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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E
PROCESSO DO TRABALHO.
Aula Ministrada pelo Prof. Rogério Martir
(Aula 24 - 09/05/2019 - Aula 25 – 14/05/2018 - Aula 26 – 16/11/2018)
LESÕES ACIDENTÁRIAS
A Previdência Social é um seguro que garante uma aposentadoria ao contribuinte
quando ele para de trabalhar. O INSS administra o recebimento dessas mensalidades e paga
os benefícios aos aposentados que contribuíram e que se aposentaram.
Todas as pessoas que exercem atividade remunerada precisam contribuir para a
Previdência Social, não só para ter direito a se aposentar, mas também para ter acesso a uma
série de outros benefícios que visam a garantir o bem-estar dos trabalhadores e de suas
famílias nas horas mais difíceis em termos financeiros.
A contribuição para o INSS não deve visar ao retorno financeiro, mas a segurança
em caso de adversidade, contribuir para o INSS é uma questão de se resguardar em relação
ao futuro.
Direito do trabalho e previdenciário são absolutamente diferentes e com princípios
próprios. A responsabilidade será sempre objetiva.
Responsabilidade objetiva é a responsabilidade advinda da prática de um ilícito
ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser provada e questionada em juízo,
independe da aferição de culpa, ou de gradação de envolvimento, do agente causador do
dano.
Acidente do trabalho não é comum e sim um evento extraordinário porquanto
ninguém deveria se acidentar ou ficar doente em um ambiente de trabalho. (Responsabilidade
objetiva, culpa da empresa, empresa que tem que provar).
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Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico residente, bem como com
o segurado especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da
capacidade para o trabalho, será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS,
mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.
Os quinze primeiros dias e da empresa as obrigações mais se entra no decimo
sexto dia já fica afastada pelo INSS quando começa sua estabilidade, não podendo ser
mandado embora, agora se ficar afastada dez dias pode sim ser mandado embora
tranquilamente.
Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar
nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). Considera-se agravo
para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a lesão, doença, transtorno de
saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza
clínica ou subclínica, inclusive morte.
Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o
nexo entre o trabalho e o agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o
beneficiário tenha direito, caso contrário, não serão devidas as prestações.
A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais
de proteção e segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar
informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a
manipular.
Acidente do trabalho não é comum e sim um evento extraordinário pois ninguém
deveria se acidentar ou ficar doente em um ambiente de trabalho. (Responsabilidade objetiva,
culpa da empresa, empresa que tem que provar)
Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as
normas de segurança e higiene do trabalho.
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Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde do trabalho
indicadas para a proteção individual e coletiva, a previdência social proporá ação regressiva
contra os responsáveis.
O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do
trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.
A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-
de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela
Previdência Social.
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo de apenas um dia útil.
Nesta hipótese, a empresa permanecerá responsável pela falta de cumprimento da legislação.
Caberá ao setor de benefícios do INSS comunicar a ocorrência ao setor de fiscalização, para
a aplicação e cobrança da multa devida.
Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a
cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas para o descumprimento desta
obrigatoriedade.
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do
trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou
o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para
este efeito o que ocorrer primeiro.
O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.
MODALIDADES DE ACIDENTE DE TRABALHO:
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ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO
De acordo com a legislação previdenciária, o acidente de trabalho é o que ocorre
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporário, da capacidade para o trabalho, acontece durante o horário de
expediente
Como exemplo, imagine que o funcionário presta serviços como motorista de
ônibus, certo dia, um caminhoneiro que vinha no sentido contrário perde o controle de seu
veículo, o caminhão atinge o ônibus causando ferimentos no funcionário.
Outro exemplo, quando o trabalhador cai de uma escada ou se machuca ao
manusear um equipamento pesado.
Estes são exemplos de acidente de trabalho típico, posto que o funcionário se
acidentou pelo exercício do trabalho.
Prescrição começa a correr no dia seguinte. Se eu continuar trabalhando por 5
anos sem nada a requerer prescreve o direito a indenização. Prescrição total. Data do acidente
sempre.
DOENÇAS OCUPACIONAIS
Como dito, existem outros tipos de acidente de trabalho. Além do acidente típico
as doenças ocupacionais são equiparadas ao acidente de trabalho. Tais doenças podem ser
profissionais ou do trabalho.
A doença profissional é aquela causada pelo exercício do trabalho específico a
determinada atividade, além de fazer parte de relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e Previdência Social. Destacamos que para a caracterização deste tipo de doença como
acidente, o mal que acometeu o segurado deve estar impreterivelmente na lista elaborada
pelo Ministério competente.
Já a doença do trabalho é aquela adquirida em função das condições especiais
em que o trabalho é realizado. A doença ou lesão deve ser relacionada diretamente com o
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trabalho. A LER e a DORT são dois exemplos muito comuns.
Exemplo de LER (lesão de esforço repetitivo) é a que os digitadores têm em seus
dedos por conta dos serviços.
Doença profissional, é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar à determinada profissão, ou função, ou seja, está diretamente ligada a
profissão do trabalhador.
Ex: O soldador que desenvolveu catarata. O mergulhador, já sabe que vai ter
problemas (não pode pedir indenização ao empregador, pois já sabia que poderia aderir a
doença).
Já a doença do trabalho está mais ligada ao meio ambiente de trabalho, é aquela
que tem ligação com o ambiente onde o trabalho é exercido. Não tem que acontecer, o
empregador não fornece meios ao empregado para evitar a doença.
Ex: Um trabalhador que está exposto ao ruído excessivo, em um galpão de solda,
e desenvolve surdez. Esse é um caso típico de doença do trabalho (Deve pedir indenização
ao empregador).
A Fundamentação tanto da Doença do Trabalho quanto da Doença Ocupacional
está na Lei 8213 de 24/07/91, artigo 20, itens 1 e 2. Esse mesmo item da lei garante que tanto
a Doença do Trabalho como a Doença Ocupacional são considerados acidente de
trabalho.
ACIDENTE DE TRAJETO
Este é o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela. Destaca- se
que qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado
caracteriza o acidente.
Não podendo desviar o trajeto de casa trabalho, trabalho e casa, se alterar
desqualifica o trajeto, se mudar o trajeto o empregado assume o risco.
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Imagine que o empregado estava indo trabalhar de moto. Durante o trajeto de sua
casa ao trabalho sofreu um acidente se machucando, neste caso houve acidente de trabalho.
O acidente de trabalho pode acontecer em qualquer circunstância, mesmo com as
devidas precauções tomadas e a segurança oferecida pelo empregador, o trabalhador não
está livre de tal ocorrência. Mas quando um acidente acontece, a responsabilidade de avisar
à Previdência Social é do empregador doméstico através do CAT (Comunicação de Acidente
de Trabalho). Isso é fundamental para que o trabalhador fique amparado financeiramente pelo
auxílio-doença durante o período em que precisar ficar afastado do emprego para sua
recuperação.
Caso o empregado doméstico sofra um acidente de trabalho o empregador terá
que comunicar o ocorrido no prazo máximo de 48 horas ao CAT (Cadastramento de
Comunicação de Acidente de Trabalho).
