado do caminho do direito a ponto de sustentarem as opiniões de uns poucos filósofos, assim chamados, como mais dignas de crédito do que as verdades da Bíblia. As instâncias e promessas da Palavra de Deus, suas ameaças contra a desobediência e a idolatria – tudo parece não ter poder para tocar-lhe o coração. Uma fé como a que operou em Paulo, Pedro e João, eles a consideram como coisa do passado, misticismo, e indigna de inteligência dos modernos pensadores. (PR,pág. 178).

O Senhor deu a Jeremias uma mensagem de reprovação para a seu povo, acusando pela contínua rejeição do conselho de Deus: “E vos enviei todos os Meus servos, os profetas, madrugando, e enviando, e dizendo: convertei-vos, agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas ações, e não sigais a outros deuses para servi-los; e assim ficareis na terra que vos dei a vós e vossos pais.”Jeremias 35:15.

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Deus pleiteou com eles para não provocar-Lhe a ira com a obra de suas mãos, e com o seu coração, “mas não inclinastes os ouvidos”. Jeremias 35:15. Jeremias então predisse o cativeiro dos judeus, como sua punição pôr não darem ouvidos á Palavra do Senhor. Os caldeus deveriam ser usados como o instrumento pelo qual Deus castigaria o Seu povo desobediente. A punição deles devia ser proporcional á sua inteligência e ás advertências que haviam desprezado.

Em nossos dias Ele não instituiu qualquer plano para preservar a pureza de Seu povo. Como no passado, apela aos errantes que professam o Seu nome para se arrependerem e se volverem de seus maus caminhos.

Nos dias de Samuel, Israel, julgou que a presença da arca contendo os mandamentos de Deus lhes daria vitória sobre os filisteus, arrependessem-se eles ou não de suas obras iníquas. Exatamente assim , no tempo de Jeremias, os judeus criam que a estrita observância dos serviços divinamente designados do Templo os preservaria da justa punição por seus maus cominhos.

O mesmo perigo existe hoje entre o povo que professa ser depositário da lei de Deus. São demasiados prontos em lisonjear-se com o pensamento de que a consideração que têm pelos mandamentos os preservará do poder da justiça divina. Não aceitam a reprovação do mal e acusam os servos de Deus de serem por demais zelosos em afastar do acampamento o pecado. Um Deus que aborrece o pecado concita os que professam guardar Sua lei a afastar-se de toda iniqüidade. A negligência em arrepender-se e obedecer á Sua palavra, trará tão sérias conseqüências para o povo de Deus como fez o mesmo pecado em relação ao Israel antigo. Há um limite para além do qual Ele não retardará por mais tempo os Seus juízos. A desolação de Jerusalém permanece como uma solene advertência perante os olhos do moderno Israel, de que as reprovações dadas através de Seus instrumento escolhidos não podem ser desconsideradas impunemente. (IIII TI Pág. 164/165/166/167).

Dois de outubro de 1868. Foi-me mostrado o estado do professo povo de Deus. Muitos deles estava em grande escuridão, contudo pareciam insensíveis á sua verdadeira condição. A sensibilidade de um grande número com relação ás coisas espirituais e eternas parece entorpecida, enquanto que sua mente estava desperta para os interesses mundanos.

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Muitos estavam entronizando ídolos no coração e praticando a iniqüidade, o que os separava de Deus e fazia com que se tornassem agentes das trevas. Vi que poucos permaneciam na luz, possuindo discernimento e espiritualidade para descobri essas pedras de tropeço e remove-las do caminho. Homens que estão em posições de muita responsabilidade no centro da obra estão dormindo. Satanás paralisou-os para que não discernissem seus planos e enganos, enquanto está ativo em seduzir, enganar e destruir.

Alguns que ocupam a posição de vigias para advertir do perigo o povo de Deus, abandonaram sua guarda e descansam á vontade. São sentinelas infiéis. Permanecem inativos enquanto o astuto inimigo penetra a fortaleza e trabalha com sucesso ao lado deles para demolir o que Deus mandou edificar. Eles vêem que Satanás está enganando os desprevenidos e inexperientes, todavia se mantêm silentes, como se não tivessem especial interesse, como se essas coisas não lhes dissessem respeito. Não percebem nenhum perigo em particular; não vêem motivo para dar alarme. Para eles tudo parece estar indo bem e não vêem necessidade de fazer soar através das trombetas as fieis notas de advertência, que lhes são transmitidas pelos claros testemunhos, para mostrar ao povo sua transgressão e a casa de Israel os seus pecados. Essas reprovações e advertências perturbam a quietude dessas sonolentas sentinelas, amante da comodidade, e não se agradam disso. Dizem em seu coração, senão em palavras:”Tudo isso é desnecessário. É muito severo, muito cruel. Esses homens estão desnecessariamente perturbados e agitados, e parecem indispostos a nos permitir descanso e tranqüilidade. Demais é já; pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos. Num. 16:3. Eles não querem que tenhamos qualquer conforto, paz ou felicidade. Unicamente trabalho ativo, labuta e incessante vigilância a esses desarrazoados e insatisfeitos vigilantes. Por que não profetizam coisas aprazíveis e proclamam paz, paz? Então tudo correrá tranquilamente.”

Esses são os verdadeiros sentimentos de muitos dentre nosso povo. Satanás exulta ao ter sucesso em controlar a mente de tantos professos cristãos. Ele os enganou, paralisou suas sensibilidades e implantou sua infernal bandeira exatamente no meio deles. Tão enganados estão que não o reconhecem. O povo não erigiu imagens de escultura, todavia, seu pecado não é menor á vista de Deus. Eles adoram Mamom e os ganhos mundanos. Alguns sacrificarão a consciência para alcançar seus

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objetivos. O professo povo de Deus é egoísta e preocupado consigo mesmo. Eles amam as coisas deste mundo, compactuam com as obras das trevas e têm prazer na injustiça. Não amam a Deus nem a seu próximo. São idólatras e piores, muito piores á vista de Deus, do que os pagãos adoradores de imagens, que não conhecem melhor caminho.

Requer-se dos seguidores de Cristo que se separem do mundo e não toquem em nada impuro, e têm a promessa de serem filhos e filhas do Altíssimo, membros da família real. Mas se as condições não são atendidas, não alcançarão, não podem alcançar o cumprimento da promessa. A mera profissão de cristianismo nada é á vista de Deus; mas a obediência humilde, voluntária, verdadeira a todos Seus reclamos designam os filhos de Sua adoção, receptores de Sua graça, participante de Sua grandiosa salvação. Eles serão peculiares, um “espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens”, I Cor. 4:9. Seu caráter especial e santo será perceptível e os separará distintamente do mundo, de suas afeições e concupiscências.

Vi que poucos dentre nós atendem a essa descrição. Seu amor a Deus é “de palavra”, não “por obra e em verdade”, I João 3:18. Sua conduta e obras testificam que não são filhos da luz, mas das trevas. Suas ações não são feitas em Deus, mas em egoísmo e em injustiça. Sua graça renovadora é-lhes estranha ao coração. Não experimentaram o poder transformador que os conduz a andar como Cristo andou. Aqueles que são ramos vivos da Videira celestial participarão de Sua seiva e nutrição. Não serão ramos estéreis e secos, mas exibirão vida e vigor, florescerão e darão frutos para a glória de Deus. Serão cuidadosos em afastar-se de toda a iniqüidade, “aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”. II Cor. 7:1.

Como o antigo Israel, a igreja tem desonrado a seu Deus por distanciar-se da luz, negligenciar seus deveres e abusar de seu alto e exaltado privilégio de ser peculiar e santa no caráter. Seus membros violaram o pacto de viver para Deus e para Ele somente. Uniram-se com os egoístas e amantes do mundo. Orgulho, amor aos prazeres e ao pecado têm sido abrigados, e Cristo se afastou. Seu Espírito tem sido extinguido na igreja. Satanás trabalha lado a lado com os professos cristãos, no entanto, são eles destituídos tão completamente de discernimento espiritual que não o percebem. Não assumem a responsabilidades da obra. As solenes verdades que professam crer não são uma realidade

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para eles. Não possui genuína fé. Homens e mulheres agirão de acordo com a fé que realmente possuem. Por seus frutos serão conhecidos. Não por sua religião, mas pelos os frutos que produzem mostrarão o caráter da árvore. Muitos têm um registro manchado no Céu. O anjo relator escreveu fielmente suas ações. Todo ato egoísta, toda palavra inconveniente, todo dever não cumprido e todo pecado secreto, com toda hipocrisia dissimulada, são fielmente anotados no livro de registro mantido pelo anjo relator.

