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1 Alunos do on-line durante a transmissão da aula ao vivo, envie suas dúvidas para [email protected]. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO. Aula Ministrada pelo Prof. Rogério Martir (Aula 24 - 09/05/2019 - Aula 25 – 14/05/2018 - Aula 26 – 16/11/2018) LESÕES ACIDENTÁRIAS A Previdência Social é um seguro que garante uma aposentadoria ao contribuinte quando ele para de trabalhar. O INSS administra o recebimento dessas mensalidades e paga os benefícios aos aposentados que contribuíram e que se aposentaram. Todas as pessoas que exercem atividade remunerada precisam contribuir para a Previdência Social, não só para ter direito a se aposentar, mas também para ter acesso a uma série de outros benefícios que visam a garantir o bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias nas horas mais difíceis em termos financeiros. A contribuição para o INSS não deve visar ao retorno financeiro, mas a segurança em caso de adversidade, contribuir para o INSS é uma questão de se resguardar em relação ao futuro. Direito do trabalho e previdenciário são absolutamente diferentes e com princípios próprios. A responsabilidade será sempre objetiva. Responsabilidade objetiva é a responsabilidade advinda da prática de um ilícito ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser provada e questionada em juízo, independe da aferição de culpa, ou de gradação de envolvimento, do agente causador do dano. Acidente do trabalho não é comum e sim um evento extraordinário porquanto ninguém deveria se acidentar ou ficar doente em um ambiente de trabalho. (Responsabilidade objetiva, culpa da empresa, empresa que tem que provar).

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    Alunos do on-line durante a transmissão da aula ao vivo, envie suas dúvidas para [email protected].

    CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E

    PROCESSO DO TRABALHO.

    Aula Ministrada pelo Prof. Rogério Martir

    (Aula 24 - 09/05/2019 - Aula 25 – 14/05/2018 - Aula 26 – 16/11/2018)

    LESÕES ACIDENTÁRIAS

    A Previdência Social é um seguro que garante uma aposentadoria ao contribuinte

    quando ele para de trabalhar. O INSS administra o recebimento dessas mensalidades e paga

    os benefícios aos aposentados que contribuíram e que se aposentaram.

    Todas as pessoas que exercem atividade remunerada precisam contribuir para a

    Previdência Social, não só para ter direito a se aposentar, mas também para ter acesso a uma

    série de outros benefícios que visam a garantir o bem-estar dos trabalhadores e de suas

    famílias nas horas mais difíceis em termos financeiros.

    A contribuição para o INSS não deve visar ao retorno financeiro, mas a segurança

    em caso de adversidade, contribuir para o INSS é uma questão de se resguardar em relação

    ao futuro.

    Direito do trabalho e previdenciário são absolutamente diferentes e com princípios

    próprios. A responsabilidade será sempre objetiva.

    Responsabilidade objetiva é a responsabilidade advinda da prática de um ilícito

    ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser provada e questionada em juízo,

    independe da aferição de culpa, ou de gradação de envolvimento, do agente causador do

    dano.

    Acidente do trabalho não é comum e sim um evento extraordinário porquanto

    ninguém deveria se acidentar ou ficar doente em um ambiente de trabalho. (Responsabilidade

    objetiva, culpa da empresa, empresa que tem que provar).

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    Alunos do on-line durante a transmissão da aula ao vivo, envie suas dúvidas para [email protected].

    Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da

    empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico residente, bem como com

    o segurado especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou

    perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da

    capacidade para o trabalho, será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS,

    mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.

    Os quinze primeiros dias e da empresa as obrigações mais se entra no decimo

    sexto dia já fica afastada pelo INSS quando começa sua estabilidade, não podendo ser

    mandado embora, agora se ficar afastada dez dias pode sim ser mandado embora

    tranquilamente.

    Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar

    nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da

    incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). Considera-se agravo

    para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a lesão, doença, transtorno de

    saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza

    clínica ou subclínica, inclusive morte.

    Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o

    nexo entre o trabalho e o agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o

    beneficiário tenha direito, caso contrário, não serão devidas as prestações.

    A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais

    de proteção e segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar

    informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a

    manipular.

    Acidente do trabalho não é comum e sim um evento extraordinário pois ninguém

    deveria se acidentar ou ficar doente em um ambiente de trabalho. (Responsabilidade objetiva,

    culpa da empresa, empresa que tem que provar)

    Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as

    normas de segurança e higiene do trabalho.

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    Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde do trabalho

    indicadas para a proteção individual e coletiva, a previdência social proporá ação regressiva

    contra os responsáveis.

    O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do

    trabalho não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.

    A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o

    primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade

    competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-

    de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela

    Previdência Social.

    Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio

    acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou

    qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo de apenas um dia útil.

    Nesta hipótese, a empresa permanecerá responsável pela falta de cumprimento da legislação.

    Caberá ao setor de benefícios do INSS comunicar a ocorrência ao setor de fiscalização, para

    a aplicação e cobrança da multa devida.

    Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a

    cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas para o descumprimento desta

    obrigatoriedade.

    Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do

    trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou

    o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para

    este efeito o que ocorrer primeiro.

    O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de

    12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-

    doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.

    MODALIDADES DE ACIDENTE DE TRABALHO:

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    ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO

    De acordo com a legislação previdenciária, o acidente de trabalho é o que ocorre

    pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados,

    provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda ou redução,

    permanente ou temporário, da capacidade para o trabalho, acontece durante o horário de

    expediente

    Como exemplo, imagine que o funcionário presta serviços como motorista de

    ônibus, certo dia, um caminhoneiro que vinha no sentido contrário perde o controle de seu

    veículo, o caminhão atinge o ônibus causando ferimentos no funcionário.

    Outro exemplo, quando o trabalhador cai de uma escada ou se machuca ao

    manusear um equipamento pesado.

    Estes são exemplos de acidente de trabalho típico, posto que o funcionário se

    acidentou pelo exercício do trabalho.

    Prescrição começa a correr no dia seguinte. Se eu continuar trabalhando por 5

    anos sem nada a requerer prescreve o direito a indenização. Prescrição total. Data do acidente

    sempre.

    DOENÇAS OCUPACIONAIS

    Como dito, existem outros tipos de acidente de trabalho. Além do acidente típico

    as doenças ocupacionais são equiparadas ao acidente de trabalho. Tais doenças podem ser

    profissionais ou do trabalho.

    A doença profissional é aquela causada pelo exercício do trabalho específico a

    determinada atividade, além de fazer parte de relação elaborada pelo Ministério do Trabalho

    e Previdência Social. Destacamos que para a caracterização deste tipo de doença como

    acidente, o mal que acometeu o segurado deve estar impreterivelmente na lista elaborada

    pelo Ministério competente.

    Já a doença do trabalho é aquela adquirida em função das condições especiais

    em que o trabalho é realizado. A doença ou lesão deve ser relacionada diretamente com o

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    trabalho. A LER e a DORT são dois exemplos muito comuns.

    Exemplo de LER (lesão de esforço repetitivo) é a que os digitadores têm em seus

    dedos por conta dos serviços.

    Doença profissional, é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do

    trabalho peculiar à determinada profissão, ou função, ou seja, está diretamente ligada a

    profissão do trabalhador.

    Ex: O soldador que desenvolveu catarata. O mergulhador, já sabe que vai ter

    problemas (não pode pedir indenização ao empregador, pois já sabia que poderia aderir a

    doença).

    Já a doença do trabalho está mais ligada ao meio ambiente de trabalho, é aquela

    que tem ligação com o ambiente onde o trabalho é exercido. Não tem que acontecer, o

    empregador não fornece meios ao empregado para evitar a doença.

    Ex: Um trabalhador que está exposto ao ruído excessivo, em um galpão de solda,

    e desenvolve surdez. Esse é um caso típico de doença do trabalho (Deve pedir indenização

    ao empregador).