A diferença do empregador doméstico para as empresas no caso de acidentes
de trabalho é a seguinte: em uma empresa se a lesão provocada for pequena, que exija até
15 dias de recuperação, a empresa deverá arcar com o salário e todos os custos trabalhistas
normalmente neste período. Já no emprego doméstico isto é diferente, desde o primeiro dia
de afastamento o empregado já começará a contar o tempo pelo INSS. A remuneração que
será recebida pelo empregado será calculada de forma proporcional à contribuição
previdenciária recolhida.
Durante o período de afastamento do trabalhador pelo INSS, o empregador deverá
continuar arcando com todos os custos, tais como INSS, FGTS, adiantamento da multa por
demissão sem justa causa e seguro acidente de trabalho. Quando o empregado retornar ao
trabalho contará com um período de estabilidade no emprego de um ano.
O empregador doméstico deverá comparecer a uma Agência da Previdência
Social com o formulário impresso, quando configurado acidente de trabalho para a categoria.
Como consta no Artigo 22 da Lei 8.213/91, o empregador doméstico deverá
comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da
ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa
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variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente
aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.
Vale ressaltar que durante o período de afastamento do trabalhador por acidente
de trabalho, o empregador deverá continuar depositando o FGTS e o adiantamento da multa
por demissão sem justa causa.
Para que o trabalhador acometido pela moléstia tenha direito à indenização,
deverá existir a presença dos seguintes fatores: o dano, o nexo causal, a culpa do empregador
e o exercício da atividade considerada de risco.
O conceito de nexo causal, é o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito
entre a conduta e o resultado. A relação causal, portanto, estabelece o vínculo entre um
determinado comportamento e um evento, permitindo concluir, com base nas leis naturais, se
a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do dano.
Determina se o resultado surge como consequência natural da voluntária conduta
do agente. Em suma, o nexo causal é um elemento referencial entre a conduta e o resultado.
É através dele que poderemos concluir quem ou o que causou o dano. Pode-se ainda afirmar
que o nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de
responsabilidade civil.
É liame que une a conduta do agente ao dano. Constitui elemento essencial para
a responsabilidade civil, trabalhista ou previdenciária. Seja qual for o sistema adotado no caso
concreto, subjetivo (da culpa) ou objetivo (do risco), salvo em circunstâncias especialíssimas,
não haverá responsabilidade sem nexo causal.
Também é dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos
da operação a executar e do produto a manipular. Ressalte-se que o empregador é
responsável pela ocorrência das chamadas condições inseguras no ambiente de trabalho,
devendo ser diligente para evitá-las ou corrigi-las, seja advertindo, orientando, fiscalizando,
ou alterando as condições de trabalho do empregado submetido a tais condições.
Contudo, outro fator tem aparecido no cenário médico como indicativo de que o
trabalho contribuiu para o adoecimento, agravamento, eclosão, antecipação da doença
degenerativa ou inerente do grupo etário, o nexo concausal.
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A existência do nexo concausal, pressupõe a avalição dos conjuntos de fatores
preexistentes ou supervinientes, suscetíveis de modificar o curso natural do resultado que o
agente desconhecia ou não podia evitar.
As doenças ocupacionais podem decorrer de mais de uma causa – concausas –
ligadas ou não trabalho. Nesse caso estarão presentes fatores causais extralaborais.
Concausa é outra causa que se juntada à principal, concorre para o resultado. A concausa
não inicia e nem interrompe o nexo, apenas o reforça.
Para a caracterização do nexo concausa deve ser considerado: o grupo etário,
vida profissional anterior ao contrato de trabalho, as doenças degenerativas, doenças
preexistentes, doenças genéticas, hábitos de vida, dependência química, atividades
extralaborais e prática de exercícios físicos pelo trabalhador. Esses pontos devem ser
avaliados conjuntamente com a história clínica e ocupacional do empregado na vigência do
contrato.
Imprescindível, ainda, que seja efetuado o estudo do local de trabalho, os dados
epidemiológicos da época do surgimento da moléstia, identificação de riscos físicos, químicos,
biológicos, mecânicos e outros, e, também, através do relato de outros empregados
paradigmas.
Quando revelado o nexo concausal, o trabalho contribuiu tão-somente como fator
agravante ou que determinou a precocidade de uma doença latente. Necessário ainda
que se proceda à minuciosa investigação para apurar se o empregado concorreu
culposamente para o evento danoso.
O nexo concausal é uma questão ainda não aclarada na responsabilidade civil,
pela absoluta falta de previsão legal do seu alcance e consequências jurídicas, diferentemente
do nexo causal, onde há o vínculo direto de causa e efeito que liga a execução dos serviços
e a doença do trabalhador.
Doença profissional para que um problema de saúde seja considerado uma
doença do trabalho, o trabalho deve ter o vínculo nexo causal, ou seja, causa e efeito
específico na situação. Tem que ter perícia. O juiz nomeia o perito de sua confiança e as
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partes podem eleger um assistente técnico cada parte pode contratar o seu. O laudo que dirá
a realidade dos fatos. Podendo ter oitiva de testemunhas.
E responsabilidade do empregador não deixar o empregado ficar doente, não
esqueça da responsabilidade objetiva.
LER/DORT (Lesão por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho). Provocada por movimentos repetitivos ou por posturas inadequadas, chamadas de
posturas anti-ergonômicas. Deve-se ter cuidado no diagnóstico, pois muitas pessoas
confundem a LER com uma simples torção ou mal posicionamento em algum movimento.
Antracose, lesão pulmonar ocasionada por diferentes agentes que são adquiridos nas áreas
de carvoarias. A doença pode ser o ponto de partida para outros problemas ainda mais graves
e afeta, principalmente, os trabalhadores que têm contato direto com a fumaça do carvão.
Bissinose, doença causada pela poeira das fibras de algodão, que afeta principalmente as
pessoas que trabalham na indústria algodoeira.
Surdez temporária ou definitiva, quando o trabalhador está exposto em uma área ruídos
constantes, ele começa a perder a sensibilidade auditiva e isso pode se tornar irreversível. A
perda auditiva se torna definitiva de forma lenta, silenciosa e prolongada. É mais comum entre
operários de obras de construção que utilizam equipamentos que emitem ruídos e operadores
de telemarketing.
Dermatose ocupacional, pessoas que trabalham com graxa ou óleo mecânico podem
desenvolver reações alérgicas crônicas, de forma que a pele cria placas.
Câncer de pele, pessoas que trabalham, por exemplo, em lavouras, têm grandes chances de
desenvolver o câncer de pele devido à excessiva exposição ao sol. A doença é bastante
comum no Brasil, mas só pode ser considerada ocupacional se estiver relacionada à atividade
profissional desenvolvida. Uma pessoa que trabalha em um escritório, sem se expor ao sol,
por exemplo, pode ter o câncer de pele por outros e não terá assistência do INSS.
Siderose, pessoas que trabalham nas minas de ferro acabam inalando partículas
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microscópicas de ferro. Estas partículas acabam se alojando nos bronquíolos, provocando
falta de ar constante.
Catarata, quem trabalha em lugares de altas temperaturas pode desenvolver a perda do
cristalino, ocasionando a cegueira. Assim como o câncer de pele, a doença atinge uma parcela
significativa da população brasileira, principalmente os idosos, e precisa ter relação direta com
o trabalho para ser considerada ocupacional.