Muitos que professam ser servos de Cristo não fazem parte dos Seus. Enganam a si mesmos para a própria perdição. Enquanto professam ser seguidores de Jesus, não estão vivendo em obediência á Sua vontade. “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom. 6:16. Muitos conquanto professando serem servos de Cristo, estão obedecendo a outro mestre, trabalhando diariamente contra o mestre a quem declaram servir. “Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Lucas 16:13.

Interesses terrenos e egoístas envolvem coração, mente e forças dos professos seguidores de Cristo. Para todos os propósitos e efeitos, eles são servos de Mamom. Não experimentaram a crucificação para o mundo com seus desejos e concupiscências. Poucos dentre muitos que alegam ser seguidores de Cristo podem falar na mesma linguagem que o apostolo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo.”Gal. 6:14. “Estou crucificado com Cristo; e vivo na carne vivo-a na fé de Filho de Deus, o qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.”Gal. 2:20. Se a obediência voluntária e o verdadeiro amor caracterizarem a vida do povo de Deus, sua luz brilhará com santo esplendor diante do mundo. (II TI, pág. 439/440/441/442/443)

Mas o Senhor é desonrado e Sua causa envergonhada quando seu povo está escravizado ao mundo. Estão em amizade com o mundo e são inimigos de Deus. Sua única esperança de salvação é separar-se do mundo e zelosamente manter seu caráter distinto, santo e peculiar. Oh, por que o povo de Deus não cumpre as condições estabelecidas em Sua Palavra? Se fizesse isso, não falharia em compreender as

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excelentes bênçãos gratuitamente oferecidas por Deus aos humildes e obedientes.

Fiquei pasmada ao observar a terrível escuridão em que se achavam muitos dos membros de nossas igrejas. A falta da verdadeira piedade era tal que se tornaram agentes de trevas e morte, em lugar de instrumentos de luz ao mundo. Muitos professavam amar a Deus, mas O negaram pela as suas obras. Não O amaram, não O serviram, nem Lhe obedeceram. Seus interesses egoístas eram prioritários. Em um grande número deles parecia haver uma alarmante falta de princípios. Foram abalados por influências não consagradas e pareciam não possuir raízes em si mesmos. Perguntei o que essas coisas significavam. Por que havia tal carência de espiritualidade e tão poucos possuíam uma experiência viva em coisas espirituais? Foram-me referidas as palavras do profeta: “Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos no seu coração e o tropeço de sua maldade puseram diante da sua face; devo eu de alguma maneira ser interrogado por eles? Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o Senhor Jeová: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos no seu coração e puser o tropeço de sua maldade diante de sua face, e vier ao profeta, Eu, o Senhor, vindo ele, lhe responderei conforme a multidão dos seus ídolos; para que possa apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de Mim para seguirem os seus ídolos.” Eze. 14:3-5

O povo de Deus me foi apresentado como em estado de apostasia. Não têm os olhos fitos na glória de Deus. O importante é a própria glória. Buscam exaltar a si mesmos e ainda se proclamam cristãos. Santidade de coração e pureza de vida eram os grandes temas dos ensinos de Cristo. No Sermão do Monte, depois de especificar o que devia ou não ser feito para se obter as bênçãos, Ele disse: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus.” Mat. 5:48 (II TI, pág. 443/444/445).

Busquei, no temor de Deus, colocar diante de Seu povo esse perigo e seus pecados, e esforcei-me, ao máximo de minhas débeis forças, para despertá-los. Declarei coisas alarmantes que, houvessem eles crido, lhes causariam aflição e espanto, e os conduziriam ao arrependimento zeloso de seus pecados e iniqüidades. Expus-lhes que, pelo que me foi mostrado, somente um pequeno número daqueles que agora professam

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crer na verdade serão finalmente salvos, não porque não possam ser salvos, mas porque não querem ser salvos pelo modo apontado por Deus. O caminho indicado por nosso divino Senhor é muito estreito e sua porta muito apertada para admiti-los, enquanto apegados ao mundo ou abrigando o egoísmo ou pecados de qualquer espécie. Não há espaço para essas coisas, contudo não há senão poucos que consentirão em separar-se delas para que possam passar pela porta estreita e entrar pelo o caminho apertado.

As palavras de Cristo são claras: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.”Lucas 13:24. Nem todos os professos são cristãos de coração. (II TI, pág. 445/446).

Caso alguém não seja purificado pela obediência á verdade, e vença o egoísmo, o orgulho e as más paixões, os anjos de Deus têm a recomendação: “Estão entregues á seus ídolos; deixem-nos” (Oséias 4:17), e eles passarão adiante á sua obra deixando esses com seus pecaminosos traços não subjugados, ao comando dos anjos maus. Os que satisfazem em todos os pontos e resistem a toda prova, e vencem, seja qual for o preço, atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira, e receberão a chuva serôdia, estando assim aptos para a transladação. (I TI pág. 187).

O espírito de Deus não será para sempre ofendido. Retirar-Se-á, caso seja ofendido por um pouco mais de tempo. Depois de ter sido feito tudo quanto Deus podia fazer para salvar os homens, caso eles mostrem por sua vida que menosprezaram a oferecida misericórdia de Jesus, a morte será o quinhão deles e elevado o preço a ser pago. Será uma terrível morte; pois terão de sofrer a angústia sentida por Cristo, na cruz, a fim de adquirir para eles a redenção que recusaram. E compreenderão ai o que perderam – a vida eterna, a herança imortal. O grande sacrifício feito para salvar vidas humanas, mostra-nos o valor delas. Uma vez perdida a preciosa vida, está perdida para sempre.

Vi um anjo com a balança na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus, especialmente dos jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa balança era lançada toda leitura de romances, pensamento acerca do vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! Que momento solene! Os anjos de

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Deus em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos – aqueles que pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio dos pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses do que se voltavam para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia, Oh! Quão leve estava ele! Posso relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vivida gravada em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus. Disse o anjo: “podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes que a esperança que agora possuem é vão, e a menos que se arrependam depressa e obtenham a salvação, hão de perecer” (I TI pág. 124/125).

Aqueles que podem passar por alto todas as provas que Deus lhes tem dado, e mudar a bênção em maldição, devem tremer pela segurança de sua alma. Seu castiçal será removido do lugar a menos que se arrependam. O Senhor têm sido insultado. A bandeira da verdade, da primeira, da segunda e terceira mensagens angélicas, foi deixada arrastar no pó. Se os atalaias são deixados a desencaminhar o povo dessa maneira, Deus tornará algumas almas responsáveis pela falta de agudo discernimento para descobrir que espécie de provisões foram dadas a Seu rebanho.

Têm ocorrido apostasias e o Senhor têm permitido que questões dessa natureza se desenvolvessem no passado afim de mostrar quão facilmente Seu povo será desviado se confiarem nas palavras de homens em vez de examinarem por si mesmos as Escrituras, como fizeram os nobres bereanos, para ver se essas coisas são assim. E o Senhor têm permitido coisas dessa espécie ocorrerem para que sejam dadas advertências de que elas terão lugar.

A rebelião e a apostasia encontram-se no próprio ar que respiramos. Seremos afetados por elas, a menos que, pela fé, façamos nossa alma desamparada segurar-se em Cristo. Se os homens são tão facilmente transviados agora, como subsistirão eles quando Satanás personificar a Cristo, e operar milagres? Quem ficará inabalado então por suas deturpações – professar ser Cristo quando é apenas Satanás assumindo a pessoa de Cristo, e operando aparentemente as obras do próprio Cristo?

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Há decidido testemunho a ser dado por todos os nossos ministros em todas as nossas igrejas. Deus tem permitido ocorrerem apostasias afim de mostrar quão pouco se pode confiar no homem. Devemos olhar sempre a Deus, sua palavra não é Sim e Não, mas Sim e Amém. – Manuscrito não dado 148. (II ME 394/395).