    A Fundamentação tanto da Doença do Trabalho quanto da Doença Ocupacional

    está na Lei 8213 de 24/07/91, artigo 20, itens 1 e 2. Esse mesmo item da lei garante que tanto

    a Doença do Trabalho como a Doença Ocupacional são considerados acidente de

    trabalho.

    ACIDENTE DE TRAJETO

    Este é o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de

    trabalho no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela. Destaca- se

    que qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado

    caracteriza o acidente.

    Não podendo desviar o trajeto de casa trabalho, trabalho e casa, se alterar

    desqualifica o trajeto, se mudar o trajeto o empregado assume o risco.

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    Imagine que o empregado estava indo trabalhar de moto. Durante o trajeto de sua

    casa ao trabalho sofreu um acidente se machucando, neste caso houve acidente de trabalho.

    O acidente de trabalho pode acontecer em qualquer circunstância, mesmo com as

    devidas precauções tomadas e a segurança oferecida pelo empregador, o trabalhador não

    está livre de tal ocorrência. Mas quando um acidente acontece, a responsabilidade de avisar

    à Previdência Social é do empregador doméstico através do CAT (Comunicação de Acidente

    de Trabalho). Isso é fundamental para que o trabalhador fique amparado financeiramente pelo

    auxílio-doença durante o período em que precisar ficar afastado do emprego para sua

    recuperação.

    Caso o empregado doméstico sofra um acidente de trabalho o empregador terá

    que comunicar o ocorrido no prazo máximo de 48 horas ao CAT (Cadastramento de

    Comunicação de Acidente de Trabalho).

    A diferença do empregador doméstico para as empresas no caso de acidentes

    de trabalho é a seguinte: em uma empresa se a lesão provocada for pequena, que exija até

    15 dias de recuperação, a empresa deverá arcar com o salário e todos os custos trabalhistas

    normalmente neste período. Já no emprego doméstico isto é diferente, desde o primeiro dia

    de afastamento o empregado já começará a contar o tempo pelo INSS. A remuneração que

    será recebida pelo empregado será calculada de forma proporcional à contribuição

    previdenciária recolhida.

    Durante o período de afastamento do trabalhador pelo INSS, o empregador deverá

    continuar arcando com todos os custos, tais como INSS, FGTS, adiantamento da multa por

    demissão sem justa causa e seguro acidente de trabalho. Quando o empregado retornar ao

    trabalho contará com um período de estabilidade no emprego de um ano.

    O empregador doméstico deverá comparecer a uma Agência da Previdência

    Social com o formulário impresso, quando configurado acidente de trabalho para a categoria.

    Como consta no Artigo 22 da Lei 8.213/91, o empregador doméstico deverá

    comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da

    ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa

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    variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente

    aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.

    Vale ressaltar que durante o período de afastamento do trabalhador por acidente

    de trabalho, o empregador deverá continuar depositando o FGTS e o adiantamento da multa

    por demissão sem justa causa.

    Para que o trabalhador acometido pela moléstia tenha direito à indenização,

    deverá existir a presença dos seguintes fatores: o dano, o nexo causal, a culpa do empregador

    e o exercício da atividade considerada de risco.

    O conceito de nexo causal, é o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito

    entre a conduta e o resultado. A relação causal, portanto, estabelece o vínculo entre um

    determinado comportamento e um evento, permitindo concluir, com base nas leis naturais, se

    a ação ou omissão do agente foi ou não a causa do dano.

    Determina se o resultado surge como consequência natural da voluntária conduta

    do agente. Em suma, o nexo causal é um elemento referencial entre a conduta e o resultado.

    É através dele que poderemos concluir quem ou o que causou o dano. Pode-se ainda afirmar

    que o nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de

    responsabilidade civil.

    É liame que une a conduta do agente ao dano. Constitui elemento essencial para

    a responsabilidade civil, trabalhista ou previdenciária. Seja qual for o sistema adotado no caso

    concreto, subjetivo (da culpa) ou objetivo (do risco), salvo em circunstâncias especialíssimas,

    não haverá responsabilidade sem nexo causal.

    Também é dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos

    da operação a executar e do produto a manipular. Ressalte-se que o empregador é

    responsável pela ocorrência das chamadas condições inseguras no ambiente de trabalho,

    devendo ser diligente para evitá-las ou corrigi-las, seja advertindo, orientando, fiscalizando,

    ou alterando as condições de trabalho do empregado submetido a tais condições.

    Contudo, outro fator tem aparecido no cenário médico como indicativo de que o

    trabalho contribuiu para o adoecimento, agravamento, eclosão, antecipação da doença

    degenerativa ou inerente do grupo etário, o nexo concausal.

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    A existência do nexo concausal, pressupõe a avalição dos conjuntos de fatores

    preexistentes ou supervinientes, suscetíveis de modificar o curso natural do resultado que o

    agente desconhecia ou não podia evitar.

    As doenças ocupacionais podem decorrer de mais de uma causa – concausas –

    ligadas ou não trabalho. Nesse caso estarão presentes fatores causais extralaborais.

    Concausa é outra causa que se juntada à principal, concorre para o resultado. A concausa

    não inicia e nem interrompe o nexo, apenas o reforça.

    Para a caracterização do nexo concausa deve ser considerado: o grupo etário,

    vida profissional anterior ao contrato de trabalho, as doenças degenerativas, doenças

    preexistentes, doenças genéticas, hábitos de vida, dependência química, atividades

    extralaborais e prática de exercícios físicos pelo trabalhador. Esses pontos devem ser

    avaliados conjuntamente com a história clínica e ocupacional do empregado na vigência do

    contrato.

    Imprescindível, ainda, que seja efetuado o estudo do local de trabalho, os dados

    epidemiológicos da época do surgimento da moléstia, identificação de riscos físicos, químicos,

    biológicos, mecânicos e outros, e, também, através do relato de outros empregados

    paradigmas.

    Quando revelado o nexo concausal, o trabalho contribuiu tão-somente como fator

    agravante ou que determinou a precocidade de uma doença latente. Necessário ainda

    que se proceda à minuciosa investigação para apurar se o empregado concorreu

    culposamente para o evento danoso.

    O nexo concausal é uma questão ainda não aclarada na responsabilidade civil,

    pela absoluta falta de previsão legal do seu alcance e consequências jurídicas, diferentemente

    do nexo causal, onde há o vínculo direto de causa e efeito que liga a execução dos serviços

    e a doença do trabalhador.

    Doença profissional para que um problema de saúde seja considerado uma

    doença do trabalho, o trabalho deve ter o vínculo nexo causal, ou seja, causa e efeito

    específico na situação. Tem que ter perícia. O juiz nomeia o perito de sua confiança e as

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    partes podem eleger um assistente técnico cada parte pode contratar o seu. O laudo que dirá

    a realidade dos fatos. Podendo ter oitiva de testemunhas.

    E responsabilidade do empregador não deixar o empregado ficar doente, não

    esqueça da responsabilidade objetiva.

    LER/DORT (Lesão por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

    Trabalho). Provocada por movimentos repetitivos ou por posturas inadequadas, chamadas de

    posturas anti-ergonômicas. Deve-se ter cuidado no diagnóstico, pois muitas pessoas

    confundem a LER com uma simples torção ou mal posicionamento em algum movimento.

    Antracose, lesão pulmonar ocasionada por diferentes agentes que são adquiridos nas áreas

    de carvoarias. A doença pode ser o ponto de partida para outros problemas ainda mais graves

    e afeta, principalmente, os trabalhadores que têm contato direto com a fumaça do carvão.

    Bissinose, doença causada pela poeira das fibras de algodão, que afeta principalmente as

    pessoas que trabalham na indústria algodoeira.