Doenças psicossociais, problemas como depressão, ou de outra ordem emocional, muitas
vezes estão associados a carga horária excessiva, a pressão no trabalho, ou algum
desentendimento na área de trabalho. Elas podem acabar desenvolvendo no trabalhador um
desânimo prolongado no convívio de trabalho, ocasionando uma tristeza profunda.
Não são consideradas como doença do trabalho:
A doença degenerativa;
A inerente a grupo etário;
A que não produza incapacidade laborativa;
Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho. Tanto a doença ocupacional como a doença do
trabalho são consideradas acidente do trabalho.
Além disso, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos
I e II do art. 20 da lei nº 8.213 de 24 de Julho de 1991, resultou das condições especiais em
que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve
considerá-la como acidente do trabalho.
Conforme, o art. 19 da da lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, acidente do trabalho é
o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico
ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da lei 8.213/1991,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
A utilização dos Equipamentos de Proteção Individuais e medidas de segurança
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ajudam a combater as doenças do trabalho.
A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), é um documento emitido para
reconhecer um acidente de trabalho ou uma doença ocupacional. Deve ser emitida pela
empresa no prazo de 1 dia util, ou, se ocorreu óbito, imediatamente. Documento essencial.
A legislação prevê por meio do artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a estabilidade ao
empregado segurado que sofreu acidente do trabalho, pelo prazo de 12 meses após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente.
Tipos de C.A.T
C.A.T. inicial: acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do
trabalho;
C.A.T. de reabertura: reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão
de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado
anteriormente ao INSS;
C.A.T. de comunicação de óbito: falecimento decorrente de acidente ou doença
profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da C.A.T. inicial.
A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente de trabalho ou doença
profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de
omissão.
Normalmente, as pessoas sabem que o sindicato pode emitir o CAT quando a
empresa não o faz. O que poucos sabem é que o próprio trabalhador ou seus dependentes
podem fazer isso, além desses, também podem formalizar a emissão da CAT: o médico que
assistiu o trabalhador acidentado ou qualquer autoridade pública.
OS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DECORRENTES DO ACIDENTE DE TRABALHO
O Acidente do Trabalho poderá dar origem a certos benefícios, que serão pagos pelo
INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) aos segurados, quais sejam:
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Auxilio doença (indicado ao segurado que está temporariamente incapaz para o
trabalho), é um benefício concedido pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) aos
segurados, que por mais de quinze dias consecutivos ficar incapacitado para exercer o
trabalho por motivo de doença ou acidente. Importante destacar, que o segurado não terá
direito ao auxílio-doença por enfermidades ou lesões pré-existentes ao momento de sua
inscrição na Previdência Social, entretanto, se houver agravamento dessa doença ou lesão
proveniente da atividade desenvolvida, o beneficiário fará jus a mencionado benefício.
Auxilio acidente (indicado para o segurado que, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, inclusive acidente do trabalho, ficou com
sequelas que acarretem redução da capacidade do trabalho que exercia), é o benefício a que
tem direito o segurado que for vítima de acidente do trabalho cuja lesão tornar o mesmo
incapacitado para o trabalho.
Para ter direito ao auxílio-acidente não é requisito tempo mínimo de contribuição,
todavia deve o trabalhador ser segurado e fazer prova da impossibilidade de manter sua
atividade, isto através de exames e perícias médicas emitidas pela Previdência Social.
O auxílio-acidente, em razão de ter caráter indenizatório, pode cumular-se a outros
benefícios devidos pela Previdência Social, exceto a aposentadoria. Mencionado benefício
não é mais pago quando o trabalhador se aposenta, desse modo, o auxilio acidente será
devido a partir do dia seguinte ao da cessão do auxilia-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, conforme estabelece o § 2º
do art. 86, da Lei 8.213/91.
Aposentadoria por invalidez (indicado para o segurado acometido de incapacidade
total e irreversível para desempenhar o trabalho, e sem condições de ser reabilitado para
exercer atividade remunerada), é um benefício que o segurado faz jus mediante prova total e
definitiva da incapacidade para exercer atividade laboral e ausente condições para sua
reabilitação ao exercício de trabalho que lhe provenha sustento, não se olvidando, contudo, a
carência quando for o caso.
Necessário destacar ainda que o benefício da aposentadoria por invalidez é
proveniente da mutação do auxílio-doença. Todavia, uma vez provada a gravidade da
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condição em que se encontra o segurado, comprovado sua incapacidade total através de
exame pericial, o benefício da aposentadoria por invalidez poderá ser concedido
imediatamente.
Pensão por morte (caso o acidente do trabalho ou a doença profissional provocou a
morte do segurado, sendo devida aos dependentes do segurado), é o benefício concedido
aos dependentes do segurado da Previdência Social, será paga à família do trabalhador que
falecer detendo a qualidade de segurado.
Não se faz necessária carência para ter direito ao benefício, visto que os
dependentes farão jus a mencionada pensão independente do falecimento ter ocorrido após
a perda da qualidade de segurado, uma vez preenchido até a data da morte os critérios
necessários para ter direito a aposentadoria.
A pensão será devida as dependentes na seguinte ordem:
I) cônjuge, companheiro (a), filhos não emancipados menores ou inválidos de
qualquer idade;
II) pais;
III) irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de idade ou inválido de
qualquer idade.
IV)
O benefício será pago contado do início da morte quando for solicitado com até trinta
dias após o falecimento, ou a partir da data do pedido quando interposto após aos 30 dias da
morte.
A pensão por morte será paga até a morte do dependente quando for cônjuge, até a
emancipação ou maioridade civil quando for filho, ou ainda até que termine a invalidez
tratando-se de pensionista inválido independente de idade.
O valor da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado
recebia na data do falecimento ou que fizesse jus se estivesse aposentado por invalidez. Para
os dependentes do trabalhador rural o benefício corresponderá a um salário mínimo.
Todavia, se o trabalhador possuir mais de um dependente, a pensão será rateada
por todos.
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RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
A responsabilidade objetiva é referida normalmente como a responsabilidade sem
culpa. Está se configura havendo ou não uma conduta antijurídica, pois a opção legislativa
não coloca em apreciação a falha de comportamento, mas sim o dano, com atenção primordial
a necessidade de reparação. Assim o caso, pode ser lícito ou ilícito, com ou sem conduta
culposa, porém, havendo uma conexão entre conduta e dano, gera o dever de indenizar.
A lei impõe, entretanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação
de um dano cometido sem culpa. Quando isso acontece, diz-se que a responsabilidade é legal
ou ‘objetiva’, porque prescinde de culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de
causalidade. Essa teoria, dita objetiva, ou do risco, tem como postulado que todo o dano é
indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade,
independentemente de culpa.
Portando em alguns casos a responsabilidade objetiva é presumida em lei,
entretanto, em outros se funda no risco, casos estes que se inverte o ônus da prova.
A objetividade reside no justo fato de imputar ao causador do dano a produção de provas de
que não é responsável pelo resultado.