Foi-me mostrado que vivemos em meio dos perigos dos últimos dias. Por abundar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. A palavra “muitos” refere-se aos professos seguidores de Cristo. Eles são afetados pela iniqüidade dominante, e se afastam de Deus; não é, porém, necessário que eles assim sejam afetados. A causa desse declínio é eles não se manterem limpos da iniqüidade. O fato de seu amor para com Deus estar esfriando por abundar a iniqüidade, mostra que eles são em certo sentido participantes dessa iniqüidade, do contrário ela não lhes afetaria o amor para com Deus, e seu zelo e fervor em Sua causa.

Foi-me mostrado terrível quadro da condição do mundo. A iniqüidade alastra-se por toda parte. A licenciosidade é o pecado especial deste século. Jamais ergueu o vício a cabeça disforme com tal ousadia como o faz agora. O povo parece estar entorpecido, e os amantes da virtude e da verdadeira piedade acham-se quase desanimados por sua ousadia, força e predominância. A abundante iniqüidade não se limita apenas aos incrédulos e zombadores. Quem dera que assim fosse! Mas não é. Muitos homens e mulheres que professam a religião de Cristo, são culpados. Mesmo alguns que professam estar esperando Seu aparecimento não estão mais preparados para esse acontecimento do que o próprio Satanás. Não se estão purificando de toda poluição. Têm por tanto tempo servido a sua concupiscência que lhe é natural pensar impuramente e ter corruptas imaginações. É tão impossível fazer com que sua mente demore nas coisas puras e santas, como seria desviar o curso do Niágara, e fazer com que suas águas jorrassem para cima. (I TS pág. 256).

Minha alma se tem curvado em angústia, ao ser mostrada a débil condição do professo povo de Deus. A iniqüidade é abundante e o amor de muitos esfria. (I TS. pág. 257).

O morto, frio cumprimento do dever não nos faz cristãos. Cumpre-nos sair do estado de mornidão e experimentar conversão real ou perderemos o Céu.

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Minha atenção foi encaminhada para a providência de Deus. Entre Seu povo, e foi-me mostrado que toda prova feita pelo processo de refinamento e purificação sobre os professos cristãos demonstra que alguns são escória. Nem sempre aparece o fino ouro. Em toda crise religiosa alguns caem sob a tentação. O peneiramento de Deus sacode fora multidões, como folhas secas. A prosperidade multiplica a massa dos que professam. A adversidade expurga-os da Igreja. Como uma classe, não tem o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são de nós; pois quando surge tribulação ou perseguição por causa da palavra, muitos se escandalizam.

Estão iludidos consigo mesmo. Na calma, que firmeza manifestam! Que corajosos navegantes são! Mas quando as furiosas tempestades da prova e tentação sobrevêm, ai! Sua alma naufraga. Os homens podem ter excelentes dons, boa aptidões, qualidades esplêndidas; um defeito, porém, um pecado secreto nutrido, demonstrar-se-á para o caráter o que a prancha carcomida pelo verme é para o navio – completo desastre e ruína. (I TS pág. 478-479).

Foi-me mostrado que a maior causa de o povo de Deus se achar agora nesse estado de cegueira espiritual, é o não receberem a correção. Muitos têm desprezados as reprovações e advertências que lhes foram feitas. A Testemunha Verdadeira condena o estado morno do povo de Deus, o qual dá a Satanás grande poder sobre eles, neste tempo de espera e vigilância. Os egoístas, os orgulhosos, e os amantes do pecado são sempre assaltados por dúvidas. Satanás tem a habilidade de sugerir dúvidas e suscitar objeções aos incisivos testemunhos enviados por Deus, e muitos julgam ser uma virtude, um sinal de inteligência de sua parte, ser incrédulos, questionar e sofismar. Os que desejam duvidar terão suficiente margem para isto. Deus não Se propõe a remover toda ocasião para incredulidade. Ele dá provas que devem ser cuidadosamente investigadas com espírito humilde e dócil, todos devem decidir em favor do peso da evidência.

A fé e o amor são áureos tesouros, elementos de que há grande carência entre o povo de Deus. Foi-me mostrado que a incredulidade nos testemunhos de advertência, animação e reprovação, está afugentando a luz do povo de Deus. A incredulidade fecha-lhes os olhos, de modo que se acham ignorantes de sua verdadeira condição. (I TS pág. 329/330).

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O povo a quem Deus confiou as sagradas, solenes e probantes verdades para este tempo está dormindo em seu posto. Por seu procedimento, de: “Tenho a verdade”, “rico sou e estou enriquecido, e de nada tenho falta”, ao passo que a testemunha verdadeira o adverte: “Não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” Apoc. 3:17.

Com que fidelidade retratam essas palavras a presente condição da igreja! “Não sabes que és desgraçado, e miserável, e pobre e cego, e nu.” Pelos os servos do Senhor são transmitidas mensagens de advertências ditadas pelo Espírito Santo, e descobertos defeitos de caráter aos que se têm desviada; eles, entretanto, dizem: “Isto não se aplica ao meu caso. Recuso a mensagem que me transmitis. Estou fazendo o melhor que posso. Creio na verdade.”

Aquele mau servo que em seu coração diz: “Meu Senhor tarde virá” (S. Mat. 24:28), professa estar esperando a Cristo. É um “servo” que só aparentemente se dedica ao serviço de Deus, enquanto no coração se entregou a Satanás. Diferente dos escarnecedores, não nega abertamente a verdade, mas pela conduta revela o desejo que sente de que a vinda do Senhor se dilate. O orgulho torna-o descuidoso dos interesses eternos. Adota as máximas do mundo e se conforma ás suas práticas e costumes. O egoísmo, o orgulho e as ambições mundanas nele predominam. Temendo que seus irmãos lhe levem alguma vantagem, deprecia-lhes os esforços e impugna-lhes as razões. Deste modo espanca seus conservos. Á proporção que se vai alienando do povo de Deus, uni-se mais aos ímpios. É achado comendo e bebendo “com os temulentos” – associando-se com o mundo cujo espírito compartilha. Deste modo é embalada numa segurança carnal, e vencido pela negligência, indiferença e ociosidade.

A causa propriamente dita do mal foi a negligencia da vigilância e da oração secreta, a que sucedeu naturalmente a negligência de outros deveres religiosos, sendo assim aparelhado o caminho para todos os pecados subseqüentes. Cada cristão é assediado pelas seduções do mundo, pelas solicitações da natureza carnal e por tentações diretas de Satanás. Ninguém está livre dessas coisas. Não importa qual tenha sido a nossa experiência, não importa quão elevada a nossa posição, precisamos vigiar e orar continuamente. Temos de ser

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diariamente guiados pelo Espírito de Deus, ou havemos de ser dirigido por Satanás. (II TS pág, 14/15).

Se alguns dos que professa crer na verdade presente, pudessem compreender sua verdadeira condição, haviam de desesperar da misericórdia divina. Têm estado exercendo toda a sua influência contra a verdade, a voz de admoestação e o povo de Deus. Estiveram a fazer deste modo a obra de Satanás. Muitos se tornaram de tal modo envaidecidos em virtude de seus enganos, que jamais se poderão reabilitar. Semelhante estado de apostasia não pode prevalecer sem acarretar a ruína de muitas almas.

A igreja tem recebido advertências umas após outras. Os deveres que tem e os perigos que corre o povo de Deus foram claramente expostos. Entretanto, o elemento mundano está nela agindo fortemente. Costumes, práticas e modas que tendem a desviar a alma de Deus há anos que têm estado lançando raízes, a despeito das advertências e exortações do Espírito divino, e, afinal, seus caminhos se tornaram retos aos seus próprios olhos, e a voz do Espírito mal é ouvida. Ninguém pode prever até onde se embrenhará no pecado quando uma vez se tiver rendido ao poder do grande enganador. Satanás penetrou em Judas Iscariotes e induziu-o a trair seu Senhor. Induziu Ananias e Safira a mentir ao Espírito Santo. Os que não estiverem inteiramente consagrados a Deus, podem ser levados a fazer a obra de Satanás, ao passo que se jactam de estar fazendo a obra de Cristo.

A igreja se compõe de homens e mulheres imperfeitos e cheios de fraquezas que requerem a prática constante de caridade e contemplação. Mas já há muito que reina uma atmosfera de mornidão espiritual. Penetrou na igreja um espírito mundano, seguido por frieza recíproca, acusações mútuas, maldades, contendas e iniqüidade. (II TS pág. 15/16/17).

