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ESPIRlTUALIDADE DE INTERESSADOS Padre Henri Caffarel (Centelhas de sua mensagem, página 123) (Estamos aqui para DAR e não para RECEBER) Alguns meses de vida conjunta, e logo depois ... decepção. Tinham se casado para RECEBER e não para DAR. Depois de alguns anos de entusiasmo, este militante abandona seu grupo de Ação Católica: "Já não me serve de nada". Outro que está mais preocupado em receber do que em dar. Um casal jovem parte para a América do Sul. Suas palavras de despedida são: ''Já não é possível conseguir na Europa uma vida com um pouco mais de folga". Um governo decide um novo imposto. Adota medidas de superação, de contensão? Por todas as partes surgem reivindicações. Não se coloca a questão de saber se isso é exigido pelo interesse do país: "Me incomoda. Por isso o deixo". A lista seria interminável. Inclusive com Deus, a gente vai para receber, não para dar: "Para que continuar comungando e confessando? Não me serve de nada". E a mulher perde seu amor pelo lar, o militante o amor a seu movimento, o fiel à sua paróquia, o cidadão a seu país, o homem a seu Criador. Raça de aproveitadores. Seu apego se mede pelo seu interesse. Nem sequer têm a franqueza de reconhecê-lo: criticam e acusam os demais. Não é minha intenção propor um amplo exame de consciência: em meu lar, em minha paróquia, em minha profissão, em meu país, na Igreja, sou parasita ou sou um bom operário? Não seria sério tratar deste problema tão importante em um breve texto escrito. Vou, mais modestamente, convidar cada casal a se perguntar: por que ingressei nas Equipes? Para dar ou para receber? Por isso, dirijo-me a cada Equipe: por que aderiram ao Movimento? Unicamente para encontrar uns temas de trabalho já preparados, receber um boletim, aproveitar a experiência dos demais? Neste caso não estão no lugar certo. Meditem esta página de Saint Exupéry em "Piloto de guerra": "Já não habitava como arquiteto desta comunidade de homens. Aproveitava-me de sua paz, de sua tolerância, de seu bem estar. Não sabia nada dela, salvo que a habitava como um interessado. Portanto como parasita, como vencido. Assim são os passageiros do barco. Utilizam o barco sem contribuir com nada. Ao abrigo de seus salões, que consideram marco absoluto, prosseguem seus jogos. Ignoram o trabalho

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ESPIRlTUALIDADE DE INTERESSADOS

Padre Henri Caffarel (Centelhas de sua mensagem, página 123)

(Estamos aqui para DAR e não para RECEBER)

Alguns meses de vida conjunta, e logo depois ... decepção. Tinham se casado para

RECEBER e não para DAR. Depois de alguns anos de entusiasmo, este militante

abandona seu grupo de Ação Católica: "Já não me serve de nada". Outro que está mais

preocupado em receber do que em dar.

Um casal jovem parte para a América do Sul. Suas palavras de despedida são: ''Já não

é possível conseguir na Europa uma vida com um pouco mais de folga".

Um governo decide um novo imposto. Adota medidas de superação, de contensão?

Por todas as partes surgem reivindicações. Não se coloca a questão de saber se isso é

exigido pelo interesse do país: "Me incomoda. Por isso o deixo".

A lista seria interminável. Inclusive com Deus, a gente vai para receber, não para dar:

"Para que continuar comungando e confessando? Não me serve de nada".

E a mulher perde seu amor pelo lar, o militante o amor a seu movimento, o fiel à sua

paróquia, o cidadão a seu país, o homem a seu Criador.

Raça de aproveitadores. Seu apego se mede pelo seu interesse. Nem sequer têm a

franqueza de reconhecê-lo: criticam e acusam os demais.

Não é minha intenção propor um amplo exame de consciência: em meu lar, em minha

paróquia, em minha profissão, em meu país, na Igreja, sou parasita ou sou um bom

operário? Não seria sério tratar deste problema tão importante em um breve texto

escrito.

Vou, mais modestamente, convidar cada casal a se perguntar: por que ingressei nas

Equipes? Para dar ou para receber?

Por isso, dirijo-me a cada Equipe: por que aderiram ao Movimento? Unicamente para

encontrar uns temas de trabalho já preparados, receber um boletim, aproveitar a

experiência dos demais? Neste caso não estão no lugar certo. Meditem esta página de

Saint Exupéry em "Piloto de guerra":

"Já não habitava como arquiteto desta comunidade de homens. Aproveitava-me de sua

paz, de sua tolerância, de seu bem estar. Não sabia nada dela, salvo que a habitava

como um interessado. Portanto como parasita, como vencido. Assim são os

passageiros do barco. Utilizam o barco sem contribuir com nada. Ao abrigo de seus

salões, que consideram marco absoluto, prosseguem seus jogos. Ignoram o trabalho

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das rodas de proa sob o peso eterno da tempestade. Com que direito reclamariam se a

tempestade desmantelasse o seu barco?".

Mas se me respondem: "Queremos participar da importante tarefa que as Equipes de

Nossa Senhora têm empreendido, de instaurar o reino de Cristo nos lares, de

conseguir que a santidade crie raízes em pleno mundo moderno e não seja privilégio

de monges, de formar bons operários da cidade e apóstolos robustos de Cristo", então

estão no lugar certo. Sua Equipe será útil às demais.

Receberá de todos; já que temos que insistir reiteradamente sobre esta verdade

primordial: aquele que vem para receber voltará com as mãos vazias; aquele que vem

para dar acaba encontrando.

Se Vocês captaram o espírito das Equipes, não lhes será difícil aceitar sua disciplina.

Sua reação não será: tal regra nos incomoda e por isso nos rebelamos. Mas, sim: esta

obrigação é útil para uma boa marcha do Movimento. Por isso, vamos cumpri-Ia da

melhor maneira possível.

E agora, meus amigos, compreendem por que não podemos admitir que as equipes

adotem as regras da Carta segundo seu capricho? Não se trata de que por si mesma tal

o qual infração represente uma catástrofe: fazer o "dever de sentar-se" somente a

cada três meses, não responder por escrito o tema da reunião, descuidar da regra de

vida, esquecer a contribuição mensal. Mas é um sintoma, e isto é grave, e por causa

disso achamos que essa Equipe não está no lugar certo.

Para refletir e responder em equipe.

"Teu amor sem exigência me diminui; tua exigência sem amor me revolta; tua

exigência sem paciência me desanima; teu amor exigente me engrandece". (Profeta do

Matrimônio pg 53)

O casal ao dar o seu SIM ao movimento, deve estar consciente, baseando-se nesta

frase do Padre Caffarel, que para se alcançar o objetivo grandioso de tendermos para

a santidade, as exigências também são grandiosas. E neste esforço de cada um, com a

graça de Deus, que nos reunimos para formar um pequena igreja, uma verdadeira

Ecclesia

Pergunta: Os casais de sua equipe de base tem esta consciência? Qual o grau deste

esforço, em realizar os PCE´s? Existe a ajuda mútua?