Com base no supracitado, pode-se entender que é possível uma objetivação de
responsabilidade dos acidentes de trabalho, pois, o trabalhador tem o direito fundamental de
trabalhar em ambiente hígido e salubre, com redução e prevenção dos riscos concernentes à
atividade laborativa, de modo a preservar sua saúde e segurança física, nos termos do art. 7º.
XII da CF/88 que comina:
Art.7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhorai
de sua condição social:
(...)
XII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
Dessa forma o direito à reparação do dano já está posto pela lei, não importando imputação de
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culpa, ora, o que se deve avaliar são os danos aos bens jurídicos tutelados.
Portando, o empregador ao celebrar um contrato de trabalho, assume como sua obrigação
manter em efetiva segurança, o patrimônio físico, moral e econômico dos seus empregados.
Caso o empregador venha demonstrar conduta comissiva ou omissiva, que cause danos
físicos, morais ou mesmo financeiros para os empregados, em decorrência de suas atividades,
desde logo deverá indenizar.
Regras jurídicas já existentes de responsabilidades sem culpa, as quais podem ter influência
maior ou menor no próprio campo laborativo. Assim, a responsabilidade pelos
danos nucleares (art. 21, XXIII, ‘c’, CF/88); também a responsabilidade por danos provocados
ao meio ambiente (art. 225, § 3°, CF/88), esta certamente relacionada à noção de meio
ambiente do trabalho (art. 200, VIII, CF/88). Na mesma direção a anterior Lei n. 6.938, de
1981, fixadora da responsabilidade objetiva do poluidor pelos ‘danos causados ao meio
ambiente e a terceiros’ (art. 14, § 1°). Cite-se ainda, a responsabilidade objetiva do fornecedor
de serviços, aventada pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 14, Lei n. 8.078, 1990).
É possível uma ideia de equiparação entre a responsabilidade objetiva por danos
causados ao meio ambiente em geral e está mesma responsabilidade dita objetiva para os
danos causados aos empregados. Pois o meio ambiente do trabalho faz parte do meio
ambiente em geral. Além disso, o meio ambiente do trabalho pode ser considerado um bem
jurídico fundamental, devendo haver proteção aos acidentes nele acontecidos, uma vez que
refletem diretamente na vida dos empregados (outro direito fundamental), devendo haver a
objetivação da responsabilidade do empregador para se obter justiça.
O mais fundamental direito do homem, consagrado em todas as declarações
internacionais, é o direito a vida, suporte para existência e gozo dos demais direitos humanos.
Mas esse direito, conforme assegura a nossa Constituição federal no art. 225, requer vida
com qualidade e para que o trabalhador tenha vida com qualidade é necessário que se
assegurem seus pilares básicos: trabalho decente em condições seguras e salubres. Daí
porque assegura o art. 1.º da Constituição Federal, como fundamentos da Republica
Federativa do Brasil e do Estado Democrático de Direito, a cidadania, a dignidade da pessoa
humana e os valores sociais do trabalho, entre outros.
Com os avanços produzidos pela Carta Magna, a reflexão jurídica tem
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manifestado esforços dirigidos a certa objetivação da responsabilidade empresarial por danos
acidentários. Tal tendência à objetivação, evidentemente, não ocorre no campo das
indenizações morais e à imagem que não tenham relação com a infortunística do trabalho.
As atividades laborais e o próprio ambiente de trabalho de determinadas
profissões tendem a criar uma situação de risco mais acentuada, o que facilmente se observa
em certas situações vivenciadas pelos indivíduos em sociedade, como na metalurgia,
construção civil, eletricitários, entre outros. Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira “há
tendência na doutrina e nas leis mais recentes de avançar para culpa objetiva, mesmo no
caso da responsabilidade civil. Por essa teoria, basta a ocorrência do dano para gerar o direito
à reparação civil, em benefício da vítima”. Tendência essa que caracterizada pela
responsabilidade em face do risco.
A responsabilidade objetiva independe da comprovação de culpa por parte do
agente. Basta que se comprovem o dano causado e uma relação de causa e efeito entre o
causador e o fato. Ficando a cargo do empregador o ônus probatório de que não contribuiu
para o resultado, seja mesmo comprovando que não auferiu lucros dessa prática. O Direito
Brasileiro adotou a teoria do risco-proveito, prevista no art. 2º da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) e a teoria do risco-criado, no art. 927, parágrafo único do Código Civil.
Definindo que todo aquele que tira proveito ou vantagem do fato causador se
obriga a repará-lo.
Conforme definição do artigo 2.º da CLT, empregador é “a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço”, ou seja, está expresso que o empregador deve assumir os
riscos de sua atividade, devendo assumir também os riscos de produzir um dano para com
seus empregados. Seria mais um argumento, dentre os já mencionados para aplicar a
responsabilidade civil objetiva do patrão pelos acidentes laborais.
A primeira noção, pode parecer injusto que sem exigir a comprovação de culpa
seja imposta uma obrigação a alguém, mas ao passo que de um lado há o empregador que
desenvolve atividade perigosa e de outro lado uma vítima que suportou o dano e não
concorreu para o mesmo. Nenhum deles é culpado, mas em face da realidade dos fatos é
mais justo atribuir o ônus indenizatório ao ensejador do risco, seja por criar o risco ou mais
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auferir lucros do risco criado.
Um dos argumentos contrários à aplicação da responsabilidade civil objetiva no
acidente de trabalho é respaldado pelo que diz o inciso XXVIII, do art. 7.º, da CF/88, onde
estabelece o direito de indenização no acidente de trabalho a cargo do patrão se este incorrer
em dolo ou culpa. Contudo, o caput deste mesmo art. 7.º afirma que são direitos dos
trabalhadores também outros que visem à melhoria de sua condição social. Deste modo,
havendo norma mais favorável para proteger o empregado acidentado com uma indenização
de seu patrão deve esta ser aplicada. No caso, trata-se do parágrafo único do art. 927 do
CCB, no qual se permite aplicar a responsabilidade objetiva em caso de atividades de risco.
Assim, exercendo o empregador atividade perigosa pode ser a ele imputada a
responsabilidade objetiva no caso de acidente de trabalho.
Esse entendimento também encontra respaldo no Enunciado n.º 377 da IV
Jornada de Direito Civil, “o art. 7.º, XXVIII, da CF não é impedimento para a aplicação do
disposto no art. 927, parágrafo único, do CC quando se tratar de atividade de risco.”
A responsabilidade objetiva caracteriza-se pela ausência de dolo ou culpa do
agente. Configura-se pela presença do dano, ação (comissiva ou omissiva), nexo de
causalidade. Criada com viés protetivo, sem escusas, visando atender critérios da teoria do
risco. Tem como principal preocupação reparar situações nas quais não é possível análise da
culpabilidade. Configurando-se pela existência de uma conduta humana, do dano e do nexo
de causal.
Para a responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador
do dano é que menos importa, pois havendo relação de causalidade entre o dano suportado
pela vítima e o ato do agente, se configura o dever de indenizar, não importando se o agente
quis ou não aquele resultado.
Fica claro que para responsabilidade objetiva o risco supera a culpabilidade do
agente, pois o fato mentor da responsabilidade é impulsionar determinada pessoa física ou
jurídica a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas
que dela dependam. Não sendo a análise da culpa um fato relevante em termos civis já que
está esfera busca uma reparação pecuniária, bastando o nexo causal entre a conduta e o
dano para que se configure.