A norma de santidade é hoje a mesma que nos dias dos apóstolos. Nem as promessas nem as reivindicações de Deus perderam coisa alguma de sua força. Mas qual é o estado do professo povo do Senhor, em comparação com a igreja primitiva? Onde o Espírito e poder de Deus, que naquele tempo acompanhava a pregação do Evangelho? Ai, “como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro fino e bom!” Lam. 4:1.

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O Senhor plantou Sua igreja como uma vinha em campo fértil. Com o mais terno cuidado Ele a cultivou, para que produzisse frutos de justiça. Sua linguagem é: “Que mais se poderia fazer á Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito?” Mas essa vinha, plantada por Deus, inclinou-se para a terra e prendeu suas gavinhas em volta de suportes humanos. Seus ramos se estendem por toda a parte, mas produz frutos de uma videira degenerada. O Senhor da vinha declara: “Esperando Eu que desse uvas. Veio a produzir uvas bravas.” Isa. 5:4.

O Senhor concedeu grandes bênçãos a Sua igreja. A justiça exige que ela devolva esses talentos com juros. Como aumentaram os tesouros da verdade confiados a sua guarda, aumentaram também suas obrigações. Mas em vez de desenvolverem esses dons e avançar rumo da perfeição, ela volveu atrás daquilo que alcançara em sua experiência anterior. A mudança em seu estado espiritual processou-se gradualmente, e quase imperceptivelmente. Ao começar a buscar o louvo r e amizade do mundo, sua fé diminuiu, seu zelo enlanguesceu, sua fervorosa devoção cedeu lugar á formalidade morta. Cada passo rumo do mundo, foi um passo para mais longe de Deus. Á medida que o orgulho e ambição mundana foram acariciados, afastou-se o espírito de Cristo e insinuaram-se a emulação, dissensão e luta, para desviar e enfraquecer a igreja. (II TS pág. 81/82).

Muitos que possuem um conhecimento inteligente da verdade, e são capazes de defende-la mediante argumentos, nada fazem em prol do erguimento do reino de Cristo. Encontramo-los de quando em quando; mas não dão um testemunho vivo da experiência pessoal na vida cristã; não relatam novas vitórias alcançadas na santa milícia. Em vez disso, nota-se a mesma velha rotina, as mesmas expressões na oração e na exortação. Suas orações não têm aspectos novos; não exprimem maior inteligência nas coisas de Deus, nem fé mais fervorosa e viva. Essas pessoas não são plantas vivas no jardim do Senhor, a produzir novos rebentos e nova folhagem, e a grata fragrância de uma vida santa. Não são cristãos em crescimento. Têm pontos de vista e planos limitados, e não há para eles expansão do espírito, nem valiosos acréscimos aos tesouros do crescimento cristão. Suas faculdades não foram exercitadas nessa direção. Não aprenderam a olhar aos homens e ás coisas como Deus as vê, em muitos casos a simpatia não santificada tem prejudicado almas e estorvado grandemente a causa de Deus. É terrível a estagnação

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espiritual que prevalece. Muitos levam uma vida cristã formal e alegam que seus pecados foram perdoados, quando são destituídos de todo real conhecimento de Cristo, tal como o pecador. (II TS pág. 97).

Muitos poucos dos que receberam a luz, no entanto, estão fazendo a obra confiada a suas mãos. Poucos são os homens de incondicional fidelidade, que não consideram a comodidade, as conveniências ou a própria vida, que abrem seu caminho para onde quer que possam achar uma porta por onde forcem a luz da verdade e reivindiquem a santa lei de Deus. Mas os pecados que controlam o mundo têm penetrado nas igrejas e no coração daqueles que professam ser o povo peculiar de Deus. Muitos do que receberam a luz exercem sua influência no sentido de aquietar os temores dos professos mundanos e formais.

Há amantes do mundo mesmo entre os que professam estar aguardando o Senhor. Há ambição de riquezas e de honras. Cristo descreve esta classe quando declara que o dia de Deus virá como um laço sobre todos os que habitam na Terra. Este mundo é seu lar. Fazem do adquirir riquezas sua ocupação. Constroem custosas habitações e mobíliam-nas com tudo quanto é bom; comprazem-se no vestuário e na satisfação do apetite. As coisas do mundo são seu ídolos. Estas coisas se interpõem entre a alma e Cristo, e as solenes e assombrosas realidades que se estão adensando sobre nós não são vistas senão muito palidamente e muito fracamente avaliadas. A mesma desobediência e o mesmo fracasso observados na igreja judaica, têm caracterizado em maior grau o povo que recebeu esta grande luz do Céu nas últimas mensagens de advertência. Deixaremos que a história de Israel se repita em nossa experiência? Havemos nós de, á semelhança deles, esbanjar nossas oportunidades e privilégios até que Deus permita nos sobrevirem opressão e perseguição? Será a obra que podia ser efetuada em paz e relativa prosperidade deixada por fazer até que precise ser realizada em dias de trevas, sob a pressão das provas e da perseguição?

Terrível é a quantidade de culpa que pesa sobre a igreja. Por que não estão os que possuem a luz desenvolvendo diligentes esforços para levá-la a outros? Vêem que o fim está perto. Vêem multidões transgredindo diariamente a lei de Deus; e sabem que essas almas não podem salvar-se em transgressão. Têm todavia mais interesse em seu comércio, suas plantações, suas casas, suas mercadorias, seus

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vestidos, sua mesa, do que nas almas de homens e mulheres que devem encontrar face a face no juízo. O povo que pretende obedecer á verdade acha-se adormecido. Não poderiam estar tão a cômodo como estão, caso estivessem despertos. O amor da verdade está se extinguindo em seu coração. Seu exemplo não é de molde a convencer o mundo de que eles possuem uma verdade mais avançada que qualquer outro povo da Terra. No próprio tempo em que deviam ser fortes em Deus, tendo diariamente uma viva experiência acham-se fracos, hesitantes, descansando nos pregadores como seu ponto de apoio, quando deviam estar ministrando a outros com a mente, a alma, a voz, a pena, o tempo e o dinheiro. (II TS pág.157/158)

Nossas igrejas não estão recebendo a espécie de preparo que as leve a andar em toda a humildade de espírito, despojando-se de todo o orgulho de ostentação externa, e esforçando-se pela posse do adorno interior. A eficiência da igreja é justamente o que o zelo, a pureza, abnegação e inteligente labor dos ministros a tornem. (II TS pág. 226/227).

Quando o povo de Deus está á vontade, satisfeito com a luz que já possui, podemos esta certos de que Ele os não favorecerá. É Sua vontade que lhes marchem sempre avante, recebendo sempre avultada e crescente luz que para eles brilha. A atitude atual da igreja não agrada a Deus. Têm se introduzido uma confiança em si mesmos que os têm levado a não sentir nenhuma necessidade de mais verdade e maior luz. Vivemos numa época em que Satanás opera á direita e á esquerda, em nossa frente e por trás de nós; e toda via, como um povo, estamos dormindo. Deus deseja que se faça ouvir uma voz despertando Seu povo para ação. (II TS pág. 313).

Os males que se têm insinuado gradualmente entre nós, têm imperceptivelmente desviado indivíduos e igrejas da reverência devida a Deus, excluindo o poder que Ele lhes deseja dar. (II TS pág. 315).

Se nosso povo continuar na atitude indiferente na qual têm estado, Deus não poderá derramar sobre eles o Seu Espírito. Não estão preparados para cooperar com Ele. Não estão despertos para com a situação e não reconhecem o perigo que ameaçam. Devem sentir agora, qual nunca dantes, sua necessidade de vigilância e ação coordenada.

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Se os dirigentes de nossas Associações não aceitarem agora a mensagem que Deus lhes envia, e não cerrarem fileiras para ação, as igrejas sofrerão grande perda. (II TS pág. 316/317).

Os que tiveram oportunidades para ouvir e aceitar a verdade, e se uniram a igreja adventista do Sétimo Dia, considerando-se o povo de Deus que guarda os mandamentos, mas não possui vitalidade e consagração a Deus do que as igrejas nominais, serão atingidos pelas pragas de Deus tão verdadeiramente como as igrejas que se opõem á sua lei. (EF pág. 149).

Foi me mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte, mas esperar apenas que sobre eles venha ao refrigério, para deles remover os defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da imundície da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor do terceiro anjo, serão achados em falta. O refrigério ou poder de Deus só atingirá os que se houverem para ele preparado, fazendo o trabalho que Deus ordena, isto é, purificando-se de toda a impureza da carne e do espírito, aperfeiçoando-se em santidade, no temor de Deus. (III TS pág. 214).