    Surdez temporária ou definitiva, quando o trabalhador está exposto em uma área ruídos

    constantes, ele começa a perder a sensibilidade auditiva e isso pode se tornar irreversível. A

    perda auditiva se torna definitiva de forma lenta, silenciosa e prolongada. É mais comum entre

    operários de obras de construção que utilizam equipamentos que emitem ruídos e operadores

    de telemarketing.

    Dermatose ocupacional, pessoas que trabalham com graxa ou óleo mecânico podem

    desenvolver reações alérgicas crônicas, de forma que a pele cria placas.

    Câncer de pele, pessoas que trabalham, por exemplo, em lavouras, têm grandes chances de

    desenvolver o câncer de pele devido à excessiva exposição ao sol. A doença é bastante

    comum no Brasil, mas só pode ser considerada ocupacional se estiver relacionada à atividade

    profissional desenvolvida. Uma pessoa que trabalha em um escritório, sem se expor ao sol,

    por exemplo, pode ter o câncer de pele por outros e não terá assistência do INSS.

    Siderose, pessoas que trabalham nas minas de ferro acabam inalando partículas

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    microscópicas de ferro. Estas partículas acabam se alojando nos bronquíolos, provocando

    falta de ar constante.

    Catarata, quem trabalha em lugares de altas temperaturas pode desenvolver a perda do

    cristalino, ocasionando a cegueira. Assim como o câncer de pele, a doença atinge uma parcela

    significativa da população brasileira, principalmente os idosos, e precisa ter relação direta com

    o trabalho para ser considerada ocupacional.

    Doenças psicossociais, problemas como depressão, ou de outra ordem emocional, muitas

    vezes estão associados a carga horária excessiva, a pressão no trabalho, ou algum

    desentendimento na área de trabalho. Elas podem acabar desenvolvendo no trabalhador um

    desânimo prolongado no convívio de trabalho, ocasionando uma tristeza profunda.

    Não são consideradas como doença do trabalho:

    A doença degenerativa;

    A inerente a grupo etário;

    A que não produza incapacidade laborativa;

    Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se

    desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto

    determinado pela natureza do trabalho. Tanto a doença ocupacional como a doença do

    trabalho são consideradas acidente do trabalho.

    Além disso, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos

    I e II do art. 20 da lei nº 8.213 de 24 de Julho de 1991, resultou das condições especiais em

    que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve

    considerá-la como acidente do trabalho.

    Conforme, o art. 19 da da lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, acidente do trabalho é

    o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico

    ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da lei 8.213/1991,

    provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,

    permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

    A utilização dos Equipamentos de Proteção Individuais e medidas de segurança

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    ajudam a combater as doenças do trabalho.

    A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), é um documento emitido para

    reconhecer um acidente de trabalho ou uma doença ocupacional. Deve ser emitida pela

    empresa no prazo de 1 dia util, ou, se ocorreu óbito, imediatamente. Documento essencial.

    A legislação prevê por meio do artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a estabilidade ao

    empregado segurado que sofreu acidente do trabalho, pelo prazo de 12 meses após a

    cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-

    acidente.

    Tipos de C.A.T

    C.A.T. inicial: acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do

    trabalho;

    C.A.T. de reabertura: reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão

    de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado

    anteriormente ao INSS;

    C.A.T. de comunicação de óbito: falecimento decorrente de acidente ou doença

    profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da C.A.T. inicial.

    A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente de trabalho ou doença

    profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de

    omissão.

    Normalmente, as pessoas sabem que o sindicato pode emitir o CAT quando a

    empresa não o faz. O que poucos sabem é que o próprio trabalhador ou seus dependentes

    podem fazer isso, além desses, também podem formalizar a emissão da CAT: o médico que

    assistiu o trabalhador acidentado ou qualquer autoridade pública.

    OS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DECORRENTES DO ACIDENTE DE TRABALHO

    O Acidente do Trabalho poderá dar origem a certos benefícios, que serão pagos pelo

    INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) aos segurados, quais sejam:

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    Auxilio doença (indicado ao segurado que está temporariamente incapaz para o

    trabalho), é um benefício concedido pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) aos

    segurados, que por mais de quinze dias consecutivos ficar incapacitado para exercer o

    trabalho por motivo de doença ou acidente. Importante destacar, que o segurado não terá

    direito ao auxílio-doença por enfermidades ou lesões pré-existentes ao momento de sua

    inscrição na Previdência Social, entretanto, se houver agravamento dessa doença ou lesão

    proveniente da atividade desenvolvida, o beneficiário fará jus a mencionado benefício.

    Auxilio acidente (indicado para o segurado que, após a consolidação das lesões

    decorrentes de acidente de qualquer natureza, inclusive acidente do trabalho, ficou com

    sequelas que acarretem redução da capacidade do trabalho que exercia), é o benefício a que

    tem direito o segurado que for vítima de acidente do trabalho cuja lesão tornar o mesmo

    incapacitado para o trabalho.

    Para ter direito ao auxílio-acidente não é requisito tempo mínimo de contribuição,

    todavia deve o trabalhador ser segurado e fazer prova da impossibilidade de manter sua

    atividade, isto através de exames e perícias médicas emitidas pela Previdência Social.

    O auxílio-acidente, em razão de ter caráter indenizatório, pode cumular-se a outros

    benefícios devidos pela Previdência Social, exceto a aposentadoria. Mencionado benefício

    não é mais pago quando o trabalhador se aposenta, desse modo, o auxilio acidente será

    devido a partir do dia seguinte ao da cessão do auxilia-doença, independentemente de

    qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, conforme estabelece o § 2º

    do art. 86, da Lei 8.213/91.

    Aposentadoria por invalidez (indicado para o segurado acometido de incapacidade

    total e irreversível para desempenhar o trabalho, e sem condições de ser reabilitado para

    exercer atividade remunerada), é um benefício que o segurado faz jus mediante prova total e

    definitiva da incapacidade para exercer atividade laboral e ausente condições para sua

    reabilitação ao exercício de trabalho que lhe provenha sustento, não se olvidando, contudo, a

    carência quando for o caso.

    Necessário destacar ainda que o benefício da aposentadoria por invalidez é

    proveniente da mutação do auxílio-doença. Todavia, uma vez provada a gravidade da

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    condição em que se encontra o segurado, comprovado sua incapacidade total através de

    exame pericial, o benefício da aposentadoria por invalidez poderá ser concedido

    imediatamente.

    Pensão por morte (caso o acidente do trabalho ou a doença profissional provocou a

    morte do segurado, sendo devida aos dependentes do segurado), é o benefício concedido

    aos dependentes do segurado da Previdência Social, será paga à família do trabalhador que

    falecer detendo a qualidade de segurado.

    Não se faz necessária carência para ter direito ao benefício, visto que os

    dependentes farão jus a mencionada pensão independente do falecimento ter ocorrido após

    a perda da qualidade de segurado, uma vez preenchido até a data da morte os critérios

    necessários para ter direito a aposentadoria.

    A pensão será devida as dependentes na seguinte ordem:

    I) cônjuge, companheiro (a), filhos não emancipados menores ou inválidos de

    qualquer idade;

    II) pais;

    III) irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de idade ou inválido de

    qualquer idade.

    IV)

    O benefício será pago contado do início da morte quando for solicitado com até trinta

    dias após o falecimento, ou a partir da data do pedido quando interposto após aos 30 dias da

    morte.

    A pensão por morte será paga até a morte do dependente quando for cônjuge, até a

    emancipação ou maioridade civil quando for filho, ou ainda até que termine a invalidez

    tratando-se de pensionista inválido independente de idade.

    O valor da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado

    recebia na data do falecimento ou que fizesse jus se estivesse aposentado por invalidez. Para

    os dependentes do trabalhador rural o benefício corresponderá a um salário mínimo.

    Todavia, se o trabalhador possuir mais de um dependente, a pensão será rateada

    por todos.