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Assim todo comportamento do homem tem uma finalidade, a conduta é uma
atividade finalística humana. Não se concebe vontade de nada ou para nada, e sim dirigida a
um fim. Portanto na responsabilidade objetiva não se pode falar que um empregador é culpado
pelo acidente de seu funcionário, mas sim o agente que implantou ou criou determinada
atividade capaz de criar aquele risco. E como a responsabilidade objetiva dispensa a culpa,
não seria possível comprovar a culpa já que é fato subjetivo e implícito ao ser humano e se
prende ao resultado, este sim evidentemente passível de prova e ensejador de indenização.
Assim quem tem por objeto negocial uma atividade que enseja perigo deve
assumir os riscos para a sociedade, seria essa a teoria do risco criado admitida no parágrafo
único do art. 927 do novo Código Civil.
Um dos mais importantes elementos da responsabilidade civil objetiva é o estudo
da teoria do risco.
A responsabilidade por culpa é substituída pela do risco, não mais importando a
culpabilidade do lesante, bastando a relação causal entre o desenvolvimento da atividade e o
prejuízo por ela provocado. Com isso o lesado não terá de comprovar a culpa do lesante
restando ao lesado nesse caso apenas a comprovação do dano e nexo causal com a ação
produzida. Importante destacar que o fato da atividade auferir risco não a torna ilícita.
Reitera-se que o causador de danos no exercício de uma atividade perigosa, por
sua natureza ou pela natureza dos meios adotados, deve ressarcir os prejuízos por ela
causados, salvo se comprovar cabalmente que adotou todas as medidas inidôneas para evitar
os danos.
A teoria do risco ganhou força justamente na dificuldade de conceituar culpa e na
percepção de que, ao se ter uma noção estrita da conduta faltosa, muitas situações de
prejuízo ficariam sem ressarcimento. A teoria do risco criado, como mencionado, foi adotada
na responsabilidade objetiva insculpida no art. 927, parágrafo único, do CCB/2002, permitindo
o julgador, nos casos de atividades perigosas, realizar uma análise de ponderação para
aplicar aos casos concretos.
Uma vez provado o acidente de trabalho e a responsabilidade, subjetiva ou
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objetiva, do empregador, resta ao órgão judicante estipular a indenização devida. Quanto aos
danos patrimoniais, a indenização a ser apurada é de consecução menos complexa se
comparada com a indenização oriunda de danos extrapatrimoniais. O Código Civil de 2002
traz algumas regras que orientam o juiz trabalhista na fixação da indenização para o caso de
acidente de trabalho. Primeiramente o artigo 944 daquele diploma legal comina que “a
indenização mede-se pela extensão do dano”. Continua no artigo 949 disciplinando que “no
caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido”.
Se dá ofensa resultar defeito pelo o qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescência, incluirá pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou, ou depreciação que ele sofreu.
DANOS MORAIS DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO
A indenização por acidente de trabalho, independentemente dos benefícios
acidentários, está prevista expressamente na Constituição da República de 1988. Com efeito,
estabelece o artigo 7o da Constituição Federal:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: […] XXVIII — seguro contra acidentes do trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
ou culpa.
O empregador é responsável pela integridade física do empregado quando em
operações e processos sob a sua responsabilidade e, deve promover condições justas e
favoráveis ao desenvolvimento do trabalho, e deve agir constantemente na prevenção de
acidentes, sempre pautado no objetivo de propiciar um ambiente absolutamente seguro.
A proteção aos empregados não deve se limitar ao fornecimento de equipamentos
de proteção individual. A proteção é bem mais ampla: a empresa é responsável pela
manutenção de máquinas e equipamentos que oferecem risco ao trabalhador, além de ter a
obrigação de fornecer treinamento adequado aos empregados com o objetivo de evitar
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acidente de trabalho.
Acerca da obrigação em oferecer treinamento adequado aos funcionários para
exercício de atividades específicas, podemos ter como exemplo uma empregadora que
solicita ao empregado a operação em uma máquina da qual o empregado não tem
conhecimento técnico. Nessa situação, a empresa estará se omitindo em seu dever de
prevenção e responsabilidade e assumirá todos os riscos do trabalho do funcionário.
Toda essa responsabilidade do empregador quanto à integridade física dos
empregados está respaldada no risco empresarial, ou seja, a empresa existe com a finalidade
de lucrar, porém, para exercer sua finalidade, assume o risco pela integridade física dos
funcionários que colaboram para o funcionamento da organização e obtenção do lucro.
O que justifica a indenização por dano moral são os prejuízos vividos pelo
trabalhador no que se refere a sua dignidade, reputação e honra.
Tomemos como exemplo hipotético um trabalhador de uma indústria química que,
devido à falta de equipamento de proteção individual, mais especificamente óculos de
proteção, tenha tido contato com produto químico em seus olhos e isso lhe ocasionou uma
cegueira permanente.
Não há dúvidas de que o trabalhador acidentado nesse caso hipotético terá
sequelas que implicam uma redução permanente da sua capacidade laborativa, e tal sequela
o prejudicará em toda a sua vida, seja no âmbito profissional ou no social.
A indenização moral objetiva minimizar a dor sentida pela vítima, compensando-
a pelo sofrimento. Ademais, os termos do artigo 927 do Código Civil objetivam a restituição
do dano, apesar de irreparável:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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O certo que é existe uma proteção ao trabalhador acidentado e com sequelas
decorrentes do ocorrido e tal proteção está atrelada a uma responsabilidade da empresa
empregadora em reparar os danos, inclusive os de natureza moral.
DO DANO MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO
O dano material envolve uma projeção direta e imediata nos interesses
econômicos da vítima do dano e, por isso, é facilmente mensurável em termos pecuniários.
O prejuízo material, ou perdas e danos, compreende a recomposição do prejuízo
correspondente àquilo que o reclamante efetivamente perdeu em razão do acidente, nos
termos do artigo 402 do Código Civil: “Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas
em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu,
o que razoavelmente deixou de lucrar”.
A indenização referente ao dano material envolve as despesas da vítima com
diárias hospitalares, honorários médicos e medicamentos.
Da mesma forma, a indenização por dano material também consiste na privação
de um aumento patrimonial esperado em razão do patrimônio ou da atividade de quem dele
é vítima.
Essa indenização relacionada a uma privação do aumento patrimonial está ligada
a um dano patrimonial, do qual decorre a privação dos meios para a produção do lucro.
Em se tratando de acidente de trabalho e consequente perda de capacidade
laborativa, deverá a empregadora não apenas indenizar o que o trabalhador razoavelmente
deixou de lucrar, mas também deverá incluir pensão correspondente à importância do trabalho
para que se inabilitou graças à conduta verificada pela empresa.
DO PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA OBTENÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL E MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO
O trabalhador que esteja nessa situação deve ajuizar uma reclamação trabalhista
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em face do empregador para discutir o dano e seus prejuízos na esfera moral e material.
Naturalmente o processo dependerá de perícia médica, em que serão verificados
a extensão do dano, a culpa da empresa e o nexo entre o dano e o acidente sofrido.
Após essa fase, o juiz decidirá baseado em prova técnica acerca das indenizações
devidas por dano moral e material decorrente de acidente.