Disse o anjo: “Nada menos que a completa armadura da justiça pode habilitar o homem a vencer os poderes das trevas e conservar a vitória sobre eles. Satanás tomou plena posse das igrejas como um corpo. Consideram-se os dizeres e as obras de homens em vez de claras, cortantes verdades da Palavra de Deus. O espírito e a amizade do mundo são inimizade com Deus. Quando a verdade em sua simplicidade e força, como é em Jesus, é levada a dar frutos contra o espírito do mundo, desperta para logo o espírito de perseguição. Grande número de pessoas que professam ser cristãos não conhecem a Deus. O coração natural não foi mudado, e a mente carnal conserva a inimizade contra Deus. São servos fieis de Satanás embora haja assumido outro nome.”

Vi que, havendo Jesus deixado o lugar santo e entrado para dentro do segundo véu, as igrejas têm-se tornado esconderijo de toda espécie de ave imunda e detestável. Vi nas igrejas grande iniqüidade e vileza; contudo, os seus membros professam ser cristãos. Sua profissão, suas orações e exortações constituem uma abominação aos olhos de Deus. Disse o anjo; “Deus não Se agradará de suas assembléias. Egoísmo, embuste e engano são por eles praticados sem reprovações da

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consciência. E sobre todos esses maus traços lançam o manto da religião.” Foi-me mostrado o orgulho das igrejas nominais. Deus não está em seus pensamentos; sua mente carnal demora-se neles mesmo; decoram os seus pobres corpos mortais, e olham então para si mesmo com satisfação e prazer. Jesus e os anjos olham para eles com ira. Disse o anjo: “Seus pecados e orgulho alcançaram o Céu. Sua porção está preparada. Justiça e juízo têm dormido por muito tempo, mas despertarão logo. Minha é a vingança, e Eu darei a retribuição, diz o Senhor.” As terríveis ameaças do terceiro anjo deverão tornar-se realidade, e todos os ímpios beberão da ira de Deus. Uma inumerável hoste de anjos maus estão se espalhando por toda a Terra e enchendo as igrejas. Esses agentes de Satanás olham para as corporações religiosas com exultação, pois o manto da religião cobre o maior crime e iniqüidade. (PE pág. 273/274/275).

Tão frigida é a atmosfera da igreja, de tal espécie é seu espírito, que homens e mulheres não podem manter ou suportar o exemplo de piedade primitiva e oriunda do Céu. O calor de seu primeiro amor está gelado, e a menos que sejam regados pelo batismo do Espírito Santo, seu castiçal será removido de seu lugar, a não ser que se arrependam e pratique as primeiras obras. As primeiras obras da igreja foram vistas quando os crentes procuraram os amigos, parentes e conhecidos e com coração transbordando de amor contaram a história do que Jesus era para eles, e do que eles eram para Jesus. Oh, se o Senhor despertasse os que estão em posições de responsabilidade para que não empreendessem o trabalho confiando em sua própria capacidade! A obra que sai de suas mãos não terá o molde e a inscrição de Cristo. (TM pág.167/168).

O egoísmo mancha tudo que os obreiros não consagrados fazem. Têm eles necessidade de orar sempre, mas não o fazem. Precisam vigiar em oração. Têm necessidade de sentir a santidade da obra; mas não sentem. Lidam com as coisas sagradas como com as coisas comuns. As coisas espirituais se discernem espiritualmente, e enquanto não beberem da água da vida, e Cristo não for neles como que uma fonte de água, saltando para a vida eterna, a ninguém refrigerarão, a ninguém abençoarão; e a não ser que se arrependam, seu castiçal será removido de seu lugar. Há necessidade de constante paciência, de invencível caridade, de fé onipotente na obra de salvar almas. O eu não deve ter a

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preeminência. Deve-se exercer a sabedoria de Cristo ao lidar com mentes humanas. (TM pág. 168).

O poder das trevas já colocou seu molde e inscrição sobre a obra que devia permanecer pura, não corrompida pelas astutas ciladas do diabo. (TM pág. 277).

Não acho sossego de espírito. Cena após cena é-me apresentada em símbolos, e não tenho sossego enquanto não comece a escrever a questão. No centro da obra, estão as questões sendo amoldadas de tal maneira que todas as instituições estão seguido o mesmo rumo. E a própria Associação Geral se está corrompendo com sentimentos e princípios errôneos. Na elaboração dos planos, manifestam-se os mesmos princípios que têm dominado as coisas em Battle Creek por bom espaço de tempo. (TM pág.359).

Os santos princípios dados por Deus são apresentados como sendo fogo sagrado, mas o fogo comum é usado em lugar do sagrado. Planos contrários á verdade e á justiça são introduzidos de maneira sutil, sob a alegação de que isto deve ser feito, “para o avanço da causa de Deus”. (TM pág. 359/360).

Todo o corpo está doente devido ao desgoverno e á falta de cálculo. O povo a quem Deus confiou os interesses eterno, os depositários da verdade plena de resultados eternos, perderam o rumo. Cometeu Deus um equívoco? São os que estão no coração obra vasos escolhidos que possam receber o óleo dourado que os mensageiros celestes, representados por duas oliveiras, esvaziam nos canudos de ouro para abastecer as lâmpadas? (TM pág. 397).

Mas muitos – não alguns, muitos –têm perdido o seu zelo e consagração espirituais, e se têm desviado da luz que se vem constantemente tornando mais brilhante, e têm recusado andar na verdade porque o seu poder santificador sobre a alma não era o que desejavam. Poderiam ter sido renovados na santidade, e ter alcançado a elevada norma exigida pela a Palavra de Deus; mas sobre eles recai uma condenação. Muitos ministros e muitas pessoas estão nas trevas. Perderam de vista o Guia, a luz do mundo; e sua culpa é proporcional á graça e verdade reveladas ao seu entendimento, que têm sido abundante e poderosas. (TM pág. 449/450).

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Há estonteante apostasia no povo de Deus, aqueles a quem tem sido confiadas santas e sagradas verdades. Sua fé, seu serviço, suas obras, devem ser comparados com o que poderiam ter sido se seu rumo fosse continuamente para frente e para cima, segundo a graça e a santa verdade que lhes foram dadas. (TM pág. 450).

Que maior engano pode iludir o espírito humano do que aquele em que os indivíduos se gabam de terem a verdade, de estarem num único fundamento seguro, e de que Deus lhes aceita as obras porque estão ativamente empenhados em algum trabalho na causa de Deus, quando contra Ele estão pecando por andarem de maneira contrária á expressa vontade divina? Trabalham mecanicamente, como máquinas; mas lhes falta o preparo do coração, a santificação do caráter. As coisas sagradas e santas são rebaixadas ao nível das coisas comuns, e a vulgaridade, o barateamento, estão se insinuando em nossas igrejas. O serviço está degenerando em pouco mais do que uma forma. (TM pág.451).

Qual é nosso estado neste terrível e solene tempo? Ai, que orgulho prevalece na igreja, que hipocrisia, que engano, que amor ao vestuário, á frivolidade e ao divertimento, que desejo de supremacia! Todos esses pecados têm obscurecido a mente, de modo que as coisas eternas não têm sido discernidas. (I ME pág. 125).

Deus apresenta contra pastores e o povo a séria acusação de fraqueza espiritual, dizendo: “Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim por que és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” Apoc. 3:15-18 (I ME pág. 127/128).

O Deus que conhece a condição espiritual de quem quer que seja declara: Eles têm acalentado o mal e se separado de Mim. Desviaram-se todos. Ninguém está isento de culpa. Eles Me abandonaram, a Fonte de águas vivas, e cavaram para si cisternas rotas que não retêm as águas. Muitos corromperam seus caminhos diante de Mim. Inveja, ódio, ciúmes, ruis suspeitas, rivalidades, contendas e amarguras são os frutos que têm produzido. Eles não atenderão ao testemunho que lhes tenho

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enviado. Não perceberão seus perversos caminhos para serem convertidos e curados. (5 TI, pág.63).

Se a mais dedicada vigilância não for manifesta no grande coração da obra para proteger os interesses da causa, a igreja se tornará tão corrupta quanto as igrejas de outras denominações.