  • 14

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    RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

    A responsabilidade objetiva é referida normalmente como a responsabilidade sem

    culpa. Está se configura havendo ou não uma conduta antijurídica, pois a opção legislativa

    não coloca em apreciação a falha de comportamento, mas sim o dano, com atenção primordial

    a necessidade de reparação. Assim o caso, pode ser lícito ou ilícito, com ou sem conduta

    culposa, porém, havendo uma conexão entre conduta e dano, gera o dever de indenizar.

    A lei impõe, entretanto, a certas pessoas, em determinadas situações, a reparação

    de um dano cometido sem culpa. Quando isso acontece, diz-se que a responsabilidade é legal

    ou ‘objetiva’, porque prescinde de culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de

    causalidade. Essa teoria, dita objetiva, ou do risco, tem como postulado que todo o dano é

    indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade,

    independentemente de culpa.

    Portando em alguns casos a responsabilidade objetiva é presumida em lei,

    entretanto, em outros se funda no risco, casos estes que se inverte o ônus da prova.

    A objetividade reside no justo fato de imputar ao causador do dano a produção de provas de

    que não é responsável pelo resultado.

    Com base no supracitado, pode-se entender que é possível uma objetivação de

    responsabilidade dos acidentes de trabalho, pois, o trabalhador tem o direito fundamental de

    trabalhar em ambiente hígido e salubre, com redução e prevenção dos riscos concernentes à

    atividade laborativa, de modo a preservar sua saúde e segurança física, nos termos do art. 7º.

    XII da CF/88 que comina:

    Art.7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhorai

    de sua condição social:

    (...)

    XII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e

    segurança;

    Dessa forma o direito à reparação do dano já está posto pela lei, não importando imputação de

  • 15

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    culpa, ora, o que se deve avaliar são os danos aos bens jurídicos tutelados.

    Portando, o empregador ao celebrar um contrato de trabalho, assume como sua obrigação

    manter em efetiva segurança, o patrimônio físico, moral e econômico dos seus empregados.

    Caso o empregador venha demonstrar conduta comissiva ou omissiva, que cause danos

    físicos, morais ou mesmo financeiros para os empregados, em decorrência de suas atividades,

    desde logo deverá indenizar.

    Regras jurídicas já existentes de responsabilidades sem culpa, as quais podem ter influência

    maior ou menor no próprio campo laborativo. Assim, a responsabilidade pelos

    danos nucleares (art. 21, XXIII, ‘c’, CF/88); também a responsabilidade por danos provocados

    ao meio ambiente (art. 225, § 3°, CF/88), esta certamente relacionada à noção de meio

    ambiente do trabalho (art. 200, VIII, CF/88). Na mesma direção a anterior Lei n. 6.938, de

    1981, fixadora da responsabilidade objetiva do poluidor pelos ‘danos causados ao meio

    ambiente e a terceiros’ (art. 14, § 1°). Cite-se ainda, a responsabilidade objetiva do fornecedor

    de serviços, aventada pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 14, Lei n. 8.078, 1990).

    É possível uma ideia de equiparação entre a responsabilidade objetiva por danos

    causados ao meio ambiente em geral e está mesma responsabilidade dita objetiva para os

    danos causados aos empregados. Pois o meio ambiente do trabalho faz parte do meio

    ambiente em geral. Além disso, o meio ambiente do trabalho pode ser considerado um bem

    jurídico fundamental, devendo haver proteção aos acidentes nele acontecidos, uma vez que

    refletem diretamente na vida dos empregados (outro direito fundamental), devendo haver a

    objetivação da responsabilidade do empregador para se obter justiça.

    O mais fundamental direito do homem, consagrado em todas as declarações

    internacionais, é o direito a vida, suporte para existência e gozo dos demais direitos humanos.

    Mas esse direito, conforme assegura a nossa Constituição federal no art. 225, requer vida

    com qualidade e para que o trabalhador tenha vida com qualidade é necessário que se

    assegurem seus pilares básicos: trabalho decente em condições seguras e salubres. Daí

    porque assegura o art. 1.º da Constituição Federal, como fundamentos da Republica

    Federativa do Brasil e do Estado Democrático de Direito, a cidadania, a dignidade da pessoa

    humana e os valores sociais do trabalho, entre outros.

    Com os avanços produzidos pela Carta Magna, a reflexão jurídica tem

  • 16

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    manifestado esforços dirigidos a certa objetivação da responsabilidade empresarial por danos

    acidentários. Tal tendência à objetivação, evidentemente, não ocorre no campo das

    indenizações morais e à imagem que não tenham relação com a infortunística do trabalho.

    As atividades laborais e o próprio ambiente de trabalho de determinadas

    profissões tendem a criar uma situação de risco mais acentuada, o que facilmente se observa

    em certas situações vivenciadas pelos indivíduos em sociedade, como na metalurgia,

    construção civil, eletricitários, entre outros. Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira “há

    tendência na doutrina e nas leis mais recentes de avançar para culpa objetiva, mesmo no

    caso da responsabilidade civil. Por essa teoria, basta a ocorrência do dano para gerar o direito

    à reparação civil, em benefício da vítima”. Tendência essa que caracterizada pela

    responsabilidade em face do risco.

    A responsabilidade objetiva independe da comprovação de culpa por parte do

    agente. Basta que se comprovem o dano causado e uma relação de causa e efeito entre o

    causador e o fato. Ficando a cargo do empregador o ônus probatório de que não contribuiu

    para o resultado, seja mesmo comprovando que não auferiu lucros dessa prática. O Direito

    Brasileiro adotou a teoria do risco-proveito, prevista no art. 2º da Consolidação das Leis do

    Trabalho (CLT) e a teoria do risco-criado, no art. 927, parágrafo único do Código Civil.

    Definindo que todo aquele que tira proveito ou vantagem do fato causador se

    obriga a repará-lo.

    Conforme definição do artigo 2.º da CLT, empregador é “a empresa, individual ou

    coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a

    prestação pessoal de serviço”, ou seja, está expresso que o empregador deve assumir os

    riscos de sua atividade, devendo assumir também os riscos de produzir um dano para com

    seus empregados. Seria mais um argumento, dentre os já mencionados para aplicar a

    responsabilidade civil objetiva do patrão pelos acidentes laborais.

    A primeira noção, pode parecer injusto que sem exigir a comprovação de culpa

    seja imposta uma obrigação a alguém, mas ao passo que de um lado há o empregador que

    desenvolve atividade perigosa e de outro lado uma vítima que suportou o dano e não

    concorreu para o mesmo. Nenhum deles é culpado, mas em face da realidade dos fatos é

    mais justo atribuir o ônus indenizatório ao ensejador do risco, seja por criar o risco ou mais

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    auferir lucros do risco criado.

    Um dos argumentos contrários à aplicação da responsabilidade civil objetiva no

    acidente de trabalho é respaldado pelo que diz o inciso XXVIII, do art. 7.º, da CF/88, onde

    estabelece o direito de indenização no acidente de trabalho a cargo do patrão se este incorrer

    em dolo ou culpa. Contudo, o caput deste mesmo art. 7.º afirma que são direitos dos

    trabalhadores também outros que visem à melhoria de sua condição social. Deste modo,

    havendo norma mais favorável para proteger o empregado acidentado com uma indenização

    de seu patrão deve esta ser aplicada. No caso, trata-se do parágrafo único do art. 927 do

    CCB, no qual se permite aplicar a responsabilidade objetiva em caso de atividades de risco.

    Assim, exercendo o empregador atividade perigosa pode ser a ele imputada a

    responsabilidade objetiva no caso de acidente de trabalho.

    Esse entendimento também encontra respaldo no Enunciado n.º 377 da IV

    Jornada de Direito Civil, “o art. 7.º, XXVIII, da CF não é impedimento para a aplicação do

    disposto no art. 927, parágrafo único, do CC quando se tratar de atividade de risco.”