É extremamente importante que o trabalhador que esteja nessa situação reúna
todos os documentos pertinentes, tais como exames, laudos, comprovantes de despesas, e
procure um advogado que examinará os documentos e esclarecerá os trâmites da ação
judicial.
Os prazos prescricionais a serem observados quanto à responsabilidade civil do
empregador pelo acidente de trabalho devem ser os da Lei Civil, por razões de segurança
jurídica. Por outro lado, se a lesão ocorreu após a vigência da EC 45/2004, o prazo a ser
considerado é o aplicável aos créditos trabalhistas de forma geral, na forma do art. 7º, inc.
XXIX, da CR/88:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28,
de 25/05/2000).
O STJ, pela Súmula 278, pacificou o entendimento de que "o termo inicial do prazo
prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca
da incapacidade laboral”.
Este também é o entendimento majoritário de nossos tribunais, notadamente do
Tribunal Superior do Trabalho que é a última instância da Justiça do Trabalho a dirimir as
controvérsias na esfera laboral. Neste sentido, o seguinte julgado:
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PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
ACIDENTE DO TRABALHO. REGRA DE TRANSIÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA
APÓS O PRAZO DE TRÊS ANOS CONTADOS DA VIGÊNCIA DO CC/02. PRESCRIÇÃO
TOTAL. Tratando-se de pedido de dano moral e/ou material decorrente de acidente do
trabalho, esta Corte pacificou entendimento no sentido de que, quando a lesão for anterior à
Emenda Constitucional nº 45/04, o prazo prescricional aplicável será o previsto no Código
Civil de 2002, observada a regra de transição prevista no art. 2.028 desse mesmo diploma
legal; bem assim que, quando a lesão for posterior à referida emenda, o prazo prescricional
aplicável será o trabalhista, previsto no art. 7º, XXIX, da CF. No caso concreto, o acidente do
trabalho ocorreu em 28.11.01, portanto anteriormente à Emenda Constitucional nº 45/04,
sendo aplicável, assim, a prescrição civil. Verifica-se, ainda, não transcorrido mais da metade
do prazo de vinte anos previsto no CC/1916, quando da entrada em vigor do atual Código
Civil, em 11.01.03. Desse modo, o prazo prescricional aplicável é o previsto no art. 206, § 3º,
V, do CC/02, qual seja de 3 (três) anos, contados do início da vigência do referido diploma.
Sob tal óptica, portanto, tendo em vista a ocorrência do acidente do trabalho em novembro de
2001, o reclamante deveria ter ingressado com a ação até 11.01.06, a fim de evitar o corte
prescricional. Todavia, como o ajuizamento da reclamação se deu apenas em 12.12.06,
impõe-se concluir pela prescrição total da pretensão obreira. Recurso de revista não
conhecido (...) (TST - 8ª T. - RR 132900-09.2006.5.04.0451 - Relª Minª Dora Maria da Costa
- DJe 07.05.2010).
No entanto, a SBDI-1 do TST, ao julgar o E-RR-2700-23.2006.5.10.0005, em
22/5/2014, de relatoria do Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, publicado em 22/8/2014, em sua
composição completa, após amplo debate, decidiu, por expressiva maioria, que o marco
prescricional será a data da ciência inequívoca da lesão e que a prescrição trabalhista é
aplicável para as ações em que se pleiteia o pagamento de indenização por danos morais e
materiais decorrentes de acidente do trabalho quando a lesão ocorreu após a entrada em
vigor da Emenda Constitucional nº 45/2004. Posto isso, torna-se sobremodo relevante o
estudo do marco inicial para fixação do prazo prescricional.
As “doenças ocupacionais” constituem ato único e instantâneo que, se ocorrido
há mais de cinco anos, determina a prescrição do direito de reclamar seus prejuízos, como já
previu a súmula 294 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
Quaisquer indenizações perseguidas ligadas a um ato positivo, que seria
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portanto, o de efeito integral instantâneo, o período da contagem prescricional começa a correr
da prática do mesmo, porque coincidem o início da prescrição e o nascimento da ação.
Sendo assim, é aplicável o disposto no art. 7º, XXIX da Constituição Federal de
1.988, sendo certo que muito embora a reclamação tenha sido ajuizada dentro do biênio
prescricional, se passados mais de cinco anos contados do acidente do trabalho sofrido, o
risco do juiz declarar prescritos os eventuais créditos existentes decorrentes do infortúnio, é
muito grande.
No caso em apreço, estes pedidos são de reparação de danos pessoais e morais
advindos da doença. Após a constatação, em tese, estes direitos já eram exercitáveis, sendo
este, portanto, o termo inicial do prazo prescricional.
Súmula 278 do STJ – Termo inicial – Prazo prescricional - ação de indenização –
incapacidade laboral.
O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização é a data em que o
segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
Súmula 230 do STF.
O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização é a data em que o
segundo teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
Prazo para prescrição indenizatória de doença ocupacional começa a contar
somente após ciência dos danos, decide 2ª turma do TRT-RS
Empresa do setor de resinas termoplásticas foi condenada a indenizar trabalhador
por exposição ao benzeno, apesar do diagnóstico de carcinoma maligno (tumor) ter ocorrido
seis anos antes da dispensa. Embora a manifestação da doença tenha acontecido mais de
cinco anos antes de protocolada a ação, a 2ª turma do TRT-RS entendeu que o prazo
prescricional somente poderia ser contado ao final da perícia médica específica que
dimensionou a extensão dos danos sofridos.
Processos que lidam com doença ocupacional e acidente de trabalho têm
prescrição com prazo quinquenal, prevista pelo art. 7º, Inciso XXIX da Constituição Federal.
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A contagem do prazo, no entanto, deve considerar o momento em que o trabalhador toma
conhecimento da incapacidade gerada e sua extensão. Na esteira da jurisprudência
dominante deste Regional e do Tribunal Superior do Trabalho, entende-se que o marco inicial
da prescrição das pretensões indenizatórias decorrentes de acidente do trabalho e doença
ocupacional é a data em que ciente o autor da conclusão da perícia médica nestes autos”,
explica o relator, desembargador Marcelo José Ferlin D’Ambroso. “Apenas neste momento
poder-se-ia, em tese, dimensionar a extensão e os limites do agravo sofrido à sua saúde”,
conclui.
A comprovação de nexo técnico-epidemiológico entre a atividade desenvolvida
pelo trabalhador e a doença diagnosticada é fundamental para que seja estabelecida a
responsabilidade objetiva da ré. Constatada essa relação, aplica-se a teoria do risco da
atividade, cabendo à empresa reclamada indenizar o empregado por danos decorrentes dos
locais, processos, equipamentos e operações de trabalho.
No caso analisado pela 2ª Turma, restou comprovado o contato do empregado
com benzeno no laboratório químico da empresa. A área de atuação da ré, fabricante de
resinas termoplásticas, é classificada como grau de risco 3 para acidentes de trabalho (nível
máximo estabelecido pela Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus
de Risco na Classificação Nacional de Atividades Econômicas).
Após o diagnóstico e tratamento para câncer, o trabalhador foi desaconselhado
pelo médico a laborar novamente em laboratório químico, tendo passado um período de dois
anos expressamente proibido de entrar no sala de armazenagem das substâncias químicas.