Homens que estão familiarizados com a forma em que Deus conduziu o Seu povo no passado, em vez de indagar sobre os antigos cominhos e defenderem nossa posição como povo peculiar, têm unido mãos com o mundo. O aspecto mais alarmante no caso é que as vozes de advertências não têm sido ouvidas em protestos, apelos e advertências. Os lhos do povo de Deus parecem estar cegados, enquanto a igreja rapidamente se afasta para o conduto de mundanismo. (5 TI pág. 513).

Temos uma grande verdade; mas pela descuidada indiferença, a verdade tem perdido sua força sobre nós. Satanás tem entrado com suas especiosas tentações, e tem afastado de seu Guia os professos seguidores de Cristo, classificando-os com as virgens loucas. (TM pág.130).

A vida cristã é uma guerra. O apóstolo Paulo fala de uma luta contra os principados e potestades enquanto porfiava no bom combate da fé. Novamente ele declara: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb. 12:4 Ah, não! Hoje o pecado é acariciado e desculpado. A afiada espada do Espírito, a Palavra de Deus, não cortou até a alma. Mudou, porventura, a religião? A inimizade de Satanás por Deus diminuiu? A vida religiosa antes apresentava dificuldades e demandava abnegação. Tudo é fácil agora. E por que isso? O professo povo de Deus comprometeu-se com os poderes das trevas. (5TI pág. 222).

Ao ver o terrível fato de se achar o povo de Deus em conformidade com o mundo, não havendo distinção, exceto no nome entre muitos dos professos discípulos do manso e humilde Jesus, e os incrédulos, profunda foi a angústia de meu coração. Vi que Jesus era ferido e exposto a uma franca vergonha. Disse o anjo, ao ver, com tristeza, o professo povo de Deus amando o mundo, participando de seu espírito e seguindo-lhe as modas: desliguem-se! Desliguem-se! Para que Ele não lhes dê sua parte com os hipócritas e os incrédulos do lado de fora da cidade. Sua profissão de fé só lhes causará maior

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angústia, e será maior o seu castigo, porque vocês souberam Sua vontade e a não fizeram”. (I TI pág. 133)

Tem-me sido perguntado porque é que há tão pouco poder nas igrejas, por que é que há tão pouca eficiência entre nossos professores. A resposta é, que é devido a ser o pecado conhecido, acariciado de várias maneiras entre os professos seguidores de Cristo, e a se tornar a consciência endurecida por longa violação. A resposta é que os homens não andam com Deus, mas interrompem a companhia com Jesus, e, como resultado, vemos manifestos na igreja o egoísmo, a cobiça, o orgulho, a luta, a contenda, a dureza de coração, a licenciosidade e práticas más. Mesmo entre os que pregam a Sagrada Palavra de Deus encontra-se este mal estado de coisas; e a menos que haja completa reforma entre os irreligiosos e não santificados melhor será que tais homens deixem o ministério e escolham alguma outra ocupação onde seus pensamentos não regenerados não tragam desastre sobre o povo de Deus. (TM pág. 162/163).

Vemos aí que a igreja – o santuário do Senhor – foi a primeira a sentir o golpe da ira de Deus. Os anciões, aqueles a quem Deus dera grande luz, e que haviam ocupado do lugar de depositários dos interesses espirituais do povo, haviam traído o seu depósito. Colocaram-se no ponto de vista de que não precisamos esperar milagres e as assinaladas manifestações do poder de Deus, como nos dias da antiguidade. Os tempos mudaram. Estas palavras fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não fará nem bem nem mal. É demasiado misericordioso para visitar seu povo em juízo. Assim, paz e segurança é o grito de homens que nunca mais erguerão sua voz como trombeta para mostrar o povo de Deus suas transgressões, é a casa de Jacó os seus pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão a justa vingança de um Deus ofendido. Homens, virgens e crianças, todos perecerão juntos (II TS pág. 65/66).

Acompanhando as profecias em seu curso, viu que os habitantes da Terra estavam vivendo nas cenas finais da história deste mundo; e contudo não sabiam. Olhou para as igrejas e viu que estavam corrompidas; haviam tirado de Jesus as suas afeições, colocando-as no mundo; estavam a buscar honras mundanas, em vez daquela honra que vem de cima; apoderavam-se das riquezas mundanas, em vez de

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acumular seu tesouro na Céu. Via hipocrisia, trevas e morte por toda a parte. Seu espírito agitou-se dentro dele. (PE pág. 229).

Anjos estavam a observar com o mais profundo interesse o resultado da mensagem celestial, e, quando as igrejas dela se voltaram e a rejeitaram com tristeza consultaram a Jesus. Ele desviou Seu rosto das igrejas, e ordenou a Seus anjos que fielmente vigiassem aqueles que, preciosos á Sua vista, não rejeitaram o testemunho, pois outra luz deveria ainda resplandecer sobre eles. (PE pág. 235).

Só os que estiverem vivendo de acordo com a luz que têm recebido poderão receber maior luz. A não ser que nós estejamos desenvolvendo diariamente na exemplificação das ativas virtudes cristãs, não reconheceremos as manifestações do Espírito Santo na chuva serôdia. Pode ser que ela esteja sendo derramada nos corações ao nosso redor, mas nós não a discerniremos nem a receberemos. (TM, pág. 507).

Vi que Deus tem filhos honestos entre os adventistas nominais e as igrejas caídas, e antes que as pragas sejam derramadas, ministros e povo serão chamados a sair dessas igrejas e alegremente receberão a verdade. Satanás sabe disto, e antes que o alto clamor da terceira mensagem Angélica seja ouvido, ele suscitará um excitamento nessas corporações religiosas, afim de que os que rejeitam a verdade pensem que Deus está com eles. Ele espera enganar os honestos e levá-los a pensar que Deus ainda está trabalhando pelas igrejas. Mas a luz brilhará, e todos os honestos deixarão as igrejas caídas, e tomarão posição ao lado dos remanescentes. (PE pág. 261).

Apesar do generalizado declínio da fé e da piedade, há verdadeiros seguidores de Cristo nessas igrejas. Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos. Naquele tempo muitos se separarão das igrejas em que o amor deste mundo suplantou o amor de Deus e á Sua Palavra. Muitos, tanto pastores como leigos aceitarão alegremente as grandes verdades que Deus providenciou fosse proclamadas no tempo presente, a fim de preparar um povo para a segunda vinda do Senhor. O inimigo das almas deseja estorvar essa obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a

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benção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é do outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procura estender sua influência sobre o mundo cristão.

Em muitos dos avivamentos ocorridos durante o último meio século, tem estado a operar, em maior ou menor grau, as mesmas influências que se manifestarão em movimentos mais extensos no futuro. Há um excitamento emotivo, mistura do verdadeiro com o falso, muito apropriado para transviar. Contudo, ninguém necessita ser enganado. A luz da Palavra de Deus não é difícil determinar a natureza destes movimentos. Onde quer que os homens negligenciem o testemunho da Escritura Sagrada, desviando-se das verdades claras que servem para provar a alma e que exigem a renuncia de si mesmo e a do mundo, podemos estar certos de que ali não é outorgada a bênção de Deus. (GC pág. 464/465).

Ao concluir esta exposição, gostaria de dizer que estamos vivendo em tempos muitos solenes. Na última visão a mim dada, foi-me mostrado o alarmante fato de que apenas pequena porção dos que agora professa a verdade, serão santificados e salvos por ela. Muitos haverão de se pôr acima da simplicidade da obra. Conformar-se-ão com o mundo, adotando ídolos e tornando-se espiritualmente mortos. Os humildes e abnegados seguidores de Jesus buscarão a perfeição, deixando para trás os indiferentes e amantes do mundo.

Foi-me apontado o antigo Israel. Apenas dois dos adultos, dentre o vasto exército que deixou o Egito, entraram em Canaã. Seus cadáveres ficaram espalhados no deserto por causa de suas transgressões. O Israel moderno está em maior perigo de esquecer-se de Deus e ser levado á idolatria do que o antigo povo de Deus. Adoram-se muitos ídolos, mesmo entre os professos observadores do Sábado. Deus advertiu Seu antigo povo a guarda-se da idolatria, pois se se desviassem do Deus vivo, Sua maldição recairia sobre eles, enquanto que se O amassem “de todo o coração, e de toda a alma, e de todas as forças.” (Marcos 12:33), e ele abençoaria abundantemente o seu cesto e sua amassadeira e removeria do meio deles toda a enfermidade.

