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Como executores de seus próprios testamentos poderiam por si mesmos satisfazer às reivindicações divinas, em vez de deixar a responsabilidade disto a outros.

(WITHE, Ellen G. Conselhos Sobre Mordomia, p.236)

1. INTRODUÇÃO - SUCESSÕES Em geral as pessoas passam boa parte da vida trabalhando ou estudando

com a finalidade de alcançar uma vida confortável, e quem sabe acumular bens e valores.

Isto suscita a pergunta: para onde vão os frutos do seu trabalho após seu falecimento? Ou ainda: para quem?

O Código Civil Brasileiro é bastante específico no que se refere a este assunto. Quando ocorre o falecimento de alguém, a lei determina para quem irá o conjunto de seus bens e até mesmo suas obrigações financeiras, ou seja, suas dívidas.`

A este acontecimento, ou seja, a transferência dos direitos e obrigações e alguém, após a sua morte, chamamos de Sucessão.

Diferentemente do que ocorre em outros países, no Brasil a legislação define quem pode fazer testamento, quem pode receber bens deixados em testamento, o que pode ser deixado mediante este documento. Em outras palavras, a lei controla grande parte da questão da sucessão.

A título de exemplo, mencionamos um caso verdadeiro e recente:

Nos Estado Unidos da América a viúva herdeira de uma rede de hotéis, Leona Helms, após o seu falecimento, no ano de 2007,, deixou em testamento aproximadamente R$ 24 milhões para sua cachorrinha de estimação, uma cadela da raça maltês chamada Trouble.

Para dois de seus netos deixou a magnata decidiu deixar US$ 5 milhões para cada um, desde que visitassem o túmulo de seu pai ao menos uma vez por ano.

Rua João Carlos de Souza Castro, 563, Guabirotuba, Curitiba – PR – CEP 81520-290 – Telefone (41) 3217-7700

Mas para seus outros dois netos, não deixou nada, segundo ela “por razões por eles conhecidas”.

No Brasil este absurdo não seria possível graças ao Código Civil.

Em linhas gerais a Sucessão deve seguir ao que a Lei determina. E a lei determina que:

Saldadas as suas dívidas, a metade de todo o patrimônio de quem falece vai para herdeiros necessários. Estes herdeiros são definidos pelo próprio código Civil, são os descendentes e ascendentes sem limite de grau, o cônjuge ou Companheiro, e os colaterais até o quarto grau, na sua ordem.

A outra metade está disponível para ser distribuída de acordo com a vontade do testador falecido.

Quando não há descendentes, ascendentes, cônjuge ou companheiro, nem colaterais, 100% dos bens ficam disponíveis para testar.

2. Sucessão Testamentária Chamamos de Sucessão Testamentária o tipo de sucessão que ocorre em

razão da vontade da pessoa manifestada em testamento, antes de sua morte.

Diga-se, decorre do “ato de última vontade”, um documento chamado TESTAMENTO.

O testador, ou seja, aquele que deixa testamento, via de regra pode dispor somente de 50% de seus bens, que é a cota disponível de seu patrimônio. Os demais 50% vão para os herdeiros necessário, na chamada Sucessão Legítima (porque decorre de Lei). Quando não houver herdeiros necessários, todo o patrimônio poderá ser deixado em testamento.


Parte Indisponível (Legítima): Será dividida igualmente entre os herdeiros necessários.

Parte Disponível: Poderá ser deixada por testamento. necessários. Patrimônio Total: A soma de

todos os bens e direitos deixados por aquele que falece.

3. Características do Testamento:Neste ponto, é importante entendemos algumas características do

testamento, que o Código Civil mencionou expressamente, e nos ajudará a compreender melhor o funcionamento deste ato. As características são as seguintes:

O testamento é um ato pessoal: Uma vez que ele é originado exclusivamente na vontade da pessoa, sem influências ou interferências, apenas se admite que seja feito pela própria pessoa. Não pode ser feito por procurador ou representante - art. 1858 CC;

É negócio “causa mortis”: O testamento não gera qualquer efeito enquanto o testador está em vida. Todas as determinações de um testamento passam a valer somente após a morte do testador, e desde que não tenha sido revogado.

É um ato solene: Para que um testamento seja válido é indispensável a observância das formalidades e dos requisitos apresentados pelo Código Civil. Caso não esteja de acordo com a lei, o testamento pode ser anulado.

É um ato revogável: Qualquer testamento pode ser revogado totalmente ou parcialmente. Supondo que eu fiz um testamento, e em seguida me arrependi, é possível revogar este testamento inteiro, ou apenas a parte que eu quiser. É possível também fazer um segundo testamento para substituirá o anterior.Em relação a “como revogar”, veremos logo mais, que depende de como o

testamento foi feito, ou seja, se é público, se é particular, etc.

4. Capacidade de TestarEm regra, todas as pessoas são capazes para fazer testamento. Inclusive os

menores, entre 16 e 18 anos, independentemente de assistência ou de tutoria.