Ao final desse prazo, continuou passando semestralmente por procedimentos de
videolaringoscopia voltados ao controle e observação da doença, os quais tiveram
continuidade após sua demissão sem justa causa. “O autor permanecia em período de
proservação, vale dizer, ainda existiam dúvidas acerca da gravidade e extensão do resultado
gravoso da doença à sua saúde”, observa o relator. Somente ao término desse período de
observação foi possível dimensionar a extensão e os limites do dano sofrido à saúde do
trabalhador, caracterizando a ciência inequívoca exigida pela lei.
Fim do corpo da notícia. Fonte: Álvaro Strube de Lima - Secom/TRT4.
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LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA
Muito se questiona sobre qual o procedimento a adotar, quando um funcionário
anteriormente afastado pelo INSS recebe “alta previdenciária” e, ao retornar a Empregadora,
submete-se a consulta em médico do trabalho (da Empregadora) ou mesmo médico particular
e é constatada sua inaptidão laboral.
Ou seja, o funcionário está apto para o trabalho pelo INSS e inapto para a
Empregadora, de maneira que ele fica no “limbo jurídico previdenciário trabalhista”.
Assim, resta a dúvida de como proceder neste caso. A empregadora recebe o
empregado de volta ao trabalho ou o encaminha novamente ao INSS? Quem paga o salário
do empregado? Sempre em todos os casos a mesma pergunta e dúvida, vamos tentar sanar.
Quando a Empregadora recebe o atestado de inaptidão do médico do trabalho ou
médico particular, associado a “alta médica previdenciária”, encaminha o empregado
novamente ao INSS, sendo que na maioria das vezes é indeferido o pedido de
reconsideração, de maneira que o trabalhador apresenta recurso desta decisão junto ao órgão
previdenciário.
Quando um funcionário é afastado por motivo de doença ou doença-acidentária,
a empregadora paga seu salário referente aos 30 primeiros dias trabalhados e após, o
pagamento fica a cargo da Previdência Social.
Assim, o INSS paga o salário do obreiro até a data da “alta previdenciária”, sendo
certo que, durante o período da análise do pedido de reconsideração e/ou julgamento do
recurso, o percebimento do benefício é cessado.
Após a “alta médica do INSS”, a suspensão do pacto laboral deixa de existir,
voltando o contrato de trabalho a produzir todos os seus efeitos, porém, é nesse ponto que o
entendimento de nossos tribunais se divide, porquanto não há determinação legal quanto ao
tema.
Os Tribunais têm firmado dois posicionamentos: um versando que durante o “limbo
jurídico previdenciário trabalhista” quem deve pagar o salário do funcionário é a Empregadora e
outro versando que ela (Empregadora) não assume tal responsabilidade.
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O entendimento que determina o pagamento pela empregadora ao funcionário
durante o “limbo jurídico previdenciário trabalhista” está baseado no fato de que a empregadora
deve remanejar o obreiro para função que não o prejudique ou agrave seu problema, sob pena
de ser entendido como recusa deliberada em adaptação de nova função, de maneira que tal ato
é considerado como impedimento de retorno ao labor, e neste caso, deve tal situação ser vista
como se o empregado estivesse à disposição da empresa esperando ordens.
E, sendo assim, o tempo de trabalho deve ser contado e os salários e demais
vantagens decorrentes do vínculo de emprego quitados pela empregadora ao empregado, nos
termos do artigo 4º da CLT.
Ainda, esse posicionamento está baseado no entendimento de que, se a
empregadora não concorda com a “alta médica previdenciária” do trabalhador, deve recorrer da
decisão à Autarquia (INSS) e destruir a presunção de capacidade atestada pelo médico oficial
e fazer valer a posição de seu médico, não podendo a Empregadora ficar na cômoda situação
de recusa em dar trabalho e, carrear aos ombros do trabalhador uma situação de “limbo jurídico
previdenciário trabalhista”, à própria sorte, sem receber salários e benefício previdenciário.
Aliás, muitos julgadores entendem que a ausência de pagamento pela empregadora
ao empregado durante o “limbo jurídico previdenciário trabalhista”, caracteriza dano moral
indenizável.
Nesse sentido, em recente julgado:
“LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE DO
EMPREGADOR PELOS SALÁRIOS E DEMAIS VANTAGENS DECORRENTES DO
VINCULO DE EMPREGO. DANO À MORAL. Após a alta médica do INSS, a suspensão do pacto
laboral deixa de existir, voltando o contrato em tela a produzir todos os seus efeitos. Se o
empregador impede o retorno ao labor, deve tal situação ser vista como se o empregado
estivesse à disposição da empresa esperando ordens, onde o tempo de trabalho deve ser
contado e os salários e demais vantagens decorrentes o vinculo de emprego quitados pelo
empregador, nos termos do art. 4º da CLT. Além disso, o mero fato de ensejar ao trabalhador a
famosa situação de “limbo jurídico previdenciário trabalhista” - quando o empregado recebe alta
do INSS, porém ainda está inapto para o labor segundo a empresa – configura o dano à moral,
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posto que o trabalhador fica à mercê da própria sorte, sem meios
para a própria sobrevivência e de seus dependentes”. (P. 00018981120135020261 – TRT2
– 5ª Turma – Recurso Ordinário – Des. Rel. Maurílio de Paiva Dias – publ. 09/03/2015).
Por outro lado, o entendimento contrário se escora no fato de que não há qualquer
irregularidade da conduta da Empregadora diante dos documentos que atestam a inaptidão
do obreiro, como o laudo do médico do trabalho de obstar seu retorno ao labor, enquanto
durar o procedimento de recursos perante a Previdência Social.
Inclusive, tal entendimento é no sentido de que não há obrigatoriedade da
Empregadora remunerar o empregado durante esse período, já que esse lapso temporal em
que o último permanece afastado pedindo reconsideração do pedido de auxílio-doença deve
ser considerado como suspensão do contrato de trabalho. Ou seja, o entendimento é no
sentido de que não é possível imputar à Empregadora um encargo que não é seu.
Nesse sentido, também em recente julgado:
“AUXÍLIO-DOENÇA – ALTA DO INSS – EMPREGADA CONSIDERADA INAPTA
PELO MÉDICO DA EMPRESA – IMPOSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE PAGAMENTO DE
SALÁRIOS AO EMPREGADOR. Não houve recusa injustificada da empresa em reintegrar a
obreira ao trabalho. Toda a prova documental produzida demonstra que a reclamada não agiu
de má fé e cumpriu todas as suas obrigações, não exigindo da trabalhadora a prestação de
serviços, por reputá-la incapaz para o trabalho e fornecendo a documentação necessária para
que a reclamante pudesse pleitear seus direitos junto ao INSS (docs. nº 45/68, volume
apartado). Não se constata qualquer irregularidade no procedimento patronal. O laudo pericial
de fls. 152/161, inclusive, confirmou que a reclamante não está apta ao trabalho,
apresentando fibromialgia, lesão crônica da coluna (discopatia degenerativa) e quadro de
depressão crônica, todos sem nexo com o trabalho realizado na reclamada. Como bem
salientado a quo, não há impedimento legal para que as empresas, diante dos documentos
que atestam a inaptidão do obreiro, como o laudo do médico do trabalho, obstem seu retorno
ao trabalho enquanto durar o procedimento administrativo de recursos perante a Previdência
Social, também não há obrigatoriedade de remunerar mencionado período, já que, esse
período em que o empregado permanece afastado pedindo reconsideração do pedido de
auxílio-doença deve ser considerado como de suspensão do contrato de trabalho. Outrossim,
não há fundamento legal para autorizar o pagamento dos salários pretendidos. Recurso
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ordinário da reclamante a que se nega provimento” (P. 0001364-07.2013.5.02.0087 – TRT2 –
18ª Turma – Recurso Ordinário – Des. Rel. Maria Cristina Fisch – publ. 02/03/2015).