A bênção ou a maldição estão agora diante do povo de Deus – a bênção se saírem do mundo, si se apartarem dele e andarem nos

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caminhos da humilde obediência; a maldição se se unirem a idólatras e desprezarem os altos reclamos do Céu. Os pecados e iniqüidades do rebelde Israel foram registrados e se apresentam diante de nós como advertência, mostrando-nos certamente cairemos como eles. “Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” (I Cor. 10:11; I TI pág. 608/609).

Estamos longe de ser o povo que Deus quereria que fôssemos, porque não elevamos a alma e não refinamos o caráter em harmonia com o maravilhoso desenvolvimento da verdade de Deus e Seus desígnios. “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.” Prov. 14:34. O pecado é um desorganizador. Onde quer que ele seja nutrido – no coração, na família, na igreja – há desordem, luta, discordância, inimizade, inveja, ciúmes, porque o inimigo do homem e de Deus tem o domínio da mente. Seja, porém, amada a verdade e introduzida no viver, da mesma maneira que defendida, e esse homem ou mulher odiará o pecado e será um vivo representante de Jesus Cristo perante o mundo.

O povo que pretende crer na verdade não será condenado por não haver possuído a luz, mas porque tiveram grande esclarecimento e não levaram seu coração á prova da grande norma moral de justiça. (II ME pág. 377).

Por meio dos testemunhos o Senhor Se propõe advertir, repreender e aconselhar Seus filhos, e impressionar-lhes a mente com a importância da verdade de Sua Palavra. Os testemunhos não estão destinados a comunicar nova luz; e sim a imprimir fortemente na mente as verdades da inspiração que já foram reveladas. Os deveres do homem para com Deus e seu semelhante estão claramente discriminados na Palavra de Deus, mas poucos de vocês se têm submetido em obediência; mas pelos testemunhos Deus tem facilitado a compreensão de importantes verdades já reveladas, e posto estas diante de Seu povo pelo meio que Ele próprio escolheu, a fim de despertar e impressionar com elas a sua mente, para que todos fiquem sem desculpas. (II TI pág.605).

Uma coisa é certa os adventistas do sétimo dia que se colocam sob o estandarte de Satanás abandonarão primeiro sua fé nas advertências e repreensões contidas nos Testemunhos do Espírito de Deus. (III ME pág. 84).

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Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. II Tim. 4: 1 e 2.

Nessas incisivas e fortes palavras, torna-se patente o dever do ministro de Cristo. Ele tem de pregar a “palavra”, não as opiniões e tradições dos homens, não fábulas aprazíveis ou histórias sensacionais, para mover a imaginação e excitar as emoções. Não deve exaltar-se, mas, como na presença de Deus, colocar-se perante o mundo a perecer, e pregar a palavra. Não deve haver nenhuma interpretação fantasiosa, o ministro deve falar com sinceridade e profunda serenidade, como uma voz vinda de Deus a expor as Sagradas Escrituras. Cumpre-lhe oferecer aos ouvintes aquilo que é de maior interesse para seu bem presente e eterno.

Irmãos meus que ministrais, ao vos achardes perante o povo, falai do que é essencial, o que instrui. Ensinai as grandes verdades práticas que devem ser introduzidas na vida. Ensinai o poder salvador de Jesus, “em quem temos a redenção... a saber, a remissão dos pecados” Col. 1:14, esforçai-vos por fazer com que vossos ouvintes compreendam o poder da verdade.

Os ministros de Deus devem apresentar a firme palavra da profecia como o fundamento de fé dos adventistas do sétimo dia. As profecias de Daniel e Apocalipse devem ser cuidadosamente estudadas e, em ligação com elas, as palavras; “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. S. João 1:29. O capítulo vinte e quatro de S. Mateus é-me apresentado repetidamente como devendo ser exposto á atenção de todos. Vivemos atualmente no tempo em que as predições deste capítulo se estão cumprindo. Expliquem nossos ministros e mestres essas profecias aqueles que estão instruindo. Deixem fora de seus discursos assuntos de menor importância, e apresentem as verdades que hão de decidir o destino das almas.

O tempo em que vivemos pede vigilância contínua, e os ministros de Deus devem apresentar a luz sobre a questão do sábado. Devem advertir os habitantes do mundo quanto a estar Cristo para vir em breve, com poder e grande glória. A derradeira mensagem de advertência ao mundo tem de levar homens a ver a importância que o Senhor dá a Sua lei. Tão claramente deve a mensagem ser apresentada, que nenhum

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transgressor, ouvindo-a, seja desculpável em deixar de discernir a importância de obedecer aos mandamentos de Deus.

Fui instruída a dizer: Reuni das Escrituras as provas de que Deus santificou o sétimo dia, e leiam-se essas provas perante a congregação, mostre-se aos que não têm ouvido a verdade, que todos quantos se desviam de um claro “Assim diz o Senhor”, têm de sofrer os resultados de seu procedimento. Em todos os séculos o sábado tem sido a prova de lealdade a Deus. Entre Mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre, declara o Senhor. Êxo 31:17.

EXCESSIVA DIPLOMACIA NAS COISAS SAGRADAS

O evangelho sofre agora oposição de todos os lados. A confederação do mal nunca esteve tão forte como atualmente. Os espíritos do mal se estão combinando com agentes humanos para combater os mandamentos de Deus. A tradição e a mentira são exaltados acima das Escrituras; a razão e a ciência acima da revelação. O talento humano acima dos ensinos do Espírito, formas e cerimônias acima do poder vital da piedade. Pecados ofensivos têm separado o povo de Deus. A infidelidade se está rapidamente tornando moda. “Não queremos que Este reine sobre nós”, é a linguagem de milhares. Os ministros de Deus devem erguer a voz como uma trombeta, e mostrar ao povo as suas transgressões. Os sermões suaves tão frequentemente pregados, não fazem impressão duradoura. Os homens não são tocados até ao fundo do coração, porque as claras e penetrantes verdades da Palavra de Deus não lhes são ditas.

Muitos dos que professam crer na verdade, diriam, caso exprimissem seus sentimentos reais: “Que necessidade há de se falar tão positivamente?” Bem poderiam então perguntar: “Por que necessitava João Batista de dizer aos fariseus: ‘Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? S. Mat. 3:7. Que necessidade tinha ele de provocar a ira de Herodias, dizendo a Herodes que lhe era ilícito viver com a mulher de seu irmão? Perdeu a vida, por falar assim positivamente. Por que não poderia ter agido de maneira a não incorrer na cólera de Herodias?”

Assim têm os homens raciocinado, até que a excessiva diplomacia tomou o lugar da fidelidade. Permite-se ao pecado passar sem repreensão. Quando se há de ouvir mais uma vez na igreja a voz da

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repreensão fiel: “Tu és este homem”? II Sam. 12:7. Não fosse tão rara essas palavras, e veríamos mais do poder de Deus. Os mensageiros do Senhor não se devem queixar de que seu esforços sejam infrutíferos, enquanto não se arrependerem de seu amor pela aprovação, seu desejo de agradar aos homens, o qual os leva a suprimir a verdade, e clamar: Paz, quando Deus não falou paz.

Oxalá todo ministro de Deus compreendesse a santidade de sua obra e de sua vocação. Como mensageiros divinamente indicados, os ministros se acham em posição de terrível responsabilidade. Cumpre-lhes trabalhar, da parte de Cristo, como despenseiros dos mistérios do Céu, animando os obedientes e advertindo os desobedientes. A norma mundana não deve influir em sua conduta. Eles não se devem apartar jamais da vereda em que Jesus lhes pediu que andassem. Cumpre-lhes avançar em fé, lembrando-se de que estão rodeados de uma nuvem de testemunhas. Não devem falar suas próprias palavras, mas as que Aquele que é maior que os potentados da Terra lhes pediu que falassem. Sua mensagem tem de ser: “Assim diz o Senhor.”

Deus pede homens que, como Nata, Elias e João, apresentem destemidamente Sua mensagem, a despeito das conseqüências; que falem a verdade, embora isso importe no sacrifício de tudo quanto possuam.