    A responsabilidade objetiva caracteriza-se pela ausência de dolo ou culpa do

    agente. Configura-se pela presença do dano, ação (comissiva ou omissiva), nexo de

    causalidade. Criada com viés protetivo, sem escusas, visando atender critérios da teoria do

    risco. Tem como principal preocupação reparar situações nas quais não é possível análise da

    culpabilidade. Configurando-se pela existência de uma conduta humana, do dano e do nexo

    de causal.

    Para a responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador

    do dano é que menos importa, pois havendo relação de causalidade entre o dano suportado

    pela vítima e o ato do agente, se configura o dever de indenizar, não importando se o agente

    quis ou não aquele resultado.

    Fica claro que para responsabilidade objetiva o risco supera a culpabilidade do

    agente, pois o fato mentor da responsabilidade é impulsionar determinada pessoa física ou

    jurídica a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas

    que dela dependam. Não sendo a análise da culpa um fato relevante em termos civis já que

    está esfera busca uma reparação pecuniária, bastando o nexo causal entre a conduta e o

    dano para que se configure.

  • 18

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    Assim todo comportamento do homem tem uma finalidade, a conduta é uma

    atividade finalística humana. Não se concebe vontade de nada ou para nada, e sim dirigida a

    um fim. Portanto na responsabilidade objetiva não se pode falar que um empregador é culpado

    pelo acidente de seu funcionário, mas sim o agente que implantou ou criou determinada

    atividade capaz de criar aquele risco. E como a responsabilidade objetiva dispensa a culpa,

    não seria possível comprovar a culpa já que é fato subjetivo e implícito ao ser humano e se

    prende ao resultado, este sim evidentemente passível de prova e ensejador de indenização.

    Assim quem tem por objeto negocial uma atividade que enseja perigo deve

    assumir os riscos para a sociedade, seria essa a teoria do risco criado admitida no parágrafo

    único do art. 927 do novo Código Civil.

    Um dos mais importantes elementos da responsabilidade civil objetiva é o estudo

    da teoria do risco.

    A responsabilidade por culpa é substituída pela do risco, não mais importando a

    culpabilidade do lesante, bastando a relação causal entre o desenvolvimento da atividade e o

    prejuízo por ela provocado. Com isso o lesado não terá de comprovar a culpa do lesante

    restando ao lesado nesse caso apenas a comprovação do dano e nexo causal com a ação

    produzida. Importante destacar que o fato da atividade auferir risco não a torna ilícita.

    Reitera-se que o causador de danos no exercício de uma atividade perigosa, por

    sua natureza ou pela natureza dos meios adotados, deve ressarcir os prejuízos por ela

    causados, salvo se comprovar cabalmente que adotou todas as medidas inidôneas para evitar

    os danos.

    A teoria do risco ganhou força justamente na dificuldade de conceituar culpa e na

    percepção de que, ao se ter uma noção estrita da conduta faltosa, muitas situações de

    prejuízo ficariam sem ressarcimento. A teoria do risco criado, como mencionado, foi adotada

    na responsabilidade objetiva insculpida no art. 927, parágrafo único, do CCB/2002, permitindo

    o julgador, nos casos de atividades perigosas, realizar uma análise de ponderação para

    aplicar aos casos concretos.

    Uma vez provado o acidente de trabalho e a responsabilidade, subjetiva ou

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    objetiva, do empregador, resta ao órgão judicante estipular a indenização devida. Quanto aos

    danos patrimoniais, a indenização a ser apurada é de consecução menos complexa se

    comparada com a indenização oriunda de danos extrapatrimoniais. O Código Civil de 2002

    traz algumas regras que orientam o juiz trabalhista na fixação da indenização para o caso de

    acidente de trabalho. Primeiramente o artigo 944 daquele diploma legal comina que “a

    indenização mede-se pela extensão do dano”. Continua no artigo 949 disciplinando que “no

    caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do

    tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo

    que o ofendido prove haver sofrido”.

    Se dá ofensa resultar defeito pelo o qual o ofendido não possa exercer o seu ofício

    ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas

    do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescência, incluirá pensão correspondente

    à importância do trabalho para que se inabilitou, ou depreciação que ele sofreu.

    DANOS MORAIS DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO

    A indenização por acidente de trabalho, independentemente dos benefícios

    acidentários, está prevista expressamente na Constituição da República de 1988. Com efeito,

    estabelece o artigo 7o da Constituição Federal:

    São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

    melhoria de sua condição social: […] XXVIII — seguro contra acidentes do trabalho, a cargo

    do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo

    ou culpa.

    O empregador é responsável pela integridade física do empregado quando em

    operações e processos sob a sua responsabilidade e, deve promover condições justas e

    favoráveis ao desenvolvimento do trabalho, e deve agir constantemente na prevenção de

    acidentes, sempre pautado no objetivo de propiciar um ambiente absolutamente seguro.

    A proteção aos empregados não deve se limitar ao fornecimento de equipamentos

    de proteção individual. A proteção é bem mais ampla: a empresa é responsável pela

    manutenção de máquinas e equipamentos que oferecem risco ao trabalhador, além de ter a

    obrigação de fornecer treinamento adequado aos empregados com o objetivo de evitar

  • 20

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    acidente de trabalho.

    Acerca da obrigação em oferecer treinamento adequado aos funcionários para

    exercício de atividades específicas, podemos ter como exemplo uma empregadora que

    solicita ao empregado a operação em uma máquina da qual o empregado não tem

    conhecimento técnico. Nessa situação, a empresa estará se omitindo em seu dever de

    prevenção e responsabilidade e assumirá todos os riscos do trabalho do funcionário.

    Toda essa responsabilidade do empregador quanto à integridade física dos

    empregados está respaldada no risco empresarial, ou seja, a empresa existe com a finalidade

    de lucrar, porém, para exercer sua finalidade, assume o risco pela integridade física dos

    funcionários que colaboram para o funcionamento da organização e obtenção do lucro.

    O que justifica a indenização por dano moral são os prejuízos vividos pelo

    trabalhador no que se refere a sua dignidade, reputação e honra.

    Tomemos como exemplo hipotético um trabalhador de uma indústria química que,

    devido à falta de equipamento de proteção individual, mais especificamente óculos de

    proteção, tenha tido contato com produto químico em seus olhos e isso lhe ocasionou uma

    cegueira permanente.

    Não há dúvidas de que o trabalhador acidentado nesse caso hipotético terá

    sequelas que implicam uma redução permanente da sua capacidade laborativa, e tal sequela

    o prejudicará em toda a sua vida, seja no âmbito profissional ou no social.

    A indenização moral objetiva minimizar a dor sentida pela vítima, compensando-

    a pelo sofrimento. Ademais, os termos do artigo 927 do Código Civil objetivam a restituição

    do dano, apesar de irreparável:

    Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

    obrigado a repará-lo.

    Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de

    culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo

    autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

  • 21

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    O certo que é existe uma proteção ao trabalhador acidentado e com sequelas

    decorrentes do ocorrido e tal proteção está atrelada a uma responsabilidade da empresa

    empregadora em reparar os danos, inclusive os de natureza moral.

    DO DANO MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO

    O dano material envolve uma projeção direta e imediata nos interesses

    econômicos da vítima do dano e, por isso, é facilmente mensurável em termos pecuniários.

    O prejuízo material, ou perdas e danos, compreende a recomposição do prejuízo

    correspondente àquilo que o reclamante efetivamente perdeu em razão do acidente, nos

    termos do artigo 402 do Código Civil: “Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas

    em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu,

    o que razoavelmente deixou de lucrar”.

    A indenização referente ao dano material envolve as despesas da vítima com

    diárias hospitalares, honorários médicos e medicamentos.

    Da mesma forma, a indenização por dano material também consiste na privação

    de um aumento patrimonial esperado em razão do patrimônio ou da atividade de quem dele

    é vítima.