Só não podem fazer testamento os incapazes, e os temporariamente incapazes. Em outras palavras, não podem fazer testamento aqueles que no momento


de fazer testamento não tiverem condições de expressar sua vontade, ou quando puder, sua manifestação de vontade for suspeita.

Entre estas pessoas que, temporariamente, não tem pleno discernimento estão aquelas que não se encontram em seu perfeito juízo, seja em razão de doença, embriaguez, uso de entorpecentes, anestésicos, sob hipnose ou outras causas semelhantes e transitórias.

5. Formas De TestamentoO Código Civil estabelece as forma de testamento que são admitidas no

Brasil, e divide estas formas em duas categorias, os ordinários (os comuns) e os extraordinários (os especiais). Os testamentos extraordinários são: marítimo, aeronáutico e militar.

Veremos a seguir, resumidamente as formas ordinárias de testamento:

a) Formas Ordinárias: (as referências são ao Código Civil Brasileiro)Art. 1.862. São testamentos ordinários:I - o público;II - o cerrado;III - o particular.

i. Testamento Público (arts. 1864 a 1867): É feito em um Tabelionato, na presença do oficial e de duas testemunhas.

ii. Testamento Cerrado (arts. 1868 a 1875): Também chamado secreto ou místico, é o escrito pelo próprio testador, ou por alguém a seu pedido, de forma secreta. Para ter valor deve ser aprovado pelo tabelião (QUE NÃO PODERÁ LER SEU CONTEÚDO), na presença de duas testemunhas.

iii. Testamento Particular (arts. 1876 a 1880): É inteiramente escrito e assinado pelo testador e lido perante pelo menos três testemunhas que também devem assinar.

6. Testamento Público É verdade que todas as formas de testamento têm o mesmo valor. E todas

as formas são perfeitamente válidas, desde que isenta de erros.


Entretanto, em razão de sua própria natureza, o Testamento Público dificilmente terá falhas, e dificilmente poderá ser anulado. Isto o torna mais seguro e confiável. Aliás, existem uma séria de outras vantagens que não vamos nos concentrar agora, mas a principal delas é a SEGURANÇA de que o que for determinado no testamento público se cumprirá.

Portanto, recomendamos que seja escolhida esta modalidade, à qual vamos nos debruçar em explicar, por um momento.

Para fazer um testamento público, o testador deve se dirigir a um órgão chamado Tabelionato, que é na verdade uma espécie de cartório. Lá o testamento público deverá ser escrito pelo tabelião, pelo notário, ou seu substituto.

O documento tem a forma de uma escritura pública, e contém todas as declarações de vontade expressadas pelo testador ao oficial. Este ato ocorre sempre na presença de duas testemunhas, que após ouvir a leitura do testamento no final de tudo, deverão assinar juntamente com o testador.

É importante destacar que pessoas cegas e analfabetas somente podem fazer testamento público.

ABAIXO UM MODELO DE TESTAMENTO PÚBLICO:

7. Passo a Passo da Execução do Testamento Público:(Capítulo reproduzido mediante autorização da autora: Luciana Xavier. Advogada, graduada em Direito pela UNIPAC/Barbacena-MG.)

a) Recebimento do Testamento pelo Juiz: "Ao receber o testamento, o juiz, após verificar se está intacto, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou".(Art.1125 CPC).

b) Abertura do Testamento: O juiz mandará lavrar o ato de abertura que por ele será rubricado e assinado pelo apresentante do testamento. Nesse ato deve constar: I - a data e o lugar em que o testamento foi aberto (ou teve início ao procedimento); II - o nome do apresentante e como houve ele o testamento; III - a data e o lugar do falecimento do testador; IV - qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testamento. (Art.1125, §único CPC).

c) Registro, Arquivamento e Cumprimento do Testamento; Após a abertura, os autos irão conclusos ao juiz, que depois de ouvir o Ministério Público, mandará


registrar, arquivar e cumprir o testamento, se não lhe achar vício externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade (Art. 1126 CPC). O testamento será registrado e arquivado no cartório a que tocar, dele remetendo o escrivão uma cópia, no prazo de 8 dias à repartição fiscal. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a assinar o termo da testamentaria no prazo de 05 dias. (Art. 1126, § único, CPC ).

d) Nomeação do testamenteiro: Se não houver testamenteiro nomeado, ou este estiver ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão certificará o ocorrido e enviará os autos ao juiz, que deverá nomear um testamenteiro dativo.(Art.1127 CPC).

e) Exibição do testamento: O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará ao detentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a morte do testador, não se tiver antecipado em fazê-lo. Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e apreensão do testamento, de conformidade com o disposto nos artigos 839 e 843, sem prejuízo da sanção penal e civil estabelecidas para a omissão (Art. 1.129 CPC).

Departamento Jurídico da União Sul Brasileira da IASD.


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