COMO SETAS AGUDAS

As palavras de Cristo eram como setas agudas, que iam ao alvo, e feriam o coração de Seus ouvintes. Todas as vezes que Se dirigia ao povo, fosse grande ou pequeno Seu auditório, Suas palavras exerciam sobre alguém efeito salvador. Nenhuma mensagem que caísse de Seus lábios se perdia. Cada palavra que proferia revelava nova responsabilidade aos que O ouviam. E hoje em dia, os ministros que estão anunciando em sinceridade a última mensagem de misericórdia ao mundo, dependendo de Deus quanto a forças, não precisam recear que seus esforços sejam vão. Embora olho algum possa ver o caminho da seta da verdade, quem pode dizer que ela não atingiu o alvo, e penetrou no coração dos que a ouviram? Se bem que nenhum ouvido humano haja percebido o grito da alma ferida, todavia a verdade abriu silenciosamente caminho para o coração. Deus falou á alma; e, no dia

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do ajuste final de contas, Seus fiéis ministros achar-se-ão com os troféus da graça remidora, para dar honra a Cristo.

Ninguém pode dizer o que se perde por tentar pregar sem a unção do Espírito Santo. Há em todas as congregações, pessoas que se acham hesitantes, quase decididas a se pôr inteiramente do lado de Deus. Estão-se tomando decisões; demasiadas vezes, porém, o ministro não possui o espírito e poder da mensagem, e não se faz nenhum apelo direto aos que estão oscilando na balança.

Nesta época de trevas morais, é preciso alguma coisa mais do que secas teorias para mover as almas. Os ministros devem manter ligação viva com Deus. Devem pregar como quem crê naquilo que diz. Verdades vivas, caindo dos lábios do homem de Deus, farão com que os pecadores tremam, e os convictos exclamem: O Senhor é meu Deus; estou resolvido a colocar-me inteiramente do lado do Senhor.

O mensageiro de Deus nunca deve deixar de esforçar-se por obter mais luz e poder. Ele deve lidar sempre, orar sempre, sempre esperar, por entre desânimos e trevas, decidido a adquirir um perfeito conhecimento das Escrituras, e a não ficar atrás em dom algum. Enquanto houver uma alma a receber beneficio, ele deve avançar sempre com renovada coragem a cada esforço. Enquanto for verdade que Jesus disse: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Heb. 13:5), e a coroa da justiça for oferecida ao vencedor, enquanto nosso Advogado interceder em favor do pecador, os ministros de Cristo devem trabalhar com esperançosa e infatigável energia, e perseverante fé.

Os homens que assumem a responsabilidade de apresentar ao povo a palavra provinda da boca de Deus, tornam-se responsáveis pela influência que exercem em seus ouvintes. Se são verdadeiros homens de Deus, saberão que o objetivo de pregar não é entreter. Não é meramente fornecer informações, nem convencer o intelecto.

A pregação da palavra deve apelar para a inteligência, e comunicar conhecimento, mas cumpre-lhe fazer mais que isso. A palavra do ministro, para ser eficaz, tem de atingir o coração dos ouvintes. Não deve introduzir histórias divertidas na pregação. Cumpre-lhes esforçar-se por compreender a grande necessidade e anelo da alma. Ao achar-se perante sua congregação, lembre-se de que há entre os ouvintes pessoas em luta com a dúvida, quase em desespero, quase sem

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esperança. Pessoas que, constantemente assediadas pela tentação, estão combatendo um duro combate contra a adversário das almas. Peça ele ao Salvador que lhe dê palavras que sirvam para fortalecer assas almas para o conflito contra o mal. (Obreiros Evangélicos, pág.145-152)

Há entre o povo de Deus grande necessidade de reforma. O atual estado da igreja nos leva á pergunta: É isto uma fiel representação dAquele que deu a vida por nós? São estes os seguidores de Cristo, e os irmãos dos que não reputaram sua vida por preciosa? Os que atingem á norma bíblica, á descrição feita pela Escritura dos seguidores de Cristo, serão na verdade raros. Havendo abandonado a Deus, a Fonte de águas vivas, cavaram para si mesmos cisternas, “cisternas rotas, que não retêm as águas”. Disse o anjo: “Falta de amor e de fé, eis os grandes pecados de que o povo de Deus se acha agora culpado.” A falta de fé conduz á negligência, ao amor-próprio e do mundo. Os que se apartam de Deus e caem em tentação, condescendem com vícios grosseiros; pois o coração carnal leva a grande impiedade. E este estado de coisas se encontra entre muitos dentre o professo povo de Deus. Enquanto pela profissão O servem, estão em todos os intentos e desígnios corrompendo seus caminhos diante dEle. Muitos satisfazem o apetite e a paixão, não obstante a clara luz da verdade apontar o perigo, e erguer a voz de advertência: “Acautelai-vos, refreai-vos, renunciai.” “O salário do pecado é a morte.” Rom. 6: 23.. Se bem que o exemplo dos que naufragaram na fé se erga como farol de advertindo os outros para não prosseguirem na mesma direção, muitos ainda se precipitam loucamente para diante. Satanás domina-lhe o espírito, e parece controlar-lhes o corpo.

Oh! Quantos se lisonjeiam de bondade e justiça, quando a verdadeira luz de Deus revela que toda a sua vida eles têm vivido unicamente para se agradarem a si mesmos! Toda a sua conduta é aborrecível a Deus. Quantos estão vivos sem a lei! Na espessa trava em que se encontram, olham-se complacentemente: revele-se-lhes, porém, a lei de Deus á consciência, como aconteceu com Paulo, e verão estar vendidos sob o pecado, e ter de morrer para a mente carnal. O próprio eu precisa ser morto.

Quão tristes e terríveis os erros que muitos estão cometendo! Estão edificando sobre a areia, mas lisonjeiam-se de que se acham bem

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firmados na Rocha eterna. Muitos que professam piedade vão se precipitando para a frente tão descuidosamente, e tão inconsiderados para com o perigo, como se não houvesse juízo futuro. Aguarda-os terrível retribuição, e todavia são dominados pelo impulso e a paixão grosseira; e todavia são dominados pelo impulso e a paixão grosseira; estão enchendo um negro registro de vida para o juízo. Ergo a voz em advertência a todo aquele que profere o nome de Cristo, para que se aparte de toda iniqüidade. Purificai a alma pela obediência da verdade. Purificai-vos de toda a imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. Vós, a quem isto se aplica, sabeis o que quero dizer. Mesmo vós, que corrompestes vossos caminhos diante do Senhor, partilhando da iniqüidade que abundantemente existe, e enegrecestes a alma no pecado, Jesus vos convida ainda desviardes de vossa direção, a lançar mão de Sua força, e nEle encontrar aquele paz, aquele poder e graça que vós farão mais que vencedores em Seu nome.

As corrupções deste século degenerado têm manchado muitas almas que, professamente, estão servindo a Deus. Mesmo agora, no entanto, ainda não é demasiado tarde para se endireitarem os erros, para o sangue de um Salvador crucificado e ressurgido fazer expiação por vós, caso vos arrependais e sintais a necessidade que tendes de perdão. Precisamos agora vigiar e orar como nunca dantes, para que não caiamos sob o poder da tentação e deixemos o exemplo de uma vida que seja um lamentável destroço. Como um povo, precisamos não nos tornar descuidosos e olhar o pecado em indiferença. Importa que o acampamento seja expurgado. Todos quantos proferem o nome de Cristo, necessitam vigiar e orar, e guardar as entradas da alma; pois Satanás está em atividade para corromper e destruir, uma vez que lhe seja dada a mínima vantagem. (I TS, pág.401-402)

Foi-me mostrado que o espírito do mundo está levedando rapidamente a igreja. Vocês estão seguindo o mesmo caminho que o antigo Israel. Há a mesma rebeldia ao seu santo chamado como povo peculiar de Deus. Os irmãos estão tendo associação com as infrutuosas obras das trevas. Sua concordância com os descrentes têm provocado o desprazer divino. Vocês não sabem das coisas que dizem respeito á sua paz e as estão rapidamente ocultando de seus olhos. Sua negligencia em seguir a luz os colocará numa posição mais

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desfavorável do que os judeus, sobre quem Cristo pronunciou uma maldição.

Vi que a incredulidade com relação aos testemunhos tem aumentado á medida que o povo apostata de Deus. Isso ocorre em nossas fileiras e em todo o campo. Mas poucos sabem o que nossas igrejas estão para experimentar. Foi-me mostrado que presentemente estamos sob tolerância divina; porém, ninguém sabe até quando. Ninguém sabe quão grande é a misericórdia que tem sido exercida sobre nós. Poucos são fervorosamente consagrados a Deus. Há apenas uns poucos que, como as estrelas numa noite tempestuosa, brilham aqui e acolá entre as nuvens. (TI pág. 76)

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