    Essa indenização relacionada a uma privação do aumento patrimonial está ligada

    a um dano patrimonial, do qual decorre a privação dos meios para a produção do lucro.

    Em se tratando de acidente de trabalho e consequente perda de capacidade

    laborativa, deverá a empregadora não apenas indenizar o que o trabalhador razoavelmente

    deixou de lucrar, mas também deverá incluir pensão correspondente à importância do trabalho

    para que se inabilitou graças à conduta verificada pela empresa.

    DO PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA OBTENÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR

    DANO MORAL E MATERIAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO

    O trabalhador que esteja nessa situação deve ajuizar uma reclamação trabalhista

  • 22

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    em face do empregador para discutir o dano e seus prejuízos na esfera moral e material.

    Naturalmente o processo dependerá de perícia médica, em que serão verificados

    a extensão do dano, a culpa da empresa e o nexo entre o dano e o acidente sofrido.

    Após essa fase, o juiz decidirá baseado em prova técnica acerca das indenizações

    devidas por dano moral e material decorrente de acidente.

    É extremamente importante que o trabalhador que esteja nessa situação reúna

    todos os documentos pertinentes, tais como exames, laudos, comprovantes de despesas, e

    procure um advogado que examinará os documentos e esclarecerá os trâmites da ação

    judicial.

    Os prazos prescricionais a serem observados quanto à responsabilidade civil do

    empregador pelo acidente de trabalho devem ser os da Lei Civil, por razões de segurança

    jurídica. Por outro lado, se a lesão ocorreu após a vigência da EC 45/2004, o prazo a ser

    considerado é o aplicável aos créditos trabalhistas de forma geral, na forma do art. 7º, inc.

    XXIX, da CR/88:

    Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem

    à melhoria de sua condição social:

    XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo

    prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos

    após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28,

    de 25/05/2000).

    O STJ, pela Súmula 278, pacificou o entendimento de que "o termo inicial do prazo

    prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca

    da incapacidade laboral”.

    Este também é o entendimento majoritário de nossos tribunais, notadamente do

    Tribunal Superior do Trabalho que é a última instância da Justiça do Trabalho a dirimir as

    controvérsias na esfera laboral. Neste sentido, o seguinte julgado:

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    PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.

    ACIDENTE DO TRABALHO. REGRA DE TRANSIÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA

    APÓS O PRAZO DE TRÊS ANOS CONTADOS DA VIGÊNCIA DO CC/02. PRESCRIÇÃO

    TOTAL. Tratando-se de pedido de dano moral e/ou material decorrente de acidente do

    trabalho, esta Corte pacificou entendimento no sentido de que, quando a lesão for anterior à

    Emenda Constitucional nº 45/04, o prazo prescricional aplicável será o previsto no Código

    Civil de 2002, observada a regra de transição prevista no art. 2.028 desse mesmo diploma

    legal; bem assim que, quando a lesão for posterior à referida emenda, o prazo prescricional

    aplicável será o trabalhista, previsto no art. 7º, XXIX, da CF. No caso concreto, o acidente do

    trabalho ocorreu em 28.11.01, portanto anteriormente à Emenda Constitucional nº 45/04,

    sendo aplicável, assim, a prescrição civil. Verifica-se, ainda, não transcorrido mais da metade

    do prazo de vinte anos previsto no CC/1916, quando da entrada em vigor do atual Código

    Civil, em 11.01.03. Desse modo, o prazo prescricional aplicável é o previsto no art. 206, § 3º,

    V, do CC/02, qual seja de 3 (três) anos, contados do início da vigência do referido diploma.

    Sob tal óptica, portanto, tendo em vista a ocorrência do acidente do trabalho em novembro de

    2001, o reclamante deveria ter ingressado com a ação até 11.01.06, a fim de evitar o corte

    prescricional. Todavia, como o ajuizamento da reclamação se deu apenas em 12.12.06,

    impõe-se concluir pela prescrição total da pretensão obreira. Recurso de revista não

    conhecido (...) (TST - 8ª T. - RR 132900-09.2006.5.04.0451 - Relª Minª Dora Maria da Costa

    - DJe 07.05.2010).

    No entanto, a SBDI-1 do TST, ao julgar o E-RR-2700-23.2006.5.10.0005, em

    22/5/2014, de relatoria do Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, publicado em 22/8/2014, em sua

    composição completa, após amplo debate, decidiu, por expressiva maioria, que o marco

    prescricional será a data da ciência inequívoca da lesão e que a prescrição trabalhista é

    aplicável para as ações em que se pleiteia o pagamento de indenização por danos morais e

    materiais decorrentes de acidente do trabalho quando a lesão ocorreu após a entrada em

    vigor da Emenda Constitucional nº 45/2004. Posto isso, torna-se sobremodo relevante o

    estudo do marco inicial para fixação do prazo prescricional.

    As “doenças ocupacionais” constituem ato único e instantâneo que, se ocorrido

    há mais de cinco anos, determina a prescrição do direito de reclamar seus prejuízos, como já

    previu a súmula 294 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

    Quaisquer indenizações perseguidas ligadas a um ato positivo, que seria

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    portanto, o de efeito integral instantâneo, o período da contagem prescricional começa a correr

    da prática do mesmo, porque coincidem o início da prescrição e o nascimento da ação.

    Sendo assim, é aplicável o disposto no art. 7º, XXIX da Constituição Federal de

    1.988, sendo certo que muito embora a reclamação tenha sido ajuizada dentro do biênio

    prescricional, se passados mais de cinco anos contados do acidente do trabalho sofrido, o

    risco do juiz declarar prescritos os eventuais créditos existentes decorrentes do infortúnio, é

    muito grande.

    No caso em apreço, estes pedidos são de reparação de danos pessoais e morais

    advindos da doença. Após a constatação, em tese, estes direitos já eram exercitáveis, sendo

    este, portanto, o termo inicial do prazo prescricional.

    Súmula 278 do STJ – Termo inicial – Prazo prescricional - ação de indenização –

    incapacidade laboral.

    O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização é a data em que o

    segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.

    Súmula 230 do STF.

    O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização é a data em que o

    segundo teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.

    Prazo para prescrição indenizatória de doença ocupacional começa a contar

    somente após ciência dos danos, decide 2ª turma do TRT-RS

    Empresa do setor de resinas termoplásticas foi condenada a indenizar trabalhador

    por exposição ao benzeno, apesar do diagnóstico de carcinoma maligno (tumor) ter ocorrido

    seis anos antes da dispensa. Embora a manifestação da doença tenha acontecido mais de

    cinco anos antes de protocolada a ação, a 2ª turma do TRT-RS entendeu que o prazo

    prescricional somente poderia ser contado ao final da perícia médica específica que

    dimensionou a extensão dos danos sofridos.

    Processos que lidam com doença ocupacional e acidente de trabalho têm

    prescrição com prazo quinquenal, prevista pelo art. 7º, Inciso XXIX da Constituição Federal.

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    A contagem do prazo, no entanto, deve considerar o momento em que o trabalhador toma

    conhecimento da incapacidade gerada e sua extensão. Na esteira da jurisprudência

    dominante deste Regional e do Tribunal Superior do Trabalho, entende-se que o marco inicial

    da prescrição das pretensões indenizatórias decorrentes de acidente do trabalho e doença

    ocupacional é a data em que ciente o autor da conclusão da perícia médica nestes autos”,

    explica o relator, desembargador Marcelo José Ferlin D’Ambroso. “Apenas neste momento

    poder-se-ia, em tese, dimensionar a extensão e os limites do agravo sofrido à sua saúde”,

    conclui.

    A comprovação de nexo técnico-epidemiológico entre a atividade desenvolvida

    pelo trabalhador e a doença diagnosticada é fundamental para que seja estabelecida a

    responsabilidade objetiva da ré. Constatada essa relação, aplica-se a teoria do risco da

    atividade, cabendo à empresa reclamada indenizar o empregado por danos decorrentes dos

    locais, processos, equipamentos e operações de trabalho.