De observar que, de fato, atualmente, o entendimento é bastante dividido, de
modo que, entendo que o melhor caminho a ser adotado, quando se deparar com situações
análogas, é que a empregadora ofereça uma função ao empregado, compatível com sua
capacidade, remanejando-o a tal atividade, fazendo de forma documentada.
Ainda, a fim de evitar problemas futuros, o ideal, para que a empregadora minimize
seus riscos, é que solicite que o médico do trabalho ateste que o obreiro está inapto para
determinada função e apto para outra. E, ainda, se for o caso do empregado
recusar-se a retornar às atividades laborais, mesmo remanejado a outra função, que envie
telegrama oportunizando seu retorno a atividade compatível com a sua capacidade e/ou
solicite declaração ao trabalhador, no sentido de que sua opção é pelo não retorno ao trabalho.
Até porque, remanejando o trabalhador para função compatível com a sua
capacidade, os prejuízos de ambas as partes serão reduzidos, eis que a empregadora pagará
a remuneração mediante uma prestação de serviço, evitando ainda, o risco de ser condenada
ao pagamento de indenização por dano moral e, de outro lado, o Trabalhador não ficará
desamparado financeiramente.
DICAS: Sendo concedido o benefício de auxílio-doença ou acidentário, o contrato
de trabalho estará suspenso quando o empregado estiver “em gozo de auxílio- doença” (art.
63 da Lei 8.213/91), ou, usando as palavras do art. 476 da CLT, “durante o prazo desse
benefício”.
Ao cessar o benefício, o empregado deverá realizar o exame médico de retorno
ao trabalho, imposição decorrente da Norma Regulamentadora 7 (NR 7), item 7.4.3.3 abaixo
citada:
7.4.3.3. No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser realizada
obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual
ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou
não, ou parto.
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O médico da empresa ao constatar a continuidade da incapacidade de trabalho
do empregado, o encaminhará novamente ao INSS para nova perícia médica. Durante o
período de aguardo para a realização da perícia, o empregado é orientado pelo médico da
empresa que fique em casa, para não agravar seu problema de saúde, até que seja
reconsiderada sua situação e concedido a continuidade do benefício. Pois manter o
empregado em suas atividades e com isso causar o agravamento da sua saúde a empresa
poderá ser obrigada a indenizar o empregado (modalidade concausa).
O princípio in dúbio pro misero consiste na possibilidade de o juiz, em caso de
dúvida razoável, interpretar as disposições legais em benefício do trabalhador, geralmente
autor da ação trabalhista. O trabalhador nas relações de trabalho é a parte frágil dessa
relação, e está vulnerável a situação de descaso, tanto da empresa como do sistema
previdenciário atual.
As leis trabalhistas garantem ao trabalhador, em caso de incapacidade ao
trabalho, por motivo de doença não relacionada ao trabalho:
Os 15 primeiros dias de afastamento, o pagamento é de responsabilidade da
empresa (§ 3º do art. 60 da Lei 8.213/91), e será computado ao tempo de serviço;
A partir do 16º dia de afastamento, o pagamento é de responsabilidade do INSS;
O contrato de trabalho ficará suspenso a partir do 16º dia (Lei 8213/1991, art. 60 a
63);
As férias serão computadas até o 6º mês;
O 13º salário será de responsabilidade da empresa o pagamento proporcional aos
meses efetivamente trabalhados, mais os 15 primeiros dias de afastamento, os meses
em que recebeu o benefício do INSS será de responsabilidade da autarquia.
Será cessado a partir do 16º de afastamento o recolhimento de 8% para o FGTS;
Em caso de incapacidade ao trabalho, por motivo de doença relacionada ao
trabalho ou acidente, o empregado tem direito:
Os 15 primeiros dias de afastamento, o pagamento é de responsabilidade da
empresa (§ 3º do art. 60 da Lei 8.213/91), e será computado ao tempo de serviço;
A partir do 16º dia de afastamento, o pagamento é de responsabilidade do INSS;
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O contrato de trabalho ficará suspenso a partir do 16º dia;
As férias serão computadas até o 6º mês;
O 13º salário será de responsabilidade da empresa o pagamento proporcional aos
meses efetivamente trabalhados, mais os 15 primeiros dias de afastamento, os meses
em que recebeu o benefício do INSS será de responsabilidade da autarquia. As faltas
não serão consideradas (Sumula 46 do TST)
A empresa deverá recolher os 8% sobre a média da sua remuneração para o FGTS;
APENAS PARA RELEMBRA: INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO
A interrupção do contrato de trabalho ocorre quando o empregado não é obrigado
a prestar serviços ao empregador por determinado período de tempo, porém este período é
contado como tempo de serviço e o empregado continua a receber salários normalmente.
Dentre as várias situações de interrupção de contrato de trabalho, podemos
citar:
licença-maternidade;
repousos semanais remunerados e feriados;
gozo de férias anuais;
faltas justificadas pelo empregador;
falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que,
declarada em sua CTPS, que viva sob sua dependência econômica (até 2 dias);
casamento (até 3 dias);
licença-paternidade (5 dias);
doação voluntária de sangue devidamente comprovada (um dia em cada 12
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meses de trabalho);
alistamento como eleitor (até 2 dias consecutivos ou não);
primeiros 15 dias de afastamento por motivo de doença;
faltas ocasionadas pelo comparecimento para depor, quando devidamente
arrolado ou convocado;
no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar,
como por exemplo apresentação das reservas ou cerimônia cívica do Dia do Reservista;
nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame
vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior;
pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer em juízo,
dentre outras.
A suspensão do contrato de trabalho ocorre quando o empregado não recebe
salários e o período não é computado como tempo de serviço. Dentre várias situações de
suspensão de contrato de trabalho, podemos citar:
faltas injustificadas ao serviço;
período de suspensão disciplinar;
período em que o empregado estiver recebendo auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez (enquanto não se tornar definitiva a aposentadoria), pagos pela
Previdência Social;
até a decisão final do inquérito ajuizado contra empregado estável, acusado de
falta grave, em que fique comprovada referida falta ou o tribunal do trabalho não determine a
reintegração do empregado;
tempo em que o empregado se ausentar do trabalho para desempenhar as
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funções de administração sindical ou representação profissional, que será considerado como
de licença não-remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula contratual;
tempo em que o empregado se ausentar para o exercício de encargo público,
dentre outras.
Dúvidas estou à disposição.
Bons Estudos!!! Prof.ª Filomena Oliveira