    No caso analisado pela 2ª Turma, restou comprovado o contato do empregado

    com benzeno no laboratório químico da empresa. A área de atuação da ré, fabricante de

    resinas termoplásticas, é classificada como grau de risco 3 para acidentes de trabalho (nível

    máximo estabelecido pela Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus

    de Risco na Classificação Nacional de Atividades Econômicas).

    Após o diagnóstico e tratamento para câncer, o trabalhador foi desaconselhado

    pelo médico a laborar novamente em laboratório químico, tendo passado um período de dois

    anos expressamente proibido de entrar no sala de armazenagem das substâncias químicas.

    Ao final desse prazo, continuou passando semestralmente por procedimentos de

    videolaringoscopia voltados ao controle e observação da doença, os quais tiveram

    continuidade após sua demissão sem justa causa. “O autor permanecia em período de

    proservação, vale dizer, ainda existiam dúvidas acerca da gravidade e extensão do resultado

    gravoso da doença à sua saúde”, observa o relator. Somente ao término desse período de

    observação foi possível dimensionar a extensão e os limites do dano sofrido à saúde do

    trabalhador, caracterizando a ciência inequívoca exigida pela lei.

    Fim do corpo da notícia. Fonte: Álvaro Strube de Lima - Secom/TRT4.

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    LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA

    Muito se questiona sobre qual o procedimento a adotar, quando um funcionário

    anteriormente afastado pelo INSS recebe “alta previdenciária” e, ao retornar a Empregadora,

    submete-se a consulta em médico do trabalho (da Empregadora) ou mesmo médico particular

    e é constatada sua inaptidão laboral.

    Ou seja, o funcionário está apto para o trabalho pelo INSS e inapto para a

    Empregadora, de maneira que ele fica no “limbo jurídico previdenciário trabalhista”.

    Assim, resta a dúvida de como proceder neste caso. A empregadora recebe o

    empregado de volta ao trabalho ou o encaminha novamente ao INSS? Quem paga o salário

    do empregado? Sempre em todos os casos a mesma pergunta e dúvida, vamos tentar sanar.

    Quando a Empregadora recebe o atestado de inaptidão do médico do trabalho ou

    médico particular, associado a “alta médica previdenciária”, encaminha o empregado

    novamente ao INSS, sendo que na maioria das vezes é indeferido o pedido de

    reconsideração, de maneira que o trabalhador apresenta recurso desta decisão junto ao órgão

    previdenciário.

    Quando um funcionário é afastado por motivo de doença ou doença-acidentária,

    a empregadora paga seu salário referente aos 30 primeiros dias trabalhados e após, o

    pagamento fica a cargo da Previdência Social.

    Assim, o INSS paga o salário do obreiro até a data da “alta previdenciária”, sendo

    certo que, durante o período da análise do pedido de reconsideração e/ou julgamento do

    recurso, o percebimento do benefício é cessado.

    Após a “alta médica do INSS”, a suspensão do pacto laboral deixa de existir,

    voltando o contrato de trabalho a produzir todos os seus efeitos, porém, é nesse ponto que o

    entendimento de nossos tribunais se divide, porquanto não há determinação legal quanto ao

    tema.

    Os Tribunais têm firmado dois posicionamentos: um versando que durante o “limbo

    jurídico previdenciário trabalhista” quem deve pagar o salário do funcionário é a Empregadora e

    outro versando que ela (Empregadora) não assume tal responsabilidade.

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    O entendimento que determina o pagamento pela empregadora ao funcionário

    durante o “limbo jurídico previdenciário trabalhista” está baseado no fato de que a empregadora

    deve remanejar o obreiro para função que não o prejudique ou agrave seu problema, sob pena

    de ser entendido como recusa deliberada em adaptação de nova função, de maneira que tal ato

    é considerado como impedimento de retorno ao labor, e neste caso, deve tal situação ser vista

    como se o empregado estivesse à disposição da empresa esperando ordens.

    E, sendo assim, o tempo de trabalho deve ser contado e os salários e demais

    vantagens decorrentes do vínculo de emprego quitados pela empregadora ao empregado, nos

    termos do artigo 4º da CLT.

    Ainda, esse posicionamento está baseado no entendimento de que, se a

    empregadora não concorda com a “alta médica previdenciária” do trabalhador, deve recorrer da

    decisão à Autarquia (INSS) e destruir a presunção de capacidade atestada pelo médico oficial

    e fazer valer a posição de seu médico, não podendo a Empregadora ficar na cômoda situação

    de recusa em dar trabalho e, carrear aos ombros do trabalhador uma situação de “limbo jurídico

    previdenciário trabalhista”, à própria sorte, sem receber salários e benefício previdenciário.

    Aliás, muitos julgadores entendem que a ausência de pagamento pela empregadora

    ao empregado durante o “limbo jurídico previdenciário trabalhista”, caracteriza dano moral

    indenizável.

    Nesse sentido, em recente julgado:

    “LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE DO

    EMPREGADOR PELOS SALÁRIOS E DEMAIS VANTAGENS DECORRENTES DO

    VINCULO DE EMPREGO. DANO À MORAL. Após a alta médica do INSS, a suspensão do pacto

    laboral deixa de existir, voltando o contrato em tela a produzir todos os seus efeitos. Se o

    empregador impede o retorno ao labor, deve tal situação ser vista como se o empregado

    estivesse à disposição da empresa esperando ordens, onde o tempo de trabalho deve ser

    contado e os salários e demais vantagens decorrentes o vinculo de emprego quitados pelo

    empregador, nos termos do art. 4º da CLT. Além disso, o mero fato de ensejar ao trabalhador a

    famosa situação de “limbo jurídico previdenciário trabalhista” - quando o empregado recebe alta

    do INSS, porém ainda está inapto para o labor segundo a empresa – configura o dano à moral,

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    posto que o trabalhador fica à mercê da própria sorte, sem meios

    para a própria sobrevivência e de seus dependentes”. (P. 00018981120135020261 – TRT2

    – 5ª Turma – Recurso Ordinário – Des. Rel. Maurílio de Paiva Dias – publ. 09/03/2015).

    Por outro lado, o entendimento contrário se escora no fato de que não há qualquer

    irregularidade da conduta da Empregadora diante dos documentos que atestam a inaptidão

    do obreiro, como o laudo do médico do trabalho de obstar seu retorno ao labor, enquanto

    durar o procedimento de recursos perante a Previdência Social.

    Inclusive, tal entendimento é no sentido de que não há obrigatoriedade da

    Empregadora remunerar o empregado durante esse período, já que esse lapso temporal em

    que o último permanece afastado pedindo reconsideração do pedido de auxílio-doença deve

    ser considerado como suspensão do contrato de trabalho. Ou seja, o entendimento é no

    sentido de que não é possível imputar à Empregadora um encargo que não é seu.

    Nesse sentido, também em recente julgado:

    “AUXÍLIO-DOENÇA – ALTA DO INSS – EMPREGADA CONSIDERADA INAPTA

    PELO MÉDICO DA EMPRESA – IMPOSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE PAGAMENTO DE

    SALÁRIOS AO EMPREGADOR. Não houve recusa injustificada da empresa em reintegrar a

    obreira ao trabalho. Toda a prova documental produzida demonstra que a reclamada não agiu

    de má fé e cumpriu todas as suas obrigações, não exigindo da trabalhadora a prestação de

    serviços, por reputá-la incapaz para o trabalho e fornecendo a documentação necessária para

    que a reclamante pudesse pleitear seus direitos junto ao INSS (docs. nº 45/68, volume

    apartado). Não se constata qualquer irregularidade no procedimento patronal. O laudo pericial

    de fls. 152/161, inclusive, confirmou que a reclamante não está apta ao trabalho,

    apresentando fibromialgia, lesão crônica da coluna (discopatia degenerativa) e quadro de

    depressão crônica, todos sem nexo com o trabalho realizado na reclamada. Como bem

    salientado a quo, não há impedimento legal para que as empresas, diante dos documentos

    que atestam a inaptidão do obreiro, como o laudo do médico do trabalho, obstem seu retorno

    ao trabalho enquanto durar o procedimento administrativo de recursos perante a Previdência

    Social, também não há obrigatoriedade de remunerar mencionado período, já que, esse

    período em que o empregado permanece afastado pedindo reconsideração do pedido de

    auxílio-doença deve ser considerado como de suspensão do contrato de trabalho. Outrossim,

    não há fundamento legal para autorizar o pagamento dos salários pretendidos. Recurso

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    ordinário da reclamante a que se nega provimento” (P. 0001364-07.2013.5.02.0087 – TRT2 –

    18ª Turma – Recurso Ordinário – Des. Rel. Maria Cristina Fisch – publ. 02/03/2015).

    De observar que, de fato, atualmente, o entendimento é bastante dividido, de

    modo que, entendo que o melhor caminho a ser adotado, quando se deparar com situações

    análogas, é que a empregadora ofereça uma função ao empregado, compatível com sua

    capacidade, remanejando-o a tal atividade, fazendo de forma documentada.

    Ainda, a fim de evitar problemas futuros, o ideal, para que a empregadora minimize

    seus riscos, é que solicite que o médico do trabalho ateste que o obreiro está inapto para

    determinada função e apto para outra. E, ainda, se for o caso do empregado

    recusar-se a retornar às atividades laborais, mesmo remanejado a outra função, que envie

    telegrama oportunizando seu retorno a atividade compatível com a sua capacidade e/ou

    solicite declaração ao trabalhador, no sentido de que sua opção é pelo não retorno ao trabalho.

    Até porque, remanejando o trabalhador para função compatível com a sua

    capacidade, os prejuízos de ambas as partes serão reduzidos, eis que a empregadora pagará

    a remuneração mediante uma prestação de serviço, evitando ainda, o risco de ser condenada

    ao pagamento de indenização por dano moral e, de outro lado, o Trabalhador não ficará

    desamparado financeiramente.

    DICAS: Sendo concedido o benefício de auxílio-doença ou acidentário, o contrato

    de trabalho estará suspenso quando o empregado estiver “em gozo de auxílio- doença” (art.

    63 da Lei 8.213/91), ou, usando as palavras do art. 476 da CLT, “durante o prazo desse

    benefício”.

    Ao cessar o benefício, o empregado deverá realizar o exame médico de retorno

    ao trabalho, imposição decorrente da Norma Regulamentadora 7 (NR 7), item 7.4.3.3 abaixo

    citada:

    7.4.3.3. No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser realizada

    obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador ausente por período igual

    ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou

    não, ou parto.

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    O médico da empresa ao constatar a continuidade da incapacidade de trabalho

    do empregado, o encaminhará novamente ao INSS para nova perícia médica. Durante o

    período de aguardo para a realização da perícia, o empregado é orientado pelo médico da

    empresa que fique em casa, para não agravar seu problema de saúde, até que seja

    reconsiderada sua situação e concedido a continuidade do benefício. Pois manter o

    empregado em suas atividades e com isso causar o agravamento da sua saúde a empresa

    poderá ser obrigada a indenizar o empregado (modalidade concausa).

    O princípio in dúbio pro misero consiste na possibilidade de o juiz, em caso de

    dúvida razoável, interpretar as disposições legais em benefício do trabalhador, geralmente

    autor da ação trabalhista. O trabalhador nas relações de trabalho é a parte frágil dessa

    relação, e está vulnerável a situação de descaso, tanto da empresa como do sistema

    previdenciário atual.

    As leis trabalhistas garantem ao trabalhador, em caso de incapacidade ao

    trabalho, por motivo de doença não relacionada ao trabalho:

    Os 15 primeiros dias de afastamento, o pagamento é de responsabilidade da

    empresa (§ 3º do art. 60 da Lei 8.213/91), e será computado ao tempo de serviço;

    A partir do 16º dia de afastamento, o pagamento é de responsabilidade do INSS;

    O contrato de trabalho ficará suspenso a partir do 16º dia (Lei 8213/1991, art. 60 a

    63);

    As férias serão computadas até o 6º mês;

    O 13º salário será de responsabilidade da empresa o pagamento proporcional aos

    meses efetivamente trabalhados, mais os 15 primeiros dias de afastamento, os meses

    em que recebeu o benefício do INSS será de responsabilidade da autarquia.

    Será cessado a partir do 16º de afastamento o recolhimento de 8% para o FGTS;

    Em caso de incapacidade ao trabalho, por motivo de doença relacionada ao

    trabalho ou acidente, o empregado tem direito:

    Os 15 primeiros dias de afastamento, o pagamento é de responsabilidade da

    empresa (§ 3º do art. 60 da Lei 8.213/91), e será computado ao tempo de serviço;

    A partir do 16º dia de afastamento, o pagamento é de responsabilidade do INSS;

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    O contrato de trabalho ficará suspenso a partir do 16º dia;

    As férias serão computadas até o 6º mês;

    O 13º salário será de responsabilidade da empresa o pagamento proporcional aos

    meses efetivamente trabalhados, mais os 15 primeiros dias de afastamento, os meses

    em que recebeu o benefício do INSS será de responsabilidade da autarquia. As faltas

    não serão consideradas (Sumula 46 do TST)

    A empresa deverá recolher os 8% sobre a média da sua remuneração para o FGTS;

    APENAS PARA RELEMBRA: INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO

    CONTRATO DE TRABALHO

    A interrupção do contrato de trabalho ocorre quando o empregado não é obrigado

    a prestar serviços ao empregador por determinado período de tempo, porém este período é

    contado como tempo de serviço e o empregado continua a receber salários normalmente.

    Dentre as várias situações de interrupção de contrato de trabalho, podemos

    citar:

    licença-maternidade;

    repousos semanais remunerados e feriados;

    gozo de férias anuais;

    faltas justificadas pelo empregador;

    falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que,

    declarada em sua CTPS, que viva sob sua dependência econômica (até 2 dias);

    casamento (até 3 dias);

    licença-paternidade (5 dias);

    doação voluntária de sangue devidamente comprovada (um dia em cada 12

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    meses de trabalho);

    alistamento como eleitor (até 2 dias consecutivos ou não);

    primeiros 15 dias de afastamento por motivo de doença;

    faltas ocasionadas pelo comparecimento para depor, quando devidamente

    arrolado ou convocado;

    no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar,

    como por exemplo apresentação das reservas ou cerimônia cívica do Dia do Reservista;

    nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame

    vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior;

    pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer em juízo,

    dentre outras.

    A suspensão do contrato de trabalho ocorre quando o empregado não recebe

    salários e o período não é computado como tempo de serviço. Dentre várias situações de

    suspensão de contrato de trabalho, podemos citar:

    faltas injustificadas ao serviço;

    período de suspensão disciplinar;

    período em que o empregado estiver recebendo auxílio-doença ou

    aposentadoria por invalidez (enquanto não se tornar definitiva a aposentadoria), pagos pela

    Previdência Social;

    até a decisão final do inquérito ajuizado contra empregado estável, acusado de

    falta grave, em que fique comprovada referida falta ou o tribunal do trabalho não determine a

    reintegração do empregado;

    tempo em que o empregado se ausentar do trabalho para desempenhar as

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    funções de administração sindical ou representação profissional, que será considerado como

    de licença não-remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula contratual;

    tempo em que o empregado se ausentar para o exercício de encargo público,

    dentre outras.

    Dúvidas estou à disposição.

    Bons Estudos!!! Prof.ª Filomena Oliveira